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CURSO MEGE

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Turma: Clube da Magistratura
Material: Prova Discursiva (Espelho de prova)

PROVA DISCURSIVA
(Espelho de prova)
PROVA DISCURSIVA
(Espelho de prova)

DISSERTAÇÃO 01

Historicamente, surgiram diversas teorias buscando explicar as finalidades


da pena. Disserte sobre as seguintes teorias sobre a finalidade da pena:

a) Teoria Absoluta;

b) Teoria Relativa;

b.1) Prevenção Geral Positiva e Negativa;

b.2) Prevenção Especial Positiva e Negativa;

c) Teoria Unificadora ou Eclética.

(30 linhas)

DISSERTAÇÃO 01

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

1ª) Teoria absoluta (finalidade retributiva da pena) - A pena tem caráter retributivo, de
expiação, castigo. É decorrência lógica da delinquência. A ideia é que o mal do crime
deve ser punido com o mal da pena. Nesta concepção, a pena não tem qualquer 0,40
finalidade ulterior (não busca, por exemplo, impedir novos crimes ou ressocializar). Os
expoentes dessa corrente são Kant e Hegel.
2ª) Teoria relativa (finalidade preventiva ou utilitária) - A finalidade da pena é prevenir
novos crimes. A pena é um meio para alcançar determinadas finalidades. Essa teoria
se divide em:
a) Prevenção geral – voltada à coletividade. Pode ser:
a.1) Prevenção geral positiva (integradora ou estabilizadora) – a finalidade é comunicar 0,50
à sociedade a vigência da norma; visa estimular a confiança da coletividade na higidez
do ordenamento jurídico e do poder punitivo do Estado.
a.2) Prevenção geral negativa – busca prevenir novos crimes por meio da intimidação
(coação psicológica) geral da coletividade.

b) Prevenção Especial - Voltada à pessoa do condenado. Pode ser: 0,40


b.1) Prevenção Especial Positiva - A finalidade é a ressocialização; a ressocialização faz
com que o condenado fique mais bem preparado para, em sociedade, respeitar as
regras impostas pelo direito.
b.2) Prevenção Especial Negativa - Busca a inocuização, a segregação do sujeito, para
impedir que pratique novos crimes. Visa evitar a reincidência.
3ª) Teoria Unificadora, Unitária, Eclética ou Mista - Busca conciliar as teorias anteriores
(absoluta e preventiva). Nesta ótica, a pena não tem apenas uma, mas várias
finalidades. Parte da doutrina afirma que, em cada momento da pena, ganha relevo
alguma finalidade: quando o legislador cria o tipo penal e a sua respectiva sanção em
abstrato, destaca-se a prevenção geral (comunicação à sociedade da vigência da norma
e, sobretudo, intimidação coletiva com a ameaça da pena). No momento em que o juiz 0,50
aplica a pena, privilegia-se a retribuição e a prevenção especial. Por fim, no
cumprimento da pena, na etapa da execução penal, há concretização da retribuição e
prevenção especial, ganhando maior destaque a prevenção especial positiva, ou seja,
a ressocialização. A legislação brasileira sinaliza no sentido da adoção da teoria eclética.
No Brasil, entende-se que a pena tem tríplice finalidade (polifuncional).
Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do
0,20
vernáculo

TOTAL 2,00

DISSERTAÇÃO 02
Disserte sobre a teoria da reserva do possível e do mínimo existencial
analisando os seguintes pontos:

a) Conceito e Definição;

b) Dimensões da reserva do possível; e

c) Metodologia Fuzzy e Camaleões Normativos.

(30 linhas)

DISSERTAÇÃO 02

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

Reserva do Possível - Os recursos são finitos e as necessidades sociais são infinitas. A


