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Gestão da Lavandaria Hospitalar no conforto e Segurança dos

Pacientes nas Unidades Hospitalar


Leila Maria Joaquim Fijamo

Mestrando em Saúde Pública na Universidade Católica de Moçambique. Extensão


Quelimane
Licenciada em Psicologia Educacional na Universidade Licungo. Extensão Quelimane

Resumo
O presente artigo cientifico aborda sobre: Gestão da Lavandaria Hospitalar no conforto e Segurança dos
Pacientes nas unidades hospitalares. Nesta linha de raciocínio, possui como objectivo compreender o papel da
Lavandaria Hospitalar no conforto e segurança dos pacientes. Portanto, a lavandaria hospitalar é responsável
pela distribuição de roupas higienizadas para diversas unidades de um hospital, sendo assim, a falta ou atraso
das roupas hospitalares afecta as actividades dos demais serviços e influencia a qualidade da assistência à
saúde, principalmente no que se refere à segurança e ao conforto do paciente. Observando a situação dos
utentes dos Hospitais é o contrário do que é esperado, neste caso, os utentes preferem usar os seus próprios
lençóis, almofadas, fronhas e outras matérias para além daqueles que o hospital disponibiliza, criando assim
uma instabilidade nos responsáveis da área da lavandaria podendo assim aumentar as infecções intra-
hospilares e extra-hospitalares que poderão acarretar mais custos no serviço nacional de saúde (SNS).
Portanto, sectores como centros cirúrgicos, unidades de internação, UCI e ambulatórios dependem fortemente
do funcionamento correcto da lavandaria, pois a falta e/ou atrasos na reposição das roupas hospitalares e
ausência de trocas frequente podem acarretar sérios transtornos no atendimento aos pacientes e até mesmo o
não cumprimento de actividades programadas, como cirurgias e internamentos. Sendo assim, para a realização
deste trabalho, recorreu-se a revisão bibliográficas que versam sobre o tema inclinados, enfatizando as
medidas, e tratamentos necessários para a protecção e a promoção da saúde física e mental dos utentes em
centros de saúde.

Palavra-chave: Lavandaria Hospitalar, conforto e Segurança dos Paciente, Unidades Hospitalares

Abstract
This scientific article addresses: Hospital Laundry Management in the comfort and Safety of Patients in hospital
units. In this line of reasoning, it aims to understand the role of Hospital Laundry in the comfort and safety of
patients. Therefore, the hospital laundry is responsible for distributing sanitized clothes to several units of a
hospital, so the lack or delay of hospital clothes affects the activities of other services and influences the quality
of health care, especially with regard to patient safety and comfort. Observing the situation of Hospital users is
the opposite of what is expected, in this case, users prefer to use their own sheets, pillows, pillowcases and
other materials in addition to those that the hospital provides, thus creating an instability in those responsible
for the area of laundry, thus increasing intra-hospital and extra-hospital infections that could lead to more
costs in the national health service (NHS). Therefore, sectors such as surgical centers, inpatient units, ICU and
outpatient clinics depend heavily on the correct functioning of the laundry, as the lack and/or delays in the
replacement of hospital clothes and the absence of frequent changes can cause serious inconvenience in
patient care and even non-compliance with scheduled activities, such as surgeries and hospitalizations.
Therefore, to carry out this work, we resorted to literature review that deal with the subject inclined,
emphasizing the measures and treatments necessary for the protection and promotion of physical and mental
health of users in health centers.

Keyword: Hospital Laundry, Patient Comfort and Safety, Hospital Units


1. Introdução
Nos dias de hoje, com a actual situação económica do país, a crise na saúde e os problemas
enfrentados pelos administradores hospitalares têm levado a uma mudança de filosofia da gestão
hospitalar em que a busca da qualidade e, a racionalização se tornou primordial sendo também
exigida pelos profissionais da área da saúde bem como pelos usuários que utilizam este serviço. A
globalização estimula a busca pela qualidade, fazendo com que os hospitais passem a buscar
parcerias, modernizando assim a sua administração e se tornando competitivos no mercado.

