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Preparatório

Filosofia
CLQ - CLQ
Professor: Lucivaldo
Premedicina PREMEDICINA
quixaba ferreira
10 ANOS

Aluno: Nº:

Valor
FILOSOFIA EXTRA 05
50

Questão 1:
(UECE–2020) Entre as principais estruturas de pensamento, no alvorecer da Filosofia,
encontra-se o pensamento socrático-platônico. Considerando as referências históricas e
as características do pensar dos dois filósofos da Antiguidade, atente para o que se
afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) Como principal discípulo de Sócrates, Platão seguiu, inicialmente, os passos do
mestre até romper com ele, ao optar por um pensamento mais sistemático.
( ) Tanto Sócrates quanto Platão defendiam o poder do pensamento racional como
principal ferramenta de aproximação da verdade sobre o mundo real.
( ) Sócrates, como um dos principais pensadores sofistas foi o iniciador do pensamento
filosófico cosmológico, dedicado à especulação sobre a natureza, sobre o cosmo.
( ) A “Alegoria da caverna”, escrita por Platão, é uma representação, uma metáfora
sobre o mundo, concebida por ele para explicitar o modelo de um mundo dual: um
racional, verdadeiro, e outro sensível, falso.

A sequência correta, de cima para baixo, é


A) V, F, V, F.
B) F, V, V, F.
C) F, V, F, V.
D) V, F, F, V.

Questão 2:
(UEL-PR) Leia o texto a seguir:
Tudo isso ela [Diotima] me ensinava, quando sobre as questões de amor [eros]
discorria, e uma vez ela me perguntou: – que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse
amor e desse desejo? A natureza mortal procura, na medida do possível, ser sempre e
ficar imortal. E ela só pode assim, através da geração, porque sempre deixa um outro ser
novo em lugar do velho; pois é nisso que se diz que cada espécie animal vive e é a
mesma. É em virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e esse amor acompanham.
PLATÃO. O Banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 38-39. (Os Pensadores)
(Adaptação).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o amor em Platão, assinale a alternativa
correta.
A) A aspiração humana de procriação, inspirada por eros, restringe-se ao corpo e à
busca da beleza física.
B) O eros limita-se a provocar os instintos irrefletidos e vulgares, uma vez que atende à
mera satisfação dos apetites sensuais.
C) O eros físico representa a vontade de conservação da espécie, e o espiritual, a ânsia
de eternização por obras que perdurarão na memória.
D) O ser humano é idêntico e constante nas diversas fases da vida, por isso sua
identidade iguala-se à dos deuses.
E) Os seres humanos, como criação dos deuses, seguem a lei dos seres infinitos, o que
lhes permite eternidade.

Questão 3:
(UFPR–2020) Em determinado momento do diálogo de Hípias Menor, de Platão,
Sócrates declara que encontrou dificuldade para responder à pergunta “qual o critério
para reconheceres o que é belo e o que é feio?”. De acordo com Platão, a dificuldade
está em que
A) os juízos de beleza são subjetivos, sendo relativos a quem os enuncia.
B) o belo e o feio não se distinguem realmente.
C) é preciso conhecer o que é beleza para que se possam identificar as coisas belas.
D) o critério de beleza não é acessível aos homens, mas apenas aos deuses.

Questão 4:
(Unioeste-PR–2020) Então, considera o que segue [...]. O que me parece é que, se existe
algo belo além do Belo em si, só poderá ser belo por participar desse Belo em si. O
mesmo admito de tudo mais. Admites essa espécie de causa?
PLATÃO. Fédon. 100 c. Belém: Ed. UFPA, 2011.
Sobre o excerto, considere as seguintes afirmações:
I. A hipótese platônica das Ideias (ou hipótese das Formas) compreende a Ideia como
causa do ser das coisas.
II. “Participação” é o modo pelo qual a Ideia dá causa às coisas.
III. O Belo corresponde à Forma; a coisa bela é a Ideia.
IV. A teoria ou hipótese das Ideias distingue entre entidades supratemporais que são em
si mesmas, frente a entidades que não são por si mesmas e estão submetidas ao devir.
As primeiras são causa do ser das últimas.
Sobre as afirmações, assinale a alternativa correta.
A) Somente uma está incorreta.
B) Somente uma está correta.
C) Duas estão corretas e duas estão incorretas.
D) Todas estão corretas.
E) Todas estão incorretas.
Questão 5:
“Hobbes parte do estado de natureza, no qual não existiria lei, não existiria indústria
humana, não existiria nada, e o homem é o lobo do próprio homem; e pelo fato de o
homem ser antissocial por natureza, só se torna possível ele viver em sociedade com um
Estado extremamente forte. Com Locke, a coisa é diferente. Locke diz que o homem
não é um ser rebelde à vida política. No estado de natureza, mesmo com ausência de
Estado, mesmo com ausência de leis, existe uma vida econômica que torna possível a
integração dos indivíduos entre si. Então o Estado nasce para complementar, para tornar
possível essa sociabilidade originária, que é a sociabilidade de mercado”.
TEIXEIRA, F. J. S. Liberalismo clássico e neoliberalismo: Duas faces da mesma
moeda?. Curso on line, aula 02, em 12.09.2022. Acesso em: 9 out. 2022. (Texto
adaptado)
Essas duas concepções políticas são
A) ambas liberais.
B) ambas absolutistas.
C) absolutista, a primeira, e liberal, a segunda.
D) liberal, a primeira, e absolutista, a segunda.

