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Segurança do Trabalho I

Política de Segurança e Saúde no Trabalho


Fabricio Umbelino
Técnico em Segurança do Trabalho

Edição: Janeiro de 2024


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APRESENTAÇÃO
No Brasil, todos os anos, diversos trabalhadores se acidentam, morrem ou sofrem alguma
incapacitação permanente no trabalho. Apesar das estatísticas alarmantes, esse fato permanece
longe do conhecimento da sociedade brasileira. Em 2022, segundo o Ministério Público do Trabalho
(MPT) foram mais de 600.000 mil acidentes e 2.538 óbitos o que equivale uma morte à cada 3
horas e 40 minutos. Além do triste passivo humano e dos dramas familiares associados, esses
acidentes produzem enormes despesas para a Previdência Social. Meio bilhão de dias de trabalho
foram perdidos com as ocorrências no setor formal desde 2012 e, de acordo com a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), a perda média para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, a cada
ano, é de 4%. No caso específico do Brasil, essa porcentagem equivale a aproximadamente R$
400 bilhões anualmente, se levarmos em consideração o PIB do país em 2022, que foi de R$ 9,9
trilhões. Com certeza esses números irão surpreender a muitos que estão lendo esta breve
introdução. Felizmente, o Brasil tem passado por muitas transformações com reflexos nas áreas
de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). No passado, o passivo com acidentes de trabalho e
indenizações não recebeu a devida importância, contrastando com o que acontece hoje, onde
obtém perfil de preocupação estratégica nas empresas e no país.
A construção de uma cultura de segurança já começa a aparecer, ou seja, a existência de novos
Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) está possibilitando o
desenvolvimento de uma nova mentalidade onde a produtividade, a qualidade do produto e,
também, o lucro se desenvolvem paralelamente com à SST, principalmente em empresa,
organizadas e modernas. Mas a caminhada ainda será longa, pois estamos no início do processo
que, além de técnico, tem seu lado cultural, onde a preocupação com a saúde dos trabalhadores
não é uma referência padrão pra maioria das empresas brasileiras.
A disciplina de Segurança no Trabalho I objetiva apresentar aos profissionais da área, algumas
Políticas de Segurança e Saúde no Trabalho (PSST), começando pelas origens da prevenção,
analisando os aspectos históricos envolvidos e introduzindo a legislação nacional e internacional,
bem como algumas definições básicas para melhor entendimento no tema da SST. Aspectos
técnicos também serão apresentados como o estudo dos Serviços Especializados em Segurança
e em Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de
Assédio (CIPA). Por fim, estudaremos a classificação do riscos ambientais.
Lembre-se que cada disciplina faz parte de um conjunto maior, e a cada etapa novos
conhecimentos estarão sendo apresentados. Você perceberá que para a realização de algumas
das técnicas desenvolvidas, seu conhecimento pode ainda não ser suficiente. Não se preocupe, o
material didático foi desenvolvido e estudado para que as informações e conhecimentos
repassados sejam gradativos e, a cada etapa, seus conhecimentos irão se acumulando para que,
ao final, sua formação esteja completa.
Outra observação importante é que as demais disciplinas da etapa são fundamentais para seu bom
desempenho. Navegue em sites indicados para realizar leituras extras e interaja com o ambiente.
Tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância, a diferença está no interesse, dedicação
e na constante atualização.

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO À PROFISSÃO.................................................................................................. 05
1.1 Técnico em Segurança do Trabalho.......................................................................................... 06
1.2 Classificação Brasileira de Ocupações..................................................................................... 07
1.3 Características Profissionais..................................................................................................... 08
1.4 Código de Ética Profissional..................................................................................................... 08
1.5 Responsabilidade Civil e Criminal............................................................................................. 08
1.6 Mas afinal, o quê é Segurança do trabalho?............................................................................. 17
2. HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO.......................................................................... 22
2.1 História da Segurança do Trabalho no Mundo........................................................................... 25
2.2 História da Segurança do Trabalho no Brasil............................................................................. 28
3. LEGISLAÇÕES TRABALHISTA................................................................................................ 30
3.1 Introdução................................................................................................................................. 30
3.2 Constituição Federal................................................................................................................. 32
3.3 Consolidação das Leis do Trabalho.......................................................................................... 35
3.4 Normas Regulamentadoras...................................................................................................... 36
3.5 Normas Brasileiras.................................................................................................................... 41
3.6 Anuários Estatístico de Acidentes do Trabalho......................................................................... 41
3.7 Organização Internacional do Trabalho.................................................................................... 43
3.8 Organização Mundial da Saúde................................................................................................ 45
4. LEGISLAÇÕES PREVIDENCIÁRIA.......................................................................................... 47
4.1 Previdência Social.................................................................................................................... 48
4.2 Decreto 3.048/99...................................................................................................................... 52
4.3 Fator Acidentário de Prevenção................................................................................................ 53
5. ESOCIAL.................................................................................................................................... 57
5.1 Faseamento ............................................................................................................................. 59
5.2 Formas de Envio....................................................................................................................... 59
5.3 Tabelas...................................................................................................................................... 60
5.4 Eventos..................................................................................................................................... 61
6. POLÍTICA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO.......................................................... 64
6.1 Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho............................................................... 65
7. SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO.................................. 68
7.1 SGSST – OIT............................................................................................................................. 69
7.2 SGSST – ISO 45001/2018........................................................................................................ 71
8. PDCA.......................................................................................................................................... 76
9. INDICADORES DE DESEMPENHO.......................................................................................... 79
10. SESMT...................................................................................................................................... 85
10.1 Normas Regulamentadora 4................................................................................................... 86
10.2 A importância do SESMT......................................................................................................... 89
11. CIPA.......................................................................................................................................... 90
11.1 Norma Regulamentadora 5..................................................................................................... 91
12. CULTURA ORGANIZACIONAL............................................................................................... 98

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13. EMBARGO E INTERDIÇÃO................................................................................................... 101
14. RISCOS AMBIENTAIS........................................................................................................... 104
14.1 Princípios.............................................................................................................................. 106
14.2 Classificação dos Riscos Ambientais.................................................................................... 107
14.3 Mapa de Riscos.................................................................................................................... 108

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Aula 1

Introdução à Profissão

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1.1 TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

A Profissão do Técnico em Segurança do Trabalho (TST) foi regulamentada através da Lei 7.410/85
que dispõe sobre a especialização dos profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho
(SST) e dá outras providências.
Art. 1 O exercício da profissão de Eng. de Segurança do Trabalho será permitido exclusivamente
ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso de especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho, a ser ministrado no País, em nível de pós-graduação.
Art. 2 O exercício da profissão do TST será permitido, exclusivamente ao portador de certificado
de conclusão de curso, a ser ministrado no País em estabelecimentos de ensino de 2º grau.
NOTA: O TST tem suas atribuições previstas de acordo a Portaria 671/2021, que regulamenta às
disposições relativas à legislação trabalhista, à inspeção do trabalho, às políticas públicas e às
relações de trabalho – em seu art. 130.
➢ DAS ATRIBUIÇÕES

I – Informar ao empregador, através de parecer técnico, sobre os riscos existentes nos ambientes
de trabalho e orientá-lo sobre as medidas de eliminação e neutralização;
II – Informar aos trabalhadores sobre os riscos da sua atividade e das medidas de eliminação e
neutralização;
III – Analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores de risco de acidentes
do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e a presença de agentes ambientais agressivos
ao trabalhador e propor a eliminação ou o controle;
IV – Executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar os resultados
alcançados, a fim de adequar as estratégias utilizadas de maneira a integrar o processo
prevencionista em uma planificação e beneficiar o trabalhador;
V – Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do
trabalho nos ambientes de trabalho com a participação dos trabalhadores, com o objetivo de
acompanhar e avaliar seus resultados, sugerir constante atualização dos mesmos e estabelecer
procedimentos a serem seguidos;
VI – Promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras, reuniões, treinamentos e
utilizar outros recursos de ordem didática e pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de
segurança e higiene do trabalho, assuntos técnicos, administrativos e prevencionistas, com vistas
a evitar acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
VII – Executar as normas de segurança referentes a projetos de construção, ampliação, reforma,
arranjos físicos e de fluxos, com vistas à observância das medidas de segurança e higiene do
trabalho, inclusive por terceiros;
VIII – Encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos, documentação, dados
estatísticos, resultados de análises e avaliações, materiais de apoio técnico, educacional e outros
de divulgação para conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;
IX – Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio, recursos
audiovisuais e didáticos e outros materiais considerados indispensáveis, de acordo com a
legislação vigente, dentro das qualidades e especificações técnicas recomendadas, e avaliar seu
desempenho;

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X – Cooperar com as atividades do meio ambiente, orientar quanto ao tratamento e destinação dos
resíduos industriais, incentivar e conscientizar o trabalhador da sua importância para a vida;
XI – Orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto aos procedimentos de
segurança e higiene do trabalho, previstos na legislação ou constantes em
contratos de prestação de serviço;
XII – Executar as atividades ligadas à segurança e higiene do trabalho com
o uso de métodos e de técnicas científicas, com observação de dispositivos
legais e institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução
permanente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das condições
do ambiente, para preservar a integridade física e psíquica dos
trabalhadores;
XIII – Levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho,
doenças profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a gravidade
destes para ajustes das ações prevencionistas, normas, regulamentos e
outros dispositivos de ordem técnica, que permitam a proteção coletiva e
individual;
XIV – Articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos recursos
humanos, a fim de fornecer-lhes resultados de levantamentos técnicos de
riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoção de medidas de
prevenção a nível de pessoal;
XV – Informar aos trabalhadores e ao empregador sobre as atividades
insalubres, perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos
específicos, e as medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos
mesmos;
XVI – Avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que subsidie o
planejamento e a organização do trabalho de forma segura para o trabalhador;
XVII – Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção de acidentes do
trabalho, doenças profissionais e do trabalho; e
XVIII – Participar de seminários, treinamentos, congressos e cursos, com vistas ao intercâmbio e
ao aperfeiçoamento profissional.
1.2 CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é uma norma descritiva e numerativa de atividades


econômicas e profissionais determinada pela Comissão Nacional de Classificação para o uso de
órgãos governamentais.
O que se deve ter em mente é que a CBO não regulamenta uma profissão. Ela apenas tem por
finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins classificatórios juntos
aos registros administrativos e domiciliares. Já a regulamentação da profissão é realizada por meio
de Leis específicas.
CBO 3516-05

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➢ DESCRIÇÃO SUMÁRIA

Elabora e participa da implementação da PSST; Realizam auditoria, acompanhamento e avaliação


na área; Identifica variáveis de controle de doenças, acidentes, qualidade de vida e meio ambiente;
Desenvolvem ações educativas de SST; Participa de perícias e fiscalizações e integram processos
de negociação; Participa da adoção de tecnologias e processos de trabalho; Gerenciam
documentação de SST; Investiga e analisa acidentes; e Recomendam medidas de prevenção e
controle.
NOTA: O exercício dessa ocupação requer formação de nível médio.
1.3 CARACTERÍSTICAS PROFISSIONAIS

Técnicas Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO)


Elaboração de documentos; Planilhas de gestão; e Ferramentas de apoio para
Tecnológicas
treinamentos.
Habilidades Saber ouvir; Comunicação assertiva; e Elaboração e interpretação de textos.

Valores Flexibilidade; Atenção e Trabalho em equipe.

Atitudes Iniciativa; Resolução de problemas; Criatividade; e Visão crítica.

1.4 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL

Considerando a intensificação do relacionamento do profissional na área da segurança do trabalho,


sendo imperativo para a disciplina, A Federação Nacional dos Técnicos em Segurança do Trabalho
(FENATEST) resolve adotar 65 artigos em seu anexo expressando o código de ética do TST,
elaborada pelos integrantes da Comissão de Ética da categoria, como indicativo provisório até a
regulamentação do Conselho Federal.

Art. 1 Fica aprovado o anexo código de ética profissional dos TST.


Art. 4 As Funções, quando no exercício profissional, são definidas pela Portaria 671/2021.
➢ DO PROFISSIONAL

Art. 5 Exercer o trabalho profissional com competência, zelo, lealdade, dedicação e honestidade,
observando as prescrições legais e regulamentares da profissão e resguardando os interesses dos
trabalhadores conforme as NRs. e demais legislações prevencionistas.
Art. 6 Acompanhar a legislação que rege o exercício profissional da segurança do trabalho, visando
a cumpri-la corretamente e colaborar para sua atualização e aperfeiçoamento.
Art. 7 O TST poderá delegar parcialmente a execução dos serviços a seu cargo a um colega de
menor experiência, mantendo-os sempre sob sua responsabilidade técnica.
Art. 8 Considerar a profissão como alto título de honra e não praticar nem permitir a prática de atos
que comprometam a sua dignidade.
Art. 9 Cooperar para o progresso da profissão, mediante o intercâmbio de informações sobre os
seus conhecimentos e contribuição de trabalho às associações de classe e a colegas de profissão.

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Art. 10 Colaborar com os órgãos incumbidos da aplicação da Lei de regulamentação do exercício
profissional e promover, pelo seu voto nas entidades de classe, a melhor composição daqueles
órgãos.
Art. 11 O espírito de solidariedade, mesmo na condição de empregado, não induz nem justifica a
participação ou conivência com o erro ou com os atos infringentes de normas técnicas que regem
o exercício da profissão.
➢ DOS DEVERES

Art. 12 Guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no
âmbito do serviço público, salvo os casos previstos em Lei ou quando solicitado por autoridades
competentes e as instituições representativas da categoria.
Art. 13 Se substituído em suas funções, informar ao substituto todos os fatos que devam chegar
ao seu conhecimento, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem exercidas.
Art. 14 Abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto de perícia,
mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração de programas prevencionistas.
Art. 15 Considerar e zelar com imparcialidade o pensamento exposto em tarefas e trabalhos
submetidos a sua apreciação.
Art. 16 Abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido
de documentos.
Art. 17 Atender à instituições representativas da categoria, no sentido de colocar à sua disposição,
sempre que solicitados, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e
orientaram a execução do seu trabalho.
Art. 18 Os deveres do TST compreendem, além da defesa do interesse que lhe é confiado, o zelo
do prestígio de sua classe e o aperfeiçoamento da técnica de trabalho.
Art. 19 Manter-se regularizado com suas obrigações com as instituições representativas da
categoria.
Art. 20 Comunicar as instituições representativas da categoria fatos que envolvam recusa ou
demissão de cargo, função ou emprego, motivados pela necessidade do profissional em preservar
os postulados, éticos e legais da profissão.
➢ DA CONDUTA

Art. 21 Zelar pela própria reputação, mesmo fora do exercício profissional;


Art. 22 Não contribuir para que sejam nomeadas pessoas que não tenham a necessária habilitação
profissional para cargos rigorosamente técnicos.
Art. 23 Na qualidade de consultor ou árbitro independente, agir com absoluta imparcialidade e não
levar em conta nenhuma consideração de ordem pessoal.
Art. 24 Considerar como confidencial toda informação técnica, financeira ou de outra natureza que
obtenha sobre os interesses dos empregados ou empregador.
Art. 25 Assegurar ao trabalhador e ao empregador um trabalho técnico livre de danos decorrentes
de imperícia, negligência ou imprudência.

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➢ DOS COLEGAS

Art. 26 A conduta do Técnico com os demais profissionais em exercício na área de SST deve se
basear no respeito mútuo, na liberdade e independência profissional de cada um, buscando sempre
o interesse comum e o bem estar da categoria.
Art. 27 Deve ter para com os colegas apreço, respeito, consideração e solidariedade, sem, todavia,
eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à Comissão de Ética da instituição
em que exerce seu trabalho profissional e, se necessário, às instituições representativas da
categoria
Art. 28 Abster-se da aceitação de encargo profissional em substituição a colega que dele tenha
desistido para preservar a dignidade ou os interesses da profissão ou da classe, desde que
permaneçam as mesmas condições que ditaram o referido procedimento.
Art. 29 Não tomar como suas ou desqualificar os trabalhos, iniciativas ou soluções encontradas por
colegas, sem a necessária citação ou autorização expressa.
Art. 30 Não prejudicar legítimos interesses ou praticar de maneiras falsas ou maliciosas, direta ou
indiretamente, a reputação, a situação ou a atividade de um colega.
➢ DAS PROIBIÇÕES

Art. 31 É vetado ao TST anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, conteúdo


que resulte na diminuição do colega, da organização ou da classe.
Art. 32 Assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou
desprestígio para classe.
Art. 33 Auferir qualquer provento em função do exercício profissional que não decorra
exclusivamente de sua prática lícita ou serviços não prestados.
Art. 34 Assinar documentos ou peças elaborados por outros, alheios à sua orientação, supervisão
e fiscalização.
Art. 35 Exercer a profissão quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos
não habilitados ou impedidos.
Art. 36 Aconselhar o trabalhador ou o empregador contra disposições expressas em Lei ou contra
os princípios fundamentais e as normas brasileiras de SST.
Art. 37 Revelar assuntos confidenciais por empregados ou empregador para acordo ou transação
que, comprovadamente, tenha tido conhecimento.
Art. 38 Iludir ou tentar a boa fé do empregado, empregador ou terceiros, alterando ou deturpando
o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou elaborando peças
inidôneas.
Art. 39 Elaborar demonstrações na profissão sem observância dos princípios fundamentais e das
normas editadas pelas instituições representativas da categoria
Art. 40 Deixar de atender às notificações para esclarecimento à fiscalização ou intimações para
instrução de processos.
Art. 41 Praticar qualquer ato ou concorrência desleal que, direta ou indiretamente, possa prejudicar
legítimos interesses de outros profissionais.

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Art. 42 Expressar-se publicamente sobre assuntos técnicos sem estar devidamente capacitado
para tal e, quando solicitado a emitir sua opinião, somente fazê-lo com conhecimento da finalidade
da solicitação e em benefício da coletividade.
Art. 43 Determinar a execução de atos contrários ao Código de Ética dos profissionais que
regulamenta o exercício da profissão.
Art. 44 Usar de qualquer mecanismo de pressão ou suborno com pessoas físicas e jurídicas para
conseguir qualquer tipo de vantagem.
Art. 45 Utilizar forma abusiva o poder que lhe confere a posição ou cargo para impor ordens,
opiniões, inferiorizar as pessoas e/ou dificultar o exercício profissional.
➢ DA CLASSE

Art. 46 Acatar as resoluções votadas pela classe, inclusive quanto a honorários.


Art. 47 Prestigiar as entidades de classe contribuindo, sempre que solicitado, para o sucesso de
suas iniciativas em proveito da profissão, dos profissionais e da coletividade.
➢ DOS DIREITOS

Art. 48 Representar perante os órgãos competentes as irregularidades comprovadamente


ocorridas na administração de entidade da classe.
Art. 49 Recorrer às instituições representativas da categoria, quando impedido de cumprir o
presente código e as Leis do exercício profissional.
Art. 50 Renunciar às funções que exerce logo que positivar falta de confiança por parte do
empregador, a quem deverá notificar com 30 dias de antecedência, zelando, contudo, para que os
interesses dos mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos
da renúncia.
Art. 51 O TST poderá publicar relatório, parecer ou trabalho técnico–profissional e assinado sob
sua responsabilidade.
Art. 52 O TST, quando assistente técnico, auditor ou árbitro poderá recusar sua indicação quando
reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida.
Art. 53 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência legal.
Art. 54 Considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar tarefas em não conformidade com
as normas de SST, e orientações editadas pelas instituições representativas da categoria.
Art. 55 O TST poderá requerer desagravo público às instituições representativas da categoria
quando atingido, pública e injustamente, no exercício de sua profissão.
➢ DAS PENALIDADES

Art. 56 A transgressão de preceito deste Código constitui infração ética, sancionada, segundo a
gravidade, com a aplicação de uma das seguintes penalidades: Advertência reservada; Censura
reservada; e/ou Censura pública.
Na aplicação das sanções éticas são consideradas como atenuantes: Falta cometida em defesa de
prerrogativa profissional; Ausência de punição ética anterior; e Prestação de relevantes serviços à
classe.

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Art. 57 O julgamento das questões relacionadas à transgressão de preceitos do Código de Ética
incumbe, originariamente, as instituições representativas da categoria, que funcionarão como
Comissão de Ética, facultado recurso dotado de efeito suspensivo, interposto no prazo de 30 dias.
Art. 58 Não cumprir, no prazo estabelecido, determinação das instituições representativas da
categoria, depois de regularmente notificado.
Art. 59 O recurso voluntário somente será encaminhado a Comissão de Ética, para manter ou
reformar parcialmente a decisão.
Art. 60 Quando se tratar de denúncia, as instituições representativas da categoria comunicará ao
denunciante a instauração do processo até 30 dias depois de esgotado o prazo de defesa.
Art. 61 Compete às instituições representativas da categoria, em cuja jurisdição se encontrar
inscrito o TST, a apuração das faltas que cometerem contra este Código e a aplicação das medidas
previstas na legislação em vigor.
Art. 62 As infrações deste Código de Ética serão julgadas pelas Comissões Especializadas
instituídas pelas instituições representativas da categoria, conforme dispõe a legislação vigente.
Art. 63 A cassação consiste na perda do direito ao exercício da profissão de TST e será por decisão
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Art.64 Considera-se infração ética a ação, omissão ou conivência que implique em desobediência
e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos profissionais TST.
Art. 65 Atentar para as resoluções específicas sobre as graduações das penalidades.
1.5 RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL

É importante que os profissionais da área de SST conheça as responsabilidades civis e criminais


que envolvem a sua atividade quando descumpridas as normas legais.
NOTA: As esferas de responsabilidade (civil e criminal) são independentes e coexistem, isto é, uma
não exclui a outra. Podendo haver a condenação em todas elas.
➢ RESPONSABILIDADE CIVIL

A Lei 10.406/2002 que institui o Código Civil, cita em seus textos à Responsabilidade Civil, tendo
natureza de sanção e reparação, sendo caracterizado como Responsabilidade Civil quando permite
que a integridade física, psíquica e/ou vida dos empregados sejam expostas, visando motivos
econômicos por exemplo: Ter práticas inseguras ou não adotar medidas de proteção (coletiva e/ou
individual) no trabalho.
• Sua classificação é dada pela doutrina em duas hipóteses:
I – Contratual: Observa-se em qualquer tipo de contrato, onde as partes se obrigam reciprocamente,
através de cláusulas que devem se obedecidas para atender o interesse de ambas as partes.
II – Extracontratual: É a responsabilidade em que não há relação jurídica preexistente entre o
causador do dano e a vítima.
• Os pressupostos da Responsabilidade Civil são:
a) Ação ou omissão do agente.
b) Culpa do agente (dolo ou culpa).
A culpa pode se dar por:

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Classificação Descrição Exemplo
Deixar de tomar uma atitude ou não
O funcionário deixar um fio solto e
apresentar a conduta que era esperada
sem proteção, provocando choque
Negligência para a situação, agindo com descuido,
em uma pessoa que passava no
desatenção e/ou indiferença, não
local.
tomando as devidas medidas preventivas.

