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SERVIÇOS NO VAREJO
2024
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –
ORDEM DOS FRADES MENORES
PRESIDENTE
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL
Jorge Apóstolos Siarcos
REITOR
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
VICE-REITOR
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO
Adriel de Moura Cabral
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Dilnei Giseli Lorenzi
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
Franklin Portela Correia
CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE
Franklin Portela Correia
PROJETO GRÁFICO
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
CAPA
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
DIAGRAMADORES
Simone Aparecida Barbosa
Estratégia varejista................................................................................................... 7
2. Evolução varejista................................................................................................ 15
3. Tipos de varejos .................................................................................................. 25
2. Áreas de influência............................................................................................... 47
3. Variáveis ambientais............................................................................................ 54
4. Comportamento do consumidor........................................................................... 60
1. Mix de produtos.................................................................................................... 72
2. Atmosfera de compra........................................................................................... 81
4. Marketing experimental........................................................................................ 96
ESTRATÉGIA VAREJISTA
1
INTRODUÇÃO
Considerado uma das maiores indústrias, o varejo tem uma trajetória repleta de trans-
formações que se aceleraram nas últimas décadas, no âmbito do aumento da escala
de suas operações, que são cada vez mais complexas, por exemplo (ZENTES; MORS-
CHETT; SCHRAMM-KLEIN, 2012, p. 1).
O conceito de varejo pode ser ligado às pequenas comercializações que ocorrem des-
de a antiguidade. No contexto econômico e mercadológico atual, destaca-se como o
responsável pela comercialização de uma ampla variedade de mercadorias, criação
de empregos e movimentação da economia (LAS CASAS, 2013, p. 3), e entre as mais
conhecidas definições, o varejo consiste em uma unidade de negócio que compra mer-
cadorias de um fabricante ou atacadista e vende diretamente aos clientes finais (LAS
CASAS, 2013, p. 7).
Com o intuito de nos aprofundarmos no tema, essa unidade tem como objetivo compre-
ender os aspectos estratégicos do varejo brasileiro, divididos em quatro partes: estraté-
gia varejista, evolução varejista, tipos de varejo e ciclo de vida do varejo.
ESTRATÉGIA VAREJISTA
Para iniciar a discussão sobre a estratégia varejista, faz-se necessário voltar alguns sé-
culos e pensar em como funcionavam as trocas e as comercializações de mercadorias
no passado. Famílias e pequenos artesãos produziam alguns produtos ou alimentos
que utilizavam em seu próprio lar, e com o tempo foi observado que alguns produtores
eram melhores que outros, ou seja, propiciou-se, mesmo que de forma rudimentar,
uma especialização, uma vez que os produtores que atuavam bem com determinados
produtos ficariam responsáveis por eles e assim por diante (LAS CASAS, 2013, p. 3).
7
Por definição, o varejo pode assumir diversos conceitos que convergem entre si.
Observe no Quadro 01:
Quadro 01. Conceitualização de varejo
1
QUEM VAREJO CONSISTE EM
Uma unidade de negócio que compra mercadorias das fábricas ou
American Marketing Association
De forma complementar, para Rocha e Mola (2018, p. 5), o varejo é uma pessoa ou loja
que vende mercadorias em pequenas quantidades ou de forma fracionada. Segundo
Las Casas (2013, p. 7), o comércio varejista pode se apresentar de duas formas: o va-
rejo lojista, que consiste em um varejista que comercializa produtos por meio de lojas, e
o varejo não lojista que, por sua vez, vende diretamente ao cliente.
Assim, pode-se considerar que o varejo assume diversas funções que se assemelham
a um intermediário, como os esforços de vendas, a estratégia de transporte e distribui-
ção, marketing, entre outros (LAS CASAS, 2013, p. 7-8).
Localização
Qualidade Posicionamento
Com base na figura anterior, diversas variáveis do varejo podem focar na satisfação dos
clientes, portanto, comportam-se como desafios aos varejistas, que consistem (MAT-
TAR, 2019, p. 49):
1
` Na localização: considera-se um fator que determina o sucesso do varejista sua localiza-
ção, que deve ser estrategicamente avaliada com o intuito de atender a seu público-alvo
e, ao mesmo tempo, obter alto fluxo de pessoas.
` No preço: apesar de haver diversos focos do cliente, o preço é um fator que ainda sensi-
biliza uma parte dos consumidores, portanto, há de se desenvolver um equilíbrio entre o
custo benefício apresentado pelos produtos.
Além disso, de acordo com Zentes, Morschett e Schramm-Klein (2012, p. 7), enquanto
a indústria é capaz de explicitamente se diferenciar perante à concorrência, no varejo,
agregar valor a uma mercadoria já produzida é um desafio. Esse desafio se origina da
grande concorrência e da busca por uma competitividade voltada a preços. Dessa for-
ma, agregar diferenciais em serviços passa a ser a estratégia do varejista.
Tático Estratégico
Operacional
9
O planejamento operacional foca na produção de orientações para alocação de recur-
sos no planejamento tácito que, por sua vez, ocorre em áreas diversas da organização
(financeiro, produção, marketing, etc.).
1
O planejamento estratégico considera o longo prazo e cria pequenos planejamentos
táticos (médio prazo) e operacionais (curto prazo) (MATTAR, 2019, p. 182), ou seja,
aloca recursos e atividades em prol do alcance de suas estratégias e objetivos. Suas
NÍVEL DE
TIPOS DE PLANEJAMENTO
PLANEJAMENTO
Planejamento dos Planejamento do
Planejamento do Planejamento da
Estratégico objetivos de longo público-alvo a ser
tipo de varejo localização
prazo atendido
Planejamento de Planejamento de Planejamento de Planejamento de
Tático
mercadorias finanças pessoas marketing
Planejamento de Planejamento de Planejamento de Planejamento de
Operacional
compras investimentos cargos e salários mercadorias
Planejamento de Planejamento de
Planejamento de Planejamento da
receitas e despe- recrutamento e
estoques comunicação
sas seleção
Planejamento dos Planejamento de
Planejamento de
custos operacio- avaliações de
preços
nais desempenho
Planejamento Planejamento de
de treinamento e serviços ao consu-
desenvolvimento midor
Planejamento de
vendas
Fonte: Mattar (2019, p. 184).
Com base no resumo do Quadro 02, é possível observar que no planejamento estra-
tégico realizam-se as tomadas de decisões a respeito das definições de objetivos ao
longo prazo, os tipos de varejo que se desenvolverão, bem como aspectos ligados à
localização e a como o público-alvo será atendido. No planejamento tático definem-
-se as mercadorias, os aspectos financeiros, de recursos humanos e de marketing. No
operacional, detalham-se os aspectos ligados a compras, à mão de obra, a salários e
a mercadorias. Do ponto de vista mais prático, a definição:
` De objetivos decorre dos caminhos que a organização pretende percorrer e onde deseja chegar.
` De público-alvo, por fim, decorre dos objetivos e do tipo de varejo escolhidos pela organi-
zação, direcionando a escolha da localização e até mesmo as mercadorias definidas para
integrar o sortimento de produtos.
Diagnósticos Missão/
Plano estratégico
visão/valores
Localização ideal
Principais resultados da
Análise do Tamanho e evolução da análise da situação
ambiente demanda local
Estratégias
Missão/visão/valores
Concorrência e participações Objetivos Tipo de varejo
de mercado e metas
Mercados e públicos-alvo
Vendas por metragem Localização
Informações Análise da quadrada
externas demanda Estratégias de mercadorias
Desejos e necessidades do Estratégias de serviços aos
consumidor clientes
Vulnerabilidades e potencia- Estratégias de preços
Análise da lidades da empresa e dos
Sistema de Decisões Estratégias de promoção/
concorrência concorrentes
informações Tipo de varejo comunicação
Vantagens e desvantagens Localização Meios e recursos
competitivas em relação aos Mercadorias
Cronograma
principais concorrentes Serviços aos clientes
Preço Promoção/ Previsão de resultados
Informações Análise Oportunidades e ameaças
Comunicação Responsabilidades
internas interna Outros Definição das métricas a Forma de controles
controlar
Prognósticos
Cenário econômico
Cenário regional
Cenário concorrencial
Cenário interno
Previsão de demanda
Missão/visão/valores
Objetivos e metas
Controle
Estratégias
Com base na figura de Mattar (2013, p. 44), o esquema sugere que o desenvolvimento
do planejamento estratégico ocorre a partir da reunião de informações, sejam elas in-
ternas ou externas, compondo assim um sistema que abastece a gestão de informações
estratégicas. A análise da situação envolve o ambiente em que a empresa se insere
para que seja possível realizar diagnósticos e desenvolver ou ajustar a missão, a visão,
os valores e os objetivos organizacionais para que, de fato, o plano seja desenvolvido.
11
Dessa forma, pode-se inferir que o plano deriva de análises que envolvem tanto o as-
pecto intraorganizacional, ou seja, o que a empresa deseja alcançar e desenvolver, ver-
sus os aspectos mercadológicos, envolvendo o ambiente em que se insere e suas de-
mandas e concorrência. Na Figura 04 temos as definições de missão, visão e valores: 1
É o que a empresa
deseja ser em
determinado tempo e Visão
espaço
Representam os
Valores princípios éticos que
norteiam a empresa.
` A diversificação de itens.
` A facilidade de pagamento.
` A facilidade de comunicação.
13
SAIBA MAIS
O caso Tok&Stok 1
Figura 06. Móveis
Fonte: 123RF.
Do conceito do nome à disposição das lojas, tudo foi detalhadamente pensado pelos criadores
e refletem a estratégia da marca: Tok remete a design e Stok remete à loja possuir um estoque
central, dando a ideia de ela conter grandes estoques e preços baixos para o consumidor.
As lojas, por sua vez, visam ser simples e de fácil locomoção, com indicações de onde en-
contrar produtos e informações. A criação dos produtos passa por critérios que envolvem de
segurança a conforto (MATTAR, 2019, p. 199-201).
Além disso, os serviços podem estar atrelados diretamente ao produto, por exemplo,
uma loja de móveis que pode oferecer, além da entrega, a montagem deles. Embora
a área de serviços atrelada ao varejo possa estar carente em determinados aspectos,
é esperado que com o tempo, ao surgirem novas ofertas de serviços compondo o pro-
duto, seja cada vez mais recorrente, agindo como uma demanda dos próprios clientes.
Dessa forma, o que é considerado diferencial pode estar em processo de ser visto como
básico dentro da estratégia varejista.
Las Casas (2013, p. 152-153) destaca que a atratividade dos serviços do varejo tem
mais força que os produtos perante os consumidores. Esse fato ocorre devido aos itens
poderem ser encontrados, em sua maioria, em diversos locais, e as variações que po-
` Tamanho e layout da loja: é necessário avaliar se o que foi definido na estratégia de ser-
viços adere à proposta de tamanho e de disposição da loja.
2. EVOLUÇÃO VAREJISTA
A fim de compreender como ocorre o processo varejista no Brasil, essa seção tem como
objetivo apresentar como ocorreu a evolução no varejo brasileiro e as funções em que
se apresentam.
Décadas
1500- 1776- Década de 1980
1600 1800 1900 de 1950 e 1990
15
Conforme o levantamento de Rocha e Mola (2018, p. 6-20):
` Período de 1776 a 1800: a partir desse período, com as tensões entre Portugal e Espa-
nha, que assume o trono português, o comércio se intensificou por meio da criação da
Companhia Holandesa das Índias Orientais, que desbravava os mercados. Nesse con-
texto, a atividade comercial e seu consequente consumo despontou com o crescimento
das cidades. Na mesma época também ocorreu o desenvolvimento da indústria têxtil na
Inglaterra, a partir da Revolução Industrial.
` 1820: o café foi descoberto como uma fonte de lucros e, em paralelo, o comércio foi se
fortalecendo com o apoio da corte e dos ingleses.
` Década de 1950: embora os avanços das décadas anteriores sejam notáveis, o consumo
e o comércio ocorriam em detrimento da elite.
` Décadas de 1960 e 1970: na década de 1960, o primeiro shopping foi inaugurado no país,
bem como as novidades chamadas supermercados. Algumas marcas como Pernambuca-
nas e Ducal se consolidaram. Na década seguinte surgiu o Procon, período marcado pelo
milagre econômico, quando a população tinha emprego e renda para consumir.
` Décadas de 1980 e 1990: já na década de 1980, o comércio foi ameaçado tanto pelas
estratégias econômicas quanto pela condição da indústria brasileira. Foi o grande perío-
do inflacionário e de remarcação de preços, quando aconteceu uma perda do poder de
compra. Nesse período também ocorreram diversas trocas e atualizações de moedas.
Na década seguinte, fortaleceram-se as relações comerciais com países estrangeiros,
transformando o mercado interno, que estava repleto de opções. Surgiu nesse período o
Código de Defesa do Consumidor (CDC).
` Anos 2000: o período foi marcado por novos entrantes no mercado, ocasionando uma
oferta diversa de produtos e motivando o comércio mais uma vez.
Em suma, esses foram os marcos que delimitaram a trajetória do varejo no Brasil. É possível
observar que o país passou por um desenvolvimento marcado por crises internacionais e
nacionais, diversas trocas de governo e de moedas, e apenas nos últimos anos a evolução
é evidente, reforçando conceitos importantes como nível de canal e rede de valor.
SAIBA MAIS
Valor é igual a preço?
` Presente: e o presente? O que podemos refletir sobre o varejo agora? A estratégia dos
varejistas demandou uma reformulação intensa em face da crise ocorrida em 2008
(KOTLER; KELLER, 2013, p. 485), que consistiu em diversas estratégias: (i) reação de-
fensiva, por meio da diminuição de custos operacionais e estoque; (ii) desaceleração dos
planos de expansão e investimentos; e (iii) diminuição de preços como estratégia de au-
mento de vendas, entre alguns outros novos caminhos, que começaram a ser traçados
(observe a Figura 08).
Declínio de varejistas
Crescimento de Investimento em
do mercado
megavarejistas tecnologia
intermediário
17
A partir dessa figura, é possível notar (KOTLER; KELLER, 2013, p. 485-488):
Fonte: 123RF.
Fonte: 123RF.
19
A construção de marcas fortes no varejo se dá por meio da combinação de nomes, de
símbolos e da oferta de valor, fatores que passam ao consumidor a ideia de respeito
e de conexão com a marca (BUHAMRA, 2012, p. 36). Atualmente, esses fatores são
muito importantes, principalmente se considerarmos a infinidade de opções que o con- 1
sumidor tem, tornando-se crucial o foco em desenvolver combinações que representem
uma conexão intensa com o cliente.
Varejistas
Fabricantes/Produtores
Consumidores finais
Utilidade de sortimento
Utilidade de qualidade
Utilidade espacial
Utilidade de tempo
A partir das quatro utilidades abordadas, é possível que, a fim de atendê-las, desdo-
brem-se em funções, conforme destacado na Figura 12.
Marketing
Informação
21
No âmbito do marketing, a função do varejo consiste nas atividades relacionadas à di-
vulgação, à promoção e à tomada de decisão que envolve as estratégias voltadas aos
produtos. No campo de vendas, o papel do varejo é o gerenciamento de estratégias e
de planos a fim de comercializar os produtos. No contexto da informação, a finalidade 1
é a captura, o armazenamento e a tratativa de informações do cliente, do mercado e
da empresa, a fim de obter insights para o desenvolvimento de estratégias. No âmbito
financeiro, o objetivo é a realização de transferência de recursos, por meio de pagamen-
DISTRIBUIÇÃO DIRETA
Produtor 1
Consumidor final 1
Produtor 2
Consumidor final 2
Produtor 3
Consumidor final 3
Produtor 4
Consumidor final 4
Produtor 5
20 contratos
De acordo com a Figura 13, o varejo não existe. Considera-se, então, que os produto-
res terão que vender diretamente aos clientes, ocasionando uma série de comercializa-
ções (20 contratos). Já na figura a seguir, o varejo atua como um interveniente.