Questão 6:
“A explicação de que foi a ‘ideia’ de independência que constituiu a força propulsora da
renovação que se operava no seio da colônia parece, no mínimo, arriscada. Mais
coerente com os acontecimentos é que as várias ideias de ‘se livrar’ do português
comerciante ou taberneiro, bem como outras que também se agitavam, embora fossem
menos faladas, tais como a libertação dos escravos, a supressão das barreiras de cor e de
classe, não fossem mais que reflexos, no pensamento dos indivíduos, de situações
objetivas, exteriores a seu cérebro, situações que estão nos fatos, nas relações e
oposições dos indivíduos entre si: o senhor de engenho ou fazendeiro devedor que é
perseguido pelo comerciante português credor; o pés-descalço que o comerciante
português não quer como vendedor; o mulato que o branco exclui da maior parte das
funções e o despreza, o humilha; o agricultor pobre que se sente espoliado pelo senhor
de engenho que mói sua cana; o escravo que se quer libertar...”
PRADO JUNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2000,
p. 387 (Texto adaptado)
A orientação filosófica dessa interpretação do filósofo e historiador brasileiro Caio
Prado Junior (1907-1990) acerca da declaração formal da independência brasileira, em
1822, é
A) idealista, pois reconhece o papel das ideias nos acontecimentos históricos.
B) materialista histórico, pois diz que as ideias se formam nas relações sociais.
C) empirista, pois os fatos empíricos constituem as ideias na mente humana.
D) racionalista, pois mostra que os homens agem com ideias claras e evidentes.

Questão 7:
“O medo é a causa que origina, conserva e alimenta a superstição. Poderíamos
acrescentar muitos exemplos que provam com toda a clareza o seguinte: os homens só
se deixam dominar pela superstição enquanto têm medo; todas essas coisas que alguma
vez foram inutilmente objeto de culto religioso não são mais do que fantasmas e delírios
de um ânimo triste e amedrontado; finalmente, é quando o Estado se encontra em
maiores dificuldades que os adivinhos detêm o maior poder sobre a plebe e são mais
temidos pelos seus reis”.
SPINOZA, B. Tratado teológico-político. Tradução de Diogo Pires Aurélio. Lisboa:
Casa da moeda, 2004, p. 126. (Texto adaptado)
Conforme Spinoza, o sentimento de medo conduz o homem à superstição. Por isso, os
momentos em que os adivinhos têm grande influência sobre a população e os governos
são aqueles de grandes dificuldades. A superstição é uma incerteza dos bens desejados,
e se desenvolve na
A) imaginação.
B) sensibilidade.
C) razão.
D) intuição.

Questão 8:
“A relação que constatamos entre o nascimento do filósofo e o aparecimento do cidadão
não é para nos surpreender. A Cidade (pólis) realiza no plano das formas sociais uma
separação entre a sociedade e a natureza; e essa separação pressupõe, no plano das
formas mentais, o exercício de um pensamento racional. Com a Cidade, a ordem
política se separou da organização cósmica; a Cidade aparece como objeto de uma
constante indagação e reflexão, de uma discussão apaixonada e, ao mesmo tempo,
argumentada”.
VERNANT, J.-P. A formação do pensamento positivo na Grécia arcaica. In: Mito e
pensamento entre os gregos. Tradução de Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1990, p. 462-263. (Texto adaptado)
Com base na citação anterior, é correto afirmar que a filosofia grega nasceu
A) do pensamento racional exercitado no debate e na argumentação na Cidade.
B) quando se abandonou a discussão sobre o Cosmo, voltando-se para a política.
C) do prolongamento da tradição mito-poética rural na nova realidade urbana.
D) do afastamento do cidadão da vida na Cidade e seu interesse pelo Cosmo.

