Você está na página 1de 305

Prefeitura de Rio Branco – AC

Educação
ASSISTENTE ESCOLAR

ÍNDICE
LÍNGUA PORTUGUESA:
Compreensão de textos........................................................................................................................................................................................... 01
Denotação e conotação ........................................................................................................................................................................................... 36
Ortografia: emprego das letras e acentuação gráfica ....................................................................................................................................... 09
Classes de palavras e suas flexões. Processo de formação de palavras. Verbos: conjugação, emprego dos tempos, modos e
vozes verbais ............................................................................................................................................................................................................. 14
Concordâncias nominal e verbal ........................................................................................................................................................................... 31
Regências nominal e verbal.................................................................................................................................................................................... 33
Emprego do acento indicativo da crase ............................................................................................................................................................... 34
Colocação dos pronomes........................................................................................................................................................................................ 14
Emprego dos sinais de pontuação ........................................................................................................................................................................ 12
Semântica: sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia e figuras de linguagem..................................................................................... 35
Coletivos...................................................................................................................................................................................................................... 14
Funções sintáticas de termos e de orações. Processos sintáticos: subordinação e coordenação .............................................................................. 13

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Relação escola-família e escola-cultura .............................................................................................................................................................. 01
Violência intraescolar ............................................................................................................................................................................................... 08
Integração docente e discente ............................................................................................................................................................................... 13
Cotidiano da escola: conselho de classe, reuniões pedagógicas, planejamento, avaliação e acompanhamento ..................................................... 26
Educar e cuidar. A construção coletiva do projeto político............................................................................................................................... 40

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS:
Políticas públicas de educação especial na perspectiva da educação inclusiva ........................................................................................ 01
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990)............................................................................................... 73
Lei de Acessibilidade (Lei nº 10.098/2000) ......................................................................................................................................................... 98
Postura ética dos cuidadores ................................................................................................................................................................................. 01
Histórico dos conceitos de deficiência. Estratégias de aprendizagem voltadas a atender às pessoas com deficiência.
Atendimento educacional especializado. Atividades da vida diária. Reabilitação e desenvolvimento de habilidades que favoreçam a
independência do aluno/indivíduo em situação de deficiência. O aluno em situação de deficiência, comunicação, interação e inclusão.
Estratégias de estimulação da linguagem oral e escrita em alunos com severas dificuldades linguísticas. Oficinas de trabalho.
Estimulação precoce para crianças em situação de deficiência .................................................................................................................... 01
Lei Federal nº 13.146 de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) ...................................................................................... 100
Fascículo nº I “A Escola Comum Inclusiva” – Brasília 2010 ..........................................................................................................................114
Fascículo nº VI Recursos Pedagógicos Acessíveis e Comunicação Aumentativa e Alternativa – Brasília 2010 ....................................................124

1
Aviso
A apostila OPÇÃO não está vinculada a empresa organizadora do concurso público a que se
destina, assim como sua aquisição não garante a inscrição do candidato ou mesmo o seu
ingresso na carreira pública.

O conteúdo dessa apostila almeja abordar os tópicos do edital de forma prática e


esquematizada, porém, isso não impede que se utilize o manuseio de livros, sites, jornais,
revistas, entre outros meios que ampliem os conhecimentos do candidato, visando sua melhor
preparação.

Atualizações legislativas, que não tenham sido colocadas à disposição até a data da
elaboração da apostila, poderão ser encontradas gratuitamente no site das apostilas opção, ou
nos sites governamentais.

Informamos que não são de nossanossa responsabilidade as alterações e retificações nos editais
dos concursos, assim como a distribuição gratuita do material retificado, na versão impressa,
tendo em vista que nossas apostilas são elaboradas de acordo com o edital inicial. Porém,
quando isso ocorrer, inserimos em nosso site, www.apostilasopcao.com.br,
www.apostilasopcao.com.br no link “erratas”,
a matéria retificada, e disponibilizamos gratuitamente o conteúdo na versão digital para nossos
clientes.

Caso haja dúvidas quanto ao conteúdo desta apostila, o adquirente d deve acessar o site
www.apostilasopcao.com.br,, e enviar sua dúvida, que será respondida o mais breve possível,
assim como para consultar alterações legislativas e possíveis erratas.

Também ficam à disposição do adquirente o telefone (11) 2856-6066,


2856 6066, dentro do horário
comercial, para eventuais consultas.

Eventuais reclamações deverão ser encaminhadas por escrito, respeitando os prazos


instituídos no Código de Defesa do Consumidor.

É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo


A 184 do
Código Penal.

Apostilas Opção, a opção certa para a sua realização.

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do

Língua Portuguesa "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento


proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à per-
gunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por
haver uma outra alternativa mais completa.
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmen-
to do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar
ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A des-
Compreensão de textos contextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um
recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a
posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta manei-
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali- ra a resposta será mais consciente e segura.
dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de
necessitar de um bom léxico internalizado. Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de
As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um 01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
confronto entre todas as partes que compõem o texto.
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
até o fim, ininterruptamente;
por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento
justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do 03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos
autor diante de uma temática qualquer. umas três vezes ou mais;
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
Denotação e Conotação 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (ex-
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
pressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma
convenção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante + 07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor com-
significado) que se constroem as noções de denotação e conotação. preensão;
08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicioná-
correspondente;
rios, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras
é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre- 09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determi- 10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta,
nada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado. incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto e outras; palavras que
Os textos literários exploram bastante as construções de base conota- aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações perguntou e o que se pediu;
diferenciadas em seus leitores. 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis- exata ou a mais completa;
semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra lógica objetiva;
ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste 13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim
ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e 14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
esclareçam o sentido. mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a
resposta;
Como Ler e Entender Bem um Texto
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor,
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e definindo o tema e a mensagem;
de reconhecimento e a interpretativa.
17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro con-
tato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importan-
conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a tíssimos na interpretação do texto.
interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens Ex.: Ele morreu de fome.
importantes, bem como usar uma palavra para resumir a ideia central de de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realiza-
cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favo- ção do fato (= morte de "ele").
recendo o entendimento. Ex.: Ele morreu faminto.
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontra-
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti-
va quando morreu.
va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a
19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as
fim de responder às interpretações que a banca considerou como perti-
ideias estão coordenadas entre si;
nentes.
20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele tex- de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo
to com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da Cunegundes
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio- TEXTO NARRATIVO
gráfica da fonte e na identificação do autor. • As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não,
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções forças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desen-
de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, rolar dos fatos.
Língua Portuguesa 1

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou - visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,
heroína, personagem principal da história. aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per-
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designíos do pro- sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-
tagonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.
contracena em primeiro plano. • Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar- apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do
sas, são os figurantes de influência menor, indireta, não decisiva na narra- qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é
ção. feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
O narrador que está a contar a história também é uma personagem,
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor- Formas de apresentação da fala das personagens
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história. Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
três maneiras de comunicar as falas das personagens.
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso- • Discurso Direto: É a representação da fala das personagens
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não através do diálogo.
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e Exemplo:
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma di- “Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
mensão psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
reações perante os acontecimentos. val a cidade é do povo e de ninguém mais”.
No discurso direto é frequente o uso dos verbos de locução ou des-
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, cendi: dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e
a trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo etc.; e de travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas
podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios ou rápidas os verbos de locução podem ser omitidos.
progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o clímax,
o desenlace ou desfecho. • Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente, próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre, Exemplo:
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
ou seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os
interesses entre as personagens. menos sombrios por vir”.
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfe- • Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem
cho, ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos. se mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narra-
ção. Exemplo:
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici- “Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento coti- lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensas-
diano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um sem que estivesse doido. Como poderia andar um homem
romance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato àquela hora, sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco
central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá- de pés no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
rios, relacionados ao principal. (José Lins do Rego)
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos
lugares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa con- TEXTO DESCRITIVO
ter informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais ca-
vezes, principalmente nos textos literários, essas informações são racterísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos tex- As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importan-
tos narrativo. tes, tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude
• Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num que vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos
determinado tempo, que consiste na identificação do momento, para que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa- imagem unificada.
lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas rela- Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, va-
ções podem ser lineares, isto é, seguindo a ordem cronológica riando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
dos fatos, ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que an- pouco.
tes de um fato que aconteceu depois. Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra
técnica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tem- • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
po material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões através dos sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a
fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da subjetiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas
sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no preferências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e
seu espírito. não o que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo
• Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis- objetivo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
semos, é a personagem que está a contar a história. A posição • Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
em que se coloca o narrador para contar a história constitui o fo- personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,
co, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser ca- pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e tempera-
racterizado por: mento, com a finalidade de situar personagens no contexto cultu-
- visão “por detrás”: o narrador conhece tudo o que diz respeito ral, social e econômico.
às personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos • Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o
acontecimentos e a narração é feita em 3a pessoa. observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama,
- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da nar- para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as
rativa que é feito em 1a pessoa. partes mais típicas desse todo.
Língua Portuguesa 2

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e
ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e
visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas
e típicos. de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas.
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerên-
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de cia é de relevada importância para a produção textual, pois nela se dará
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio. uma sequência das ideias e da progressão de argumentos a serem expla-
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- nadas. Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitá-
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um voca- vel, a apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em
bulário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. seus objetivos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os
É predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou meca- unidade da formação textual.
nismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc. Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos
verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por
TEXTO DISSERTATIVO recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados.
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é
consta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que
questão, e pressupõe um exame crítico do assunto sobre o qual se vai ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e
escrever com clareza, coerência e objetividade. outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argu-
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persua- mentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto,
dir o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e
A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfati- Persuasão).
zando o contexto. Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em: sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
objetiva da definição do ponto de vista do autor. alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias co- dão tornem esta produção altamente evocativa.
locadas na introdução serão definidas com os dados mais rele- A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a
vantes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia,
ideias articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte a paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se
num conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e algo espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes a paráfra-
desencadeia a conclusão. se não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes
ideia central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retoman- diferentes.
do a introdução e os fatos resumidos do desenvolvimento do tex- A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a junção
to. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter na
ocorrer em uma dissertação, cabe fazermos a distinção entre fa- escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las, bem
tos, hipótese e opinião. como para se adotá-las. Um texto não é totalmente autoexplicativo, daí
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu histórico
é a obra ou ação que realmente se praticou. uma relação interdiscursiva e intertextual.
- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou As metáforas, metonímias, onomatopeias ou figuras de linguagem,
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- entram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. capazes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou muito utilizada para causar este efeito, umas de suas características
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias,
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem valores da oposição, tudo isto em forma de piada.
a respeito de algo. Uma das últimas, porém, não menos importantes, formas de persuadir
através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito,
O TEXTO ARGUMENTATIVO mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou
Baseado em Adilson Citelli conceitos pré-estabelecidos, sem, porém, com objetivos de forma clara e
A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte- concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerí-
rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os vel, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação...
discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP,
ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto Editora .Scipione, 1994 - 6ª edição.
de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras
do tipo de texto solicitado.
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário
que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam eles
um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a verbais e não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia
sua análise e esta dar-se-á a partir do momento em que a compreensão intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os
do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação interlocutores.
discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja
Esses interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um
transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do
texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo
sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que
falamos sozinhos.
fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em
que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões com o É de fundamental importância sabermos classificar os textos dos
simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos
o convencimento do ponto de vista de algo/alguém. saber que existem tipos textuais e gêneros textuais.
Língua Portuguesa 3

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado entrou apressadamente na sala de embarque e olhou à volta, procurando
ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre determinado assunto, alguém impacientemente. A mulher parecia ter fugido de um filme român-
ou descrevemos algum lugar pelo qual visitamos, e ainda, fazemos um tico dos anos 40."
retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver.
O narrador é uma figura criada pelo autor para apresentar os fatos
É exatamente nestas situações corriqueiras que classificamos os que constituem o relato, é a voz que conta o que está acontecendo. Esta
nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e voz pode ser de uma personagem, ou de uma testemunha que conta os
Dissertação. fatos na primeira pessoa ou, também, pode ser a voz de uma terceira
pessoa que não intervém nem como ator nem como testemunha.
Para melhor exemplificarmos o que foi dito, tomamos como exemplo
um Editorial, no qual o autor expõe seu ponto de vista sobre determinado Além disso, o narrador pode adotar diferentes posições, diferentes
assunto, uma descrição de um ambiente e um texto literário escrito em pontos de vista: pode conhecer somente o que está acontecendo, isto é, o
prosa. que as personagens estão fazendo ou, ao contrário, saber de tudo: o que
fazem, pensam, sentem as personagens, o que lhes aconteceu e o que
Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente, pois lhes acontecerá. Estes narradores que sabem tudo são chamados onisci-
se conceituam como gêneros textuais as diversas situações entes.
sociocomunciativas que participam da nossa vida em sociedade. Como
exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma reportagem, uma
monografia, e assim por diante. Respectivamente, tais textos classificar- A Novela
se-iam como: instrucional, correspondência pessoal (em meio eletrônico), É semelhante ao conto, mas tem mais personagens, maior número de
texto do ramo jornalístico e, por último, um texto de cunho científico. complicações, passagens mais extensas com descrições e diálogos. As
Mas como toda escrita perfaz-se de uma técnica para compô-la, é personagens adquirem uma definição mais acabada, e as ações secundá-
extremamente importante que saibamos a maneira correta de produzir rias podem chegar a adquirir tal relevância, de modo que terminam por
esta gama de textos. À medida que a praticamos, vamos nos converter-se, em alguns textos, em unidades narrativas independentes.
aperfeiçoando mais e mais na sua performance estrutural. Por Vânia
Duarte A Obra Teatral
Os textos literários que conhecemos como obras de teatro (dramas,
tragédias, comédias, etc.) vão tecendo diferentes histórias, vão desenvol-
O Conto vendo diversos conflitos, mediante a interação linguística das persona-
É um relato em prosa de fatos fictícios. Consta de três momentos per- gens, quer dizer, através das conversações que têm lugar entre os partici-
feitamente diferenciados: começa apresentando um estado inicial de pantes nas situações comunicativas registradas no mundo de ficção
equilíbrio; segue com a intervenção de uma força, com a aparição de um construído pelo texto.
conflito, que dá lugar a uma série de episódios; encerra com a resolução Nas obras teatrais, não existe um narrador que conta os fatos, mas
desse conflito que permite, no estágio final, a recuperação do equilíbrio um leitor que vai conhecendo-os através dos diálogos e/ ou monólogos
perdido. das personagens.
Todo conto tem ações centrais, núcleos narrativos, que estabelecem Devido à trama conversacional destes textos, torna-se possível en-
entre si uma relação causal. Entre estas ações, aparecem elementos de contrar neles vestígios de oralidade (que se manifestam na linguagem
recheio (secundários ou catalíticos), cuja função é manter o suspense. espontânea das personagens, através de numerosas interjeições, de
Tanto os núcleos como as ações secundárias colocam em cena persona- alterações da sintaxe normal, de digressões, de repetições, de dêiticos de
gens que as cumprem em um determinado lugar e tempo. Para a apresen- lugar e tempo. Os sinais de interrogação, exclamação e sinais auxiliares
tação das características destes personagens, assim como para as indica- servem para moldar as propostas e as réplicas e, ao mesmo tempo,
ções de lugar e tempo, apela-se a recursos descritivos. estabelecem os turnos de palavras.
Um recurso de uso frequente nos contos é a introdução do diálogo As obras de teatro atingem toda sua potencialidade através da repre-
das personagens, apresentado com os sinais gráficos correspondentes sentação cênica: elas são construídas para serem representadas. O
(os travessões, para indicar a mudança de interlocutor). diretor e os atores orientam sua interpretação.
A observação da coerência temporal permite ver se o autor mantém a Estes textos são organizados em atos, que estabelecem a progressão
linha temporal ou prefere surpreender o leitor com rupturas de tempo na temática: desenvolvem uma unidade informativa relevante para cada
apresentação dos acontecimentos (saltos ao passado ou avanços ao contato apresentado. Cada ato contém, por sua vez, diferentes cenas,
futuro). determinadas pelas entradas e saídas das personagens e/ou por diferen-
A demarcação do tempo aparece, geralmente, no parágrafo inicial. Os tes quadros, que correspondem a mudanças de cenografias.
contos tradicionais apresentam fórmulas características de introdução de Nas obras teatrais são incluídos textos de trama descritiva: são as
temporalidade difusa: "Era uma vez...", "Certa vez...". chamadas notações cênicas, através das quais o autor dá indicações aos
Os tempos verbais desempenham um papel importante na construção atores sobre a entonação e a gestualidade e caracteriza as diferentes
e na interpretação dos contos. Os pretéritos imperfeitos e o perfeito pre- cenografias que considera pertinentes para o desenvolvimento da ação.
dominam na narração, enquanto que o tempo presente aparece nas Estas notações apresentam com frequência orações unimembres e/ou
descrições e nos diálogos. bimembres de predicado não verbal.

O pretérito imperfeito apresenta a ação em processo, cuja incidência


chega ao momento da narração: "Rosário olhava timidamente seu preten- O Poema
dente, enquanto sua mãe, da sala, fazia comentários banais sobre a
Texto literário, geralmente escrito em verso, com uma distribuição es-
história familiar." O perfeito, ao contrário, apresenta as ações concluídas
pacial muito particular: as linhas curtas e os agrupamentos em estrofe dão
no passado: "De repente, chegou o pai com suas botas sujas de barro,
relevância aos espaços em branco; então, o texto emerge da página com
olhou sua filha, depois o pretendente, e, sem dizer nada, entrou furioso na
uma silhueta especial que nos prepara para sermos introduzidos nos
sala".
misteriosos labirintos da linguagem figurada. Pede uma leitura em voz
A apresentação das personagens ajusta-se à estratégia da definibili- alta, para captar o ritmo dos versos, e promove uma tarefa de abordagem
dade: são introduzidas mediante uma construção nominal iniciada por um que pretende extrair a significação dos recursos estilísticos empregados
artigo indefinido (ou elemento equivalente), que depois é substituído pelo pelo poeta, quer seja para expressar seus sentimentos, suas emoções,
definido, por um nome, um pronome, etc.: "Uma mulher muito bonita sua versão da realidade, ou para criar atmosferas de mistério de surrea-

Língua Portuguesa 4

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
lismo, relatar epopeias (como nos romances tradicionais), ou, ainda, para quais destacamos: uma tipografia perfeitamente legível, uma diagramação
apresentar ensinamentos morais (como nas fábulas). cuidada, fotografias adequadas que sirvam para complementar a informa-
ção linguística, inclusão de gráficos ilustrativos que fundamentam as
O ritmo - este movimento regular e medido - que recorre ao valor so- explicações do texto.
noro das palavras e às pausas para dar musicalidade ao poema, é parte
essencial do verso: o verso é uma unidade rítmica constituída por uma É pertinente observar como os textos jornalísticos distribuem-se na
série métrica de sílabas fônicas. A distribuição dos acentos das palavras publicação para melhor conhecer a ideologia da mesma. Fun-
que compõem os versos tem uma importância capital para o ritmo: a damentalmente, a primeira página, as páginas ímpares e o extremo supe-
musicalidade depende desta distribuição. rior das folhas dos jornais trazem as informações que se quer destacar.
Esta localização antecipa ao leitor a importância que a publicação deu ao
Lembramos que, para medir o verso, devemos atender unicamente à conteúdo desses textos.
distância sonora das sílabas. As sílabas fônicas apresentam algumas
diferenças das sílabas ortográficas. Estas diferenças constituem as cha- O corpo da letra dos títulos também é um indicador a considerar sobre
madas licenças poéticas: a diérese, que permite separar os ditongos em a posição adotada pela redação.
suas sílabas; a sinérese, que une em uma sílaba duas vogais que não
constituem um ditongo; a sinalefa, que une em uma só sílaba a sílaba final A Notícia
de uma palavra terminada em vogal, com a inicial de outra que inicie com
vogal ou h; o hiato, que anula a possibilidade da sinalefa. Os acentos Transmite uma nova informação sobre acontecimentos, objetos ou
finais também incidem no levantamento das sílabas do verso. Se a última pessoas.
palavra é paroxítona, não se altera o número de sílabas; se é oxítona, As notícias apresentam-se como unidades informativas completas,
soma-se uma sílaba; se é proparoxítona, diminui-se uma. que contêm todos os dados necessários para que o leitor compreenda a
A rima é uma característica distintiva, mas não obrigatória dos versos, informação, sem necessidade ou de recorrer a textos anteriores (por
pois existem versos sem rima (os versos brancos ou soltos de uso fre- exemplo, não é necessário ter lido os jornais do dia anterior para interpre-
quente na poesia moderna). A rima consiste na coincidência total ou tá-la), ou de ligá-la a outros textos contidos na mesma publicação ou em
parcial dos últimos fonemas do verso. publicações similares.

Existem dois tipos de rimas: a consoante (coincidência total de vogais É comum que este texto use a técnica da pirâmide invertida: começa
e consoante a partir da última vogal acentuada) e a assonante (coincidên- pelo fato mais importante para finalizar com os detalhes. Consta de três
cia unicamente das vogais a partir da última vogal acentuada). A métrica partes claramente diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimen-
mais frequente dos versos vai desde duas até dezesseis sílabas. Os to. O título cumpre uma dupla função - sintetizar o tema central e atrair a
versos monossílabos não existem, já que, pelo acento, são considerados atenção do leitor. Os manuais de estilo dos jornais (por exemplo: do Jornal
dissílabos. El País, 1991) sugerem geralmente que os títulos não excedam treze
palavras. A introdução contém o principal da informação, sem chegar a ser
As estrofes agrupam versos de igual medida e de duas medidas dife- um resumo de todo o texto. No desenvolvimento, incluem-se os detalhes
rentes combinadas regularmente. Estes agrupamentos vinculam-se à que não aparecem na introdução.
progressão temática do texto: com frequência, desenvolvem uma unidade
informativa vinculada ao tema central. A notícia é redigida na terceira pessoa. O redator deve manter-se à
margem do que conta, razão pela qual não é permitido o emprego da
Os trabalhos dentro do paradigma e do sintagma, através dos meca- primeira pessoa do singular nem do plural.
nismos de substituição e de combinação, respectivamente, culminam com
a criação de metáforas, símbolos, configurações sugestionadoras de Isso implica que, além de omitir o eu ou o nós, também não deve re-
vocábulos, metonímias, jogo de significados, associações livres e outros correr aos possessivos (por exemplo, não se referirá à Argentina ou a
recursos estilísticos que dão ambiguidade ao poema. Buenos Aires com expressões tais como nosso país ou minha cidade).
Esse texto se caracteriza por sua exigência de objetividade e veraci-
TEXTOS JORNALÍSTICOS dade: somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue
Os textos denominados de textos jornalísticos, em função de seu por- comprovar de forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a
tador (jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da certas fórmulas para salvar sua responsabilidade: parece, não está des-
função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no cartado que. Quando o redator menciona o que foi dito por alguma fonte,
momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, esta primazia da recorre ao discurso direto, como, por exemplo:
atualidade, condena-os a uma vida efêmera. Propõem-se a difundir as O ministro afirmou: "O tema dos aposentados será tratado na Câmara
novidades produzidas em diferentes partes do mundo, sobre os mais dos Deputados durante a próxima semana.
variados temas.
O estilo que corresponde a este tipo de texto é o formal.
De acordo com este propósito, são agrupados em diferentes seções:
informação nacional, informação internacional, informação local, socieda- Nesse tipo de texto, são empregados, principalmente, orações
de, economia, cultura, esportes, espetáculos e entretenimentos. enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática canônica. Apesar
das notícias preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa, também
A ordem de apresentação dessas seções, assim como a extensão e o é frequente o uso da voz passiva: Os delinquentes foram perseguidos pela
tratamento dado aos textos que incluem, são indicadores importantes polícia; e das formas impessoais: A perseguição aos delinquentes foi feita
tanto da ideologia como da posição adotada pela publicação sobre o tema por um patrulheiro.
abordado.
A progressão temática das notícias gira em tomo das perguntas o
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções. As mais co- quê? quem? como? quando? por quê e para quê?.
muns são as notícias, os artigos de opinião, as entrevistas, as reporta-
gens, as crônicas, as resenhas de espetáculos. O Artigo de Opinião
A publicidade é um componente constante dos jornais e revistas, à Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atu-
medida que permite o financiamento de suas edições. Mas os textos alidade que, por sua transcendência, no plano nacional ou internacional, já
publicitários aparecem não só nos periódicos como também em outros é considerado, ou merece ser, objeto de debate.
meios amplamente conhecidos como os cartazes, folhetos, etc.; por isso,
nos referiremos a eles em outro momento. Nessa categoria, incluem-se os editoriais, artigos de análise ou pes-
quisa e as colunas que levam o nome de seu autor. Os editoriais expres-
Em geral, aceita-se que os textos jornalísticos, em qualquer uma de sam a posição adotada pelo jornal ou revista em concordância com sua
suas seções, devem cumprir certos requisitos de apresentação, entre os ideologia, enquanto que os artigos assinados e as colunas transmitem as
Língua Portuguesa 5

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
opiniões de seus redatores, o que pode nos levar a encontrar, muitas resposta, mas detém-se em comentários e descrições sobre o entrevista-
vezes, opiniões divergentes e até antagônicas em uma mesma página. do e transcreve somente alguns fragmentos do diálogo, indicando com
travessões a mudança de interlocutor. É permitido apresentar uma intro-
Embora estes textos possam ter distintas superestruturas, em geral se dução extensa com os aspectos mais significativos da conversação manti-
organizam seguindo uma linha argumentativa que se inicia com a identifi- da, e as perguntas podem ser acompanhadas de comentários, confirma-
cação do tema em questão, acompanhado de seus antecedentes e alcan- ções ou refutações sobre as declarações do entrevistado.
ce, e que segue com uma tomada de posição, isto é, com a formulação de
uma tese; depois, apresentam-se os diferentes argumentos de forma a Por tratar-se de um texto jornalístico, a entrevista deve necessa-
justificar esta tese; para encerrar, faz-se uma reafirmação da posição riamente incluir um tema atual, ou com incidência na atualidade, embora a
adotada no início do texto. conversação possa derivar para outros temas, o que ocasiona que muitas
destas entrevistas se ajustem a uma progressão temática linear ou a
A efetividade do texto tem relação direta não só com a pertinência dos temas derivados.
argumentos expostos como também com as estratégias discursivas usa-
das para persuadir o leitor. Entre estas estratégias, podemos encontrar as Como ocorre em qualquer texto de trama conversacional, não existe
seguintes: as acusações claras aos oponentes, as ironias, as insinuações, uma garantia de diálogo verdadeiro; uma vez que se pode respeitar a vez
as digressões, as apelações à sensibilidade ou, ao contrário, a tomada de de quem fala, a progressão temática não se ajusta ao jogo argumentativo
distância através do uso das construções impessoais, para dar objetivida- de propostas e de réplicas.
de e consenso à análise realizada; a retenção em recursos descritivos -
detalhados e precisos, ou em relatos em que as diferentes etapas de
pesquisa estão bem especificadas com uma minuciosa enumeração das
fontes da informação. Todos eles são recursos que servem para funda- TEXTOS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
mentar os argumentos usados na validade da tese. Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ci-
A progressão temática ocorre geralmente através de um esquema de ências em geral. Os referentes dos textos que vamos desenvolver situam-
temas derivados. Cada argumento pode encerrar um tópico com seus se tanto nas Ciências Sociais como nas Ciências Naturais.
respectivos comentários. Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisa des-
Estes artigos, em virtude de sua intencionalidade informativa, apre- tas ciências, os textos têm algumas características que são comuns a
sentam uma preeminência de orações enunciativas, embora também todas suas variedades: neles predominam, como em todos os textos
incluam, com frequência, orações dubitativas e exortativas devido à sua informativos, as orações enunciativas de estrutura bimembre e prefere-se
trama argumentativa. As primeiras servem para relativizar os alcances e o a ordem sintática canônica (sujeito-verbo-predicado).
valor da informação de base, o assunto em questão; as últimas, para Incluem frases claras, em que não há ambiguidade sintática ou se-
convencer o leitor a aceitar suas premissas como verdadeiras. No decor- mântica, e levam em consideração o significado mais conhecido, mais
rer destes artigos, opta-se por orações complexas que incluem proposi- difundido das palavras.
ções causais para as fundamentações, consecutivas para dar ênfase aos
efeitos, concessivas e condicionais. O vocabulário é preciso. Geralmente, estes textos não incluem vocá-
bulos a que possam ser atribuídos em multiplicidade de significados, isto
Para interpretar estes textos, é indispensável captar a postura é, evitam os termos polissêmicos e, quando isso não é possível, estabele-
ideológica do autor, identificar os interesses a que serve e precisar sob cem mediante definições operatórias o significado que deve ser atribuído
que circunstâncias e com que propósito foi organizada a informação ao termo polissêmico nesse contexto.
exposta. Para cumprir os requisitos desta abordagem, necessitaremos
utilizar estratégias tais como a referência exofórica, a integração crítica
A Definição
dos dados do texto com os recolhidos em outras fontes e a leitura atenta
das entrelinhas a fim de converter em explícito o que está implícito. Expande o significado de um termo mediante uma trama descritiva,
que determina de forma clara e precisa as características genéricas e
Embora todo texto exija para sua interpretação o uso das estratégias
diferenciais do objeto ao qual se refere.
mencionadas, é necessário recorrer a elas quando estivermos frente a um
texto de trama argumentativa, através do qual o autor procura que o leitor Essa descrição contém uma configuração de elementos que se rela-
aceite ou avalie cenas, ideias ou crenças como verdadeiras ou falsas, cionam semanticamente com o termo a definir através de um processo de
cenas e opiniões como positivas ou negativas. sinonímia.
Recordemos a definição clássica de "homem", porque é o exemplo
por excelência da definição lógica, uma das construções mais generaliza-
A Reportagem
das dentro deste tipo de texto: O homem é um animal racional. A expan-
É uma variedade do texto jornalístico de trama conversacional que, são do termo "homem" - "animal racional" - apresenta o gênero a que
para informar sobre determinado tema, recorre ao testemunho de uma pertence, "animal", e a diferença específica, "racional": a racionalidade é o
figura-chave para o conhecimento deste tópico. traço que nos permite diferenciar a espécie humana dentro do gênero
animal.
A conversação desenvolve-se entre um jornalista que representa a
publicação e um personagem cuja atividade suscita ou merece despertar a Usualmente, as definições incluídas nos dicionários, seus portadores
atenção dos leitores. mais qualificados, apresentam os traços essenciais daqueles a que se
referem: Fiscis (do lat. piscis). s.p.m. Astron. Duodécimo e último signo ou
A reportagem inclui uma sumária apresentação do entrevistado, reali- parte do Zodíaco, de 30° de amplitude, que o Sol percorre aparentemente
zada com recursos descritivos, e, imediatamente, desenvolve o diálogo. antes de terminar o inverno.
As perguntas são breves e concisas, à medida que estão orientadas para
divulgar as opiniões e ideias do entrevistado e não as do entrevistador. Como podemos observar nessa definição extraída do Dicionário de La
Real Academia Espa1ioJa (RAE, 1982), o significado de um tema base ou
introdução desenvolve-se através de uma descrição que contém seus
traços mais relevantes, expressa, com frequência, através de orações
A Entrevista unimembres, constituídos por construções endocêntricas (em nosso
Da mesma forma que reportagem, configura-se preferentemente me- exemplo temos uma construção endocêntrica substantiva - o núcleo é um
diante uma trama conversacional, mas combina com frequência este substantivo rodeado de modificadores "duodécimo e último signo ou parte
tecido com fios argumentativos e descritivos. Admite, então, uma maior do Zodíaco, de 30° de amplitude..."), que incorporam maior informação
liberdade, uma vez que não se ajusta estritamente à fórmula pergunta- mediante proposições subordinadas adjetivas: "que o Sol percorre aparen-
temente antes de terminar o inverno".
Língua Portuguesa 6

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
As definições contêm, também, informações complementares relacio- isto é, ao registro da situação de experimentação; a outra, ao processo
nadas, por exemplo, com a ciência ou com a disciplina em cujo léxico se observado.
inclui o termo a definir (Piscis: Astron.); a origem etimológica do vocábulo
("do lat. piscis"); a sua classificação gramatical (s.p.m.), etc. Nesses textos, então, são utilizadas com frequência orações que co-
meçam com se (condicionais) e com quando (condicional temporal):
Essas informações complementares contêm frequentemente
abreviaturas, cujo significado aparece nas primeiras páginas do Dicionário: Se coloco a semente em um composto de areia, terra preta, húmus, a
Lat., Latim; Astron., Astronomia; s.p.m., substantivo próprio masculino, etc. planta crescerá mais rápido.

O tema-base (introdução) e sua expansão descritiva - categorias bá- Quando rego as plantas duas vezes ao dia, os talos começam a
sicas da estrutura da definição - distribuem-se espacialmente em blocos, mostrar manchas marrons devido ao excesso de umidade.
nos quais diferentes informações costumam ser codificadas através de Estes relatos adotam uma trama descritiva de processo. A variável
tipografias diferentes (negrito para o vocabulário a definir; itálico para as tempo aparece através de numerais ordinais: Em uma primeira etapa, é
etimologias, etc.). Os diversos significados aparecem demarcados em possível observar... em uma segunda etapa, aparecem os primeiros brotos
bloco mediante barras paralelas e /ou números. ...; de advérbios ou de locuções adverbiais: Jogo, antes de, depois de, no
Prorrogar (Do Jat. prorrogare) V.t.d. l. Continuar, dilatar, estender mesmo momento que, etc., dado que a variável temporal é um componen-
uma coisa por um período determinado. 112. Ampliar, prolongar 113. te essencial de todo processo. O texto enfatiza os aspectos descritivos,
Fazer continuar em exercício; adiar o término de. apresenta as características dos elementos, os traços distintivos de cada
uma das etapas do processo.
O relato pode estar redigido de forma impessoal: coloca-se, colocado
em um recipiente ... Jogo se observa/foi observado que, etc., ou na primei-
A Nota de Enciclopédia ra pessoa do singular, coloco/coloquei em um recipiente ... Jogo obser-
Apresenta, como a definição, um tema-base e uma expansão de tra- vo/observei que ... etc., ou do plural: colocamos em um recipiente... Jogo
ma descritiva; porém, diferencia-se da definição pela organização e pela observamos que... etc. O uso do impessoal enfatiza a distância existente
amplitude desta expansão. entre o experimentador e o experimento, enquanto que a primeira pessoa,
do plural e do singular enfatiza o compromisso de ambos.
A progressão temática mais comum nas notas de enciclopédia é a de
temas derivados: os comentários que se referem ao tema-base constitu- A Monografia
em-se, por sua vez, em temas de distintos parágrafos demarcados por
subtítulos. Por exemplo, no tema República Argentina, podemos encontrar Este tipo de texto privilegia a análise e a crítica; a informação sobre
os temas derivados: traços geológicos, relevo, clima, hidrografia, biogeo- um determinado tema é recolhida em diferentes fontes.
grafia, população, cidades, economia, comunicação, transportes, cultura,
etc. Os textos monográficos não necessariamente devem ser realizados
com base em consultas bibliográficas, uma vez que é possível terem como
Estes textos empregam, com frequência, esquemas taxionômicos, fonte, por exemplo, o testemunho dos protagonistas dos fatos, testemu-
nos quais os elementos se agrupam em classes inclusivas e incluídas. Por nhos qualificados ou de especialistas no tema.
exemplo: descreve-se "mamífero" como membro da classe dos vertebra-
dos; depois, são apresentados os traços distintivos de suas diversas As monografias exigem uma seleção rigorosa e uma organização coe-
variedades: terrestres e aquáticos. rente dos dados recolhidos. A seleção e organização dos dados servem
como indicador do propósito que orientou o trabalho. Se pretendemos, por
Uma vez que nestas notas há predomínio da função informativa da exemplo, mostrar que as fontes consultadas nos permitem sustentar que
linguagem, a expansão é construída sobre a base da descrição científica, os aspectos positivos da gestão governamental de um determinado per-
que responde às exigências de concisão e de precisão. sonagem histórico têm maior relevância e valor do que os aspectos nega-
tivos, teremos de apresentar e de categorizar os dados obtidos de tal
As características inerentes aos objetos apresentados aparecem atra- forma que esta valorização fique explícita.
vés de adjetivos descritivos - peixe de cor amarelada escura, com man-
chas pretas no dorso, e parte inferior prateada, cabeça quase cônica, Nas monografias, é indispensável determinar, no primeiro parágrafo, o
olhos muito juntos, boca oblíqua e duas aletas dorsais - que ampliam a tema a ser tratado, para abrir espaço à cooperação ativa do leitor que,
base informativa dos substantivos e, como é possível observar em nosso conjugando seus conhecimentos prévios e seus propósitos de leitura, fará
exemplo, agregam qualidades próprias daquilo a que se referem. as primeiras antecipações sobre a informação que espera encontrar e
formulará as hipóteses que guiarão sua leitura. Uma vez determinado o
O uso do presente marca a temporalidade da descrição, em cujo teci- tema, estes textos transcrevem, mediante o uso da técnica de resumo, o
do predominam os verbos estáticos - apresentar, mostrar, ter, etc. - e os que cada uma das fontes consultadas sustenta sobre o tema, as quais
de ligação - ser, estar, parecer, etc. estarão listadas nas referências bibliográficas, de acordo com as normas
que regem a apresentação da bibliografia.
O Relato de Experimentos
O trabalho intertextual (incorporação de textos de outros no tecido do
Contém a descrição detalhada de um projeto que consiste em texto que estamos elaborando) manifesta-se nas monografias através de
manipular o ambiente para obter uma nova informação, ou seja, são textos construções de discurso direto ou de discurso indireto.
que descrevem experimentos.
Nas primeiras, incorpora-se o enunciado de outro autor, sem modifi-
O ponto de partida destes experimentos é algo que se deseja saber, cações, tal como foi produzido. Ricardo Ortiz declara: "O processo da
mas que não se pode encontrar observando as coisas tais como estão; é economia dirigida conduziu a uma centralização na Capital Federal de
necessário, então, estabelecer algumas condições, criar certas situações toda tramitação referente ao comércio exterior'] Os dois pontos que pre-
para concluir a observação e extrair conclusões. Muda-se algo para cons- nunciam a palavra de outro, as aspas que servem para demarcá-la, os
tatar o que acontece. Por exemplo, se se deseja saber em que condições traços que incluem o nome do autor do texto citado, 'o processo da eco-
uma planta de determinada espécie cresce mais rapidamente, pode-se nomia dirigida - declara Ricardo Ortiz - conduziu a uma centralização...')
colocar suas sementes em diferentes recipientes sob diferentes condições são alguns dos sinais que distinguem frequentemente o discurso direto.
de luminosidade; em diferentes lugares, areia, terra, água; com diferentes
fertilizantes orgânicos, químicos etc., para observar e precisar em que Quando se recorre ao discurso indireto, relata-se o que foi dito por ou-
circunstâncias obtém-se um melhor crescimento. tro, em vez de transcrever textualmente, com a inclusão de elementos
subordinadores e dependendo do caso - as conseguintes modificações,
A macroestrutura desses relatos contém, primordialmente, duas cate- pronomes pessoais, tempos verbais, advérbios, sinais de pontuação,
gorias: uma corresponde às condições em que o experimento se realiza, sinais auxiliares, etc.

Língua Portuguesa 7

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Discurso direto: ‘Ás raízes de meu pensamento – afirmou Echeverría - lham da função apelativa, à medida que prescrevem ações e empregam a
nutrem-se do liberalismo’ trama descritiva para representar o processo a ser seguido na tarefa
empreendida.
Discurso indireto: 'Écheverría afirmou que as raízes de seu
pensamento nutriam -se do liberalismo' A construção de muitos destes textos ajusta-se a modelos convencio-
nais cunhados institucionalmente. Por exemplo, em nossa comunidade,
Os textos monográficos recorrem, com frequência, aos verbos dis- estão amplamente difundidos os modelos de regulamentos de coproprie-
cendi (dizer, expressar, declarar, afirmar, opinar, etc.), tanto para introduzir dade; então, qualquer pessoa que se encarrega da redação de um texto
os enunciados das fontes como para incorporar os comentários e opiniões deste tipo recorre ao modelo e somente altera os dados de identificação
do emissor. para introduzir, se necessário, algumas modificações parciais nos direitos
Se o propósito da monografia é somente organizar os dados que o e deveres das partes envolvidas.
autor recolheu sobre o tema de acordo com um determinado critério de Em nosso cotidiano, deparamo-nos constantemente com textos ins-
classificação explícito (por exemplo, organizar os dados em tomo do tipo trucionais, que nos ajudam a usar corretamente tanto um processador de
de fonte consultada), sua efetividade dependerá da coerência existente alimentos como um computador; a fazer uma comida saborosa, ou a
entre os dados apresentados e o princípio de classificação adotado. seguir uma dieta para emagrecer. A habilidade alcançada no domínio
Se a monografia pretende justificar uma opinião ou validar uma hipó- destes textos incide diretamente em nossa atividade concreta. Seu em-
tese, sua efetividade, então, dependerá da confiabilidade e veracidade das prego frequente e sua utilidade imediata justificam o trabalho escolar de
fontes consultadas, da consistência lógica dos argumentos e da coerência abordagem e de produção de algumas de suas variedades, como as
estabelecida entre os fatos e a conclusão. receitas e as instruções.
Estes textos podem ajustar-se a diferentes esquemas lógicos do tipo As Receitas e as Instruções
problema /solução, premissas /conclusão, causas / efeitos.
Referimo-nos às receitas culinárias e aos textos que trazem instru-
Os conectores lógicos oracionais e extra oracionais são marcas lin- ções para organizar um jogo, realizar um experimento, construir um artefa-
guísticas relevantes para analisar as distintas relações que se estabele- to, fabricar um móvel, consertar um objeto, etc.
cem entre os dados e para avaliar sua coerência.
Estes textos têm duas partes que se distinguem geralmente a partir
A Biografia da especialização: uma, contém listas de elementos a serem utilizados
(lista de ingredientes das receitas, materiais que são manipulados no
É uma narração feita por alguém acerca da vida de outra(s) experimento, ferramentas para consertar algo, diferentes partes de um
pessoa(s). Quando o autor conta sua própria vida, considera-se uma aparelho, etc.), a outra, desenvolve as instruções.
autobiografia.
As listas, que são similares em sua construção às que usamos habi-
Estes textos são empregados com frequência na escola, para apre- tualmente para fazer as compras, apresentam substantivos concretos
sentar ou a vida ou algumas etapas decisivas da existência de persona- acompanhados de numerais (cardinais, partitivos e múltiplos).
gens cuja ação foi qualificada como relevante na história.
As instruções configuram-se, habitualmente, com orações bimembres,
Os dados biográficos ordenam-se, em geral, cronologicamente, e, da- com verbos no modo imperativo (misture a farinha com o fermento), ou
do que a temporalidade é uma variável essencial do tecido das biografias, orações unimembres formadas por construções com o verbo no infinitivo
em sua construção, predominam recursos linguísticos que asseguram a (misturar a farinha com o açúcar).
conectividade temporal: advérbios, construções de valor semântico adver-
bial (Seus cinco primeiros anos transcorreram na tranquila segurança de Tanto os verbos nos modos imperativo, subjuntivo e indicativo como
sua cidade natal Depois, mudou-se com a família para La Prata), proposi- as construções com formas nominais gerúndio, particípio, infinitivo apare-
ções temporais (Quando se introduzia obsessivamente nos tortuosos cem acompanhados por advérbios palavras ou por locuções adverbiais
caminhos da novela, seus estudos de física ajudavam-no a reinstalar-se que expressam o modo como devem ser realizadas determinadas ações
na realidade), etc. (separe cuidadosamente as claras das gemas, ou separe com muito
cuidado as claras das gemas). Os propósitos dessas ações aparecem
A veracidade que exigem os textos de informação científica mani- estruturados visando a um objetivo (mexa lentamente para diluir o conteú-
festa-se nas biografias através das citações textuais das fontes dos dados do do pacote em água fria), ou com valor temporal final (bata o creme com
apresentados, enquanto a ótica do autor é expressa na seleção e no modo as claras até que fique numa consistência espessa). Nestes textos inclui-
de apresentação destes dados. Pode-se empregar a técnica de acumula- se, com frequência, o tempo do receptor através do uso das dêixis de
ção simples de dados organizados cronologicamente, ou cada um destes lugar e de tempo: Aqui, deve acrescentar uma gema. Agora, poderá mexer
dados pode aparecer acompanhado pelas valorações do autor, de acordo novamente. Neste momento, terá que correr rapidamente até o lado
com a importância que a eles atribui. oposto da cancha. Aqui pode intervir outro membro da equipe.
Atualmente, há grande difusão das chamadas "biografias não -
autorizadas" de personagens da política, ou do mundo da Arte. Uma
característica que parece ser comum nestas biografias é a inten- TEXTOS EPISTOLARES
cionalidade de revelar a personagem através de uma profusa acumulação
de aspectos negativos, especialmente aqueles que se relacionam a defei- Os textos epistolares procuram estabelecer uma comunicação por es-
tos ou a vícios altamente reprovados pela opinião pública. crito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeça-
lho. Pode tratar-se de um indivíduo (um amigo, um parente, o gerente de
uma empresa, o diretor de um colégio), ou de um conjunto de indivíduos
designados de forma coletiva (conselho editorial, junta diretora).
TEXTOS INSTRUCIONAIS
Estes textos reconhecem como portador este pedaço de papel que,
Estes textos dão orientações precisas para a realização das mais di- de forma metonímica, denomina-se carta, convite ou solicitação, depen-
versas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou dendo das características contidas no texto.
animais domésticos, usar um aparelho eletrônico, consertar um carro, etc.
Dentro desta categoria, encontramos desde as mais simples receitas Apresentam uma estrutura que se reflete claramente em sua organi-
culinárias até os complexos manuais de instrução para montar o motor de zação espacial, cujos componentes são os seguintes: cabeçalho, que
um avião. Existem numerosas variedades de textos instrucionais: além de estabelece o lugar e o tempo da produção, os dados do destinatário e a
receitas e manuais, estão os regulamentos, estatutos, contratos, instru- forma de tratamento empregada para estabelecer o contato: o corpo, parte
ções, etc. Mas todos eles, independente de sua complexidade, comparti- do texto em que se desenvolve a mensagem, e a despedida, que inclui a

Língua Portuguesa 8

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
saudação e a assinatura, através da qual se introduz o autor no texto. O como de construções de infinitivo ou de gerúndio: para alcançar essa
grau de familiaridade existente entre emissor e destinatário é o princípio posição, o solicitante lhe apresenta os seguintes antecedentes... (o infiniti-
que orienta a escolha do estilo: se o texto é dirigido a um familiar ou a um vo salienta os fins a que se persegue), ou alcançando a posição de... (o
amigo, opta-se por um estilo informal; caso contrário, se o destinatário é gerúndio enfatiza os antecedentes que legitimam o pedido).
desconhecido ou ocupa o nível superior em uma relação assimétrica A argumentação destas solicitações institucionalizaram-se de tal ma-
(empregador em relação ao empregado, diretor em relação ao aluno, etc.), neira que aparece contida nas instruções de formulários de emprego, de
impõe-se o estilo formal. solicitação de bolsas de estudo, etc.
Texto extraído de: ESCOLA, LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS, Ana Maria
Kaufman, Artes Médicas, Porto Alegre, RS.
A Carta
As cartas podem ser construídas com diferentes tramas (narrativa e
argumentativa), em tomo das diferentes funções da linguagem (informati-
va, expressiva e apelativa). Ortografia: emprego das letras e
Referimo-nos aqui, em particular, às cartas familiares e amistosas, is- acentuação gráfica.
to é, aqueles escritos através dos quais o autor conta a um parente ou a
um amigo eventos particulares de sua vida. Estas cartas contêm aconte-
cimentos, sentimentos, emoções, experimentados por um emissor que As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas
percebe o receptor como ‘cúmplice’, ou seja, como um destinatário com- que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de
prometido afetivamente nessa situação de comunicação e, portanto, capaz modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua.
de extrair a dimensão expressiva da mensagem.
Uma vez que se trata de um diálogo à distância com um receptor co- Eis algumas observações úteis:
nhecido, opta-se por um estilo espontâneo e informal, que deixa transpa- DISTINÇÃO ENTRE J E G
recer marcas da oralidade: frases inconclusas, nas quais as reticências 1. Escrevem-se com J:
habilitam múltiplas interpretações do receptor na tentativa de concluí-las; a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajes-
perguntas que procuram suas respostas nos destinatários; perguntas que te, canjerê, pajé, etc.
encerram em si suas próprias respostas (perguntas retóricas); pontos de b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije-
exclamação que expressam a ênfase que o emissor dá a determinadas cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc.
expressões que refletem suas alegrias, suas preocupações, suas dúvidas. c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei,
Estes textos reúnem em si as diferentes classes de orações. As despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
enunciativas, que aparecem nos fragmentos informativos, alternam-se d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc.
com as dubitativas, desiderativas, interrogativas, exclamativas, para e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais
manifestar a subjetividade do autor. Esta subjetividade determina também mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija.
o uso de diminutivos e aumentativos, a presença frequente de adjetivos
qualificativos, a ambiguidade lexical e sintática, as repetições, as interjei- 2. Escrevem-se com G:
ções. a) O final dos substantivos AGEM, IGEM, UGEM: coragem, vertigem,
ferrugem, etc.
A Solicitação b) Exceções: pajem, lambujem. Os finais: ÁGIO, ÉGIO, ÓGIO e ÍGIO:
estágio, egrégio, relógio refúgio, prodígio, etc.
É dirigida a um receptor que, nessa situação comunicativa estabeleci- c) Os verbos em GER e GIR: fugir, mugir, fingir.
da pela carta, está revestido de autoridade à medida que possui algo ou
tem a possibilidade de outorgar algo que é considerado valioso pelo DISTINÇÃO ENTRE S E Z
emissor: um emprego, uma vaga em uma escola, etc.
1. Escrevem-se com S:
Esta assimetria entre autor e leitor um que pede e outro que pode ce- a) O sufixo OSO: cremoso (creme + oso), leitoso, vaidoso, etc.
der ou não ao pedido, — obriga o primeiro a optar por um estilo formal, b) O sufixo ÊS e a forma feminina ESA, formadores dos adjetivos pátrios
que recorre ao uso de fórmulas de cortesia já estabelecidas con- ou que indicam profissão, título honorífico, posição social, etc.: portu-
vencionalmente para a abertura e encerramento (atenciosamente .com guês – portuguesa, camponês – camponesa, marquês – marquesa,
votos de estima e consideração . . . / despeço-me de vós respeitosamente. burguês – burguesa, montês, pedrês, princesa, etc.
. / Saúdo-vos com o maior respeito), e às frases feitas com que se iniciam c) O sufixo ISA. sacerdotisa, poetisa, diaconisa, etc.
e encerram-se estes textos (Dirijo-me a vós a fim de solicitar-lhe que ... O d) Os finais ASE, ESE, ISE e OSE, na grande maioria se o vocábulo for
abaixo-assinado, Antônio Gonzalez, D.NJ. 32.107 232, dirigi-se ao Senhor erudito ou de aplicação científica, não haverá dúvida, hipótese, exe-
Diretor do Instituto Politécnico a fim de solicitar-lhe...) gese análise, trombose, etc.
As solicitações podem ser redigidas na primeira ou terceira pessoa do e) As palavras nas quais o S aparece depois de ditongos: coisa, Neusa,
singular. As que são redigidas na primeira pessoa introduzem o emissor causa.
através da assinatura, enquanto que as redigidas na terceira pessoa f) O sufixo ISAR dos verbos referentes a substantivos cujo radical
identificam-no no corpo do texto (O abaixo assinado, Juan Antônio Pérez, termina em S: pesquisar (pesquisa), analisar (análise), avisar (aviso),
dirige-se a...). etc.
A progressão temática dá-se através de dois núcleos informativos: o g) Quando for possível a correlação ND - NS: escandir: escansão;
primeiro determina o que o solicitante pretende; o segundo, as condições pretender: pretensão; repreender: repreensão, etc.
que reúne para alcançar aquilo que pretende. Estes núcleos, demarcados
por frases feitas de abertura e encerramento, podem aparecer invertidos 2. Escrevem-se em Z.
em algumas solicitações, quando o solicitante quer enfatizar suas condi- a) O sufixo IZAR, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o
ções; por isso, as situa em um lugar preferencial para dar maior força à mesmo radical. Civilizar: civilização, civilizado; organizar: organização,
sua apelação. organizado; realizar: realização, realizado, etc.
Essas solicitações, embora cumpram uma função apelativa, mostram b) Os sufixos EZ e EZA formadores de substantivos abstratos derivados
um amplo predomínio das orações enunciativas complexas, com inclusão de adjetivos limpidez (limpo), pobreza (pobre), rigidez (rijo), etc.
tanto de proposições causais, consecutivas e condicionais, que permitem c) Os derivados em -ZAL, -ZEIRO, -ZINHO e –ZITO: cafezal, cinzeiro,
desenvolver fundamentações, condicionamentos e efeitos a alcançar, chapeuzinho, cãozito, etc.

Língua Portuguesa 9

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
DISTINÇÃO ENTRE X E CH: MAU - MAL
1. Escrevem-se com X MAU é adjetivo (seu antônimo é bom).
a) Os vocábulos em que o X é o precedido de ditongo: faixa, caixote, Escolheu um MAU momento.
feixe, etc. Era um MAU aluno.
b) Maioria das palavras iniciadas por ME: mexerico, mexer, mexerica, MAL pode ser:
etc. a) advérbio de modo (antônimo de bem).
d) EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de Ele se comportou MAL.
árvore que produz o látex). Seu argumento está MAL estruturado
e) Observação: palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar, b) conjunção temporal (equivale a assim que).
enchapelar, enchumaçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são MAL chegou, saiu
grafadas com "ch", porque são palavras formadas por prefixação, ou c) substantivo:
seja, pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o ch (enchen-
O MAL não tem remédio,
te, encher e seus derivados: prefixo en + radical de cheio; encharcar:
en + radical de charco; enchiqueirar: en + radical de chiqueiro; encha- Ela foi atacada por um MAL incurável.
pelar: en + radical de chapéu; enchumaçar: en + radical de chumaço).
CESÃO/SESSÃO/SECÇÃO/SEÇÃO
2. Escrevem-se com CH: CESSÃO significa o ato de ceder.
a) charque, chiste, chicória, chimarrão, ficha, cochicho, cochichar, estre- Ele fez a CESSÃO dos seus direitos autorais.
buchar, fantoche, flecha, inchar, pechincha, pechinchar, penacho, sal- A CESSÃO do terreno para a construção do estádio agradou a todos os
sicha, broche, arrocho, apetrecho, bochecha, brecha, chuchu, ca- torcedores.
chimbo, comichão, chope, chute, debochar, fachada, fechar, linchar,
mochila, piche, pichar, tchau. SESSÃO é o intervalo de tempo que dura uma reunião:
b) Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que Assistimos a uma SESSÃO de cinema.
possuem a mesma pronúncia, mas a grafia diferente. Nelas, a grafia Reuniram-se em SESSÃO extraordinária.
se distingue pelo contraste entre o x e o ch.
Exemplos: SECÇÃO (ou SEÇÃO) significa parte de um todo, subdivisão:
• brocha (pequeno prego) Lemos a notícia na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de esportes.
• broxa (pincel para caiação de paredes) Compramos os presentes na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de brinquedos.
• chá (planta para preparo de bebida)
• xá (título do antigo soberano do Irã) HÁ / A
• chalé (casa campestre de estilo suíço) Na indicação de tempo, emprega-se:
• xale (cobertura para os ombros) HÁ para indicar tempo passado (equivale a faz):
• chácara (propriedade rural) HÁ dois meses que ele não aparece.
• xácara (narrativa popular em versos) Ele chegou da Europa HÁ um ano.
• cheque (ordem de pagamento) A para indicar tempo futuro:
• xeque (jogada do xadrez) Daqui A dois meses ele aparecerá.
• cocho (vasilha para alimentar animais) Ela voltará daqui A um ano.
• coxo (capenga, imperfeito)
FORMAS VARIANTES
DISTINÇÃO ENTRE S, SS, Ç E C
Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer
Observe o quadro das correlações:
uma delas é considerada correta. Eis alguns exemplos.
Correlações Exemplos
t-c ato - ação; infrator - infração; Marte - marcial
aluguel ou aluguer hem? ou hein?
ter-tenção abster - abstenção; ater - atenção; conter - contenção, deter - alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
detenção; reter - retenção amídala ou amígdala infarto ou enfarte
rg - rs aspergir - aspersão; imergir - imersão; submergir - submersão; assobiar ou assoviar laje ou lajem
rt - rs inverter - inversão; divertir - diversão assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
pel - puls impelir - impulsão; expelir - expulsão; repelir - repulsão azaléa ou azaleia nenê ou nenen
corr - curs correr - curso - cursivo - discurso; excursão - incursão bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
sent - sens sentir - senso, sensível, consenso bílis ou bile quatorze ou catorze
ced - cess ceder - cessão - conceder - concessão; interceder - intercessão.
exceder - excessivo (exceto exceção)
cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar
gred - gress agredir - agressão - agressivo; progredir - progressão - progresso - carroçaria ou carroceria taramela ou tramela
progressivo chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear
prim - press imprimir - impressão; oprimir - opressão; reprimir - repressão. debulhar ou desbulhar ou relampar
tir - ssão admitir - admissão; discutir - discussão, permitir - permissão. fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
(re)percutir - (re)percussão
EMPREGO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES
Escrevem-se com letra inicial maiúscula:
ONDE-AONDE 1) a primeira palavra de período ou citação.
Emprega-se AONDE com os verbos que dão ideia de movimento. Equi- Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
vale sempre a PARA ONDE. No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
AONDE você vai? letra maiúscula.
AONDE nos leva com tal rapidez? 2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes
Naturalmente, com os verbos que não dão ideia de “movimento” empre- sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil,
ga-se ONDE Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via-
ONDE estão os livros? Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
Não sei ONDE te encontrar. O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno.
Língua Portuguesa 10

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas Alfabeto
religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo
Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc. as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma
4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e
República, etc. palavras importadas do idioma inglês, como:
5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, km – quilômetro,
Estado, Pátria, União, República, etc. kg – quilograma
Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.
6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações,
órgãos públicos, etc.: Trema
Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita mui-
Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. to textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever
7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus
e científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bündchen não vai
Os Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã. (neste
da Manhã, Manchete, etc. caso, o “ü” lê-se “i”)
8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente,
Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos 1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas
do Oriente, o falar do Norte. ou não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)”
ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, Ex.
o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc. Chá Mês nós
Gás Sapé cipó
Escrevem-se com letra inicial minúscula:
Dará Café avós
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes
gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, Pará Vocês compôs
carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc. vatapá pontapés só
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando Aliás português robô
empregados em sentido geral: dá-lo vê-lo avó
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria. recuperá-los Conhecê-los pô-los
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio
guardá-la Fé compô-los
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc.
réis (moeda) Véu dói
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação
direta: méis céu mói
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis) pastéis Chapéus anzóis
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, ninguém parabéns Jerusalém
mirra." (Manuel Bandeira)
Resumindo:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que
ORTOGRAFIA OFICIAL seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e
Por Paula Perin dos Santos “atraí-lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas
O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da nestas palavras.
Língua Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário 2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
internacional. Sua implementação no Brasil segue os seguintes parâme- • L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
tros: 2009 – vigência ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação • N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
completa dos livros didáticos às novas regras; e a partir de 2013 – vigên- • R – câncer, caráter, néctar, repórter.
cia obrigatória em todo o território nacional. Cabe lembrar que esse “Novo • X – tórax, látex, ônix, fênix.
Acordo Ortográfico” já se encontrava assinado desde 1990 por oito países • PS – fórceps, Quéops, bíceps.
que falam a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que • Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
teve sua implementação. • ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que • I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar • ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e • UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos • US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos cres-
meio de Leis ou Acordos. centes (semivogal+vogal):
A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, de- Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.
pois de internalizada uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui 3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.
uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra, Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisân-
o ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso) ou, temo, público, pároco, proparoxítona.
na melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra.
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS
Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira 4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
descomplicada, apontando como é que fica estabelecido de hoje em • Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
diante a Ortografia Oficial do Português falado no Brasil.
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.

Língua Portuguesa 11

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
IMPORTANTE • Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo empre-
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, go da vírgula:
se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos? Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor.
Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tôni- • Após a primeira parte de um provérbio.
cos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectiva- O que os olhos não veem, o coração não sente.
mente. Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando natural- • Em alguns casos de termos oclusos:
mente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso. Eu gostava de maçã, de pêra e de abacate.

5. Trema RETICÊNCIAS
Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só • São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.
vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estran- Não me disseste que era teu pai que ...
geira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”) • Para realçar uma palavra ou expressão.
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome...
6. Acento Diferencial • Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento.
O acento diferencial permanece nas palavras: Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também...
pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição) PONTO E VÍRGULA
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do • Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém
verbo está no singular ou plural: alguma simetria entre si.
SINGULAR PLURAL "Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desco-
nhecido, guardando consigo a ponta farpada. "
Ele tem Eles têm • Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu
Ele vem Eles vêm interior.
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém,
mais calmo, resolveu o problema sozinho.
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, co-
mo: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.
DOIS PONTOS
• Enunciar a fala dos personagens:
Ele retrucou: Não vês por onde pisas?
• Para indicar uma citação alheia:
Emprego dos sinais de Pontuação Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar-
que".
Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita • Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão
as pausas da linguagem oral. anterior:
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
PONTO • Enumeração após os apostos:
O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase de- Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido.
clarativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos
casos comuns ele é chamado de simples. TRAVESSÃO
Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris- Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar
to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo). palavras ou frases
– "Quais são os símbolos da pátria?
PONTO DE INTERROGAÇÃO – Que pátria?
É usado para indicar pergunta direta. – Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos).
Onde está seu irmão? – "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra
Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação. vez.
A mim ?! Que ideia! – a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma
coisa". (M. Palmério).
PONTO DE EXCLAMAÇÃO • Usa-se para separar orações do tipo:
É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas. – Avante!- Gritou o general.
Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória! – A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta.
Ó jovens! Lutemos!
Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam
VÍRGULA uma cadeia de frase:
A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena • A estrada de ferro Santos – Jundiaí.
pausa na fala. Emprega-se a vírgula: • A ponte Rio – Niterói.
• Nas datas e nos endereços: • A linha aérea São Paulo – Porto Alegre.
São Paulo, 17 de setembro de 1989.
Largo do Paissandu, 128. ASPAS
• No vocativo e no aposto: São usadas para:
Meninos, prestem atenção! • Indicar citações textuais de outra autoria.
Termópilas, o meu amigo, é escritor. "A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles)
• Nos termos independentes entre si: • Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões. expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaismo, formas populares:
• Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste Há quem goste de “jazz-band”.
caso é usado o duplo emprego da vírgula: Não achei nada "legal" aquela aula de inglês.
Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa- • Para enfatizar palavras ou expressões:
droeira. Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
• Após alguns adjuntos adverbiais: • Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
No dia seguinte, viajamos para o litoral. "Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro.

Língua Portuguesa 12

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• Em casos de ironia: - Sindética:
A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente. Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção
Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão. coordenativa.
Viajo amanhã, mas volto logo.
PARÊNTESES
Empregamos os parênteses: - Assindética:
• Nas indicações bibliográficas. Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou
"Sede assim qualquer coisa. ponto e vírgula.
serena, isenta, fiel". Chegou, olhou, partiu.
(Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
A oração coordenada sindética pode ser:
• Nas indicações cênicas dos textos teatrais: 1. ADITIVA:
"Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem = e não), mas,
fora das órbitas. Amália se volta)". também:
(G. Figueiredo) Ele falava E EU FICAVA OUVINDO.
Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
• Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória: A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ.
"E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-Io, morrendo de
fome." 2. ADVERSATIVA:
(C. Lispector) Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de
contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto,
• Para isolar orações intercaladas: etc).
"Estou certo que eu (se lhe ponho A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
Minha mão na testa alçada) O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
Sou eu para ela." Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
(M. Bandeira)
3. ALTERNATIVAS:
COLCHETES [ ] Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a
Os colchetes são muito empregados na linguagem científica. outra (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
ASTERISCO Mudou o natal OU MUDEI EU?
O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para “OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
alguma nota (observação). OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
(C. Meireles)
BARRA
A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas 4. CONCLUSIVAS:
abreviaturas. Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS,
PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE,
etc).
Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO.
Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ.
Funções sintáticas de termos e
de orações. Processos sintáticos: 5. EXPLICATIVAS:
subordinação e coordenação. Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro
que a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.)
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR.
SINTAXE Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS.
No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta.
Fui ao cinema. ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE
O pássaro voou. É aquela que vem entre os termos de uma outra oração.
O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
PERÍODO COMPOSTO A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos:
No período composto há mais de uma oração. CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc.
(Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens
folgam.) ORAÇÃO PRINCIPAL
Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida
Período composto por coordenação por um conectivo.
Apresenta orações independentes. ELES DISSERAM que voltarão logo.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.) ELE AFIRMOU que não virá.
PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma)
Período composto por subordinação
Apresenta orações dependentes. ORAÇÃO SUBORDINADA
(É bom) (que você estude.) Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é
introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal
Período composto por coordenação e subordinação nem sempre é a primeira do período.
Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este Quando ele voltar, eu saio de férias.
período é também conhecido como misto. Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
(Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.) Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR

ORAÇÃO COORDENADA ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA


Oração coordenada é aquela que é independente. Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função
As orações coordenadas podem ser: de um substantivo.

Língua Portuguesa 13

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado.
substantivas classificam-se em: CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava.

1) SUBJETIVA (sujeito) 4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese:


Convém que você estude mais.
SE O CONHECESSES, não o condenarias.
Importa que saibas isso bem. .
É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO?
necessária.
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato
2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto) com outro:
Desejo QUE VENHAM TODOS. Fiz tudo COMO ME DISSERAM.
Pergunto QUEM ESTÁ AI. Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.

3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto) 6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado:


Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS. A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE.
Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA!
Daremos o prêmio A QUEM O MERECER.
Tenho medo disso QUE ME PÉLO!
4) COMPLETIVA NOMINAL
Complemento nominal. 7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto:
Ser grato A QUEM TE ENSINA. Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE.
Sou favorável A QUE O PRENDAM. Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR.

5) PREDICATIVA (predicativo) 8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade:


Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA)
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo.
Não sou QUEM VOCÊ PENSA.

6) APOSITIVAS (servem de aposto) 9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE) na oração principal:
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME. ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam.
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam.
7) AGENTE DA PASSIVA
O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR) 10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM. Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de
um adjetivo. ORAÇÕES REDUZIDAS
Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: nominais: gerúndio, infinitivo e particípio.
1) EXPLICATIVAS: Exemplos:
Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente, • Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO.
atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe • Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ.
uma informação. • FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM, conseguirás.
Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará. • É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS ATENTOS.
Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria.
• AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO,
entristeceu-se.
2) RESTRITIVAS:
Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo • É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante QUE ESTUDES
indispensáveis ao sentido da frase: MAIS.
Pedra QUE ROLA não cria limo. • SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure-me.
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS Classes de palavras e suas flexões.


Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de Processo de formação de palavras.
um advérbio. Verbos: conjugação, emprego dos
As orações subordinadas adverbiais classificam-se em:
tempos, modos e vozes verbais.
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão:
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE. Colocação dos pronomes. Coletivos
O tambor soa PORQUE É OCO.

2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma


Formação de palavras
comparação.
As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em
O som é menos veloz QUE A LUZ.
vários elementos chamados elementos mórficos ou elementos de
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA.
estrutura das palavras.
Exs.:
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se cinzeiro = cinza + eiro
admite: endoidecer = en + doido + ecer
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram. predizer = pre + dizer
Língua Portuguesa 14

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• Onomatopeia: reprodução imitativa de sons (pingue-pingue, zun-
Os principais elementos móficos são : zum, miau);
RADICAL
É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra. • Abreviação vocabular: redução da palavra até o limite de sua
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer compreensão (metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.)
enterrar = en + terra + ar • Siglas: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma se-
pronome = pro + nome quência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de
siglas, formam-se outras palavras também (aidético, petista)
PREFIXO
É o elemento mórfico que vem antes do radical. • Neologismo: nome dado ao processo de criação de novas pala-
Exs.: anti - herói in - feliz vras, ou para palavras que adquirem um novo significado. pciconcursos
SUFIXO
É o elemento mórfico que vem depois do radical.
Exs.: med - onho cear – ense CLASSES DE PALAVRAS

SUBSTANTIVOS
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá
As palavras estão em constante processo de evolução, o que torna a nome aos seres em geral.
língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Por isso alguns São, portanto, substantivos.
vocábulos caem em desuso (arcaísmos), enquanto outros nascem (neolo- a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachor-
gismos) e outros mudam de significado com o passar do tempo. ra, Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres:
Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das pala- trabalho, corrida, tristeza beleza altura.
vras encontramos a seguinte divisão:
• palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor) CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espé-
• palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha) cie: rio, cidade, pais, menino, aluno
b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado elemen-
• palavras simples - só possuem um radical (couve, flor) to. Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial maiúscula:
• palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-flor, Tocantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair.
aguardente) c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não,
propriamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc.
Verifique que é sempre possível visualizar em nossa mente o substanti-
Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conheci- vo concreto, mesmo que ele não possua existência real: casa, cadeira,
mento dos seguintes processos de formação: caneta, fada, bruxa, saci.
d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto é,
Composição - processo em que ocorre a junção de dois ou mais ra- só existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração, sendo,
dicais. São dois tipos de composição. pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos
vão, portanto, designar ações, estados ou qualidades, tomados como
• justaposição: quando não ocorre a alteração fonética (girassol, seres: trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza.
sexta-feira); Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou ad-
• aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de jetivos
elementos (pernalta, de perna + alta). trabalhar - trabalho
correr - corrida
Derivação - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o alto - altura
acréscimo de afixos. São cinco tipos de derivação. belo - beleza
• prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-útil);
FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
• sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva (clara-mente); a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua
portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal.
• parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa:
e sufixo, à palavra primitiva (em + lata + ado). Esse processo é responsá- florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
vel pela formação de verbos, de base substantiva ou adjetiva; c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve,
• regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo forma- ódio, tempo, sol.
se substantivos abstratos por derivação regressiva de formas verbais d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de-
(ajuda / de ajudar); colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.

• imprópria: é a alteração da classe gramatical da palavra primitiva COLETIVOS


("o jantar" - de verbo para substantivo, "é um judas" - de substantivo Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um gru-
próprio a comum). po de seres da mesma espécie.
Veja alguns coletivos que merecem destaque:
Além desses processos, a língua portuguesa também possui outros alavão - de ovelhas leiteiras
processos para formação de palavras, como: alcateia - de lobos
álbum - de fotografias, de selos
• Hibridismo: são palavras compostas, ou derivadas, constituídas
antologia - de trechos literários escolhidos
por elementos originários de línguas diferentes (automóvel e monóculo,
armada - de navios de guerra
grego e latim / sociologia, bígamo, bicicleta, latim e grego / alcalóide,
armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc)
alcoômetro, árabe e grego / caiporismo: tupi e grego / bananal - africano e
arquipélago - de ilhas
latino / sambódromo - africano e grego / burocracia - francês e grego);
assembleia - de parlamentares, de membros de associações
atilho - de espigas de milho
Língua Portuguesa 15

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
atlas - de cartas geográficas, de mapas Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas
banca - de examinadores pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo:
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios padrinho/madrinha bode/cabra
bando - de aves, de pessoal em geral cavaleiro/amazona pai/mãe
cabido - de cônegos b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única
cacho - de uvas, de bananas forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
cáfila - de camelos em:
cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves 1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam
cancioneiro - de poemas, de canções animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca.
caravana - de viajantes Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, de-
cardume - de peixes vemos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré
clero - de sacerdotes fêmea
colmeia - de abelhas 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes
concílio - de bispos que designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa artigo, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante,
congregação - de professores, de religiosos a estudante, este dentista.
congresso - de parlamentares, de cientistas 3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
conselho - de ministros pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por
consistório - de cardeais sob a presidência do papa artigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o
constelação - de estrelas cônjuge, a pessoa, a criatura.
corja - de vadios Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
elenco - de artistas uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
enxame - de abelhas
enxoval - de roupas AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
esquadra - de navios de guerra São masculinos São femininos
esquadrilha - de aviões o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme
falange - de soldados, de anjos o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata
farândola - de maltrapilhos o teorema o ágape a análise a usucapião
o trema o caudal a cal a bacanal
fato - de cabras
o edema o champanha a cataplasma a líbido
fauna - de animais de uma região o eclipse o alvará a dinamite a sentinela
feixe - de lenha, de raios luminosos o lança-perfume o formicida a comichão a hélice
flora - de vegetais de uma região o fibroma o guaraná a aguardente
frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus o estratagema o plasma
girândola - de fogos de artifício o proclama o clã
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros
junta - de bois, médicos, de examinadores Mudança de Gênero com mudança de sentido
júri - de jurados Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
legião - de anjos, de soldados, de demônios Veja alguns exemplos:
malta - de desordeiros o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo)
manada - de bois, de elefantes o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora)
matilha - de cães de caça
o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão)
ninhada - de pintos o lotação (veículo) a lotação (capacidade)
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
panapaná - de borboletas
pelotão - de soldados Plural dos Nomes Simples
penca - de bananas, de chaves 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S:
pinacoteca - de pinturas casa, casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães.
plantel - de animais de raça, de atletas
quadrilha - de ladrões, de bandidos 2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em:
ramalhete - de flores a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões;
réstia - de alhos, de cebolas coração, corações; grandalhão, grandalhões.
récua - de animais de carga b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
romanceiro - de poesias populares guardiães.
resma - de papel c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos):
revoada - de pássaros cristão, cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.
súcia - de pessoas desonestas Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma
vara - de porcos forma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou
vocabulário - de palavras charlatães; ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabe-
liães, etc.
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e 3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém,
grau. armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns.

4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,


Gênero
lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen,
Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femi-
hífens (ou hífenes).
nino: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta.
Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones.
Podemos classificar os substantivos em:
a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas,
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal,
uma para o masculino, outra para o feminino:
animais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis.
aluno/aluna homem/mulher
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules.
menino /menina carneiro/ovelha

Língua Portuguesa 16

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o ca-
fóssil, fósseis; réptil, répteis. so por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso,
barris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. padres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos
ou salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxíto-
nos: o pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossí- Adjetivos Compostos
labos tônicos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
portugueses; burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, americanos; cívico-militar, cívico-militares.
os substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quan-
ônix, os ônix. do o segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa,
tecidos amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam:
substantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do subs- surdos-mudos > surdas-mudas.
tantivo primitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho.
cãozinho, cãezitos.
Graus do substantivo
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os
Substantivos só usados no plural quais podem ser: sintéticos ou analíticos.
afazeres anais
arredores belas-artes Analítico
cãs condolências Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do ta-
confins exéquias manho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
férias fezes
núpcias óculos Sintético
olheiras pêsames Constroi-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
Principais sufixos aumentativos
Plural dos Nomes Compostos AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO,
1. Somente o último elemento varia: ÁZIO, ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil,
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; caldeirão, povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra,
claraboia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; lobaz, dentuça.
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre,
grão-mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; Principais Sufixos Diminutivos
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de subs- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZI-
tantivo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; NHO, ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.:
guarda-comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sem- lobacho, montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto,
pre-viva, sempre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas me- burrico, flautim, pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote,
la-mela, mela-melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique- papelucho, glóbulo, homúncula, apícula, velhusco.
tiques) Observações:
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos,
2. Somente o primeiro elemento é flexionado: adquirem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulher-
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de- zinha, etc. Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: pova-
leite; pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; bur- réu, fogaréu, etc.
ro-sem-rabo, burros-sem-rabo; • É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor
afetivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finali- • Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente
dade ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, formal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: car-
pombos-correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, pei- taz, ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
xes-espada; banana-maçã, bananas-maçã. • Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos- diminutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho,
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc. bonzinho, pequenito.

3. Ambos os elementos são flexionados: Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em


a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves- lugar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radi-
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, car- cais diferentes para designar o sexo:
tas-compromissos. bode - cabra genro - nora
burro - besta padre - madre
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor- carneiro - ovelha padrasto - madrasta
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara- cão - cadela padrinho - madrinha
pálida, caras-pálidas. cavalheiro - dama pai - mãe
compadre - comadre veado - cerva
São invariáveis: frade - freira zangão - abelha
a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o frei – soror etc.
pisa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não- ADJETIVOS
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem-
desocupa-o-copo; FLEXÃO DOS ADJETIVOS
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; Gênero
o perde-ganha, os perde-ganha. Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
Língua Portuguesa 17

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne- - Comparativo de inferioridade:
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu- A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro.
lher simples; aluno feliz - aluna feliz. Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável.
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de inten-
outra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / ho- sidade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo:
mem alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa - Superlativo absoluto
Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se- Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser:
melhante a dos substantivos. Esta cidade é poluidíssima.
Esta cidade é muito poluída.
Número - Superlativo relativo
a) Adjetivo simples Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os a outros seres:
substantivos simples: Este rio é o mais poluído de todos.
pessoa honesta pessoas honestas Este rio é o menos poluído de todos.
regra fácil regras fáceis
homem feliz homens felizes Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico:
- Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade -
Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam muito trabalhador, excessivamente frágil, etc.
invariáveis: - Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti-
blusa vinho blusas vinho quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc.
camisa rosa camisas rosa
Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compa-
b) Adjetivos compostos rativo e o superlativo, as seguintes formas especiais:
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO ABSOLUTO RELATIVO
elemento varia, tanto em gênero quanto em número: bom melhor ótimo
acordos sócio-político-econômico melhor
acordos sócio-político-econômicos mau pior péssimo
causa sócio-político-econômica pior
causas sócio-político-econômicas grande maior máximo
acordo luso-franco-brasileiro maior
acordo luso-franco-brasileiros pequeno menor mínimo
lente côncavo-convexa menor
lentes côncavo-convexas
camisa verde-clara Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos:
camisas verde-claras acre - acérrimo ágil - agílimo
sapato marrom-escuro agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo
sapatos marrom-escuros amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo
amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo
Observações: áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica in- audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo
variável: benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo
camisa verde-abacate camisas verde-abacate célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo
sapato marrom-café sapatos marrom-café cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invari- frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
áveis: incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
blusa azul-marinho blusas azul-marinho íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo
magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo
3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo
elementos variam: negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo
menino surdo-mudo meninos surdos-mudos pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo)
menina surda-muda meninas surdas-mudas possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo
Graus do Adjetivo público - publicíssimo pudico - pudicíssimo
As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex- sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo
pressas em dois graus: salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
- o comparativo simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
- o superlativo terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
velho - vetérrimo visível - visibilíssimo
Comparativo voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo
Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma
outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é Adjetivos Gentílicos e Pátrios
igual, superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo: Argélia – argelino Bagdá - bagdali
- Comparativo de igualdade: Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral. Bóston - bostoniano Braga - bracarense
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente. Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
- Comparativo de superioridade: Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense
O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro. bucarestense Campos - campista
Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico. Cairo - cairota Caracas - caraquenho

Língua Portuguesa 18

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Canaã - cananeu Ceilão - cingalês PRONOMES PESSOAIS
Catalunha - catalão Chipre - cipriota Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis-
Chicago - chicaguense Córdova - cordovês curso:
Coimbra - coimbrão, conim- Creta - cretense 1ª pessoa: quem fala, o emissor.
bricense Cuiabá - cuiabano Eu sai (eu)
Córsega - corso EI Salvador - salvadorenho Nós saímos (nós)
Croácia - croata Espírito Santo - espírito-santense, Convidaram-me (me)
Egito - egípcio capixaba Convidaram-nos (nós)
Equador - equatoriano Évora - eborense 2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
Filipinas - filipino Finlândia - finlandês Tu saíste (tu)
Florianópolis - florianopolitano Formosa - formosano Vós saístes (vós)
Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense Convidaram-te (te)
Gabão - gabonês Galiza - galego Convidaram-vos (vós)
Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino 3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
Goiânia - goianense Granada - granadino Ele saiu (ele)
Groenlândia - groenlandês Guatemala - guatemalteco Eles sairam (eles)
Guiné - guinéu, guineense Haiti - haitiano Convidei-o (o)
Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho Convidei-os (os)
Hungria - húngaro, magiar Ilhéus - ilheense
Iraque - iraquiano Jerusalém - hierosolimita Os pronomes pessoais são os seguintes:
João Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho singular 1ª eu me, mim, comigo
Macapá - macapaense Macau - macaense 2ª tu te, ti, contigo
Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe 3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
Madri - madrileno Manaus - manauense plural 1ª nós nós, conosco
Marajó - marajoara Minho - minhoto 2ª vós vós, convosco
Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco 3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
Montevidéu - montevideano Natal - natalense
Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano PRONOMES DE TRATAMENTO
Pequim - pequinês Pisa - pisano Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano PRONOME ABREV. EMPREGO
Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho Vossa Eminência V .Ema cardeais
Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral
Veneza - veneziano Vitória - vitoriense Vossa Magnificência V. Mag a reitores de universidades
Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
Locuções Adjetivas Vossa Santidade V.S. papas
As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
substantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmen- Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
te, podem ser substituídas por um adjetivo correspondente.
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
PRONOMES cês.
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que re- 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
presenta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
discurso. Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tra- Considera-se errado seu emprego como complemento:
tar-se de pronome substantivo. Convidaram ELE para a festa (errado)
• Ele chegou. (ele) Receberam NÓS com atenção (errado)
• Convidei-o. (o) EU cheguei atrasado (certo)
ELE compareceu à festa (certo)
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a 2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
extensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. pronomes retos:
• Esta casa é antiga. (esta) Convidei ELE (errado)
• Meu livro é antigo. (meu) Chamaram NÓS (errado)
Convidei-o. (certo)
Classificação dos Pronomes Chamaram-NOS. (certo)
Há, em Português, seis espécies de pronomes: 3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de prepo-
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas sição, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se
de tratamento: correto seu emprego como complemento:
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões; Informaram a ELE os reais motivos.
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo; Emprestaram a NÓS os livros.
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde; Eles gostam muito de NÓS.
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá- 4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se
rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou- errado seu emprego como complemento:
trem, nada, cada, algo. Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
interrogativas.
Língua Portuguesa 19

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas 9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
de preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
oblíquas MIM e TI: sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse
Ninguém irá sem EU. (errado) infinitivo:
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) Deixei-o sair.
Ninguém irá sem MIM. (certo) Vi-o chegar.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo) Sofia deixou-se estar à janela.
É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desen-
Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e volvendo as orações reduzidas de infinitivo:
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
como sujeito de um verbo no infinitivo.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) 10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos:
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito) A mim, ninguém me engana.
A ti tocou-te a máquina mercante.
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleo-
obrigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática nasmo vicioso e sim ênfase.
de sujeito.
11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessi-
5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados vo, exercendo função sintática de adjunto adnominal:
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
em que os referidos pronomes não sejam reflexivos: Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Querida, gosto muito de SI. (errado)
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para represen-
Querida, gosto muito de você. (certo) tar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de
Preciso muito falar com você. (certo) modéstia:
Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchen-
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os tes.
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: Vós sois minha salvação, meu Deus!
Ele feriu-se
Cada um faça por si mesmo a redação 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
O professor trouxe as provas consigo nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quan-
do falamos dessa pessoa:
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, Vossa Excelência já aprovou os projetos?
tais pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios. 14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
combinações possíveis são as seguintes: pronomes de terceira pessoa:
me+o=mo me + os = mos Você trouxe seus documentos?
te+o=to te + os = tos Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
lhe+o=lho lhe + os = lhos
nos + o = no-lo nos + os = no-los COLOCAÇÃO DE PRONOMES
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
lhes + o = lho lhes + os = lhos NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
1. Antes do verbo - próclise
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femini- Eu te observo há dias.
nos a, as. 2. Depois do verbo - ênclise
me+a=ma me + as = mas Observo-te há dias.
te+a=ta te + as = tas 3. No interior do verbo - mesóclise
- Você pagou o livro ao livreiro?
Observar-te-ei sempre.
- Sim, paguei-LHO.
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que
Ênclise
representa o livreiro) com O (que representa o livro).
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como
direto ou indireto.
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
O pai esperava-o na estação agitada.
LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos
Expliquei-lhe o motivo das férias.
indiretos:
O menino convidou-a. (V.T.D )
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
O filho obedece-lhe. (V.T. l )
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a oração:
Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões)
Voltei-me em seguida para o céu límpido.
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
as construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
de verbos transitivos diretos:
3. Com o imperativo afirmativo:
Eu lhe vi ontem. (errado)
Companheiros, escutai-me.
Nunca o obedeci. (errado)
4. Com o infinitivo impessoal:
Eu o vi ontem. (certo)
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Nunca lhe obedeci. (certo)
destino na mesa.
Língua Portuguesa 20

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM: 2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo. 3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
meio franco. (seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
você).
Próclise
Na linguagem culta, a próclise é recomendada: Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambi-
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos, guidade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
interrogativos e conjunções. Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
As crianças que me serviram durante anos eram bichos. A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
Tudo me parecia que ia ser comida de avião. Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
Quem lhe ensinou esses modos?
Quem os ouvia, não os amou. Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos
Que lhes importa a eles a recompensa? pronomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez. Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo): suas mãos).
Papai do céu o abençoe. Não me respeitava a adolescência.
A terra lhes seja leve. A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM: O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
Em se animando, começa a contagiar-nos.
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse. Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja 1. Cálculo aproximado, estimativa:
pausa entre eles. Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova. 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma histó-
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra. ria
O nosso homem não se deu por vencido.
Mesóclise Chama-se Falcão o meu homem
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presen- 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
te e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não Eu cá tenho minhas dúvidas
estejam precedidos de palavras que reclamem a próclise. Cornélio teve suas horas amargas
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. 4. Afetividade, cortesia
Dir-se-ia vir do oco da terra. Como vai, meu menino?
Mas: Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris.
Jamais se diria vir do oco da terra. No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de pa-
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: rentes de família.
Lembrarei-me (!?) É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Diria-se (!?) Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensidade.
Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
O Pronome Átono nas Locuções Verbais não sabia o que dizer.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Podemos contar-lhe o ocorrido. São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
Podemos-lhe contar o ocorrido. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
Não lhes podemos contar o ocorrido.
O menino foi-se descontraindo. Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra per-
O menino foi descontraindo-se. to de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro
O menino não se foi descontraindo. está longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclíti- que o livro está longe de ambas as pessoas.
co ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio.
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a Os pronomes demonstrativos são estes:
Descartes ." ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
Tenho-me levantado cedo. ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
Não me tenho levantado cedo. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o MESMO (e variações), próprio (e variações)
auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta. SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o
da colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na Emprego dos Demonstrativos
linguagem escrita. 1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que
PRONOMES POSSESSIVOS fala).
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu- Este documento que tenho nas mãos não é meu.
indo-lhes a posse de alguma coisa. Isto que carregamos pesa 5 kg.
Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente:
livro pertence a 1ª pessoa (eu) Este coração não pode me trair.
Eis as formas dos pronomes possessivos: Esta alma não traz pecados.
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS. Tudo se fez por este país..
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS. c) Para indicar o momento em que falamos:
3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS. Neste instante estou tranquilo.
1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS. Deste minuto em diante vou modificar-me.

Língua Portuguesa 21

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres.
momento em que falamos: Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames.
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. homens superiores.
Um dia destes estive em Porto Alegre. 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
qual se inclui o momento em que falamos: 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
Nesta semana não choveu. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Neste mês a inflação foi maior. Tal era a situação do país.
Este ano será bom para nós. Não disse tal.
Este século terminará breve. Tal não pôde comparecer.
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando:
Este assunto já foi discutido ontem. Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Tudo isto que estou dizendo já é velho. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompa-
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: nha QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases
Só posso lhe dizer isto: nada somos. como Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. DE QUAL ou OUTRO TAL:
Suas manias eram tais quais as minhas.
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: A mãe era tal quais as filhas.
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com Os filhos são tais qual o pai.
quem se fala): Tal pai, tal filho.
Esse documento que tens na mão é teu? É pronome substantivo em frases como:
Isso que carregas pesa 5 kg. Não encontrarei tal (= tal coisa).
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Não creio em tal (= tal coisa)
Esse teu coração me traiu.
Essa alma traz inúmeros pecados. PRONOMES RELATIVOS
Quantos vivem nesse pais? Veja este exemplo:
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
desejamos distância: A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
O povo já não confia nesses políticos. casa é um pronome relativo.
Não quero mais pensar nisso. PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: referidos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
O que você quer dizer com isso? No exemplo dado, o antecedente é casa.
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que Outros exemplos de pronomes relativos:
falamos: Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
Um dia desses estive em Porto Alegre. O lugar onde paramos era deserto.
Comi naquele restaurante dia desses. Traga tudo quanto lhe pertence.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Leve tantos ingressos quantos quiser.
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio. Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito dis- Eis o quadro dos pronomes relativos:
tante. VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Masculino Feminino
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: o qual a qual quem
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se os quais as quais
á 3ª. cujo cujos cuja cujas que
Aquele documento que lá está é teu? quanto quanta quantas onde
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg. quantos
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
Naquele instante estava preocupado. Observações:
Daquele instante em diante modifiquei-me. 1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
século, para exprimir que o tempo já decorreu. O médico de quem falo é meu conterrâneo.
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, 2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou sempre um substantivo sem artigo.
variações) para a primeira: Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar?
Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso 3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos
e aquela tranquila. de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas.
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE, Tenho tudo quanto quero.
pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural: Leve tantos quantos precisar.
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose? Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
Com um frio destes não se pode sair de casa. 4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
Nunca vi uma coisa daquelas. EM QUE.
A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
reforçativo: PRONOMES INDEFINIDOS
Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos. Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de
Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas. modo vago, impreciso, indeterminado.
7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO, 1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO,
ISSO ou AQUELE (e variações). SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO
Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro.

Língua Portuguesa 22

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplos: b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme-
Algo o incomoda? cemos.
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. 2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Não faças a outrem o que não queres que te façam. a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Quem avisa amigo é. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adorme-
Encontrei quem me pode ajudar. ceis.
Ele gosta de quem o elogia. 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, adormece.
CERTA CERTAS. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.:
Cada povo tem seus costumes. Eles adormecem.
Certas pessoas exercem várias profissões.
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do
falante em relação ao fato que comunica. Há três modos em portu-
PRONOMES INTERROGATIVOS guês.
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso. A cachorra Baleia corria na frente.
Exemplos: b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
Que há? Talvez a cachorra Baleia corra na frente .
Que dia é hoje? c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
Reagir contra quê? pedido
Por que motivo não veio? Corra na frente, Baleia.
Quem foi?
Qual será? 4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tem-
Quantos vêm? po, em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos
Quantas irmãs tens? são:
a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
VERBO Fecho os olhos, agito a cabeça.
b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
CONCEITO em que se fala:
“As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando- Fechei os olhos, agitei a cabeça.
as no tempo. c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, fari- O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
nha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro presente.
elas. Assim fiz. Morreram.”
(Clarice Lispector) Veja o esquema dos tempos simples em português:
Presente (falo)
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir: INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
a) Estado: Imperfeito (falava)
Não sou alegre nem sou triste. Mais- que-perfeito (falara)
Sou poeta. Futuro do presente (falarei)
do pretérito (falaria)
b) Mudança de estado: Presente (fale)
Meu avô foi buscar ouro. SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
Mas o ouro virou terra. Futuro (falar)
c) Fenômeno: Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
Chove. O céu dorme. se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esque-
ma dos tempos simples.
VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de Infinitivo impessoal (falar)
estado e fenômeno, situando-se no tempo. Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
FLEXÕES Particípio (falado)
O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle-
xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer 5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
em si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica: a) agente do fato expresso.
• a ação de cantar. O carroceiro disse um palavrão.
• a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós). (sujeito agente)
• o número gramatical (plural). O verbo está na voz ativa.
• o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito). b) paciente do fato expresso:
• o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido Um palavrão foi dito pelo carroceiro.
no passado (indicativo). (sujeito paciente)
• que o sujeito pratica a ação (voz ativa). O verbo está na voz passiva.
Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz. c) agente e paciente do fato expresso:
1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural: O carroceiro machucou-se.
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular). (sujeito agente e paciente)
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural). O verbo está na voz reflexiva.
6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de
2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais: rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical.
1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser Falo - Estudam.
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço.

Língua Portuguesa 23

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está 5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
fora do radical. seguido de infinitivo):
Falamos - Estudarei. Em pontos de ciência não há transigir.
7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em: Não há contê-lo, então, no ímpeto.
a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua Não havia descrer na sinceridade de ambos.
conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto - Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas.
cantei - cantarei – cantava - cantasse. E não houve convencê-lo do contrário.
b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou Não havia por que ficar ali a recriminar-se.
nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse.
c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa, Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- há muito (= desde muito tempo, há muito tempo):
nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. De há muito que esta árvore não dá frutos.
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o De há muito não o vejo.
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio:
matado - morto - enxugado - enxuto. O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
conjugação. pessoa do singular:
verbo ser: sou - fui Vai haver eleições em outubro.
verbo ir: vou - ia Começou a haver reclamações.
Não pode haver umas sem as outras.
QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO Parecia haver mais curiosos do que interessados.
1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
explícito. Quase todos os verbos são pessoais.
O Nino apareceu na porta. A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
construída de três modos:
2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implí- Hajam vista os livros desse autor.
cito ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais: Haja vista os livros desse autor.
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar, Haja vista aos livros desse autor.
etc.
Garoava na madrugada roxa. CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer: sentido da frase.
Houve um espetáculo ontem. Exemplo:
Há alunos na sala. Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
claros. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ati-
va passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva,
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico. conservando o mesmo tempo.
Fazia dois anos que eu estava casado. Outros exemplos:
Faz muito frio nesta região? Os calores intensos provocam as chuvas.
As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Eu o acompanharei.
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente Ele será acompanhado por mim.
na 3ª pessoa do singular - quando significa: Todos te louvariam.
1) EXISTIR Serias louvado por todos.
Há pessoas que nos querem bem. Prejudicaram-me.
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá. Fui prejudicado.
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios. Condenar-te-iam.
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores. Serias condenado.

2) ACONTECER, SUCEDER EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS


Houve casos difíceis na minha profissão de médico. a) Presente
Não haja desavenças entre vós. Emprega-se o presente do indicativo para assinalar:
Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos. - um fato que ocorre no momento em que se fala.
Eles estudam silenciosamente.
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado: Eles estão estudando silenciosamente.
Há meses que não o vejo. - uma ação habitual.
Haverá nove dias que ele nos visitou. Corra todas as manhãs.
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava. - uma verdade universal (ou tida como tal):
O fato aconteceu há cerca de oito meses. O homem é mortal.
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa.
pretérito imperfeito, e não no presente: - fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada. maior realce à narrativa.
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos. Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis".
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo. É o chamado presente histórico ou narrativo.
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava. - fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos:
Amanhã vou à escola.
4) REALIZAR-SE Qualquer dia eu te telefono.
Houve festas e jogos. b) Pretérito Imperfeito
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos. Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar:
Todas as noites havia ensaios das escolas de samba. - um fato passado contínuo, habitual, permanente:

Língua Portuguesa 24

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ele andava à toa. Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, deem
Nós vendíamos sempre fiado. Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, dés-
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre seis, dessem
por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis. Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
Era uma vez...
- um fato presente em relação a outro fato passado. MOBILIAR
Eu lia quando ele chegou. Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
mobiliam
c) Pretérito Perfeito Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis,
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já mobiliem
ocorrido, concluído. Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem
Estudei a noite inteira.
Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até AGUAR
o momento presente. Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam
Tenho estudado todas as noites. Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes,
aguaram
d) Pretérito mais-que-perfeito Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado): MAGOAR
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou. Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos,
magoais, magoam
e) Futuro do Presente
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes,
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato
magoaram
futuro em relação ao momento em que se fala.
Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos,
Irei à escola.
magoeis, magoem
f) Futuro do Pretérito Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar:
- um fato futuro, em relação a outro fato passado. APIEDAR-SE
- Eu jogaria se não tivesse chovido. Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apie-
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. damo-nos, apiedais-vos, apiadam-se
- Seria realmente agradável ter de sair? Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apie-
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às demo-nos, apiedei-vos, apiedem-se
vezes, ironia. Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A
- Daria para fazer silêncio?!
MOSCAR
Modo Subjuntivo Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos,
a) Presente moscais, muscam
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar: Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos,
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. mosqueis, musquem
Talvez eles estudem... não sei. Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U
- um desejo, uma vontade:
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores. RESFOLEGAR
Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolega-
b) Pretérito Imperfeito mos, resfolegais, resfolgam
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfolegue-
hipótese, uma condição. mos, resfolegueis, resfolguem
Se eu estudasse, a história seria outra. Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece
Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo.
NOMEAR
c) Pretérito Perfeito Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos,
Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar nomeais, nomeiam
um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos,
características do modo subjuntivo). nomeáveis, nomeavam
Que tenha estudado bastante é o que espero. Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes,
nomearam
d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que- Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos,
perfeito do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro nomeeis, nomeiem
fato passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo sub- Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem
juntivo: Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear
Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui-
lamente. COPIAR
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
e) Futuro
Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes,
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já
copiaram
concluído em relação a outro fato futuro.
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos,
Quando eu voltar, saberei o que fazer.
copiáreis, copiaram
VERBOS IRREGULARES Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem
DAR Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem
Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
ODIAR
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam
Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram
Língua Portuguesa 25

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudés-
odiavam seis, pudessem
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiá- Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, pode-
reis, odiaram rem
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem Gerúndio podendo
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar Particípio podido
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmati-
CABER vo nem no imperativo negativo
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, PROVER
couberam Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, prove-
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos, des, proveem
coubéreis, couberam Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam
Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubés- Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos,
semos, coubésseis, coubessem provêreis, proveram
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis,
couberem proverão
O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmati- Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proverí-
vo nem no imperativo negativo eis, proveriam
Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam
CRER Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos,
Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, creem provejais. provejam
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos,
creiam provêsseis, provessem
Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes,
Conjugam-se como crer, ler e descrer proverem
Gerúndio provendo
DIZER Particípio provido
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram
QUERER
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos,
Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem
disséreis, disseram
Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão
Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos,
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam
quiséreis, quiseram
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam
Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, quei-
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissés-
rais, queiram
seis, dissesse
Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisés-
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem
seis, quisessem
Particípio dito
Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer

FAZER REQUERER
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos,
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram requereis. requerem
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, reque-
fizeram reste, requereram
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, reque-
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam reramos, requerereis, requereram
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos,
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam requerereis, requererão
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos,
fizésseis, fizessem requereríeis, requereriam
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeira-
mos, requeirais, requeiram
PERDER Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêsse-
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem mos, requerêsseis, requeressem,
Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais. percam Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, reque-
Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam rerdes, requerem
Gerúndio requerendo
PODER Particípio requerido
Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam REAVER
Presente do indicativo reavemos, reaveis
Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes,
pudéreis, puderam reouveram
Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, pos- Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéra-
sais, possam mos, reouvéreis, reouveram

Língua Portuguesa 26

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, Gerúndio abolindo
reouvéssemos, reouvésseis, reouvessem Particípio abolido
Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reou- O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do
verdes, reouverem radical há E ou I.
O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que
esse apresenta a letra v AGREDIR
Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agri-
SABER dem
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agri-
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, dam
souberam Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos, Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substi-
soubéreis, souberam tuído por I.
Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubés- COBRIR
semos, soubésseis, soubessem Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cu-
bram
VALER Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem Particípio coberto
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham
FALIR
TRAZER Presente do indicativo falimos, falis
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram
Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
trouxeram Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéra- Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam
mos, trouxéreis, trouxeram Presente do subjuntivo não há
Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falis-
Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam sem
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, Imperativo afirmativo fali (vós)
tragam Imperativo negativo não há
Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
trouxésseis, trouxessem Gerúndio falindo
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem Particípio falido
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, traze-
rem FERIR
Gerúndio trazendo Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem
Particípio trazido Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
VER
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem MENTIR
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.
Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem FUGIR
Particípio visto Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
ABOLIR Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem
Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam IR
Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão
Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis, Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
aboliram Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram
abolirão Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão
Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis, Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam
aboliriam Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
Presente do subjuntivo não há Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão
Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolís- Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão
seis, abolissem Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Imperativo afirmativo abole, aboli Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
Imperativo negativo não há Gerúndio indo
Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Particípio ido
Infinitivo impessoal abolir

Língua Portuguesa 27

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
OUVIR ADVÉRBIO
Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad-
Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam vérbio, exprimindo uma circunstância.
Particípio ouvido Os advérbios dividem-se em:
1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures,
PEDIR nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde,
Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem avante, através, defronte, aonde, etc.
Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram 2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.
Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam
3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc.
4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante,
POLIR demasiado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tan-
Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem to, bem, mal, quase, apenas, etc.
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam 5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc.
Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam 6) NEGAÇÃO: não.
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto,
REMIR provavelmente, etc.
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis,
redimem Há Muitas Locuções Adverbiais
Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, 1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à
redimam entrada, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à
RIR noite, às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por
fim, de repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de
Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
bom grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência,
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram em geral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a
Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram olhos vistos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão 4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui-
Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc.
Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam 5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam 6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem etc.
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem 7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Gerúndio rindo Advérbios Interrogativos
Particípio rido Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Conjuga-se como rir: sorrir
Palavras Denotativas
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios,
VIR terão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão,
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc.
Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham 1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc.
Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram 2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc.
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, 3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc.
vieram 4) DE DESIGNAÇÃO - eis.
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão 5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.
Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam 6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc.
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham Você lá sabe o que está dizendo, homem...
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, ve- Mas que olhos lindos!
nhais, venham Veja só que maravilha!
Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, vies-
sem
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem NUMERAL
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Gerúndio vindo Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
Particípio vindo
O numeral classifica-se em:
Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir
- cardinal - quando indica quantidade.
- ordinal - quando indica ordem.
SUMIR - multiplicativo - quando indica multiplicação.
Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem - fracionário - quando indica fracionamento.
Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, Exemplos:
sumam Silvia comprou dois livros.
Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam Antônio marcou o primeiro gol.
Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
cuspir O galinheiro ocupava um quarto da quintal.

Língua Portuguesa 28

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS De 11 em diante, empregam-se os cardinais:
Algarismos Numerais Leão Xlll (treze) ano Xl (onze)
Roma- Arábi- Multiplica- Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)
Cardinais Ordinais Fracionários Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
nos cos tivos
I 1 um primeiro simples -
duplo Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
II 2 dois segundo meio XX Salão do Automóvel (vigésimo)
dobro
III 3 três terceiro tríplice terço VI Festival da Canção (sexto)
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto lV Bienal do Livro (quarta)
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
emprego do ordinal.
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
Hoje é primeiro de setembro
IX 9 nove nono nônuplo nono
Não é aconselhável iniciar período com algarismos
X 10 dez décimo décuplo décimo 16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
décimo
XI 11 onze onze avos
primeiro A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos or-
décimo dinais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e
XII 12 doze doze avos
segundo dois (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam
décimo nesse caso porque está subentendida a palavra número. Casa número
XIII 13 treze treze avos
terceiro vinte e um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever
décimo quatorze também: a folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense,
XIV 14 quatorze
quarto avos vemos o numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
décimo
XV 15 quinze quinze avos
quinto
décimo dezesseis
XVI 16 dezesseis ARTIGO
sexto avos
décimo dezessete
XVII 17 dezessete Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determi-
sétimo avos
décimo ná-los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
XVIII 18 dezoito dezoito avos
oitavo
Dividem-se em
dezenove
XIX 19 dezenove décimo nono • definidos: O, A, OS, AS
avos
• indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
XX 20 vinte vigésimo vinte avos
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
quadragé- quarenta
XL 40 quarenta
simo avos Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado).
quinquagé- cinquenta
L 50 cinquenta
simo avos Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
sessenta geral.
LX 60 sessenta sexagésimo
avos
septuagési- Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde-
LXX 70 setenta setenta avos terminado).
mo
LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos
lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido.
noventa
XC 90 noventa nonagésimo
avos
C 100 cem centésimo centésimo CONJUNÇÃO
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo
CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
quatrocen- quadringen- quadringen- Coniunções Coordenativas
CD 400 1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
tos tésimo tésimo
quinhen- quingenté- quingenté- 2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão,
D 500 no entanto, etc.
tos simo simo
3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer, etc.
sexcentési- sexcentési-
DC 600 seiscentos 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por conse-
mo mo
quência.
setecen- septingenté- septingenté-
DCC 700 5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, etc.
tos simo simo
octingenté- octingenté-
DCCC 800 oitocentos Conjunções Subordinativas
simo simo
1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc.
novecen- nongentési- nongentési- 2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
CM 900
tos mo mo 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que,
M 1000 mil milésimo milésimo etc.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
Emprego do Numeral 5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc. que, etc.
empregam-se de 1 a 10 os ordinais. 6) INTEGRANTES: que, se, etc.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro) 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Luis X (décimo) ano I (primeiro) 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que,
Pio lX (nono) século lV (quarto) de forma que, de modo que, etc.
Língua Portuguesa 29

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem
mais, etc. causar incêndios.
10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc. Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adver-
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES sativo:
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam.
Examinemos estes exemplos: "Quis dizer mais alguma coisa a não pôde."
1º) Tristeza e alegria não moram juntas. (Jorge Amado)
2º) Os livros ensinam e divertem.
3º) Saímos de casa quando amanhecia. Conjunções subordinativas
As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma ora- à outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações
ção: é uma conjunção. que traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição
ou hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo).
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão li- Abrangem as seguintes classes:
gando orações: são também conjunções. 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como,
já que, uma vez que, desde que.
Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa:
mesma oração. efeito).
Como estivesse de luto, não nos recebeu.
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma de- Desde que é impossível, não insistirei.
penda da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por
isso, a conjunção E é coordenativa. 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como,
(tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que,
No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma (tanto) quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o
à outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjun- mesmo que (= como).
ção QUANDO é subordinativa. Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa.
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinati- "Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias."
vas. (Paulo Mendes Campos)
"Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS (Antônio Olavo Pereira)
As conjunções coordenativas podem ser: "E pia tal a qual a caça procurada."
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas (Amadeu de Queirós)
também, mas ainda, senão também, como também, bem como. "Por que ficou me olhando assim feito boba?"
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. (Carlos Drummond de Andrade)
Não aprovo nem permitirei essas coisas. Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
Os livros não só instruem mas também divertem. Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polini- Os governantes realizam menos do que prometem.
zam as flores.
3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com- quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, (= embora não).
apesar disso, em todo caso. Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. Beba, nem que seja um pouco.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
A culpa não a atribuo a vós, senão a ele. Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula. Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado. afirmações.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais. Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico.
Hoje não atendo, em todo caso, entre. 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
(= se não), a não ser que, a menos que, dado que.
3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou, Ficaremos sentidos, se você não vier.
ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc. Comprarei o quadro, desde que não seja caro.
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos. Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo.
Ou você estuda ou arruma um emprego. "Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. que os mosquitos se opusessem."
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando. (Ferreira de Castro)
"Já chora, já se ri, já se enfurece."
(Luís de Camões) 5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas
não são como (ou conforme) dizem.
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por "Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
conseguinte, pois (posposto ao verbo), por isso. (Machado de Assis)
As árvores balançam, logo está ventando.
6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto,
Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável.
tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de
O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te.
forma que, de maneira que, sem que, que (não).
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que, Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo). Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.

Língua Portuguesa 30

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí. 7) Temporal (= depois que, logo que):
Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam. Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel.
Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar.
7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que). 8) Final (= pare que):
Afastou-se depressa para que não o víssemos. Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse.
Fiz-lhe sinal que se calasse. 9) Causal (= porque, visto que):
"Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vival-
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quan- do Coaraci)
to mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos...
(tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto. A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
À medida que se vive, mais se aprende. 1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe-
À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve. disse. (sem que = embora não)
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo.
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados. 2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito.
(sem que = se não,caso não)
Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medi- 3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados.
da que e na medida em que. A forma correta é à medida que: (sem que = que não)
"À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem."
(Maria José de Queirós) 4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não)
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora
que, etc. PREPOSIÇÃO

Venha quando você quiser. Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois
Não fale enquanto come. termos de uma oração.
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o segundo, um subor-
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras. dinado ou consequente.
Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia. Exemplos:
"Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval- Chegaram a Porto Alegre.
cânti) Discorda de você.
Fui até a esquina.
10) Integrantes: que, se. Casa de Paulo.
Sabemos que a vida é breve.
Veja se falta alguma coisa. Preposições Essenciais e Acidentais
As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CON-
Observação: TRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB,
Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o SOBRE e ATRÁS.
chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB, Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a
porém, não consigna esta espécie de conjunção. outras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais:
afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante,
Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem salvo, segundo, senão, tirante, visto, etc.
que, por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que,
etc.
Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo, INTERJEIÇÃO
portanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no
contexto. Assim, a conjunção que pode ser: Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem
1) Aditiva (= e): ser:
Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai. - alegria: ahl oh! oba! eh!
A nós que não a eles, compete fazê-lo. - animação: coragem! avante! eia!
- admiração: puxa! ih! oh! nossa!
2) Explicativa (= pois, porque): - aplauso: bravo! viva! bis!
Apressemo-nos, que chove. - desejo: tomara! oxalá!
- dor: aí! ui!
3) Integrante: - silêncio: psiu! silêncio!
Diga-lhe que não irei. - suspensão: alto! basta!

4) Consecutiva: LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo


Tanto se esforçou que conseguiu vencer. valor de uma interjeição.
Não vão a uma festa que não voltem cansados. Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam!
Onde estavas, que não te vi? Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim!

5) Comparativa (= do que, como):


A luz é mais veloz que o som.
Ficou vermelho que nem brasa. Concordâncias Nominal e Verbal

6) Concessiva (= embora, ainda que):


Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo. Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinan-
Beba, um pouco que seja. te se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões.

Língua Portuguesa 31

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Principais Casos de Concordância Nominal Esses pneus custam caro.
1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em Conversei bastante com eles.
gênero e número com o substantivo. Conversei com bastantes pessoas.
As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico. Estas crianças moram longe.
Conheci longes terras.
2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão
normalmente para o plural. CONCORDÂNCIA VERBAL
Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio. CASOS GERAIS
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai O menino chegou. Os meninos chegaram.
para o masculino plural.
Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios. 2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular.
O pessoal ainda não chegou.
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais A turma não gostou disso.
próximo: Um bando de pássaros pousou na árvore.
Trouxe livros e revista especializada.
3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais pró- ao plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural.
ximo. Os Estados Unidos são um grande país.
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. Os Lusíadas imortalizaram Camões.
Os Alpes vivem cobertos de neve.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular.
sujeito. Flores já não leva acento.
Meus amigos estão atrapalhados. O Amazonas deságua no Atlântico.
Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predi-
cativo no gênero da pessoa a quem se refere. 4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indife-
rentemente.
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios.
vão para o singular ou para o plural. A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros).
5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier sujeito paciente.
precedido de artigo e o segundo não vão para o plural. Vende-se um apartamento.
Já estudei o primeiro e segundo livros. Vendem-se alguns apartamentos.

10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. verbo para a 3ª pessoa do singular.
Precisa-se de funcionários.
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a
que se referem. 7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha
Ela mesma veio até aqui. no singular e o verbo no singular ou no plural.
Eles chegaram sós. Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
Eles próprios escreveram.
8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
Muito obrigado. (masculino singular)
Muito obrigada. (feminino singular). 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
Mais de um jurado fez justiça à minha música.
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e
fica invariável quando é advérbio. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
Quero meio quilo de café. empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
Minha mãe está meio exausta. no singular.
É meio-dia e meia. (hora) As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.