DISTRIBUIÇÃO DIRETA
1
Produtor 1
Cliente 1
Produtor 2
Cliente 2
Produtor 3 Varejista
Cliente 3
Produtor 4
Cliente 4
Produtor 5
9 contratos
Industria
Farmacêutica,
têxtil, tecnológica,
alimentícia (...)
Varejo
Alimentos
Medicamentos
Vestimentas
Varejo Materiais de limpeza
Ferramentas
Eletrodomésticos
Computadores
Smartphones
23
Por longos períodos, o varejo pode ter sido considerado apenas um intermediário den-
tro da cadeia de distribuição de produtos e, embora atue como um intermediário, sua
atividade pode ter sido considerada passiva, o que já não representa mais o canal domi-
nado pelos players varejistas (ZENTES; MORSCHETT; SCHRAMM-KLEIN, 2012, p. 2). 1
Esse fato decorre da alteração que permitiu que os varejistas assumissem a liderança
de estratégica em marketing, em relacionamento com os fabricantes e no desenvol-
SAIBA MAIS
Com o advento de aplicativos como Uber Eats, iFood e Rappi, restaurantes, cafeterias, con-
veniências e até distribuidoras de bebidas passaram por um processo de adaptação. Decor-
rente das mudanças no padrão de consumo, as empresas foram pressionadas a se movi-
mentarem em prol de alcançar um novo canal como um meio de estar presentes e atuantes
nos aplicativos de entrega.
Contudo, com a adaptação dos consumidores a essa facilidade, pode-se argumentar que
já deixou de ser um diferencial, visto que grande parte dos estabelecimentos o integra.
O mesmo pode ser destacado no caso do varejo. Com a adaptação dos consumidores a
novos comportamentos de compra, as adaptações varejistas frente ao mercado deixam de
ser diferenciais.
Fonte: 123RF.
1
3. TIPOS DE VAREJOS
Nessa seção serão abordados os tipos de varejos encontrados no mercado, de forma geral,
separados por suas classificações, por exemplo: loja de especialidade, de departamentos,
supermercado, conveniência e farmácia, lojas de descontos diversas, entre outros.
No Brasil, alguns exemplos de lojas de departamento são: Casas Bahia, Renner, Casas
Pernambucanas e Riachuelo (LAS CASAS, 2013, p. 16). Suas principais características
consistem em localizações estratégicas, podendo ser dentro de shoppings e em gran-
des espaços e oferecendo profissionais especializados no produto em questão, fácil
acesso a credito, entre outros fatores.
25
3.3 SUPERMERCADO, CONVENIÊNCIA E FARMÁCIA
Os supermercados são importantes lojas para o varejo brasileiro. Seu surgimento ocor-
reu na década de 1930 nos EUA, enquanto no Brasil, o serviço chegou na década de
1950. O setor atualmente é marcado por uma disseminação do conceito de hipermerca- 1
dos, que contam com amplos espaços que oferecem artigos domésticos, eletrodomés-
ticos, alimentos, artigos esportivos, entre outros (LAS CASAS, 2013, p. 18).
As lojas off-price são os conhecidos outlets, que funcionam com a seguinte perspec-
tiva: as marcas trabalham com temporadas e coleções específicas destinadas a cada
período. Após esse tempo ou quando mudam as estações, o preço dessas mercado-
rias tende a cair, e as lojas oferecem descontos. No outlet, os produtos em sua grande
maioria se apresentam com as características mencionadas acima, mas diferem-se das
lojas de desconto, pois normalmente os produtos se tratam de coleções “fora de linha”
(ROCHA; MOLA, 2018, p. 29).
Fonte: 123RF.
3.6 COOPERATIVAS
As cooperativas são consideradas lojas varejistas independentes, de forma que cada loja
opera de uma forma, mas as decisões mais importantes são realizadas em conjunto.
3.7 SUPERLOJA
As superlojas são supermercados de grande porte, ou seja, aqueles que apresentam
mais de 20 checkouts (local onde o cliente paga por suas compras, por exemplo, cai-
xas), como o Extra, e comercializam (MATTAR, 2019, p. 53):
` Vestimentas.
` Utensílios domésticos.
27
3.9 TIPOS DE VAREJO SEM LOJA
Além do ambiente da loja, há diversas outras formas que são empregadas com o intuito
de alcançar diretamente o cliente. São algumas delas:
1
` Venda direta: considerada uma das estratégias mais antigas, a venda direta – que tam-
bém é chamada de venda multinível ou marketing de rede – com foco no porta a porta
ainda oferece vantagens relacionadas à comodidade. Com as mudanças nas disposi-
ções da sociedade, entretanto, atualmente é possível identificar diversas dificuldades
para acessar o público, visto que existem condomínios e prédios em que a entrada do
vendedor é limitada.
Fonte: 123RF.
SAIBA MAIS
Embora a Avon seja uma marca que ainda atua fortemente com venda direta, é possível notar
uma alteração em sua estratégia quando o assunto é forma de comercialização (CONSU-
MIDOR, 2019, [n. p.]). Na atualidade, é possível encontrar uma forte presença da marca em
redes sociais e na comercialização de seus produtos pelo site de e-commerce que contém
um catálogo digital.
A partir de 2019, a Avon realizou uma parceria com a rede das Lojas Americanas, com o
intuito de abrir lojas físicas dentro da rede. A parceria inicialmente contou com a iniciativa em
32 lojas, com espaço dedicado ao denominado Espaço da Beleza.
Fonte: 123RF.
29
Tão comum em filmes norte-americanos, as chamadas vending machines são equipamentos
de venda automática dentro das quais as marcas disponibilizam sua mercadoria mediante
pagamento. Segundo a Associação Brasileira de Vending Machines (ABVM) (ABVM, [s. d.]),
Vending Machines nada mais são que máquinas automáticas, onde trazem 1
consigo produtos de diversos tipos como cafés, doces, salgados, bebidas
no geral e até mesmo produtos cosméticos como perfumes ou maquiagens.
Por serem vistas como “independentes”, são máquinas consideradas para
Ela foi considerada impopular no Brasil por várias décadas, mas a inovação e a busca por
praticidade podem reverter esse cenário. É possível ver em condomínios de alto padrão
e até mesmo no metrô o início do que poderia ser a popularização desse tipo de varejo.
SAIBA MAIS
O caso Lutti
Lojas que fazem mix de autosserviço com atendimento já são uma tendência internacional, mas
no Brasil podíamos, há alguns anos, pensar que esse tipo de varejo não teria muitos adeptos.
O Brasil vem avançando no autosserviço, e um bom exemplo é o caso Lutti, que consiste em
um mercado autônomo implementado dentro de condomínios em Manaus (LUTTI, 2021, [n. p.]).
Com o intuito de atender realmente à necessidade dos moradores, a marca realiza pesquisas de
mercado internamente para mapear quais produtos são mais procurados pelos consumidores,
funcionando 24 horas, 7 dias por semana como uma loja de conveniência tradicional e revolucio-
nando o mercado agora dentro de condomínios e de forma autônoma, ou seja, sem atendentes.
CURIOSIDADE
Em 2020, a varejista Renner disponibilizou sua primeira vending machine no metrô de São
Paulo. A iniciativa integra a estratégia de transformação digital da marca e busca oferecer
por meio desse autosserviço a facilidade de acesso aos produtos comercializados pela loja
(NOVELLO, 2020, [n. p.]).
` E-commerce: o boom causado pela criação da internet ainda vem refletindo no mercado. O
e-commerce (comércio eletrônico) é uma forma que vem ganhando popularidade devido às
facilidades e aos benefícios ofertados ao consumidor que já se habituou a esse tipo de varejo.
CURIOSIDADE
Rede corporativa: consiste em duas ou mais lojas de uma mesma marca, que são controla-
das por ela mesma. Esse tipo de varejo tem um sistema de compras e de comunicação cen-
tral e vende seus produtos nas demais lojas. Alguns exemplos brasileiros são as lojas Marisa.
O quadro a seguir traz um compêndio dos tipos de varejo e suas características e esta-
belece exemplos para cada tipo.
31
TIPO DE VAREJO CARACTERÍSTICA EXEMPLO
Local e espaço, comercializa diversos
produtos, não possui um sortimento de
Clubes de compras Sam’s Club
produtos grande e não oferece luxo em 1
seu ponto de venda.
Cooperhodia
Cooperativa Loja de varejo independente.
Coopersucar
` Avon
No geral, focam em alcançar o cliente sem
intermediários ou por meio de ferramen- ` Natura
tas como o acesso ao telefone (telemarke-
Tipos de varejo sem loja ` Telemarketing:
ting), internet (e-commerce), venda direta
(vendedores), autosserviço (vending ma- ` Vivo (uma das estratégias)
chines), entre outros.
Vending machines:
` Coca-Cola.
Fonte: elaborado pela autora.
Participação
no mercado
Lucratividade
1
` Introdução: na fase de introdução, as empresas estão ainda desenvolvendo esforços
para conquistar espaço no mercado, assim, o lucro que obtêm ainda é baixo, as equipes
também são pequenas e grande parte das funções pode ser desempenhada ainda pelos
donos. Além disso, o modelo ou o plano de negócios ainda está em fase de ajustes, com
base no andamento da etapa presente.
Imagine que estamos tratando de uma empresa que comercializa CDs. Esse item já é
um produto obsoleto que foi substituído por outras tecnologias. Considere o Quadro 05
um resumo das atividades desse varejo.
Os lucros
Devido à concorrência, Os lucros diminuem e os
aumentam
Os lucros são os lucros diminuem e há negócios decrescem. Outros
em virtude do
baixos. necessidade de reajuste formatos podem estar em
crescimento
de preços e promoções. evidência.
das vendas.
33
INTRODUÇÃO CRESCIMENTO MATURIDADE DECLÍNIO
O crescimento atrai
A concorrência diminui pois há
A empresa se concorrentes e há uma
esforça para
O varejista começa
disputa para aumentar
muitas desistências e falências. 1
a ter aceitação A empresa encontra-se em fase
conseguir espaço os resultados de vendas
no mercado. de dificuldade financeira e busca
no mercado. e de participação
outras formas de sobrevida.
no mercado.
O processo de
Os esforços de marketing
marketing é mais Promoções focadas
cessam e os administradores
Plano de negócios e ativo com ênfase em nos preços e nos novos
passam a acompanhar
ajustes. promoções segmentos e há muitos
resultados para se retirar no
para divulgação descontos e promoções.
momento certo.
de marca.
Da mesma forma que o mercado é dinâmico e pode ter um rápido crescimento com pou-
cos concorrentes, a volatilidade mercadológica pode permitir a entrada de concorrentes
que ofereçam novas tecnologias rapidamente e assim substituir o modelo de negócio
anterior. Além disso, cada fase, independentemente do setor, apresenta desafios e car-
rega uma série de decisões a serem tomadas para que o negócio se desenvolva com
sucesso. Consideramos abaixo alguns aspectos:
` O sortimento de produtos (ou serviços) pode ser particularmente desafiador para al-
guns segmentos, no entanto, é necessário se basear em critérios como o público-alvo, a
localização escolhida e também o canal definido, visto que esses fatores necessitam de
alinhamento para entregar a melhor experiência ao cliente.
` Como observado no quadro anterior, o fator preço é um aspecto que se altera conforme a
fase do ciclo e recebe influências à medida que o modelo de negócio se aprimora ou que
a estratégia de marketing se adapta.
O mesmo pode se considerar para o varejo. Com as novidades ofertadas pelo mercado,
é necessário que, para manter-se competitivo, a empresa varejista se mantenha atuali-
zada e tente inovar em seus processos e suas estratégias para continuar atrativa para o
público-alvo; do contrário, a fase posterior do ciclo pode ser seu declínio, principalmente
se a empresa não implementou esforços para se adequar às tendências de mercado.
EXEMPLO
Vamos levar esse assunto para a prática, considerando um exemplo da empresa Casas Bahia.
Introdução
35
Sua introdução no mercado foi um sucesso, principalmente se considerarmos que o varejo não
tinha direcionado esforços ao público de baixa renda, o que popularizou a marca. Na fase de
introdução, a família toda trabalhava em áreas estratégicas (finanças, marketing e comercial).
1
Crescimento, maturidade e declínio(?)
A negociação foi fechada, mesmo com o descontentamento da família Klein, devido à quanti-
dade de ações que eles possuíam. Em 2019, contudo, eles voltam a comprar ações, passando
a ser majoritários novamente. Nesse meio tempo, a empresa perdeu um pouco de espaço no
âmbito digital para a concorrente Magazine Luiza, que se sintonizou com as mudanças com-
portamentais do consumidor, que havia adotado uma nova visão perante as compras on-line.
Segundo Madureira (2020, [n. p.]), a marca Casas Bahia vem tentando atacar a concorrência
por meio da transformação digital e, com mais de 1000 lojas, estima-se que tenha tido um
prejuízo de mais de R$ 400 milhões em 2019, enquanto a concorrência, Magazine Luiza,
obteve o lucro de R$ 921 milhões no mesmo ano.
` Conclusão
Mesmo que a empresa Casas Bahia ainda atue no mercado e seja considerada como refe-
rência, é possível diagnosticar que a concorrência vem avançando. Além disso, é possível
notar que a marca pode ter deixado de lado a adaptação de mercado, pois se via em uma
situação confortável, sem alterar as estratégias conforme a indústria ia mudando e novos
concorrentes entravam.
PARA REFLETIR
Com base no que foi abordado nessa unidade, avalie as informações oferecidas no caso das
Casas Bahia e reflita.
CONCLUSÃO
Nessa unidade abordamos diversos aspectos iniciais relacionados ao varejo. Seu con-
1 ceito, que se relaciona com a compra de mercadorias por parte da loja e da comercia-
lização diretamente para o cliente, agindo primordialmente como um intermediário que
encurta as distâncias entre o consumidor e o produto que deseja comprar.
A partir do seu conceito, também introduzimos seus tipos e classificações, de forma que
é possível encontrar lojas varejistas para atender a diversas necessidades dos consu-
midores, da questão alimentícia (supermercados, lojas específicas e conveniências) a
clubes de compras com um conceito diferenciado de pertencimento a um grupo seleto
que realiza compras em determinado local.
Com relação ao seu aspecto estratégico, é possível ressaltar que o preço é um fator que
já não pode ser supervalorizado, visto que o consumidor tem acesso a diversas opções no
mercado. Seria interessante, portanto, organizar o planejamento estratégico a partir de di-
versos aspectos, como a análise das necessidades do mercado, da melhor localização para
atender ao público, a qualidade e as adaptações que surgem durante a trajetória varejista.
SAIBA MAIS
Sugerimos que assista ao filme A grande aposta, estrelado por diversos atores indicados ao
Oscar e, inclusive, venceu a categoria de melhor roteiro adaptado. Sua história conta os be-
nefícios de se destacar perante à concorrência. É um filme que pode motivar e inspirar a “sair
na frente”, pensando em formas diferentes de se comportar perante o mercado.
GLOSSÁRIO
Sortimento: consiste no portfólio de produtos que é ofertado pelas empresas. Por exemplo: o
sortimento de produtos de uma loja de conveniência é menor que o de uma superloja.
Vending machine: o termo, do inglês, significa vendas automáticas, realizadas por um equi-
pamento disponibilizado em locais estratégicos.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE VENDING MACHINES – ABVM. O que é Vending Machine? ABVM, [s. d.].
Disponível em: http://abvm.ind.br/o-que-e-vending/. Acesso em: 20 out. 2021.
1
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KOTLER, Phillip; KELLER, Kevil L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2013.
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de Varejo. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
LUTTI. Lutti. In: Um mercado autônomo, funcionando 24 horas, 7 dias por semana dentro do seu con-
domínio. Sem filas, sem funcionários, bem pertinho de você e levando comodidade na sua rotina. [S.
l.], 26 nov. 2021. Disponível em: https://www.lutti.net/. Acesso em: 26 nov. 2021.
MAÇÃES, Manuel Alberto Ramos. Vantagem competitiva e criação de valor. [S. l.]: Conjuntura Actual, 2017.