Questão 9:
“Consideramos que o saber e o entender são mais próprios da técnica do que da
experiência, e julgamos os que possuem a técnica mais sábios do que os que só possuem
a experiência. E isso porque os primeiros conhecem a causa, enquanto os outros não a
conhecem...”
ARISTÓTELES. Metafísica, 981a25. Tradução do italiano por Marcelo Perine. São
Paulo: Loyola, 2002.
Em diálogo com a citação acima, é correto afirmar que
A) a experiência não é um tipo de saber, pois não conhece a causa.
B) a experiência é superior à técnica, pois é conhecimento prático.
C) a experiência é saber, pois possui o conhecimento da causa.
D) a experiência é um tipo de saber que não conhece a causa.

Questão 10:
Leia a passagem abaixo de do capítulo XVIII de O Príncipe de Nicolau Maquiavel
(1469-1527).
Saiba-se que existem dois modos de combater: um com as leis, outro com a força. O
primeiro é próprio do homem, o segundo dos animais. Não sendo, porém, muitas vezes
suficiente o primeiro, convém recorrer ao segundo. [...] Tendo, portanto, necessidade de
proceder como animal, deve um príncipe adotar a índole ao mesmo tempo do leão e da
raposa [...] Assim, cumpre ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para
amedrontar os lobos. [...] Um príncipe sábio não pode, pois, nem deve manter-se fiel às
suas promessas quando, extinta a causa que o levou a fazê-las, o cumprimento delas lhe
traz prejuízo.
Nesta passagem é possível reconhecer uma das mais significativas contribuições de
Maquiavel para o pensamento político ocidental, trata-se da
A) separação entre ética e política.
B) luta de classes.
C) origem do Estado moderno.
D) ideia de que o homem é o lobo do próprio homem.
E) da divisão tripartite das formas de governo: monarquia, aristocracia e democracia.

Questão 11:
Observe a tirinha do Armandinho abaixo:

A tirinha nos remete a uma importante noção epistemológica e política da modernidade.


Assinale a alternativa que corresponda a essa noção
A) esfera pública e privada.
B) representação.
C) criatividade.
D) empatia.
E) direitos autorais.
Questão 12:
Monark pede desculpas por defender partido nazista: “Estava bêbado”
Apresentador do podcast voltou atrás diante do risco de perder patrocinadores
Diante do risco de perder patrocinadores do Flow Podcast e uma enxurrada de reações
negativas, o apresentador Monark afirmou que errou ao defender a existência de um
partido nazista reconhecido pela lei no Brasil. “Queria pedir desculpas porque eu errei.
Eu estava muito bêbado. Falei de uma forma muito insensível com a comunidade
judaica e peço perdão. Mas peço também um pouco de compreensão: são quatro horas
de conversa e eu estava bêbado”, afirmou, em vídeo publicado no Twitter. Pela rede
social, entidades judaicas iniciaram nesta terça-feira uma campanha pela
desmonetização do canal. O Instituto Brasil-Israel e o coletivo Judeus Pela Democracia
cobram dos patrocinadores do programa a suspensão dos anúncios.
Por Leonardo Lellis Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/monark-pede-
desculpas-por-defender-partido-nazista-estava-bebado/. Atualizado em 8 fev 2022,
14h37 - Publicado em 8 fev 2022, 14h10.
A tolerância e a liberdade de expressão são um dos pilares das modernas sociedades
democráticas. Todas as constituições republicanas no mundo asseguram a liberdade de
expressão como garantia e pressuposto para um bom funcionamento da democracia. O
uso que o influenciador digital da reportagem fez da ideia de liberdade de expressão não
pode ser aceita, pois
A) a liberdade de expressão não é direito absoluto, na medida em que não pode
incentivar atitudes que visem a violência contra outros seres humanos.
B) a liberdade de expressão, embora expressa na constituição, está submetida às análises
prévias dos tribunais superiores ou do parlamento.
C) a liberdade de expressão é um direito que deve estar submetido aos direitos políticos
que regulam aquilo que pode e não pode ser dito.
D) a liberdade de expressão é um direito absoluto, desde que não seja usada em
plataformas de grande alcance público.
E) a liberdade de expressão é um direito privado e não público e, como tal, só pode ser
usado em ambientes ou ocasiões privadas.