11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o


14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o subs-
sujeito.
tantivo a que se referem.
Deu uma hora.
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu.
Deram três horas.
A expressão em anexo é invariável.
Bateram cinco horas.
Trouxe em anexo estas fotos.
Naquele relógio já soaram duas horas.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substi- 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
tuem advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
Vocês falaram alto demais. Ela é que faz as bolas.
O combustível custava barato. Eu é que escrevo os programas.
Você leu confuso.
Ela jura falso. 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
um pronome relativo.
16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjeti- Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
vos, sofrem variação normalmente. Fui eu que fiz a lição
Língua Portuguesa 32

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possí- ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA
veis. 1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto)
• que: Fui eu que fiz a lição. • pretender (transitivo indireto)
• quem: Fui eu quem fez a lição. No sítio, aspiro o ar puro da montanha.
• o que: Fui eu o que fez a lição. Nossa equipe aspira ao troféu de campeã.

14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na 2. OBEDECER - transitivo indireto
terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem Devemos obedecer aos sinais de trânsito.
a este sua impessoalidade.
Chove a cântaros. Ventou muito ontem. 3. PAGAR - transitivo direto e indireto
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões. Já paguei um jantar a você.

CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER 4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.


1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos Já perdoei aos meus inimigos as ofensas.
pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e
PARECER concordam com o predicativo. 5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Tudo são esperanças. Prefiro Comunicação à Matemática.
Aquilo parecem ilusões.
Aquilo é ilusão. 6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
Informei-lhe o problema.
2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER
concorda sempre com o nome ou pronome que vier depois. 7. ASSISTIR - morar, residir:
Que são florestas equatoriais? Assisto em Porto Alegre.
Quem eram aqueles homens? • amparar, socorrer, objeto direto
O médico assistiu o doente.
3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará • PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
com a expressão numérica. Assistimos a um belo espetáculo.
São oito horas. • SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
Hoje são 19 de setembro. Assiste-lhe o direito.
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
8. ATENDER - dar atenção
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER Atendi ao pedido do aluno.
fica no singular. • CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto
Três batalhões é muito pouco. Atenderam o freguês com simpatia.
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro.
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular. A moça queria um vestido novo.
Maria era as flores da casa. • GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
O homem é cinzas. O professor queria muito a seus alunos.

6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER 10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
concorda com o predicativo. Todos visamos a um futuro melhor.
Dançar e cantar é a sua atividade. • APONTAR, MIRAR - objeto direto
Estudar e trabalhar são as minhas atividades. O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
• pör o sinal de visto - objeto direto
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
concorda com o pronome.
A ciência, mestres, sois vós. 11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
Em minha turma, o líder sou eu. Devemos obedecer aos superiores.
Desobedeceram às leis do trânsito.
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infiniti-
vo, apenas um deles deve ser flexionado. 12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
Os meninos parecem gostar dos brinquedos. • exigem na sua regência a preposição EM
Os meninos parece gostarem dos brinquedos. O armazém está situado na Farrapos.
Ele estabeleceu-se na Avenida São João.

13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo.


Essas tuas justificativas não procedem.
Regências Nominal e Verbal • no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se
com a preposição DE.
Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- • no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
calmente do outro. O secretário procedeu à leitura da carta.
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos
e adjetivos). 14. ESQUECER E LEMBRAR
• quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
Exemplos: Esqueci o nome desta aluna.
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM Lembrei o recado, assim que o vi.
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR • quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
PARA = passagem Esqueceram-se da reunião de hoje.
A regência verbal trata dos complementos do verbo. Lembrei-me da sua fisionomia.

Língua Portuguesa 33

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa. • Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o
• perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos. modifique.
• pagar - Pago o 13° aos professores. Ela se referiu à saudosa Lisboa.
• dar - Daremos esmolas ao pobre.
Vou à Curitiba dos meus sonhos.
• emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
• ensinar - Ensino a tabuada aos alunos. • Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida:
• agradecer - Agradeço as graças a Deus. Às 8 e 15 o despertador soou.
• pedir - Pedi um favor ao colega. • Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras
“moda” ou "maneira":
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto:
Aos domingos, trajava-se à inglesa.
O amor implica renúncia.
• no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposi- Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo.
ção COM: • Antes da palavra casa, se estiver determinada:
O professor implicava com os alunos Referia-se à Casa Gebara.
• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a prepo- • Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar.
sição EM:
Implicou-se na briga e saiu ferido Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa).
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo.
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição Voltou à terra onde nascera.
A: Chegamos à terra dos nossos ancestrais.
Ele foi a São Paulo para resolver negócios.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA: Mas:
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso. Os marinheiros vieram a terra.
O comandante desceu a terra.
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa • Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o
como sujeito: artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente:
O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente Vou até a (á ) chácara.
dificuldade, será objeto indireto. Cheguei até a(à) muralha
Custou-me confiar nele novamente. • A QUE - À QUE
Custar-te-á aceitá-la como nora. Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino
ocorrerá crase:
Houve um palpite anterior ao que você deu.
Emprego do acento indicativo da Houve uma sugestão anterior à que você deu.
Crase. Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não
ocorrerá crase.
Não gostei do filme a que você se referia.
Crase é a fusão da preposição A com outro A. Não gostei da peça a que você se referia.
Fomos a feira ontem = Fomos à feira ontem.
O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrati-
EMPREGO DA CRASE vo A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes
• em locuções adverbiais: do de:
à vezes, às pressas, à toa... Meu palpite é igual ao de todos
• em locuções prepositivas: Minha opinião é igual à de todos.
em frente à, à procura de...
• em locuções conjuntivas:
NÃO OCORRE CRASE
à medida que, à proporção que...
• pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, • antes de nomes masculinos:
a, as Andei a pé.
Fui ontem àquele restaurante. Andamos a cavalo.
Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão:
Refiro-me àquilo e não a isto. • antes de verbos:
Ela começa a chorar.
A CRASE É FACULTATIVA
• diante de pronomes possessivos femininos: Cheguei a escrever um poema.
Entreguei o livro a(à) sua secretária.
• diante de substantivos próprios femininos: • em expressões formadas por palavras repetidas:
Dei o livro à(a) Sônia. Estamos cara a cara.

CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE


• antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona:
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o
artigo A: Dirigiu-se a V. Sa com aspereza.
Viajaremos à Colômbia. Escrevi a Vossa Excelência.
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia) Dirigiu-se gentilmente à senhora.
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasí-
lia, Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, • quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural:
Veneza, etc. Não falo a pessoas estranhas.
Viajaremos a Curitiba. Jamais vamos a festas.
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba).

Língua Portuguesa 34

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
(passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) -
desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada (que
germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que
Semântica: sinonímia, antonímia,
percorre) - precursor (que antecipa os outros)/ sobrescrever (endereçar) -
homonímia, paronímia, polissemia subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) /
e figuras de linguagem. descrição - discrição / onicolor - unicolor.
 Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de
Semântica apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto na
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de
graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida.
 Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e
origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do verbo ser) -
São (santo)

Conotação e Denotação:
 Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do
original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de
pedra.
 Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das
rochas.
Semântica (do grego σηµαντικός, sēmantiká, plural neutro de
sēmantikós, derivado de sema, sinal), é o estudo do significado. Incide Sinônimo
sobre a relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais e Sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico
símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. ou muito semelhante à outra. Exemplos: carro e automóvel, cão e
cachorro.
A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos
O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se
para se expressar através da linguagem. Outras formas de semântica
evitem repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que
incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e
se tornem enfadonhos.
semiótica.
A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a Eufemismo
primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça Alguns sinônimos são também utilizados para minimizar o impacto,
sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo normalmente negativo, de algumas palavras (figura de linguagem
é expresso(por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção conhecida como eufemismo).
de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica Exemplos:
formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica • gordo - obeso
cognitiva, fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes.
• morrer - falecer
Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em
consideração: Sinônimos Perfeitos e Imperfeitos
Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou Os sinônimos podem ser perfeitos ou imperfeitos.
mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os
sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante - Sinônimos Perfeitos
afastado, remoto. Se o significado é idêntico.
Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou Exemplos:
mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os • avaro – avarento,
antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim. • léxico – vocabulário,
Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de • falecer – morrer,
possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, • escarradeira – cuspideira,
ou seja, os homônimos: • língua – idioma
• catorze - quatorze
As homônimas podem ser:
Sinônimos Imperfeitos
 Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Se os signIficados são próximos, porém não idênticos.
Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente Exemplos: córrego – riacho, belo – formoso
indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª pessoa
singular presente indicativo do verbo consertar); Antônimo
 Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado
Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão contrário (também oposto ou inverso) à outra.
(substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo); O emprego de antônimos na construção de frases pode ser um recurso
 Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou
cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) / que chame atenção do leitor ou do ouvinte.
cedo (verbo) - cedo (advérbio); Palavra Antônimo
 Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais aberto fechado
palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas alto baixo
na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro - bem mal
cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura bom mau
(atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura
bonito feio
(situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar) -
discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear demais de menos
doce salgado
Língua Portuguesa 35

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
forte fraco Parônimo
gordo magro Parônimo é uma palavra que apresenta sentido diferente e forma
salgado insosso semelhante a outra, que provoca, com alguma frequência, confusão.
amor ódio Essas palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com
significados diferentes.
seco molhado
O parônimos pode ser também palavras homófonas, ou seja, a
grosso fino
pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma.Palavras parônimas
duro mole são aquelas que têm grafia e pronúncia parecida.
doce amargo Exemplos
grande pequeno Veja alguns exemplos de palavras parônimas:
soberba humildade acender. verbo - ascender. subir
louvar censurar acento. inflexão tônica - assento. dispositivo para sentar-se
bendizer maldizer cartola. chapéu alto - quartola. pequena pipa
ativo inativo comprimento. extensão - cumprimento. saudação
simpático antipático coro (cantores) - couro (pele de animal)
progredir regredir deferimento. concessão - diferimento. adiamento
rápido lento delatar. denunciar - dilatar. retardar, estender
sair entrar descrição. representação - discrição. reserva
sozinho acompanhado descriminar. inocentar - discriminar. distinguir
concórdia discórdia despensa. compartimento - dispensa. desobriga
pesado leve destratar. insultar - distratar. desfazer(contrato)
quente frio emergir. vir à tona - imergir. mergulhar
presente ausente eminência. altura, excelência - iminência. proximidade de ocorrência
escuro claro emitir. lançar fora de si - imitir. fazer entrar
inveja admiração enfestar. dobrar ao meio - infestar. assolar
Homógrafo enformar. meter em fôrma - informar. avisar
Homógrafos são palavras iguais ou parecidas na escrita e diferentes entender. compreender - intender. exercer vigilância
na pronúncia. lenimento. suavizante - linimento. medicamento para fricções
Exemplos migrar. mudar de um local para outro - emigrar. deixar um país para
• rego (subst.) e rego (verbo); morar em outro - imigrar. entrar num país vindo de outro
• colher (verbo) e colher (subst.); peão. que anda a pé - pião. espécie de brinquedo
• jogo (subst.) e jogo (verbo); recrear. divertir - recriar. criar de novo
• Sede: lugar e Sede: avidez;
se. pronome átono, conjugação - si. espécie de brinquedo
• Seca: pôr a secar e Seca: falta de água.
vadear. passar o vau - vadiar. passar vida ociosa
Homófono venoso. relativo a veias - vinoso. que produz vinho
Palavras homófonas são palavras de pronúncias iguais. Existem dois vez. ocasião, momento - vês. verbo ver na 2ª pessoa do singular
tipos de palavras homófonas, que são:
• Homófonas heterográficas
• Homófonas homográficas

Homófonas heterográficas Denotaçao e Conotaçao


Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia),
mas heterográficas (diferentes na escrita).
Exemplos A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a
• cozer / coser; seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original.
• cozido / cosido;
A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se
• censo / senso
no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias
• consertar / concertar
interpretações.
• conselho / concelho
• paço / passo Observe os exemplos:
• noz / nós Denotação
• hera / era As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do isqueiro.
• ouve / houve
• voz / vós Conotação
• cem / sem As estrelas do cinema.
• acento / assento
O jardim vestiu-se de flores
Homófonas homográficas O fogo da paixão
Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), e
homográficas (iguais na escrita).
Exemplos SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
Ele janta (verbo) / A janta está pronta (substantivo); No caso,
janta é inexistente na língua portuguesa por enquanto, já que As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
deriva do substantivo jantar, e está classificado como figurado:
neologismo. Construí um muro de pedra - sentido próprio
Eu passeio pela rua (verbo) / O passeio que fizemos foi Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
bonito (substantivo). A água pingava lentamente – sentido próprio.

Língua Portuguesa 36

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
08. Os pesquisadores trataram de avaliar visão público financiamento
PROVA SIMULADA estatal ciência e tecnologia.
(A) à ... sobre o ... do ... para (B) a ... ao ... do ... para
01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e à grafia das palavras. (C) à ... do ... sobre o ... a (D) à ... ao ... sobre o ... à
(A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer. (E) a ... do ... sobre o ... à
(B) O chefe deferia da opinião dos subordinados.
(C) O processo foi julgado em segunda estância. 09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a
(D) O problema passou despercebido na votação. franqueadora procura ser muito mais criteriosa ao contratá-los, pois
(E) Os criminosos espiariam suas culpas no exílio. eles devem estar aptos comercializar seus produtos.
(A) ao ... a ... à (B) àquele ... à ... à
02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos é: (C) àquele...à ... a (D) ao ... à ... à (E) àquele ... a ... a
(A) Quando ele vir suas notas, ficará muito feliz.
(B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido. 10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a
(C) A colega não se contera diante da situação. norma culta.
(D) Se ele ver você na rua, não ficará contente. (A) Bancos de dados científicos terão seu alcance ampliado. E isso
(E) Quando você vir estudar, traga seus livros. trarão grandes benefícios às pesquisas.
(B) Fazem vários anos que essa empresa constrói parques, colaboran-
03. O particípio verbal está corretamente empregado em: do com o meio ambiente.
(A) Não estaríamos salvados sem a ajuda dos barcos. (C) Laboratórios de análise clínica tem investido em institutos, desen-
(B) Os garis tinham chego às ruas às dezessete horas. volvendo projetos na área médica.
(C) O criminoso foi pego na noite seguinte à do crime. (D) Havia algumas estatísticas auspiciosas e outras preocupantes
(D) O rapaz já tinha abrido as portas quando chegamos. apresentadas pelos economistas.
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda. (E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no
litoral ou aproveitam férias ali.
04. Assinale a alternativa que dá continuidade ao texto abaixo, em
conformidade com a norma culta. 11. A frase correta de acordo com o padrão culto é:
Nem só de beleza vive a madrepérola ou nácar. Essa substância do (A) Não vejo mal no Presidente emitir medidas de emergência devido
interior da concha de moluscos reúne outras características interes- às chuvas.
santes, como resistência e flexibilidade. (B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, não receberemos
(A) Se puder ser moldada, daria ótimo material para a confecção de reclamações.
componentes para a indústria. (C) Para mim construir um país mais justo, preciso de maior apoio à
(B) Se pudesse ser moldada, dá ótimo material para a confecção de cultura.
componentes para a indústria. (D) Apesar do advogado ter defendido o réu, este não foi poupado da
(C) Se pode ser moldada, dá ótimo material para a confecção de culpa.
componentes para a indústria. (E) Faltam conferir três pacotes da mercadoria.
(D) Se puder ser moldada, dava ótimo material para a confecção de
componentes para a indústria. 12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os
(E) Se pudesse ser moldada, daria ótimo material para a confecção de negócios das empresas de franquia pelo contato direto com os pos-
componentes para a indústria. síveis investidores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins
de seleção não só permite às empresas avaliar os investidores com
05. O uso indiscriminado do gerúndio tem-se constituído num problema relação aos negócios, mas também identificar o perfil desejado dos
para a expressão culta da língua. Indique a única alternativa em que investidores.
ele está empregado conforme o padrão culto. (Texto adaptado)
(A) Após aquele treinamento, a corretora está falando muito bem. Para eliminar as repetições, os pronomes apropriados para substitu-
(B) Nós vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje. ir as expressões: das empresas de franquia, às empresas, os inves-
(C) Não haverá demora, o senhor pode estar aguardando na linha. tidores e dos investidores, no texto, são, respectivamente:
(D) No próximo sábado, procuraremos estar liberando o seu carro. (A) seus ... lhes ... los ... lhes
(E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa. (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
(C) seus ... nas ... los ... deles
06. De acordo com a norma culta, a concordância nominal e verbal está (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
correta em: (E) seus ... lhes ... eles ... neles
(A) As características do solo são as mais variadas possível.
(B) A olhos vistos Lúcia envelhecia mais do que rapidamente. 13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo
(C) Envio-lhe, em anexos, a declaração de bens solicitada. com o padrão culto.
(D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicações. (A) Quando possível, transmitirei-lhes mais informações.
(E) Qualquer que sejam as dúvidas, procure saná-las logo. (B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente.
(C) O diálogo a que me propus ontem, continua válido.
07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de (D) Sua decisão não causou-lhe a felicidade esperada.
flexão de grau. (E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
(A) Nas situações críticas, protegia o colega de quem era amiquíssimo.
(B) Mesmo sendo o Canadá friosíssimo, optou por permanecer lá 14. O pronome oblíquo representa a combinação das funções de objeto
durante as férias. direto e indireto em:
(C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos. (A) Apresentou-se agora uma boa ocasião.
(D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que (B) A lição, vou fazê-la ainda hoje mesmo.
ruim. (C) Atribuímos-lhes agora uma pesada tarefa.
(E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malíssima qualida- (D) A conta, deixamo-la para ser revisada.
de. (E) Essa história, contar-lha-ei assim que puder.

Nas questões de números 08 e 09, assinale a alternativa cujas pa- 15. Desejava o diploma, por isso lutou para obtê-lo.
lavras completam, correta e respectivamente, as frases dadas. Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos
respectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta é:

Língua Portuguesa 37

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
(A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obtenção. 21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do
(B) O desejo do diploma levou-o à luta em obtê-lo. acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho:
(C) O desejo do diploma levou-o à luta pela sua obtenção. I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas;
(D) Desejoso do diploma foi à luta pela sua obtenção. II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura
(E) Desejoso do diploma foi lutar por obtê-lo. pelo Juiz;
III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equiva-
16. Ao Senhor Diretor de Relações Públicas da Secretaria de Educação lente ao da palavra mas;
do Estado de São Paulo. Face à proximidade da data de inaugura- IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do
ção de nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Dignís- acórdão, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar.
simo Secretário da Educação do Estado de YYY, solicitamos a má- Está correto o contido apenas em
xima urgência na antecipação do envio dos primeiros convites para (A) II e IV.
o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, o (B) III e IV.
Reverendíssimo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo e os Reito- (C) I, II e III.
res das Universidades Paulistas, para que essas autoridades pos- (D) I, III e IV.
sam se programar e participar do referido evento. (E) II, III e IV.
Atenciosamente,
ZZZ 22. O rapaz era campeão de tênis. O nome do rapaz saiu nos jornais.
Assistente de Gabinete. Ao transformar os dois períodos simples num único período com-
De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas posto, a alternativa correta é:
são correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por (A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
(A) Ilustríssimo ... Sua Excelência ... Magníficos (B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeão de tênis.
(B) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Magníficos (C) O rapaz era campeão de tênis, já que seu nome saiu nos jornais.
(C) Ilustríssimo ... Vossa Excelência ... Excelentíssimos (D) O nome do rapaz onde era campeão de tênis saiu nos jornais.
(D) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Excelentíssimos (E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeão de tênis.
(E) Ilustríssimo ... Vossa Senhoria ... Digníssimos
23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraque-
17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se cidos galhos da velha árvore.
respeitam as regras de pontuação. Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente,
(A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, reve- sobre o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar.
lou, que temos uma arrecadação bem maior que a prevista. (A) Quem podou? e Quando podou?
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma (B) Qual jardineiro? e Galhos de quê?
sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada. (C) Que jardineiro? e Podou o quê?
(C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade (D) Que vizinho? e Que galhos?
Policial, confessou sua participação no referido furto. (E) Quando podou? e Podou o quê?
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste
funcionário, seja aquela sugerida, pela própria chefia. 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da plateia.
(E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibili-
negativas, de débitos e os extratos, bancários solicitados. dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimen-
to correto das relações entre seus termos e pela sua adequada pon-
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e tuação em:
predicado que formam um período simples, se aplica, adequada- (A) O público da plateia, observava a agitação dos lanterninhas.
mente, apenas a: (B) O público observava a agitação da plateia, dos lanterninhas.
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral. (C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da plateia.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. (D) Da plateia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas. (E) Da plateia, o público observava a agitação dos lanterninhas.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo.
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames. 25. Felizmente, ninguém se machucou.
Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. Considere:
O livro de registro do processo que você procurava era o que esta- I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
va sobre o balcão. II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais
de modo;
19. No período, os pronomes o e que, na respectiva sequência, remetem III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
a fato;
(A) processo e livro. IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
(B) livro do processo. V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos.
(C) processos e processo. Está correto o contido apenas em
(D) livro de registro. (A) I, II e III.
(E) registro e processo. (B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período (D) II, III e IV.
acima: (E) III, IV e V.
I. há, no período, duas orações;
II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal; 26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o car-
III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais; ro..., indicando concessão, é:
IV. de registro é um adjunto adnominal de livro. (A) para poder trabalhar fora.
Está correto o contido apenas em (B) como havia programado.
(A) II e IV. (B) III e IV.
(C) assim que recebeu o prêmio.
(C) I, II e III. (D) I, II e IV.
(E) I, III e IV. (D) porque conseguiu um desconto.
(E) apesar do preço muito elevado.

Língua Portuguesa 38

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
27. É importante que todos participem da reunião. _______________________________________________________
O segmento que todos participem da reunião, em relação a
_______________________________________________________
É importante, é uma oração subordinada
(A) adjetiva com valor restritivo. _______________________________________________________
(B) substantiva com a função de sujeito. _______________________________________________________
(C) substantiva com a função de objeto direto.
(D) adverbial com valor condicional. _______________________________________________________
(E) substantiva com a função de predicativo. _______________________________________________________

28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação esta- _______________________________________________________
belecida pelo termo como é de _______________________________________________________
(A) comparatividade. (B) adição.
(C) conformidade. (D) explicação. (E) consequência. _______________________________________________________
_______________________________________________________
29. A região alvo da expansão das empresas, _____, das redes de
franquias, é a Sudeste, ______ as demais regiões também serão _______________________________________________________
contempladas em diferentes proporções; haverá, ______, planos _______________________________________________________
diversificados de acordo com as possibilidades de investimento dos
possíveis franqueados. _______________________________________________________
A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e _______________________________________________________
relaciona corretamente as ideias do texto, é:
(A) digo ... portanto ... mas _______________________________________________________
(B) como ... pois ... mas _______________________________________________________
(C) ou seja ... embora ... pois
(D) ou seja ... mas ... portanto _______________________________________________________
(E) isto é ... mas ... como _______________________________________________________
_______________________________________________________
30. Assim que as empresas concluírem o processo de seleção dos
investidores, os locais das futuras lojas de franquia serão divulga- _______________________________________________________
dos.
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas concluí- _______________________________________________________
rem o processo de seleção dos investidores por uma oração reduzi- _______________________________________________________
da, sem alterar o sentido da frase, é:
(A) Porque concluindo o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(B) Concluído o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(C) Depois que concluíssem o processo de seleção dos investidores ...
_______________________________________________________
(D) Se concluído do processo de seleção dos investidores...
(E) Quando tiverem concluído o processo de seleção dos investidores _______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS _______________________________________________________
_______________________________________________________
01. D 11. B 21. B
02. A 12. A 22. A _______________________________________________________
03. C 13. C 23. C _______________________________________________________
04. E 14. E 24. E
05. A 15. C 25. D _______________________________________________________
06. B 16. A 26. E _______________________________________________________
07. D 17. B 27. B
08. E 18. E 28. C _______________________________________________________
09. C 19. D 29. D _______________________________________________________
10. D 20. A 30. B
_______________________________________________________
_______________________________________________________
___________________________________
_______________________________________________________
___________________________________
_______________________________________________________
___________________________________
_______________________________________________________
___________________________________
_______________________________________________________
___________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Língua Portuguesa 39

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________

Língua Portuguesa 40

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
onam essa sociedade. É verdade que ela rejeita os estratos sociais “con-
gelados” ou “cristalizados”, mas não a divisão da sociedade em classes.
Conhecimentos Outro princípio da doutrina liberal que lhe empresta o próprio nome: a
liberdade. Este princípio está profundamente associado ao individualismo.
Pedagógicos Pleiteia-se, antes de tudo, a liberdade individual, dela decorrendo todas as
outras: liberdade econômica, intelectual, religiosa e política. Para essa
doutrina, a liberdade é condição necessária para a defesa da ação e das
potencialidades individuais, enquanto a não-liberdade é um desrespeito à
Relação escola-família e personalidade de cada um. O liberalismo usa do princípio da liberdade
escola-cultura para combater os privilégios conferidos a certos indivíduos em virtude de
nascimento ou credo. O princípio da liberdade presume que um indivíduo
seja tão livre quanto outro para atingir uma posição social vantajosa, em
CUNHA, Luiz Antônio. Educação e Desenvolvimento Social no Brasil, Rio de
Janeiro, F. Alves, 1989.
virtude de seus talentos e aptidões.
A educação e a construção de uma sociedade aberta Assim, o progresso geral da sociedade como um todo está condicio-
nado ao progresso de cada indivíduo que obtém êxito econômico e, em
A uma crença muito difundida, atualmente, de que a educação escolar última instância, à classe (grupo de indivíduos) que alcança maior sucesso
é um meio eficaz e disponível para que as pessoas possam melhorar sua material.
posição na sociedade. Se as pessoas em pior posição puderem ingressar
na escola pública e tiverem motivação para utilizar construtivamente as Outro elemento fundamental da doutrina liberal é a propriedade. Esta
aquisições intelectuais por ela propiciadas, será certa a melhoria da sua é entendida como um direito natural do indivíduo, e os liberais negam
posição. autoridade a qualquer agente político para usurpar seus direitos naturais.
Os ideais de uma escola pública, universal e gratuita, apesar de já Uma vez que a doutrina liberal repudia qualquer privilégio decorrente
concretizados em quase todos os países chamados desenvolvidos, são do nascimento e sustenta que o trabalho e o talento são os instrumentos
perseguidos, ainda hoje, principalmente pelos países da América Latina. legítimos de ascensão social e de aquisição de riquezas, qualquer indiví-
duo pobre, mas que trabalha e tenha talento, pode adquirir propriedade e
Estes ideais educacionais não são novos. Mas, ao contrário, têm raí- riquezas.
zes no passado. Houve um momento histórico em que princípios como
igualdade de direitos e de oportunidades, destruição de privilégios heredi- A igualdade, outro valor importante para a compreensão da doutrina
tários, respeito às capacidades e iniciativas individuais e educação univer- liberal, não significa igualdade de condições materiais. Assim como os
sal para todos constituíram-se nas diretrizes fundamentais de uma doutri- homens não são tidos como iguais em talentos e capacidades, também
na: o liberalismo. não podem ser iguais em riquezas.
Entretanto, podemos constatar que o papel atribuído à educação pela Para a doutrina liberal, como os homens não são individualmente
doutrina liberal, como sendo o instrumento para a construção de uma iguais, é impossível querer que sejam socialmente iguais. Pelo contrário, a
sociedade aberta, está presente, também, em outros discursos no Brasil: igualdade social é nociva, pois provoca uma padronização, uma uniformi-
na pedagogia e no plano do Estado. zação entre os indivíduos, o que é um desrespeito à individualidade de
cada um.
A EDUCAÇÃO NO PENSAMENTO LIBERAL A verdadeira posição liberal exige a “igualdade perante a lei”, igualda-
de de diretos entre os homens, igualdade civil. Tal posição defende que
O liberalismo é um sistema de ideias elaborado por pensadores ingle- todos têm, por lei, iguais direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à
ses e franceses no contexto das lutas de classe da burguesia contra a proteção das leis.
aristocracia. E foi mais precisamente no século XVIII, na França, que essa
Dessa forma, a doutrina liberal reconhece as desigualdades sociais e
doutrina se corporificou na bandeira revolucionária de uma classe, a
o direito que os indivíduos mais talentosos têm de ser materialmente
burguesia, e na esperança de um povo que a ela se uniu.
recompensados.
A seguir são comentados as origens ideológicas do papel social que é
Os princípios do individualismo, da propriedade, da liberdade e da
atribuído à educação na construção do progresso individual e geral.
igualdade exigem a democracia, outro importante princípios da doutrina
O liberalismo é um sistema de crenças e convicções, isto é, uma ideo- liberal. Consiste no igual direito de todos de participarem do governo
logia. Todo sistema de convicções tem como base um conjunto de princí- através de representantes de sua própria escolha. Cada indivíduo, agindo
pios ou verdades, aceitas sem discussão, que formam o corpo de sua livremente, é capaz de buscar seus interesses próprios e, em consequên-
doutrina ou o corpo de ideias nas quais ele se fundamenta. Abordaremos cia, os de toda a sociedade.
alguns princípios, os mias gerais, os que constituem os axiomas básicos
É verdade que nem todos os teóricos do liberalismo são democratas,
ou os valores máximo da doutrina liberal. São eles: o individualismo, a
como é o caso de Voltaire, que faz restrições à participação popular no
liberdade, a propriedade, a igualdade e a democracia.
governo. Seu interesse reside mais na garantia da segurança dos interes-
O individualismo é o princípio que considera o indivíduo enquanto su- ses dos indivíduos bem sucedidos do que na dos interesses gerais. Rous-
jeito que deve ser respeitado por possuir aptidões e talentos próprios, seau, o fundador da moderna doutrina democrática, ao contrário, dá
atualizados ou em potencial. especial importância à instauração de um governo popular, um governo da
A função social da autoridade (do governo) é a de permitir a cada in- maioria.
divíduo o desenvolvimento de seus talentos, em competição com os O papel social da educação
demais, ao máximo da sua capacidade.
O exame de vários teóricos liberais possibilitou-nos sintetizar uma po-
O individualismo acredita terem os diferentes indivíduos atributos di- sição que é mais ou menos comum entre eles.
versos e é de acordo com eles que atingem uma posição social vantajosa
O principal ideal de educação é o de que a escola não deve estar a
ou não. Daí o fato de o individualismo presumir que os indivíduos tenham
serviço de nenhuma classe, de nenhum privilégio de herança ou dinheiro,
escolhido voluntariamente (no sentido de fazerem aquilo que lhes interes-
de nenhum credo religioso ou político. A instrução não deve estar reserva-
sa e de que são capazes) o curso que os conduziu a um certo estágio de
da às elites ou classes superiores, nem ser um instrumento aristocrático
pobreza ou riqueza. Se a autoridade não limita nem tolhe os indivíduos,
para servir a quem possui tempo e dinheiro. A educação deve estar a
mas, ao contrário, permite a todos o desenvolvimento de suas potenciali-
serviço do indivíduo, do “homem total”, liberado e pleno.
dades, o único responsável pelo sucesso ou fracasso social de cada um é
o próprio indivíduo e não a organização social. A escola assim preocupada com o Homem, independente da família,
classe ou religião a que pertença, irá revelar e desenvolver, em cada um,
Com este princípio (o individualismo), a doutrina liberal não só aceita
seus dotes inatos, seus valores intrínsecos, suas aptidões, talentos e
a sociedade de classes, como fornece argumentos que legitimam e sanci-
vocações.

Conhecimentos Pedagógicos 1

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O que é importante lembrar de Rousseau é a sua ideia de educação utilizando para isso a escola pública, obrigatória e gratuita. Sua vasta obra
do “homem total” e pleno, independente da função ou profissão para as pedagógica é toda voltada para a aplicação do pensamento de Dewey.
quais se quer moldá-lo ou destiná-lo, e a sua ideia de educação para a Segundo o Texto de Anísio Teixeira permite evidenciar a semelhança
vida. A influência de Rousseau sobre os educadores da época deve-se de seu pensamento com o de Dewey. Explicitaremos isso apresentando o
aos seus pressupostos políticos-democráticos, daí a importância da análi- modelo subjacente a ambos.
se de seus discípulos, no estudo do pensamento liberal sobre educação.
A tendência da presente ordem econômica é estabelecer uma socie-
Já François Marie Arouet Voltaire (1964-1778), grande expoente da dade organizada em classes onde algumas são privilegiadas e outras não.
teoria política liberal, era um defensor da discriminação social. Apesar de Aquelas organizam a educação escolar de modo que ela reforce e sancio-
Voltaire ser um liberal (enciclopedista), seu pensamento ainda revela ne essa “iniquidade”.
resquícios de uma fase em que a educação era vista como privilégios de
alguns. Entretanto, não é necessário que seja assim. A educação escolar tem
uma certa independência dessa ordem iníqua, vale dizer, dos setores da
Denis Diderot (1713-1784) fazia parte, assim como Voltaire, do mes- sociedade que se beneficiam dessa ordem iníqua. Assim, a escola pode
mo grupo de pensadores associados ao movimento liberal na França. No organizar-se para produzir pessoas que vivam, na sociedade abrangente,
entanto, Diderot difere de Voltaire em sua antipatia pelo lixo e na sua segundo relações, concepções e atitudes congruentes com uma socieda-
recusa em acreditar que a pobreza e felicidade sejam facilmente compatí- de aberta, isto é, onde haja cada vez mais igualdade de oportunidades.
veis. Desfechou mesmo alguns ataques virulentos contra a injustiça da
ordem social do seu tempo, os quais refletiam quase o espírito de Rous- O que torna isso possível é o poder do Estado, necessário para en-
seau. frentar as resistências dos “consumidores privilegiados da vida”, dos
“produtores industriais” e da inércia dos próprios educadores. É preciso
Um dos mais importantes teóricos da educação liberal foi Jean Antoi- frisar que a necessidade do poder do Estado não é clara em Dewey,
ne Nicolas de Caritat, Marquês de Condorcet (1743-1794). Este pensador talvez pela grande descentralização da autoridade educacional nos Esta-
não foi um profissional da educação, mas devido ao movimento lógico de dos Unidos, onde o poder de decisão sobre o funcionamento da escola
seu pensamento filosófico, foi levando a se ocupar dela, propondo solu- está no local, no board of education de cada couty.
ções práticas, através de um importante plano de ensino que visava a um
sistema público e gratuito de educação com a finalidade de estabelecer a Implantada e generalizada a escola nova, a sociedade irá se tornan-
igualdade de oportunidades. Mas, para ele, não é suficiente que o Estado do, gradativamente aberta. Isso não significa que não existirão mais
respeite aos direitos naturais do homem. Ele deve assegurar a cada diferenças entre indivíduos, que as classes deixarão de existir. Significa,
cidadão o gozo dos seus direitos, intervindo na supressão das desigual- isto sim, que as classes sociais serão abertas, que haverá amplas possibi-
dades artificiais ou sociais, consequência da reunião dos homens em lidades de que um indivíduo nascido em uma classe passe para outro,
sociedade. São três as desigualdades sociais, para Condorcet: a desi- conforme suas qualidades intrínsecas manifestadas pelo processo educa-
gualdade de riqueza, a desigualdade de profissão e a desigualdade de cional, suas motivações e as possibilidades objetivas (como mercado de
instrução. O Estado atenuará a desigualdade de fortuna abolindo as leis trabalho, por exemplo). É a reconstrução social pela escola.
que favorecem a “riqueza adquirida”. Combaterá a segunda, pela institui-
ção de seguros para velhos, viúvas e crianças. E destruirá a terceira,
Educação e equalização no plano do Estado
organizando um ensino público, livremente aberto a todos, que, ao mesmo
tempo que assegurará o reino da verdadeira igualdade, aperfeiçoará O estudo das metas do Estado brasileiro deixa claro o papel atribuído
indefinidamente o espírito humano. à educação no desenvolvimento. O objetivo é a construção de uma socie-
Embora entre os teóricos liberais, preocupados com a educação, hou- dade aberta no país, definida como sendo aquela onde inexistam barreiras
vesse alguns que defendessem uma posição elitista ou classista com objetivas que impeçam qualquer indivíduo de realizar suas potencialidades
relação à educação popular, havia também outros, como Condorcet, pessoais. E definida, também, pela institucionalização de um caminho
Lepelletier e Horace Mann, que viam a educação como um direito a ser adequado para a realização dessas potencialidades, que é a educação
garantido pelo Estado a todos, sem distinção de fortuna e justamente para escolar.
diminuí-la. A educação profissional passa a ter uma grande importância. Ela é
Os primeiros, intérpretes especialmente da alta burguesia e da aristo- encarada como meio de se resolverem problemas graves como, por
cracia ilustrada, num certo sentido, eram fiéis ao antigo dualismo liberda- exemplo, o desemprego. Como disse um alto funcionário do Ministério do
de-igualdade. Todos têm liberdade para se educar, mas não têm, igualda- Trabalho, “no Brasil não existe desemprego e sim falta de qualificação
de, as mesmas condições, porque a realidade socioeconômica das diver- profissional que causa o subemprego”. Visto assim, o emprego deixa de
sas classes dentro da sociedade burguesa não lhes permite uma mesma seu uma consequência dos mecanismos impessoais, complexos, estrutu-
instrução. Foram então simplesmente coerentes ao separar os tipos de rais da economia, e se transforma numa carência de indivíduos. na medi-
escolas e até mesmo os tipos de instrução “adequadas” a cada classe. da em que haja uma ação do Estado no sentido da superação dessa
carência, o desemprego, ou melhor, o subemprego, deixa de existir. Desta
maneira, fica eliminada mais uma barreira à igualdade de oportunidades
no país.
A reconstrução social no pensamento pedagógico
A profissionalização do ensino médio mais a extensão da escolarida-
O pensamento pedagógico sempre esteve impregnado da ideia de re- de obrigatória de 4 para 8 anos foram encaradas como medidas que
construção individual no sentido do aperfeiçoamento moral. Foi somente a resultariam numa abertura de oportunidades.
partir da ascensão da burguesia como classe, na Europa Ocidental, que o
O planejamento do sistema de ensino, orientado pelo Estado, fará
pensamento pedagógico passou a orientar-se para a reconstrução social.
com que a educação escolar produza aquilo que espontaneamente (por si
O caminho foi muito longo. Talvez tenha se iniciado com Comenius só) não poderá fazer: a equalização de oportunidades educacionais, logo
que, no século XVII, postulo a possibilidade de se ensinar todas as coisas sociais, até o limite das potencialidades de cada indivíduo.
a qualquer pessoa. E seu termo foi, provavelmente, o pensamento do
John Dewey, professor universitário norte-americano que exerceu grande
influência na pedagogia contemporânea. Seu pensamento, denominado Ideologia e realidade
“pedagogia da escola nova”, apresentava um modelo de escola (uma
escola nova) que se destinava à reconstrução da sociedade. O exame do papel atribuído à educação para a construção de uma
sociedade aberta, pela doutrina liberal, pela pedagogia da escola nova e
O pensamento de Dewey foi trazido para o Brasil por Anísio Teixeira, pelo plano do Estado revela fortes traços comuns e algumas diferenças
o maior dos educadores brasileiros e seu discípulos nos Estados Unidos. relevantes.
Desde o início da década de 30 até o início da de 60 (à exceção do perío-
do do Estado Novo, 1937-1946), Anísio Teixeira trabalhou intensamente Observa-se que os discursos sobre este assunto, constata-se que
dentro do Estado para que ele assumisse a tarefa de reconstrução social, eles referem a uma mesma realidade: a ordem econômica capitalista, isto
é, a uma sociedade onde os recursos produtivos (ou a maior parte deles)
Conhecimentos Pedagógicos 2

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
é de propriedade privada (de certos setores da sociedade) e cujo móvel Segundo pesquisas realizadas sobre o assunto “educação e distribui-
fundamental é a acumulação desses recursos para apropriação também ção da renda” há uma subestimação das rendas das camadas mais po-
privada (desses mesmos setores). bres por dois motivos: não inclusão dos serviços públicos gratuitos ou
Essa ordem econômica, pelos seus mecanismos próprios, produz e subsidiados, como educação, saúde e transporte, e omissão das rendas
reproduz quotidianamente as desigualdades entre as classes sociais. provenientes da produção doméstica não comercializada (como a agricul-
tura de subsistência, por exemplo). Argumenta-se que, se fosse possível
É comum imaginar-se que os mecanismos de discriminação existen- computar os benefícios não monetários dos serviços públicos e da produ-
tes no sistema educacional são conjunturais, acessórios, produtos de ção para autoconsumo, as rendas das camadas mais pobres seriam mais
carências momentâneas: falta de recursos para construir mais escolas, elevadas do que as que aparecem nos censos, resultando, assim, em
para treinar mais professores, para melhorar a qualidade do pessoal diminuição da concentração real.
docente, para melhorar o material didático, para das bolsas de estudos e,
finalmente, para escolarizar mais cedo as crianças da classe trabalhadora, Acredita-se que a situação dos serviços públicos de educação, saúde
a fim de diminuir os efeitos danosos da educação familiar “insuficiente”. e transporte apontam justamente na direção contrária à da argumentação
acima. A precariedade dos serviços de educação pública não deixa muita
Essa crença constitui mias um aspecto da função dissimuladora do margem de dúvida quanto à sua situação de benefício para as camadas
pensamento educacional a respeito da verdadeira natureza dos seus de renda mais elevada.
próprios mecanismos. A análise da realidade educacional do Brasil não
permite essa crença. Havendo mais recursos (materiais, humanos e Basta atentarmos para o fato de que cerca de metade dos matricula-
financeiros), eles serão redistribuídos de um modo tal que se reeditem os dos na primeira série consegue atingir a segunda. Além disso, uma grande
mecanismos de discriminação, como vem ocorrendo na política educacio- parte dos gastos públicos em educação, talvez a maior, é aplicada no
nal. Acontece que a discriminação vai ficando, a cada passo, mais dissi- ensino superior, gratuito e destinado às camadas de mais alta renda. Não
mulada. Para o observador desavisado fica muito difícil perceber esses se conhecem dados a respeito da distribuição de recursos públicos em
mecanismos, ainda mais quando, como no caso brasileiro, as matrículas educação, segundo níveis desta. No entanto, alguns dados podem sugerir
crescem a níveis extremamente altos e tanto mais intensamente quanto que eles se encaminham com mais intensidade para o ensino superior:
mais elevado o grau de ensino. O custo médio do aluno do ensino superior é muito maior do que o
Toda essa argumentação nos leva a perceber que é essencial à nos- dos outros graus;
sa sociedade a função ideológica que tem a educação de dissimular os O ritmo de crescimento das matrículas no ensino superior é bem mai-
seus próprios mecanismos discriminadores e os da ordem econômica. or do que o do ensino primário, do ginasial e do colegial. Assim, o produto
Portanto, imaginar uma sociedade onde a educação não tenha essa de um custo médio mais alto pela maior intensidade de crescimento das
função significa imaginar uma sociedade onde a ordem econômica não matrículas resulta em aumento relativo do dispêndio. Portanto, cremos
produza e reproduza, quotidianamente, as desigualdades sociais. que, se fosse possível medir o efeito redistribuitivo dos gastos públicos em
A análise do papel atribuído à educação de instrumento de equaliza- educação, encontraríamos, muito provavelmente, um resultado que mos-
ção de oportunidades, pela doutrina liberal, pela pedagogia da escola tra um benefício líquido maior às camadas de rendas mais altas, justa-
nova e pelo Estado, mostrou ter essa atribuição a função ideológica de mente o oposto da argumentação mencionada.
disseminar os mecanismos de discriminação da própria educação, bem Os dados, mostram que a população de mais baixa renda tem diminu-
como os da ordem econômica. ída sua participação no total. O mesmo não acontece com a população de
As desigualdades entre as classes sociais bem como a dissimulação mais alta renda que, além de ter aumentada sua participação no total.
daquilo que as produz (pela educação) são produto da ordem econômica A economia brasileira apresentou um intenso processo de concentra-
capitalista. O Estado que regulamenta, dirige e empreende a educação é o ção da renda na década de 60. A concentração não se deveu a diferentes
mesmo Estado que regulamenta, dirige (em parte, pelo planejamento) e “velocidades” de crescimento da renda real dos diversos níveis de ingres-
empreende (em parte, através das empresas públicas e dos aportes de so da população ativa, mas à manutenção (na hipótese mais otimista) da
capital) a ordem econômica. renda da metade inferior da escala e à elevação substancial da renda do
Deste modo, verificamos que a advertência feita por Luiz Pereira a quinto superior e, especialmente, dos 5% mais ricos.
respeito do uso da expressão “educação para o desenvolvimento” é válida Não foi uma insuficiência na oferta de mão-de-obra com nível escolar
para a expressão “educação para a construção de uma sociedade aberta”, médio e superior o principal fator determinante do processo de concentra-
podendo este lema “(...) tornar-se vazio de significação concreta e vir, por ção de renda. Do mesmo modo, não será o aumento da sua oferta um
isso mesmo e por paradoxal que pareça, a desempenhar funções ideoló- meio de redistribuição da renda que pode, inclusive, resultar num efeito
gicas, como mais um dos recursos manipuláveis para retardamento de reconcentrador pela diminuição dos salários de algumas categorias profis-
outras e profundas mudanças indispensáveis”. sionais.
O processo de concentração foi determinado por uma série de meca-
Educação e distribuição de renda nismos intrínsecos à economia brasileira, reforçados por medidas de
O conceito de renda, na teoria econômica, é formulado com base em política econômica e fatos conjunturais como os seguintes: crescimento da
um esquema simples onde a produção se faz pelo emprego, na unidade produtividade conseguido por inovações tecnológicas e economia de
produtiva, dos seguintes fatores econômicos: terra (ou instalações), traba- escala; manutenção de baixos níveis salariais, possibilitada pela oferta
lho, capital e capacidade empresarial. Cada um dos fatores é remunerado ilimitada de força de trabalho, pela contenção do movimento sindical e por
sob diferentes formas: aluguel para terra (ou instalações), salários para o outras medidas trabalhistas; estrutura oligopolística da produção; monta-
trabalho, juros para o capital e lucro para a capacidade empresarial. gem de um sistema de financiamento de bens de consumo duráveis; e,
Desse modo, o processo de produção compreende dois fluxos. Um, de finalmente, aumento da demanda de profissionais para algumas ocupa-
fatores de produção, num sentido; outro, em sentido contrário, de valores ções de setor terciário “moderno”. Este último fenômeno, no entanto, tem
monetários. A renda gerada pelo processo produtivo é a soma de todos os sido superestimado em algumas análises.
valores do seu fluxo monetário, auferidos pelos proprietários dos fatores Parece-nos que a omissão de certos dados é tão ou mais importante
de produção empregados (isto é, salários, aluguéis, juros e lucros) durante do que aqueles que são apresentados oficialmente. É o caso das apura-
um período convencionado, geralmente um ano. ções de dados que omitem, acreditamos que não casualmente, a distribui-
Os principais problemas que se apresentam ao estudo da distribuição ção funcional da renda, impedindo a verificação de modo direto e inequí-
da renda podem ser resumidos nas seguintes perguntas: as pessoas que voco da sua repartição nos componentes salários, juros, lucros e aluguéis
são proprietárias dos fatores de produção estão auferindo rendas diferen- ou, então, qual o montante de renda realizada por empregados, emprega-
tes? Quais as pessoas (ou os fatores) que estão auferindo mais renda? dores, autônomos, etc. Devido a essa omissão, os analistas são forçados
(ou: qual a distribuição funcional da renda?); por que razão alguns fatores a lançar mão de artifícios mais ou menos complicados para medir o fenô-
auferem mais do que outros? Quais as determinantes desse processo? meno da distribuição da renda, simples em si mesmo.
Quais as tendências do processo de distribuição da renda?
Conhecimentos Pedagógicos 3

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Em consequência disto, alguns caem, intencionalmente ou não, em camadas médias vão à escola, têm no ensino um prolongamento da
erros que distorcem a natureza dos processos econômicos e sociais. Foi o primeira socialização, difusa, doméstica. Entretanto, para os filhos dos
caso da atribuição à oferta dos sistemas escolares o poder de provocar trabalhadores, a experiência escolar é algo traumatizante.
um efeito concentrador de renda de grandes proporções, como o ocorrido A escola organizada para uma elite recebia crianças educadas, perfei-
no Brasil durante a década de 60. tamente equipadas para, imediatamente, aprenderem a ler, escrever e
A escolarização desigual contar, ou melhor, para vencerem o programa preconizado. Os alunos
provindos das classes sociais menos afortunadas não recebem, em casa
Definida apenas pelos seus componentes formais, a escola existiu em ou na classe social a que pertencem o preparo requerido pelos programas
quase todas as sociedades. Assim compreendida, a escola é a instituição escolares preconizados para as escolas da elite que perduram no sistema
onde se reúnem pessoas definidas como imaturas e especialistas em escolar nacional. Daí as reprovações em massa, a escola primária do
educação que desenvolvem as atividades previstas por um currículo “salve-se quem puder”, a escola organizada para atender aos portadores
preexistente, sujeitas aquelas à avaliação e sanção por esses especialis- de um cabedal de experiências que lhes permitem usufruir dos benefícios
tas. escolares que oferece.
Foi na sociedade capitalista que se concebeu uma nova função para a
escola: a de reclassificar as pessoas oriundas das diferentes classes
sociais conforme suas motivações e potencialidades inatas. Entretanto, A progressão na escola
elaborada essa concepção nova de escola, e mesmo tendo ela passado a As altas taxas de reprovação e evasão somam-se à oferta limitada de
integrar a ideologia oficial, os sistemas escolares não estavam, sempre, vagas e resultam num afunilamento da distribuição dos alunos pelas
organizados da mesma forma conforme esse alvo. Também não fora, diversas séries e graus.
sempre, suficientemente extensos de modo a escolarizar toda a popula-
ção. A concentração econômica vai determinar, então um desempenho
maior do sistema escolar por duas vias: 1) do lado dos recursos, o estado
Na sociedade capitalista há três modos típicos de conexão entre a (principal responsável pelo ensino primário) tem mais dinheiro para cons-
prática da escola (aquilo que ela efetivamente faz) e a ideologia vigente a truir prédios, contratar e treinar professores, montar uma rede de supervi-
respeito da sua função social (as consequências dela esperadas). são, melhorar o material didático, etc. 2) do lado da clientela, a maior
quantidade relativa de alunos das camadas médias e, portanto, socializa-
dos (ou propensos a serem socializados) segundo a cultura dominante,
A abertura da educação escolar permitirá uma taxa de progressão relativamente mais elevada. Essa
O Governo Federal tem realizado diagnósticos educacionais em vá- combinação de fatores determinados pela concentração industrial explica
rias oportunidades. O mais famoso deles foi preparado pelo Ministério do a maior ou menor distância das barreiras escolares do “piso” do sistema
Planejamento como instrumento de trabalho do Plano Decenal de Desen- educacional.
volvimento Econômico e Social para o período 1967-1976. Mais recente- Há poucos estudos que medem a renda sacrificada decorrente da es-
mente, em 1974, o Movimento Brasileiro de Alfabetização realizou um colarização. A maioria deles atribuem arbitrariamente um certo valor à
Diagnóstico do Ensino Fundamental de modo a prever a quantidade de renda sacrificada, como faz Samuel Levy, onde imputa o valor zero à
pessoas não atendidas pelo ensino regular que fariam parte da sua clien- renda sacrificada pela escolarização primária.
tela virtual. Os dados disponíveis das pesquisas realizadas, embora fragmenta-
Os governos estaduais, na sua maioria, realizam planos onde há dos, permitem-nos verificar a importância que assume a renda familiar na
sempre um capítulo destinado à educação contendo frequentemente um determinação das possibilidades de escolarização, importância tanto
diagnóstico. maior quanto mais elevado o nível escolar. E essa determinação é inde-
Todos os planos contêm diagnósticos, isto é, a constatação de pro- pendente da existência de vagas nas escolas.
blemas do sistema de ensino e, às vezes, terapêuticas, visando a sua Os dados nos permitem ver, também, que não se eliminam os fatores
solução. restritivos da demanda apenas pela instalação de escolas gratuitas, embo-
Esses diagnósticos “fazem os dados falarem”, trazendo ao conheci- ra esta providência possa, obviamente, atenuá-los, resultando em aumen-
mento dos planificadores a existência (e o dimensionamento) de proble- to da taxa de escolarização.
mas às vezes insuspeitados.
A Constituição de 1969 estabelece que: “O ensino primário é obrigató- A qualidade do ensino
rio para todos, dos sete aos quatorze anos, e gratuito nos estabelecimen-
tos oficiais”. Os problemas ligados ao acesso à escola têm constantemente apare-
Posteriormente, a Lei n° 5.692/71 especificou a ligação entre idade e cido como tema político. A qualidade do ensino ministrado, entretanto, não
grau de ensino, esclarecendo que: “Para efeito do que dispõem os Arts. teve a mesma projeção dado o caráter urgente de qualquer escola que
176 e 178 da Constituição, entende-se por ensino primário a educação surge para a maioria da população dela carente.
correspondente ao ensino de primeiro grau (...). No entanto, em outros países, onde há taxas de escolarização muito
Pode-se concluir, então, que o Estado estabeleceu para si próprio o altas, esse problema tem merecido mais atenção, como nos Estados
dever de garantir a escolarização obrigatória e gratuita (pelo menos nos Unidos.
seus estabelecimentos) para toda a população a partir dos sete anos de No Brasil, infelizmente, não há um estudo que mostre, claramente,
idade. A duração da escolarização deveria ser de quatro anos, no mínimo, que as crianças da classe trabalhadora (de um segmento etnicamente
conforme a Constituição de 1946, e dobrada para oito anos, segundo Lei distinto) frequentam escolas de qualidade mais baixa e são mais intensa-
n° 5.692/71. A consequência disso, pelo menos no plano das leis, é o mente afetadas por ela no seu desempenho educacional.
estabelecimento de, no mínimo, uma parte aberta a todos, de entrada Não dispomos de dados refinados sobre as diferenças de qualidade
acessível, obrigatória e, principalmente, de permanência compulsória. no ensino primário e no ginasial. No entanto, não é difícil aceitar a existên-
O conteúdo do ensino não é algo que existe desligado das classes cia de grandes diferenças na qualidade do ensino primário, principalmente
sociais. Tanto o conteúdo quanto a disciplina são familiares à classe entre as escolas públicas que atendem parte dos filhos dos trabalhadores,
dominante e às camadas médias, mas absolutamente estranhos à classe e as escolas privadas, muitas delas experimentais, que servem às crian-
trabalhadora. ças das camadas médias e aos filhos da classe dominante.
Este fato objetivo é dissimulado pelo pensamento pedagógico que As escolas públicas têm, geralmente, turmas de 40 alunos, e as aulas
postula a “naturalidade” da educação (geralmente difusa). essa dissimula- duram 3 horas diárias; as atividades dos alunos consistem em ouvir e
ção é necessária para que o ensino possa existir sem suscitar resistências anotar, sempre sentados, quase nunca falam; o material pedagógico
maiores. Quando as crianças oriundas das classes dominantes e da consiste em quadro-negro, giz, caderno, lápis e livro-texto; a atividade

Conhecimentos Pedagógicos 4

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
educativa é toda ela acionada apenas pela professora e é avaliada so- jornais e nos noticiários da TV. Também não é o caso da possível ausên-
mente por esta. As escolas experimentais privadas, ao contrário, têm cia de recursos para a compra de caramelos para crianças sobrevivam,
turmas de 12 a 20 alunos, no máximo, com aulas que duram de 4 a 5 cresçam e atinjam a idade adulta com um organismo sadio, de modo a
horas diárias; as atividades consistem em manipular, produzir e se ex- poderem usufruir de uma das condições necessárias à vida humana.
pressar através de jogos, dança, teatro, modelagem, pintura, recortes, A realidade da fome tem, na linguagem corrente, e na científica, um
etc.; o material pedagógico é abundante e diversificado; a atividade educa- dos mais eficientes mecanismos de sua dissimulação.
tiva não se restringe à que é acionada pela professora, mas resulta,
também, do trabalho da orientadora educacional e da psicóloga. A fome, tal como indicamos acima, é denotada pela mesma palavra
com que nos referimos à mera vontade de comer, ao apetite. O apetite é
A distribuição desigual da qualidade do ensino reforça as disposições uma sensação que deriva de estados psicológicos (compensações, por
desfavoráveis à escolarização da classe trabalhadora. exemplo) e do hábito. As pessoas que têm recursos fartos para comprar a
O sistema escolar desempenha a dupla função de discriminar e de quantidade de comida de que necessitam sentem apetite. Mas não estão
dissimular essa discriminação. A discriminação se faz pela exclusão de em situação de fome tal como a definimos. Por isso, dizemos que empre-
certas classes sociais do sistema escolar, pela destinação de “partes” gar um único vocábulo para denotar o apetite e a fome tem a função
distintas do sistema escolar, com ensino de conteúdo específico para cada ideológica de encobrir a realidade desta, reduzindo-a ao problema imedia-
classe ou, então, através de um sistema educacional unificado e homogê- to do apetite. É claro que a situação de fome pode produzir apetite, que
neo, mas de distintos padrões de qualidade conforme as classes sociais não deve ser confundido, entretanto, com a situação geradora, sob pena
que frequentam cada escola ou cada grupo de escolas. Esta última forma de descaracterizá-la pela confusão com um dos seus efeitos, o menos
é a que permite o exercício da função de discriminação social de forma relevantes em termos sociais.
mais eficaz justamente porque a dissimula mais; as diferenças de escola- A linguagem médica contribui, a seu modo, para que a realidade da
ridade entre as crianças e jovens das diversas classes passa a ser expli- fome seja confundida, camuflada, dissimulada. Os médicos tratam, em
cada por razões individuais como “falta de habilidade”, falta de “potenciali- geral, do doente e não da doença. Isolam o doente do seu contexto,
dade inata”, falta de “motivação”, etc. diagnosticam a sua “doença”, tratam-no e devolvem-no ao seu ambiente.
Partimos da atribuição que o próprio Estado faz ao sistema educacio- Fazem assim com muitas crianças oriundas da classe trabalhadora, em
nal para estudá-lo. O Estado atribui ao ensino primário (na nomenclatura situação de fome. Diagnosticam a sua “doença” como sendo “desnutrição”
antiga) o caráter de aberto. Construímos, então, um esquema de análise ou outro nome semelhante e medicam-nas. Para os médicos, uma pessoa
para medir o grau de abertura do ensino primário. Utilizamos uma grande em situação de fome e outra, sem comer devido a um trauma psíquico ou
quantidade de dados oficiais e verificamos que o ensino primário está a uma decisão voluntária, têm a mesma doença, desnutrição, pois apre-
longe de ser aberto e que esta situação não tem sofrido melhoria substan- sentam igual quadro clínico. Deste modo, os médicos confundem os
cial nos últimos anos. problemas (diferentes) com os seus efeitos de igual aparência. É um
Os setores de mais baixa renda da sociedade brasileira têm menos exemplo dramático de como a “ciência” pode estar a serviço da dissimula-
chances de entrar na escola; quando entram, fazem mais tardiamente e ção da fome e, assim, contribuir para a continuação das causas pelo seu
em escolas de mais baixa qualidade. Isso faz com que seu desempenho não questionamento.
seja mais baixo e, em consequência, sejam reprovados mais frequente- Na linguagem médica, como na linguagem do quotidiano, quando a
mente. Por isso, e devido, também, à migração e ao trabalho “precoce, fome chegar a ser percebida, é como um fenômeno natural, como o bom
evadem com maior frequência. Todos esses fatores determinam uma ou mau tempo. Ela não é percebida como sendo produzida pelos homens,
profunda desigualdade no desempenho escolar das crianças e de jovens pelas relações por eles próprios engendradas. Desde modo, mesmo
das diversas classes sociais. sendo percebida, o é de um modo tal que encobre a sua verdadeira natu-
Os argumentos oficiais utilizados para explicar essa contradição par- reza, que fica, então, a salvo de críticas.
tem da existência de uma carência conjuntural, em vias de superação pelo
desenvolvimento do país, através do duplo efeito de ampliação dos recur- As causas da fome
sos do Estado, disponíveis para a educação, e a melhoria das condições
de vida da população em geral, principalmente da classe trabalhadora. 1) A política econômica empreendida a partir de 1964 e, principalmen-
Entretanto, há uma necessidade estrutural que faz com que o sistema te, a partir de 1967, produziu, como um dos efeitos, a intensificação da
educacional escolar seja um meio de discriminação social e, ao mesmo concentração da renda, em benefício das parcelas de rendimentos mais
tempo, de dissimulá-la, apesar do desenvolvimento econômico existente e elevados. A política salarial fez com que o valor do salário mínimo decres-
justamente para que ele tenha condições de se processar. cesse em termos reais. Essa queda de rendimento vai repercutir direta-
mente nos índices sanitários, principiando pela incapacidade de comprar
A conjuntura atual faz com que essa situação de carência prevaleça. os alimentos indispensáveis.
Mas, superada a falta de recursos materiais e humanos, a discriminação
persistirá através dos distintos níveis de qualidade da escola oferecida às 2) Os efeitos da concentração da renda sobre a fome não terminam
diferentes classes sociais. A cultura oficial da escola continuará sendo a aí. O acúmulo de renda nas mãos de uma minoria gera uma capacidade
cultura da classe dominante e das camadas médias com os efeitos já de consumo orientada para bens conspícuos importados (como artefatos
comentados. Desta maneira, o processo de discriminação social via luxuosos, alimentos e bebidas refinadas), empregada, também, em via-
educação escolar assumirá uma forma ainda mais eficiente, porque a gens ao exterior. Isso exige uma quantidade crescente de divisas em
possível eliminação da “profissionalização precoce” e a generalização do moeda estrangeira, destinadas a pagar essas importações e viagens.
ensino elementar gratuito fornecerão uma base “objetiva” para que os Aumentou-se as exportações, principalmente da carne bovina e da soja,
jovens oriundos da classe trabalhadora reconheçam que a culpa do seu elevando os preços destes produtos, dificultando muito seu consumo pela
fracasso escolar (e social) se deve às suas próprias insuficiências; e população de baixa renda. Aumentou-se o consumo de soja no Brasil,
correlativamente, para que os jovens provenientes da classe dominante e porém sabe-se que o valor nutricional da soja em relação as proteínas,
das camadas médias festejam o seu sucesso, resultante dos seus “méri- não deve-se comparar com as proteínas das carnes bovina. Além disso, o
tos próprios”. papel da produção de soja, no Brasil, é gerar divisas em moeda estrangei-
ra para pagar as importações de bens de consumo de luxo para as cama-
das de altas rendas e suas viagens ao exterior.
O desempenho desigual 3) A destruição de parte das colheitas é uma prática comum que obje-
A língua portuguesa tem uma palavra que é comumente utilizada para tiva a elevação dos preços dos produtos agropecuários. A destruição de
descrever um dos componentes das condições de vida da classe traba- produtos vai desde a queima de grãos, o abandono de produtos ao apo-
lhadora: fome. Esta classe participa da renda nacional num montante que drecimento, o lançamento de leite nos rios à matança de aves. Seu efeito,
não permite a aquisição de alimentos na quantidade e na qualidade sufici- a curto prazo, é um só: a elevação dos preços devido à redução da oferta.
entes para a sua existência. Não se trata aqui das calamidades que atin- A longo prazo, a continuação da situação de fome da classe trabalhadora.
gem grandes áreas da terra e que, frequentemente, são manchetes dos 4) Deixamos para o fim o comentário do fator da fome que mais tem

Conhecimentos Pedagógicos 5

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
sido apontado como importante pelos analistas oficiais: a ignorância e os dominante, em proveito da qual a situação de fome existe e, mais particu-
tabus alimentares vigentes na produção de baixa renda. É comum o larmente, no caso brasileiro recente, à qual interessa a intensificação da
desprezo dos legumes, das verduras e das frutas, bem como da carne de fome produzida pela concentração da renda. Esse benefício se dá, tam-
peixe, além da proibição da ingestão de certos alimentos na mesma bém, pelo efeito ideológico que as medidas paliativas podem ter, dissimu-
refeição. Esse fato é apontado como sendo o principal responsável pela lando as causas da fome e a sua necessidade na atual modelo de desen-
fome. Na medida em que houvesse “educação do povo”, ele procuraria os volvimento.
alimentos de alto valor nutritivo, supostamente a seu alcance, e a fome O fracasso de muitas crianças na escola primária, principalmente as
deixaria de existir, ou na pior das hipóteses, diminuiria bastante de inten- da classe trabalhadora, é um fato conhecido no Brasil há muito tempo. As
sidade. causas deste fato foram sempre atribuídas às insuficiências das escolas
Esses são alguns dos motivos das causas da situação de fome que que essas crianças frequentavam, seja em termos de recursos humanos
atinge a população de baixa renda no Brasil, integrante da classe traba- (professores escassos e mal preparados) seja em termos de recursos
lhadora. materiais (falta de livros e outros objetos auxiliares do ensino e de espaço
apropriado).
As consequências educacionais da fome Em verdade, as pessoas das camadas mais desfavorecidas da popu-
A situação de fome prejudica a educação (escolar) não apenas por- lação possuem um subcultura que é uma transformação da cultura da
que a criança com fome(= apetite) tenha dificuldade de aprender, como é classe dominante; esta chega com atraso aos grupos menos participantes
comum se pensar, embora isso possa influir de modo conjuntural. O e dominados da sociedade, não possuindo, dessa forma, viabilidade para
prejuízo ocorre pelo retardo na aprendizagem e no desempenho psicológi- sua plena execução. Devido a tal defasagem, a subcultura desses grupos,
co, mesmo que a fome só ocorra antes de a criança ingressar na escola, e que é bem rica, não é a mesma dos grupos dominantes da sociedade
principalmente nestes casos. onde vivem e onde terão que competir.
Segundo Cravioto, são três os mecanismos que interferem sobre a O papel da escola é o de funcionar como mecanismo de produção da
aprendizagem, como decorrência da situação de fome. São eles: marginalidade cultural. Afora a escola, as (sub) culturas dos diferentes
1) A perda no tempo de aprendizagem. Cravioto mostrou que, durante grupos (ou classes) são apenas diferentes. É a escola que vai transformar
os períodos de subnutrição, a criança é menos responsiva ao ambiente a diferença em marginalidade e, em decorrência produzirá juntamente
físico e social e, em consequência disso, tem menos oportunidade de com outras agências a discriminação social. Tudo começa quando as
aprender. Na melhor das hipóteses, mesmo que a subnutrição seja supe- crianças oriundas das “camadas mais desfavorecidas” ingressam na
rada por um reforço alimentar, a criança tem seu processo de aprendiza- escola.
gem reduzido alguns meses, apresentando, então, a longo prazo, uma É o Estado a instituição que, na sociedade capitalista, mantém, orga-
lacuna no seu desenvolvimento. niza e rege a escola. Ele pode fazer isso de modo mais ou menos centrali-
2) A interferência durante os períodos críticos da aprendizagem. Este zado (mais no Brasil, menos nos EUA), mais ou menos diretamente (mais
autor mostra que aquela perda de tempo não é alguma coisa que possa no Brasil, menos na Holanda). De qualquer forma, e na “melhor” das
ser superada pela intensificação do processo de aprendizagem. hipóteses, a educação escolar somente será possível com a concordância
do Estado, ainda que tácita; na “pior” hipótese, o Estado planeja, executa,
3) Mudanças de motivação e na responsividade. Cravioto parte do fa- financia e obriga ao ensino que julga conveniente. Mas esse controle
to amplamente reconhecido de que as reações da criança determinam as exercido pelo Estado sobre a escola não é feito “conforme os padrões da
respostas das mães que, por sua vez, estimulam a criança. Diz este autor classe média”. Aqui se dá justamente o contrário: é a “ilusão do funciona-
que durante os estados de subnutrição a responsabilidade à estimulação lismo”. Os burocratas do Estado, como os da escola (pessoal docente e
materna fica diminuída, aparecendo um quadro de apatia, um dos primei- administrativo), são provenientes da “classe média” e identificam-se, na
ros efeitos desses estados. Essa apatia pode reduzir a capacidade de a maioria das vezes, com os objetivos das suas respectivas burocracias.
criança funcionar como estimuladora da mãe e, em consequência, da Mas isso não quer dizer que os objetivos foram assumidos pelas burocra-
responsividade desta. cias porque seus burocratas são da “classe média” e a “classe média” tem
Esses três mecanismos não ocorrem isoladamente, mas se combi- tais e quais objetivos. O que acontece, na realidade, é que o Estado tem
nam na determinação da interferência sobre a aprendizagem, retardando- como seus objetivos os da classe dominante, que, para isso, o instituiu.
a e prejudicando-a de modo duradouro. Mas as camadas médias assumem como um dos seus objetivos (consci-
Mas os efeitos da situação de fome, na educação escolar, não se re- entes ou não) o ingresso na classe dominante, daí o seu esforço cotidiano
sumem aos mecanismos mencionados acima. Ela produz, também, uma para investir-se do capital necessário para isso e, também, ou, na falta
deficiência mais ou menos permanente nos comportamentos adaptativo e deste, pelo menos, da cultura elaborada por esta classe ou por intelectuais
motor das crianças, que dificultará muito o aprendizado das técnicas a seu serviço (conscientemente ou não). Decorre daí que, ao se dizer que
elementares de leitura, escrita e cálculo. os padrões da escola são os “padrões da classe média”, deixa-se de dizer
que os padrões da escola são os da classe dominante assumidos pela
A constatação da fome como um elemento “perturbador” da aprendi-
“classe média” como parte de sua estratégia (acreditamos, inconsciente)
zagem escolar não é nova no Brasil. Já na Primeira República havia uma
de ascensão social.
“distribuição de sopa ao meio-dia” para os alunos das escolas industriais
que, segundo os observadores da época, fez aumentar sensivelmente o A escola desempenha a função social de reprodução da estrutura de
comparecimento às aulas, bem como o preenchimento das vagas disponí- classe, mas de um modo tal que a reposição dos filhos no lugar dos pais
veis. seja percebida como um resultado de desempenho escolar e não das
posições prévias; e, ainda mais, de modo que a discriminação que se
Além da constatação da insuficiência do programa de alimentação es-
processa dentro da escola não seja percebida como tal, mas como algo
colar, outras críticas têm surgido, mostrando que há outras necessidades
“natural”.
tão ou mais prementes. É o caso das crianças menores de 6 anos que,
não sendo escolarizadas, não podem se beneficiar da merenda escolar. Concluindo, a situação da fome da classe trabalhadora é devida a um
conjunto de efeitos da política econômica necessários, por sua vez, à
Além disso, tem-se mostrado que a boa alimentação da mãe, durante
existência da sociedade na sua estrutura atual.
a gestação e a amamentação, é um requisito indispensável para a produ-
ção de uma criança sadia. Pouco adiantaria, segundo essas críticas, Daí decorre que a situação de fome da classe trabalhadora não é
alimentar as crianças oriundas da população de baixa renda, na escola apenas um acidente lamentável, mas algo necessário ao funcionamento
primária, se o seu desenvolvimento já estivesse comprometido pela fome da sociedade baseada nas formas de dominação em vigor.
da mãe e da sua própria, antes que pudesse frequentar a escola. O Estado assumiu, recentemente, a gerência das medidas de comba-
As medidas de doação de alimentos são meros paliativos que, sem te á fome sem que, entretanto, suas causas sejam postas em questão.
dúvida, beneficiarão um certo número de crianças e adultos da classe São propostas, então, medidas paliativas que não alterarão o quadro geral
trabalhadora. Mas o principal beneficiário será, certamente, a classe da situação de fome da classe trabalhadora.

Conhecimentos Pedagógicos 6

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A situação de fome determina que o desempenho escolar das crian- desempenho da ocupação, permite que cheguemos às seguintes conclu-
ças da classe trabalhadora seja muito baixo, comparativamente ao das sões:
crianças das camadas médias e da classe dominante. Desta maneira, a 1) A reforma de ensino superior, de 1968, e do ensino médio, de
escola pode excluir aquelas crianças de um modo “legítimo”, sem que o 1971, têm a função de conter o crescente contingente de jovens das
seu papel discriminador apareça. camadas médias que buscam, cada dia mais intensamente, o ensino
Mas podemos argumentar que a situação de fome possa eventual- superior como meio de obtenção de um requisito cada vez mais necessá-
mente ser superada por um mecanismo qualquer, inclusive que haja rio, mas não suficiente, de ascensão nas burocracias ocupacionais. Entre-
interesse da classe dominante pela melhor saúde da classe trabalhadora, tanto, apesar das tentativas de contenção, as matrículas no ensino superi-
de modo que seu trabalho seja mais produtivo. Poder-se-ia imaginar que, or têm crescido muito, o que resultou numa perda relativa do poder de
como isso, a discriminação social via escola (caso ela viesse a ser abun- discriminação do diploma comum de graduação. A institucionalização das
dante e de qualidade homogênea) tendesse a desaparecer. Entretanto, é pós-graduação desempenha, então, a função de restabelecer o valor
dentro da escola, através de mecanismos propriamente educacionais, que econômico e simbólico do diploma, agora em um nível mais elevado,
se processa (ou se completa) a discriminação de modo mais sutil, dissimu- acessível apenas a uma parte seleta (em termos intelectuais e de renda)
lado e eficaz. dos graduados.
A cultura da classe trabalhadora, compreendendo sua fala, seus hábi- O deslocamento de parcela dos jovens que procuram o ensino supe-
tos, seus valores e aspirações, é distinta da cultura da classe dominante rior para um mercado de trabalho supostamente carente de profissionais
devido às suas diferentes condições de vida. a classe dominante tem o de nível médio foi a função atribuída ao novo ensino de 2º grau, generali-
poder de impor a sua cultura como sendo a cultura, abrangendo a fala, os zada e compulsoriamente profissional. Mas as escolas privadas, que
hábitos e as aspirações “naturais” próprias da “civilização” e da “humani- atendem aos setores de mais alta renda das camadas médias (e das
dade”. A escola é a instituição que executa, como mandatária, o papel de classes dominantes) têm disfarçado seu propósito propedêutico através de
discriminar as pessoas que são portadoras da cultura, ou que conseguem currículos falsamente profissionais. Assim, seus alunos terão, provavel-
interiorizá-la rapidamente, e de conferir-lhes um sinal distintivo disso: o mente, um diferencial de preparo para os exames vestibulares, em relação
diploma. As outras pessoas são aparadas das demais e a ausência do aos demais, ainda maior do que o existente antes da reforma do ensino
diploma (ou o diploma inferior) é sinal da sua “pobreza cultural”. médio. Se for generalizada a tentativa observada em uma grande empresa
Os efeitos da produção da marginalidade cultural são tais que suas ví- estatal, de formar ela própria profissionais de nível médio a partir de
timas são compelidas a se imaginarem as culpadas pela sua própria jovens recrutados no interior do país, com modestos alvos de ascensão
marginalizarão, ficando, assim, escondidas as relações de dominação que social, haverá, certamente, mais um obstáculo a se opor à prática recente
a determinaram. Agindo nesse sentido, a escola produz a incapacidade de de jovens das camadas médias.
as pessoas serem educadas. Esta consiste na realização de um curso técnico como um caminho
O corpo docente-administrativo do sistema escolar, responsável, em mais longo e mais seguro de atingir o ensino superior, pois um futuro
primeira instância, pela condução desse processo, é constituído de pes- possível emprego é visto como fonte de recursos para o financiamento de
soas das camadas médias. Enquanto tais, definem-se em função da novas tentativas de ultrapassar a barreira dos exames vestibulares. E é
expectativa e da prática cotidiana de luta pelo ingresso na classe domi- justamente o profissional de nível médio, aspirante à universidade, que a
nante, para o que já dispõem de razoável “quantidade” de capital cultural. empresa em questão quer substituir em seus quadros pelos satisfeitos e
Assim, a cultura da classe dominante é aceita oficialmente pelo sistema motivados jovens interiorandos agradecidos pela “oportunidade”, e vaci-
escolar como “natural” e indiscutível, e a cultura da classe trabalhadora, nados contra os efeitos nocivos de ascensão escolar/ocupacional/social.
rejeitada como indecente, primitiva, grosseira. Os mecanismos cotidianos 2) As medidas liberadoras de política educacional compreendem um
da prática escolar expressam de modo “científico” esses estereótipos e programa de alfabetização de massa para adolescentes, pré-adolescentes
concorrem “objetivamente” para a exclusão das crianças dessa origem da e adultos, e a implementação de programas de tele-educação com o uso
escola, logo nas primeiras séries. dos recursos rádio e TV. Compreende, também, a extensão da escolari-
Essa é a principal razão que explica as grandes taxas de evasão e dade mínima obrigatória de 4 para 8 anos. A alfabetização de grandes
repetência na 1a. série da escola primária brasileira. Entretanto, é possível massas de trabalhadores terá a função econômica de unificar, em termos
prever-se que, à medida em que o sistema escolar se aperfeiçoe, isto é, de posse de um requisito educacional, a oferta de força de trabalho,
passe a desempenhar de modo mais eficaz e dissimulado sua função incorporando ao mercado urbano as massas rurais e as que forem expul-
discriminadora, essas taxas tendam a decrescer. Na medida em que isso sas do campo.
acontecer essas taxas serão “distribuídas” por várias séries (e, mesmo, Nas cidades, incorporará ao setor industrial do mercado, bem como
por vários graus) de modo a tornar o processo menos perceptível, logo ao do terciário moderno, os contingentes subempregados do setor servi-
mais eficaz. ços, da construção civil, dos transportes e os biscateiros. Com isso, ampli-
Atualmente são cada vez mais populares certas medidas suposta- ará o exército industrial de reserva que, por sua vez, permitirá a continua-
mente tendentes a eliminar (ou, pelo menos, a minorar) os efeitos da ção do processo de acumulação de capital e a queda, a manutenção ou,
marginalidade cultural, “compensando” as “desvantagens” culturais das na pior das hipóteses, a lenta elevação dos salários relativamente ao ritmo
crianças da classe trabalhadora através do ensino pré-primário. As pro- de crescimento da taxa de lucro.
postas neste sentido proclamam a necessidade de o Estado promover Essa função não é manifesta em qualquer dos textos que tratam do
essa “educação compensatória” como já vem fazendo em pequena esca- programa de alfabetização de massa e foi colocada aqui, como uma
la. Essas propostas não levam em consideração a função do Estado de hipótese, de verificação extremamente difícil. Mas o crescimento do núme-
promover as condições para que a dominação exercida pela classe domi- ro de concluintes do ensino elementar regular, somado aos atingidos pelo
nante possa se fazer de modo cada vez mais completo, supondo, ao cursos de “alfabetização funcional” e de “educação integrada” certamente
contrário, que seu objetivo é a promoção do “bem-estar coletivo”. Medidas induzirá a elevação dos requisitos educacionais, um processo de seleção
baseadas nessas suposições serão, certamente, bem aceitas e assumidas utilizado pelas empresas para facilitar a seleção de candidatos aos seus
pelo Estado, na medida em que desloca para a área dos “problemas quadros.
resolvíveis administrativamente” a discussão em torno das relações de Este tornará inelegíveis, para as ocupações pretendidas, trabalhado-
dominação e o papel, nele, da escola. res de nível educacional primário (ou a ele correspondente) que, em
Ao invés de se falar na marginalidade cultural como um produto des- consequência, passarão a demandar maiores ofertas de oportunidades
sas relações, ela será entendida (ou melhor, desentendida) como uma educacionais de nível mais elevado através de cursos regulares e supleti-
“carência” de pessoas que sofrem “privações”, superadas tão logo se vos como os do Projeto Minerva e das TVEs. E o processo continua, numa
mobilizem recursos humanos e materiais dentro dos parâmetros existen- escalada entre as demandas de escolarização adicional e a elevação dos
tes do sistema educacional. requisitos educacionais, vigiada de perto pela necessidade objetiva de
A análise das medidas de política educacional, bem como dos pro- manutenção do exército industrial de reserva num volume apropriado ao
cessos sociais que se situam na confluência do produto da escola com o desempenho de sua “função”.

Conhecimentos Pedagógicos 7

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
3) As funções econômicas atribuídas manifestamente ao programa de qual o conhecimento pedagógico não consegue enfrentar sozinho,
alfabetização de massa são a modernização dos hábitos de consumo, a precisando de saberes de outros técnicos.
ampliação do mercado consumidor através da suposta elevação dos
salários dos alfabetizados e o aumento do lucro das empresas através de Bullying é uma palavra de origem inglesa, que foi adotada por
um esperado incremento da produtividade não apropriada pelos trabalha- diversos países para conceituar alguns comportamentos agressivos e anti-
dores. sociais e é um termo muito utilizado nos estudos realizados sobre a
problemática da violência escolar, que afirma Fante (2005, p. 21),
O processo objetivo da elevação dos requisitos educacionais permite
acontece de forma velada, por “meio de um conjunto de comportamentos
que se levantem dúvidas quanto ao possível efeito da alfabetização fazer
cruéis, intimidadores e repetitivos, prolongadamente contra uma mesma
elevar os salários, se válida a hipótese da sua função econômica básica
vítima” e com grande poder destrutivo, pois fere a “área mais
de unificar a oferta de força de trabalho, aumentando, então, o volume do
preciosa,íntima e inviolável do ser- a alma”. O bullying vem se
exército industrial de reserva.
disseminando nos últimos anos”, tendo como resultados os nefastos
4) A definição do analfabetismo como um “vergonha nacional” ou uma massacres em escolas localizadas nas mais diversas partes do mundo”,
“mancha” tem a função ideológica de desviar para a área educacional a incluindo o Brasil.
discussão sobre as causas do atraso e do progresso, assim como das
causas da pobreza. Do mesmo modo, a atribuição à reduzida duração da O bullying é um fenômeno antigo, porém, só a partir da década de 70
escolaridade obrigatória de ser causadora de deficiências na formação foram realizados estudos sobre essa temática. A sociedade sueca foi uma
dos trabalhadores. das primeiras a estudar esse tipo de comportamento, que se estenderam
5) As medidas que compõem a política educacional liberadora, todas os outros países escandinavos (FANTE, 2009). É descrito como abuso
implementadas em termos massivos, têm se constituído num veículo sistemático de poder, pois são comportamentos agressivos exercidos por
privilegiado para que essa política desempenhe mais uma das funções a um ou mais indivíduos sobre outros e identifica-se pela intencionalidade
ela atribuídas: a de controle social. O conteúdo dos cursos de alfabetiza- de magoar alguém (SMITH SHARP, 1994 apud PEREIRA, 2002).
ção e dos curso supletivos às últimas séries de 1° grau, via rádio e TV,
Na Noruega, durante vários anos, esse tema ganhou notoriedade
estão repletos de mensagens que legitimam o Estado e apresentam, a
nos meios de comunicação e nas discussões entre pais e professores,
cada passo, o discurso da grandeza.
mas sem contar com o apoio das autoridades educacionais. Em 1.983, no
Seu objetivo é fazer os trabalhadores (clientela dominante) crerem na norte do país um fato mudou essa realidade: três crianças, com idades
legitimidade das medidas de política econômica que excluem, sistemati- entre 10 e 14 anos, se suicidaram e com toda probabilidade, em
camente, e, em decorrência disso, servirem para a sedimentação do poder decorrência da vitimização bullying. Essa tragédia gerou grande reação da
político através do apoio eleitoral ao partido do governo. Entretanto, os sociedade, resultando numa campanha nacional contra os maus-tratos
resultados eleitorais de 1974 sugerem fortemente que a função de contro- escolares. No final dos anos oitenta e início dos anos noventa, o
le social, embora atribuída, não foi desempenhada, pelo menos na inten- fenômeno atraiu a atenção pública e mobilizou estudos em outros países,
sidade esperada. como Japão, Inglaterra, Países Baixos, Espanha, Portugal, Canadá,
6) As aparências das medidas de política educacional, em todos os Estados Unidos e Austrália (FANTE e PEDRA, 2008).
níveis, sugerem a existência de uma tentativa de redistribuir os “benefícios
educacionais” em proveito dos trabalhadores, já que contêm as demandas No Brasil, como reflexo dos estudos europeus, no ano de 2.000, na
(e logo, a oferta) ao ensino de 2° e 3° graus, disputados pelas camadas região de São José do Rio Preto, iniciou um trabalho de conscientização
médias e pela classe dominante, e os libera no 1° grau, justamente o que de pais e professores, despertando a atenção dos meios de comunicação.
interessa, de imediato, à classe trabalhadora. Atualmente em Brasília, existe o Centro Multidisciplinar de Estudos e
Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), que tem como objetivo
Entretanto, os pontos comentados acima permitem que possamos ve- de atuar na orientação e prevenção do fenômeno. Em junho de 2006
rificar a convergência das políticas educacionais contenedora e liberadora houve em Brasília o “I Fórum Brasileiro sobre o Bullying Escolar” realizado
no sentido do alcance de uma mesma e única meta: a reprodução das pelo Cemeobes (FANTE, 2005).
classes sociais e das relações de dominação que as definem, sustentam e
dão vida. Segundo dados do Cemeobes, o bullying atinge cerca de 45% dos
estudantes do ensino fundamental no país (FETEMS, 2009). Fante (2005)
considera que um dos ambientes mais preocupantes dessa prática é o
escolar, visto que as crianças e os adolescentes ainda não possuem a
Violência intraescolar personalidade totalmente formada, não possuindo amadurecimento
suficiente para lidarem com as consequências do bullying.

A escola é o ponto de referência e o lugar de fazer amigos de crescer


A violência aumenta a cada dia em nossa sociedade, geradora de juntos, além dos estudos eles conversam, jogam, riem, brincam, em cenas
uma série de consequências na vida de pessoas e seus familiares. Tal assim parecem apenas jovens num intervalo entre aulas, mas muitas
situação afeta diretamente o seio familiar influenciando na questão vezes não é o que parece. Nas escolas pais, educadores, estão
educacional dos filhos. As fronteiras da violência no tempo e no espaço se preocupados com a violência entre adolescentes além de agressões
tornam difíceis de serem definidas. É por isso que, muitas vezes, a físicas surge uma nova prática mais sutil e cruel bullying que vem
violência pode ser confundida com agressão e indisciplina, quando se ocupando espaço privilegiado nesse meio.
manifesta na esfera escolar. A violência no ambiente escolar têm um tipo
identificado como bullying sendo um dos comportamentos agressivos A preocupação com a violência no ambiente escolar, segundo
observados atualmente no ambiente escolar. Spósito (2001) emergiu nos estudos acadêmicos brasileiros a partir da
década de 1980, ou seja, parece que a preocupação com a barbárie e o
Para Constatini (2004) o bullying “é um comportamento ligado à compromisso com a educação contra a violência são muito recentes no
agressão verbal, física ou psicológica que pode ser efetuada tanto Brasil.
individual quanto grupalmente”. O bullying é um comportamento próprio De acordo com as autores Abramovay e Rua (2003) a violência
das relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais escolar é um fenômeno antigo em todo problema social podendo ocorrer,
frágeis em objetos de diversão e prazer através de “brincadeiras” que conforme já classificado pela ciência e adotado pelo senso comum, como
disfarçam o propósito de maltratar e intimidar. indisciplina, delinqüência, problemas de relação professor-aluno ou
mesmo aluno-aluno.
Monteiro (2008) afirma que o bullying não é um fenômeno moderno
mais apenas agora vem sendo reconhecido como causador de danos e Calimam (2006) nos mostra que quem frequenta a escola nos nossos
merecedor de medidas especiais para a sua prevenção e enfrentamento, tempos são crianças e adolescentes de extrações sociais diversas cada
pois no cotidiano escolar enfrentam-se complexas questões sociais, no um deles com uma história pessoal que para alguns regulares, mas para
Conhecimentos Pedagógicos 8

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
outros caracterizados por situações de risco, marcada por fracassos, Para o agressor, os atos de bullying são divertidos porque humilham
desvantagens, mal-estar e sofrimento dos mais diferentes tipos. a pessoa vitimada. Quando esta aceita de forma pacífica, torna-se alvo de
chacota também para outros alunos. O agressor se sente bem, pois para a
Visto que é impossível impedir que a realidade contextual envolva as sua turma ele é “o poderoso”, ele se satisfaz ao ver o riso dos colegas ou
salas de aula, considera-se a urgência de ponderar necessidades e muitas vezes se sentem vingados pelas agressões ou humilhações que
direitos de uma gama de estudantes em situação de desvantagem e risco sofrem em outros ambientes, entre eles, o familiar ou simplesmente
social cuja principal variável refere-se a desigualdade social e porque a educação que recebem dos pais serve de incentivo á violência e
desembarcar em inúmeras dificuldades como, baixo rendimento escolar, ao sadismo, neste caso dando-lhe prazer ao ver o sofrimento da sua
manifestações de hostilidade, adaptação ao próprio papel de estudantes e vítima (FANTE, 2008).
interação social.
As agressões do bullying são consideradas gratuitas por que a
O comportamento agressivo entre estudantes é um problema pessoa vitimada, geralmente, não cometeu nenhum ato que motivasse as
universal, tradicionalmente admitido como natural e frequentemente agressões. Geralmente acontece por motivos discriminatórios, por
ignorado ou não valorizado pelos adultos. Estudos realizados nas duas exemplo, ser de etnia diferente, ser um bom aluno e tirar boas notas, ser
últimas décadas demonstraram que a sua prática pode ter consequências frágil ou muito pequeno, usar óculos, possuir atitudes afeminadas para os
negativas imediatas e tardias para todas as crianças e adolescentes direta homens ou masculinizadas para as mulheres, ou seja, por seu porte físico,
ou diretamente envolvidos (LOPES NETO, 2005). suas atitudes e valores, entre muitos outros (FANTE, 2008).

O bullying, segundo Pereira (2002), representa uma forma séria de Antunes e Zuin (2008) consideram que este é novo um tipo de
comportamento antissocial que, pela sua duração, pode prejudicar o violência escolar que vem sendo estudado no Brasil nos últimos anos,
desenvolvimento da criança, tanto imediatamente como a longo prazo, e denominado bullying. Apresentam a descrição inicial dos comportamentos
pode contribuir para o maior envolvimento dos “ullbies activos” em enquadrados, suas classificações, causas e determinantes fazendo
comportamentos casuais. Constantini (2004) explica que o bullying não também uma análise crítica.
são conflitos normais ou brigas que ocorrem entre estudantes, mas
“verdadeiros atos de intimidação preconcebidos, ameaças, que, E ainda como afirma Martins (2005) vários são os conceitos
sistematicamente, com violência física e psicológica, são repetidamente existentes que envolvem a violência na escola, entre eles distúrbio de
impostos a indivíduos particularmente mais vulneráveis e incapazes de se conduta e bullying, conceitos estes decorrentes de estudos realizados em
defenderem, o que leva no mais das vezes a uma condição de sujeição, diversas partes do mundo, revelando-se uma das grandes preocupações
sofrimento psicológico, isolamento e marginalização” (p. 69). O bullying da sociedade atual.
escolar segundo (GUARESCHI, 2008, p. 17):
As consequências do bullying sobre o ambiente escolar afetam todos
É um fenômeno devastador, podendo vir a afetar a auto-estima e a os envolvidos. As crianças que sofrem bullying poderão crescer com
saúde mental dos adolescentes, assim como desencadear problemas sentimentos negativos, especialmente com baixa-estima, tornando-se
como anorexia, bulimia, depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio. adultos com sérios problemas de relacionamentos (BALLONE, 2005). De
Muitas crianças vitimas do bullying desenvolvem medo, pânico, acordo com Fante (2002) muitas vítimas passam a ter baixo desempenho
depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam voltar a escola escolar, apresentam queda no rendimento, déficit de concentração,
quando esta nada faz em defesa da vitima. prejuízos no processo de aprendizagem, resistência ou recusa a ir para a
escola, trocam de colégios com freqüência ou abandonam os estudos.
Lopes Neto (2005) destaca, além do caráter repetitivo do bullying,
encontrado em Fante (2005) e em muitos outros pesquisadores, também O bullying “compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e
tem o seu caráter intencional e sem motivação evidente, assim como a repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou
desigualdade de poder entre os envolvidos. Para o autor, o bullying. mais estudantes contra outros, causando dor e angústia e executadas
dentro de uma relação desigual de poder, torna-se possível à intimidação
Compreende todas as atividades agressivas intencionais e
da vitima” (LOPES; SAAVEDRA, 2003 apud FANTE; PEDRA, 2008, p.
repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou
33).
mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, sendo
A palavra bullying segundo Fante (2008) pode ser traduzida como
executados dentro de uma relação desigual de poder. Essa assimetria de
valentão, tirano, brigão. Como verbo bully significa tiranizar, amendrontrar,
poder associada ao bullying pode ser conseqüente da diferença de idade,
brutalizar, oprimir então o substantivo bullying descreve o conjunto de atos
tamanho, desenvolvimento físico ou emocional, ou do maior apoio dos
de violência física ou psicológica.
demais estudantes (LOPES NETO, 2005 p.165).
Meninos e meninas possuem educação diferenciada, pois os
O bullying se manifesta através de insultos, intimidações, apelidos
meninos necessitam confirmarem constantemente sua masculinidade por
cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, tomar
meio de atos agressivos e as meninas precisarem comprovar sua
pertences, meter medo, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e
feminilidade, é menos provável que elas comentam atos agressivos,
infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos
optando assim por outras formas de violência. A ocorrência do bullyingé
físicos, morais e materiais, que segundo Fante (2005, p.29), “é um
observada com diversas peculiaridades, pois em meninos ocorre em idade
comportamento cruel e intrínseco das relações interpessoais, em que os
escolar, que de forma direta, mostram comportamentos como agressões
mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer,
físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais, entre outros. Já os meninos
através de brincadeiras que disfarçam o propósito de maltratar e
estão mais envolvidos no bullying, tanto como autores quanto como alvos,
intimidar”.
observa Leite (1999) que nesse gênero o bullying é mais físico.
Segundo a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à
Já no caso de meninas o bullyingse dá de forma indireta e mais sutil,
infância e a Adolescência (ABRAPIA) a definição de bullying seria os
sendo que esse grupo se utiliza de fofocas, boatos, intrigas e exclusão do
comportamentos que: [...] compreende todas as formas de atitudes
grupo de amizades. As meninas para se esquivarem da desaprovação
agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação
social se escondem sob uma fachada de doçura para se magoarem
evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando
mutuamente em segredo. Elas passam olhares dissimulados e bilhetes,
dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder.
manipulam silenciosamente o tempo todo, encurralam-se nos corredores,
Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de
dão as costas, cochicham e sorriem. Esses atos, cuja intenção é evitar
poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação
serem desmascaradas e punidas, são epidêmicas em ambientes de
da vítima (ABRAPIA apud NUNES, HERMANN e AMORIM, 2009, p.
classe média.
11932).

Conhecimentos Pedagógicos 9

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Simmons (2004, p.11), ainda afirma que o bullyingfeminino se Os agressores são aqueles que vitimizam os mais fracos, podem ser
manifesta da seguinte forma, “as meninas usam a maledicência, a do sexo feminino ou masculino, para Lopes Neto (2005 apud PEREIRA,
exclusão, a fofoca, apelidos maldosos e manipulações para infligir 2009, p. 43) os agressores são: [...] tipicamente popular; tende a
sofrimento psicológico nas vitimas”. Esse comportamento ocorre envolver-se em uma variedade de comportamentos antissociais; pode
frequentemente e atacam dentro de seu círculo de amizades, dessa forma mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é impulsivo; vê sua
há uma maior dificuldade de detecção do comportamento agressivo contra agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é
seus pares. geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar,
controlar e causar danos e sofrimentos a outros.
Outra característica dos autores do bullyingsão que geralmente
esses possuem uma condição física forte, estes então usam da força Quanto às vítimas estas podem ser passiva ou típica segundo
contra aqueles considerados mais fracos e covardes (RAMIREZ, 2001 Carvalhosa, Lima e Matos (2001); Debarbieux e Blaya (2002); Pereira
apud FARIA, ANGST e MOSER, [200-]). (2002); Fante (2005); Lopes Neto (2005); Seixas (2005), “esses autores
entendem que é aquela criança que serve de marionete para o agressor”.
Podemos considerar após a citação e estudo de vários autores, a Por não reagirem acabam sofrendo repetidamente as agressões.
seguinte declaração de Greene (2006 apud ROLIM, 2008, p. 13) “Geralmente são crianças superprotegidas em casa” (PEREIRA, 2009, p.
45).
A maior parte dos autores tem, contemporaneamente, tratado o
bullying, como um comportamento agressivo e perigoso, particularmente Para Fante (2005, p. 72) essas vítimas apresentam comportamentos
disseminado nas escolas entre crianças e adolescentes, onde alguém com: [...] extrema sensibilidade, timidez, passividade, submissão,
oferece, conscientemente e de forma repetitiva, algum tipo de dano ou insegurança, baixa autoestima, alguma deficiência de aprendizado,
desconforto a outra pessoa ou a um grupo de pessoas. Tornou-se comum, ansiedade e aspectos depressivos. [...] sente dificuldades de impor-se ao
também, compreender o fenômeno como resultado de uma relação onde o grupo, tanto física como verbalmente, e tem uma conduta habitual não-
poder está atribuído de forma desigual, sendo os agressores mais fortes agressiva, motivo pelo qual parece denunciar ao agressor que não irá
ou influentes do que as vítimas. revidar se atacada e que é “presa fácil” para os seus abusos.

Lopes Neto (2005) reforça esse tipo de violência é dificilmente O outro tipo de vítima é o que apresentado principalmente nas
encontrado e visível, pois raramente um adulto é capaz de comprovar que pesquisas de Debarbieux e Blaya (2002); Fante (2005); Lopes Neto
ele esteja ocorrendo. (2005); Seixas (2005) é a vítima agressiva, segundo Fante (2005, p. 72) é
aquela “[...] que, tendo passado por situações de sofrimento na escola,
Histórico do Bullying: tipos e formas de manifestação tende a buscar indivíduos mais frágeis que ele para transformá-los em
De acordo com Dan Olweus, pesquisador da Universidade de bodes expiatórios, na tentativa de transferir os maus tratos sofridos”.
Bergen, na Noruega, quem desenvolveu os primeiros critérios para
detectar o problema de forma específica, permitindo diferenciá-lo de Já a vítima provocativa é a que definida por Carvalhosa, Lima e
outras possíveis interpretações como incidentes, gozações ou Matos (2001); Debarbieux e Blaya (2002); Fante (2005); Lopes Neto
brincadeiras próprias da idade (FANTE, 2005). Debarbieux e Blaya (2002) (2005); são as que provocam e atraem reações agressivas e acabam não
afirmam que a primeira campanha de base escolar de larga escala foi conseguindo lidar com esta, são geniosas, brigam e respondem quando
realizada, em nível nacional, na Noruega, em 1983. são atacadas e insultadas. “Pode ser uma criança hiperativa, inquieta,
dispersiva e ofensora. Em casa, normalmente, são expostas a violência
De posse dos resultados, o governo norueguês apoiou uma doméstica e possuem pais punitivos” (PEREIRA, 2009, p. 46).
Campanha Nacional Anti-Bullying nas escolas. A campanha na Noruega
constou da realização do levantamento nas escolas, material e vídeos Quanto a manifestação os comportamentos do bullying podem ser
foram distribuídos entre professores, assim como aconselhamento aos apresentados de duas formas, a direta e a indireta, Pereira (2009, p. 47 -
pais e publicidade na mídia. Usando seu questionário de auto depoimento 48) afirma que a forma indireta é a que “mais provoca danos psicológicos
e comparando os grupos de faixa etária equivalente, Olweus verificou que, em suas vítimas e de mais difícil detecção” quanto a forma direta “inclui
de 1983 a 1985, as práticas de intimidação diminuíram em 59%, tanto agressões físicas (bater, empurrar, tomar pertences), enquanto as
para meninos, quanto para meninas (DEBARBIEUX; BLAYA, 2002). O agressões incluem a agressão verbal (apelidar de maneira pejorativa e
resultado desta pesquisa se espalhou em vários países principalmente em insultar) e a psicológica (meter medo,constranger, intimidar, fazer
Portugal, Inglaterra, Espanha, Japão, China e Estados Unidos, estes por gozações e acusações injustas, assim como ridicularizar e infernizar a
sua vez atentaram para a problemática (PEREIRA, 2009). vida de outros alunos)”.

No Brasil o problema da violência escolar já era identificado desde Destarte a questão do bullying escolar, não pode ser pensada
inícios da década de 90, para Pereira (2009, p. 35) “é nos anos 90 que a isoladamente, principalmente por que envolve duas instituições
violência escolar passa a ser observada nas interações dos grupos de importantes na sociedade, que são: a família e a escola. Para Chalita
alunos, caracterizando um tipo de sociabilidade entre os pares, e a (2004, p. 17) em relação a família afirma que para “a educação informal
violência nas escolas passa a ser considerada questão de segurança”. nenhuma célula social melhor do que a família. É nela que se forma o
caráter. A família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar
Porém pesquisas envolvendo especificamente a terminologia bullying para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais”.
datam do ano de 2005, segundo Fante (2005, apud PEREIRA, 2009).
Para Pereira (2002) o estudo das formas de violência escolar e As Funções da família e da escola frente ao Bullying
especificamente o bullying é fundamental por que é possível que ocorra A família é um sistema que opera através de padrões de transações.
confusão com outras formas de comportamento agressivo, que é Estas transações é que estabelecem os padrões de como, quando e com
normalmente expresso em determinadas idades, principalmente entre 07 e quem se relacionar e, são estes que reforçam a identidade e
14 anos; ou ainda, ocorra confusão pelas semelhanças as com funcionamento do sistema. Para Zimerman (1999 apud FANTE e PEDRA,
“brincadeiras agressivas ativas de grande expansividade e envolvimento 2008, p. 92) “o grupo familiar exerce profunda e decisiva importância na
físico dos intervenientes, mas em que não existe a intencionalidade de estrutura do psiquismo da criança, logo na formação da personalidade do
magoar ou causar danos (p. 17). adulto”.

Alguns pesquisadores entre eles, Pereira (2002), Constantini (2004), Segundo Anton (1998 apud DETONI, 2008, p. 126) a família sendo
Fante (2005) e Lopes Neto (2005) há pelos menos cinco tipos de uma organização e “como organização de qualquer natureza para que
envolvimento no bullying que são: os agressores, as vítimas típicas ou sobreviva, é necessária que haja uma distribuição de papéis e de funções,
passivas, vítimas agressivas, as vítimas provocativas e as testemunhas.

Conhecimentos Pedagógicos 10

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
assim como também é necessário um estabelecimento de regras e de pátios, nos horários de intervalos, banheiros, bibliotecas, corredores,
normas”. quadras esportivas, salas de tecnologia, laboratórios, imediações da
Minayo (1999) afirma que: A família é uma organização social escola e na sala de aula, pesquisas apontam que no Brasil o bullying
complexa, um microcosmo da sociedade, onde ao mesmo tempo se vivem acontece principalmente em sala de aula (FANTE e PEDRA, 2008). Nesse
as relações primárias e se constroem os processos identificatórios. É sentido que Constantini (2004 apud DETONI, 2008), afirma que isso se
também um espaço em que se definem papéis sociais de gênero, cultura deve principalmente por que:
de classe e se reproduzem as bases de poder (p. 83). No ambiente escolar é difícil libertar-se de certa distribuição de
papéis, seja para o agressor ou para a vítima, ambos condicionados pelo
A vida psíquica de um indivíduo não é inteiramente um processo grupo classe no qual estão inseridos. A sala de aula é determinante na
interno, para Fante e Pedra (2008, p. 92) “os modelos educativos elaboração de um sistema de regras de grupo, segundo o qual há aquele
familiares introjetados pela criança na primeira infância, resultantes dos que é intimidado e aquele que deve intimidar aquele que é testemunha
tipos de vivencias e interações sociemocionais na família, gratificantes ou participante (via de regra a favor do intimidador) e aquele não-participante
não, tornar-se-ão matrizes de construções inconscientes de cadeias de (indiferente ou às vezes a favor da vítima, mas amedrontado pela
pensamentos e emoções”. situação) (p. 122).
É neste sentido que Mussen (1974 apud FANTE e PEDRA, 2008, p. Portanto a função da escola diante do bullying é reconhecer a
93) destaca que: Se os pais permitem ou reforçam abertamente a existência da problemática e traçar estratégias para eliminá-la, Rolim
agressão, é possível que as crianças se comportem agressivamente em (2008) destaca também que mais amplamente e para além das
casa e, por generalização, em outros lugares em que sintam ser a responsabilidades definidas no âmbito das escolas, a preocupação em
agressão permitida, esperada ou encorajada. A presença de um adulto prevenção ao bullying e das formas de violência em geral devem e podem
permissivo favorece a expressão do comportamento agressivo. ser pensadas desde os primeiros anos de vida do indivíduo, dessa forma a
família seria a primeira a se preocupar em transmitir uma cultura de paz,
Para Mizell (2003) desde que a família é considerada o primeiro
porém a escola, a sociedade e o Estado não estão eximidos dessa
agente de socialização, muitos especialistas têm apontado os estilos
responsabilização.
parentais junto com a violência e discórdia entre os pais como as
principais causas de problemas de comportamento em crianças. De Segundo Fante e Pedra (2008, p. 63) as formas de maus tratos
acordo com a aprendizagem do paradigma social, as crianças aprendem e empregadas nos atos de violência de bullying podem ser físico, atos
adquirem comportamentos através da observação e imitação. Para o envolvendo “bater, chutar, beliscar”; verbal são atos de “apelidar, xingar,
psicólogo José Augusto Pedra em uma entrevista sobre bullying dada à zoar; moral”, atitudes de “difamar, caluniar, discriminar”; sexual, atos de
revista eletrônica Saúde Abril, “abusar, assediar, insinuar; psicológico, intimidar, ameaçar, perseguir;
material, furtar, roubar, destroçar pertences; e virtual, zoar, discriminar,
Gestos, tons de voz, toques e expressões faciais marcam a moçada
difamar, através da internet e celular”
muito mais do que discursos, especialmente até os 7 anos de idade.
Lógico: pais que vivem ausentes ou estressados por causa do trabalho e As práticas de violência para serem consideradas bullying seguem
que costumam usar gritos, tapas e murros para exercer sua autoridade alguns critérios como: “ações repetitivas contra a mesma vítima num
vão transmitir esse modelo de relacionamento aos filhos, mesmo sem período prolongado de tempo; desequilíbrio de poder, o que dificulta a
perceber. As crianças incorporam comportamentos e acabam defesa da vítima; ausência de motivos que justifiquem os ataques”
reproduzindo-os quando estão em um ambiente sem hierarquia, seja (FANTE e PEDRA, 2008, p. 39). “No Brasil, as pesquisas apontam para a
como vítimas, seja como agressoras (2008, p. 02). sala de aula” como local de maior incidência conforme Fante e Pedra
(2008, p. 54).
Pereira (2009, p. 53) considera que a família ideal seria “aquela que
predominasse o amor, o carinho, a afeição e o respeito. Mas nem sempre Segundo Fante (2005 apud PEREIRA, 2009, p. 44), o agressor
isso acontece. Nesses casos, muitas crianças e jovens se desvirtuam e “costuma ser um indivíduo que manifesta pouca empatia. É malvado, duro
passam a reproduzir o que aprendem com seus familiares”. e mostra pouca simpatia para com suas vítimas”, sendo assim fica
evidente porque 45% dos alunos afirmaram não ser colega dos
Quanto a escola qual o papel desta instituição frente ao bullying?
agressores. Fante e Pedra (2008, p. 64) afirmam que “no passado,
Para Fante e Pedra (2008, p. 52) o bullying sempre existiu no ambiente
acreditava-se que esse tipo de comportamento era próprio de meninos,
escolar, e tão antigo quanto ao nascimento da escola, porém
porém, com os avanços das pesquisas, constatou-se ser comum também
“infelizmente, muitas escolas não admitem a existência do fenômeno”.
entre as meninas”.
Porém Pereira (2009) destaca que o papel da escola na atualidade sofreu
mudanças drásticas, e vão além da função de formação acadêmica, Fante (2008, p. 61) destaca ainda que “muitos dos espectadores
agregando também funções como a socialização, formação de caráter e repudiam as ações dos agressores mais nada fazem para intervir” e
cidadania. segundo Costantini (2004) e Lopes Neto (2005) há ainda os espectadores
Polato (2007) afirma que, atualmente vive-se num período de crise que estimulam a agressão são as testemunhas incentivadoras e os que
da educação, onde o papel da escola não está tão claro. Seus objetivos já tentam ajudar a vítima, são as testemunhas defensoras.
não são somente ensinar conteúdos educativos tradicionais. No espaço
escolar se vai, além disso, tornando-se também um espaço de interação As testemunhas que se aproximam para ver a agressão são
entre seus participantes. É também um lugar onde as crianças e classificados por Costantini (2004) e Lopes Neto (2005) como
adolescentes aprendem a se relacionar, adquirem valores e crenças, observadoras, quando isso ocorre cotidianamente ante ao expressivo
desenvolvem senso crítico, auto-estima e a segurança. Segundo Minayo pode afirmar-se que o silêncio dos espectadores impera, para Fante
(1999) uma escola ideal é exatamente a escola que favoreça um ambiente (2008) os espectadores parecem estar engessados diante da violência. No
saudável e de formação para a cidadania; [...] é aquela que respeita e trabalho de prevenção ao bullying no ambiente escolar vítimas, agressores
estimula os alunos a pensar. São escolas em que, além de o aluno e expectadores devem ser trabalhados a fim de evitar a propagação da
aprender as matérias, se permite que ele cresça como pessoa e cidadão. violência.
Ou seja, ela é a instituição que realiza, ao mesmo tempo, sua função de
construir conhecimentos, convivências, experiências e crítica social e, CONSIDERAÇÕES FINAIS
assim, cumpre importante papel socializador (p.114). Ao chegarmos a esta etapa deste trabalho temo a consciência de a
violência escolar não é um problema fácil de ser resolvido, é uma situação
Em referência ao bullying Fante e Pedra (2008, p. 53) considera que histórica e de grande complexidade. Outro fator preocupante é que a
este “acontece em todas as escolas, independentemente da sua violência estar, de tal modo, entranhada em nosso dia-a-dia, ao ponto de
localização, turno ou poder aquisitivo da comunidade escolar”, considera a ser vista pela sociedade como algo natural, aceitável ou que não pode ser
ABRAPIA em uma pesquisa sobre o bullying que este é um problema mudado, gerando conformismo diante a presença dela.
mundial. O bullying no ambiente escolar pode ocorrer em vários locais,
Conhecimentos Pedagógicos 11

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O presente estudo procurou trazer as diferentes à tona faces da apoiar e incentivar a formação continuada, estimular práticas pedagógicas
violência, escolar, ressaltando o bullying. E no que diz respeito ao bullying compromissadas com a desestruturação dos bloqueios culturais, promover
escolar é necessário a sua superação e não identificá-la numa visão a interdisciplinaridade, a consolidação dos direitos humanos e a
simplista de que começa e termina na escola, enquanto problema que transformação efetiva da sociedade e, no que tange à comunidade
parecem encerrado em si mesmo. A prevenção da violência escolar escolar, viabilizar o acesso a informações sobre a temática violência
demanda esforços sobre que caminhos seguir para uma socialização da escolar e bullying, estimular o diálogo, o respeito à criança e o
escola com alunos, professores e comunidade. A observação constante e adolescente e aos seus direitos.
a parceria entre família e escola são fundamentais para a possível
eliminação de comportamentos agressivos. Nas afirmativas de Fante (2008, p. 02) “as ferramentas mais eficazes
para ensinar regras de convivência saudável aos filhos são o afeto
Reafirmamos que brigas, discussões e desavenças são comuns, incondicional, o diálogo e as atividades educativas, como jogos esportivos,
mas que o constrangimento, de caráter agressivo e rotineiro levando ao aulas de arte e ações solidárias”, ou seja, a família deve investir nas
isolamento deve ser banido. Assim, trazemos a sugestão de Fante (2008) crianças e jovens valores de respeito ao próximo e não violência.
que a escola proporcione e incentive a capacitação continuada aos
professores e funcionários a fim de cultivarem atitudes de respeito e Além de que as escolas devem dispor de profissionais que possuam
tolerância entre os alunos; estarem preparados para ouvir as queixas das habilidades específicas e técnicas que podem ser facilitadoras para a
crianças e adolescentes e ajudar estas a buscarem soluções não violentas implantação de estratégias de prevenção e combate à ocorrência de
a fim de estimular o convívio com outros grupos. violências no espaço escolar, dentre elas, a valorização dos integrantes da
comunidade escolar, a possibilidade da abertura de um canal de
Consideramos que os pais (famílias) tenham mais participação no expressão para alunos, professores, técnicos, familiares e outros, na qual
ambiente escolar, que sejam próximos de seus filhos para abordarem e favoreça o diálogo e a difusão de uma cultura de e para a paz.
serem capazes de identificar esse processo de bullying. No tocante as Por: Euélica Fagundes Ramos
alternativas de enfrentamento ao bullying escolar, Pereira (2009) que o Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com
primeiro passo é que a comunidade escolar tome consciência da
existência e comece a buscar métodos para eliminá-lo. Guareschi e Silva
SILVA, Ana Beatriz B., Mentes perigosas nas Escolas: bullying.
(2008) relatam que uma das alternativas para o enfrentamento da
Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
violência ou do fenômeno Bullying é a informação e a formação dos
A autora (psiquiatra carioca) começa citando alguns casos que
alunos para um despertar para a cidadania. Desse modo é preciso
saíram na mídia nos últimos anos, verdadeiras tragédias de adolescentes
avançar neste propósito, pois não adianta a escolar propor terapia aos
e jovens que cometeram homicídios e depois se suicidaram, vítimas de
alunos vitimizados se não se dispõe também um programa de prevenção
bullying, no Brasil e no mundo. Conceitua também bullying, bully (o
a este tipo de violência.
agressor) e as diversas formas, verbais, físicas, psicológicas, sexuais e
virtuais exercidas. Salienta o caráter repetitivo da agressão.
Constantini (2004) afirma que não existem alternativas infalíveis,
para enfrentamento ao bullying. Pereira (2002) considera que o processo
Descreve posteriormente as consequências psicológicas do bullying,
de mudança e redução do bullying, é um processo lento.
como sintomas psicossomáticos, transtorno do pânico, fobia escolar ou
social, transtorno de ansiedade, depressão, transtorno alimentar,
O papel da escola, da família e da comunidade, onde se inserem
transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático, e
crianças e adolescentes, tem papel fundamental na contribuição da
mesmo o desencadeamento de esquizofrenia e atitudes extremas, como
descoberta do sujeito, isso também se faz necessário para que se possa
homicídios e suicídios.
conhecer quem está ao seu lado, dessa forma compreendendo e
respeitando as diferenças, atitudes e reações do outro (FANTE e PEDRA,
Explica então como são os protagonistas: a vítima (típica,
2008). Na escola, portanto,
provocadora ou que se torna agressora), os agressores (geralmente
líderes “populares”) e os espectadores (passivos, ativos – a mando do
É indispensável uma relação respeitosa entre alunos e professores,
líder - ou neutros). Descreve também sinais e sintomas de cada um dos
de forma a garantir possíveis trocas de ambas as partes e liberdade de
personagens, o que pode nos ajudar a identificá-los.
expressão aos alunos. Muitas escolas promovem atividades e jogos em
grupo como rodas de conversas, nas quais os alunos possam expor suas
Faz então uma contextualização contemporânea das causas do
ideias sobre diferentes assuntos, incluindo violência, preconceito e
aumento do bullying em todo o mundo, relacionando principalmente a
exclusão (GUARESCHI, 2008, p. 77).
mudanças das relações familiares, fruto de toda a revolução social
ocorrida na segunda metade do século XX, com a diminuição da
Quanto aos professores, Fante e Pedra (2008) destacam que estes
autoridade dos pais e do tempo de convívio entre pais e filhos. Descreve
têm um papel importante na prevenção, estes autores aconselham que os
também o papel da escola e do grupo de amigos nesse contexto, além da
professores:
agressividade natural dos adolescentes e o papel dos pais no
• Observe com atenção o comportamento dos alunos, dentro e fora
monitoramento destas relações.
de sala de aula, e perceba se há quedas bruscas individuais no
rendimento escolar.
Explica que pode haver duas consequências: o adoecimento ou a
• Incentive a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças
superação da vítima. Cita uma frase que gosto muito de Nietzsche, “aquilo
através de conversas, trabalhos didáticos e até de campanhas de
que não me mata só me fortalece”, como uma forma de resposta
incentivo à paz e à tolerância.
“saudável” à agressão, e faz uma colocação genial sobre a vulnerabilidade
• Desenvolva, desde já, dentro de sala de aula um ambiente
dos nossos adolescentes perante a sociedade: “Por questões meramente
favorável à comunicação entre alunos.
financeiras, políticas e culturais, nossos jovens são facilmente
• Quando um estudante reclamar ou denunciar o bullying, procure
manipulados para consumirem roupas de grife, alimentos tóxicos, músicas
imediatamente a direção da escola.
de baixa qualidade e ideias repletas de preconceito e intolerância, em
• Muitas vezes, a instituição trata de forma inadequada os casos
relação àqueles que não se encaixam nesse perfil. No entanto, nada disso
relatados. A responsabilidade é, sim, da escola, mas a solução deve ser
invalida a capacidade e o talento que um ‘diferente’ tenha em qualquer
em conjunto com os pais dos alunos envolvidos.
lugar do mundo, tampouco justifica as atitudes de exclusão sofridas”. E
termina com um conselho maravilhoso: “[...] o exercício da gentileza, da
Nessa perspectiva, as alternativas de prevenção do bullying escolar
generosidade e da tolerância é transformador na vida de qualquer um. A
implicam ir além de campanhas pontuais, grupos de auto-ajuda ou
ciência revela que a prática dessas ações faz muito bem à saúde”.
terapias individuais, sem acarretar uma maior sobrecarga de atribuições
aos professores. É necessário valorizar os trabalhadores da educação,

Conhecimentos Pedagógicos 12

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Depois descreve vários exemplos de pessoas muito famosas que O indivíduo aprende por ensaio e erro, às cegas, por tentativas. Ë
foram vítimas de bullying na infância e na adolescência, mas que hoje são uma aprendizagem mecânica baseada no ensaio e no erro, na lei do
ícones nas suas áreas de atuação, como Bill Clinton, Madonna e tantos exercício e na lei do efeito.
outros.