MADUREIRA, Danielle. Fundador de Casas Bahia começou com charrete, mirou pobre e cobrava o dobro.
UOL Economia, 31 dez. 2020. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/12/31/ca-
sas-bahia-familia-klein-historico.htm. Acesso em: 27 out. 2021.
MATTAR, Fauze Najib. Administração de Varejo. 2. ed. [S. l.]: ELSEVIER, 2019.
MATTAR, Fauze Najib. Gestão de Produtos – Estratégias e ações para o sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
NOVELLO, Dariella. Renner lança sua primeira vending machine em estação do Metrô de São Paulo. Fashion
Network, 16 out. 2020. Disponível em: https://br.fashionnetwork.com/news/Renner-lanca-sua-primeira-ven-
ding-machine-em-estacao-do-metro-de-sao-paulo,1252303.html. Acesso em: 20 out. 2021.
PURVIS, Martin. Retail management. International Journal of Research and Analytical Reviews, [S. l.], vol.
2, n. 1, p. 22–28, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.4324/9781315560854-16. Acesso em: 10 nov. 2021.
ROCHA, Marcos; MOLA, Jeferson Luis. Varejo. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
WD Vending. Vending Machines são para você? Descubra! WD Vending, 2019. Disponível em: https://wdven-
ding.com.br/vending-machines-sao-para-voce-descubra/. Acesso em: 20 out. 2021.
ZENTES, Joachim; MORSCHETT, Dirk; SCHRAMM-KLEIN, Hanna. Strategic Retail Management. [S. l., s.
n.], 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1007/978-3-8349-6740-4. Acesso em: 10 nov. 2021.
ASPECTOS AMBIENTAIS DO
VAREJO
2
INTRODUÇÃO
Como consumidores, temos diversos comportamentos que influenciam nossas compras
e buscamos equilibrar os desejos e as necessidades com o que o mercado nos oferece.
No entanto, com a rotina frenética e possíveis dificuldades de gerenciar atividades de
compras simples, alguns aspectos passaram a ser mais valorizados que outros, como a
conveniência de comprar em locais próximos ao trabalho ou à residência.
No mundo do varejo, esforços são realizados pelas empresas, de modo geral, para com-
preender essas necessidades e particularidades do consumo a fim de desenvolver so-
luções que atendam a elas. Nesse sentido, a localização do varejo e o comportamento
do consumidor passaram a ser centro das atenções das organizações que desejam se
destacar no mercado, por meio de vantagens competitivas baseadas nesses critérios.
Além dos critérios para a tomada de decisão sobre a localização varejista, o plane-
jamento e o processo decisório englobam a compreensão das chamadas variáveis
ambientais, que são compostas pelo ambiente econômico, tecnológico, político-legal e
sociocultural. Compreender tais variáveis é crucial para planejar o negócio e adaptá-lo
rapidamente frente às transformações.
Com base no exposto, essa unidade está dividida em: localização do varejo, áreas de
influência, variáveis ambientais e comportamento do consumidor.
1.LOCALIZAÇÃO DO VAREJO
Para o varejo físico, a decisão sobre a localização é uma das mais importantes, pois de-
corre de um conjunto de fatores que contribuem para que o cliente avalie o custo benefí-
cio de determinada loja e decida comprar. Segundo Mattar (2019, p. 267), a má escolha
envolvendo a localização do negócio pode gerar desvantagens competitivas que podem
tentar ser mitigadas a partir de estratégias que, no longo prazo, são negativas para o
negócio, por exemplo, constantes promoções, baixas margens de lucros, entre outros.
40
Dessa forma, faz-se necessário analisar se as particularidades do local atendem às de-
mandas do negócio e se não há um desvio no fluxo dos consumidores daquela região,
devido à locomoção, à falta de transporte ou até mesmo à mudança de centro comercial
para outras regiões da cidade. 2
Portanto, abordaremos elementos importantes que contribuem para uma tomada de
decisão assertiva, entre eles, a análise do perfil do consumidor e da concorrência, os
Com base na Figura 01, é possível inferir que existem diversas formas e categorias que
podem auxiliar no mapeamento do perfil do consumidor. Ao compreender e estabelecer os
objetivos do negócio, espera-se entender o perfil do público que se deseja alcançar. Dessa
forma, o varejista consegue analisar suas opções com base nas categorias apresentadas
para tomar decisões relacionadas à localização, ao portfólio, ao preço, entre outros.
Por exemplo, se uma loja que está realizando a prospecção de negócios na cidade de
Campinas já definiu seu objetivo, que é atingir um público com renda média alta, sua
localização e as demais decisões devem ser tomadas em prol de alcançar o público que
2 adere a esse objetivo, considerando, portanto, fatores como idade, sexo e renda.
Aluguel baixo
Concorrência
Estrutura boa em
locais inadequados
Análise de mercado e
concorrência
Estudo das variáveis
ambientes e do
consumidor
Estudo da localização e
do fluxo de pessoas
42
` Lojas desocupadas: alguns pontos de negócios podem entusiasmar os varejistas por causa
de seu tamanho e estrutura, mas a escolha deve ir além desse conjunto de características.
2
` Aluguéis baixos: o âmbito financeiro é um peso para a tomada de decisão. Ao buscar por alu-
guéis baixos, a decisão pode ser tomada de forma impensada ou ainda sem considerar o fluxo
de pessoas. A economia com o aluguel do ponto pode acarretar perdas financeiras posteriores.
A sugestão de escolha do local, segundo o SEBRAE (2019, [n. p.]), deve compreender
o seguinte checklist:
ESTRATÉGIA DESCRIÇÃO
Consumidor Estabelecer o perfil do consumidor que deseja atingir.
Produto Definir o tipo de produto que deseja comercializar.
Local Compreender as condições de negociação sobre o local.
Investimento Avaliar se o negócio comporta o investimento de abrir um
ponto de venda naquele local.
Acesso e segurança Verificar a acessibilidade ao local, limpeza, segurança,
volume de tráfego, ruído e oferta de estacionamento.
Concorrência Averiguar a presença de concorrência nas redondezas.
Mão de obra Perguntar-se se o local fornece mão de obra adequada
para o negócio.
Alternativas Buscar várias opções para estudo e comparações.
Observação Avaliar os locais selecionados em diferentes períodos do
dia e como é o movimento.
Estrutura e layout Verificar se a estrutura se adequa ao local, se a localiza-
ção tem visibilidade, se é possível desenvolver exposi-
ções e layout atraentes.
Fonte: adaptado de SEBRAE (2019, [n. p.]).
TOMADA DE DECISÃO
Las Casas (2013, p. 92) afirma que algumas considerações devem ser feitas nos se-
2 guintes aspectos, conforme a Figura 03:
O primeiro fator é a comunidade. Existe uma série de diferenças de um local para outro
e de uma cidade para outra, que refletem os diferentes estágios em que cada região,
área ou local se encontram em determinado período (LAS CASAS, 2013, p. 92). No
âmbito da comunidade, deve-se refletir sobre o perfil dos consumidores que ali residem,
os concorrentes, os possíveis fornecedores, o ambiente econômico daquela região e
as tendências futuras. A Figura 04 a seguir mostra o fluxo de atividades que podem ser
realizadas a fim de compreender esses fatores.
AVALIAÇÃO DO MERCADO
1. Vulnerabilidade
2. Potencial de lucro
3. Possibilidade de entrada
SELEÇÃO
PRELIMINAR
DO LOCAL SIGA PARE
44
Com base na Figura 04, a partir da delimitação da área deve-se iniciar o processo
de obtenção de dados, que compreende o diagnóstico da comunidade, envolvendo a
renda, a concorrência, o cenário varejista que se situa ali, a infraestrutura e as mídias
disponíveis, a empregabilidade, as restrições governamentais, entre outros. 2
No âmbito dos consumidores, sugere-se avaliar atitudes e comportamentos por meio de
pesquisa com um questionário. Quanto à concorrência, deve-se avaliar os estoques, a
Tomemos como exemplo os shopping centers. Convém destacar que o tipo de negócio
aberto em shoppings não se apresenta obrigatório da mesma forma, uma vez que, ao
tratarmos da área de influência, cada tipo de shopping poderá impactar diferente no
negócio. Shopping centers podem ser regionais, de comunidade ou de bairro (LAS CA-
SAS, 2013, p. 95-97), de forma que:
` Os de bairro, por sua vez, têm áreas de influência menos expressivas, com cerca de 7.000
a 40.000 pessoas e geralmente são construídos em avenidas principais e com bastante
movimentação de pessoas. Podem surgir nas proximidades de mercados.
SAIBA MAIS
que o quiosque da loja avaliada estava localizado na área de serviços e, portanto, o fatura-
mento mais baixo que o normal era um problema causado pela má localização.
2
Dessa forma, mesmo que o ponto tenha sido avaliado, ao alugar o local dentro do shopping,
a decisão da empreendedora em questão desconsiderou sua posição e como isso impactaria
(negativamente) no faturamento da empresa.
Saiba mais em: Shark Tank Brasil – Episódio da loja Pet Bamboo, 2019. 1 vídeo (11min
09seg.) Publicado pelo canal Shark Tank Brasil. Diposnivel em https://www.youtube.com/
watch?v=G1Phx1UObLA. Acesso em 17 mar. 2022
Segundo Las Casas (2013, p. 101), para escolher o local, também deve-se considerar
o que é mostrado na Figura 05:
Trânsito de
Estrutura
Vizinhos pedestres e Mix de lojas Visibilidade Estacionamento
existente
carros
De acordo com Las Casas (2013, p. 101), fatores como os vizinhos, o trânsito de pe-
destres e de carros, a estrutura existente, o mix de loja nos arredores, a visibilidade
oferecida e até mesmo a existência de estacionamento influenciam o local a ser uma
boa opção ou não. Esse fato decorre da necessidade de visibilidade e de acessibili-
dade para o cliente, ou seja, quanto mais visível – considerando pedestres e clientes
com carros – mais fácil é para o cliente visualizar o estabelecimento, seja pelo prédio,
por outdoors, por placas, entre outros. Além disso, quanto mais fácil de acessar o local
ao chegar à loja e na locomoção interna, mais atratividade se agrega ao negócio. Esses
critérios podem compor um checklist, ou seja, um conjunto de fatores que devem ser
considerados pela empresa, entre suas prioridades.
46
Além disso, deve-se considerar análises distintas sobre a locação ou a compra do lugar.
A compra de um imóvel para o negócio traz vantagens quanto a não pagar aluguel e a
lidar com alterações contratuais que podem atrapalhar o negócio. Ainda, ao optar pelo
aluguel, o varejista pode enfrentar desvantagens que beiram a dificuldade de alterar 2
consideravelmente o local, assim como limitações contratuais, entre outros.
` O tamanho da loja: com maior variedade, as lojas maiores tendem a apresentar maior
conforto e ser mais atrativas.
` A densidade populacional: em grandes cidades pode ocasionar trânsito lento, por exem-
plo. Esse fato pode refletir na alteração das áreas de influência, visto que as pessoas
podem optar por comprar mais perto de casa ou do trabalho, a fim de evitar deslocamen-
tos longos e desnecessários.
Na figura a seguir, note o esquema de decisões que podem ser tomadas no âmbito
varejista, considerando decisões de macro e microlocalização.
Decisões de
Identificação, avaliação
microlocalização
e seleção de
local para a
loja
O processo que envolve a decisão sobre a região ocorre a partir das definições reali-
zadas pela empresa em seu planejamento estratégico, assim, de uma forma macro, a
maior preocupação da organização nessa fase é identificar o potencial varejista daquela
região. Algumas informações são de suma importância. Observe no Quadro 02 o que se
deve avaliar nesse processo decisório:
48
Uma forma de utilizar esses dados é realizar um compilado de informações oriundas
de um órgão, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em que seja
possível averiguar a região do país mais promissora em termos profissionais ou ainda
com relação ao perfil específico. Tenha em conta, nesse caso, um exemplo: considere 2
que a empresa de roupas Vestiplus está buscando um público específico: jovens de 14
a 35 anos do sexo feminino e masculino. O lançamento da primeira loja de varejo seria
em uma região cuja população analisada apresenta o perfil condizente com o público.
Loja destino
Área primária (60% a 75% dos clientes)
Área secundária (15% a 25% dos clientes)
Área terciária (5% a 10% dos clientes)
Clientes
Em uma empresa que já existe, é possível usar seu próprio banco de dados e avaliar
o cadastro dos clientes, analisando-os por CEP. Para uma loja, diversos modelos de
estudo podem ser realizados, como modelo de analogia, modelo de regressão e modelo
2 gravitacional (MATTAR, 2019, p. 279). Observe no Quadro 03 suas definições.
MODELO DESCRIÇÃO
Realiza estimativas e projeções com base em informações oriundas de lojas
similares presentes na região escolhida, também fazendo uso de uma projeção
Analogia
de reação da concorrência frente a um novo integrante do mercado e na
expectativa para o local.
Estima o potencial da área por meio de estudos que envolvem o tamanho
Regressão da população, a renda média, o número de residências e o número de
concorrentes.
Estima que os clientes, quando têm diversas opções do mesmo segmento,
Gravitacional tendem a optar pela escolha mais próxima e com mais atrativos (imagem,
distância/tempo entre residência e loja), instalações, entre outros.
Fonte: adaptado de Mattar (2019, p. 279).
` Áreas isoladas.
` Shopping centers.
Alguns varejistas esperam conseguir gerar tráfego de clientes em uma região isolada,
mas isso pode ser uma armadilha, pois nesses locais pode existir falta de estrutura e,
por causa disso, o varejista teria que despender um alto volume de investimento para
transformar a região escolhida (projeto, construção etc.) (MATTAR, 2019, p. 283).
50
por si só, um grande número de clientes, também atrai um volume alto de varejistas. O
varejista que se instalar nessa localização se beneficia do alto fluxo de clientes, mas há
uma falta de controle de concorrência.
2
Nos shopping centers também existem diversas vantagens no âmbito do rateio de cus-
tos operacionais, tráfego, atração de consumidores, entre outros. Porém, os custos en-
volvidos na atuação dentro do local abrangem altos investimentos em aluguel, concor-
AVALIAÇÃO DE LOCAIS
Segundo Mattar (2019, p. 285), podemos considerar cinco princípios para a avaliação
de locais para novas lojas, como pode ser observado na Figura 08.
Acumulação
Intercepção Compatibilidade
atrativa
Congestionamento
Acessibilidade
de lojas
Para desenvolver uma boa estratégia para esse princípio, Mattar (2019, p. 285) sugere
que no planejamento é preciso considerar a região de origem e de destino, os trajetos
possíveis (conexões com ruas e avenidas), realizar um levantamento do fluxo de pesso-
as que realizam o trajeto e tentar encontrar um local apropriado. Além disso, é possível
avaliar a concorrência local e verificar a possibilidade de interceptar os consumidores
naquele caminho também.
shoppings focados em móveis, as ruas que têm roupas para eventos e casamentos em
São Paulo, entre outros (MATTAR, 2019, p. 285).
Endereço: ..........................................................................................................
52
Complementarmente, a fim de desenvolver uma tomada de decisão assertiva e em con-
junto com os princípios supracitados, alguns fatores podem ser considerados, como o
potencial da demanda, o tráfego de pessoas, o acesso e o fluxo de veículos, a facilidade
de estacionamento e a concorrência. Conforme Zamberlan (2019, p. 80-83): 2
Por outro lado, também existem estratégias que buscam áreas escassas, ou seja, aquelas
regiões que têm poucas lojas que comercializam o mesmo produto (ZAMBERLAN, 2019,
p. 74). Essa falta de lojas pode, de fato, atrair consumidores, mas é necessário atentar-se
para outros fatores de desempenho para não escolher uma localização pouco atrativa.
série de análises e informações que podem ser obtidas para tomar decisões relaciona-
das ao local, mas com o uso de tecnologias emergentes podemos obter tais análises de
forma mais ágil. Entre as tecnologias que podem beneficiar a tomada de decisão sobre
2 o melhor local para o varejo, temos a análise de big data, inteligência artificial e técnicas
que utilizam o geoprocessamento e informações geoespaciais.