proteção e a efetivação de todos os direitos positivados na Constituição acarretam
custos econômicos. Assim, surge a “cláusula da reserva do possível" como uma
0,50
limitação jurídico-fática que pode ser apresentada pelos poderes públicos tanto em
razão das restrições orçamentárias que impeçam a implementação dos direitos,
quanto em virtude da desarrazoada prestação exigida pelo indivíduo.
Mínimo Existencial - A expressão pretende delimitar um agrupamento reduzido de
direitos fundamentais formados pelos bens mais básicos e essenciais a uma vida digna.
O mínimo existencial consiste em um grupo menor e mais preciso de direitos sociais
formado pelos bens e utilidades básicas imprescindíveis a uma vida humana digna. Na
concepção de Ana Paula de BARCELLOS, engloba os direitos à SAÚDE, EDUCAÇÃO,
ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS (alimentação, vestuário e abrigo) e o ACESSO À
JUSTIÇA. Para a autora, na formulação e execução das políticas públicas, o mínimo
existencial deve nortear o estabelecimento das metas prioritárias do orçamento.
Somente após serem disponibilizados os recursos necessários à sua promoção, deve-
se discutir, em relação ao remanescente, quais serão as demandas a merecer
atendimento.
Conforme leitura que a doutrina faz da teoria da reserva do possível, estabeleceu-se
que ela apresenta uma tríplice dimensão, alcançando:
(i) a efetiva disponibilidade fática dos recursos para a efetivação dos direitos
fundamentais sociais;
(ii) a disponibilidade jurídica dos recursos materiais e humanos, que guarda íntima
conexão com a determinação das prioridades na alocação das receitas;
(iii) a proporcionalidade da prestação, em especial no tocante à sua exigibilidade e,
dessa forma, também da sua razoabilidade.
Disponibilidade fática de recursos deve ser analisada não em face da demanda
individual apresentada ao Estado, mas sim frente a todas as demais demandas
semelhantes. Esse cuidado é importante, sobretudo, quando se observa que o Poder
Judiciário tem atuação com foco especial na microjustiça, por não mensurar a
macrojustiça, típica das instâncias democráticas (Legislativo e Executivo). Ao
desconsiderar essas consequências decorrentes das decisões proferidas em processos
individuais, acaba por comprometer a igualdade (uma demanda seria atendida, outras
demandas, apesar de idênticas, não) ou, até mesmo, a estabilidade orçamentária.
0,70
Quanto à disponibilidade jurídica, deve-se verificar quais os órgãos competentes para
formular e efetivar as políticas públicas. É neste tópico que surge uma importante
discussão, qual seja, a possibilidade do controle judicial das políticas públicas enquanto
modo de efetivação dos direitos sociais naquelas hipóteses em que os órgãos políticos
(Legislativo e Executivo) mantêm-se inertes e não cumprem seus deveres
constitucionais. O que se debate, em síntese, é a viabilidade da intervenção do Poder
Judiciário para efetivar diretamente o acesso aos bens que o Estado, injusta e
infundadamente, recusa. A intervenção jurisdicional, desde que justificada pela
ocorrência de arbitrária e inadequada recusa governamental em conferir significação
real a algum direito social, tornar-se-á plenamente legítima (sem qualquer ofensa,
portanto, ao princípio da separação de poderes) sempre que se impuser a necessidade
de fazer prevalecer aos direitos sociais uma proteção mínima, conforme
constitucionalmente assegurada.
Por fim, no tocante à proporcionalidade da prestação invocada e a razoabilidade de ela
ser pleiteada ao Estado, tem-se como necessário adequar a pretensão individual às
reservas orçamentárias. Assim, a realização dos direitos sociais dependeria da
existência simultânea de dois requisitos: a razoabilidade da pretensão deduzida em
face do Poder Público e a existência de disponibilidade financeira para tornar efetivas
as prestações positivas reclamadas do Estado. Ainda sobre a proporcionalidade e
razoabilidade, ressalvada a ocorrência de motivo justo e objetivamente verificável, a
reserva do possível não pode ser alegada pelo Estado no intuito de exonerar-se do
cumprimento das obrigações firmadas no texto constitucional, sobretudo quando a
omissão estatal puder resultar na aniquilação de direitos constitucionais impregnados
de um sentido de essencial fundamentalidade. Conforme assentado em diversos
julgados, a reserva do possível não pode servir para fazer “tábula rasa” dos direitos
constitucionais. Portanto, a cláusula da reserva do possível é um ônus que recai sob o
Poder Público quando este a alegar como defesa frente ao não atendimento das
prestações, não sendo suficiente a alegação genérica de que não há possibilidade
orçamentário-financeira de se cumprir o direito, sendo preciso demonstrá-la
cabalmente.