Fala sobre a evolução da epidemia atual e cita uma excelente 2. Teoria Behaviorista de Watson: “aprender é estabelecer uma ca-
iniciativa, como o Projeto de Lei (n 350, de 2007) do deputado estadual deia de condicionamentos”. Aprender é adquiri hábitos.
paulista Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) sugerindo um Programa de
Baseia-se na lei da frequência e na lei da decência.
Combate ao Bullying.

Descreve exemplos e o efeito devastador de uma nova modalidade 3. Teoria moderna ou Gestaltista ou do Insight: “aprender é discernir a
de bullying, o ciberbullying, que determina profundas sequelas na vítima. situação total estimuladora. ”Insight quer dizer: compreensão imediata,
Salienta a covardia dos agressores, escondidos atrás dos nicknames, os discernimento, intravisão, penetração. Baseada nessa teoria, a aprendiza-
personagens desta forma de desrespeito, como diagnosticar tal processo gem não é consequência da repetição em si, automática, porque ela não é
como pais e professores, e como punir, descrevendo a ajuda profissional devida ao acaso, como queria Thorndike, e sim, ela provém do discerni-
que pode ser útil nesses casos. mento, da compreensão.
Discute variantes do bullying, como o mobbing (entre adultos, no A aprendizagem só ocorre quando existe INSIGHT.
ambiente profissional), o professor e o bullying, o bullying homofóbico, os Quando há tentativas, há insights parciais; quando há grande interes-
trotes universitários e caracteriza a delinquência juvenil como crime. se, há insights totais.
Finalmente, descreve estratégias para o combate do bullying na Baseia-se, a teoria moderna, nos seguintes princípios:
escola, formas validadas de sua pesquisa, o papel do professor como • O estímulo não é uma soma de elementos e sim uma estrutu-
vítima, protetor o agressor, e o papel dos pais. Ressalta que a omissão da ra;
escola incorre em uma infração administrativa grave, segundo o artigo 245 • A Gestalt é formada por estímulos e respostas, G=S-R;
do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Por: Isabela Giuliano
• Aprende-se por tentativas, mas não às cegas e sim por in-
http://brasilsaudavel2040.blogspot.com.br sights ou discernimentos;
• Há várias modalidades de insight: total, parcial, súbita, gra-
dual;
• Aprender não é repetir; aprender é assimilar o conhecimento
pela reflexão, para aplicá-lo; aprender, é modificar o compor-
Integração docente e discente
tamento.
• Para essa concepção de aprendizagem ocorrem dois ele-
mentos:
APRENDIZAGEM: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E NÍVEIS • Maturidade e desenvolvimento do sistema nervoso;
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE APRENDIZAGEM • Interesse e motivação.

1.Conceito tradicional (mecanicista ou conexionista), com base na te- As teorias de Thorndike e da Gestalt apresentam um ponto de conta-
oria psicológica de Thorndike sobre a aprendizagem: “aprender é relacio- to: em ambas o indivíduo aprende por tentativas, e apresentam uma
nar a um determinado estímulo S uma certa resposta R (que surge Por diferenças: na primeira, as tentativas se realizam ao acaso, às cegas, e na
ensaio e erro) até fixá-la pela repetição”. Aprender é decorar, mecanica- segunda, pela compreensão.
mente, pela repetição A aprendizagem com base nas duas primeiras teorias é pseudo
2.Conceito moderno (gestaltista), com base na teoria psicológica da aprendizagem.
Gestalt sobre a aprendizagem: “aprender é compreender uma situação DISTINÇÃO ENTRE AS APRENDIZAGENS
global de forma a reagir adequadamente em face dela”. Aprende-se por
“insight” (discernindo, penetração intravisão). A repetição se faz, apenas, PSEUDO-APRENDIZAGEM
para facilitar a resposta correta. APRENDIZAGEM AUTÊNTICA

Mattos: “A essência do aprender está na atividade mental intensiva a a. processa-se no plano verbal e motora, processa-se no plano da in-
que os alunos se dedicam no trato direto com os dados da matéria”. teligência

Ambos os conceitos mecanicistas e gestaltista, focalizam o processo b. É passiva. É auto ativa


de aprender. c. Atrofia as funções superiores; é um processo imbecilizante, mecâ-
3.Conceito moderno em função do fim ou do resultado: “aprender é a nico, sem utilização ou aplicação dos dados. Enriquece as funções superi-
modificação, para melhor, do comportamento, em seu tríplice aspecto: ores, é um processo inteligente, reflexivo, com consciência de fim a atingir,
pensar, sentir e agir com o objetivo de promover adequado e eficiente com aplicação dos dados na vida prática.
ajustamento do educando ao meio físico e social”. d. Tem base na decoração e na repetição. Tem base na reflexão e na
Os alunos aprendem quando refletem, raciocinam, aplicando conhe- compreensão
cimento. e. Não desenvolve a personalidade nem integra o indivíduo ao meio,
4. Outros conceitos adequados: porque é rotineira, assistemática, sem finalidade. Desenvolve a personali-
dade e integra o indivíduo ao meio, porque é funcional, dinâmica, progres-
a) Dewey: “a aprendizagem é a contínua reconstrução da experiên- siva, sistemática e finalista
cia”.
f. Contribui para a formação de indivíduos mutilados, manhosos, astu-
b) Goetting: “A aprendizagem é autocriação através da auto ativida- ciosos, vencidos, fracassados. Contribui para a formação de indivíduos
de.” íntegros, sinceros, firme, honestos, dignos, vitoriosos.
TIPOS DE APRENDIZAGEM
TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Qualquer aprendizagem apresenta aspectos motores, ideativos e
1. Teoria tradicional de Thorndike (do ensaio e erro; conexionista; me- emocionais; contudo, há sempre um aspecto dominante, daí dizer-se que
canicista): “aprender é formar conexões entre estímulos e respostas.” há três tipos de aprendizagem:
Conhecimentos Pedagógicos 13

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• aprendizagem motora ou motriz, como a da escrita; fora da sua realidade, com subsídios mínimos; a trabalha com pouca
variação de modalidades da língua; a calcular situações ou hipotéticas
• aprendizagem ideativa, como os estudo das regras de regên-
demais, ou somente centradas no conhecimento do seu mundo - que
cia ou concordância verbal;
ainda é restrito, e o seja por muito tempo.
• aprendizagem emocional, sentimental ou de apreciação do
Mas, como podemos trabalhar com a ampliação do conhecimento que
belo, da arte etc.
a criança possui? Como isso acontece com este sujeito? Como a criança
Não se aprende uma só coisa de cada vez, mas várias, e, por isso o lida com a informação? Como a criança pensa? Como a criança aprende?
que existe é uma aprendizagem principal e aprendizagem concomitantes,
Podemos observar que nas questões iniciais deste texto procuramos,
e daí o “caráter compósito” que toda aprendizagem oferece.
procuramos e não encontramos a criança. Encontramos uma série de
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA APRENDIZAGEM conceituações que não nos desvelam esse universo rico que é o conheci-
mento acerca de como a criança aprende.
A aprendizagem é um processo:
• auto avaliativo: depende da auto atividade pessoal do aluno e A primeira consideração a fazer, é que a criança aprende estabele-
cabe ao professor estimulá-la cendo relações entre o conhecido e o desconhecido. Diante de uma
questão desconhecida a criança mobiliza o que chamamos de repertório.
• reflexivo ou inteligente: não é mecânica, exige pensamento
O repertório é o conjunto de elementos que fazem parte de toda a experi-
reflexivo e consciente, inteligente;
ência da criança, o produto de todas as relações já estabelecidas com o
• finalista: tem um fim em vista e cabe ao mestre dar uma base mundo, toda a sua bagagem, todas as impressões que têm sobre a reali-
construtiva ao trabalho escolar, o que consegue animando dade em que e atua constantemente.
essa atividade, propósitos claramente assimilados pelos alu-
nos. Ao mobilizar o seu repertório a criança o sujeito cognoscente gera um
conflito. Este conflito é a mola propulsora que a ajudará a desvelar o
O ensino existe para motivar a aprendizagem, orientá-la, dirigi-la; objeto de conhecimento (o que vai se dar a conhecer). O conflito consiste
existe sempre para a eficiência da aprendizagem. em se contrapor as informações conhecidas às desconhecidas, o que leva
CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM ao desejo de apreender a nova situação e o sujeito passa a levantar
hipóteses. Nesse levantamento de hipóteses, ela atribuirá ao objeto de
A aprendizagem é um processo: conhecimento que está se deparando, todas as suas impressões contra-
• contínuo: existe do nascimento à morte; postas com a informações que este objeto de conhecimento lhe oferece.
• progressivo: de adaptação constante; Começa a estabelecer relações que vão proporcionando-lhe um definição
• dinâmico: de atividade constante; desse objeto de conhecimento.
• auto ativo pessoal: exige auto atividade individual; Quanto maior o número de hipótese ela conseguir levantar, melhor
• de auto modificação do comportamento (no pensar, no agir, poderá estabelecer a conceituação do que se trata este objeto de conhe-
no sentir), modificação esta que depende da experiência an- cimento o qual ela deseja conhecer.
terior.
Como pudemos ver, a criança é desafiada à ampliação do seu conhe-
“Aprender é modificar o comportamento, pela experiência, Com um cimento. Mas, as situações de aprendizagem que mobilizam o repertório,
sentido de progressiva adaptação”. criam conflitos e levantam hipóteses, precisam se constituir me situações
significativas de aprendizagem.
EXISTE OUTRA FORMA DE PENSARMOS A APRENDIZAGEM?
Quando nos deparamos com um texto assim fica-nos bem claro, as E, aí, podemos ainda perguntar: O que é, pois, significativo no con-
concepções que ele engendram. A Pedagogia Tradicional e a Pedagogia texto da aprendizagem? O que ‘significativo para a criança? Até que ponto
Nova estão aqui, bem explicitadas através das colocações feitas. Porém, a as práticas pedagógicas têm refletido acerca do que seja significativo para
realidade da educação tem demonstrado que ambas não estão mais a criança?
dando conta da produção do conhecimento de nossas crianças. Em que, Talvez, para que possamos melhor compreender este ponto da nossa
então, devemos buscar nossos referenciais, que orientem nossa prática discussão, tentemos definir o que não é significativo para a criança.
pedagógica? Como superar o tradicionalismo e o espontaneísmo, tão
impregnado na prática e na convicção docente? Quando falamos do que não é significativo podemos dizer que: signifi-
cativo é aquilo que não é da realidade presente da criança. Por exemplo,
Podemos diante desse quadro propor alternativas que vão mais de será necessário estudar a África, um país tão distante e tão diferente do
encontro com a realidade que dispomos, onde realmente possamos ver nosso, tão fora da realidade de nossas crianças? A África seria um objeto
nas palavras discutidas a presença do sujeito que a prende, o sujeito de conhecimento significativo? A primeiro momento quando olhamos para
cognoscente. esta proposta, achamos que ela seja desencontrada da problemática da
É pensando nesse sujeito ativo que podemos nos perguntar até que realidade em que o nosso sujeito cognoscente está. Podemos perguntar:
ponto o trabalho de ensinar está realmente acontecendo, quando desloco será significativo ou não? Termos, talvez, várias hipóteses a levantar
o meu olhar para a situação que mais fará emergir essa resposta: como o sobre esse assunto. Temos pessoas que vieram da África em nossa sala
aluno aprende? Aí, sim, posso caminha, avançando na construção de um de aula? Ou pessoas que descendem de africanos? Conhecemos pesso-
conhecimento que amplie a prática pedagógica e que nos faça caminhar as que, no seu modo de ser, expressam aspectos da cultura africana?
na produção de um conhecimento coletivo, que explicite estes questiona- Poderíamos responder afirmativamente a todas estas questões, e tal-
mentos. vez esse objeto de conhecimento pudesse, então, ser significativo para a
Precisamos desvelar a prática espontaneísta e passiva a que nossas produção/construção do conhecimento.
crianças são submetidas, nas prática escolares que têm efetivado apenas
Tentemos responder a esta questão olhando para o que seja significa-
a reprodução de conteúdo ou sua mutilação em detrimento do estabeleci-
tivo. Pelo exemplo tomado, pudemos perceber que o objeto de conheci-
mento da gama de relações que o educando é capaz de construir, na
mento passa a ser significativo quando podemos estabelecer com ele
formulação e construção, e ainda podemos dizer, na produção do seu
relações de descoberta, troca; notamos, também, que este significativo
conhecimento.
parte de um desejo que se possui para ser possível se lançar como sujeito
O sujeito, ora espontaneísta, ora passivo, tem sido trabalhado para descobridor, desbravador, atuante, cognoscente.
um fim, que parece ter sentido somente em si mesmo. A criança é chama-
da a diferenciar; decodificar símbolos; utilizar padrões da língua, sem ter O significativo está relacionado ao desejo. Aprendo aquilo que eu de-
claro a própria função desta; a saber seguir comando, sem questionamen- sejo aprender. E como se deseja? O desejo aqui, não deve ser entendido
to sobre eles; generalizar assuntos que desconhece, que estão totalmente como necessidade, mas sim procura daquilo que já conheço, e que me
agrada tanto, que me leva a desejar mais ainda.
Conhecimentos Pedagógicos 14

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Este sujeito cognoscente, é o mesmo sujeito da aprendizagem, sujeito as associações se formam entre as experiências ou as tarefas realizadas
ativo, que busca um significado, movido pelo desejo. Na verdade, ele pelo sujeito, entre os elementos estímulo percebido ou resposta fornecida
procura construir a possibilidade de aprender diante do objeto de conhe- pelo próprio sujeito. Isso ocorre quando esses elementos se encontram
cimento. próximos uns dos outros quer no espaço ou no tempo.
Esta relação do conhecimento é interessante para enriquecer a nossa Segundo Bill e Forisha (1978), o conceito de aprendizagem de
discussão. Thorndike, consiste na formação de laços associativos ou conexões que
são os processos de ligação de acontecimentos físicos, estímulos e
Podemos estabelecer que de um lado temos o sujeito, sujeito cognos- mentais, percebidos ou sentidos.
cente, ativo, sujeito da aprendizagem, que possui um conhecimento e que A aprendizagem é o processo de selecionar e associar as unidades
é capaz de conhecer e produzir conhecimento; de outro lado temos o físicas e as unidades mentais que são percebidas ou sentidas. Este
objeto de conhecimento, que possui, também, conhecimento, que é tam- processo é passivo e mecânico. O termo “selecionar e associar”, é
bém, relativo, provisório, formal, construído num processo histórico. Que conhecido popularmente pelos educadores e psicólogos como “ensaio e
relação podemos explicitar entre estes dois lados? A relação entre eles, erro”.
será uma relação integradora, onde ambos sairão modificados dela. Esta
relação também é diferente de sujeito para sujeito, pois é dependente do A aprendizagem corresponde à atividade de gravar respostas
repertório que cada sujeito possui. Por exemplo, se uma pessoa possui corretas e eliminar as incorretas ou desagradáveis, isto é, dentro de um
um conhecimento prévio da Língua Inglesa, por já ter morado em países processo de recompensas ou opiniões. Este processo denomina-se “Lei
que se utilizam dela, resolver aprofundar seus conhecimentos nesta área de Efeito”.
de conhecimento, a sua relação com este objeto de conhecimento será Behaviorismo/Aprendizagem
diferente ao de uma pessoa que nunca teve contato com esta língua. Os O comportamento segundo a psicologia é compreendido para poder
repertórios destas pessoas são diferentes, e, portanto, a relação de inte- prevê-lo e se possível modificá-lo.
gração delas com a Língua Inglesa, no caso, serão diferentes.
Segundo Barros (1998), a relação estímulo-reposta é demonstrada
Este momento de confronto, é movido pela intenção X ação, ou seja é através do esquema de comportamento E-R, onde E significa estímulo ou
o confronto da teoria com a prática. conjunto de estímulos e R significa reação ou resposta. Sobre este
esquema pode-se dizer que um estímulo provoca uma reação (ou
Nessa proposta o professor é visto como mediador, como veremos a resposta) ou uma “reação (ou resposta) é provocada por um estímulo”.
seguir no item que trata sobre o ENSINO, a construção do conhecimento é
coletiva, as técnicas não garantem a aprendizagem a atividade não é o Um aspecto central do comportamento como corrente
centro do processo de aprendizagem. Prossiguemos, desvelando, refletin- associacionista é seu anticonstrutivismo.
do sobre as concepções acerca do ensino. Sua teoria é do tipo E-R (estímulo e resposta). Todo o
comportamento, por mais complexo que seja, é redutível a uma série de
TEORIAS DE APRENDIZAGEM associações entre elementos simples, ou seja, entre estímulos e
Para entender os pontos centrais da natureza da aprendizagem é respostas.
necessário reporta-se ao seu desenvolvimento histórico, filosófico e O comportamento tem sido definido como “o conjunto das reações ou
psicológico. Várias correntes de pensamento se desenvolveram e se respostas que um organismo apresenta às estimulações do ambiente”.
definiram para os modelos educacionais: “a corrente empirista, o inatismo (Barros, 1998, p.19). O comportamento é classificado em inato ou natural
ou nativismo, as associacionistas, os teóricos de campos e os teóricos do (invariável), adquirido ou aprendido (variável) e em respondente ou
processamento da informação ou psicologia cognitivista, o construtivismo operante.
e sócio construtivismo”. (SILVA, 1998, p.25 )
No comportamento inato ou natural (invariável), os seres da mesma
Segundo Mizukami (1986), a corrente empirista fundamenta-se no
espécie apresentam reações quando recebem determinado estímulo. Ao
princípio de que o homem é considerado desde o seu nascimento como
contrário no comportamento adquirido ou aprendido (variável), as reações
sendo uma “tábula rasa”, uma folha de papel em branco, e sobre esta
necessitam de aprendizagem para se processarem quando o organismo
folha vão sendo impressas suas experiências sensório-motoras. O
recebe o estímulo.
conhecimento é uma cópia de algo dado no mundo externo, ou seja, é
uma “descoberta” e é nova para o sujeito que a faz. Portanto, o que foi A aprendizagem é definida como sendo a modificação do
descoberto já se encontrava presente na realidade exterior. comportamento ou aquisição de novas respostas ou reações. Toda a
O inatismo ou nativismo refere-se a hereditariedade do sujeito. Suas aprendizagem consiste em condicionar respostas. A aprendizagem oral,
características são determinadas desde o seu nascimento. A da linguagem escrita por exemplo, são reações apresentadas a vários
hereditariedade permite argumentar que o sujeito é basicamente estímulos devido a certas condições de experiência anterior (Barros 1998).
bom/mau/racional, ativo ou passivo em sua relação com o meio. Presume- Segundo Gates citado por ( Barros 1998, p.25), exemplifica com
se nesta teoria que as propriedades básicas do sujeito como a muita clareza como se dá a aprendizagem pelo processo de
inteligência, personalidade, motivos, percepções, emoções, existam pré- condicionamento: quando se mostra a uma criança uma folha, esta reage
formadas desde o nascimento. fazendo a representação mental do objeto. Se, ao mesmo tempo em que o
objeto é mostrado, se disser a palavra “folha”e se repetir esta certo
Teorias de Aprendizagem: Associacionista / Behaviorista número de vezes, a criança chegará a pensar no objeto apenas por ouvir
(Comportamentalismo) a palavra. Neste caso aprende a significação da linguagem falada. Mais
Essas teorias se baseiam na similaridade das tarefas. A tarde, podemos mostrar o objeto enquanto a criança olha a palavra
aprendizagem consiste em gravar respostas corretas e eliminar as impressa.
incorretas. A transferência da aprendizagem ocorre à medida em que Tempos depois, o objeto, um retrato do objeto, a palavra falada,
existem elementos idênticos em duas situações. escrita ou impressa podem se ligar às palavras francesas “la feuille”, e
Segundo Barros (1998) os associacionistas têm como principal reagindo aos estímulos simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto
pressuposto explicar que o comportamento complexo é a combinação de ao ver a palavra francesa.
uma série de condutas simples. Os precursores dessa corrente foram Na concepção behaviorista, educar seria estabelecer
Edward L. Thorndike e B. F. Skinner e suas respectativas teorias do “condicionamentos” na infância. Skinner, em seus experimentos, observou
comportamento reflexo ou estímulo e resposta. que uma reação é repetida quando é seguida de um efeito agradável.
Edward Lee Torndike formulou a Lei do Efeito que considera que o
Associacionismo x Aprendizagem organismo tende a repetir a reação do efeito agradável. Este efeito que
A aprendizagem estabelece novas relações que tem como ocorre após o sujeito apresentar uma reação, é chamado de reforço
fundamento a lei da contiguidade (proximidade). De acordo com essa lei, positivo. E, de acordo com Barros (1998), é um requisito necessário para

Conhecimentos Pedagógicos 15

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
que ocorra a aprendizagem. É neste sentido que o sujeito do bahaviorismo A educação está intimamente ligada à transmissão cultural, pois
é passivo, e a aprendizagem não é uma qualidade intrínseca do deverá transmitir os conhecimentos assim como os comportamentos
organismo, mas necessita ser impulsionada a partir do ambiente. éticos, práticos e sociais. São habilidades consideradas básicas para a
Skinner (apud Barros 1998), conceitua os reforços como eventos que manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural, etc). A educação
tornam uma reação mais frequente, e aumentam a probalidade de sua tem como objetivo básico promover mudanças desejáveis no sujeito.
ocorrência. Os reforços se classificam em positivos e negativos. Os Essas mudanças implicariam na aquisição de novos comportamentos e
reforços positivos consistem na apresentação de estímulos, no acréscimo também na modificação dos comportamentos já existentes (Mizukami,
de um evento à situação. Os reforços negativos por sua vez, consistem na 1986).
remoção de um evento. Nestes dois tipos de reforços, o efeito será o A escola direciona os comportamentos dos alunos segundo
mesmo e a probabilidade da resposta será aumentada. determinadas finalidades sociais. O conteúdo pessoal será socialmente
aceito. Os conteúdos programáticos serão estabelecidos e ordenados
Os reforços positivos se constitui na apresentação de estímulos, no
numa sequência lógica e psicológica. É matéria de ensino apenas o que é
acréscimo de alguma coisa à situação e os reforços negativos é a
redutível ao conhecimento observável e mensurável.
remoção de alguma coisa da situação. Classificam-se também em
primários e secundários. Nos reforços primários a apresentação de
estímulos é de importância biológica, e o reforço secundário é a Papel do professor e do aluno
apresentação de um estímulo, que antes era neutro, passa a associar-se a Papel do Professor
estímulos de importância biológica e sua propriedade reforçada foi
adquirida como, por exemplo, o elogio, o sorriso, o dinheiro, etc. Em uma abordagem behaviorista (comportamentalista), o professor é
considerado transmissor de conhecimento ao aluno e administra as
O organismo humano seria então, controlado pelas contingências condições da transmissão do conteúdo. Nesta teoria o professor é
primárias (naturais), e nisso consiste o processo de educação ou considerado um planejador e um analista de contingências. O professor
treinamento social, isto é, aumentar as contingências de reforço e sua deverá decidir os passos de ensino, os objetivos intermediários e finais
frequência utilizando-se de sistemas organizados, pragmáticos, que com base em critérios que fixam os comportamentos de entrada e os
lançam mão de reforços secundários associados aos primários (naturais). comportamentos que o aluno deverá exibir durante o processo de ensino.
A finalidade dessa associação é de obter determinados comportamentos
preestabelecidos, seja com maior ou menor rigor. O objetivo do reforço é O professor tem uma função de arranjar as contingências de reforço
portanto, tornar uma resposta frequente, ou seja, evitar a extinção de maneira a possibilitar o aumento da probabilidade de ocorrência de
(remoção) de uma resposta do comportamento do sujeito (Mizukami, uma resposta a ser aprendida. Ela deverá dispor e planejar melhor as
1986). contingências desses reforços em relação às respostas. O professor
acaba por ser um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno.
O professor tem também a função de garantir a eficácia da
Aplicação no Processo Ensino-aprendizagem transmissão do conhecimento, não importando as relações afetivas e
Segundo Mizukami (1986), no ensino-aprendizagem os pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino aprendizagem.
comportamentos dos alunos são listados e mantidos por Sua tarefa é modelar respostas apropriadas aos objetivos
condicionamentos e reforçadores arbitrários tais como elogios, graus, instrucionais, sendo que a principal é conseguir um comportamento
notas, prêmios, reconhecimento do professor e colegas, prestígio, etc.; os adequado.
mesmos estão associados com uma classe reforçadora mais Ao mestre cabe questionar cada conteúdo a ser apresentado. O
generalizadas como o diploma, vantagens da futura profissão, a aluno é incapaz de assimilar algo novo. Uma vez que o sujeito é
aprovação final do curso, status, etc. considerado totalmente determinado pelo mundo do objeto ou meio físico
O ensino para Skinner, corresponde ao arranjo de contingências para e social. Em uma sala de aula, o mundo é representado pelo professor
uma aprendizagem eficaz. que acredita que somente ele pode produzir e transferir novos
Este arranjo depende de elementos observáveis na presença dos conhecimentos para o aluno. Este processo, portanto, não considera o
quais o comportamento ocorre, seja uma resposta, um evento que o estudante sabe. A nível de abstração ou formalização, tudo pode
antecedente um evento consequente (reforço) e fatores contextuais. ser transferido ou transmitido para o aluno (Becker, 1989).
Para este mesmo autor, de acordo com a teoria do reforço, é
possível programar o ensino para qualquer comportamento, como o Papel do aluno
pensamento crítico e criatividade, desde que seja possível definir Em uma abordagem behaviorista o aluno não possui qualquer
previamente o plano final desejado. conhecimento. A capacidade de conhecimento do aluno vem do meio
A proposta de aprendizagem será estruturada de maneira a dirigir os físico/social. O aluno recebe, escuta, escreve e repete as informações
alunos pelos caminhos adequados que conduzirão ao comportamento final tantas vezes quanto forem necessárias, até acumular em sua mente o
desejado. Ainda segundo Skinner, o comportamento humano é modelado conteúdo que o professor repassou.
e reforçado, o que implica em recompensa e reforço. Para proceder a O aluno aprende se executar os conteúdos que o professor
análise comportamental do ensino, é necessário considerar os elementos determinar. Ele é responsivo, aprende se o professor ensinar (Becker,
do ensino, bem como as respostas do aluno, pois o ensino é composto por 1989). Com base nesta informação pode-se dizer que o professor
padrões de comportamento, seguindo objetivos prefixados (Mizukami, transmite e ensina todo o conteúdo em questão ao aluno. O aluno não cria
1986). nem inventa, reproduz o que aprende.
No comportamentalismo, o homem é considerado como uma
consequência das influências do meio ambiente, é considerado como
Tarefa prescrita do professor e do aluno no desenvolvimento ensino-
produto do meio (Mizukami, 1986) e este pode ser manipulado. Para que a
aprendizagem
formulação das relações entre o organismo e seu meio ambiente sejam
adequadas, é necessário considerar três aspectos: a ocasião na qual a Tarefa prescrita do professor
resposta ocorreu, a própria resposta e as consequências reforçadas. A * Transmite o conhecimento;
relação entre esses elementos constituem as contingências de reforço. * Determina o objetivo;
Skinner (1986), considera que qualquer ambiente físico ou social, * Determina o ritmo do ensino;
deve ser avaliado de acordo com seus efeitos sobre a natureza humana.
Para este autor, o conhecimento tem como base a experiência planejada, * Fixa os comportamentos finais do aluno;
sendo resultado direto da experiência. Sua preocupação, portanto, não é * Avalia o aluno segundo os objetivos alcançados.
com a aprendizagem, e sim com o comportamento observável.

Conhecimentos Pedagógicos 16

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Tarefa prescrita do aluno Wertheimer considera ainda que a associação é como a
* Escuta o professor; compreensão da relação estrutural entre uma série de elementos que
necessitam uns dos outros, auxiliando dessa forma a captar as relações
* Repete as informações transmitidas pelo mestre, tantas vezes entre os elementos dentro da estrutura. O “ensaio e erro” deixaria de ser
quanto forem necessárias, para aprender o conteúdo transmitido; aleatório (incerto), para se converter em uma comprovação estrutural de
* Questiona pouco (ou quase nada); hipóteses significativas. O aluno aprende reinterpretando seus erros e
* Procura repetir o conhecimento do professor (na maioria das vezes acertos, compreendendo as razões estruturais que o tornaram possível.
utilizando-se do mesmo vocabulário); A compreensão de um problema para Wertheimer está vinculada a
* É pouco criativo uma tomada de consciência de seus aspectos estruturais ou “insight”, que
significa “achar subtamente a solução para uma situação difícil”, “perceber
relações entre os elementos de uma situação”. O “insight” só é possível
Avaliação no Processo Ensino-aprendizagem quando uma situação de aprendizagem é arranjada de maneira que se
O aluno será avaliado ao atingir os objetivos propostos, isto é, possa observar todos os seus aspectos. Se houver a omissão de qualquer
quando o programa for conduzido até o final de maneira correta. A um dos aspectos, não ocorrerá o “insight”, portanto, não haverá solução.
avaliação será ligada aos objetivos estabelecidos. Pode-se fazer pré- Se um problema tiver várias estruturas e alguma delas resultar mais
testagem, com a finalidade de conhecer os comportamentos prévios e a imediata ou mais fácil para que o sujeito perceba a reestruturação dessas
partir daí, planejar e executar as etapas seguintes do processo ensino- estruturas vai se apresentar mais facilmente, mais imediata.
aprendizagem. Os alunos são modelados à medida que tem conhecimento Segundo Barros (1998), na teoria da Gestalt o sujeito tem várias
dos resultados de seu comportamento. No final do processo ocorre a formas de aprendizagem, que são: gradação, diferenciação, assimilação e
avaliação com o objetivo de medir os comportamentos finais. redefinição.
A aprendizagem por gradação implica em estabelecer um
Teorias de Aprendizagem: Gestalt relacionamento sucessivo entre as várias partes de algo percebido.
Esta teoria Tem com base a representação global de uma situação. Kölher, em seus experimentos, demonstrou que o aluno quando do início
As escolas da corrente dos teóricos de campo são representadas na de sua aprendizagem, percebe a forma total, a Gestalt das coisas. O autor
Gestalt e suas teorias são centradas sobre a atividade do indivíduo. aconselha que o ensino inicial para os alunos, deve ser composto de
frases e palavras completas oportunizando o estabelecimento deste tipo
Segundo Barros (1988), a Gestalt é representada pelos alemães de ralação. Em uma frase completa, o aluno percebe as sílabas e as
Wertheimer, Koffka e Köhler, e Para os representantes da corrente letras.
Gestáltica (psicologia da forma) a atividade e o comportamento do sujeito
são determinados de acordo com o modo pelo qual vê e compreende a O processo de diferenciação consiste em destacar, no todo, uma
estrutura dos elementos da situação problema. Para Koffka a percepção e parte do objeto que se está percebendo. Isso ocorre quando um elemento
pensamento não podem ser reduzidos a um acúmulo de sensações ou é apresentado em diferentes situações, permitindo que a mente o
associações individuais mas, são determinadas pela estrutura global. destaque como sendo o mais notado entre os demais, ou como sendo
uma figura, permitindo que as partes restantes formem o fundo. Este
Para Pozo (1988), o paradigma da aprendizagem consiste na princípio é chamado de princípio da unidade dentro da variedade de
solução de problemas que tem como princípio o todo (a globalidade) para diferentes situações, sendo uma condição de extrema importância para
as partes (o todo não pode ser compreendido pela separação das partes) que se diferencie um elemento entre os demais. Como exemplo, pode-se
e na organização dos padrões de percepção. apresentar no início da aprendizagem uma mesma palavra em várias
Em Pozo (1998), na Gestalt, as ideias de Köhler (1929) são opostas frases de modo que a mesma se destaque. Como por exemplo: Lili tem
aos princípios do associacionismo (ou anticonstrutivista). Esta escola não uma pata; A pata nada no lago; As penas da pata são brancas.
aceita a concepção do conhecimento como a soma de partes Ainda no processo de diferenciação, existe um segundo princípio que
preexistentes. A unidade mínima de análise é a estrutura ou a globalidade. permite o destaque de um elemento da situação total denominado
Rejeita a ideia de que o conhecimento tenha natureza cumulativa ou princípio da variedade dentro da unidade. No ensino da leitura, introduz-se
quantitativa, de tal maneira que qualquer atividade ou procedimento aos poucos alguns fatores novos entre os já conhecidos. Num texto por
poderia transformar-se em várias partes aleatoriamente separadas. exemplo aparece, dentro de sentenças já conhecidas e muito repetidas,
A insistência na estrutura global dos fatos e dos conhecimentos algumas formas gráficas novas. Como por exemplo: Lili tem um boné,
concede maior importância à compreensão do que a simples acumulação Lalau tem uma boneca; olhe a bola, olhe o bolo; olhe o papel, olhe o
de conhecimentos. Isso fez com que Wertheimer em 1945 distinguisse o papelão.
pensamento reprodutivo do pensamento produtivo. O pensamento O processo de redefinição consiste em perceber um mesmo estímulo
reprodutivo se constitui de conhecimentos previamente adquiridos à de modo inteiramente novo, segundo a situação total ou a forma que ele
situações novas e o pensamento produtivo por sua vez, implica no se apresenta, ou seja, sua posição em relação aos demais estímulos ou
descobrimento de uma organização perceptiva ou conceitual, com relação ainda segundo a natureza dos outros estímulos componentes da situação
ao problema a ser tratado, isto é, a compreensão real do problema, como em que ele nos é apresentado. Grisi esclarece este processo quando
compreender o problema que é vantajoso em relação a simples apresenta um exemplo que mostra formas diferentes de perceber um
aprendizagem mnemônica ou reprodutiva. Isso porque essa compreensão simples ponto “.” . Para ele, o ponto pode ser definido como ponto final em
resulta mais fácil de ser generalizada a outros problemas estruturalmente uma sentença, como um pingo da letra “i” ou ainda como um sinal de
semelhante. abreviatura (Barros,1998).
Para este autor, obter a solução produtiva de um problema é algo O processo de assimilação segue ao de diferenciação, onde uma
fundamental para a compreensão do mesmo. Para que ocorra uma parte da situação total é destacada pelo processo de diferenciação,
solução produtiva de um problema, é necessário captar aspectos tornando-se figura. Esta figura pode se reunir às outras, constituindo
estruturais da situação além de elementos que a compõem (Pozo, 1998). novas estruturas pelo processo de assimilação. Em relação a leitura, o
aprendizado por assimilação ilustra-se pelo fato de que o aluno no início
de sua aprendizagem por assimilação é capaz de escrever uma palavra
Gestalt x Aprendizagem nova, a palavra camelo, por exemplo por ter aprendido anteriormente as
O psicólogo Wertheimer (1945) utiliza-se da história da ciência como palavras boneca, menino e lobo.
área de estudo da psicologia do pensamento e da aprendizagem. Este A Gestalt defende o caráter inato das leis da percepção e da
autor considera que cada um dos mecanismos de aprendizagem organização do conhecimento e, baseia-se na categorização direta dos
associativa corresponde a um mecanismo alternativo nas concepções objetos, quase de forma imediata. O pensamento encontra-se mediado
gestálticas. (Pozo 1998). por estruturas de conceitos de natureza e origens muito diferentes. A

Conhecimentos Pedagógicos 17

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
tomada de consciência ou insight adquire dimensões diferentes em um e de maneira a perceber se os objetivos foram atingidos atribuindo ao aluno
outro caso. A tomada de consciência conceitual requer uma reflexão a um conceito.
respeito do próprio pensamento que, necessariamente, não está presente
no insight perceptivo. O sujeito somente pode tomar consciência de algo
que já está presente nele, embora se desconheça as etapas precedentes Teorias de Aprendizagem: representativas,
(Pozo, 1998). cognitivas e aprendizagem social
Essa teoria contribui com alguns conceitos que embora em sua Teorias Representativas
formulação inicial sejam vagos ou pouco operacionais, lembram conceitos As teorias representativas centram-se sobre o estabelecimento de
nucleares de uma teoria de aprendizagem alternativa ao associacionismo. uma significação.
Assim, ela estabelece diferenças entre o pensamento reprodutivo e Na obra de Flávell (1975), encontra-se uma coletânea de ideias
produtivo (consiste na compreensão real do problema), e em elaboradas por Piaget, que permite dizer que a representação tem início
consequência entre a aprendizagem mnemônica e compreensiva no sujeito quando ele consegue diferenciar entre o “significante” e o
considerando a aprendizagem compreensiva um produto do insight, ou “significado”. Entende-se por significante uma palavra, uma imagem que
reestruturação súbita do problema. Esta estruturação está vinculada ao representa internamente o significado ausente. O significado é o conceito
conceito de equilíbrio que é desenvolvido por Piaget. desta palavra ou imagem. Este é um requisito indispensável para que
Papel do professor e papel do aluno exista a representação.
Papel do professor Piaget, define a representação como sendo a “capacidade de evocar
Na Gestalt, o ensino é centrado no aluno e o professor tem como uma imagem simbólica, um objeto ausente ou a ação que não foi
função dar assistência ao aluno de forma a não transmitir o conhecimento. realizada” Batro (1978).
Ele deve ser um facilitador da aprendizagem, que consiste na Para Richard (1990) as representações são construções que
compreensão, aceitação e confiança em relação ao aluno. Deve aceitar o constituem o conjunto das informações levadas em conta pelo sistema
aluno como ele é. cognitivo na realização da tarefa.
O professor deve possuir um estilo próprio para “facilitar” a Já segundo Rosa (1998), a representação é uma forma estrutural
aprendizagem. Sua intervenção que organiza os conhecimentos.
deverá ser a mínima possível, devendo criar um clima favorável de
aprendizagem. O conteúdo não deve ser repassado, uma vez que ele é
A Representação x Aprendizagem
adquirido da experiência vivida do aluno.
A aprendizagem acontece quando se estabelece uma relação
Para o professor, qualquer ação que o aluno decide fazer deve ser
significativa entre os elementos que constituem uma situação. A
considerada como boa e instrutiva. Cabe ao professor auxiliar a
transferência da aprendizagem ocorre quando existe similaridade
aprendizagem do aluno de maneira a despertar o seu próprio
(semelhança) entre as situações. A aprendizagem acontece quando o
conhecimento (Becker, 1992).
sujeito consegue organizar ou estruturar uma dada situação.

Papel do Aluno
O papel do professor e do aluno
O aluno deve ser responsabilizar pelos objetivos referentes a Papel do professor
aprendizagem que lhes são
O professor tem como função apresentar ao aluno problemas de
significativos. Ele é compreendido como um ser que se modo que este identifique e diferencie o significante do significado. Estes
autodesenvolve e o processo de problemas devem apresentar-se de tal maneira que o aluno a partir de
aprendizagem deve facilitar este desenvolvimento. O aluno aprende suas experiências anteriores, possa evocar (lembrar) os elementos
por si mesmo, encontrando o seu próprio caminho. Cabe aos alunos ausentes.
pesquisar os conteúdos, criticar, aperfeiçoar ou até mesmo modificá-los Estes elementos contribuem para a estruturação do problema.
(Becker, 1992).
O professor deve conhecer as experiências anteriores do aluno para
observar com profundidade suas representações com relação às
Tarefa Prescrita do Professor e do atividades ligadas à ação (execução do problema). A partir do momento
Aluno no desenvolvimento Ensino – aprendizagem que o aluno estruturar e conceituar um problema, estará aprendendo.
Tarefa prescrita do professor
- organizar o conteúdo do todo para as partes, isto é, do geral para o Papel do aluno
particular; O aluno terá como atribuição, a resolução de problemas a partir da
- divisão do problema em problemas menores para facilitar a seleção de elementos que são úteis e estão relacionados à ação. A
compreensão do aluno; seleção de elementos necessários à formação estrutural do problema
- definição clara dos objetivos; dependerá da experiência vivida pelo aluno.
- apresentar o mesmo problema sob diferentes formas; A facilidade ou dificuldade na diferenciação do significante e
significado e, consequentemente, a formação do conceito durante a
- intervir o mínimo possível. aprendizagem são próprias do aluno em particular. A resolução de um
problema pode seguir caminhos diferentes.
Tarefa prescrita do aluno
- analisar seus erros, encontrando assim a solução; Tarefa prescrita do professor e do aluno
- avaliar seu processo de aprendizagem (auto avaliação); Tarefa prescrita do professor
Avaliação no Processo Ensino-aprendizagem O professor deve propor um problema que:
A avaliação só tem sentido como uma auto avaliação e deve estar de * direcione o aluno a buscar elementos, conforme sua necessidade;
acordo com os padrões prefixados pelos alunos. Os alunos aprendem o * propicie a identificação e diferenciação entre significante e
que desejam aprender. Não existe qualquer padronização. Ele deverá significado;
assumir a responsabilidade pelas formas de controle de sua * desperte no aluno a utilização de suas experiências anteriores para
aprendizagem, definindo e aplicando critérios para avaliar se os objetivos evocar os elementos ausentes;
foram atingidos. Após esta auto avaliação o professor faz a sua avaliação
* capacite o aluno a estruturá-lo;

Conhecimentos Pedagógicos 18

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
* tenha caminhos diferentes que leve à solução. lógica. O sujeito não representa e não “pensa” conceitualmente. Esse
estágio torna-se estável entre os 18 e 24 meses.
Tarefa prescrita do aluno O estágio do pensamento pré-operacional, caracteriza-se pelo
desenvolvimento da linguagem e outras formas de representação, e
O aluno deve: também pelo rápido desenvolvimento conceitual. O raciocínio, nesse
* selecionar os elementos que são úteis à estruturação do problema; estágio, é pré-lógico ou semiológico. O que o sujeito adquire através da
* agrupar os elementos selecionados aos seus esquemas ação, irá aprender a fazer em pensamento.
disponíveis; No estágio das operações concretas, o sujeito faz novas
* diferenciar significante de significado; modificações, desenvolve a habilidade de aplicar o pensamento lógico a
problemas concretos. Esta fase precede a anterior e seu equilíbrio
* atribuir significado aos elementos;
acontece ente os 7 e 11 anos.
* atribuir o conceito ao significado da situação e interpretar o conjunto
No estágio das operações formais, as estruturas cognitivas alcançam
da mesma.
seu nível mais elevado de desenvolvimento; os sujeitos tornam-se
Avaliação no Processo Ensino-aprendizagem capazes de aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas, ou
A avaliação deve ser feita através da observação e da capacidade do seja, aplicam não mais aos objetos presentes, mas aos objetos ausentes e
aluno de diferenciar significante e significado. Deve-se observar a hipotéticos.
capacidade do aluno de estruturar uma situação e os caminhos que O desenvolvimento das estruturas mentais é um processo coerente
percorre para buscar o resultado, que é a aprendizagem. de sucessivas mudanças qualitativas das estruturas cognitivas
(esquemas). A estrutura e a mudança lógica são resultantes da estrutura
Teorias Cognitivas precedente.
O processamento da informação ou teoria cognitiva aborda o estudo Para Wadsworth (1993), o desenvolvimento da inteligência acontece
da mente e da inteligência em termos de representações mentais e dos desde o nascimento até a fase adulta. As estruturas da inteligência e os
“processos centrais” do sujeito, ambos dificilmente observáveis. Nesta esquemas, estão em constante desenvolvimento à medida que o sujeito
teoria, o conhecimento consiste em integrar e processar as informações. age de forma espontânea sobre o meio e assimila e se acomoda a
Segundo Mizukami (1986), uma abordagem cognitiva envolve vários arranjos de estímulos do meio ambiente. Este autor considera quatro
aspectos tais como, estudar cientificamente a aprendizagem como sendo fatores relacionados ao desenvolvimento cognitivo:
um produto do ambiente das pessoas ou de fatores que são externos a * maturação, interação social, experiência ativa, e uma sucessão
elas. Estuda-se como as pessoas lidam com os estímulos ambientais, geral de equilíbrio.
organizam dados, sentem e resolvem problemas, adquirem conceitos e * maturação: são os processos neuropsicológicos que o sujeito passa
empregam símbolos, constituindo, assim, a investigação como um todo. para adquirir a aprendizagem.
Os teóricos cognitivistas se opõem à aprendizagem behaviorista que * interação social: é o relacionamento com a imposição do nível
parte do princípio de que o aluno consegue o mesmo entendimento operatório das regras, valores e signos da sociedade na qual o sujeito se
daquele que transmite o conhecimento, uma vez que eles buscam desenvolve, e com as interações realizadas entre os sujeitos que
pesquisar a mente humana. E para tanto estudam os mecanismos compõem o grupo social;
subjacentes no comportamento humano.
* experiência ativa: segundo Mizukami (1986), este fator pode
Segundo Wadsworth (1993), Piaget define a inteligência como a acontecer sob três tipos:
adaptação que tem como característica o equilíbrio entre o organismo e o
* devido ao exercício, resultando na consolidação e coordenação de
meio, que resulta na interação entre o processo de assimilação e
reflexos hereditários, o exercício de operações intelectuais aplicadas ao
acomodação, que é o motor da aprendizagem. Este autor apresenta o
objeto;
conceito do processo de assimilação e acomodação. O processo de
assimilação consiste em uma mudança quantitativa no sujeito, mediante a * devido à experiência física, que comporta ações sobre o objeto
incorporação de elementos que vêm do meio para as suas estruturas para descobrir as propriedades que são abstraídas desses objetos, e
mentais já existentes, o que implica no seu desenvolvimento intelectual. O resultado da ação está vinculado ao objeto;
processo de acomodação, consiste em uma mudança qualitativa na * a experiência lógico-matemática, implica na ação sobre os objetos,
estrutura intelectual (esquema) do sujeito pelas quais se adapta ao meio. de forma a descobrir propriedade que são abstraídas destas pelo sujeito.
Ele cria novas estruturas ou altera às já existentes em função das Consistem em conhecimentos retirados das ações sobre os objetos típicos
características de novas situações. A assimilação e a acomodação juntas, do estágio operatório formal, que é o resultado da equilibração, cuja
justificam a adaptação. condição para obter é a interação do sujeito com o meio.
As estruturas do conhecimento são como os esquemas, vão se Os fatores relacionados ao desenvolvimento cognitivo como a
tornando mais complexos sobre o efeito combinado dos mecanismos da maturacão, interação social experiência ativa, não são suficientes para
assimilação e acomodação. Comenta ainda que o sujeito ao nascer não explicar o desenvolvimento cognitivo necessitando segundo Piaget, de um
possui qualquer estrutura de conhecimento e sim reflexas como sucção e quarto fator, a equilibração.
um modo de emprego destes reflexos para a elaboração dos esquemas * Equilibração: é o mecanismo auto regulador necessário para
que irão desenvolver. assegurar uma eficiente interação do sujeito com o meio ambiente. É o
Segundo Mizukami (1986) a aquisição do conhecimento cognitivo processo de passagem do desequilíbrio para o equilíbrio, cujos os
ocorre sempre que uma nova informação é assimilada à estrutura mental instrumentos são a assimilação e a acomodação.
existente (esquema) que ao fazer esta acomodação, modifica-se Para Piaget a teoria epistemológica busca o saber como, quando e
permitindo um processo contínuo dos mecanismos internos. por que o conhecimento se constrói, cuja repercussão incide na área
Nos vários trabalhos de Piaget, encontra-se o desenvolvimento da educacional. Sua teoria segundo Mizukami (1986) é predominantemente
inteligência definido como um processo contínuo, e que as mudanças no interacionista e seus postulados sobre o desenvolvimento da autonomia,
desenvolvimento intelectual, são gradativas, e os esquemas são cooperação, criatividade e atividades centradas no sujeito, influenciaram
construídos ou modificados de forma gradual. Então define o crescimento práticas pedagógicas ativas centradas nas tarefas individuais, na solução
cognitivo, e julga necessário dividir o desenvolvimento intelectual em de problemas, na valorização do erro dentre outras orientações
estágios: da inteligência sensóriomotora (0-2 anos), do pensamento pré- pedagógicas.
operacional (2-7 anos), das operações concretas (7-11 anos) e das Na área de Informática, esta teoria contribui para modelagens
operações formais (7-15anos). computacionais na área de Inteligência Aplicada (IA), no desenvolvimento
A primeira forma de inteligência é uma estrutura sensório-motora.
Durante este estágio, o comportamento é basicamente motor. Não há
Conhecimentos Pedagógicos 19

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
de linguagens e dentre outras modalidades, no ensino auxiliado por * propor problemas que não exijam uma resposta única, evitando a
computador sob a orientação construtivista. fixação, rotina e hábitos; o problema deve ser construído de maneira que o
A linguagem LOGO, criado por Papert caracteriza-se como um aluno tente e consiga resolvê-lo, sem que lhe ensine a solução;
ambiente de aprendizagem, embasado no construtivismo. O ambiente * provocar desequilíbrios;
LOGO dá condições ao aluno de construir os mecanismos do pensamento * observar o comportamento do aluno, através de conversas e
e os conhecimentos a partir das interações que têm relações com seu perguntas, possibilitando o aluno fazer perguntas que possam auxiliar na
ambiente psíquico e social. aprendizagem;
* construir os dispositivos de partida que possibilitem a apresentação
Ensino Aprendizagem de problemas úteis ao aluno e,
Segundo Mizukami (1986), que se baseia nas ideias de Piaget, o * deve organizar contraexemplos que levem o aluno a reflexão.
ensino numa concepção cognitivista que procura desenvolver a Tarefa prescrita do aluno
inteligência, deverá em primeiro lugar priorizar as atividades do sujeito * ser observador;
considerando-o inserido em uma situação social. A concepção piagentiana
de aprendizagem tem caráter de abertura e comporta possibilidades de * ser ativo;
novas indagações, assim como toda a sua teoria e epistemologia * experimentar;
genética. * comparar;
A aprendizagem consiste em assimilar o objeto a esquemas mentais. * relacionar;
O aluno aprende dependendo da esquematização presente, do estágio e Avaliação no Processo Ensino-aprendizagem
da forma de relacionamento atual com o meio. Como consequência, o
ensino deve assumir várias formas durante o seu desenvolvimento. Na avaliação, deve-se proceder de forma a verificar se o aluno
adquiriu noções, conservações, se realizou operações, relações, etc. O
Assim a aprendizagem ocorre com base em tentativas e erros rendimento do aluno pode ser avaliado de acordo com a sua aproximação
através da pesquisa feita pelo aluno, eliminando-se as fórmulas, a uma norma qualificativa pretendida. Uma das formas que se pode
nomenclaturas, definições, etc. O aluno parte de suas próprias verificar o rendimento é também através de reproduções livres, sob
descobertas, ele irá compreender o objetivo principal do ensino, que são diferentes formas e ângulos, através explicações práticas, explicações
os processos e não os produtos de aprendizagem. A aprendizagem só causais, expressões próprias, relacionamentos, etc.
ocorre a partir do momento em que o aluno elabora o seu próprio
conhecimento.
Teoria de Aprendizagem Social
O ensino deve levar progressivamente ao desenvolvimento de
A teoria de aprendizagem social, segundo Pfromm (1987) versa
operações, evitando a formação de hábitos que constituem a fixação de
sobre o estudo da observação e a imitação feita pelo sujeito. Na década
uma forma de ação, sem reversibilidade e associatividade. O
de 60, Albert Bandura realizou pesquisas com crianças que incidiam sobre
desenvolvimento seria os mecanismos gerais do ato de pensar e
a imitação. Ele dedicou-se à pesquisa e à teorização sobre a
conhecer, inerente à inteligência.
aprendizagem social por observação. Nesta abordagem, o comportamento
O ensino dos fatos devem ser substituídos pelo ensino de relações, de um observador se modifica em consequência da exposição do
desenvolvendo a inteligência, uma vez que a inteligência é um mecanismo comportamento de um modelo. A este tipo de aprendizagem o autor
de fazer relações. Nessa abordagem o ensino deve estar baseado em denominou de “modelação”. O modelo utilizado pode ser da vida real
proposições de problemas. É necessário, então, que se considere o como também um modelo simbólico, observado em um filme na televisão,
“aprender a aprender” (Mizukami, 1986,p.77). no rádio, livros e revistas, etc.
Na aprendizagem por observação, os comportamentos específicos
Papel do professor e do aluno exibidos pelo modelo são chamados de pistas de modelação. Para o autor
Papel do Professor os sujeitos aprendem simplesmente olhando o que o modelo faz, embora
não procurem ativa e espontaneamente imitá-lo.
O professor tem como função criar situações que propiciam
condições que possam estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação A aprendizagem por observação ocorre em três estágios: exposição,
ao mesmo tempo moral e racional. Ele deve evitar a rotina, e a fixação de aquisição e aceitação. Durante a exposição, o observador se vê diante de
respostas e hábitos. pistas de modelação. A aquisição por sua vez, é comprovada pela
capacidade do observador de reproduzir ou evocar os comportamentos do
Ele deve também propor problemas ao aluno, sem que lhes ensine a
modelo a que foi exposto e, aceitação, que é traduzida no uso, pelo
solução. Deve provocar desequilíbrios, desafios, mas para tanto é
observador das pistas de modelação adquiridas, quer na imitação direta
importante que conheça o aluno. A orientação, a autonomia e a ampla
do comportamento do modelo, quer na contra imitação direta, que consiste
margem de autocontrole aos alunos deve ser concedida pelo professor.
em evitar o comportamento modelado.
O professor deve assumir o papel de mediador, investigador,
O comportamento específico observado pode generalizar-se a tipos
pesquisador, orientador e coordenador. É necessário sua convivência com
semelhantes de comportamentos e tratar ainda dos processos de
os alunos para observar os seus comportamentos, promovendo diálogos
desinibição e inibição. Sendo o processo de inibição a não aceitação
com eles, perguntando e, sendo interrogado; realizar com os alunos suas
generalizada e o processo de desinibição, a aceitação generalizada para
próprias experiências para auxiliar na sua aprendizagem e
uma classe geral de comportamentos, a partir de um comportamento
desenvolvimento.
modelado específico.
Papel do aluno
Na aprendizagem social por observação, destacam-se quatro
O aluno deve ser ativo e observador. Ele deve experimentar, processos: atenção, retenção, reprodução motora e motivacional. No
comparar, relacionar, analisar, justapor, encaixar, levantar hipótese, processo de atenção, o sujeito deve prestar atenção ao modelo e aos
argumentar, etc. Cabe ao aluno encontrar a solução dos problemas que aspectos críticos do comportamento deste mesmo modelo. Na retenção, o
lhes são apresentados. comportamento do modelo necessita ser codificado ou simbolicamente
representado e retido na memória do observador.
Tarefa prescrita do professor e A reprodução motora é responsável pela cópia fiel dos movimentos
do aluno no desenvolvimento ensino-aprendizagem do modelo, e o processo motivacional, atua sob a forma de reforço da
Tarefa prescrita do professor resposta aprendida que pode ser externo (como exemplo, uma
* criar condições propícias ao estabelecimento da reciprocidade recompensa dada ao observador), vicário (um modelo recompensado ou
intelectual; punido).

Conhecimentos Pedagógicos 20

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Este reforço, pode ser visto em um determinado programa de Tarefa prescrita do aluno
televisão, que se transfere ao observador ou do tipo conhecido como auto * aprender mediante apresentação de um modelo;
reforço, que pode-se exemplificar como no caso da satisfação pessoal em
que o observador experimenta após imitar o comportamento observado. * prestar atenção ao modelo proposto, destacando os aspectos
críticos;
A noção de auto eficácia ultimamente passou a ocupar a posição
central. Na teoria cognitiva de Albert Bandura, a auto eficácia refere-se à * aprender através da imitação;
convicção de que o sujeito tem que pode executar algo com êxito e à * reter o comportamento do modelo na memória;
confiança em sua capacidade de alcançar objetivos em situações * identificar as pistas de modelação para facilitar sua aprendizagem;
específicas graças às próprias ações. A auto eficácia inclui também a
* fazer cópia fiel do movimento do modelo apresentado;
percepção generalizada do sujeito capaz de controlar o ambiente como
uma percepção específica de sua capacidade de executar uma tarefa * aprender através da observação de outros sujeitos.
particular.
Qualquer aprendizagem ou modificação de comportamento segundo Avaliação no Processo Ensino-aprendizagem
o autor só é bem sucedida quando se cria ou fortalece a crença do sujeito Para avaliar o aluno, deve-se verificar sua observação com relação
em sua eficácia pessoal. Ele coloca ainda, como indispensável que o ao modelo apresentado e suas respectivas pistas e consequentemente,
sujeito conte com as capacidades necessárias para a execução da tarefa verificar a existência da cópia fiel desse modelo.
e com motivação ou incentivo para fazê-la.
As mudanças no comportamento do sujeito são determinadas pelos
perceptos de sua auto eficácia. Nessas mudanças, considera-se as ações Teoria Sócio Construtivista
que o sujeito procura executar, o esforço dedicado a essas ações, sua Segundo Gilly (1995), a abordagem sócio construtivista do
persistência, considerando obstáculos, pensamentos e sentimentos. A desenvolvimento cognitivo é centrada na origem social da inteligência e no
auto eficácia é influenciada de modos diferentes como: concretização do estudo dos processos sócio cognitivos de seu desenvolvimento. Os
desempenho, experiências vicárias, indução verbal e ativação emocional. trabalhos sobre esses processos se fundamentam na teoria do psicólogo
* concretização do desempenho, isto é, completa efetivamente a Lev Vygotsky e é relativa aos processos físicos superiores.
tarefa real, que constitui a principal fonte de elevação ou redução de Gilly (1995) e Gaonnach’h (1995) apresentam duas formas de
nossas expectativas de auto eficácia; funcionamento mental chamadas de processos mentais elementares e os
* experiências vicárias, consiste na observação de desempenhos de processos superiores. Os processos metais elementares correspondem ao
outros sujeitos; estágio da inteligência sensório-motora de Jean Piaget, que é derivado do
capital genético da espécie, e da maturação biológica e da experiência da
* indução verbal, consiste em levar outra pessoa, oralmente ou por criança com seu ambiente físico. Os processos psicológicos superiores,
escrito à acreditar de que pode ser bem sucedida; de acordo com Oliveira (1993), são construídos ao longo da história social
* ativação emocional, trabalhar as pistas internas, de caráter afetivo do homem. Essa transformação acontece através da relação do homem
ou fisiológico, que o sujeito usa para julgar seu entusiasmo ou sua com o mundo que é mediada pelos instrumentos simbólicos e são
vulnerabilidade em relação a determinados desempenhos. desenvolvidos culturalmente, possibilitando uma diferenciação do homem
em relação aos outros animais, na forma de agir e na interação com o
mundo.
Papel do professor
Gilly (1995) classifica três princípios fundamentais interdependentes
Na teoria de aprendizagem social, o professor tem como função
que dão suporte à teoria de desenvolvimento dos processos mentais
apresentar um modelo que pode ser real ou simbólico. Ele deve criar ou
superiores:
propor um modelo que mostre, com evidência, as pistas de modelação (os
comportamentos específicos). Este modelo proposto deve ser codificado relação entre a educação, a aprendizagem e ao desenvolvimento;
ou ser simbolicamente representado para facilitar a memorização do função da mediação social nas relações entre o indivíduo e o seu
aluno. O professor pode premiar, punir, motivar ou incentivar o meio (mediação por ferramenta) ;
comportamento do aluno (do modelo). atividade psíquica interindividuais (mediação por signos) e a
passagem entre o interpsíquico para o intrapsíquico nas situações de
Papel do aluno comunicação social.
Na aprendizagem social, o aluno tem como papel principal aprender Para Vygotsky o desenvolvimento é considerado como uma
mediante a apresentação de um modelo que pode ser real ou simbólico. consequência das aprendizagem com que o sujeito é confrontado. Seu
Ele desempenha a função de observador, fixando sua atenção nos estudo passa necessariamente, pela análise de situações sociais que
aspectos críticos do modelo, ou seja, retendo os comportamentos favorecem ao sujeito construir seu meio físico pois, numa abordagem
específicos desse modelo na sua memória. Este comportamento é sócio construtivista o desenvolvimento cognitivo envolve as interações
aprendido através da imitação, onde buscará fazer a cópia fiel dos sujeito-objeto-contexto social.
movimentos desse modelo que é facilitada através da identificação das Em Pozo (1998), o funcionamento cognitivo superior considerado por
pistas de modelação. Pode-se dizer então, que os alunos aprendem por Vygotsky está ligado às relações sociais pelas transformações do
meio da observação, imitando os comportamentos de outros sujeitos processo interpessoal para o intrapessoal. Nessa teoria, o
(modelo). desenvolvimento resulta na zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
Moll (1996) explica como o sujeito reorganiza o pensamento que se
Tarefa prescrita do professor e do aluno no manifesta inicialmente, entre as pessoas e grupos de forma tal que os
desenvolvimento no ensino-aprendizagem sujeitos, aos poucos, aumentam seu controle e direcionam o seu próprio
Tarefa prescrita do professor pensamento e relações com o mundo no qual eles sempre se matem
interdependentes.
* apresentar modelo real ou simbólico;
A ZDP compreende a diferença entre o desenvolvimento efetivo e o
* criar um modelo em que as pistas de modelação estejam
desenvolvimento potencial.
presentes;
No desenvolvimento efetivo, o sujeito consegue resolver problemas
* propor um modelo codificado ou que esteja simbolicamente
sozinho, sem qualquer auxílio de outra pessoa ou mediadores externos.
representado;
No desenvolvimento potencial, o sujeito torna-se capaz de resolver
* motivar, premiar, punir, incentivar o comportamento do aluno. problemas mas com o auxílio de outras pessoas ou instrumentos
mediadores externos tais como um professor, pais, colegas, etc.

Conhecimentos Pedagógicos 21

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Para Vygotsky a função da mediação social nas relações entre o * ser amigo do professor e dos outros alunos;
indivíduo e o seu meio ocorre através de “ferramenta” (mediação por * ser participante das reuniões promovidas em sala de aula;
ferramenta), e na atividade física intra indivíduo é feita através de sinais
(mediação por sinais) (Oliveira, 1993). * participar do processo de aprendizagem juntamente com o
professor;
A atividade humana deve ser socialmente mediatisada considerando
a atividade exterior que envolve as relações do homem com a natureza, * assumir o papel de educador;
ou de uma atividade interior que trata da atividade física. Essas atividades * reelaborar os significados que lhes são transmitidos pelo grupo
são socialmente mediatisadas ou instrumentadas e transformadas por cultural;
ferramentas socialmente elaboradas. * criar algo de novo a partir da observação feita nos outros ;
Vygotsky afirma que o homem não age direto sobre a natureza. Ele * interagir com outros alunos.
faz uso de dois tipos de instrumentos em função do tipo de atividade que a
torna possível, considerando o mais simples instrumento a mediação por
“ferramenta” que são elaboradas por gerações anteriores. Elas atuam Avaliação no Processo Ensino-aprendizagem
sobre o estímulo, modificando-o. A ferramenta transforma a atividade. A avaliação do processo consiste na auto avaliação e/ou avaliação
O outro tipo de instrumento mediador são os “sinais” ou símbolos, mútua. A avaliação dispensa qualquer processo formal tais como nota,
que medeiam as ações do sujeito. O sistema de sinais mais comum é a exames, etc. neste processo, tanto o professor como o aluno saberão
linguagem falada. O sinal modifica o sujeito que dele faz uso como suas dificuldades e também seus processos. O professor pode observar a
mediador. O sinal atua sobre a interação do sujeito com o seu meio. evolução da representação do aluno, se ele construiu seu conhecimento
com relação ao que se propõe.
A ferramenta serve de condutora da influência humana na resolução
da atividade, provoca mudanças no objeto. O sinal é um meio da atividade Fonte: http://sebastiaonlima.googlepages.com/teoriasdeaprendizagem-
cap3.pdf
física interna e encontra-se orientado internamente. Ele muda o sujeito e o
sujeito muda o objeto.

WEISZ, Telma. O Diálogo entre o ensino e a aprendizagem.


Papel do professor São Paulo: Ática, 2002.
A função do professor é a de orientar de forma ativa e servir de guia Meu batismo de fogo
para o aluno, de forma a oferecer apoio cognitivo. O professor deve ser
A autora inicia seu livro falando de sua trajetória de formação.
capaz de ajudá-lo a entender um determinado assunto e, ao mesmo
tempo, relacioná-lo ao conteúdo com experiências pessoais e o contexto Tentou entender através da história e da política como era possível
no qual o conhecimento será aplicado. Ele deve também interferir na zona que a maioria da população fosse dominada pela minoria e descobriu que
de desenvolvimento proximal de cada aluno, provocando avanços não a escola tinha um papel central nesta questão.
ocorridos espontaneamente por este aluno. Incomodava-se com a reação natural das mães sobre a repetência
Várias atividades oferecidas devem ser flexíveis, permitindo ajustes dos alunos.
no plano de aula. Com tudo isso se afastou durante os doze anos seguintes da
A intervenção por parte do professor é fundamental para o educação.
desenvolvimento do aluno. Ele deve intervir, questionando as respostas do O que a fez ter um olhar para a educação foi descobrir que o
aluno, para observar como a interferência de outro sujeito atinge no seu fracasso das crianças tinha ligação direta com a escola pública.
desenvolvimento e observar os processos psicológicos em transformação Iniciou seus trabalhos referenciando-se em Emília Ferreiro.
e não apenas os resultados do desempenho do aluno.

Um novo olhar sobre a aprendizagem


Papel do aluno
No início da carreira verificou que eram os professores que
O aluno deve construir a compreensão do assunto que lhe for selecionavam o que era fácil e difícil para os alunos. De acordo com
apresentado. Ele é considerado possuidor de conhecimentos, devendo pesquisas realizadas nos anos 70 por Emilia Ferreiro, Ana Teberosky e
integrar-se ao meio, mas guiado pelo professor. colaboradoras, ficaram evidentes os problemas que a metodologia
embutida nas cartilhas criava para as crianças.
Tarefa prescrita do professor e do aluno no Telma Weisz coloca que como as crianças constroem hipóteses
desenvolvimento ensino-aprendizagem sobre a escrita e seus usos a partir da participação em situações nas
Tarefa prescrita do professor quais os textos têm uma função social de fato, frequentemente as mais
pobres são as que têm as hipóteses mais simples, pois vivem poucas
* manter uma relação amigável com os alunos;
situações desse tipo.
* servir de guia para os alunos;
É importante considerar que todas as crianças têm um conhecimento
* propor um plano de atividades que seja flexível às mudanças; prévio, que antecede sua entrada na escola.
* propor várias atividades, das simples às complexas; É preciso que o professor possibilite ao aluno mostrar o que sabe e
* criar um ambiente que proporcione ao aluno liberdade de expor amplie seus conhecimentos.
suas experiências pessoais, de maneira a associá-las ao conteúdo em Para intervir na aprendizagem dos alunos o professor precisa ter
estudo; clareza das construções que estão por trás da aprendizagem das crianças
* deve preocupar-se com cada aluno em si, com o processo e não teoricamente.
com os produtos da aprendizagem padronizada. Segundo a concepção construtivista todo conhecimento precisa ser
* promover diálogo, oportunizando a cooperação, a união e construído.
organização até alcançar a solução dos problemas; Muitas teorias apareceram sobre desenvolvimento e aprendizagem.
* assumir o papel de educando. Somente a partir da década de 50 a construção de um novo olhar
sobre a aprendizagem começou com Piaget, que apresentou um modelo
Tarefa prescrita do aluno claro do processo geral de construção do conhecimento, abrindo a
possibilidade de se estudar, posteriormente, a construção de
* construir sua própria compreensão dos assuntos em estudo; conhecimentos específicos.
* trazer suas experiências para serem discutidas em sala de aula;

Conhecimentos Pedagógicos 22

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A “teoria de Piaget oferece um modelo epistemológico, do qual é • a organização da tarefa pelo professor garante a máxima circulação
possível extrair consequências de natureza psicológica. A psicogênese da de informação possível;
língua escrita é um modelo psicológico de aprendizagem especificamente • o conteúdo trabalhado mantém suas características de objeto
da escrita. Isso informa o educador, mas a maneira pela qual essas sociocultural real, sem se transformar em objeto escolar vazio de
informações são utilizadas na ação didática pode variar muito, porque significado social.
nenhuma pedagogia responde apenas a um modelo psicológico - embora
a ausência de um modelo psicológico claro resulte num modelo Em todas as áreas do conhecimento se faz necessário organizar
pedagógico ambíguo.” atividades de resolução de problemas.
Durante a alfabetização, aprende-se mais do que escrever Aprender envolve esforço, investimento, e é justamente por isso que
alfabeticamente. Aprendem-se, pelo uso, as funções sociais da escrita, as em cada atividade os alunos devem ter objetivos imediatos de realização
características discursivas dos textos escritos, os gêneros utilizados para para os quais dirigir o esforço de equacionar problemas e tomar decisões.
escrever e muitos outros conteúdos. Estes objetivos não precisam emergir do seu interesse nem devem ser
decididos por eles. Propostos pelo professor constituem parte da própria
A concepção de ensino atualmente relacionado ao construtivismo estrutura da atividade, de tal forma que os alunos possam apropriar-se
chama-se aprendizagem pela resolução de problemas e pressupõe uma tanto dos objetivos quanto do produto do seu trabalho.
intervenção pedagógica de natureza própria, afirma a autora. Este modelo
de ensino reconhece o papel da ação do aprendiz e a especificidade da Outro problema muito visto na escola é o que se refere às produções
aprendizagem de cada conteúdo. Propõe que a didática construa de texto: a redação escolar, um gênero que não existe em nenhum outro
situações tais que o aluno precise pôr em jogo o que ele sabe no esforço lugar além da escola. Geralmente, é um texto sem destinatário, que nunca
de realizar a tarefa proposta. será lido de fato, a não ser pelo professor, com o objetivo exclusivo de
corrigi-lo. Uma produção sem sentido nenhum para o aluno.
O fundamental é que a escola garanta a aproximação máxima entre
O que sabe uma criança que parece não saber nada o uso social do conhecimento e a forma de tratá-lo didaticamente.
Mais do que apontar o erro, o professor precisa pesquisar o motivo Porque se o que se pretende é que os alunos estabeleçam relações
que levou a criança responder determinada questão. entre o que aprendem e o que vivem, não se pode, com o intuito de
O que acontece corriqueiramente é que os professores apenas facilitar a aprendizagem, introduzir dificuldades. Nesse sentido, o papel da
afirmam que o aluno fez errado, desvalorizando a sua tentativa, o seu escola é criar pontes e não abismos.
esforço. Outro aspecto fundamental é que a organização da tarefa garante a
É importante considerar que o conhecimento prévio dos alunos não máxima circulação de informação possível, e informação é tudo aquilo que
deve ser confundido com conteúdo já ensinado pelo professor. É preciso acrescenta.
compreender a perspectiva pela qual a criança enxerga o conteúdo. O centro da aprendizagem está em saber que o conhecimento
Como as crianças vêm de universos diferentes, os conhecimentos avança quando o aprendiz enfrenta questões sobre as quais ainda não
são muito diferentes. Certamente as crianças vindas de um mundo cultural havia parado para pensar.
semelhante ao que é valorizado na escola, já chega com enormes
vantagens em relação às demais.
Quando corrigir, quando não corrigir
O mais importante é que o professor construtivista precisa construir
conhecimentos de diferentes naturezas, que lhe permitam ter claros os A ação pedagógica do professor deve se articular em dois aspectos:
seus objetivos, selecionar conteúdos pertinentes, enxergar na produção 1. Planejamento da situação da aprendizagem e a outra a sua
de seus alunos o que eles já sabem e construir estratégias que os levem a intervenção direta no processo.
conquistar novos patamares de conhecimento. 2. Perceber que o aluno está tomando uma direção que não é
Para compreender a ação pedagógica dos professores é preciso ter ideal para o aprendizado, o professor precisa responder imediatamente.
clareza do que a embasa. Entre elas estão as questões: O modelo tradicional trabalha com a correção.
• qual a concepção que o professor tem, e que se expressa em seus No modelo construtivista, a função da intervenção do professor não é
atos, do conteúdo que ele espera que o aluno aprenda; fazer o aluno substituir o errado pelo certo, mas a de atuar para que os
• qual a concepção que o professor tem, e que se expressa em seus alunos transformem seus esquemas interpretativos em outros que dêem
atos, do processo de aprendizagem, isto é, dos caminhos pelos quais a conta de questões mais complexas que as anteriores, conforme explica a
aprendizagem acontece; autora.
• qual a concepção que o professor tem, e que se expressa em seus Deve ser uma correção informativa. Os erros devem ser corrigidos no
atos, de como deve ser o ensino. momento certo, que nem sempre é o momento em que foram cometidos.
Há o modelo empirista e o construtivista de aprendizagem. A necessidade e os bons usos da avaliação.
O modelo empirista de aprendizagem conhecido como de ‘estimulo- O primeiro aspecto importante para a avaliação é a necessidade de
resposta’, definindo a aprendizagem como ‘a substituição de respostas ter claro o que o aluno já sabe no momento em que lhe é apresentado um
erradas por respostas certas. O conhecimento está “fora” do sujeito e é conteúdo novo, já que o conhecimento a ser construído por ele é, na
interiorizado através dos sentidos, ativados pela ação física e perceptual. verdade, uma reconstrução que se apoia no conhecimento prévio de que
A língua (conteúdo) é vista como transcrição da fala, a aprendizagem se dispõe.
dá pelo acúmulo de informações e o ensino deve investir na memorização. O conhecimento prévio é o conjunto de ideias, representações e
Num modelo construtivista o aprendiz tem de transformar a informações que servem de sustentação para essa nova aprendizagem,
informação para poder assimilá-la. ainda que não tenham, necessariamente, uma relação direta com o
Essas diferenças possibilitam o aparecimento de práticas diferentes. conteúdo que se quer ensinar.
Essa investigação é fundamental porque permite saber de onde vai
partir a aprendizagem que queremos que aconteça.
Como fazer o conhecimento do aluno avançar
Há grande necessidade de avaliar no início do processo.
Para que os alunos avancem em suas aprendizagens é fundamental
que o professor planeje situações onde: Isso é uma característica da relação entre ensino e aprendizagem
vistos numa ótica construtivista. Nela, a informação que o aluno recebeu
• os alunos precisam pôr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre anteriormente como ensino não define o conhecimento prévio, porque
o conteúdo que se quer ensinar, esse constitui toda a bagagem de saberes que o aluno tem, oriundos de
• os alunos têm problemas a resolver e decisões a tomar em função diferentes fontes e que são pertinentes para a nova aprendizagem
do que se propõem produzir, proposta.
Conhecimentos Pedagógicos 23

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
É fundamental o professor ter claro a diferença das atividades para Piaget ocupou várias cadeiras: psicologia, sociologia and história da
aprender e para avaliar. ciência em Neuchâtel de 1925 a 1929; história do pensamento científico
O momento da avaliação serve para saber o que os alunos em Geneva de 1929 to 1939; o Bureau Internacional de Educação de
construíram e se o ensino está alcançando seus objetivos. 1929 a 1967; psicologia e sociologia no Lausanne de 1938 to 1951;
sociologia em Geneva de 1939 a 1952, então psicologia genética e
Talvez, quando uma avaliação aponta que a maioria dos alunos vai experimental de 1940 a 1971. Ele foi o único suíço a ser convidado para
mal é porque o professor não está acertando e precisará rever o seu Sorbonne de 1952 a 1963. Em 1955, ele criou e dirigiu até sua morte o
procedimento. Centro Internacional para Epistemologia Genética.
É importante que os alunos tenham possibilidade de continuar O trabalho de Piaget (1896- 1980) centrou-se no desenvolvimento da
aprendendo em outros espaços escolares, como a recuperação. inteligência infantil, procurando perceber o modo de construção do
A escola que acreditamos ser boa é aquela que respeita e acolhe a conhecimento humano dando origem à Epistemologia genética um dos
diversidade. Esta diversidade está se referindo a diversidade cultural, ramos da psicologia atual.
social e também individual. Analisando os erros cometidos pelos alunos do ensino primário na
Fundamental é compreender a avaliação como parte do processo de realização de testes verificou que estes eram semelhantes, obrigando-o a
aprendizagem explicar o pensamento das crianças com qualidades diferentes do
pensamento do adulto.
O desenvolvimento profissional permanente Sua pesquisa em psicologia desenvolvimental e epistemologia
genética tinha um único objetivo: como o conhecimento cresce? A
Nem sempre a formação inicial dá conta das aprendizagens do
resposta dele reside no crescimento do conhecimento como uma
ensinar.
construção progressiva de estruturas logicamente encaixadas, partindo de
É preciso que haja uma formação permanente, que envolve um significados de menor poder lógico para outros de maior poder lógico,
trabalho de reflexão e estudo por parte do professor. atingindo-se a idade adulta. Portanto, a lógica da criança e o modo de
Na escola, os professores e equipe técnica precisam ser cada vez pensar são inicialmente diferentes daquele dos adultos.
mais responsáveis, coletivamente, pelo resultado do trabalho de toda a A concepção Piagetiana do funcionamento intelectual inspira-se
escola. É preciso que haja uma revisão da estrutura organizacional da fortemente no modelo biológico de trocas entre o organismo e o ambiente.
instituição, um esforço de atualização permanente e de acesso ao A observação da forma pela qual esses organismos se se adaptam ao
conhecimento mais recente que a ciência produz, para iluminar seu ambiente e o assimilam de acordo com sua estrutura levou Piaget a
trabalho, além de um tipo de prática que está se tornando menos conceber o modelo para o desenvolvimento cognitivo.
discursiva e mais consistente: a reflexão sobre a prática.
A vasta produção de Piaget encontra-se em um enorme número de
Um procedimento interessante é a tematização da própria prática. livros, com pouquíssimos trabalhos dedicados a uma visão de síntese do
Trata-se de olhar para a prática de sala de aula como um objeto sistema. A forma de apresentação das pesquisas, com grande ênfase nos
sobre o qual se pode pensar. detalhes metodológicos e em protocolos que mostram instantâneos do
A tematização da prática é um instrumento de formação que vai na processo de produção das respostas acompanhadas de exaustivas
direção contrária à da tradicional visão aplicacionista de formação de discussões, também representam uma dificuldade adicional à leitura. Os
professores. conceitos básicos nem sempre tem uma definição precisa e, mas vão
sendo gradativamente compreendidos a partir da leitura do conjunto de
Na visão aplicacionista oferece-se ao professor um corpo de ideias e trabalho, ou de vários.
conceitos teóricos que se espera que ele aplique em sua prática
profissional. Determinar as contribuições das atividades do indivíduo e das
restrições da natureza dos objetos, na aquisição do conhecimento através
Toda essa análise enriquece o projeto pedagógico. do método experimental, foi a razão que conduziu Piaget à psicologia do
Fundamental a toda escola e professor: desenvolvimento. E o construtivismo seria a solução para o estudo e
1. documentação da prática da sala de aula; desenvolvimento da gênese do conhecimento.
2. reflexão coletiva da equipe da escola em torno dela Uma concepção construtivista da inteligência, como acentua Piaget,
incluiria a descrição e a explicação de como se constroem as operações
Esses aspectos bem estruturados fazem com que o projeto
intelectuais e as estruturas da inteligência, que, mesmo não determinadas
pedagógico esteja a serviço da aprendizagem dos alunos, que é o maior
por ocasião do nascimento, são gradativamente elaboradas pela própria
objetivo das escolas.
necessidade lógica.
Ainda que a indeterminação humana seja pequena por ocasião do
AZENHA, M. G. (2000). Construtivismo: De Piaget a Emília Ferreiro. Série nascimento, Piaget supõe a existência de uma hereditariedade específica
Princípios, Ed. Afiliada, São Paulo, SP. no homem, constituída de seu equipamento neurológico e sensorial que
PIAGET pode impedir ou facilitar seu funcionamento intelectual, mas que não o
Jean Piaget nasceu em Neuchâtel (Suíça) em 9 de Agosto, 1896. explica.
Morreu em Geneva em 16 de Setembro de1980. Filho de Arthur Piaget, Além dessas estruturas biológicas básicas o homem herda também
professor de literatura medieval. Sua carreira científica foi brilhante, uma forma de funcionamento intelectual, ou seja, uma forma de interagir
legando-nos 60 livros e centenas de artigos escritos. com o ambiente, que leva à construção de um conjunto de significados.
Na Universidade de Neuchâtel estuda Ciências Naturais e obtém Esse modo de funcionamento intelectual é permanente e contínuo durante
Ph.D. na Universidade de Zurich desenvolve interesse por psicanálise, toda a vida humana, apresentando algumas características e
deixando a Suíça em detrimento da França. Gasta um ano trabalhando na propriedades. Essa permanência e continuidade fazem dessas
Ecole de la rue de la Grange-aux-Belles uma instituição de meninos criada características verdadeiras invariantes funcionais. O modo humano de
por Alfred Binet e então dirigida por De Simon, que desenvolveram um operar com o mundo serve de estratégias cognitivas constantes, que,
teste de medida de inteligência. Lá, Piaget padronizou o teste de aplicadas a contextos diferentes e cada vez mais amplos, têm como
inteligência de Burt e fez seu primeiro estudo experimental de subprodutos estruturas dinâmicas em permanente mudança.
desenvolvimento mental. A concepção do funcionamento cognitivo em Piaget é a implicação
Em 1921 torna-se diretor de estudos do J.-J. Rousseau Institute em no campo psicológico de um princípio biológico mais geral da relação de
Geneva; Em 1923: casa-se com Valentine Châtenay. Têm três filhos: qualquer ser vivo em interação com o ambiente.
Jacqueline, Lucienne e Laurent, cujo desenvolvimento intelectual da Ser bem sucedido na perspectiva biológica implica a possibilidade de
infância à linguagem foram estudos por Piaget. conseguir um ponto de equilíbrio entre as necessidades biológicas

Conhecimentos Pedagógicos 24

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
fundamentais à sobrevivência e as agressões ou restrições colocadas pelo equilíbrio correspondentes a cada estágio e refere-se sempre à forma
meio à satisfação dessas mesmas necessidades. como se coordenam a assimilação e a acomodação, ou, em outros
Dois mecanismos fundamentais nesta relação, a organização e a termos, às relações entre o sujeito e o objeto.
adaptação constituem as invariantes funcionais de todo ser vivo. Sem a Um dos resultados mais importantes do período sensório-motor é
organização não é possível ao ser vivo ter um comportamento finalista, justamente essa articulação crescente entre assimilação e acomodação.
voltado para a satisfação de suas necessidades biológicas fundamentais. Através dela, essas funções se diferenciam e passam a compor novas
É a organização que dota o ser vivo da capacidade de ter condutas relações.
seletivas, isto é, eficientes do ponto de vista do atendimento das EMÍLIA FERREIRO
demandas fundamentais à adaptação.
Psicóloga e pesquisadora Argentina, radicada no México, fez seu
A adaptação tem duas faces que estão indissoluvelmente ligadas, a doutorado na Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.
assimilação e a acomodação. Ambas são interligadas e nesta inter-relação
no funcionamento, a assimilação e a acomodação são conceitualmente Na Universidade de Buenos Aires, a partir de 1974, como docente,
distintas, opostas e complementares. iniciou seus trabalhos experimentais, que deram origem aos pressupostos
teóricos sobre a Psicogênese do Sistema de Escrita, campo não estudado
A adaptação intelectual, como qualquer adaptação é exatamente a por seu mestre, que veio a tornar-se um marco na transformação do
construção de um equilíbrio progressivo entre o mecanismo assimilador e conceito de aprendizagem da escrita, pela criança.
a acomodação complementar.
Autora de várias obras, muitas traduzidas e publicadas em
Essa invariante funcional está intimamente ligada à organização. A português, já esteve algumas vezes no país, participando de congressos e
adaptação e organização são dois aspectos de uma mesma totalidade seminários.
funcional: a adaptação é o aspecto externo do ciclo no qual a organização
é o aspecto interior. Falar de alfabetização, sem abordar pelo menos alguns aspectos da
obra de Emilia Ferreiro, é praticamente impossível. Ela não criou um
O que define a organização são as relações entre as partes e o todo, método de alfabetização, como ouvimos muitas escolas erroneamente
onde cada operação intelectual é sempre relativa a todas as outras, com apregoarem, e sim, procurou observar como se realiza a construção da
implicações mútuas e significações solitárias. linguagem escrita na criança.
Uma das mais primitivas formas de organização na ontogênese, Os resultados de suas pesquisas permitem, isso sim, que
onde é possível descrever o nascimento da atividade psicológica, é o conhecendo a maneira com que a criança concebe o processo de escrita,
esquema. Este é um conceito também central utilizado por Piaget para as teorias pedagógicas e metodológicas, nos apontem caminhos, a fim os
descrever e explicar a origem e o desenvolvimento da atividade cognitiva. erros mais frequentes daqueles que alfabetizam possam ser evitados,
Assim, como outros construtos teóricos, o conceito de esquema é definido desmistificando certos mitos vigentes em nossas escolas.
de forma fragmentada em muitos trabalhos, sobre tudo nos que se
dedicam à descrição do desenvolvimento inicial da inteligência. O seu livro psicogênese da língua escrita, seu primeiro livro traduzido
no Brasil, representou uma grande revolução conceitual nas referências
Como uma das formas iniciais que demonstram a existência de teóricas com que se tratava a alfabetização até então, iniciando a
organização na atividade do sujeito, o esquema é um quadro assimilador instauração de um novo paradigma para a interpretação da forma pela
que se aplica à realidade. Existem naturezas diferentes de esquema: qual a criança aprende a ler e escrever.
esquemas-reflexos, esquemas de ação e esquemas de representação
que, aplicados à realidade, permitem compreendê-la melhor. Um Nas pesquisas que coordenou existe uma clara integração de
determinado conjunto de esquemas virá a constituir, no futuro objetivos científicos a um compromisso com a realidade social e
desenvolvimento, uma estrutura intelectual. educacional da América Latina. Analisando essa realidade, a autora
demonstra que o fracasso nas séries iniciais da vida escolar atinge de
Embora exista um repertório de esquemas desde os mais simples modo perverso apenas os setores marginalizados da população.
aos mais sofisticados, o que os identifica como esquemas é a existência Dificilmente a retenção ou deserção escolar faz parte da expectativa de
de uma totalidade organizada, unificada por um mesmo significado. uma criança de classe média que ingressa na escola.
O movimento que organiza um esquema é a necessidade de Na contramão de outros estudos teóricos, o objetivo de suas
assimilação: a repetição da conduta aplicada a diferentes objetos leva ao investigações não é a prescrição de novos métodos para o ensino da
aumento da assimilação, à diferenciação do esquema. Cada esquema leitura e da escrita. Muito menos novas formas de classificar dificuldades
assimilativo constitui, em si, um todo analisado detalhadamente por do aprendizado. Ao estudar a gênese psicológica da compreensão da
Piaget. Esses esquemas, no entanto, não permanecem isolados. língua escrita na criança, Ferreiro desvenda a caixa preta desta
A existência de uma organização entre esquemas leva à ideia de aprendizagem, demonstrando como são os processos existentes nos
sistema e traz embutida uma das razões que explicam a própria razão de sujeitos desta aquisição.
desenvolvimento. A compulsão assimilativa, com a consequente extensão As investigações de Ferreiro articulam-se para demonstrar a
e ampliação a aspectos novos do ambiente a serem explorados, indicam a existência de mecanismos do sujeito do conhecimento, que na interação
interação com o ambiente como parte das razões para o desenvolvimento. com a linguagem escrita explicam a emergência de formas idiossincráticas
A existência de esquemas de assimilação cria quadros a partir dos de compreender o objeto. Em outras palavras a criança interpreta o ensino
quais é possível interpretar a realidade. Consequentemente, o que recebe, transformando a escrita convencional dos adultos. Sendo
conhecimento do real deve ser gradual, pois o organismo apenas é capaz assim, produzem escritas diferentes e estranhas. Essas transformações
de assimilar aquilo que seus esquemas de assimilação permitem descritas por Ferreiro são brilhantes exemplos dos esquemas de
conhecer. O acesso ao conhecimento é, pelo já conhecido, onde o novo é assimilação piagetianos.
transformado em velho, como resultado da acomodação. Não há, Na concepção de ferreiro a linguagem atua como uma
portanto, saltos bruscos no desenvolvimento: elementos novos representação, ao invés de ser apenas a transcrição gráfica dos sons
radicalmente diferentes não podem ser assimilados porque a estrutura de falados. O mundo verbal incluindo fala e escrita, é ao mesmo tempo um
uma determinada etapa do desenvolvimento teria que sofrer alterações sistema com relações internas entre ambos os códigos (fala e escrita),
drásticas. onde não há estrita correspondência entre ambos. Além disso, a escrita é
Os mecanismos de transição entre um estágio e outro são definidos também um sistema que relaciona com o real.
por Piaget como eventos de um processo contínuo de equilíbrio, destino No contexto linguístico, as relações entre fala e escrita não são
ou horizonte do desenvolvimento. homogêneas porque a escrita não é o espelho da fala e as relações entre
A busca contínua de equilíbrio está subjacente em todas as letras e sons são muito complexas. Não há regra única que define esta
interações do organismo e do ambiente, particularmente na cognição. relação.
Ainda que seja uma tendência continuamente presente no Do ponto de vista da relação entre mundo verbal e realidade, a
desenvolvimento, o processo de equilibração gera diferentes estados de escrita é um sistema simbólico de representação da realidade. Já a escrita

Conhecimentos Pedagógicos 25

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
alfabética, como é o caso do português, pode ser caracterizada como conteúdos nem a sequência do ensino correspondem sempre aos
representações que se baseiam nas diferenças entre significantes, processos de aprendizagem. É necessário, portanto, saber que existe um
palavras escritas ou faladas. espaço de elaboração do sujeito, mediando ensino e aprendizagem e nem
Apesar dessa distinção, nenhum sistema é inteiramente puro e a sempre há correspondência dos percursos de ambos.
escrita alfabética em português também se utiliza de recursos Conhecer quais são esses processos de compreensão infantil dota o
ideográficos, principalmente na ortografia. alfabetizador de um valioso instrumento para identificar momentos
Um dos principais problemas enfrentados pela criança, para propícios de intervenção nesses processos e da previsão de quais são os
desvendar a escrita é compreender o que as marcas sobre o papel conteúdos necessários para promover avanços no conhecimento.
representam e como se realiza esta representação. Infere-se dessas considerações que o principal componente para
Partindo então destes princípios teóricos, uma concepção de ajudar a promover a aprendizagem da escrita é a capacidade de
linguagem escrita como um sistema de representação e uma concepção observação e interpretação das condutas da criança. É esse o conteúdo
de sujeito da aprendizagem baseado na teoria piagetiana, Ferreiro faz que iluminará a reflexão do professor para conceber boas situações de
uma síntese de suas hipóteses. aprendizagem.
O conteúdo referente ao que a criança quis representar e às Outra contribuição fundamental da psicogênese da língua escrita
estratégias utilizadas para fazer diferenciações e representações, para o alfabetizador é a demonstração de que a aprendizagem da escrita
constituem os aspectos construtivos da escrita, que sofrem uma evolução tem um caráter evolutivo. A descrição dos padrões evolutivos configurados
regular, já constatados como semelhantes em crianças de diferentes pelas hipóteses de aquisição comprova a existência de um
línguas, ambientes culturais e situações de produção. desenvolvimento natural da escrita. Além de exigir grandes elaborações
cognitivas por parte da criança este caminho inicia-se antes do ensino
Do ponto de vista dos aspectos construtivos desta evolução, ferreiro formal que acontece na escola. Cabe aqui uma ressalva: a reflexão sobre
constata a existência de cinco níveis sucessivos, que serão apresentados a escrita é um conteúdo que independe da escolarização para iniciar, mas
na sequência. com a condição de que a criança tenha oportunidade de realizar
Hipótese pré-silábica, os dois primeiros níveis guardam em si uma interações produtivas com o registro gráfico através da observação dos
semelhança fundamental. As crianças nestes dois estágios iniciais de atos de outros alfabetizadores.
evolução não registram traços no papel com a intenção de realizar o A interação com a linguagem escrita que precede a alfabetização
registro sonoro do que foi proposto para a escrita. Estas tentativas infantis formal cria procedimentos letrados que são anteriores a alfabetização.
de representação através da grafia demonstram que a criança não chegou Cabe à escola e ao professor escolher a melhor forma de alfabetizar. No
ainda a compreender a relação entre o registro gráfico e o aspecto sonoro entanto, para que essa escolha seja possível, é preciso que existam
da fala. alternativas que possibilitem decisões.
• Nível 1 – Escrita indiferenciada. Uma das principais características
da escrita pertencente a este nível é a baixa diferenciação existente entre
a grafia de uma palavra e outra. Os traços são bastante semelhantes entre
si. Cotidiano da escola: conselho de clas-
• Nível 2 – Diferenciação da escrita. A característica principal das se, reuniões pedagógicas, planeja-
escritas categorizadas como pertencentes a este nível é a tentativa mento, avaliação e acompanhamento.
sistemática de criar diferenciações entre os grafismos produzidos.
• Nível 3 – Hipótese silábica. Este nível de aquisição é caracterizado
pela emergência de um elemento crucial, ausente nos níveis anteriores: a Gestão Educacional: Tendências e Perspectivas.
criança inicia a tentativa de estabelecer relações entre o contexto sonoro São Paulo: CENPEC, 1999 – Série Seminários CONSED.
da linguagem e o contexto gráfico do registro. A consideração dos
aspectos sonoros da linguagem representa um divisor de águas no A GESTÃO DA POLÍTICA EDUCACIONAL COMO POLÍTICA SOCIAL
processo evolutivo. A estratégia utilizada pela criança é atribuir a cada Bernardo Kliksberg
letra ou marca escrita o registro de uma sílaba falada. É este fato que Na América Latina, a educação atualmente está no centro do cenário
constitui a hipótese silábica. histórico e político tanto em termos de expectativa da opinião pública
• Nível 4 – Hipótese silábico-alfabética. As alterações a que nos quanto em termos de decisão.
referimos vão sendo feitas pontualmente, em alguns segmentos da escrita Na última reunião de presidentes de todo continente latino os dois te-
e não em outros dentro da mesma palavra. Esta seria a utilização das mas centrais foram o do comércio exterior e a integração comercial e o
hipóteses silábicas e alfabéticas da escrita, que, por serem utilizadas ao tema da educação.
mesmo tempo, caracterizam a escrita silábico-alfabética. É um momento Como resultado, um plano de médio e longo prazos para ser realizado
de transição, em que a criança, sem abandonar a hipótese anterior, ensaia em matéria de educação.
em alguns segmentos a análise da escrita em termos dos fonemas.
Segundo o autor, são três grandes pontos de reflexão: primeiro, o fato
• Nível 5 – Hipótese alfabética. Neste estágio a criança já venceu de a educação estar no centro do cenário significa uma oportunidade. Em
todos os obstáculos conceituais para a compreensão da escrita, cada um segundo, que a educação não se esgota em sua própria dinâmica, mas é
dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a parte de um contexto social. Em terceiro lugar, é necessário renovar a
sílaba e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das gestão.
palavras que vai escrever.
Kliksberg ressalta que sua exposição estará concentrada nesses três
O que a criança terá alcançado aqui não significa a superação de aspectos: em primeiro lugar, a educação como oportunidade; em segundo
todos os problemas. Há o alcance da legibilidade da escrita produzida, já lugar, as restrições ao cumprimento das metas que pleiteamos para o
que esta poderá ser mais facilmente compreendida pelos adultos. No campo educativo e que derivam da realidade latino-americana. E, em
entanto, um amplo conteúdo ainda está para ser dominado: as regras terceiro e último lugar, a questão da gerência, da gestão educativa, em
normativas da ortografia. algumas chaves de desenvolvimento inovador que surgem para o futuro
Os mecanismos de construção exibidos pelas crianças durante o em matéria de educação.
processo de aquisição da escrita são os mesmos já observados por Piaget Segundo ele, para uma boa gerência é necessário iniciar-se por uma
na análise sistemática da aprendizagem de outros domínios. boa análise de contexto; se não, não existe uma boa gerência.
Poderíamos dizer que a apreensão da realidade através do Inicialmente o autor faz uma abordagem histórica da educação. Se-
conhecimento constitui uma luta entre os receptores intelectuais do sujeito gundo ele, a educação sempre teve legitimidade moral. A educação tem
e as propriedades especiais das coisas a serem aprendidas. O que as legitimidade política, obviamente.
crianças aprendem não coincide com aquilo que lhes é ensinado. Nem os

Conhecimentos Pedagógicos 26

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Para que uma sociedade democrática possa funcionar os seus cida- A Venezuela tem 70% da população abaixo da linha de pobreza, se-
dãos precisam ter acesso aos elementos educativos. gundo cifras oficiais; no Equador são 60%; no Peru chega aos 50%; na
A educação tem atualmente legitimidade macroeconômica e isso se Grande Buenos Aires, na Argentina, 1 de cada 5 crianças, segundo as
agrega às outras legitimidades. cifras oficiais, está desnutrida atualmente.
O autor é dirigente do Instituto Interamericano de Desenvolvimento Outro problema é a discriminando das crianças e das mulheres.
Social do BID em Washington, o que o coloca no centro de uma discussão Quando o autor cita as crianças, está se referindo as crianças de rua,
de como se faz o desenvolvimento. Existem alguns pontos relevantes ou mesmo crianças menores de 14 anos que estão trabalhando.
nessa discussão como, por exemplo, um documento apresentado pelo Na condição da mulher existe um salto grande, porém na assembleia
economista-chefe do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, que se chama "Além geral da OEA, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos apresen-
do Consenso de Washington". tou um quadro alarmante sobre a violação dos direitos da mulher.
Neste documento propõe-se que devemos ir além do tipo de propos- Um terceiro ponto refere-se ao alto índice de desemprego. Segundo da-
tas macroeconômicas que foram realizadas no início dos anos 80, é dos recentes, a taxa de desemprego subiu assustadoramente em países
preciso revisar, porque houve coisas que não funcionaram e dentre elas, como Argentina, Venezuela, Brasil e México, sendo a única exceção o Chile.
os componentes sociais.
A sobrevivência de muitos vem sendo feita através da economia in-
Existe uma coincidência sobre o assunto: é preciso revisar o peso formal.
macroeconômico daquilo que se chama capital humano e daquilo que se
chama capital social. Um quarto problema refere-se as dificuldades em termos de educa-
ção. A taxa de evasão para toda a região de instituições da América Latina
Com isso, a taxa de crescimento econômico estaria determinada em está em torno de 50% de crianças.
dois terços pelo capital humano e pelo capital social e em apenas um
terço por aquilo que se convencionou denominar formas tradicionais de O quinto problema são os chamados novos pobres, segundo coloca o
capital, e que se refere ao capital financeiro, ao capital comercial, aos autor.
bens e ativos fixos, às infra-estruturas, etc. São as classes médias que estão desaparecendo nos últimos anos.
O autor explica que capital humano significa a população de um país: Calcula-se que 50% da classe média venezuelana desapareceu nos
sua nutrição, sua saúde e sua educação. últimos 15 anos.
Ressalta que nos últimos 50 anos de história do gênero humano, as O sexto problema é que isto vem afetando a unidade familiar na Amé-
sociedades que mais cresceram em forma consistente, ao longo de perío- rica Latina, o aspecto espiritual e moral, as bases de sustentabilidade do
dos de média e longa duração, foram sociedades que fizeram grandes capital humano, em resumo, o aspecto macroeconômico.
investimentos sustentados em capital humano e em capital social. Existem alguns estudos na área da educação, que sugerem pelo me-
Toffler, por sua vez, ressalta que a economia tenderá a crescer base- nos quatro variáveis que têm a ver com a família, basicamente: o tipo de
ada em conhecimento, e diante disso, ele as denomina de sociedades de organização do núcleo familiar, o capital sócio-educatívo que os pais
conhecimento. aportam, o tipo de localização da família na estrutura social e o grau de
confinamento influem grandemente no rendimento.
Lester Thurow diz que o século XXI será um século de conhecimento
intensivo e a diferenciação entre as sociedades será pelo conhecimento O estudo do Banco Mundial, de avaliação do EDUCO, relaciona o
rendimento escolar, juntamente com o sistema escolar, aos elementos
Em resumo, tanto no nível pessoal como no organizacional, a educa- familiares; entre outros, o número de irmãos da criança de que se trata e,
ção faz a diferença. evidentemente, o acesso à eletricidade, a água potável e a saneamento
As ideias de que o conhecimento é o pilar de tudo no mundo atual não básico.
foi de Toffler ou Thurow, mas são hipóteses que podem ser provadas na O autor comenta sobre um estudo feito no Uruguai, com pesquisa de
realidade. estudos de campo, que relaciona rendimento escolar com a extração
Nomes como Stiglitz, ou Sen, destacados no mundo atual da econo- social das famílias e apresenta a hipótese de que, medindo-se conquistas
mia, afirmam que é imprescindível que haja crescimento econômico, educativas da geração anterior e da geração seguinte, é tão importante o
estabilidade, competitividade e produtividade. peso da influência familiar que a geração seguinte não consegue romper
Em Washington aconteceu uma importante reunião, aberta por Hillary as conquistas educativas limitadas da geração anterior, isto é, uma família
Clinton, cujo tema era não há investimento mais importante do que a com insuficiências educacionais muito severas, diz o estudo, vai reprodu-
educação de meninas. Como conclusão: se conseguíssemos aumentar zir essas insuficiências educacionais.
em mais um ano a escolaridade das meninas, estaria sendo reduzida a O sétimo ponto é o aumento da criminalidade. Atualmente, a crimina-
mortalidade infantil, seriam aumentados os conhecimentos sobre a pre- lidade na América Latina é de 30 homicídios para cada 100 mil habitantes.
venção de gravidez na adolescência, ao melhor tratamento no período de Ou seja, é seis vezes maior que o índice de criminalidade moderada que
gestação, etc. existe nos países nórdicos, como a Holanda e a Bélgica.
A América Latina tem passado por inúmeras mudanças nos últimos Segundo um estudo recente, existe relação muito estreita entre jovens
20, 25 anos e a seguir serão enumeradas algumas estatísticas sobre o e criminalidade na América Latina. A criminalidade é cada vez mais jovem
assunto. o que coloca em primeiro plano o problema da educação.
Atualmente, segundo o autor, são oito os problemas-chave no campo O relatório anual do BID deste ano vai se chamar “América Latina; ter-
social, na América Latina. ra de iniquidade”.
O primeiro problema é o incremento absoluto e relativo da pobreza, Segundo o autor, fazer educação em sistemas altamente não equitati-
sem contar que há dificuldades metodológicas muito grandes para medir vos não é a mesma coisa que faze-lo em sistemas com iniquidade média,
pobreza. ou com baixa iniquidade.
Um relatório muito importante, preparado por uma comissão de per- A América Latina sempre foi desigual. A disparidade entre o número
sonalidades da América Latina, presidida pelo ex-presidente democrático de ricos e pobres é muito grande.
do Chile, encomendado pelo BID e o sistema das Nações Unidas, diz que No Brasil, o FUNDEF está procurando agir justamente sobre os pro-
41% da população da América Latina sofrem de algum grau de desnutri- blemas das desigualdades, buscando tratar de igualar qualidade e favore-
ção e estima que metade da população está abaixo da linha da pobreza. cer as zonas mais pobres.
A desnutrição é uma das suas formas de expressão da pobreza. Outro ponto importante refere-se a gestão educativa, que é a descen-
Em uma população de cinco milhões de crianças de até 5 anos de tralização.
idade da América Latina, um terço tem hoje uma altura menor do que a Segundo o autor, todos entendemos as vantagens de descentralizar,
que deveria ter devido a carências alimentares. em termos de aproximação à comunidade, de possibilidades de abertura,