Questão 13:
O desenvolvimento dos direitos do homem passou por três fases: 1) os direitos de
liberdade, isto é, direitos que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar para o
indivíduo uma esfera de liberdade em relação ao Estado; 2) os direitos políticos, que
tiveram como consequência a participação cada vez mais ampla, generalizada e
frequente no poder político; 3) os direitos sociais, com novas exigências e novos
valores, como os do bem-estar e da igualdade não apenas formal.
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 (adaptado).
O processo de evolução dos direitos descritos caracteriza-se como:
A) Crescimento da economia mundial.
B) Prolongamento da estrutura feudal.
C) Aumento da produtividade capitalista.
D) Desenvolvimento da cidadania moderna.
Questão 14:
Sobre as relações entre ato e potência e matéria e forma na filosofia de Aristóteles (384-
322 a.C.), é INCORRETO afirmar que
A) todo ente sensível, por exemplo, uma mesa ou um cavalo, é composto de matéria e
de forma.
B) na constituição de qualquer ente sensível, a matéria é a potência e a forma é o ato.
C) o que faz com que algo seja o que é, por exemplo, um ser humano ou um boi, é a sua
matéria.
D) somente um ser em ato pode dar origem a um ente determinado, isto é, a um animal
ou a um artefato.

Questão 15:
Segundo Hannah Arendt, "para os gregos, forçar alguém mediante violência, ordenar ao
invés de persuadir, eram modos pré-políticos de lidar com as pessoas, típicos da vida
fora da polis, característicos do lar e da vida em família, na qual o chefe da casa
imperava com poderes incontestes e despóticos”.
(ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Trad. Celso Lafer. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1997, p. 36.)

Considerando a passagem acima e a obra de que foi extraída, segundo H. Arendt, para
os gregos antigos:
A) a família era considerada um tipo inferior de associação política.
B) não havia igualdade política, posto que havia dominação no âmbito familiar.
C) as mulheres, apesar de dominadas no âmbito familiar, eram livres para participar da
esfera pública.
D) a comunidade política (a polis) deveria persuadir o chefe de família a abdicar de seus
poderes despóticos.
E) a comunidade doméstica (a família) e a comunidade política (a polis) eram
entendidas como formas de associação fundamentalmente distintas.

Questão 16:
No diálogo Hípias Maior, de Platão, Sócrates declara: “Recentemente, alguém me pôs em
grande apuro, numa discussão em que eu rejeitava determinadas coisas como feias e
elogiava outras por serem belas, havendo me perguntado em tom sarcástico, o
interlocutor: qual é o critério, Sócrates, para reconheceres o que é belo e o que é feio?
Vejamos, poderás dizer-me o que seja o belo?”.
Considerando a passagem acima e a obra de que foi extraída, é correto afirmar que, de
acordo com Sócrates:
A) só é possível dizer o que é o belo depois de se ter identificado determinadas coisas
como belas.
B) a dificuldade se coloca para os juízos sobre a beleza, mas não para os juízos de
verdade, tais como “isto é uma mesa”.
C) para identificar algo como belo, é preciso antes conhecer o que é o belo.
D) o critério para distinguir entre o belo e o feio varia segundo as pessoas.
E) não há distinção entre o belo e as coisas belas.

Questão 17:
Ampliando suas investigações para além de suas capacidades, e deixando seus
pensamentos vagarem em profundezas, a tal ponto de lhes faltar apoio seguro para o pé,
não é de admirar que os homens levantem questões e multipliquem disputas acerca de
assuntos insolúveis, servindo apenas para prolongar e aumentar suas dúvidas, e para
confirmá-los ao fim num perfeito ceticismo.
(LOCKE. Ensaio acerca do entendimento humano. Trad. Anoar Aiex. Coleção Os
Pensadores, vol. XVIII.
São Paulo: Victor Civita, 1973, introdução, p. 147.)
Considerando a passagem acima e a obra de que foi extraída, segundo Locke, os
homens tornam-se céticos porque:
A) são capazes de obter apenas um conhecimento provável acerca das coisas.
B) não limitam suas investigações ao que é possível conhecer.
C) dependem da experiência sensível para conhecer, sendo essa experiência enganosa.
D) não são capazes de encontrar um apoio seguro para os seus pensamentos.
E) encontram prazer na mera disputa.