De acordo com Machado (2020, [n. p.]), os sistemas de coletas de dados utilizando ima-
gens, GPS, fotografias de satélites e históricos podem fornecer valiosos insights para
compreender o fluxo de determinada região. Além disso, a Internet das Coisas pode unir
informações e percepções, comparando dados com as regiões alvos e com o perfil do
cliente, permitindo uma visão detalhada de fluxo de pessoas, de pedidos e cancelamen-
tos, de mapas de calor das áreas geográficas, entre outros (MACHADO, 2020, [n. p.]).
SAIBA MAIS
Big Data e Internet das Coisas pertencem à IV Revolução Industrial, quando iniciou-se a era
dos dados. O Big Data Analytics (ou Análise de Big Data) consiste em analisar um grande
volume de dados, beneficiando a assertividade e a quantidade de variáveis em análise.
A Internet das Coisas, por sua vez, define-se como a rede de sistema que dá suporte para
as ferramentas de comunicação, entre os equipamentos inteligentes e sua interconectividade
com as pessoas por meio de sensores, captura de informação em diferentes estágios, entre
outros (DOPICO et al., 2016, p.).
3. VARIÁVEIS AMBIENTAIS
Ao pensar em um negócio, é também essencial organizar uma série de informações so-
bre a atividade que se desempenhará e, principalmente, sobre as variáveis que podem
ser encontradas no mercado. O ambiente de negócios (e de marketing) é composto
pelo macro e microambiente. Enquanto o microambiente engloba os participantes ime-
diatos de seus processos, ou seja, os mais próximos, o macroambiente engloba fatores
menos controláveis, como na Figura 10.
54
Figura 10. Ambiente de negócios
MACROAMBIENTE 2
Demográfico Político-legal
Natural Econômico
Para obter informações para uma tomada de decisão assertiva, costuma-se desenvolver
uma análise ambiental, que corresponde a um estudo composto por diversas variáveis,
denominadas variáveis ambientais pertencentes ao macroambiente e ao microambiente.
2
Juros|Inflação
Dolar
Renda
Endividamento
De acordo com Shankar et al. (2021, p. 13), os avanços tecnológicos mais recentes
aceleraram as transformações mercadológicas, causando inovações disruptivas no ce-
nário varejista. Um exemplo é o emprego de tecnológicas de Inteligência Artificial e Big
Data na predição das vendas e em seu processamento, acelerando análises de dados
e permitindo um volumoso fluxo de informações e benefícios que vão desde a obtenção
mais apurada de dados oriundos do mercado até a aceleração de uma entrega.
A adoção tecnológica pelo setor varejista é também um reflexo da adoção realizada pe-
los consumidores, que demandam que as organizações estejam em consonância com
as novidades do mercado.
56
3.3 AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL
Esse ambiente é integrado por leis, normas e regulamentações, bem como órgãos e
instituições que visam influenciar as organizações e os indivíduos (KOTLER; KELLER,
2013, p. 86). As leis, além de regularem e controlarem o ambiente de negócios, também 2
podem provocar tendências e melhorias nos setores, visto que promovem mudanças
mercadológicas em prol das adaptações legais. Segundo Kotler e Keller (2013, p. 86),
Além disso, destaca-se que novas regulamentações podem impedir ou retardar o cresci-
mento de determinadas empresa, por possivelmente dificultarem os avanços e a entrada
de novos players. Um exemplo de lei que pode restringir o consumo é a proibição de
venda de bebidas alcóolicas em dias de eleições (LAS CASAS, 2013, p. 31). Note que
a restrição pode acarretar na diminuição do consumo, mesmo que de forma temporária.
De acordo com Las Casas (2013, p. 33), as movimentações socioculturais atuais focam
no verde, em busca de produtos sustentáveis, naturais e orgânicos. Seguindo esse
raciocínio, convém destacar que as mudanças pelas quais as populações passam, aca-
bam refletindo em sua forma de consumir, modelando os produtos que gostam ou que
desejam comprar, podendo, inclusive, pressionar a indústria e os modelos de negócio a
se adaptarem a essas novidades.
Para ilustrar esse caso, temos produtos típicos com forte apelo e volume de vendas em
alguns estados e que, pouco a pouco, vão ganhando espaço nos demais espaços: o
Guaraná Jesus é um exemplo, típico do Maranhão, com sabor adocicado e com notas
de cravo e canela, e sua cor rosa que chama a atenção (COHEN, 2016, [n. p.]). De
acordo com Cohen (2016, [n. p.]), o produto era exclusivo da região até meados de
2016, quando era distribuído para Tocantins e Maranhão. O regionalismo do produto foi
uma questão que, inclusive, poderia ter inviabilizado a compra pela gigante Coca-Cola,
A presença do impacto cultural é tão intensa que até mesmo a embalagem foi fruto da
2
opinião dos consumidores maranhenses, que votaram nas que mais tinham conexão
com o produto (COHEN, 2016, [n. p.]). A diversidade cultural também impacta na quan-
tidade de produtos ofertados e inovações, uma vez que, atualmente, os consumidores
têm necessidades discrepantes e estão acostumados a encontrar diversas opções de
produtos a seu dispor e, por conseguinte, o varejo tende a seguir essa tendência de
ofertar grande variedade de itens.
SAIBA MAIS
O termo cauda longa vem de uma obra de Osterwalder e Pigneur, que trata de modelos de
negócios. No passado, a oferta de produtos era restrita e não tínhamos infinitas opções de
compra como é possível encontrar hoje, e esse modelo era focado na massa e nos big hits,
ou seja, os produtos eram vendidos para muitas pessoas, em grande quantidade e eram
grandes sucessos. Entretanto, com o passar do tempo, os avanços tecnológicos, as mudan-
ças industriais, o desenvolvimento de novas formas de vendas e entregas, como a Amazon e
o Mercado Livre, hoje é possível encontrar uma infinidade de produtos disponíveis.
Esse modelo é chamado de cauda longa e, diferentemente do passado, oferta um grande nú-
mero de opções, tentando atender a todos, mesmo que não venda muitas unidades de cada
item (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, p. 67). Essa estratégia pode ser conectada com
o tema da nossa unidade, principalmente se considerarmos que as necessidades surgem
à medida que a sociedade e os aspectos culturais se adaptam frente às novas tendências.
No âmbito corporativo, já foi notado pelas empresas que esse ambiente não deve ser ne-
gligenciado e, além do aspecto ligado à imagem da empresa e da preocupação oriunda da
sociedade e dos consumidores, existem as questões ligadas à escassez de insumos, espe-
cialmente de água, e consequentemente a elevação dos custos com energia, entre outros
(KOTLER; KELLER, 2013, p. 83). Dessa forma, nota-se que tais pressões fazem com que
as organizações se adaptem e reformulem as estratégias e o planejamento que seguem.
58
3.6 VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS DO VAREJO – MICROAMBIENTE
Essa subseção está dividida entre as variáveis controláveis e as variáveis do microam-
biente. Integram o microambiente: a empresa, seus clientes, fornecedores, concorren-
tes e intermediários. 2
Embora diversas variáveis estejam fora do controle do varejista, podemos destacar e focar
ITEM DESCRIÇÃO
Consiste na disposição da vitrine e nas escolhas relacionadas à propaganda, às
Comunicação
relações públicas, aos catálogos e aos layouts.
Consiste nas decisões relacionadas ao local, à distribuição, ao manuseio das
Distribuição
mercadorias e ao centro de distribuição.
Consiste no oferecimento de estacionamento, serviços de venda, variedade de
Produtos e serviços produtos, crédito facilitado, garantias, trocas, fidelidade, imagem da loja, serviços
de entrega, entre outros.
Fonte: adaptado de Las Casas (2013, p. 26-27).
MICROAMBIENTE
O microambiente organizacional é integrado pelos seguintes fatores: clientes, concor-
rentes, intermediários e fornecedores. Veja a seguir as influências que esses elementos
exercem no contexto organizacional.
Fornecedores
Clientes Concorrentes
intermediários
4. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Os estudos que envolvem os comportamentos do consumidor podem abordar diversos
aspectos, desde o quê e quanto compram até a duração de seus processos de compra.
O fato é que conhecer seu comportamento é essencial para entender suas decisões
de compra e assim desenvolver soluções eficazes a fim de transformar um interesse
em uma venda (MATTAR, 2019, p. 101). A partir de agora, abordaremos aspectos que
compreendem o comportamento do consumidor no âmbito do varejo e a importância de
sua satisfação.
60
pelo cliente seja alto e ele não seja tão sensível a preços, visto que é capaz de notar o
conjunto de benefícios ofertados.
Processo de Valor
Valor
decisão do Compra entregue
esperado
consumidor percebido
Oferta dos
concorrentes
Nível de
satisfação do
consumidor
Conforme a figura anterior, pode-se inferir que o modelo se baseia no processo que se
inicia a partir da oferta, seja da empresa ou de seus concorrentes. Com a oferta estabe-
lecida, inicia-se a fase de decisão de compra do consumidor, que será uma avaliação
em busca de encontrar o melhor conjunto de benefícios – e também pode ser a de
encontrar o melhor preço.
Status Grupos de
Cultura Demografia Família
econômico referência
Iniciando-se pela cultura, elemento que pode ser definido como um conjunto de
comportamentos que pode incluir pensamentos, crenças e moral, ela influencia am-
plamente o processo de compra de um indivíduo. Isso ocorre porque ela é capaz
de influenciar os hábitos, as crenças, os rituais e as normas de uma sociedade,
afetando como as pessoas pensam e se comportam, o que consequentemente pode
impactar em como elas consomem. As normas sociais oriundas da cultura estabe-
lecida em determinado local criam padrões de comportamento, estes que incluem o
consumo (MATTAR, 2019, p. 115).
A partir da cultura também pode-se notar a criação de subculturas, que são grupos que
se autosselecionam com base em suas preferências, por exemplo, consumidores da
marca Apple ou da Harley-Davidson.
62
A família também é um poderoso influenciador de compra, principalmente porque, de
acordo com Mattos (2019, p. 120), dentro dela temos diversos papéis:
2
` Iniciador: normalmente o iniciador é aquele que identifica um problema ou uma necessi-
dade, realizando proposições para que uma compra seja realizada.
` Decisor: quem de fato toma a decisão de compra (quanto, onde, como etc.).
` Comprador: quem toma a atitude de efetuar a compra e entra em contato com vendedores.
NÍVEL QUEM?
Iniciador Esposa/esposo
Influenciador Esposa
Decisor Esposa
Comprador Esposa/esposo
Usuário A família toda
Fonte: elaborado pela autora.
2
Percepção
Estilo de vida
Aprendizagem
Memória
Motivação Emoções
Necessidades Necessidades e Sentimentos
Desejos desejos Atitudes
Impulsos individualizados Autoconceito
Personalidade Valores
Processamento de
informações e busca
de conhecimento
Diversos são os fatores que influenciam a tomada de decisão a partir dos fatores pesso-
ais, por exemplo, a percepção, o estilo de vida, a aprendizagem e a memória, conforme
descrito a seguir:
Estilo de vida: entre os fatores que afetam o padrão de consumo, o estilo de vida,
segundo Mattar (2019, p. 127), consiste na “forma pela qual uma pessoa ou um grupo
de pessoas vivenciam o mundo e, em consequência, se comportam e fazem escolhas”.
64
para si de forma subjetiva e ativa e aprendendo constantemente. Esse aprendizado pode
surgir de consultas a familiares e a amigos, on-line, a grupos de opinião, entre outros.
No caso da atenção seletiva, é comum que as pessoas prestem atenção a coisas, a pesso-
as ou a fatos que as interessem com maior profundidade ou que sejam uma necessidade
(KOTLER; KELLER, 2013, p. 174). Além disso, é comum que a atenção seletiva seja dire-
cionada a algo muito discrepante, por exemplo: nota-se mais um desconto de R$ 50,00 que
um de R$ 5,00.
` Atitudes: são predisposições influenciadas por emoções e sentimentos e podem ser de-
senvolvidas a partir de experiências anteriores com a marca, o produto ou o serviço, bem
como a partir de um sentimento, sendo influenciadas por crenças, exposições, valores,
experiências etc.
Por fim, a maneira com que a pessoa processa uma informação e busca conhecimen-
to também afeta sua forma de consumo, pois onde ela encontra informação e o que sig-
nifica para ela de acordo com seu conhecimento pode influenciar a decisão das compras.
SAIBA MAIS
Desejos versus necessidades
Desejos, por sua vez, são inerentes às necessidades e podem ser provocados pelo mercado
e por novos produtos. A partir das inovações e de tanta diversidade de ofertas apresentadas
pela indústria, é possível que as necessidades acabem se transformando em desejos.
Processo decisório
Segundo Mattar (2019, p. 110-111), as etapas do processo decisório de compra podem
ser tomadas como o esquema a seguir, na Figura 16:
66
Figura 16. Etapas do processo decisório
2
Avaliação de
Reconhecimento do Busca de
alternativas de
problema informações
compra
Fontes de informação
Com base na Figura 17, é possível notar que os consumidores podem obter informa-
ções interna e externamente. A interna pode ser classificada em ativamente adquirida,
ou seja, oriunda de buscas passadas e experiências pessoais já obtidas pelo consumi-
2 dor ou passivamente adquirida por meio do aprendizado.
No âmbito externo, ela é ativamente adquirida, visto que é necessário mover-se e en-
gajar-se para obter informações dos grupos independentes, governo e associações, de
seus contatos pessoais (amigos e familiares), obter informações por meio das próprias
lojas, dos fabricantes ou ainda por suas experiências. Após obter as informações sufi-
cientes para realizar escolhas, seguem para o próximo passo: a avaliação de alternati-
vas de compra. Essa etapa consiste em selecionar as melhores opções com base nos
dados coletados e nos critérios que são importantes para aquele consumidor.
Figura 18. Critérios de avaliação de compra
Que critérios de
avaliação são
necessários?
Busca interna
Qual o desempenho de
É possível tomar uma
Busca externa cada solução em cada
decisão?
critério?
Quais são
as soluções
existentes?
Sim Não
68
SAIBA MAIS
Comportamento do consumidor
2
O comportamento do consumidor também pode se transformar à medida que se trata de gru-
pos diferentes, como homens e mulheres, geração Y e geração Z, entre outros. Por exemplo,
PARA REFLETIR
Se você fosse comprar um smartphone ou um laptop hoje, como seria seu processo de
compra? Você consegue perceber similaridades com o processo apresentado nessa seção?
GLOSSÁRIO
CONCLUSÃO
Nessa unidade, temas ligados à localização, a variáveis ambientais e ao comporta-
mento do consumidor foram abordados. Convém destacar que a localização integra
uma das decisões mais sensíveis e complexas dentro do segmento varejista, visto que
é um aspecto que pode determinar o sucesso ou o fracasso do negócio. Afinal, você
atravessaria a cidade para comprar um produto que encontra em diversas outras lojas
próximas à sua casa ou trabalho? Se sua resposta foi “não”, confirmamos a importância
da localização para seu perfil de consumidor; agora, se sua resposta foi “sim”, destaca-
mos que a localização, apesar de integrar um aspecto crucial no processo decisório de
compra, fica atrás de outros elementos que podem motivar o cliente a percorrer grandes
distâncias para comprar algo, baseando-se nos fatores que estudamos nessa unidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2
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ZAMBERLAN, Luciano. Gestão de Varejo: Estratégias e Comportamento do Consumidor. Ijuí: Unijui, 2019.
70
Atmosfera de Compra UNIDADE 3
ATMOSFERA DE COMPRA
3
INTRODUÇÃO
Os consumidores apresentam diversos critérios que formam um conjunto de razões
pelas quais eles têm lojas ou marcas favoritas. Além desses fatores, a variedade de
opções de compra também integra um fator importante no processo decisório, já que se
associa à probabilidade de encontrar o que se deseja (HOCH; BRADLOW; WANSINK,
1999, p. 527).
Para compreender esses aspectos, essa unidade foi dividida em: mix de produtos, at-
mosfera de compra, layout e exposição de produtos, marketing experimental e fluxo
interno e sinalizações.