Conhecimentos Pedagógicos 27

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
de condições na comunidade, para que a comunidade intervenha significa- Quando se analisa o ocorrido na América Latina nas últimas duas dé-
tivamente. cadas, podemos ver que a região optou por uma sequência de mudanças
No entanto é um caminho difícil. que priorizou a reforma institucional. Optaram primeiro pela reforma
institucional, pela reformulação institucional da educação.
Existe um relatório recente do Banco Mundial sobre a experiência de
descentralização em uma quantidade muito grande de países em todas as Segundo o autor, a reforma institucional devia ser a prioridade por seu
regiões do mundo. Em todos os países, dizem eles, há conquistas impor- alto grau de fecundidade no sentido de que começando pela reforma
tantes e há retrocessos e há problemas muito significativos. institucional logo podemos ter critérios e alguma base mais concreta a
partir da qual definir as mudanças em outras áreas como currículo, como o
Neste relatório do Banco Mundial é citada como uma das opiniões problema da formação dos professores, o equipamento das escolas, as
significativas a de Ricardo Lagos, quando ministro da Educação do Chile, medidas de compensação, etc.
resumindo sua experiência nesse campo. Ele diz que “é preciso ter cui-
dado: se descentralizar é fazer que as escolas mais pobres e que as Ressalta que é muito diferente definir o currículo para uma adminis-
crianças mais mal atendidas continuem reproduzindo essas característi- tração centralizada ou para uma descentralizada; é muito diferente definir
cas, ou seja, que se repita todo o quadro de iniquidade que caracteriza a formação de professores que vão seguir diretrizes ditadas pela adminis-
nossos sistemas educativos, então vamos estar reforçando isso. O que tração, de formá-los com autonomia para definir conteúdos, métodos de
temos é que encontrar modelos organizacionais que nos permitam efeti- trabalho, projetos institucionais, etc. é muito diferente definir o papel e a
vamente atacar os problemas. Descentralização não é uma palavra mági- formação de um diretor de escola, se a estrutura é centralizada ou des-
ca, é um instrumento poderoso e potente, mas tem que ser guiado por centralizada, ou seja, a reforma educacional foi considerada como priori-
objetivos indicados e por modalidades efetivas, de tipo organizacional dade em termos dessa sequência de mudanças educacionais.
adequadas a isso”.(pág. 34) A reforma institucional foi considerada prioridade em um momento em
Um estudo recente diz que a supervisão deveria deixar de ter sua ca- que a preocupação não era tanto melhorar a qualidade do ensino quanto
racterística autoritária e passar a ter característica de ajuda e cooperação, realizar um ajuste estrutural e reduzir o déficit fiscal no orçamento dos
o que tem a ver, por outro lado, com gerência avançada em termos de estados.
manejo de uma organização. A reforma institucional estava associada à contenção de despesas.
Para o autor, gestão educativa avançada quer dizer mudar a cultura Nos anos 90, esse início de reforma educacional baseada em reforma
organizacional no campo educativo. Nossas organizações são cópias, no institucional vinculada à contenção de despesas e queda de investimentos
nível central e no nível de escolas, têm uma cultura organizacional buro- começou a ser superada.
crática, vertical e autoritária e a cultura organizacional própria da América Mesmo em países de tradição descentralizadora, como os saxônicos,
Latina em todos os campos. existe a necessidade de buscar-se objetivos nacionais, padrões nacionais.
Acredita-se na hierarquia, na verticalidade e nos sistemas de funcio- Nos países centralizados, houve a descentralização e, com isso, a
namento tradicionais baseados em manuais de normas, distribuições de necessidade de definir conteúdos mínimos, currículos básicos para todos,
cargos, memorandos, etc. de tal maneira que a descentralização e a autonomia não provoquem a
Temos que ver como avançamos para mudar cultura organizacional pulverização, a ruptura da função clássica da educação, que é promover a
no campo educativo. Em princípio, a gestão educativa avançada tem a unidade nacional.
ver com avaliação. A conferência mundial de educação para todos, na Tailândia, convo-
Diante do fato de que para modernizar-se não há outra possibilidade cada pelos grandes organismos internacionais, foi o momento culminante
senão excluir, a educação, segundo o autor, significa abrir para todos, não da ideia de que a educação seja responsabilidade de todos, e não apenas
excluir: a educação é essencialmente inclusão. de um setor, do governo ou de algum segmento da sociedade - é respon-
sabilidade de todos.
DISTRIBUIÇÃO DAS RESPONSABILIDADES
Segundo o autor, no final da conferência, era possível definir e cons-
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS truir novas alianças em matéria de educação.
Juan Carlos Tedesco Em matéria de educação, é entre o fundamentalismo autoritário e o
O autor inicia afirmando que as reformas educacionais estão ocorren- mercado individualista, que se deve construir os acordos e negociações
do em praticamente todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvi- que permitam definir objetivos nacionais.
mento. Nessa fase, segundo o autor, precisamos resgatar a dimensão políti-
Alguma transformação educacional está sendo buscada, porque, no ca, pois o que há em comum entre mercado e fundamentalistas é que
fundo, ninguém está feliz com a oferta educacional de que se dispõe, ambos desprezam a política. Não há negociação, não há acordo, não há
mesmo os países mais bem-sucedidos. entendimento, não há necessidade de colocar as propostas para serem
Tedesco afirma que muitas lições têm sido aprendidas. A primeira de- discutidas.
las é que os processos transformadores, as reformas educacionais, são, No caso do mercado, libera-se tudo aos lobbies e ao direito de cada
ou devem ser, sistêmicas. Isto é, que não é possível mudar a educação grupo de se apropriar de uma parte da distribuição educacional e no caso
alterando apenas um aspecto e deixando intacto o restante. do fundamentalismo, também não há política, uma vez que só existe um
Para ele, as reformas educacionais devem ser sistêmicas, ou seja, agente que decide, e os demais são eliminados, ressalta o autor.
devem afetar o conjunto de variáveis. Isto não significa que devamos ou O consenso e o acordo exigem que se esclareçam as reivindicações
possamos alterar tudo ao mesmo tempo, porque essa é a maior crítica aos de cada um, que se discuta e negocie.
enfoques sistêmicos. O grande desafio das reformas sistêmicas é definir Com relação ao entendimento há pelo menos dois aspectos a serem
uma sequência de mudanças. E essa definição é a tarefa mais complexa desenvolvidos no futuro e que colocam problemas a serem resolvidos.
de todo o processo de transformação educacional.
O primeiro é o problema da representação, ou seja, quem participa
Segundo o autor, talvez um dos problemas que exista nos processos das negociações e quem representa quem. Este é um problema grave,
de transformação educacional atualmente em marcha em nossa região é pois não existem organizações como eram os sindicatos no capitalismo
que têm sequências muito semelhantes. Tentam aplicar a mesma se- tradicional, que representem os explorados.
quência de mudanças, independentemente do contexto social, cultural,
econômico, político ou educativo da região. O segundo problema é entrar em um acordo sobre os objetivos a se-
rem alcançados, mas o problema é concordar sobre as estratégias para
O desafio fundamental é definir uma sequência de mudanças que seja alcançá-los.
adequada e considerar que definir essa sequência de mudanças não é
uma tarefa exclusivamente técnica, mas há uma série de decisões de Esses dois problemas, da representação e da discussão sobre objeti-
caráter político e econômico. vos e estratégias, são duas das dificuldades que os processos de enten-

Conhecimentos Pedagógicos 28

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
dimento enfrentam e para as quais não há soluções que funcionem em Na Escócia são 33 os indicadores de desempenho. Em primeiro lugar
qualquer contexto. está o currículo e o apoio às pessoas.
Outro eixo das funções da administração central é a avaliação de re- Quando os inspetores visitam as escolas usam os mesmos indicado-
sultados. São muitos os avanços nesta área, incorporando a cultura de res.
avaliação a nossos estilos de gestão. Segundo a autora, a Escócia tem diretrizes, e as escolas são solicita-
Segundo o autor, pelo menos três novos problemas se destacam en- das a segui-las, mas, se elas não as seguem, isto aparecerá no relatório.
tre os que estão surgindo nos sistemas de avaliação de resultados. Há diretrizes para todas as áreas: linguagem, matemática, meio am-
Dentre eles cita uma necessidade crescente da avaliação de resulta- biente, etc.
dos não diretamente cognitivos. Se uma criança não pode ser colocada em uma escola, no curso ade-
Outro aspecto é o de aperfeiçoar o uso da informação obtida por es- quado para a sua idade, então o conselho não está cumprindo a lei de
ses sistemas de avaliação de resultados para a tomada de decisões educação, explica a autora. Precisamos dar educação a todos. E a lei
E finalmente o papel da administração central, que é o da compensa- indica que tem de ser uma "educação eficiente", o que significa que deve
ção de diferenças. A medição deve indicar onde os resultados não são ser uma educação de acordo com as necessidades do novo século e
satisfatórios e onde se faz necessária a atuação do Estado, central ou também as do indivíduo, destaca Currie.
local. As escolas realizam sua própria avaliação, porém muitos professores
Na América Latina, a compensação de diferenças é muito importante. consideram isto difícil. Agora, estão sendo dados cursos de apoio aos
professores sobre como devem utilizar os 33 indicadores de desempenho.
Por isso, esse é um tema crucial para toda a administração educativa O Comitê de Educação, por sua vez, produz um relatório sobre como a
atualmente. escola está utilizando o relatório "Qual é o desempenho da nossa escola".
Existe um diálogo contínuo com os professores.
A REFORMA EDUCACIONAL NA ESCÓCIA E Todos os que atuam a nível educacional na Escócia precisam con-
SEU IMPACTO NA QUALIDADE DO ENSINO. vencer aos seus superiores que realmente são os melhores. Para tanto, o
Eleanor Currie ambiente da escola tem que ser bom, a educação, o ensino, a aprendiza-
A autora é diretora de Educação do Conselho East Renfrewshire, na gem, têm que ser os melhores.
Escócia, cargo que seria equivalente a um posto de nível de governo no Se a pessoa é um diretor de escola na Escócia precisa estabelecer
Brasil. objetivos.
Segundo ela, sua função é proporcionar serviços de educação sobre A autora disse ter ficado interessada em saber que no Brasil a assi-
tudo o que se refere a escolas, educação superior, comitês de educação e duidade não é problema e que as crianças gostam de ir à escola, “e isso é
serviços, tendo que determinar políticas. admirável porque isso nem sempre é o caso em algumas cidades do meu
Sobre a Escócia, afirma ser um país pequeno, com uma população de país. Na Escócia temos um problema com os meninos que obtêm resulta-
5,5 milhões de pessoas. dos menores que os esperados na faixa de idade de 12 a 15 anos; depois
A Escócia tem um sistema universal de educação desde 1560. começam a melhorar. Estudamos essa situação e estamos procurando
formas de fazer uma pesquisa nos Estados -Unidos, na Universidade de
Desde o século 16, existe uma escola em cada vila e em cada cidade Nebraska. Há muitas evidências de que os garotos não têm prazer em ler.
e quando se tem um sistema tão tradicional são difíceis as mudanças. Isso é um problema porque o fato de gostar de ler abre muitas portas
Nos últimos três anos, o governo britânico, que na época era um go- quando uma criança tem doze, treze ou quatorze anos. Estamos cuidan-
verno conservador, decidiu que a Escócia deveria ser totalmente reorgani- do deste problema com uma campanha que está sendo realizada na
zada. Escócia neste momento”.(pág. 64)
Na ocasião, a Escócia tinha oito conselhos regionais e em um período Em resumo, além de apresentar o plano de desenvolvimento e a for-
de um ano, passou a ter 32 unidades ou conselhos. ma como pretende utilizar o dinheiro, a pessoa tem de fazer uma projeção
A autora informa que as escolas da sua área controlam 92% do orça- sobre os resultados das provas.
mento, que é de 49 milhões de libras ao ano. Para diminuir os efeitos da variação anual, os objetivos devem estar
As escolas são autônomas, mas já que controlam o dinheiro, também baseados na média dos resultados obtidos nos três últimos anos.
são responsáveis pelas suas ações. Na Escócia existem escolas em áreas privilegiadas, áreas muito ricas,
A autora fala sobre os três níveis de poder na Escócia. enquanto outras estão em áreas pobres. Há famílias na Escócia em que
ninguém trabalhou nas três últimas gerações. Levantar-se de manhã e ir
O governo escocês cuida da política nacional. O nível seguinte é o ní-
trabalhar é um fato desconhecido para muitas crianças na Escócia.
vel de conselho.
A metade da minha área avalia a autora, está nessa situação, e a ou-
O nível seguinte é a escola.
tra metade é muito rica. Portanto, eu preciso manter essas duas partes
A escola de Currie é um prédio muito antigo, com 1.300 estudantes de juntas e ter políticas que elevem os padrões de todos ao mesmo tempo,
11 a 18 anos e considerada uma excelente escola. salienta Currie.
A administração é do governo escocês, com a Inspeção Real de Es- A Escócia é um país que sempre teve um sistema educacional, e pra-
colas. ticamente todos sabem ler e escrever.
Os professores dão muita importância às inspeções na escola porque Na Escócia, se um pai está no seguro-desemprego, o filho tem refei-
através delas o progresso da escola pode ser reconhecido por todos. ções grátis na escola.
A Inspeção Escolar é o organismo que aconselha a Secretaria de Es- O governo escocês possui dados em seus computadores dos últimos
tado da Escócia. É o órgão oficial que proporciona consultoria. três anos em relação ao desempenho de todas as pessoas no País. Com
O Governo escocês possui dois documentos. O primeiro deles deno- isso fica fácil determinar as crianças que precisam de refeições grátis nas
mina-se "Qual é o desempenho da nossa escola", e é um documento de escolas.
auto-avaliação. Todas as escolas da Escócia têm um. A Escócia, por ser A autora conclui afirmando que o sistema educacional na Escócia é
um país pequeno, permite que todos trabalhem com os mesmos meca- muito forte, mas são necessários planos para dar prosseguimento a tudo
nismos. Os mesmos indicadores de desempenho são utilizados por todos, isso.
tanto por um professor na sala de aula, quando por um diretor.
O outro documento intitulado: “Elevando os padrões das escolas”, tra- INOVAÇÕES EDUCACIONAIS NA
ta do resultado do processo de ensino e da avaliação dos resultados da GESTÃO EDUCACIONAL DE PORTUGAL
aprendizagem dos alunos. Ana Maria Benavente da Silva Nuno

Conhecimentos Pedagógicos 29

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A autora é secretária de Estado da Educação e Inovação de Portugal. Os instrumentos do processo de autonomia são três: o projeto educa-
Segundo ela, Portugal é um país muito centralizado, com cinco dire- tivo, o projeto educativo para três anos e o regulamento interno.
ções regionais de educação que se chamam serviços desconcentrados, A concessão de autonomia, gestão e administração das escolas
ou seja, que não têm qualquer autonomia, com uma divisão de competên- acompanha outro conjunto de medidas políticas e cria a revisão curricular
cias muito controlada. do ensino básico e secundário, que, entre outras medidas, prevê horas de
Os níveis de instrução são fracos, pois até 1974 muito pouco se in- estudo acompanhado, inscritas no horário de alunos e professores, no
vestiu na educação. horário letivo, horas de projeto interdisciplinar com dimensões de articula-
ção entre saber e intervenção na área ambiental, do patrimônio, da edu-
A escolaridade é obrigatória desde 1976, com ensino secundário de cação sexual, tudo o que é formação para a cidadania, em um sentido
três anos. amplo, está inscrito no horário dos alunos e dos professores.
A rede escolar é bastante desigual, pois existem escolas com 6 mil Quanto ao regulamento interno das escolas, deve também contemplar
alunos e outras com dois, três ou quatro alunos. tudo o que diz respeito às regras de vida e à disciplina na escola.
Em Portugal, é sempre o ensino superior que faz negociação e mani- A autonomia, gestão e administração é um processo acompanhado e
festações, e o pré-escolar e o ensino básico acabam sendo um investi- apoiado por uma unidade com direção política, coordenada pelo poder
mento pouco visível. central.
A autora afirma que no que diz respeito ao financiamento, “assumi- Na questão da avaliação ainda existem muitos problemas, tendo em
mos a responsabilidade de aumentar 1% do produto interno bruto para a vista a desigualdade do país.
educação, durante os quatro anos deste mandato, e temos 6% do produto
interno bruto atualmente investido na educação. Mas esse orçamento, o Todo o processo tem muitas dificuldades, mas existe uma palavra: es-
maior ministério, o orçamento maior de todo o governo, tem 96% para tratégia, que é capaz de conseguir um consenso em vários aspectos.
pessoal”.(pág. 71) Foram criados incentivos à fixação de professores, salas onde há pro-
Segundo a autora, foi neste contexto que se fez da autonomia e ges- fessores disponíveis, de modo a conversar sobre o que os alunos quise-
tão das escolas um dos eixos estruturais da política educativa e baseado rem, e com isso foi lançado um programa que apóia e divulga as boas
nisto foram elaborados alguns documentos base que são importantes. práticas, com a estratégia do reconhecimento e valorização do trabalho
bem feito e dos trabalhos inovadores.
O primeiro foi o pacto educativo - Pacto Educativo para o Futuro - que
hoje já está estabelecido com muitos parceiros, com os pais, com os
municípios. FORMAÇÃO DE GESTORES
O pacto educativo era considerar que algumas orientações não po- REFERÊNCIAS BÁSICAS PARA A
dem estar dependentes de um governo ou de um partido no governo. São FORMAÇÃO DOS GESTORES EDUCACIONAIS
processos muito longos, muito lentos, que exigem um consenso, e não é Ana Luiza Machado
possível trabalhar quatro anos em um sentido e depois trabalhar outros
A autora apresenta algumas ideias sobre a descentralização e às mu-
quatro em sentido contrário.
danças que ocorrem com relação à capacitação dos gestores educacio-
Foram inaugurados documentos orientadores, um para cada setor, nais.
para o básico, para o secundário e para o superior, e estes documentos
Faz uma reflexão sobre esse novo gestor.
são pioneiros, porque têm um diagnóstico e depois o que queremos,
aonde queremos chegar, o que vamos fazer e o que já está a ser feito, Machado cita dois tipos de gestor: o gestor de sistema educacional e
explica a autora. o gestor de escola - o diretor.
Com relação à gestão educacional, a autora cita alguns princípios que A tendência à descentralização é uma tendência mundial que recebe
considera indispensáveis. vários nomes.
O primeiro é o seguinte: nunca separar administração e pedagogia; Recebe o nome de descentralização, de desconcentração, de auto-
nunca separar gestão das escolas e organização das práticas de ensino e nomia, de auto-gestão, de delegação de poderes, etc.
aprendizagem. Todas essas são formas de dizer a mesma coisa, que é a de passar à
O segundo princípio é que a gestão das escolas não é um fim em si comunidade escolar a responsabilidade de conduzir os destinos da edu-
mesmo, é sim uma condição para a qualidade das aprendizagens. cação.
O terceiro princípio é que não há modelos únicos nem uniformes de É uma tendência muito mais de centrar-se nos resultados do que no
gestão educacional. processo. Esse processo de descentralização é um processo que aconte-
ce em todos os setores.
O quarto princípio é que qualquer matriz de gestão educacional deve
ter no centro escola e redes de escolas visando à construção da autono- Muitos países descentralizaram somente até o nível do município. Is-
mia. so não gera uma mudança substancial porque a escola continua fazendo
as mesmas coisas, só que comandada por outro nível do sistema educa-
O quinto princípio é que a autonomia da escola tem de se integrar em
cional.
um processo de territorialização, ou seja, as escolas devem se inscrever
nos territórios sociais, culturais e geográficos, naturalmente, e elaborar os Na Cúpula das Américas, em Santiago do Chile, duas linhas de
seus projetos em função das suas realidades. ações, das sete finais tratam da descentralização.
O sexto princípio é que o processo de centralização da vida educativa Segundo a autora, a descentralização não é abandono e, por isso, ela
nas escolas exige a redefinição de competência em nível central, regional exige ação diferenciada dos gestores dos sistemas educacionais no nível
e local e a descentralização de competências ate hoje centradas no esta- de sistema e da escola.
do. Os gestores de sistemas de ensino passam a ser muito mais orienta-
O sétimo princípio é que a autonomia da escola não se decreta, mas dores das escolas e por isso precisam ser capazes de definir a política
constrói-se e aprende-se, e aqui a formação tem um papel central. educacional, as metas.
O oitavo princípio e que a gestão educativa supõe um modelo de re- Outro papel é o de garantir recursos suficientes para a educação.
gulação que se baseia em um controle de conformidade com os objetivos Outra competência seria a de definir indicadores e produzir dados ne-
e finalidades da ação educativa. cessários ao estabelecimento de uma política educacional.
Segundo Silva Nuno, existem pontos fortes no novo regime de auto- Os gestores do sistema educacional precisam treinar os diretores de
nomia, gestão e administração das escolas. escola.
Um primeiro ponto, segundo ela, é o incentivo, porque não é iniciativa Um outro papel dos gestores do sistema educacional é incentivar a
do governo, é iniciativa dos municípios. sociedade civil e a comunidade educacional a participar da educação.

Conhecimentos Pedagógicos 30

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O diretor de escola, nesse novo contexto de descentralização passa a A terceira, com a capacidade para acatar visões dominantes, respeitar
ter muito mais liberdade para seguir seu caminho na busca da qualidade a dignidade das visões minoritárias e proceder à identificação dos fatores
de ensino. que nelas influem.
Os diretores têm que gerenciar a entrega do currículo básico nacional A quarta é a capacidade de construir visões compartilhadas baseadas
e a definição e entrega do currículo de interesse específico da comunida- em princípios fundamentais que comprometem os sujeitos além dos
de local. interesses conjunturais.
O diretor precisa então ser capacitado para esta função executiva. A modalidade de valor implica quatro habilidades.
Um dos problemas da descentralização é o medo da perda do poder A primeira é o apreço pelo autoconhecimento como base da auto-
por parte dos órgãos centrais e o medo de receber o poder por parte das realização.
escolas. A segunda é o apreço pela aprendizagem organizacional da equipe
A autora ressalta que deve ficar muito claro que os órgãos centrais, de gestão.
com a descentralização, não perdem o poder. A terceira é o apreço pela cultura e pela história, tanto da comunidade
Para ela, a descentralização só tem sentido se levar à mudança na escolar quanto da comunidade em geral.
sala de aula. A quarta é o apreço pela liberdade e singularidade de cada indivíduo
dentro da organização ou da coletividade.
DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIAS HEURÍSTICAS PARA A teoria sobre a formação docente que o autor apresenta baseia-se
A FORMAÇÃO DE NOVOS GESTORES EDUCACIONAIS NO MÉXICO. na experiência do estado mexicano de Chihuahua, em 1996.
Armando Loera Varela A instância do governo estatal encarregada de traçar e executar o
O autor analisa as habilidades que devem ser desenvolvidas nos ges- processo foi a Coordenação de Pesquisa e Desenvolvimento Acadêmico
tores educativos dentro da perspectiva de gestão escolar que está surgin- (CLYDA), que foi constituída especialmente para esse fim.
do em nossos sistemas educativos. A CLYDA está composta tanto por membros do magistério quanto por
Segundo ele, são cinco os princípios da gestão escolar. São eles: pesquisadores e outros profissionais. A equipe de gestão escolar da
CLYDA em si mesma representa uma amostra típica do magistério local,
- A unidade fundamental para a análise e para a intervenção do
de suas perspectivas, sua cultura e suas habilidades normais.
sistema educativo é a escola. Depois de explorar diversos âmbi-
tos de intervenção, a gestão escolar enfoca a escola como uni- Segundo o autor, pretendeu-se recriar um ambiente de "tanque pen-
dade organizacional, social e cultural; seus processos de deci- sante" que permitisse que professores típicos de educação básica desen-
sões e ações; as relações entre seus atores e sua capacidade pa- volvessem uma perspectiva diferente de gestão escolar sob o princípio
ra conformar uma comunidade, em torno de uma visão cultural básico de "gerar políticas educativas a partir das escolas".
compartilhada; O resultado dessa primeira etapa foi à construção de um produto pró-
- A escola não é apenas receptora de políticas formuladas de fora, prio: os Projetos Coletivos Escolares.
mas uma das fontes, ou a principal provedora de políticas educa- O trabalho de formação foi iniciado com os supervisores. A experiên-
tivas a serem seguidas no sistema. A gestão escolar, portanto, cia sobre gestão escolar foi desenvolvida pela capacitação que as três
não é a tradicional administração escolar. A gestão escolar con- unidades da Universidade Pedagógica Nacional já estavam desenvolven-
cebe a escola como sujeito social a partir de onde se produzem do em Chihuahua.
políticas públicas, com maior ou menor margem de liberdade, O esforço centralizou-se no traçado de um modelo heurístico de for-
mas se trata de processos que podem permitir a recriação de po- mação de gestores educativos mediante o desenvolvimento de um modelo
líticas ou mesmo a possibilidade da construção de uma agenda de simulação computadorizada denominada “Escola Anseio”.
educativa alternativa à geral ou global, embora obviamente sob
critérios de responsabilidade social e pertinência; As técnicas foram usadas para o desenvolvimento das habilidades
cognitivas e comunicativas.
- A escola não é só ponto de partida, mas utopia a ser construída
de acordo com a expectativa de seus atores. A gestão escolar Segundo o autor, na Escola Anseio a situação da escola está pré-
não consiste em manejar a escola existente, mas planejar uma estabelecida. Apresentam-se os indicadores sobre matrícula, evasão,
construção de uma escola esperada, desejada; reprovação, etc.
- A escola a ser construída pela gestão escolar democrática é uma Na comparação dos resultados descobre-se a “teoria da ação” que é
escola com autonomia para definir o seu currículo. Pretende valo- incorporada na oficina de gestão escolar, convertendo-se na unidade de
rizar a diversidade cultural. análise para desenvolver uma perspectiva de praticante reflexivo da
gestão escolar, segundo Varela.
- A gestão escolar é a condição da escola inteligente, da escola
que sabe como aprender e o faz. A gestão escolar envolve processos de construção de consensos,
contando com a participação estruturada dos diversos atores das comuni-
dades escolares.
Segundo Varela, a modalidade cognitiva da gestão escolar requer Os gestores precisam desenvolver suas habilidades epistemológicas,
quatro habilidades. comunicativas e de valor em ambientes cujos princípios operativos estimu-
A primeira se relaciona com uma visão sistêmica, da escola e da so- lem precisamente esses processos.
ciedade. Com relação aos modelos heurísticos, é preciso um processo de
A segunda habilidade com a modelagem da realidade que mantém re- aprendizagem mediante descoberta e construção conceitual, sob princí-
lações causais eficientes. pios de consenso, capacidade crítica e criatividade.
A terceira é o hábil manejo de técnicas de análise, debate e consenso Segundo Varela, as metodologias heurísticas estão em condições
grupal. mais vantajosas para desenvolver as habilidades requeridas pelos gesto-
A quarta consiste no conhecimento de ritmos e condições das inova- res educativos, para que tenham uma visão compreensiva do sistema;
ções e transformações educativas tanto no contexto da escola, quanto no capacidade de envolver os grupos para que objetivem sua atuação e
do sistema. redefinam suas metas, teorias em ação e rituais; destreza para desenvol-
ver processos de comunicação baseados no respeito a todas as opiniões,
A modalidade comunicativa exige quatro habilidades.
com base em argumentos e finalmente, sensibilidade para partir da histó-
A primeira se relaciona com a capacidade de construir argumentos. ria e cultura peculiar de cada comunidade educativa.
A segunda, com a constituição de consensos a partir do intercâmbio
livre de argumentos.

Conhecimentos Pedagógicos 31

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DO - aceitando ser avaliado: a legitimidade de um processo de avalia-
SISTEMA EDUCACIONAL FRANCÊS ção sustenta-se também no fato de que o avaliador deve ser, por
Francisco Pernias sua vez, avaliado. Se a avaliação favorece maior eficiência do
sistema, os quadros que fazem parte desse sistema devem ser
O autor propõe fazer uma abordagem sobre a formação de profissio-
avaliados.
nais baseado no exemplo da França.
- articulando avaliação e política educativa: a avaliação deve servir
Segundo ele, há vinte anos começaram as mudanças no sistema
aos profissionais e, mais amplamente, às organizações avaliadas.
educativo, que continua superadministrado e deficiente em quadros.
Deve permitir concentrar a ação para maior eficiência. Nesse
Em 1959 foram feitas reformas para a introdução de um dado novo sentido, a avaliação constitui a ferramenta privilegiada de regula-
que determinaria toda a história do sistema educativo francês até os dias ção da ação educadora“. (pág. 111)
de hoje: foi decidido o prolongamento da escolaridade obrigatória até os
Mas como passar de um paradigma burocrático a uma organização
dezesseis anos.
participativa baseada na autonomia dos estabelecimentos escolares,
Isso obrigou a França a planificar-se, a organizar-se com uma visão questiona o autor.
prospectiva.
É preciso reforçar o quadro local, sem o qual a autonomia não poderá
Anteriormente, o funcionamento dos estabelecimentos escolares era expressar-se sem risco de independência; preservar a coerência do
fundamentalmente burocrático, pois os diretores tinham pouca autonomia sistema, sem reprimir as iniciativas e a criatividade dos atores; recrutar
e cumpriam, antes de tudo, funções de organização e controle, mas não melhor, ou seja, recrutar com critérios objetivos, que sejam coerentes com
dirigiam no sentido em que entendemos hoje o termo. a organização pretendida; é necessário então privilegiar os profissionais
A partir de 1968 foram aceleradas as mudanças no sistema, que tinha inovadores, capazes de fazer evoluir o sistema, profissionais que reforcem
se fechado progressivamente, na direção de uma concepção mais aberta o modelo escolhido. Finalmente, segundo o autor, é preciso que a institui-
do seu funcionamento, com descentralização: transferência de poderes a ção entenda que a autonomia não caminha junto com a ortodoxia e que os
uma assembleia eleita; desconcentração: delegação de poder do ministé- profissionais capazes de autonomia e responsabilidade não serão interlo-
rio a um funcionário responsável. cutores necessariamente passivos,
Nesse período surge a formação inicial dos diretores (1971). Essa Com a meta de conceber a formação de quadros a partir de uma vi-
formação, segundo o autor, apresentava uma organização original, tanto são moderna, criou-se em 1991, em Paris, o centro nacional de formação
no sentido de que era realizada em escala regional - portanto desconcen- Condorcet, que se transformou no Espemem, em 1995 e foi transferida de
trada -, quanto no sentido de que tinha sido confiada a outros diretores. Paris para Poitier no ano passado.
A partir dos anos 80, o Estado se engajou num processo de descen- Hoje em dia, a Escola Superior é uma subdireção da administração
tralização e de desconcentração que, em 1986, resultou no estabeleci- central do Ministério da Educação nacional.
mento escolar da unidade de base do serviço de educação pública. A Escola Superior encarrega-se apenas da concepção e realização da
Com isso o sistema educativo não pode mais ser dirigido somente a formação inicial dos inspetores e dos quadros administrativos. Há dois
partir de princípios definidos em âmbito nacional, cuja aplicação bastaria. anos a Escola participa da formação inicial do pessoal de direção. Assegu-
Cada um dos níveis de organização do sistema constitui de fato um sub- ra a formação contínua do quadro de pessoal. A Escola encarrega-se da
sistema que goza de autonomia relativa, mas deve articular-se ao conjun- concepção e realização do Plano Nacional de Formação Contínua do
to, avalia o autor. quadro de pessoal.
O conceito de quadro não é mais uma opção administrativa, pois con- Concebe e organiza toda a formação para a adaptação ao emprego
diciona a coerência da organização da educação nacional desconcentrada dos altos cargos da educação nacional e participa da formação dos funci-
e, portanto, sua eficiência. onários franceses com cargos no estrangeiro e também da formação dos
Os membros do quadro de pessoal, por serem, de agora em diante, funcionários estrangeiros do quadro.
os organizadores do sistema educativo, os reguladores do seu funciona- Vem desenvolvendo cada vez mais uma tarefa de consultaria em en-
mento e os avaliadores dos seus resultados, são hoje a garantia da reali- genharia de formação na França, assim como junto a países estrangeiros,
zação da política educativa e do caráter nacional da educação. num quadro de convenções de parcerias internacionais.
O autor faz uma reflexão de como o quadro pode melhorar o funcio- A duração da formação varia de acordo com a ocupação:
namento do sistema educativo. - dois anos para os inspetores. O primeiro ano transcorre na Es-
Na verdade, explica Pernias, o quadro não cria diretamente a qualida- pemen. Durante o segundo ano, os estagiários são oficialmente
de do sistema. É no interior dos estabelecimentos escolares, dentro das nomeados para um cargo interino;
salas de aula e com o trabalho dos docentes, que a qualidade é criada. - um ano na Espemen para os conselheiros de administração es-
Mas o quadro de pessoal pode contribuir para melhorar a qualidade. colar e universitária, que passam a ser titulares ao fim desse ano;
Segundo ele: “criando as condições para a qualidade”: - dois anos e meio para o pessoal de direção. No último ano os es-
- explicando os objetivos gerais do sistema educativo e, antes de tagiários são oficialmente nomeados para um cargo interino (dire-
tudo, favorecendo a articulação dos objetivos gerais com os proje- tor de estabelecimento ou adjunto).
tos locais (função pedagógica);
- favorecendo as iniciativas e suscitando o entusiasmo (função de INFORMAÇÕES E INDICADORES
incitação, de estímulo); EUA: INOVAÇÕES NA GESTÃO EDUCACIONAL
- fazendo circular as inovações, não para serem imitadas, mas pa- Richard Boyd
ra alimentar as iniciativas (função de comunicação);” (pág. 110) O autor vem trabalhando há 25 anos com gerenciamento escolar nos
Estados Unidos.
Avaliando: Existe nos EUA o que chamamos de “aperfeiçoamento contínuo”, ou
seja, todos sempre tentam aprender mais e mais.
- avaliando os resultados efetivos em relação aos objetivos nacio-
A educação é um dos setores mais proeminentes e hoje em dia faz
nais e locais (noção de valor agregado);
parte de qualquer programa de governo uma atenção especial à educa-
- avaliando de acordo com um eixo geral e um eixo específico. Um ção.
estabelecimento escolar deve ser avaliado considerando-se os A educação não consta da Constituição dos Estados Unidos e até a
objetivos nacionais e também as características do seu projeto lo- 40 anos não havia qualquer envolvimento federal na educação.
cal, que, em razão do seu contexto particular, não pode ser igual
ao projeto de outro estabelecimento situado em contexto diferen- Isso mudou a partir de 1957, quando a União Soviética lançou o
te; Sputnik, que mostrou a superioridade dos russos sobre os americanos.

Conhecimentos Pedagógicos 32

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Os EUA foram acusados de não estarem formando bons cientistas ou do, elevando seus níveis de exigências. Também pode ser anali-
matemáticos, porque se assim fosse ganhariam da União Soviética. sada como novos cenários da globalização e do ajuste para exigir
Com isso, o dinheiro começou a chegar, destinado especialmente pa- novos recursos para a educação, deve-se evidenciar a eficiência
ra estas áreas. de sua aplicação/ para superar a volatilidade fiscal da globaliza-
Hoje em dia, os indicadores de qualidade estão muito mais relaciona- ção, o Estado deve apelar a fatores diferentes dos de coerção do
dos com o desempenho dos alunos em testes padronizados. antigo "poder de império", em que se fundamentava a conduta
fiscal em nossas sociedades de economias nacionais.
Na década de 60 ou 70 os membros das equipes de avaliação iam
constantemente às escolas, contava-se o número de livros, o número de - O desenvolvimento de um processo paulatino em direção a auto-
laboratórios. nomia escolar, o que não implica "abandonar" cada um à própria
sorte, com os recursos de que disponha. Pelo contrário, o desafio
A partir da década de 80 a situação mudou.
compreende complexa reformulação de papéis, pautas contratu-
Três foram às razões, segundo o autor, para que isso ocorresse. ais, responsabilidades, assistência técnica, novos marcos institu-
A primeira foi a grande preocupação com a economia dos EUA, que cionais que abrangem, na maior parte dos casos, não apenas a
não ia bem em comparação com o Japão, Alemanha. área educativa, mas também outras áreas, como a legal e a fi-
Em segundo lugar, começou a haver uma comparação internacional nanceira.
entre os estudantes e em terceiro, os legisladores começaram a questio- - O desafio de não responder unicamente às demandas de expan-
nar as escolas sobre o que estava sendo feito com o dinheiro para a são quantitativa do sistema, mas também às de pertinência, rele-
educação. vância e qualidade, Em outros termos, significa redefinir equidade
Devido a isso, mudanças importantes foram registradas na década de e inclusão não só em meros termos quantitativos. Não é um pro-
90. blema simples enfrentar a flexibilidade, a rapidez das mudanças
Em 1989 foi realizada a “Cúpula da Educação”, onde foram definidas nas tendências sociais e econômicas, em face de uma estrutura
oito metas. do sistema educativo muito inclinada a consolidar-se, a perpetuar-
se sem se questionar. Nesse sentido, é iluminadora a relação
Hoje em dia é feita uma avaliação periódica anual, sendo que em ca- que traça Michel de Certau entre “estratégia" como associada ao
da um deles escolhe-se uma disciplina. Depois é feito um relatório que espaço e "tática" como associada ao tempo, para destacar a ne-
mostra o desempenho dos alunos nos diversos estados. cessidade de fortalecer as capacidades de "agarrar em vôo as
Alguns estados editam um informe estadual que é denominado bole- mudanças, as novas tendências, os desajustes entre ofertas e
tim e da mesma forma que os estudantes o recebem, os jornais o divul- demandas e, mais que isso, ter a capacidade de antecipá-
gam com muita publicidade. Nesse boletim consta o desempenho de los”.(pág. 134)
cada escola.
Em seguida o autor apresenta um caso de Cleveland, um distrito es- O autor recorda que antes da Lei 24.195 Federal de Educação e do
colar onde trabalhou em 1985. Um dos feitos foi à descentralização da processo de transferência de escolas nacionais às províncias, a situação
tomada de decisões. Após isso, foi elaborado um boletim para que todos era bastante complicada.
conhecessem o desempenho das escolas.
O sistema de informação tinha muitos problemas.
O que aconteceu em Cleveland, segundo Boyd, é muito semelhante
ao que ocorre em todo o território dos Estados Unidos, porque o sistema é Nesta lei está a formulação e construção de um sistema federal de in-
muito diversificado e não é fácil conseguir um cenário uniforme. formação educativa, ou seja, o Conselho Federal de Informação, que
reúne o Ministério Nacional e ministros provinciais.
Em 1994, realizou-se um censo nacional de estabelecimentos e do-
UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS PELOS GESTO- centes no país e 1996,1997 e 1998 apresentaram como resultados acor-
RES ESCOLARES E ARTICULAÇÃO COM OUTRAS ÁREAS SOCIAIS dos para um instrumento comum, um sistema de processamento comum e
Ricardo Rojo a possibilidade de agregar informação consolidada em nível nacional.
Segundo o autor, que é vice-diretor geral das escolas de Mendonza, Avançou-se em complexos processos de verificação informatizados.
Argentina, na província de Mendoza muito tem se valorizado a informa-
Como consequência, ressalta o autor, da interação entre as provín-
ção, o que confere um papel decisivo à disponibilidade de informação
cias e a Nação, dos acordos conseguidos em votação, de uma tecnologia
como ferramenta de formulação de estratégias, de gestão.
de comunicações mínima, foi obtido um constante intercâmbio de proble-
Rojo salienta que ela se caracteriza por ter se proposto a atingir, entre mas com a busca das devidas soluções.
outras coisas, os seguintes objetivos que transcrevemos a seguir:
Para se obter qualidade foi preciso estreita interação com as escolas
- O sistema educativo deve tornar-se responsável por seus pró- para resolver os problemas de consistência, congruência, integridade da
prios resultados e evitar transferir culpas e responsabilidades aos informação.
pais, docentes, alunos, sociedade; pelo contrário, deve conhecer
Com isso pode-se ter a certeza de que a informação é importante,
e assumir suas próprias condições internas e, sem ignorar os limi-
que é levada em conta, analisada e contribui para gerar uma cultura sobre
tes de sua própria responsabilidade, incentivar uma tarefa partici-
a veracidade dos dados.
pativa e compartilhada pela relevância, pertinência e qualidade
dos resultados. Anualmente, no início do operativo de levantamento anual, realiza-se
um processo de difusão, capacitação e compromisso com os supervisares
- Da mesma forma, sem que exista contradição com o que foi ex-
escolares, visando garantir seu cumprimento. Foram feitas ações de
posto e sem pretender que seja a “única chave mestra", empe-
capacitação com secretários de nível médio e superior.
nhar todo o esforço na contribuição para melhorar, ou, pelo me-
nos, não continuar reproduzindo confortavelmente as deficiências O sistema de Cédula Escolar e possui informação e objetivos que
de entrada (input), bem como as de saída (output). De entrada permitem avançar bem além da estatística tradicional.
(input): desigualdades sociais e de capital cultural, entre outras; Segundo o autor, muitas foram às dificuldades na complexidade de
de saída (output): desajustes entre a oferta, as demandas e pers- confecção, carga de dados, armazenamento, exploração e manutenção,
pectivas sociais em qualificações, perfis, valores, atitudes, capa- pois o sistema registra os dados de cada aluno do nível de EGB atual,
cidades. identificação, sobrenome e nome, turma, causas de ingressos e saídas,
- Buscar a utilização eficiente e equitativa dos recursos destinados promoção, situação de alfabetização familiar.
ao setor e garantir a sustentabilidade do sistema. Esse objetivo, Com base nesses dados, realizaram-se concretamente ações de
além de prática normal de gestão, converte-se em demanda soci- acompanhamento de crianças não documentadas, estratégias de detec-
al para alcançar legitimidade política. Essa demanda é um sinal ção de núcleos de analfabetismo, pesquisas sobre associação de variá-
de que, em alguns aspectos, nossas sociedades têm amadureci- veis que contribuem para êxitos educativos.
Conhecimentos Pedagógicos 33

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pretende-se tornar mais complexas as variáveis do sistema e articulá- quistas dos processos educativos. Isso criou certa dicotomia entre a
las com as necessidades de outras áreas sociais, como, por exemplo, informação estatística tradicional e a informação gerada pela aplicação
saúde e desenvolvimento social. O sistema de infra-estrutura escolar tem dos instrumentos de avaliação da educação.
mais de 6 anos e surgiu com a necessidade de melhorar a localização das O outro problema, para a autora, “é que precisamos definir, com um
escolas. A Defesa Civil faz uso intensivo dele, pois, Mendoza é uma zona planejamento estratégico, que indicadores gerar para preencher os espa-
sísmica e com riscos ambientais de desertificação. ços em branco. Falamos dos indicadores de qualidade de educação, dos
Outro ponto de destaque é a participação das escolas na Internet. Foi indicadores de eficiência, mas existe uma área onde os indicadores foram
feito um concurso para que cada escola construísse a sua página, intitula- pouco trabalhados - a área da igualdade. Quando vemos que um dos
da: “Minha escola na Internet”. problemas mais graves que temos é a educação e como ela pode contri-
Concorreram mais de 800 equipes, envolvendo mais de 5 mil alunos. buir, ou como a sociedade pode contribuir para que a educação seja parte
do processo de solucionar as desigualdades, devemos trabalhar muito
O programa tentou romper a desigualdade na distribuição de recursos mais os indicadores de igualdade, não apenas no acesso ao sistema, mas
e as diferenças de acesso a eles na sociedade provincial, conclui o autor. também durante o processo que se sucede e depois, como resultado do
processo educativo, o impacto da educação na questão da igualdade.
REFLEXÕES GERAIS SOBRE INDICADORES EDUCACIONAIS Esta é uma área vazia”.(pág. 157)
Ana Maria Corvalán Finalmente a autora cita o tema da qualidade da informação do do-
A autora é consultora OREALC/UNESCO, em Santiago do Chile. cente. “Estamos conscientes de que as reformas educacionais que se
processam atualmente têm um elemento fundamental, que é o papel do
Inicialmente ela faz uma reflexão sobre a importância da informação docente no processo de mudança e, nesse papel do docente, devemos
na gestão. identificar claramente quais são os indicadores de qualidade da sua for-
Depois apresenta uma avaliação da história da evolução da gestão mação, porque é a única maneira que vemos de afetar positivamente as
educacional com relação à questão dos indicadores. mudanças que se podem proceder em educação, é ir direto à fonte, à
A autora diz ter participado da reforma educacional do Chile, em base: a formação do docente. Aí temos uma área tremendamente desafi-
1964, quando trabalhava com Ernesto Shifelbaim. ante e carente, precisamos olhar muito para essa questão. Um assunto é
primordial: indicadores sobre a disponibilidade de recursos e fontes de
As informações eram poucas e foi necessário buscar por elas em ca-
financiamento e alocação desses recursos”.(pág. 157)
da quadro, mas não havia.
A UNESCO se compromete a contribuir para melhorar a produção e
Era preciso substituir a informação por uma estimativa que permitisse
uso de informação.
ao menos obter uma ordem de grandeza de o que significa o quê.
Agora a informação existe em uma quantidade muito maior e não de-
pende apenas dos dados de que os ministérios da Educação dispõem. EDUCAÇÃO, CONHECIMENTO E MOBILIZAÇÃO
A informação deve ser manipulada de acordo com a espécie econô- Bernardo Toro
mica, social, de variáveis sociais, de variáveis vinculadas ao assunto da O autor é vice-presidente de Relações Externas da Fundação Social
cidadania e que são numéricas. Santa Fé de Bogotá – Colômbia.
Segundo Corvalán, as reformas educacionais que ocorrem em nossos Pretende, no texto, trabalhar a seguinte tese: todos têm uma dupla
países se propõem realizar ao menos três aspectos fundamentais: melho- responsabilidade, a responsabilidade administrativa e a responsabilidade
rar a qualidade, melhorar a equidade e melhorar o rendimento dos siste- de direção.
mas, sem esquecer uma que está implícita, que é melhorar a eficiência do Precisamos distinguir, nos sistemas educativos, dentro da gestão,
sistema educacional. quando estamos falando de administração e quando falamos de direção.
Um fenômeno que, segundo ela, complica um pouco o uso e manipu- O conhecimento é um produto como qualquer outro.
lação da informação é o fato de que, como característica dos processos
O saber social é um produto, não é natural, ele precisa ser construído,
atuais, o que era uma administração e gestão centralizadas transformou-
ou seja, é um produto artificial.
se intensivamente em uma gestão descentralizada, e todas as políticas
educativas estão voltadas para maior autonomia das escolas, isto é, Todo o conhecimento de uma sociedade e todo o conhecimento que
descentralizar a gestão financeira, a gestão curricular, a gestão pedagógi- temos é um produto artificial.
ca propriamente dita, gestão de recursos humanos disponíveis, etc. Segundo o autor, o saber mais importante criado pelo ser humano é a
Para ela, isso também representa um desafio, pois, além de se exigir língua. Se uma pessoa fala bem uma língua, ou uma criança fala bem o
mais da educação e vinculá-la a setores sociais e econômicos, ainda se idioma para sua faixa etária, já está em condições de apreender qualquer
exige que seja mais eficiente no aperfeiçoamento do processo educativo. coisa existente no mundo.
Há muitos anos, a UNESCO vem promovendo um trabalho com in- O autor define o saber social como o conjunto de conhecimentos, prá-
formações para comparação internacional. Tem publicado anuários esta- ticas, habilidades, ritos, mitos e valores que permitem que uma sociedade
tísticos. possa sobreviver, conviver, produzir e dar sentido à vida.
Com isso, vão surgindo projetos que permitem aos próprios países Para ele, fazemos somente quatro coisas na vida: tentar sobreviver,
suprirem a deficiência de informação adequada. tentar estar com os outros, ou seja, conviver, tentar produzir, porque
temos que gerar artificialmente o que necessitamos, e tentar dar sentido à
Outro tema citado pela autora é o da gestão da informação. Agora es-
vida, quer dizer, nos projetar.
tão incorporando os computadores para facilitar essa visualização.
Não é possível desenvolver um sistema adequado de comunicação
Neste setor, também estão acontecendo mudanças importantes: está
com a sociedade, se não podemos delimitar qual é a própria natureza do
sendo introduzida nova tecnologia, as pessoas estão sendo capacitadas a
sistema.
trabalhar com estatísticas e, em consequência, forma-se uma cultura da
produção e do uso da informação nos diferentes níveis da gestão do Para Toro, a razão de ser de todo o sistema educacional é poder ga-
sistema educacional. rantir à sociedade que o melhor saber disponível nessa sociedade possa
ser apropriado de geração a geração de uma forma estável.
A autora ressalta que houve grande preocupação da política educaci-
onal em melhorar a qualidade da educação, na verdade aconteceram Não se pode transmitir à geração seguinte todo o saber que possui,
muitas coisas para apoiar com informação válida a medição ou a avalia- sempre se faz necessário fazer uma seleção daquilo que se considera que
ção da qualidade da educação. é melhor para a geração seguinte, e a forma de garantir a apropriação
desse conhecimento é a razão de ser do sistema educacional, ressalva o
Segundo Corvalán, existem laboratórios de avaliação da qualidade da
autor.
educação onde 17 países gerenciam informação para conhecer as con-

Conhecimentos Pedagógicos 34

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O saber é um produto. Se a sociedade quer ter este produto, deve O programa de merenda escolar é uma forma de fazer os pais partici-
aprender como surge e como se produz na sociedade. parem da escola, quando o sistema é feito através dos conselhos de pais.
As sociedades têm duas formas de lidar com o saber, a forma cultural Outra coisa é ter certeza de que a parceria tem como base uma ne-
e a forma acadêmica. cessidade real.
O saber cultural é aquele que se produz por meio do trabalho, da inte- A terceira coisa é gastar o tempo que for necessário para conseguir
ração de uns com os outros. um consenso sobre a missão e a visão da mobilização social e sobre a
Dentro desse grupo estão a língua, os costumes de criação, os hábi- visão e a missão da parceria.
tos, etc. Um quarto ponto é a estrutura gerencial.
O saber acadêmico é aquele que se obtém por meio de métodos e de O quinto é o plano de implementação da parceria.
metodologias científicas reconhecidas internacionalmente e denominadas Nos Estados Unidos, a comunidade empresarial é um aliado poderoso
de “método científico”. em termos de dar apoio e fazer parcerias com as escolas e isto precisa
Acumula o saber nos objetos. Se o ser humano coloca o saber em um ser desenvolvido também no Brasil, onde há muitas oportunidades de
objeto, é como se o transformasse em uma mercadoria, e, uma vez con- negócios e pessoas capacitadas para aproveitar as oportunidades.
vertido em mercadoria, o saber se socializa, vai a muitos lugares, é distri-
buído a muitas pessoas, etc.
PROJETO EDUCO –
Para o autor, precisamos criar o conhecimento de que necessitamos EDUCAÇÃO COM PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
porque o conhecimento não é transmitido por evolução.
Darlyn Xlomara Meza
O sistema educacional, segundo Toro, é um instrumento para geren-
A autora é vice-ministra da Educação em El Salvador, um país com
ciar o bem mais importante de uma sociedade, que é o seu próprio saber.
apenas 6 milhões de habitantes.
Se o saber se deteriora, se o saber não se acumula, se o saber não
A autora descreveu a experiência realizada em El Salvador, nos últi-
se reproduz adequadamente, o gerenciamento não é bom.
mos oito anos e que se denomina Projeto Educo, que trata da educação
Como não é possível transmitir tudo o que sabe à próxima geração, com participação da comunidade.
uma reforma curricular é uma reforma que pode alterar a história de uma
Educo é um programa que permite trazer a participação das comuni-
sociedade.
dades dentro de uma estratégia clara e concreta de proporcionar serviços.
Como exemplo, temos a Colômbia que resolveu, por uma reforma cur-
A gestão teve início em 1989, quando El Salvador estava em pleno
ricular, não ensinar a história recente do país, porque é uma história de
conflito, talvez em um de seus piores momentos e uma das metas era
violência.
como chegar ao mundo rural, como permitir que os pais, nesse caso,
Para o autor, um dos problemas para gerenciar ou para administrar fossem os donos do serviço educacional.
sistemas é saber onde são produzidos os valores.
O programa está baseado em uma teoria que diz que a educação
A família é a melhor instituição para gerar valor, ternura e formas visí- somente será efetiva quando ela é colocada nas mãos dos país e das
veis de amor, porque o amor da família é um amor personalizado. mães de família, especialmente das áreas mais pobres e distantes do
Para Toro, o valor das organizações comunitárias é que introduz um país.
fator de inclusão, que é o fator do futuro. Os protagonistas deste projeto são as associações, sem finalidade
política, formadas por representantes de pais e mães de família.
A IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS NA EDUCAÇÃO Os objetivos básicos do programa estão relacionados com ampliar a
Daniel Merenda cobertura, tanto da educação pré-escolar, como na educação básica, por
O autor é presidente da Associação Nacional de Parcerias Educacio- meio de um sistema descentralizado de serviços educacionais nas áreas
nais, em Virgínia, Estados Unidos. rurais, especialmente naquelas mais pobres, e de favorecer e estimular a
Afirma que passou algum tempo tentando entender o que é mobiliza- participação da comunidade em todo o processo educativo, de estabelecer
ção social e o melhor significado, segundo ele, é o fato de termos de viver uma articulação curricular entre a educação pré-escolar e a educação
juntos nas nossas possibilidades neste novo século, o que requererá básica e de contribuir para melhorar a nutrição das crianças nessas co-
união de todos os membros da comunidade para participar e assumir munidades,
responsabilidades pelo desenvolvimento de nossa sociedade. Até 1989, El Salvador tinha um problema de baixa-cobertura, ou seja,
Para trabalhar no século 21 será preciso um sistema educacional que somente 4% das crianças em idade escolar tinha acesso ao sistema
possa produzir funcionários que tenham habilidades para enfrentar as educacional.
mudanças constantes. Somente 76% tinham acesso à educação básica.
Com o fim do milênio, as escolas não podem mais ser definidas como Na década de 90 uma equipe do Chile tentou iniciar a municipalização
instrução ou treinamento. Elas terão lugar nos locais de trabalho, tanto no da educação, mas eram feitos questionamentos de como municipalizar se
setor público como privado. os prefeitos sequer tinham um local para as prefeituras, porque a guerrilha
O aprender estará vinculado a todos os setores, e não apenas mais e o exército acabaram com tudo.
na escola. Neste período, uma equipe do ministério começou a visitar locais que
Os setores públicos, privados e ONGS precisarão ser incluídos como estavam sem serviços educativos há 10, 12 anos, e constatou que a
locais em que os jovens poderão aprender. comunidade estava organizada. Sempre tinha alguém que fosse capaz de
ler e escrever para ensinar os outros. A comunidade recolhia um pouqui-
Nos Estados Unidos estão sendo feitas parcerias entre as comunida- nho de dinheiro e pagava essa pessoa.
des e as empresas. Essas parcerias surgiram de um sentimento de res-
ponsabilidade corporativa/social e do sentimento da cidadania. O Ministério chamou estes pais e perguntou o que pediriam ao Minis-
tério depois de terem se virado sozinhos durante mais de 10 anos e eles
A cultura nos Estados Unidos foi construída com base no valor da responderam que gostariam de ter uma verba para poderem pagar estas
educação. pessoas.
Hoje em dia, o desafio consiste em entender que educar as crianças é A partir desse momento o ministério resolveu considerar pessoas ju-
um problema de todos. rídicas as escolas e as diretorias.
O autor enumera alguns passos que poderiam ser utilizados no Brasil Muitas foram às críticas, que consideravam absurdo o governo dar di-
para melhorar o sistema de parceria. nheiro aos camponeses, dinheiro esse que não teriam como controlar o
Em primeiro lugar, descobrir o que acontece na comunidade e no dis- uso, informa a autora.
trito escolar.
Conhecimentos Pedagógicos 35

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Então aconteceu uma revolução do sindicato e quando este se sentou Como neta de imigrantes, disse ter ouvido estes fatos constantemen-
à mesa de negociações, uma das coisas que alegava era o índice de te.
desemprego porque havia mais de 12 mil professores desempregados. Devido a isso, o processo de municipalização foi muito influenciado.
Comparados os salários dos professores do Programa Educo com os Dentre os objetivos a serem atingidos na secretaria, Gomes cita o re-
tradicionais, os do Educo recebiam 10% a mais. gime de colaboração que permite até maior controle social do ensino e a
A partir de então os professores passaram a trabalhar supervisiona- redistribuição dos encargos de manutenção e desenvolvimento do ensino
dos pelos pais. pré-escolar.
Tiveram que ser feitos muitos acertos para adequar a parte financeira Um terceiro objetivo, segundo ela, foi o de preservar a oferta de ensi-
e a parte pedagógica. no público como responsabilidade do estado.
Mas depois de oito anos as coisas estão bem evoluídas, comenta a Foi constituído um grupo de assessoramento, representado por mem-
autora. bros da administração estadual e da associação de municípios.
Os pais são responsáveis pela contratação dos professores. Uma das constatações foi que alguns municípios não estavam apli-
Mensalmente há uma quantia mínima que se destina aos pais para cando os 25% previstos na Constituição na Educação e isso teve de ser
que comprem materiais descartáveis para os professores. corrigido.
O controle está sendo feito, pois se tem conhecimento de quantos Estão sendo feitas parcerias entre o município e o estado a fim de
alunos se formam, quantas transferências mensais são feitas, etc. melhorar a qualidade do ensino.
As contratações são feitas em janeiro e a partir de novembro ou de- Para a diretora da Unidade de Educação e Cultura das Federações
zembro ela já é formalizada. A partir daí, eles entram no programa de das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul, Marisa Timm Sari,
capacitação do ministério. a federação de associações de municípios tem papel de destaque em
matéria de educação.
A escola para os pais também tem grande importância. O curso é de-
nominado “tele-aprendizagem” e é feito através do sinal de uma TV educa- Segundo ela, a Undime teve grandes avanços através do regime de
tiva, fornecido pelo México. colaboração.
Atualmente El Salvador está passando por uma reforma educacional, Em 1996 foi implantado o FUNDEF.
mas sem dúvida um dos pilares desta transformação é o projeto Educo, Inúmeras comissões de trabalho foram montadas para discutir pro-
conclui o autora. blemas de currículo, tecnologias da informação e da comunicação, muni-
cipalização e transporte escolar.
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS Segundo ela, o novo papel das secretarias estaduais e dos órgãos re-
gionais não é só manter a rede estadual, mas integrar as políticas.
ENFRENTANDO OS DESAFIOS DA MUNICIPALIZAÇÃO
CAMINHOS PARA A EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA
José Irineu Carvalho
Violeta R. Loureiro
O autor é presidente da Associação Cearense de Prefeitos.
A autora é diretora de ensino da Secretaria de Educação do Pará.
Segundo ele, sempre se cobrou muito do Ceará com relação aos pro-
blemas de educação. Apresenta o Projeto Some, um projeto do sistema de organização
modular de ensino, que é feito através de uma parceria entre estado e
Com a introdução do FUNDEF, o município não teria mais do que 10 município, há 18 anos.
reais por aluno para universalizar o ensino fundamental.
O Pará possui uma grande área coberta por florestas e cursos d’água.
Outro problema é que 35 a 40% da população é rural e com isso há
grande dispersão do estudante. Era preciso uma forma de se levar educação para as crianças que
moravam perto destes lugares.
Outra coisa, segundo o autor, era a falta de assistência ao educando,
não só falta de material escolar ou da merenda, mas calçado, óculos, etc. O professor Moutinho, que até há pouco era reitor da Univesidade do
Estado do Pará resolveu criar o curso normal itinerante. Ou seja, os pro-
Começaram as parcerias entre Estado e Município, primeiramente na fessores saiam da capital, davam um módulo de três disciplinas e volta-
organização da infra-estrutura. As escolas começaram a ser iluminadas. vam para a capital. Iam mais três para aquela cidade, davam mais três
Levou-se o primeiro grau para a zona rural, da quarta a oitava série. disciplinas e voltavam.
Em 1997 e 1998 foi feita uma seleção de professores habilitados. Por volta de 1994 este sistema modular tinha atingido mais da metade
Com relação ao transporte escolar estão sendo feitas discussões. dos municípios do estado.
No caso da matrícula única, o estado tem entrado em entendimento Na década de 80 foram acrescentadas contabilidade e administração.
com o município. A Secretaria de Educação, a partir de 1995 fez algumas mudanças
O coordenador de Planejamento e Políticas de Educação do Ceará, que deram ao projeto o perfil que ele tem hoje.
Rui Aguiar afirma que o que se pretende evitar no estado é a concorrência Foi reduzida a oferta de magistério, e quando o número de alunos era
entre estado e município. muito pequeno, fundia-se um curso com outro.
Para tanto existe um regime de colaboração que tem atuado no âmbi- Foram abertos circuitos de ensino fundamental de quinta a oitava sé-
to de todo o Estado, e não só na Secretaria da Educação. ries e as vezes ciruitos combinados, ou seja, o professor que dava o
Com a realização de concursos houve uma mudança drástica no perfil ensino médio dava também de quinta e oitava série.
dos professores da rede municipal. O professor do Some é bastante sacrificado porque passa 56 dias em
Diante disso, o Ceará pode afirmar, segundo o coordenador, que o campo, tem uma semana de férias e mais 56 dias em campo.
regime de colaboração é viável, possível, e isto precisa se consolidado O rendimento dos alunos é bastante alto.
através de processos políticos.
Segundo a autora, o importante é saber arranjar as localidades, saber
REGIME DE COLABORAÇÃO: UMA HISTÓRIA ANTIGA agrupar os professores e fazer com que o deslocamento seja sincroniza-
Maria Beatriz Gomes
do.
A autora é secretária de Estado da Educação do Rio Grande do Sul. Atualmente são 400 professores distribuídos em 38 circuitos.
Segundo ela, o espírito comunitário é muito grande no Estado, espe- Para Aloísio Hunhoff, representante da Prefeitura de Rondon, a região
cialmente porque quando os imigrantes lá chegavam, eram jogados no sul e sudeste do Pará é a que mai está sendo atendida por esse sistema.
meio da mata com um saco de farinha, açúcar, sal e café e tinham de se
organizarem se quisessem sobreviver.
Conhecimentos Pedagógicos 36

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O sistema modular é uma parceria das prefeituras com o estado em O secretário municipal de Educação de Alta Floresta, Élcio Almagro
que o município oferece a casa ou estada, alimentação e pessoal de Moura, afirma que não existe outra outra visão, não ser da integração
apoio. entre estado e município, pois todos têm o mesmo objetivo.
O projeto é importante especialmente no estado do Pará devido a sua Alta Floresta é um município com 45 mil habitantes e em torno de 15
grande extensão. mil alunos. Segundo ele, no início, existia até discriminação entre alunos
de escola municipal e estadual, até no recebimento de transferência, e aí
surgiu a proposta de unir as duas redes e um melhor direcionamento dos
A INTEGRAÇÃO DE AÇÕES DE ESTADO E MUNICÍPIO recursos, do investimento, com o objetivo principal, que é a qualidade de
Marluza de Moura Ballarini ensino.
A autora é assessora técnica da Secretaria do Estado da Educação. No próximo ano os 13 municípios que participam da gestão única de-
Segundo ela, os indicadores educacionais do estado não são maus. verão ser ampliados.
Quase 86% da população de mais de 15 anos é alfabetizada. Para ele, um dos pontos principais é a unificação das redes.
Em 1990 foi instituído o programa de municipalização do ensino pré- No início da administração tinham nove ônibus, hoje são vinte e um
escolar e fundamental. fazendo o transporte escolar dos alunos, sendo o custo em torno de R$ 50
Foram estabelecidos convênios com praticamente todas as prefeitu- mil por mês.
ras. Segundo ele, os avanços foram grandes e nos próximos cinco anos
Estes convênios eram de duas espécies: um de integração em que estarão sendo fechadas etapas de grande importância para o projeto de
não se cogitava transferir encargos ao município, mas de integrar as gestão única.
coisas. O outro havia transferência de algumas escolas para o município.
Segundo Ballarini, no Espírito Santo o processo 97/98 é realmente de DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES SE CONSOLIDA
municipalização, e não de cooperação entre estado e município. Ramiro Wahrhaftig
As escolas foram absorvidas pelas prefeituras. A partir daí foram fei- O autor é Secretário de Estado de Educação do Paraná
tos convênios, através dos quais havia cessão de professores estaduais No Paraná, a divisão de responsabilidades começou na década de
paa as prefeituras com ressarcimento de salários ao estado, a cessão de 70.
prédios, convênios para transporte de alunos, etc.
A seguir ele faz um relato de como o processo se desenvolveu desde
então.
CONSTRUÍNDO A GESTÃO COMPARTILHADA A legislação de 1972 previa o início da divisão de responsabilidades
Marlene Silva dos Santos entre estado e município.
A autora pertence a Secretaria de Estado de Educação do Mato Em 1974, foram implantadas as escolas consolidadas de 1a. a 8a. sé-
Grosso. rie da zona rural, mediante um regime de cooperação técnica e financeira
O Estado do Mato Grosso é muito grande, com 900.000k2 e 126 mu- entre estados e municípios. Em 1975, a implantação do Projeto Pró-
nicípios. município pelo governo federal visando à melhoria do ensino municipal.
Devido a isso existe uma dificuldade muito grande de acesso aos mu- Em 1980, um programa de expansão da rede física escolar por meio
nicípios. da parceria estado-municípios na construção de escolas de 1a. a 4a. série.
É um estado que apresenta grande diversidade de cultura, especial- Em 1982, foram firmados os primeiros convênios de cooperação fi-
mente pela colonização atraída pela agricultura. nanceira, visando à contratação pelo município de professores e servido-
res para escolas estaduais mediante ressarcimento integral por parte do
O sistema estadual é muito forte, pois a maioria de seus municípios é
estado.
muito recente, não tem história de construção de um sistema.
A partir de 1986 o governo passou a adotar duas políticas quanto às
A autora afirma que “em 1995, quando assumimos o governo, havia
competências de estado e municípios. Primeiro, que a criação de novas
necessidade de reorganizar esse sistema, que se caracterizava por um
escolas de 1a. a 4a. série passariam a ser responsabilidade exclusiva dos
sistema estadual muito forte e por um início de organização de sistemas municípios, isto é, o governo não criaria mais escolas de 1. a 4a. série,
municipais bastante frágeis. Começamos com a desativação das trinta e somente os municípios.
duas superintendências regionais, e o foco então passou a ser o municí-
pio, fortalecendo, assim, o secretário municipal de Educação como autori- Em 1990, foram firmados os primeiros protocolos de intenções visan-
dade local. A essa relação nós chamamos de gestão compartilhada.” do à partilha de serviços e encargos educacionais entre estado e municí-
(pág. 224) pios.
Em 1991, começou efetivamente o processo chamado de municipali-
COMEÇARAM OS CONVÊNIOS COM OS MUNICÍPIOS zação.
No primeiro ano foi muito polêmico, pois foi criado um outro tipo de re- Em 1993, estabeleceram-se critérios de parceria educacional desti-
lação com o município, sendo que alguns municípios aderiram, outros não. nando um suporte financeiro maior.
No primeiro ano foram feitos convênios com aproximadamente ses- Em 1998, o Paraná tinha 362 municípios parceiros do total de 399
senta municípios. municípios.
O objetivo da gestão compartilhada era a construção de uma escola A rede hoje conta com 860 mil alunos.
pública única. Na divisão de responsabilidades, hoje cabe ao município a educação
Teve como meta a correção da superposição de competências e de infantil de 1a. a 4a. série e ao estado, da 5a. a 8a. série.
ações e a priorização da escola. Segundo o secretário, existiam no Paraná professores municipais não
O programa de gestão única está se desenvolvendo, segundo o auto- habilitados, mas esta situação está sendo corrigida.
ra, em treze municípios. O plano de trabalho plurianual é uma das condi- O estado é diferenciado, pois 95% dos professores tem nível superior.
ções para o município ingressar no programa de gestão única.
O secretário Municipal de Educação de Curitiba, Paulo Schimtd, afir-
Hoje a Secretaria Municipal de Educação do Mato Grosso dispõe de mou, por sua vez, que em Curitiba a situação de municipalização do
mecanismos para fazer uma efetiva descentralização. Na Assembleia ensino do nível de 1a. a 4a. ainda não existe.
Legislativa está tramitando uma lei chamada Lei do Sistema, que regula-
Segundo ele, desde o momento que Curitib.a passou a promover a
menta a adesão do município no sistema único do programa de gestão
descentralização, percebeu-se que há um efetivo comprometimento da
única.
comunidade em torno dos interesses da escola. “Escolas novas, que,

Conhecimentos Pedagógicos 37

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
antes, até tinham dificuldade em formar suas associações de pais, profes- III. a valorização dos profissionais da educação.
sores e funcionários, hoje já têm um processo competitivo instalado desde No artigo 15, determina que os sistemas de ensino assegurarão às
o início, e a cada associação que se forma é mais uma associação em unidades escolares públicas de educação básica que os integram pro-
prol da educação que nós temos na cidade, o que é sempre muito bom. gressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão
Então, a descentralização gera, justamente, sentimento de propriedade financeira, observadas as normas de direito financeiro e público.
das pessoas em relação à escola. Cada vez mais, essa sustentação de
políticas e de ações no campo da educação, que, necessariamente, No que tange ao regime de colaboração, a LDB reafirma a orientação
envolve uma visão do longo prazo, passa a se dar nas entidades perma- constitucional do artigo 211 da Constituição Federal, ao determinar, no
nentes que são as escolas.” (pág. 234) artigo 8o. que a "União, os Estados e os Municípios organizarão, em
regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino". E, nos arti-
Diversos projetos estão sendo desenvolvidos em Curitiba, e dentre gos 9o. 10 e 11 do mesmo título, dispõe sobre as competências das diver-
eles destaca-se o projeto de educação à distância para os municípios da sas instâncias, enfatizando, na definição dessas competências, as expres-
região metropolitana, contando com o apoio do estado. sões "em colaboração com", "integrando a", em reforço às ideias de
Outro programa é de qualificação dos profissionais atuantes em cre- colaboração, de interdependência, de articulação e de harmonia necessá-
ches na cidade. rias ao desenvolvimento dos sistemas de ensino, sob o regime de colabo-
ração dos entes federados.
GESTORES NO REGIME DE COLABORAÇÃO A LDB dedica o Título VI aos profissionais da educação, disciplinando
POLÍTICAS E PRÁTICAS INTEGRADAS DE o processo de formação, requisitos, agências responsáveis pela formação
FORMAÇÃO DE GESTORES EDUCACIONAIS e instituindo, ao lado da formação inicial, a capacitação em serviço e os
Maria Aglaê de Medeiros Machado programas de educação continuada para os profissionais de todos os
níveis.
A autora é consultora em Gestão Educacional do Consed.
A Lei n. 9424, que instituiu o Fundef, não só reforça o modelo de ges-
Para ela, “o debate sobre a formação de gestores educacionais vem
tão estabelecido na LDB, como dispõe sobre os meios fiscais para materi-
ganhando relevância nos últimos anos e está fortemente associado à
alizar, a partir do per capita/aluno, o discurso da equidade, da valorização
necessidade de melhoría da gestão pública, considerada como um dos
e profissionalização do magistério, agregando elementos para a institucio-
instrumentos fundamentais das políticas que visam a elevar a qualidade e
nalização do regime de colaboração.
o desempenho dos sistemas educativos.” (pág. 239)
Por outro lado, salienta a autora, os sistemas de ensino têm desen-
Em decorrência das demandas geradas pelas mudanças econômicas,
volvido iniciativas relativas à profissionalização do magistério, seja por
políticas e tecnológicas que vêm se processando no cenário mundial
intermédio de experiências de formação inicial ou continuada, seja por
desse final de século, novas abordagens e considerações têm surgido.
intermédio da elaboração dos seus Planos de Carreira e Remuneração
Machado afirma que para se pensar em políticas integradas de for- para o Magistério.
mação de gestores educacionais, é necessário perceber esse cenário
Segundo ela, a instituição do Fundef apresenta-se como mecanismo
geral que vem determinando e impulsionando as novas abordagens de
fundamental para a implementação dessas políticas, por estabelecer
gestão e de formação de gestores e, de outro, o contexto das mudanças
vinculações de gastos com a valorização e melhoria do magistério.
do sistema educativo brasileiro para o qual se deseja propor o debate
sobre essas políticas de formação. Pode-se concluir, segundo Machado, que o movimento da gestão e
da profissionalização da educação básica no país está bastante direciona-
O mundo vem reconhecendo que as organizações funcionam melhor
do para o fortalecimento da escola e para os profissionais que nela atuam,
se as pessoas que ali trabalham forem encorajadas a uma melhora profis-
deixando, como pano de fundo, a ideia de um novo federalismo na forma
sional.
da colaboração e integração de ações entre os entes federados.
Hoje em dia é preciso uma formação contínua, e mais do que ter co-
Para ela, todos os profissionais da educação são gestores educacio-
nhecimentos é preciso saber usá-los.
nais.
As abordagens individualistas da formação, ou seja, aquela em que
Como exemplo, cita a Resolução n. 3 do CNE, que "Fixa Diretrizes
as pessoas consumiam cursos oferecidos pelas diversas agências e
para os Novos Planos de Carreira e Remuneração para o Magistério dos
instituições de formação ou treinamento, sem vínculo necessário com os
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios", inclui a "colaboração com a
interesses das instituições de origem precisam ser superadas.
administração da escola e a articulação com a comunidade" nas horas de
É preciso saber aprender em uma sociedade global, de mudanças atividades que compõem a jornada de trabalho do professor.
aceleradas e radicais, ganhando importância as competências transver-
Nesse sentido, avalia a autora, “a comunidade escolar, incluindo os
sais e a interdisciplinaridade.
professores, necessitam de algum tipo de formação em gestão, seja em
No mundo atual, a educação vem assumindo grande importância no serviço ou como parte da sua formação inicial. Há de se lembrar, tam-
cenário das transformações e na sociedade do conhecimento e da tecno- bém, o requisito de dois anos de experiência docente para a assunção em
logia, não apenas como elemento de construção da cidadania, de consoli- qualquer posição de suporte pedagógico, inclusive a de diretor, o que
dação das sociedades democráticas, mas também como fator de integra- significa, em outros termos, que os professores são potencialmente os
ção social, de competitividade, de obtenção de postos de trabalho, de candidatos a gestores educacionais, pelo menos no nível escolar.” (pág.
obtenção de competência profissional. 244)
Hoje em dia, não somente educadores, pais, especialistas discutem a Com relação a descentralização, afirma ser um movimento que reori-
questão educacional, como também sindicalistas, empresários, economis- enta o sistema como um todo, reordena o poder e as relações no seu
tas, cientistas políticos e outros segmentos mantêm a educação no centro interior, bem como redefine funções nos vários níveis.
das discussões contemporâneas.
Machado identifica três categorias de necessidades de formação, as-
O debate, iniciado a partir da Constituição de 1988, vem ganhando sociadas aos profissionais que exercem papel de formadores de opinião
espaço através dos movimentos de gestão democrática da escola e da ou que representam lideranças decisórias, ocupando postos que deman-
ampliação dos níveis de participação social na defesa do interesse públi- dam responsabilidades mais complexas no sistema, que transcrevemos a
co. seguir:
As conquistas no campo da gestão foram referendadas pela Lei n. I. Dirigentes e assessores de secretarias de educação estadu-
9394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. ais (voltado para diretores, assessores, técnicos, outras lideran-
Dá ênfase às dimensões fundamentais para melhoria da qualidade e ças), para desenvolver competências compatíveis com os novos
desempenho dos sistemas educacionais: papéis e encargos das secretarias estaduais, como coordenação
interinstitucional, gestão da equidade do sistema, avaliação de
I. o fortalecimento da gestão democrática da escola; resultados, formulação e implementação de políticas, desenvol-
II. o regime de colaboração entre as instâncias federadas; vimento da cooperação estado/ município e outros.
Conhecimentos Pedagógicos 38

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
II. Dirigentes municipais, (secretários municipais, assessores, Com relação aos cursos de pós-graduação em nível de especializa-
técnicos e outras lideranças), para melhorar a competência muni- ção, eles visam possibilitar o aprofundamento de estudos nas áreas de
cipal, particularmente, em face dos novos papéis reservados ao atuação dos profissionais de nível superior.
município com a LDB e Fundef. Surgiram alguns projetos prioritários.
III. Dirigentes escolares, (diretores, vice-diretores, professores Souto Freire cita como o primeiro deles, o aperfeiçoamento de dirigen-
candidatos a diretores e outras lideranças), para elevar o desem- tes; o segundo para professores alfabetizadores - com recursos do gover-
penho dessas organizações escolares, consolidar processos de no do estado. O terceiro, para professores de 1a. a 4a. série, com partici-
gestão democrática e elevar a qualidade dos resultados de pação do Banco Mundial e do Ministério da Educação por intermédio do
aprendizagem. (pág. 245) Projeto Nordeste e o quarto para professores dos cursos de magistério
Finalizando, salienta a autora que o magistério da educação básica, O autor ressalta que esses programas da Secretaria de Educação não
até hoje, não foi objeto de uma política nacional mais agressiva e sistemá- se restringem aos professores e dirigentes de educação, mas atingem, de
tica, nem tampouco de políticas estaduais ou municipais. forma predominante, professores e dirigentes da rede municipal, cerca de
Segundo ela, o professor não vem tendo uma formação bem cuidada 605 das vagas).
e de qualidade e que sempre atuou sob condições precárias de trabalho e Sobre a formação de multiplicadores, existem duas vertentes, a pri-
de remuneração. meira de especialização e a segunda de aperfeiçoamento.
Outro ponto, a formação em serviço, quando desenvolvida, não tem Em relação à primeira, a Bahia formou 127 multiplicadores para a
sido efetiva, sendo que volumes de recursos já foram gastos nesse país, área de alfabetização e em relação à segunda, 113 dirigentes escolares,
sem alterar o quadro de desempenho dos profissionais da educação. que serão multiplicadores nesse processo.
Para a melhoria da gestão, é fundamental que a politica de formação Vários são os projetos da área pedagógica da secretaria visando melhorar
esteja firmada sobre o tripé: a relação entre sua ação, seu desenvolvimen- cada vez mais a qualidade do ensino prestado em nossas escolas. No ciclo
to profissional e o desenvolvimento institucional. básico de aprendizagem, são as classes de aceleração, o projeto escola nas
férias, o projeto salas-ambiente, o programa de combate ao analfabetismo
São necessários projetos de formação ou capacitação com os objeti- conhecido como Aja Bahia, o programa de qualidade total, etc.
vos de profissionalização.
Hoje em dia o diretor tem novas responsabilidades, ele tem preocupa-
É preciso dar ênfase à educação continuada e à capacitação em ser- ções de ordem financeira. A escola recebe recursos financeiros na sua
viço. conta bancária e é obrigada a prestar contas desses recursos ao Tribunal
Os conteúdos e metodologias devem ser considerados. É preciso que de Contas.
os conteúdos se vinculem ao desenvolvimento de competências específi- Um programa que segundo Souto Freire merece atenção especial é o
cas e transversais, privilegiando a interdisciplinaridade, salienta a autora. Programa de Capacitação de Dirigentes Escolares, que foi iniciado em
Machado ressalta que o ponto crucial da política é a parceria esta- 1991. O objetivo é valorizar o profissional da educação.
do/município, ou seja, o regime de colaboração.
Por último, conclui a autora, seria necessário um mecanismo demo- VALORIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS.
crático para fazer a gestão do programa. João Batista dos Mares Guia
O autor é Secretário de Estado de Educação de Minas Gerais
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE DIRIGENTES MUNICIPAIS
Edilson Souto Freire Segundo ele, a formação de gestores educacionais é muito importan-
te tendo em vista algumas exigências atuais, tais como a crescente adição
O autor é Secretário de Estado de Educação da Bahia. da LDB e da Lei do Fundo, a exigência social e política da equidade
Ele aborda o programa de capacitação de dirigentes escolares, que mediante a ampliação contínua e a universalização do acesso ao ensino
começou a partir de um diagnóstico sobre a situação dos municípios da médio, a busca de estratégias para a realização dessa expansão e a
Bahia. realização de educação de qualidade para todos.
Foram incumbidas as trinta e três diretorias regionais de educação do Minas teve muitas dificuldades depois da LDB e da Lei do Fundo pois
estado de detalhar esse diagnóstico e, junto com coordenadores de edu- possuia uma população de 16,7 milhões, distribuídos em 853 municípios
cação dos municípios e a prefeitura municipal, o órgão de educação do e muitas desigualdades intra e interregionais.
município de se construir uma proposta de reorganização da rede pública Diante de tantas desigualdades, o papel da comunicação passa a ser
de ensino. muito importante.
A partir daí, foi feita uma uma negociação entre o secretário de Edu- Outro ponto são as questões políticas, levando-se em conta a inexis-
cação e os 415 prefeitos da Bahia, foi montado o modelo de reorganiza- tência de consensos básicos na política brasileira a respeito de temas
ção da rede pública de ensino, que está redundando nesse momento em fundamentais.
uma transferência de gestão de 1.697 escolas, até então sob o controle do
estado, para o controle do município. A essas políticas públicas na rede estadual, são as chamadas priori-
dades de operacionalização.
Inúmeros problemas foram detectados, especialmente com relação ao
património, ao os bens móveis e equipamentos e a parte de pessoal. Elas são em três níveis - administrativo, financeiro e pedagógico.
Os professores e servidores foram tranquilizados pois o estado asse- É preciso considerar a visão antecipatória, para que produzamos
gurou os seus direitos e uma normalidade no pagamento, mesmo que eles consensos em torno dessas ideias, melhorando os debates.
trabalhassem em escolas municipais. Segundo o autor, é preciso ser feita uma reforma permanente, gradual
Com relação a capacitação dos dirigentes, a Bahia tem um programa da mudança e das reformas.
de aperfeiçoamento de professores que envolve a realização de cursos de Segundo o autor, no caso de Minas, essa vivência de 97 para 98, é
aperfeiçoamento, de formação de multiplicadores e também de pós- positiva, porque 832 municípios participaram, livre e consensualmente, de
graduação em nível de especialização. convênios amplos de cooperação educacional entre o estado e o municí-
Segundo Souto Freire, os cursos de aperfeiçoamento visam fortalecer pio - 832, em um total de 853.
a prática pedagógica, tendo por meta a melhoria da atividade profissional Foi procurada uma linha tradicional da cooptação caso a caso.
e consequentemente a melhor qualidade de ensino nas unidade escola- A partir de fevereiro pretende-se estender a todos os professores de
res. ensino médio porque termina a fase-piloto.
Em relação aos cursos para formação de multiplicadores, eles bus- Em Minas também tem o Procad, programa de capacitação de diri-
cam a disseminação em larga escala dos grandes programas desenvolvi- gentes escolares que já funciona com 12.600 diretores e vice-diretores da
dos pela Secretaria de Educação. rede estadual e das redes municipais.

Conhecimentos Pedagógicos 39

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Com relação ao trabalho da secretaria, foi contratada uma equipe de A reorganização da escola deverá ser buscada de dentro para fora. O
cientistas sociais multidisciplinar que está fazendo pesquisa sobre o perfil fulcro para a realização dessa tarefa será o empenho coletivo na constru-
empírico atual da secretaria ou órgão municipal de educação como ele é, ção de um projeto político-pedagógico e isso implica fazer rupturas como
se ele existe ou não, se ele é eficiente e quais as mudanças que precisam existente para avançar.
ser feitas. É preciso entender o projeto político-pedagógico da escola como uma
reflexão de seu cotidiano. Para tanto, ela precisa de um tempo razoável de
PROFISSIONALIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO reflexão e ação, para se ter um mínimo necessário à consolidação de sua
Silke Weber
proposta.
A autora é secretária de Estado de Educação e Esportes de Pernam-
buco. A construção de um projeto político-pedagógico requer continuidade
das ações, descentralização, democratização do processo de tomada de
Ela aborda as questões ligadas à formação do servidor da área de
decisões e instalação de um processo coletivo de avaliação de cunho
educação, com relação à profissionalização do magistério.
emancipatório.
São quatro os programas: de qualidade de ensino, qualidade da esco-
la, gestão de política educacional e educação física e esporte e lazer. Finalmente, há que se pensar que o movimento de luta e resistência
dos educadores é indispensável para ampliar as possibilidades e apressar
A gestão educacional compartilhada visa ampliar a cooperação de as mudanças que se fazem necessárias dentro e fora dos muros das
Secretaria de Educação e Esportes, objetivando melhorar a qualidade de escolas.
ensino e consolidar uma rede pública única.
O projeto político-pedagógico, ao se constituir em um processo demo-
Para a autora é importante existir um foro itinerante de educação, que
crático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização
são reuniões públicas de avaliações de políticas educacionais.
do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as
Outro ponto importante é a necessidade de se fazer um trabalho con- relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina
junto entre estado e município. do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as rela-
Além de capacitar diretores de escolas, diretores adjuntos, é preciso ções de trabalho no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários
capacitar os conselhos escolares com seus diversos segmentos. da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes
É importante ressaltar a diferenciação existente dentro dos municí- de decisão.
pios, manter o respeito a essa diferenciação, mas principalmente garantir Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organiza-
a marca federativa dos programas nacionais. ção do trabalho pedagógico em dois níveis: como organização da escola
como um todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação
INFORMATIZAÇÃO E GESTÃO com o meio social imediato, procurando preservar a visão de totalidade.
José Amaral Sobrinho
O autor é consultor do projeto Nordeste e Fudescola A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico
passa pela relativa autonomia da escola, pela sua capacidade de delinear
O Projeto Nordeste e o Fundescola se concentrou em duas áreas. sua própria identidade. Isso significa resgatar a escola como espaço
A primeira é a informatização dos processos gerenciais das secretari- público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva.
as de educação com desenvolvimento da implantação de um sistema Tem-se como princípios norteadores do projeto político-pedagógico:
integrado de formações gerenciais.
a) igualdade de condições de acesso e permanência na escola;
A outra área é a questão de gestão escolar com a elaboração e im-
b) qualidade que não pode ser privilégio de minorias econômicas e
plantação do plano de desenvolvimento da escola em um conjunto de
sociais;
escolas dos estados do Piauí, Sergipe, Paraíba, Bahia, Rio Grande do
Norte, atuando aproximadamente em 150 mil escolas. c) gestão democrática;
O Fundescola atua nas regiões Norte e Nordeste. d) liberdade e autonomia;
e) valorização do magistério;
O treinamento é feito no mesmo momento com toda a equipe da se-
cretaria de educação junto com a liderança das escolas. A construção de um projeto político-pedagógico, para gestar uma no-
Existe também o PDE, que é um processo de planejamento para a va organização do trabalho pedagógico, passa pela reflexão sobre esses
escola que envolve aspectos administrativos e pedagógicos. princípios. Num segundo momento, parte-se para a reflexão sobre os
elementos constitutivos da organização do projeto, quais sejam:
Segundo o autor, está se investindo na parte de capacitação de ges-
tores, na parte de gestão educacional e principalmente na capacitação de a) As finalidades da escola.
lideranças das escolas. - Das finalidades estabelecidas na legislação em vigor, o que a es-
A Coordenadora de Operações da Região Nordeste, Maristela Rodri- cola persegue, com maior ou menor intensidade?
gues abordou o Programa de Apoio aos Secretários Municipais de Educa- - Como é perseguida sua finalidade cultural, ou seja, a de preparar
ção, que é um programa de capacitação de dirigentes municipais que tem culturalmente os indivíduos para uma melhor compreensão da
como principal objetivo atualizar os secretários municipais de educação sociedasde em que vivem?
com as questões relativas à gestão educacional.
- Como a escola procura atingir sua finalidade política e social, ao
formar o indivíduo para a participação política?
- Como a escola atinge sua finalidade de formação profissional, ou
melhor, como ela possibilita a compreensão do papel do trabalho
Educar e cuidar. A construção na formação profissional do aluno?
coletiva do projeto político - Como a escola analisa sua finalidade humanística, ao procurar
promover o desenvolvimento integral da pessoa?
b) A estrutura organizacional.
VEIGA, I.P. (org) Projeto político-pedagógico da escola – uma construção pos-
sível. (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico). 2.ed. Campinas: SP. - O que sabemos da estrutura pedagógica?
Papirus, 1996
- Que tipo de gestão está sendo praticada?
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA: - O que queremos e precisamos mudar na nossa escola?
UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA.
- Qual é o organograma previsto?
A escola, para se desvencilhar da divisão do trabalho, de sua frag-
mentação e do controle hierárquico, precisa criar condições para gerar - Quem o constitui e qual é a sua lógica interna?
uma outra forma de organização do trabalho pedagógico. - Quais as funções educativas predominantes?
Conhecimentos Pedagógicos 40

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- Como são vistas a constituição e a distribuição do poder? - Público e ambiente estes que apresentam características sócio-
- Quais os fundamentos regimentais? econômicas e culturais diferenciadas que condicionam também
as condições de acesso à escola.
c) O currículo.
b) Administração em educação.
- O currículo não é um instrumento neutro. Passa ideologia.
- Essa atividade, que se distingue em vários aspectos da adminis-
- Ele não pode ser separado do contexto social. tração empresarial, exige preparo específico que, na maioria dos
- Ele deve contemplar a interdisciplinaridade. casos, os atuais administradores da educação, nas várias instân-
cias do sistema educacional, inclusive na escola, não receberam.
- Deve ser estruturado de forma a veicular contestação e resistên-
Muitos demonstraram certa competência na sua área de forma-
cia aos conteúdos tradicionais.
ção e, em nome, dessa competência, foram chamados para a
d) O tempo escolar. área administrativa, na qual nem sempre demonstraram igual
- Quanto mais compartimentado for o tempo (calendário escolar, competência. Por sua vez, a formação administrativa será insufi-
distribuição diária das atividades, etc.), mais hierarquizadas e ri- ciente se não levarmos em conta a especificidade da escola e da
tualizadas serão as relações sociais, reduzindo, também, as pos- educação.
sibilidades de se institucionalizar o currículo de integração que - A globalidade do processo educativo e sua complexidade tornam
conduz a um ensino em extensão. imperioso que se busque um nível de interdisciplinaridade e de
e) O processo de decisão. complementaridade epistemológica para dar conta da consecu-
ção dos fins educacionais.
- Uma estrutura administrativa da escola, adequada à realização de
objetivos educacionais, de acordo com os interesses da popula- - Na concretização dessa tarefa tem importante papel a ação ad-
ção, deve prever mecanismos que estimulem a participação de ministrativa. Ela se situa no espaço-tempo entre as decisões polí-
todos no processo de decisão. ticas que o processo educativo exige e a implementação dessas
decisões.
f) As relações de trabalho.
A racionalidade necessária, expressa por intermédio de organização,
- Há uma correlação de forças e é nesse embate que se originam processo decisório participativo, consciência coletiva, critério no atendi-
os conflitos, as tensões, as rupturas, propiciando a construção de mento de necessidades, descentralização, corresponsabilidade e ação
novas formas de relações de trabalho, com espaços abertos à re- planejada, caracteriza hoje a dimensão pedagógica peculiar da atividade
flexão coletiva que favoreçam o diálogo, a comunicação horizon- administrativa na escola e nas demais instâncias do sistema e transforma
tal entre os diferentes segmentos envolvidos no processo educa- a administração num ato pedagógico, ao se assumir novos paradigmas de
tivo, a descentralização do poder. conhecimento, superando o individualismo.
g) A avaliação. c) Meios e fins no processo decisório.
- A avaliação é um ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios Como atividade regular das organizações a administração é articula-
ao projeto político-pedagógico. Ela, também, imprime uma dire- dora dos meios para atingir fins desejados e definidos. Todos os membros
ção às ações dos educadores e educandos. da organização administram. Mas como atividade de chefia, a administra-
ção torna-se mais complexa e apresenta-se como gerenciadora e/ou
- O processo de avaliação envolve três momentos: a descrição e a
articuladora de pessoas.
problematização da realidade escolar, a compreensão crítica da
realidade descrita e problematizada e a proposição de alternati- Integrar adequadamente os meios para chegar aos resultados espe-
vas de ação, momento de criação coletiva. rados implica um conjunto de atividades devidamente articuladas e con-
textualizadas de modo a assegurar a eficácia da organização. De tal
- A avaliação não pode ser instrumento de exclusão dos alunos
contextualização decorrem a relação com o meio externo e a busca corre-
provenientes das classes trabalhadoras, portanto, deve ser de-
ta das condições necessárias à vitalidade da organização.
mocrática.
d) Agentes organizacionais.
- O projeto político-pedagógico e a gestão da escola.
No caso da organização escolar, as questões éticas e administrativas
Uma das exigências do processo de construção do projeto político- têm a ver com a questão pedagógica. A equipe diretiva ou coordenadora,
pedagógico é indicar e reforçar a função precípua da equipe diretiva ou a quem cabe gerenciar o pessoal docente, discente, técnico-administrativo
coordenadora no sentido de administrar e liderar sua consecução, em e de serviços, não pode dissociar da tarefa de gerência seu caráter forma-
sintonia com o grupo. tivo, razão maior da ação escolar a ser expressa no seu projeto político-
Dessa forma, as demandas da gestão da escola remetem-nos a al- pedagógico.
gumas reflexões sobre a administração escolar, pois esta auxilia-nos a e) Conflito organizacional.
compreender, situar e realizar, coma devida abrangência e visão integra-
Dada a própria natureza das organizações, constituídas de indivíduos
dora, o processo e os procedimentos de planejamento da escola, de sua
e grupos com diferentes visões, necessidades, valores, interesses, em
organização e de seu funcionamento para que alcance seus objetivos e
síntese, com diferentes racionalidades, o conflito é uma realidade sempre
cumpra sua tarefa sócio-educativa, como organização de natureza social
presente no dia-a-dia da organização e, sem dúvida, um grande desafio
que é.
para os administradores.
a) As organizações.
De bandido a herói, hoje ele é tido como ingrediente indispensável da
- De forma genérica, pode-se definir “organização” como um con- atividade administrativa, caracterizando o administrador atual também
junto de pessoas e recursos articulados par a realização de um como um administrador de conflitos, em cuja bagagem devem constar não
objetivo ou um conjunto de objetivos, mantendo interação com o apenas habilidades para conviver, por vezes para abrandar, mas também,
meio. por vezes, instigar a instauração ou a intensificação de conflitos. Um clima
- A escola é uma organização e como tal precisa ser administrada. organizacional excessivamente pacífico, acomodado – “em time que está
A ação administrativa da escola deve estar referida permanente- ganhando não se mexe” – pode inviabilizar a organização, tanto quanto
mente: um clima por demais turbulento.
1) à sua missão que, por sua vez, define-se pelas concepções dos f) Gestão da escola.
elementos inerentes à sua razão de existir que são o homem, a socieda- Caminhar na direção da democracia na escola, na construção de sua
de, o conhecimento; identidade como espaço-tempo pedagógico com organização e projeto
2) ao seu público-alvo; político próprio, com base nas convicções que envolvem o processo como
construção coletiva, supõe e exige:
3) ao ambiente em que opera.
Conhecimentos Pedagógicos 41

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- rompimento com estruturas mentais e organizacionais fragmenta- em constante mudança; a escola terá aguçado seus sentidos para captar
das; e interferir nessas mudanças.
- definição clara de princípios e diretrizes contextualizadas; Não apenas o projeto de uma escola, mas os saberes, o poder, as re-
- envolvimento e vontade política da comunidade escolar; alizações, os sentimentos são construções comuns a todos quantos se
arvorarem a verdadeiramente viver nesse mundo, sejam crianças, jovens,
- conhecimento da realidade escolar baseado em diagnóstico sem- adultos ou velhos. A plenitude não deve estar reservada a alguns poucos.
pre atualizado; Não é possível negar a alguns e à maioria dois elementos essenciais à
- análise e avaliação diagnóstica para criar soluções às situações- vida, primeiro, a aspiração e, segundo, a possibilidade verdadeira da
problema da escola; autoria.
- planejamento participativo que aprofunde compromissos, estabe- A primeira tem sido massacrada por tantas circunstâncias sociais, po-
leça metas claras e exeqüíveis e crie consciência coletiva; líticas e econômicas. É aterrorizante a cena de execuções e agressões
seja de menores de rua, seja de bandidos, seja de cidadãos considerados
- clarificação constante das bases teóricas do processo com revi-
menos marginais. Mas a sociedade não deve ficar menos perplexa diante
são e dinamização contínuas da prática pedagógica;
de outras formas de execução, ao encontrar jovens alunos que já não
- atualização constante do pessoal docente e técnico; aspiram, por estarem anestesiados em suas perspectivas pelo imobilismo,
- coordenação administrativo-pedagógica competente e interativa. pelo imutável, pela desesperança.
A segunda também pode ser constatada por tantos “conduzidos”, to-
PARADIGMA – RELAÇÕES DE PODER. PROJETO POLÍTICO- lhidos, impedidos que são de construir sua autonomia pessoal ao longo do
PEDAGÓGICO: processo de suas vidas.
DIMENSÕES INDISSOCIÁVEIS DO FAZER EDUCATIVO. O grupo de profissionais da educação que estiver suficientemente in-
Há que ser desencadeado um processo que leve a comunidade esco- comodado em se perceber mero reforçador de propostas de manutenção
lar a buscar o autoconhecimento e o conhecimento das realidades que de uma sociedade barbarizada, mesmo que conhecedor do fato de que a
interagem em seu contexto. escola emerge do mesmo projeto social mais amplo, estará pronto para:
Sem a percepção de que somos pessoas do e no mundo, dificilmente a) desencadear um processo de reconhecimento e análise das dife-
poderemos captar que ao dar um aula, por exemplo, estamos comparti- rentes formas de relação de poder que fluem nos confrontos que
lhando com nossos alunos uma multiplicidade de elementos, tais como acontecem na escola, seja por meio da análise dos documentos
conhecimentos, valores, sentimentos, imaginação, memória, enfim, o ser como o regimento escolar, como o organograma, mas também os
todo em ação. À medida que a escola conseguir inter-relacionar subjetivi- planos de ensino, as falas, as representações, etc.;
dades, permitirá e provocará a construção e a reconstrução do saber. b) desarmar-se de posições radicais e irreversíveis, admitindo que a
verdade é uma construção dialética e fundamentalmente histórica
A primeira condição para se pensar a mudança é aquela que contem-
e, portanto, passível de revisão.
pla a figura do educador, esteja ele na função que estiver. Isso por que se
ele não se dispuser a reconstruir sua formação e autogerir o aprimoramen- c) confrontar o dito e o feito, em todas as esferas de atuação da es-
to profissional, todo o processo estará comprometido. cola, tanto no nível administrativo como no nível pedagógico;
d) buscar a educação continuada como via de acesso da competên-
A abertura e o espaço para prosseguir as reflexões e os estudos são
cia necessária, pois sem ela será difícil solidificar uma proposta
a raiz sustentadora de qualquer processo de (re)construção, pois, a partir
de organização coletiva da escola. Existe uma matriz teórica que
daí, passam a ser menos preocupantes os comportamentos, as crenças, e
respalda nossa ações, de forma que o querer nem sempre é po-
até as concepções vigentes, visto que estarão passíveis à análise, à
der, mesmo que se constitua em elemento importante de realiza-
crítica fundamentada e, portanto, prontas para a mudança.
ção;
Os autoritarismos, as mesmices, os comodismos, os imobilismos e as e) construir coletivamente um projeto político-pedagógico como con-
resistências infundadas são os ingredientes perfeitos para que uma escola seqüência de uma proposta de organização de trabalho que seja
voltada para a maioria da população não se concretize em projeto viável, coerente com os encaminhamentos relativos à transformação de
ao contrário, continue sendo só de utopia de alguns. uma sociedade que se propõe mais justa e democrática.
É importante, nesse ponto da reflexão, ampliar a pertinência dos pro-
jetos político-pedagógicos na efetivação de uma escola que tantos pleitei- AUTONOMIA DA ESCOLA PÚBLICA: UM ENFOQUE OPERACIONAL.
am. É importante enfatizar a concepção de projeto pedagógico também
A autonomia da escola é um exercício de democratização de um es-
como político, pois são dimensões indissociáveis, na medida em que se
paço público: é delegar ao diretor e aos demais agentes pedagógicos a
tornam intrinsecamente dependentes o fazer educativo e o fazer político.
possibilidade de dar respostas ao cidadão (aluno e responsável) a quem
A escola é um texto escrito por várias mãos e sua leitura pressupõe o servem, em vez de encaminhá-los para órgãos centrais distantes onde ele
entendimento não apenas de suas conexões com a sociedade, mas não é conhecido e, muitas vezes, sequer atendido.
também, de seu interior. Atrás de um projeto político-pedagógico ficam
A autonomia coloca na escola a responsabilidade de prestar contas
resgatadas a identidade da escola, sua intencionalidade e a revelação de
do que faz ou deixa de fazer, sem repassar para outro setor essa tarefa e,
seus compromissos.
ao aproximar escola e famílias, é capaz de permitir uma participação
Para a escola concretizar a construção de seu projeto precisa antes: realmente efetiva da comunidade, o que a caracteriza como uma categoria
a) ter clareza do aluno, do ser cidadão que deseja alicerçar; eminentemente democrática.
b) estar organizada em princípios democráticos;
AUTONOMIA E RACIONALIDADE.
c) valorizar o interativo;
Há uma segunda dimensão do conceito de autonomia das escolas
d) que possa contar com profissionais que priorizem as orientações que é mais pragmática e refere-se a aspectos organizacionais: a autono-
teórico-metodológicas de construção coletiva do projeto. mia tem uma dimensão operacional, ligada à identidade da escola, que
Um projeto político-pedagógico corretamente construído não garante pode garantir maior racionalidade interna e externa e, portanto, melhoria
à escola que a mesma se transforme magicamente em uma instituição de da qualidade dos serviços prestados.
melhor qualidade, mas certamente permitirá que seus integrantes tenham No entanto, o exercício da autonomia é mais complexo que sua acei-
consciência de seu caminhar, interfiram nos seus limites, aproveitem tação em tese. Como tantos outros conceitos mais abstratos, muitas vezes
melhor as potencialidades e equacionem de maneira coerente as dificul- torna-se difícil identificar com precisão seus componentes. A retórica
dades identificadas. Assim será possível pensar em um processo de acaba por confundir os agentes educacionais que transformam esses
ensino-aprendizagem com melhor qualidade e aberto para uma sociedade conceitos em algo grandioso e inacessível ao cotidiano da escola.
Conhecimentos Pedagógicos 42

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Na pesquisa realizada pela autora, em todas as obras consultadas e No entanto, é preciso lembrar que o quadro de destruição pelo qual
nas respostas dadas pelos diretores, fica bem claro que a autonomia passou a escola pública brasileira deixou marcas tão profundas, que a
consolida-se em três eixos básicos, relacionados com a racionalidade simples outorga de uma nova ordem não conseguirá modificar. O que
interna e externa e articulados entre si: administrativo, pedagógico e fazer, então? Investir nos recursos humanos, valorizá-los com políticas
financeiro. concretas, tornar atraente a carreira, motivando os melhores recursos
Como, porém, decompô-los para que, nas escolas, possam ser men- humanos existentes no mercado a querer exercê-la e não a abandoná-la,
surados e transformados em linhas de ação? Essa foi uma das preocupa- como vem acontecendo.
ções da pesquisa, e a intenção de apresentar como que um rol de itens
que transformasse em prática a dimensão racional da autonomia tem um A RELAÇÃO ENTRE AUTONOMIA E
caráter descritivo e não pretende esgotar as possibilidades de ações PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO.
autônomas nas escolas, mas são um ponto de partida mais concreto para A centralização fez com que as escolas se acostumassem a esperar
aqueles que desejam operacionalizar a autonomia no seu cotidiano. do órgão central suas linhas de trabalho. Quando essas não vinham, a
1) O eixo administrativo. atitude mais comum era (e, em muitos casos, ainda é) o professor repetir
seu diário de classe de anos atrás e a direção recopiar um plano educaci-
Refere-se à organização da escola como um todo e nele destacam-se onal antigo, como se as crianças fossem sempre as mesmas e como se
o estilo de gestão e a figura do diretor como agente promotor de um nenhuma mudança tivesse acontecido na escola – e de fato não tinha.
processo que envolve um outro padrão de relacionamento não só interno,
mas também com a comunidade e com o sistema educacional no qual a Um projeto tem, dentre outras, a característica do dinamismo. Isto
escola está inserida. Pode ser medido através das seguintes dimensões: porque, se ele for elaborado com base em um contexto que se queira
mudar e se a ação dos agentes for bem-sucedida, o contexto passa a ser
a) forma de gestão; outro.
b) controles normativo-burocráticos; Para a escola, um projeto ilumina princípios filosóficos, define políti-
c) racionalidade interna; cas, racionaliza e organiza ações, otimiza recursos humanos, materiais e
d) administração de pessoal; financeiros, facilita a continuidade administrativa, mobiliza os diferentes
setores na busca de objetivos comuns e, por ser de domínio público,
e) administração de material; permite constante acompanhamento e avaliação.
f) controle de natureza social ou racionalidade externa. Em suma, o projeto político-pedagógico dá voz à escola e é a concre-
2) O eixo pedagógico. tização de sua identidade, de suas racionalidades interna e externa e,
conseqüentemente, de sua autonomia.
Está estreitamente ligado à identidade da escola, à sua missão social,
à clientela, aos resultados e, portanto, ao projeto político-pedagógico em
sua essência. Embora guarde relação com os outros dois eixos, e nor- AUTONOMIA DA ESCOLA: UM CONCEITO OPERACIONAL.
malmente até dependa deles para concretizar-se, diz respeito a ações Como definir autonomia de um modo que não permaneça num pata-
voltadas para a melhoria da qualidade do ensino e ao atendimento das mar utópico, mas possa ser operacionalizada no cotidiano das escolas
necessidades básicas de aprendizagem em seus diferentes e crescentes públicas ?
níveis. Abrange os seguintes aspectos: Norteada por essa questão, a autora elaborou o seguinte conceito:
a) poder decisório referente à melhoria do ensino-aprendizagem; “A autonomia é a possibilidade e a capacidade de a escola elaborar e
b) adoção de critérios próprios de organização da vida escolar; implementar um projeto político-pedagógico que seja relevante à comuni-
c) pessoal docente; dade e à sociedade a que serve”.

d) acordos e parcerias de cooperação técnica;


3) O eixo financeiro. Analisemos esse conceito parte a parte.

Freqüentemente o mais associado à autonomia, trata da gestão dos 1) Em primeiro lugar, o conceito introduz a idéia de possibilidade,
recursos patrimoniais, da aplicação das transferências feitas pelo sistema que tem a ver com a viabilidade, isto é, mecanismos que trans-
educacional, da possibilidade de dispor de orçamento próprio e da capaci- formem o ideal de autonomia em prática. A possibilidade funda-
dade de negociar e atrair parcerias e recursos externos que permitam menta-se na argumentação de que autonomia não é mera des-
fazer face às demandas concretas do processo educativo. Engloba três centralização administrativa, mas uma forma de delegação que se
vertentes: liga à temática da liberdade, da democracia e do pluralismo.

a) dependência financeira; 2) A segunda idéia contida na definição proposta é a de capacidade,


que está relacionada à dimensão técnica. Por ser um fato político,
b) controle e prestação de contas; filosófico, administrativo, econômico, jurídico, sociocultural e pe-
c) captação de recursos. dagógico, a autonomia é uma categoria densa, que exige alto
grau de compromisso e de competência ético-profissional.
3) Em terceiro lugar, o conceito apresentado traz elaborar e imple-
Autonomia e compromisso ético-profissional.
mentar um projeto político-pedagógico. Essa (árdua) tarefa deve
A terceira dimensão do conceito de autonomia refere-se à questão do contemplar:
papel dos agentes pedagógicos. Num modelo centralizado, as escolas são
- a identidade da escola;
meras executoras de políticas definidas em gabinetes; com a autonomia,
elas são sujeitos ativos de sua própria história. - sua racionalidade interna;
A autonomia, democratizando internamente a escola pública, valoriza - a racionalidade externa (advinda da comunidade);
o trabalho dos profissionais, realça sua competência técnica e cria condi- - a autonomia e,
ções mais favoráveis ao exercício de seu compromisso social, que é
educar. - a totalidade do sistema nacional de educação.

A autonomia, assim, valoriza os agentes pedagógicos que atuam nas 4) O quarto elemento é a idéia de relevância para a comunidade, o
escolas e cobra-lhes, diretamente, o compromisso ético-profissional de que reforça a categoria da racionalidade externa. A educação é
servir ao público em matéria de educação. É contrária ao paternalismo, à relevante quando respeita a cultura do educando e, com base ne-
dependência, à inércia, à divisão pormenorizada de trabalho, à centraliza- la, é capaz de:
ção e à burocracia excessiva. - situá-lo num horizonte maior, que amplie sua visão de mundo;

Conhecimentos Pedagógicos 43

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- fornecer-lhe conhecimentos que lhe permitam influir nos proble- O IMAGINÁRIO DA CONSTITUIÇÃO DA
mas e nas soluções de sua coletividade, enriquecendo sua pró- ESCOLA NA ORDEM SIMBÓLICA.
pria cultura. A escola, e as aprendizagens a que se destina, antes de serem obje-
5) Daí, a quinta idéia contida no conceito: o projeto pedagógico deve tos concretos de nosso saber e nosso querer, estão prefiguradas no
ser relevante também para a sociedade, essa sociedade que se imaginário social, no campo simbólico da fantasia, onde se espelham o
caracteriza pela globalização, pelo dinamismo tecnológico, pela mundo dos possíveis, o remoto, o ausente, o ainda obscuro, os objetos do
descentralização de governos e sistemas públicos e privados, desejo, o campo avançado das utopias.
exigindo dos cidadãos a capacidade de participar e a autonomia Somente na ordem simbólica existem as instituições sociais onde se
para buscar prender constantemente. combinam os componentes do imaginário com os da funcionalidade
6) Finalmente, a sexta e última lembrança do conceito: a dimensão prática, pois é no campo simbólico que se instauram os desejos inscritos
serviço – a que serve. A escola pública é uma instituição presta- nas perspectivas de futuro, antes de se constituírem em projetos manifes-
dora de serviços aos cidadãos, logo, precisa ouvir alunos e res- tos de vida e de ação solidária.
ponsáveis, o que, na prática, significa estar aberta à participação Na base de qualquer ideal, ou projeto, de escola, situa-se a verdade
da comunidade, ser transparente e abrir-se à avaliação externa e, do desejo, não apenas por parte daqueles que formalmente a constituem,
também, interna. mas, sobretudo, por parte dos que a fazem no dia-a-dia, dando-lhe vida e
efetividade.
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO: UMA MANEIRA DE PENSÁ-LO
E ENCAMINHÁ-LO COM BASE NA ESCOLA A INTENCIONALIDADE POLÍTICA DO PROJETO PEDAGÓGICO
O planejamento participativo propõe e pode implementar intervenções A escola justifica sua existência e torna válida sua atuação ao traçar
coletivas sobre o social, refletidas e conscientes. Ainda que venha desen- sua proposta pedagógica no livre consenso dos nela interessados e por
volver-se em microespaços do social, pode desempenhar uma atuação ela solidariamente responsáveis e ao propiciar-lhe as condições de efetivi-
estratégica e construir sentido. dade com eficiência.
Essa possibilidade existe porque os microespaços, ao reproduzirem a Dessa forma, imbricam-se na proposta pedagógica as duas dimen-
heterogeneidade do social, passam a conter, a seu modo, elementos sões do instituinte e do instituído: a dimensão ético-política da natureza
estruturais deste. Atuando sobre esses elementos, o planejamento partici- intersubjetiva da formação da vontade coletiva e a da coordenação e da
pativo poderá imprimir conseqüências sobre outros ambientes e âmbitos condução da atuação solidária.
do social, além das mudanças que venha a implementar sobre seu objeto
singular de atuação. A questão dos valores consensualmente definidos e conseqüente-
mente por todos assumidos na co-responsabilidade das práticas efetivas
Poderá atingir a “enxurrada” de seu tempo. E, se chegar a estabelecer torna-se, por isso, a questão primordial, pois é necessário, antes de tudo,
intervenções democraticamente planejadas, com sustentação teórica para definir qual cidadão a escola pretende formar para qual sociedade, sem o
serem suficientemente incisivas e clareza política que permita o avançar e que a ação política restringir-se-ia à luta por vantagens individuais ou
o retroceder quando necessário, o planejamento participativo poderá grupais.
contribuir para o estabelecimento de mudanças significativas no curso das
águas da “enxurrada” a que nos referimos. Por essas razões, uma proposta política de educação para todos só
pode ser gestada na ampla mobilização política de toda sociedade em
A experiência de planejamento participativo com base na escola já suas diferenciadas esferas igualmente lúcidas e ativas. Isso se dá desde a
aponta algumas aprendizagens. Em relação à definição do objeto de articulação das propostas das escolas singulares no interior dos respecti-
planejamento devemos buscar a demarcação do âmbito das relações da vos sistemas de ensino e entre eles, de maneira a se considerarem as
“comunidade escolar”: escola e grupos; escola e instituições. A seguir, peculiaridades culturais, os saberes e os poderes locais, as organizações
temos que definir qual é, ou quais são, as esferas do social que vamos dos profissionais da educação nos níveis próximos e imediatos e nas suas
priorizar, nos níveis de conhecimento e da ação planejada, para darmos articulações políticas regionais e nacionais.
conta de atingir os objetivos do planejamento.
A aprendizagem na mediação da docência em sala de aula.
A proposta da autora tem valorizado a esfera da vida cotidiana, uma
vez que foi eleito, como foco de investigação, os processos de socializa- São suportes necessários à docência atenta à qualidade das efetivas
ção vivenciados no microespaço da comunidade escolar e, também, por aprendizagens intencionadas:
verificarmos que é principalmente com base nas integrações na cotidiani- 1) Um projeto político-pedagógico, cuja marca seja a permanente
dade que os indivíduos constroem-se. redefinição conceitual, por parte da comunidade escolar (interna e
Os sujeitos do planejamento participativo são parte do mesmo objeto externa) sobre o que ela entende por: conhecimento, sociedade,
sobre o qual propõem-se a refletir e agir. Sua ação prático-reflexiva resulta educação, escola, ensino-aprendizagem, a educação que quer e
em projetos e em organização. para que, isto é, uma ética dos valores a serem perseguidos.
A proposta de planejamento participativo mobiliza sujeitos vinculados 2) Uma programação para o curso dos estudos na escola (dinâmica
a processos de socialização em desenvolvimento no microespaço da curricular), em que se correlacione a processualidade do ensino-
comunidade escolar: no bairro, na escola e na família, especialmente. aprendizagem em cada ano, ou série, e para cada turma de alu-
Processos que os integram à cotidianeidade. nos, na linha conceitual da escola e em eixos de articulação da
concentração das atenções e da recorrência diversificada dos
Esses sujeitos – homens, mulheres, crianças e jovens – já estão mar- conceitos em cada etapa ou período letivo.
cados por seu estar no mundo: por suas primeiras inserções sociais. Eles
constituem-se também em “grupos de pares”, na esquina, na igreja, na 3) Um programa de atuação integrada da turma de alunos e da
associação, no clube. Suas experiências primeiras são estruturantes de equipe de professores em cada período e subperíodo (semestre,
seu “ser”; da capacidade de viverem, “por si”, as oportunidades que a bimestre, etc.), em que as disciplinas e os temas não apareçam
sociedade lhes oferece. Essas experiências poderão facilitar ou dificultar, isolados, nem os alunos e os professores atuem cada um por si,
em cada indivíduo, a construção da própria maturidade. mas os conceitos trabalhados correlacionem-se em decorrência
da aprendizagem deles, desde as aplicações simples, lineares,
O planejamento participativo pode constituir-se num instrumental pe- até a exploração autônoma das possibilidades com que acenam,
dagógico de grande valia para potenciar e trabalhar o processo de matu- segundo os critérios:
ração desses indivíduos.
- da generalização, isto é, da abrangência e da articulação integra-
ESCOLA, APRENDIZAGEM E DOCÊNCIA: IMAGINÁRIO SOCIAL doras com os conceitos correlatos no seio mais amplo de uma te-
E INTENCIONALIDADE POLÍTICA. oria;

Conhecimentos Pedagógicos 44

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- da aplicabilidade a universos mais extensos; PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: A EXPERIÊNCIA DE UMA ES-
- da precisão e da coerência interna de suas relações mais funda- COLA DE PERIFERIA URBANA NA CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTI-
mentais; DADE.