É a atuação intempestiva e irrefletida.


Ligar uma máquina industrial sem
Consiste em praticar uma ação sem as
verificar se havia alguém no local,
Imprudência necessárias precauções, isto é, agir com
causando um acidente com
precipitação, com inconsideração ou
amputação de membro.
inconstância.
Um Técnico em Enfermagem que
É a falta de especial habilidade,
administra uma determinada
experiência ou de previsão no exercício de
medicação, a qual devia ser
Imperícia determinada função, profissão, arte ou
ministrada por um Enfermeiro, onde
ofício, onde a ação acarreta danos a
o ato de imperícia coloca o paciente
outrem.
em risco.

c) Relação de causalidade entre o ato culposo e o dano.


d) Dano efetivo – Se não resulta dano, não existe responsabilidade. Por exemplo: Se, apesar do
erro do empregado, não ocorrer nenhum dano, não pode haver responsabilização, ou seja, se o
trabalhador não regular a temperatura de um local adequadamente, gerando excesso de calor ou
de frio, e não houver nenhum dano (seja pessoal ou material), não haverá motivo para
Responsabilidade Civil. Não ocorreu um acidente, mas sim um incidente.
• Dos Atos Ilícitos
Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar o direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
• Da Responsabilidade Civil
Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem fica obrigado a repará-
lo.
NOTA: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em Lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 930 No caso do inciso II, do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá
o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
NOTA: A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188,
inciso I).
Art. 931 Os empresários individuais e as empresas respondem, independentemente de culpa pelos
danos causados, pelos produtos postos em circulação.
Art. 932 São também responsáveis pela reparação civil:
I – Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

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II – O tutor e o curador, pelos pupilos; e
III - O empregador por seus empregados, no exercício do trabalho.
Art. 935 A Responsabilidade Civil é independente da Criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
Art. 937 O dono da construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier
de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifestada.
Art. 938 Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
• Excludentes de Responsabilidade Civil
A Lei prevê alguns casos de exclusão da Responsabilidade Civil, seja por:
Excludentes Exemplos
Quando ocorre um assalto, na empresa, e o funcionário, para se
Legítima defesa
defender, atira no assaltante.
Estado de necessidade Num incêndio, uma pessoa quebra portas para sair do fogo.
Dolo da vítima ou de A vítima atravessa fora da faixa de segurança bruscamente e
terceiro provoca a colisão de dois veículos.

No Código Civil, (art. 188) estão previstas as causas que excluem a ilicitude
• Caracterização da Culpa
Tipo Descrição Exemplo
Se manifesta quando o ônus recai
Culpa Eletricista contratado sem a mínima
sobre o Empregador pelo fato de ele
in eligendo qualificação.
haver escolhido o causador do dano.

Ocorre quando alguém não logra êxito


Culpa Empresa terceiriza serviço que causa
em sua obrigação de vigiar a conduta
in vigilando dano ao cliente.
de outrem.
O empregador colocou excesso de
Culpa Prática de ato (imprudente ou imperito) carga num depósito de cereais, vindo
in comitendo que resulta em dano. a ocasionar o rompimento do
depósito.

Culpa O agente se omite, negligencia as Deixar um fio da rede elétrica de


in omitendo cautelas recomendadas. consumo sem isolação.

Deixar cachorro feroz de guarda sem


Culpa proteção (focinheira) ou local seguro.
Falta de cautela ou atenção.
In custodiendo Este foge e morde um empregado ou
terceiro.

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➢ RESPONSABILIDADE PENAL

Aquele que prática uma ação ou omissão e causando danos a outrem. Além de responder na esfera
civil ainda pode sofrer sanções penais. No Direito Brasileiro, existe o Código Penal cuja definição
transcreve-se sendo um conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como
consequência e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a
aplicabilidade das medidas de segurança e tutela do direito de liberdade em face do poder de punir
do Estado.
O poder do Estado de punir fica restrito aos crimes e às penas previstos em Lei, de acordo com o
art. 1, do Código Penal – Não há crime sem Lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
• Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica
A Pessoa Jurídica (PJ) pode ser responsabilizada criminalmente, desde a edição da Lei n.º 9605/96
– Crimes ambientais. De acordo com essa Lei, a empresa pode sofrer punição penal, desde que
seu representante legal também figure como corréu. O STF vem entendendo ser possível a punição
penal da PJ, mesmo que seu representante não figure no polo passivo.
NOTA: Como a PJ é uma ficção jurídica, não poderá sofrer a sanção de prisão, entretanto, a pena
pode ser restrita de direitos ou multa.
• Tipos de Crimes
Os crimes podem ser dolosos ou culposos. No Código Penal, temos as seguintes definições:
Art. 18 Diz-se o crime:
Crime Descrição Exemplo
O funcionário de uma empresa furta,
Quando o agente quis o resultado
Doloso intencionalmente, um computador de seu
ou assumiu o risco de produzi-lo.
empregador.
Quando o agente deu causa ao A funcionária de um hotel, lavando o chão,
Culposo resultado por imprudência, deixa de sinalizar o local e um Hóspede
negligência ou imperícia. escorrega e sofre uma fratura.

NOTA: Salvo os casos expressos em Lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pratica dolosamente.

• Licitude
No Direito Penal, temos os conceitos de estado de necessidade e legítima defesa. Tais conceitos
são imprescindíveis para considerarmos a licitude e a pena aplicada a um caso previsto como
crime:
I – Estado de necessidade
Art. 24 Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
NOTA: Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo, por
exemplo: Atividade de um bombeiro.
II – Legítima defesa

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Art. 25 Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Por exemplo: Defender um
colega em um assalto usando de forma moderada técnicas de defesa pessoal.
• Das Penas
No ambiente de trabalho, podem ocorrer mortes, lesões corporais, perigo à saúde de outrem ou
até mesmo omissão de socorro. Nesses casos, o empregador e seus prepostos podem ser
investigados ou responder a processo criminal a fim de apurar responsabilidades e culpados.
Conforme foi visto, o agente nem sempre age com dolo – com intenção de matar, por exemplo –,
mas pode agir com culpa e o Estado, desde que exista previsão para crime culposo, não pode
deixar de puni-lo, que dependo do fato podem ser privativas de liberdade (reclusão e detenção) ou
restritivas de direitos.
• Tipificação de Crimes:
I – Homicídio Simples.
II – Homicídio Culposo.
III – Lesão corporal (de natureza grave ou seguida de morte).
IV – Perigo para a vida ou saúde de outrem.
V – Omissão de socorro.
VI – Falsificar, no todo ou em parte, documento particular.
VI – Outros Crimes: Calúnia (art. 138); Difamação (art. 139); Injúria (art. 140); Retratação (art.
143); e/ou Ameaças (art. 147).
• CASE
Técnico em Segurança do Trabalho é indiciado
Falsificação de Certificados de Treinamentos e ASO

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1.6 MAS AFINAL, O QUE É SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO?

A Segurança e Saúde no Trabalho (SST) é uma série de medidas


técnicas, administrativas, médicas e, sobretudo, educacionais e
comportamentais, que tem como objetivo promover ao trabalhador um
ambiente seguro e salubre em sua atividade laboral, visando a
redução e/ou eliminação dos acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais.

Para a execução dessas medidas, não bastam apenas ações dos profissionais ligados à área de
SST, mas é necessária a participação de todos os envolvidos, ou seja, desde a direção da empresa
até os trabalhadores de chão de fábrica, pois o sucesso das ações vai depender de uma adequada
e eficiente Política de Segurança e Saúde no Trabalho (PSST), na qual todos têm suas
responsabilidades.
➢ DA IMPORTÂNCIA DA SST

Vários são os aspectos relacionados à importância da SST, entre eles:


Aspectos Sociais: O ônus pelo acidente do trabalho reflete-se em toda a nação, é ela que paga,
através da arrecadação de impostos, ao incapacitado ou à família da vítima de um acidente fatal o
Seguro Social a que tem direito. É expressivo o número de brasileiros aposentados por invalidez,
que ficam à espera apenas do seu irrisório salário, quando poderiam estar produzindo e,
consequentemente, contribuindo para o desenvolvimento do país.
Aspectos Humanos: Embora não se possa representar em números, o aspecto humano é o mais
importante, pois não há dinheiro que pague o preço de uma vida, assim como não há indenização
que corresponda ao valor de uma mão, de um braço ou de qualquer parte do corpo mutilada em
um acidente. Não dá para mensurar o significado, para os familiares, de um indivíduo que saiu para
trabalhar e não voltou, vítima de um acidente do trabalho que poderia ter sido evitado. Outro fator
não quantificável são os traumas que um acidente acarreta para os companheiros do acidentado.
Aspectos Econômicos: A queda na produção de uma empresa e da nação como um todo,
decorrente de acidentes de trabalho, é um aspecto que deve ser considerado, pois, além do custo
final dos produtos, o acidente acarreta gastos com atendimento médico, transporte, remédios,
indenizações, pensões, etc.
➢ DOS CUSTOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Há dois tipos de custos, os segurados/diretos e os não segurados/indiretos.


Os segurados são os mais visíveis: é quanto de dinheiro as
empresas gastam com Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) e
com Fator Acidentário de Prevenção (FAP). É representado também
pelas despesas/benefícios ligadas diretamente ao atendimento do
acidentado e que são pagas pela entidade seguradora (INSS).
Os não segurados são menos visíveis e mais diluído, por exemplo:
O tempo perdido com acidentes e doenças; As despesas com os
primeiros socorros; A destruição de equipamentos e materiais; A
interrupção da produção; O retreinamento de mão de obra; A
substituição de trabalhadores; O pagamento de horas-extras; A
recuperação dos empregados; Os salários pagos aos trabalhadores
afastados; As despesas administrativas; e Os gastos com medicina
e engenharia de reparação. Etc.
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• DAS CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Sob o ponto de vista prevencionista, causa de acidente é qualquer ocorrência que, se removida ou
solucionada a tempo, evitaria o acidente. Um acidente de trabalho é, na maioria das vezes,
multicausal, ou seja, várias causas colaboram para sua ocorrência. Apesar da diferenciação entre
as causas básicas (fatores humanos ou fatores ambientais), lembre-se que elas podem estar
presentes simultaneamente. Aliás, é o que acontece na grande maioria dos acidentes de trabalho.
• Fatores Humanos
Normalmente denominados de “atos inseguros”, fatores ou ações pessoais (“dependentes
exclusivamente do ser humano”) que contribuem para a ocorrência de um acidente com ou sem
danos ao trabalhador, aos companheiros de trabalho ou aos materiais e equipamentos. São todas
as ações decorrentes da execução de tarefas de forma contrária às normas de segurança.
Podemos citar como fatores pessoais as características de personalidade (problemas pessoais,
clima de insegurança quanto à manutenção do emprego, desmotivação, excesso de confiança,
etc.) e, como ações, o uso de equipamentos sem permissão ou habilitação, a não utilização de
EPIs, etc.

• Fatores Ambientais
Denominados de condições inseguras, são aquelas que, presentes no ambiente de trabalho,
colocam em risco a integridade física e/ou a saúde do trabalhador, bem como a segurança das
instalações e dos equipamentos. São conhecidos como “falhas do ambiente de trabalho” e que
podem conduzir ao acidente de trabalho. Podemos citar como fatores ambientais a falta de proteção
em máquinas, ruídos em excesso, obstáculos, desorganização, temperaturas extremas, ventilação
insuficiente, não fornecimento de equipamentos de proteção, etc.

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• Tipificação
Dos Atos Inseguros

• Recusa de uso ou utilização inadequada dos EPIs.

• Emprego impróprio de ferramentas ou de equipamentos defeituosos.


Relacionadas às
atividades de trabalho. • Ajuste, lubrificação e limpeza de máquinas em movimento.

• Permanência junto a pontos críticos das máquinas ou locais perigosos.

• Inaptidão física ou intelectual à função.

Relacionadas às • Temperamento agressivo.


características
• Preocupação excessiva.
individuais.
• Inteligência lenta ou retardada.

Por isso a importância da


fiscalização permanente
dos profissionais da área
de SST.

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Das Condições Inseguras

• Prédios com áreas insuficientes, pisos defeituosos e/ou irregulares.


Nas instalações da
• Iluminação deficiente ou mal distribuída.
Empresa.
• Ventilação deficiente ou excessiva.

• Máquinas defeituosas ou sem manutenção.

Na maquinaria. • Equipamentos com proteções inadequadas ou sem proteção.

• Máquinas instaladas em locais desaconselháveis.

• Insumos fora de especificação.


Relativo aos insumos.
• Matéria-prima com defeito ou de má qualidade.

• Ausência ou insuficiência de proteção.


Da proteção ao
• Investimentos não apropriados.
trabalhador.
• Inadequação de EPIs.

• Layout deficiente.
Na produção.
• Ritmo de produção excessivo.

• Jornadas prolongadas.
Quanto ao horário de
trabalho.
• Trabalho em escalas de horários muito variáveis..

NOTA: A verdadeira causa de acidentes não se resume a simples identificação do ato inseguro ou
da condição insegura, mas aos fatores ou situações que geraram esses atos ou condições
inseguras.

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➢ PREJUÍZOS COM ACIDENTES

• Prejuízo Privado

Os prejuízos privados são aqueles relacionados com os atores que estão diretamente envolvidos
com o acidente, nesse caso, o trabalhador e o empregador.
I – Para o trabalhador:
Sofrimento físico – dores, ferimentos, quebra de um membro;
Incapacidade para o trabalho – perda de membros superiores e/ou inferiores;
Incapacidade psicológica; e
desamparo familiar – redução de salários em função da perda de produção.
II – Para a Empresa:
Dificuldades com as autoridades e má repercussão;
Gastos com primeiros socorros e apoio ao acidentado;
Tempo perdido por outros empregados ao socorrerem o acidentado ou para avaliações;
Atraso na entrega dos produtos, gerando, em consequência, a insatisfação dos clientes; e
Danificação ou perda de máquinas e equipamentos.
• Prejuízo Social
São aqueles impostos a sociedade em forma de tributos previdenciários. Ex: Redução temporária
ou permanente da força produtiva; Aumento do número de dependentes segurados pelo INSS;
Elevação das taxas de seguros e de impostos; e Aumento do custo de vida para a população
brasileira.
➢ LUCROS COM A PREVENÇÃO

- Economia substancial com o não pagamento de adicionais de Insalubridade e Periculosidade.


- Redução no pagamento de despesas previdenciárias.
- Redução dos passivos trabalhistas.
- Não pagamento de multas.
- Maior rentabilidade do negócio.
- Produtividade melhorada.
- Competitividade.
- Melhoria da imagem da empresa.
- Geração de empregos.
- Confiabilidade na gestão

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Aula 2

História da Segurança do Trabalho

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Legião Urbana – Música de Trabalho: [...]“Sem trabalho eu não sou nada. Não tenho dignidade.
Não sinto o meu valor. Não tenho identidade. Mas o que eu tenho é só um emprego e um salário
miserável. Eu tenho o meu ofício que me cansa de verdade” [...]
Chico Buarque – Construção: [...] “E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E se acabou no chão
feito um pacote flácido. Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando
o tráfego” [...]
➢ QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA TRABALHO?

Trabalho vem do latim Tripalium, que é um termo formado pela


união de 2 elementos, tri (três) e palium (madeira). Tripalium nada
mais era do que um instrumento de tortura construído com três
estacas afiadas, dessa forma, evidenciando uma estreita relação
entre trabalho e tortura. Essa relação aconteceu pelo fato de as
atividades que envolviam trabalho serem relacionadas às
atividades físicas produtivas realizadas em, geral por
agricultores, artesãos, pedreiros etc. Esse equipamento era
destinado a ser utilizado em pessoas pobres sem condições nem
possibilidades de pagamento de impostos. Posteriormente, o
termo passou a ser utilizado pelos franceses sob a denominação
Travailler que significava atividade exaustiva ou atividade difícil.
➢ BRASIL MOSTRA SUA CARA

No Brasil, em 2021, ocorreram 2.797 acidentes de trabalho com morte. Algumas das principais
causas que contribuíram para esse número foram: falhas na capacitação e treinamento, atitudes
imprudentes em ambientes perigosos, falha no cumprimento das leis trabalhistas por parte dos
empregadores e a não utilização dos EPIs por parte dos empregados.
Os setores que apresentaram maior incidência de acidentes foram a construção civil e o transporte
de cargas, porém, a construção civil é o segmento mais letal para os trabalhadores.
O Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT), publicado desde o ano 2000, que constitui-
se em um instrumento essencial de trabalho para os profissionais que desempenham atividades
nas áreas de SST, assim como para pesquisadores e demais pessoas interessadas no tema,
mostra alguns dados sobre acidentes do trabalho, suas principais consequências, os setores de
atividades econômicas e a localização geográfica de ocorrência dos eventos. Desta forma, é
possível construir um diagnóstico mais preciso acerca destes acidentes, e propiciar a elaboração
de políticas mais eficazes para as áreas relacionadas com o tema.

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• Estatísticas de Acidentes de Trabalho no Brasil – 2021
Com CAT Registrada
Total de Sem CAT
Doença do
Acidentes Total Típico Trajeto Registrada
Trabalho
536.174 464.967 349.393 96.226 19.348 71.207

➢ REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

As atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio e pelo seu
instinto de se agrupar, o homem conseguiu, através da história, avanços tecnológicos que
possibilitaram sua existência no planeta. Partindo da atividade predatória (caça), evoluiu para a
agricultura e o pastoreio, alcançou a fase do artesanato e atingiu a era industrial.
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, com o
surgimento das máquinas. Isso permitiu o estabelecimento da indústria e a consolidação do
capitalismo. As formas de produção se transformaram radicalmente, sendo que os trabalhadores
começaram a vivenciar uma intensa exploração de sua força de trabalho. Foi o principal
acontecimento histórico que contribuiu para o aumento dos problemas de saúde relacionados com
trabalho, culminando no surgimento dos sindicatos e dos movimentos trabalhistas.
Os riscos inerentes a atividades de trabalho, que até então estavam restritas ao artesanato,
ampliaram-se com a utilização das máquinas a vapor, gerando como consequência a produção em
larga escala e o aumento da jornada de trabalho que chegava até 16 horas.
As fábricas eram localizadas em ambientes impróprios e as condições de trabalho eram muito ruins.
Além disso, a utilização de mão de obra infantil e de mulheres era constante. O resultado desse
cenário foi o enorme número de doenças, acidentes de trabalho, mutilações e mortes.