Questão 18:
O filósofo Gérard Lebrun, em seu livro intitulado O que é o poder, discorre sobre
diferentes abordagens do conceito de poder. Na apresentação da obra, tece
considerações sobre o binômio poder/dominação, tendo como referência a obra de
Michel Foucault. Escreve Lebrun:
Quando a questão é compreender como foi e continua sendo possível a resignação, quase
ilimitada, dos homens perante os excessos do poder, não basta invocar as disciplinas e as
mil fórmulas de adestramento que, como mostra Foucault, são achados relativamente
recentes da modernidade. Sua origem e seu sucesso talvez se devam a um sentimento
atávico dos deserdados, de serem por natureza excluídos do poder, estranhos a este –
talvez derivem da convicção de que opor-se a ele seria loucura comparável a opor-se aos
fenômenos atmosféricos. Ainda que o poder não seja uma coisa, ele se torna uma, pois é
assim que a maioria dos homens o representa. É preciso situar a tese de Foucault dentro
de seus devidos limites: o homem condicionado, adestrado pelos poderes, é o
privilegiado, o europeu. Não é o colonizado, não é o proletário do Terceiro Mundo (assim
como não era o proletário europeu do século XIX). Estes, o poder não pensa sequer em
domesticar: domina-os – e muito de cima.
(LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 08.)
Com base na reflexão desenvolvida por Lebrun, é correto afirmar que:
A) o conceito de poder tem a possibilidade de ser interpretado a partir de noções como
“disciplina” ou “adestramento”, construídas no próprio sujeito, considerando ao mesmo
tempo a natureza estrutural e as condicionantes macrossociais do poder que orientam os
indivíduos à ação social.
B) as diferentes enunciações do conceito de poder presentes na obra de Foucault devem
levar em consideração a situação dos trabalhadores novecentistas em países de Terceiro
Mundo; do contrário o poder só pode ser entendido como narrativa dos opressores.
C) o poder é um fenômeno que prescinde das instituições políticas e sociais para que se
manifeste e, conforme Lebrun, toda forma de poder é uma manifestação da
domesticação e do adestramento do indivíduo para a ação coletiva, tendo como
princípio a vigilância e a punição.
D) a explicação oferecida por Foucault possui limitações e não corresponde à realidade
das relações de poder existentes no mundo moderno e contemporâneo, sobretudo
quando se destaca a análise do proletariado do Terceiro Mundo.
E) as relações de poder serão compreendidas em profundidade se assumirmos como
parâmetro de nossas análises os processos de colonização no século XIX e a opressão ao
proletário do Terceiro Mundo.

Questão 19:
Na obra Ética a Nicômaco, o filósofo grego Aristóteles estabelece uma comparação
entre a forma de aprendizado de uma virtude ou excelência
ética (areté) com a de uma arte ou ofício (techné), alegando que “(...) ao praticar,
adquirimos o que procuramos aprender. Na verdade, fazer é aprender. Por exemplo, os
construtores de casas fazem-se construtores de casa construindo, e os tocadores de cítara
tornam-se tocadores de cítara tocando-a. Do mesmo modo, também nos tornamos justos
praticando ações justas, temperados agindo com temperança, e, finalmente, tornamo-nos
corajosos praticando atos de coragem”
(ARISTÓTELES, 2009, p. 40-41).
Como o trecho acima nos mostra, Aristóteles defendia que virtudes éticas como
coragem e justiça
A) não podem ser ensinadas, pois o bem e o mal são relativos e mutáveis.
B) podem ser ensinadas por meio de um processo de habituação pela prática.
C) não podem ser ensinadas, apenas lembradas a partir do mundo inteligível.
D) podem ser ensinadas por meio de uma criação religiosa ao longo do tempo.
E) não podem ser ensinadas, pois o ser humano é incapaz de controlar seus instintos

Questão 20:
O trecho abaixo foi extraído da obra
O discurso do método, do filósofo René Descartes. Havia bastante tempo observara que,
no que concerne aos costumes, é às vezes preciso seguir opiniões, que sabemos serem
muito duvidosas, como se não admitissem dúvidas, conforme já foi dito acima; porém,
por desejar então dedicar-me apenas à pesquisa da verdade, achei que deveria agir
exatamente ao contrário, e rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse
supor a menor dúvida, com o intuito de ver se, depois disso, não restaria algo em meu
crédito que fosse completamente incontestável. (...) Porém, logo em seguida, percebi que,
ao mesmo tempo que eu queria pensar que era tudo falso, fazia-se necessário que eu, que
pensava, fosse alguma coisa.
(DESCARTES, p. 61-62).

A conclusão presente na última frase do trecho foi sintetizada por Descartes em sua
conhecida frase
A) "Tudo é um".
B) "Saber é poder".
C) "Deus está morto".
D) "Penso, logo existo".
E) "Só sei que nada sei".

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