- da capacidade de abstração, vale dizer, de análise, síntese e Entendendo que os aspectos administrativos e burocráticos devem
transferência das relações percebidas. dar sustentação à proposta pedagógica, a primeira condição para que esta
se viabilizasse foi a organização foi a organização do tempo pedagógico
Currículos, programas, matérias e materiais de ensino, metodologias através da elaboração de um calendário escolar prevendo espaço para
e técnicas: tudo o mais são apenas pretextos para a densidade das rela- reuniões e estudos.
ções que se estabelecem entre seres humanos que se respeitam e se
admiram. Constituem-se a docência e a aprendizagem no relacionamento Nessas reuniões, retomando as construções anteriores referentes à
pedagógico da ação da palavra e da palavra da ação, pelas quais os função social da escola, o grupo de professores definiu princípios básicos
sujeitos fazem-se singularizados em sua generalidade humana. para a ação educativa centrados na concepção de que:
a) a ação pedagógica deve formar cidadãos conscientes, críticos,
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA: participativos e capazes de atuar na transformação do meio em
DESAFIO À ORGANIZAÇÃO DOS EDUCADORES que vivem;
Como cidadãos de uma nova época, em que o exercício da democra- b) o resgate da historicidade devolve aos sujeitos o poder da palavra
cia exige clareza de opções e coerência nas ações, os educadores preci- espontânea e consciente;
sam, diante desse novo apelo por mudanças, clarificar os propósitos que c) o espaço da sala de aula transcende os limites da escola, atingin-
definem a intencionalidade e a dimensão das transformações que, neces- do a comunidade;
sariamente, deverão ocorrer na escola, a fim de que não se restrinjam elas
a políticas de legitimação de programas oficiais, ou meras inovações d) o ensino precisa considerar os elementos culturais e valorativos
metodológicas que atingem apenas o âmbito da sala de aula sem preocu- imbricados nas práticas sociais;
pação com o inevitável comprometimento de qualquer prática pedagógica e) as formas como os sujeitos produzem sua existência (trabalho e
com um projeto político. lazer) geram o saber popular que, articulado ao conteúdo escolar,
Nessa perspectiva, é preciso que a organização coletiva dos educa- promove o desenvolvimento da cultura;
dores na construção de propostas pedagógicas, que de fato se fazem f) o desenvolvimento da cultura permite aos sujeitos vislumbrarem
necessárias no nível da escola e do sistema, esteja, pautada em concep- melhores condições de vida por intermédio da participação, exer-
ções claras que, ao conduzirem as mudanças intra-escolares, inscrevam citando sua cidadania.
as práticas pedagógicas em projeto histórico consensualmente assumido Com base nessas concepções a organização curricular foi definindo a
pelo grupo, porque emanado da compreensão construída na análise da função de cada série no currículo, os conceitos básicos que deveriam ser
conjuntura social e na comunicação arguementativa dos sujeitos que estruturados pelo aluno em cada etapa da escolaridade e os critérios
instituem as relações escolares. gerais para uma avaliação progressiva que permitisse o acompanhamento
Se pretendemos inserir a escola na nova ordem da mudanças institu- da processualidade na construção do conhecimento.
cionais exigidas pelo atual momento histórico, é preciso que o projeto Dessa tarefa, que envolveu os professores durante todo um ano letivo
político-pedagógico assumido pela comunidade escolar esteja estruturado – já que o cotidiano da escola implica uma complexidade de relações e
em dois eixos básicos reciprocamente determinantes: tarefas que não permite a dedicação exclusiva a uma só atividade -,
- a intencionalidade política que articula a ação educativa a um pro- resultou uma proposta curricular, articulada e seqüencial, da pré-escola à
jeto histórico, definindo fins e objetivos para a educação escolar; 5ª série, definindo:
- o paradigma epistêmico-conceitual que, ao definir a concepção de a) objetivos gerais para cada modalidade de currículo (atividades ou
conhecimento e a teoria da aprendizagem que orientarão as prá- áreas de estudos);
ticas pedagógicas, confere coerência interna à proposta, articu- b) objetivos específicos para cada série;
lando prática e teoria.
c) conceitos básicos que deveriam ser desenvolvidos em cada área
Em outras palavras poderíamos dizer que um projeto pedagógico poli- do conhecimento (conceitos lingüísticos, matemáticos, sociais,
ticamente comprometido deverá (re)estruturar a escola em articulações das ciências naturais, da expressão estética e corporal, etc.).
coerentes, imprimindo-lhe uma unidade interna que se expressa:
- no modo de conceber, organizar e desenvolver o currículo; A concepção de que uma proposta curricular precisa ser flexível e es-
tar em permanente (re)construção, associada à circunstância de que essa
- nas formas de orientar o processo metodológico de condução do escola analisada está implantando gradativamente o primeiro grau com-
ensino; pleto, faz com que a cada ano a proposta seja avaliada e complementada
- nas relações amplas e complexas do cotidiano escolar responsá- de acordo com as construções próprias de um grupo que permanece
veis pelas aprendizagens mais significativas, uma vez que conso- sempre atento às questões da prática, teorizando sobre elas.
lidam valores e desenvolvem cultura.
A consolidação da proposta, registrada e apresentada à Secretaria
Esse projeto político-pedagógico deverá ser objeto de permanente vi- Municipal de Educação abriu espaços de autonomia para que a direção
gilância teórica, tanto quanto aos conteúdos de ensino, as meto- pudesse tomar as medidas administrativas coerentes com o projeto. A
dologias, a avaliação e as normas administrativas: limitação do número de alunos por turma, que requer aumento do quadro
- as relações professor/aluno/escola/comunidade, entendidas como docente e também de espaço físico, é um exemplo dessa conquista:
espaço sociocultural da ação educativa; visando a oportunizar uma interação organizada no processo de constru-
ção do conhecimento e atender os alunos em suas individualidades, a
- o planejamento e a organização do tempo pedagógico expresso escola forma grupos de mais ou menos 25 alunos por turma.
na forma de calendário e horários que privilegiem o tempo da
ação e da reflexão, das atividades singulares e das ações coleti-
vas; ZABALA, ANTONI. A PRÁTICA EDUCATIVA: COMO ENSINAR,
ARTMED, 1998.
- as tecnologias educacionais e os instrumentos didáticos;
Antoni Zabala
- as atividades dos setores, desde os serviços mais simples, como
limpeza e merenda, até os que têm como função específica apoi- O autor com este livro pretende propor alguns critérios que contribu-
ar a ação pedagógica, tais como o serviço de supervisão escolar, am para articular uma prática reflexiva e coerente sobre a prática educati-
a orientação educacional, a biblioteca, a assistência em saúde, os va, como também oferecer elementos que possibilitem a análise e até
clubes, as associações de pais, os grêmios estudantis, etc. modificações dessas condições.

Conhecimentos Pedagógicos 45

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Sua intenção não é dissertar sobre técnicas de ensinar, mas em últi- capacidades motoras afetivas, de relação interpessoal e de inserção
ma análise parte do pressuposto que os docentes, independentemente do social.
nível em que trabalhem, são profissionais, que devem diagnosticar o Das diferentes formas de classificar a diversidade de conteúdos,
contexto de trabalho, tomar decisões, atuar e avaliar a pertinência das COLL (1986) agrupa os conteúdos em conceituais, procedimentais ou
atuações, a fim de renconduzi-las no sentido adequado. atitudinais, o que corresponde respectivamente às perguntas “o que se
Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada deve saber?”, “o que se deve saber fazer?” e “como se deve ser?”.
vez mais competente em seu ofício e como qualquer outro profissional Assim as perguntas para definir os conteúdos se resumiriam nas defi-
qualquer educador para melhorar sua prática educativa, se entendemos que nições de saber, saber fazer e ser. Certamente, a maioria dos conteúdos
a melhora de qualquer das atuações humanas passa pelo conhecimento e dos exames, deveriam enfocar - acima de tudo é preciso “saber”, que se
pelo controle das variáveis que intervêm nelas, o fato de que os processos necessita de um pouco “saber fazer” e que não é muito necessário “ser”.
de ensino/aprendizagem sejam extremamente complexos - certamente mais
complexos do que qualquer outra profissão - não impede, mas sim torna É difícil conhecer os diferentes graus de conhecimento de cada meni-
mais necessário, que professores disponham e utilizem referenciais que no ou menina, identificar o desafio de que necessitam , saber que ajuda
ajudem a interpretar o que acontece em aula. Se o professor tiver conheci- requerem e estabelecer a avaliação apropriada para cada um deles a fim
mento desse tipo, o utilizará previamente ao planejar, no próprio processo de que se sintam estimulados a se esforçar em seu trabalho. Mas o fato
educativo e, posteriormente, ao realizar uma avaliação do que aconteceu. de que não devemos desistir de buscar meios ou formas de intervenção
que, cada vez mais, nos permitam dar uma resposta adequada às neces-
O planejamento e a avaliação dos processos educacionais são uma sidades pessoais de todos e cada um de nossos alunos.
parte inseparável da atuação docente, já que o que acontece nas aulas, a
própria intervenção pedagógica, nunca pode ser entendida sem uma
Processos de Aprendizagem
análise que leve em conta as intenções, as previsões, as expectativas e a
avaliação dos resultados. Segundo o autor os processos de aprendizagem se subdividem em
vários segmentos a saber: concepção construtivista da aprendizagem,
De todas as variáveis que incidem sobre os processos de ensi-
que reúne uma série de princípios que permitem compreender a comple-
no/aprendizagem, se denomina atividade ou tarefa, assim atividades
xidade dos processos de ensino/aprendizagem e que se articulam em
como: exposição, debate, leitura, pesquisa, exercício, estudo, etc. são
torno da atividade intelectual.
unidades básicas do processo de ensino/aprendizagem, cujas variáveis
determinam relações interativas professor/alunos e alunos/alunos. Aprendizado dos conteúdos segundo sua tipologia é a diferenciação
dos conteúdos de aprendizagem segundo uma determinada tipologia que
A maneira de configurar as sequências de atividades é um dos traços
nos serve para identificar com mais precisão as intenções educativas.
mais claros que determinam as características diferenciais da prática
educativa. Do modelo mais tradicional de “aula magistral” (com a sequên- Aprendizagem dos conteúdos factuais se entende pelo conhecimento
cia: exposição, estudos sobre apontamentos ou manual, prova, qualifica- dos fatos, acontecimentos, situações e fenômenos concretos e singulares:
ção) até o método de “projetos de trabalho global” (escolha do tema, a idade de uma pessoa, a conquista de um território. O ensino está repleto
planejamento, pesquisa e processamento da informação, índice, dossiê de de conteúdos factuais.
síntese, avaliação), podemos ver que todos têm como elementos identifi- Aprendizagem dos conceitos e princípios são termos abstratos. Os
cadores as atividades que os compõem, mas que adquirem personalidade conceitos se referem ao conjunto de fatos, objetos sou símbolos que têm
diferencial segundo o modo como se organizam e articulam em sequên- características comuns, e os princípios se referem às mudanças que se
cias ordenadas, que são em última análise, um conjunto de atividades produzem num fato, objeto ou situação em relação a outros fatos, objetos
ordenadas, estruturas e articuladas para a realização de certos objetivos ou situações e que normalmente descrevem relações de causa-efeito.
educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pêlos
professores como pêlos alunos. Aprendizagem dos conteúdos procedimentais - inclui entre outras coi-
sas a regras, as técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades, as
Os termos unidade didática, unidade de programação ou unidade de estratégias, os procedimentos - é um conjunto de ações ordenadas e com
intervenção pedagógica passarão a ser usados para se referir às sequên- um fim, quer dizer, dirigidas para a reação de um objetivos. Ler, desenhar,
cias de atividades estruturadas para realização de certos objetivos educa- observar, calcular,
cionais.
Aprendizagem dos conteúdos atitudinais engloba uma série de conte-
údos que por sua vez podemos agrupar em valores, atitudes e normas.
A FUNÇÃO SOCIAL DO ENSINO E A CONCEPÇÃO SOBRE OS PRO-
CESSOS DE APRENDIZAGEM: INSTRUMENTOS DE ANÁLISE.
AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS E AS SEQUÊNCIAS DO CONTEÚDO
Até hoje, o papel atribuído ao ensino tem priorizado as capacidades
cognitivas, mas nem todas, e sim aquelas que se tem considerado mais Segundo o autor, que não pretende ilustrar nenhuma tendência espe-
relevantes e que, correspondem à aprendizagem das disciplinas ou maté- cífica, mas sim fazer avaliações tendenciosas sobre as formas de ensinar.
rias tradicionais. Na atualidade, se entendermos que a escola deve-se Um primeiro olhar nos exemplos propostos servirá para examinar se cada
preocupar com a formação integral, seu equilíbrio pessoal, suas relações um deles pretende alcançar os mesmos objetivos. Assim, para a análise
interpessoais, sua inserção social, consideraremos, então, também que a das sequências deve-se examinar, em primeiro lugar, os conteúdos que
escola deverá se ocupar das demais capacidades. se trabalham, a fim de julgar se são os mais apropriados para a consecu-
ção dos objetivos.
Mas, de qualquer forma, ter um conhecimento rigoroso da tarefa do
educador implica também saber identificar os fatores que incidem sobre o UNIDADE I
crescimento dos alunos. O segundo passo consistirá em aceitar ou não o 1. Comunicação da lição
papel que podemos ter neste crescimento e avaliar se a nossa intervenção
2. Estudo Individual
é coerente com a ideia que temos da função da escola e, portanto, da
nossa função social como educadores. 3. Repetição do conteúdo aprendido
O que fazemos em aula, por menor que seja, incide em maior ou me- 4. Prova ou Exame
nor grau na formação dos alunos. 5. Avaliação
UNIDADE 2
Os conteúdos de aprendizagem: instrumentos de
explicitação das intenções educativas 1. Apresentação situação problemática
Os conteúdos de aprendizagem não se reduzem unicamente às con- 2. Busca de Soluções
tribuições das disciplinas ou matérias tradicionais. Serão conteúdos de 3. Exposição do Conceito e algoritmo
aprendizagem todos aqueles que possibilitem o desenvolvimento das
4. Generalização
Conhecimentos Pedagógicos 46

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
5. Aplicação A sequência 3, segundo o autor, pelo fato de seguir um esquema cen-
6. Exercitação trado na construção sistemática dos conceitos e oferecer um grau notável
de participação dos alunos, especialmente nos processos iniciais, satisfaz
7. Prova ou Exame em grande parte, as condições que possibilitam que as aprendizagens
8. Avaliação sejam o mais significativas possível. As carências são consequência da
dificuldade para manter o controle do processo individual de cada aluno. É
UNIDADE 3
fácil cair na tentação e acreditar que todos e cada um dos meninos e
1. Apresentação situação problemática meninas participam numa autêntica construção pessoal de significados.
2. Diálogo professores/alunos Assim, será responsabilidade do tipo de provas de avaliação conseguir
que a aprendizagem seja mais ou menos profunda, que se reduza à
3. Comparação pontos de vista simples exposição das conclusões e generalizações, ou que se converta
4. Conclusões num instrumento da revisão que o aluno faz do processo que seguiu.
5. Generalização A sequência 4, comparada com os demais, é a que apresenta uma mai-
or variedade de atividades, o que logicamente lhe permite satisfazer a
6. Exercícios de memorização
totalidade dos condicionantes, a fim de que as aprendizagens sejam o mais
7. Prova ou Exame significativas possível. Para que estas razões sejam acertadas, os professo-
8. Avaliação res deverão ter uma consciência clara a respeito do sentido de cada fase.
UNIDADE 4
O ensino segundo as características tipológicas dos conteúdos
1. Apresentação situação problemática
Uma vez identificadas as sequências de conteúdo, o passo seguinte
2. Problemas ou questões consiste em relacioná-los com o conhecimento que se tem sobre os
3. Respostas intuitivas ou suposições processos subjacentes à aprendizagem dos diferentes tipos de conteúdo.
4. Fontes de Informação
5. Busca de informação Ensinar conteúdos factuais
6. Elaboração de conclusões Os fatos se aprendem mediante atividades de cópia mais ou menos
literais, com o fim de integrá-los nas estruturas do conhecimento, na
7. Generalização memória. O caráter reprodutivo dos fatos implica exercícios de repetição
8. Exercícios de memorização verbal. Repetir tantas vezes quanto seja necessário até que se consiga a
9. Prova ou Exame automatização da informação. Assim, as atividades básicas para as se-
quências de conteúdos factuais terão que ser aquelas que têm exercícios
10. Avaliação
de repetição.
Ao se observar a unidade 1, nota-se que os conteúdos são fundamen-
talmente conceituais. A técnica expositiva dificilmente pode tratar outra Ensinar conceitos e princípios
coisa que não seja os conteúdos conceituais.
Como os conceitos e princípios são temas abstratos, requerem uma
Já na unidade 2, nota-se que os conteúdos são fundamentalmente compreensão do significado e, portanto, um processo de elaboração
procedimentais no que se refere ao uso do algoritmo e conceituais quanto pessoal. Neste tipo de conteúdo são totalmente necessárias as diferentes
à compreensão dos conceitos associados, neste caso os de fração, sin- condições estabelecidas anteriormente sobre a significância na aprendi-
tagma nominal ou velocidade. zagem: atividades que possibilitem o reconhecimento dos conhecimentos
Na unidade 3 se pretende que os alunos cheguem a conhecer deter- prévios, que assegurem a significância e a funcionalidade, que sejam
minados conteúdos de caráter conceitual. Para sua compreensão se adequadas ao nível de desenvolvimento, que provoquem uma atividade
utiliza uma série de técnicas e procedimentos - diálogo e debate, funda- mental.
mentalmente.
Na unidade 4 vemos que em praticamente todas as atividades que Ensinar conteúdos procedimentais
formam a sequência aparecem conteúdos conceituais, procedimentais e Neste caso, o dado mais relevante é determinado pela necessidade
atitudinais. Neste caso, os alunos controlam o ritmo da sequência, atuan- de realizar exercícios suficientes e progressivos das diferentes ações que
do constantemente e utilizando uma série de técnicas e habilidades: formam os procedimentos, as técnicas ou estratégias. As sequências dos
diálogo, debate, trabalho em pequenos grupos, pesquisa, trabalho de conteúdos procedimentais deverão conter atividades com algumas condi-
campo, elaboração de questionários, entrevistas, etc. ções determinadas:
Fazendo uma análise da concepção construtivista e a atenção à di- • as atividades devem partir de situações significativas e funcio-
versidade que cada unidade propõe, o autor conclui que na unidade I , nais, a fim de que o conteúdo possa ser aprendido junto com a capacida-
dificilmente se pode atender aos princípios de uma aprendizagem signifi- de de poder utilizá-lo convenientemente.
cativa e que leve em conta a diversidade se não se incluem outras ativida-
• a sequência deve contemplar atividades que apresentem os
des que ofereçam mais informação acerca dos processos que os alunos
modelos de desenvolvimento do conteúdo de aprendizagem. Modelos
seguem, que permitam adequar a intervenção a esses acontecimentos.
onde se possa ver todo o processo, que apresentem uma visão completa
Esta sequência goza de um certo desprestígio, pois considera que uma
das diferentes fases, passos ou ações que os compõem.
das funções primordiais do ensino é a seletiva. De certo modo se diz: não
apenas não serve quem não sabe, como tampouco serve quem não é • para que a ação educativa resulte no maior benefício possível,
capaz de aprender um sistema de exposição simples. é necessário que as atividades de ensino se ajustem ao máximo a uma
sequência clara com uma ordem de atividades que siga um processo
Na unidade 2, nota-se que esta sequência satisfaz de maneira ade-
gradual.
quada muitas das condições que fazem com que a aprendizagem possa
ser o mais significativa possível. Permite prestar uma atenção notável às • são necessárias atividades com ajudas de diferente grau e prá-
características diferenciais dos alunos, sempre que se introduza um maior tica guiada. Assim, a estratégia mais apropriada, depois da apresentação
número de intercâmbios que favoreça o deslocamento do protagonismo do modelo, será a de proporcionar ajudas ao longo das diferentes ações,
para os alunos. Sua fragilidade consiste em que, facilmente se corre o conduzindo os alunos através de um processo de prática guiada, em que
risco de dar por bom o discurso do professor e as respostas de alguns eles poderão ir assumindo, de forma progressiva, o controle, a direção e a
alunos como supostos representantes do pensamento da maioria. E responsabilidade da execução.
finalmente, é crucial o papel que se atribui à avaliação, já que pode modi- • Atividades de trabalho independente. O ensino de conteúdos
ficar por completo a valoração da sequência. procedimentais exige que os alunos tenham a oportunidade de levar a
Conhecimentos Pedagógicos 47

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
cabo realizações independentes, em que possam mostrar sua competên- h) promover canais de comunicação que regulem os processos de
cia no domínio do conteúdo aprendido. negociação, participação e construção.
i) potencializar progressivamente a autonomia dos alunos na de-
Ensinar conteúdos atitudinais finição de objetivos, ações, realizações, controle, possibilitando que
O fato de que o componente afetivo atue de forma determinante em aprendam a aprender.
sua aprendizagem, fazem com que as atividades de ensino destes conte- j) avaliar os alunos conforme suas capacidades e seus esforços,
údos sejam muito mais complexas que as dos outros tipos de conteúdo. O incentivando o processo de auto-avaliação das competências como meio
papel e o sentido que pode ter o valor solidariedade, ou o respeito às para favorecer as estratégias de controle da própria atividade.
minorias, não se aprende apenas com o conhecimento do que cada um
destas ideias represente. As atividades de ensino necessárias têm que Segundo o autor, os princípios da concepção construtivista do ensino
abarcar, junto com os campos cognitivos, os afetivos e condutuais, dado e da aprendizagem escolar proporcionam alguns parâmetros que permi-
que os pensamentos, os sentimentos e o comportamento de uma pessoa tem orientar a ação didática e que, de maneira específica, ajudam a
não dependem só do socialmente estabelecido, mas, sobretudo das caracterizar as interações educativas que estruturam a vida de uma clas-
relações pessoais que cada um estabelece com o objeto de atitude ou se. O resultado da análise destes parâmetros apresenta um marco com-
valor. plexo. Ensinar é difícil e não dá para esperar que a explicação das variá-
veis que intervêm possa ser feita por um discurso simplista.
• adaptar o caráter dos conteúdos atitudinais às necessidades e
situações reais dos alunos. Não deve-se perder de vista que, em grande parte, poder trabalhar
desde este marco implica uma atitude construtivista - baseada no conhe-
• aproveitar os conflitos que apareçam nestas vivências ou na di- cimento e na reflexão -, que contribui para que nossas intervenções, talvez
nâmica da aula, a fim de promover o debate e a reflexão sobre os valores de forma intuitiva em grande parte, se ajustem às necessidades dos
que decorrem das diferentes atuações ou pontos de vida. alunos que temos em frente, nos levem a incentivá-los, a ver seus aspec-
• introduzir processos de reflexão crítica para que as normas so- tos positivos, e avaliá-los conforme seus esforços e a atuar como o apoio
ciais de convivências integrem as próprias normas. de que necessitam para seguir adiante. Que todos façam parte do que
temos que ensinar na escola não se deduz tanto de uma exigência buro-
• favorecer modelos das atitudes que se queiram desenvolver.
crática de administração educacional, mas da necessidade de educar de
• fomentar a autonomia moral de cada aluno. modo íntegro as pessoas.

AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA; A ORGANIZAÇÃO SOCIAL DA CLASSE


O PAPEL DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS.
As diferenças mais características das diversas formas de agrupa-
As sequências didáticas, como conjunto de atividades, nos oferecem mentos estão determinadas por seu âmbito de intervenção: grupo/escola e
uma série de oportunidades comunicativas, mas que por si mesmas não grupo/classe. Deve-se precisar, também, os critérios que se utilizaram
determinam o que constitui a chave de todo ensino: as relações que se para estabelecer estes agrupamentos como homogeneidade ou a hetero-
estabelecem entre os professores, os alunos e os conteúdos de aprendi- geneidade dos mesmos em relação a considerações de sexo, nível de
zagem. As atividades são o meio par mobilizar a trama da comunicações desenvolvimento, conhecimentos.
que se pode estabelecer em classe; as relações que ali se estabelecem
São instrumentos ou ferramentas formativas de todo o grupo/escola
definem os diferentes papéis dos professores e dos alunos.
as atividades vinculadas à gestão da escola, que configuram determina-
Ensinar envolve estabelecer uma série de relações que devem con- das relações interpessoais, uma distribuição de papéis e responsabilida-
duzir à elaboração, por parte do aprendiz, de representações pessoais des e um diferente grau de participação na gestão. São, também, ativida-
sobre o conteúdo objeto de aprendizagem. Cada pessoa terá um resultado des gerais da escola, as atividades de caráter cultural, social e esportivo,
diferente. Portanto, os professores podem utilizar na estruturação das interna e externa.
intenções educacionais uma diversidade de estratégias.
Do conjunto de relações interativas necessárias para facilitar a apren- Distribuição da escola em grupos/classes fixos
dizagem se deduz uma série de funções dos professores, que tem como O agrupamento de 20 a 40 (ou mais) de meninos e meninas em idade
ponto de partida o próprio planejamento, que podem ser caracterizadas da similar, é a maneira mais convencional de organizar grupos de alunos.
seguinte maneira: Nas escolas que têm que formar mais de um grupo/classe por série,
a) planejar a atuação docente de uma maneira suficientemente uma das dúvidas mais frequentes que se coloca é a conveniência ou não
flexível para permitir a adaptação às necessidades dos alunos em todo o de agrupá-los conforme os níveis de desenvolvimento ou de conhecimen-
processo de ensino/aprendizagem. to, ou fazê-lo heterogeneamente. O conhecimento dos processos de
b) contar com as contribuições e os conhecimentos dos alunos, ensino nos mostra que nos grupos homogêneos, a aprendizagem entre
tanto no início das atividades com durante sua realização. iguais, não possibilita o aparecimento de conflitos cognitivos, recebimento
de ajuda de colegas que sabem mais, concluindo-se, que os grupos
c) ajudá-los a encontrar sentido no que estão fazendo para que heterogênos são mais convenientes.
conheçam o que têm que fazer, sintam que podem fazê-lo e que é interes-
sante fazê-lo. Distribuição da escola em grupos/classe móveis ou flexíveis
d) estabelecer metas ao alcance dos alunos para que possam ser Esta configuração é bastante habitual em escolas que trabalham me-
superadas com o esforço e a ajuda necessários. diante créditos com conteúdos ou materiais opcionais. Segundo este
e) oferecer ajudas adequadas, no processo de construção do alu- sistema, cada aluno pertence a tantos grupos quantas matérias ou ativi-
no, para os progressos que experimenta e para enfrentar os obstáculos dades diferentes configurem seu percurso ou itinerário escolar. Esta
com os quais depara. distribuição comporta uma dificuldade organizativa, mas que deve ser
superada, se nos detemos nas vantagens que supõe.
f) promover atividade mental auto-estruturante que permita esta-
belecer o máximo de relações com o novo conteúdo, atribuindo-lhe signifi-
cado no maior grau possível e fomentando os processos de meta- Organização da classe em grande grupo
cognição que lhe permitam assegurar o controle pessoal sobre os próprios Historicamente, esta é a forma mais habitual de organizar as ativida-
conhecimentos. des de aula. Nestas atividades todo o grupo faz o mesmo ao mesmo
g) estabelecer um ambiente e determinadas relações presididos tempo, seja escutar, tomar nota, realizar provas, fazer exercícios, debates.
pelo respeito mútuo e pelo sentimento de confiança, que promovam a Os professores ou os alunos se dirigem ao grupo em geral, através de
auto-estima e autoconceito. exposições, demonstrações, modelos, etc., introduzindo, evidentemente
ações de atendimento aos alunos individualmente.

Conhecimentos Pedagógicos 48

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Esta é a fórmula é a mais simples e a que goza de mais tradição. ensino. Uma escola tem que ser um conjunto de unidades espaciais, as
aulas, situadas uma junto à outra e unidas mediantes corredores. No
Organização da classe em equipes fixas interior das unidades um conjunto de carteiras alinhadas de frente para o
quadro-negro e para a mesa do professor. Quanto ao número de alunos
A forma habitual de organização da classe em equipes fixas consiste
por classe é limitado, sempre e quando se possa manter a ordem. Final-
em distribuir os meninos e meninas em grupos de 5 a 8 alunos, durante
mente, quanto às dimensões das escolas, nota-se que uma escola seleti-
um período de tempo que oscila entre um trimestre e todo um ano, e nos
va e uniformizadora não têm nada que ver com as de outra cujo objetivo
quais cada um dos componentes desempenha determinados cargos e
seja a formação integral das pessoas. Os prédios grandes com centenas
determinadas funções. As equipes são mais reduzidas e sua duração é
de alunos são radicalmente contrários a propostas educativas encaminha-
mas curta na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental
das para o desenvolvimento não apenas cognitivo dos alunos.
do que no ensino médio.
As funções fundamentais das equipes fixas são duas. A primeira é or- A distribuição do tempo não é o menos importante.
ganizativa e deve favorecer as funções de controle e gestão da classe. A
segunda é de convivência, já que proporciona aos alunos um grupo afeti- O tempo é um fator intocável, já que os períodos de uma hora deter-
vamente mais acessível. minam o que é que se tem que fazer e não o contrário. A distribuição
horária em frações homogêneas exerce uma forte pressão sobre as
Os grupos fixos favorecem aos alunos, por suas dimensões, permite possibilidades de atuação na aula. A estruturação horária em períodos
as relações pessoais e a integração de todos os meninos e meninas. O rígidos é o resultado lógico de uma escola fundamentalmente transmisso-
objetivo consiste em formar grupos em que possam estabelecer relações ra. Há atividades e conteúdos que merecem uma dedicação muito mais
de amizade e colaboração, assim como aceitação das diferenças. prolongada, assim, o planejamento necessário não impede que, apesar
As equipes fixas oferecem numerosas oportunidades para trabalhar das dificuldades, se estabeleça um horário que pode variar conforme as
importantes conteúdos atitudinais. Sua estrutura também é apropriada atividades previstas no transcurso da semana.
para a criação de situações que promovam o debate e os correspondentes
conflitos cognitivos e ainda facilita a compreensão dos conceitos e proce- A ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS
dimentos complexos. A organização dos conteúdos na escola deu lugar a diversas formas
Organização da classe em equipes móveis ou flexíveis. de relação e colaboração entre as diferentes disciplinas. Ao fazer uma
O termo equipe móvel ou grupo flexível implica o conjunto de dois ou síntese integradora e ao mesmo tempo esquemática, estabelecemos três
mais alunos com a finalidade de desenvolver uma tarefa determinada. A graus de relações disciplinares:
duração destes agrupamentos se limita ao período de tempo de realização • A multidisciplinaridade é a organização de conteúdos mais tradi-
da tarefa em questão. Sua vida se limita à tarefa e, portanto, numa organi- cional. Os conteúdos escolares são apresentados por matérias indepen-
zação de conteúdos por áreas ou matérias, não existe continuidade de dentes umas das outras.
equipes. • A interdisciplinaridade é a interação entre duas ou mais discipli-
Os motivos que justificam os grupos móveis são diversos, embora o nas, que pode ir desde a simples comunicação de ideias até a integração
principal seja a necessidade de atender às características diferenciais da recíproca dos conceitos fundamentais e da teoria do conhecimento.
aprendizagem. É o caso dos “cantos” na educação infantil ou das oficinas • A transdisciplinaridade é o grau máximo de relações entre as dis-
ou dos trabalhos de pesquisa em níveis superiores. ciplinas, supondo uma integração global dentro de um sistema totalizador.

Trabalho individual Métodos globalizados


Consiste nas atividades que cada menino ou menina realiza por si só Os métodos globalizados nascem quando o aluno se transforma no
e é a forma de trabalho que a maioria de sequências de ensi- protagonista do ensino; quer dizer, quando se produz um deslocamento do
no/aprendizagem propõe num ou outro momento. Seja qual for a corrente fio condutor da educação das matérias ou disciplinas como articuladoras
pedagógica, nas propostas educativas sempre esteve presente o trabalho do ensino para o aluno e, portanto, para suas capacidades, interesses e
individual, porque a aprendizagem, é em última instância, uma apropria- motivações.
ção pessoal, uma questão individual. As diferenças são encontradas no
papel que se atribui a este trabalho, no momento em que ele é realizado, Segundo o autor, existem diversos métodos que podem ser conside-
nos tipos de conteúdos que se trabalham e em seu grau de adaptação às rados globalizados, por razões históricas, e por sua vigência atual, relata-
características pessoais de cada aluno. remos quatro dos métodos citados:
Um dos meios, especialmente útil no andamento do trabalho individu- • Centros de interesse de Decroly, os quais, partindo de um núcleo
al, é o denominado por Freinet de “contrato de trabalho”. temático motivado para o aluno e seguindo o processo de observação,
associação e expressão integram diferentes áreas de conhecimento. Seu
Os contratos de trabalho método está baseado na comprovação do fato de que às pessoas interes-
sa sobretudo satisfazer as próprias necessidades naturais. Estas necessi-
A função básica dos contratos de trabalho consiste em facilitar a tare- dades implicarão um conhecimento do meio e das formas de reagir nele.
fa dos professores ao propor a cada aluno as atividades de aprendizagem
apropriadas a suas possibilidades e a seus interesses. Recebe o nome de • Método de Projetos de Kilpatrick, que basicamente consiste na
contrato porque cada aluno estabelece um acordo com o professor sobre elaboração e produção de algum objeto ou montagem (uma máquina, um
as atividades que deve realizar durante um período de tempo determina- audiovisual, um viveiro, uma horta escolar, um jornal, etc.). Esse método
do, geralmente uma ou duas semanas, periodicamente ocorre uma reuni- designa a atividade espontânea e coordenada de um grupo de alunos que
ão entre professor/aluno com o propósito de revisar o trabalho feito e se dedicam metodicamente à execução de um trabalho globalizado e
combinar a nova tarefa. escolhido livremente por eles mesmos. Deste modo, têm a possibilidade
de elaborar um projeto em comum e de executá-lo, sentindo-se protago-
nistas em todo o processo e estimulando a iniciativa responsável de cada
Distribuição do tempo e do espaço
um no seio do grupo.
As formas de utilizar o espaço e o tempo são duas variáveis que têm
• Estudo do meio do MCE (Movimento de Cooperazione Educativa
uma influência crucial na determinação das diferentes formas de interven-
de Italia), que busca que meninos e meninas construam o conhecimento
ção pedagógica.
através da sequência do método científico (problema, hipótese, experi-
mentação). Para o MCE pesquisar na escola significa escolher, ordenar,
O papel do espaço relacionar os elementos descobertos e analisar problemas precedentes. A
A estrutura física das escolas, os espaços de que dispõem e como pesquisa será o processo natural de aprendizagem na medida em que
são utilizados correspondem a uma ideia muito clara do que deve ser o está relacionada com o ambiente ou interesse da criança.
Conhecimentos Pedagógicos 49

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
• Projeto de trabalho globais, em que, com o fim de conhecer um As críticas ao livro didáticos, por extensão,
tema, tem que se elaborar um dossiê como resultado de uma pesquisa aos materiais curriculares
pessoal ou em equipe. As críticas referentes aos conteúdos dos livros didáticos giram em
Segundo o autor, apesar das diferenças, o objetivo básico destes méto- torno dos seguintes aspectos:
dos consiste em conhecer a realidade e saber se desenvolver nela. O papel • A maioria dos livros didáticos trata os conteúdos de forma unidi-
que se atribui ao ensino é o denominador comum que justifica o caráter recional.
globalizador. Se as finalidades do ensino estão voltadas para o conhecimen-
to e à atuação para a vida, então parece lógico que o objeto de estudo deve • Dada a sua condição de produto estão mediatizados por uma infi-
ser o eixo estruturador das aprendizagens, seja a própria realidade. nidade de interesses.
O meio social a que pertencem sempre é muito mais complexo do que • As opções postuladas são transmitidas de forma dogmática, sem
os enunciados definidos pelas disciplinas ou matérias. É imprescindível possibilidades de questionamentos.
não cometer o erro simplista de acreditar que o conhecimento isolado de • Apesar da grande quantidade de informação não podem oferecer
técnicas e saberes é suficiente para dar resposta aos problemas da vida toda a informação necessária para garantir a comparação.
social e profissional futura.
• Fomentam a atitude passiva dos alunos, pois impedem que parti-
Segundo o autor, a organização dos conteúdos não é um tema me- cipem do processo de aprendizagem.
nor, uma decisão secundária ou um problema de escolha estritamente
• Não favorecem a comparação entre a realidade e os ensinos es-
técnico. Ao contrário, responde à própria essência do que se pretende
colares.
alcançar com a educação obrigatória, ao protagonismo que se atribui ao
aluno como sujeito ativo na construção do conhecimento, à análise que se • Impedem o desenvolvimento das propostas mais próximas.
realize dos fatores e das variáveis que intervêm, favorecendo ou obstacu- • Não respeitam a forma nem o ritmo de aprendizagem.
lizando esta construção.
• Fomentam técnicas didáticas baseadas na memorização mecâni-
Também fica claro que se inclinar por um enfoque globalizador como ca.
instrumento de ajuda para a aprendizagem e o desenvolvimento dos
alunos numa perspectiva global, que não deixa de lado nenhuma das Segundo o autor esta revisão das críticas aos livros didáticos permite
capacidades que a educação deve atender, em nenhum caso supõe a observar suas limitações e orientar os professores na determinação das
rejeição das disciplinas e dos conteúdos escolares. Pelo contrário, segun- características dos materiais curriculares para os alunos. O objetivo não
do nossa opinião, implica atribuir-lhes seu verdadeiro e fundamental lugar deve ser a busca de um livro-texto alternativo, mas a avaliação de uma
no ensino, que tem que ir além dos limites estreitos do conhecimento resposta global, configurada por diferentes materiais, cada um dos quais
enciclopédico, para alcançar sua característica de instrumento de análise, abarca algumas funções específicas.
compreensão e participação social. Esta característica é a que os torna Os materiais curriculares para a aprendizagem dos conteúdos proce-
suscetíveis de contribuir de forma valiosa para o crescimento pessoal, já dimentais terão que oferecer exercícios concretos e repetitivos.
que fazem parte da bagagem que determina o que somos, o que sabe-
mos e o que sabemos fazer. Suporte Papel (descartável e não-descartável)
Se a realidade, como objeto de estudo, é o nexo comum dos métodos Os materiais descartáveis oferecem a vantagem de que os alunos de-
globalizadores, também o é a necessidade de criar as condições que vem trabalhá-los individualmente ou em grupo, expressando o que enten-
permitam que o aluno esteja motivado para a aprendizagem e que seja dem em cada momento, o que permite que os professores possam conhe-
capaz de compreender e aplicar os conhecimentos adquiridos. cer a situação de cada um deles em seu processo de aprendizagem.
Conclui-se que os métodos globalizadores dão resposta à necessida-
de de que as aprendizagens sejam mais significativas possível e, ao Projeção estática
mesmo tempo, consequentes com certas finalidades que apontam para a As imagens estáticas, sejam do retroprojetor ou dos slides, são úteis
formação de cidadãos e cidadãs que compreendam e participem numa como suporte para as exposições dos professores e úteis como comple-
realidade complexa. mento esclarecedor de muitas ideias que se querem comunicar.

OS MATERIAIS CURRICULARES E OUTROS RECURSOS DIDÁTICOS Imagem em Movimento


O papel dos materiais curriculares
Muitos dos conteúdos trabalhados em aula se referem a processos,
Os materiais curriculares ou materiais de desenvolvimento curricular mudanças e transformações. São conteúdos que comportam movimentos
são aqueles instrumentos que proporcionam ao educador referências e no tempo e no espaço, assim sendo é muito adequado o uso de filmes ou
critérios para tomar decisões, tanto no planejamento como na intervenção gravações em vídeo.
direta no processo de ensino/aprendizagem e em sua avaliação.
Os materiais curriculares podem ser classificados em: Suporte de Informática
• Os diferentes âmbitos de intervenção dos professores permite Sua contribuição mais importante se refere à retroatividade, isto é, a
observar a existência de materiais que se referem a aspectos muito ge- possibilidade de estabelecer um diálogo mais ou menos aberto entre
rais, relacionados com todo o sistema educativo, ou de caráter sociológi- programa e aluno.
co ou psicopedagógico; outros de decisões no âmbito geral da escola, Os programas de computador podem exercer uma função inestimável
outros a planejamento, etc. como suporte para qualquer trabalho de simulação de processos comple-
• A intencionalidade ou função que terão os materiais curricula- xos.
res com diferentes finalidades: orientar, guiar, exemplificar, ilustrar, propor,
divulgar, tais como: livros, programas audio-visuais. Suporte multimídia
• Conforme os conteúdos e a maneira de organizá-los, encon- Os avanços tecnológicos permitem dispor ainda de instrumentos com
tramos materiais com pretensões integradoras e globalizadores que novas utilidades e capacidades. A combinação da informática e do vídeo,
tentam abarcar conteúdos de diferentes matérias, e outros com enfoque com o uso do disc laser, CDI ou CD-Rom.
claramente disciplinares. Blocos, fichas ou programas de computador,
Uma proposta de materiais curriculares para a escola
ortografia, desenho, mapas, etc.
Dada as características diferenciadas dos contextos educativos, dos
• Quanto ao suporte, considera-se o quadro-negro, nunca sufici-
diversos ritmos de aprendizagem dos alunos, postas pêlos diferentes tipos
entemente valorizado, mas o número um. Outros livros, cadernos de
de conteúdos e das estratégias de aprendizagem, será necessário ofere-
exercícios, fichas, slides, vídeo, informática.

Conhecimentos Pedagógicos 50

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
cer aos professores um grande número de materiais. Assim todo projeto • ao longo das diferentes etapas de ensino obrigatório temos que di-
global terá que observar para cada área ou etapa o seguinte: ferenciar entre o processo que cada aluno segue e os resultados ou
a) guias didáticos dos professores; competências que vai adquirindo.

b) materiais para a busca de informação; • diferenciar entre o que representam os resultados obtidos de acordo
com os objetivos gerais para cada aluno, conforme suas possibilidades, e
c) materiais sequenciados e progressivos para o tratamento de o que estes resultados representam em relação aos objetivos gerais para
conteúdos basicamente procedimentais; todo o grupo.
d) propostas de unidade didáticas. • na análise e avaliação da aprendizagem é indispensável diferenciar
os conteúdos que são de natureza diferente e não situá-los num mesmo
AVALIAÇÃO indicador.
Hoje, as definições mais habituais remetem a um todo indiferenciado, • diferenciar entre as demandas da administração e as necessidades
que inclui processos individuais e grupais. de avaliação que temos na escola, em nossa responsabilidade profissio-
O objetivo do ensino não centra sua atenção em certos parâmetros fi- nal.
nalistas para todos, mas nas possibilidades pessoais de cada um dos Como qualquer outra variável metodológica, as características da ava-
alunos. O problema não está em como conseguir que o máximo de alunos liação dependem das finalidades que atribuímos ao ensino.
tenham acesso à universidade, mas em como conseguir desenvolver ao
• professores e professoras têm que dispor de todos os dados que
máximo todas as suas capacidades, evidentemente, aquelas necessárias
permitam conhecer em todo momento que atividades cada aluno necessi-
para chegar a serem bons profissionais.
ta para sua formação.
Avaliação Formativa: Inicial, Reguladora, Final Integradora • o aluno necessita de incentivos e estímulos.
De acordo com o desenvolvimento do plano previsto e conforme a • a informação que os familiares do aluno recebem também tem uma
resposta dos alunos às propostas, haverá que ser introduzido atividades incidência educativa e deve ser tratada como tal.
novas que comportem desafios mais adequados e ajudas mais contingen- • a escola, a equipe docente, a fim de garantir a continuidade e a co-
tes. O conhecimento de como cada aluno aprende ao longo do processo erência no percurso do aluno, tem que dispor de todos os dados necessá-
de ensino/aprendizagem, para se adaptar às novas necessidades que se rios para este objetivo.
colocam, é o que se denomina avaliação reguladora.
• Finalmente, a administração educacional é gerida por educadores,
Avaliação final são os resultados obtidos e os conhecimentos adquiri- portanto, seria lógico que permitissem a interpretação do caminho seguido
dos; pelos alunos, conforme modelos tão complexos como complexa é a tarefa
Por que avaliar? O aperfeiçoamento da prática educativa é o objetivo educativa.
básico de todo educador. E para melhorar a qualidade de ensino é preciso
conhecer e poder avaliar a intervenção pedagógica dos professores, de MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino:
forma que a ação avaliadora observe simultaneamente os processos As abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
individuais e os grupais.
O que fundamenta a ação docente?
Conteúdo da avaliação: avaliação dos conteúdos Introdução
conforme sua tipologia O fenômeno educativo é um fenômeno humano, histórico e multidi-
Os conteúdos de aprendizagem no processo de ensino, cada uma mensional, onde encontramos tanto a dimensão humana como a técnica,
das atividades ou tarefa que o configura são referenciais funcionais para a cognitiva, a emocional, a sócio-política e cultural.
avaliar e acompanhar os avanços dos alunos. Na abordagem do processo ensino-aprendizagem faz-se a diferencia-
Na avaliação dos conteúdos factuais, o que se espera é que o aluno ção a um outro aspecto do fenômeno educacional, o que nos possibilita
tenha conhecimento dos fatos (uma data, uma capital), mas que isso não verificar vários tipos de (reducionismo).
seja uma verbalização mecânica, e que a enumeração dos fatos não Em uma abordagem humanista a relação entre as pessoas é o centro,
implique no desconhecimento dos conceitos a ele associados. e a extensão humana é o núcleo do processo ensino-aprendizagem; na
As atividades mais adequadas para conhecer o grau de compreensão abordagem comportamentalista, a extensão técnica é evidenciada.
dos conteúdos conceituais implicam na observação do uso de cada um As teorias de conhecimento, em que são fundamentadas as escolas
dos conceitos em diversas situações e nos casos em que os alunos os psicológicas podem ser classificadas segundo três características:
utilizam em suas explicações espontâneas.
• Primado do sujeito;
As atividades adequadas para conhecer o grau de domínio, as dificul-
dades e obstáculos em sua aprendizagem só podem ser as que propo- • Primado do objeto;
nham situações em que se utilizem os conteúdos procedimentais. Conhe- • Interação sujeito-objeto.
cer até que ponto sabem dialogar, debater, trabalhar em equipe, fazer
pesquisa. Primado sujeito  o nativismo, apriorismo ou inatismo afirma que o
sujeito tem formas de conhecimento predeterminadas, ou seja, o organis-
O problema da avaliação dos conteúdos atitudinais não está na difi- mo humano tem categorias de conhecimento “já prontas”, e canalizadas
culdade de expressão do conhecimento que os alunos podem ter, mas na quando estimuladas sensorialmente.
dificuldade da aquisição deste conhecimento. Uma forma de avaliar será a
observação sistemática de opiniões, nas manifestações dentro e fora de Segundo a autora Maria da graça Nicoletti Mizukami “Do ponto de vis-
aula, nas visitas, nos passeios, recreio, etc. ta pedagógico, a preocupação estaria, em grande parte, voltada para o
que Piaget (1967) denominou de exercício de uma razão já pré-fabricada”.
A informação do conhecimento dos processos e os resultados da
aprendizagem. Primado do objeto  Os empiristas observam o organismo submetido
às eventualidades do meio.
No momento da avaliação final, especialmente quando tem implica-
ções na promoção, é habitual que em muitas escolas se produzam dis- Interação sujeito-objeto  Os interacionistas afirmam que o conheci-
cussões entre os componentes da equipe docente: deve se aprovar aque- mento é considerado como uma construção contínua, a invenção e a
le aluno? descoberta são pertinentes a cada ato de compreensão.
Tem que se avaliar os processos que cada aluno segue, a fim de ob- Neste trabalho foram intensamente abordadas linhas pedagógicas e
ter o máximo rendimento de suas possibilidades. tendências no ensino brasileiro (abordagens) que fornecerão um caminho

Conhecimentos Pedagógicos 51

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
à ação docente, mesmo que cada professor o use de forma individual e los. Com essas ferramentas, o indivíduo cooperará para maior compreen-
intransferível. são e domínio do mundo que o cerca, seja este mundo físico, social etc.
Supõe-se, nas condições brasileiras, que 5 (cinco) abordagens te-
nham influenciado mais os professores, através de literatura especializa- 1.4. Sociedade-Cultura
da, modelos presenciados ou vivenciados, e informações adquiridas em O objetivo educacional encontra-se aqui inteiramente relacionado aos
cursos de formação de professores. Consideramos aqui as seguintes valores publicados pela sociedade na qual se realiza.
abordagens:
Na trajetória da educação formal os programas expressam os níveis
• Abordagem tradicional; culturais a serem conquistados. A reprovação do aluno é necessária
• Abordagem humanista; quando o mínimo cultural para aquela faixa não foi atingido, e as provas e
exames são indispensáveis para a verificação de que este mínimo exigido
• Abordagem cognitivista para cada série foi alcançado pelo aluno.
• Abordagem sócio-cultural. Num contexto social, o diploma é um instrumento de hierarquização
Não foi incluída a abordagem escolanovista cuja introdução no Brasil dos indivíduos. Essa hierarquização cultural procedente pode ser conside-
está diretamente relacionada com o manifesto dos pioneiros da educação rada como fundada no saber, no conhecimento da verdade. Assim o
nova. Esta abordagem dá ênfase aos aspectos didáticos e poderia ser diploma desempenha um papel de mediador entre a formação cultural e o
chamada de abordagem didaticionista. exercício de funções sociais determinadas.
O exame de cada abordagem foi realizado a partir de conceitos bási- Para Paulo Freire (1975c) este tipo de sociedade conserva um siste-
cos para a compreensão de cada uma, em suas pressuposições e suas ma de ensino baseado na educação bancária (tipologia mais aproximada
consequências: homem, mundo, sociedade-cultura, conhecimento, educa- do que se entende por ensino nessa abordagem), ou seja, uma educação
ção, escola, ensino-aprendizagem, professor-aluno, metodologia e avalia- que se distingue por “depositar” no aluno, conhecimentos, informações,
ção. dados, fatos etc.
Para elaboração deste trabalho foi metodologicamente escolhida a Afirmar-se que as inclinações reunidas por esse tipo de abordagem
técnica de sistematização descritiva e foi eliminada a discussão e/ou possuem uma visão individualista do processo educacional, não facilitando
crítica de conceito e/ou práticas didático-pedagógicas derivadas, pois o trabalhos de cooperação nos quais o futuro cidadão possa experimentar a
objetivo é sintetizar ideias e conceitos em forma de ideário psicológico. concorrência de esforços.

1. Abordagem Tradicional 1.5. Conhecimento


1.1. Características Gerais A inteligência ou qualquer nome dado à atividade mental é uma facul-
dade capaz de reunir/acumular informações. A dilig6encia do ser humano
Empregou-se aqui uma abordagem do ensino-aprendizagem que não
é a de dar a forma às informações sobre o mundo (físico, social etc)
se fundamenta claramente em teorias rotineiramente legalizadas.
habitualmente existe uma decomposição da realidade no sentido de torna-
A abordagem tradicional reúne considerações de vários autores de- las simples. Esse exame minucioso simplificador do patrimônio de conhe-
fensores de diferentes posições em relação ao ensino tradicional, procu- cimentos que será transmitido ao aluno às vezes conduz a uma organiza-
rando individualiza-lo tanto em seus aspectos positivos quanto negativos. ção de um ensino prevalecidamente dedutivo.
Snyders em 1974 afirmou que o “ensino tradicional” é o ensino verda- São apresentados aos alunos apenas os resultados desse processo
deiro, que conduz o aluno ao contato com as grandes realizações da para que os mesmos sejam guardados. Existe a preocupação em se
humanidade: obras-primas da literatura e da arte, raciocínios e demons- conservar o produto obtido o mais próximo possível do desejado, existe a
trações completamente preparadas, aquisições científicas atingidas atra- preocupação com o passado, como modelo a ser imitado e como lição
vés de métodos seguros. Ostentam-se os modelos, em todos os campos para o futuro.
do saber. Distingui-se o especialista, os modelos e o professor, elemento
Observando o ensino baseado numa psicologia “sensual-empirista”,
indispensável na transferência de conhecimentos.
dá-se ao sujeito um papel sem import6ancia na organização e aquisição
Nesta abordagem o professor centraliza o ensino. Este tipo de ensino do conhecimento. Ao indivíduo que está adquirindo conhecimento compe-
valoriza o que é externo ao aluno: O programa, as disciplinas, o professor. te memorizar definições, enunciado de leis, resumos que lhe são apresen-
O aluno cumpri o que lhe é indicado por autoridades exteriores. tados no processo de educação formal a partir de um esquema atomístico.
Saviani (1980, p.29) propõe que o professor se individualiza pela ga-
rantia de que o conhecimento seja alcançado independentemente da
1.6. Educação
vontade do aluno.
Durkheim defende: “No processo da educação, no decurso escolar, o
1.2. Homem aluno se depara com modelos que lhe poderão ser úteis no transcorrer de
sua vida durante e pós-escola”.
O Homem é um receptor passivo até encontrar-se repleto de informa-
ções necessárias, e transmiti-las a outros que ainda não as adquiriu, ele Alaim (1978), defendia uma “aristocracia de espírito”.
também pode ser eficiente em sua profissão, quando goze dessas infor- A abordagem tradicional é distinguida pela percepção de educação
mações e conteúdos. como um produto, já que os modelos a serem alcançados estão pré-
A ênfase está sempre no externo quer se observe o ensino verbalista, estabelecidos.
predominante na idade média e renascença, quer se observe o ensino
defendido nos séculos XVIII e XIX, apoiado em uma psicologia sensual- 1.7. Escola
empirista.
A escola é o lugar onde se realiza a educação que se resumi a um
processo de transmissão de informações em sala de aula e funciona como
1.3. Mundo
uma agência organizadora de uma complicada instrução.
Através do processo de educação formal (família, igreja), é transmiti-
De acordo com Émile Chartier (Alaim (1978)), defensor deste tipo de
do ao indivíduo a realidade. O mundo é externo ao indivíduo que irá
abordagem, a escola também é o lugar onde se raciocina. Defende um
tomando posse de uma compreensão útil dele, um padrão que compare
ambiente físico severo para prender a atenção do aluno.
com os modelos e com os ideais, as aquisições científicas e tecnológicas,
os raciocínios e demonstrações, as teorias elaboradas através dos sécu- Para este tipo de abordagem, a escola faz parte da vida onde o pro-
fessor será o mediador entre o aluno e os modelos.

Conhecimentos Pedagógicos 52

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Em defesa do ensino fundamental, Snyders (1974) afirma: “A escola Constata-se que alguns materiais são considerados mais importantes,
tradicional, quando não caricaturizada, considera que os conhecimentos pois lhes são dedicadas maior carga horária.
por si mesmo adquiridos não têm validade, mas valem como meio de O ensino intuitivo que é uma das vertentes do ensino tradicional e su-
formação e de ir mais além”. cessor do ensino verbalista apresenta problemas quanto à metodologia.
O relacionamento social criado nesta geração de escola é vertical, do No método “maiêutico” (professor dirige a classe a um resultado dese-
professor (autoridade intelectual e moral) para o aluno. jado através de uma série de perguntas), fica visível em sala de aula uma
troca verbal entre professor e alunos.
1.8. Ensino-aprendizagem
Para esse tipo de abordagem, a realidade modelo pedagógico é de 1.11. Avaliação
suma import6ancia para a criança e para sua educação. A avaliação é efetuada apontando a exatidão da reprodução do con-
Acredita-se nas qualidades formativas das disciplinas do currículo. teúdo comunicado em sala de aula, pelo número e precisão de informa-
No tipo de intervenção do professor, muitas vezes necessária, é que ções que se consegue reproduzir, por isso a necessidade de provas,
existe problema do ensino tradicional, pois muitas vezes essa intervenção exames, chamadas orais, exercícios etc. as notas alcançadas funcionam,
aponta somente a atuação de um dos pólos da relação, o professor. Ë por na sociedade, como níveis de aquisição do patrimônio cultural.
isso que são feitas muitas críticas a este modelo de ensino. 1.12. Considerações finais
Analisando percepções psicológicas e práticas educacionais do ensi- O conhecimento provém do meio e é transmitido ao indivíduo na es-
no tradicional, Aebli (1978) comenta: “que seus elementos fundamentais cola.
são imagens estáticas que progressivamente serão impressas nos alunos, A escola é o local onde se recebe este conhecimento através da
cópias de modelos do exterior que serão gravadas nas mentes individu- transmissão de conteúdos e confrontação com modelos e demonstrações.
ais”.
A escola não é estática nem intocável, assim como outras instituições,
A transferência de aprendizagem é dificultada pelo isolamento das ela pode ser mudada através de novas formações sociais que surgem a
escolas e pelo uso de artifícios dos programas. partir das anteriores.
Essa abordagem é um ensino assinalado por preocupar-se mais com
a diversidade e quantidade de noções, conceitos e informações que com a
formação do pensamento reflexivo. 2. Abordagem Comportamental
Esse ensino se distingue pelo verbalismo do mestre e pela memória 2.1. Características gerais
do aluno. Os comportamentalistas ou behavioristas, assim como os denomina-
Com a sistematização dos conhecimentos apresentados, os trabalhos dos instrumentalistas e os positivistas lógicos, observam a experiência
de aprendizagem quase sempre são padronizações o que pode facilitar planejada como a base do conhecimento, evidenciando sua origem empi-
que os mesmos caiam na rotina quando a finalidade é a fixação de conhe- rista: “O conhecimento é o resultado direto da experiência”.
cimentos, conteúdos e informações. Os positivistas lógicos consideram que “o conhecimento consiste na
O professor é responsável pela informação e condução de seus alu- forma de se ordenar as experiências e os eventos do universo, colocando-
nos em direção a objetivos que lhes são externos. A relação professor- os em códigos simbólicos”.
aluno é vertical sendo que o poder decisório quanto à metodologia, conte- Os comportamentalistas afirmam que a ciência consiste numa tentati-
údo, avaliação, forma de interação na aula etc. va de descobrir a ordem na natureza e nos eventos.
O professor retém em seu poder os meios coletivos de expressão. Skinner um representante da “análise funcional” do comportamento,
Sua função é transmitir o conteúdo que é predefinido e que constitui o fim um dos mais difundidos no Brasil, prega que “cada parte do comportamen-
da existência da escola. to é uma ‘função’ de alguma condição que é descritível em termos físicos,
da mesma forma que o comportamento”.
1.9. Professor-aluno Tanto os elementos do ensino como as respostas do aluno poderiam
ser analisadas em seus componentes comportamentais. O ensino é
O professor é responsável pela informação e condução de seus alu- formado por padrões de comportamento que podem mudar através de
nos em direção a objetivos que lhes são externos. A relação professor- treinamento, segundo objetivos pré-fixados.
aluno é vertical sendo que o professor tem o poder decisório quanto à
metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc. Neste tipo de abordagem imagina-se e materializa-se que o professor
possa aprender a analisar os elementos específicos de seu comportamen-
O professor retém em seu poder os meios coletivos de expressão. to, seus padrões de interação para poder controla-los, modifica-los quando
Sua função é transmitir o conteúdo que é predefinido e que constitui o fim necessário.
da existência da escola.

2.2. Homem
1.10. Metodologia
O Homem é produto do meio em que vive, recebendo influências exis-
O professor apresenta o conteúdo proto e o aluno limita-se passiva- tentes no meio ambiente.
mente a escuta-lo; reproduzindo os conteúdos automaticamente e sem
Skinner, (1981 p.20) “esperamos descobrir que o que o homem faz é
variação. O relacionamento professor-aluno está subentendido no método
consequência de ações específicas, que quando determinadas nos permi-
expositivo com atividade normal: O professor é o agente o aluno é o
te antecipar as ações”.
ouvinte.
Ao confirmar o controle exercido pelo homem out6onomo e demons-
A motivação para a realização do trabalho escolar dependerá de qua-
trar o controle exercido pelo ambiente, a ciência do comportamento ques-
lidades pessoais do professor para manter o interesse e atenção do aluno.
tiona a dignidade ou o valor. Skinner (1973 p.21).
Se determinado aluno não acompanha o raciocínio e requer uma
O controle da situação ambiental é transferida para o próprio sujeito =
atenção individual do professor, o resto da classe fica isolada.
para que a pessoa se torne auto-suficiente.
Por isso a necessidade de todos seguirem o mesmo ritmo de trabalho,
O homem dentro dessa referência é considerado como o produto de
estudar pelos mesmos livros-texto, utilizar o mesmo material didático,
um processo evolutivo e levaram o homem a sai atual posição, responsá-
repetir as mesmas coisas, adquirir os mesmos conhecimentos.
veis por seus erros e por suas virtudes. Skinner (1980 p.208).

Conhecimentos Pedagógicos 53

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Uma pessoa jamais se torna verdadeiramente dependente de si 2.9. Professor-aluno
mesma, depende daqueles que a ensinaram a fazê-lo. Foram eles que Nessa abordagem, o professor planejaria e desenvolveria o sistema
selecionaram os objetos de que dependem, e determinaram o grau dessa de ensino-aprendizagem aumentando o desempenho do aluno, levando
independência. (Skinner 1973 p.75). em conta fatores tais como economia de tempo, esforços e custos.
A função básica do professor basear-se-ia em arranjar as con-
2.3. Mundo ting6encias de reforço de modo a facilitar ou aumentar a possibilidade de
Segundo Skinner o homem é produto do meio, e o meio pode ser ma- ocorrência de uma resposta a ser aprendida.
nipulado.O comportamento por sua vez pode ser mudado alterando-se os
elementos ambientais. O meio seleciona.
2.10. Metodologia
Para que a relação entre um organismo e o seu meio ambiente sejam
adequadas deve-se particularizar três aspectos: Aborda a aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino,
formas de reforço no relacionamento professor-aluno, aumentando o
• A ocasião na qual a resposta ocorreu; número de alunos a alcançar altos níveis de desempenho.
• A própria resposta;
• As consequências; 2.11. Avaliação
Este relacionamento constitui as “contingências de reforço”. A avaliação está diretamente ligada aos objetivos estabelecidos. É re-
2.4. Sociedade-cultura alizada no decorrer do processo, tendo já sido definido objetivos finais e
intermediários. Fornece informações para o arranjo de contingências de
Uma cultura bem planejada é um conjunto de contingências de refor- reforços para os próximos comportamentos a serem modelados.
ço, sob o qual os membros se comportam de acordo com procedimentos
que mantém a cultura, capacitam-no a enfrentar emergências e modifi-
cam-no de modo a realizar essas mesmas coisas mais eficientemente no 2.12. Considerações finais
futuro”. Skinner (1980, p.205). Foi considerado que o homem é produto do meio e relativo a ele. As-
sim como o meio pode ser controlado e manipulado o homem também
2.5. Conhecimento pode ser controlado e manipulado.
O conhecimento é o resultado direto da experiência (orientação empi- Na abordagem comportamentalista é enfatizado que o que não é
rista). programado não é desejado.
Skinner preocupou-se com o controle do comportamento observável,
esses processos são neurológicos e obedecem a certas leis que podem 3. Abordagem Humanista
ser identificadas.
3.1. Características gerais
A abordagem humanista dá ênfase à vida psicológica e emocional do
2.6. Educação
indivíduo e a preocupação com a sua orientação interna; com o autocon-
A educação está profundamente ligada à transmissão cultural. ceito, com o desenvolvimento de uma visão autêntica de si mesmo, orien-
O sistema educacional tem como propósito básico promover mudan- tada para a realidade individual e grupal.
ças nos indivíduos, e que os indivíduos sejam os próprios dispensadores O professor não ensina: apenas cria condições para que os alunos
dos reforços que elicitam seus comportamentos. aprendam.
Madsen (1975, p.82) afirma que está é “a maneira mais eficiente e
efetiva de educar para a liberdade”.
3.2. Homem
O fundamento na ideia de homem consiste na aceitação de que a
2.7. Escola pessoa pode desenvolver-se, crescer, constitui o sistema motor da perso-
A escola é a agência que educa formalmente, procura direcionar o nalidade humana.
comportamento humano às finalidades de caráter social, o que é condição O homem está em constante processo de atualização e se atualiza no
para sua sobrevivência como agência. mundo.
O conteúdo pessoal passa a ser o conteúdo socialmente aceito.
3.3. Mundo
2.8. Ensino-aprendizagem A Visão de mundo e da realidade é desenvolvida cheia de conotações
Os behavioristas definem a aprendizagem como: particulares a medida em que o homem experiência o mundo, e os ele-
mentos experimentados vão obtendo significados para o indivíduo. Um
“Uma mudança relativamente permanente em uma tendência compor- dos aspectos básicos que se desenvolve no mundo é o “eu”. O eu do
tamental e/ou na vida mental do indivíduo, resultantes de uma prática indivíduo irá perceber diferencialmente o mundo que é algo produzido pelo
reforçada”. Rocha (1980, p.28). homem diante de si mesmo.
Dentro desse processo, o importante seria que ensino promovesse a
incorporação, pelo aluno, do controle das contingências de reforço, dando
lugar a comportamentos autogerados. 3.4. Sociedade-Cultura
Os elementos mínimos a serem considerados para a obtenção de Rogers se preocupa com o indivíduo e confia no indivíduo e no pe-
um sistema instrucional são: queno grupo, critica o planejamento social e cultural proposto por Skinner
e diz que a única autoridade necessária aos indivíduos é a de estabelecer
• O aluno; qualidade de relacionamento interpessoal, tornando os indivíduos mais
• Um objetivo de aprendizagem; auto-responsáveis, mostrando avanços em direção à auto-realização e
tornando-os mais flexíveis e adaptáveis criativamente.
• Um plano para alcançar o objetivo proposto.
A metodologia e as técnicas científicas devem ser postas a serviço do
A aprendizagem será garantida pela sua programação. subjetivo pessoal de cada indivíduo. Puenta (1980, p.107).

Conhecimentos Pedagógicos 54

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Neill educou crianças para que se tornassem seres humanos felizes, O professor deve entender, compreender e aceitar o aluno como ele
cuja noção de valores não se baseassem na prosperidade no consumo, é, e criar um clima favorável de aprendizagem.
mas no ser. O aluno é responsável pelo resultado final do esforço do professor.

3.5. Conhecimento 3.10. Metodologia


O único homem que se educa é aquele que aprende como aprender; A Metodologia fica em segundo plano conforme essa abordagem. Ca-
que aprendeu como se adaptar e mudar; que sabe que nenhum conheci- da educador eficiente, desenvolve estilo próprio para facilitar a aprendiza-
mento é seguro, que nenhum processo de buscar conhecimento oferece gem.
uma base de segurança. Mutabilidade, dependência de um processo
antes que se um conhecimento estático, eis a única coisa que tem certo Para Neill, as técnicas audiovisuais, técnicas didáticas, recursos, mei-
sentido como objetivo da educação, no o mundo moderno. (Rogers, 1972 os, mídia etc têm pouca importância.
p.104-5). Como característica básica dessa abordagem, o que acontece em sa-
O conhecimento é inseparável à atividade humana. la de aula, é o destaque especial a relação pedagógica que permite o
desenvolvimento das pessoas e possibilita liberdade para aprender

3.6. Educação
3.11. Avaliação
ESsa abordagem é caracterizada pelo primado do sujeito e será o en-
sino centrado no aluno, nesse processo os interesses em aprender deve- Rogers e Neill desprezam a padronização de produtos de aprendiza-
rão ser os do próprio aluno. gem e competências do professor.
Rogers defende a auto-avaliação, “A avaliação de cada um da sua
própria aprendizagem é um dos melhores meios pelo qual a aprendizagem
3.7. Escola auto-iniciada se torna a aprendizagem responsável” (Rogers, 1972 p.142).
A Escola segundo a abordagem humanista será uma escola que res-
peite a criança como ela é, e ofereça condições para que a criança desen-
volva-se possibilitando sua autonomia. 3.12. Considerações finais
Rogers (1972 p.152) coloca que: analisando as suas experiências A Abordagem humanística dá destaque especial ao sujeito enfatizan-
em relação ao ensino: do o subjetivo, auto-realização, valoriza-se a interação estabelecida entre
as pessoas envolvidas numa situação de ensino-aprendizagem.
1. Abolir-se-ia o ensino, quem quisesse aprender se reuniria uma
com as outras
2. Abolir-se-iam os exames; 4. Abordagem Cognitivista
3. Abolir-se-iam notas e créditos; 4.1. Características gerais
4. Abolir-se-iam os diplomas dados como títulos de competência; O termo cognitivista refere-se a psicólogos que investigam os deno-
minados “processos centrais” do indivíduo, dificilmente observáveis, tais
5. Abolir-se-ia o sistema de expor conclusões. como:
Neill analisando a escola afirma que: Obviamente uma escola que
• a organização do conhecimento;
faz com que alunos ativos fiquem sentados em carteiras, estudando
assuntos em sua maior parte inúteis, é uma escola má. Será boa apenas • Processamento de informações;
para os que acreditam em escolas desse tipo, para os cidadãos não • Estilos de processamento;
criadores que desejam crianças dóceis, não criadoras, prontas a se adap-
tarem a uma civilização cujo marco de sucesso é o dinheiro. • Comportamentos relativos a tomada de decisão.
Criadores aprendem o que desejam aprender para terem os instru- Nessa abordagem se estuda cientificamente a aprendizagem como
mentos que seu poder de inventar e o seu gênio exigem. Não sabemos sendo mais que um produto do ambiente das pessoas ou de fatores que
quanta capacidade de criação é morta nas salas de aula. Impor qualquer são externos ao aluno.
coisa atrás de autoridade é errado É uma abordagem interacionista, seus principais representantes são o
A escola se governa pelo principio da autonomia democrática, não suíço Jean Piaget, e o norte americano Jerome Bruner.
interferindo no crescimento da criança e não a pressionado, o que é uma
utopia. 4.2. Homem e Mundo
A proposta de Rogers é aplicada usando os espaços dentro de cada Do Ponto de vista interacionista homem-mundo é o produto da intera-
escola, trabalhar dentro desses limites, estabelecendo um clima de apren- ção entre eles (sujeito e objeto).
dizagem de compromisso, até que seja possível uma inteira liberdade para
Em Piaget, encontra-se noção de desenvolvimento do ser humano por
aprender (Puente, 1976 p.17).
fases que se inter-relacionam e se sucedem até atingirem estágios de
inteligência e descrever com propriedade maior mobilidade e estabilidade.
3.8. Ensino-aprendizagem O indivíduo é considerado como um sistema aberto em reestrutura-
Roger defende o ensino centralizado na pessoa (primado do sujeito). ções sucessivas, buscando um estágio final nunca completamente alcan-
A aprendizagem significativa é considerada por Rogers como a que envol- çado.
ve toda a pessoa, mas é combatido por Mahoney (1976, p.96) que diz: A origem do processo de desenvolvimento é considera-lo como um
“Toda aprendizagem significativa é ameaçadora e provoca resistência, processo progressivo de adaptação no sentido piagetiano de assimilação
pois provoca mudança do eu”. versos acomodação; de superação constante entre o homem e o meio.

3.9. Professor-aluno 4.3. Sociedade-Cultura


A Função de facilitador da aprendizagem é atribuída ao professor que Assim como encontramos diversas formas do homem vivendo em so-
devera levar o aluno a ter contato com problemas que influenciam a sua ciedade (Anarquia, tirania, democracia), verifica-se no desenvolvimento
existência. ontogênico fases caracterizadas por anomia passando pela heteronomia
(regras impostas) até atingir a autonomia.

Conhecimentos Pedagógicos 55

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A deliberação coletiva ou grupal evita que o egocentrismo predomi- • Excursões;
nem na decisão, pois este egocentrismo tem como características imaturi-
• Discussão;
dade intelectual e afetiva.
• Arte;
A democracia é uma conquista gradativa e deve ser praticada desde a
infância, não é um produto final, mas tentativas constantes de conciliação • Oficina;
e reequilibração, tendo como base a deliberação coletiva, discussão e a
• Exercícios físicos;
continua revisão dos compromissos.
• Teatros;
Para Piaget (1973 b), a democracia consistirá em superação da teo-
cracia e da gerontocracia.
Não se tem modelo ideal de evolução humana como produto final. As principais atividades da escola para o pensamento resumir-se-ia
em:

4.4. Conhecimento • Jogos de pensamento para o corpo e os sentidos;

Para os epistemólogos genéticos, conhecimento é considerado como • Jogos de pensamento lógicos;


uma construção continua. A epistemologia genética tem como objetivo • Atividades sociais para o pensamento;
conhecer as etapas da formação do sujeito epistêmico que revela o que
• Teatro;
há de comum em todos os sujeitos.
Piaget admite duas fases quanto a aquisição do conhecimento: • Excursões;

• Fase exógena Fase da constatação, da cópia, e da repeti- • Jogos de faz-de-conta;


ção; • Ler e escrever;
• Fase endógena Fase da compreensão das relações , das • Aritmética, ciência;
combinações.
• Artes e ofícios;
A aprendizagem pode para na primeira fase, mas o verdadeiro co-
• Musica;
nhecimento implica no aspecto endógeno.
Através da abordagem piagetiana, observa-se que os modelos, os • Educação física;
mecanismos de explicação da realidade (características do pensamento
hipotético-dedutivo) facilitam a observação de fato e dados por diversos 4.7. Ensino-aprendizagem
ângulos.
Quando o ensino desenvolve a inteligência deve-se dar preferência às
atividades do sujeito introduzido numa ação social.
4.5. Educação Todo ensino deve assumir várias formas no decurso do desenvolvi-
O Objetivo da educação consiste que o aluno aprenda por si próprio a mento, como o aluno aprende, depende da esquematização presente, do
conquistar informações, demonstrações, modelos etc, vencendo os obstá- estágio atual, da forma de relacionamento atual com o meio.
culos como faria em qualquer outra atividade real. O ensino compatível com Piaget é baseado no ensaio e no erro, na
A autonomia intelectual é observada quando o aluno desenvolve sua pesquisa na investigação, na solução de problemas pelo aluno e não na
personalidade e adquiri instrumental lógico-racional. aprendizagem de formulas, nomenclatura, definições etc. Piaget se preo-
A educação pode ser considerada como processo de socialização ou cupa com a aprendizagem não com a teoria de instrução.
seja um processo de democratização das relações. Socializar exige criar- A verdadeira aprendizagem acontece no exercício operacional da in-
se condições de cooperação. teligência e só é realizada quando o aluno forma seu conhecimento.
A educação é essencial ao desenvolvimento natural do ser humano “Tudo o que se ensina à criança a impede de inventar e descobrir”.
que não adquiriria sua estrutura mental sem a intervenção do exterior, (Piaget 1978 p.93).
sem a qual o individuo não alcançaria a autonomia intelectual e moral. O ensino dos fatos deve ser substituído pelo ensino de relações ,
deve estar baseado em afirmativas de problemas.
4.6. Escola
A Escola deve ensinar a criança a observar, deve facilitar ao aluno o 4.8. Professor-aluno
desenvolvimento das suas facilidades de ação motora, verbal e mental, de O Professor deve orientar o aluno, assumir o papel de investigador,
forma que depois possa ocorrer no processo sócio-cultural e renove a pesquisador, orientador, coordenador, levando o aluno a trabalhar com
sociedade. independência. O professor deve criar situações proporcionando condi-
A escola segundo esta abordagem oferece às crianças liberdade de ções que estabeleçam reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo
ação e ao mesmo tempo propõe trabalho com conceitos dentro do equilí- tempo moral e irracional.
brio do entendimento do aluno. O professor deve propor problemas aos alunos sem ensinar-lhes as
As diretrizes da escola piagetiana são: soluções, deve orientar o aluno e conceder-lhe grande margem de auto
controle e autonomia, deve conviver com os alunos observando seus
• Trabalho em grupo; comportamentos conversando com os alunos, e perguntando, realizar com
• Diretividade sequencial; os alunos suas experiências para auxiliar sua aprendizagem e desenvol-
vimento.
• Consecução de auto nível de interesse pela tarefa.
Furth wasch (1979) defende a “escola para o pensamento” inspirada 4.9. Metodologia
na psicologia genética que é livre de currículos fixos, estrutura o ambiente
e desafia a inteligência da criança dando prioridade a: Não existe um modelo pedagógico piagetiano, o que existe é uma teo-
ria de conhecimento, de desenvolvimento que trás embaraço para o
• Jogos; ensino.
• Leitura; H. Aebli (1978) traçou uma didática baseada na teoria de Piaget que
• Visitas; teve participação de H. Furth (1972, 1979) (dois dos autores mais divulga-
do no Brasil).
Conhecimentos Pedagógicos 56

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Para Aebli (1978) uma didática cientifica deduz do conhecimento psi- experiência humana feita pelos homens que o rodeia m ou que o precede-
cológico as técnicas metodológicas adequadas para produzir os processos ram.
de formação intelectual.
O trabalho em equipe adquire com Piaget consistência teórica. 5.4. Conhecimento
Uma didática resultante dessa abordagem considera a introdução das A tipologia identifica algumas características definidoras de cada tipo
operações fundamentais, primeiramente no plano de ação efetiva e pro- de consciência. Segundo A. V. Pinto temos:
gressiva e depois no plano de interiorização dessa ação.
• Consciência intransitiva;
Em resumo, o princípio fundamental dos métodos ativos não seria
mais do que a orientação de se inspirar na historia das ciências, o qual • Consciência transitiva ingênua;
pode ser expresso da seguinte forma: compreender é descobrir, ou re- • Consciência transitiva.
construir pela redescoberta e será necessário submeter-se a esses princí-
pios caso almejamos no futuro educar indivíduos capazes de produção ou Consciência intransitiva É distinguida pela quase centralização
de criação e não apenas de repetição. (Piaget 1974h p.21) dos interesses do homem em volta das formas mais vegetativas da vida.
As preocupações do individuo são circunscritas ao domínio do que nele há
de vital, do ponto de vista biológico.
4.10. Avaliação
Consciência transitiva ingênua Se caracteriza pela forte inclinação
O Método de avaliação tradicional realizada através de teste, provas, ao gregarismo (relativo à massificação), pela impermeabilidade à investi-
notas, exames etc, não é amparado nesta abordagem. gação, pela preferência por explicações fabulosas e frágeis de argumen-
O controle do aproveitamento deve ser apoiado em múltiplos critérios, tação. Manifesta pessimismo e visão catastrófica do presente, assume
não havendo pressão no sentido desempenho acadêmico, desempenho atitude de resistência a todos os projetos modificadores da realidade e
padronizados no decurso do desenvolvimento cognitivo do ser humano. expõem-se, consequentemente a uma contradição.
Consciência transitiva caracteriza-se por declarar consciência de
4.11. Considerações finais sua dependência, pesquisando sobre os fatores de que depende, exigindo
É diferente da abordagem comportamentalista conservando outras uma análise epistemológica visto que não se dá a conhecer a primeira
implicações para o ensino. Tudo que se aprende é identificado por uma vista.
estrutura já existente e ínsita uma reestruturação.
Na abordagem cognitivista observa-se um desvelo especial com a 5.5. Educação
educação pré-escolar. A educação pré-escolar tem o objetivo de criar Nesta abordagem o homem é o sujeito da educação, deve-se previa-
condições para que a criança possa desenvolver as estruturas insepará- mente refletir sobre o homem concreto a quem se que educar e analisar o
veis a essa fase. meio de vida desse homem.
Segundo Freire, “É preciso que a educação esteja em seu conteúdo,
5. Abordagem sócio-cultural em seus programas e em seus métodos, adaptada ao fim que se perse-
gue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa,
5.1. Características gerais transformar o mundo e estabelecer com os outros homens relação de
A obra de Paulo Freire enfatiza aspectos sócio-político-culturais, no reciprocidade, fazer a cultura e a história”. A educação para Paulo Freire
contexto brasileiro, sua preocupação com a cultura popular que surgiu tem caráter utópico.
após a segunda guerra mundial e se liga a problemática da democratiza-
ção da cultura. O movimento da cultura popular no Brasil ate 1964, coope-
5.6. Escola
rou para a organização de uma verdadeira cultura formando-se através de
uma movimentação de cunho vivencial. A Escola para Paulo Freire é uma instituição que consiste num con-
A colocação em relação à obra de Paulo Freire consiste num conjun- texto histórico de uma determinada sociedade, e para se compreender é
to pessoal de inclinação, como: preciso que se entenda como é constituída na sociedade e a serviço de
quem está atuando.
• Neotonismo;
• Humanismo;
5.7. Ensino-aprendizagem
• Fenomenologia; A verdadeira educação para Freire atribui-se na educação problema-
• Existencialismo; tizadora, que auxiliará o domínio da relação opressor-oprimido.
• Neo-Marxismo. O educador e educando são sujeitos de um processo em que cres-
cem juntos. O educador é sempre um sujeito cognoscente. A ação do
homem constitui uma ação ignorante de seu próprio processo histórico e
5.2. Homem e Mundo da sua finalidade.
De acordo com esta abordagem, só existem homens concretos, loca- A educação é uma pedagogia do conhecimento, e o diálogo é a ga-
lizados no tempo e no espaço, introduzidos numa composição sócio- rantia deste ato de conhecimento, o processo de alfabetização de adultos
econômico-cultural-político. deve comprometer os alunos com a problemática de suas situações
O homem é sujeito de sua própria educação, toda a ação educativa existenciais.
terá que desenvolver o próprio individuo. A estrutura de pensar do oprimido está condicionada pela contradi-
ção vivida na situação concreta existencial em que o oprimido se forma,
resultando daí consequências tais como (Freire):
5.3. Sociedade-Cultura
1. Seu ideal é ser mais homem;
Conforme Paulo Freire “todo o resultado da atividade humana,do es-
forço criador e recriador do homem, de seu trabalho por transformar e 2. Atitude fatalista (o oprimido assume papel de opressor);
estabelecer relações dialogais com outros homens”, desta forma, a aquisi- 3. Atitude de autodesvalia (o oprimido demonstra irresistível atra-
ção é crítica e criadora. Nesse sentido é licito dizer que o homem se ção pelo opressor);
cultiva e cria a cultura no ato de estabelecer relações, no ato de responder
4. Medo da liberdade ou submissão do oprimido.
os desafios que a natureza coloca, como também no próprio ato de critica,
de incorporar ao seu próprio ser e de traduzir por uma ação criadora a
Conhecimentos Pedagógicos 57

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
5.8. Professor-aluno A necessidade da articulação do aprender, do analisar, do discutir op-
Esta relação é horizontal. Para que o processo educacional seja ver- ções teóricas existentes a execução, em situações concretas de ensino
dadeiro é preciso que o educador se torne educando e o educando se aprendizagem, aproximando das opções teóricas o analisado, o lido e o
torne educador. vivido.

O professor envolvido numa pratica transformadora, desmistifica e Ler, escutar, discutir propostas alternativas é diferente de praticá-las e
questiona com o aluno, a cultura dominante valorizando a linguagem, se vivenciá-las. O maior problema dos cursos de licenciatura é que os pro-
preocupa com cada aluno em si. fessores não chegam a vivenciar as propostas que foram discutidas.
Para superar tal problema uma das soluções é a estruturação dos
cursos de licenciatura, de forma a que teorias e práticas pedagógicas
5.9. Metodologia pudessem refletir, discutir, analisar, questionar, criticar diferentes opções
O método de Paulo Freire implica nas seguintes fases: levantamento teóricas assim evitar-se-ia a utilização de receituários, de abordagens
do universo vocabular dos grupos com que se trabalha; escolha das externas ao professor. Seria uma forma de cortar o problema da critica
palavras geradoras; criação de situações existenciais típicas do grupo que pela critica.
será alfabetizado; criação de fichas-roteiro e elaboração de fichas com a Um curso de formação de professores poderia confrontar as aborda-
decomposição das famílias fonéticas correspondentes aos vocábulos gens. Ao mesmo tempo possibilitaria ao futuro professor a analise do
geradores e fichas de descoberta, contendo as famílias fonêmicas, que é próprio fazer pedagógico do professor.
utilizada para a descoberta de novas palavras com aquelas sílabas.
O que mais se anseia são as formas de articulação entre as aborda-
gens e o fazer pedagógico do professor.
5.10. Avaliação Ao analisar as opções teóricas declaradas dos professores, consta-
Esta abordagem é fundamentada na auto-avaliação mútua e perma- tou-se que as opiniões relativas ao fenômeno educacional não são únicas,
nente da prática educativa por professor e aluno, tanto os alunos como os nem verdadeiras em sua totalidade e não são definidas.
professores saberão quais suas dificuldades, quais seus progressos. O resultado obtido indica que o professor dá preferência a algumas
“A avaliação é da prática educativa, e não de um pedaço dela”. (Frei- abordagens considerando o fenômeno educacional.
re) As abordagens preferidas respectivamente são:
1) As cognitivistas
5.11. Considerações finais 2) Sócio-cultural
Em uma abordagem sócio-cultural a educação assume amplo cará- Os conceitos da abordagem humanista são escolhidos como terceira
ter e não se prende às situações formais de ensino-aprendizagem, porém opção.
o aspecto técnico da educação não é descartado.
Como resultados desse trabalho destacamos dois deles:
1) Refere-se a pouca preferência por conceitos da abordagem
Capítulo 6 comportamentalista
6. As abordagens do processo ensino-aprendizagem e o profes- 2) Escolha acentuada de informações relativas às concepções da
sor abordagem cognitivista.
A função da teoria é muitas vezes limitada. Em alguns aspectos do Grande parte dos professores de São Carlos tiveram acesso a abor-
fenômeno educativo, a explicações das relações envolvidas pode ser que dagem comportamentalista nas disciplinas.
não sejam desenvolvidas no todo. Não há teoria por sua própria natureza,
As cinco abordagens estudadas podem ser resumidas em:
seja elaborada e resista as mudanças sociais, filosóficas e psicológicas,
mesmo que seja apenas no ponto de vista do ser humano que a examina, 1) Ensino tradicional (abordagem tradicional)
a utiliza e participa do mundo que o cerca. 2) Ensino renovado (as outras abordagens)
As abordagens não formam sistemas fechados nem implicam ortodo- As abordagens comportamentalista, humanistas, cognitivistas tem
xia, no entanto, as tendências ou abordagens estudadas são as que se princípios que são compatíveis com os do escolanovismo com uma visão
apresentam como as de mais consistência dentro do estágio atual do liberal da educação.
desenvolvimento de teorias sobre ensino-aprendizagem.
A abordagem cognitivista é preferida pelos professores, assim que o
As teorias não são as únicas fontes completas de respostas, para as aluno se encontre em ambiente que o solicite, e que seja constatado a
situações de ensino aprendizagem. São elaboradas para explicar de forma falta de distúrbios biológicos ligados à atividade cerebral, o professor terá
sistemática determinados fenômenos, e os dados do real é que irão forne- condições de chegar ao estagio das operações formais.
cer o critério para sua aceitação ou não, provocando assim, um processo Um dos elos do cognitivismo com o escolanovismo é destaque na par-
de discussão permanente entre teoria e prática.
ticipação ativa do aluno durante a aprendizagem no processo de desen-
Afirma-se que o aprendido permanece externo aos professores duran- volvimento com graduações próprias a cada um.
te os cursos de formação desses profissionais, como se não tivessem O escolanovismo salienta a importância do “aprender a aprender”, o
compromisso com a pratica pedagógica e sua posição em relação ao cognitivismo acentua o desenvolvimento de operações, o estabelecimento
fenômeno educacional. de relações, o ato de conhecimento envolvido no processo de ensino
Um comportamento harmonioso do profissional educador a partir da aprendizagem. No entanto os dois são processualistas.
experiência pessoal, seria articulação entre o saber acadêmico e o apren- O cognitivismo, o humanismo, e o comportamentalismo de certo modo
dido. são solidários ao movimento escolanovista e surgem contra o ensino
A desarticulação e a não interferência das linhas teóricas, estudadas tradicional.
nos cursos de formação de professores, na prática pedagógica indica que As afirmações relativas da abordagem cognitivista, no presente mo-
as teorias que constituem o ideário pedagógico permanecem externas ao mento são as mais convincentes no processo ensino aprendizagem,
professor. porque, esta aprendizagem se baseia numa teoria de desenvolvimento
A desarticulação sugere: fortalecido em sua grande parte.
• Se repensar nos cursos de formação de professores A abordagem sócio-cultural, apresentada neste trabalho está cheia de
aspectos humanistas que são características das primeiras obras de Paulo
• Analise dos conteúdos veiculados em disciplinas pedagógicas Freire.

Conhecimentos Pedagógicos 58

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A não interferência de variáveis tais como sexo, idade, anos de expe- _______________________________________________________
riência no magistério, disciplina ministrada e acesso ou não a cursos de
pós-graduação na opção pela linha teórica. _______________________________________________________
As praticas manifestas pelo professor procurou conhecer o compor- _______________________________________________________
tamento em sala de aula dos professores que se manifestaram por deter-
_______________________________________________________
minadas opções teóricas que apresentou predomínio do ensino tradicional
quando da analise das atividades do professor, das atividades do aluno, _______________________________________________________
das formas de tratamento do conteúdo e da avaliação.
_______________________________________________________
O ensino tradicional prevalece na pratica educacional do grupo estu-
dado, pois o professor que sabe o que contem as informações, transmite o _______________________________________________________
conhecimento e as informações aos alunos que ainda não sabem. O
_______________________________________________________
conhecimento vem da autoridade ou do professor ou do livro texto. Dificil-
mente o conhecimento é redescoberto ou recriado pelo aluno, mas conti- _______________________________________________________
nua sem vinculo de suas necessidades e interesses.
_______________________________________________________
O ensino tradicional, nas aulas destes professores, é verbalista, me-
cânico, e de reprodução do conteúdo transmitido, pelo professor ou pelo _______________________________________________________
livro texto.
_______________________________________________________
O estudo realizado permitiu conhecer alguns aspectos e problemas
que existem na atualidade, quanto a formação e o contexto teórico e _______________________________________________________
concreto do professor. _______________________________________________________
O professo de escolarização do professor e mais decisivo para a es-
_______________________________________________________
truturação de sua pratica pedagógica, do que os modelos pedagógicos a
que o professor fio exposto nos cursos de formação de professores. _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

___________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

_______________________________________________________ _______________________________________________________

Conhecimentos Pedagógicos 59

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________

Conhecimentos Pedagógicos 60

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
dos cegos começou a progredir, pois pessoas interessadas começaram a
estudar e se dedicar. No entanto, todo o processo foi lento, porque faltava
Conhecimentos apoio da sociedade.
Essas escolas ensinavam os surdos e os cegos a fazerem trabalhos
Específicos manuais e a se comunicarem por gestos, no caso dos surdos, e serviram
de modelo para a criação de muitas outras escolas em outros países. O
sustento dos surdos e cegos era adquirido através da venda dos trabalhos
manuais realizados dentro das instituições.
O aprendizado da leitura, da escrita, dos cálculos e das artes demo-
rou muito para ser adotado pelos institutos. Um bom exemplo que caracte-
riza essa situação é a história da criação do sistema Braille, usado até
Políticas públicas de educação especial hoje pelos cegos para poderem ler e escrever. Louis Braille, que era cego,
na perspectiva da educação inclusiva. conseguiu, aos seus 15 anos, o sistema de escrita e leitura baseado em
Histórico dos conceitos de deficiência. pontos. Isso se deu no ano de 1824, mas seu método só foi reconhecido e
Estratégias de aprendizagem voltadas a oficializado em 1854.
atender às pessoas com deficiência. As pessoas com deficiência física só começaram a receber educação
Atendimento educacional especializa- em 1832, quando foi criado o primeiro instituto na Alemanha. Porém foi no
ano de 1848, nos Estados Unidos, que o atendimento da pessoa com
do. Atividades da vida diária. Reabilita-
deficiência mental teve seu início oficial: eles passaram a receber treina-
ção e desenvolvimento de habilidades mento para aprenderem comportamentos sociais básicos em institutos
que favoreçam a independência do residenciais e, em 1896, começaram a receber atendimento fora dessas
aluno/indivíduo em situação de defici- residências.
ência. O aluno em situação de deficiên- A partir desse período, houve um crescimento das instituições especi-
cia, comunicação, interação e inclusão. alizadas para o atendimento das pessoas deficientes, bem como houve a
Estratégias de estimulação da lingua- expansão para o atendimento de outros tipos de deficiências e outros
gem oral e escrita em alunos com seve- distúrbios, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá.
ras dificuldades linguísticas. Oficinas de Foi somente a partir de 1900 que começaram a ser criadas as primei-
trabalho. Estimulação precoce para ras classes especiais, dentro das escolas regulares, em que as crianças
crianças em situação de deficiência. podiam ser atendidas em caráter educacional. O crescimento dos serviços
Postura ética dos cuidadores educacionais muito dependeu de movimentos organizados pelos pais dos
deficientes, que desejavam lutar pelos direitos de seus filhos, já que até
então não tinham o direito de opinar. Os movimentos de pais começaram
a ganhar força por volta de 1950.
No Brasil
A história da educação especial no Brasil. Assim como na Europa, as primeiras instituições brasileiras se volta-
ram para o atendimento das pessoas surdas e cegas. O primeiro instituto
Os dados históricos a respeito da educação especial estão disponí- para cegos foi fundado no ano de 1854 e o primeiro instituto para surdos,
veis apenas para os especialistas e estudiosos voltados para essa área. O em 1857, ambos no Rio de Janeiro, por meio de decreto imperial.
que os profissionais constatam é que existe pouco material escrito a esse A partir desta data, foram criados no Brasil alguns institutos para o
respeito. A comunidade, em geral, desconhece esses dados e, dessa atendimento de pessoas deficientes, reproduzindo os modelos europeus.
forma, fica mais difícil para as famílias tomarem decisões conscientes, No início, esses institutos ofereciam abrigo e proteção no sistema de
considerando seus direitos a respeito do processo de escolarização de internato.
seus filhos deficientes. De 1905 a 1950, muitas das instituições que foram criadas para o
Conhecer a história da educação especial não se presta apenas para atendimento das pessoas deficientes eram particulares, com acentuado
acumularmos conhecimentos, mas também para refletirmos e questionar- caráter assistencialista. As iniciativas oficiais também aconteceram neste
mos, por exemplo, por que apesar de se ter, nas letras das leis, uma período, porém tanto as instituições particulares quanto as oficiais não
política de inclusão, a pessoa deficiente continua segregada. Além disso, foram suficientes para atender o número de pessoas deficientes existen-
um tema bastante discutido atualmente, será que a inclusão do aluno tes.
deficiente na escola regular lhe garantirá a integração? A educação especial no Brasil foi se ampliando lentamente e foram
Nossa história começa na Europa, por volta do ano de 1500, quando criados mais institutos particulares. Os serviços públicos eram prestados
se iniciaram os primeiros movimentos para ensinar a pessoa deficiente. através das escolas regulares, que ofereciam classes especiais para o
Antes disso, os deficientes ficavam nos asilos para que pudessem ser atendimento dos deficientes.
protegidos, pois não se acreditava que pudessem se desenvolver, em Em 1957, a educação do deficiente foi assumida em nível nacional,
função da sua “anormalidade”. pelo governo federal. No ano de 1961, já estava vigorando a primeira Lei
Naquela época, não foram criadas escolas para as pessoas deficien- de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nessa lei foram escritos dois
tes. O que começou a ser feito foi que alguns educadores interessados se artigos (88 e 89) referentes à educação dos excepcionais, garantindo,
tornaram preceptores de algumas crianças deficientes, ou seja, eles eram desta forma, o direito à educação das pessoas deficientes. Pelo menos na
os professores particulares delas. As crianças que receberam esse tipo de letra da lei, dentro do sistema geral de ensino, objetivando a integração
educação eram filhos de pessoas que tinham uma situação econômica das pessoas deficientes na comunidade.
boa. Outro ponto importante desta lei é que, no artigo 89, o governo se
Esse trabalho começou apenas com as crianças surdas. Apenas no compromete em ajudar as organizações não-governamentais a prestarem
início de 1700 as pessoas cegas também começaram a receber instrução. serviços educacionais às pessoas deficientes. A Constituição do Brasil de
Já as crianças com problemas mentais continuaram sendo internadas 1967 também escreveu artigos assegurando aos deficientes o direito de
junto com as crianças que não tinham condições econômicas para terem receber educação para a integração na comunidade.
seus professores particulares. A lei de educação de 11 de agosto de 1971, para os ensinos de 1º e
Muito tempo se passou até que começaram a surgir as primeiras insti- 2º graus, faz referência à educação especial em apenas um artigo (artigo
tuições especializadas. Foi na França, no ano de 1760, que foi criado o 9), deixando claro que os conselhos estaduais de educação garantiriam
Instituto Nacional de Surdos-Mudos e, em 1784, foi criado o Instituto dos aos deficientes o recebimento de tratamento especial nas escolas.
Jovens Cegos. Com a criação desses institutos, a educação dos surdos e Nos anos 1960 e 1970, o governo acabou por transferir sua respon-
sabilidade, no que se refere à educação dos deficientes para as ONGs,
Conhecimentos Específicos 1

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
visto que foi crescente o número de instituições filantrópicas criadas, apresentando dados de atendimento. Na região Sul, 58,1% dos Municípios
embora tenha sido no ano de 1973 que se deu a criação do Centro Nacio- ofereciam educação especial, sendo o Paraná o de mais alto percentual
nal de Educação Especial (Cenesp), ligado ao Ministério de Educação e (83,2%). No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul tinha atendimento em
Cultura. 76,6% dos seus Municípios. Espírito Santo é o Estado com o mais alto
Constam na Constituição Brasileira de 1988, vários capítulos, artigos percentual de Municípios que oferecem educação especial (83,1%).
e incisos sobre educação, habilitação e reabilitação da pessoa deficiente, Entre as esferas administrativas, 48,2% dos estabelecimentos de
além da sua integração à vida comunitária. educação especial em 1998 eram estaduais; 26,8%, municipais; 24,8%,
Foi somente no ano de 1996 que foi organizada a nova Lei de Diretri- particulares e 0,2%, federais. Como os estabelecimentos são de diferentes
zes e Bases da Educação Nacional, de modo que a nação pudesse ter tamanhos, as matrículas apresentam alguma variação nessa distribuição:
uma lei que fosse condizente com a Constituição Brasileira. A nova LDB 53,1% são da iniciativa privada; 31,3%, estaduais; 15,2%, municipais e
traz algumas inovações, não só para a educação em geral, como também 0,3%, federais. Nota-se que o atendimento particular, nele incluído o
para a educação especial. Para ela, foi dedicado um capítulo, com men- oferecido por entidades filantrópicas, é responsável por quase metade de
sagem de inclusão escolar para alunos com necessidades educacionais toda a educação especial no País. Dadas as discrepâncias regionais e a
especiais, além da ampliação de oportunidades, como, por exemplo, a insignificante atuação federal, há necessidade de uma atuação mais
legalização da educação infantil, incluindo a criança deficiente nessa incisiva da União nessa área.
etapa escolar. Segundo dados de 1998, apenas 14% desses estabelecimentos pos-
A que isso nos leva? suíam instalação sanitária para alunos com necessidades especiais, que
Agora vamos podemos propor algumas reflexões e questionamentos atendiam a 31% das matrículas. A região Norte é a menos servida nesse
quanto aos dias de hoje: particular, pois o percentual dos estabelecimentos com aquele requisito
- por que as ações voltadas para a educação especial foram e conti- baixa para 6%. Os dados não informam sobre outras facilidades como
nuam sendo tão lentas? rampas e corrimãos. A eliminação das barreiras arquitetônicas nas esco-
- por que os serviços educacionais, de habilitação e reabilitação clíni- las é uma condição importante para a integração dessas pessoas no
ca continuam sendo criados, em maior número, pelas ações privadas e ensino regular, constituindo uma meta necessária na década da educa-
não governamentais? ção. Outro elemento fundamental é o material didático-pedagógico ade-
- por que, apesar de termos, na letra da lei, uma política de inclusão, a quado, conforme as necessidades específicas dos alunos. Inexistência,
pessoa deficiente continua segregada? insuficiência, inadequação e precariedades podem ser constatadas em
- se a educação é um direito de todos, por que faltam escolas para as muitos centros de atendimento a essa clientela.
pessoas deficientes? Em relação à qualificação dos profissionais de magistério, a situação
- será a inclusão do aluno deficiente na escola regular que irá garantir é bastante boa: apenas 3,2% dos professores (melhor dito, das funções
a não segregação da pessoa deficiente? docentes), em 1998, possuíam o ensino fundamental, completo ou incom-
Essas são algumas das questões que podemos fazer, além de muitas pleto, como formação máxima. Eram formados em nível médio 51% e, em
outras, para que possamos, seja na posição de profissionais da área ou nível superior, 45,7%. Os sistemas de ensino costumam oferecer cursos
de cidadãos, mudar o curso dessa história. de preparação para os professores que atuam em escolas especiais, por
A educação especial no contexto da política educacional brasileira isso 73% deles fizeram curso específico. Mas, considerando a diretriz da
A Constituição Federal estabelece o direito de as pessoas com ne- integração, ou seja, de que, sempre que possível, as crianças, jovens e
cessidades especiais receberem educação preferencialmente na rede adultos especiais sejam atendidos em escolas regulares, a necessidade
regular de ensino (art. 208, III). A diretriz atual é a da plena integração de preparação do corpo docente, e do corpo técnico e administrativo das
dessas pessoas em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de escolas aumenta enormemente. Em princípio, todos os professores deve-
duas questões - o direito à educação, comum a todas as pessoas, e o riam ter conhecimento da educação de alunos especiais.
direito de receber essa educação sempre que possível junto com as Observando as modalidades de atendimento educacional, segundo os
demais pessoas nas escolas “regulares”. dados de 1997, predominam as “classes especiais”, nas quais estão 38%
A legislação, no entanto, é sábia em determinar preferência para essa das turmas atendidas. 13,7% delas estão em “salas de recursos” e 12,2%
modalidade de atendimento educacional, ressalvando os casos de excep- em “oficinas pedagógicas”. Apenas 5% das turmas estão em “classes
cionalidade em que as necessidades do educando exigem outras formas comuns com apoio pedagógico” e 6% são de “educação precoce”. Em
de atendimento. As políticas recentes do setor têm indicado três situações “outras modalidades” são atendidas 25% das turmas de educação especi-
possíveis para a organização do atendimento: participação nas classes al. Comparando o atendimento público com o particular, verifica-se que
comuns, de recursos, sala especial e escola especial. Todas as possibili- este dá preferência à educação precoce, a oficinas pedagógicas e a
dades têm por objetivo a oferta de educação de qualidade. outras modalidades não especificadas no Informe, enquanto aquele dá
Diante dessa política, como está a educação especial brasileira? prioridade às classes especiais e classes comuns com apoio pedagógico.
O conhecimento da realidade é ainda bastante precário, porque não As informações de 1998 estabelecem outra classificação, chamando a
dispomos de estatísticas completas nem sobre o número de pessoas com atenção que 62% do atendimento registrado está localizado em escolas
necessidades especiais nem sobre o atendimento. Somente a partir do especializadas, o que reflete a necessidade de um compromisso maior da
ano 2000 o Censo Demográfico fornecerá dados mais precisos, que escola comum com o atendimento do aluno especial.
permitirão análises mais profundas da realidade. A Organização Mundial O atendimento por nível de ensino, em 1998, apresenta o seguinte
de Saúde estima que em torno de 10% da população têm necessidades quadro: 87.607 crianças na educação infantil; 132.685, no ensino funda-
especiais. Estas podem ser de diversas ordens - visuais, auditivas, físicas, mental; 1.705, no ensino médio; 7.258 na educação de jovens e adultos.
mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e também superdotação ou altas São informados como “outros” 64.148 atendimentos. Não há dados sobre
habilidades. Se essa estimativa se aplicar também no Brasil, teremos o atendimento do aluno com necessidades especiais na educação superi-
cerca de 15 milhões de pessoas com necessidades especiais. Os núme- or. O particular está muito à frente na educação infantil especial (64%) e o
ros de matrícula nos estabelecimentos escolares são tão baixos que não estadual, nos níveis fundamental e médio (52 e 49%, respectivamente),
permitem qualquer confronto com aquele contingente. Em 1998, havia mas o municipal vem crescendo sensivelmente no atendimento em nível
293.403 alunos, distribuídos da seguinte forma: 58% com problemas fundamental.
mentais; 13,8%, com deficiências múltiplas; 12%, com problemas de As tendências recentes dos sistemas de ensino são as seguintes:
audição; 3,1% de visão; 4,5%, com problemas físicos; 2,4%, de conduta. - integração/inclusão do aluno com necessidades especiais no siste-
Apenas 0,3% com altas habilidades ou eram superdotados e 5,9% recebi- ma regular de ensino e, se isto não for possível em função das necessida-
am “outro tipo de atendimento” (Sinopse Estatística da Educação Bási- des do educando, realizar o atendimento em classes e escolas especiali-
ca/Censo Escolar 1998, do MEC/INEP). zadas;
Dos 5.507 Municípios brasileiros, 59,1% não ofereciam educação es- - ampliação do regulamento das escolas especiais para prestarem
pecial em 1998. As diferenças regionais são grandes. No Nordeste, a apoio e orientação aos programas de integração, além do atendimento
ausência dessa modalidade acontece em 78,3% dos Municípios, desta- específico;
cando-se Rio Grande do Norte, com apenas 9,6% dos seus Municípios