Filme: tempos modernos


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O estudo do histórico da segurança do trabalho permite que se conheça a evolução de métodos,
aplicações técnicas, legislações, desenvolvimento de matérias-primas e produtos, doenças
ocupacionais, metodologias de reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais.
A seguir, estudaremos alguns fatos, adaptados da obra “Introdução à Higiene Ocupacional”,
publicada no ano de 2004 pela FUNDACENTRO com a inclusão de alguns eventos, pelo autor
deste material, que fazem parte da história da segurança do trabalho!
2.1 HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO MUNDO

Ano História
Identificação de envenenamento por chumbo em mineiros e metalúrgicos por
400 AC
Hipócrates (Pai da Medicina), em seu clássico livro “Ares, Águas e Lugares”.
Aristóteles estudou as enfermidades dos trabalhadores nas minas e, principalmente,
350 AC
a forma de evitá-las.
Utilização de bexigas de animais como barreira para reter poeiras e fumos durante a
79
respiração, por Plínio, o Velho, em seu tratado “De Historia Naturalis”.
Identificação de perigos nos vapores metálicos e descrição de envenenamento por
1473
mercúrio e chumbo, por Ellenborg, com sugestões de medidas preventivas.
Georgius Agrigola (Pai da Geologia) descreve o processo de mineração e refino de
metais, relatando doenças e acidentes ocorridos, sugerindo aspectos preventivos e
1556
utilização de ventilação durante as atividades. É o primeiro livro que aborda o assunto
referente à segurança e que se chama “De Re Metallica”.
Houve a primeira descrição de doenças respiratórias relacionadas com a mineração
1557 principalmente pela utilização de mercúrio, por Paracelso (Pai da Toxicologia), autor
da frase “Todas as substâncias são venenos. É a dose que diferencia dos remédios
Acontece a publicação do livro “De Morbis Artificium Diatriba” (Doença dos Artífices),
escrito por Bernardino Ramazzini (Pai da Medicina Ocupacional). Ele apresenta um
1700 estudo abordando doenças relacionadas com o trabalho e que inclui cerca de 50
profissões exercidas na época. Além de ter introduzido a expressão, nas entrevistas
médicas (anamnese), “Qual é a sua ocupação?
Percival Pott caracteriza o câncer de escroto como doença de trabalhadores que
limpavam chaminés e que a causa identificada estava na fuligem e na ausência de
1775
higiene presentes na atividade. Esse evento resultou na criação do Atos dos
Limpadores de Chaminé de 1788.
A “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes” foi criada na Inglaterra, limitando a jornada
1802 máxima de trabalho a 12 horas, bem como a obrigatoriedade de ventilação ambiental
e a proibição do trabalho noturno.
Foi publicado na Inglaterra um livro sobre doenças ocupacionais por Charles Thackrah
e Percival Lott (“Os efeitos das principais atividades, ofícios e profissões, do estado
1830 civil e hábitos de vida, na saúde e longevidade, com sugestões para a remoção de
muitos dos agentes que produzem doenças e encurtam a duração da vida”). A obra
contribuiu para o desenvolvimento da legislação ocupacional.
O proprietário de uma fábrica inglesa procurou Robert Baker, médico inglês, pedindo-
1830 lhe conselho sobre a melhor forma de proteger a saúde dos trabalhadores. Surgia,
assim, o primeiro serviço médico industrial em todo o mundo

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A Lei das Fábricas foi criada na Inglaterra e fixava em 13 anos a idade mínima para
1833 exercer as atividades de trabalho, proibindo também o trabalho noturno para menores
de 18 anos. Além disso, exigia exame médico para todas as crianças trabalhadoras.
Benjamin Cready publicou o livro “Influência dos Negócios, Profissões e Ocupações
1835
na Produção de Doença” nos EUA.
Willian Farr relatou a mortalidade excessiva entre os fabricantes de vasos; impacto
1851
das doenças respiratórias e dos óbitos em trabalhadores da mineração na Inglaterra.
A “Lei das Fábricas” (1833) foi ampliada, exigindo processos de ventilação para reduzir
1864
danos à saúde.
Foram instituídas na Alemanha leis que responsabilizavam os empregadores por
1869
lesões ocupacionais.
Frederick Taylor publica “Princípios de Administração Científica”, em que o autor
apresenta técnicas que estudam tempo e movimento, padronização das ferramentas
1907
e instrumentos, utilização de procedimentos formais e mecanismo de pagamento
considerando o rendimento e custos.
Nos EUA, Henry Ford aplica “Conceitos de Produção em Massa” nas suas linhas de
1910 montagem e fabricação, objetivando a redução do tempo dos processos e estoques,
buscando o aumento da capacidade produtiva pela capacitação da força de trabalho.
Aconteceu um incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, em Nova York, nos
EUA. Foi um grande acidente industrial que causou a morte de centenas de pessoas,
1911
com um número estimado entre 130 a 150 trabalhadores, em sua grande
maioria mulheres.
1911 Ocorreu a primeira conferência de doenças industriais nos EUA.
1914 Nos EUA, o serviço de saúde pública (USPHS) organiza a divisão de higiene industrial.
1917 México, o 1° País a colocar em sua Constituição normas de proteção ao trabalhador.
Depois do término da 1°GM, foi criada a OIT, formalizada pela parte XIII do Tratado de
Versalhes. No mesmo ano a OIT adota 6 importantes convenções: proteção à
1919 maternidade, idade mínima para admissão de crianças, trabalho noturno para
menores, limitação da jornada de trabalho, trabalho noturno para mulheres e luta
contra o desemprego.
1922 Em Harvard, tem início o curso de Higiene Industrial.
Alice Hamilton, médica americana, publicou “Venenos Industriais nos Estados Unidos”
1925
e, em 1934, “Toxicologia Industrial”.
Nos EUA, ocorre a fundação da ACGIH (National Conference Governamental
1938
Industrial Hygienists).
Também nos EUA, é fundada a AIHA (American Industrial Hygiene Association). A ASA
(American Standard Association, atualmente ANSI) e a ACGIH publicam a primeira
1939
lista de “Concentrações Máximas Permissíveis” para substâncias químicas presentes
nas indústria.
A ACGIH publica os Limites Máximos Permissíveis que em 1948 foram chamados de
1943
Limites de Tolerância.
1947 É criada a International Organization for Standardization (ISO).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi declarada, assegurando ao
trabalhador a manutenção e a segurança na aplicação de direitos como liberdade de
escolha de emprego, garantia de condições favoráveis de trabalho e proteção contra
1948
o desemprego, direito ao trabalho, direito ao repouso e lazer, limitação de horas
trabalhadas, padrão de vida que assegure o bem-estar do trabalhador e sua família e
férias periódicas remunerada
1948 Foi criada a OMS que inclui políticas direcionadas à saúde de trabalhadores.
1949 É criada a Ergonomic Research Society.
É publicada a Recomendação nº 97 da OIT sobre “Proteção da Saúde dos
1953
Trabalhadores”.
Publicação da obra “Neuroses das Telefonistas”, por Le Guillant – Síndrome Geral de
1957
Fadiga Nervosa.
Página 26 de 111
1959 É publicada a Recomendação nº 112 que trata dos Serviços de Medicina do Trabalho.
O Sistema Toyota de Produção (produção enxuta), conhecido como Toyotismo, é
consolidado como filosofia de produção. Caracterizado por funcionar de maneira
1960
oposta ao Fordismo, tinha como princípios o mínimo de estoque e a produção do bem
realizada de acordo com a demanda no tempo.
1970 Nos EUA, ocorre a criação da OSHA e NIOSH.
A ISO 9000 é publicada com a finalidade de estabelecer uma estrutura modelo de
1987 Gestão da Qualidade baseado em normas técnicas, para as organizações
empresariais.
1988 A OIT publica a Convenção nº 167 – Segurança e Saúde na Construção.
1995 A OIT publica a Convenção nº 176 – Segurança e Saúde na Mineração.
A ISO 14000 é publicada, cujo objetivo é estabelecer diretrizes para sistemas de
Gestão Ambiental direcionada as organizações. Nesse mesmo ano, um órgão britânico
1996 de elaboração de normas técnicas, publica a BS 8800, norma que apresenta requisitos
para implantação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
(SGSST).
Devido aos efeitos ao meio ambiente e à saúde, diversos países do mundo
2013 desenvolveram ações com o objetivo de minimizar os riscos provenientes da utilização
de mercúrio, culminando na assinatura da Convenção de Minamata sobre Mercúrio.
2018 A ISO 45001 – SGSST, é publicada.

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2.1 HISTORIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

Figura 1
Tarsila do Amaral – Operários 1933.
Figura 2
Cândido Portinari – Operário 1947.

Figura 1. Figura 2.

Ano História
No Brasil, Oswaldo Cruz, estudou doenças infecciosas no trabalho como o amarelão
1910 e a malária. Esse estudo aconteceu durante a construção da estrada de ferro Madeira-
Mamoré.
Durante o 4º Congresso Operário Brasileiro, constituiu-se a Confederação Brasileira
do Trabalho (CBT), a qual teve como finalidade promover um programa de
reivindicações operárias, tais como: jornada de trabalho de oito horas, semana de
seis dias, construção de casas para operários, indenização para acidentes de trabalho,
1912
limitação da jornada de trabalho para mulheres e crianças (menores de quatorze
anos), contratos coletivos (na época, individuais), obrigatoriedade de pagamento de
seguro para os casos de doenças e velhice, estabelecimento de um salário mínimo,
reforma de tributos públicos e exigência de instrução primária.
O presidente do Brasil Wenceslau Braz Gomes cria, através do Decreto nº 3.550, o
1918 Departamento Nacional do Trabalho, com o intuito de regulamentar a organização do
trabalho.
Decreto nº 3.724, foi instituída a reparação em caso de doença contraída pelo
1919 exercício do trabalho. O Decreto é conhecido como a primeira lei sobre acidentes de
trabalho.
Com a reforma “Carlos Chagas”, a higiene do trabalho incorpora-se ao âmbito da
1920 saúde pública através do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão
vinculado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
1920 Em Tatuapé/SP, surge o primeiro médico de empresa.
O presidente do Brasil Arthur Bernardes cria o Conselho Nacional do Trabalho, pelo
1923 Decreto n° 16.027. E também no mesmo ano, cria-se a Inspetoria de Higiene Industrial
e Profissional junto ao DNSP.
Criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas
1923
ferroviárias, marco da Previdência Social brasileira.
1930 É criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio pelo Presidente Getúlio Vargas.
Surgiram os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), entidades de grande porte,
abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades. Tais institutos foram
1933 o IAPTEC (para trabalhadores em transporte e cargas), IAPC (para os comerciários),
IAPI (industriários), IAPB (bancários), IAPM (marítimos e portuários) e IPASE
(servidores públicos).
O Decreto nº 24.637, cria a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, ampliando-
1934 se assim, o conceito de doença profissional. Tal decreto é considerado a segunda lei
de acidentes do trabalho.
A Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho se transforma em Serviço de Higiene
1938 do Trabalho passando, em 1942, a denominar-se Divisão de Higiene e Segurança do
Trabalho.
1940 Ocorre a fundação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Entra em vigor a CLT, inclusive com capítulo referente à Higiene e Segurança do
1943
Trabalho.
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É incluída a CIPA na legislação pelo Decreto nº 7036/44, conhecido como “Lei de
1944
Acidentes de Trabalho”.
1953 Acontece a regulamentação da CIPA pela Portaria 155.
1956 É aprovado a Convenção nº 81 – Fiscalização do Trabalho, da OIT.
1966 É criado a FUNDACENTRO, através da Lei nº 5.161.
Unificação dos Institutos com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social
1966
(INPS), atual Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
1970 Ocorria o maior número de acidentes de trabalho no mundo.
1972 É criado um Programa Nacional de Valorização do Trabalhador.
Em 1978 a FUNDACENTRO começa realizar análises, pesquisas e estudos relativos
1978
à higiene e à saúde ocupacional.
As Normas Regulamentadoras do Capítulo V da CLT são aprovadas através da
1978
Portaria 3.214.
É aprovada a Convenção 162 – Aplicada nas atividades onde ocorra exposição ao
1989
asbesto.
A atualização do quadro componente do SESMT, sendo então constituído por
1990 Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho,
Auxiliar de Enfermagem do Trabalho e Técnico em Segurança do Trabalho.
O conceito legal de acidente de trabalho e trajeto é definido pela Lei 8.213, que
1991 determina também que é obrigatório as empresas comunicarem os acidentes de
trabalho (CAT).
É, aprovado a Convenção nº 170 – Segurança na Utilização de Produtos Químicos,
1995
da OIT.
1997 Foi publicada a NR 29 que trata da Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.
É aprovado a Convenção nº 182 – Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação
1999
Imediata para a sua Eliminação, da OIT.
A ABNT publica as normas de Gestão de Qualidade de processo baseado na ISO
2000
9000.
2001 A proibição do trabalho infantil finalmente pela Portaria 458.
É aprovado a Convenção nº 174 – Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, da
2001
OIT, com exceção de instalações nucleares e instalações militares.
2002 É publicada a NR 30 que trata da Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.
É publicada a NR 31 que trata da Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,
2005
Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura.
2006 É publicada a NR 33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados.
A campanha “Amianto Mata” é lançada e tem como objetivo a comunicação do risco
do amianto para a população leiga e usuária dos parques municipais, cumprindo a
exigência legal sustentada em três eixos: proibição de novas construções contendo
2006
amianto, manutenção criteriosa do que já foi instalado evitando o desprendimento das
fibras cancerígenas e demolição, remoção e disposição final de estruturas que contêm
amianto.
2009 O termo “ato inseguro” é retirado da NR 1.
É publicada a NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
2011
Construção e Reparação Naval.
2012 É publicada a NR 35 – Trabalho em Altura.
É publicada a NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
2013
Processamento de Carnes e Derivados.
2018 É publicada NR 37 – Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo.
A Portaria MTP nº 4101/2022 Aprova a NR 38 – Segurança e Saúde no Trabalho nas
2022
Atividades de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos.

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Aula 3

Legislações Trabalhista

Página 30 de 111
3.1 INTRODUÇÃO

A Legislação surgiu pela necessidade do ser humano estabelecer regras na sua relação com
outros, precisou criar mecanismos que tornassem possível o convívio em sociedade, prevendo,
inclusive, sanções para aqueles que não agissem de acordo com o ordenamento jurídico. Assim,
elegemos o Estado como guardião e protetor dos nossos direitos, ao mesmo tempo fiscal dos
nossos deveres.
Como a área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) é muito legalista, acaba lidando com
inúmeras leis, normas, instruções técnicas, decretos, portarias, etc. Por isso é necessário conhecer
a legislação básica, sua hierarquia e os poderes federais (Legislativo, Executivo e Judiciário), que
constituem a democracia brasileira.
HIERARQUIA DAS LEIS
OS 3 PODERES FEDERAIS

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Exemplo prático de como é elaborada e implementada as Legislações de SST:

NOTA: Frequentemente as legislações são alteradas e atualizadas, portanto é importante


acompanhar essas mudanças e sempre fazer o download da última publicação.

3.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Preâmbulo: Nós, (Deputados e Senadores) representantes do povo brasileiro, reunidos em


Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
seguinte Constituição Federal:
NOTA: É a Lei maior (Suprema) onde estão escritos as diretrizes gerais da política do país. Dentre
estas diretrizes estão os direitos e garantias fundamentais para o povo, como os direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, definidos em seu art. 7 – São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I – Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa;
II – Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – Fundo de garantia do tempo de serviço;
IV – Salário mínimo, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas
e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
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transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V – Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI – Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII – Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII – Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – Proteção do salário, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa;
XII – Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda;
XIII – Duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
XIV – Jornada de 6 horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV – Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal;
XVII – Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal;
XVIII – Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias;
XIX – Licença paternidade;
XX – Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos;
XXI – Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias;
XXII – Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXIII – Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas;
XXIV – Aposentadoria;
XXV – Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 anos de idade em
creches e pré-escolas;
XXVI – Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII – Proteção em face da automação;
XXVIII – Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX – Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 1 anos após a extinção do contrato
de trabalho;

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XXX – Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência;
XXXII – Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII – Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer
trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos; e
XXXIV – Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso;
NOTA: São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em Lei e observada a simplificação do cumprimento das
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
à Previdência Social.
➢ DA RECISÃO DE CONTRATO

Art. 482 Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
a) Ato de improbidade;
b) Incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando
constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao
serviço;
d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da
execução da pena;
e) Desídia no desempenho das respectivas funções;
f) Embriaguez habitual ou em serviço;
g) Violação de segredo da empresa;
h) Ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) Abandono de emprego;
j) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas
físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e
superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) Prática constante de jogos de azar; e
m) Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em Lei para o exercício da profissão, em
decorrência de conduta dolosa do empregado.
NOTA: Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente
comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

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Art. 483 O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização
quando:
a) Forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por Lei, contrários aos bons
costumes, ou alheios ao contrato;
b) For tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
c) Correr perigo manifesto de mal considerável;
d) Não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) Praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da
honra e boa fama;
f) O empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem; e
g) O empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários.
3.2 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estatui as normas que regulam as relações individuais
e coletivas de trabalho, previstas no Decreto-Lei 5.452/1943.
➢ TERMOS E DEFINIÇÕES

Empregador:
Art. 2 Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
Empregado:
Art. 3 Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual
ao empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
➢ DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO

A Lei 6.514/77 altera o Cap. V do Titulo II da CLT, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá
outras providências correlatadas que passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 154 A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capitulo, não desobriga
as empresas do cumprimento de outras disposições com relação à matéria de SST.
Art. 155 Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de SST estabelecer, nos
limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos preceitos deste Capítulo, especialmente
os referidos no art. 200.
Art. 156 Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho (DRT), nos limites de sua
jurisdição, promover a fiscalização do cumprimento das normas de SST.
Art. 157 Cabe às empresas cumprir e fazer cumprir as normas de SST e instruir os empregados,
através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do
trabalho ou doenças ocupacionais.
Art. 158 Cabe aos empregados colaborar com a empresa na aplicação das normas de SST,
inclusive as instruções de que trata o art. 157.

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3.4 NORMAS REGULAMENTADORAS

As Normas Regulamentadoras (NRs) são disposições complementares ao


Capítulo V (Segurança e Medicina do Trabalho) do Título II da CLT, com
redação dada pela Lei 6.514/77. Consistem em obrigações, direitos e
deveres a serem cumpridos por empregadores e empregados com o
objetivo de garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de
doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.
As primeiras 28 NRs foram publicadas pela Portaria 3.214/78. As demais
normas foram criadas ao longo do tempo, visando assegurar a prevenção
da segurança e saúde de trabalhadores em serviços laborais de segmentos
econômicos específicos.
A elaboração e a revisão das normas são realizadas adotando um sistema
chamado de Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), compostas
por representantes do governo, de empregadores e de empregados.

Confira abaixo, o resumo de todas as NRs vigentes


NR 1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO): O objetivo desta
Norma é estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições
comuns relativas a SST e as diretrizes e os requisitos para o GRO e as medidas de prevenção, de
acordo com a hierarquia de controle que deverão ser cumpridas por todas as empresas privadas e
públicas, desde que possuam empregados regidos de acordo com a CLT, bem como os direitos e
deveres por parte do governo, empregadores e dos empregados.
NR 2 – Inspeção Prévia (REVOGADA): Determina que todo estabelecimento novo deverá solicitar
aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTE, que emitirá o Certificado de Aprovação
de Instalações (CAI), por meio de modelo pré-estabelecido.
NR 3 – Embargo ou Interdição: Estabelece as situações em que as empresas se sujeitam a sofrer
paralisação de seus serviços, máquinas ou equipamentos, bem como os procedimentos a serem
observados, pela fiscalização trabalhista, na adoção de tais medidas punitivas no tocante à SST. A
Delegacia Regional do Trabalho (DRT) poderá interditar ou embargar o estabelecimento, as
máquinas, setores de serviços se os mesmos demonstrarem grave e iminente risco para o
trabalhador, mediante laudo técnico, e/ou exigir providências a serem adotadas para a
regularização.
NR 4 – Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (SEMST): Estabelece
a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas, que possuam empregados regidos pela CLT,
de organizarem e manterem em funcionamento do SESMT, com a finalidade de promover a saúde
e proteger a integridade fisiopsíquica do trabalhador.
NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA): Estabelece a
obrigatoriedade das empresas privadas e públicas, desde que possuam empregados regidos pela
CLT, organizarem e manterem em funcionamento, por estabelecimento, uma comissão constituída
exclusivamente por empregados com o objetivo de prevenir infortúnios laborais, através da
apresentação de sugestões e recomendações ao empregador para que melhore as condições de
trabalho, eliminando as possíveis causas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI): Estabelece e define os tipos de EPIs a que as
empresas estão obrigadas a fornecer a seus empregados, sempre que as condições de trabalho o
exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade fisiopsíquica dos trabalhadores.