Conforme destacado, uma das questões que se levanta em relação à concretização dos
direitos fundamentais é a problemática relacionada aos recursos. É neste contexto que
se desenvolve o dilema entre a efetivação de determinados direitos sociais e a alocação
dos recursos financeiros que são finitos, ou seja, demandam escolhas a serem
implementadas por meio das políticas públicas.
A dificuldade intensifica-se quando se resolve enfrentar a problemática dos direitos
sociais que exigem, como visto, a prestação estatal, pois, como diz Canotilho, os
juristas não têm a sua exata dimensão, desprezando a necessidade de análise
econômica do direito.
Em suas palavras: “Como todos sabem, fuzzy significa em inglês ‘coisas vagas’,
‘indistintas’, indeterminadas. Por vezes, o estilo ‘fuzzysta’ aponta para o estilo do
indivíduo ligeiramente embriagado. Ao nosso ver, paira sobre a dogmática e sobre a
0,60
teoria jurídica dos direitos econômicos, sociais e culturais a carga metodológica da
‘vagueza’, ‘indeterminação’ e ‘impressionismo’ que a teoria da ciência vem apelidando,
em termos caricaturais, sob a designação de ‘fuzzysmo’ ou ‘metodologia fuzzy’. Em
toda a sua radicalidade, a censura do ‘fuzzysmo’, lançada aos juristas, significa
basicamente que eles não sabem o que estão a falar, quando abordam os complexos
problemas dos direitos econômicos, sociais e culturais”.
Ainda, em aprofundada crítica, Canotilho denuncia a indeterminação normativa dos
direitos sociais que vai repercutir na instável definição das políticas públicas.
Esta indeterminação normativa explicaria, em grande medida, a confusão entre
conteúdo de um direito, juridicamente definido e determinado, e a sugestão de
conteúdo, sujeita a modelações político-jurídicas cambiantes, apresentando-se como
um camaleão normativo.
Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do
0,20
vernáculo.

TOTAL 2,00

QUESTÃO 01
Paulo ajuizou ação de obrigação de fazer em face do Colégio XXX alegando
que em janeiro de 2020, ele assinou um contrato de prestação de serviços
educacionais com a escola para que seu filho de 08 anos estudasse.

No entanto, em março de 2020, ocorreu a pandemia (fato superveniente)


que tornou o contrato extremamente vantajoso para a parte ré e, de outro
lado, oneroso para ele, pois as aulas presenciais foram suspensas e, a
partir daí, a escola passou a disponibilizar apenas aulas online e somente
das matérias teóricas.

Segundo ele as aulas de educação física, robótica, laboratório de ciências


e música contratadas não estão sendo ministradas, embora a cobrança das
mensalidades continue a ocorrer em sua integralidade.

Segundo a parte autora, com a suspensão das aulas presenciais, houve


redução expressiva dos custos fixos da escola e, também, com os próprios
professores que, por lecionarem de suas residências, não recebem o
adicional de alimentação e auxílio-transporte.

Diante de todo o exposto, requereu a redução do valor das mensalidades


no percentual de 50% ou outro a ser arbitrado pelo magistrado e a
devolução dos valores pagos a maior a partir do mês de março de 2020.
Tem razão Paulo em seu requerimento? Justifique.

(15 linhas)

QUESTÃO 01

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

As vertentes revisionistas no âmbito das relações privadas, embora encontrem


fundamento em bases normativas diversas, a exemplo da teoria da onerosidade
excessiva (art. 478 do CC) ou da quebra da base objetiva (art. 6º, inciso V, do CDC),
apresentam como requisito necessário a ocorrência de fato superveniente capaz de
alterar - de maneira concreta e imoderada - o equilíbrio econômico e financeiro da 0,20
avença, situação não evidenciada no caso concreto.

O STJ de há muito consagrou a compreensão de que o preceito insculpido no inciso V


do art. 6º do CDC exige a "demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda
para o consumidor" (REsp n. 417.927/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 21/5/2002, DJ de 1/7/2002, p. 339.)

A revisão dos contratos em razão da pandemia não constitui decorrência lógica ou


automática, devendo ser analisadas a natureza do contrato e a conduta das partes -
tanto no âmbito material como na esfera processual -, especialmente quando o evento
superveniente e imprevisível não se encontra no domínio da atividade econômica do
fornecedor.
0,30
Os princípios da função social e da boa-fé contratual devem ser sopesados nesses casos
com especial rigor a fim de bem delimitar as hipóteses em que a onerosidade sobressai
como fator estrutural do negócio - condição que deve ser reequilibrada tanto pelo
Poder Judiciário quanto pelos envolvidos, - e aquelas que evidenciam ônus moderado
ou mesmo situação de oportunismo para uma das partes.