Assim sendo, nas lavandarias hospitalares, o serviço de processamento de roupas é menosprezado


por alguns administradores hospitalares, este sector acaba se tornando um risco para a própria
instituição, pois um serviço de processamento de roupas ineficaz acaba contribuindo para o aumento
das infecções hospitalares. Assim, quando o serviço de processamento de roupas é feito com
qualidade, ele se torna de suma importância para o hospital, sendo factor de redução das infecções
hospitalares, reduzindo assim, o custo das internações.

De acordo com a experiência vivenciada aos serviços de lavandaria hospitalar, não existem
parâmetros de qualidade normalizados formalmente entre a maioria dos hospitais e as respectivas
lavandarias, pois cada hospital se adapta à sua realidade administrativa; porém é necessário que se
estabeleçam critérios de normalização e controles da qualidade de roupa processada. Neste
contexto, para que o processo de lavagem alcance alta qualidade em termos da redução de manchas,
da desinfecção, do aumento da vida útil do enxoval e, por consequência, a minimização dos custos,
tanto da lavandaria, como dos hospitais.

O processamento de roupas de serviços de saúde é uma actividade de apoio que influencia


grandemente a qualidade da assistência à saúde, principalmente no que se refere à segurança e ao
conforto do paciente e do trabalhador. Apesar de as actividades realizadas nesse serviço não terem
sofrido grandes modificações nos últimos anos, houve um amadurecimento em relação aos riscos
existentes e à necessidade de um maior controlo sanitário das actividades ali realizadas. Diante disso,
percebemos a necessidade de actualizar as orientações referentes ao processamento de roupas
utilizadas nos serviços de saúde, enfocando o controle e a prevenção de riscos associados a essa
actividade.

Outro factor que nos impulsionou a realizar a actualização deste estudo foi a grande demanda de
informações sobre o assunto solicitadas pelos profissionais dos serviços de saúde e das unidades de
processamento de roupas. Portanto, esperamos que esta publicação seja um importante
instrumento de apoio a todos os envolvidos nas actividades de processamento de roupas de serviços
de saúde e, principalmente, que fomente a prática voltada ao controle e à prevenção de riscos.

2. Aspectos conceituais sobre Lavandaria Hospitalar


A lavandaria hospitalar pode ser definida como um dos principais serviços de apoio ao atendimento
dos pacientes. É o sector responsável pelo processamento e distribuição das roupas usadas no
hospital, em perfeitas condições de higiene e conservação e em quantidade adequada a todas as
unidades (Bartolomeu, 1998).

Para Albrecht (1992, p.293), As lavandarias hoje têm funções mais amplas e dinâmicas, deixando de
lado a visão simplista, de um sector que tem a responsabilidade de lavar roupa. É preciso que as
lavandarias sejam vistas como um Serviço de Processamento de Roupas, atendendo às necessidades
de cada serviço ou pessoa que vai utilizá-la conforme o Manual de Lavandaria do Ministério da Saúde
(BRASIL/MS, 2000).

Na visão de Mattar (2001) a lavandaria hospitalar é um dos principais serviços de apoio ao


atendimento dos pacientes, responsável pelo processamento da roupa e sua distribuição em
perfeitas condições de higiene e conservação, em quantidade adequada a todas às unidades do
hospital. Após a discussão dos autores acima mencionados podemos concluir que a, o serviço de
lavandaria, rouparia e costura de um hospital é de suma importância para o bom funcionamento do
hospital, pois a eficiência de seu funcionamento contribuirá para a eficiência do hospital e a
segurança dos pacientes.

2.1. Aspectos Físicos da Lavandaria Hospitalar


A localização adequada de uma lavandaria hospitalar é aquela que considera os seguintes aspectos:
 Transporte e circulação da roupa, vertical ou horizontal;
 Demanda das unidades do hospital;
 Sistema de distribuição de suprimentos no hospital;
 Distâncias, considerandos diversos factores: tempos e movimentos; ruídos e vibrações;
odores; calor; riscos de contaminação; futura expansão; localização das caldeiras; custo de
construção; direcção dos ventos; orientação solar (Machado, 1996).

Dentre estes, deve-se dar ênfase especial à direcção dos ventos, para que não haja corrente de ar do
ambiente contaminado para o limpo; deve-se evitar escadas ou degraus entre a lavandaria e a
estante do prédio, para facilitar o transporte da roupa. Havendo desníveis inevitáveis, deve-se
adoptar rampas para facilitar a circulação de carrinhos, tanto de roupa suja como limpa. O formato
da lavandaria deve possibilitar um fluxo racional de trabalho de processamento da roupa, seguindo
um fluxo progressivo, como em uma linha de montagem industrial, evitando cruzamento de
circulações das actividades.