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NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): Estabelece a
obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam empregados, do PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde dos
trabalhadores.
NR 8 – Edificações: Dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas
edificações, observando-se a proteção, para garantir que haja segurança e conforto aos
trabalhadores que nelas trabalham, Observando as legislações pertinentes nos níveis federal,
estadual e municipal.
NR 9 – Avaliação e Controle dos Riscos Ambientais: Esta NR estabelece os requisitos para a
avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos quando
identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que tem como objetivo a
preservação da saúde e integridade do trabalhador, através da antecipação, avaliação e controle
dos riscos ambientais existentes, ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em vista
a proteção ao meio ambiente e até dos recursos naturais.
NR 10 – Instalações e Serviços de Eletricidade: Estabelece as condições mínimas exigíveis para
garantir a segurança dos empregados que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas
etapas, incluindo elaboração de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação,
assim como a segurança de usuários e de terceiros, em quaisquer das fases de geração,
transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, observando-se, para tanto, as normas
técnicas oficiais vigentes e, na falta destas, as normas técnicas internacionais.
NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais: Estabelece os
requisitos de segurança a serem observados nos locais de trabalho, no que se refere ao transporte,
movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, tanto de forma mecânica quanto manual,
objetivando a prevenção de infortúnios laborais, para garantir a segurança de todos os envolvidos
na atividade.
NR 12 – Máquinas e Equipamentos: Estabelece as medidas preventivas de segurança e higiene
do trabalho a serem adotadas pelas empresas em relação à instalação, operação e manutenção
de máquinas e equipamentos, visando à prevenção de acidentes do trabalho.
NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão: Estabelece os procedimentos de segurança que devem
ser observados nas atividades referentes a projeto de construção, acompanhamento de operação
e manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão, de modo a se
prevenir a ocorrência de acidentes do trabalho.
NR 14 – Fornos: Define os parâmetros e serem observados para a instalação de fornos, tendo
cuidados com gases, chamas e líquidos, devendo para isso, observar se os mesmos estão em
conformidade com o disposto em normas técnicas oficiais.
NR 15 – Atividades e Operações Insalubres: Descreve as atividades, operações e agentes
insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo, assim, as situações que, quando
vivenciadas nos ambientes de trabalho pelos trabalhadores, ensejam a caracterização do exercício
insalubre, e também os meios de proteger os trabalhadores de tais exposições nocivas à sua saúde.
NR 16 – Atividades e Operações Perigosas: Regulamenta as atividades e as operações legalmente
consideradas perigosas, estipulando as recomendações preventivas correspondentes e a
percepção do adicional de 30% incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa.
NR 17 – Ergonomia: Visa estabelecer parâmetros que permitem a adaptação das condições de
trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente.
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NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: Estabelece diretrizes
de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivem a implementação de
medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio
ambiente de trabalho na indústria da construção civil.
NR 19 – Explosivos: Estabelece as disposições regulamentadoras acerca do depósito, manuseio e
transporte de explosivos, objetivando a proteção da saúde e integridade física dos trabalhadores
em seus ambientes de trabalho.
NR 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis: Define os parâmetros
para as atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação
de inflamáveis e líquidos combustíveis, com o objetivo de proporcionar proteção da saúde e a
integridade física dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho.
NR 21 – Trabalho a céu aberto: Define o tipo de proteção que deve ser fornecida pela empresa
aos trabalhadores que trabalham sem abrigo, contra intempéries (insolação, condições sanitárias,
água etc.).
NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: Tem por objetivo disciplinar os preceitos
a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o
planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurança e
saúde dos trabalhadores.
NR 23 – Proteção contra Incêndios: Estabelece as medidas de proteção contra Incêndios que
devem dispor os locais de trabalho, visando à prevenção da saúde e da integridade física dos
trabalhadores.
NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais do Trabalho: Esta norma estabelece as
condições mínimas de higiene e de conforto a serem observadas pelas organizações, devendo o
dimensionamento de todas as instalações regulamentadas por esta NR.
NR 25 – Resíduos Industriais: Estabelece as medidas preventivas a serem observadas, pelas
empresas, no destino final a ser dado aos resíduos industriais resultantes dos ambientes de
trabalho de modo a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores.
NR 26 – Sinalização de Segurança: Estabelece a padronização das cores a serem utilizadas como
sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, de modo a proteger os trabalhadores,
evitando a distração, confusão e fadiga, bem como cuidados especiais quanto a produtos e locais
perigosos.
NR 27 – Registro Profissional do Técnico em Segurança do Trabalho (REVOGADA): Estabelece os
requisitos a serem satisfeitos pelo profissional que desejar exercer esta função, em especial no que
diz respeito ao seu registro profissional como tal, junto ao MTE.
NR 28 – Fiscalização e penalidades: Estabelece os procedimentos a serem adotados pela
fiscalização trabalhista de segurança e medicina do trabalho, tanto a concessão de prazos ás
empresas para a correção de irregularidades técnicas, como também, no que concerne ao
procedimento de autuação por infração as NRs e valores de multas.
NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: As disposições contidas nessa NR aplicam-se
aos trabalhadores portuários em operações tanto a bordo como em terra, assim como aos demais
trabalhadores que exerçam atividades nos portos organizados e instalações portuárias de uso
privativo e retro portuárias, situadas dentro ou fora da área do porto organizado.
NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: Aplica-se aos trabalhadores de toda
embarcação comercial utilizada no transporte de mercadorias ou de passageiros, na navegação

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marítima de longo curso, na cabotagem, na navegação interior, no serviço de reboque em alto-mar,
bem como em plataformas marítimas e fluviais, quando em deslocamento, e embarcações de apoio
marítimo e portuário.
NR 31 – SST na Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Exploração florestal a Aquicultura: Estabelece
os preceitos a serem observadas na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar
compatível o planejamento e o desenvolvimento de quaisquer atividades com SST.
NR 32 – SST em Serviços de Saúde: Tem por finalidade estabelecer diretrizes básicas para a
implementação de medidas de proteção à segurança e a saúde dos trabalhadores, daqueles que
exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
NR 33 – Espaços Confinados: Tem por objetivo estabelecer requisitos mínimos para a identificação
e o controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos
trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nessa atividade.
NR 34 – SST na indústria da construção e reparação naval: Estabelece requisitos
mínimos de SST nas atividades da indústria de construção e reparação naval.
NR 35 – Trabalho em Altura: Esta Norma estabelece os requisitos mínimos e as
medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a
organização, execução e treinamento de funcionários, de forma a garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta
atividade.
NR 36 – SST em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados: Estabelece os
requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes na indústria
de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano.
NR 37 – Plataformas de Petróleo: Esta NR tem por objetivo estabelecer os requisitos de segurança,
saúde e condições de vivência no trabalho a bordo em toda instalação ou estrutura de perfuração,
produção, intervenção, armazenamento ou transferência, fixa ou flutuante, destinada às atividades
relacionadas com a pesquisa, exploração, produção ou armazenamento de óleo e/ou gás oriundos
do subsolo, das águas interiores ou do mar, inclusive da plataforma continental em operação nas
Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB).
NR 38 – Atividades de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos: Esta NR estabelece as
medidas de prevenção para garantir as condições de segurança e saúde dos trabalhadores nas
atividades de limpeza urbana e manejo de resíduos originários de atividades comerciais, industriais
e de serviços, em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos, que, por decisão
do titular, sejam considerados resíduos sólidos urbanos, desde que tais resíduos não sejam de
responsabilidade de seu gerador nos termos da norma legal ou administrativa, de decisão judicial
ou de termo de ajustamento de conduta.

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➢ DA ESTRUTURA, CLASSIFICAÇÃO E REGRAS DE APLICAÇÃO

De acordo com a Portaria 672/2021 que disciplina os procedimentos, programas e condições de


SST e dá outras providências, em seu Cap. VI fala sobre estrutura, classificação e regras de
aplicação das NRs.
Art. 114 As NRs devem ser estruturadas em 4 partes básicas:
I – Sumário;
II – Objetivo;
III – Campo de aplicação; e
IV – Requisitos gerais, técnicos e administrativos.
NOTA: As NRs poderão ainda conter: Disposições transitórias e finais; Glossário; e Anexo,
representando parte especial ao corpo da norma.
Art. 117 As NRs são classificadas em 3 tipos:
Tipo Descrição NRs
Normas que regulamentam aspectos decorrentes da relação
Normas jurídica prevista em Lei, sem estarem condicionadas a outros 1, 3, 4, 5, 7, 9,
Gerais requisitos, como atividades, instalações, equipamentos ou 17, 28.
setores e atividades econômicos específicos.
6, 8, 10, 11, 12,
Normas que regulamentam a execução do trabalho
13, 14, 15, 16,
Normas considerando as atividades, instalações ou equipamentos
19, 20, 21 22, ,
Especiais empregados, sem estarem condicionadas a setores ou
23, 24, 25, 26,
atividades econômicas específicos.
33, 35.
18, 22, 29, 30,
Normas Normas que regulamentam a execução do trabalho em setores
31, 32, 34, 36,
Setoriais ou atividades econômicas específicos.
37, 38.

Normas
Normas que caiu em desuso (não tem validade jurídica). 2, 27.
Revogadas

Art. 118 Os Anexos das NRs são classificados em: Anexo tipo 1 (complementa diretamente a parte
geral da NR); e Anexo tipo 2 (dispõe sobre situação específica).
Art. 123 Em caso de conflito aparente entre dispositivos normativos, a solução se dará pela
aplicação das seguintes regras:
I – Norma Setorial se sobrepõe à Norma Especial ou Geral;
II – Norma Especial se sobrepõe à Norma Geral;
III – Parte geral da Norma se sobrepõe ao Anexo tipo 1; e
IV – Anexo tipo 2, considerando o seu campo de aplicação, sobrepõe-se à parte geral da Norma.
Art. 124 Em caso de lacunas na aplicação das NRs, aplicam-se as regras seguintes:
I – Norma Setorial pode ser complementada por Norma Especial ou Geral quando aquela não
contemple todas as situações sobre determinado tema; e
II – Norma Especial pode ser complementada por Norma Geral.
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3.5 NORMAS BRASILEIRAS

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) desde a sua fundação, em 1966 é uma
entidade privada sem fins lucrativos que tem por objetivo padronizar as técnicas de produção do
Brasil. Embora seja muito associada a trabalhos acadêmicos, ela também define normas e técnicas
para produtos industriais e prestação de serviços, avalia as conformidades e dispõe de programas
para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade está fundamentada
em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e de auditores multidisciplinares,
garantindo credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados. Conheça os objetivos
propostos pela ABNT.

Prover a sociedade de conhecimento sistematizado, que permita a produção, a


Missão comercialização e o uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos
mercados interno e externo.

Uma instituição ágil que responda com eficiência às demandas do mercado e da


Visão sociedade, comprometida com o desenvolvimento brasileiro, de forma sustentável,
nas dimensões econômica, social e ambiental.

Atuar de forma isenta e ética, garantindo ampla participação da sociedade brasileira


Valores
em suas áreas de atuação.

3.6 ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ACIDENTES DO TRABALHO

O Anuário Estatístico de Acidente do Trabalho (AEAT), publicado desde o ano 2000, constitui-se
em instrumento essencial de trabalho para os profissionais que desempenham atividades nas áreas
de SST, assim como para pesquisadores e demais pessoas interessadas no tema, mostrando
alguns dados sobre acidentes do trabalho, suas principais consequências, os setores de atividades
econômicas e a localização geográfica de ocorrência dos eventos.
Desta forma, é possível construir um diagnóstico mais preciso acerca destes acidentes, e propiciar
a elaboração de políticas mais eficazes para as áreas relacionadas com o tema de SST.
➢ DOS OBJETIVOS

I – Possibilitar avaliações sobre o desempenho do programa de SST da empresa, através de


comparações de índices de acidentes ocorridos entre os seus diversos setores ou entre empresas
de mesmo ramo de atividades na mesma ou em diferentes regiões do país ou no mundo.
II – Propiciar o desenvolvimento de estudos referentes ao custo de acidentes – quanto custa um
acidente de trabalho? Financeiramente falando, vale à pena investir na prevenção de acidentes?
III – Fornecer aos órgãos públicos e particulares dados concretos e atualizados da estatística
acidentária.
IV – Desenvolver programas que visem à redução de acidentes do trabalho e assim permitir que a
empresa pague prêmios menores no tocante ao seguro de acidente do trabalho.

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➢ TOTAL DE ACIDENTES DO TRABALHO POR CNAE – 2021

➢ HISTÓRICO DE ACIDENTES 2002-2020

Reportagem: vítimas de acidentes do trabalho 2023


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3.7 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

Fundada em 1919 para promover a justiça social, a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
é a única agência das Nações Unidas que tem uma estrutura tripartite, na qual representantes de
governos, empregadores e de trabalhadores de 187 Estados-membros participam em situação de
igualdade das diversas instâncias.

➢ DOS OBJEITVOS

A missão da OIT é promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um
trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. Para
a OIT, o trabalho decente é condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das
desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento
sustentável, definidas pela Nações Unidas.
Os 4 objetivos estratégicos da OIT são:
- Definir e promover normas e princípios fundamentais no trabalho;
- Criar maiores oportunidades de emprego e renda decentes;
- Melhorar a cobertura e a eficácia da proteção social para todos; e
- Fortalecer e fomentar um diálogo igualitário entre governos, empregadores e trabalhadores.
➢ PRINCIPAIS ORGANISMOS

A OIT realiza o seu trabalho através de 3 organismos principais, compostos por representantes de
governos, empregadores e trabalhadores:
A Conferência Internacional do Trabalho: Define as normas internacionais do trabalho e as políticas
gerais da OIT. Seu encontro acontece todos os anos em Genebra.
O Conselho de Administração: É o conselho executivo da OIT. Ele se reúne 3 vezes por ano em
Genebra e toma decisões sobre as políticas da OIT, além de estabelece o programa e o orçamento
que são submetidos à Conferência para adoção.
O Escritório Internacional do Trabalho: É o secretariado permanente da OIT. Trata-se do ponto focal
para todas as atividades gerais da OIT, preparadas sob o escrutínio do Conselho de Administração
e sob a liderança do Diretor-Geral.
O trabalho do Conselho de Administração e do Escritório é apoiado por comitês tripartites que
cobrem grandes indústrias, além de comitês de especialistas em assuntos como treinamento
profissional, desenvolvimento de gestão, segurança e saúde no trabalho, relações industriais,
educação dos trabalhadores e problemas especiais de mulheres e jovens trabalhadores.

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➢ DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Em 2016 entrou em vigor a resolução da ONU intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda
2030”, sobre desenvolvimento sustentável. Constituída por 17 objetivos, desdobrados em 169
metas, aprovada pelos líderes mundiais, numa reunião memorável na sede da ONU, em Nova
Iorque.
Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um apelo global para acabar com a
pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares,
possam desfrutar de paz e de prosperidade.

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3.8 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência das Nações Unidas


fundada em 1948 que liga países membros e profissionais para promover e
manter o mundo seguro e servir todos em qualquer lugar, atingindo o mais alto
nível de saúde (estado completo de bem-estar físico, mental e social).
A Organização trabalha na elaboração de estudos e estatísticas sobre a situação da saúde a nível
global. Os resultados destes estudos são divulgados em diversos documentos e relatórios que
podem ser facilmente acessados em seu site.
➢ ESTRUTURA

A OMS possui escritórios em cada um dos Estados-membros, (atualmente, 194), além de sua sede
em Genebra na Suíça e a cada ano, os membros da Organização se encontram na Assembleia
Mundial da Saúde para discutir e aprovar resoluções.
➢ PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

Definidos em sua carta constitucional de 1946, os princípios e diretrizes são:


I – O gozo do mais alto padrão de saúde possível é um dos direitos fundamentais de todo ser
humano, sem distinção de raça, religião, crença política, condição econômica ou social;
II – A saúde de todos os povos é fundamental para alcançar a paz;
III – A conquista de qualquer Estado-membro na promoção e proteção da saúde é de valor para
todos;
IV – O desenvolvimento desigual em diferentes países na promoção da saúde e controle de
doenças, especialmente doenças transmissíveis, é um perigo comum;
V – O desenvolvimento saudável da criança é de importância básica;
VI – A capacidade de viver harmoniosamente em um ambiente de mudança é essencial para esse
desenvolvimento;
VII – A extensão a todos os povos dos benefícios do conhecimento médico, psicológico e afins é
essencial;
VIII – A opinião informada e a cooperação ativa por parte do público são da maior importância para
a melhoria da saúde das pessoas; e
IX – Os governos têm uma responsabilidade pela saúde de seus povos, que só pode ser cumprida
com o fornecimento de medidas sociais e de saúde adequadas.

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➢ MISSÃO, VISÃO E VALORES

CONFIÁVEL PARA SERVIR A SAÚDE PÚBLICA EM TODOS


OS MOMENTOS
- Colocamos os interesses de saúde das pessoas em primeiro
lugar.
- Nossas ações e recomendações são independentes.
- Nossas decisões são justas, transparentes e oportunas.

PROFISSIONAIS COMPROMETIDOS COM A EXCELÊNCIA


EM SAÚDE
- Mantemos os mais altos padrões de profissionalismo.
- Somos guiados pela melhor ciência, evidências e
conhecimentos técnicos.
- Nós nos desenvolvemos e inovamos continuamente.

PESSOAS DE INTEGRIDADE
- Praticamos os conselhos que damos ao mundo.
- Nós nos envolvemos com todos de forma honesta e de boa fé.
- Responsabilizamos a nós mesmos e aos outros por palavras e
ações.

COLEGAS E PARCEIROS COLABORATIVOS


- Envolvemo-nos com colegas e parceiros para fortalecer o
impacto.
- Reconhecemos e usamos o poder da diversidade.
- Nós nos comunicamos abertamente com todos.

PESSOAS QUE SE PREOCUPAM COM PESSOAS


- Defendemos com coragem e abnegação o direito de todos à
saúde.
- Mostramos compaixão por todos os seres humanos.
- Nós nos esforçamos para que as pessoas sejam tratadas de
forma justa.

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Aula 4

Legislações Previdenciária

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4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL

A Lei 8.213/91 dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social mediante contribuição,
que tem por finalidade assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por
motivo de:
- Doenças, invalidez, morte e idade avançada;
- Proteção à maternidade;
- Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
- Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e
- Pensão por morte do segurado, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
➢ ACIDENTES DE TRABALHO

• Conceito Prevencionista x Previdenciário


Existem 2 tipos de conceitos relacionados à acidentes do trabalho, são eles:
I – Conceito Prevencionista:
Para os Prevencionista (profissionais em SST), entende-se por acidente do trabalho uma
ocorrência inesperada no ambiente laboral, que possa causar danos materiais, perda de tempo
e/ou lesão/doença ao trabalhador.
Esse conceito abraça todos os prejuízos oriundos de um acidente no ambiente de uma empresa,
tais como: diminuição do ritmo da produção para o atendimento ao acidentado, quebra de
máquinas, equipamentos e ferramentas, ferimentos físicos no trabalhador, geração de outros
acidentes em decorrência do sentimento de insegurança no ambiente de trabalho, etc.
II – Conceito Previdenciário:
Para a Previdência Social (INSS) em seu art. 19, “Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou perda, ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho”.
NOTA: Esse conceito refere-se única e exclusivamente aos danos ocasionados ao trabalhador,
uma vez que somente ele é objeto de preocupação da Previdência Social.

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A Previdência Social em seu art. 20 considera ainda como acidente do trabalho, as seguintes
entidades mórbidas:
Doenças Profissionais Doenças do Trabalho
Desencadeada em função de condições
Desencadeada pelo exercício do trabalho
especiais em que o trabalho é realizado e com
peculiar a determinada atividade
ele se relacione diretamente.

Exemplo:
a) A Secretária que trabalha em um escritório de uma empresa aérea e
adquire surdez ao longo do tempo de serviço contraiu uma Doença do
Trabalho, uma vez que a surdez não está diretamente relacionada com
sua atividade de secretária e sim à consequência de realizar suas
atividades em um ambiente com ruído.
b) A mesma Secretária sofre de uma doença que atinge os tendões dos
dedos e punhos, nesse caso, ela tem o que chamamos de Doença
Profissional, uma vez que foi adquirida devido à repetição contínua de
digitação no teclado do computador, sua ferramenta de trabalho.
NOTA: Não são consideradas como doença do trabalho: a doença degenerativa; a inerente a grupo
etário; a que não produza incapacidade laborativa; a doença endêmica adquirida por segurado
habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição
ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Art. 21 Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
- O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho,
ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
- O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:
a) Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro;
b) Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c) Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro;
d) Ato de pessoa privada do uso da razão; e
e) Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
- A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; e
- O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;

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c) Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro
de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; e
d) No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja
o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
NOTA: Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.
➢ NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO

O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) é uma metodologia que tem o objetivo
identificar quais doenças e acidentes estão relacionados com a prática de uma determinada
atividade profissional relatada pelo INSS.
No NTEP, tem-se a relação entre Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) das
empresas, agrupamento de classe e Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), conforme o teste de hipótese nesse método
demonstrado. É um componente do FAP, a partir do qual se dimensiona os benefícios (ligados às
doenças e aos acidentes de trabalho), a gravidade e os custos, considerando, dentre outros
requisitos, a causalidade de um fator, o desfecho de saúde, se existem trabalhadores expostos e a
probabilidade de adoecimento.
Art. 21-A A perícia médica do INSS considerará a natureza acidentária da incapacidade quando
constatar ocorrência de Nexo Técnico Epidemiológico entre o trabalho e o agravo (NTEP),
decorrente da relação entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID), em conformidade com o
que dispuser o regulamento.
➢ COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

Art. 22 A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho ao INSS até o 1º dia útil seguinte ao
da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa
variável entre o limite mínimo e o máximo do salário de contribuição, recebendo cópia fiel o
acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus
dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade
pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.
NOTA: Este texto não exime a empresa da responsabilidade pela falta do cumprimento da emissão
da CAT.

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➢ DOS BENEFÍCIOS

• Quanto ao Segurado
Aposentadoria por invalidez: A carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em
gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição
(art. 42).
Aposentadoria por idade: Será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei,
completar 65 anos de idade, se homem, e 60, se mulher. (art. 48).
Aposentadoria por tempo de contribuição.
Aposentadoria especial: Será devida, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos, conforme
dispuser o Decreto 3048/99. (art. 57).
Auxílio doença: Será devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos (art. 59).
Salário família: Será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto ao doméstico, e ao
segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (art.
65);
Salário maternidade: É devido à segurada, durante 120 dias, com início no período entre 28 dias
antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na
legislação no que concerne à proteção à maternidade (art. 71);
Auxílio acidente: Será concedido, como indenização ao segurado, quando, após consolidação das
lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (art. 86);
• Quanto ao dependente
Pensão por morte.
Auxílio reclusão: Será devido aos dependentes recolhido à prisão, que não receber remuneração
da empresa nem estiver em gozo de auxílio doença, de aposentadoria ou de abono de permanência
em serviço (art. 80);
• Quanto ao segurado e dependente
Serviço social: Compete ao Serviço Social esclarecer aos beneficiários seus direitos e os meios de
exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que
emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como
na dinâmica da sociedade (art. 88);
Reabilitação profissional: Deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente
para o trabalho e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a readaptação profissional
e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive (art. 89).

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OBS 1: A concessão da aposentadoria especial dependerá de
comprovação pelo segurado, perante o INSS, do tempo de trabalho
permanente, em condições especiais, durante o período mínimo
fixado.

OBS 2: O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de


recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a
processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade.
Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o
desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou,
quando considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez.