Conhecimentos Específicos 2

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- melhoria da qualificação dos professores do ensino fundamental pa- Reabilitação : conjunto de medidas de natureza médica e social, edu-
ra essa clientela; cativa e profissional para preparar ou reintegrar o indivíduo, com o objetivo
- expansão da oferta dos cursos de formação/especialização pelas de que ele alcance o maior nível possível de sua capacidade ou potencia-
universidades e escolas normais. lidade.
Apesar do crescimento das matrículas, o déficit é muito grande e Integração : processo dinâmico de participação das pessoas num con-
constitui um desafio imenso para os sistemas de ensino, pois diversas texto relacional, legitimando sua integração nos grupos sociais. A integra-
ações devem ser realizadas ao mesmo tempo. Entre elas, destacam-se a ção implica reciprocidade. Integração escolar: processo gradual e dinâmi-
sensibilização dos demais alunos e da comunidade em geral para a inte- co que pode tomar distintas formas, segundo as necessidades e habilida-
gração, as adaptações curriculares, a qualificação dos professores para o des dos alunos. A integração educativa (escolar) se refere ao processo de
atendimento nas escolas regulares e a especialização dos professores educar-ensinar junto a crianças com e sem necessidades educativas
para o atendimento nas novas escolas especiais, produção de livros e especiais, durante uma parte ou na totalidade do tempo de sua perma-
materiais pedagógicos adequados para as diferentes necessidades, nência na escola.
adaptação das escolas para que os alunos especiais possam nelas transi- Normalização: princípio que representa a base filosófica ideológica da
tar, oferta de transporte escolar adaptado, etc. integração. Não se trata de normalizar as pessoas, mas de normalizar o
Mas o grande avanço que a década da educação deveria produzir se- contexto em que se desenvolvem, ou seja, oferecer aos portadores de
rá a construção de uma escola inclusiva, que garanta o atendimento à necessidades especiais modos e condições de vida diária os mais pareci-
diversidade humana. dos possível às formas e condições de vida do resto da sociedade. Isso
implica a adaptação dos meios e das condições de vida às necessidades
Alguns Conceitos dos indivíduos portadores de deficiências, condutas típicas e de altas
Educação Especial: processo de desenvolvimento global das potenci- habilidades.
alidades de pessoas portadoras de deficiências, de condutas típicas e de
altas habilidades e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de Fundamentos da Educação Inclusiva. Educação
ensino. Fundamenta-se em referências teóricas e práticas, compatíveis
com as necessidades específicas de seu alunado. O processo deve ser inclusiva: características, definições e objetivos.
integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores do
ensino. Sob o enfoque sistêmico, a educação especial integral o Sistema A ressignificação da Educação Especial no contexto da inclusão soci-
Educacional vigente, identificando-se com sua finalidade que é a de al.
formar cidadãos conscientes e participativos. A inclusão escolar é uma inovação educacional, que propõe a abertu-
Alunado da Educação Especial: é constituído por educandos que re- ra das escolas às diferenças. O ensino que a maioria das escolas ministra,
querem recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas. hoje, aos seus alunos, nas escolas de ensino regular, não dá conta do que
Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais, é necessário para que essa abertura se concretize, pois as escolas ado-
classificam-se em: portadores de deficiências (visual, auditiva, mental, tam medidas excludentes quando se defrontam com as diferenças. No
física e múltipla), portadores de condutas típicas (problemas de conduta quadro abaixo, fazemos algumas relações entre essas medidas, do ponto
decorrentes de síndromes de quadros psicológicos e neurológicos que de vista das escolas tradicionais e das que optaram pela inclusão.
acarretam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento Reações das escolas à diversidade
social) e os de altas habilidades (com notável desempenho e elevada
potencialidade em aspectos acadêmicos, intelectuais, psicomotores
e/artísticos).
Pessoa portadora de deficiência: é a que apresenta, em comparação
com a maioria das pessoas, significativas diferenças físicas, sensoriais ou
intelectuais, decorrentes de fatores inatos e/ou adquiridos, de caráter
permanente e que acarretam dificuldades em sua interação com o meio
físico e social. Em contextos educacionais verdadeiramente inclusivos, que prepa-
Pessoa portadora de necessidades especiais: é a que, por apresen- ram os alunos para a cidadania e que visam o seu pleno desenvolvimento
tar, em caráter permanente ou temporário, alguma deficiência física, humano, como quer a nossa Constituição Federal (art. 205), as crianças e
sensorial, cognitiva, múltipla, ou que é portadora de condutas típicas ou adolescentes com deficiências não precisariam e não deveriam estar de
ainda de altas habilidades, necessita de recursos especializados para fora do ensino infantil e do ensino fundamental das escolas de ensino
superar ou minimizar suas dificuldades. regular, frequentando classes e escolas especiais.
Aluno com necessidades educativas especiais: é aquele que, por Essas novas práticas de ensino infantil e fundamental proporcionam
apresentar dificuldades maiores que as dos demais alunos, no domínio benefícios escolares para que todos os alunos possam alcançar os mais
das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, (seja por elevados níveis de ensino, segundo a capacidade de cada um, como nos
causas internas, por dificuldades ou carências do contexto sócio-familiar, garante a Constituição. Há um leque de opções de cursos para atender às
seja pela inadequação metodológica e didática, ou por história de insuces- mais diversas aptidões e que o ensino fundamental é apenas a base dos
sos em aprendizagens), necessita, para superar ou minimizar tais dificul- demais níveis de escolaridade. Neste leque vamos encontrar os cursos
dades, de adaptações para o acesso físico (remoção de barreiras arquite- profissionalizantes, os destinados a jovens e adultos, o ensino médio e o
tônicas) e/ou de adaptações curriculares significativas, em várias áreas do superior.
currículo. Para que possamos entender melhor o que a inclusão representa na
Modalidades de atendimento educacional: são alternativas de proce- educação escolar de todo e qualquer aluno e especialmente para os que
dimentos didáticos específicos e adequados às necessidades educativas têm deficiências, é preciso entender melhor o que as escolas que adotam
do alunado da Educação Especial e que implicam espaços físicos, recur- o paradigma inclusivo defendem, priorizam e no que mudaram para se
sos humanos e materais diferenciados. No Brasil, as modalidades de ajustarem a ele.
atendimento em Educação Especial são: escola especial, sala de estimu- Priorizar a qualidade do ensino é um desafio que precisa ser assumi-
lação essencial, classe especial, oficina pedagógica, classe comum, sala do por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas,
de recursos, ensino com professor itinerante, classe hospitalar, atendi- pois a educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico
mento domiciliar, centro integrado de Educação Especial. e social. Trata-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossí-
Potencialidade: predisposição latente no indivíduo que, a partir de es- vel de se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organização do
timulação interna ou externa, se desenvolve ou se aperfeiçoa, transfor- sistema escolar.
mando-se em capacidade de produzir. As escolas ainda estão longe, na maioria dos casos, de se tornarem
Incapacidade: impossibilidade temporária ou permanente de executar inclusivas. O que existe em geral são escolas que desenvolvem projetos
determinadas tarefas, como decorrência de deficiências que interferem de inclusão parcial, os quais não estão associados a mudanças de base
nas atividades funcionais do indivíduo. nas escolas e continuam a atender aos alunos com deficiência em espa-

Conhecimentos Específicos 3

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
ços escolares semi ou totalmente segregados (classes especiais, turmas problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao desempenho
de aceleração, escolas especiais, professores itinerantes etc). escolar. Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos, seja dentro
As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas ou fora das salas de aula e, portanto, nenhum aluno é encaminhado a
turmas de ensino regular se justificam, na maioria das vezes pelo despre- salas de reforço ou aprende a partir de currículos adaptados. É uma ilusão
paro dos seus professores para esse fim. Existem também as que não pensar que o professor consegue predeterminar a extensão e a profundi-
acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, dade dos conteúdos a serem construídos pelos alunos, assim como
especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acom- facilitar as atividades para alguns, porque, de antemão já prevê a dificul-
panhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais marginaliza- dade que possam encontrar para realizá-las. Porque é o aluno que se
dos e discriminados do que nas classes e escolas especiais. adapta ao novo conhecimento e só ele é capaz de regular o seu processo
Em ambas as circunstâncias, o que fica evidenciado é a necessidade de construção intelectual.
de se redefinir e de se colocar em ação, novas alternativas e práticas A avaliação constitui um outro entrave à implementação da inclusão.
pedagógicas, que favoreçam a todos os alunos, o que implica na atualiza- É urgente:
ção e desenvolvimento de conceitos e em aplicações educacionais com- • suprimir o caráter classificatório da avaliação escolar, através
patíveis com esse grande desafio. de notas, provas, pela visão diagnóstica desse processo que deverá ser
Muda então a escola ou mudam os alunos, para se ajustarem às suas contínuo e qualitativo, visando depurar o ensino e torná-lo cada vez mais
velhas exigências? Ensino especializado em todas as crianças ou ensino adequado e eficiente à aprendizagem de todos os alunos. Essa medida já
especial para deficientes? Professores que se aperfeiçoam para exercer diminuiria substancialmente o número de alunos que são indevidamente
suas funções, atendendo às peculiaridades de todos os alunos, ou profes- avaliados e categorizados como deficientes, nas escolas regulares.
sores especializados para ensinar aos que não aprendem e aos que não • A aprendizagem como o centro das atividades escolares e o
sabem ensinar? sucesso dos alunos como a meta da escola, independentemente do nível
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas de desempenho a que cada um seja capaz de chegar, são condições de
frentes. Destacaremos as que consideramos primordiais, para que se base para que se caminhe na direção de escolas acolhedoras. O sentido
possa transformar a escola, em direção de um ensino de qualidade e, em desse acolhimento não é o da aceitação passiva das possibilidades de
consequência, inclusivo. cada um, mas o de serem receptivas a todas as crianças, pois as escolas
Temos de agir urgentemente: existem para formar as novas gerações, e não apenas alguns de seus
• colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque futuros membros, os mais privilegiados.
escola foi feita para fazer com que todos os alunos aprendam; • A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de
• garantindo tempo para que todos possam aprender o que for ensino específicas para esta ou aquela deficiência. Os alunos aprendem
possível de acordo com o perfil de cada um e reprovando a repetência; até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto
• abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidarie- é, se o professor considera o nível de possibilidades de desenvolvimento
dade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por de cada um e explora essas possibilidades, por meio de atividades aber-
professores, administradores, funcionários e alunos, pois são habilidades tas, nas quais cada aluno se enquadra por si mesmo, na medida de seus
mínimas para o exercício da verdadeira cidadania; interesses e necessidades, seja para construir uma ideia, ou resolver um
• estimulando, formando continuamente e valorizando o profes- problema, ou realizar uma tarefa. Eis aí um grande desafio a ser enfrenta-
sor que é o responsável pela tarefa fundamental da escola - a aprendiza- do pelas escolas regulares tradicionais, cujo paradigma é condutista, e
gem dos alunos; baseado na transmissão dos conhecimentos.
• elaborando planos de cargos e aumentando salários, realizan- • O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola como
do concursos públicos de ingresso, acesso e remoção de professores. um todo é compatível com a vocação da escola de formar as gerações. É
E para que as escolas mudem – que ações implementar? nos bancos escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a
Ações pedagógicas dividir as responsabilidades, repartir as tarefas. O exercício dessas ações
Para melhorar as condições pelas quais o ensino é ministrado nas es- desenvolve a cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo,
colas, visando, universalizar o acesso, ou seja, a inclusão de todos, incon- o reconhecimento da diversidade dos talentos humanos e a valorização do
dicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a educação, sugeri- trabalho de cada pessoa para a consecução de metas comuns de um
mos o que, felizmente, já está ocorrendo em muitas redes de ensino - mesmo grupo.
verdadeiras vitrines que expõem o sucesso da inclusão. • O tutoramento nas salas de aula tem sido uma solução natural,
A primeira sugestão para que se caminhe para uma educação de qua- que pode ajudar muito os alunos, desenvolvendo neles o hábito de com-
lidade é: partilhar o saber. O apoio ao colega com dificuldade é uma atitude extre-
• estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de mamente útil e humana e que tem sido muito pouco desenvolvida nas
forma participativa o seu Projeto Político Pedagógico, diagnosticando a escolas, sempre tão competitivas e despreocupadas com a construção de
demanda, ou seja, verificando quantos são os alunos, onde estão e por- valores e de atitudes morais.
que alguns estão fora da escola. Gestão escolar
Sem que a escola conheça os seus alunos e os que estão à margem Além dessas sugestões, referentes ao ensino nas escolas, a educa-
dela, não será possível: ção de qualidade para todos e a inclusão implicam em mudanças de
• elaborar um currículo escolar que reflita o meio social e cultural outras condições relativas à administração e aos papéis desempenhados
em que se insere. A integração entre as áreas do conhecimento e a con- pelos membros da organização escolar.
cepção transversal das novas propostas de organização curricular consi- Nesse sentido é primordial que sejam revistos:
dera as disciplinas acadêmicas como meios e não fins em si mesmas e • papéis desempenhados pelos diretores e coordenadores, no
partem do respeito à realidade do aluno, de suas experiências de vida sentido de que ultrapassem o teor controlador, fiscalizador e burocrático
cotidiana, para chegar à sistematização do saber. de suas funções pelo trabalho de apoio, orientação do professor e de toda
Como essa experiência varia entre os alunos, mesmo sendo membros a comunidade escolar.
de uma mesma comunidade, a • A descentralização da gestão administrativa, por sua vez, pro-
• implantação dos ciclos de desenvolvimento e formação é uma move uma maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira de
solução justa, embora ainda muito incompreendida pelos professores e recursos materiais e humanos das escolas, por meio dos conselhos,
pais, por ser uma novidade e por estar sendo ainda pouco difundida e colegiados, assembleias de pais e de alunos. Mudam-se os rumos da
aplicada pelas redes de ensino. De fato, se dermos mais tempo para que administração escolar e com isso o aspecto pedagógico das funções do
os alunos aprendam, eliminando a seriação, a reprovação nas passagens diretor e dos coordenadores e supervisores emerge. Deixam de existir os
de um ano para outro, estaremos adequando o processo de aprendizagem motivos pelos quais que esses profissionais ficam confinados aos gabine-
ao ritmo e condições de desenvolvimento dos aprendizes - um dos princí- tes, às questões burocráticas, sem tempo para conhecer e participar do
pios das escolas de qualidade para todos. que acontece nas salas de aula.
Por outro lado, a inclusão não implica em que se desenvolva um ensi- Como ensinar a turma toda?
no individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais,

Conhecimentos Específicos 4

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Que práticas de ensino ajudam os professores a ensinar os alunos de Processos pedagógicos
uma mesma turma, atingindo a todos, apesar de suas diferenças? Ou, Debates, pesquisas, registros escritos, falados, observação, vivências
como criar contextos educacionais capazes de ensinar todos os alunos? são alguns processos pedagógicos indicados para a realização de ativida-
Mas, sem cair nas malhas de modalidades especiais e programas vigen- des dessa natureza. Por meio desses processos e outros, os conteúdos
tes, que nada têm servido para que as escolas mudem para melhor. das disciplinas vão sendo chamados espontaneamente a esclarecer os
Cabeças cheias ou cabeças bem feitas ou o disciplinar e o não disci- assuntos em estudo.
plinar na educação? Avaliação
Vigora ainda a visão conservadora de que as escolas de qualidade A avaliação do desenvolvimento dos alunos também muda, para ser
são as que enchem as cabeças dos alunos com datas, fórmulas, conceitos coerente com as outras inovações propostas. O processo ideal é aquele
justapostos, fragmentados. A qualidade desse ensino resulta do primado e em que se acompanha o percurso de cada estudante, do ponto de vista da
da super valorização do conteúdo acadêmico em todos os seus níveis. O evolução de suas competências, para resolver problemas de toda ordem,
conteúdo acadêmico é também muito importante, mas não é absolutamen- mobilizando e aplicando conteúdos acadêmicos e outros meios que pos-
te a única coisa que se deve esperar de uma educação de qualidade, sam ser úteis para se chegar a soluções pretendidas; apreciam-se os seus
principalmente quando estamos falando de educação infantil e fundamen- progressos na organização dos estudos, no tratamento das informações e
tal. Persiste a ideia de que as escolas consideradas de qualidade são as na participação na vida social da escola.
que centram a aprendizagem, nos conteúdos programáticos das discipli- Seriação ou Ciclos de formação?
nas curriculares, exclusivamente, enfatizando o aspecto cognitivo do Não se pode imaginar uma educação para todos, quando caímos na
desenvolvimento e que avaliam os alunos, quantificando respostas- tentação de constituir grupos de alunos por séries, por níveis de desem-
padrão. Seus métodos e práticas preconizam a exposição oral, a repeti- penho escolar e determinamos para cada nível objetivos e tarefas adapta-
ção, a memorização, os treinamentos, o livresco, a negação do valor do dos e uma terminalidade específica. E, mais ainda, quando encaminha-
erro. São aquelas escolas que estão sempre preparando o aluno para o mos os que não cabem em nenhuma dessas determinações para classes
futuro: seja este a próxima série a ser cursada, o nível de escolaridade e escolas especiais, argumentando que o ensino para todos não sofreria
posterior, o exame vestibular ! distorções de sentido em casos como esses!
Ao contrário, uma escola se distingue por um ensino de qualidade, Essa compreensão equivocada da escola inclusiva acaba instalando
capaz de formar pessoas, nos padrões requeridos por uma sociedade cada criança em um locus escolar arbitrariamente escolhido e acentua
mais evoluída e humanitária, quando consegue aproximar os alunos entre mais as desigualdades, justificando o fracasso escolar, como problema do
si, tratar os conteúdos acadêmicos como meios de conhecer melhor o aluno, exclusivamente. A organização das turmas escolares por ciclos de
mundo e as pessoas que nos rodeiam e ter como parceiras as famílias e a formação e de desenvolvimento é ideal para que se possa entender o
comunidade na elaboração e cumprimento do projeto escolar. funcionamento ativo dos alunos frente a situações-problema: há os que
A proposta pedagógica inclusiva referenda a educação não disciplinar caminham mais e os que caminham menos, diante de diferentes tipos de
(Gallo, 1999), cujo ensino se caracteriza por: desafios escolares. As séries escolares são uma reminiscência do ensino
(...) escolar baseado na falsa ideia de que as turmas escolares organizadas
• formação de redes de conhecimento e de significações, em por séries são homogêneas. É, sem dúvida, a heterogeneidade que dina-
contraposição a currículos apenas conteudistas, a verdades prontas e miza os grupos, que lhes dá vigor, funcionalidade e garante o sucesso
acabadas, listadas em programas escolares seriados; escolar. Precisamos nos conscientizar de que as turmas escolares são e
• integração de saberes, decorrente da transversalidade curricu- serão sempre desiguais, queiramos ou não!.
lar e que se contrapõe ao consumo passivo de informações e de conheci- Dicas importantes para se ensinar a turma toda...
mentos sem sentido. Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de que as crianças
• descoberta, inventividade e autonomia do sujeito, na conquista sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas
do conhecimento; no tempo e do jeito que lhe são próprios.
• ambientes polissêmicos, favorecidos por temas de estudo que • É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa
partem da realidade, da identidade social e cultural dos alunos, contra pelo aluno. O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atuali-
toda a ênfase no primado do enunciado desencarnado e no conhecimento zar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As
pelo conhecimento. dificuldades, deficiências e limitações são reconhecidas, mas não devem
O ensino de qualidade vai existir quando as ações educativas se pau- conduzir/restringir o processo de ensino, como comumente acontece.
tam por solidariedade, colaboração, compartilhamento do processo educa- • Para ensinar a turma toda, independentemente das diferenças
tivo com todos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. de cada um dos alunos, temos de passar de um ensino transmissivo para
Práticas e Métodos Pedagógicos uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, que se contrapõe a toda e
Nas práticas e métodos pedagógicos não disciplinares predominam a qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e
experimentação, a criação, a descoberta, a co-autoria do conhecimento. hierárquica do saber.
Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje e o que podemos lhes • Um dos pontos cruciais do ensinar a turma toda são a conside-
oferecer de melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e ração da identidade sócio-cultural dos alunos e a valorização da capaci-
verdadeiramente estimulador de suas potencialidades. Em uma palavra, dade de entendimento que cada um deles tem do mundo e de si mesmos.
as escolas devem ser espaços educativos de construção de personalida- Nesse sentido, ensinar a turma toda reafirma a necessidade de se promo-
des humanas autônomas, críticas, nos quais as crianças aprendem a ser ver situações de aprendizagem que formem um “tecido colorido” de co-
pessoas. Nelas ensinam-se os alunos a valorizar a diferença, pela convi- nhecimento, cujos fios expressam diferentes possibilidades de interpreta-
vência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino minis- ção e de entendimento de um grupo de pessoas que atua cooperativa-
trado nas salas de aula, pelo clima sócio-afetivo das relações estabeleci- mente. Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas
das em toda a comunidade escolar - sem tensões competitivas, solidário, investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que confronta
participativo. significados, desejos, experiências, o professor deve garantir a liberdade e
Escolas assim concebidas não excluem nenhum aluno de suas clas- a diversidade das opiniões dos alunos. Nesse sentido, ele deverá propiciar
ses, de seus programas, de suas aulas, das atividades e do convívio oportunidades para o aluno aprender a partir do que sabe e chegar até
escolar mais amplo. São contextos educacionais em que todos os alunos onde é capaz de progredir. Afinal, aprendemos quando resolvemos nos-
têm possibilidade de aprender, frequentando uma mesma e única turma. sas dúvidas, superamos nossas incertezas e satisfazemos nossa curiosi-
Tipos de atividades dade.
Para se ensinar a turma toda, temos de propor atividades abertas, di- • As diferenças entre grupos, étnicos, religiosos, de gênero etc.
versificadas, isto é, atividades que possam ser abordadas por diferentes não devem se fundir em uma única identidade, mas ensejar um modo de
níveis de compreensão e de desempenho dos alunos e em que não se interação entre eles, que destaque as peculiaridades de cada um.
destaquem os que sabem mais ou os que sabem menos. As atividades • O professor, da mesma forma, não procurará eliminar as dife-
são exploradas, segundo as possibilidades e interesses dos alunos que renças em favor de uma suposta igualdade do alunado, Antes, estará
optaram livremente por desenvolvê-las.

Conhecimentos Específicos 5

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
atento à singularidade das vozes que compõem a turma, promovendo o der ou uma deficiência específica. Porque em cada sala de aula, sempre
diálogo entre elas, contrapondo-as, complementando-as. existem alunos que rejeitam propostas de trabalho escolar descontextuali-
Ensino expositivo X co-autoria de conhecimentos zadas, sem sentido e atrativos intelectuais, sempre existem os que protes-
O professor palestrante, tradicionalmente identificado com a lógica de tam a seu modo, contra um ensino que não os desafia e não atende às
distribuição do ensino, supõe que os alunos ouçam diariamente um dis- suas motivações e interesses pessoais.
curso, nem sempre dos mais atraentes, em um palco distante, que separa O ensino para alguns é ideal para gerar indisciplina, competição, dis-
o orador do público. criminação, preconceitos e para categorizar os bons e os maus alunos,
O professor que ensina a turma toda não tem o falar, o copiar e o ditar por critérios que são, no geral, infundados.
como recursos didático pedagógicos básicos. Ele partilha com seus alunos O ensino para todos desafia o sistema educacional, a comunidade
a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula; trata-se escolar e toda uma rede de pessoas, que se incluem, num movimento vivo
de um profissional que reúne humildade com empenho e competência e dinâmico de fazer uma Educação que assume o “ presente”, como
para ensinar. tempo que concretiza a mudança do “alguns” em “todos”, da “discrimina-
O ensino expositivo foi banido da sua sala de aula, na qual todos inte- ção e preconceito” em “reconhecimento e respeito às diferenças”. É um
ragem e constróem ativamente conceitos, valores, atitudes. Esse profes- ensino que coloca o aluno como foco de toda a ação educativa e possibili-
sor arranja e explora os espaços educacionais com seus alunos, buscan- ta a todos os envolvidos a descoberta continua de si e do outro, enchendo
do perceber o que cada um deles consegue apreender do que está sendo de significado o saber/sabor de educar.
estudado e como procedem ao avançar nessa exploração. Marcos político-legais da educação especial na
Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do
saber com seus alunos e mediatizado pelo mundo, como nos ensinou perspectiva da educação inclusiva
Freire (1978),consegue entender melhor as dificuldades e as possibilida-
des de cada um e provocar a construção do conhecimento com maior Fundamentos filosóficos, teóricos e legais que norteiam a natureza,
adequação. estrutura e funcionamento da Educação Especial.
Os diferentes sentidos que os alunos atribuem a um dado objeto de
A educação especial se destina às pessoas com necessidades espe-
estudo e as suas representações vão se expandindo e se relacionando e
ciais no campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física,
revelando, pouco a pouco, uma construção original de ideias que integra
sensorial, mental ou múltipla, quer de características como altas habilida-
as contribuições de cada um, sempre bem-vindas, válidas e relevantes.
des, superdotação ou talentos.
E, finalmente...
Escolas abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda de- A integração dessas pessoas no sistema de ensino regular é uma di-
mandam, portanto, uma resignificação e uma reorganização completa dos retriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política governamental
processos de ensino e de aprendizagem. há pelo menos uma década. Mas, apesar desse relativamente longo
Não se pode encaixar um projeto novo em uma velha matriz de con- período, tal diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade
cepção do ensino escolar. escolar, de sorte que todas as crianças, jovens e adultos com necessida-
Nesse sentido, essas escolas contestam e não adotam o que é tradi- des especiais sejam atendidos em escolas regulares, sempre que for
cionalmente utilizado para dar conta das diferenças nas escolas: as adap- recomendado pela avaliação de suas condições pessoais. Uma política
tações de currículos, a facilitação das atividades, além dos programas explícita e vigorosa de acesso à educação, de responsabilidade da União,
para reforçar as aprendizagens, ou mesmo para acelerá-las, em casos de dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios, é uma condição para que
defasagem idade/séries escolares. às pessoas especiais sejam assegurados seus direitos à educação. Tal
Para melhorar a qualidade do ensino e para se conseguir trabalhar política abrange: o âmbito social, do reconhecimento das crianças, jovens
com as diferenças nas salas de aula é preciso que enfrentemos os desafi- e adultos especiais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados
os da inclusão escolar, sem fugir das causas do fracasso e da exclusão e na sociedade o mais plenamente possível; e o âmbito educacional, tanto
desconsideremos as soluções paliativas, sugeridas para esse fim. As nos aspectos administrativos (adequação do espaço escolar, de seus
medidas comumente indicadas para combater a exclusão não promovem equipamentos e materiais pedagógicos), quanto na qualificação dos
mudanças e visam mais neutralizar os desequilíbrios criados pela hetero- professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar como
geneidade das turmas do que potencializá-los, até que se tornem insus- um todo deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se
tentáveis, obrigando as escolas a buscar novos caminhos educacionais, uma escola integradora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que
que, de fato, atendam à pluralidade do coletivo escolar. a participação da comunidade é fator essencial. Quanto às escolas espe-
Enquanto os professores do ensino escolar (especialmente os do ní- ciais, a política de inclusão as reorienta para prestarem apoio aos progra-
vel fundamental) persistirem em: mas de integração.
• propor trabalhos coletivos, que nada mais são do que ativida- A educação especial, como modalidade de educação escolar, terá
des individuais realizadas ao mesmo tempo pela turma que ser promovida sistematicamente nos diferentes níveis de ensino. A
• ensinar com ênfase nos conteúdos programáticos da série; garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de
• adotar o livro didático, como ferramenta exclusiva de orientação deficiência é uma medida importante. Entre outras características dessa
dos programas de ensino; política, são importantes a flexibilidade e a diversidade, quer porque o
• servir-se da folha mimeografada ou xerocada para que todos os espectro das necessidades especiais é variado, quer porque as realidades
alunos as preencham ao mesmo tempo, respondendo às mesmas pergun- são bastante diversificadas no País.
tas, com as mesmas respostas; A União tem um papel essencial e insubstituível no planejamento e di-
• propor projetos de trabalho totalmente desvinculados das expe- recionamento da expansão do atendimento, uma vez que as desigualda-
riências e do interesse dos alunos, que só servem para demonstrar a des regionais na oferta educacional atestam uma enorme disparidade nas
pseudo adesão do professor às inovações; possibilidades de acesso à escola por parte dessa população especial. O
• organizar de modo fragmentado o emprego do tempo do dia le- apoio da União é mais urgente e será mais necessário onde se verificam
tivo para apresentar o conteúdo estanque desta ou daquela disciplina e os maiores déficits de atendimento.
outros expedientes de rotina das salas de aula;
• considerar a prova final, como decisiva na avaliação do rendi- Quanto mais cedo se der a intervenção educacional, mais eficaz ela
mento escolar do aluno, se tornará no decorrer dos anos, produzindo efeitos mais profundos sobre
Não teremos condições de ensinar a turma toda, reconhecendo e va- o desenvolvimento das crianças. Por isso, o atendimento deve começar
lorizando as diferenças na escola. precocemente, inclusive como forma preventiva. Na hipótese de não ser
Essas práticas configuram o velho e conhecido ensino para alguns possível o atendimento durante a educação infantil, há que se detectarem
alunos - e para alguns alunos, em alguns momentos, algumas disciplinas, as deficiências, como as visuais e auditivas, que podem dificultar a apren-
atividades e situações de sala de aula. dizagem escolar, quando a criança ingressa no ensino fundamental.
É assim que a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo a todos os Existem testes simples, que podem ser aplicados pelos professores, para
alunos, não apenas os que apresentam uma dificuldade maior de apren- a identificação desses problemas e seu adequado tratamento. Em relação

Conhecimentos Específicos 6

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
às crianças com altas habilidades (superdotadas ou talentosas), a identifi- Agora, espera-se que as escolas fundamentais incluam crianças que
cação levará em conta o contexto sócio-econômico e cultural e será feita apresentem limitações.
por meio de observação sistemática do comportamento e do desempenho Refletir sobre os fundamentos da educação inclusiva significa analisar
do aluno, com vistas a verificar a intensidade, a frequência e a consistên- o que está na base, apoia, e – mesmo que não tenhamos consciência,
cia dos traços, ao longo de seu desenvolvimento. que não tenhamos obrigação de trabalhar em sala de aula –, está presen-
Considerando as questões envolvidas no desenvolvimento e na te e de alguma forma regula nosso trabalho. É fundamental refletir sobre
aprendizagem das crianças, jovens e adultos com necessidades especi- isso, procurar saber e tomar uma posição sobre o que pode estar definin-
ais, a articulação e a cooperação entre os setores de educação, saúde e do as características de nosso trabalho.
assistência é fundamental e potencializa a ação de cada um deles. Como Como base de nossa reflexão queria colocar a premissa de que há,
é sabido, o atendimento não se limita à área educacional, mas envolve pelo menos, dois modos de organizarmos nossa vida e nosso trabalho na
especialistas sobretudo da área da saúde e da psicologia e depende da escola: pela classe ou pelo gênero. Um modo não exclui o outro: coorde-
colaboração de diferentes órgãos do Poder Público, em particular os nam-se, ora como meio, ora como fim. O que define a exclusão é como os
vinculados à saúde, assistência e promoção social, inclusive em termos de articulamos e como negamos um ou outro. Na Educação Inclusiva, pro-
recursos. É medida racional que se evite a duplicação de recursos através põe-se uma forma de articulação entre eles diferente daquela à qual
da articulação daqueles setores desde a fase de diagnóstico de déficits estamos acostumados.
sensoriais até as terapias específicas. Para a população de baixa renda,
há ainda necessidade de ampliar, com a colaboração dos Ministérios da Há, agora, dispositivos legais favoráveis à inclusão, ou seja, aos rela-
Saúde e da Previdência, órgãos oficiais e entidades não-governamentais cionamentos pela lógica do gênero e não mais preferencialmente pela
de assistência social, os atuais programas para oferecimento de órteses e lógica da classe; relacionamentos em um contexto de integração, de
próteses de diferentes tipos. O Programa de Renda Mínima Associado a presença de uma coisa em relação à outra. Gostaria de analisar os aspec-
Ações Sócio-educativas (Lei n.9.533/97) estendido a essa clientela, pode tos positivos da inclusão; mas, também, seu lado perverso e negativo que
ser um importante meio de garantir-lhe o acesso e à frequência à escola. já pode ser observado. Talvez seja útil começar analisando os aspectos
positivos da classe, da forma de organizar a vida por classes. Gostaria de
A formação de recursos humanos com capacidade de oferecer o lembrar, também, os aspectos negativos que todos nós chegamos a sofrer
atendimento aos educandos especiais nas creches, pré-escolas, centros na própria pele ou, então, na pele de nossos filhos, de nossos pais, de
de educação infantil, escolas regulares de ensino fundamental, médio e nossos amigos, ou de quem quer que tenha alguém próximo e excluído na
superior, bem como em instituições especializadas e outras instituições é sociedade.
uma prioridade para o Plano Nacional de Educação. Não há como ter uma
escola regular eficaz quanto ao desenvolvimento e aprendizagem dos O que é organizar o conhecimento, a vida, pela lógica da classe? Por
educandos especiais sem que seus professores, demais técnicos, pessoal que isso é positivo e, também, perverso ou negativo? Lembraria, primeiro,
administrativo e auxiliar sejam preparados para atendê-los adequadamen- a ironia que pode estar contida na expressão Educação Inclusiva. Se
te. As classes especiais, situadas nas escolas “regulares”, destinadas aos considerarmos como excluídos, além dos portadores de alguma deficiên-
alunos parcialmente integrados, precisam contar com professores espe- cia, também os pobres, analfabetos, famintos, os que não têm onde
cializados e material pedagógico adequado. morar, os doentes sem atendimento, então, a maioria de nossa população
estaria na categoria dos excluídos. A minoria “normal” seria de vinte ou
As escolas especiais devem ser enfatizadas quando as necessidades trinta por cento. Então, se os excluídos são a maioria, a Educação Inclusi-
dos alunos assim o indicarem. Quando esse tipo de instituição não puder va é uma proposta tardia de colocar essa maioria junto aos que têm
ser criado nos Municípios menores e mais pobres, recomenda-se a cele- acesso às boas condições de aprendizagem e de ensino na escola e que
bração de convênios intermunicipais e com organizações não- podem receber uma educação em sua versão ordinária, comum, ou seja,
governamentais, para garantir o atendimento da clientela. não-especial ou excepcional.
Certas organizações da sociedade civil, de natureza filantrópica, que Lógica da Exclusão
envolvem os pais de crianças especiais, têm, historicamente, sido um
exemplo de compromisso e de eficiência no atendimento educacional A lógica da exclusão apoia-se na lógica das classes. Classificar é uma
dessa clientela, notadamente na etapa da educação infantil. Longe de forma de conhecimento, que nos possibilita definir a extensão dos termos
diminuir a responsabilidade do Poder Público para com a educação espe- que, por possuírem um critério comum, são equivalentes entre si, quanto a
cial, o apoio do governo a tais organizações visa tanto à continuidade de esse critério. Ou seja, classificar é uma forma de conhecimento pela qual
sua colaboração quanto à maior eficiência por contar com a participação reunimos, abstraindo as semelhanças, todos os termos que satisfazem a
dos pais nessa tarefa. Justificase, portanto, o apoio do governo a essas um critério comum, tornando-os, por isso, equivalentes entre si com rela-
instituições como parceiras no processo educacional dos educandos com ção a esse critério. Todos nós classificamos, necessitamos classificar para
necessidades especiais. conhecer as coisas. Classificar é, portanto, uma forma de organização ou
de raciocínio que coloca os iguais, os que respondem ao mesmo critério,
Requer-se um esforço determinado das autoridades educacionais pa- em um mesmo lugar, em uma mesma caixa. Iguais, significa, aqui, que os
ra valorizar a permanência dos alunos nas classes regulares, eliminando a elementos – por terem sido reunidos e por se enquadrarem no mesmo
nociva prática de encaminhamento para classes especiais daqueles que critério, não guardam diferenças e por isso são equivalentes entre si, isto
apresentam dificuldades comuns de aprendizagem, problemas de disper- é, substituem-se uns aos outros. “Caixa” é uma metáfora da pertinência,
são de atenção ou de disciplina. A esses deve ser dado maior apoio pois os objetos, distantes ou inexistentes, podem estar dentro de uma
pedagógico nas suas próprias classes, e não separá-los como se preci- caixa (a criança “normal”, que ainda não nasceu, já pertence à caixa dos
sassem de atendimento especial. normais). Fora da “caixa” ficam os que não se ajustam ao critério. Classifi-
Considerando que o aluno especial pode ser também da escola regu- car, portanto, é reunir pessoas, objetos, que tenham uma propriedade
lar, os recursos devem, também, estar previstos no ensino fundamental. comum e, por terem uma propriedade comum, são substituíveis uns pelos
Entretanto, tendo em vista as especificidades dessa modalidade de edu- outros.
cação e a necessidade de promover a ampliação do atendimento, reco- É o caso dos alunos em uma sala de aula. Do ponto de vista da defi-
menda-se reservar-lhe uma parcela equivalente a 5 ou 6% dos recursos nição, em termos de série ou ciclo escolar, todos são substituíveis entre si,
vinculados à manutenção e desenvolvimento do ensino. pois obedecem ao mesmo critério. Esse é o poder da lógica da classe:
Fundamentos da Educação Especial abstrair diferenças.
Como cuidar, integrar, reconhecer, relacionar-se com crianças (e pes- Hoje, critica-se o lado negativo de se pensar ou organizar o conheci-
soas de um modo geral) com necessidades especiais e que, por isso, mento pela classe. É importante, porém, aprendermos a analisar os dois
diferenciam-se ou utilizam recursos diferentes dos normalmente conheci- lados de cada coisa. O “bem” e o “mal” que lhe atribuímos. Como desfrutar
dos ou utilizados, sempre foi um problema social e institucional. Essa o bem e conviver com os impasses do mal, considerando que nem sempre
tarefa estava, antes, restrita à família ou a alguma pessoa que, por alguma eles podem ser dissociados?
razão, assumisse esse papel, bem como às instituições públicas (hospi-
tais, asilos, escolas especiais etc.), especialmente dedicadas ao problema.
Conhecimentos Específicos 7

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A ideia de classe como possibilidade de reunir pessoas que, sob um Há um discurso simpático, politizado e bem intencionado, favorável à
certo critério, sob uma certa condição, se substituem, ou seja, se equiva- relação. Em tese, somos todos favoráveis ao raciocínio da relação; mas,
lem, é uma ideia muito poderosa na prática. Poderosa, porém, na condi- gostaria de analisar os riscos de uma relação perversa que, nesse sentido,
ção de que, para reunir, seja necessário excluir, deixar fora todos os que pode repetir o que já conhecemos sob o nome de classe ou exclusão.
não caibam no critério. Esses formarão, agora, o grupo dos sem-critério, O que é relação?
sem-categoria, o grupo dos excluídos. No que diz respeito aos excepcio-
nais, aos portadores de deficiência auditiva, física, visual, foi esse o racio- Relação é uma forma de interação, de organizar o conhecimento, ou
cínio reinante na nossa educação até há bem pouco tempo. Eles estavam, de pensar o que quer que seja, na perspectiva de outro. Do ponto de vista
de certa forma, excluídos da escolaridade normal porque não entravam na da classe, por exemplo, se uma mulher for casada com um alcoólatra, se
categoria privilegiada e formavam uma outra classe de pessoas, uma o referente for beber, e se ela não beber, então, ao contrário de seu
outra classe de alunos. Em alguns casos, uma classe que dispunha de marido, ela é considerada não-alcoólatra, ou seja, está excluída da classe
alguns recursos, de bom atendimento; mas, infelizmente, em muitos das pessoas que bebem. Em outras palavras, seu marido pertence à
casos, um depósito de pessoas que, a partir de um certo momento, não se classe das pessoas alcoólatras e ela não; ele é dependente do álcool, ela
conseguia saber o que era pior nelas, se era a sua cegueira ou tudo aquilo não. Do ponto de vista da relação, dá-se o inverso. Se uma pessoa for
que, podendo ser normal, tinha sido destruído, prejudicado – em nome de casada com um alcoólatra, então, todas as pessoas que pertencem à sua
uma dificuldade nossa em ver o cego além da sua cegueira – ver aquilo família, também estão compreendidas por essa relação, ou seja, são
que um cego compartilha com os videntes e que, muitas vezes, são todas mulher ou filho de um “alcoólatra”. Em outras palavras, pode ser que uma
as outras funções. Então, na verdade, muitas vezes, a nossa cegueira – pessoa que pertença à família de um alcoólatra não beba uma gota de
se eu posso usar essa metáfora – é maior do que a cegueira do cego, álcool, mas o fato de pertencer à mesma família, em termos relacionais,
nossa surdez maior do que a do surdo, nossa limitação maior do que a do implica que ela, também, sofra as consequências do alcoolismo, pois é
mutilado ou do excepcional. também parte de um mesmo todo.
O problema da classe, em outras palavras, é reunir os que entram por A análise do tema inclusão/exclusão pode causar certo embaraço,
um critério comum e excluir aqueles que estão fora do critério. Se, do pois, em certos conteúdos, a exclusão é ruim, mas, em outros, proporcio-
ponto de vista cognitivo, do ponto de vista teórico, do ponto de vista de na a ilusão de liberdade. Pela lógica da classe, se um marido for impoten-
conhecimento, isso é muito simpático, é muito potente; do ponto de vista te e sua mulher, não, a dificuldade dele não a atingirá, pois ela é potente.
social, do ponto de vista político, do ponto de vista educacional, cria, na Do ponto de vista da relação, a impotência será algo comum ao marido e
prática, situações indesejáveis e muitas vezes insuportáveis. à mulher, ainda que os dois possam ocupar, quanto ao problema, diferen-
tes posições. Sei que isso pode parecer desagradável e difícil de suportar,
Dizer que a exclusão se apoia na lógica da classe não significa que mas esse é um dos princípios da lógica da inclusão. O objetivo desse
classificar seja algo errado. Classificar é necessário e, por isso, bom. texto é analisar o fundamento dessa lógica. Ou seja, não dá para ser
Todos necessitamos classificar: a classificação é uma fonte de conheci- contra a exclusão, em certos domínios, e, em outros, ser a favor, por se
mento. Pela classificação, pode-se separar, por exemplo, as frutas madu- sentir menos mal, menos afetado. Por exemplo, pode ser que quem use
ras das que ainda estão verdes, pode-se formar agrupamentos segundo droga seja o filho ou o irmão. Do ponto de vista da classe, é verdade; do
certo critério. Sem a classificação, é difícil aprender ou conhecer. O pro- ponto de vista da relação, é falso. Se o filho ou irmão é um drogado os
blema, então, não reside em agrupar as coisas por classe, o problema outros integrantes da família também estão envolvidos no problema.
reside no uso político, nas visões educacionais decorrentes de um raciocí- Assumir isso é, muitas vezes, a condição para um trabalho de recupera-
nio de classe, que cria preconceitos, separa, aliena. ção do doente.
Como, durante séculos, a organização familiar e escolar foi determi- O que está sendo analisado aqui, em termos da relação entre o alcoó-
nada pela classe, o desafio de uma educação inclusiva consiste em rom- latra e sua mulher, pode ser pensado, igualmente, quanto à relação pro-
per com o preconceito, ao conviver com pessoas que, em nossa fantasia, fessor/aluno. Se uma criança tem dificuldades de aprendizagem ou de
não são como nós, não têm nossas propriedades ou características. Essa convivência em sala de aula, se suas limitações causam “problemas”
atitude permanece até que um acidente, uma morte, uma doença em quanto aos hábitos pedagógicos do professor (estratégias de ensino,
família nos lembre que essa é uma circunstância de todos nós, em algum organização do espaço e tempo didáticos, expectativas, etc.), pela lógica
momento de nossa vida. Alguns têm essa circunstância permanentemen- da classe, a dificuldade é do aluno e não necessariamente do professor.
te; para outros, ela se torna permanente e, para outros ainda, ela é mo- Na lógica da relação o “problema” é de todos, o que desafia o professor a
mentânea, ou seja, vem e vai. refletir sobre a insuficiência de seus recursos pedagógicos, nesse novo
Como vimos, o problema da classe consiste em estruturar as coisas contexto, a rever suas formas de se relacionar com os alunos, a estudar
numa relação de dependência, ou seja, depende-se do critério para estar temas que pensava nunca ter que estudar. Tudo isso altera muito a situa-
dentro ou fora. É o critério, como forma, quem autoriza a exclusão ou a ção tradicional da escola, por mais que ela seja, também, julgada insatis-
inclusão na classe, ou seja, o critério é o referente; portanto depende-se fatória.
de atender, ou não, ao critério para pertencer, ou não, a uma classe. Além Classificar, como mencionado, é reunir coisas que tenham um critério
disso, quem está fora do critério, ou seja, excluído em relação ao critério, comum e, portanto, sejam substituíveis entre si. Relacionar é reunir coisas
não é nada. Em outras palavras, na lógica da exclusão, os que estão fora que façam parte uma da outra, e que, nesse sentido, não valham por si
do critério compõem algo indefinido, por isso são frequentemente desig- mesmas, pois é a relação com o outro, e vice-versa, que as define. Consi-
nados pelo termo “sem”: sem-terra, sem-teto, sem-projeto. deremos, por exemplo, duas canetas, uma medindo 10 cm e outra, 15 cm.
Na lógica da classe, a exclusão dos termos que não possuem o crité- O fato de que, pela classe, ambas sejam canetas não anula o fato de que,
rio que define a classe é obtida pelo raciocínio do “sim” e do “não”. O “sim” pela relação, uma seja maior (ou menor) do que a outra. Portanto, na
afirma a pertinência, isto é, autoriza a inclusão. O “não” nega a pertinên- relação, quem nos define são também os outros com quem nos relacio-
cia, autoriza a exclusão. namos, pois somos definidos por esse jogo de posições que nos situa uns
Crianças (ou pessoas em geral) que não se encaixem em certos crité- e em relação a outros, de diversos modos.
rios estão fora e, portanto, entregues à própria sorte. Ou seja, a exclusão Para analisar o problema da inclusão, penso ser útil usar exemplos,
é o destino dos que não pertencem, por não satisfazerem os critérios, a considerados ora na perspectiva da classe, ora na perspectiva da relação,
uma certa classe. e, algumas vezes, usar exemplos “fortes” para tomarmos consciência do
Lógica da Inclusão preço do estarmos juntos, isto é, para refletirmos sobre certa idealização
de que incluir sempre seja bom e tranquilo. Numa reunião de pais, pode-
Define-se a inclusão pela lógica da relação, por intermédio da qual um mos estar juntos com um alcoólatra, ladrão ou prostituta. Na relação “o
termo é definido em função de outro. A lógica da exclusão, como vimos, é meu e o seu filho são alunos dessa escola”, todos estamos compreendi-
definida pela extensão dos termos que possuem algo em comum, ou seja, dos no mesmo contínuo. Suportamos isso? Suportamos, por exemplo,
atendem a um critério ou referente (exterior). A lógica da inclusão é defini- sentarmo-nos ao lado de uma prostituta e vê-la, nesse momento, apenas
da pela compreensão, ou seja, por algo interno a um conjunto e que lhe dá como a mãe de uma criança que, eventualmente, está tendo dificuldades?
um sentido.
Conhecimentos Específicos 8

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Porque os incluídos não são os deficientes mentais, os incluídos somos significa que há uma parte que nos completa e que está fora de nós. É
nós, e a inclusão não vale só para essas pessoas; vale para todos nós isso que quer dizer interação e assimilação, na teoria de Piaget. O que
porque, caso contrário, estaremos novamente raciocinando pela classe, quer dizer assimilação? Por que somos fadados à interação? Interação
não pela relação. quer dizer relação. Porque o nosso sistema respiratório precisa do ar e
A relação e suas implicações nós não fabricamos o ar. Por isso, assimilar significa poder incorporar do
outro aquela parte sem a qual eu não sou, eu não me completo.
Relacionar é definir algo em relação ao outro, pela sua posição ou lu-
gar, por aquilo que está entre os dois, não nele ou no outro. Para insistir Tomemos, agora, um outro exemplo, no âmbito social. Um texto, en-
no exemplo, pela lógica da classe, o alcoolismo está no marido, não na quanto texto, não depende de sua leitura. Se tiver as propriedades, a
esposa. Pela lógica da relação, o alcoolismo é um problema deles e é por estrutura, a forma etc., de um texto, é um texto. Mas, do ponto de vista
isso que viver com ele, alcoólatra, significa conviver com aquilo que nos funcional, um texto que não continue sendo lido deixa de ser um texto.
relaciona. Caso contrário, raciocinamos novamente pela classe, como se a Porque um texto que tenha sido construído como texto e que ninguém leia
educação inclusiva significasse colocar os cegos e mutilados dentro da não é um texto. Por isso, leitura e escrita são atos sociais complementa-
classe e nós continuarmos normais. Não é isto, isto é mentira, ilusão, res: a leitura é aquilo que complementa a escrita enquanto ato social de
perversidade, arrogância. Incluir significa abrir-se para o que o outro é e comunicação e vice-versa, ou seja, o princípio da complementaridade
para o que eu sou ou não sou em relação ao outro. Por isso, a educação baseia-se na ideia de que uma parte do todo, que não esteja em um lado,
inclusiva supõe, sobretudo, uma mudança em nós, em nosso trabalho, das há de estar no outro. Para se afirmar, por exemplo, que uma caneta B é
estratégias que utilizamos, dos objetos e do modo como organizamos o maior que uma caneta C, é necessário considerá-la como referência. Só
espaço e o tempo na sala de aula. Temos que rever as estratégias para que, ao mesmo tempo, a caneta B, pode ser maior que uma caneta A,
ensinar matemática e língua portuguesa. Temos que rever a grade curricu- pois, nessa outra referência, ela tem mais comprimento. Qual é a relação
lar, os critérios de promoção ou de avaliação. Temos que rever nossa disso com complementaridade? Complementar é o que falta para algo se
posição ou lugar frente a esses outros, outrora excluídos, que agora fazem completar. Para se dizer que uma coisa é maior ou menor que outra, a
parte do todo ao qual pertencemos. Incluir significa aprender, reorganizar outra é que lhe falta para se definir sua condição de maior ou menor.
grupos, classes; significa promover a interação entre crianças de um outro O interessante, do ponto de vista teórico, e talvez injusto do ponto de
modo. vista prático, é que, às vezes, usamos as pessoas portadoras de deficiên-
Na lógica da exclusão ou da classe, o referente é externo (isto é, in- cia, como referência para afirmarmos que somos normais, que não temos
dependente dos objetos que são por ele classificados), único (mesmo o que elas têm. Ou seja, usamos o critério da classe, pois deficiência, por
podendo integrar várias qualidades ao mesmo tempo) e sucessivo (pode- definição, indica a pessoa, segundo o critério “eficiência”. Se usássemos o
mos classificar um objeto de infinitas formas, mas em “tempos” ou “espa- critério da relação, isso nos desafiaria para outras formas de compreen-
ços” diferentes). Na lógica da inclusão ou da relação, o referente (que são.
compreende ou dá sentido a ela) é interno (é o que faz a mediação entre A proposta de inclusão, pela qual tenho a maior simpatia, apesar de
um termo e um outro e, nesse sentido, está entre eles) e, por isso, é todos os desafios que nos coloca, é considerar a relação entre as pessoas
múltiplo e simultâneo (podemos nos relacionar no mesmo espaço e tempo de forma interdependente, ou seja, indissociável, irredutível e complemen-
de muitas e muitas formas). tar. Como, de um ponto de vista relacional, nos comportarmos de modo
Da interdependência indissociável com uma criança deficiente, por exemplo? Como não reduzi-
la aos nossos medos, dificuldades ou preconceitos? Como não reduzi-la
Se, na classe, a estrutura é de dependência ou de independência, ao que gostaríamos que fosse, aos nossos anseios ou expectativas?
numa relação que se queira verdadeira, a propriedade é de interdepen- Como reconhecê-la por aquilo que é ou pode ser, nos limites que a defi-
dência. Já vimos a dependência e a independência, no raciocínio sobre a nem, como, aliás, definem qualquer um de nós? Como pensá-la como
classe. Agora, é interessante analisar a interdependência, que caracteriza parte de nós, que nos desafia naquilo que sempre recusamos ou negamos
o raciocínio da relação. em nós e, graças a isso, aprender com ela e, quem sabe, nos aperfeiço-
Uma relação estrutura-se pela propriedade da interdependência, cujas armos, graças a ela?
características são: ser indissociável, complementar e irredutível. Outro aspecto da relação é o da irredutibilidade. Numa relação, nada
Ser indissociável significa que, na relação, não existe a não- é redutível porque tudo depende da relação, que se estabelece entre uma
dualidade, não existe o separado ou separável. É por isso que, conforme coisa e outra. Por exemplo, simultaneamente, se em uma relação algo é
já comentei, enquanto, na classe, uma pessoa pode ser alcoólatra e a menor, em outra pode ser maior e em outra ainda pode ser igual. Por isso,
outra, normal, na relação, predomina o princípio da indissociabilidade, ou na relação, o princípio é o da irredutibilidade, pois um objeto não se reduz
seja, o que vale para uma vale para outra, mesmo que ocupem posições ao nosso referente, ele admite múltiplos referentes, ou seja, pode ser
diferentes, nesse mesmo contínuo relacional. Então, a indissociabilidade é compreendido de muitas formas. Na lógica da classe, ao contrário, somos
o princípio pelo qual compartilhamos um mesmo todo, ainda que eventu- redutíveis, redutíveis ao critério que nos define. Na lógica da relação,
almente em posições diferentes. Ou seja, pertencemos todos a um mesmo somos irredutíveis no sentido de que não somos reduzidos a uma coisa ou
contínuo, mesmo quando negamos esse contínuo, mesmo querendo sair outra porque quem nos define é a relação.
fora dele, mesmo tendo medo dele. Na classe, isso não ocorre porque, o Da co-dependência
que decide a presença ou não é o critério que junta ou separa os termos
em função de sua equivalência, ou possibilidade de substituição. Na Eu queria, agora, voltar ao caso do alcoólatra ou de pais que tenham
relação, nos limites do sistema que está sendo considerado (família, filhos “deficientes” ou de professores que trabalhem com crianças com
escola, etc.) estamos sempre dentro, compondo as partes que definem o dificuldades para fazer ou aprender algo. Trata-se da questão de analisar
sistema como um todo. a interdependência em relação à co-depedência e refletirmos sobre suas
semelhanças e diferenças. O objetivo, contudo, é propor uma revisão,
A complementaridade é o princípio pelo qual, num todo, a parte que falta dentro de nós, da co-dependência, para que ela possa, pouco a pouco dar
para a outra parte virar todo é complementar. Por exemplo, do ponto de vista lugar ou ser transformada em interdependência.
pessoal, o homem, enquanto gênero, não depende da mulher. O homem
pode viver a sua vida inteira independente da mulher, do ponto de vista Co-dependência é um termo criado na sociologia (Giddens,
pessoal. Do ponto de vista biológico, o homem é complementar à mulher, 1992/1993) para analisar as relações, por exemplo, entre uma esposa e
enquanto espécie. Porque há uma parte do homem que ele só encontra na seu marido alcoólatra, uma mãe e seu filho deficiente, uma mulher e seu
mulher. Do ponto de vista da espécie, portanto, do ponto de vista biológico, marido dependente. Co-dependência é um princípio que, na aparência, é
há uma parte da mulher que só os homens têm. Por isso, do ponto de vista de interdependência, de relação, complementaridade, indissociabilidade,
biológico, a relação homem-mulher é uma relação complementar. mas, na prática, é uma complementaridade, muitas vezes doentia.
Recorrendo a outro exemplo biológico: nosso sistema respiratório é Pensemos na figura clássica de uma mulher e seu marido alcoólatra
composto por uma parte, o ar, que nosso aparelho respiratório não pro- ou de uma mãe e seu filho excepcional. A co-dependência implica a ideia
duz. O ar complementa o que nos falta para respirar. Complementaridade de que o marido alcoólatra ou o filho deficiente dependam dos cuidados
da esposa ou mãe. Isso é verdade. Pela lógica da classe, como vimos,
Conhecimentos Específicos 9

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
essa mulher pode-se pensar saudável (não-alcoólatra) e “normal” (não- relação, temos um jogo de compensações, de lugares ou posições relati-
deficiente). Além disso, ela pode estar trabalhando, ganhando dinheiro, vas, em que os termos se expressam de muitas formas. Isso também é
cuidando da casa, levando seu marido ao hospital, etc., ao contrário deles uma questão de afirmação e negação; mas, funciona ou opera de outro
(do alcoólatra ou do deficiente) que, em nosso exemplo, não têm autono- modo.
mia para isso. A co-dependência refere-se a um tipo de relação na qual o A co-dependência pode ser a face perversa da interdependência. Im-
que cuida torna-se dependente do que é cuidado, fazendo com que esse plica a ideia de que, se o filho se torna mais livre e autônomo, já não se
não possa sair dessa posição (por exemplo, deixar de ser alcoólatra ou, sabe mais de quem cuidar! Vou usar um outro exemplo para deixar isso,
mesmo sendo deficiente, ganhar autonomia). Ou seja, a doença do marido quem sabe, mais claro. Vou usar o exemplo da enfermeira e o do profes-
ou a limitação física ou neurológica do filho transformam-se na “doença” sor.
ou “limitação” de quem cuida deles. Vamos imaginar um alcoólatra que,
por alguma razão, deixe de beber, volte a trabalhar, reivindicando uma A enfermeira, em uma visão positiva, é aquela que cuida de doentes,
nova ou a antiga posição na casa, assumindo responsabilidades etc. As mas que não se fixa em um doente particular, ou seja, em alguém que, em
relações, então, modificam-se, tornam-se outras. O mesmo vale para uma consequência, não poderia sarar, pois caso contrário ela ficaria sem
criança ou pessoa deficiente, que ganhe autonomia, ou seja, liberte-se de função. A enfermeira, em uma visão de interdependência, cuida para que
certa dependência, porque mudou de hábitos, desenvolveu habilidades seus pacientes sarem logo, pois há muitos outros esperando e que preci-
que lhe possibilitam realizar, a seu modo, coisas antes impossíveis para sam do lugar. O mesmo vale para um professor. Ele não é só para um
ela. Essas conquistas implicam uma alteração na conduta das pessoas aluno. Seu propósito é que o aluno aprenda para que outros possam
que, antes, eram responsáveis por isso. Quantas pessoas suportarão essa ocupar seu lugar. Esse é o desafio de uma relação construtiva. Ensinar ou
mudança de relação, aceitarão mudanças de posição ou “prestígio”, por cuidar é “perder” por ter ensinado ou cuidado, aquele a quem ensinamos
mais sofrido, choroso, por mais que, por exemplo, uma mulher tenha ou a quem cuidamos. É deixá-lo partir ou alterar a posição relacional
apanhado e passado noites em claro? Se, por um “milagre”, seu marido conosco, pois já não precisa mais de nós. Em verdade, não se trata de
deixar de beber, ela suportará com alegria e com facilidade perder o seu “perder”, mas ganhar. Um filho que ganha autonomia desenvolve recursos
posto de salvadora? Muitas vezes não. próprios, abre-se para um mundo maior, amplia seu espaço relacional, o
mesmo ocorrendo com sua mãe, que sempre “vai junto”, ainda que em
O objetivo aqui é apenas lembrar as trapaças em que podemos nos outro lugar ou de outra forma. Um professor que ensina um aluno, ganha
envolver, mesmo ou principalmente quando há um pressuposto relacional. tudo aquilo que o conhecimento traz como abertura ou inclusão de novas
Às vezes, é muito difícil perder um lugar duramente conquistado, mesmo possibilidades. Na co-dependência, isso não ocorre. Precisamos que uma
se conquistado em um contexto de sofrimento, luto, tristeza ou dor. Habi- determinada pessoa continue dependente de nós, pois nos definimos por
tuamo-nos a uma certa posição, a uma certa função, isto é, transformamo- essa relação.
nos, pouco a pouco nessa própria função.
A co-dependência refere-se a uma enfermeira ou um professor que
A co-depedência é uma análise interessante para aqueles que devem cuidam de um único “doente” ou “aluno”. O doente não pode melhorar
confiar seus filhos com problemas de deficiência para uma nova escola ou para que ela não se sinta ameaçada em sua função ou lugar. “Se o doente
novos professores. Para aqueles, portanto, que vão perder um pouco suas sarar eu não sou mais enfermeira porque quem me define é este doente
funções. Eles podem reagir, sentindo-se perdendo coisas, tendo medo etc. concreto, particular”. “Eu sou professora desse aluno, ele vai ficar velho e
É uma pena que pensemos assim, pois uma criança que ganha autonomia vou continuar dando aulas para ele, explicando as mesmas coisas, pe-
libera sua mãe para outros projetos ou realizações. Além de aprender a gando em sua mão e ensinando-o a escrever. O aluno, nesse sentido,
compartilhar com essa “nova” pessoa (o alcoólatra ou deficiente, na medi- nunca pode aprender. Como é que eu fico, se ele aprender? Fico sem
da em que modificam seu modo de ser) funções de responsabilidade, lugar, sem definição.”
implica um jogo de ganhos e perdas, nem sempre fácil de ser regulado.
No caso da mulher do alcoólatra, ela vai ter que respeitar certo direito seu, Essas considerações são importantes, quando analisamos a questão
por exemplo, junto aos filhos. Ela vai ter que suportar que ele traga tam- da Educação Inclusiva. Se aceitamos crianças “deficientes” (não importa o
bém dinheiro para a casa, que tome decisões, que discorde. Ela vai ter grau), em uma escola para todas as crianças, e se elas forem tratadas de
que dividir papéis que, outrora, por razões muito compreensíveis, eram um modo excludente ou co-dependente, não terão um tratamento compa-
gerenciados exclusivamente por ela, ou seja, muitas vezes a recuperação rável aos outros, teremos a exclusão da inclusão, teremos uma farsa de
do marido significa um outro tipo de sofrimento, o sofrimento de perder a inclusão.
importância que tinha, mesmo que isso, na teoria, não seja formulado. Olhar com pena para um “deficiente” pode significar uma relação de
O mesmo vale para uma criança excepcional, que depende das pes- co-dependência, principalmente se estiver associada a uma ideia de
soas que cuidam dela, às vezes, vinte e quatro horas por dia. Se essa superioridade: ele tem problemas ou limitações que eu não tenho (como
criança entra em uma escola e aprende, pouco a pouco, a ser responsável se não tivéssemos alguma). Ou seja, pode significar a pretensão de que
por si própria; se, por uma educação inclusiva, que todos nós desejamos; somos melhores do que ele e, em um contexto de relação, o melhor (no
se, por uma educação qualquer que seja, que todos desejamos bem- sentido de uma diferença para mais ou para menos) é sempre relativo e
sucedida, essa criança adquirir recursos próprios para cuidar de si, por transitório. Além disso, a pena pode implicar uma ajuda na perspectiva de
exemplo, se essa criança passar a ter responsabilidades por si mesma, se co-dependência. Como ajudar pessoas que sofrem limitações ou que
ela dispensar aquele cuidado sofrido, choroso, difícil da sua mãe porque necessitam de algo especial para realizar uma tarefa na perspectiva da
agora ela pode ser ela mesma, essa mãe cederá o seu lugar com alegria? interdependência? Não se trata de dizer que os “deficientes” não tem
Ou usará argumentos para manter uma situação que agora já não tem limitações reais, ou seja, que não possuem um problema concreto, seja no
mais sentido? plano físico, sensorial, mental etc. A questão é como nos relacionamos
com essas limitações. Nesse sentido, ao invés de ter dó de um cego,
O difícil, quando nos relacionamos com uma pessoa deficiente, é a poderíamos ter respeito e admiração por uma pessoa que, tendo essa
deficiência em nós, não nela. É claro que ela é deficiente e a deficiência limitação, sobrevive num mundo que é visual. Por isso, nosso desafio,
dela está assumida na sua pele e no seu rosto, na sua cabeça. É claro enquanto professores ou educadores, é pesquisar o que ele pode fazer, o
que o deficiente é ele, mas é esse tipo de deficiência, na relação, que que, apesar de sua restrição, ele tem condições de melhorar, o que, de
quero sublinhar aqui. Porque, para mim, o pior numa deficiência é isso: é o resto, vale para qualquer um de nós. Como vê-lo não por aquilo que,
gozo de uma superioridade sobre alguém, por alguma razão, que muitas eventualmente, temos a mais do que ele, mas por aquilo que ele, sendo o
vezes poderá valer para todos nós. Todos somos deficientes em alguma que é, pode ser melhor?
coisa, só que a gente não sabe: é a nossa arrogância que não nos permite
dizer. Não estou querendo afirmar que todas as pessoas são iguais. As Autonomia e Educação Inclusiva
diferenças são legítimas, as diferenças são reais e há perdas que são Há uma visão de autonomia que pode ser assim definida: ser autô-
reais e as pessoas precisam aprender a compensá-las. Esse é o outro nomo é fazer o que quer, do jeito que quer, na hora em que quer. Ser
aspecto bonito da relação. autônomo é ser livre dos outros. Não concordo com essa noção de auto-
Quando pensamos em termos de classe, o problema é de afirmação nomia: nem o pior dos ditadores faz o que quer, do jeito que quer, na hora
ou negação. É tudo (o termo atende ao critério) ou nada (não atende). Na em que quer. Ele pensa que faz. Para mim, o conceito construtivo de

Conhecimentos Específicos 10

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
autonomia é: ser autônomo é ser parte e todo, ao mesmo tempo. Esta é a trabalhar com essas pessoas, é importante que assuma perante os seus
ideia de educação inclusiva, ou seja, ser parte e todo ao mesmo tempo. alunos as suas dificuldades, que se coloque no mesmo contínuo que seus
Enquanto todo, sou eu, com minhas singularidades, características, alunos. Enquanto ele for arrogante e achar que “isso é com você, isso não
tamanho, cheiro, com meus olhos ou sem meus olhos, com minha inteli- é comigo”, ou “deixe comigo, que eu trato de tudo, eu dou conta de tudo”,
gência desenvolvida ou não, com minhas pernas ou sem as minhas per- ou enquanto escamotear, negar, mentir, ele não poderá ser ajudado. E ele
nas. Sou eu naquilo que eu sou, na minha identidade, enquanto todo. Ao pode aprender isso, inclusive, com seus próprios alunos. Para que isso
mesmo tempo, eu sou sempre parte. Autonomia nesse sentido é ser aconteça, temos que estudar técnicas, pesquisar, fazer cursos, chamar
responsável, como parte e como todo, numa relação. professores que trabalhem, que tenham experiência sobre esse assunto,
chamar os pais e perguntar sobre a vida da criança em casa, como é que
Tomemos o jogo, como exemplo. Em um jogo de damas, xadrez ou ela se cuida, como é seu dia, etc. .
cartas, autonomia significa que, em cada jogada e ao longo de toda a
partida, somos responsáveis por nossas ações e sofremos as consequên- A educação inclusiva é uma educação democrática, comunitária, pois
cias do modo como as realizamos. Nesse sentido, trata-se de um todo (um supõe que o professor saia da sua solidão, arrogância, falso domínio e
jogador ou time) contra um outro todo (o adversário ou o time contrário), tenha a coragem de dizer não sei, tenho medo, nojo, vergonha, pena, não
cada qual com suas responsabilidades. Ao mesmo tempo, somos parte respeito, quero aprender ou rever minhas estratégias pedagógicas, pois
porque dependemos do outro para continuar jogando. Além disso, depen- não consigo ensinar para certos tipos de criança, não sei controlar o
demos das regras, do tabuleiro, das peças, do tempo. Dependência não tempo, não sei ajudar – não no sentido da co-dependência, mas no senti-
em um sentido negativo, mas, no sentido de que, em uma relação, somos do da interdependência, – não sei respeitar meu aluno.
irredutíveis, temos algo singular, próprio e, ao mesmo tempo, somos Todas essas revisões são difíceis, mas esse é o caminho, esses são
complementares, formamos partes, indissociáveis, no sistema que as os novos desafios.
constituem. Depois de algum tempo de convivência com todas essas formas de
O que teremos de aprender com os professores das APAEs? Como deficiência, o professor não teria que passar por uma terapia?
vamos convocar pais e mães de crianças deficientes e aprender com eles Quem pode, tem coragem, recursos, tempo, deve-se submeter a essa
a lidar com essas crianças? Qual vai ser a nossa disponibilidade de re- experiência. Isso, porém, não vale só para quem trabalha com deficiência,
pensarmos o ritmo, a rotina, os objetos, o mobiliário, os recursos materi- mas para qualquer um.
ais? Como vamos repensar o espaço na sala de aula?
Considerando a questão por outro lado, pode ser que muitos profes-
Como vamos suportar, nós professores, o fato de que a educação in- sores não suportem trabalhar com crianças como essas. Então, pode ser
clusiva veio tornar mais complexa a nossa vida, mais desafiadora a nossa que muitos professores tenham que ser redistribuídos e é por isso que a
tarefa de professores. Vamos precisar estudar o que antes estávamos gente tem que ser honesto, corajoso. Quem se dispuser a r fazer terapia,
dispensados de estudar, vamos ter que aprender técnicas nas quais antes ótimo. Apesar dos meus vínculos com a psicologia, não quis falar da
não precisávamos pensar, vamos ter que aprender a ver mais devagar terapia porque acho que a educação tem que encontrar respostas no
quando estávamos acostumados a ver numa certa velocidade, vamos ter contexto educacional; caso contrário, podemos impor uma condição que é
que aprender a ouvir sem audição, a acompanhar num ritmo mais rápido alheia à escola. Ou seja, a escola tem que encontrar recursos dentro dela,
quando estávamos acostumados a um ritmo mais lento. Vamos ter que senão sai fora do espírito da inclusão. Mas se puder incluir psicólogos que
rever as nossas expectativas de professores, rever as nossas formas de façam palestras, oficinas, que colaborem, melhor ainda.O senhor pode
avaliar, de aprovar, de reprovar. Vamos ter que melhorar a nossa condi- comentar os tipos de jogos que poderiam ser aplicados na “sala de aula
ção de trabalho. inclusiva”?
É importante enfatizar esse ponto porque muitas pessoas veem essas Eu diria que, em princípio, a maior parte dos jogos é aplicável a qual-
inclusões como piora, como mais uma dificuldade no caminho dos profes- quer tipo de criança. Lembro-me, por exemplo, que uma vez eu dei um
sores, como mais uma pressão. O salário é pouco, as condições de traba- curso de pós-graduação e tinha, entre os alunos, uma professora de
lho são ruins, o tempo é pouco e, agora, há mais essa exigência de incluir deficientes visuais, por sinal, uma excelente profissional. Nesse curso ela
crianças com dificuldades, deficientes. É isso que afirmam muitas pessoas pensou nos mesmos jogos para cegos e os resultados foram muito inte-
que têm coragem de dizer o que pensam, que não têm vergonha de falar ressantes. Outra vez, tive um aluno cego e fiquei admirado com o que ele
do incômodo, por mais justo que possa ser, que é receber crianças que se pode fazer com os jogos que trabalhamos no curso.
diferenciam muito da “média da classe”. É importante assumirmos o
preconceito, a nossa dificuldade, o nosso medo, a nossa impotência É claro que há jogos que são melhores para determinados tipos de
porque só assim vamos poder, pouco a pouco, assumir de fato, uma características e outros para outras. Não posso responder com mais
formação que promova a educação inclusiva. detalhes sem entrar nas características de cada jogo. Em princípio, consi-
dero que o jogo é universal e foi feito para todos. Portanto, de um modo
Respostas a algumas questões geral, é possível aproveitar os jogos para todos os tipos de criança.
Como agir na co-dependência? Como fazer quando a co-dependência não termina, pois quem era o
A ideia da co-dependência foi desenvolvida em relação a alcoólatras. dependente não quer se libertar?
Sabemos que a droga é um problema muito difícil no mundo todo, e que o O que eu considero mais bonito, no princípio da co-dependência, é a
índice de recuperação de drogados é de apenas 30%, aí incluídos pobres, ideia de que ninguém está “fora da chuva”. O princípio da co-dependência
ricos, remediados, pessoas que se internam em hospital particular, públi- é a ideia de que não é o filho que é doente, é a doença dele que nos afeta
co. e, na medida que nos afeta, também nos tornamos doentes e, para ele
No caso da Associação dos Alcoólatras Anônimos, um recurso que sarar, temos que sarar também. E temos medo de sarar porque sarar
tem ajudado muito na problemática da co-dependência é, por exemplo, significa abandonar ou re-significar cuidados que se tornaram a razão de
filhos, irmãos, pais, esposas de alcoólatras se associarem e, numa reuni- nossa vida. Aprendemos a nos identificar através dos cuidados com nosso
ão, discutirem sua dependência. Eles não são alcoólatras, são filhos, são filho e ele só se libertará na medida que nos libertemos também. Isso não
pais, são mulheres. No caso da escola é fundamental que professores, significa abandoná-lo; esta é uma outra ideia de autonomia que eu gosta-
que trabalhem com educação inclusiva e que queiram ser sérios e respon- ria de marcar aqui.
sáveis, se reúnam e discutam as suas dificuldades de incluírem seus Outro dia, uma colega comentou que, por intermédio da análise dos
alunos. É importante que isso ocorra na escola, num lugar no qual se vídeos que os professores trouxeram para indicar a autonomia de seus
tenha confiança, porque é muito difícil se expor em uma situação pública. alunos, podia se concluir que muitos deles agiam como se promover
É importante que o professor fale que tem nojo de uma criança deficiente autonomia de crianças fosse o mesmo que as deixar abandonadas. Não
que baba, que vomita; é importante que ele assuma que tem medo de ser que esses professores sejam irresponsáveis, mas, na concepção deles, a
contaminado por essa pessoa, que fica bravo quando ensina uma criança criança autônoma é a que faz o que quer, sem a interferência ou negocia-
e ela não aprende. É importante que ele escute depoimentos de colegas, ção com o adulto ou colegas.
que leia textos que mencionem pesquisas, que ensinem técnicas de como

Conhecimentos Específicos 11

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Tornar crianças responsáveis por si mesmas não significa abandoná- agora porque estamos aqui para falar dos limites do público, do institucio-
las à própria sorte. Isso seria tão ou mais grave quanto o supercuidado nal, em favor de uma educação coletiva e generalizada. Quanto mais
que sufoca. O ponto-chave da ideia de relação é a noção de regulação. fatores puderem ser evocados para o aperfeiçoamento do nosso trabalho
Regulação é o princípio pelo qual, numa relação, numa interação, temos e das pessoas que a gente quer bem, melhor.
que permanentemente aprender a trabalhar, considerando o que deve ser Fundamentos legais
mais, menos ou igual, em termos de nossos objetivos ou metas, em
termos dos meios que utilizamos. Há momentos em que ajudamos mais, A legislação, no Brasil, evolui mais do que as leis em se tratando es-
momentos em que ajudamos menos, em que começamos ajudando mais pecialmente de educação escolar. Para ilustrar, uma metáfora: as leis
e depois vamos reduzindo a ajuda. Portanto, regulação é um processo andam a passos de tartaruga e por isso, cedo caducam; enquanto a
dinâmico em que se busca um melhor equilíbrio, ou formas de compensa- legislação, a saltos de canguru, permanentemente, atualizam-se no espa-
ção, face às perturbações geradas no processo de interação. Pensar que ço e no tempo. Os conceitos de educação especial e necessidades edu-
ou ele é dependente de mim para tudo, ou tem que fazer tudo sozinho, é cacionais especiais exemplificam bem a assertiva e a metáfora acima.
fazer um raciocínio de classe: é tudo ou é nada. A regulação possibilita- A Carta Magna é a lei maior de uma sociedade política, como o pró-
nos trabalhar com diferenças, com insuficiências, com o aperfeiçoamento, prio nome nos sugere. Em 1988, a Constituição Federal, de cunho liberal,
ou seja, com tudo o que é inevitável em uma relação. Não é assim com os prescrevia, no seu artigo 208, inciso III, entre as atribuições do Estado,
nossos filhos? Num certo momento, a gente tem que dar tudo para eles; isto é, do Poder Público, o “atendimento educacional especializado aos
pouco a pouco, a gente vai se afastando e, em outros momentos, a gente portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
volta com tudo, se afasta, certas coisas se sustentam. O garantia constitucional resultava do compromisso liberal do Estado
Não é assim na vida inteira? Na questão da diferença, é ir calibrando brasileiro de educar a todos, sem qualquer discriminação ou exclusão
as diferenças e é por isso que regulação implica que nada é sempre maior social e pelo acesso ao ensino fundamental, para os educandos, em idade
do que ou sempre menor do que. Num momento, é maior, em outros é escolar, sejam normais ou especiais, passar a ser, a partir de 1988, um
menor ou é igual, depende. direito público subjetivo, isto é, inalienável, sem que as famílias pudessem
Por isso, regulação é a palavra-chave, quer dizer, esse ora muito, ora abrir mão de sua exigência perante o Poder Público.
pouco, ora mais ou menos, ora igual, ora tudo. Porém, em tudo que tem No dispositivo da Constituição de 1988, conforme observamos, há
espaço para ser menos ou tem espaço para ser mais, vamos negociando avanço e recuo jurídicos. Avanço quando diz que os portadores de defici-
a qualidade e a quantidade, naquilo que nós e os outros precisamos para ência devem receber atendimento especializado, preferencialmente na
nos constituir enquanto relação. Não sendo possível falar algo definitivo, rede regular de ensino. Não obstante, há recuo quando traz ainda, no final
tudo que podemos é colocar a questão e dar a direção, as coordenadas. dos anos 80, uma terminologia tacanha, excludente, ao fazer referência às
Em uma relação, quando o outro não consegue assumir a sua própria pessoas com alguma necessidade especial, no âmbito escolar, como
dependência das drogas, o que fazer para que não haja falta de respeito? “portadores de deficiência”.
Se os pais são drogados, os filhos podem nascer com alguma deficiência? Em se tratando de análise terminológica, fazemos hoje um desconto
Vou aproveitar essa questão para falar de outro aspecto relacionado a nas expressões jurídicas da Constituição Federal de 1988, porque está-
isso. Uma mudança – que eu diria radical nas nossas concepções – vamos, em 1988, em pleno final do século XX, cujo conceito de deficiência
deveria ser a de não raciocinar por causa, mas, por fator. Temos um era herança da Medicina de séculos anteriores. A terminologia “portadores
costume muito arraigado de pensar “por causa”. Por exemplo: uma criança de deficiência” nos remete a um Brasil excludente que tratava seus doen-
vai mal na escola porque, no primeiro ano de vida, seu pai abandonou sua tes, deficientes ou não, como “portadores de moléstia infecciosa”. Este
mãe. Sabemos que nem sempre isso ocorre. A vida é muito sábia nesse enfoque clínico, assim, perdurou até a Constituição Federal de 1988.
sentido, ela nos dá um exemplo para qualquer coisa positiva ou negativa. A LDB é exemplo também de Lei Ordinária, abaixo, hierarquicamente,
Às vezes, numa mesma casa, uma criança faz de uma infelicidade um no ordenamento jurídico do país, da Lei Magna. Trata-se da Lei 9.394, de
motivo para “dar a volta por cima” e a outra aparentemente não. Não estou 20 de dezembro de 1996, a chamada Diretrizes Bases da Educação
querendo dizer que tanto faz, não se trata disso. Nacional, uma lei derivada da Constituição Federal, fará o conserto (corre-
Se raciocinamos em termos de causa, o pensamento pode ficar linear, ção social) e concerto (sintonia internacional) da terminologia “portadores
dependente das boas ou más causas. Raciocinar em termos de fator é de deficiência” para “educandos com necessidades educacionais especi-
considerar que tudo depende de uma multiplicidade de aspectos. Temos ais”.
que juntar as forças favoráveis e lutar contra as forças desfavoráveis e sair No seu artigo 4º, inciso III, a LDB diz que o dever do Estado, com a
dessa ideia determinista, dependente, cômoda, que explica que um jovem educação escolar pública, será efetivado mediante a garantia de “ atendi-
é alcoólatra porque seu pai era alcoólatra. É um pouco simples este mento educacional especializado gratuito aos educandos com necessida-
raciocínio. O mundo está cheio de gente que é filho de alcoólatra e nem des especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. (grifo nosso)
por isso ficou alcoólatra. E vice-versa, está cheio de gente cujos pais não De logo, vemos os avanços do dispositivo da Lei 9.394/96: a) O aten-
são alcoólatras mas que é alcoólatra. dimento educacional é gratuito. Portanto, a oferta do atendimento especia-
Não quero dizer que tanto faz, estou querendo dizer que a vida de- lizado, no âmbito da rede oficial de ensino, não pode ser cobrada; b)
pende de uma multiplicidade de fatores. Há fatores favoráveis numa certa Pessoas em idade escolar são considerados “educandos com necessida-
direção, há fatores desfavoráveis. Pensar, porém, na causa nem sempre des especiais”, o que pressupõe um enfoque pedagógico, ou mais, preci-
explica suficientemente e, às vezes, dá inclusive uma ideia falsa, explica samente, um enfoque psicopedagógico, em se tratando do atendimento
cedo demais um problema e, na verdade, as coisas são um pouco mais educacional. O corpo e a alma dos educandos são de responsabilidade de
complexas. todos os que promovem a formação escolar.
O que o senhor pensa de uma criança portadora de deficiência numa O artigo 58, da LDB, no entanto, vai misturar um pouco os enfoques
sala com vários alunos? Uma alternativa à terapia é o espaço terapêutico clínico e pedagógico ao conceituar a educação especial “como modalida-
na própria escola? de de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de
Vou começar pela segunda parte. É importante separarmos interven- ensino, para educando portadores de necessidades especiais”.
ções particulares de intervenções públicas, coletivas. A terapia, tal como a No § 1º, do artigo 58, da LDB, o legislador diz que “haverá, quando
medicina, tal como tantas outras áreas de atuação, pode ter uma interven- necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para
ção particular, privada, ou uma intervenção pública, coletiva. Acho que atender às peculiaridades da clientela de educação especial”. Aqui, revela
não se trata de pensar nos extremos: só particular ou só pública. Penso a faceta mais médica do atendimento especializado, ao tratar os educan-
que, como aqui, estamos em um espaço público institucional, temos que dos com necessidades especiais como uma clientela. Clientela, como se
pensar o que, num espaço público, institucional, deve ser feito em favor da sabe, refere-se ao doente, em relação ao médico habitual. Estaria aqui a
educação inclusiva, que é o nosso tema de hoje. É claro que recorrer a faceta neoliberal da LDB?
intervenções particulares como terapia, colocar um professor para essa Os pareceres e a Resolução manifestas pelo Conselho Nacional de
criança, podem ser úteis, mas eu não gostaria de trabalhar essa questão Educacional são exemplos de legislação. Em geral, para ter força jurídica,
Conhecimentos Específicos 12

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
são homologadas pelo Ministro da Educação e Desporto que as respal- b) Tal ponto será abordado logo adiante, no item destinado às
dam para aplicação na organização da educação nacional. “orientações pedagógicas”, em que se demonstrará não só a viabilidade,
Mais recentemente, as manifestações do Conselho Nacional de Edu- mas os benefícios de se receber, na mesma sala de aula, a todas as
cacional, no esforço de construir um arcabouço de diretrizes nacionais crianças. Assim, quando nossa Constituição Federal garante a educação
para a educação especial, assinalam, no CNE/CEB n.º l7/2001, de 03 de para todos, significa que é para todos mesmo, em um mesmo ambiente, e
julho de 2001 e a Resolução CNE/CEB n.º 02, de 11 de setembro de este pode e deve ser o mais diversificado possível, como forma de atingir
2001, que os sistemas de ensino devem matricular todos os educandos o pleno desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania (art. 205,
com necessidades educacionais especiais. CF).
Uma pergunta, agora, advém: quem, no processo escolar, pode ser Quanto ao “preferencialmente” constante da Constituição Federal, art.
considerado um “educando com necessidade educacional? 208, inciso III:
A Resolução CNE/CEB n.º 02, de 11 de setembro de 2001, assim se a) Tal advérbio refere-se a “atendimento educacional especializa-
pronuncia, no seu artigo 5º: do”, ou seja, aquilo que é necessariamente diferente no ensino para
melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência, abrangen-
l) Os educandos com dificuldades acentuadas de aprendizagem (inci- do principalmente instrumentos necessários à eliminação das barreiras
so I). Esses educandos são aqueles que têm, no seio escolar, dificulda- que as pessoas com deficiência naturalmente têm para relacionar-se com
des específicas de aprendizagem, ou “limitações no processo de desen- o ambiente externo. Exemplo: ensino da Língua Brasileira de Sinais -
volvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares”. LIBRAS, do código “Braille”, uso de recursos de informática, e outras
As crianças com dislexia e dificuldades correlatas (dislalia, disgrafia e ferramentas e linguagens que precisam estar disponíveis nas escolas
disortografia), por exemplo, estão no grupo daqueles educandos com ditas regulares.
dificuldades “não vinculadas a uma causa orgânica específica”, enquanto b) O atendimento educacional especializado deve estar disponível
as crianças desnutridas e com dificuldades de assimilação cognitiva, por em todos os níveis de ensino, de preferência na rede regular, pois este é o
seu turno, estão enquadradas entre “aquelas relacionadas a condições, ambiente escolar mais adequado para se garantir o relacionamento dos
disfunções, limitações ou deficiências”. alunos com seus pares de mesma idade cronológica e para a estimulação
2) Os educandos com dificuldades de comunicação e sinalização. Es- de todo o tipo de interação que possa beneficiar seu desenvolvimento
tas, no entender dos conselheiros, são as “diferenciadas dos demais cognitivo, motor, afetivo.
alunos”, o que demandaria a utilização de linguagens e códigos aplicáveis. c) É no contexto de curso “livre” que nossa Constituição admite
Os crianças cegas de nascença, por exemplo, se enquadrariam neste que o atendimento educacional especializado também pode ser oferecido
grupo. fora da rede regular de ensino, em qualquer instituição, já que seria ape-
3) Os educandos com facilidades de aprendizagem. Os conselheiros nas um complemento (como qualquer curso livre) e não um substitutivo do
observam que há alunos, que por sua acentuada facilidade de assimilação ensino ministrado na rede regular para todos os alunos. Assim, este
de informações e conhecimentos não podem ser excluída da rede regular atendimento não deve substituir o escolar, e precisa ser preferencialmente
de ensino. Aqui, o valor está em avaliar que são especiais aqueles que oferecido nas escolas comuns da rede regular.
“dominam rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes” no meio Sobre a LDB e a Convenção da Guatemala:
escolar.
a) Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (artigos 58
A inserção de educandos com necessidades educacionais especiais, e seguintes) consta que a substituição do “regular” pelo “especial” é possí-
no meio escolar, é uma forma de tornar a sociedade mais democrática. Da vel. Entretanto, essa substituição não está de acordo com a Constituição
mesma forma, a transformação das instituições de ensino em espaço de Federal, que prevê ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO,
inclusão social é tarefa de todos que operam com a alma e o corpo das conforme vimos, e não EDUCAÇÃO ESPECIAL, como se alguns já não
crianças especiais. pudessem mais ser contemplados no ensino regular. Verifique-se que a
De onde surge o direito à educação das pessoas com deficiência? Constituição somente prevê o atendimento educacional especializado para
O que diz a Constituição Federal? os portadores de deficiência, justamente por se tratar este atendimento do
oferecimento de instrumentos de acessibilidade ao ensino. A utilização de
a) A nossa Constituição Federal elegeu como fundamentos da
métodos que contemplem às mais diversas necessidades dos estudantes,
República a CIDADANIA e a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (art. 1º,
inclusive eventuais necessidades especiais, pelo próprio conceito de
incisos II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção
EDUCAÇÃO, deve ser regra no ensino regular e nas demais modalidades
do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
de ensino (Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional), não se
quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV).
justificando a manutenção de um ensino especial, apartado.
b) Garante ainda expressamente o direito à IGUALDADE (art. 5º),
b) Além disso, surge agora uma nova legislação, posterior à LDB
e trata, nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação.
e que, como toda lei nova, revoga as disposições anteriores que lhe são
Esse direito deve visar ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
contrárias. Trata-se da Convenção Interamericana para a Eliminação de
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205).
Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Defici-
c) Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a ência, celebrada na Guatemala.
igualdade de condições de acesso e permanência na escola (art. 206,
c) O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo
inciso I), acrescentando que o dever do Estado com a educação será
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 198, de 13 de
efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do
junho de 2001, e promulgado pelo Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de
ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
2001, da Presidência da República.
um (art. 208, V).
d) Portanto, no Brasil, ele tem tanto valor quanto uma lei ordinária,
d) Conforme fica claro, quando garante a TODOS o direito à edu-
ou até mesmo (de acordo com o entendimento de alguns juristas) como
cação e ao acesso à escola, a Constituição Federal não usa adjetivos.
norma constitucional, já que se refere a direitos e garantias fundamentais
Assim, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não po-
da pessoa humana, estando acima de leis, resoluções e decretos.
dendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor,
idade ou deficiência. e) Sua importância está no fato de que deixa clara a IMPOSSIBI-
LIDADE de diferenciação com base na deficiência, definindo a discrimina-
Sobre o direito à não discriminação na escola:
ção como toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiên-
a) Apenas estes dispositivos bastariam para que ninguém pudes- cia, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou
se negar a qualquer pessoa com deficiência o acesso à mesma sala de percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou
aula que qualquer outra criança ou adolescente. Mas o argumento que propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por
vem logo em seguida é sobre a impossibilidade prática de tal situação, parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e
notadamente diante da deficiência mental. suas liberdades fundamentais (art. I, nº 2, “a”).

Conhecimentos Específicos 13

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
f) Além disso, esclarece que NÃO CONSTITUI DISCRIMINAÇÃO tos especializados, que atendam a todas as necessidades educacionais
a diferenciação ou preferência adotada para promover a integração social dos educandos, com e sem deficiências, mas sem discriminações;
ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, DESDE QUE - os critérios de avaliação e de promoção, com base no aprovei-
a diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualda- tamento escolar, previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
de dessas pessoas E QUE ELAS NÃO SEJAM OBRIGADAS A ACEITAR Nacional (art. 24), não podem ser organizados de forma a descumprir os
tal diferenciação ou preferência (art. I, nº 2, “b”). princípios constitucionais da igualdade de direito ao acesso E PERMA-
g) Como em nossa Constituição consta que educação é aquela NÊNCIA na escola, bem como do acesso aos níveis mais elevados do
que visa o pleno desenvolvimento humano e o seu preparo para o exercí- ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
cio da cidadania (art. 205), qualquer restrição ao acesso a um ambiente um. Para tanto, o acesso a todas as séries do ensino fundamental (obri-
marcado pela diversidade, que reflita a sociedade como ela é, como forma gatório) deve ser incondicionalmente garantido a todos;
efetiva de preparar a pessoa para a cidadania, seria uma “diferenciação - o ensino médio, os cursos profissionalizantes, aqueles voltados
ou preferência” que estaria limitando, “em si mesma o direito à igualdade para o ensino de jovens e adultos ou os tradicionalmente voltados para a
dessas pessoas.” preparação para vestibulares, devem ser organizados de forma a repre-
h) Essa norma, portanto, não se coaduna com a Lei de Diretrizes sentar opções válidas, com o objetivo de atender a todos os alunos que
e Bases da Educação Nacional pois esta, a LDB, diferencia a “educação” concluíram o fundamental, de acordo com o perfil e aptidão de cada um;
com base em condições pessoais do ser humano, no caso a deficiência, - os serviços de apoio especializado, tais como os de intérpretes
admitindo a substituição do direito de acesso à educação pelo atendimen- de língua de sinais, aprendizagem do sistema “Braille” e outros recursos
to ministrado apenas em ambientes “especiais”. Ademais, a LDB não especiais de ensino e de aprendizagem, não caracterizam e não podem
contempla o direito de opção das pessoas com deficiência e de seus pais substituir as funções do professor responsável pela sala de aula da escola
ou responsáveis, limitando-se a prever as situações em que se dará a regular que tem os alunos com deficiência incluídos;
educação especial, normalmente, na prática, por imposição da escola ou
rede. - o encaminhamento de alunos com necessidades especiais a
serviço complementar ou atendimento clínico especializado deve contar
i) As escolas atualmente inscritas como “especiais” devem rever com a concordância expressa dos pais;
seus estatutos, pois já de acordo com nossa Constituição o termo “escola”
não aceita adjetivos e ela deve observar os requisitos constitucionais - as creches e congêneres, dentro de sua atual e reconhecida
previstos no sempre citado artigo 205, com a garantia de proporcionar função de cuidar e educar, devem estar preparadas para crianças com
acesso livre aos níveis mais elevados do ensino. Em acréscimo, pelos necessidades especiais, a partir de zero anos (art. 58, § 3º, LDB c.c. o art.
termos dessa Convenção da Guatemala, a escola não pode se intitular de 2º, inc. I, alínea “a”, da Lei 7.853/89), oferecendo-lhes cuidados diários
“especial”, com base em diferenciações fundadas na deficiência das que favoreçam sua estimulacão precoce, sem prejuízo dos atendimentos
pessoas que pretende receber. clínicos individualizados que, se não forem oferecidos no mesmo ambien-
te, devem ser realizados convênios para facilitação do atendimento da
j) Ainda que o faça, conforme já visto, como um curso livre (Ex. criança;
escola de línguas para surdos, escola de cuidados pessoais e comporta-
mento social para pessoas com déficit intelectual, etc), se tiver como - não é permitida a realização de exames (“vestibulinhos”) com a
público alvo crianças e adolescentes em idade de acesso ao ensino finalidade de aprovação ou reprovação para ingresso no ensino infantil ou
infantil e fundamental (obrigatório), deve oferecer tais cursos como com- fundamental devendo, em caso de desequilíbrio entre a oferta de vagas e
plemento e não de forma a reter esses educandos em seus ambientes a procura, proceder-se à utilização de métodos objetivos e transparentes
“especiais”, com o objetivo de substituir o ensino ministrado nas escolas para o preenchimento das vagas existentes (sorteio, ordem cronológica de
comuns. inscrição, etc);
k) Em tais casos, ou seja, considerando a existência de ambientes - todos os cursos de preparação de professores, do magistério
especializados que só podem atender a atual legislação da forma acima às licenciaturas, devem ser ministrados com a adoção de práticas ade-
prevista, o acesso ou encaminhamento a eles só pode se dar POR OP- quadas a dar-lhes a consciência e a formação necessárias para que
ÇÃO dos TITULARES DO direito à educação, ou seja, da própria pessoa recebam, em suas salas de aula, alunos com e sem necessidades educa-
com deficiência, dos seus pais ou responsáveis, jamais por imposição da cionais especiais.
rede ou da escola dita “regular”. É o que se extrai da mencionada Con- “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”:
venção (v. item 4.6. parte final). De acordo com o novo parâmetro relacionado ao princípio da não dis-
Como cumprir a Constituição Federal e a Convenção da Guatemala? criminação, trazido pela Convenção da Guatemala, aguarda-se que os
a) Percebe-se facilmente que esta Convenção não está sendo aplicadores do direito, na adoção da máxima “tratar igualmente os iguais e
cumprida, o que precisa ser trabalhado e observado pelas autoridades desigualmente os desiguais”, admitam as diferenciações com base na
competentes. Para fazê-lo, não há necessidade de revogação expressa da deficiência apenas para o fim de se permitir o acesso ao direito, e não
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois a sua revogação para o fim de negar o exercício dele. Exemplo: pessoa tetraplégica que
tácita, no que se refere à Educação Especial, já ocorreu com a internaliza- precisa de um computador para acompanhar as aulas, esse instrumento
ção da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas deve ser garantido pelo menos para ela se não for possível para os outros
de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, ou Con- alunos. É uma diferenciação, em razão da sua deficiência, mas para o fim
venção da Guatemala. de permitir que ela continue tendo acesso à educação como todos os
demais. Nos termos da citada Convenção, não será discriminação se ela
b) Assim, nada impede que os órgãos responsáveis pela emissão não estiver obrigada a aceitar.
de atos normativos infralegais e administrativos relacionados à Educação
(Conselhos de Educação de todos os níveis, Ministério da Educação e Sobre a necessária evolução interpretativa de outras normas:
Secretarias), emitam diretrizes para a educação básica, em seus respecti- a) A Lei 7.853/89, o Decreto 3.298/99, e outras normas infracons-
vos âmbitos, considerando os termos da promulgada Convenção da titucionais e infralegais, também refletem certa distorção em relação ao
Guatemala no Brasil, com orientações adequadas e suficientes para que que se extrai da Constituição Federal e dessa Convenção, recém promul-
as escolas em geral recebam com qualidade a todas as crianças e ado- gada no Brasil.
lescentes. Tais diretrizes e atos devem observar no mínimo os seguintes b) No entanto, é possível entender que os termos constantes de
aspectos fundamentais: tais normas, ao garantir às pessoas com deficiência o direito de acesso ao
- é indispensável que os estabelecimentos de ensino eliminem ensino regular “sempre que possível”, “desde que capazes de se adaptar”,
suas barreiras arquitetônicas e adotem métodos e práticas de ensino refletem uma época histórica em que a “integração” (movimento no qual é
adequados às diferenças dos alunos em geral, oferecendo alternativas o portador de deficiência quem tem que se adaptar à sociedade, e não
que contemplem a diversidade, além de recursos de ensino e equipamen- necessariamente a sociedade é que deve criar condições para evitar a
exclusão) esteve bastante forte, principalmente no Brasil. Este movimento
de “integração” é a contraposição do atual movimento mundial de “inclu-
Conhecimentos Específicos 14

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
são”. Neste, existe um esforço bilateral, mas é principalmente a sociedade a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;
quem deve criar condições para evitar que ocorra a exclusão. b) de 41 a 55 db - surdez moderada;
c) Fazendo-se uma interpretação progressiva, consentânea com c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;
os princípios e objetivos constitucionais atuais de “promoção do bem de
todos, sem qualquer discriminação”, verifica-se que essas normas, quando d) de 71 a 90 db - surdez severa;
falam em “sempre que possível, “desde que capazes de se adaptar”, só e) acima de 91 db - surdez profunda; e
podem estar se referindo a pessoas com severos comprometimentos de f) anacusia;
saúde. Pessoas em estado de vida vegetativa, sem quaisquer condições
III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no
de interação com o meio externo, que não são sequer público das chama-
melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabe-
das escolas especiais, pois necessitam de cuidados de saúde e não de
la de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações;
educação escolar.
IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente
d) Mas, caso ocorra uma melhora, ainda que pequena dessa con-
inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações
dição de saúde, essas pessoas, por direito e por lhes ser mais proveitoso
associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
e desafiador, deverão frequentar escolas comuns da rede regular. Lá elas
vão ter a oportunidade de se desenvolver melhor no aspecto social e, a) comunicação;
quanto aos conteúdos, vão ter a chance de aprender aquilo que lhes for b) cuidado pessoal;
possível. Para tanto, e para se entender a viabilidade e forma de se fazer c) habilidades sociais;
isso, passa-se às considerações de caráter pedagógico.
d) utilização da comunidade;
Legislação que norteia a natureza, a estrutura e o funcionamento da
Educação Especial e) saúde e segurança;
Decreto no 3.298, de 20 de dezembro de 1999 f) habilidades acadêmicas;
Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre g) lazer; e
a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, h) trabalho;
consolida as normas de proteção, e dá outras providências. V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe CAPÍTULO II
confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o
Dos Princípios
disposto na Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989,
Art. 5o A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
DECRETA:
Deficiência, em consonância com o Programa Nacional de Direitos Huma-
CAPÍTULO I nos, obedecerá aos seguintes princípios;
Das Disposições Gerais I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil,
Art. 1o A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiên-
Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas que objeti- cia no contexto sócio-econômico e cultural;
vam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacio-
pessoas portadoras de deficiência. nais que assegurem às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercí-
Art. 2o Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar cio de seus direitos básicos que, decorrentes da Constituição e das leis,
à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico; e
básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao des- III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber
porto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos
transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos.
infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e
CAPÍTULO III
das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Das Diretrizes
Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
Art. 6o São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pes-
I - deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
soa Portadora de Deficiência:
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desem-
penho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser huma- I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam a inclusão so-
no; cial da pessoa portadora de deficiência;
II - deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou du- II - adotar estratégias de articulação com órgãos e entidades públicos
rante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter e privados, bem assim com organismos internacionais e estrangeiros para
probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e a implantação desta Política;
III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas pe-
de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, culiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas à
meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência educação, à saúde, ao trabalho, à edificação pública, à previdência social,
possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar à assistência social, ao transporte, à habitação, à cultura, ao esporte e ao
pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. lazer;
Art. 4o É considerada pessoa portadora de deficiência a que se en- IV - viabilizar a participação da pessoa portadora de deficiência em
quadra nas seguintes categorias: todas as fases de implementação dessa Política, por intermédio de suas
entidades representativas;
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função V - ampliar as alternativas de inserção econômica da pessoa portado-
física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monople- ra de deficiência, proporcionando a ela qualificação profissional e incorpo-
gia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, ração no mercado de trabalho; e
hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, VI - garantir o efetivo atendimento das necessidades da pessoa por-
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformida- tadora de deficiência, sem o cunho assistencialista.
des estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de CAPÍTULO IV
funções;
Dos Objetivos
II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades audi-
tivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte:
Conhecimentos Específicos 15

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 7o São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pes- VII - propor e incentivar a realização de campanhas visando à preven-
soa Portadora de Deficiência: ção de deficiências e à promoção dos direitos da pessoa portadora de
I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de defi- deficiência;
ciência em todos os serviços oferecidos à comunidade; VIII - aprovar o plano de ação anual da Coordenadoria Nacional para
II - integração das ações dos órgãos e das entidades públicos e priva- Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE;
dos nas áreas de saúde, educação, trabalho, transporte, assistência IX - acompanhar, mediante relatórios de gestão, o desempenho dos
social, edificação pública, previdência social, habitação, cultura, desporto programas e projetos da Política Nacional para Integração da Pessoa
e lazer, visando à prevenção das deficiências, à eliminação de suas Portadora de Deficiência; e
múltiplas causas e à inclusão social; X - elaborar o seu regimento interno.
III - desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendi- Art. 12. O CONADE será constituído, paritariamente, por represen-
mento das necessidades especiais da pessoa portadora de deficiência; tantes de instituições governamentais e da sociedade civil, sendo a sua
IV - formação de recursos humanos para atendimento da pessoa por- composição e o seu funcionamento disciplinados em ato do Ministro de
tadora de deficiência; e Estado da Justiça.
V - garantia da efetividade dos programas de prevenção, de atendi- Parágrafo único. Na composição do CONADE, o Ministro de Estado
mento especializado e de inclusão social. da Justiça disporá sobre os critérios de escolha dos representantes a que
CAPÍTULO V se refere este artigo, observando, entre outros, a representatividade e a
efetiva atuação, em nível nacional, relativamente à defesa dos direitos da
Dos Instrumentos pessoa portadora de deficiência.
Art. 8o São instrumentos da Política Nacional para a Integração da Art. 13. Poderão ser instituídas outras instâncias deliberativas pelos
Pessoa Portadora de Deficiência: Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, que integrarão sistema
I - a articulação entre entidades governamentais e não- descentralizado de defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência.
governamentais que tenham responsabilidades quanto ao atendimento da Art. 14. Incumbe ao Ministério da Justiça, por intermédio da Secreta-
pessoa portadora de deficiência, em nível federal, estadual, do Distrito ria de Estado dos Direitos Humanos, a coordenação superior, na Adminis-
Federal e municipal; tração Pública Federal, dos assuntos, das atividades e das medidas que
II - o fomento à formação de recursos humanos para adequado e efi- se refiram às pessoas portadoras de deficiência.
ciente atendimento da pessoa portadora de deficiência; § 1o No âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, com-
III - a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de pete à CORDE:
mercado de trabalho, em favor da pessoa portadora de deficiência, nos I - exercer a coordenação superior dos assuntos, das ações governa-
órgãos e nas entidades públicos e privados; mentais e das medidas referentes à pessoa portadora de deficiência;
IV - o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para a pessoa II - elaborar os planos, programas e projetos da Política Nacional para
portadora de deficiência, bem como a facilitação da importação de equi- Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, bem como propor as
pamentos; e providências necessárias à sua completa implantação e ao seu adequado
V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente à pessoa desenvolvimento, inclusive as pertinentes a recursos financeiros e as de
portadora de deficiência. caráter legislativo;
CAPÍTULO VI III - acompanhar e orientar a execução pela Administração Pública
Dos Aspectos Institucionais Federal dos planos, programas e projetos mencionados no inciso anterior;
Art. 9o Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal IV - manifestar-se sobre a Política Nacional para a Integração da Pes-
direta e indireta deverão conferir, no âmbito das respectivas competências soa Portadora de Deficiência, dos projetos federais a ela conexos, antes
e finalidades, tratamento prioritário e adequado aos assuntos relativos à da liberação dos recursos respectivos;
pessoa portadora de deficiência, visando a assegurar-lhe o pleno exercício
V - manter com os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e o Mi-
de seus direitos básicos e a efetiva inclusão social.
nistério Público, estreito relacionamento, objetivando a concorrência de
Art. 10. Na execução deste Decreto, a Administração Pública Federal ações destinadas à integração das pessoas portadoras de deficiência;
direta e indireta atuará de modo integrado e coordenado, seguindo planos
VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe infor-
e programas, com prazos e objetivos determinados, aprovados pelo
mações sobre fatos que constituam objeto da ação civil de que trata a Lei
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência -
no 7.853, de 24 de outubro de 1989, e indicando-lhe os elementos de
CONADE.
convicção;
Art. 11. Ao CONADE, criado no âmbito do Ministério da Justiça como
VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou convênios firmados
órgão superior de deliberação colegiada, compete:
pelos demais órgãos da Administração Pública Federal, no âmbito da
I - zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para Integração Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; e
da Pessoa Portadora de Deficiência;
VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das questões
II - acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas se- concernentes à pessoa portadora de deficiência, visando à conscientiza-
toriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultu- ção da sociedade.
ra, turismo, desporto, lazer, política urbana e outras relativas à pessoa
§ 2o Na elaboração dos planos e programas a seu cargo, a CORDE
portadora de deficiência;
deverá:
III - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária
I - recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e entidades
do Ministério da Justiça, sugerindo as modificações necessárias à conse-
interessadas; e
cução da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência; II - considerar a necessidade de ser oferecido efetivo apoio às entida-
des privadas voltadas à integração social da pessoa portadora de defici-
IV - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de
ência.
defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência;
CAPÍTULO VII
V - acompanhar e apoiar as políticas e as ações do Conselho dos Di-
reitos da Pessoa Portadora de Deficiência no âmbito dos Estados, do Da Equiparação de Oportunidades
Distrito Federal e dos Municípios; Art. 15. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal
VI - propor a elaboração de estudos e pesquisas que objetivem a me- prestarão direta ou indiretamente à pessoa portadora de deficiência os
lhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência; seguintes serviços:

Conhecimentos Específicos 16

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
I - reabilitação integral, entendida como o desenvolvimento das poten- Art. 18. Incluem-se na assistência integral à saúde e reabilitação da
cialidades da pessoa portadora de deficiência, destinada a facilitar sua pessoa portadora de deficiência a concessão de órteses, próteses, bolsas
atividade laboral, educativa e social; coletoras e materiais auxiliares, dado que tais equipamentos complemen-
II - formação profissional e qualificação para o trabalho; tam o atendimento, aumentando as possibilidades de independência e
inclusão da pessoa portadora de deficiência.
III - escolarização em estabelecimentos de ensino regular com a pro-
visão dos apoios necessários, ou em estabelecimentos de ensino especi- Art. 19. Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos deste Decre-
al; e to, os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcio-
nais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência,
IV - orientação e promoção individual, familiar e social. com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da
Seção I mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão social.
Da Saúde Parágrafo único. São ajudas técnicas:
Art. 16. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal I - próteses auditivas, visuais e físicas;
direta e indireta responsáveis pela saúde devem dispensar aos assuntos II - órteses que favoreçam a adequação funcional;
objeto deste Decreto tratamento prioritário e adequado, viabilizando, sem
prejuízo de outras, as seguintes medidas: III - equipamentos e elementos necessários à terapia e reabilitação da
pessoa portadora de deficiência;
I - a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planeja-
mento familiar, ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da IV - equipamentos, maquinarias e utensílios de trabalho especialmen-
gravidez, do parto e do puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à te desenhados ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficiên-
identificação e ao controle da gestante e do feto de alto risco, à imuniza- cia;
ção, às doenças do metabolismo e seu diagnóstico, ao encaminhamento V - elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal necessários
precoce de outras doenças causadoras de deficiência, e à detecção para facilitar a autonomia e a segurança da pessoa portadora de deficiên-
precoce das doenças crônico-degenerativas e a outras potencialmente cia;
incapacitantes; VI - elementos especiais para facilitar a comunicação, a informação e
II - o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de aci- a sinalização para pessoa portadora de deficiência;
dentes domésticos, de trabalho, de trânsito e outros, bem como o desen- VII - equipamentos e material pedagógico especial para educação,
volvimento de programa para tratamento adequado a suas vítimas; capacitação e recreação da pessoa portadora de deficiência;
III - a criação de rede de serviços regionalizados, descentralizados e VIII - adaptações ambientais e outras que garantam o acesso, a me-
hierarquizados em crescentes níveis de complexidade, voltada ao atendi- lhoria funcional e a autonomia pessoal; e
mento à saúde e reabilitação da pessoa portadora de deficiência, articula-
da com os serviços sociais, educacionais e com o trabalho; IX - bolsas coletoras para os portadores de ostomia.
IV - a garantia de acesso da pessoa portadora de deficiência aos es- Art. 20. É considerado parte integrante do processo de reabilitação o
tabelecimentos de saúde públicos e privados e de seu adequado trata- provimento de medicamentos que favoreçam a estabilidade clínica e
mento sob normas técnicas e padrões de conduta apropriados; funcional e auxiliem na limitação da incapacidade, na reeducação funcio-
nal e no controle das lesões que geram incapacidades.
V - a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao portador de defi-
ciência grave não internado; Art. 21. O tratamento e a orientação psicológica serão prestados du-
rante as distintas fases do processo reabilitador, destinados a contribuir
VI - o desenvolvimento de programas de saúde voltados para a pes- para que a pessoa portadora de deficiência atinja o mais pleno desenvol-
soa portadora de deficiência, desenvolvidos com a participação da socie- vimento de sua personalidade.
dade e que lhes ensejem a inclusão social; e
Parágrafo único. O tratamento e os apoios psicológicos serão simul-
VII - o papel estratégico da atuação dos agentes comunitários de saú- tâneos aos tratamentos funcionais e, em todos os casos, serão concedi-
de e das equipes de saúde da família na disseminação das práticas e dos desde a comprovação da deficiência ou do início de um processo
estratégias de reabilitação baseada na comunidade. patológico que possa originá-la.
§ 1o Para os efeitos deste Decreto, prevenção compreende as ações Art. 22. Durante a reabilitação, será propiciada, se necessária, assis-
e medidas orientadas a evitar as causas das deficiências que possam tência em saúde mental com a finalidade de permitir que a pessoa subme-
ocasionar incapacidade e as destinadas a evitar sua progressão ou deri- tida a esta prestação desenvolva ao máximo suas capacidades.
vação em outras incapacidades.
Art. 23. Será fomentada a realização de estudos epidemiológicos e
§ 2o A deficiência ou incapacidade deve ser diagnosticada e caracte- clínicos, com periodicidade e abrangência adequadas, de modo a produzir
rizada por equipe multidisciplinar de saúde, para fins de concessão de informações sobre a ocorrência de deficiências e incapacidades.
benefícios e serviços.
Seção II
§ 3o As ações de promoção da qualidade de vida da pessoa portado-
Do Acesso à Educação
ra de deficiência deverão também assegurar a igualdade de oportunidades
no campo da saúde. Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal
direta e indireta responsáveis pela educação dispensarão tratamento
Art. 17. É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa que prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, viabilizando,
apresenta deficiência, qualquer que seja sua natureza, agente causal ou sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
grau de severidade.
I - a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos
§ 1o Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com públicos e particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se
objetivo definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcan- integrar na rede regular de ensino;
ce o nível físico, mental ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe os
II - a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como
meios de modificar sua própria vida, podendo compreender medidas
modalidade de educação escolar que permeia transversalmente todos os
visando a compensar a perda de uma função ou uma limitação funcional e
níveis e as modalidades de ensino;
facilitar ajustes ou reajustes sociais.
III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições
§ 2o Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que apresente especializadas públicas e privadas;
redução funcional devidamente diagnosticada por equipe multiprofissional
terá direito a beneficiar-se dos processos de reabilitação necessários para IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabe-
corrigir ou modificar seu estado físico, mental ou sensorial, quando este lecimentos públicos de ensino;
constitua obstáculo para sua integração educativa, laboral e social. V - o oferecimento obrigatório dos serviços de educação especial ao
educando portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres
nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a um ano; e
Conhecimentos Específicos 17

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
VI - o acesso de aluno portador de deficiência aos benefícios conferi- III - adequação dos recursos físicos: eliminação de barreiras arquite-
dos aos demais educandos, inclusive material escolar, transporte, meren- tônicas, ambientais e de comunicação.
da escolar e bolsas de estudo. Seção III
§ 1o Entende-se por educação especial, para os efeitos deste Decre- Da Habilitação e da Reabilitação Profissional
to, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino para educando com necessidades educacionais especi- Art. 30. A pessoa portadora de deficiência, beneficiária ou não do
ais, entre eles o portador de deficiência. Regime Geral de Previdência Social, tem direito às prestações de habilita-
ção e reabilitação profissional para capacitar-se a obter trabalho, conser-
§ 2o A educação especial caracteriza-se por constituir processo flexí- vá-lo e progredir profissionalmente.
vel, dinâmico e individualizado, oferecido principalmente nos níveis de
ensino considerados obrigatórios. Art. 31. Entende-se por habilitação e reabilitação profissional o pro-
cesso orientado a possibilitar que a pessoa portadora de deficiência, a
§ 3o A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se na edu- partir da identificação de suas potencialidades laborativas, adquira o nível
cação infantil, a partir de zero ano. suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso e reingresso no
§ 4o A educação especial contará com equipe multiprofissional, com mercado de trabalho e participar da vida comunitária.
a adequada especialização, e adotará orientações pedagógicas individua- Art. 32. Os serviços de habilitação e reabilitação profissional deverão
lizadas. estar dotados dos recursos necessários para atender toda pessoa porta-
§ 5o Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino dora de deficiência, independentemente da origem de sua deficiência,
deverá ser observado o atendimento as normas técnicas da Associação desde que possa ser preparada para trabalho que lhe seja adequado e
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT relativas à acessibilidade. tenha perspectivas de obter, conservar e nele progredir.
Art. 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas insti- Art. 33. A orientação profissional será prestada pelos corresponden-
tuições de ensino público ou privado do sistema de educação geral, de tes serviços de habilitação e reabilitação profissional, tendo em conta as
forma transitória ou permanente, mediante programas de apoio para o potencialidades da pessoa portadora de deficiência, identificadas com
aluno que está integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas base em relatório de equipe multiprofissional, que deverá considerar:
especializadas exclusivamente quando a educação das escolas comuns I - educação escolar efetivamente recebida e por receber;
não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou
quando necessário ao bem-estar do educando. II - expectativas de promoção social;
Art. 26. As instituições hospitalares e congêneres deverão assegurar III - possibilidades de emprego existentes em cada caso;
atendimento pedagógico ao educando portador de deficiência internado IV - motivações, atitudes e preferências profissionais; e
nessas unidades por prazo igual ou superior a um ano, com o propósito de V - necessidades do mercado de trabalho.
sua inclusão ou manutenção no processo educacional.
Seção IV
Art. 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer adapta-
Do Acesso ao Trabalho
ções de provas e os apoios necessários, previamente solicitados pelo
aluno portador de deficiência, inclusive tempo adicional para realização Art. 34. É finalidade primordial da política de emprego a inserção da
das provas, conforme as características da deficiência. pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho ou sua incorpora-
ção ao sistema produtivo mediante regime especial de trabalho protegido.
§ 1o As disposições deste artigo aplicam-se, também, ao sistema ge-
ral do processo seletivo para ingresso em cursos universitários de institui- Parágrafo único. Nos casos de deficiência grave ou severa, o cum-
ções de ensino superior. primento do disposto no caput deste artigo poderá ser efetivado mediante
§ 2o O Ministério da Educação, no âmbito da sua competência, ex- a contratação das cooperativas sociais de que trata a Lei no 9.867, de 10
pedirá instruções para que os programas de educação superior incluam de novembro de 1999.
nos seus currículos conteúdos, itens ou disciplinas relacionados à pessoa Art. 35. São modalidades de inserção laboral da pessoa portadora de
portadora de deficiência. deficiência:
Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do I - colocação competitiva: processo de contratação regular, nos ter-
ensino fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá mos da legislação trabalhista e previdenciária, que independe da adoção
acesso à educação profissional, a fim de obter habilitação profissional que de procedimentos especiais para sua concretização, não sendo excluída a
lhe proporcione oportunidades de acesso ao mercado de trabalho. possibilidade de utilização de apoios especiais;
§ 1o A educação profissional para a pessoa portadora de deficiência II - colocação seletiva: processo de contratação regular, nos termos
será oferecida nos níveis básico, técnico e tecnológico, em escola regular, da legislação trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de
em instituições especializadas e nos ambientes de trabalho. procedimentos e apoios especiais para sua concretização; e
§ 2o As instituições públicas e privadas que ministram educação pro- III - promoção do trabalho por conta própria: processo de fomento da
fissional deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível ação de uma ou mais pessoas, mediante trabalho autônomo, cooperativa-
básico à pessoa portadora de deficiência, condicionando a matrícula à sua do ou em regime de economia familiar, com vista à emancipação econô-
capacidade de aproveitamento e não a seu nível de escolaridade. mica e pessoal.
§ 3o Entende-se por habilitação profissional o processo destinado a § 1o As entidades beneficentes de assistência social, na forma da lei,
propiciar à pessoa portadora de deficiência, em nível formal e sistematiza- poderão intermediar a modalidade de inserção laboral de que tratam os
do, aquisição de conhecimentos e habilidades especificamente associados incisos II e III, nos seguintes casos:
a determinada profissão ou ocupação.
I - na contratação para prestação de serviços, por entidade pública ou
§ 4o Os diplomas e certificados de cursos de educação profissional privada, da pessoa portadora de deficiência física, mental ou sensorial: e
expedidos por instituição credenciada pelo Ministério da Educação ou
órgão equivalente terão validade em todo o território nacional. II - na comercialização de bens e serviços decorrentes de programas
de habilitação profissional de adolescente e adulto portador de deficiência
Art. 29. As escolas e instituições de educação profissional oferece-
em oficina protegida de produção ou terapêutica.
rão, se necessário, serviços de apoio especializado para atender às
peculiaridades da pessoa portadora de deficiência, tais como: § 2o Consideram-se procedimentos especiais os meios utilizados pa-
I - adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equi- ra a contratação de pessoa que, devido ao seu grau de deficiência, transi-
pamento e currículo; tória ou permanente, exija condições especiais, tais como jornada variável,
horário flexível, proporcionalidade de salário, ambiente de trabalho ade-
II - capacitação dos recursos humanos: professores, instrutores e pro- quado às suas especificidades, entre outros.
fissionais especializados; e
§ 3o Consideram-se apoios especiais a orientação, a supervisão e as
ajudas técnicas entre outros elementos que auxiliem ou permitam com-

Conhecimentos Específicos 18

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
pensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais demais candidatos, para provimento de cargo cujas atribuições sejam
da pessoa portadora de deficiência, de modo a superar as barreiras da compatíveis com a deficiência de que é portador.
mobilidade e da comunicação, possibilitando a plena utilização de suas § 1o O candidato portador de deficiência, em razão da necessária
capacidades em condições de normalidade. igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo reservado no
§ 4o Considera-se oficina protegida de produção a unidade que fun- mínimo o percentual de cinco por cento em face da classificação obtida.
ciona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de § 2o Caso a aplicação do percentual de que trata o parágrafo anterior
assistência social, que tem por objetivo desenvolver programa de habilita- resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro
ção profissional para adolescente e adulto portador de deficiência, pro- número inteiro subsequente.
vendo-o com trabalho remunerado, com vista à emancipação econômica e
Art. 38. Não se aplica o disposto no artigo anterior nos casos de pro-
pessoal relativa.
vimento de:
§ 5o Considera-se oficina protegida terapêutica a unidade que funci-
I - cargo em comissão ou função de confiança, de livre nomeação e
ona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de
exoneração; e
assistência social, que tem por objetivo a integração social por meio de
atividades de adaptação e capacitação para o trabalho de adolescente e II - cargo ou emprego público integrante de carreira que exija aptidão
adulto que devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, plena do candidato.
não possa desempenhar atividade laboral no mercado competitivo de Art. 39. Os editais de concursos públicos deverão conter:
trabalho ou em oficina protegida de produção. I - o número de vagas existentes, bem como o total correspondente à
§ 6o O período de adaptação e capacitação para o trabalho de ado- reserva destinada à pessoa portadora de deficiência;
lescente e adulto portador de deficiência em oficina protegida terapêutica II - as atribuições e tarefas essenciais dos cargos;
não caracteriza vínculo empregatício e está condicionado a processo de
avaliação individual que considere o desenvolvimento biopsicosocial da III - previsão de adaptação das provas, do curso de formação e do es-
pessoa. tágio probatório, conforme a deficiência do candidato; e
§ 7o A prestação de serviços será feita mediante celebração de con- IV - exigência de apresentação, pelo candidato portador de deficiên-
vênio ou contrato formal, entre a entidade beneficente de assistência cia, no ato da inscrição, de laudo médico atestando a espécie e o grau ou
social e o tomador de serviços, no qual constará a relação nominal dos nível da deficiência, com expressa referência ao código correspondente da
trabalhadores portadores de deficiência colocados à disposição do toma- Classificação Internacional de Doença - CID, bem como a provável causa
dor. da deficiência.
§ 8o A entidade que se utilizar do processo de colocação seletiva de- Art. 40. É vedado à autoridade competente obstar a inscrição de pes-
verá promover, em parceria com o tomador de serviços, programas de soa portadora de deficiência em concurso público para ingresso em carrei-
prevenção de doenças profissionais e de redução da capacidade laboral, ra da Administração Pública Federal direta e indireta.
bem assim programas de reabilitação caso ocorram patologias ou se § 1o No ato da inscrição, o candidato portador de deficiência que ne-
manifestem outras incapacidades. cessite de tratamento diferenciado nos dias do concurso deverá requerê-
Art. 36. A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a lo, no prazo determinado em edital, indicando as condições diferenciadas
preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários da de que necessita para a realização das provas.
Previdência Social reabilitados ou com pessoa portadora de deficiência § 2o O candidato portador de deficiência que necessitar de tempo
habilitada, na seguinte proporção: adicional para realização das provas deverá requerê-lo, com justificativa
I - até duzentos empregados, dois por cento; acompanhada de parecer emitido por especialista da área de sua defici-
ência, no prazo estabelecido no edital do concurso.
II - de duzentos e um a quinhentos empregados, três por cento;
III - de quinhentos e um a mil empregados, quatro por cento; ou Art. 41. A pessoa portadora de deficiência, resguardadas as condi-
ções especiais previstas neste Decreto, participará de concurso em igual-
IV - mais de mil empregados, cinco por cento.
dade de condições com os demais candidatos no que concerne:
§ 1o A dispensa de empregado na condição estabelecida neste arti-
I - ao conteúdo das provas;
go, quando se tratar de contrato por prazo determinado, superior a noven-
ta dias, e a dispensa imotivada, no contrato por prazo indeterminado, II - à avaliação e aos critérios de aprovação;
somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições III - ao horário e ao local de aplicação das provas; e
semelhantes. IV - à nota mínima exigida para todos os demais candidatos.
§ 2o Considera-se pessoa portadora de deficiência habilitada aquela
Art. 42. A publicação do resultado final do concurso será feita em du-
que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico ou
as listas, contendo, a primeira, a pontuação de todos os candidatos,
tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida
inclusive a dos portadores de deficiência, e a segunda, somente a pontua-
por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério
ção destes últimos.
da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclu-
são de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo Art. 43. O órgão responsável pela realização do concurso terá a as-
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. sistência de equipe multiprofissional composta de três profissionais capa-
§ 3o Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habili- citados e atuantes nas áreas das deficiências em questão, sendo um
tada aquela que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou deles médico, e três profissionais integrantes da carreira almejada pelo
reabilitação, esteja capacitada para o exercício da função. candidato.
§ 4o A pessoa portadora de deficiência habilitada nos termos dos § 1o A equipe multiprofissional emitirá parecer observando:
§§ 2o e 3o deste artigo poderá recorrer à intermediação de órgão integran- I - as informações prestadas pelo candidato no ato da inscrição;
te do sistema público de emprego, para fins de inclusão laboral na forma II - a natureza das atribuições e tarefas essenciais do cargo ou da
deste artigo. função a desempenhar;
§ 5o Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer sis- III - a viabilidade das condições de acessibilidade e as adequações do
temática de fiscalização, avaliação e controle das empresas, bem como ambiente de trabalho na execução das tarefas;
instituir procedimentos e formulários que propiciem estatísticas sobre o
número de empregados portadores de deficiência e de vagas preenchidas, IV - a possibilidade de uso, pelo candidato, de equipamentos ou ou-
para fins de acompanhamento do disposto no caput deste artigo. tros meios que habitualmente utilize; e
Art. 37. Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito V - a CID e outros padrões reconhecidos nacional e internacionalmen-
de se inscrever em concurso público, em igualdade de condições com os te.