1. MIX DE PRODUTOS
Definir a estratégia voltada ao produto é uma das etapas desafiadoras para o meio
empresarial. Para compreendermos suas características e classificações, bem como o
que contribui para as estratégias, essa seção está dividida em características e classifi-
cações dos produtos e mix de produtos no varejo.
72
1.1 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÕES DOS PRODUTOS
Segundo Kotler e Keller (2013, p. 347), “no coração de uma grande marca está um
grande produto”. Se trouxermos essa filosofia para o varejo, podemos correlacionar
essa frase e adaptá-la à realidade dos varejistas: sem um produto certo e de qualidade 3
para seu público, é um desafio obter a liderança de mercado.
` Bens não duráveis: são bens tangíveis, como sabonetes e refrigerantes, que normal-
mente têm consumo imediato, além de serem repostos com maior frequência. Como os
bens contêm alta rotatividade, a estratégia de preço adotada é com margem mais baixa.
` Bens duráveis: são bens tangíveis usados por períodos mais longos, como eletrodomés-
ticos, ferramentas e vestimentas. Diferentemente dos bens não duráveis, as margens de
lucro são mais altas, apresentam garantia, entre outros.
` Serviços: são produtos intangíveis, como cortes de cabeço, consertos, entre outros.
` Bens de emergência estão na categoria de produtos adquiridos quando existe uma ne-
cessidade repentina ou urgente. Por exemplo, uma ferramenta para fazer um conserto ou
um guarda-chuva por causa de uma tempestade.
` Bens de compra comparada heterogêneos são os que têm diferenças nos atributos e
nos serviços que podem acompanhar o produto, fatores que talvez contribuam mais do
que o preço para a decisão de compra do consumidor.
Por fim, temos os bens de especialidade e os bens não procurados (KOTLER; KEL-
LER, 2013, p. 349-350):
` Bens não procurados se enquadram em uma categoria de produto que não desperta o
interesse do consumidor e que ele não procura, por exemplo: planos funerários e seguros
de vida.
Contextualização
De acordo com Broniarczyk e Hoyer (2006, p. 225), o mix (ou sortimento) de produtos
no varejo representa uma atividade central, mas bastante desafiadora para o segmento
de vendas.
74
Contudo, tantas opções de produtos ocasionavam um custo considerável com esto-
ques, o que dificultava para alguns estabelecimentos aplicarem essa estratégia por
longos períodos. Além disso, as mudanças comportamentais e a necessidade de a em-
presa ter uma estratégia de produto fizeram com que o tema recebesse maior atenção. 3
SAIBA MAIS
` O cliente pode se sentir sobrecarregado ao ter que investir muito tempo e energia
realizando escolhas.
` O cliente pode desenvolver altas expectativas sobre o(s) produto(s), que podem
não ser atendidas.
` O cliente pode se sentir mais arrependido por ter tomado uma decisão em detrimento
de outras etc.
Concluímos nessa seção que apresentar uma grande variabilidade de itens é importan-
te, no entanto, a variabilidade deve ser alinhada à estratégia que a organização decide
adotar. A fim de abordar os meios para realizar a gestão de produtos, as próximas sub-
seções tratarão dessa questão no âmbito do sortimento.
Gestão de produtos
Além dos desafios apresentados anteriormente, em termos de definição, o mix de pro-
dutos pode ser definido como todas as mercadorias comercializadas por determinado
varejo, podendo ser categorizado a fim de satisfazer necessidades específicas dos con-
sumidores, como: beleza, vestimentas, higiene pessoal, artigos de decoração, móveis,
eletrônicos, entre outros (MATTAR, 2019, p. 344). O mix de produtos pode ser subdivi-
dido conforme a figura:
Item de produto
Subgrupo
(SKU)
` Linha de produtos: consiste em produtos considerados por sua utilização final tanto pelo
cliente quanto pelo varejista, ou seja, corresponde a um departamento ou a uma seção.
Por exemplo: mercearia, frios, higiene etc.
` Subgrupo: são subdivisões de produtos que podem ser agrupados de acordo com sua
função, por exemplo: produtos substitutivos para passar no pão, como manteiga, requei-
jão, patê, etc.
` Item de produto (SKU): corresponde a cada versão de produto e apresenta cores, ca-
racterísticas, tamanhos, embalagens etc. É um item de produto. Por exemplo: um pote de
manteiga da marca ABC sem sal e com 200g.
76
Quadro 01. Incluindo e excluindo produtos – mix
` Sua inclusão traz sinergia para a ` A retirada desse produto pode pre-
venda de outros produtos lucrati- judicar a venda de outros produtos
vos? lucrativos?
Entre as estratégias que podem ser adotadas para a escolha do melhor mix de produ-
tos, o Quadro 2 traz nove delas, baseando-se em Mattar (2019, p. 347).
Quadro 02. Estratégias – mix de produtos
3
Mix especializado Mix semiprofundo Mix profundo
As quatro estratégias principais são: mix restrito, mix especializado, mix variedade e mix
profundo, conforme mostra a Figura 2:
Figura 02. Tipos de mix – estratégias
Mix restrito
Mix especializado
78
Mix variedade
Mix profundo
3 Qualidade Durabilidade
Um elemento que não podemos deixar de mencionar é o preço, em vista dos consumi-
dores que são mais sensíveis. Ele pode ser considerado um diferencial, principalmente
ao considerar os clientes que têm preferências por preços mais competitivos, ou seja,
menores. Contudo, existem questões relacionadas aos consumidores que atrelam pre-
ço diretamente ao fator qualidade, dessa forma, o conjunto de diferenciações pode
colaborar para aumentar a percepção desses fatores.
Gestão de serviços
Tendo em mente que os varejistas comercializam produtos iguais aos de seus concor-
rentes, como poderiam se diferenciar uns dos outros? A diferenciação dos produtos
comercializados pelo varejo pode ser realizada por meio dos serviços oferecidos pelas
empresas (MATTAR, 2019, p. 356). Desse modo, a gestão de serviços se trata de criar
estratégias e meios de desenvolver a diferenciação a partir do oferecimento de diversos
serviços e de sua gestão.
Segundo Kotler e Keller (2013, p. 353), a diferenciação dos serviços pode ocorrer por
diversos motivos, como:
80
` Facilidade de realizar pedidos.
2. ATMOSFERA DE COMPRA
Com o intuito de demonstrar os aspectos que integram a atmosfera de compra e como
gerenciá-la, essa seção está subdividida em: gerenciando a experiência e a atmosfera
de compra no varejo.
Para Ladeira e Santini (2018, p. 2), dentro do ambiente varejista, o marketing deve inte-
grar as estratégias de merchandising e a promoção de vendas, de forma que atuem no
longo prazo, formando e posicionando – consciente e inconscientemente – a marca na
mente do consumidor, exatamente por meio da experiência proporcionada a ele. Esse
efeito merchandising pode ocorrer tanto no curto quanto no longo prazo, sendo que, no
curto prazo, agirá provocando sensações que motivem a compra.
Imagine que você precisa comprar um produto específico, e a única loja perto do seu
trabalho recebeu críticas duras dos seus colegas de trabalho. Mesmo assim, pela pro-
ximidade, você decide ir até lá. Ao chegar, vê uma vitrine bem montada, vendedores a
postos, música ambiente agradável e um aroma que combina muito com os produtos
comercializados. Além disso, viu o produto que desejava em promoção. Certamente,
devido à baixa expectativa, você se encantará com esses detalhes, e a promoção será
um mero detalhe.
Agora, imagine o oposto: você recebeu recomendações de uma loja e vai finalmente
conhecê-la. Ao chegar lá, com as expectativas altas, nota que o cheiro é estranho –
possivelmente utilizaram diversos aromas misturados –, o som é tão alto que você
não conseguiu se comunicar bem com o vendedor, enfim, a experiência foi negativa.
Embora o produto que você queria comprar estivesse na promoção, o sentimento de
decepção foi tão forte, que a promoção não seria capaz de revertê-lo.
Para gerenciar a experiência dentro do estabelecimento, alguns fatores devem ser con-
siderados. Observe a figura a seguir:
• Tipos de loja
Interface de Serviços • Localização
• Clima econômico
• Competitividade
Atmosfera de varejo • Entre outros
Gerenciamento Sortimento
Experiência do cliente (t):
da estratégia de mercadorias
de experiência • Cognitiva, afetiva, social e
de consumo Preço física
Experiência de consumo
em outros canais Moderadores de consumo:
• Objetivos de compra
Marca • Sensibilidade ao preço
• Atitude de consumo
Experiências anteriores • Envolvimento
do consumidor (t-1) • Entre outros
Do lado do cliente, por sua vez, temos um conjunto de experiências relacionadas tanto
às experiências de compras passadas (não apenas com a marca em questão, mas
também com a concorrência) e as questões relacionadas ao âmbito cognitivo, afetivo,
social e físico do cliente.
82
Com isso, projetar uma atmosfera de compra favorável consiste em uma ação que con-
sidera o perfil especifico do público-alvo e também o valor percebido por ele dentro de
suas experiências de consumo (LADEIRA; SANTINI, 2018, p. 54).
3
Assim, destacam-se os atributos tangíveis da loja, que consistem na limpeza, na área
de vendas, na exposição dos produtos, na equipe de vendas, nas cores do local, entre
outros (LADEIRA; SANTINI, 2018, p. 55). Esses atributos influenciarão no chamado
Os atributos intangíveis, menos palpáveis, por sua vez, relacionam-se aos serviços e à
percepção que o cliente terá dessa interação.
Dessa forma, a figura a seguir apresenta formas que o varejo pode usar para impactar
as percepções de seus clientes sobre o valor de sua loja e influenciá-los à compra.
Figura 05. Influências da atmosfera no varejo
ESTÍMULOS DA
ATMOSFERA
DE VAREJO
VARIÁVEIS DE
INTERIOR Vendedores Vendedores
LAYOUT E
DESIGN
EXIBIÇÃO E
DECORAÇÃO
Consumidores Consumidores
VARIÁVEIS
HUMANAS
3
` Variáveis externas: são aquelas que o consumidor visualiza de fora da loja. Por exemplo,
uma vitrine (pode ser a própria vitrine) agindo como um cartão de visitas, mostrando ao
cliente a personalidade da loja ou da marca, podendo tomar forma como as portas, as
vitrines, a arquitetura, a disposição dos manequins, seu estacionamento etc.
Essa apresentação inicial já mostra ao cliente o perfil da loja, de forma que ele pode in-
ferir mentalmente se ela apresenta produtos de luxo ou mais populares, se tem qualida-
de, entre outros aspectos. Por essa razão, a construção da identidade da loja a partir do
ambiente é essencial, do contrário, logo na porta de entrada, o cliente criará barreiras.
Nos shoppings, por exemplo, todos os elementos (entrada, iluminação, localização) são
estudados com o intuito de criar uma atmosfera de compra adequada, da mesma forma
que é necessário estudar tal atmosfera, avaliando se é adequada ao tipo de negócio.
` Variáveis do interior: fazem com que o cliente se sinta bem. Quando ele entra no estabe-
lecimento, há mais uma oportunidade de fazer com que o ambiente aja em detrimento da
loja, ou seja, realizar a construção de mais um cenário que traga a essência dela.
O piso
A iluminação
As paredes
A temperatura
As cores
A limpeza
84
A utilização de calçadas diferenciadas e direcionadas à vitrine e pisos que apresentem
a identidade da marca comercializada chamarão a atenção do consumidor (LADEIRA;
SANTINI, 2018, p. 59).
3
Com base em Ladeira e Santini (2018, p. 14), observe as estratégias que podem
ser tomadas:
IMPORTANTE
É necessário atenção para a acessibilidade da loja. O varejista não deve criar impedimentos
de livre acesso ao estabelecimento.
` Variáveis humanas: hoje, com a tecnologia, nota-se uma diminuição na interação huma-
na, principalmente quando falamos do e-commerce, em que o cliente assume um papel
totalmente independente de ter interação com um vendedor, visto que ele pode encontrar
tudo facilmente e sem auxílio. No entanto, quando se trata de uma loja física, a interação
com pessoas é um fator de peso, e inclusive pode ser o diferencial que falta para agregar
competitividade ao negócio.
No âmbito da loja, o atendimento pode ser parcialmente controlado pela gestão, que
pode criar padrões e procedimentos de atuação para as equipes, fazendo com que as
características do público esperado sejam completamente atendidas.
Por outro lado, também temos a variável humana que inclui os consumidores. Essa
influência consiste no papel que eles exercem no ponto de venda, o que não é consi-
derado controlável.
Com base no exposto, esta seção foi dividida em como o cliente se movimenta
e tipos de layout.
A zona de transição consiste em uma área onde o cliente não está prestando atenção
aos detalhes, pois acabou de entrar e está tentando se situar sobre o local, para onde
ir e o que veio buscar.
Talvez, como consumidor, você nunca tenha notado como se movimenta ao entrar em
uma loja. No entanto, pare por um minuto e reflita o caminho que faz ao entrar em uma
farmácia ou padaria, por exemplo.
Conforme a Figura 07, ao entrar na loja e passar pela zona de transição, o cliente faz o
contorno de forma anti-horária.
86
Figura 07. Circulação anti-horária
Além disso, Ebster, Garaus e Malhorta (2013, p. 11) destacam que os consumidores
evitam transitar por corredores muito estreitos, em decorrência da baixa mobilidade e
da falta de espaço pessoal, de modo que outros clientes podem esbarrar neles.
Por fim, os consumidores evitam lojas com mais de um andar. Esse comportamento
ocorre em decorrência de uma série de fatores, como (EBSTER; GARAUS; MALHOR-
TA, 2013, p. 11):
No Brasil, o layout das lojas progrediu de acordo com a evolução das lojas. Nesse sen-
tido, as estratégias de layout para cada tipo de loja são desenvolvidas a partir de seus
objetivos e considerando o espaço disponível.
SAIBA MAIS
Agora, reflita: pense em uma loja que comercializa seus calçados favoritos. Com base no que
foi abordado nessa unidade, você consegue concluir que esse estabelecimento transmite
uma imagem harmoniosa, considerando o layout, o merchandising e a atmosfera de compra?
Seja para aproveitar o espaço disponível da forma mais adequada ou motivar o cliente
a percorrer certos caminhos dentro do estabelecimento, diversos layouts poderão ser
encontrados nos pontos de venda. Alguns deles são:
Alguns tipos de negócios permitem o uso dessa estratégia de layout devido às suas
particularidades, como:
88
` Farmácias, devido à venda de medicamentos com prescrição médica e controlados.
` Lojas pequenas: para elas, o layout de balcão pode ser a única opção (por exemplo, 3
papelarias).
Esse tipo de layout é benéfico, pois coloca o consumidor em contato com basicamente
todo o portfólio da empresa, motivando, de modo geral, a compra por impulso. Contudo,
não são todos os consumidores que têm disposição para passear pelos corredores,
de maneira compulsória, até chegar onde deseja. São exemplos desse tipo de layout
lojas como Etna e TokStok, que dispõem seu layout em formato de casa (EBSTER;
GARAUS; MALHORTA, 2013, p. 14).
Com o intuito de não estressar os clientes, algumas lojas propõem um layout adaptado,
de forma que se apresente com alguns escapes, os chamados atalhos, posicionando
nesse espaço diferenciais e produtos que possam captar a atenção do cliente, como
exibido na Figura 09.
Layout em grade
Dispostos em um padrão repetitivo e retangular, o layout em grade é tradicional em
supermercados e farmácias, oferecendo diversas vantagens (EBSTER; GARAUS; MA-
LHORTA, 2013, p. 15) como: compra rápida, simplificação da gestão de estoque e pa-
dronização da exposição. Observe o layout em grade na Figura 10:
Figura 10. Layout em grade
90
Layout livre 3
Nesse tipo de layout podemos encontrar alguns subtipos, conforme dispostos a seguir:
` Layout arena: com a parte dos fundos mais alta que o restante da loja, este tipo se asse-
melha a anfiteatros, permitindo que os clientes que entram no estabelecimento visualizem
os produtos expostos de maneira mais fácil, devido à sua exposição e ao formato da loja.