3. Importância da lavandaria hospitalar


Para Arsego et al (2008), a lavandaria no hospital é de suma importância, uma vez que, a eficiência
de seu funcionamento contribui directamente na eficiência do hospital, reflectindo especialmente no
controle de infecções. A lavandaria é de grande importância para o funcionamento das diversas
unidades hospitalares e assim, qualquer que seja a sua dimensão e capacidade, deverá ser planejada,
instalada, organizada e controlada com o rigor dispensado às demais unidades do hospital.

A lavandaria hospitalar é importante no controle das infecções, na recuperação, conforto e


segurança do paciente, na facilidade, segurança e conforto da equipe de trabalho, na racionalização
de tempo e material, e na redução dos custos operacionais. Além da higienização, a lavagem também
deve ser realizada de forma a garantir a manutenção das características físicas das roupas e ainda
assegurar a eliminação de substâncias irritantes ou alergênicas, incluindo os sabões, amaciantes,
desinfectantes e removedores de manchas utilizados durante o processo.

4. A administração da Lavandaria Hospitalar


É de fundamental importância a administração da lavandaria hospitalar, pois, de acordo com a
Anvisa (2007), o objectivo da administração da lavandaria hospitalar é contribuir para a segurança e
bem-estar do cliente interno e externo, e para a optimização do padrão do hospital. A administração
compreende as seguintes fases de panejamento: organização, coordenação, dilecção ou comando,
controle e administração de material. A área de recebimento, separação, pesagem e lavagem das
roupas sujas na lavandaria são consideradas uma das mais contaminadas de todo o hospital. As áreas
caracterizam-se por apresentar odor, risco de contaminação e fadiga. (Bartolomeu, 1999)

Na organização de uma lavandaria hospitalar, todo o seu funcionamento deve estar descrito em um
manual de orientação, manual este que está disponível no site do Ministério da Saúde. Este manual
deve conter a especificação de cada actividade, a estrutura hierárquica, regras e usualidades,
expondo nitidamente a organização e execução das tarefas. As funções desempenhadas pela equipe
que compõe a lavandaria devem constar no regulamento do hospital. A mesma lavandaria deve estar
directamente subordinada à administração da unidade hospitalar, fazendo parte dos serviços gerais.

5. Serviço de higiene e limpeza hospitalar


O serviço de higiene e limpeza hospitalar pode ser próprio ou de empresa terciarizada, sendo que
nos serviços próprios há o benefício da personalização do atendimento, de acordo com os objectivos
da instituição, entretanto, na contratação de empresas terciarizadas, as negociações podem ser
vantajosas para o controle de custos. Cabe destacar que a escolha, por serviço próprio ou de
terceiros, depende da situação jurídico-legal e organizacional de cada instituição, sendo que, em
cada um deles existem vantagens e desvantagens.

Além disso, em um serviço de higiene e limpeza hospitalar existem critérios para o dimensionamento
de pessoal, tais como: qualificação da equipe disponível, jornada de trabalho, classificação das áreas
hospitalares sob o aspecto criticidade, planta física e idade da construção, região onde o hospital se
localiza (zona rural ou urbana), condições internas de trabalho, grau de exigência dos clientes
internos e externos, política administrativa, dentre outros.

Uma forma de dimensionamento do quadro de pessoal, algumas vezes utilizada pelas organizações,
se baseia na metragem da área física construída. É necessário considerar vários factores que
interferem na prática e no desempenho dos trabalhadores de limpeza. Segundo o padrão brasileiro,
um trabalhador de limpeza executa as suas actividades de limpeza em 400m 2/por jornada de oito
horas em áreas livres e 300m2/por jornada de oito horas em áreas fechadas.

O serviço de higiene e limpeza hospitalar da actualidade também enfrenta dificuldades que podem
ser traduzidas pelos desafios da recente incorporação do conceito de governança. Essa quebra de
paradigma, ou mudança de comportamento, não pode interferir na prática do trabalho e na
resolutividade finalística do serviço. A inclusão do serviço de governança em higiene e limpeza
hospitalar é compreendida pela aplicação do mínimo de investimento em recursos financeiros e
materiais. O detalhe dessa incorporação deve ser pautado na elaboração de planeamento e metas
definidas antes da implantação do serviço.