Conhecimentos Específicos 19

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2o A equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade entre as I - desenvolvimento de recursos humanos especializados;
atribuições do cargo e a deficiência do candidato durante o estágio proba- II - promoção de competições desportivas internacionais, nacionais,
tório. estaduais e locais;
Art. 44. A análise dos aspectos relativos ao potencial de trabalho do III - pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, documentação e
candidato portador de deficiência obedecerá ao disposto no art. 20 da Lei informação; e
no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
IV - construção, ampliação, recuperação e adaptação de instalações
Art. 45. Serão implementados programas de formação e qualificação desportivas e de lazer.
profissional voltados para a pessoa portadora de deficiência no âmbito do
Plano Nacional de Formação Profissional - PLANFOR. CAPÍTULO VIII
Parágrafo único. Os programas de formação e qualificação profissio- Da Política de Capacitação de Profissionais Especializados
nal para pessoa portadora de deficiência terão como objetivos: Art. 49. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal
I - criar condições que garantam a toda pessoa portadora de deficiên- direta e indireta, responsáveis pela formação de recursos humanos,
cia o direito a receber uma formação profissional adequada; devem dispensar aos assuntos objeto deste Decreto tratamento prioritário
e adequado, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
II - organizar os meios de formação necessários para qualificar a pes-
soa portadora de deficiência para a inserção competitiva no mercado I - formação e qualificação de professores de nível médio e superior
laboral; e para a educação especial, de técnicos de nível médio e superior especiali-
zados na habilitação e reabilitação, e de instrutores e professores para a
III - ampliar a formação e qualificação profissional sob a base de edu- formação profissional;
cação geral para fomentar o desenvolvimento harmônico da pessoa
portadora de deficiência, assim como para satisfazer as exigências deri- II - formação e qualificação profissional, nas diversas áreas de conhe-
vadas do progresso técnico, dos novos métodos de produção e da evolu- cimento e de recursos humanos que atendam às demandas da pessoa
ção social e econômica. portadora de deficiência; e
Seção V III - incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas
as áreas do conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de
Da Cultura, do Desporto, do Turismo e do Lazer deficiência.
Art. 46. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal CAPÍTULO IX
direta e indireta responsáveis pela cultura, pelo desporto, pelo turismo e
pelo lazer dispensarão tratamento prioritário e adequado aos assuntos Da Acessibilidade na Administração Pública Federal
objeto deste Decreto, com vista a viabilizar, sem prejuízo de outras, as Art. 50. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal
seguintes medidas: direta e indireta adotarão providências para garantir a acessibilidade e a
I - promover o acesso da pessoa portadora de deficiência aos meios utilização dos bens e serviços, no âmbito de suas competências, à pessoa
de comunicação social; portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a elimina-
ção de barreiras arquitetônicas e obstáculos, bem como evitando a cons-
II - criar incentivos para o exercício de atividades criativas, mediante: trução de novas barreiras.
a) participação da pessoa portadora de deficiência em concursos de Art. 51. Para os efeitos deste Capítulo, consideram-se:
prêmios no campo das artes e das letras; e
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização,
b) exposições, publicações e representações artísticas de pessoa por- com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos
tadora de deficiência; urbanos, das instalações e equipamentos esportivos, das edificações, dos
III - incentivar a prática desportiva formal e não-formal como direito de transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portado-
cada um e o lazer como forma de promoção social; ra de deficiência ou com mobilidade reduzida;
IV - estimular meios que facilitem o exercício de atividades desporti- II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o
vas entre a pessoa portadora de deficiência e suas entidades representa- acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das
tivas; pessoas, classificadas em:
V - assegurar a acessibilidade às instalações desportivas dos estabe- a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públi-
lecimentos de ensino, desde o nível pré-escolar até à universidade; cas e nos espaços de uso público;
VI - promover a inclusão de atividades desportivas para pessoa porta- b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos
dora de deficiência na prática da educação física ministrada nas institui- edifícios públicos e privados;
ções de ensino públicas e privadas; c) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que di-
VII - apoiar e promover a publicação e o uso de guias de turismo com ficulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por
informação adequada à pessoa portadora de deficiência; e intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de
VIII - estimular a ampliação do turismo à pessoa portadora de defici- massa;
ência ou com mobilidade reduzida, mediante a oferta de instalações III - pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a
hoteleiras acessíveis e de serviços adaptados de transporte. que temporária ou permanentemente tenha limitada sua capacidade de
Art. 47. Os recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura finan- relacionar-se com o meio ambiente e de utilizá-lo;
ciarão, entre outras ações, a produção e a difusão artístico-cultural de IV - elemento da urbanização: qualquer componente das obras de ur-
pessoa portadora de deficiência. banização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, enca-
Parágrafo único. Os projetos culturais financiados com recursos fede- namentos para esgotos, distribuição de energia elétrica, iluminação públi-
rais, inclusive oriundos de programas especiais de incentivo à cultura, ca, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materiali-
deverão facilitar o livre acesso da pessoa portadora de deficiência, de zam as indicações do planejamento urbanístico; e
modo a possibilitar-lhe o pleno exercício dos seus direitos culturais. V - mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e es-
Art. 48. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal paços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbaniza-
direta e indireta, promotores ou financiadores de atividades desportivas e ção ou da edificação, de forma que sua modificação ou translado não
de lazer, devem concorrer técnica e financeiramente para obtenção dos provoque alterações substanciais nestes elementos, tais como semáforos,
objetivos deste Decreto. postes de sinalização e similares, cabines telefônicas, fontes públicas,
lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza
Parágrafo único. Serão prioritariamente apoiadas a manifestação análoga.
desportiva de rendimento e a educacional, compreendendo as atividades
de: Art. 52. A construção, ampliação e reforma de edifícios, praças e
equipamentos esportivos e de lazer, públicos e privados, destinados ao
Conhecimentos Específicos 20

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem II - propor medidas adicionais de estímulo à adoção de trabalho em
acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. tempo parcial ou em regime especial para a pessoa portadora de deficiên-
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, cia.
ampliação ou reforma de edifícios, praças e equipamentos esportivos e de Parágrafo único. A comissão especial de que trata o caput deste arti-
lazer, públicos e privados, destinados ao uso coletivo por órgãos da Admi- go será composta por um representante de cada órgão e entidade a seguir
nistração Pública Federal deverão ser observados, pelo menos, os seguin- indicados:
tes requisitos de acessibilidade: I - CORDE;
I - nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a gara- II - CONADE;
gem e a estacionamento de uso público, serão reservados dois por cento III - Ministério do Trabalho e Emprego;
do total das vagas à pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
IV - Secretaria de Estado de Assistência Social do Ministério da Pre-
reduzida, garantidas no mínimo três, próximas dos acessos de circulação
vidência e Assistência Social;
de pedestres, devidamente sinalizadas e com as especificações técnicas
de desenho e traçado segundo as normas da ABNT; V - Ministério da Educação;
II - pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar VI - Ministério dos Transportes;
livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificul- VII - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; e
tem a acessibilidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilida- VIII - INSS.
de reduzida; Art. 58. A CORDE desenvolverá, em articulação com órgãos e enti-
III - pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verti- dades da Administração Pública Federal, programas de facilitação da
calmente todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o acessibilidade em sítios de interesse histórico, turístico, cultural e despor-
exterior, cumprirá os requisitos de acessibilidade; tivo, mediante a remoção de barreiras físicas ou arquitetônicas que impe-
IV - pelo menos um dos elevadores deverá ter a cabine, assim como çam ou dificultem a locomoção de pessoa portadora de deficiência ou com
sua porta de entrada, acessíveis para pessoa portadora de deficiência ou mobilidade reduzida.
com mobilidade reduzida, em conformidade com norma técnica específica Art. 59. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação,
da ABNT; e Art. 60. Ficam revogados os Decretos nos 93.481, de 29 de outubro
V - os edifícios disporão, pelo menos, de um banheiro acessível para de 1986, 914, de 6 de setembro de 1993, 1.680, de 18 de outubro de
cada gênero, distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de modo 1995, 3.030, de 20 de abril de 1999, o § 2o do art. 141 do Regulamento da
que possam ser utilizados por pessoa portadora de deficiência ou com Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de
mobilidade reduzida. 1999, e o Decreto no e 3.076, de 1o de junho de 1999.
Art. 53. As bibliotecas, os museus, os locais de reuniões, conferên- PARECER N.º: 17/2001
cias, aulas e outros ambientes de natureza similar disporão de espaços I - RELATÓRIO
reservados para pessoa que utilize cadeira de rodas e de lugares específi-
A edição de Diretrizes Nacionais envolve estudos abrangentes relati-
cos para pessoa portadora de deficiência auditiva e visual, inclusive
vos à matéria que, no caso, é a Educação Especial. Muitas interrogações
acompanhante, de acordo com as normas técnicas da ABNT, de modo a
voltam-se para a pesquisa sobre o assunto; sua necessidade, sua inci-
facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação.
dência no âmbito da Educação e do Ensino, como atendimento à clientela
Art. 54. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal, constituída de portadores de deficiências detectáveis nas mais diversas
no prazo de três anos a partir da publicação deste Decreto, deverão áreas educacionais, políticas e sociais.
promover as adaptações, eliminações e supressões de barreiras arquite-
Como base para o presente relatório e decorrente produção de pare-
tônicas existentes nos edifícios e espaços de uso público e naqueles que
cer foram utilizadas, além de ampla bibliografia, diversos estudos ofereci-
estejam sob sua administração ou uso.
dos à Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação,
CAPÍTULO X entre outros, os provenientes do Fórum dos Conselhos Estaduais de
Do Sistema Integrado de Informações Educação, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação
Art. 55. Fica instituído, no âmbito da Secretaria de Estado dos Direi- e, com ênfase, os estudos e trabalhos realizados pela Secretaria de
tos Humanos do Ministério da Justiça, o Sistema Nacional de Informações Educação Especial do Ministério da Educação.
sobre Deficiência, sob a responsabilidade da CORDE, com a finalidade de Dentre os principais documentos que formaram o substrato documen-
criar e manter bases de dados, reunir e difundir informação sobre a situa- tal do parecer sobre a Educação Especial citam-se:
ção das pessoas portadoras de deficiência e fomentar a pesquisa e o 1- “Proposta de Inclusão de Itens ou Disciplina acerca dos Porta-
estudo de todos os aspectos que afetem a vida dessas pessoas. dores de Necessidades Especiais nos currículos dos cursos de 1º e 2º
Parágrafo único. Serão produzidas, periodicamente, estatísticas e in- graus” (sic.)
formações, podendo esta atividade realizar-se conjuntamente com os 2- Outros estudos:
censos nacionais, pesquisas nacionais, regionais e locais, em estreita
a) “Desafios para a Educação Especial frente à Lei de Diretrizes e
colaboração com universidades, institutos de pesquisa e organizações
Bases da Educação Nacional”;
para pessoas portadoras de deficiência.
b) “Formação de Professores para a Educação Inclusiva”;
CAPÍTULO XI
c) “Recomendações aos Sistemas de Ensino”; e,
Das Disposições Finais e Transitórias
d) “Referenciais para a Educação Especial”.
Art. 56. A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, com base nas
diretrizes e metas do Plano Plurianual de Investimentos, por intermédio da O Presente Parecer é resultado do conjunto de estudos provenientes
CORDE, elaborará, em articulação com outros órgãos e entidades da das bases, onde o fenômeno é vivido e trabalhado.
Administração Pública Federal, o Plano Nacional de Ações Integradas na De modo particular, foi o documento “Recomendações aos Sis-
Área das Deficiências. temas de Ensino” que configurou a necessidade e a urgência da elabora-
Art. 57. Fica criada, no âmbito da Secretaria de Estado dos Direitos ção de normas, pelos sistemas de ensino e educação, para o atendimento
Humanos, comissão especial, com a finalidade de apresentar, no prazo de da significativa população que apresenta necessidades educacionais
cento e oitenta dias, a contar de sua constituição, propostas destinadas a: especiais.
I - implementar programa de formação profissional mediante a con- A elaboração de projeto preliminar de Diretrizes Nacionais para a
cessão de bolsas de qualificação para a pessoa portadora de deficiência, Educação Especial na Educação Básica havia sido discutida por diversas
com vistas a estimular a aplicação do disposto no art. 36; e vezes, no âmbito da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional
de Educação, para a qual foi enviado o documento “Referenciais para a

Conhecimentos Específicos 21

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Educação Especial”. Após esses estudos preliminares, a Câmara de 1.4 - Lei n°. 8.069/90. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
Educação Básica decidiu retomar os trabalhos, sugerindo que esse docu- lescente.
mento fosse encaminhado aos sistemas de ensino de todo o Brasil, de O Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras determi-
modo que suas orientações pudessem contribuir para a normatização dos nações, estabelece, no § 1o do Artigo 2o:
serviços previstos nos Artigos 58, 59 e 60, do Capítulo V, da Lei de Diretri-
zes e Bases da Educação Nacional - LDBEN. • “A criança e o adolescente portadores de deficiências recebe-
rão atendimento especializado.”
Isto posto, tem agora a Câmara de Educação Básica os elementos in-
dispensáveis para analisar, discutir e sintetizar o conjunto de estudos O ordenamento do Artigo 5o é contundente:
oferecidos pelas diversas instâncias educacionais mencionadas. Com o • “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer for-
material assim disposto, tornou-se possível, atendendo aos “Referenciais ma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão, punido
para a Educação Especial”, elaborar o texto próprio para a edição das na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, em fundamentais.”
dois grandes temas: 1.5 - Lei n°. 9.394/96. Estabelece as diretrizes e bases da educação
a) TEMA I: A Organização dos Sistemas de Ensino para o Atendi- nacional.
mento ao Aluno que Apresenta Necessidades Educacionais Especiais; e • Art. 4º, III – atendimento educacional especializado aos porta-
b) TEMA II: A Formação do Professor. dores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
O tema II, por ser parte da competência da Câmara de Educação Su- • Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos des-
perior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE), foi encaminhado ta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na
àquela Câmara encarregada de elaborar as diretrizes para a formação de rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades
professores. especiais”.
1 - A ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ENSINO PARA O ATEN- • 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
DIMENTO AO ALUNO QUE APRESENTA NECESSIDADES EDUCACIO- escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação
NAIS ESPECIAIS especial.
1 - Fundamentos • 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou ser-
A Educação Especial, como modalidade da educação escolar, viços especializados, sempre que, em função das condições específicas
organiza-se de modo a considerar uma aproximação sucessiva dos pres- dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de
supostos e da prática pedagógica social da educação inclusiva, a fim de ensino regular.
cumprir os seguintes dispositivos legais e político-filosóficos: • 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado,
1.1 - Constituição Federal, Título VIII, da ORDEM SOCIAL: tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
• Artigo 208: • Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
com necessidades especiais:
III – Atendimento educacional especializado aos portadores de defici-
ência, preferencialmente na rede regular de ensino; I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
IV - § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e
subjetivo. II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da cri- deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa
ação artística, segundo a capacidade de cada um; escolar para os superdotados;
• Art. 227: III – professores com especialização adequada em nível médio ou su-
II - § 1º - Criação de programas de prevenção e atendimento especia- perior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino
lizado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem regular capacitados para a integração desses educandos nas classes
como de integração social do adolescente portador de deficiência, median- comuns;
te o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integra-
aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstá- ção na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que
culos arquitetônicos. não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante
§ 2º - A lei disporá normas de construção dos logradouros e dos edifí- articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
cios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. psicomotora;
1.2 - Lei n°. 10.172/01. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suple-
outras providências. mentares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
O Plano Nacional de Educação estabelece vinte e sete objetivos e • Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabe-
metas para a educação das pessoas com necessidades educacionais lecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins
especiais. Sinteticamente, essas metas tratam: lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial,
• do desenvolvimento de programas educacionais em todos os para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
municípios – inclusive em parceria com as áreas de saúde e assistência Parágrafo Único. O Poder Público adotará, como alternativa preferen-
social – visando à ampliação da oferta de atendimento desde a educação cial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades
infantil até a qualificação profissional dos alunos; especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente
• das ações preventivas nas áreas visual e auditiva até a genera- do apoio às instituições previstas neste artigo.”
lização do atendimento aos alunos na educação infantil e no ensino fun- 1.6 - Decreto n°. 3.298/99. Regulamenta a Lei no. 7.853/89, que dis-
damental; põe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
• do atendimento extraordinário em classes e escolas especiais Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras providências.
ao atendimento preferencial na rede regular de ensino; e 1.7 - Portaria MEC n°. 1.679/99. Dispõe sobre os requisitos de aces-
• da educação continuada dos professores que estão em exercí- sibilidade a pessoas portadoras de deficiências para instruir processos de
cio à formação em instituições de ensino superior. autorização e de reconhecimento de cursos e de credenciamento de
instituições.
1.3 - Lei n°. 853/89. Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiên-
cias, sua integração social, assegurando o pleno exercício de seus direitos
individuais e sociais.
Conhecimentos Específicos 22

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
1.8 - Lei n°. 10.098/00. Estabelece normas gerais e critérios básicos especiais, no ensino secundário e superior, assim como nos programas de
para promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência formação profissional”;
ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. • “assegurar que, num contexto de mudança sistemática, os pro-
1.9 - Declaração Mundial de Educação para Todos e Declaração de gramas de formação do professorado, tanto inicial como contínua, estejam
Salamanca. voltados para atender às necessidades educacionais especiais nas esco-
O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclu- las...”;
sivo ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para Todos, • “Os programas de formação inicial deverão incutir em todos os
firmada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, e ao mostrar consonância professores da educação básica uma orientação positiva sobre a deficiên-
com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Confe- cia que permita entender o que se pode conseguir nas escolas com servi-
rência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e ços locais de apoio. Os conhecimentos e as aptidões requeridos são
Qualidade. basicamente os mesmos de uma boa pedagogia, isto é, a capacidade de
Desse documento, ressaltamos alguns trechos que criam as justifica- avaliar as necessidades especiais, de adaptar o conteúdo do programa de
tivas para as linhas de propostas que são apresentadas neste texto: estudos, de recorrer à ajuda da tecnologia, de individualizar os procedi-
mentos pedagógicos para atender a um maior número de aptidões...
• “todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental Atenção especial deverá ser dispensada à preparação de todos os profes-
à educação e que a ela deva ser dada a oportunidade de obter e manter sores para que exerçam sua autonomia e apliquem suas competências na
nível aceitável de conhecimento”; adaptação dos programas de estudos e da pedagogia, a fim de atender às
• “cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades dos alunos e para que colaborem com os especialistas e
necessidades de aprendizagem que lhe são próprios”; com os pais”;
• “os sistemas educativos devem ser projetados e os programas • “A capacitação de professores especializados deverá ser ree-
aplicados de modo que tenham em vista toda gama dessas diferentes xaminada com vista a lhes permitir o trabalho em diferentes contextos e o
características e necessidades”; desempenho de um papel-chave nos programas relativos às necessidades
• “as pessoas com necessidades educacionais especiais devem educacionais especiais. Seu núcleo comum deve ser um método geral que
ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia abranja todos os tipos de deficiências, antes de se especializar numa ou
centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades”; várias categorias particulares de deficiência”;
• “adotar com força de lei ou como política, o princípio da educa- • “o acolhimento, pelas escolas, de todas as crianças, indepen-
ção integrada que permita a matrícula de todas as crianças em escolas dentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
comuns, a menos que haja razões convincentes para o contrário”; linguísticas ou outras (necessidades educativas especiais);
• “... Toda pessoa com deficiência tem o direito de manifestar • “uma pedagogia centralizada na criança, respeitando tanto a
seus desejos quanto a sua educação, na medida de sua capacidade de dignidade como as diferenças de todos os alunos”;
estar certa disso. Os pais têm o direito inerente de serem consultados • “uma atenção especial às necessidades de alunos com defici-
sobre a forma de educação que melhor se ajuste às necessidades, cir- ências graves ou múltiplas, já que se assume terem eles os mesmos
cunstâncias e aspirações de seus filhos” [Nesse aspecto último, por direitos, que os demais membros da comunidade, de virem a ser adultos
acréscimo nosso, os pais não podem incorrer em lesão ao direito subjetivo que desfrutem de um máximo de independência. Sua educação, assim,
à educação obrigatória, garantido no texto constitucional]; deverá ser orientada nesse sentido, na medida de suas capacidades”;
• “As políticas educacionais deverão levar em conta as diferen- • “os programas de estudos devem ser adaptados às necessida-
ças individuais e as diversas situações. Deve ser levada em consideração, des das crianças e não o contrário, sendo que as que apresentarem
por exemplo, a importância da língua de sinais como meio de comunica- necessidades educativas especiais devem receber apoio adicional no
ção para os surdos, e ser assegurado a todos os surdos acesso ao ensino programa regular de estudos, ao invés de seguir um programa de estudos
da língua de sinais de seu país. Face às necessidades específicas de diferente”;
comunicação de surdos e de surdos-cegos, seria mais conveniente que a • “os administradores locais e os diretores de estabelecimentos
educação lhes fosse ministrada em escolas especiais ou em classes ou escolares devem ser convidados a criar procedimentos mais flexíveis de
unidades especiais nas escolas comuns”; gestão, a remanejar os recursos pedagógicos, diversificar as opções
• “... desenvolver uma pedagogia centralizada na criança, capaz educativas, estabelecer relações com pais e a comunidade”;
de educar com sucesso todos os meninos e meninas, inclusive os que • “o corpo docente, e não cada professor, deverá partilhar a res-
sofrem de deficiências graves. O mérito dessas escolas não está só na ponsabilidade do ensino ministrado a crianças com necessidades especi-
capacidade de dispensar educação de qualidade a todas as crianças; com ais”;
sua criação, dá-se um passo muito importante para tentar mudar atitudes
de discriminação, criar comunidades que acolham a todos...”; • “as escolas comuns, com essa orientação integradora, repre-
sentam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar
• “... que todas as crianças, sempre que possível, possam apren- comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar
der juntas, independentemente de suas dificuldades e diferenças... as educação para todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à
crianças com necessidades educacionais especiais devem receber todo maioria das crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação
apoio adicional necessário para garantir uma educação eficaz”. “... deverá custo–benefício de todo o sistema educativo”;
ser dispensado apoio contínuo, desde a ajuda mínima nas classes co-
muns até a aplicação de programas suplementares de apoio pedagógico • “A inclusão de alunos com necessidades educacionais especi-
na escola, ampliando-os, quando necessário, para receber a ajuda de ais, em classes comuns, exige que a escola regular se organize de forma
professores especializados e de pessoal de apoio externo”; a oferecer possibilidades objetivas de aprendizagem, a todos os alunos,
especialmente àqueles portadores de deficiências”.
• “... A escolarização de crianças em escolas especiais – ou
classes especiais na escola regular – deveria ser uma exceção, só reco- Esses dispositivos legais e político-filosóficos possibilitam estabelecer
mendável naqueles casos, pouco frequentes, nos quais se demonstre que o horizonte das políticas educacionais, de modo que se assegure a igual-
a educação nas classes comuns não pode satisfazer às necessidades dade de oportunidades e a valorização da diversidade no processo educa-
educativas ou sociais da criança, ou quando necessário para o bem estar tivo. Nesse sentido, tais dispositivos devem converter-se em um compro-
da criança...” “... nos casos excepcionais, em que seja necessário escola- misso ético-político de todos, nas diferentes esferas de poder, e em res-
rizar crianças em escolas especiais, não é necessário que sua educação ponsabilidades bem definidas para sua operacionalização na realidade
seja completamente isolada”. escolar.
• “Deverão ser tomadas as medidas necessárias para conseguir 2 . A política educacional
a mesma política integradora de jovens e adultos com necessidades Percorrendo os períodos da história universal, desde os mais remotos
tempos, evidenciam-se teorias e práticas sociais segregadoras, inclusive

Conhecimentos Específicos 23

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
quanto ao acesso ao saber. Poucos podiam participar dos espaços sociais indevido de alunos para as classes especiais e, consequentemente, a
nos quais se transmitiam e se criavam conhecimentos. A pedagogia da rotulação a que eram submetidos.
exclusão tem origens remotas, condizentes com o modo como estão O aluno, nesse processo, tinha que se adequar à escola, que se man-
sendo construídas as condições de existência da humanidade em deter- tinha inalterada. A integração total na classe comum só era permitida para
minado momento histórico. aqueles alunos que conseguissem acompanhar o currículo ali desenvolvi-
Os indivíduos com deficiências, vistos como “doentes” e incapazes, do. Tal processo, no entanto, impedia que a maioria das crianças, jovens e
sempre estiveram em situação de maior desvantagem, ocupando, no adultos com necessidades especiais alcançassem os níveis mais elevados
imaginário coletivo, a posição de alvos da caridade popular e da assistên- de ensino. Eles engrossavam, dessa forma, a lista dos excluídos do
cia social, e não de sujeitos de direitos sociais, entre os quais se inclui o sistema educacional.
direito à educação. Ainda hoje, constata-se a dificuldade de aceitação do Na era atual, batizada como a era dos direitos, pensa-se diferente-
diferente no seio familiar e social, principalmente do portador de deficiên- mente acerca das necessidades educacionais de alunos. A ruptura com a
cias múltiplas e graves, que na escolarização apresenta dificuldades ideologia da exclusão proporcionou a implantação da política de inclusão,
acentuadas de aprendizagem. que vem sendo debatida e exercitada em vários países, entre eles o
Além desse grupo, determinados segmentos da comunidade perma- Brasil. Hoje, a legislação brasileira posiciona-se pelo atendimento dos
necem igualmente discriminados e à margem do sistema educacional. É o alunos com necessidades educacionais especiais preferencialmente em
caso dos superdotados, portadores de altas habilidades, “brilhantes” e classes comuns das escolas, em todos os níveis, etapas e modalidades
talentosos que, devido a necessidades e motivações específicas – incluin- de educação e ensino.
do a não aceitação da rigidez curricular e de aspectos do cotidiano escolar A educação tem hoje, portanto, um grande desafio: garantir o acesso
– são tidos por muitos como trabalhosos e indisciplinados, deixando de aos conteúdos básicos que a escolarização deve proporcionar a todos os
receber os serviços especiais de que necessitam, como por exemplo o indivíduos – inclusive àqueles com necessidades educacionais especiais,
enriquecimento e aprofundamento curricular. Assim, esses alunos muitas particularmente alunos que apresentam altas habilidades, precocidade,
vezes abandonam o sistema educacional, inclusive por dificuldades de superdotação; condutas típicas de síndromes/quadros psicológicos, neuro-
relacionamento. lógicos ou psiquiátricos; portadores de deficiências, ou seja, alunos que
Outro grupo que é comumente excluído do sistema educacional é apresentam significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais,
composto por alunos que apresentam dificuldades de adaptação escolar decorrentes de fatores genéticos, inatos ou ambientais, de caráter tempo-
por manifestações condutuais peculiares de síndromes e de quadros rário ou permanente e que, em interação dinâmica com fatores socioambi-
psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no entais, resultam em necessidades muito diferenciadas da maioria das
desenvolvimento, dificuldades acentuadas de aprendizagem e prejuízo no pessoas.
relacionamento social. Ao longo dessa trajetória, verificou-se a necessidade de se reestrutu-
Certamente, cada aluno vai requerer diferentes estratégias pedagógi- rar os sistemas de ensino, que devem organizar-se para dar respostas às
cas, que lhes possibilitem o acesso à herança cultural, ao conhecimento necessidades educacionais de todos os alunos. O caminho foi longo, mas
socialmente construído e à vida produtiva, condições essenciais para a aos poucos está surgindo uma nova mentalidade, cujos resultados deve-
inclusão social e o pleno exercício da cidadania. Entretanto, devemos rão ser alcançados pelo esforço de todos, no reconhecimento dos direitos
conceber essas estratégias não como medidas compensatórias e pontu- dos cidadãos. O principal direito refere-se à preservação da dignidade e à
ais, e sim como parte de um projeto educativo e social de caráter emanci- busca da identidade como cidadãos. Esse direito pode ser alcançado por
patório e global. meio da implementação da política nacional de educação especial. Existe
A construção de uma sociedade inclusiva é um processo de funda- uma dívida social a ser resgatada.
mental importância para o desenvolvimento e a manutenção de um Estado Vem a propósito a tese defendida no estudo e Parecer da Câmara de
democrático. Entende-se por inclusão a garantia, a todos, do acesso Educação Básica (CEB/CNE) sobre a função reparadora na Educação de
contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa que Jovens e Adultos (EJA) que, do seu relator Prof. Carlos Roberto Jamil
deve estar orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, Cury, mereceu um capítulo especial. Sem dúvida alguma, um grande
de aceitação das diferenças individuais, de esforço coletivo na equipara- número de alunos com necessidades educacionais especiais poderá
ção de oportunidades de desenvolvimento, com qualidade, em todas as recuperar o tempo perdido por meio dos cursos dessa modalidade:
dimensões da vida. “Desse modo, a função reparadora da EJA, no limite, significa não só
Como parte integrante desse processo e contribuição essencial para a a entrada no circuito do direito civil pela restauração de um direito negado:
determinação de seus rumos, encontra-se a inclusão educacional. o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento
Um longo caminho foi percorrido entre a exclusão e a inclusão escolar daquela igualdade ontológica de todos e qualquer ser humano. Desta
e social. Até recentemente, a teoria e a prática dominantes relativas ao negação, evidente na história brasileira, resulta uma perda: o acesso a um
atendimento às necessidades educacionais especiais de crianças, jovens bem real, social e simbolicamente importante. Logo, não se deve confundir
e adultos, definiam a organização de escolas e de classes especiais, a noção de reparação com a de suprimento”.
separando essa população dos demais alunos. Nem sempre, mas em Falando da Função Equalizadora, o mesmo Parecer especifica:
muitos casos, a escola especial desenvolvia-se em regime residencial e, “A igualdade e a desigualdade continuam a ter relação imediata ou
consequentemente, a criança, o adolescente e o jovem eram afastados mediata com o trabalho. Mas seja para o trabalho, seja para a multiformi-
da família e da sociedade. Esse procedimento conduzia, invariavelmente, dade de inserções sócio – político – culturais , aqueles que se virem
a um aprofundamento maior do preconceito. privados do saber básico, dos conhecimentos aplicados e das atualiza-
Essa tendência, que já foi senso comum no passado, reforçava ções requeridas, podem se ver excluídos das antigas e novas oportunida-
não só a segregação de indivíduos, mas também os preconceitos sobre as des do mercado de trabalho e vulneráveis a novas formas de desigualda-
pessoas que fugiam do padrão de “normalidade”, agravando-se pela des. Se as múltiplas modalidades de trabalho informal, o subemprego, o
irresponsabilidade dos sistemas de ensino para com essa parcela da desemprego estrutural, as mudanças no processo de produção e o au-
população, assim como pelas omissões e/ou insuficiência de informações mento do setor de serviços geram uma grande instabilidade e insegurança
acerca desse alunado nos cursos de formação de professores. Na tentati- para todos os que estão na vida ativa e quanto mais para os que se
va de eliminar os preconceitos e de integrar os alunos portadores de veem desprovidos de bens tão básicos, como a escrita e a leitura.” (Pare-
deficiências nas escolas comuns do ensino regular, surgiu o movimento de cer nº 11/2000-CEB/CNE.).
integração escolar. Certamente, essas funções descritas e definidas no Parecer que insti-
Esse movimento caracterizou-se, de início, pela utilização das classes tui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e
especiais (integração parcial) na “preparação” do aluno para a “integração Adultos podem, sem prejuízo, qualificar as Diretrizes Nacionais para a
total” na classe comum. Ocorria, com frequência, o encaminhamento Educação Especial na Educação Básica, principalmente porque muitos

Conhecimentos Específicos 24

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais também se o outro, articula-se o direito de ser respeitado. O respeito mútuo tem sua
incluem nessa modalidade de educação. significação ampliada no conceito de solidariedade.
3. Princípios A consciência do direito de constituir uma identidade própria e do re-
Matéria tão complexa como a do direito à educação das pessoas que conhecimento da identidade do outro traduz-se no direito à igualdade e no
apresentam necessidades educacionais especiais requer fundamentação respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas (equida-
nos seguintes princípios: de), tantas quantas forem necessárias, com vistas à busca da igualdade.
O princípio da equidade reconhece a diferença e a necessidade de haver
• a preservação da dignidade humana;
condições diferenciadas para o processo educacional.
• a busca da identidade; e
Como exemplo dessa afirmativa, pode-se registrar o direito à igualda-
• o exercício da cidadania. de de oportunidades de acesso ao currículo escolar. Se cada criança ou
Se historicamente são conhecidas as práticas que levaram, inclusive, jovem brasileiro com necessidades educacionais especiais tiver acesso ao
à extinção e à exclusão social de seres humanos considerados não produ- conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como
tivos, é urgente que tais práticas sejam definitivamente banidas da socie- necessários para o exercício da cidadania, estaremos dando um passo
dade humana. E bani-las não significa apenas não praticá-las. Exige a decisivo para a constituição de uma sociedade mais justa e solidária.
adoção de práticas fundamentadas nos princípios da dignidade e dos A forma pela qual cada aluno terá acesso ao currículo distingue-se
direitos humanos. Nada terá sido feito se, no exercício da educação e da pela singularidade. O cego, por exemplo, por meio do sistema Braille; o
formação da personalidade humana, o esforço permanecer vinculado a surdo, por meio da língua de sinais e da língua portuguesa; o paralisado
uma atitude de comiseração, como se os alunos com necessidades edu- cerebral, por meio da informática, entre outras técnicas.
cacionais especiais fossem dignos de piedade.
O convívio escolar permite a efetivação das relações de respeito,
A dignidade humana não permite que se faça esse tipo de discrimina- identidade e dignidade. Assim, é sensato pensar que as regras que orga-
ção. Ao contrário, exige que os direitos de igualdade de oportunidades nizam a convivência social de forma justa, respeitosa, solidária têm gran-
sejam respeitados. O respeito à dignidade da qual está revestido todo ser des chances de aí serem seguidas.
humano impõe-se, portanto, como base e valor fundamental de todo
A inclusão escolar constitui uma proposta que representa valores
estudo e ações práticas direcionadas ao atendimento dos alunos que
apresentam necessidades especiais, independentemente da forma em simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de
que tal necessidade se manifesta. oportunidades educacionais para todos, mas encontra ainda sérias resis-
tências. Estas se manifestam, principalmente, contra a ideia de que todos
A vida humana ganha uma riqueza se é construída e experimentada devem ter acesso garantido à escola comum. A dignidade, os direitos
tomando como referência o princípio da dignidade. Segundo esse princí- individuais e coletivos garantidos pela Constituição Federal impõem às
pio, toda e qualquer pessoa é digna e merecedora do respeito de seus autoridades e à sociedade brasileira a obrigatoriedade de efetivar essa
semelhantes e tem o direito a boas condições de vida e à oportunidade de política, como um direito público subjetivo, para o qual os recursos huma-
realizar seus projetos. nos e materiais devem ser canalizados, atingindo, necessariamente, toda
Juntamente com o valor fundamental da dignidade, impõe-se o da a educação básica.
busca da identidade. Trata-se de um caminho nunca suficientemente O propósito exige ações práticas e viáveis, que tenham como funda-
acabado. Todo cidadão deve, primeiro, tentar encontrar uma identidade mento uma política específica, em âmbito nacional, orientada para a
inconfundivelmente sua. Para simbolizar a sociedade humana, podemos inclusão dos serviços de educação especial na educação regular. Opera-
utilizar a forma de um prisma, em que cada face representa uma parte da cionalizar a inclusão escolar – de modo que todos os alunos, independen-
realidade. Assim, é possível que, para encontrar sua identidade específi- temente de classe, raça, gênero, sexo, características individuais ou
ca, cada cidadão precise encontrar-se como pessoa, familiarizar-se consi- necessidades educacionais especiais, possam aprender juntos em uma
go mesmo, até que, finalmente, tenha uma identidade, um rosto humana- escola de qualidade – é o grande desafio a ser enfrentado, numa clara
mente respeitado. demonstração de respeito à diferença e compromisso com a promoção
Essa reflexão favorece o encontro das possibilidades, das capacida- dos direitos humanos.
des de que cada um é dotado, facilitando a verdadeira inclusão. A interde- 4. Construindo a inclusão na área educacional
pendência de cada face desse prisma possibilitará a abertura do indivíduo Por educação especial, modalidade de educação escolar – conforme
para com o outro, decorrente da aceitação da condição humana. Aproxi- especificado na LDBEN e no recente Decreto nº 3.298, de 20 de dezem-
mando-se, assim, as duas realidades – a sua e a do outro – visualiza-se a bro de 1999, Artigo 24, § 1º – entende-se um processo educacional defini-
possibilidade de interação e extensão de si mesmo. do em uma proposta pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e
Em nossa sociedade, ainda há momentos de séria rejeição ao outro, serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para
ao diferente, impedindo-o de sentir-se, de perceber-se e de respeitar-se apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os
como pessoa. A educação, ao adotar a diretriz inclusiva no exercício de serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e
seu papel socializador e pedagógico, busca estabelecer relações pessoais promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que
e sociais de solidariedade, sem máscaras, refletindo um dos tópicos mais apresentam necessidades educacionais especiais, em todos os níveis,
importantes para a humanidade, uma das maiores conquistas de dimensi- etapas e modalidades da educação (Mazzotta, 1998).
onamento “ad intra” e “ad extra” do ser e da abertura para o mundo e para A educação especial, portanto, insere-se nos diferentes níveis da
o outro. Essa abertura, solidária e sem preconceitos, poderá fazer com educação escolar: Educação Básica – abrangendo educação infantil,
que todos percebam-se como dignos e iguais na vida social. educação fundamental e ensino médio – e Educação Superior, bem como
A democracia, nos termos em que é definida pelo Artigo I da Consti- na interação com as demais modalidades da educação escolar, como a
tuição Federal, estabelece as bases para viabilizar a igualdade de oportu- educação de jovens e adultos, a educação profissional e a educação
nidades, e também um modo de sociabilidade que permite a expressão indígena.
das diferenças, a expressão de conflitos, em uma palavra, a pluralidade. A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades edu-
Portanto, no desdobramento do que se chama de conjunto central de cacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na
valores, devem valer a liberdade, a tolerância, a sabedoria de conviver permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas
com o diferente, tanto do ponto de vista de valores quanto de costumes, representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como
crenças religiosas, expressões artísticas, capacidades e limitações. desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e
A atitude de preconceito está na direção oposta do que se requer para atendendo suas necessidades.
a existência de uma sociedade democrática e plural. As relações entre os O respeito e a valorização da diversidade dos alunos exigem que a
indivíduos devem estar sustentadas por atitudes de respeito mútuo. O escola defina sua responsabilidade no estabelecimento de relações que
respeito traduz-se pela valorização de cada indivíduo em sua singularida- possibilitem a criação de espaços inclusivos, bem como procure superar a
de, nas características que o constituem. O respeito ganha um significado produção, pela própria escola, de necessidades especiais.
mais amplo quando se realiza como respeito mútuo: ao dever de respeitar

Conhecimentos Específicos 25

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
A proposição dessas políticas deve centrar seu foco de discussão na Tal tema, no entanto, por ser da competência da Câmara de Educa-
função social da escola. É no projeto pedagógico que a escola se posicio- ção Superior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE), foi encami-
na em relação a seu compromisso com uma educação de qualidade para nhado para a comissão bicameral encarregada de elaborar as diretrizes
todos os seus alunos. Assim, a escola deve assumir o papel de propiciar para a formação de professores.
ações que favoreçam determinados tipos de interações sociais, definindo, Cabe enfatizar que o inciso III do artigo 59 da LDBEN refere-se a dois
em seu currículo, uma opção por práticas heterogêneas e inclusivas. De perfis de professores para atuar com alunos que apresentam necessida-
conformidade com o Artigo 13 da LDBEN, em seus incisos I e II, ressalta- des educacionais especiais: o professor da classe comum capacitado e o
se o necessário protagonismo dos professores no processo de constru- professor especializado em educação especial.
ção coletiva do projeto pedagógico.
São considerados professores capacitados para atuar em classes
Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adapta à escola, comuns com alunos que apresentam necessidades educacionais especi-
mas é ela que, consciente de sua função, coloca-se à disposição do aluno, ais, aqueles que comprovem que, em sua formação, de nível médio ou
tornando-se um espaço inclusivo. Nesse contexto, a educação especial é superior, foram incluídos conteúdos ou disciplinas sobre educação especi-
concebida para possibilitar que o aluno com necessidades educacionais al e desenvolvidas competências para:
especiais atinja os objetivos da educação geral.
I – perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos;
O planejamento e a melhoria consistentes e contínuos da estrutura e
funcionamento dos sistemas de ensino, com vistas a uma qualificação II - flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimen-
crescente do processo pedagógico para a educação na diversidade, to;
implicam ações de diferente natureza: III - avaliar continuamente a eficácia do processo educativo;
4.1 - No âmbito político IV - atuar em equipe, inclusive com professores especializados em
Os sistemas escolares deverão assegurar a matrícula de todo e qual- educação especial.
quer aluno, organizando-se para o atendimento aos educandos com São considerados professores especializados em educação especial
necessidades educacionais especiais nas classes comuns. Isto requer aqueles que desenvolveram competências para identificar as necessida-
ações em todas as instâncias, concernentes à garantia de vagas no des educacionais especiais, definir e implementar respostas educativas a
ensino regular para a diversidade dos alunos, independentemente das essas necessidades, apoiar o professor da classe comum, atuar nos
necessidades especiais que apresentem; a elaboração de projetos peda- processos de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, desenvolven-
gógicos que se orientem pela política de inclusão e pelo compromisso com do estratégias de flexibilização, adaptação curricular e práticas pedagógi-
a educação escolar desses alunos; o provimento, nos sistemas locais de cas alternativas, entre outras, e que possam comprovar:
ensino, dos necessários recursos pedagógicos especiais, para apoio aos
a) formação em cursos de licenciatura em educação especial ou em
programas educativos e ações destinadas à capacitação de recursos
uma de suas áreas, preferencialmente de modo concomitante e associado
humanos para atender às demandas desses alunos.
à licenciatura para educação infantil ou para os anos iniciais do ensino
Essa política inclusiva exige intensificação quantitativa e qualitativa na fundamental; e
formação de recursos humanos e garantia de recursos financeiros e
serviços de apoio pedagógico públicos e privados especializados para b) complementação de estudos ou pós-graduação em áreas específi-
assegurar o desenvolvimento educacional dos alunos. cas da educação especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas de
conhecimento, para atuação nos anos finais do ensino fundamental e no
Considerando as especificidades regionais e culturais que caracteri-
ensino médio.
zam o complexo contexto educacional brasileiro, bem como o conjunto de
necessidades educacionais especiais presentes em cada unidade escolar, Aos professores que já estão exercendo o magistério devem ser ofe-
há que se enfatizar a necessidade de que decisões sejam tomadas local recidas oportunidades de formação continuada, inclusive em nível de
e/ou regionalmente, tendo por parâmetros as leis e diretrizes pertinentes à especialização, pelas instâncias educacionais da União, dos Estados, do
educação brasileira, além da legislação específica da área. Distrito Federal e dos Municípios.
É importante que a descentralização do poder, manifestada na política Cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa, às Universida-
de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios seja des, o desenvolvimento de estudos na busca dos melhores recursos para
efetivamente exercitada no País, tanto no que se refere ao debate de auxiliar/ampliar a capacidade das pessoas com necessidades educacio-
ideias, como ao processo de tomada de decisões acerca de como devem nais especiais de se comunicar, de se locomover e de participar de manei-
se estruturar os sistemas educacionais e de quais procedimentos de ra cada vez mais autônoma do meio educacional, da vida produtiva e da
controle social serão desenvolvidos. vida social, exercendo assim, de maneira plena, a sua cidadania. Estudos
e pesquisas sobre inovações na prática pedagógica e desenvolvimento e
Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se efetuará
aplicação de novas tecnologias ao processo educativo, por exemplo, são
por decreto, sem que se avaliem as reais condições que possibilitem a
de grande relevância para o avanço das práticas inclusivas, assim como
inclusão planejada, gradativa e contínua de alunos com necessidades
atividades de extensão junto às comunidades escolares.
educacionais especiais nos sistemas de ensino. Deve ser gradativa, por
ser necessário que tanto a educação especial como o ensino regular 4.3 - No âmbito pedagógico
possam ir se adequando à nova realidade educacional, construindo políti- Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar, po-
cas, práticas institucionais e pedagógicas que garantam o incremento da dem apresentar necessidades educacionais, e seus professores, em geral,
qualidade do ensino, que envolve alunos com ou sem necessidades conhecem diferentes estratégias para dar respostas a elas. No entanto,
educacionais especiais. existem necessidades educacionais que requerem, da escola, uma série
Para que se avance nessa direção, é essencial que os sistemas de de recursos e apoios de caráter mais especializado, que proporcionem ao
ensino busquem conhecer a demanda real de atendimento a alunos com aluno meios para acesso ao currículo. Essas são as chamadas necessi-
necessidades educacionais especiais, mediante a criação de sistemas de dades educacionais especiais.
informação – que, além do conhecimento da demanda, possibilitem a Como se vê, trata-se de um conceito amplo: em vez de focalizar a de-
identificação, análise, divulgação e intercâmbio de experiências educacio- ficiência da pessoa, enfatiza o ensino e a escola, bem como as formas e
nais inclusivas – e o estabelecimento de interface com os órgãos gover- condições de aprendizagem; em vez de procurar, no aluno, a origem de
namentais responsáveis pelo Censo Escolar e pelo Censo Demográfico, um problema, define-se pelo tipo de resposta educativa e de recursos e
para atender a todas as variáveis implícitas à qualidade do processo apoios que a escola deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso
formativo desses alunos. escolar; por fim, em vez de pressupor que o aluno deva ajustar-se a
4.2 - No âmbito técnico-científico padrões de “normalidade” para aprender, aponta para a escola o desafio
de ajustar-se para atender à diversidade de seus alunos.
A formação dos professores para o ensino na diversidade, bem como
para o desenvolvimento de trabalho de equipe são essenciais para a Um projeto pedagógico que inclua os educandos com necessidades
efetivação da inclusão. educacionais especiais deverá seguir as mesmas diretrizes já traçadas
pelo Conselho Nacional de Educação para a educação infantil, o ensino
Conhecimentos Específicos 26

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
fundamental, o ensino médio, a educação profissional de nível técnico, a como aqueles oferecidos pelas escolas especiais, centros ou núcleos
educação de jovens e adultos e a educação escolar indígena. Entretanto, educacionais especializados, instituições públicas e privadas de atuação
esse projeto deverá atender ao princípio da flexibilização, para que o na área da educação especial. Importante, também, é a integração dos
acesso ao currículo seja adequado às condições dos discentes, respeitan- serviços educacionais com os das áreas de Saúde, Trabalho e Assistência
do seu caminhar próprio e favorecendo seu progresso escolar. Social, garantindo a totalidade do processo formativo e o atendimento
No decorrer do processo educativo, deverá ser realizada uma avalia- adequado ao desenvolvimento integral do cidadão.
ção pedagógica dos alunos que apresentem necessidades educacionais 4.4 - No âmbito administrativo
especiais, objetivando identificar barreiras que estejam impedindo ou Para responder aos desafios que se apresentam, é necessário que os
dificultando o processo educativo em suas múltiplas dimensões. sistemas de ensino constituam e façam funcionar um setor responsável
Essa avaliação deverá levar em consideração todas as variáveis: as pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e finan-
que incidem na aprendizagem: as de cunho individual; as que incidem no ceiros que viabilizem e deem sustentação ao processo de construção da
ensino, como as condições da escola e da prática docente; as que inspi- educação inclusiva.
ram diretrizes gerais da educação, bem como as relações que se estabe- É imprescindível planejar a existência de um canal oficial e formal de
lecem entre todas elas. comunicação, de estudo, de tomada de decisões e de coordenação dos
Sob esse enfoque, ao contrário do modelo clínico, tradicional e classi- processos referentes às mudanças na estruturação dos serviços, na
ficatório, a ênfase deverá recair no desenvolvimento e na aprendizagem gestão e na prática pedagógica para a inclusão de alunos com necessida-
do aluno, bem como na melhoria da instituição escolar, onde a avaliação é des educacionais especiais.
entendida como processo permanente de análise das variáveis que inter- Para o êxito das mudanças propostas, é importante que os gestores
ferem no processo de ensino e aprendizagem, para identificar potenciali- educacionais e escolares assegurem a acessibilidade aos alunos que
dades e necessidades educacionais dos alunos e as condições da escola apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação
para responder a essas necessidades. Para sua realização, deverá ser de barreiras arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo instala-
formada, no âmbito da própria escola, uma equipe de avaliação que conte ções, equipamentos e mobiliário – e nos transportes escolares, bem como
com a participação de todos os profissionais que acompanhem o aluno. de barreiras nas comunicações.
Nesse caso, quando os recursos existentes na própria escola mostra- Para o atendimento dos padrões mínimos estabelecidos com respeito
rem-se insuficientes para melhor compreender as necessidades educacio- à acessibilidade, deve ser realizada a adaptação das escolas existentes e
nais dos alunos e identificar os apoios indispensáveis, a escola poderá condicionada a autorização de construção e funcionamento de novas
recorrer a uma equipe multiprofissional. A composição dessa equipe pode escolas ao preenchimento dos requisitos de infra-estrutura definidos.
abranger profissionais de uma determinada instituição ou profissionais de Com relação ao processo educativo de alunos que apresentem condi-
instituições diferentes. Cabe aos gestores educacionais buscar essa ções de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos,
equipe multiprofissional em outra escola do sistema educacional ou na deve ser garantida a acessibilidade aos conteúdos curriculares mediante a
comunidade, o que se pode concretizar por meio de parcerias e convênios utilização do sistema Braille, da língua de sinais e de demais linguagens e
entre a Secretaria de Educação e outros órgãos, governamentais ou não. códigos aplicáveis, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa,
A partir dessa avaliação e das observações feitas pela equipe escolar, facultando-se aos surdos e a suas famílias a opção pela abordagem
legitima-se a criação dos serviços de apoio pedagógico especializado para pedagógica que julgarem adequada. Para assegurar a acessibilidade, os
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, ocasião sistemas de ensino devem prover as escolas dos recursos humanos e
em que o “especial” da educação se manifesta. materiais necessários.
Para aqueles alunos que apresentem dificuldades acentuadas de Além disso, deve ser afirmado e ampliado o compromisso político com
aprendizagem ou dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas a educação inclusiva – por meio de estratégias de comunicação e de
dos demais alunos, demandem ajuda e apoio intenso e contínuo e cujas atividades comunitárias, entre outras – para, desse modo:
necessidades especiais não puderem ser atendidas em classes comuns, a) fomentar atitudes pró-ativas das famílias, alunos, professores e
os sistemas de ensino poderão organizar, extraordinariamente, classes da comunidade escolar em geral;
especiais, nas quais será realizado o atendimento em caráter transitório. b) superar os obstáculos da ignorância, do medo e do preconcei-
Os alunos que apresentem necessidades educacionais especiais e to;
requeiram atenção individualizada nas atividades da vida autônoma e c) divulgar os serviços e recursos educacionais existentes;
social, recursos, ajudas e apoios intensos e contínuos, bem como adapta- d) difundir experiências bem sucedidas de educação inclusiva;
ções curriculares tão significativas que a escola comum não tenha conse-
guido prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolas e) estimular o trabalho voluntário no apoio à inclusão escolar.
especiais, públicas ou privadas, atendimento esse complementado, sem- É também importante que a esse processo se sucedam ações de am-
pre que necessário e de maneira articulada, por serviços das áreas de plo alcance, tais como a reorganização administrativa, técnica e financeira
Saúde, Trabalho e Assistência Social. dos sistemas educacionais e a melhoria das condições de trabalho docen-
É nesse contexto de ideias que a escola deve identificar a melhor te.
forma de atender às necessidades educacionais de seus alunos, em seu O quadro a seguir ilustra como se deve entender e ofertar os serviços
processo de aprender. Assim, cabe a cada unidade escolar diagnosticar de educação especial, como parte integrante do sistema educacional
sua realidade educacional e implementar as alternativas de serviços e a brasileiro, em todos os níveis de educação e ensino:
sistemática de funcionamento de tais serviços, preferencialmente no
âmbito da própria escola, para favorecer o sucesso escolar de todos os
seus alunos. Nesse processo, há que se considerar as alternativas já 2 - OPERACIONALIZAÇÃO PELOS SISTEMAS DE ENSINO
existentes e utilizadas pela comunidade escolar, que se têm mostrado Para eliminar a cultura de exclusão escolar e efetivar os propósitos e
eficazes, tais como salas de recursos, salas de apoio pedagógico, servi- as ações referentes à educação de alunos com necessidades educacio-
ços de itinerância em suas diferentes possibilidades de realização (itine- nais especiais, torna-se necessário utilizar uma linguagem consensual,
rância intra e interescolar), como também investir na criação de novas que, com base nos novos paradigmas, passa a utilizar os conceitos na
alternativas, sempre fundamentadas no conjunto de necessidades educa- seguinte acepção:
cionais especiais encontradas no contexto da unidade escolar, como por 1. Educação Especial: Modalidade da educação escolar; processo
exemplo a modalidade de apoio alocado na classe comum, sob a forma de educacional definido em uma proposta pedagógica, assegurando um
professores e/ou profissionais especializados, com os recursos e materiais conjunto de recursos e serviços educacionais especiais, organizados
adequados. institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns
Da mesma forma, há que se estabelecer um relacionamento profissi- casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a
onal com os serviços especializados disponíveis na comunidade, tais educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos

Conhecimentos Específicos 27

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em definir objetivos, conteúdos e procedimentos relativos à própria dinâmica
todas as etapas e modalidades da educação básica. escolar.
2. Educandos que apresentam necessidades educacionais espe- Assim sendo, a educação especial deve ocorrer nas escolas públicas
ciais são aqueles que, durante o processo educacional, demonstram: e privadas da rede regular de ensino, com base nos princípios da escola
2.1. dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no inclusiva. Essas escolas, portanto, além do acesso à matrícula, devem
processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das assegurar as condições para o sucesso escolar de todos os alunos.
atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: Extraordinariamente, os serviços de educação especial podem ser
2.1.1. aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; oferecidos em classes especiais, escolas especiais, classes hospitalares e
em ambiente domiciliar.
2.1.2. aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou
deficiências. Os sistemas públicos de ensino poderão estabelecer convênios ou
parcerias com escolas ou serviços públicos ou privados, de modo a garan-
2.2. dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos tir o atendimento às necessidades educacionais especiais de seus alunos,
demais alunos, demandando adaptações de acesso ao currículo, com responsabilizando-se pela identificação, análise, avaliação da qualidade e
utilização de linguagens e códigos aplicáveis; da idoneidade, bem como pelo credenciamento das instituições que
2.3. altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendi- venham a realizar esse atendimento, observados os princípios da educa-
zagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos ção inclusiva.
e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer Para a definição das ações pedagógicas, a escola deve prever e pro-
esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classe ver, em suas prioridades, os recursos humanos e materiais necessários à
comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos siste- educação na diversidade.
mas de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou etapa
escolar. É nesse contexto que a escola deve assegurar uma resposta educati-
va adequada às necessidades educacionais de todos os seus alunos, em
3. Inclusão: Representando um avanço em relação ao movimento de seu processo de aprender, buscando implantar os serviços de apoio
integração escolar, que pressupunha o ajustamento da pessoa com defici- pedagógico especializado necessários, oferecidos preferencialmente no
ência para sua participação no processo educativo desenvolvido nas âmbito da própria escola.
escolas comuns, a inclusão postula uma reestruturação do sistema edu-
cacional, ou seja, uma mudança estrutural no ensino regular, cujo objetivo É importante salientar o que se entende por serviço de apoio pedagó-
é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço democrático e gico especializado: são os serviços educacionais diversificados oferecidos
competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de pela escola comum para responder às necessidades educacionais especi-
raça, classe, gênero ou características pessoais, baseando-se no princípio ais do educando. Tais serviços podem ser desenvolvidos:
de que a diversidade deve não só ser aceita como desejada. a) nas classes comuns, mediante atuação de professor da educa-
Os desafios propostos visam a uma perspectiva relacional entre a ção especial, de professores intérpretes das linguagens e códigos aplicá-
modalidade da educação especial e as etapas da educação básica, garan- veis e de outros profissionais; itinerância intra e interinstitucional e outros
tindo o real papel da educação como processo educativo do aluno e apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação;
apontando para o novo “fazer pedagógico”. b) em salas de recursos, nas quais o professor da educação es-
Tal compreensão permite entender a educação especial numa pers- pecial realiza a complementação e/ou suplementação curricular, utilizando
pectiva de inserção social ampla, historicamente diferenciada de todos os equipamentos e materiais específicos.
paradigmas até então exercitados como modelos formativos, técnicos e Caracterizam-se como serviços especializados aqueles realizados por
limitados de simples atendimento. Trata-se, portanto, de uma educação meio de parceria entre as áreas de educação, saúde, assistência social e
escolar que, em suas especificidades e em todos os momentos, deve trabalho.
estar voltada para a prática da cidadania, em uma instituição escolar 2. Alunos atendidos pela educação especial
dinâmica, que valorize e respeite as diferenças dos alunos. O aluno é O Artigo 2º. da LDBEN, que trata dos princípios e fins da educação
sujeito em seu processo de conhecer, aprender, reconhecer e construir a brasileira, garante: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada
sua própria cultura. nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
Ao fazer a leitura do significado e do sentido da educação especial, finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
neste novo momento, faz-se necessário resumir onde ela deve ocorrer, a exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
quem se destina, como se realiza e como se dá a escolarização do aluno, Consoante esse postulado, o projeto pedagógico da escola viabiliza-
entre outros temas, balizando o seu próprio movimento como uma modali- se por meio de uma prática pedagógica que tenha como princípio nortea-
dade de educação escolar. dor a promoção do desenvolvimento da aprendizagem de todos os edu-
Todo esse exercício de realizar uma nova leitura sobre a educação do candos, inclusive daqueles que apresentem necessidades educacionais
cidadão que apresenta necessidades educacionais especiais visa subsidi- especiais.
ar e implementar a LDBEN, baseado tanto no pressuposto constitucional – Tradicionalmente, a educação especial tem sido concebida como des-
que determina “A educação, direito de todos e dever do Estado e da tinada apenas ao atendimento de alunos que apresentam deficiências
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, (mental, visual, auditiva, física/motora e múltiplas); condutas típicas de
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercí- síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos, bem
cio da cidadania e sua qualificação para o trabalho” – como nas interfaces como de alunos que apresentam altas habilidades/superdotação.
necessárias e básicas propostas no Capítulo V da própria LDBEN, com a
totalidade dos seus dispositivos preconizados. Para compreender tais Hoje, com a adoção do conceito de necessidades educacionais espe-
propósitos, torna-se necessário retomar as indagações já mencionadas: ciais, afirma-se o compromisso com uma nova abordagem, que tem como
horizonte a Inclusão.
1. O “locus” dos serviços de educação especial
Dentro dessa visão, a ação da educação especial amplia-se, passan-
A educação especial deve ocorrer em todas as instituições escolares do a abranger não apenas as dificuldades de aprendizagem relacionadas
que ofereçam os níveis, etapas e modalidades da educação escolar a condições, disfunções, limitações e deficiências, mas também aquelas
previstos na LDBEN, de modo a propiciar o pleno desenvolvimento das não vinculadas a uma causa orgânica específica, considerando que, por
potencialidades sensoriais, afetivas e intelectuais do aluno, mediante um dificuldades cognitivas, psicomotoras e de comportamento, alunos são
projeto pedagógico que contemple, além das orientações comuns – cum- frequentemente negligenciados ou mesmo excluídos dos apoios escola-
primento dos 200 dias letivos, horas aula, meios para recuperação e res.
atendimento do aluno, avaliação e certificação, articulação com as famí-
lias e a comunidade – um conjunto de outros elementos que permitam O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade
de necessidades educacionais, destacadamente aquelas associadas a:
dificuldades específicas de aprendizagem, como a dislexia e disfunções
Conhecimentos Específicos 28

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória, Além disso, recomenda-se às escolas e aos sistemas de ensino a
cognitivos, psicolinguísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e constituição de parcerias com instituições de ensino superior para a
ainda a fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privações de realização de pesquisas e estudos de caso relativos ao processo de
caráter sociocultural e nutricional. ensino e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais espe-
Assim, entende-se que todo e qualquer aluno pode apresentar, ao ciais, visando ao aperfeiçoamento desse processo educativo.
longo de sua aprendizagem, alguma necessidade educacional especial, 4. Organização do atendimento na rede regular de ensino
temporária ou permanente, vinculada ou não aos grupos já mencionados, A escola regular de qualquer nível ou modalidade de ensino, ao viabi-
agora reorganizados em consonância com essa nova abordagem: lizar a inclusão de alunos com necessidades especiais, deverá promover a
1. Educandos que apresentam dificuldades acentuadas de apren- organização de classes comuns e de serviços de apoio pedagógico
dizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o especializado. Extraordinariamente, poderá promover a organização de
acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois classes especiais, para atendimento em caráter transitório.
grupos: 4.1 – Na organização das classes comuns, faz-se necessário prever:
1.1. aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; a) professores das classes comuns e da educação especial capa-
1.2. aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou citados e especializados, respectivamente, para o atendimento às neces-
deficiências; sidades educacionais especiais dos alunos;
2. Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos b) distribuição dos alunos com necessidades educacionais espe-
demais alunos, particularmente alunos que apresentam surdez, cegueira, ciais pelas várias classes do ano escolar em que forem classificados, de
surdo-cegueira ou distúrbios acentuados de linguagem, para os quais modo que essas classes comuns se beneficiem das diferenças e ampliem
devem ser adotadas formas diferenciadas de ensino e adaptações de positivamente as experiências de todos os alunos, dentro do princípio de
acesso ao currículo, com utilização de linguagens e códigos aplicáveis, educar para a diversidade;
assegurando-se os recursos humanos e materiais necessários; c) flexibilizações e adaptações curriculares, que considerem o signifi-
2.1. Em face das condições específicas associadas à surdez, é im- cado prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologias de
portante que os sistemas de ensino se organizem de forma que haja ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação ade-
escolas em condições de oferecer aos alunos surdos o ensino em língua quados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades
brasileira de sinais e em língua portuguesa e, aos surdos-cegos, o ensino educacionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico da
em língua de sinais digital, tadoma e outras técnicas, bem como escolas escola, respeitada a frequência obrigatória;
com propostas de ensino e aprendizagem diferentes, facultando-se a d) serviços de apoio pedagógico especializado, realizado:
esses alunos e a suas famílias a opção pela abordagem pedagógica que
julgarem adequada; • na classe comum, mediante atuação de professor da educação
especial, de professores intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis,
2.2. Em face das condições específicas associadas à cegueira e à como a língua de sinais e o sistema Braille, e de outros profissionais,
visão subnormal, os sistemas de ensino devem prover aos alunos cegos o como psicólogos e fonoaudiólogos, por exemplo; itinerância intra e inte-
material didático, inclusive provas, e o livro didático em Braille e, aos rinstitucional e outros apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e
alunos com visão subnormal (baixa visão), os auxílios ópticos necessários, à comunicação;
bem como material didático, livro didático e provas em caracteres amplia-
dos; • em salas de recursos, nas quais o professor da educação es-
pecial realiza a complementação e/ou suplementação curricular, utilizando
3. altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendi- equipamentos e materiais específicos.
zagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos
e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer e) avaliação pedagógica no processo de ensino e aprendizagem, in-
esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classe clusive para a identificação das necessidades educacionais especiais e a
comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos siste- eventual indicação dos apoios pedagógicos adequados;
mas de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou f) temporalidade flexível do ano letivo, para atender às necessi-
etapa escolar. dades educacionais especiais de alunos com deficiência mental ou graves
Dessa forma, a educação especial – agora concebida como o conjun- deficiências múltiplas, de forma que possam concluir em tempo maior o
to de conhecimentos, tecnologias, recursos humanos e materiais didáticos currículo previsto para a série/etapa escolar, principalmente nos anos
que devem atuar na relação pedagógica para assegurar resposta educati- finais do ensino fundamental, conforme estabelecido por normas dos
va de qualidade às necessidades educacionais especiais – continuará sistemas de ensino, procurando-se evitar grande defasagem idade/série;
atendendo, com ênfase, os grupos citados inicialmente. Entretanto, em g) condições para reflexão, ação e elaboração teórica da educação
consonância com a nova abordagem, deverá vincular suas ações cada inclusiva, com protagonismo dos professores, articulando experiência e
vez mais à qualidade da relação pedagógica e não apenas a um público- conhecimento com as necessidades/possibilidades surgidas na relação
alvo delimitado, de modo que a atenção especial se faça presente para pedagógica, inclusive por meio de colaboração com instituições de ensino
todos os educandos que, em qualquer etapa ou modalidade da educação superior e de pesquisa;
básica, dela necessitarem para o seu sucesso escolar. h) uma rede de apoio interinstitucional que envolva profissionais
3. Implantação e implementação dos serviços de educação especial das áreas de Saúde, Assistência Social e Trabalho, sempre que necessá-
Os princípios gerais da educação das pessoas com necessidades rio para o seu sucesso na aprendizagem, e que seja disponibilizada por
educacionais especiais foram delineados pela LDBEN, tendo como eixo meio de convênios com organizações públicas ou privadas daquelas
norteador a elaboração do projeto pedagógico da escola, que incorpora áreas;
essa modalidade de educação escolar em articulação com a família e a i) sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagem
comunidade. Esse projeto, fruto da participação dos diferentes atores da cooperativa em sala de aula; trabalho de equipe na escola e constituição
comunidade escolar, deve incorporar a atenção de qualidade à diversida- de redes de apoio, com a participação da família no processo educativo,
de dos alunos, em suas necessidades educacionais comuns e especiais, bem como de outros agentes e recursos da comunidade.
como um vetor da estrutura, funcionamento e prática pedagógica da j) atividades que favoreçam o aprofundamento e o enriquecimen-
escola. to de aspetos curriculares aos alunos que apresentam superdotação, de
Nesse sentido, deve ser garantida uma ampla discussão que contem- forma que sejam desenvolvidas suas potencialidades, permitindo ao aluno
ple não só os elementos enunciados anteriormente, mas também os pais, superdotado concluir em menor tempo a educação básica, nos termos do
os professores e outros segmentos da comunidade escolar, explicitando Artigo 24, V, “c”, da LDBEN.
uma competência institucional voltada à diversidade e às especificidades Para atendimento educacional aos superdotados, é necessário:
dessa comunidade, considerando que o aluno é o centro do processo
pedagógico.
Conhecimentos Específicos 29

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
a) organizar os procedimentos de avaliação pedagógica e psico- e língua brasileira de sinais. Recomenda-se também que o professor, para
lógica de alunos com características de superdotação; atuar com alunos surdos em sala de recursos, principalmente a partir da
b) prever a possibilidade de matrícula do aluno em série compatí- 5ª série do ensino fundamental, tenha, além do curso de Letras e Linguís-
vel com seu desempenho escolar, levando em conta, igualmente, sua tica, complementação de estudos ou cursos de pós-graduação sobre o
maturidade socioemocional; ensino de línguas: língua portuguesa e língua brasileira de sinais.
c) cumprir a legislação no que se refere: Os serviços de apoio pedagógico especializado, ou outras alternativas
encontradas pela escola, devem ser organizados e garantidos nos proje-
• ao atendimento suplementar para aprofundar e/ou enriquecer o tos pedagógicos e regimentos escolares, desde que devidamente regula-
currículo; mentados pelos competentes Conselhos de Educação.
• à aceleração/avanço, regulamentados pelos respectivos siste- O atendimento educacional especializado pode ocorrer fora de espa-
mas de ensino, permitindo, inclusive, a conclusão da Educação Básica em ço escolar, sendo, nesses casos, certificada a frequência do aluno medi-
menor tempo; ante relatório do professor que o atende:
• ao registro do procedimento adotado em ata da escola e no a) Classe hospitalar: serviço destinado a prover, mediante aten-
dossiê do aluno; dimento especializado, a educação escolar a alunos impossibilitados de
d) incluir, no histórico escolar, as especificações cabíveis; frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique inter-
e) incluir o atendimento educacional ao superdotado nos projetos pe- nação hospitalar ou atendimento ambulatorial.
dagógicos e regimentos escolares, inclusive por meio de convênios com b) Ambiente domiciliar: serviço destinado a viabilizar, mediante aten-
instituições de ensino superior e outros segmentos da comunidade. dimento especializado, a educação escolar de alunos que estejam impos-
Recomenda-se às escolas de Educação Básica a constituição de par- sibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que
cerias com instituições de ensino superior com vistas à identificação de implique permanência prolongada em domicílio.
alunos que apresentem altas habilidades/superdotação, para fins de apoio Os objetivos das classes hospitalares e do atendimento em ambiente
ao prosseguimento de estudos no ensino médio e ao desenvolvimento de domiciliar são: dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao
estudos na educação superior, inclusive mediante a oferta de bolsas de processo de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educa-
estudo, destinando-se tal apoio prioritariamente àqueles alunos que per- ção Básica, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar;
tençam aos estratos sociais de baixa renda. e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não
4.2 - Os serviços de apoio pedagógico especializado ocorrem no es- matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior aces-
paço escolar e envolvem professores com diferentes funções: so à escola regular.
a) Classes comuns: serviço que se efetiva por meio do trabalho de 4.3 – A classe especial e sua organização:
equipe, abrangendo professores da classe comum e da educação especi- As escolas podem criar, extraordinariamente, classes especiais, cuja
al, para o atendimento às necessidades educacionais especiais dos organização fundamente-se no Capítulo II da LDBEN, nas diretrizes
alunos durante o processo de ensino e aprendizagem. Pode contar com a curriculares nacionais para a Educação Básica, bem como nos referenci-
colaboração de outros profissionais, como psicólogos escolares, por ais e parâmetros curriculares nacionais, para atendimento, em caráter
exemplo. transitório, a alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendi-
b) Salas de recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido zagem ou condições de comunicação e sinalização diferenciadas dos
por professor especializado, que suplementa (no caso dos superdotados) demais alunos e demandem ajudas e apoios intensos e contínuos.
e complementa (para os demais alunos) o atendimento educacional reali- Aos alunos atendidos em classes especiais devem ter assegurados:
zado em classes comuns da rede regular de ensino. Esse serviço realiza- a) professores especializados em educação especial;
se em escolas, em local dotado de equipamentos e recursos pedagógicos
adequados às necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo b) organização de classes por necessidades educacionais especiais
estender-se a alunos de escolas próximas, nas quais ainda não exista apresentadas, sem agrupar alunos com diferentes tipos de deficiências;
esse atendimento. Pode ser realizado individualmente ou em pequenos c) equipamentos e materiais específicos;
grupos, para alunos que apresentem necessidades educacionais especi- d) adaptações de acesso ao currículo e adaptações nos elementos
ais semelhantes, em horário diferente daquele em que frequentam a curriculares;
classe comum.
e) atividades da vida autônoma e social no turno inverso, quando ne-
c) Itinerância: serviço de orientação e supervisão pedagógica de- cessário.
senvolvida por professores especializados que fazem visitas periódicas às
escolas para trabalhar com os alunos que apresentem necessidades Classe especial é uma sala de aula, em escola de ensino regular, em
educacionais especiais e com seus respectivos professores de classe espaço físico e modulação adequada. Nesse tipo de sala, o professor da
comum da rede regular de ensino. educação especial utiliza métodos, técnicas, procedimentos didáticos e
recursos pedagógicos especializados e, quando necessário, equipamen-
d) Professores-intérpretes: são profissionais especializados para tos e materiais didáticos específicos, conforme série/ciclo/etapa da educa-
apoiar alunos surdos, surdos-cegos e outros que apresentem sérios ção básica, para que o aluno tenha acesso ao currículo da base nacional
comprometimentos de comunicação e sinalização. comum.
Todos os professores de educação especial e os que atuam em clas- A classe especial pode ser organizada para atendimento às necessi-
ses comuns deverão ter formação para as respectivas funções, principal- dades educacionais especiais de alunos cegos, de alunos surdos, de
mente os que atuam em serviços de apoio pedagógico especializado. alunos que apresentam condutas típicas de síndromes e quadros psicoló-
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em gicos, neurológicos ou psiquiátricos e de alunos que apresentam casos
classes comuns do ensino regular, como meta das políticas de educação, graves de deficiência mental ou múltipla. Pode ser utilizada principalmente
exige interação constante entre professor da classe comum e os dos nas localidades onde não há oferta de escolas especiais; quando se
serviços de apoio pedagógico especializado, sob pena de alguns educan- detectar, nesses alunos, grande defasagem idade/série; quando faltarem,
dos não atingirem rendimento escolar satisfatório. ao aluno, experiências escolares anteriores, dificultando o desenvolvimen-
A interação torna-se absolutamente necessária quando se trata, por to do currículo em classe comum.
exemplo, da educação dos surdos, considerando que lhes é facultado Não se deve compor uma classe especial com alunos que apresen-
efetivar sua educação por meio da língua portuguesa e da língua brasileira tam dificuldades de aprendizagem não vinculadas a uma causa orgânica
de sinais, depois de manifestada a opção dos pais e sua própria opinião. específica, tampouco se deve agrupar alunos com necessidades especiais
Recomenda-se que o professor, para atuar com esses alunos em sala de relacionadas a diferentes deficiências. Assim sendo, não se recomenda
aula da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, tenha colocar, numa mesma classe especial, alunos cegos e surdos, por exem-
complementação de estudos sobre o ensino de línguas: língua portuguesa plo. Para esses dois grupos de alunos, em particular, recomenda-se o

Conhecimentos Específicos 30

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
atendimento educacional em classe especial durante o processo de alfa- No âmbito dos sistemas de ensino, cabe aos Conselhos de Educação
betização, quando não foram beneficiados com a educação infantil. Tal legislar sobre a matéria, observadas as normas e diretrizes nacionais.
processo abrange, para os cegos, o domínio do sistema Braille, e para os 6 – Etapas da escolarização de alunos com necessidades especiais
surdos, a aquisição da língua de sinais e a aprendizagem da língua portu- em qualquer espaço escolar
guesa.
Conforme estabelecido nos dispositivos legais da educação brasileira,
O professor da educação especial, nessa classe, deve desenvolver o o processo escolar tem início na educação infantil, que se realiza na faixa
currículo com a flexibilidade necessária às condições dos alunos e, no etária de zero a seis anos – em creches e em turmas de pré-escola –
turno inverso, quando necessário, deve desenvolver outras atividades, tais permitindo a identificação das necessidades educacionais especiais e a
como atividades da vida autônoma e social (para alunos com deficiência estimulação do desenvolvimento integral do aluno, bem como a interven-
mental, por exemplo); orientação e mobilidade (para alunos cegos e ção para atenuar possibilidades de atraso de desenvolvimento, decorren-
surdos-cegos); desenvolvimento de linguagem: língua portuguesa e língua tes ou não de fatores genéticos, orgânicos e/ou ambientais.
brasileira de sinais (para alunos surdos); atividades de informática, etc.
O atendimento educacional oferecido pela educação infantil pode con-
Essa classe deverá configurar a etapa, ciclo ou modalidade da educa- tribuir significativamente para o sucesso escolar desses educandos. Para
ção básica em que o aluno se encontra – educação infantil, ensino funda- tanto, é importante prover a escola que realiza esse etapa da educação
mental, educação de jovens e adultos – promovendo avaliação contínua básica de recursos tecnológicos e humanos adequados à diversidade das
do seu desempenho – com a equipe escolar e pais – e proporcionando, demandas.
sempre que possível, atividades conjuntas com os demais alunos das
classes comuns. Do mesmo modo, é indispensável a integração dos serviços educaci-
onais com os das áreas de Saúde e Assistência Social, garantindo a
É importante que, a partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno totalidade do processo formativo e o atendimento adequado ao desenvol-
e das condições para o atendimento inclusivo, a equipe pedagógica da vimento integral do educando. É importante mencionar que o fato de uma
escola e a família decidam conjuntamente, com base em avaliação peda- criança necessitar de apoio especializado não deve constituir motivo para
gógica, quanto ao seu retorno à classe comum. dificultar seu acesso e frequência às creches e às turmas de pré-escola da
5 – Organização do atendimento em escola especial educação regular.
A educação escolar de alunos que apresentam necessidades educa- Após a educação infantil – ou seja, a partir dos sete anos de idade – a
cionais especiais e que requeiram atenção individualizada nas atividades escolarização do aluno que apresenta necessidades educacionais especi-
da vida autônoma e social, bem como ajudas e apoios intensos e contí- ais deve processar-se nos mesmos níveis, etapas e modalidades de
nuos e flexibilizações e adaptações curriculares tão significativas que a educação e ensino que os demais educandos, ou seja, no ensino funda-
escola comum não tenha conseguido prover – pode efetivar-se em esco- mental, no ensino médio, na educação profissional, na educação de
las especiais, assegurando-se que o currículo escolar observe as diretri- jovens e adultos e na educação superior. Essa educação é suplementada
zes curriculares nacionais para as etapas e modalidades da Educação e complementada quando se utilizam os serviços de apoio pedagógico
Básica e que os alunos recebam os apoios de que necessitam. É impor- especializado.
tante que esse atendimento, sempre que necessário, seja complementado 7 – Currículo
por serviços das áreas de Saúde, Trabalho e Assistência Social.
O currículo a ser desenvolvido é o das diretrizes curriculares nacio-
A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno, a equipe peda- nais para as diferentes etapas e modalidades da Educação Básica: edu-
gógica da escola especial e a família devem decidir conjuntamente quanto cação infantil, educação fundamental, ensino médio, educação de jovens
à transferência do aluno para escola da rede regular de ensino, com base e adultos e educação profissional.
em avaliação pedagógica e na indicação, por parte do setor responsável
pela educação especial do sistema de ensino, de escolas regulares em A escolarização formal, principalmente na educação infantil e/ou nos
condições de realizar seu atendimento educacional. anos iniciais do ensino fundamental, transforma o currículo escolar em um
processo constante de revisão e adequação. Os métodos e técnicas,
Para uma educação escolar de qualidade nas escolas especiais, é recursos educativos e organizações específicas da prática pedagógica,
fundamental prover e promover em sua organização: por sua vez, tornam-se elementos que permeiam os conteúdos.
I. matrícula e atendimento educacional especializado nas etapas O currículo, em qualquer processo de escolarização, transforma-se na
e modalidades da Educação Básica previstas em lei e no seu regimento síntese básica da educação. Isto nos possibilita afirmar que a busca da
escolar; construção curricular deve ser entendida como aquela garantida na pró-
II. encaminhamento de alunos para a educação regular, inclusive pria LDBEN, complementada, quando necessário, com atividades que
para a educação de jovens e adultos; possibilitem ao aluno que apresenta necessidades educacionais especiais
III. parcerias com escolas das redes regulares públicas ou priva- ter acesso ao ensino, à cultura, ao exercício da cidadania e à inserção
das de educação profissional; social produtiva.
IV. conclusão e certificação de educação escolar, incluindo termi- O Artigo 5o da LDBEN preceitua: “o acesso ao ensino fundamental é
nalidade específica, para alunos com deficiência mental e múltipla; direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra
V. professores especializados e equipe técnica de apoio; legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder
VI. flexibilização e adaptação do currículo previsto na LDBEN, nos Público para exigi-lo”.
Referenciais e nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme deter-
As escolas especiais públicas e privadas obedecem às mesmas exi- minam os Artigos 26, 27 e 32 da LDBEN, a ser suplementada ou comple-
gências na criação e no funcionamento: mentada por uma parte diversificada, exigida, inclusive, pelas característi-
a) são iguais nas finalidades, embora diferentes na ordem admi- cas dos alunos.
nistrativa e na origem dos recursos; As dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se como um
b) necessitam de credenciamento e/ou autorização para o seu contínuo, compreendendo desde situações mais simples e/ou transitórias
funcionamento. – que podem ser resolvidas espontaneamente no curso do trabalho peda-
gógico – até situações mais complexas e/ou permanentes – que requerem
As escolas da rede privada, sem fins lucrativos, que necessitam plei-
o uso de recursos ou técnicas especiais para que seja viabilizado o aces-
tear apoio técnico e financeiro dos órgãos governamentais devem creden-
so ao currículo por parte do educando. Atender a esse contínuo de dificul-
ciar-se para tal; as escolas da rede privada, com fins lucrativos, assim
dades requer respostas educativas adequadas, que abrangem graduais e
como as anteriormente citadas, devem ter o acompanhamento e a avalia-
progressivas adaptações de acesso ao currículo, bem como adaptações
ção do órgão gestor e cumprir as determinações dos Conselhos de Edu-
de seus elementos.
cação similares às previstas para as demais escolas.

Conhecimentos Específicos 31

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Em casos muito singulares, em que o educando com graves compro- As escolas das redes de educação profissional podem realizar parce-
metimentos mentais e/ou múltiplos não possa beneficiar-se do currículo da rias com escolas especiais, públicas ou privadas, tanto para construir
base nacional comum, deverá ser proporcionado um currículo funcional competências necessárias à inclusão de alunos em seus cursos quanto
para atender às necessidades práticas da vida. para prestar assistência técnica e convalidar cursos profissionalizantes
O currículo funcional, tanto na educação infantil como nos anos inici- realizados por essas escolas especiais.
ais do ensino fundamental, distingue-se pelo caráter pragmático das Além disso, na perspectiva de contribuir para um processo de inclu-
atividades previstas nos parágrafos 1o, 2o, 3o e 4o do Artigo 26 e no são social, as escolas das redes de educação profissional poderão avaliar
Artigo 32 da LDBEN e pelas adaptações curriculares muito significativas. e certificar competências laborais de pessoas com necessidades especiais
Tanto o currículo como a avaliação devem ser funcionais, buscando não matriculadas em seus cursos, encaminhando-as, a partir desses
meios úteis e práticos para favorecer: o desenvolvimento das competên- procedimentos, para o mundo do trabalho.
cias sociais; o acesso ao conhecimento, à cultura e às formas de trabalho A educação profissional do aluno com necessidades educacionais es-
valorizadas pela comunidade; e a inclusão do aluno na sociedade. peciais pode realizar-se em escolas especiais, públicas ou privadas,
8 – Terminalidade específica quando esgotados os recursos da rede regular na provisão de resposta
educativa adequada às necessidades educacionais especiais e quando o
No atendimento a alunos cujas necessidades educacionais especiais aluno demandar apoios e ajudas intensos e contínuos para seu acesso ao
estão associadas a grave deficiência mental ou múltipla, a necessidade de currículo. Nesse caso, podem ser oferecidos serviços de oficinas pré-
apoios e ajudas intensos e contínuos, bem como de adaptações curricula- profissionais ou oficinas profissionalizantes, de caráter protegido ou não.
res significativas, não deve significar uma escolarização sem horizonte
definido, seja em termos de tempo ou em termos de competências e Os Artigos 3o e 4o, do Decreto no 2.208/97, contemplam a inclusão
habilidades desenvolvidas. As escolas, portanto, devem adotar procedi- de pessoas em cursos de educação profissional de nível básico indepen-
mentos de avaliação pedagógica, certificação e encaminhamento para dentemente de escolaridade prévia, além dos cursos de nível técnico e
alternativas educacionais que concorram para ampliar as possibilidades tecnológico. Assim, alunos com necessidades especiais também podem
de inclusão social e produtiva dessa pessoa. ser beneficiados, qualificando-se para o exercício de funções demandadas
pelo mundo do trabalho.
Quando os alunos com necessidades educacionais especiais, ainda
que com os apoios e adaptações necessários, não alcançarem os resulta- II – VOTO DOS RELATORES
dos de escolarização previstos no Artigo 32, I da LDBEN: “o desenvolvi- A organização da educação especial adquire, portanto, seus contor-
mento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno nos legítimos. O que passou faz parte do processo de amadurecimento da
domínio da leitura, da escrita e do cálculo” – e uma vez esgotadas as sociedade brasileira. Agora é preciso por em prática, corajosamente, a
possibilidades apontadas nos Artigos 24, 26 e 32 da LDBEN – as escolas compreensão que foi alcançada pela comunidade sobre a importância que
devem fornecer-lhes uma certificação de conclusão de escolaridade, deve ser dada a este segmento da sociedade brasileira.
denominada terminalidade específica. Com a edição deste Parecer e das Diretrizes que o integram, este Co-
Terminalidade específica é uma certificação de conclusão de escola- legiado está oferecendo ao Brasil e aos alunos que apresentam necessi-
ridade – fundamentada em avaliação pedagógica – com histórico escolar dades educacionais especiais um caminho e os meios legais necessários
que apresente, de forma descritiva, as habilidades e competências atingi- para a superação do grave problema educacional, social e humano que os
das pelos educandos com grave deficiência mental ou múltipla. É o caso envolve.
dos alunos cujas necessidades educacionais especiais não lhes posssibili- Igualdade de oportunidades e valorização da diversidade no processo
taram alcançar o nível de conhecimento exigido para a conclusão do educativo e nas relações sociais são direitos dessas crianças, jovens e
ensino fundamental, respeitada a legislação existente, e de acordo com o adultos. Tornar a escola e a sociedade inclusivas é uma tarefa de todos.
regimento e o projeto pedagógico da escola.
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001.
O teor da referida certificação de escolaridade deve possibilitar novas
alternativas educacionais, tais como o encaminhamento para cursos de Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
educação de jovens e adultos e de educação profissional, bem como a Básica.
inserção no mundo do trabalho, seja ele competitivo ou protegido. O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional
Cabe aos respectivos sistemas de ensino normatizar sobre a idade- de Educação, de conformidade com o disposto no Art. 9o, § 1o, alínea “c”,
limite para a conclusão do ensino fundamental. da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei
9.131, de 25 de novembro de 1995, nos Capítulos I, II e III do Título V e
9 – A educação profissional do aluno com necessidades educacionais nos Artigos 58 a 60 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com
especiais fundamento no Parecer CNE/CEB 17/2001, homologado pelo Senhor
A educação profissional é um direito do aluno com necessidades edu- Ministro de Estado da Educação em 15 de agosto de 2001,
cacionais especiais e visa à sua integração produtiva e cidadã na vida em RESOLVE:
sociedade. Deve efetivar-se nos cursos oferecidos pelas redes regulares
de ensino públicas ou pela rede regular de ensino privada, por meio de Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a
adequações e apoios em relação aos programas de educação profissional educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especi-
e preparação para o trabalho, de forma que seja viabilizado o acesso das ais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades.
pessoas com necessidades educacionais especiais aos cursos de nível Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na
básico, técnico e tecnológico, bem como a transição para o mercado de educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os servi-
trabalho. ços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e
Essas adequações e apoios – que representam a colaboração da interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento
educação especial para uma educação profissional inclusiva – efetivam-se educacional especializado.
por meio de: Art 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, ca-
a) flexibilizações e adaptações dos recursos instrucionais: material bendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com
pedagógico, equipamento, currículo e outros; necessidades educacionais especiais, assegurando as condições neces-
b) capacitação de recursos humanos: professores, instrutores e sárias para uma educação de qualidade para todos.
profissionais especializados; Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem conhecer a demanda
c) eliminação de barreiras atitudinais, arquitetônicas, curriculares real de atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais,
e de comunicação e sinalização, entre outras; mediante a criação de sistemas de informação e o estabelecimento de
interface com os órgãos governamentais responsáveis pelo Censo Escolar
d) encaminhamento para o mundo do trabalho e acompanhamen-
e pelo Censo Demográfico, para atender a todas as variáveis implícitas à
to de egressos.
qualidade do processo formativo desses alunos.

Conhecimentos Específicos 32

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação escolar, en- quados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades
tende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica educacionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico da
que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados escola, respeitada a frequência obrigatória;
institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns IV – serviços de apoio pedagógico especializado, realizado, nas clas-
casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a ses comuns, mediante:
educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos
educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em a) atuação colaborativa de professor especializado em educação es-
todas as etapas e modalidades da educação básica. pecial;
Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e fazer fun- b) atuação de professores-intérpretes das linguagens e códigos apli-
cionar um setor responsável pela educação especial, dotado de recursos cáveis;
humanos, materiais e financeiros que viabilizem e deem sustentação ao c) atuação de professores e outros profissionais itinerantes intra e in-
processo de construção da educação inclusiva. terinstitucionalmente;
Art. 4º Como modalidade da Educação Básica, a educação especial d) disponibilização de outros apoios necessários à aprendizagem, à
considerará as situações singulares, os perfis dos estudantes, as caracte- locomoção e à comunicação.
rísticas bio-psicossociais dos alunos e suas faixas etárias e se pautará em V – serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recur-
princípios éticos, políticos e estéticos de modo a assegurar: sos, nas quais o professor especializado em educação especial realize a
I - a dignidade humana e a observância do direito de cada aluno de complementação ou suplementação curricular, utilizando procedimentos,
realizar seus projetos de estudo, de trabalho e de inserção na vida social; equipamentos e materiais específicos;
II - a busca da identidade própria de cada educando, o reconhecimen- VI – condições para reflexão e elaboração teórica da educação inclu-
to e a valorização das suas diferenças e potencialidades, bem como de siva, com protagonismo dos professores, articulando experiência e conhe-
suas necessidades educacionais especiais no processo de ensino e cimento com as necessidades/possibilidades surgidas na relação pedagó-
aprendizagem, como base para a constituição e ampliação de valores, gica, inclusive por meio de colaboração com instituições de ensino superi-
atitudes, conhecimentos, habilidades e competências; or e de pesquisa;
III - o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade VII – sustentabilidade do processo inclusivo, mediante aprendizagem
de participação social, política e econômica e sua ampliação, mediante o cooperativa em sala de aula, trabalho de equipe na escola e constituição
cumprimento de seus deveres e o usufruto de seus direitos. de redes de apoio, com a participação da família no processo educativo,
Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais bem como de outros agentes e recursos da comunidade;
especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: VIII – temporalidade flexível do ano letivo, para atender às necessida-
I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no proces- des educacionais especiais de alunos com deficiência mental ou com
so de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades graves deficiências múltiplas, de forma que possam concluir em tempo
curriculares, compreendidas em dois grupos: maior o currículo previsto para a série/etapa escolar, principalmente nos
anos finais do ensino fundamental, conforme estabelecido por normas dos
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; sistemas de ensino, procurando-se evitar grande defasagem idade/série;
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou defici- IX – atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas habilida-
ências; des/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos
II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos de- curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em
mais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensi-
III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendiza- no, inclusive para conclusão, em menor tempo, da série ou etapa escolar,
gem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96.
atitudes. Art. 9o As escolas podem criar, extraordinariamente, classes especi-
Art. 6o Para a identificação das necessidades educacionais especiais ais, cuja organização fundamente-se no Capítulo II da LDBEN, nas diretri-
dos alunos e a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a zes curriculares nacionais para a Educação Básica, bem como nos refe-
escola deve realizar, com assessoramento técnico, avaliação do aluno no renciais e parâmetros curriculares nacionais, para atendimento, em caráter
processo de ensino e aprendizagem, contando, para tal, com: transitório, a alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendi-
zagem ou condições de comunicação e sinalização diferenciadas dos
I - a experiência de seu corpo docente, seus diretores, coordenado- demais alunos e demandem ajudas e apoios intensos e contínuos.
res, orientadores e supervisores educacionais;
§ 1o Nas classes especiais, o professor deve desenvolver o currículo,
II - o setor responsável pela educação especial do respectivo sistema; mediante adaptações, e, quando necessário, atividades da vida autônoma
III – a colaboração da família e a cooperação dos serviços de Saúde, e social no turno inverso.
Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério § 2o A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno e das condi-
Público, quando necessário. ções para o atendimento inclusivo, a equipe pedagógica da escola e a
Art. 7º O atendimento aos alunos com necessidades educacionais es- família devem decidir conjuntamente, com base em avaliação pedagógica,
peciais deve ser realizado em classes comuns do ensino regular, em quanto ao seu retorno à classe comum.
qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica. Art. 10. Os alunos que apresentem necessidades educacionais espe-
Art. 8o As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover ciais e requeiram atenção individualizada nas atividades da vida autônoma
na organização de suas classes comuns: e social, recursos, ajudas e apoios intensos e contínuos, bem como adap-
I - professores das classes comuns e da educação especial capacita- tações curriculares tão significativas que a escola comum não consiga
dos e especializados, respectivamente, para o atendimento às necessida- prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolas espe-
des educacionais dos alunos; ciais, públicas ou privadas, atendimento esse complementado, sempre
que necessário e de maneira articulada, por serviços das áreas de Saúde,
II - distribuição dos alunos com necessidades educacionais especiais
Trabalho e Assistência Social.
pelas várias classes do ano escolar em que forem classificados, de modo
que essas classes comuns se beneficiem das diferenças e ampliem positi- § 1º As escolas especiais, públicas e privadas, devem cumprir as exi-
vamente as experiências de todos os alunos, dentro do princípio de edu- gências legais similares às de qualquer escola quanto ao seu processo de
car para a diversidade; credenciamento e autorização de funcionamento de cursos e posterior
reconhecimento.
III – flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o signi-
ficado prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologias de § 2º Nas escolas especiais, os currículos devem ajustar-se às condi-
ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação ade- ções do educando e ao disposto no Capítulo II da LDBEN.

Conhecimentos Específicos 33

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3o A partir do desenvolvimento apresentado pelo aluno, a equipe Art. 17. Em consonância com os princípios da educação inclusiva, as
pedagógica da escola especial e a família devem decidir conjuntamente escolas das redes regulares de educação profissional, públicas e privadas,
quanto à transferência do aluno para escola da rede regular de ensino, devem atender alunos que apresentem necessidades educacionais espe-
com base em avaliação pedagógica e na indicação, por parte do setor ciais, mediante a promoção das condições de acessibilidade, a capacita-
responsável pela educação especial do sistema de ensino, de escolas ção de recursos humanos, a flexibilização e adaptação do currículo e o
regulares em condição de realizar seu atendimento educacional. encaminhamento para o trabalho, contando, para tal, com a colaboração
Art. 11. Recomenda-se às escolas e aos sistemas de ensino a consti- do setor responsável pela educação especial do respectivo sistema de
tuição de parcerias com instituições de ensino superior para a realização ensino.
de pesquisas e estudos de caso relativos ao processo de ensino e apren- § 1o As escolas de educação profissional podem realizar parcerias
dizagem de alunos com necessidades educacionais especiais, visando ao com escolas especiais, públicas ou privadas, tanto para construir compe-
aperfeiçoamento desse processo educativo. tências necessárias à inclusão de alunos em seus cursos quanto para
Art. 12. Os sistemas de ensino, nos termos da Lei 10.098/2000 e da prestar assistência técnica e convalidar cursos profissionalizantes realiza-
Lei 10.172/2001, devem assegurar a acessibilidade aos alunos que apre- dos por essas escolas especiais.
sentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de § 2o As escolas das redes de educação profissional podem avaliar e
barreiras arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, certificar competências laborais de pessoas com necessidades especiais
equipamentos e mobiliário – e nos transportes escolares, bem como de não matriculadas em seus cursos, encaminhando-as, a partir desses
barreiras nas comunicações, provendo as escolas dos recursos humanos procedimentos, para o mundo do trabalho.
e materiais necessários.
Art. 18. Cabe aos sistemas de ensino estabelecer normas para o fun-
§ 1o Para atender aos padrões mínimos estabelecidos com respeito à cionamento de suas escolas, a fim de que essas tenham as suficientes
acessibilidade, deve ser realizada a adaptação das escolas existentes e condições para elaborar seu projeto pedagógico e possam contar com
condicionada a autorização de construção e funcionamento de novas professores capacitados e especializados, conforme previsto no Artigo 59
escolas ao preenchimento dos requisitos de infra-estrutura definidos. da LDBEN e com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a For-
§ 2o Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que mação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino
apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal, e nas Diretrizes
demais educandos, a acessibilidade aos conteúdos curriculares, mediante Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
a utilização de linguagens e códigos aplicáveis, como o sistema Braille e a Básica, em nível superior, curso de licenciatura de graduação plena.
língua de sinais, sem prejuízo do aprendizado da língua portuguesa, § 1º São considerados professores capacitados para atuar em classes
facultando-lhes e às suas famílias a opção pela abordagem pedagógica comuns com alunos que apresentam necessidades educacionais especi-
que julgarem adequada, ouvidos os profissionais especializados em cada ais aqueles que comprovem que, em sua formação, de nível médio ou
caso. superior, foram incluídos conteúdos sobre educação especial adequados
Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sis- ao desenvolvimento de competências e valores para:
temas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializa- I – perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos e va-
do a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamen- lorizar a educação inclusiva;
to de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial
ou permanência prolongada em domicílio. II - flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimen-
to de modo adequado às necessidades especiais de aprendizagem;
§ 1o As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar
devem dar continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo III - avaliar continuamente a eficácia do processo educativo para o
de aprendizagem de alunos matriculados em escolas da Educação Bási- atendimento de necessidades educacionais especiais;
ca, contribuindo para seu retorno e reintegração ao grupo escolar, e IV - atuar em equipe, inclusive com professores especializados em
desenvolver currículo flexibilizado com crianças, jovens e adultos não educação especial.
matriculados no sistema educacional local, facilitando seu posterior aces-
§ 2º São considerados professores especializados em educação es-
so à escola regular.
pecial aqueles que desenvolveram competências para identificar as ne-
§ 2o Nos casos de que trata este Artigo, a certificação de frequência cessidades educacionais especiais para definir, implementar, liderar e
deve ser realizada com base no relatório elaborado pelo professor especi- apoiar a implementação de estratégias de flexibilização, adaptação curri-
alizado que atende o aluno. cular, procedimentos didáticos pedagógicos e práticas alternativas, ade-
Art. 14. Os sistemas públicos de ensino serão responsáveis pela iden- quados ao atendimentos das mesmas, bem como trabalhar em equipe,
tificação, análise, avaliação da qualidade e da idoneidade, bem como pelo assistindo o professor de classe comum nas práticas que são necessárias
credenciamento de escolas ou serviços, públicos ou privados, com os para promover a inclusão dos alunos com necessidades educacionais
quais estabelecerão convênios ou parcerias para garantir o atendimento especiais.
às necessidades educacionais especiais de seus alunos, observados os § 3º Os professores especializados em educação especial deverão
princípios da educação inclusiva. comprovar:
Art. 15. A organização e a operacionalização dos currículos escolares I - formação em cursos de licenciatura em educação especial ou em
são de competência e responsabilidade dos estabelecimentos de ensino, uma de suas áreas, preferencialmente de modo concomitante e associado
devendo constar de seus projetos pedagógicos as disposições necessá- à licenciatura para educação infantil ou para os anos iniciais do ensino
rias para o atendimento às necessidades educacionais especiais de fundamental;
alunos, respeitadas, além das diretrizes curriculares nacionais de todas as
etapas e modalidades da Educação Básica, as normas dos respectivos II - complementação de estudos ou pós-graduação em áreas específi-
sistemas de ensino. cas da educação especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas de
conhecimento, para atuação nos anos finais do ensino fundamental e no
Art. 16. É facultado às instituições de ensino, esgotadas as possibili- ensino médio;
dades pontuadas nos Artigos 24 e 26 da LDBEN, viabilizar ao aluno com
grave deficiência mental ou múltipla, que não apresentar resultados de § 4º Aos professores que já estão exercendo o magistério devem ser
escolarização previstos no Inciso I do Artigo 32 da mesma Lei, terminali- oferecidas oportunidades de formação continuada, inclusive em nível de
dade específica do ensino fundamental, por meio da certificação de con- especialização, pelas instâncias educacionais da União, dos Estados, do
clusão de escolaridade, com histórico escolar que apresente, de forma Distrito Federal e dos Municípios.
descritiva, as competências desenvolvidas pelo educando, bem como o Art. 19. As diretrizes curriculares nacionais de todas as etapas e mo-
encaminhamento devido para a educação de jovens e adultos e para a dalidades da Educação Básica estendem-se para a educação especial,
educação profissional. assim como estas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial esten-
dem-se para todas as etapas e modalidades da Educação Básica.