Esse layout é utilizado em diversos tipos de negócios, como lojas de vestuário.
Por fim, convém destacar que os layouts podem ser misturados, conforme a necessida-
de e a disponibilidade do espaço de exposição de cada estabelecimento.
A exposição rentável
Além de se preocupar com o layout dos expositores, o varejista também usa estratégias
para expor os produtos da forma mais atrativa possível, para que os de destaque este-
jam, de fato, mais visíveis ao consumidor.
92
va seus movimentos e olhares ao procurarem os produtos. Segundo a pesquisa, quando
nos movimentamos em busca do produto desejado, não absorvemos outras informações.
Essas pesquisas contribuem com valiosos insights aos comerciantes para que possam
expor seus produtos de forma que o cliente, de fato, visualize-os facilmente.
3
Altura do braço esticado
Acima de 1,80 m
Altura do olho
1,20 - 1,50 m
Altura do toque
0,90 - 1,20 m
Altura do agachamento
Abaixo de 0,90 m
` Zona 1 – altura do braço esticado (acima de 1,80 m): essa zona da prateleira é considera-
da pouco valiosa, pois recebe pouca atenção do consumidor. Ela deve ser utilizada para
expor produtos leves, para que o consumidor, caso interessado, consiga carregá-lo sem
se acidentar. Na prática, as lojas estão deixando de utilizar essa zona, e se a usam, é para
guardar estoques, e não expor produtos.
` Zona 2 – altura do olho (1,20 a 1,50 m): os produtos dispostos nessa zona vendem melhor,
considerando que o consumidor compra apenas o que vê. Estima-se que os produtos ex-
postos nessa parte recebem mais de 35% de atenção que os dispostos nas mais baixas.
Destaca-se que essa zona pode variar um pouco de acordo com a altura do consumidor,
ou quando se altera o foco, como ocorre quando o consumidor alvo é o público infantil.
Essa zona é considerada a melhor para expor mercadorias com altas margens de lucro.
94
` Zona 3 – altura do toque (entre 0,90 a 1,20 m): essa zona recebe menos atenção que a 2
e a 4, mas é considerada melhor que a do braço esticado (zona 1). Dessa forma, é vista
como uma boa localização para expor produtos com alto lucro. Localiza-se, em média, na 3
altura da cintura do consumidor.
` Zona 4 – altura do agachamento (inferior a 0,90 m): no geral, o consumidor não gosta de
Convém destacar que a exposição do produto não afeta apenas a visibilidade, mas tam-
bém a percepção e a avaliação dos consumidores, visto que eles tendem a considerar
a região dos olhos a exposição de produtos com maiores qualidades/marcas (EBSTER;
GARAUS; MALHORTA, 2013, p. 26).
A figura a seguir resume a relação entre as zonas, seu destaque e níveis de margem
de lucro.
Figura 15. Exposição, destaque e margem de lucro
4. MARKETING EXPERIMENTAL
Com a intenção de se diferenciar dos demais concorrentes do mercado, o varejo pas-
3 sou a utilizar diversas estratégias que envolvessem o cliente em um outro nível de inte-
ração com suas marcas. Por meio desse contexto, esta seção abordará o conceito de
marketing experimental e suas principais características, sendo dividida em definindo
marketing experimental e características do marketing experimental.
Segundo Smith e Hanover (2016, p. 2), com tamanha concorrência, as empresas que
estão envolvidas em praticamente uma espécie de corrida entre gatos e ratos têm duas
opções:
` Escolhem outro caminho, por meio da atitude puxada, tomando controle da situação e utili-
zando as estratégias que fazem com que o público-alvo pare, note e participe de sua marca.
Para Smith e Hanover (2016, p. 2), esse tipo de marketing causa desconforto, visto que
as empresas precisam sair do pensamento que todos adotam e mudem.
` Faz muito e bem feito: a partir das estratégias experimentais, o marketing é realizado
de forma integrada e extrai o melhor de todas elas, fazendo com que o cliente engaje de
verdade, sem criar apenas promoções que envolvem grandes descontos.
96
` Entrega valor: a experiência entrega muito mais pelo que o cliente paga, além de motivar
seu retorno e sua fidelização.
3
Assim, com o objetivo de cativar o cliente, diversas táticas foram desenvolvidas com o
passar dos anos, a fim de manter o cliente na loja por mais tempo, de entretê-lo dentro
do estabelecimento e de proporcionar um ambiente propício para a compra. Esse con-
junto de esforços foi denominado marketing experimental (LAS CASAS, 2013, p. 203) e
também pode ser visto como marketing sensorial e marketing experiencial.
Aromas
Talvez você já tenha entrado ou passado em frente a uma padaria no momento em
que acabara de sair uma fornada de pães. Muitos consumidores podem relatar a ex-
periência que esse aroma causou, podendo ser a vontade de comprar pães ou ainda a
memória que o cheiro provocou.
O fato é que as sensações – que envolvem não apenas o aroma de uma loja, mas tam-
bém toda sua experiência – provocadas por uma loja afetam o modo como o consumi-
dor se sente em relação à marca, além de impactar diretamente na forma de consumo
e nas preferências.
SAIBA MAIS
3 Aromaterapia
Em relação a ativar emoção e memórias, convém salientar uma técnica que vem sendo uti-
lizada no meio médico para aliviar a tensão, a ansiedade e até mesmo dores (REIS, 2021).
Fonte: 123RF.
A prática de promover sensações com aromas vem sendo aplicada na saúde, e seus estudos
beneficiam também os negócios, que desenvolvem soluções próprias, mesclando a men-
sagem que desejam passar para os clientes e o benefício de cada aroma que escolhe para
fazer parte da identidade olfativa aplicada no ponto de venda.
Segundo pesquisa, o aroma pode ser percebido em diversas escalas (LUCA; BOTE-
LHO, 2021, p. 147):
98
Os aromas podem provocar familiaridade ao consumidor, da mesma forma que podem
provocar estímulos inconscientes, a depender do indivíduo (LUCA; BOTELHO, 2021,
p. 149-150).
3
Com isso, para despertar as sensações corretas nos consumidores, convém destacar a
importância de compreender os efeitos dos aromas. Por exemplo, limão: calma e rela-
xamento, canela: concentração, hortelã: excitação, euforia, entre outros. Dessa forma,
Sons
Imagine que você está buscando uma calça para trabalhar e decidiu ir a uma loja pró-
xima à sua residência. Chegando ao estabelecimento, existe uma caixa de som no
volume máximo dentro da loja, tocando uma música bastante animada. Você pode até
gostar desse tipo de música, mas mesmo assim não se sentir confortável.
A atmosfera da loja é desenvolvida para que o cliente deseje estar ali e não sinta von-
tade de deixar a loja por causa de um elemento causado por ela. Assim, trataremos
nessa subseção da importância dos sons e de sua contribuição para a construção da
imagem da marca.
Segundo Las Casas (2013, p. 207), o som também é um elemento que pode interferir
na percepção e no comportamento dos consumidores, de forma que ele apresse ou
prolongue sua permanência, como em um restaurante, que pode motivar uma presen-
ça menos prolongada ao colocar música com volume alto, quando comparado a sons
ambientes mais calmos. Observe no quadro a seguir o impacto em tempo dentro do
restaurante e o dinheiro gasto:
Quadro 03. Impacto do tempo versus consumo em restaurantes considerando os sons
Conforme o Quadro 3, é possível inferir que o tempo de cliente na mesa e seu consumo
de alimentos e de bebidas diminuem com música rápida, causando um impacto negati-
vo na margem bruta do restaurante.
3
Convém destacar que a sonorização do ambiente depende consideravelmente do públi-
co-alvo, mas é necessário dedicar atenção a esse aspecto para não afastar os clientes
do estabelecimento.
Cores
De acordo com Las Casas (2013, p. 208), o ser humano responde às cores em três
propriedades: matiz, brilho e intensidade. O matiz consiste na cor ou no pigmento,
o brilho define se é claro ou escuro, e a intensidade corresponde à luminosidade
ou à opacidade.
Os matizes são classificados em cores quentes ou frias, o que pode gerar sensações
diferentes nos consumidores. Por exemplo, vermelho e laranja são cores quentes.
A estratégia das cores é utilizada desde a montagem do logo até a pintura das paredes.
Quadro 04. Logos – exemplo de cores
Fast food
Saúde
100
Podemos notar, pelos exemplos apresentados no quadro, que o tipo de negócio influen-
cia diretamente na escolha das cores. Em redes de fast food se utilizam cores quen-
tes para estimular o consumo e causar ânimo nos consumidores. Segundo Las Casas
(2013, p. 209), o McDonald’s padronizou o uso de amarelo, vermelho e laranja para 3
estimular energia nos jovens consumidores.
Na rede de saúde, por sua vez, são usadas cores mais neutras e que remetem à tran-
Para escolher a melhor estratégia de cores, sugere-se refletir sobre os seguintes aspec-
tos (LAS CASAS, 2013, p. 209):
Quadro 05. Escolhendo as cores
ELEMENTO DESCRIÇÃO
Qual é o público-alvo?
Público-alvo
As cores alcançam esse público?
Com base nisso, vimos que o varejo se esforça para transformar uma compra em uma
verdadeira experiência memorável. Essa atuação varejista é especialmente importante
Esse tipo de compra pode ser motivado por diversos fatores, como a busca por uma
3
aventura, a satisfação social, a representatividade de um papel, um valor, entre outros.
Dentro desse âmbito, o varejista pode se apoiar na busca por satisfazer essas necessi-
dades hedônicas, tentando atrelá-las ao seu tipo de negócio. Por exemplo, uma loja de
artigos esportivos pode adicionar um pouco de aventura colocando um equipamento de
escalada no seu setor de botas específicas para esse fim, estimulando os consumido-
res que gostam de aventura a interagirem entre si e a enfrentarem um desafio.
Quando isso ocorre, ele pode se sentir fora do controle de si, além do sentimento de
desamparo por parte da equipe do local (EBSTER; GARAUS; MALHORTA, 2013, p.
34), o que pode gerar o desejo de sair do local e de comprar menos, o que vai impactar
negativamente a fidelidade com relação à loja. Dessa forma, faz-se necessário empre-
gar esforços para que o local esteja bem sinalizado e que o cliente consiga se orientar
facilmente.
102
GARAUS; MALHORTA, 2013, p. 36). Limitações podem ser categorizadas como
espécies de divisões que separam setores de uma loja, por exemplo, a seção de
frios e a de farináceos em um marcado. Além disso, existem pesquisas que mostram
limitações na percepção do consumidor quanto à exposição de produtos e a memória 3
de suas posições.
Fonte: é necessário tomar cuidado com a fonte dos cartazes, evitando as que não
apresentam clareza.
Cores da fonte e do fundo: atenção deve ser direcionada à escolha das cores da fonte
e do fundo dos cartazes e das sinalizações, pois podem comprometer a legibilidade da
mensagem.
Mantenha seus
rovoque compra por
Crie conveniência consumidores mais
impulso
tempo na loja
Mantenha os consu-
midores em estado de
fluxo constante
104
Iniciando pela etapa um, diminua o tempo de espera do consumidor. Diversos me-
canismos podem ser pensados para transformar a percepção do consumidor quanto
ao tempo que ele gasta em um estabelecimento. Passar tempo em filas e esperando
o atendimento em um local são fatores desconvidativos e negativos para a imagem de 3
um local. Dessa forma, alguns mecanismos podem ser aplicados ao negócio, caso haja
a necessidade de espera.
A etapa dois, por sua vez, visa que se altere a percepção de preço dos consumi-
dores, de modo que o posicionamento dos elementos do estabelecimento norteie tal
percepção. Observe as estratégias do Quadro 06:
Quadro 06. Estratégias de percepção de preço
ESTRATÉGIA DESCRIÇÃO
Por outro lado, para apresentar sofisticação, o ambiente pode ser arranjado de modo
que apresente características congruentes com o objetivo, ou seja, sintonizando música
de qualidade em som ambiente, piso ou tapetes que demonstrem sofisticação, ainda
aplicando a máxima “menos é mais” (EBSTER; GARAUS; MALHORTA, 2013, p. 187).
A etapa três se trata do exercício de alcançar nichos diversos, sem esquecer-se de um
em específico: do interesse de compras dos idosos, que se refere aos cuidados em-
pregados para atingir a população que mais cresce no mundo.
Além da adaptação do portfólio para esse público, é necessário tomar cuidado com a
acessibilidade, se possível utilizando pisos antiderrapantes, áreas de descanso, sina-
lizações ainda mais claras e constante auxílio das equipes (EBSTER; GARAUS; MA-
` Selecionar uma playlist de música lenta e usar tapetes macios para deixar o trânsito mais
devagar dentro da loja.
` Utilizar estímulos desativadores, como plantas e água, que têm efeito calmante.
` Oferecer locais onde o consumidor possa provar ou testar os produtos, como provadores
em lojas de vestuário.
A etapa 5 surge na tentativa de criar uma nova estratégia caso deixar o cliente mais
tempo da loja não seja suficiente para ele comprar. Dessa forma, a sugestão é: provo-
que compras por impulso.
Talvez, como consumidor, você já tenha notado que é comum ir a um local para com-
prar alguns itens e sair de lá com mais produtos além do planejado. Essa compra não
planejada pode ser denominada compra por impulso. O varejo, de modo geral, faz uso
de estratégias para motivar o cliente a comprar por impulso até o momento em que ele
está pagando, expondo diversos produtos durante a trajetória, passando pela fila, e até
mesmo no caixa em si, como exemplificado na Figura 19, em que se pode notar que atrás
do caixa existem muitos produtos para entreter o cliente enquanto ele aguarda sua vez.
Figura 19. Checkout – compras por impulso
Fonte: 123RF.
106
Entre as estratégias sugeridas, obtemos (EBSTER; GARAUS; MALHORTA, 2013, p.
191), conforme o quadro:
Quadro 07. Estratégias – compras por impulso
3
ESTRATÉGIA DESCRIÇÃO
Os expositores de ponto de compra constituem
A sexta etapa se trata de facilitar – ainda mais – a vida do consumidor: crie conve-
niências de compra que funcionem na sua loja. Já sabemos que fazer com que
o local de compra seja agradável é, basicamente, uma obrigatoriedade, principal-
mente se estivermos tratando de diferenciarmo-nos do concorrente. Dessa forma,
os estabelecimentos podem passar a ofertar algumas conveniências que facilitem
a permanência do consumidor na loja (como o oferecimento de wi-fi gratuito). Ob-
serve na Figura 20.
Senhas de
Provadores Autosserviço
autoatendimento
A última etapa se trata de despertar o fluxo mental no consumidor: coloque seus con-
sumidores em estado de fluxo constante.
Esse roteiro é desafiador, mas algumas ações podem auxiliar nas estratégias, como:
108
GLOSSÁRIO
` Tangibilidade: que se pode tocar. Um produto é um bem tangível, por exemplo, um par
` Intangibilidade: que não se pode tocar. Um serviço é um bem intangível, pois não se
carrega ou se toca, mas se utiliza/usufrui, como um corte de cabelo.
OBJETO DE APRENDIZAGEM
Preencha as lacunas:
` O potencial para influenciar indivíduos por meio dos cinco sentidos é bem conhecido pelos
varejistas. Em geral, ao falar sobre influenciar consumidores por meio dos cinco sentidos,
os varejistas referem-se ao termo atmosfera de compra.
` Enquanto os produtos são itens palpáveis, ou seja, tangíveis, os serviços têm o princípio
da intangibilidade.
` O marketing experiencial faz uso de diversas táticas a fim de manter o cliente na loja por
mais tempo, entretê-lo e proporcionar ambiente propício para a compra.
CONCLUSÃO
Conquistar clientes em uma época tão competitiva é bastante desafiador. Entretanto, o va-
rejo vem evoluindo e empregando diversos tipos de estratégias com o intuito de estabelecer
vínculos cada vez mais fortes e atrair novos consumidores com base em seus atributos.