A implantação do serviço de governança em higiene e limpeza hospitalar requer criterioso estudo


das características organizacionais, ambientais e de demanda do hospital, tais como: as áreas a
serem higienizadas e suas metragens, técnica de limpeza de acordo com a criatividade das áreas e
serviços, periodicidade da acção por meio de cronograma de natividades, responsabilidades e
direitos dos envolvidos, com normas e legislações descritas, critérios de monitoramento e avaliações,
prazos aceitáveis para correcção das não conformidades e as sanções disciplinadoras com suas
devidas progressões.

Constitui-se em grande desafio a adaptação inteligente e eficiente desse departamento às


características do hospital que envolve, principalmente, compreensão do perfil diferenciado de
usuários de saúde e as especificidades do ambiente hospitalar. Ou seja, é preciso adequar o modelo
de governança ao cenário hospitalar e reflectir acerca das suas contribuições para a implantação do
serviço de governança na gestão hospitalar. A implantação do sector de governança nos hospitais é
uma forma de gestão de serviços de apoio que tem a responsabilidade directa por zelar pela limpeza
de unidade, dos quartos, enfermarias e áreas comuns.

5.1. Processamento de Roupas


O processamento de roupas de serviços de saúde é uma actividade de apoio que influencia
grandemente a qualidade da assistência à saúde, principalmente no que se refere à segurança e ao
conforto do paciente e do trabalhador. Este serviço apresenta grande importância no contexto
hospitalar. De acordo com Mesiano & Lisboa (2006) a lavandaria hospitalar é uma unidade funcional
de apoio logístico, destinada ao atendimento dos clientes internos e/ou externos do hospital, que
tem como finalidade colectar, separar, processar, fornecer e distribuir ao hospital as roupas em
condições de uso, higiene, quantidade, qualidade e conservação. Difere das lavandarias comerciais
pela obrigatoriedade da barreira de contaminação que separa a área limpa da área contaminada ou
suja.

As actividades existentes nas lavandarias hospitalares são: colecta e armazenamento, transporte,


pesagem, separação e classificação, lavagem, centrifugação, calandragem, secagem, prensagem e
distribuição de roupas (Mesiano e Lisboa, 2006). As roupas que são utilizadas pelos serviços de saúde
incluem os lençóis, fronhas, cobertores, toalhas, colchas, cortinas, propés, roupas de pacientes,
fraldas, compressas, campos cirúrgicos, máscaras, aventais, gorros, e outros. Por meio desses
exemplos, percebe-se que existe uma grande variedade de sujidades, locais de origem e formas de
utilização dessas roupas nos serviços de saúde (Rutala e Weber, 1997; Konkewicz, 2010).

As actividades realizadas pela unidade de processamento de roupas são representadas na Figura 3.1.

Colecta e transporte da roupa suja até a unidade de processamento de roupa

Lavagem da roupa suja

Centrifugação

Secagem, calandragem ou prensagem e passadoria da roupa limpa

Separação, dobra, embalagem da roupa limpa


Armazenamento, transporte e distribuição da roupa limpa

Figura 3.1 - Fluxograma das actividades do processamento de roupas (Fonte: adaptado de autora,
2021).

A roupa suja que chega na área de processamento, é classificada e pesada antes de iniciar o processo
de lavagem. A roupa suja é classificada de acordo com o grau de sujidade. Na área de recepção, a
roupa é retirada do carro de colecta, com a finalidade de ser separada e pesada de acordo com a
capacidade da máquina, geralmente 80% de sua capacidade de lavagem, além de ser identificado
quanto ao tipo de processamento a que deverá ser submetido em função do tipo de sujeira (Brasil,
2007). O grau de sujeira pode ser classificado em:

 Sujeira pesada: roupa com sangue, fezes, vómitos e outras sujidades proteicas;
 Sujeira leve: roupa sem presença de fluidos corpóreos, sangue ou produtos químicos.