No caso, não houve comprovação do incremento dos gastos pelo consumidor,


invocando-se ainda como ponto central à revisão do contrato, por outro lado, o
enriquecimento sem causa do fornecedor - situação que não traduz a tônica da revisão
com fundamento na quebra da base objetiva dos contratos. A redução do número de
aulas, por sua vez, decorreu de atos das autoridades públicas como medida sanitária.
0,30
Ademais, somente foram inviabilizadas as aulas de caráter extracurricular (aulas de
cozinha experimental, educação física, robótica, laboratório de ciências e arte/música).
Nesse contexto, não se evidencia base legal para se admitir a revisão do contrato na
hipótese. (REsp n. 1.998.206/DF, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 14/6/2022, DJe de 4/8/2022.)

Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do


0,10
vernáculo.

TOTAL 1,00

QUESTÃO 02
Foi editada a Lei XXX, que previu isenção de IPVA para veículos de
transporte escolar, mas desde que esse serviço seja prestado por
cooperativa ou sindicato ou contratado pela Prefeitura, individualmente ou
por meio de cooperativa ou sindicato. Sobre o caso responda:

a) Discorra sobre a natureza, base de cálculo, contribuinte e forma de


lançamento do IPVA.

b) É constitucional a previsão de isenção de IPVA para veículos de


transporte escolar, mas desde que esse serviço seja prestado por
cooperativa ou sindicato?
c) É constitucional a previsão de isenção de IPVA para os veículos
utilizados em transporte escolar se esse transporte escolar for contratado
pela prefeitura?

(15 linhas)

QUESTÃO 02

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

O IPVA possui natureza fiscal. A base de cálculo do IPVA pode ser definida como o valor
venal do veículo. O contribuinte é o proprietário do veículo automotor, pois se
configura a única pessoa que possui relação pessoal e direta com o fato gerador. Por
0,20
fim, o lançamento é de ofício, pois é a própria autoridade tributária que, com base nas
informações de seu banco de dados sobre o veículo, apura o valor do tributo e notifica
o sujeito passivo para o pagamento.
isenção de IPVA quanto a veículo de motorista profissional autônomo, ainda que
gravado com o ônus da alienação fiduciária, ou em sua posse em decorrência de
contrato de arrendamento mercantil ou leasing por ele celebrado, desde que utilizado
para o serviço de transporte escolar (a) prestado por cooperativa ou sindicato, ou (b)
contratado pela Prefeitura Municipal, individualmente ou por meio de cooperativa ou
sindicato.
Quanto ao item (a), inexiste justificativa razoável para se conferir tratamentos
diferentes a proprietários de veículos filiados a tais entidades associativas e a
proprietários de veículos que não possuam vínculo com essas entidades, mas prestem
serviço de transporte escolar tal como aqueles. Ademais, a condição imposta pela lei 0,50
estadual resulta em meio indireto de constrangimento do proprietário de veículo a se
filiar a cooperativa ou a sindicato para obter a isenção do imposto, o que viola a
liberdade de associação e a liberdade sindical.
Ação direta da qual se conhece em parte, nos termos da fundamentação,
relativamente a qual a ação é julgada procedente, declarando-se a
inconstitucionalidade da expressão “prestado por cooperativa ou sindicato ou
contratado pela Prefeitura Municipal, individualmente ou por meio de cooperativa ou
sindicato” constante do art. 3º, inciso XVII, da Lei nº 14.937 do Estado de Minas Gerais,
de 23 de dezembro de 2003, com a redação conferida pela Lei nº 18.726/10.
Entretanto, não se invalida a norma que prevê a isenção de IPVA a que se refere esse
dispositivo na hipótese de contratação do serviço de transporte escolar por prefeitura.
(ADI 5268, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 08/08/2022,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-162 DIVULG 16-08-2022 PUBLIC 17-08-2022).
0,20
Dessa forma, a decisão do STF somente acaba com a isenção no segundo caso. A
isenção continua existindo para os veículos destinados ao transporte escolar
contratados pela prefeitura (não importando se prestados, ou não, por meio de
sindicado ou cooperativa). O que se visa, com a técnica de decisão adotada, é
homenagear o princípio da vedação do retrocesso social, resguardando o nível de
concretização da conquista relativa ao acesso à educação.

Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do


0,10
vernáculo.