Entre tantos elementos abordados nessa unidade, foi possível destacar a importância
da congruência entre as decisões tomadas pelo varejista e seu público-alvo, de forma
que as decisões, de fato, sejam aderentes aos consumidores, atendendo-os da melhor
forma possível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(org.). Retailing in the 21st century: current and future trends. [S. l.]: Springer, 2006.
3
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HOCH, S. J.; BRADLOW, E. T.; WANSINK, B. The variety of an assortment. Marketing Science, [S. l.], vol.
18, n. 4, p. 527–546, 1999. Disponível em: https://doi.org/10.1287/mksc.18.4.527. Acesso em: 28 mar. 2022.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
LADEIRA, W.; SANTINI, F. Merchandising e promoção de vendas: como os conceitos modernos estão
sendo aplicados no varejo físico e na internet. São Paulo: Atlas, 2018.
LUCA, R. de; BOTELHO, D. The unconscious perception of smells as a driver of consumer responses:
a framework integrating the emotion-cognition approach to scent marketing. [S. l.], p. 145-161, 2021.
SCHEIBEHENNE, B.; GREIFENEDER, R.; TODD, P. M. Can there ever be too many options? A meta-analytic
review of choice overload. Journal of Consumer Research, [S. l.], vol. 37, n. 3, p. 409-425, 2010. Disponível
em: https://doi.org/10.1086/651235. Acesso em: 28 mar. 2022.
SMITH, K.; HANOVER, D. Experiential Marketing. [S. l.]: Wiley, 2016.
110
Aspectos Funcionais do Varejo UNIDADE 4
ASPECTOS FUNCIONAIS DO
VAREJO
4
INTRODUÇÃO
Imagens, recortes, aromas e sons. Diversos elementos compõem uma loja e, em com-
plemento, há a fachada e as vitrines do estabelecimento, bem como toda a estratégia
desenvolvida para o material de ponto de vendas. O objetivo é atrair a atenção dos
clientes e, de alguma forma, motivá-los a entrar no estabelecimento.
Além dos elementos inseridos nos pontos de venda, a influência dos fatores tecno-
lógicos contribui para o aumento da interação entre os consumidores e melhoram os
aspectos relacionados à análise de dados e às estratégias voltadas aos multicanais,
alimentando bases de dados que colaboram com o desenvolvimento de soluções que
vão da logística ao layout da loja, da previsão de demanda à compreensão do trajeto do
cliente dentro do estabelecimento.
Desse modo, para aprofundar nos temas abordados, essa unidade foi dividida em qua-
tro seções: material de ponto de vendas, fachada e vitrinismo, tecnologia aplicada ao
varejo e varejo virtual, e-commerce e delivery.
112
desenvolvido para aquela campanha ou vitrine e também atenda às expectativas de
custos envolvidas (MATHIAS, 2021). Desse modo, ao destacar-se fazendo uma co-
municação adequada e sinalizando a mensagem escolhida pelo varejista, os materiais
podem influenciar a decisão de compra do consumidor. 4
Fonte: 123RF.
A adesivação pode ser realizada pontualmente ou
em partes da vitrine e da parte interna da loja, per-
mitindo que informações sejam comunicadas no
material, conforme a Figura 1, que comunica pro-
moção no meio da estação e também coloca uma
fatia de melancia para ilustrar a estação do ano.
Além disso, os displays também podem ser usados com o objetivo promocional, como
pode-se observar na Figura 03. Nesse modelo, as marcas utilizam de uma exposição
diferenciada e aproveitam suas cores e logos para chamar a atenção do consumidor,
além de posicioná-los em locais estratégicos da loja.
Os displays take one (pegue um) também são utilizados no balcão ou no formato que
podem ser apoiados no chão, e sua função primordial é disseminar os folhetos do es-
tabelecimento, como a promoção do dia, um catálogo, entre outros (COMO..., [s. d.]).
4 Sua apresentação pode ser em acrílico ou em papel.
Fonte: 123RF
Fonte: 123RF
Wobbler/pop-up
Os wobblers são materiais de ponto de venda que têm o objetivo de destacar o produto,
e podem ser utilizados para comunicar promoções, sorteios, preços, entre outros. Seus
formatos são variáveis e normalmente são pendurados nas gôndolas ou nas prateleiras.
Figura 05. Wobbler – diversos formatos
Fonte: 123RF.
114
Totens de autoatendimento
A tecnologia contribuiu com o atendimento no varejo, que vem adotando em diversos
tipos de negócio os totens de autoatendimento: mercados, redes de fast-food, aeropor- 4
tos, entre outros locais já passaram a incluir os totens em seu estabelecimento.
Fonte: 123RF.
Móbile
Móbiles são tipos de mensagens que ficam penduradas por fios de nylon e chamam a
atenção dos consumidores para elas.
Ponta de gôndola
As chamadas pontas de gôndolas são espécies de finalizações da gôndola, desta-
cando produtos que estão com uma estratégia diferenciada de preço, lançamento,
entre outros.
Fonte: 123RF.
2. FACHADA E VITRINISMO
Alguns consumidores têm o hábito quase que corriqueiro de sair de casa para ver vitri-
nes, sem intenção direta de compra. Talvez você já tenha ido passear em um shopping
center sem necessidade de adquirir um produto, mas ao ver algo interessante em uma
vitrine, decidiu entrar. Esse fato confirma a grande importância das vitrines e do cuidado
ao criar exposições que atraiam o público (ZAMBERLAN et al., 2010, p. 90).
116
por mais de 80% das entradas na loja. Hoje, com os todos os tipos de di-
vulgação e possibilidades da internet, o VM [visual merchandising] se torna
indispensável, pois a experiência na loja deve ser algo a ser vivenciado pelo
observador, [...].
4
Complementarmente, são funções das vitrines: a valorização dos produtos, o desta-
que do valor da marca, a criação de uma atmosfera de compra distinta, a transfor-
mação de um produto em um objeto de desejo, a criação de uma experiência dife-
PARA REFLETIR
Fonte: 123RF.
Observe a Figura 08 e reflita sobre sua atratividade. O que diz sobre a marca?
` Equilíbrio: pode ser alcançado por meio da simetria ou da assimetria dos objetos dentro
da vitrine. A simetria considera o produto estrela, em destaque, e a vitrine é montada a
partir do centro da vitrine com o item posicionado ali. É possível realizar composições
diversas, repetindo os produtos e os manequins, por exemplo. Na assimetria, o direcio-
namento é feito a um ponto que difere do centro da vitrine, de forma que o foco será
fora do centro, e os objetos posicionados fora do foco apenas direcionarão os olhares
e a atenção dos consumidores.
4
` Unidade: trata-se da uniformização, ou seja, no caso da existência de várias vitrines dis-
postas em um estabelecimento, elas devem ter certa uniformidade e unificação, de modo
que seja possível contar uma história ou dar uma continuidade aos elementos que foram
escolhidos para compô-las.
` Ritmo: consiste na relação entre linha, forma e cor, de modo que esses elementos deem o
tom de movimento na encenação proposta pela vitrine. O ritmo colabora para a criação de
uma vitrine atrativa e dinâmica. O disposto na vitrine pode ser padrões – utilizando linhas
e formas – para transformá-la em um todo harmonioso. Tecidos na diagonal e linhas em
uma direção dão movimento, por exemplo.
De acordo com Demetresco (2014, p. 97), as linhas permitem que a composição seja
desenvolvida de forma organizada e que sejam criadas novas formas de vitrine. As
linhas podem se apresentar no formato horizontal, vertical, diagonal, curvilínea e que-
brada (DEMETRESCO, 2014, p. 97), e seus efeitos podem ser:
118
Figura 09. Vitrine com linhas retas horizontais e verticais
Formas
Assim como os cheiros e as cores, as formas também podem transmitir sensações e
mensagens aos consumidores. Acompanhe no Quadro 01:
Quadro 01. Formas
Por meio das formas, as mensagens são passadas ao consumidor de modo que se
pode obter resultados que variam de perfeição à instabilidade.
As iluminações utilizadas nas vitrines são: spots, holofotes, spots sobre trilhos (lateral
ou acima), lâmpadas de cores quentes e frias e suportes (DEMETRESCO, 2014, p.
125). Observe no quadro os tipos de lâmpadas e suas características:
É quente e, por essa razão, deve ser utilizada em locais que não
Refletora e dicroica
têm permanência de pessoas e de mercadorias.
Sua vida útil é mais alta que os outros tipos, o que previne manu-
LED tenções e trocas constantes, além de ter alta eficiência luminosa e
baixo consumo de energia. Não desbota roupas e acessórios.
120
Quadro 03. Direcionamento da luz
SAIBA MAIS
4 Etiquetas
As etiquetas são importantes elementos das vitrines. Segundo Demetresco (2014, p. 90), elas:
` Tabelas para cada grupo de produtos em frente aos expositores, manequins ou displays.
IMPORTANTE
A Lei nº 10.962/04 prevê que todos os produtos dispostos na vitrine estejam acompanhados
de seus respectivos preços, sob pena de advertências e pagamento de multas que serão
devidas pelo estabelecimento.
Tipos de vitrines
Com a evolução do varejo e tantos tipos diferentes de lojistas e necessidades distintas,
diversos estilos de vitrines surgiram com o tempo. No passado, as ações nas vitrines
eram categorizadas como ações de marketing, mas notou-se que as transformações
comportamentais e de consumo exigiam mais do que isso, assim, as tipologias de vitri-
nes surgiram de maneira estruturada e se expandiram rapidamente nas grandes cida-
des (DEMETRESCO, 2014, p. 62).
SAIBA MAIS
Durante essa seção, o termo merchandising foi mencionado algumas vezes. Afinal, o que é
visual merchandising?
Segundo Demetresco (2014, p. 9-10), visual merchandising é definido como uma arte que tem
regras que podem ser revisitadas a fim de que novos efeitos visuais possam ser criados. O foco
do visual merchandising é atrair o consumidor e estimular as vendas de quaisquer produtos.
122
Temos os conceitos das tipologias de vitrines a seguir (DEMETRESCO, 2014, p. 62-73):
Fonte: 123RF.
merchandising de produto, múltiplos e ma-
nequins, é direto e simples.
Fonte: 123RF.
uma cena, movimento ou acontecimento, como
uma história contada por meio da vitrine. Para
esse tipo, é necessário ter espaço para expor
as cenas e construir uma narrativa consistente.
Faz-se uso de cores impactantes.
Fonte: 123RF.
4
` Tipologia geométrica: utiliza ângulos e recortes
e apresenta-se com formas geométricas.
` Tipologia tipografia: caracteriza-se pelo uso de Figura 14. Tipologia flora e fauna
grafite e de desenhos, assemelhando-se às histó-
Fonte: 123RF.
rias em quadrinhos e histórias contadas. Faz uso
de fontes diferentes, caligrafias e expressões.
` Tipologia luz e neon: tem como centro a iluminação. Aqui, a estratégia do visual mer-
chandising deve ser considerada: qual é o objetivo? O produto ficará mais sofisticado ou
o foco será direcionado ao local? Nesse caso, a luz poderá determinar esses efeitos de
elegância, sofisticação ou diferentes sensações, além de ser capaz de criar ilusões, como
ampliar ou reduzir espaços, entre outros. O neon, por sua vez, traz um aspecto de adap-
tabilidade e versatilidade, visto que pode ser ajustado a provocar quente e confortável,
claro e gelado, natural e bucólico, entre outros, de acordo com as escolhas de lâmpada.
124
` Tipologia evento: essa categoria se concentra no trânsito entre presencial e tecnológico,
e vem sendo utilizada por grandes empresas ao redor do mundo, como LG, H&M e Ralph
Lauren. Criando projeções gigantescas com fachadas, vitrines interativas e que engajam 4
o consumidor, além de fazer uso da tecnologia com projeções holográficas, scanner de
QR Code, projeções 3D e 4D, entre outros.
Montagem Fotografia
ETAPA COMPONENTES
Briefing
` Produto
` Número de peças
Informações técnicas do produto
` Logomarca
` Etiquetas de preço
ETAPA COMPONENTES
` Localização da loja
4 ` Medidas da vitrine
Informações técnicas da vitrine
` Luz
` Forração da parede
` Tema
` Perfil do produto
Informações objetivas
` Perfil do consumidor
` Objetivos
EXEMPLO COMPONENTES
Criação
` Produto
` Diversificação do tema
Ideias, fontes e pesquisa
` Variação de cores
` Opções de materiais
EXEMPLO COMPONENTES
Projeto
EXEMPLO COMPONENTES
Montagem
` Pesquisa dos materiais
` Relação entre medidas
` Iluminação
Estudos e desenhos ` Movimento
` Efeitos especiais
` Montagem na vitrine
` Exposição do produto
126
EXEMPLO COMPONENTES
Fotografia
4
Documentação ` Memorização
Desse modo, é possível seguir o roteiro mencionado como um guia, que norteia desde
o momento da escolha dos produtos que entrarão na composição, até as escolhas que
permeiam a iluminação e a fotografia. Ainda com base no roteiro, convém destacar que
há inúmeras possibilidades de montagem de uma vitrine e, além disso, adicionam-se as
particularidades de cada tipo de varejo, podendo existir etapas extras ou ainda menos
atividades se comparadas com o proposto.
` Olfatividade: é necessário tomar cuidado com esse fator para que não haja exageros.
A sutileza pode atribuir nostalgia e sentimento ao produto.
` Paladar: quando se trata de produtos comestíveis, a oferta de amostras grátis para de-
gustação é um meio de estimular as vendas. No entanto, o paladar pode ser aguçado
em locais onde os produtos não são comestíveis. Por exemplo: a oferta de uma taça de
champanhe em uma loja de vestidos de festa, por exemplo, pode trazer sofisticação.
` Audição: parte da atmosfera de compra, assim como a olfatividade, é um fator que deve
receber cuidados, principalmente porque a escolha errada pode afetar negativamente a
permanência do consumidor dentro do estabelecimento.
` Visão: é um dos sentidos principalmente ativados, por essa razão, o cliente logo se anima
ao visualizar estímulos. Deve-se tomar cuidado com a poluição visual, para que o efeito
não seja contrário.
Assim como o consumo mudou, as empresas evoluíram também a partir das trans-
formações obtidas por meio da sociedade como um todo. A facilitação da produção
permitiu a grande diversificação de produtos, e a evolução da internet e das tec-
nologias relacionadas permitiu facilidades de realizar compra na palma da mão,
em questão de segundos.
128
lacionados ao Centro de Distribuição (CD) e exemplos relevantes podem ser tomados
com a Amazon e o Mercado Livre.
A Amazon revolucionou o mercado com a entrega one-day rush, que significa entre-
4
ga em um dia. Do mesmo modo, o Mercado Livre passou a utilizar as entregas full,
que diferentemente da tradicional, cuja responsabilidade é do marketplace, ocorre
com a separação e a entrega por meio do Mercado Livre (ML). Essa entrega é pos-
SAIBA MAIS
O big data surgiu em um contexto de um grande volume de dados, visto que as orga-
nizações passaram a receber dados de fontes e formatos diversos. Seu conceito se
relaciona com uma extensa base dados que aumenta exponencialmente. Traz consigo
os chamados três vs: velocidade (de processamento), variedade (de formatos e dados)
e volume (em quantidade) (MCAFFEE; BRYNJOLFSSON, 2012).
O big data analytics (análise de big data), por sua vez, traz a possibilidade de as
empresas utilizarem a exploração desses dados por meio de softwares e de demais
ferramentas com o intuito de agregar diferentes valores à sua cadeia, podendo for-
necer dados e estabelecer vantagens competitivas a quem utilizar a análise de big
data (SANTORO et al., 2019, p. 1981). Salienta-se que sua aplicação é complexa
e altera as bases da empresa, sua cultura, a forma de tomar decisão, entre outros,
transformando-a em data-driven, ou seja, direcionada por dados e por informações
coletadas e tratadas pela tecnologia.