Toda roupa com mais de três pontos de sujeira visível de sangue, fezes, urina, secreções e outros
fluidos já pode ser considerada roupa de sujeira pesada. Após a classificação e pesagem da roupa, o
próximo passo é o processo de lavagem em si. A lavagem é o processo que consiste na eliminação da
sujeira fixada na roupa, deixando-a com aspecto e cheiro agradável, nível bacteriológico reduzido ao
mínimo e confortável para o uso. O ciclo a ser empregado no processo de lavagem é determinado de
acordo com o grau de sujeira, tipo da roupa, tipo de equipamento da lavandaria e dos produtos
utilizados (Brasil, 2007).

De acordo com Fijan et al. (2007) o essencial é que a lavagem tenha um efeito não apenas sobre a
limpeza e o branqueamento das roupas, mas que seja eficaz na eliminação de microrganismos
patogénicos, pois a maioria dos usuários de hospitais são pacientes com o sistema imunológico
delibitado e, susceptíveis a infecções causadas por roupas hospitalares contaminadas com
patógenos. O risco com relação à presença desses germes, quando não removidos adequadamente
durante o processo de lavagem, está associado ao desenvolvimento de infecções nos pacientes que
farão uso dessa roupa (Lutterbeck, 2010).

Não existe um processo único e ideal para a lavagem de todas as roupas do serviço de saúde. A fase
de um ciclo completo de lavagem com roupas de sujidade leve e pesada está representado na Figura
3.1. O ciclo para roupas pesadas consiste em: umectação, enxagues, pré-lavagem, lavagem,
alvejamento, enxagues, acidulação e amaciamento. Para roupas com sujeira leve, dispensam-se as
etapas de umectação, primeiros enxagues e pré-lavagem, sendo que o ciclo inicia-se na etapa de
lavagem (Brasil, 2007).

A umectação consiste no uso de produtos que dilatam as fibras e reduzem a tensão superficial da
água, facilitando a penetração da solução e a remoção de sujidades, como sangue, albuminas, entre
outras (Brasil, 2009). A pré-lavagem tem como função emulsionar as gorduras ácidas, dilatar as fibras
dos tecidos, preparando-as para as operações seguintes e, consequentemente, diminuindo a
demanda de produtos químicos. Nessa fase, são usados detergentes que têm propriedades de
remoção, suspensão e emulsão da sujidade (Barrie, 1994).
Os princípios associados no processo de lavagem são de ordem física (mecânica, temperatura e
tempo) e química (detergência, alvejamento, desinfecção, acidulação e amaciamento). Na fase da
lavagem, a combinação das acções mecânica, da temperatura, do tempo e da detergência tem a
finalidade de remover o restante da sujidade (Ministério da Saúde, 1986) Os enxagues são
importantes, pois são uma acção mecânica destinada à remoção, por diluição, da sujidade e dos
produtos químicos presentes nas roupas. O risco de dano ao tecido pode ser minimizado por
adequados enxagues (Brasil, 2009).

6. Efluentes de Lavandarias Hospitalares


Devido ao grande consumo de água, e consequentemente à geração de efluentes, a lavandaria
hospitalar é um sector de grande relevância, pois de acordo com o Ministério da Saúde (1986)
estima-se que cerca de metade da água utilizada nos hospitais é destinada ao consumo da
lavandaria. Estima-se que são necessários cerca de 40 a 50 litros de água para cada quilo de roupa
nas máquinas de lavagem, considerando-se uma previsão de consumo de água de 250
litros/leito/dia. As águas residuais das lavandarias caracterizam-se essencialmente pela presença de
detergentes e eventualmente microrganismos patogénicos. Além dos princípios activos, os
detergentes podem ter adjuvantes e outros aditivos, nomeadamente polifosfatos, carbonatos,
corantes, agentes bactericidas, enzimas (Hoag, 2008).

A nocividade ambiental dos efluentes da lavandaria é uma das mais acentuadas dentre os sectores
de uma unidade hospitalar. As altas concentrações de produtos químicos como sanitizantes,
desinfectantes, antibióticos, umectantes, surfactantes, entre outros, conferem a esses efluentes o
poder de exercer características de menor biodegradabilidade ao efluente gerado pelas unidades
hospitalares (Kist et al., 2006; Emanuel et al., 2005).