OBS 3: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de 12
meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio doença
acidentário, independentemente de percepção de auxílio acidente.
NOTA: Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e higiene do trabalho, o INSS
poderá fazer uma ação regressiva contra os responsáveis.
➢ PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO

A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário – Este “formulário” é o P.P.P (Perfil Profissiográfico Previdenciário) – na forma
estabelecida pelo INSS, emitido pela empresa, com base em Laudo Técnico das Condições
Ambientais do Trabalho (LTCAT) expedido por Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança
do Trabalho, devendo manter atualizado o PPP abrangendo as atividades desenvolvidas pelo
trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse
documento.
NOTA: O LTCAT deverá constar informações sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva
ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação
sobre a sua adoção pelo estabelecimento.
4.2 DECRETO 3.048/99

O Decreto 3.048/99 que regulamenta a Previdência Social (INSS) para fins de aposentadoria
especial, rege-se pelos seguintes princípios e objetivos:
a) Universalidade de participação nos planos previdenciários;
b) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
c) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;
d) Cálculo dos benefícios considerando-se os salários de contribuição corrigidos
monetariamente;
e) Irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar-lhe o poder aquisitivo;
f) Valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição ou do rendimento
do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo; e
g) Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite,
com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo.

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• Anexos
Este Decreto contém 5 anexos que são importantes e que o Profissional em SST precisa conhecer,
sendo:
ANEXO I – Relação das situações em que o aposentado por invalidez terá direito à majoração.
ANEXO II – Agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do trabalho.
ANEXO III – Relação das situações que dão direito ao auxílio acidente.
ANEXO IV – Classificação dos agentes nocivos.
ANEXO V – Relação de atividades preponderantes ao graus de risco conforme CNAE.
4.3 FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO

O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) fundamenta-se no disposto na Lei 10.666/2003,


objetivando incentivar a melhoria das condições de trabalho para o trabalhador, estimulando as
empresas a implementar políticas mais efetivas de SST.

Ele é apurado pelo INSS de acordo com o número de registros de acidentes de trabalho na empresa
afastados, sob código B90 e suas variações que permite à Receita Federal aumentar ou diminuir a
alíquota do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais de
Trabalho (GIIL-RAT), que cada empresa recolhe para o financiamento dos benefícios por
incapacidade laborativa.

NOTA: O FAP não representa impacto para as empresas que sejam optantes do SIMPLES Nacional
porque não há recolhimento da alíquota referente ao GIIL-RAT.
De acordo com a Lei 8.212/91, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano
de Custeio, e dá outras providências. em seu Cap. IV, art. 22 diz: A contribuição a cargo da
empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

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• Cálculo

As alíquotas poderão ser reduzidas em até 50% ou aumentadas em até 100%, conforme a
quantidade, a gravidade e o custo das ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao
seu segmento econômico (CNAE).
➢ ÍNDICE DE FREQUÊNCIA

Indica a incidência de acidentalidade em cada empresa. Para esse índice são computadas as
ocorrências acidentárias com afastamento pelo INSS à partir de 15 dias.
Os benefícios das espécies acidentárias (B91, B92, B93 e B94) concedidos que não apresentam
uma CAT vinculada, serão contabilizados como registros de acidentes ou doenças do trabalho pelo
NTEP.
• Cálculo

O número de acidentes registrados em cada empresa equivale às CAT registradas do tipo Inicial.
NOTA: Não é computado acidentes trajeto.
➢ ÍNDICE DE GRAVIDADE

Indica a gravidade das ocorrências acidentárias em cada empresa. Para esse índice são
computados todos os casos de afastamento acidentário com mais de 15 dias (B91, B92, B93 e
B94), atribuindo-se pesos diferentes para cada tipo de afastamento em função da gravidade da
ocorrência. Este índice é baseado no Sistema Único de Benefícios (SUB) da Previdência Social.
B93 – Pensão por morte ............. peso 0,50
B92 – Invalidez ........................... peso 0,30
B91 – Doença ............................. peso 0,10
B94 – Acidente ............................ peso 0,10
• Cálculo

➢ ÍNDICE DE CUSTO

Representa o custo dos benefícios por afastamento cobertos pelo INSS. Para esse índice são
computados os valores pagos pela Previdência em rendas mensais de benefícios e o tempo de
afastamento em meses ou fração, sendo que benefícios sem data final tem data de fim de ano
como base de cálculo.
B91 – Doença: o custo é calculado pelo tempo de afastamento em meses do trabalhador.
B92 – B93 – B94: o custo é calculado fazendo projeção da expectativa de sobrevida a partir da
tábua completa de mortalidade construída pelo IBGE, para toda a população brasileira,
considerando-se a média nacional única para ambos os sexos.

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• Cálculo

➢ ÍNDICE COMPOSTO

Criação do Índice Composto (F + G + C), pondera o percentil de gravidade com 50% de frequência
com 35% de gravidade de custo com 15% de importância.
• Cálculo

➢ BONIFICAÇÃO DO FAP (BÔNUS)

A aplicação da fórmula do IC (Índice Composto) resulta em valores entre 0 e 2, a faixa de


bonificação (bônus = IC ‹ 1,0) deve ser ajustada para que o FAP esteja contido em intervalo
compreendido entre 0,5 e 1,0. Este ajuste é possível mediante a aplicação da fórmula para
interpolação:
• Cálculo

➢ MAJORAÇÃO DO FAP (MALUS)

O valor do IC deve ser ajustado para a faixa do malus mediante aplicação da fórmula para
interpolação. A aplicação dessa fórmula implica o cálculo do FAP em função de uma redução de
25% no valor do IC.
• Cálculo

Caso a empresa apresente casos de morte ou invalidez permanente e seu IC seja superior a 1 o
valor do FAP será igual ao IC calculado. Nesses casos, a fórmula de interpolação do malus não se
aplica. Se os casos de morte ou invalidez forem decorrentes de acidente de trabalho tipificado como
acidente de trajeto, fica mantida a aplicação da redução de 25% ao valor do IC calculado
equivalente à faixa malus.
➢ INEXISTÊNCIAS DE ACIDENTES OU DOENÇAS NO PERÍODO

Quando a empresa não apresentar, no período-base de cálculo do FAP, registro de acidente ou


doença do trabalho, benefício acidentário concedido sem CAT vinculada e qualquer benefício
acidentário concedido no período-base de cálculo, seus índices de frequência, gravidade e custo
serão nulos e assim o FAP será igual a 0,5000 por definição.

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➢ FONTES DE DADOS DO FAP

I – Registros da CAT, relativos a cada acidente ocorrido, com ou sem afastamento.


II – Registros de concessão de benefícios acidentários que constam nos sistemas informatizados
do INSS, concedidos a partir de abril de 2007, sob a nova abordagem dos nexos técnicos aplicáveis
pela perícia médica, destacando-se aí o NTEP.
III – Dados populacionais de empregatícios registrados no cadastro Nacional de Informações
Sociais (CNIS) do MPS, número de empregados, massa salarial, afastamentos, alíquotas de 1%,
2% ou 3%, bem como valores devidos ao seguro social.
IV – Expectativa de sobrevida do segurado será obtida a partir da tábua completa de mortalidade
construída pelo IBGE, para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única
para ambos os sexos, mais recente do período-base.
V – Referido dado será utilizado pelo MPS para calcular o valor pago a título dos benefícios de
aposentadoria por invalidez, auxílio acidente ou pensão por morte. Nesses casos, o valor mensal
do benefício será multiplicado por 13 (número de prestações pagas no ano) e pelo número de anos
da expectativa de sobrevida, conforme dados da tábua de mortalidade do IBGE.
NOTA: O MPS publicará anualmente, sempre no mesmo mês (30/setembro), os índices de
frequência, gravidade e custo, por atividade econômica, e disponibilizará, na Internet, o FAP por
empresa, com as informações que possibilitem a esta verificar a correção dos dados utilizados na
apuração do seu desempenho.

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Aula 5

e-Social

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O eSocial - Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas,
instituído pelo Decreto 8.373/2014, na qual tem por finalidades: Viabilizar a garantia de direitos
previdenciários e trabalhistas; Racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações; Eliminar a
redundância nas informações prestadas pelas pessoas físicas e jurídicas; e Aprimorar a qualidade
de informações das relações de trabalho, previdenciárias e jurídicas. Sendo obrigatório em todos
os Órgãos Públicos Estaduais, Municipais, Federais, Empresas privadas, Microempreendedores e
contribuintes individuais.

➢ OBRIGAÇÕES FISCAIS

São 15 obrigações fiscais de forma unificada que passarão a ser informadas via Plataforma Digital
do eSocial. São elas:
I – GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social);
II – CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para controlar as admissões e
demissões de empregados sob o regime da CLT);
III – RAIS (Relação Anual de Informações Sociais);
IV – LRE (Livro de Registro de Empregados);
V – CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho);
VI – CD (Comunicação de Dispensa);
VII – CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social);
VIII – PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário);
IX – DIRF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte);
X – DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais);
XI – QHT (Quadro de Horário de Trabalho);
XII – MANAD (Manual Normativo de Arquivos Digitais);
XIII – Folha de Pagamento;

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XIV – GRF (Guia de Recolhimento do FGTS); e
XV – GPS (Guia da Previdência Social).
5.1 FASEAMENTO

A implementação do eSocial ocorre de forma progressiva em obediência às seguintes fases:


1ª Fase – Eventos de Tabelas: Envio de informações base para das demais tabelas, como a tabelas
de dados cadastrais das Secretarias, tabelas de lotações e a tabelas de rubricas.
2ª Fase – Eventos não Periódicos: Envio das tabelas de dados cadastrais e funcionais dos
servidores bem como as inclusões, alterações e exclusões desses dados. Envio de situações
esporádicas da folha.
3ª Fase – Eventos Periódicos: Envio dos dados de folha e remuneração com recorrência mensal.
Dados base para todos os cálculos legais pois traz todas as informações de pagamento para todos
os Servidores.
4ª Fase – Eventos de SST: Envio dos dados de SST, sendo os cadastros iniciais, atualização dos
dados e informativos obrigatórios pela legislação.
5.2 FORMAS DE ENVIO

Ao todo já são 4 formas distintas de gerar e transmitir informações trabalhistas aos órgãos
competentes, de maneira centralizada através do eSocial e os empregadores poderão optar pela
melhor forma de cumprir esta obrigação acessória e pode ser revista de acordo com a necessidade.
• eSocial Doméstico
Também conhecido como Simples Doméstico ou Módulo Doméstico do eSocial. É destinado
exclusivamente aos empregadores domésticos.
• eSocial Simplificado MEI
Este módulo pode ser usado exclusivamente pelos Microempreendedores Individuais que possuam
ao menos 1 empregado. Trata-se de um módulo online que realiza inclusive os cálculos trabalhistas,
dos tributos e encargos.
• eSocial Módulo Web
Este módulo é online e possui um nível de complexidade maior e que abrange um maior número
de situações jurídicas a que os empregadores possam estar submetidos. Não é necessário possuir
um sistema de folha de pagamento integrado igual ao eSocial Web Service já que as informações
serão digitadas manualmente nos respectivos campos.
• eSocial Service
Neste módulo as informações prestadas são transmitidas através de uma conexão direta entre os
softwares privados especialmente desenvolvidos para tal finalidade e o banco de dados do eSocial,
por isso, permite um fluxo maior de dados, e um alto nível de automação. Este módulo possui
também um ambiente de testes, que pode ser acessado através da página de Produção Restrita
com a finalidade de checar se os pacotes de informações gerados pelos sistemas internos no
formato .xml se adequam aos padrões e regras definidos no Manual Técnico de Orientação do
eSocial.

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5.3 TABELAS

As 27 tabelas são estabelecidas de forma padronizada, constante no anexo I do Leiaute do eSocial.


Seu conteúdo não sofre alteração pelo declarante e sim apenas mediante publicação de nova
versão.
Tabela 01 – Categorias de Trabalhadores.
Tabela 02 – Financiamento da Aposentadoria Especial e Redução do Tempo de Contribuição.
Tabela 03 – Natureza das Rubricas da Folha de Pagamento.
Tabela 04 – Códigos e Alíquotas de FPAS/Terceiros.
Tabela 05 – Tipos de Inscrição.
Tabela 06 – Países.
Tabela 07 – Tipos de Dependente.
Tabela 08 – Classificação Tributária.
Tabela 09 – Tipos de Arquivo do eSocial.
Tabela 10 – Tipos de Lotação Tributária.
Tabela 11 – Compatibilidade entre Categoria de Trabalhadores, Tributária e Tipos de Lotação.
Tabela 12 – Compatibilidade entre Tipos de Lotação e Classificação Tributária.
Tabela 13 – Parte do corpo atingida.
Tabela 14 – Agente Causador do Acidente de Trabalho.
Tabela 15 – Situação Geradora de Doença Profissional ou do Acidente de Trabalho.
Tabela 16 – Descrição da Natureza da Lesão.
Tabela 17 – Motivos de Afastamento.
Tabela 18 – Motivos de Desligamento.
Tabela 19 – Tipos de Logradouro
Tabela 20 – Códigos de Incidência Tributária da Rubrica para o IRRF
Tabela 21 – Compatibilidade entre FPAS e Classificação Tributária
Tabela 22 – Relacionamento entre Tipo de Valor do FGTS.
Tabela 23 – Agentes Nocivos e Atividades.
Tabela 24 – Tipos de Benefícios
Tabela 25 – Motivos de Cessação de Benefícios
Tabela 26 – Procedimentos Diagnósticos
Tabela 27 – Treinamentos, Capacitações, Exercícios Simulados e Outras Anotações.

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5.4 EVENTOS

As informações são prestadas ao eSocial por meio de eventos. Tratam-se de arquivos com
informações dos declarantes, elaborados de acordo com uma estrutura específica e pré-
determinada.
A forma como os dados devem ser dispostos num evento, as regras de validação de preenchimento
dos campos e a estrutura dessas informações, necessárias à composição de um evento, são
chamadas de leiaute.
Todos os eventos (de tabelas, não periódicos e periódicos) possuem um leiaute específico e o
conjunto desses leiautes, com seus anexos, são publicados e ficam disponíveis no sítio do eSocial.
As informações requeridas nos eventos devem ser preenchidas com a observância de dois tipos
de regras: as regras de validação constantes nos próprios grupos e campos do leiaute e as regras
gerais, constantes de uma tabela específica de regras, publicadas em documento anexo ao arquivo
onde constam os leiautes dos eventos (Anexo II).
➢ EVENTOS INICIAIS

É o 1° grupo de eventos a ser transmitido ao Ambiente Nacional do eSocial. O evento S-1000


identifica o declarante, contendo dados básicos de sua classificação fiscal e de sua estrutura
administrativa. Além do evento S-1000, as tabelas do empregador são: tabelas de estabelecimentos
(S-1005), rubricas da folha de pagamento (S-1010), lotações tributárias (S-1020) e informações de
processos administrativos (S-1070).
Estes eventos complementam a estrutura da base de dados, sendo responsáveis por uma série de
informações que validam os eventos não periódicos e periódicos, e buscam otimização na geração
dos arquivos e no armazenamento das informações no Ambiente Nacional do eSocial, por serem
utilizadas em mais de um evento do sistema ou por se repetirem em diversas partes do leiaute.
Nesse sentido, só precisam ser enviados quando suas informações forem referenciadas em outros
eventos.
A tabela S-1005, por exemplo, pode ser enviada no momento imediatamente anterior ao do envio
do evento S-2200 relativo a um empregado, ainda que na fase de cadastramento inicial, já que
suas informações só têm valor jurídico quando referenciadas em outros eventos.
A perfeita manutenção dessas tabelas descritas logo abaixo é fundamental para a recepção dos
eventos periódicos e não periódicos e a adequada apuração das bases de cálculo e dos valores
devidos de tributos e FGTS, já que a administração do período de validade das informações é
importante pois impacta diretamente os demais eventos que as utilizam.
• Eventos
S-1000: Informações do Empregador/Contribuinte/Órgão Público.
S-1005: Tabela de Estabelecimentos/Obras/Unidades de Órgãos Públicos.
S-1010: Tabela de Rubricas.
S-1020: Tabela de Lotações Tributárias.
S-1070: Tabela de Processos Administrativos/Judiciais.

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➢ EVENTOS PERIÓDICOS

São aqueles cuja ocorrência tem periodicidade previamente definida, compostos por informações
de folha de pagamento, de apuração de outros fatos geradores de contribuições previdenciárias
como, por exemplo:
• Eventos
S-1200: Remuneração de Trabalhador Vinculado ao Regime Geral da Previdência Social.
S-1202: Remuneração de Servidor Vinculado a Regime Próprio da Previdência Social.
S-1207: Benefícios Previdenciários – RPPS.
S-1210: Pagamentos de Rendimentos do Trabalho.
S-1260: Comercialização da Produção Rural de Pessoa Física.
S-1270: Contratação de Trabalhadores Avulsos Não Portuários.
S-1280: Informações Complementares aos Eventos Periódicos.
S-1298: Reabertura dos Eventos Periódicos.
S-1299: Fechamento dos Eventos Periódicos.
➢ EVENTOS NÃO PERIÓDICOS

São aqueles que não têm uma data pré-fixada para ocorrer, pois dependem de acontecimentos na
relação entre o declarante e o trabalhador que influenciam no reconhecimento de direitos e no
cumprimento de deveres trabalhistas, previdenciários e fiscais como, por exemplo, a
admissão/ingresso de um empregado/servidor, a alteração de salário, a exposição do trabalhador
a agentes nocivos e o desligamento, dentre outros.
Inclui-se neste grupo o cadastramento inicial dos vínculos dos empregados ativos, servidores
ativos, mesmo que afastados, dos militares e dos beneficiários dos RPPS. Tais informações são
enviadas no evento S-2200 após o envio do grupo de eventos de tabelas.
• Eventos
S-2190 – Admissão de Trabalhador.
S-2200 – Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão do trabalhador.
S-2205 – Alteração de Dados Cadastrais do Trabalhador.
S-2206 – Alteração de Contrato de Trabalho.
S-2210 – Comunicação de Acidente de Trabalho.
S-2220 – Monitoramento da Saúde do Trabalhador.
S-2230 – Afastamento Temporário.
S-2231 – Cessão/Exercício em Outro Órgão.
S-2240 – Condições Ambientais do Trabalho.
S-2298 – Reintegração.
S-2299 – Desligamento.
S-2300 – Trabalhador sem Vínculo de Emprego/Estatutário (início).
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S-2306 – Trabalhador sem Vínculo de Emprego/Estatutário (alteração contratual).
S-2399 – Trabalhador sem Vínculo de Emprego/Estatutário (término).
S-2400 – Cadastro de Benefícios Previdenciários RPPS.
S-2405 – Alteração de Dados Cadastrais do Beneficiário (entes públicos).
S-2410 – Cadastro de Benefícios ente Público.
S-2416 – Alteração do Cadastro de Benefícios (entes públicos).
S-2418 – Reativação de Benefícios.
S-2420 – Cadastro de Benefícios (entes públicos) término.
S-2500 – Processo Trabalhista.
S-2501 – Informações dos Tributos Decorrentes de Processo Trabalhista.
S-3000 – Exclusão de Eventos.
S-3500 – Exclusão de Eventos (processo trabalhista).
S-5001 – Informações das Contribuições Sociais Consolidadas por Trabalhador.
S-5002 – Imposto de Renda Retido na Fonte.
S-5003 – Informações do FGTS por Trabalhador.
S-5011 – Informações das Contribuições Sociais Consolidadas por Contribuinte.
S-5013 – Informações do FGTS Consolidadas por Contribuinte.
S-5501 – Informações Consolidadas de Tributos Decorrentes de Processo Trabalhista.
S-8299 – Baixa Judicial do Vínculo.

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Aula 6

Política de Segurança e Saúde no Trabalho

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A Política é um método de ação, que foi escolhido deliberadamente e que guia ou tem influência
nas decisões futuras. No caso de uma Política de Segurança e Saúde no Trabalho (PSST) é um
plano definido de ações elaborado para prevenir acidentes e doenças ocupacionais.
Existe a obrigação de implantar políticas dessa natureza, que é prevista de várias formas na
legislação brasileira e deve incluir, no mínimo, os elementos requeridos pelo MTE através das NRs.
Para ser eficaz, uma PSST deve:
a) Ter comprometimento da alta hierarquia da organização;
b) Definir a legislação de SST como um padrão mínimo de ação;
c) Responsabilidade de todos os níveis de gestão para executar as ações;
d) Cooperação entre gestores e trabalhadores para o seu desenvolvimento;
e) Previsão de revisões periódicas (monitoramento);
f) Fornecimento de recursos financeiros necessários;
g) Cronograma detalhado de metas; e
h) Divulgação entre os colaborada organização.
É muito benéfico às empresas elaborar e manter uma boa PSST. Assim, elas evitam perdas
humanas ou financeiras decorrentes de acidentes e doenças ocupacionais. Além de obter
certificações de excelência no mercado e permanecer em dia com a Lei.
NOTA: Muito importante, que a PSST esteja de acordo com as metas operacionais e financeiras
da empresa e conectada diretamente à rotina de trabalho dos colaboradores. Operando ainda em
sintonia com outras políticas corporativas às quais a empresa já tenha implementado.
PSST – Celesc.
PSST – Nestlé.
6.1 POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

A proposta de construção de uma Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST)


nasceu da necessidade de garantir que o trabalho, base da organização social e direito humano
fundamental, seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e
a realização pessoal e social dos trabalhadores, sem prejuízo para sua saúde e integridade física
e mental.

O Decreto 7.602/2011 que dispõe da PNSST tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria
da qualidade de vida do trabalhador, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes
de trabalho, através de alguns princípios básicos:
a) Universalidade;
b) Ações de promoção, prevenção, proteção, reabilitação e reparação;
c) Diálogo social; e
d) Integralidade.
Para o alcance de seu objetivo a PNSST deverá ser implementada por meio da articulação
continuada das ações de governo no campo das relações de trabalho, produção, consumo,
ambiente e saúde, com a participação voluntária das organizações representativas de
trabalhadores e empregadores.
➢ DIRETRIZES

As ações no âmbito da PNSST devem constar no Plano Nacional de Segurança e Saúde no


Trabalho (PLANSAT) e desenvolver-se de acordo com as seguintes diretrizes:

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Diretrizes Estratégias

Inclusão de todos • Elaboração de dispositivos legais, adotando princípios comuns de SST


os trabalhadores no para todos os trabalhadores, independentemente de sua inserção no
sistema nacional de mercado de trabalho.
SST.