TOTAL 1,00

QUESTÃO 03
Pedro, servidor público municipal, ingressou com ação contra o Município
questionando o fato de estar recebendo remuneração inferior ao salário
mínimo. O pedido foi julgado improcedente em primeira instância, sob o
argumento de que Pedro poderia estar recebendo abaixo do salário mínimo
pelo fato de a sua jornada semanal de trabalho ser de apenas 20 horas,
enquanto a jornada regular de trabalho seria 40 horas semanais. Desse
forma, decidiu o juiz que não há que se falar em irregularidade do
pagamento de vencimentos em montante inferior ao salário mínimo ao
servidor que desempenha jornada semanal de 20 horas. Sobre o caso
responda:

a) É possível a vinculação de remuneração de servidor público ao salário


mínimo profissional? Fundamente.

b) Pedro tem razão em seu questionamento? Fundamente.

(15 linhas)

QUESTÃO 03

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

Art. 37, XIII da CF - É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies


remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;
A jurisprudência da Corte é pacífica no que tange ao não cabimento de qualquer
espécie de vinculação da remuneração de servidores públicos, repelindo, assim, a
vinculação da remuneração de servidores do estado a fatores alheios à sua vontade e 0,30
ao seu controle; seja às variações de índices de correção editados pela União; seja aos
pisos salariais profissionais. Precedentes. (ADI 290, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
Tribunal Pleno, julgado em 19/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-113 DIVULG 11-
06-2014 PUBLIC 12-06-2014)
O pagamento de remuneração inferior ao salário mínimo ao servidor público civil que
labore em jornada de trabalho reduzida contraria o disposto no art. 7º, inciso IV, e no
art. 39, § 3º, da CF, bem como o valor social do trabalho, o princípio da dignidade da
pessoa humana, o mínimo existencial e o postulado da vedação do retrocesso de
direitos sociais.
Restrição inconstitucional ao direito fundamental imposta pela lei municipal, por
conflitar com o disposto no art. 39, § 3º, da Carta da República, que estendeu o direito
fundamental ao salário mínimo aos servidores públicos, sem nenhum indicativo de que
esse poderia ser flexibilizado, pago a menor, mesmo em caso de jornada reduzida ou
previsão em legislação infraconstitucional. 3. Lidos em conjunto, outro intuito não se
0,60
extrai do art. 7º, inciso IV, e do art. 39, § 3º, da Constituição Federal que não a garantia
do mínimo existencial para os integrantes da administração pública direta e indireta,
com a fixação do menor patamar remuneratório admissível nos quadros da
administração pública.
Recurso extraordinário ao qual se dá provimento, com a formulação da seguinte tese
para fins de repercussão geral: ”é defeso o pagamento de remuneração em valor
inferior ao salário mínimo ao servidor público, ainda que labore em jornada reduzida
de trabalho”. (RE 964659, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
08/08/2022, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-174 DIVULG
31-08-2022 PUBLIC 01-09-2022)
Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do
0,10
vernáculo.

TOTAL 1,00

QUESTÃO 04
Pedro ajuizou ação de alimentos em face de Marcos, que era seu pai. O juiz,
na sentença, fixou os alimentos em cinco mil reais. Entretanto, após pagar
alguns meses, Marcos se tornou inadimplente, motivo este que justificou
execução de alimentos por Pedro. Ressalta-se que Marcos propôs ação de
redução de alimentos, sendo Pedro citado na ação revisional no dia
01/05/2022. Já no dia 31/11/2022 o juiz proferiu sentença, reduzindo a
obrigação alimentícia para dois mil reais mensais.

Ocorre que Marcos estava atrasado em cinco meses (julho a novembro),


sendo o montante total cobrado por Pedro equivalente a vinte e cinco mil
reais. Entretanto, depois do trânsito em julgado da ação revisional
confirmando a sentença proferida, que ocorreu em dezembro de 2022, a
defesa de Marcos alegou no processo de execução que este não devia os
vinte e cinco mil reais que estavam sendo cobrados, pois foi proferida uma
sentença de redução de alimentos, devendo esta retroagir a data da citação
de Pedro. Dessa forma, o valor devido seria na verdade de dez mil reais.
Adicionalmente, requereu a defesa de Marcos o reembolso dos valores
pagos referentes aos meses posteriores a citação de Pedro na ação
revisional ou sua compensação com os alimentos a serem pagos
futuramente. Tem razão a defesa de Marcos? Justifique.