Dessa forma, os pontos principais da análise de big data consistem em: velocidade,
volume, variedade, veracidade e valor (WAMBA et al., 2015, p. 235), de modo que as
análises são realizadas rapidamente, em grande quantidade e variedade de itens, com
confiabilidade e agregando valor ao negócio.
No varejo, seu uso engloba o sortimento de produtos, o layout das lojas e a precificação
(AKTAS; MENG, 2017, p. 2). Considera-se o sortimento de produtos um dos maiores
desafios do varejo, afinal, quais produtos devem ser escolhidos? O que o cliente deseja
encontrar? Desse modo, o big data é utilizado para microssegmentar os clientes, otimi-
zando o sortimento de produtos, pois a técnica analisa os itens comprados, cruzando
com o horário e a localização das compras, colaborando com a previsão de demanda e
de vendas (AKTAS; MENG, 2017, p. 2).
130
Na precificação, a análise colabora com o histórico e o estudo das vendas e dos pre-
ços anteriores, averiguando o sucesso de promoções e analisando padrões e simila-
ridades (AKTAS; MENG, 2017, p. 2). No layout da loja, é um desafio compreender o
sucesso das estratégias, como o cliente se movimenta e onde ele passa mais tem- 4
po, sendo necessário usar câmeras e tags nos produtos e escanear a movimentação
deles. Com o big data, esse volume de informações pode ser avaliado rapidamente
(AKTAS; MENG, 2017, p. 2).
Além dos pontos mencionados, a Internet das Coisas também pode conectar-
-se aos smartphones dos clientes que forem conectados às redes de wi-fi do esta-
belecimento, podendo, igualmente, rastrear o passo a passo do consumidor den-
tro da loja, provendo ao varejista um panorama da sua experiência dentro da loja
(CARO; SADR, 2019, p. 50).
Algumas empresas como a Amazon, além de fornecerem inúmeros itens para a com-
pra on-line, também oferecem entregas com custos cada vez mais baixos e com ve-
locidade cada vez maior. Podemos pensar: isso é o suficiente? Na corrida varejista
4 que enfrenta diversos concorrentes, certamente a resposta é não. De acordo com Ku-
mar, Venkatesh e Rahman (2021, [n. p.]), além dos elementos mencionados, surgiu a
necessidade de os varejistas preverem o interesse dos consumidores. As empresas
que fazem uso do e-commerce têm o histórico de navegação de seus consumidores e
potenciais consumidores em sua página, de modo que é possível saber suas visuali-
zações e seu passo a passo, como se fosse o caminho percorrido dentro de uma loja
(KUMAR; VENKATESH; RAHMAN, 2021, [n. p.]).
Agrupamentos
de dados
Limpeza Previsão
de dados de interesse
Dados
Recomendação
do usuário
Feedback
do usuário
132
Segundo os autores, ao aplicar as técnicas de mineração e de aprendizado de máqui-
na, é possível ater-se aos detalhes e à acurácia não executável por outras técnicas de
predição de interesse (KUMAR; VENKATESH; RAHMAN, 2021).
4
Integração de canais: omnichannel
Como exposto anteriormente, é um fato que o comportamento do consumidor vem se
Essa ação é representada pelo que se denomina omnichannel. Omni é um termo oriun-
do do latim e significa “todos”, e channel, do inglês, que significa “canal”. Desse modo,
omnichannel que dizer todos os canais, de forma que o cliente espera ter a mesma
experiência em todos os canais oferecidos pelo estabelecimento e pela marca.
Um exemplo desse tipo de canal pode ser ilustrado com o seguinte cenário: além de
estar presente em diversos canais (site, aplicativos de comunicação com o cliente), a
Megastore Aconchego, que vende produtos para maternidade, trabalha com um geren-
ciamento extenso de suas ferramentas, de modo que a integração dos canais permite
que os usuários utilizem mais de um aparelho para realizar suas compras, por exemplo:
visualizar em uma rede social, direcionando-se para o site da empresa e finalizando no
laptop. A sincronicidade do omnichannel permite a facilidade de os usuários que reali-
zam o login em sua rede terem a mesma experiência compartilhada em diversos canais.
Nessa frente, para realizar a integração entre os canais, além do desenvolvimento sis-
temático de uma sinergia entre as áreas e a cultura da empresa, é necessário fazer uso
de softwares que integrem a experiência do cliente, tanto na comunicação com os usu-
ários quanto na experiência que ele terá ao utilizar múltiplas formas de compra, como
iniciar a compra no smartphone e terminá-la no computador ou no laptop.
Segundo Las Casas (2013, p. 345), é possível encontrar diversas nomenclaturas que
podem ser confundidas, como: e-commerce, varejo on-line e loja virtual. Parte-se do
princípio de que o varejo virtual consiste na presença on-line de um comércio que atua
Entre os desafios dos varejistas que atuam tanto presencialmente quanto no varejo
virtual estão (MATTAR, 2019, p. 571) o conflito entre canais e a possibilidade de caniba-
lização: eles encontram desafios entre a administração dos dois canas, físico e on-line,
além do medo da canibalização, ou seja, que o varejo on-line “roube” as vendas do pon-
to físico e a administração de dois negócios distintos: cada um apresenta necessidades
diferentes, de modo que é necessário se dedicar a atividades na mesma frente, como
marketing e distribuição, realizando-as de forma adaptada nos dois negócios. No Brasil,
diversos desafios foram encontrados, conforme representado pela Figura 18.
Proteção das
Logística
informações
134
` O hábito de ir às compras: o brasileiro tem como hábito e tradição o ato de sair para ir
às compras, que pode ser atrelado a um momento de lazer e de interação social, quando
se trata de um público mais sênior, enquanto as novas gerações representam a mudança 4
para o hábito das compras on-line.
` Acesso à internet: as restrições com relação ao acesso à internet vêm melhorando com
` Compras com débito e crédito: Mattar (2019, p. 572) destaca que, embora o brasileiro
esteja adotando as compras com débito e crédito com intensidade, esse fato pode ser limi-
tante para as compras on-line. Convém destacar que as lojas virtuais vêm se aprimorando
e disponibilizando formas diferentes de pagamento, como PIX e boleto.
` Logística: a logística de entrega é um fator que vem sendo aprimorado nos últi-
mos anos, mas Mattar (2019, p. 572) destaca que o custo envolvido nessa atividade
ainda é preocupante.
E-commerce
O comércio eletrônico, ou e-commerce, consiste na utilização da tecnologia da
informação e na automatização das trocas, sejam elas de bens ou de serviços
entre empresas, empresas e clientes, consumidores e governos, entre outros (LAS
CASAS, 2013, p. 567). No Brasil, seu crescimento é exponencial, como demons-
trado pelo gráfico extraído do relatório do Webshoppers, que trata do consumo no
e-commerce brasileiro.
Vendas do e-commerce
4 Evolução do comércio eletrônico brasileiro
53,4
Vendas em bilhões de R$
Variação vs semestre anterior 40,8
23,6 26,4
18,6 19,6 21,0
16,1
9,7 12,8
6,7 8,4
1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem. 1º Sem.
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Nº de Novos Consumidores Mi
Nºde Consumidores Mi
41,0 42,0
Var%Total consumidores
27,4 29,4
23,1 25,5
1º Sem. 2016 1º Sem. 2017 1º Sem. 2018 1º Sem. 2019 1º Sem. 2020 1º Sem. 2021
136
Marketplace
O marketplace surgiu no Brasil em 2012 e é conhecido como um shopping center virtual
(MATTAR, 2019, p. 581). Reúne em seu site diversos produtos, marcas e lojas, per-
4
mitindo ao consumidor grande diversidade quando se trata de opções. São exemplos
desse modelo de negócio: Americanas, OLX, Mercado Livre, Shoptime, entre outros
(MATTAR, 2019, p. 581). Esse estilo de negócio também apresenta vantagens e des-
` Visibilidade ` Dependência
` Confiabilidade ` Custos
` Custos e retorno ` Perda da personalidade
da marca
` Aumento de vendas
` Diversidade de público
` Confiabilidade: o marketplace que abriu as portas às demais lojas acaba sendo um vetor
de credibilidade para as lojas menores que ainda não têm tanto reconhecimento. Por outro
lado, é necessário que a gestão do marketplace seja realizada de forma a zelar pelos in-
tegrantes dessa cadeia, a fim de que a confiabilidade seja possível de alcançar por conta
de suas partes.
` Custos e retorno: em uma plataforma com tantas opções, os custos envolvidos em co-
municação são reduzidos entre os agentes, o que por um lado pode aumentar seu tráfego
e acessos, e por outro se apresenta com grande competitividade.
` Diversidade de público: enquanto a vitrine virtual tem cada vez mais itens, seu público
também aumenta, principalmente devido à diversidade de itens, o que também reflete na
diversidade de pessoas que acessam o marketplace.
4.3 Delivery
O delivery consiste em um tipo de serviço ofertado pelos mais diversos tipos de varejo,
da pizzaria à farmácia. Há apenas alguns anos, o delivery consistia em um diferencial,
no entanto, com as transformações ocasionadas pela falta de tempo e pela busca por
comodidade, os estabelecimentos mudaram a estratégia e passaram a buscar atender
às necessidades dos clientes, provendo entregas, com custos ou não.
138
Refletindo sobre esse aspecto, quais seriam os comportamentos principais do con-
sumidor quando comprando on-line? De acordo com Mattar (2019, p. 585), pode-
mos considerar três fases do comportamento de compra para o âmbito on-line,
conforme a figura a seguir: 4
Figura 22. Comportamento de compra virtual
Compra: envolve o processo que ocorre em uma transação, desde a escolha final da loja e
do produto, bem como a negociação de preço e a forma de pagamento até a consumação
de fato dela.
Dentro desse fluxo, consideram-se ainda uma série de riscos que o consumidor normal-
mente analisa para realizar a compra on-line. Com as preocupações sobre a confiabili-
dade da marca, do site e envolvendo o produto e sua chegada, diversos riscos podem
4 ser identificados pelo consumidor, conforme Limeira (2007, p. 89) afirma:
` Risco de tempo: consiste no risco identificado pelo consumidor que se trata do tempo
que ele investe em buscar o que necessita, sem sucesso.
Além disso, deve-se considerar um fator importante a ser desenvolvido pelo consumidor
que compra on-line: a confiança. Considerada essencial para o fechamento de vendas
on-line para uma compra bem-sucedida, espera-se que o consumidor esteja apto a con-
fiar nos mecanismos de compra oferecidos, na integridade da empresa e dos agentes
envolvidos (transporte, por exemplo) e na capacidade que a empresa tem em cumprir
com o que foi combinado (LIMEIRA, 2007, p. 89).
140
` Produto: envolve os aspectos e as características do produto em si, bem como sua varie-
dade, tamanho, garantia, design, marca, embalagem, entre outros.
4
` Preço: envolve os aspectos da estratégia de preços, descontos, formas e prazos de pa-
gamento, entre outros.
` Praça: envolve os aspectos ligados ao ponto de venda e às suas decisões, como decisão
de produto, localização, canais, transporte, entre outros.
` Produto: o sortimento de produtos on-line é um dos pontos desafiadores. Afinal, sem os limites
territoriais da cidade e do bairro, como saber quem será o público e o que ele busca? É comum
lojas comercializarem portfólios de produtos diferentes on-line das que são comercializadas nas
lojas físicas, o que decorre da diferença do espaço físico que é obtido nas prateleiras das lojas
físicas. Além disso, com os limites da exposição diminuídos, é mais propício para praticar o
conceito de cauda longa, oferecendo produtos para os mais diversos nichos, com margens
menores, mas ganhando no volume de vendas, cuja vantagem é obtida ao se oferecer tudo.
` Preço: é comum encontrarmos produtos com preços inferiores on-line se comparados com as
lojas físicas. Isso ocorre devido aos custos envolvidos na manutenção desses dois canais e,
além disso, reflete o volume de vendas que cada um é capaz de comercializar, sendo que com
a disseminação mais acelerada da loja virtual, é possível negociar lotes mais econômicos e, por
conseguinte, oferecer preços mais atrativos. Além disso, no ambiente virtual ainda há diferenças
de preços para pagamentos que são feitos com boletos, mesmo os realizados com cartão de
crédito e débito terem um volume superior. O consumidor digital é sensível a preço e tem a seu
alcance diversas ferramentas de comparação, no entanto, para alguns usuários habituados a
comprar on-line, o fator segurança pode equilibrar a competição de preço entre os concorrentes.
` Promoção: diversos elementos publicitários são possíveis on-line – de banners a e-mails, pro-
pagandas em redes sociais, entre outros. O site de compras é um excelente veículo de pro-
moção, mas no ambiente on-line é possível ainda estar ativamente presente em redes sociais,
atuar com anúncios publicitários diretamente com seus nichos, ou ainda contatar diretamente o
cliente por e-mails e mensagens. Há, contudo, a preocupação de não invadir a privacidade do
cliente e de não exagerar no contato não solicitado, principalmente por e-mails e spams.
Merchandising on-line
Ao contrário do ambiente físico, que conta com diversas estratégias de ambientação
4 para atrair e reter clientes, como a atmosfera de compra e o atendimento, o ambiente
virtual, por sua vez, conta – de forma restrita – com a identidade visual e a linguagem
de programação (LADEIRA; SANTINI, 2018, p. 64).
Segundo e Ladeira e Santini (2018, p. 64), são elementos de alta relevância para o
varejo virtual:
` Imagens do produto.
Descrição do produto
Preço de venda
142
Política de entrega e devolução
4
Detalham-se os aspectos relacionados às regras e procedimentos de entrega e para
devolução dos produtos, bem como os prazos que devem ser considerados.
É relevante manter imagens claras e objetivas do produto, cuidando para que apenas
os itens integrantes e que acompanham o produto de fato sejam dispostas no site.
O site deve ser claro e de fácil navegação, seguindo a premissa do ambiente físico, a
fim de transformar o momento de compra em um momento agradável e que facilite o
processo ao cliente.
Informações de Informações de
pouca relevância muita relevância
` Fontes ` Preço
` Sites afiliados
` Premiações
Com base nessa figura, obtemos a seguir a evolução para um fluxo que apresenta os
estímulos adequados para o ambiente digital.
144
Figura 25. Ambiente virtual – estímulos do ambiente
Estímulos do Envolvimento 4
Ambiente (E) Organismo (O) Respostas (R)
Informações
de alta Respostas à
relevância atmosfera
OBJETO DE APRENDIZAGEM
Na prática – Estudo de vitrines
Escolha três tipologias de vitrines e pesquise na sua cidade quais lojas apresentam as
características aprendidas nessa unidade. Sua busca deve apresentar um olhar crítico,
por isso, reflita sobre os erros e os acertos das vitrines que você identificou e sobre as
três tipologias de sua preferência.
Tipologia
4
Local
Características
Erros
Acertos
CONCLUSÃO
Nessa unidade, diversos temas foram abordados. No âmbito dos materiais de ponto
de vendas, foi possível inferir que existem diversos tipos de artifícios utilizados para
chamar a atenção do cliente e que tais elementos vão além da disposição dos produ-
tos, de chamadores de atenção nas gôndolas e prateleiras, comunicando a mensagem
desejada pelo varejista, seu preço, promoções, entre outros.
No âmbito das fachadas e vitrines, foi possível verificar a existência de diversas possí-
veis estratégias para desenvolver vitrines que comuniquem a identidade da marca e o
posicionamento do estabelecimento, bem como exercer o poder de atração do cliente
que olha a loja pelo lado de fora, atraindo-o para dentro do local.
No âmbito tecnológico, diversas ferramentas são utilizadas pelo varejista para otimizar
a experiência do cliente e ainda prover dados para análises mais assertivas e que agre-
guem valor ao negócio, como a análise de big data, a Internet das Coisas, a mineração
de dados, entre outros.
Com todos os elementos apresentados nessa unidade, podemos propor a reflexão so-
bre como o mercado varejista se empenha em adaptar-se frente às mudanças compor-
tamentais dos consumidores, que foram grandemente impactadas pela vida moderna e
a transformação digital, e também pela perspectiva tecnológica.
146
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