• Normatizar, de forma interministerial, os assuntos referentes à SST, em


matérias que requeiram ações integradas ou apresentem interfaces entre
Harmonização da os diversos órgãos de governo; e
legislação em SST.
• Adotar regras comuns de SST para todos os trabalhadores, observando
o princípio da equidade.

Integração das
ações • Articular as ações governamentais de promoção, proteção, prevenção
governamentais em assistência, reabilitação e reparação da saúde do trabalhador.
SST.

• Promoção de estudos para aperfeiçoamento da legislação e medidas de


Adoção de medidas
controle das atividades de alto risco; e
especiais para
atividades de alto
• Proposição de linhas de financiamento/crédito e outras políticas de
risco. benefícios.

Estruturação de • Compatibilização dos instrumentos de coleta de dados e fluxos de


uma rede integrada informações a serem partilhados pelos órgãos governamentais; e
de informações em
SST. • Disponibilização de acesso da sociedade às informações em SST.

• Aperfeiçoamento dos regulamentos relacionadas à gestão e indicadores


Implementação de de SST; e
SGSST nos setores
públicos e privados. • Estabelecimento de incentivos para os investimentos em promoção,
proteção e prevenção em SST.

Capacitação e • Inclusão de conhecimentos básicos em SST no currículo do ensino


educação fundamental, médio, técnico, profissionalizante e superior da rede pública
continuada em SST. e privada.

• Estabelecimento de parcerias/apoio com as instituições técnicas para a


Criação de uma
realização de estudos e pesquisas; e
agenda integrada
de estudos e
• Promoção de estudos e pesquisas para conhecer o perfil epidemiológico
pesquisas em SST.
e os riscos no trabalho informal.

Reportagem: PLANSAT.

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➢ RESPONSABILIDADES

São responsáveis pela implementação e execução da PLANSAT:


• Ministério do Trabalho e Emprego
Que tem por responsabilidade: Formular e propor as diretrizes da inspeção do trabalho, bem como
supervisionar e coordenar a execução; Elaborar e revisar, em modelo tripartite, as NRs; Participar
da elaboração de programas especiais de proteção ao trabalho, assim como da formulação de
novos procedimentos reguladores das relações capital-trabalho; Promover estudos da legislação
trabalhista, no âmbito de sua competência, propondo o seu aperfeiçoamento; Acompanhar o
cumprimento, em âmbito nacional, dos acordos e convenções ratificados pelo Governo brasileiro
junto a organismos internacionais, nos assuntos de sua área de competência; Planejar, coordenar
e orientar a execução do Programa de Alimentação do Trabalhador; e Por intermédio da
FUNDACENTRO – elaborar estudos e pesquisas pertinentes aos problemas que afetam a
segurança e saúde do trabalhador e produzir análises, avaliações e testes de medidas e métodos
que visem à eliminação ou redução de riscos no trabalho.
• Ministério da Saúde
Que tem por responsabilidade: Fomentar a estruturação da atenção integral à saúde dos
trabalhadores, o fortalecimento da vigilância de ambientes, processos e agravos relacionados ao
trabalho, a assistência integral à saúde dos trabalhadores, reabilitação física e psicossocial e a
adequação e ampliação da capacidade institucional; Definir, em conjunto com as secretarias de
saúde de Estados e Municípios, normas, parâmetros e indicadores para o acompanhamento das
ações de saúde do trabalhador a serem desenvolvidas no Sistema Único de Saúde (SUS);
Promover a revisão periódica da listagem oficial de doenças relacionadas ao trabalho; Contribuir
para a estruturação e operacionalização da rede integrada de informações em saúde do
trabalhador; Apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas em saúde do trabalhador; e
Promover a participação da comunidade na gestão das ações em saúde do trabalhador.
• Ministério da Previdência Social
Que tem por responsabilidade: Subsidiar a formulação e a proposição de diretrizes e normas
relativas à interseção entre as ações de SST e as ações de fiscalização e reconhecimento dos
benefícios previdenciários decorrentes dos riscos ambientais do trabalho; Coordenar, acompanhar,
avaliar e supervisionar as ações do Regime Geral de Previdência Social como a atualização e
revisão dos Planos de Custeio e de Benefícios; Realizar estudos, pesquisas e propor ações
formativas visando ao aprimoramento da legislação; e Por intermédio do INSS – realizar ações de
reabilitação profissional, bem como avaliar a incapacidade laborativa para fins de concessão de
benefícios previdenciários.

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Aula 7

Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho

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7.1 SGSST – OIT

Essas diretrizes sobre Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) elaboradas
e publicadas pela OIT e traduzida para a versão brasileira pela FUNDACRENTO, devem contribuir
para proteger os trabalhadores contra fatores de risco (perigos) eliminando, lesões, doenças,
incidentes, e mortes relacionados ao trabalho. Tais recomendações não possuem caráter
obrigatório e não têm por objetivo substituir a legislação nacional nem as normas aceitas.
O SGSST deve incluir os principais elementos de política, organização, planejamento,
implementação, avaliação e ação para melhorias contínuas tal como mostra de forma descritiva
logo abaixo.
NOTA: Sua aplicação não exige certificação.
➢ POLÍTICA

O empregador, mediante consulta profissional junto aos trabalhadores e/ou seus representantes,
deve estabelecer e apresentar, por escrito, uma PSST que deve ser:
a) Específica para a organização;
b) Concisa, datada e efetivada através de assinatura dos responsáveis;
c) Comunicada e facilmente acessível a todas as pessoas no local de trabalho;
d) Revisada; e
e) Colocada à disposição das partes externas interessadas, conforme o caso.

➢ ORGANIZAÇÃO

De acordo com o porte e a natureza da atividade econômica da organização, deve ser elaborada e
mantida atualizada uma documentação sobre o SGSST que compreenda:
a) A política da organização em matéria de SST;
b) As funções administrativas e as responsabilidades fundamentais;
c) Os perigos e riscos significativos para a SST;
d) As medidas adotadas para preveni-los e controlá-los; e
e) Os planos, os procedimentos, as instruções e outros documentos internos utilizados na
estrutura do SGSST.

➢ PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO

A análise inicial deve ser executada por profissionais competentes, mediante consulta junto aos
trabalhadores e/ou seus representantes, conforme o caso, e deve permitir:
a) Identificar a legislação nacional aplicável e vigente;
b) Identificar, prever e avaliar os perigos e riscos resultantes do ambiente de trabalho existentes
ou futuros;
c) Determinar se os controles existentes são eficientes; e
d) Analisar os dados obtidos a partir da vigilância da saúde dos trabalhadores.
Os resultados da análise inicial devem estar documentados e servir de base para a tomada de
decisões sobre a implementação do SGSST.
• Situações de Emergências
Essas medidas devem identificar o potencial de ocorrência de acidentes e situações de emergência
e direcionar a prevenção dos riscos de SST a eles associados. Elas também devem:

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a) Garantir a informação e coordenação em situações de emergência;
b) Estabelecer comunicação com autoridades competentes;
c) Organizar serviços de primeiros socorros e assistência médica, combate a incêndios e
evacuação de todas as pessoas que se encontrem no local de trabalho; e
d) Oferecer capacitação a todos os membros da organização, incluindo exercícios periódicos
em situações de emergência.

➢ AVALIAÇÃO

O monitoramento (pró-ativo e reativo) e a medição (qualitativa e/ou quantitativa) do desempenho


devem permitir que se determine em que extensão a política e os objetivos de SST estão sendo
implementados e se os riscos estão sendo controlados.
➢ MELHORIA CONTÍNUA

Providências devem ser estabelecidas e mantidas para ações preventivas e corretivas resultantes
do monitoramento e da medição de desempenho do SGSST, das auditorias e das análises críticas
realizadas pela administração.
NOTA: Os processos e os resultados da organização em matéria de SST devem ser comparados
com os resultados de outras organizações de forma a melhorar o desempenho do SGSST em prol
da melhoria contínua.

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7.2 SGSST – ISO 45001/2018

• Termos e Definições
Sistemas de Gestão: conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos de uma organização
que estabelece política, objetivos e processos para atingir esses objetivos.
Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST): sistema de Gestão ou parte de
um Sistema de Gestão usado para atingir a PSST.
Política de Segurança e Saúde no Trabalho (PSST): intenções e orientações de uma organização
para evitar lesões e doenças ocupacionais, consequentemente, fornecer locais de trabalho seguros
e saudáveis.
Perigo: fonte com potencial de causar lesões e doenças.
Risco: efeito da incerteza (positivo ou negativo). Combinação da probabilidade de ocorrência do
evento perigoso com a gravidade das lesões e doenças possivelmente causadas pela exposição.
Oportunidade: circunstância que apresenta a possibilidade de resultar em melhoria de desempenho
de SST.
• Do Conteúdo

A ISO (Organização Internacional de Normalização) 45001/2018 tem por finalidade fornecer uma
estrutura para gerenciar riscos, evitando lesões e doenças ocupacionais e consequentemente
proporcionando locais de trabalho seguros e saudáveis. A implementação, manutenção e sua
eficácia da podem incluir:
a) Liderança, comprometimento e responsabilidade da alta administração;
b) Promoção de uma cultura que apoie os resultados pretendidos;
c) Comunicação;
d) Consulta e participação dos trabalhadores;
e) Alocação dos recursos necessários para mantê-lo;
f) Políticas compatíveis com os objetivos da organização;
g) Avaliação;
h) Monitoramento; e
i) Cumprimento de seus requisitos legais.
NOTA: A abordagem do SGSST aplicada neste documento baseia-se no conceito PDCA conforme
ilustrada abaixo

Planejar: estabelecer objetivos e os processos


necessários para atingir os resultados de acordo com a
política de SST da organização;

Executar: implementar os processos conforme planejado;

Verificar: monitorar e medir atividades e processos em


relação à política e aos objetivos de SST, e relatar os
resultados;

Agir: tomar ações para melhorar continuamente o


desempenho de SST para alcançar os resultados
pretendidos.

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Este documento não inclui requisitos específicos para outros assuntos, como os sistemas de gestão
da qualidade, responsabilidade social, ambiental, segurança patrimonial ou financeira, embora
seus elementos possam ser alinhados ou integrados ao SGSST que é aplicável a qualquer
organização, independentemente de seu porte ou atividade econômica.
Uma organização que deseja demonstrar conformidade com este documento pode fazê-lo
buscando a certificação por uma organização externa.
➢ CONTEXTO

O entendimento do contexto de uma organização é usado para estabelecer, implementar, manter


e melhorar continuamente o SGSST. É possível que as questões internas e externas sejam
positivas ou negativas e incluem condições, características ou circunstâncias variáveis que
possivelmente afetam o SGSST, por exemplo:
Questões Externas Questões Internas

Ambiente cultural, social, político, jurídico, Estrutura organizacional, responsabilização,


financeiro, tecnológico, econômico. bem como suas percepções e valores.

A concorrência de mercado internacional, Extensão das relações contratuais, incluindo,


nacional ou regional. regimes de tempo e condições de trabalho.

Introdução de novos, contratados e parceiros,


Capacidades, em termos de recursos
novas tecnologias, novas leis e o surgimento de
financeiros, conhecimento e competência.
novas profissões.

Novos conhecimentos sobre produtos e seus Políticas, estratégias, Normas, diretrizes e


efeitos sobre SST. modelos adotados pela organização.

Introdução de novos produtos, materiais,


Principais tendências para o setor com impacto
serviços, ferramentas, softwares, instalações e
sobre a organização.
equipamentos.

➢ PLANEJAMENTO

A organização deve levar em conta:


• Identificação de Perigo
A organização deve estabelecer, implementar e manter processo contínuo e proativo para
identificação de perigos, levando em conta:
a) Como o trabalho é organizado, fatores sociais, liderança e cultura da organização;
b) Atividades e situações rotineiras e não rotineiras;
c) Incidentes relevantes, internos ou externos da organização;
d) Situações de emergência potenciais;
e) Pessoas (contratados, visitantes, vizinhanças);
f) Mudanças na organização (operações, processos, atividades).
g) Mudanças no conhecimento e em informações sobre perigos.

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• Avaliação de Riscos
A metodologia e os critérios da organização para avaliação dos riscos de SST devem ser definidos
em função do seu escopo, natureza e periodicidade, para garantir que sejam proativos, não
reativos, e que sejam utilizados de forma sistemática.
• Oportunidades
Ao planejar suas ações, a organização deve considerar as melhores práticas, opções tecnológicas
e requisitos financeiros, operacionais e de negócios.
• Requisitos Legais
A organização deve manter e reter informações documentada sobre seus requisitos legais e deve
garantir que seja atualizada para refletir quaisquer mudanças.
➢ SUPORTE

A organização deve determinar e fornecer os recursos, competência, conscientização,


comunicação (externa e interna) necessários para o estabelecimento, a implementação, a
manutenção e a melhoria contínua do SGSST.
➢ OPERAÇÃO E CONTROLE

A organização deve estabelecer, implementar e manter processos para a eliminação de perigos e


redução de riscos de SST usando a seguinte hierarquia de controles:
I – Eliminação
Ex: Remover o perigo; Parar de usar produtos químicos perigosos; Aplicar abordagens
ergonômicas ao planejamento de novos locais de trabalho; Eliminar trabalho monótono ou trabalho
que causa estresse negativo; e Remover empilhadeiras de uma área.
II – Substituição dos processos, operações, materiais ou equipamentos
Ex: Substituir o perigo por algo menos perigoso; Mudar de respostas a reclamações de clientes
para orientação online; Combater riscos de SST na fonte; Substituir tinta à base de solvente por
tinta à base de água; Trocar material de piso escorregadio; e Reduzir os requisitos de tensão do
equipamento.
III – Controles de engenharia e reorganização do trabalho
Ex: Isolar as pessoas do perigo; Implementar medidas de proteção coletivas (isolamento, proteção
de máquinas, sistemas de ventilação); Cuidar do manuseio mecânico; Proteger contra quedas de
altura usando trilhos de proteção; e Reorganizar o trabalho para evitar que as pessoas trabalhem
sozinhas, em horas de trabalho insalubres ou para evitar a vitimização.
IV – Controles administrativos
Ex: Treinamentos; Realizar inspeções periódicas de equipamentos de segurança; Gerenciar a
coordenação de SST com as atividades dos subcontratados; Administrar licenças de condução de
empilhadeiras; Fornecer instruções sobre como relatar incidentes, inconformidades e vitimização
sem medo de retaliação; Mudar os padrões de trabalho; e Gerenciar um programa de vigilância
médica para trabalhadores que tenham sido identificados com doenças ocupacionais.
V – EPIs:
Ex: Fornecimento de EPIs adequados, além dos treinamentos para utilização, manutenção,
higienização e conservação dos dispositivos de segurança.
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• No Caso de Mudanças
A organização deve estabelecer processos para a implementação e o controle de mudanças
temporárias e permanentes planejadas que afetam o desempenho de SST, incluindo:
a) Novos produtos, serviços e processos;
b) Mudanças nos requisitos legais;
c) Mudanças no conhecimento ou nas informações sobre perigos e riscos de SST;
d) Desenvolvimentos em conhecimento e tecnologia.

• Contratados
A organização deve garantir que os requisitos do seu SGSST estejam incluídos nos documentos
contratuais e que sejam cumpridos pelos contratados/terceirizados.
• Situações de Emergências
A organização deve estabelecer, implementar e manter processos necessários para se preparar e
responder a emergências em potencial, conforme identificadas, devendo:
a) Estabelecer uma resposta planejada para emergências, incluindo primeiros socorros;
b) Fornecer treinamento para a resposta planejada;
c) Testar e exercitar periodicamente a capacidade de resposta planejada;
d) Avaliar o desempenho;
e) Comunicar e fornecer informações relevantes sobre seus deveres e responsabilidades; e
f) Comunicar informações relevantes a contratados;
NOTA: A organização precisa levar em conta as necessidades e capacidades de todas as partes
interessadas relevantes e garantindo seu envolvimento, conforme apropriado, no desenvolvimento
da resposta planejada.
➢ AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

A organização deve estabelecer, implementar e manter processos para monitoramento, medição,


análise e avaliação de desempenho, devendo determinar:
a) O que precisa ser monitorado e medido;
b) Os métodos, conforme aplicável;
c) Os critérios;
d) Quando devem ser executados;
e) Quando devem ser analisados; e
f) Quando devem comunicados.
NOTA: A organização deve garantir que os equipamentos de monitoramento e medição sejam
calibrados/verificado.
• Auditoria Interna
A organização deve realizar auditorias internas em intervalos planejados para fornecer informações
quanto o SGSST se está em conformidade com os requisitos da própria organização e se foi
implementado e é mantido de forma efetiva.
NOTA: Para mais informações sobre auditoria e a competência dos auditores, veja a ISO 19011.

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➢ MELHORIA CONTÍNUA

A organização deve determinar oportunidades para melhoria contínua e implementar as ações


necessárias para alcançar os resultados pretendidos do seu SGSST, da seguinte forma:
a) Aprimorando o desempenho;
b) Promovendo uma cultura que apoie;
c) Promovendo a participação dos trabalhadores;
d) Comunicando os resultados relevantes de melhoria contínua; e
e) Mantendo a informação documentada como evidência.

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Aula 8

PDCA

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O PDCA é uma sigla em inglês que quer dizer, PLAN–DO–CHECK–ACT, significa Planejar-Fazer-
Verificar-Agir. Trata-se de uma metodologia, uma técnica de gestão interativa que consiste
justamente nestes quatro passos, e que tem como objetivo melhorar os processos e os produtos
de forma contínua.

• Plan (planejar)
Neste 1° passo para a aplicação, deve-se elaborar um plano com base nas diretrizes e políticas da
organização e uma estratégia que se proponha a resolver os problemas levantados.
A partir disso, deve levar em consideração 3 fases fundamentais: a 1ª fase é o estabelecimento dos
objetivos e metas do ciclo; a 2ª é a escolha do método para que estes objetivos e metas sejam
atingidos; e a 3ª é a escolha dos profissionais que liderarão os processos.
Como ocorre em qualquer planejamento, a boa e cuidadosa elaboração desta etapa evita falhas e
perdas de tempo desnecessárias nas próximas fases do ciclo PDCA.
NOTA: Uma meta sempre é constituída por 3 componentes: Objetivo; Valor; e Prazo.
• Do (fazer, ação)
Este é o 2° passo do ciclo e deve ser acompanhada bem de perto para que em nenhum momento
se desvie do que foi planejado.
A ação consiste em treinar os envolvidos para prepará-los para o método que será empregado.
• Check (checar, verificar)
O 3° passo é a análise dos dados coletados e dos resultados alcançados. O principal objetivo
desta etapa é detectar eventuais erros ou falhas.
• Act (corrigir, ajustar)
É o 4° passo. Nela, são tomadas as ações corretivas com base no que foi verificado. Ou seja, deve-
se corrigir as falhas encontradas no passo anterior. Então, após realizada a investigação das
causas destas falhas ou desvios no processo e após agir para solucioná-las, comece tudo de novo.
Exatamente como um ciclo. Caso tudo ocorra como o planejado, deve-se manter o planejamento,
normatizando as operações.

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➢ ERROS COMUNS QUE DEVEM SER EVITADOS NO PDCA

O ciclo PDCA, como toda e qualquer ferramenta, só será eficaz se aplicado de forma correta.
Portanto, convém estar atento para os erros mais comuns quando de sua utilização. Para
exemplificar, usaremos a situação de uma dona de casa que deseja fazer um bolo.
I – Fazer sem planejar: Iniciar a preparação do bolo antes de
certificar-se de que existem todos os ingredientes e utensílios ou
gás de cozinha suficiente para fazê-lo.
II – Definir metas mas não definir os métodos para atingi-las: Definir
o tipo de bolo e usar o método errado para fazê-lo.
III – Definir a meta e estabelecer o método, mas não preparar o
pessoal que deve executar a tarefa: Solicitar à empregada que faça
o bolo, dar-lhe a receita, porém não ensinar-lhe sobre o
funcionamento dos equipamentos (balança, batedeira, forno, micro-
ondas, etc.)
IV – Imobilismo no planejamento: Decidir fazer o bolo mas nunca
fazê-lo efetivamente.
V – Fazer e não verificar: Retirar o bolo do forno sem antes fazer o
teste do palito.
VI – Fazer, verificar e não consolidar: Não registrar na receita as
observações sobre como fazer o bolo.
VII – Parar após uma volta: Nunca mais fazer o bolo ou não procurar incrementar a receita para
melhorar o sabor do bolo.
VIII – Não definir, durante o planejamento, os meios de avaliação: Omitir para a empregada as
informações como por exemplo, o teste do palito.
➢ CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os maiores desafios na implementação do PDCA estão relacionadas à especificação dos


problemas e no correto desdobramento das metas, pois num ambiente complexo e cheio de
variáveis é muito fácil que o foco seja perdido e o real problema não seja tratado.
Um PDCA bem implantado procurará observar sempre os indicadores da operação para garantir
que as ações tomadas sejam de fato efetivas, pois no caso de os indicadores estarem avaliando
fatores errados, o real problema não será resolvido e o ciclo nunca se fechará.
Para que o PDCA funcione, o problema precisa ser bem especificado e os indicadores bem
escolhidos, caso contrário, a gestão atual será como um médico que trata apenas dos sintomas e
nunca da doença em si.
O PDCA é a metodologia base para o gerenciamento em SST e é largamente utilizado em todo o
mundo, desde pequenas empresas, à multinacionais. Dificilmente se encontrará um caso de
sucesso no Sistema de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST), dentro de uma
organização sem o apoio dessa ferramenta.