A presença dessas substâncias pode gerar problemas no tratamento biológico das estações de
tratamento, devido justamente as características recalcitrantes e antibacterianas dessas substâncias,
podendo ainda apresentar riscos aos ecossistemas aquáticos que são expostos a esses compostos
presentes no efluente de lavandaria hospitalar. Desinfectantes, em particular, são com frequência
compostos altamente complexos ou misturas de substâncias activas que apresentam características
tóxicas aos ecossistemas aquáticos aos quais são expostos (Kümmerer, 2001). A utilização de alguns
desinfectantes promove ainda a formação dos chamados subprodutos da desinfecção que podem
possuir características altamente tóxicas.

7. Medidas de Prevenção e Controle de Infecção


Apesar de a roupa suja possuir um grande número de microrganismos patogénicos, o risco de
transmissão de doenças é praticamente inexistente se a mesma for correctamente manipulada e
processada e, não possui papel relevante na cadeia epidemiológica das infecções hospitalares (CDC,
2003; CDC, 2007). Alguns estudos na literatura apontaram a roupa hospitalar como provável fonte de
infecção, mas em todos os casos relatados as principais medidas de controlo foram negligenciadas
(Ndawlua, Brown, 1991; Barrie et al, 1992)

Sabe-se que a combinação de factores mecânicos, térmicos e químicos resulta na acção


antimicrobiana do processo de lavagem. A diluição e a agitação da roupa removem substancial
quantidade de microrganismos. A anão dos detergentes promove a suspensão e remoção de
sujidades e também possui propriedade antimicrobiana. A temperatura elevada da água e/ou o uso
de alvejantes também contribui para a destruição microbiana. Além disso, a mudança do pH de 12
para 5, na etapa de neutralização e as etapas de secagem e calandragem também promovem uma
acção antimicrobiana adicional (CDC, 2003).

A adesão às precauções padrão e adequado descarte de perfurocortantes são essenciais para


garantir a prevenção e a disseminação de patógenos entre os trabalhadores (CDC, 2007), além da
recontaminação da roupa. O processamento sistematizado e controlado das roupas diminui os riscos
associados e garante qualidade do processo. É importante e necessário estabelecer rotinas de
higiene de todas as áreas e equipamentos da unidade de processamento de roupa (FIJAN et al.,
2005). As rotinas técnicas escritas devem estar fundamentadas em evidências científicas e conter
detalhes de todos os procedimentos de limpeza e desinfecções a serem executados nas superfícies,
equipamentos, área interna do veículo de transporte (no caso de unidade de processamento externa
ao serviço de saúde). Ainda, deve conter os produtos utilizados, EPIs indicados para cada
procedimento, estar disponível a todos os funcionários e em acordo com as determinações da CCIH.

8. Metodologia da pesquisa
Para a elaboração este artigo, foi necessário o uso da revisão bibliográficas, metodologia de consulta
de algumas obras bibliográficas que versam sobre o tema nelas inclinadas e que tais obras estão
referenciadas na lista bibliográfica. Como se não bastasse, tratando-se dum trabalho científico
apresentou-se aqui aspectos relacionados com conceitos e abordagem sobre a lavandaria hospitalar;
Importância da lavandaria hospitalar, a administração da Lavandaria Hospitalar, Serviço de Higiene
e limpeza hospitalar Efluentes de Lavandarias Hospitalares e Medidas de Prevenção e Controle de
Infecção que de certa forma pode estar na arena académica em discussão, podendo assim neste
trabalho abordar sobre como deve ser efectuado actividades na área de lavandaria hospitalar para
segurança nos paciente.

9. Conclusão
Com base na actual situação do mercado de saúde, e tendo em vista os argumentos apresentados ao
longo deste artigo, temos um serviço que vem se ampliando não só pela tecnologia da medicina
como também pelas mudanças de valores dos utentes assistidos. Chegamos à conclusão de que,
apesar das dificuldades em encontrarmos na literatura dados de evidência, podemos dizer que a
Qualidade do Serviço traz uma interferência na Gestão Hospitalar e o conforto e Segurança dos
Pacientes, partindo do contexto de que o gerenciamento deve estar atento a manter o atendimento,
de maneira a garantir o seu espaço na satisfação dos utentes, buscando satisfazer às suas
necessidades. Concluímos também que a importância da qualidade do serviço na área da lavandaria
como vantagem de mostrar que é importante na sua forma de actuação através dos processos que
estão sendo utilizados mundialmente, garantindo seus serviços de saúde por meio da acreditação.

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