(15 linhas)

QUESTÃO 04

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

Art. 13 da Lei 5.478/68 - O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, às
ações ordinárias de desquite, nulidade e anulação de casamento, à revisão de
sentenças proferidas em pedidos de alimentos e respectivas execuções. 0,40

2º - Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação.


Súmula 621 do STJ - Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o
alimentante do pagamento retroagem à data da citação, vedadas a compensação e a 0,50
repetibilidade.
Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do
0,10
vernáculo.

TOTAL 1,00

QUESTÃO 05

Em janeiro de 2020 o empresa XPT ajuizou execução de título extrajudicial


contra Paulo. Entretanto, depois de diversas tentativas de citar o
executado, verificou-se que este havia falecido em dezembro de 2019.
Dessa forma, em razão da notícia de falecimento do devedor, o juiz
determinou a suspensão do processo de execução para que o autor
promovesse a habilitação dos sucessores. Agiu corretamente o
magistrado?

(15 linhas)

QUESTÃO 05
NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

A propositura de ação em face de réu preteritamente falecido não se submete à


habilitação, sucessão ou substituição processual, nem tampouco deve ser suspensa até
o processamento de ação de habilitação de sucessores, na medida em que tais
institutos apenas são aplicáveis às hipóteses em que há o falecimento da parte no curso
do processo judicial. 0,50
Art. 110 do CPC - Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo
seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º.
Art. 687 do CPC - A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes,
os interessados houverem de suceder-lhe no processo.
O correto enquadramento jurídico da situação em que uma ação judicial é ajuizada em
face de réu falecido previamente à propositura da demanda é a de ilegitimidade
passiva do de cujus, devendo ser facultado ao autor, diante da ausência de ato citatório
válido, emendar a petição inicial para regularizar o polo passivo, dirigindo a sua
pretensão ao espólio. (REsp 1559791/PB, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 0,40
TURMA, julgado em 28/08/2018, DJe 31/08/2018)
Art. 329 do CPC - O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa
de pedir, independentemente de consentimento do réu;

Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do


0,10
vernáculo.

TOTAL 1,00

QUESTÃO 06

Qual a diferença entre autoridade e poder? O Judiciário deve ser poder ou


autoridade? Em que esta questão é importante para a boa aplicação do
direito?

(15 linhas)

QUESTÃO 06

NOTA
QUESITOS AVALIADOS
BASE

Em linhas gerais pode-se dizer que autoridade é aquela que exerce suas funções, que
exerce sua influência sobre outrem de forma legítima. A autoridade tem por parte do
outro que recebe suas manifestações, o devido reconhecimento de sua legitimidade.
0,90
Já o poder, ao contrário, seria a capacidade de influenciar alguém sem ser, entretanto,
possuidor de legitimidade. Em resumo, quem tem autoridade tem poder, mas quem
tem poder não possui, necessariamente, autoridade.
Neste clima, o judiciário precisa agir para conquistar sua legitimidade. O judiciário deve
ir além de meros atos de poder e buscar constituir uma verdadeira autoridade. Uma
autoridade que recebe da comunidade o reconhecimento de que ele, o poder judiciário
possui um saber socialmente reconhecido. Esse saber socialmente reconhecido, que
deveria possuir o poder judiciário, ele é uma fonte de aplicação e construção de um
sentido de justiça. De maneira que as decisões do poder judiciário, devem,
necessariamente visar a construção do bem comum na comunidade. Dessa maneira, o
judiciário contribui para que o direito também seja reconhecido pela comunidade
como uma fonte de autoridade e uma fonte de justiça. Uma justiça que, nas palavras
de São Tomás, é uma justiça geral, positivada nas leis. Esta justiça que visa, pela
aplicação do direito, a consecução do bem comum e a construção de uma vida boa na
cidade.
Por conseguinte, o judiciário deve zelar pela liturgia e pela tradição de suas funções,
deve se abrir para a comunidade, sem cair, necessariamente, no jogo fácil dos
espetáculos das mídias de massa. O judiciário deve manter sua autoridade. Caso
contrário, onde tudo é igual, desaparece a razão de ser diferente, e uma autoridade
pode perder, dessa maneira, a sua força. Assim, com sua autoridade, o judiciário não
apenas exerce bem o seu poder, mas também contribui para que o direito seja
reconhecido pela sociedade, não apenas como fonte de justiça, mas também, como
fonte de uma autoridade legítima.
Uso escorreito do idioma oficial, capacidade de exposição e conhecimento do
0,10
vernáculo.

TOTAL 1,00

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