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Aula 9

Indicadores de Desempenho

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Os indicadores de desempenho em SST identificam onde ações são necessárias para sanar efeitos
indesejados e alcançar metas mais altas. Esses indicadores podem ser utilizados de forma Reativa
e Pró-ativa para controlar e melhorar o desempenho da organização.
Os indicadores Pró-ativos estão vinculados a variáveis (causas) que podem ser controladas,
atuando preventivamente e caracterizando-se por ações prévias, para que não se tenham
ocorrências.
Ao se tratar de indicadores Reativos, estes estão ligados aos efeitos (ocorrências). São dados
coletados após os fatos, estas informações não deixam de ser importantes, pois servirão de base
para que a similaridade de ocorrências não venham retroalimentar o sistema. A figura 1 demonstra
por meio de um diagrama de causa e efeito a que ponto os indicadores estão relacionados.
Figura 1 – Abrangência dos indicadores

A Figura 1 – Abrangência dos indicadores, demonstra onde os indicadores Pró-ativos devem atuar
ou em que pontos devem ser estabelecidos, pois todo acidente ou dano decorre em função de uma
deficiência junto a um ou uma combinação de fatores.
No caso dos indicadores de desempenho Reativos, estes são caracterizados ou definidos após as
ocorrências/eventos, não possuindo um caráter preventivo.
O processo de monitoramento e controle dos riscos é demonstrado a partir da Figura 2, a qual
apresenta como os indicadores Pró-ativos atuam dentro de um sistema e comprova que através
das falhas existentes no processo são capazes de gerar danos ou acidentes.

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Figura 2 – Indicadores Reativos e Pró-ativos em sistemas de controle de riscos

Figura 2 – Indicadores Reativos e Pró-ativos em sistemas de controle de riscos, refere-se ao modelo


de “queijo suíço”, onde as barreiras de proteção representam os sistemas de prevenção
(indicadores Pró-ativos) e as falhas existentes nas barreiras (indicadores Reativos). Cada barreira
é uma forma de proteção para que danos ou acidentes não ocorram, sendo comprometido o
sistema em caso de uma destas falhar.
Dentro das perspectivas do processo de prevenção, a Figura 3 demonstra como se dá a mudança
de atuação de Reativa para Pró-ativa, sendo: A Reativa, depende das ocorrências para a tomada
de ações; e a Pró-ativa, há um processo sistemático de análise na identificação e controle dos
riscos levantados de forma que as lesões ou danos não venham a se concretizar.
Dentro desta perspectiva é necessário que as organizações se utilizem num primeiro momento de
uma atuação Pró-ativa e se porventura houver a ocorrência de acidentes por circunstancia além do
previsto, atuando-se reativamente, não deixando de ser Pró-ativo em virtude da necessidade de
medidas efetivas para que ocorrências de mesma origem não venham a acontecer.

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Figura 3 – Mudança de atuação

No quadro abaixo é apresentada uma relação de indicadores Pró-ativos e Reativos, procurando-se


identificar e estabelecer as diferenças entre os mesmos em matéria de SST.

Indicadores Pró-ativos Indicadores Reativos


Quantidade e eficácia dos treinamentos. Quantidade de atos inseguros.

EPIs distribuídos e utilizados. Quantidade de condições perigosas.


Quantidade de sugestões de melhorias feitas
Quantidade dos incidentes.
pela CIPA.
Frequência das inspeções de segurança. Quantidade de acidentes materiais.

Numero de Realizações feitas pelo SESMT. Ocorrências perigosas informadas.

Frequência e eficácia das reuniões. Tempo gastos com os primeiros socorros.

Relatórios de melhorias realizadas. Ausência por doenças.

Relatórios de avaliações sobre exposição. Número de queixas feitas.

Veja com mais detalhes, outros indicadores que estão exemplificados na próxima página.
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➢ TIPOS E CARACTERÍSTICAS

• Dias sem Acidentes


Esse indicador tem como foco mostrar quantos dias a empresa ficou sem registrar nenhum acidente
de trabalho. “Quanto maior o número de dias, mais eficazes são as ações de prevenção”.
• Taxa de Frequência
De acordo com a NBR 14280/2001 a Taxa de Frequência (TF) é a razão entre o número total de
acidentes de trabalho registrados e o número total de horas trabalhadas durante um determinado
período. Na prática, é uma métrica usada para quantificar a frequência de acidentes de trabalho.
Ela ajuda a identificar se as estratégias de segurança do trabalho aplicadas na empresa têm sido
eficientes. É calculada da seguinte forma:

A relação com um milhão de horas/homens trabalhadas permite que empresas de diversos


tamanhos possam comparar sua taxa de frequência, ou seja, a quantidade de acidentes que irão
ocorrer se esse total de horas for atingido.
• Taxa de Gravidade
De acordo com a NBR 14280/2001 indica a gravidade dos acidentes que acontecem na empresa,
ou seja, o número de dias perdidos com acidentes com afastamento em cada milhão de
horas/homens trabalhadas. A TG é calculada da seguinte maneira:

OBS 1: Dias perdidos são os dias em que o acidentado não tem condições de trabalho, segundo a
orientação médica, por ter sofrido um acidente que lhe causou uma incapacidade temporária,
contados a partir do primeiro dia de afastamento até o dia anterior ao do dia de retorno ao trabalho.
Os dias perdidos são contados de forma corrida, incluindo domingos e feriados. Em casos de
acidente sem afastamento não são contados dias perdidos.
OBS 2: No cálculo da TG, quando se computa os dias debitados, não se computa os dias perdidos
daquele mesmo acidente.
OBS 3: É importante lembrar que a TG deve ter o seu resultado expresso em números inteiros
arredondado para cima (exemplo anterior 348,3 para 349). Já a TF, deve ser apresentado com duas
casas decimais.
• Quantidade de Exames Médicos
Essa iniciativa medirá a relação entre o número previsto de colaboradores que precisam fazer os
exames e o número daqueles que realmente o fizeram. Com as avaliações em mãos, você
consegue estabelecer novas políticas ou rever processos pensando em prevenção.
• Quantidade de encontros da CIPA
Esse grupo ajuda na criação e controle de ações que promovem a segurança. Assim, quando não
há reuniões regulares junto à CIPA, os riscos tendem aumentar.

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• Execução de Manutenções Preventivas
Quando o trabalho envolve a condução de qualquer maquinário, também é preciso que a empresa
se planeje quanto às manutenções desses equipamentos. Não apenas quando elas deixam de
funcionar, o que é mais oneroso e lento de se resolver, mas sim, como medida de segurança para
que continuem operando normalmente – as chamadas manutenções preventivas.
A manutenção preventiva de maquinário mantém um controle sobre a eficiência e vida útil desses
itens, além da segurança sobre o desempenho de cada uma delas. Evitando, por exemplo, que
uma peça quebre, gerando uma lesão ao usuário.
• Quantidade de Inspeções Realizadas
É importante que as empresas respeitem as NRs que determinam inspeções periódicas,
dependendo da operação que possuem. Afinal, uma baixa quantidade de inspeções internas pode
resultar em multas na hora da fiscalização, ou até danos graves à saúde e à vida dos
colaboradores – o que indica negligência por parte dos responsáveis.
• Não Conformidades Detectadas
Junto das inspeções internas, vem ainda outro indicador importante: a quantidade de problemas
encontrados ao longo dessas verificações.
• Custos com Multas
Trata-se de um indicador financeiro acerca da segurança do trabalho. Afinal, não atender requisitos
legais pode acarretar em punições após inspeções do MTE.
Nesse sentido, é preciso contabilizar o custo mensal dessas multas, a fim de comparar o valor
gasto em anos anteriores e descobrir se a empresa está evoluindo ou regredindo. Também é uma
forma de descobrir falhas ou brechas na política de segurança da organização.

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Aula 10

SESMT

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9.1 NORMA REGULAMENTADORA 4

A Norma Regulamentadora (NR 4), estabelece os parâmetros e os requisitos para constituição e


manutenção dos Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),
com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade física e psíquica dos trabalhadores
regidos pela CLT.
➢ ATRIBUIÇÕES

Compete ao SESMT:
a) Elaborar ou participar da elaboração do inventário de riscos;
b) Acompanhar a implementação do plano de ação do PGR;
c) Implementar medidas de prevenção de acordo com a classificação de risco do PGR e na
ordem de prioridade estabelecida na NR 1;
d) Elaborar plano de trabalho e monitorar metas, indicadores e resultados de SST;
e) Responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas
NRs aplicáveis às atividades executadas pela organização;
f) Manter permanente interação com a CIPA, quando existente;
g) Promover a realização de atividades de orientação, informação e conscientização dos
trabalhadores para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
h) Propor, imediatamente, a interrupção das atividades e a adoção de medidas corretivas e/ou
de controle quando constatar situações de trabalho que estejam associadas a grave e
iminente risco para a segurança ou a saúde dos trabalhadores;
i) Conduzir ou acompanhar as investigações dos acidentes e das doenças relacionadas ao
trabalho;
j) Compartilhar informações relevantes com outros SESMT de uma mesma organização,
assim como a CIPA, quando por esta solicitado; e
k) Acompanhar e participar das ações do PCMSO, nos termos da NR 7.
NOTA: Aos profissionais do SESMT é vedado o exercício de atividades que não façam parte das
atribuições previstas nos itens referidos acima, durante o horário de atuação. Devendo a
organização garantir os meios e recursos necessários para o cumprimento dos objetivos do
SESMT.
➢ COMPOSIÇÃO

O SESMT deve ser composto por:

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• Requerimento para atuação Profissional
Engenheiro de Segurança do Trabalho: O Engenheiro ou Arquiteto deverá ser portador de
certificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em
nível de pós-graduação. Assim como deverá ter o registro na carteira profissional expedida pelo
Conselho de Classe de Engenharia e Arquitetura válido.
Médico do Trabalho: Deve ser portador de certificado de conclusão de curso de especialização em
Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de certificado de residência médica
em área de concentração em saúde do trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida pela
Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por
faculdade que mantenha curso de graduação em Medicina. Deverá também ter o registro na
carteira profissional expedida pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) válido;
Enfermeiro do Trabalho: Deve ser portador de certificado de conclusão de curso de especialização
em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado por faculdade que mantenha
curso de graduação em enfermagem. E ainda deverá ter o registro na carteira profissional expedida
pelo Conselho Regional de Enfermagem (CRE) válido.
Auxiliar/Técnico de Enfermagem do Trabalho: O auxiliar de enfermagem ou técnico deverá ter
certificado de conclusão de curso de auxiliar de enfermagem do trabalho, ministrado por instituição
especializada, reconhecida e autorizada pelo Ministério da Educação e ser também portador do
registro na carteira profissional expedida pelo Conselho Regional de Enfermagem (CRE) válido.
Técnico em Segurança do Trabalho: Deve ter certificado de conclusão de curso de Técnico em
Segurança do Trabalho, ministrado no País, em estabelecimentos de Ensino Médio. E também ser
portador do registro profissional expedido pelo TEM válido.
NOTA: Será necessário informar e manter atualizados por meio de sistema eletrônico disponível
no portal gov.br, os seguintes dados: Número do CPF, qualificação, número de registro e horário de
trabalho dos profissionais integrantes do SESMT; Grau de risco e número de trabalhadores
atendidos por estabelecimento.
➢ MODALIDADES

SESMT Quando a organização possuir estabelecimento enquadrado no Anexo II desta


Individual NR.

SESMT Quando a organização possuir estabelecimento enquadrado no Anexo II e


Regionalizado outros que não se enquadrem.

Quando nenhum estabelecimento individualmente se enquadrar no Anexo II,


SESMT
porém o somatório de trabalhadores de todos os estabelecimentos do mesmo
Estadual
Estado alcançar os limites previstos no Anexo II.

SESMT Aquele organizado por uma mais organizações de mesma atividade


Compartilhado econômica. Localizadas fisicamente próximas.

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➢ DIMENSIONAMENTO

O dimensionamento do SESMT vincula-se ao número de empregados da organização e ao maior


grau de risco entre a atividade econômica principal e atividade econômica preponderante no
estabelecimento, nos termos dos Anexos I e II, observadas as exceções previstas nesta NR.
• Canteiros de Obras
Para fins de dimensionamento, os canteiros de obras e as frentes de trabalho com menos de mil
trabalhadores e situados na mesma unidade da federação não são considerados como
estabelecimentos, mas como integrantes da empresa de engenharia principal responsável, a quem
cabe organizar o SESMT. Portanto: os Engenheiros de Segurança do Trabalho, os Médicos do
Trabalho e os Enfermeiros do Trabalho podem ficar centralizados; e o dimensionamento para os
Técnicos em Segurança do Trabalho e Auxiliares/Técnicos de Enfermagem do Trabalho deve ser
feito por canteiro de obra ou frente de trabalho, conforme o Anexo II desta NR.
• Período Sazonal
Para as organizações que já possuem SESMT constituído, em qualquer uma das suas
modalidades, em caso de aumento no dimensionamento decorrente da contratação de
trabalhadores por prazo determinado, o SESMT deve ser complementado durante o período de
aumento para atender ao disposto no Anexo II desta NR.
• Anexo II

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9.2 A IMPORTÂNCIA DO SESMT

• Principais Benefícios
- Desenvolvimento da Cultura Prevencionista;
- Orientações sobre SST;
- Ampliação e conhecimentos dos riscos ocupacionais;
- Condições ambientais seguras;
- Clima Organizacional;
- Motivação entre os colaboradores;
- Otimização de recursos (humanos e materiais) em uma emergência; e
- Contribui para melhor qualidade de vida e bem estar entre os colaboradores.
• Principais Ações
- Programa de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGR);
- Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO);
- Análises Ergonômicas do Trabalho (AET);
- Laudos de Periculosidade e Insalubridade;
- Planos de Prevenção e de Emergência; e
- Palestras, Treinamentos, etc.

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Aula 11

CIPA

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Em 1921 a OIT aprovou uma instrução para a criação de comitês para indústrias que tivessem em
seus quadros funcionais pelos menos 25 trabalhadores. Uma das recomendações desse comitê foi
a organização da comissão de segurança do trabalho em estabelecimentos industriais.
No Brasil a CIPA tem sua origem em 1944 no Art. 82 do Decreto-Lei 7.036/44. Apesar do tempo de
existência e da tradição da sigla, a CIPA ainda não tinha estabilidade organizacional e funcional.
Isto em razão dos avanços e recuos, resultantes das diversas regulamentações a que foi submetida
em meio século de vida.
Art. 82 Os empregadores, cujo número de empregados seja superior a 100, deverão providenciar
a organização, em seus estabelecimentos, de comissões internas, com representantes dos
empregados, para o fim de estimular o interesse pelas questões de prevenção de acidentes,
apresentar sugestões quanto à orientação e fiscalização das medidas de proteção ao trabalho,
realizar palestras instrutivas, propor a instituição de concursos e prêmios e tomar outras
providências, tendentes a educar o empregado na prática de prevenir acidentes.
Em 08 de junho de 1978, foi então promulgada a Portaria 3.214/78 que aprovou 28 NRs, dentre
elas a da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Desde então, a NR 5 vem passando por
atualizações a fim de preservar a vida e saúde do trabalhador.
11.1 NORMAS REGULAMENTADORAS 5

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) tem por objetivo a prevenção
de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente
o trabalho com a preservação da vida e promoção da saúde do trabalhador regidos pela CLT, de
acordo com o dimensionamento previsto na Norma Regulamentadora (NR 5).

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➢ ATRIBUIÇÕES

A CIPA tem por atribuições:


a) Acompanhar o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos bem como a
adoção de medidas de prevenção implementadas pela organização;
b) Registrar a percepção dos riscos dos trabalhadores, em conformidades com o subitem
1.5.3.3 da NR 1, por meio do mapa de risco ou outra técnica ou ferramenta apropriada à sua
escolha, sem ordem de preferência, com assessoria do SESMT, onde houver;
c) Verificar os ambientes e as condições de trabalho visando identificar situações que possam
trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;
d) Elaborar e acompanhar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva em SST;
e) Participar no desenvolvimento e implementação de programas relacionados à SST;
f) Acompanhar a análise dos acidentes e doenças ocupacionais, nos termos da NR 1 e propor,
quando for o caso, medidas para a solução dos problemas identificados;
g) Requisitar à organização as informações sobre questões relacionadas à segurança e saúde
dos trabalhadores, incluindo a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT);
h) Propor ao SESMT, quando houver, ou à organização, a análise das condições ou situações
de trabalho nas quais considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos
trabalhadores e, se for o caso, a interrupção das atividades até a adoção das medidas
corretivas e de controle;
i) Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), conforme programação definida pela CIPA; e
j) Incluir temas referentes à prevenção e ao combate ao assédio sexual e a outras formas de
violência no trabalho nas suas atividades e práticas.
DIREITOS E DEVERES

Proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao desempenho de


Cabe à
suas atribuições; e Fornecer à CIPA, quando requisitadas, as informações
organização
relacionadas às suas atribuições.

Cabe aos Indicar à CIPA, ao SESMT e à organização situações de riscos e apresentar


trabalhadores sugestões para melhoria das condições de trabalho.

Cabe ao Convocar os membros da CIPA e coordenar as reuniões encaminhando à


Presidente da organização e ao SESMT, as decisões da comissão; Supervisionar as
CIPA atividades da CIPA; e Divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores.

Cabe ao Vice- Substituir o Presidente nos seus impedimentos eventuais; Coordenar e


Presidente da supervisionar as atividades da CIPA; e Divulgar as decisões da CIPA a todos os
CIPA trabalhadores.

Secretario da Para cada reunião ordinária ou extraordinária, os membros da CIPA designarão


CIPA o secretário responsável por redigir a ata.

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➢ CONSTITUIÇÃO E ESTRUTURAÇÃO

A CIPA será constituída por estabelecimento e composta de representantes da organização e dos


empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR, ressalvadas as
disposições para setores econômicos específicos.
Representantes da organização Representantes dos empregados

Os representantes dos empregados, titulares e


Os representantes da organização na CIPA,
suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto,
titulares e suplentes, serão por ela designados.
exclusivamente os empregados interessados.

A organização designará dentre seus Os representantes eleitos dos empregados


representantes o Presidente da CIPA escolherão dentre os titulares o vice-presidente

OBS 1: A CIPA das organizações que operem em regime sazonal devem ser dimensionadas
tomando-se por base a média aritmética do número de trabalhadores do ano civil anterior
obedecido o Quadro I desta NR.
OBS 2: O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma
reeleição. E os membros, eleitos e designados serão empossados no primeiro dia útil após o
término do mandato anterior. Não podendo-se ter seu número de representantes reduzido, bem
como não poderá ser desativada pela organização, antes do término do mandato de seus membros,
ainda que haja redução do número de empregados, exceto no caso de encerramento das atividades
do estabelecimento.
OBS 3: É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de
direção da CIPA desde o registro de sua candidatura até 1 ano após o final de seu mandato. Ao
menos que, for contrato de trabalho por prazo determinado.
NOTA: Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a organização nomeará um
representante da organização dentre seus empregados para auxiliar na execução das ações de
prevenção em SST.
➢ PROCESSO ELEITORAL

NOTA: Assumirão a condição de membros titulares e suplentes os candidatos mais votados. Em


caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento.

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➢ FUNCIONAMENTO

A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido (data e
horário), observando os turnos e as jornadas de trabalho. Sendo assinados pelos presentes nas
atas da reunião. E as reuniões extraordinárias devem ser realizadas quando ocorrer acidente do
trabalho grave ou fatal.
NOTA: As decisões da CIPA serão preferencialmente por consenso. Não havendo consenso, a
CIPA deve regular o procedimento de votação e o pedido de reconsideração da decisão.
• Modelo de Edital de Convocação para Reunião Ordinária
Reunião ordinária N°_____.
Nome da Empresa ______________________________________________________________.
Edital de convocação
Ficam convocados os senhores componentes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e
de Assédio (CIPA) desta empresa, para se reunirem, em sessão ordinária, no dia _____ de
_______________ às _____ horas, na sala __________________ com a seguinte ordem, do dia:
1. Verificação do andamento das sugestões apresentadas em reuniões anteriores.
2. Verificação e discussão dos acidentes de trabalho ocorridos após a última reunião.
3. Discussão de assuntos sobre segurança e medicina do trabalho, de interesse da unidade.
Assinatura: ___________________________________, _____ de_______________ de_____.
• Modelo de ATA
ATA da reunião da CIPA N°_____.
Local:
Data:
Horário:
Realizou-se a reunião mensal da CIPA, que contou com a presença dos seguintes membros:
Compareceram, como convidados: (Se o convidado apresentou uma palestra, anotar o tema).
[...] Abrindo os trabalhos, o sr. Presidente determinou que se procedesse à leitura da ATA da reunião
anterior, realizada em ___/___/___, cuja leitura foi por mim (Secretario) procedida. Colocada em
discussão e aprovada pelos senhores presentes, com as seguintes emendas (transcreve se
houver).
Verificada em seguida a lista de presença, constatou-se (ou não, justificativa).
– Passando à ordem do dia, foram estudadas e discutidas as seguintes sugestões:
– Postas em práticas, no último período, as seguintes medidas:
– Também foram feitas novas sugestões:
– A seguir, foram comentados os seguintes acidentes sem afastamento:
– E foram apresentados os seguintes acidentes com afastamentos: (Apresentar dados estatísticos
de acidente se houver).

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Após o referido agradecimento, por nada mais haver a relatar ou discutir, o sr. Presidente deu por
encerrada a presente reunião, precisamente às _____ Horas, marcando a próxima reunião para
(loca, data e horário)
Eu, Secretário, lavrei a presente ATA que, após discutida e aprovada, passa a ser assinada pelos
membros a ela presentes.
Assinatura: _____________________________________, _____ de _______________ de _____.
Assinatura: _____________________________________, _____ de _______________ de _____.
Assinatura: _____________________________________, _____ de _______________ de _____.
Assinatura: _____________________________________, _____ de _______________ de _____.
NOTA: Toda a documentação referente à CIPA deve ser mantida no estabelecimento à disposição
da inspeção do trabalho pelo prazo mínimo de 5 anos.
• Planejando os trabalhos da CIPA
Muitas são as causas e razões que dificultam o trabalho da CIPA e infelizmente os resultados desta
dificuldade são o sofrimento dos trabalhadores e ao mesmo tempo a geração de custos a serem
arcados pelo empregador. É importante buscar a cada reunião, como melhorar a atuação da CIPA
e discutir os problemas que impediram ou dificultam a realização do que foi planejado.
O planejamento ajuda a CIPA evitar a dispersão de esforços e a perda de seu objetivo, contribuindo
para uma gestão mais eficaz. Se não sabemos para onde queremos ir e quais são as nossas
prioridades, teremos mais dificuldade para chegarmos ao nosso objetivo. Ao mesmo tempo
acontece casos de CIPA onde o plano de trabalho existe mas as prioridades que estão nele na
verdade não representam os anseios dos trabalhadores.
É importante que a CIPA jamais deixe de ouvir os trabalhadores e que as decisões sejam tomadas
na direção das necessidades daqueles que serão os maiores beneficiados com as melhorias
obtidas. Portanto para planejar a gestão da Comissão, verifique: Fatores de riscos: Fonte geradora;
Acidentes e doenças ocupacionais; Medidas existentes; Recomendações; Responsabilidades;
Prazo de implantação.
• Investigação do Acidente
A investigação do Acidente é imprescindível para detectar as causas do infortúnio e tomar ações
para evitar sua repetição. Além disso o documento gerado na investigação é prova documental que
faz a relação do acidente/doença com o trabalho. Portanto ao investigar o acidente é necessário
verificar:
– O que aconteceu;
– Como aconteceu;
– Por que aconteceu; e
– Como poderia ter sido evitado o acontecido.

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• Ficha de Investigação de Acidentes
Gestão CIPA ______.
Unidade:______________________________________________________________________.
Data: ____ /____ /____.
Endereço: _____________________________________________________________________.
Nome do Acidentado: ____________________________________________________________.
Idade: ______.
Cargo:_____________________________________________. Setor: _____________________.
Local do Acidente:_____________________________________________. Horário: __________.
Descrição do Acidente:___________________________________________________________.
Causas Apuradas: ______________________________________________________________.
Medidas propostas: _____________________________________________________________.
Assinaturas:

➢ TREINAMENTO

O treinamento deve contemplar, no mínimo, os seguintes itens:


a) Noções sobre acidentes e doenças relacionadas ao trabalho decorrentes das condições de
trabalho no estabelecimento e suas medidas de prevenção;
b) Metodologia de investigação;
c) Princípios gerais de higiene do trabalho;
d) Noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à SST;
e) Noções sobre a inclusão de pessoas nos processos de trabalho;
f) Organização da CIPA; e
g) Prevenção e combate ao assédio sexual e a outras formas de violência no trabalho.

• Carga horária
Grau de Carga
Requisitos
Risco Horária
A carga horária do treinamento pode ser realizadas integralmente na
1 8
modalidade EAD ou semipresencial, nos termos da NR 1.
Para a modalidade presencial deve ter carga horária mínima de 4 horas
2 12
de treinamento.
Para a modalidade presencial deve ter carga horária mínima de 8 horas
3 16
de treinamento.
Para a modalidade presencial deve ter carga horária mínima de 8 horas
4 20
de treinamento.

OBS 1: Os integrantes do SESMT fica dispensado do treinamento da CIPA.

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➢ DAS ORGANIZAÇÕES CONTRATADAS

A organização contratada está dispensada da constituição da CIPA própria no caso de prestação


de serviços a terceiros com até 180 dias de duração. Quando desobrigada de constituir CIPA
própria, deve nomear um representante, (para cumprir os objetivos da NR 5) se possuir 5 ou mais
empregados no estabelecimento da contratante. Sendo considerada encerrada, para todo os
efeitos, quando as atividades forem finalizadas.
➢ BENEFÍCIOS DA CIPA

• Para a empresa
- Redução de riscos ocupacionais;
- Melhoria do clima organizacional; e
- Disseminação de cultura de segurança.
• Para os cipeiros
- Estabilidade provisória para eleitos;
- Respeito dos colegas; e
- Aprimoramento da percepção de riscos e aprendizado.
• Para os trabalhadores
- Representatividade em relação aos direitos;
- Valorização da vida; e
- Melhoria das condições de trabalho.

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Aula 12

Cultura Organizacional

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A cultura organizacional é um conjunto de técnicas compartilhadas de geração em geração,
desempenhando papel ativo no rearranjo do sistema de informações culturais dos indivíduos é a
essência da empresa devendo ter direcionamentos claros e positivos para guiar as equipes de
todos os setores e níveis hierárquicos diferentes. Ela representa o propósito da existência de um
negócio e reflete a missão, os valores e os objetivos que sustentam a organização.
EX: uma empresa de celulose que adota práticas ESG (sigla em inglês, que representa
a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) e compensa suas emissões de
carbono pode tornar a sustentabilidade parte de sua cultura organizacional.
➢ BENEFÍCIOS

A cultura organizacional se relaciona diretamente ao conceito de marca empregadora, e é por essa


razão que fortalecer o propósito e os valores da empresa é tão importante para nortear as ações e
objetivos que viabilizarão o negócio de forma consistente e sustentável. Portanto, podemos dizer
que a cultura organizacional:
I – Favorece a Imagem da Organização: A cultura organizacional é um pilar fundamental para
valorização do capital humano e, consequentemente, para o crescimento da imagem da
organização como marca empregadora. Esse posicionamento pode trazer vantagens competitivas
importantes para aquisição e retenção de profissionais altamente qualificados e compatíveis com
os projetos e as metas do negócio.
II – Fortalece a Relação entre Pares e Lideranças: O relacionamento entre os colaboradores torna-
se muito mais eficiente e produtivo quando todos têm em comum os mesmos valores e objetivos.
Com a clareza da conduta esperada de cada um, os times tendem a ter mais confiança, empatia e
engajamento entre si, especialmente quando se trata da relação entre líderes e liderados.
III – Redução da Rotatividade: Uma taxa de turnover alta pode ter inúmeros motivos, mas uma
cultura pouco clara ou que só funciona na teoria costuma diminuir o ciclo de um colaborador dentro
da organização. É importante ter em mente que os profissionais estão atentos ao propósito da
empresa e tendem a se sentir pouco engajados em ambientes com cultura organizacional tóxica
ou confusa.
IV – Equipes mais Produtivas e Auto-Gerenciáveis: Equipes submetidas a uma cultura
organizacional positiva fortalecida têm mais autonomia e produzem melhor, já que não gastam
tempo e energia tentando entender e seguir processos que não fazem sentido para as metas e
resultados. Dessa maneira, os colaboradores podem se dedicar ao próprio desenvolvimento e aos
objetivos de seu time e da empresa de forma geral.
V – Melhores Resultados: A correlação entre cultura organizacional e os resultados da empresa
são diretos e permeiam todos os itens descritos acima, que de forma lógica impactam no objetivo
final do negócio em qualquer segmento, seja no aumento das vendas, satisfação dos clientes, ou
qualquer outra métrica de sucesso, inclusive os programas de SST.

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➢ TIPOS E CARACTERÍSTICAS

Normalmente as decisões são centradas em uma grande liderança. Esse tipo de


Cultura de
organização estimula a competitividade entre os colaboradores e é mais comum
Poder
em pequenas empresas.

Cultura de Esse tipo de organização oferece pouca flexibilidade nas tarefas, mas passa
Papéis bastante clareza para os profissionais que sabem exatamente qual é seu papel.

Isso torna o desempenho dos colaboradores mais eficiente, pois são orientados
Cultura de a resolução de problemas. O principal desafio desse modelo é o
Tarefas acompanhamento das demandas, já que nele não existem alguém fazendo micro
gerenciamento das demandas.
Empresas que atuam dessa forma são centradas em valorizar e desenvolver
Cultura de pessoas, o que leva os colaboradores a ser ouvido e ter sua opinião respeitada.
Pessoas Esse tipo de cultura organizacional tende a conseguir atrair e reter talentos com
maior facilidade.

• Cases
Charlie Chaplin – Tempos modernos
Google Brasil
A cultura do Nubank
Cultura organizacional: experiência
Cauê de Oliveira – Como criar a melhor empresa para trabalhar

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Aula 13

Embargo e Interdição

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A metodologia de avaliação qualitativa prevista nesta norma (NR 3)
possui a finalidade da caracterização de situações de grave e
iminente risco pelo Auditor Fiscal do Trabalho (AFT), visando à
formação de decisões consistentes, proporcionais e transparentes.
Importante lembrar que essa Norma Regulamentadora não se
constitui em metodologia padronizada para gestão de riscos pelo
empregador.
➢ TERMOS E DEFINIÇÕES

Grave e iminente risco: considera-se toda condição ou situação de trabalho que possa causar
acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador.
Embargo e interdição: são medidas de urgência adotadas a partir da constatação de condição ou
situação de trabalho que caracterize grave e iminente risco ao trabalhador.
Embargo: implica a paralisação parcial ou total da obra.
Interdição: implica a paralisação parcial ou total da atividade, da máquina ou equipamento, do setor
de serviço ou do estabelecimento.
Risco: é uma combinação das consequências de um evento e a probabilidade de sua ocorrência.
➢ CARACTERIZAÇÃO DO GRAVE E IMINENTE RISCO

A caracterização do grave e iminente risco deve considerar:


a) A consequência, esperado de um evento, conforme Tabela 3.1; e
b) A probabilidade, como a chance de o resultado ocorrer, conforme Tabela 3.2.
NOTA: Deve considerar a consequência e a probabilidade separadamente.
Tabela 3.1 – Classificação das Consequências
Consequências Princípio
Morte Pode levar a óbito imediato ou que venha a ocorrer posteriormente.
Pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando lesão ou
Severa
sequela permanente.
Pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando lesão que
Significativa
implique em incapacidade temporária por prazo superior a 15 dias.
Pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando lesão que
Leve
implique em incapacidade temporária por prazo igual ou inferior a 15 dias.
Nenhuma Nenhuma lesão ou efeito à saúde.

Tabela 3.2 – Classificação das Probabilidades


Probabilidades Princípio
Provável Medidas de prevenção inexistentes ou reconhecidamente inadequadas.
Medidas de prevenção apresentam desvios ou problemas significativos. Não
Possível
há garantias de que as medidas sejam mantidas.
Medidas de prevenção adequadas, mas com pequenos desvios. Ainda que em
Remota funcionamento, não há garantias de que sejam mantidas sempre ou a longo
prazo.
Medidas de prevenção adequadas e com garantia de continuidade desta
Rara
situação.

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Na caracterização de grave e iminente risco ao trabalhador, deve estabelecer o excesso de risco
por meio da comparação entre o risco atual e o risco de referência, obedecendo as seguintes
etapas:
1ª etapa: avaliar o risco atual, levando em consideração as medidas de controle existentes;
2ª etapa: estabelecer o risco de referência quando da implementação das medidas de prevenção
necessárias; e
3ª etapa: determinar o excesso de risco, localizando a interseção entre os dois riscos, conforme
tabela abaixo
Tabela de excesso de risco

NOTA: São passíveis de embargo ou interdição, sempre que o inspetor constatar a existência de
excesso de risco Extremo=E e Substancial=S, devendo considerar se a situação encontrada é
passível de imediata adequação.
➢ DISPOSIÇÕES FINAIS

Enquanto estiver vigente a medida do AFT sobre embargo ou interdição, podem ser desenvolvidas
atividades necessárias à correção da situação de grave e iminente risco, desde que garantidas
condições seguras, enquanto isso, os trabalhadores receberão os salários como se estivessem em
efetivo exercício.

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Aula 14

Riscos Ambientais

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➢ PERIGO X RISCO

De acordo com a NR 1 – Disposições Gerais e GRO:


• Perigo
Fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde.
• Risco ocupacional
É uma combinação da probabilidade e severidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados
por um evento perigoso.

Perigo X Risco: qual à diferença?


14.1 PRINCÍPIOS

Riscos ambientais são fatores ou agentes que, dependendo da atividade que é desenvolvida nos
ambientes de trabalho e dentro de certas condições irão causar danos à saúde do trabalhador. Não
tem nada a ver com os riscos ao meio ambiente!

A verificação das condições ambientais tem como objetivo antecipar, reconhecer, avaliar e controlar
todos os agentes de risco no ambiente de trabalho, que podem causar danos à saúde do
trabalhador.

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• Antecipação
Identificar os perigos e riscos à saúde, antes que um determinado processo industrial/administrativo
seja implementado ou modificado, ou que novos agentes geradores de riscos sejam introduzidos
no ambiente de trabalho.
• Reconhecimento
Análise e observação do ambiente de trabalho a fim de identificarmos os agentes existentes, os
potenciais de riscos a eles associados e qual a prioridade de avaliação e a política existente neste
ambiente.
• Avaliação
Designa principalmente ao monitoramento e as medições que serão conduzidas no ambiente de
trabalho.
• Controle
Está associado a minimização ou eliminação da exposição, antecipados, reconhecidos e avaliados
no ambiente de trabalho.
➢ FATORES DESENCADEANTES DE DOENÇAS OU DE DANOS À SAÚDE

Entre os fatores desencadeantes de lesão ou doenças a saúde física e mental, são:


a) Tempo de exposição;
b) Susceptibilidade do indivíduo;
c) Concentração/intensidade;
d) Forma do agente (líquido, sólido ou gasoso);
e) Via de exposição;
f) Falta de manutenção nas máquinas e equipamentos;
g) Falta de sinalização;
h) Falta de treinamento;
i) Desconhecimento dos perigos e riscos;
j) Falta de equipamentos de proteção; e
k) Inobservância ou descumprimento das normas de SST.

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14.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS

Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes


Esforço físico Arranjo físico
Ruídos Poeiras Vírus
intenso inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias transporte ferramentas
manual de peso sem proteção
Exigência de Ferramentas
Radiações
Névoas Protozoários postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas
Radiações não Controle rígido Iluminação
Neblinas Fungos
ionizantes de produtividade inadequada
Imposição de
Frio Gases Parasitas ritmos Eletricidade
excessivos
Probabilidade
Trabalho em
Calor Vapores Bacilos de incêndio ou
turno e noturno
explosão
Jornadas de
Pressões Armazenamento
trabalho
anormais inadequado
prolongadas
Animais
peçonhentos
Outras situações
de risco que
pode contribuir
para a ocorrência
de acidentes

• Termos e Definições

Agente Físico: Qualquer forma de energia que, em função de sua natureza, intensidade e
exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador.
NOTA: Critérios sobre iluminamento, conforto térmico e conforto acústico da NR 17 não constituem
agente físico para fins da NR-09.
Agente Químico: Substância química, por si só ou em misturas, quer seja em seu estado natural,
quer seja produzida, utilizada ou gerada no processo de trabalho, que em função de sua natureza,
concentração e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador.
Agente Biológico: Microrganismos, parasitas ou materiais originados de organismos que, em
função de sua natureza e do tipo de exposição, são capazes de acarretar lesão ou agravo à saúde
do trabalhador.
Agente Ergonômico: são fatores relacionados à aspectos psicofisiológicos, em virtude da
adaptação do ambiente de trabalho às necessidades, habilidades e limitação do trabalhador.
Agente Mecânico (acidentes): todas as atividades que envolvam máquinas, equipamentos e
outras situação que possam proporcionar uma ocorrência ou acontecimento de acidente de
trabalho com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde.

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14.3 MAPA DE RISCOS

O Mapa de Riscos é uma representação gráfica dos pontos de riscos encontrados nos locais de
trabalho, capazes de causar prejuízo à saúde dos trabalhadores. O mapeamento permite a
identificação de locais ainda vulneráveis da empresa e ajuda a desenvolver soluções que irão
contribuir para a eliminação e/ou controle dos riscos detectados.
Como já estudado, uma das atribuições da CIPA é:
5.3.1 A CIPA tem por atribuição:
a) Acompanhar o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos bem como a adoção
de medidas de prevenção implementadas pela organização; e
b) Registrar a percepção dos riscos dos trabalhadores, por meio do Mapa de Risco ou outra
técnica/ferramenta apropriada à sua escolha, sem ordem de preferência, com assessoria do
SESMT, onde houver.
[...]
Portanto, a participação das pessoas expostas ao risco no dia a dia, mais do que necessária, é
muito importante, pois esses trabalhadores irão fornecer informações importantes sobre a situação
do ambiente de trabalho. Essa atividade fará com que eles se motivem e se sintam valorizados,
demonstrando o interesse da empresa na prevenção.
NOTA: Cabe ao empregador fornecer as condições necessárias para a realização do mapeamento
de riscos ambientais e, posteriormente, afixá-lo em local visível.

➢ OBJETIVOS

I – Conscientizar e informar os trabalhadores (ou aqueles que entrem em um determinado local de


trabalho) dos riscos existentes, através da fácil e rápida visualização.
II – Reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de SST na
empresa.
III – Possibilitar, durante a sua elaboração, a troca de informações entre a CIPA, o SESMT e os
trabalhadores, bem como estimular a participação desses nas atividades de prevenção.
IV – Facilitar a discussão e a escolha das prioridades a serem trabalhadas pela CIPA, pelo SESMT
e pela empresa.
V – Desenvolver um plano de trabalho com as medidas necessárias ao saneamento daquele
ambiente, com planejamento de ações a curto, médio e longo prazo.
➢ ESTRUTURA

A estrutura do Mapa de Riscos é feita sobre o Iayout da empresa, indicando, através de círculos, o
grupo que pertence o risco (de acordo com a cor padronizada), o número de trabalhadores expostos
ao risco (o qual deve ser anotado dentro do círculo) e a especificação do agente, que deve ser
anotada também dentro do círculo ou, em caso de difícil visualização, ao lado desse.
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A diferença entre os diâmetros que caracterizam a intensidade dos riscos deve obedecer ao
seguinte critério: o diâmetro do círculo que representa o risco grave deve ser o dobro do diâmetro
do círculo que representa o risco médio que, por sua vez, dever ter o dobro do diâmetro do círculo
que representa o risco leve.
Quando, em um mesmo local, houver incidência de mais de um risco de igual intensidade ou
gravidade, utiliza-se o mesmo círculo, dividindo-o em partes e pintando-as com a cor
correspondente ao risco.
Depois de discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa, completo ou setorial, deverá ser afixado em
cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores.
• Etapas de Elaboração
I – Conhecer o processo de trabalho no local analisado, o número de trabalhadores, os produtos e
equipamentos utilizados, a jornada de trabalho, as atividades e o ambiente ocupacional.
II – Identificar os riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos existentes no local
analisado.
III – Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia.
IV – Identificar os indicadores de saúde, ou seja, queixas frequentes e comuns entre os
trabalhadores expostos aos mesmos riscos, causas de absenteísmo, doenças profissionais e
também as estatísticas dos acidentes de trabalho ocorridos, os quais fornecerão importantes
informações no momento da identificação das situações de risco.
V – Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.
NOTA: No caso de empresas da indústria da construção, o Mapa de Riscos do estabelecimento
deverá ser realizado por etapa de execução dos serviços, devendo ser revisto sempre que um fato
novo e superveniente modificar a situação de riscos estabelecida.
➢ MELHORIA CONTÍNUA

Uma vez preenchido o Mapa de Riscos, ele deverá ser analisado, e se dará prioridade à correção
dos riscos de maior gravidade. Conforme for realizada a correção das irregularidades, o Mapa deve
ser refeito, retirando o círculo, em caso de eliminação, ou diminuindo sua intensidade (redução no
diâmetro), em caso de redução do risco. Da mesma forma, se novos riscos forem detectados ou
ainda, se novos equipamentos forem instalados.

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SOBRE O AUTOR:
Fabricio Umbelino, residente da cidade de Jardinópolis/SP, profissional Técnico em Segurança do
Trabalho, e também Bombeiro Civil formado na escola SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial), onde adquiriu a expertise sobre Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
Fazendo da vontade de um eterno curioso se mostrou a necessidade de elaborar um material
didático interativo com as fontes bibliográficas, dentro das perspectivas dos direitos fundamentais
do trabalhador em usufruir de uma boa e saudável qualidade de vida, na medida em que não se
pode dissociar dos Direitos Humanos, onde verifica-se, gradativamente, a grande preocupação com
as condições do trabalho.
A primazia dos meios de produção em detrimento da própria saúde humana é fato que, infelizmente,
vem sendo praticado ao longo da história, ainda assim, acredito que é possível conciliar uma
Política de Segurança e Saúde no (PSST) com os objetivos econômicos da empresa.
Importante ressaltar que as demais disciplinas da etapa são fundamentais para seu bom
desempenho. Navegue em sites indicados para realizar leituras extras e interaja com o ambiente.
Tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância, a diferença está no interesse, dedicação
e na constante atualização.

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Comece de onde você está.
Use o que você estiver.
Faça o que você puder.
Más não pare de estudar!

Edição: Janeiro de 2024


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