Conhecimentos Específicos 34

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 20. No processo de implantação destas Diretrizes pelos sistemas b) Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada
de ensino, caberá às instâncias educacionais da União, dos Estados, do pelo Estado Parte para promover a integração social ou o desenvolvimen-
Distrito Federal e dos Municípios, em regime de colaboração, o estabele- to pessoal dos portadores de deficiência, desde que a diferenciação ou
cimento de referenciais, normas complementares e políticas educacionais. preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas
Art. 21. A implementação das presentes Diretrizes Nacionais para a e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência.
Educação Especial na Educação Básica será obrigatória a partir de 2002, Nos casos em que a legislação interna preveja a declaração de interdição,
sendo facultativa no período de transição compreendido entre a publica- quando for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não consti-
ção desta Resolução e o dia 31 de dezembro de 2001. tuirá discriminação.
Art. 22. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação e ARTIGO II
revoga as disposições em contrário. Esta Convenção tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas
de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a
sua plena integração à sociedade.
CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA A ELIMINAÇÃO DE TO-
ARTIGO III
DAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS PESSOAS POR-
TADORAS DE DEFICIÊNCIA Para alcançar os objetivos desta Convenção, os Estados Partes com-
prometem-se a:
OS ESTADOS PARTES NESTA CONVENÇÃO,
l. Tomar as medidas de caráter legislativo, social, educacional, traba-
REAFIRMANDO que as pessoas portadoras de deficiência têm os
lhista, ou de qualquer outra natureza, que sejam necessárias para eliminar
mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas
a discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e proporcio-
e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a discrimi-
nar a sua plena integração à sociedade, entre as quais as medidas abaixo
nação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que
enumeradas, que não devem ser consideradas exclusivas:
são inerentes a todo ser humano;
a) medidas das autoridades governamentais e/ou entidades privadas
CONSIDERANDO que a Carta da Organização dos Estados America-
para eliminar progressivamente a discriminação e promover a integração
nos, em seu artigo 3, j, estabelece como princípio que “a justiça e a segu-
na prestação ou fornecimento de bens, serviços, instalações, programas e
rança sociais são bases de uma paz duradoura”;
atividades, tais como o emprego, o transporte, as comunicações, a habita-
PREOCUPADOS com a discriminação de que são objeto as pessoas ção, o lazer, a educação, o esporte, o acesso à justiça e aos serviços
em razão de suas deficiências; policiais e as atividades políticas e de administração;
TENDO PRESENTE o Convênio sobre a Readaptação Profissional e b) medidas para que os edifícios, os veículos e as instalações que ve-
o Emprego de Pessoas Inválidas da Organização Internacional do Traba- nham a ser construídos ou fabricados em seus respectivos territórios
lho (Convênio 159); a Declaração dos Direitos do Retardado Mental facilitem o transporte, a comunicação e o acesso das pessoas portadoras
(AG.26/2856, de 20 de dezembro de 1971); a Declaração das Nações de deficiência;
Unidas dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência (Resolução N°
c) medidas para eliminar, na medida do possível, os obstáculos arqui-
3447, de 9 de dezembro de 1975); o Programa de Ação Mundial para as
tetônicos, de transporte e comunicações que existam, com a finalidade de
Pessoas Portadoras de Deficiência, aprovado pela Assembleia Geral das
facilitar o acesso e uso por parte das pessoas portadoras de deficiência; e
Nações Unidas (Resolução 37/52, de 3 de dezembro de 1982); o Protoco-
lo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria d) medidas para assegurar que as pessoas encarregadas de aplicar
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, “Protocolo de San Salvador” esta Convenção e a legislação interna sobre esta matéria estejam capaci-
(1988); os Princípios para a Proteção dos Doentes Mentais e para a tadas a fazê-lo.
Melhoria do Atendimento de Saúde Mental (AG.46/119, de 17 de dezem- 2. Trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas:
bro de 1991); a Declaração de Caracas da Organização Pan-Americana a) prevenção de todas as formas de deficiência preveníeis;
da Saúde; a resolução sobre a situação das pessoas portadoras de defici-
ência no Continente Americano [AG/RÉS. 1249 (XXIII-0/93)]; as Normas b) detecção e intervenção precoce, tratamento, reabilitação, educa-
Uniformes sobre Igualdade de Oportunidades para as Pessoas Portadoras ção, formação ocupacional e prestação de serviços completos para garan-
de Deficiência (AG.48/96, de 20 de dezembro de 1993); a Declaração de tir o melhor nível de independência e qualidade de vida para as pessoas
Manágua, de 20 de dezembro de 1993; a Declaração de Viena e Progra- portadoras de deficiência; e
ma de Ação aprovados pela Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, c) sensibilização da população, por meio de campanhas de educação,
das Nações Unidas (157/93); a resolução sobre a situação das pessoas destinadas a eliminar preconceitos, estereótipos e outras atitudes que
portadoras de deficiência no Hemisfério Americano [AG/RÉS. 1356 (XXV- atentam contra o direito das pessoas a serem iguais, permitindo desta
0/95)] e o Compromisso do Panamá com as Pessoas Portadoras de forma o respeito e a convivência com as pessoas portadoras de deficiên-
Deficiência no Continente Americano [AG/RÉS. 1369 (XXVI-0/96)]; e cia.
COMPROMETIDOS a eliminar a discriminação, em todas suas formas ARTIGO IV
e manifestações, contra as pessoas portadoras de deficiência, Para alcançar os objetivos desta Convenção, os Estados Partes com-
CONVIERAM no seguinte: prometem-se a:
ARTIGO I 1. Cooperar entre si a fim de contribuir para a prevenção e eliminação
Para os efeitos desta Convenção, entende-se por: da discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência.
1. Deficiência 2. Colaborar de forma efetiva no seguinte:
O termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensori- a) pesquisa científica e tecnológica relacionada com a prevenção das
al, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de deficiências, o tratamento, a reabilitação e a integração na sociedade de
exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou pessoas portadoras de deficiência; e
agravada pelo ambiente econômico e social. b) desenvolvimento de meios e recursos destinados a facilitar ou pro-
2. Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência mover a vida independente, a autosuficiência e a integração total, em
condições de igualdade, à sociedade das pessoas portadoras de deficiên-
a) O termo “discriminação contra as pessoas portadoras de deficiên- cia.
cia” significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em defici-
ência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou ARTIGO V
percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou 1. Os Estados Partes promoverão, na medida em que isto for coeren-
propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por te com as suas respectivas legislações nacionais, a participação de repre-
parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e sentantes de organizações de pessoas portadoras de deficiência, de
suas liberdades fundamentais. organizações não-govemamentais que trabalham nessa área ou, se essas

Conhecimentos Específicos 35

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
organizações não existirem, de pessoas portadoras de deficiência, na 2. Para cada Estado que ratificar a Convenção ou aderir a ela depois
elaboração, execução e avaliação de medidas e políticas para aplicar esta do depósito do sexto instrumento de ratificação, a Convenção entrará em
Convenção. vigor no trigésimo dia a partir da data em que esse Estado tenha deposi-
2. Os Estados Partes criarão canais de comunicação eficazes que tado seu instrumento de ratificação ou adesão.
permitam difundir entre as organizações públicas e privadas que traba- ARTIGO XI
lham com pessoas portadoras de deficiência os avanços normativos e 1. Qualquer Estado Parte poderá formular propostas de emenda a es-
jurídicos ocorridos para a eliminação da discriminação contra as pessoas ta Convenção. As referidas propostas serão apresentadas à Secretaria-
portadoras de deficiência. Geral da OEA para distribuição aos Estados Partes.
ARTIGO VI 2. As emendas entrarão em vigor para os Estados ratifícantes das
1. Para dar acompanhamento aos compromissos assumidos nesta mesmas na data em que dois terços dos Estados Partes tenham deposi-
Convenção, será estabelecida uma Comissão para a Eliminação de Todas tado o respectivo instrumento de ratificação. No que se refere ao restante
as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, dos Estados Partes, entrarão em vigor na data em que depositarem seus
constituída por um representante designado por cada Estado Parte. respectivos instrumentos de ratificação.
2. A Comissão realizará a sua primeira reunião dentro dos 90 dias se- ARTIGO XII
guintes ao depósito do décimo primeiro instrumento de ratificação. Essa Os Estados poderão formular reservas a esta Convenção no momen-
reunião será convocada pela Secretaria-Geral da Organização dos Esta- to de ratificá-la ou a ela aderir, desde que essas reservas não sejam
dos Americanos e será realizada na sua sede, salve se um Estado Parte incompatíveis com o objetivo e propósito da Convenção e versem sobre
oferecer sede. uma ou mais disposições específicas.
3. Os Estados Partes comprometem-se, na primeira reunião, a apre- ARTIGO XIII
sentar um relatório ao Secretário-Geral da Organização para que o envie à Esta Convenção vigorará indefinidamente, mas qualquer Estado Parte
Comissão para análise e estudo. No futuro, os relatórios serão apresenta- poderá denunciá-la. O instrumento de denúncia será depositado na Secreta-
dos a cada quatro anos. ria-Geral da Organização dos Estados Americanos. Decorrido um ano a
4. Os relatórios preparados em virtude do parágrafo anterior deverão partir da data de depósito do instrumento de denúncia, a Convenção cessará
incluir as medidas que os Estados membros tiverem adotado na aplicação seus efeitos para o Estado denunciante, permanecendo em vigor para os
desta Convenção e qualquer progresso alcançado na eliminação de todas demais Estados Partes. A denúncia não eximirá o Estado Parte das obriga-
as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência. ções que lhe impõe esta Convenção com respeito a qualquer ação ou
Os relatórios também conterão toda circunstância ou dificuldade que afete omissão ocorrida antes da data em que a denúncia tiver produzido seus
o grau de cumprimento decorrente desta Convenção. efeitos.
5. A Comissão será o foro encarregado de examinar o progresso re- ARTIGO XIV
gistrado na aplicação da Convenção e de intercambiar experiências entre 1. O instrumento original desta Convenção, cujos textos em espanhol,
os Estados Partes. Os relatórios que a Comissão elaborará refletirão o francês, inglês e português são igualmente autênticos, será depositado na
debate havido e incluirão informação sobre as medidas que os Estados Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos, que enviará
Partes tenham adotado em aplicação desta Convenção, o progresso cópia autenticada de seu texto, para registro e publicação, ao Secretariado
alcançado na eliminação de todas as formas de discriminação contra as das Nações Unidas, em conformidade com o artigo 102 da Carta das
pessoas portadoras de deficiência, as circunstâncias ou dificuldades que Nações Unidas.
tenham tido na implementação da Convenção, bem como as conclusões, 2. A Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos notifi-
observações e sugestões gerais da Comissão para o cumprimento pro- cará os Estados membros dessa Organização e os Estados que tiverem
gressivo da mesma. aderido à Convenção sobre as assinaturas, os depósitos dos instrumentos
6. A Comissão elaborará o seu regulamento interno e o aprovará por de ratificação, adesão ou denúncia, bem como sobre as eventuais reser-
maioria absoluta. vas.
7. O Secretário-Geral prestará à Comissão o apoio necessário para o Declaração de Salamanca – Principal Documento dentro da Educação
cumprimento de suas funções. Especial na Década Atual. Patrocinado pela UNESCO e mais de 90 Paí-
ARTIGO VII ses em Salamanca na Espanha.
Nenhuma disposição desta Convenção será interpretada no sentido A DECLARAÇÃO DE SALAMANCA SOBRE PRINCÍPIOS, POLÍTICA
de restringir ou permitir que os Estados Partes limitem o gozo dos direitos E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
das pessoas portadoras de deficiência reconhecidos pelo Direito Interna- “ Reconvocando as várias declarações das Nações Unidas que culmi-
cional consuetudinário ou pêlos instrumentos internacionais vinculantes naram no documento das Nações Unidas “Regras Padrões sobre Equali-
para um determinado Estado Parte. zação de Oportunidades para Pessoas com Deficiências”, o qual demanda
ARTIGO VIII que os Estados assegurem que a educação de pessoas com deficiências
seja parte integrante do sistema educacional.
1. Esta Convenção estará aberta a todos os Estados membros para
sua assinatura, na cidade da Guatemala, Guatemala, em 8 de junho de Notando com satisfação um incremento no envolvimento de governos,
1999 e, a partir dessa data, permanecerá aberta à assinatura de todos os grupos de advocacia, comunidades e pais, e em particular de organiza-
Estados na sede da Organização dos Estados Americanos até sua entra- ções de pessoas com deficiências, na busca pela melhoria do acesso à
da em vigor. educação para a maioria daqueles cujas necessidades especiais ainda se
encontram desprovidas; e reconhecendo como evidência para tal envolvi-
2. Esta Convenção está sujeita a ratificação. mento a participação ativa do alto nível de representantes e de vários
3. Esta Convenção entrará em vigor para os Estados ratifícantes no governos, agências especializadas, e organizações inter-governamentais
trigésimo dia a partir da data em que tenha sido depositado o sexto ins- naquela Conferência Mundial.
trumento de ratificação de um Estado membro da Organização dos Esta- 1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial,
dos Americanos. representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assem-
ARTIGO IX bleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, rea-
Depois de entrar em vigor, esta Convenção estará aberta à adesão de firmamos o nosso compromisso para com a Educação para Todos, reco-
todos os Estados que não a tenham assinado. nhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação
para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais espe-
ARTIGO X
ciais dentro do sistema regular de ensino e re-endossamos a Estrutura de
1. Os instrumentos de ratificação e adesão serão depositados na Se- Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e
cretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos. recomendações governo e organizações sejam guiados.

Conhecimentos Específicos 36

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
2. Acreditamos e Proclamamos que: - a estimular a comunidade acadêmica no sentido de fortalecer
- toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser pesquisa, redes de trabalho e o estabelecimento de centros regionais de
dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendiza- informação e documentação e da mesma forma, a servir de exemplo em
gem, tais atividades e na disseminação dos resultados específicos e dos pro-
gressos alcançados em cada país no sentido de realizar o que almeja a
- toda criança possui características, interesses, habilidades e presente Declaração.
necessidades de aprendizagem que são únicas,
- a mobilizar FUNDOs através da criação (dentro de seu próximo
- sistemas educacionais deveriam ser designados e programas Planejamento a Médio Prazo.1996-2000) de um programa extensivo de
educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em escolas inclusivas e programas de apoio comunitário, que permitiriam o
conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, lançamento de projetos-piloto que demonstrassem novas formas de
- aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter disseminação e o desenvolvimento de indicadores de necessidade e de
acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Peda- provisão de educação especial.
gogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, 5. Por último, expressamos nosso caloroso reconhecimento ao gover-
- escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva consti- na da Espanha e à UNESCO pela organização da Conferência e deman-
tuem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias crian- damo-lhes realizarem todos os esforços no sentido de trazer esta Declara-
do-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e ção e sua relativa Estrutura de Ação da comunidade mundial, especial-
alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma mente em eventos importantes tais como o Tratado Mundial de Desenvol-
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em vimento Social ( em Kopenhagen, em 1995) e a Conferência Mundial
última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. sobre a Mulher (em Beijing, e, 1995). Adotada por aclamação na cidade
de Salamanca, Espanha, neste décimo dia de junho de 1994.
3. Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles:
ESTRUTURA DE AÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
- atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimo-
Introdução
ramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a
incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou 1. Esta Estrutura de Ação em Educação Especial foi adotada pela
dificuldades individuais. conferencia Mundial em Educação Especial organizada pelo governo da
Espanha em cooperação com a UNESCO, realizada em Salamanca entre
- adotem o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de
7 e 10 de junho de 1994. Seu objetivo é informar sobre políticas e guias
política, matriculando todas as crianças em escolas regulares, a menos
ações governamentais, de organizações internacionais ou agências naci-
que existam fortes razões para agir de outra forma.
onais de auxílio, organizações não-governamentais e outras instituições
- desenvolvam projetos de demonstração e encorajem intercâm- na implementação da Declaração de Salamanca sobre princípios, Política
bios em países que possuam experiências de escolarização inclusiva. e prática em Educação Especial. A Estrutura de Ação baseia-se fortemen-
- estabeleçam mecanismos participatórios e descentralizados pa- te na experiência dos países participantes e também nas resoluções,
ra planejamento, revisão e avaliação de provisão educacional para crian- recomendações e publicações do sistema das Nações Unidas e outras
ças e adultos com necessidades educacionais especiais. organizações inter-governamentais, especialmente o documento “Proce-
- encorajem e facilitem a participação de pais, comunidades e dimentos-Padrões na Equalização de Oportunidades para pessoas Porta-
organizações de pessoas portadoras de deficiências nos processos de doras de Deficiência . Tal Estrutura de Ação também leva em considera-
planejamento e tomada de decisão concernentes à provisão de serviços ção as propostas, direções e recomendações originadas dos cinco semi-
para necessidades educacionais especiais. nários regionais preparatórios da Conferência Mundial.
- invistam maiores esforços em estratégias de identificação e in- 2. O direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração
tervenção precoces, bem como nos aspectos vocacionais da educação Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reconfirmado pela Declara-
inclusiva. ção Mundial sobre Educação para Todos. Qualquer pessoa portadora de
- garantam que, no contexto de uma mudança sistêmica, pro- deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua
gramas de treinamento de professores, tanto em serviço como durante a educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito
formação, incluam a provisão de educação especial dentro das escolas inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriadas
inclusivas. às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças.
4. Nós também congregamos a comunidade internacional; em particu- 3. O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam
lar, nós congregamos: - governos com programas de cooperação interna- acomodar todas as crianças independentemente de suas condições
cional, agências financiadoras internacionais, especialmente as responsá- físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas
veis pela Conferência Mundial em Educação para Todos, UNESCO, deveriam incluir crianças deficientes e super-dotadas, crianças de rua e
UNICEF, UNDP e o Banco Mundial: que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade,
- a endossar a perspectiva de escolarização inclusiva e apoiar o crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e
desenvolvimento da educação especial como parte integrante de todos os crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. Tais condi-
programas educacionais; ções geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares.
- As Nações Unidas e suas agências especializadas, em particu- No contexto desta Estrutura, o termo “necessidades educacionais especi-
lar a ILO, WHO, UNESCO e UNICEF: ais” refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades
- a reforçar seus estímulos de cooperação técnica, bem como re- educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificul-
forçar suas cooperações e redes de trabalho para um apoio mais eficaz à dades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de
já expandida e integrada provisão em educação especial; aprendizagem e portanto possuem necessidades educacionais especiais
- organizações não-governamentais envolvidas na programação em algum ponto durante a sua escolarização. Escolas devem buscar
e entrega de serviço nos países; formas de educar tais crianças bem-sucedidamente, incluindo aquelas que
possuam desvantagens severas. Existe um consenso emergente de que
- a reforçar sua colaboração com as entidades oficiais nacionais
crianças e jovens com necessidades educacionais especiais devam ser
e intensificar o envolvimento crescente delas no planejamento, implemen-
incluídas em arranjos educacionais feitos para a maioria das crianças. Isto
tação e avaliação de provisão em educação especial que seja inclusiva;
levou ao conceito de escola inclusiva. O desafio que confronta a escola
- UNESCO, enquanto a agência educacional das Nações Uni- inclusiva é no que diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia
das; centrada na criança e capaz de bem-sucedidamente educar todas as
- a assegurar que educação especial faça parte de toda discus- crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens severa. O mérito
são que lide com educação para todos em vários foros; de tais escolas não reside somente no fato de que elas sejam capazes de
- a mobilizar o apoio de organizações dos profissionais de ensino prover uma educação de alta qualidade a todas as crianças: o estabeleci-
em questões relativas ao aprimoramento do treinamento de professores mento de tais escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes
no que diz respeito a necessidade educacionais especiais.
Conhecimentos Específicos 37

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de desenvolver uma educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a
sociedade inclusiva. escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da
4. Educação Especial incorpora os mais do que comprovados princí- escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser reco-
pios de uma forte pedagogia da qual todas as crianças possam se benefi- mendado somente naqueles casos infrequentes onde fique claramente
ciar. Ela assume que as diferenças humanas são normais e que, em demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender
consonância com a aprendizagem de ser adaptada às necessidades da às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam
criança, ao invés de se adaptar a criança às assunções pré-concebidas a requisitados em nome do bem-estar da criança ou de outras crianças.
respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem. Uma 9. A situação com respeito à educação especial varia enormemente
pedagogia centrada na criança é beneficial a todos os estudantes e, de um país a outro. Existem por exemplo, países que possuem sistemas
consequentemente, à sociedade como um todo. A experiência tem de- de escolas especiais fortemente estabelecidos para aqueles que possuam
monstrado que tal pedagogia pode consideravelmente reduzir a taxa de impedimentos específicos. Tais escolas especiais podem representar um
desistência e repetência escolar (que são tão características de tantos valioso recurso para o desenvolvimento de escolas inclusivas. Os profissi-
sistemas educacionais) e ao mesmo tempo garantir índices médios mais onais destas instituições especiais possuem nível de conhecimento ne-
altos de rendimento escolar. Uma pedagogia centrada na criança pode cessário à identificação precoce de crianças portadoras de deficiências.
impedir o desperdício de recursos e o enfraquecimento de esperanças, tão Escolas especiais podem servir como centro de treinamento e de recurso
frequentemente consequências de uma instrução de baixa qualidade e de para os profissionais das escolas regulares. Finalmente, escolas especiais
uma mentalidade educacional baseada na ideia de que “um tamanho ou unidades dentro das escolas inclusivas podem continuar a prover a
serve a todos”. educação mais adequada a um número relativamente pequeno de crian-
Escolas centradas na criança são além do mais a base de treino para ças portadoras de deficiências que não possam ser adequadamente
uma sociedade baseada no povo, que respeita tanto as diferenças quanto atendidas em classes ou escolas regulares. Investimentos em escolas
a dignidade de todos os seres humanos. Uma mudança de perspectiva especiais existentes deveriam ser canalizados a este novo e amplificado
social é imperativa. Por um tempo demasiadamente longo os problemas papel de prover apoio profissional às escolas regulares no sentido de
das pessoas portadoras de deficiências têm sido compostos por uma atender às necessidades educacionais especiais. Uma importante contri-
sociedade que inabilita, que tem prestado mais atenção aos impedimentos buição às escolas regulares que os profissionais das escolas especiais
do que aos potenciais de tais pessoas. podem fazer refere-se à provisão de métodos e conteúdos curriculares às
necessidades individuais dos alunos.
5. Esta Estrutura de Ação compõe-se das seguintes seções:
10. Países que possuam poucas ou nenhuma escolas especial seriam
I. Novo pensar em educação especial em geral, fortemente aconselhados a concentrar seus esforços no desen-
II. Orientações para a ação em nível nacional: volvimento de escolas inclusivas e serviços especializados - em especial,
A. Política e Organização provisão de treinamento de professores em educação especial e estabele-
B. Fatores Relativos à Escola cimento de recursos adequadamente equipados e assessorados, para os
quais as escolas pudessem se voltar quando precisassem de apoio -
C. Recrutamento e Treinamento de Educadores
deveriam tornar as escolas aptas a servir à vasta maioria de crianças e
D. Serviços Externos de Apoio jovens. A experiência, principalmente em países em desenvolvimento,
E. Áreas Prioritárias indica que o alto custo de escolas especiais significa na prática, que
F. Perspectivas Comunitárias apenas uma pequena minoria de alunos, em geral uma elite urbana, se
G. Requerimentos Relativos a Recursos beneficia delas. A vasta maioria de alunos com necessidades especiais,
especialmente nas áreas rurais, é consequentemente, desprovida de
III. Orientações para ações em níveis regionais e internacionais
serviços. De fato, em muitos países em desenvolvimento, estima-se que
6. A tendência em política social durante as duas últimas décadas tem menos de um por cento das crianças com necessidades educacionais
sido a de promover integração e participação e de combater a exclusão. especiais são incluídas na provisão existente. Além disso, a experiência
Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao desfru- sugere que escolas inclusivas, servindo a todas as crianças numa comu-
tamento e exercício dos direitos humanos. Dentro do campo da educação, nidade são mais bem sucedidas em elicitar apoio da comunidade e em
isto se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram promover achar modos imaginativos e inovadores de uso dos limitados recursos que
a genuína equalização de oportunidades. Experiências em vários países sejam disponíveis. Planejamento educacional da parte dos governos,
demonstram que a integração de crianças e jovens com necessidades portanto, deveria ser concentrado em educação para todas as pessoas,
educacionais especiais é melhor alcançada dentro de escolas inclusivas, em todas as regiões do país e em todas as condições econômicas, atra-
que servem a todas as crianças dentro da comunidade. É dentro deste vés de escolas públicas e privadas.
contexto que aqueles com necessidades educacionais especiais podem
atingir o máximo progresso educacional e integração social. Ao mesmo 11. Existem milhões de adultos com deficiências e sem acesso sequer
tempo em que escolas inclusivas proveem um ambiente favorável à aqui- aos rudimentos de uma educação básica, principalmente nas regiões em
sição de igualdade de oportunidades e participação total, o sucesso delas desenvolvimento no mundo, justamente porque no passado uma quanti-
requer um esforço claro, não somente por parte dos professores e dos dade relativamente pequena de crianças com deficiências obteve acesso
profissionais na escola, mas também por parte dos colegas, pais, famílias à educação. Portanto, um esforço concentrado é requerido no sentido de
e voluntários. A reforma das instituições sociais não constitui somente um se promover a alfabetização e o aprendizado da matemática e de habili-
tarefa técnica, ela depende, acima de tudo, de convicções, compromisso e dades básicas às pessoas portadoras de deficiências através de progra-
disposição dos indivíduos que compõem a sociedade. mas de educação de adultos. Também é importante que se reconheça
que mulheres têm frequentemente sido duplamente desavantajadas, com
7. Principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as cri- preconceitos sexuais compondo as dificuldades causadas pelas suas
anças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente deficiências. Mulheres e homens deveriam possuir a mesma influência no
de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas delineamento de programas educacionais e as mesmas oportunidades de
inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de se beneficiarem de tais. Esforços especiais deveriam ser feitos no sentido
seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e de se encorajar a participação de meninas e mulheres com deficiências
assegurando uma educação de qualidade à todos através de um currículo em programas educacionais.
apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recur-
so e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma 12. Esta estrutura pretende ser um guia geral ao planejamento de
continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo de necessida- ação em educação especial. Tal estrutura, evidentemente, não tem meios
des especiais encontradas dentro da escola. de dar conta da enorme variedade de situações encontradas nas diferen-
tes regiões e países do mundo e deve desta maneira, ser adaptada no
8. Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educa-
sentido ao requerimento e circunstâncias locais. Para que seja efetiva, ela
cionais especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para
deve ser complementada por ações nacionais, regionais e locais inspira-
assegurar uma educação efetiva. Educação inclusiva é o modo mais
dos pelo desejo político e popular de alcançar educação para todos.
eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades
Conhecimentos Específicos 38

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
II. LINHAS DE AÇÃO EM NÍVEL NACIONAL bem como o número de estudantes com necessidades educacionais
A. POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO especiais matriculados nas escolas regulares.
13. Educação integrada e reabilitação comunitária representam abor- 22. Coordenação entre autoridades educacionais e as responsáveis
dagens complementares àqueles com necessidades especiais. Ambas se pela saúde, trabalho e assistência social deveria ser fortalecida em todos
baseiam nos princípios de inclusão, integração e participação e represen- os níveis no sentido de promover convergência e complementariedade,
tam abordagens bem-testadas e financeiramente efetivas para promoção Planejamento e coordenação também deveriam levar em conta o papel
de igualdade de acesso para aqueles com necessidades educacionais real e o potencial que agências semi-públicas e organizações não-
especiais como parte de uma estratégia nacional que objetive o alcance governamentais podem ter. Um esforço especial necessita ser feito no
de educação para todos. Países são convidados a considerar as seguintes sentido de se elicitar apoio comunitário à provisão de serviços educacio-
ações concernentes a política e organização de seus sistemas educacio- nais especiais.
nais. 23. Autoridades nacionais têm a responsabilidade de monitorar finan-
ciamento externo à educação especial e trabalhando em cooperação com
14. Legislação deveria reconhecer o princípio de igualdade de oportu-
seus parceiros internacionais, assegurar que tal financiamento correspon-
nidade para crianças, jovens e adultos com deficiências na educação
da às prioridades nacionais e políticas que objetivem atingir educação
primária, secundária e terciária, sempre que possível em ambientes inte-
para todos. Agências bi-laterais e multilaterais de auxílio , por sua parte,
grados.
deveriam considerar cuidadosamente as políticas nacionais com respeito
15. Medidas Legislativas paralelas e complementares deveriam ser à educação especial no planejamento e implementação de programas em
adotadas nos campos da saúde, bem-estar social, treinamento vocacional educação e áreas relacionadas.
e trabalho no sentido de promover apoio e gerar total eficácia à legislação B. FATORES RELATIVOS À ESCOLA
educacional.
24. O desenvolvimento de escolas inclusivas que ofereçam serviços a
16. Políticas educacionais em todos os níveis, do nacional ao local, uma grande variedade de alunos em ambas as áreas rurais e urbanas
deveriam estipular que a criança portadora de deficiência deveria frequen- requer a articulação de uma política clara e forte de inclusão junto com
tar a escola de sua vizinhança: ou seja, a escola que seria frequentada provisão financeira adequada - um esforço eficaz de informação pública
caso a criança não portasse nenhuma deficiência. Exceções à esta regra para combater o preconceito e criar atitudes informadas e positivas - um
deveriam ser consideradas individualmente, caso-por-caso, em casos em programa extensivo de orientação e treinamento profissional - e a provisão
que a educação em instituição especial seja requerida. de serviços de apoio necessários. Mudanças em todos os seguintes
17. A prática de desmarginalização de crianças portadoras de defici- aspectos da escolarização, assim como em muitos outros, são necessá-
ência deveria ser parte integrante de planos nacionais que objetivem rias para a contribuição de escolas inclusivas bem-sucedidas: currículo,
atingir educação para todos. Mesmo naqueles casos excepcionais em que prédios, organização escolar, pedagogia, avaliação, pessoal, filosofia da
crianças sejam colocadas em escolas especiais, a educação dela não escola e atividades extra-curriculares.
precisa ser inteiramente segregada. Frequência em regime não-integral 25. Muitas das mudanças requeridas não se relacionam exclusiva-
nas escolas regulares deveria ser encorajada. Provisões necessárias mente à inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais.
deveriam também ser feitas no sentido de assegurar inclusão de jovens e Elas fazem parte de um reforma mais ampla da educação, necessária
adultos com necessidade especiais em educação secundária e superior para o aprimoramento da qualidade e relevância da educação, e para a
bem como em programa de treinamento. Atenção especial deveria ser promoção de níveis de rendimento escolar superiores por parte de todos
dada à garantia da igualdade de acesso e oportunidade para meninas e os estudantes. A Declaração Mundial sobre Educação para Todos enfati-
mulheres portadoras de deficiências. zou a necessidade de uma abordagem centrada na criança objetivando a
18. Atenção especial deveria ser prestada às necessidades das crian- garantia de uma escolarização bem-sucedida para todas as crianças. A
ças e jovens com deficiências múltiplas ou severas. Eles possuem os adoção de sistemas mais flexíveis e adaptativos, capazes de mais larga-
mesmos direitos que outros na comunidade, à obtenção de máxima inde- mente levar em consideração as diferentes necessidades das crianças irá
pendência na vida adulta e deveriam ser educados neste sentido, ao contribuir tanto para o sucesso educacional quanto para a inclusão. As
máximo de seus potenciais. seguintes orientações enfocam pontos a ser considerados na integração
19. Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as di- de crianças com necessidades educacionais especiais em escolas inclusi-
ferenças e situações individuais. A importância da linguagem de signos vas. Flexibilidade Curricular.
como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser 26. O currículo deveria ser adaptado às necessidades das crianças, e
reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas não vice-versa. Escolas deveriam, portanto, prover oportunidades curricu-
as pessoas surdas tenham acesso a educação em sua língua nacional de lares que sejam apropriadas a criança com habilidades e interesses
signos. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos diferentes.
e das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode ser mais adequada- 27. Crianças com necessidades especiais deveriam receber apoio ins-
mente provida em escolas especiais ou classes especiais e unidades em trucional adicional no contexto do currículo regular, e não de um currículo
escolas regulares. diferente. O princípio regulador deveria ser o de providenciar a mesma
20. Reabilitação comunitária deveria ser desenvolvida como parte de educação a todas as crianças, e também prover assistência adicional e
uma estratégia global de apoio a uma educação financeiramente efetiva e apoio às crianças que assim o requeiram.
treinamento para pessoas com necessidade educacionais especiais.
28. A aquisição de conhecimento não é somente uma questão de ins-
Reabilitação comunitária deveria ser vista como uma abordagem específi-
trução formal e teórica. O conteúdo da educação deveria ser voltado a
ca dentro do desenvolvimento da comunidade objetivando a reabilitação,
padrões superiores e às necessidades dos indivíduos com o objetivo de
equalização de oportunidades e integração social de todas as pessoas
torná-los aptos a participar totalmente no desenvolvimento. O ensino
portadoras de deficiências; deveria ser implementada através de esforços
deveria ser relacionado às experiências dos alunos e a preocupações
combinados entre as pessoas portadoras de deficiências, suas famílias e
práticas no sentido de melhor motivá-los.
comunidades e os serviços apropriados de educação, saúde, bem-estar e
vocacional. 29. Para que o progresso da criança seja acompanhado, formas de
21. Ambos os arranjos políticos e de financiamento deveriam encora- avaliação deveriam ser revistas. Avaliação formativa deveria ser incorpo-
jar e facilitar o desenvolvimento de escolas inclusivas. Barreiras que rada no processo educacional regular no sentido de manter alunos e
impeçam o fluxo de movimento da escola especial para a regular deveriam professores informados do controle da aprendizagem adquirida, bem
ser removidas e uma estrutura administrativa comum deveria ser organi- como no sentido de identificar dificuldades e auxiliar os alunos a superá-
zada. Progresso em direção à inclusão deveria ser cuidadosamente las.
monitorado através do agrupamento de estatísticas capazes de revelar o 30. Para crianças com necessidades educacionais especiais uma re-
número de estudantes portadores de deficiências que se beneficiam dos de contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a
recursos, know-how e equipamentos direcionados à educação especial ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à
aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à
Conhecimentos Específicos 39

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal de modelo para crianças portadoras de deficiências torna-se cada vez mais
apoio externo. reconhecida.
31. Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada quando neces- 39. Treinamento pré-profissional deveria fornecer a todos os estudan-
sário para aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola e para tes de pedagogia de ensino primário ou secundário, orientação positiva
ajudar na comunicação, mobilidade e aprendizagem. Auxílios técnicos frente à deficiência, desta forma desenvolvendo um entendimento daquilo
podem ser oferecidos de modo mais econômico e efetivo se eles forem que pode ser alcançado nas escolas através dos serviços de apoio dispo-
providos a partir de uma associação central em cada localidade, aonde níveis na localidade. O conhecimento e habilidades requeridas dizem
haja know-how que possibilite a conjugação de necessidades individuais e respeito principalmente à boa prática de ensino e incluem a avaliação de
assegure a manutenção. necessidades especiais, adaptação do conteúdo curricular, utilização de
32. Capacitação deveria ser originada e pesquisa deveria ser levada a tecnologia de assistência, individualização de procedimentos de ensino no
cabo em níveis nacional e regional no sentido de desenvolver sistemas sentido de abarcar uma variedade maior de habilidades, etc. Nas escolas
tecnológicos de apoio apropriados à educação especial. Estados que práticas de treinamento de professores, atenção especial deveria ser dada
tenham ratificado o Acordo de Florença deveriam ser encorajados a usar à preparação de todos os professores para que exercitem sua autonomia
tal instrumento no sentido de facilitar a livre circulação de materiais e e apliquem suas habilidades na adaptação do currículo e da instrução no
equipamentos às necessidades das pessoas com deficiências. Da mesma sentido de atender as necessidades especiais dos alunos, bem como no
forma, Estados que ainda não tenham aderido ao Acordo ficam convida- sentido de colaborar com os especialistas e cooperar com os pais.
dos a assim fazê-lo para que se facilite a livre circulação de serviços e 40. Um problema recorrente em sistemas educacionais, mesmo na-
bens de natureza educacional e cultural. queles que proveem excelentes serviços para estudantes portadores de
ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA deficiências refere-se a falta de modelos para tais estudantes. Alunos de
educação especial requerem oportunidades de interagir com adultos
33. Administradores locais e diretores de escolas podem ter um papel portadores de deficiências que tenham obtido sucesso de forma que eles
significativo quanto a fazer com que as escolas respondam mais às crian- possam ter um padrão para seus próprios estilos de vida e aspirações
ças com necessidades educacionais especiais desde de que a eles sejam com base em expectativas realistas. Além disso, alunos portadores de
fornecidos a devida autonomia e adequado treinamento para que o pos- deficiências deveriam ser treinados e providos de exemplos de atribuição
sam fazê-lo. Eles (administradores e diretores) deveriam ser convidados a de poderes e liderança à deficiência de forma que eles possam auxiliar no
desenvolver uma administração com procedimentos mais flexíveis, a modelamento de políticas que irão afetá-los futuramente. Sistemas educa-
reaplicar recursos instrucionais, a diversificar opções de aprendizagem, a cionais deveriam, portanto, basear o recrutamento de professores e outros
mobilizar auxílio individual, a oferecer apoio aos alunos experimentando educadores que podem e deveriam buscar, para a educação de crianças
dificuldades e a desenvolver relações com pais e comunidades, Uma especiais, o envolvimento de indivíduos portadores de deficiências que
administração escolar bem sucedida depende de um envolvimento ativo e sejam bem sucedidos e que provenham da mesma região.
reativo de professores e do pessoal e do desenvolvimento de cooperação
efetiva e de trabalho em grupo no sentido de atender as necessidades dos 41. As habilidades requeridas para responder as necessidades edu-
estudantes. cacionais especiais deveriam ser levadas em consideração durante a
avaliação dos estudos e da graduação de professores.
34. Diretores de escola têm a responsabilidade especial de promover
atitudes positivas através da comunidade escolar e via arranjando uma 42. Como formar prioritária, materiais escritos deveriam ser prepara-
cooperação efetiva entre professores de classe e pessoal de apoio. Arran- dos e seminários organizados para administradores locais, supervisores,
jos apropriados para o apoio e o exato papel a ser assumido pelos vários diretores e professores, no sentido de desenvolver suas capacidades de
parceiros no processo educacional deveria ser decidido através de consul- prover liderança nesta área e de aposta e treinar pessoal menos experien-
toria e negociação. te.
35. Cada escola deveria ser uma comunidade coletivamente respon- 43. O menor desafio reside na provisão de treinamento em serviço a
sável pelo sucesso ou fracasso de cada estudante. O grupo de educado- todos os professores, levando-se em consideração as variadas e frequen-
res, ao invés de professores individualmente, deveria dividir a responsabi- temente difíceis condições sob as quais eles trabalham. Treinamento em
lidade pela educação de crianças com necessidades especiais. Pais e serviço deveria sempre que possível, ser desenvolvido ao nível da escola
voluntários deveriam ser convidados assumir participação ativa no traba- e por meio de interação com treinadores e apoiado por técnicas de educa-
lho da escola. Professores, no entanto, possuem um papel fundamental ção à distância e outras técnicas auto-didáticas.
enquanto administradores do processo educacional, apoiando as crianças 44. Treinamento especializado em educação especial que leve às
através do uso de recursos disponíveis, tanto dentro como fora da sala-de- qualificações profissionais deveria normalmente ser integrado com ou
aula. precedido de treinamento e experiência como uma forma regular de
INFORMAÇÃO E PESQUISA educação de professores para que a complementariedade e a mobilidade
sejam asseguradas.
36. A disseminação de exemplos de boa prática ajudaria o aprimora-
mento do ensino e aprendizagem. Informação sobre resultados de estudos 45. O Treinamento de professores especiais necessita ser reconside-
que sejam relevantes também seria valiosa. A demonstração de experiên- rado com a intenção de se lhes habilitar a trabalhar em ambientes diferen-
cia e o desenvolvimento de centros de informação deveriam receber apoio tes e de assumir um papel-chave em programas de educação especial.
a nível nacional, e o acesso a fontes de informação deveria ser ampliado. Uma abordagem não-categorizante que embarque todos os tipos de
deficiências deveria ser desenvolvida como núcleo comum e anterior à
37. A educação especial deveria ser integrada dentro de programas especialização em uma ou mais áreas específicas de deficiência.
de instituições de pesquisa e desenvolvimento e de centros de desenvol-
vimento curricular. Atenção especial deveria ser prestada nesta área, a 46. Universidades possuem um papel majoritário no sentido de acon-
pesquisa-ação locando em estratégias inovadoras de ensino- selhamento no processo de desenvolvimento da educação especial,
aprendizagem. especialmente no que diz respeito à pesquisa, avaliação, preparação de
formadores de professores e desenvolvimento de programas e materiais
Professores deveriam participar ativamente tanto na ação quanto na de treinamento. Redes de trabalho entre universidades e instituições de
reflexão envolvidas em tais investigações. Estudos-piloto e estudos de aprendizagem superior em países desenvolvidos e em desenvolvimento
profundidade deveriam ser lançados para auxiliar tomadas de decisões e deveriam ser promovidas. A ligação entre pesquisa e treinamento neste
para prover orientação futura. Tais experimentos e estudos deveriam ser sentido é de grande significado. Também é muito importante o envolvi-
levados a cabo numa base de cooperação entre vários países. mento ativo de pessoas portadoras de deficiência em pesquisa e em
C. RECRUTAMENTO E TREINAMENTO DE EDUCADORES treinamento pata que se assegure que suas perspectivas sejam comple-
38. Preparação apropriada de todos os educadores constitui-se um fa- tamente levadas em consideração.
tor-chave na promoção de progresso no sentido do estabelecimento de D. SERVIÇOS EXTERNOS DE APOIO
escolas inclusivas. As seguintes ações poderiam ser tomadas. Além disso,
a importância do recrutamento de professores que possam servir como
Conhecimentos Específicos 40

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
47. A provisão de serviços de apoio é de fundamental importância pa- lhadores vocacionais, oficinas de trabalho, associações de profissionais,
ra o sucesso de políticas educacionais inclusivas. Para que se assegure autoridades locais e seus respectivos serviços e agências.
que, em todos os níveis, serviços externos sejam colocados à disposição EDUCAÇÃO DE MENINAS
de crianças com necessidades especiais, autoridades educacionais deve- 54. Meninas portadoras de deficiências encontram-se em dupla des-
riam considerar o seguinte: vantagem. Um esforço especial se requer no sentido de se prover treina-
48. Apoio às escolas regulares deveria ser providenciado tanto pelas mento e educação para meninas com necessidades educacionais especi-
instituições de treinamento de professores quanto pelo trabalho de campo ais. Além de ganhar acesso a escola, meninas portadoras de deficiências
dos profissionais das escolas especiais. Os últimos deveriam ser utilizados deveriam ter acesso à informação, orientação e modelos que as auxiliem a
cada vez mais como centros de recursos para as escolas regulares, fazer escolhas realistas e as preparem para desempenharem seus futuros
oferecendo apoio direto aquelas crianças com necessidades educacionais papéis enquanto mulheres adultas.
especiais. Tanto as instituições de treinamento como as escolas especiais EDUCAÇÃO DE ADULTOS E ESTUDOS POSTERIORES
podem prover o acesso a materiais e equipamentos, bem como o treina-
55. Pessoas portadoras de deficiências deveriam receber atenção es-
mento em estratégias de instrução que não sejam oferecidas nas escolas
pecial quanto ao desenvolvimento e implementação de programas de
regulares.
educação de adultos e de estudos posteriores. Pessoas portadoras de
49. O apoio externo do pessoal de recurso de várias agências, depar- deficiências deveriam receber prioridade de acesso à tais programas.
tamentos e instituições, tais como professor-consultor, psicólogos escola- Cursos especiais também poderiam ser desenvolvidos no sentido de
res, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, etc.., deveria ser coorde- atenderem às necessidades e condições de diferentes grupos de adultos
nado em nível local. O agrupamento de escolas tem comprovadamente se portadores de deficiência.
constituído numa estratégia útil na mobilização de recursos educacionais F. PERSPECTIVAS COMUNITÁRIAS
bem como no envolvimento da comunidade. Grupos de escolas poderiam
ser coletivamente responsáveis pela provisão de serviços a alunos com 56. A realização do objetivo de uma educação bem- sucedida de cri-
necessidades educacionais especiais em suas áreas e (a tais grupos de anças com necessidades educacionais especiais não constitui tarefa
escolas) poderia ser dado o espaço necessário para alocarem os recursos somente dos Ministérios de Educação e das escolas. Ela requer a coope-
conforme o requerido. Tais arranjos também deveriam envolver serviços ração das famílias e a mobilização das comunidades e de organizações
não educacionais. De fato, a experiência sugere que serviços educacio- voluntárias, assim como o apoio do público em geral. A experiência provi-
nais se beneficiariam significativamente caso maiores esforços fossem da por países ou áreas que têm testemunhado progresso na equalização
feitos para assegurar o ótimo uso de todo o conhecimento e recursos de oportunidades educacionais para crianças portadoras de deficiência
disponíveis. sugere uma série de lições úteis.
PARCERIA COM OS PAIS
E. ÁREAS PRIORITÁRIAS
57. A educação de crianças com necessidades educacionais especi-
50. A integração de crianças e jovens com necessidades educacio- ais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude
nais especiais seria mais efetiva e bem-sucedida se consideração especial positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais
fosse dada a planos de desenvolvimento educacional nas seguintes áreas: necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de
educação infantil, para garantir a educabilidade de todas as crianças: uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais
transição da educação para a vida adulta do trabalho e educação de deveria ser aprimorado através da provisão de informação necessária em
meninas. linguagem clara e simples; ou enfoque na urgência de informação e de
EDUCAÇÃO INFANTIL treinamento em habilidades paternas constitui uma tarefa importante em
51. O sucesso de escolas inclusivas depende em muito da identifica- culturas aonde a tradição de escolarização seja pouca.
ção precoce, avaliação e estimulação de crianças pré- escolares com 58. Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne as ne-
necessidades educacionais especiais. Assistência infantil e programas cessidades especiais de suas crianças, e desta maneira eles deveriam, o
educacionais para crianças até a idade de 6 anos deveriam ser desenvol- máximo possível, ter a chance de poder escolher o tipo de provisão edu-
vidos e/ou reorientados no sentido de promover o desenvolvimento físico, cacional que eles desejam para suas crianças.
intelectual e social e a prontidão para a escolarização. Tais programas 59. Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores esco-
possuem um grande valor econômico para o indivíduo, a família e a socie- lares, professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam ser
dade na prevenção do agravamento de condições que inabilitam a crian- considerados enquanto parceiros ativos nos processos de tomada de
ça. Programas neste nível deveriam reconhecer o princípio da inclusão e decisão. Pais deveriam ser encorajados a participar em atividades educa-
ser desenvolvidos de uma maneira abrangente, através da combinação de cionais em casa e na escola (aonde eles poderiam observar técnicas
atividades pré-escolares e saúde infantil. efetivas e aprender como organizar atividades extra-curriculares), bem
52. Vários países têm adotado políticas em favor da educação infantil, como na supervisão e apoio à aprendizagem de suas crianças.
tanto através do apoio no desenvolvimento de jardins de infância e pré- 60. Governos deveriam tomar a liderança na promoção de parceria
escolas, como pela organização de informação às famílias e de atividades com os pais, através tanto de declarações políticas quanto legais no que
de conscientização em colaboração com serviços comunitários (saúde, concerne aos direitos paternos. O desenvolvimento de associações de
cuidados maternos e infantis) com escolas e com associações locais de pais deveria ser promovida e seus representante envolvidos no delinea-
famílias ou de mulheres. mento e implementação de programas que visem o aprimoramento da
PREPARAÇÃO PARA A VIDA ADULTA educação de seus filhos. Organizações de pessoas portadoras de defici-
53. Jovens com necessidades educacionais especiais deveriam ser ências também deveriam ser consultadas no que diz respeito ao delinea-
auxiliados no sentido de realizarem uma transição efetiva da escola para o mento e implementação de programas.
trabalho. Escolas deveriam auxiliá-los a se tornarem economicamente ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE
ativos e provê-los com as habilidades necessárias ao cotidiano da vida,
61. A descentralização e o planejamento local favorecem um maior
oferecendo treinamento em habilidades que correspondam às demandas
envolvimento de comunidades na educação e treinamento de pessoas
sociais e de comunicação e às expectativas da vida adulta. Isto implica em
com necessidades educacionais especiais. Administradores locais deveri-
tecnologias adequadas de treinamento, incluindo experiências diretas em
am encorajar a participação da comunidade através da garantia de apoio
situações da vida real, fora da escola. O currículo para estudantes mais
às associações representativas e convidando-as a tomarem parte no
maduros e com necessidades educacionais especiais deveria incluir
processo de tomada de decisões. Com este objetivo em vista, mobilizando
programas específicos de transição, apoio de entrada para a educação
e monitorando mecanismos formados pela administração civil local, pelas
superior sempre que possível e consequente treinamento vocacional que
autoridades de desenvolvimento educacional e de saúde, líderes comuni-
os prepare a funcionar independentemente enquanto membros contribuin-
tários e organizações voluntárias deveriam estar estabelecidos em áreas
tes em suas comunidades e após o término da escolarização. Tais ativi-
geográficas suficientemente pequenas para assegurar uma participação
dades deveria ser levadas a cabo com o envolvimento ativo de aconse-
comunitária significativa.

Conhecimentos Específicos 41

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
62. O envolvimento comunitário deveria ser buscado no sentido de 70. Recursos também devem ser alocados no sentido de apoiar servi-
suplementar atividades na escola, de prover auxílio na concretização de ços de treinamento de professores regulares de provisão de centros de
deveres-de-casa e de compensar a falta de apoio familiar. Neste sentido, recursos, de professores especiais ou professores-recursos. Ajuda técnica
o papel das associações de bairro deveria ser mencionado no sentido de apropriada para assegurar a operação bem-sucedida de um sistema
que tais forneçam espaços disponíveis, como também o papel das associ- educacional integrador, também deve ser providenciada. Abordagens
ações de famílias, de clubes e movimentos de jovens, e o papel potencial integradoras deveriam, portanto, estar ligadas ao desenvolvimento de
das pessoas idosas e outros voluntários incluindo pessoas portadoras de serviços de apoio em níveis nacional e local.
deficiências em programas tanto dentro como fora da escola. 71. Um modo efetivo de maximizar o impacto refere-se a união de re-
63. Sempre que ação de reabilitação comunitária seja provida por ini- cursos humanos institucionais, logísticos, materiais e financeiros dos
ciativa externa, cabe à comunidade decidir se o programa se tornará parte vários departamentos ministeriais (Educação, Saúde, Bem- Estar-Social,
das atividades de desenvolvimento da comunidade. Aos vários parceiros Trabalho, Juventude, etc.), das autoridades locais e territoriais e de outras
na comunidade, incluindo organizações de pessoas portadoras de defici- instituições especializadas. A combinação de uma abordagem tanto social
ência e outras organizações não-governamentais deveria ser dada a quanto educacional no que se refere à educação especial requerirá estru-
devida autonomia para se tornarem responsáveis pelo programa. Sempre turas de gerenciamento efetivas que capacitem os vários serviços a coo-
que apropriado, agências governamentais em níveis nacional e local perar tanto em nível local quanto em nível nacional e que permitam que
também deveriam prestar apoio. autoridades públicas e corporações juntem esforços.
O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES VOLUNTÁRIAS III. ORIENTAÇÕES PARA AÇÕES EM NÍVEIS REGIONAIS E IN-
64. Uma vez que organizações voluntárias e não- governamentais TERNACIONAIS
possuem maior liberdade para agir e podem responder mais prontamente 72. Cooperação internacional entre organizações governamentais e
às necessidades expressas, elas deveriam ser apoiadas no desenvolvi- não-governamentais, regionais e inter-regionais, podem ter um papel
mento de novas ideias e no trabalho pioneiro de inovação de métodos de muito importante no apoio ao movimento frente a escolas inclusivas. Com
entrega de serviços. Tais organizações podem desempenhar o papel base em experiências anteriores nesta área, organizações internacionais,
fundamental de inovadores e catalizadores e expandir a variedade de inter-governamentais e não-governamentais, bem como agências doado-
programas disponíveis à comunidade. ras bilaterais, poderiam considerar a união de seus esforços na implemen-
65. Organizações de pessoas portadoras de deficiências - ou seja, tação das seguintes abordagens estratégicas.
aquelas que possuam influência decisiva deveriam ser convidadas a tomar 73. Assistência técnica deveria ser direcionada a áreas estratégicas
parte ativa na identificação de necessidades, expressando sua opinião a de intervenção com um efeito multiplicador, especialmente em países em
respeito de prioridades, administrando serviços, avaliando desempenho e desenvolvimento. Uma tarefa importante para a cooperação internacional
defendendo mudanças. reside no apoio no lançamento de projetos-piloto que objetivem testar
CONSCIENTIZAÇÃO PÚBLICA abordagens e originar capacitação.
66. Políticos em todos os níveis, incluindo o nível da escola, deveriam 74. A organização de parcerias regionais ou de parcerias entre países
regularmente reafirmar seu compromisso para com a inclusão e promover com abordagens semelhantes no tocante à educação especial poderia
atitudes positivas entre as crianças, professores e público em geral, no resultar no planejamento de atividades conjuntas sob os auspícios de
que diz respeito aos que possuem necessidades educacionais especiais. mecanismos de cooperação regional ou sub-regional. Tais atividades
deveriam ser delineadas com vistas a levar vantagens sobre as economi-
67. A mídia possui um papel fundamental na promoção de atitudes as da escala, a basear-se na experiência de países participantes, e a
positivas frente a integração de pessoas portadoras de deficiência na aprimorar o desenvolvimento das capacidades nacionais.
sociedade. Superando preconceitos e má informação, e difundindo um
maior otimismo e imaginação sobre as capacidades das pessoas portado- 75. Uma missão prioritária das organizações internacionais e facilita-
ras de deficiência. A mídia também pode promover atitudes positivas em ção do intercâmbio de dados e a informação e resultados de programas-
empregadores com relação ao emprego de pessoas portadoras de defici- piloto em educação especial entre países e regiões. O colecionamento de
ência. A mídia deveria acostumar-se a informar o público a respeito de indicadores de progresso que sejam comparáveis a respeito de educação
novas abordagens em educação, particularmente no que diz respeito à inclusiva e de emprego deveria se tornar parte de um banco mundial de
provisão em educação especial nas escolas regulares, através da popula- dados sobre educação. Pontos de enfoque podem ser estabelecidos em
rização de exemplos de boa prática e experiências bem-sucedidas. centros sub-regionais para que se facilite o intercâmbio de informações.
As estruturas existentes em nível regional e internacional deveriam ser
fortalecidas e suas atividades estendidas a campos tais como política,
G. REQUERIMENTOS RELATIVOS A RECURSOS programação, treinamento de pessoal e avaliação.
68. O desenvolvimento de escolas inclusivas como o modo mais efeti- 76. Uma alta percentagem de deficiência constitui resultado direto da
vo de atingir a educação para todos deve ser reconhecido como uma falta de informação, pobreza e baixos padrões de saúde. À medida que o
política governamental chave e dado o devido privilégio na pauta de prevalecimento de deficiências em termos do mundo em geral aumenta
desenvolvimento da nação. É somente desta maneira que os recursos em número, particularmente nos países em desenvolvimento, deveria
adequados podem ser obtidos. Mudanças nas políticas e prioridades haver uma ação conjunta internacional em estreita colaboração com
podem acabar sendo inefetivas a menos que um mínimo de recursos esforços nacionais, no sentido de se prevenir as causas de deficiências
requeridos seja providenciado. O compromisso político é necessário, tanto através da educação a qual, por, sua vez, reduziria a incidência e o preva-
a nível nacional como comunitário. Para que se obtenha recursos adicio- lecimento de deficiências, portanto, reduzindo ainda mais as demandas
nais e para que se re-empregue os recursos já existentes. Ao mesmo sobre os limitados recursos humanos e financeiros de dados países.
tempo em que as comunidades devem desempenhar o papel-chave de 77. Assistências técnica e internacional à educação especial derivam-
desenvolver escolas inclusivas, apoio e encorajamento aos governos se de variadas fontes. Portanto, torna-se essencial que se garanta coe-
também são essenciais ao desenvolvimento efetivo de soluções viáveis. rência e complementaridade entre organizações do sistema das Nações
69. A distribuição de recursos às escolas deveria realistamente levar Unidas e outras agências que prestam assistência nesta área.
em consideração as diferenças em gastos no sentido de se prover educa- 78. Cooperação internacional deveria fornecer apoio a seminários de
ção apropriada para todas as crianças que possuem habilidades diferen- treinamento avançado para administradores e outros especialistas em
tes. Um começo realista poderia ser o de apoiar aquelas escolas que nível regional e reforçar a cooperação entre universidades e instituições
desejam promover uma educação inclusiva e o lançamento de projetos- de treinamento em países diferentes para a condução de estudos compa-
piloto em algumas áreas com vistas a adquirir o conhecimento necessário rativos bem como para a publicação de referências documentárias e de
para a expansão e generalização progressivas. No processo de generali- materiais instrutivos.
zação da educação inclusiva, o nível de suporte e de especialização
deverá corresponder à natureza da demanda. 79. A Cooperação internacional deveria auxiliar no desenvolvimento
de associações regionais e internacionais de profissionais envolvidos com

Conhecimentos Específicos 42

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
o aperfeiçoamento da educação especial e deveria apoiar a criação e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de opor-
disseminação de folhetins e publicações, bem como a organização de tunidades com as demais pessoas,
conferências e encontros regionais. f) Reconhecendo a importância dos princípios e das diretrizes de polí-
80. Encontros regionais e internacionais englobando questões relati- tica, contidos no Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes
vas à educação deveriam garantir que necessidades educacionais especi- e nas Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com
ais fossem incluídas como parte integrante do debate, e não somente Deficiência, para influenciar a promoção, a formulação e a avaliação de
como uma questão em separado. Como modo de exemplo concreto, a políticas, planos, programas e ações em níveis nacional, regional e inter-
questão da educação especial deveria fazer parte da pauta de conferência nacional para possibilitar maior igualdade de oportunidades para pessoas
ministeriais regionais organizadas pela UNESCO e por outras agências com deficiência,
inter-governamentais. g) Ressaltando a importância de trazer questões relativas à deficiên-
cia ao centro das preocupações da sociedade como parte integrante das
81. Cooperação internacional técnica e agências de financiamento estratégias relevantes de desenvolvimento sustentável,
envolvidas em iniciativas de apoio e desenvolvimento da Educação para h) Reconhecendo também que a discriminação contra qualquer pes-
Todos deveriam assegurar que a educação especial seja uma parte soa, por motivo de deficiência, configura violação da dignidade e do valor
integrante de todos os projetos em desenvolvimento. inerentes ao ser humano,
82. Coordenação internacional deveria existir no sentido de apoiar es- i) Reconhecendo ainda a diversidade das pessoas com deficiência,
pecificações de acessibilidade universal da tecnologia da comunicação j) Reconhecendo a necessidade de promover e proteger os direitos
subjacente à estrutura emergente da informação. humanos de todas as pessoas com deficiência, inclusive daquelas que
83. Esta Estrutura de Ação foi aprovada por aclamação após discus- requerem maior apoio,
são e emenda na sessão Plenária da Conferência de 10 de junho de 1994. k) Preocupados com o fato de que, não obstante esses diversos ins-
Ela tem o objetivo de guiar os Estados Membros e organizações gover- trumentos e compromissos, as pessoas com deficiência continuam a
namentais e não-governamentais na implementação da Declaração de enfrentar barreiras contra sua participação como membros iguais da
Salamanca sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial. sociedade e violações de seus direitos humanos em todas as partes do
mundo,
Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de
l) Reconhecendo a importância da cooperação internacional para me-
Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências, A/RES/48/96,
lhorar as condições de vida das pessoas com deficiência em todos os
Resolução das Nações Unidas adotada em Assembleia Geral.
países, particularmente naqueles em desenvolvimento,
m) Reconhecendo as valiosas contribuições existentes e potenciais
Convenção sobre os direitos das das pessoas com deficiência ao bem-estar comum e à diversidade de
pessoas com deficiência/ ONU. suas comunidades, e que a promoção do pleno exercício, pelas pessoas
com deficiência, de seus direitos humanos e liberdades fundamentais e de
DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009. sua plena participação na sociedade resultará no fortalecimento de seu
Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas senso de pertencimento à sociedade e no significativo avanço do desen-
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em volvimento humano, social e econômico da sociedade, bem como na
30 de março de 2007. erradicação da pobreza,
Art. 1o A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e n) Reconhecendo a importância, para as pessoas com deficiência, de
seu Protocolo Facultativo, apensos por cópia ao presente Decreto, serão sua autonomia e independência individuais, inclusive da liberdade para
executados e cumpridos tão inteiramente como neles se contém. fazer as próprias escolhas,
Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer o) Considerando que as pessoas com deficiência devem ter a oportu-
atos que possam resultar em revisão dos referidos diplomas internacionais nidade de participar ativamente das decisões relativas a programas e
ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio políticas, inclusive aos que lhes dizem respeito diretamente,
nacional, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição. p) Preocupados com as difíceis situações enfrentadas por pessoas
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. com deficiência que estão sujeitas a formas múltiplas ou agravadas de
discriminação por causa de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICI- políticas ou de outra natureza, origem nacional, étnica, nativa ou social,
ÊNCIA propriedade, nascimento, idade ou outra condição,
Preâmbulo q) Reconhecendo que mulheres e meninas com deficiência estão fre-
Os Estados Partes da presente Convenção, quentemente expostas a maiores riscos, tanto no lar como fora dele, de
a) Relembrando os princípios consagrados na Carta das Nações Uni- sofrer violência, lesões ou abuso, descaso ou tratamento negligente,
das, que reconhecem a dignidade e o valor inerentes e os direitos iguais e maus-tratos ou exploração,
inalienáveis de todos os membros da família humana como o fundamento r) Reconhecendo que as crianças com deficiência devem gozar ple-
da liberdade, da justiça e da paz no mundo, namente de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais em
b) Reconhecendo que as Nações Unidas, na Declaração Universal igualdade de oportunidades com as outras crianças e relembrando as
dos Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais sobre Direitos Huma- obrigações assumidas com esse fim pelos Estados Partes na Convenção
nos, proclamaram e concordaram que toda pessoa faz jus a todos os sobre os Direitos da Criança,
direitos e liberdades ali estabelecidos, sem distinção de qualquer espécie, s) Ressaltando a necessidade de incorporar a perspectiva de gênero
c) Reafirmando a universalidade, a indivisibilidade, a interdependência aos esforços para promover o pleno exercício dos direitos humanos e
e a inter-relação de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, liberdades fundamentais por parte das pessoas com deficiência,
bem como a necessidade de garantir que todas as pessoas com deficiên- t) Salientando o fato de que a maioria das pessoas com deficiência vi-
cia os exerçam plenamente, sem discriminação, ve em condições de pobreza e, nesse sentido, reconhecendo a necessi-
d) Relembrando o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais dade crítica de lidar com o impacto negativo da pobreza sobre pessoas
e Culturais, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a Convenção com deficiência,
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação u) Tendo em mente que as condições de paz e segurança baseadas
Racial, a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discrimina- no pleno respeito aos propósitos e princípios consagrados na Carta das
ção contra a Mulher, a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Nações Unidas e a observância dos instrumentos de direitos humanos são
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, a Convenção sobre os Direitos indispensáveis para a total proteção das pessoas com deficiência, particu-
da Criança e a Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de larmente durante conflitos armados e ocupação estrangeira,
Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias, v) Reconhecendo a importância da acessibilidade aos meios físico,
e) Reconhecendo que a deficiência é um conceito em evolução e que social, econômico e cultural, à saúde, à educação e à informação e comu-
a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as nicação, para possibilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo de
barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e todos os direitos humanos e liberdades fundamentais,

Conhecimentos Específicos 43

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
w) Conscientes de que a pessoa tem deveres para com outras pesso- h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças
as e para com a comunidade a que pertence e que, portanto, tem a res- com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar
ponsabilidade de esforçar-se para a promoção e a observância dos direi- sua identidade.
tos reconhecidos na Carta Internacional dos Direitos Humanos, Artigo 4
x) Convencidos de que a família é o núcleo natural e fundamental da Obrigações gerais
sociedade e tem o direito de receber a proteção da sociedade e do Estado 1.Os Estados Partes se comprometem a assegurar e promover o ple-
e de que as pessoas com deficiência e seus familiares devem receber a no exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
proteção e a assistência necessárias para tornar as famílias capazes de todas as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por
contribuir para o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com causa de sua deficiência. Para tanto, os Estados Partes se comprometem
deficiência, a:
y) Convencidos de que uma convenção internacional geral e integral a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer
para promover e proteger os direitos e a dignidade das pessoas com outra natureza, necessárias para a realização dos direitos reconhecidos
deficiência prestará significativa contribuição para corrigir as profundas na presente Convenção;
desvantagens sociais das pessoas com deficiência e para promover sua b) Adotar todas as medidas necessárias, inclusive legislativas, para
participação na vida econômica, social e cultural, em igualdade de oportu- modificar ou revogar leis, regulamentos, costumes e práticas vigentes, que
nidades, tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos, constituírem discriminação contra pessoas com deficiência;
Acordaram o seguinte: c) Levar em conta, em todos os programas e políticas, a proteção e a
Artigo 1 promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência;
Propósito d) Abster-se de participar em qualquer ato ou prática incompatível
O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar com a presente Convenção e assegurar que as autoridades públicas e
o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades instituições atuem em conformidade com a presente Convenção;
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito e) Tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação
pela sua dignidade inerente. baseada em deficiência, por parte de qualquer pessoa, organização ou
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo empresa privada;
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em f) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento de produtos,
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e serviços, equipamentos e instalações com desenho universal, conforme
efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pesso- definidos no Artigo 2 da presente Convenção, que exijam o mínimo possí-
as. vel de adaptação e cujo custo seja o mínimo possível, destinados a aten-
Artigo 2 der às necessidades específicas de pessoas com deficiência, a promover
Definições sua disponibilidade e seu uso e a promover o desenho universal quando
Para os propósitos da presente Convenção: da elaboração de normas e diretrizes;
“Comunicação” abrange as línguas, a visualização de textos, o braille, g) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento, bem como
a comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia a disponibilidade e o emprego de novas tecnologias, inclusive as tecnolo-
acessível, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas gias da informação e comunicação, ajudas técnicas para locomoção,
auditivos e os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos dispositivos e tecnologias assistivas, adequados a pessoas com deficiên-
aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a tecnologia da cia, dando prioridade a tecnologias de custo acessível;
informação e comunicação acessíveis; h) Propiciar informação acessível para as pessoas com deficiência a
“Língua” abrange as línguas faladas e de sinais e outras formas de respeito de ajudas técnicas para locomoção, dispositivos e tecnologias
comunicação não-falada; assistivas, incluindo novas tecnologias bem como outras formas de assis-
“Discriminação por motivo de deficiência” significa qualquer diferenci- tência, serviços de apoio e instalações;
ação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o propósito ou i) Promover a capacitação em relação aos direitos reconhecidos pela
efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou o presente Convenção dos profissionais e equipes que trabalham com
exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de pessoas com deficiência, de forma a melhorar a prestação de assistência
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos âmbitos político, e serviços garantidos por esses direitos.
econômico, social, cultural, civil ou qualquer outro. Abrange todas as 2.Em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, cada Esta-
formas de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável; do Parte se compromete a tomar medidas, tanto quanto permitirem os
“Adaptação razoável” significa as modificações e os ajustes necessá- recursos disponíveis e, quando necessário, no âmbito da cooperação
rios e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, internacional, a fim de assegurar progressivamente o pleno exercício
quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com desses direitos, sem prejuízo das obrigações contidas na presente Con-
deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com venção que forem imediatamente aplicáveis de acordo com o direito
as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; internacional.
“Desenho universal” significa a concepção de produtos, ambientes, 3.Na elaboração e implementação de legislação e políticas para apli-
programas e serviços a serem usados, na maior medida possível, por car a presente Convenção e em outros processos de tomada de decisão
todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. relativos às pessoas com deficiência, os Estados Partes realizarão consul-
O “desenho universal” não excluirá as ajudas técnicas para grupos especí- tas estreitas e envolverão ativamente pessoas com deficiência, inclusive
ficos de pessoas com deficiência, quando necessárias. crianças com deficiência, por intermédio de suas organizações representa-
Artigo 3 tivas.
Princípios gerais 4.Nenhum dispositivo da presente Convenção afetará quaisquer dis-
Os princípios da presente Convenção são: posições mais propícias à realização dos direitos das pessoas com defici-
a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusi- ência, as quais possam estar contidas na legislação do Estado Parte ou
ve a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das no direito internacional em vigor para esse Estado. Não haverá nenhuma
pessoas; restrição ou derrogação de qualquer dos direitos humanos e liberdades
b) A não-discriminação; fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado Parte da
c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; presente Convenção, em conformidade com leis, convenções, regulamen-
d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com defici- tos ou costumes, sob a alegação de que a presente Convenção não
ência como parte da diversidade humana e da humanidade; reconhece tais direitos e liberdades ou que os reconhece em menor grau.
e) A igualdade de oportunidades; 5.As disposições da presente Convenção se aplicam, sem limitação
f) A acessibilidade; ou exceção, a todas as unidades constitutivas dos Estados federativos.
g) A igualdade entre o homem e a mulher; Artigo 5
Igualdade e não-discriminação

Conhecimentos Específicos 44

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
1.Os Estados Partes reconhecem que todas as pessoas são iguais Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pes-
perante e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual soas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as
proteção e igual benefício da lei. demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunica-
2.Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação baseada na de- ção, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação,
ficiência e garantirão às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso
legal contra a discriminação por qualquer motivo. público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão
3.A fim de promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Esta- a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade,
dos Partes adotarão todas as medidas apropriadas para garantir que a serão aplicadas, entre outros, a:
adaptação razoável seja oferecida. a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações inter-
4.Nos termos da presente Convenção, as medidas específicas que fo- nas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e local
rem necessárias para acelerar ou alcançar a efetiva igualdade das pesso- de trabalho;
as com deficiência não serão consideradas discriminatórias. b) Informações, comunicações e outros serviços, inclusive serviços
Artigo 6 eletrônicos e serviços de emergência.
Mulheres com deficiência 2.Os Estados Partes também tomarão medidas apropriadas para:
1.Os Estados Partes reconhecem que as mulheres e meninas com a) Desenvolver, promulgar e monitorar a implementação de normas e
deficiência estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação e, portanto, diretrizes mínimas para a acessibilidade das instalações e dos serviços
tomarão medidas para assegurar às mulheres e meninas com deficiência abertos ao público ou de uso público;
o pleno e igual exercício de todos os direitos humanos e liberdades fun- b) Assegurar que as entidades privadas que oferecem instalações e
damentais. serviços abertos ao público ou de uso público levem em consideração
2.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para as- todos os aspectos relativos à acessibilidade para pessoas com deficiência;
segurar o pleno desenvolvimento, o avanço e o empoderamento das c) Proporcionar, a todos os atores envolvidos, formação em relação
mulheres, a fim de garantir-lhes o exercício e o gozo dos direitos humanos às questões de acessibilidade com as quais as pessoas com deficiência
e liberdades fundamentais estabelecidos na presente Convenção. se confrontam;
Artigo 7 d) Dotar os edifícios e outras instalações abertas ao público ou de uso pú-
Crianças com deficiência blico de sinalização em braille e em formatos de fácil leitura e compreensão;
1.Os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias para as- e) Oferecer formas de assistência humana ou animal e serviços de
segurar às crianças com deficiência o pleno exercício de todos os direitos mediadores, incluindo guias, ledores e intérpretes profissionais da língua
humanos e liberdades fundamentais, em igualdade de oportunidades com de sinais, para facilitar o acesso aos edifícios e outras instalações abertas
as demais crianças. ao público ou de uso público;
2.Em todas as ações relativas às crianças com deficiência, o superior f) Promover outras formas apropriadas de assistência e apoio a pes-
interesse da criança receberá consideração primordial. soas com deficiência, a fim de assegurar a essas pessoas o acesso a
3.Os Estados Partes assegurarão que as crianças com deficiência te- informações;
nham o direito de expressar livremente sua opinião sobre todos os assun- g) Promover o acesso de pessoas com deficiência a novos sistemas e
tos que lhes disserem respeito, tenham a sua opinião devidamente valori- tecnologias da informação e comunicação, inclusive à Internet;
zada de acordo com sua idade e maturidade, em igualdade de oportuni- h) Promover, desde a fase inicial, a concepção, o desenvolvimento, a
dades com as demais crianças, e recebam atendimento adequado à sua produção e a disseminação de sistemas e tecnologias de informação e
deficiência e idade, para que possam exercer tal direito. comunicação, a fim de que esses sistemas e tecnologias se tornem aces-
Artigo 8 síveis a custo mínimo.
Conscientização Artigo 10
1.Os Estados Partes se comprometem a adotar medidas imediatas, Direito à vida
efetivas e apropriadas para: Os Estados Partes reafirmam que todo ser humano tem o inerente di-
a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famílias, sobre as reito à vida e tomarão todas as medidas necessárias para assegurar o
condições das pessoas com deficiência e fomentar o respeito pelos direi- efetivo exercício desse direito pelas pessoas com deficiência, em igualda-
tos e pela dignidade das pessoas com deficiência; de de oportunidades com as demais pessoas.
b) Combater estereótipos, preconceitos e práticas nocivas em relação Artigo 11
a pessoas com deficiência, inclusive aqueles relacionados a sexo e idade, Situações de risco e emergências humanitárias
em todas as áreas da vida; Em conformidade com suas obrigações decorrentes do direito inter-
c) Promover a conscientização sobre as capacidades e contribuições nacional, inclusive do direito humanitário internacional e do direito interna-
das pessoas com deficiência. cional dos direitos humanos, os Estados Partes tomarão todas as medidas
2.As medidas para esse fim incluem: necessárias para assegurar a proteção e a segurança das pessoas com
a) Lançar e dar continuidade a efetivas campanhas de conscientiza- deficiência que se encontrarem em situações de risco, inclusive situações
ção públicas, destinadas a: de conflito armado, emergências humanitárias e ocorrência de desastres
i) Favorecer atitude receptiva em relação aos direitos das pessoas naturais.
com deficiência; Artigo 12
ii) Promover percepção positiva e maior consciência social em relação Reconhecimento igual perante a lei
às pessoas com deficiência; 1.Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com deficiência têm o
iii) Promover o reconhecimento das habilidades, dos méritos e das direito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas perante a lei.
capacidades das pessoas com deficiência e de sua contribuição ao local 2.Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com deficiência
de trabalho e ao mercado laboral; gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais
b) Fomentar em todos os níveis do sistema educacional, incluindo ne- pessoas em todos os aspectos da vida.
les todas as crianças desde tenra idade, uma atitude de respeito para com 3.Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para prover o
os direitos das pessoas com deficiência; acesso de pessoas com deficiência ao apoio que necessitarem no exercí-
c) Incentivar todos os órgãos da mídia a retratar as pessoas com defi- cio de sua capacidade legal.
ciência de maneira compatível com o propósito da presente Convenção; 4.Os Estados Partes assegurarão que todas as medidas relativas ao
d) Promover programas de formação sobre sensibilização a respeito exercício da capacidade legal incluam salvaguardas apropriadas e efetivas
das pessoas com deficiência e sobre os direitos das pessoas com defici- para prevenir abusos, em conformidade com o direito internacional dos
ência. direitos humanos. Essas salvaguardas assegurarão que as medidas
Artigo 9 relativas ao exercício da capacidade legal respeitem os direitos, a vontade
Acessibilidade e as preferências da pessoa, sejam isentas de conflito de interesses e de
1.A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma in- influência indevida, sejam proporcionais e apropriadas às circunstâncias
dependente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os da pessoa, se apliquem pelo período mais curto possível e sejam subme-

Conhecimentos Específicos 45

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
tidas à revisão regular por uma autoridade ou órgão judiciário competente, ção, violência ou abuso. Tais recuperação e reinserção ocorrerão em
independente e imparcial. As salvaguardas serão proporcionais ao grau ambientes que promovam a saúde, o bem-estar, o auto-respeito, a digni-
em que tais medidas afetarem os direitos e interesses da pessoa. dade e a autonomia da pessoa e levem em consideração as necessidades
5.Os Estados Partes, sujeitos ao disposto neste Artigo, tomarão todas de gênero e idade.
as medidas apropriadas e efetivas para assegurar às pessoas com defici- 5.Os Estados Partes adotarão leis e políticas efetivas, inclusive legis-
ência o igual direito de possuir ou herdar bens, de controlar as próprias lação e políticas voltadas para mulheres e crianças, a fim de assegurar
finanças e de ter igual acesso a empréstimos bancários, hipotecas e que os casos de exploração, violência e abuso contra pessoas com defici-
outras formas de crédito financeiro, e assegurarão que as pessoas com ência sejam identificados, investigados e, caso necessário, julgados.
deficiência não sejam arbitrariamente destituídas de seus bens. Artigo 17
Artigo 13 Proteção da integridade da pessoa
Acesso à justiça Toda pessoa com deficiência tem o direito a que sua integridade física
1.Os Estados Partes assegurarão o efetivo acesso das pessoas com e mental seja respeitada, em igualdade de condições com as demais
deficiência à justiça, em igualdade de condições com as demais pessoas, pessoas.
inclusive mediante a provisão de adaptações processuais adequadas à Artigo 18
idade, a fim de facilitar o efetivo papel das pessoas com deficiência como Liberdade de movimentação e nacionalidade
participantes diretos ou indiretos, inclusive como testemunhas, em todos 1.Os Estados Partes reconhecerão os direitos das pessoas com defi-
os procedimentos jurídicos, tais como investigações e outras etapas ciência à liberdade de movimentação, à liberdade de escolher sua resi-
preliminares. dência e à nacionalidade, em igualdade de oportunidades com as demais
2.A fim de assegurar às pessoas com deficiência o efetivo acesso à pessoas, inclusive assegurando que as pessoas com deficiência:
justiça, os Estados Partes promoverão a capacitação apropriada daqueles a) Tenham o direito de adquirir nacionalidade e mudar de nacionali-
que trabalham na área de administração da justiça, inclusive a polícia e os dade e não sejam privadas arbitrariamente de sua nacionalidade em razão
funcionários do sistema penitenciário. de sua deficiência.
Artigo 14 b) Não sejam privadas, por causa de sua deficiência, da competência
Liberdade e segurança da pessoa de obter, possuir e utilizar documento comprovante de sua nacionalidade
1.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência, ou outro documento de identidade, ou de recorrer a processos relevantes,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas: tais como procedimentos relativos à imigração, que forem necessários
a) Gozem do direito à liberdade e à segurança da pessoa; e para facilitar o exercício de seu direito à liberdade de movimentação.
b) Não sejam privadas ilegal ou arbitrariamente de sua liberdade e c) Tenham liberdade de sair de qualquer país, inclusive do seu; e
que toda privação de liberdade esteja em conformidade com a lei, e que a d) Não sejam privadas, arbitrariamente ou por causa de sua deficiên-
existência de deficiência não justifique a privação de liberdade. cia, do direito de entrar no próprio país.
2.Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com deficiência fo- 2.As crianças com deficiência serão registradas imediatamente após o
rem privadas de liberdade mediante algum processo, elas, em igualdade nascimento e terão, desde o nascimento, o direito a um nome, o direito de
de oportunidades com as demais pessoas, façam jus a garantias de adquirir nacionalidade e, tanto quanto possível, o direito de conhecer seus
acordo com o direito internacional dos direitos humanos e sejam tratadas pais e de ser cuidadas por eles.
em conformidade com os objetivos e princípios da presente Convenção, Artigo 19
inclusive mediante a provisão de adaptação razoável. Vida independente e inclusão na comunidade
Artigo 15 Os Estados Partes desta Convenção reconhecem o igual direito de
Prevenção contra tortura ou tratamentos ou penas cruéis, todas as pessoas com deficiência de viver na comunidade, com a mesma
desumanos ou degradantes liberdade de escolha que as demais pessoas, e tomarão medidas efetivas
1.Nenhuma pessoa será submetida à tortura ou a tratamentos ou pe- e apropriadas para facilitar às pessoas com deficiência o pleno gozo
nas cruéis, desumanos ou degradantes. Em especial, nenhuma pessoa desse direito e sua plena inclusão e participação na comunidade, inclusive
deverá ser sujeita a experimentos médicos ou científicos sem seu livre assegurando que:
consentimento. a) As pessoas com deficiência possam escolher seu local de residên-
2.Os Estados Partes tomarão todas as medidas efetivas de natureza cia e onde e com quem morar, em igualdade de oportunidades com as
legislativa, administrativa, judicial ou outra para evitar que pessoas com demais pessoas, e que não sejam obrigadas a viver em determinado tipo
deficiência, do mesmo modo que as demais pessoas, sejam submetidas à de moradia;
tortura ou a tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. b) As pessoas com deficiência tenham acesso a uma variedade de
Artigo 16 serviços de apoio em domicílio ou em instituições residenciais ou a outros
Prevenção contra a exploração, a violência e o abuso serviços comunitários de apoio, inclusive os serviços de atendentes pes-
1.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas de natu- soais que forem necessários como apoio para que as pessoas com defici-
reza legislativa, administrativa, social, educacional e outras para proteger ência vivam e sejam incluídas na comunidade e para evitar que fiquem
as pessoas com deficiência, tanto dentro como fora do lar, contra todas as isoladas ou segregadas da comunidade;
formas de exploração, violência e abuso, incluindo aspectos relacionados c) Os serviços e instalações da comunidade para a população em ge-
a gênero. ral estejam disponíveis às pessoas com deficiência, em igualdade de
2.Os Estados Partes também tomarão todas as medidas apropriadas oportunidades, e atendam às suas necessidades.
para prevenir todas as formas de exploração, violência e abuso, asseguran- Artigo 20
do, entre outras coisas, formas apropriadas de atendimento e apoio que Mobilidade pessoal
levem em conta o gênero e a idade das pessoas com deficiência e de seus Os Estados Partes tomarão medidas efetivas para assegurar às pes-
familiares e atendentes, inclusive mediante a provisão de informação e soas com deficiência sua mobilidade pessoal com a máxima independên-
educação sobre a maneira de evitar, reconhecer e denunciar casos de cia possível:
exploração, violência e abuso. Os Estados Partes assegurarão que os a) Facilitando a mobilidade pessoal das pessoas com deficiência, na
serviços de proteção levem em conta a idade, o gênero e a deficiência das forma e no momento em que elas quiserem, e a custo acessível;
pessoas. b) Facilitando às pessoas com deficiência o acesso a tecnologias as-
3.A fim de prevenir a ocorrência de quaisquer formas de exploração, sistivas, dispositivos e ajudas técnicas de qualidade, e formas de assis-
violência e abuso, os Estados Partes assegurarão que todos os progra- tência humana ou animal e de mediadores, inclusive tornando-os disponí-
mas e instalações destinados a atender pessoas com deficiência sejam veis a custo acessível;
efetivamente monitorados por autoridades independentes. c) Propiciando às pessoas com deficiência e ao pessoal especializado
4.Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para uma capacitação em técnicas de mobilidade;
promover a recuperação física, cognitiva e psicológica, inclusive mediante d) Incentivando entidades que produzem ajudas técnicas de mobilida-
a provisão de serviços de proteção, a reabilitação e a reinserção social de de, dispositivos e tecnologias assistivas a levarem em conta todos os
pessoas com deficiência que forem vítimas de qualquer forma de explora- aspectos relativos à mobilidade de pessoas com deficiência.

Conhecimentos Específicos 46

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Artigo 21 5.Os Estados Partes, no caso em que a família imediata de uma cri-
Liberdade de expressão e de opinião e acesso à informação ança com deficiência não tenha condições de cuidar da criança, farão todo
Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para asse- esforço para que cuidados alternativos sejam oferecidos por outros paren-
gurar que as pessoas com deficiência possam exercer seu direito à liber- tes e, se isso não for possível, dentro de ambiente familiar, na comunida-
dade de expressão e opinião, inclusive à liberdade de buscar, receber e de.
compartilhar informações e ideias, em igualdade de oportunidades com as Artigo 24
demais pessoas e por intermédio de todas as formas de comunicação de Educação
sua escolha, conforme o disposto no Artigo 2 da presente Convenção, 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiên-
entre as quais: cia à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base
a) Fornecer, prontamente e sem custo adicional, às pessoas com de- na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema
ficiência, todas as informações destinadas ao público em geral, em forma- educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao
tos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiên- longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
cia; a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dig-
b) Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o uso de línguas de sinais, nidade e auto-estima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos
braille, comunicação aumentativa e alternativa, e de todos os demais humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade humana;
meios, modos e formatos acessíveis de comunicação, à escolha das b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talen-
pessoas com deficiência; tos e da criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas
c) Urgir as entidades privadas que oferecem serviços ao público em habilidades físicas e intelectuais;
geral, inclusive por meio da Internet, a fornecer informações e serviços em c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma socie-
formatos acessíveis, que possam ser usados por pessoas com deficiência; dade livre.
d) Incentivar a mídia, inclusive os provedores de informação pela In- 2.Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que:
ternet, a tornar seus serviços acessíveis a pessoas com deficiência; a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema edu-
e) Reconhecer e promover o uso de línguas de sinais. cacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com defici-
Artigo 22 ência não sejam excluídas do ensino primário gratuito e compulsório ou do
Respeito à privacidade ensino secundário, sob alegação de deficiência;
1.Nenhuma pessoa com deficiência, qualquer que seja seu local de b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário
residência ou tipo de moradia, estará sujeita a interferência arbitrária ou inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade
ilegal em sua privacidade, família, lar, correspondência ou outros tipos de de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem;
comunicação, nem a ataques ilícitos à sua honra e reputação. As pessoas c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais
com deficiência têm o direito à proteção da lei contra tais interferências ou sejam providenciadas;
ataques. d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito
2.Os Estados Partes protegerão a privacidade dos dados pessoais e do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;
dados relativos à saúde e à reabilitação de pessoas com deficiência, em e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em
igualdade de condições com as demais pessoas. ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de
Artigo 23 acordo com a meta de inclusão plena.
Respeito pelo lar e pela família 3.Os Estados Partes assegurarão às pessoas com deficiência a pos-
1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e apropriadas para sibilidade de adquirir as competências práticas e sociais necessárias de
eliminar a discriminação contra pessoas com deficiência, em todos os modo a facilitar às pessoas com deficiência sua plena e igual participação
aspectos relativos a casamento, família, paternidade e relacionamentos, no sistema de ensino e na vida em comunidade. Para tanto, os Estados
em igualdade de condições com as demais pessoas, de modo a assegurar Partes tomarão medidas apropriadas, incluindo:
que: a) Facilitação do aprendizado do braille, escrita alternativa, modos,
a) Seja reconhecido o direito das pessoas com deficiência, em idade meios e formatos de comunicação aumentativa e alternativa, e habilidades
de contrair matrimônio, de casar-se e estabelecer família, com base no de orientação e mobilidade, além de facilitação do apoio e aconselhamen-
livre e pleno consentimento dos pretendentes; to de pares;
b) Sejam reconhecidos os direitos das pessoas com deficiência de b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da iden-
decidir livre e responsavelmente sobre o número de filhos e o espaçamen- tidade linguística da comunidade surda;
to entre esses filhos e de ter acesso a informações adequadas à idade e a c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular crianças
educação em matéria de reprodução e de planejamento familiar, bem cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e
como os meios necessários para exercer esses direitos. meios de comunicação mais adequados ao indivíduo e em ambientes que
c) As pessoas com deficiência, inclusive crianças, conservem sua fer- favoreçam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social.
tilidade, em igualdade de condições com as demais pessoas. 4.A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes
2.Os Estados Partes assegurarão os direitos e responsabilidades das tomarão medidas apropriadas para empregar professores, inclusive pro-
pessoas com deficiência, relativos à guarda, custódia, curatela e adoção fessores com deficiência, habilitados para o ensino da língua de sinais
de crianças ou instituições semelhantes, caso esses conceitos constem na e/ou do braille, e para capacitar profissionais e equipes atuantes em todos
legislação nacional. Em todos os casos, prevalecerá o superior interesse os níveis de ensino. Essa capacitação incorporará a conscientização da
da criança. Os Estados Partes prestarão a devida assistência às pessoas deficiência e a utilização de modos, meios e formatos apropriados de
com deficiência para que essas pessoas possam exercer suas responsa- comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas e materiais pedagógi-
bilidades na criação dos filhos. cos, como apoios para pessoas com deficiência.
3.Os Estados Partes assegurarão que as crianças com deficiência te- 5.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência
rão iguais direitos em relação à vida familiar. Para a realização desses possam ter acesso ao ensino superior em geral, treinamento profissional
direitos e para evitar ocultação, abandono, negligência e segregação de de acordo com sua vocação, educação para adultos e formação continua-
crianças com deficiência, os Estados Partes fornecerão prontamente da, sem discriminação e em igualdade de condições. Para tanto, os Esta-
informações abrangentes sobre serviços e apoios a crianças com defici- dos Partes assegurarão a provisão de adaptações razoáveis para pessoas
ência e suas famílias. com deficiência.
4.Os Estados Partes assegurarão que uma criança não será separada Artigo 25
de seus pais contra a vontade destes, exceto quando autoridades compe- Saúde
tentes, sujeitas a controle jurisdicional, determinarem, em conformidade Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com deficiência têm
com as leis e procedimentos aplicáveis, que a separação é necessária, no o direito de gozar do estado de saúde mais elevado possível, sem discri-
superior interesse da criança. Em nenhum caso, uma criança será sepa- minação baseada na deficiência. Os Estados Partes tomarão todas as
rada dos pais sob alegação de deficiência da criança ou de um ou ambos medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso
os pais.

Conhecimentos Específicos 47

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
a serviços de saúde, incluindo os serviços de reabilitação, que levarão em de igual valor, condições seguras e salubres de trabalho, além de repara-
conta as especificidades de gênero. Em especial, os Estados Partes: ção de injustiças e proteção contra o assédio no trabalho;
a) Oferecerão às pessoas com deficiência programas e atenção à sa- c) Assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seus di-
úde gratuitos ou a custos acessíveis da mesma variedade, qualidade e reitos trabalhistas e sindicais, em condições de igualdade com as demais
padrão que são oferecidos às demais pessoas, inclusive na área de saúde pessoas;
sexual e reprodutiva e de programas de saúde pública destinados à popu- d) Possibilitar às pessoas com deficiência o acesso efetivo a progra-
lação em geral; mas de orientação técnica e profissional e a serviços de colocação no
b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com deficiência ne- trabalho e de treinamento profissional e continuado;
cessitam especificamente por causa de sua deficiência, inclusive diagnós- e) Promover oportunidades de emprego e ascensão profissional para
tico e intervenção precoces, bem como serviços projetados para reduzir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, bem como assistência
ao máximo e prevenir deficiências adicionais, inclusive entre crianças e na procura, obtenção e manutenção do emprego e no retorno ao emprego;
idosos; f) Promover oportunidades de trabalho autônomo, empreendedorismo,
c) Propiciarão esses serviços de saúde às pessoas com deficiência, o desenvolvimento de cooperativas e estabelecimento de negócio próprio;
mais próximo possível de suas comunidades, inclusive na zona rural; g) Empregar pessoas com deficiência no setor público;
d) Exigirão dos profissionais de saúde que dispensem às pessoas h) Promover o emprego de pessoas com deficiência no setor privado,
com deficiência a mesma qualidade de serviços dispensada às demais mediante políticas e medidas apropriadas, que poderão incluir programas
pessoas e, principalmente, que obtenham o consentimento livre e esclare- de ação afirmativa, incentivos e outras medidas;
cido das pessoas com deficiência concernentes. Para esse fim, os Esta- i) Assegurar que adaptações razoáveis sejam feitas para pessoas
dos Partes realizarão atividades de formação e definirão regras éticas com deficiência no local de trabalho;
para os setores de saúde público e privado, de modo a conscientizar os j) Promover a aquisição de experiência de trabalho por pessoas com
profissionais de saúde acerca dos direitos humanos, da dignidade, auto- deficiência no mercado aberto de trabalho;
nomia e das necessidades das pessoas com deficiência; k) Promover reabilitação profissional, manutenção do emprego e pro-
e) Proibirão a discriminação contra pessoas com deficiência na provi- gramas de retorno ao trabalho para pessoas com deficiência.
são de seguro de saúde e seguro de vida, caso tais seguros sejam permi- 2.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência
tidos pela legislação nacional, os quais deverão ser providos de maneira não serão mantidas em escravidão ou servidão e que serão protegidas,
razoável e justa; em igualdade de condições com as demais pessoas, contra o trabalho
f) Prevenirão que se negue, de maneira discriminatória, os serviços de forçado ou compulsório.
saúde ou de atenção à saúde ou a administração de alimentos sólidos ou Artigo 28
líquidos por motivo de deficiência. Padrão de vida e proteção social adequados
Artigo 26 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiên-
Habilitação e reabilitação cia a um padrão adequado de vida para si e para suas famílias, inclusive
1.Os Estados Partes tomarão medidas efetivas e apropriadas, inclusi- alimentação, vestuário e moradia adequados, bem como à melhoria
ve mediante apoio dos pares, para possibilitar que as pessoas com defici- contínua de suas condições de vida, e tomarão as providências necessá-
ência conquistem e conservem o máximo de autonomia e plena capacida- rias para salvaguardar e promover a realização desse direito sem discri-
de física, mental, social e profissional, bem como plena inclusão e partici- minação baseada na deficiência.
pação em todos os aspectos da vida. Para tanto, os Estados Partes orga- 2.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiên-
nizarão, fortalecerão e ampliarão serviços e programas completos de cia à proteção social e ao exercício desse direito sem discriminação
habilitação e reabilitação, particularmente nas áreas de saúde, emprego, baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropriadas para salva-
educação e serviços sociais, de modo que esses serviços e programas: guardar e promover a realização desse direito, tais como:
a) Comecem no estágio mais precoce possível e sejam baseados em a) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a serviços de
avaliação multidisciplinar das necessidades e pontos fortes de cada pes- saneamento básico e assegurar o acesso aos serviços, dispositivos e
soa; outros atendimentos apropriados para as necessidades relacionadas com
b) Apóiem a participação e a inclusão na comunidade e em todos os a deficiência;
aspectos da vida social, sejam oferecidos voluntariamente e estejam b) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência, particularmente
disponíveis às pessoas com deficiência o mais próximo possível de suas mulheres, crianças e idosos com deficiência, a programas de proteção
comunidades, inclusive na zona rural. social e de redução da pobreza;
2.Os Estados Partes promoverão o desenvolvimento da capacitação c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e suas famílias em
inicial e continuada de profissionais e de equipes que atuam nos serviços situação de pobreza à assistência do Estado em relação a seus gastos
de habilitação e reabilitação. ocasionados pela deficiência, inclusive treinamento adequado, aconse-
3.Os Estados Partes promoverão a disponibilidade, o conhecimento e lhamento, ajuda financeira e cuidados de repouso;
o uso de dispositivos e tecnologias assistivas, projetados para pessoas d) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência a programas habi-
com deficiência e relacionados com a habilitação e a reabilitação. tacionais públicos;
Artigo 27 e) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a programas e
Trabalho e emprego benefícios de aposentadoria.
1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiên- Artigo 29
cia ao trabalho, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Participação na vida política e pública
Esse direito abrange o direito à oportunidade de se manter com um traba- Os Estados Partes garantirão às pessoas com deficiência direitos po-
lho de sua livre escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de líticos e oportunidade de exercê-los em condições de igualdade com as
trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência. demais pessoas, e deverão:
Os Estados Partes salvaguardarão e promoverão a realização do direito a) Assegurar que as pessoas com deficiência possam participar efeti-
ao trabalho, inclusive daqueles que tiverem adquirido uma deficiência no va e plenamente na vida política e pública, em igualdade de oportunidades
emprego, adotando medidas apropriadas, incluídas na legislação, com o com as demais pessoas, diretamente ou por meio de representantes
fim de, entre outros: livremente escolhidos, incluindo o direito e a oportunidade de votarem e
a) Proibir a discriminação baseada na deficiência com respeito a to- serem votadas, mediante, entre outros:
das as questões relacionadas com as formas de emprego, inclusive condi- i) Garantia de que os procedimentos, instalações e materiais e equi-
ções de recrutamento, contratação e admissão, permanência no emprego, pamentos para votação serão apropriados, acessíveis e de fácil compre-
ascensão profissional e condições seguras e salubres de trabalho; ensão e uso;
b) Proteger os direitos das pessoas com deficiência, em condições de ii) Proteção do direito das pessoas com deficiência ao voto secreto em
igualdade com as demais pessoas, às condições justas e favoráveis de eleições e plebiscitos, sem intimidação, e a candidatar-se nas eleições,
trabalho, incluindo iguais oportunidades e igual remuneração por trabalho efetivamente ocupar cargos eletivos e desempenhar quaisquer funções

Conhecimentos Específicos 48

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
públicas em todos os níveis de governo, usando novas tecnologias assisti- b) Observar as normas internacionalmente aceitas para proteger os
vas, quando apropriado; direitos humanos, as liberdades fundamentais e os princípios éticos na
iii) Garantia da livre expressão de vontade das pessoas com deficiên- coleta de dados e utilização de estatísticas.
cia como eleitores e, para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, 2.As informações coletadas de acordo com o disposto neste Artigo se-
permissão para que elas sejam auxiliadas na votação por uma pessoa de rão desagregadas, de maneira apropriada, e utilizadas para avaliar o
sua escolha; cumprimento, por parte dos Estados Partes, de suas obrigações na pre-
b) Promover ativamente um ambiente em que as pessoas com defici- sente Convenção e para identificar e enfrentar as barreiras com as quais
ência possam participar efetiva e plenamente na condução das questões as pessoas com deficiência se deparam no exercício de seus direitos.
públicas, sem discriminação e em igualdade de oportunidades com as 3.Os Estados Partes assumirão responsabilidade pela disseminação
demais pessoas, e encorajar sua participação nas questões públicas, das referidas estatísticas e assegurarão que elas sejam acessíveis às
mediante: pessoas com deficiência e a outros.
i) Participação em organizações não-governamentais relacionadas Artigo 32
com a vida pública e política do país, bem como em atividades e adminis- Cooperação internacional
tração de partidos políticos; 1.Os Estados Partes reconhecem a importância da cooperação inter-
ii) Formação de organizações para representar pessoas com deficiên- nacional e de sua promoção, em apoio aos esforços nacionais para a
cia em níveis internacional, regional, nacional e local, bem como a filiação consecução do propósito e dos objetivos da presente Convenção e, sob
de pessoas com deficiência a tais organizações. este aspecto, adotarão medidas apropriadas e efetivas entre os Estados e,
Artigo 30 de maneira adequada, em parceria com organizações internacionais e
Participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte regionais relevantes e com a sociedade civil e, em particular, com organi-
1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiên- zações de pessoas com deficiência. Estas medidas poderão incluir, entre
cia de participar na vida cultural, em igualdade de oportunidades com as outras:
demais pessoas, e tomarão todas as medidas apropriadas para que as a) Assegurar que a cooperação internacional, incluindo os programas
pessoas com deficiência possam: internacionais de desenvolvimento, sejam inclusivos e acessíveis para
a) Ter acesso a bens culturais em formatos acessíveis; pessoas com deficiência;
b) Ter acesso a programas de televisão, cinema, teatro e outras ativi- b) Facilitar e apoiar a capacitação, inclusive por meio do intercâmbio e
dades culturais, em formatos acessíveis; e compartilhamento de informações, experiências, programas de treinamen-
c) Ter acesso a locais que ofereçam serviços ou eventos culturais, to e melhores práticas;
tais como teatros, museus, cinemas, bibliotecas e serviços turísticos, bem c) Facilitar a cooperação em pesquisa e o acesso a conhecimentos
como, tanto quanto possível, ter acesso a monumentos e locais de impor- científicos e técnicos;
tância cultural nacional. d) Propiciar, de maneira apropriada, assistência técnica e financeira,
2.Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para que as pes- inclusive mediante facilitação do acesso a tecnologias assistivas e acessí-
soas com deficiência tenham a oportunidade de desenvolver e utilizar seu veis e seu compartilhamento, bem como por meio de transferência de
potencial criativo, artístico e intelectual, não somente em benefício próprio, tecnologias.
mas também para o enriquecimento da sociedade. 2.O disposto neste Artigo se aplica sem prejuízo das obrigações que
3.Os Estados Partes deverão tomar todas as providências, em con- cabem a cada Estado Parte em decorrência da presente Convenção.
formidade com o direito internacional, para assegurar que a legislação de Artigo 33
proteção dos direitos de propriedade intelectual não constitua barreira Implementação e monitoramento nacionais
excessiva ou discriminatória ao acesso de pessoas com deficiência a bens 1.Os Estados Partes, de acordo com seu sistema organizacional, de-
culturais. signarão um ou mais de um ponto focal no âmbito do Governo para assun-
4.As pessoas com deficiência farão jus, em igualdade de oportunida- tos relacionados com a implementação da presente Convenção e darão a
des com as demais pessoas, a que sua identidade cultural e linguística devida consideração ao estabelecimento ou designação de um mecanis-
específica seja reconhecida e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a mo de coordenação no âmbito do Governo, a fim de facilitar ações correla-
cultura surda. tas nos diferentes setores e níveis.
5.Para que as pessoas com deficiência participem, em igualdade de 2.Os Estados Partes, em conformidade com seus sistemas jurídico e
oportunidades com as demais pessoas, de atividades recreativas, esporti- administrativo, manterão, fortalecerão, designarão ou estabelecerão estrutu-
vas e de lazer, os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para: ra, incluindo um ou mais de um mecanismo independente, de maneira
a) Incentivar e promover a maior participação possível das pessoas apropriada, para promover, proteger e monitorar a implementação da pre-
com deficiência nas atividades esportivas comuns em todos os níveis; sente Convenção. Ao designar ou estabelecer tal mecanismo, os Estados
b) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham a oportunidade Partes levarão em conta os princípios relativos ao status e funcionamento
de organizar, desenvolver e participar em atividades esportivas e recreati- das instituições nacionais de proteção e promoção dos direitos humanos.
vas específicas às deficiências e, para tanto, incentivar a provisão de 3.A sociedade civil e, particularmente, as pessoas com deficiência e
instrução, treinamento e recursos adequados, em igualdade de oportuni- suas organizações representativas serão envolvidas e participarão plena-
dades com as demais pessoas; mente no processo de monitoramento.
c) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham acesso a locais Artigo 34
de eventos esportivos, recreativos e turísticos; Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
d) Assegurar que as crianças com deficiência possam, em igualdade 1.Um Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (dora-
de condições com as demais crianças, participar de jogos e atividades vante denominado "Comitê") será estabelecido, para desempenhar as
recreativas, esportivas e de lazer, inclusive no sistema escolar; funções aqui definidas.
e) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham acesso aos ser- 2.O Comitê será constituído, quando da entrada em vigor da presente
viços prestados por pessoas ou entidades envolvidas na organização de Convenção, de 12 peritos. Quando a presente Convenção alcançar 60
atividades recreativas, turísticas, esportivas e de lazer. ratificações ou adesões, o Comitê será acrescido em seis membros,
Artigo 31 perfazendo o total de 18 membros.
Estatísticas e coleta de dados 3.Os membros do Comitê atuarão a título pessoal e apresentarão ele-
1.Os Estados Partes coletarão dados apropriados, inclusive estatísti- vada postura moral, competência e experiência reconhecidas no campo
cos e de pesquisas, para que possam formular e implementar políticas abrangido pela presente Convenção. Ao designar seus candidatos, os
destinadas a por em prática a presente Convenção. O processo de coleta Estados Partes são instados a dar a devida consideração ao disposto no
e manutenção de tais dados deverá: Artigo 4.3 da presente Convenção.
a) Observar as salvaguardas estabelecidas por lei, inclusive pelas leis 4.Os membros do Comitê serão eleitos pelos Estados Partes, obser-
relativas à proteção de dados, a fim de assegurar a confidencialidade e o vando-se uma distribuição geográfica equitativa, representação de diferen-
respeito pela privacidade das pessoas com deficiência; tes formas de civilização e dos principais sistemas jurídicos, representa-
ção equilibrada de gênero e participação de peritos com deficiência.

Conhecimentos Específicos 49

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
5.Os membros do Comitê serão eleitos por votação secreta em ses- 2.Se um Estado Parte atrasar consideravelmente a entrega de seu re-
sões da Conferência dos Estados Partes, a partir de uma lista de pessoas latório, o Comitê poderá notificar esse Estado de que examinará a aplica-
designadas pelos Estados Partes entre seus nacionais. Nessas sessões, ção da presente Convenção com base em informações confiáveis de que
cujo quorum será de dois terços dos Estados Partes, os candidatos eleitos disponha, a menos que o relatório devido seja apresentado pelo Estado
para o Comitê serão aqueles que obtiverem o maior número de votos e a dentro do período de três meses após a notificação. O Comitê convidará o
maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Partes pre- Estado Parte interessado a participar desse exame. Se o Estado Parte
sentes e votantes. responder entregando seu relatório, aplicar-se-á o disposto no parágrafo 1
6.A primeira eleição será realizada, o mais tardar, até seis meses do presente artigo.
após a data de entrada em vigor da presente Convenção. Pelo menos 3.O Secretário-Geral das Nações Unidas colocará os relatórios à dis-
quatro meses antes de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações posição de todos os Estados Partes.
Unidas dirigirá carta aos Estados Partes, convidando-os a submeter os 4.Os Estados Partes tornarão seus relatórios amplamente disponíveis
nomes de seus candidatos no prazo de dois meses. O Secretário-Geral, ao público em seus países e facilitarão o acesso à possibilidade de suges-
subsequentemente, preparará lista em ordem alfabética de todos os tões e de recomendações gerais a respeito desses relatórios.
candidatos apresentados, indicando que foram designados pelos Estados 5.O Comitê transmitirá às agências, fundos e programas especializa-
Partes, e submeterá essa lista aos Estados Partes da presente Conven- dos das Nações Unidas e a outras organizações competentes, da maneira
ção. que julgar apropriada, os relatórios dos Estados Partes que contenham
7.Os membros do Comitê serão eleitos para mandato de quatro anos, demandas ou indicações de necessidade de consultoria ou de assistência
podendo ser candidatos à reeleição uma única vez. Contudo, o mandato técnica, acompanhados de eventuais observações e sugestões do Comitê
de seis dos membros eleitos na primeira eleição expirará ao fim de dois em relação às referidas demandas ou indicações, a fim de que possam
anos; imediatamente após a primeira eleição, os nomes desses seis ser consideradas.
membros serão selecionados por sorteio pelo presidente da sessão a que Artigo 37
se refere o parágrafo 5 deste Artigo. Cooperação entre os Estados Partes e o Comitê
8.A eleição dos seis membros adicionais do Comitê será realizada por 1.Cada Estado Parte cooperará com o Comitê e auxiliará seus mem-
ocasião das eleições regulares, de acordo com as disposições pertinentes bros no desempenho de seu mandato.
deste Artigo. 2.Em suas relações com os Estados Partes, o Comitê dará a devida
9.Em caso de morte, demissão ou declaração de um membro de que, consideração aos meios e modos de aprimorar a capacidade de cada
por algum motivo, não poderá continuar a exercer suas funções, o Estado Estado Parte para a implementação da presente Convenção, inclusive
Parte que o tiver indicado designará um outro perito que tenha as qualifi- mediante cooperação internacional.
cações e satisfaça aos requisitos estabelecidos pelos dispositivos perti- Artigo 38
nentes deste Artigo, para concluir o mandato em questão. Relações do Comitê com outros órgãos
10.O Comitê estabelecerá suas próprias normas de procedimento. A fim de promover a efetiva implementação da presente Convenção e
11.O Secretário-Geral das Nações Unidas proverá o pessoal e as ins- de incentivar a cooperação internacional na esfera abrangida pela presen-
talações necessários para o efetivo desempenho das funções do Comitê te Convenção:
segundo a presente Convenção e convocará sua primeira reunião. a) As agências especializadas e outros órgãos das Nações Unidas te-
12.Com a aprovação da Assembleia Geral, os membros do Comitê rão o direito de se fazer representar quando da consideração da imple-
estabelecido sob a presente Convenção receberão emolumentos dos mentação de disposições da presente Convenção que disserem respeito
recursos das Nações Unidas, sob termos e condições que a Assembleia aos seus respectivos mandatos. O Comitê poderá convidar as agências
possa decidir, tendo em vista a importância das responsabilidades do especializadas e outros órgãos competentes, segundo julgar apropriado, a
Comitê. oferecer consultoria de peritos sobre a implementação da Convenção em
13.Os membros do Comitê terão direito aos privilégios, facilidades e áreas pertinentes a seus respectivos mandatos. O Comitê poderá convidar
imunidades dos peritos em missões das Nações Unidas, em conformidade agências especializadas e outros órgãos das Nações Unidas a apresentar
com as disposições pertinentes da Convenção sobre Privilégios e Imuni- relatórios sobre a implementação da Convenção em áreas pertinentes às
dades das Nações Unidas. suas respectivas atividades;
Artigo 35 b) No desempenho de seu mandato, o Comitê consultará, de maneira
Relatórios dos Estados Partes apropriada, outros órgãos pertinentes instituídos ao amparo de tratados
1.Cada Estado Parte, por intermédio do Secretário-Geral das Nações internacionais de direitos humanos, a fim de assegurar a consistência de
Unidas, submeterá relatório abrangente sobre as medidas adotadas em suas respectivas diretrizes para a elaboração de relatórios, sugestões e
cumprimento de suas obrigações estabelecidas pela presente Convenção recomendações gerais e de evitar duplicação e superposição no desem-
e sobre o progresso alcançado nesse aspecto, dentro do período de dois penho de suas funções.
anos após a entrada em vigor da presente Convenção para o Estado Artigo 39
Parte concernente. Relatório do Comitê
2.Depois disso, os Estados Partes submeterão relatórios subsequen- A cada dois anos, o Comitê submeterá à Assembleia Geral e ao Con-
tes, ao menos a cada quatro anos, ou quando o Comitê o solicitar. selho Econômico e Social um relatório de suas atividades e poderá fazer
3.O Comitê determinará as diretrizes aplicáveis ao teor dos relatórios. sugestões e recomendações gerais baseadas no exame dos relatórios e
4.Um Estado Parte que tiver submetido ao Comitê um relatório inicial nas informações recebidas dos Estados Partes. Estas sugestões e reco-
abrangente não precisará, em relatórios subsequentes, repetir informa- mendações gerais serão incluídas no relatório do Comitê, acompanhadas,
ções já apresentadas. Ao elaborar os relatórios ao Comitê, os Estados se houver, de comentários dos Estados Partes.
Partes são instados a fazê-lo de maneira franca e transparente e a levar Artigo 40
em consideração o disposto no Artigo 4.3 da presente Convenção. Conferência dos Estados Partes
5.Os relatórios poderão apontar os fatores e as dificuldades que tive- 1.Os Estados Partes reunir-se-ão regularmente em Conferência dos
rem afetado o cumprimento das obrigações decorrentes da presente Estados Partes a fim de considerar matérias relativas à implementação da
Convenção. presente Convenção.
Artigo 36 2.O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará, dentro do perío-
Consideração dos relatórios do de seis meses após a entrada em vigor da presente Convenção, a
1.Os relatórios serão considerados pelo Comitê, que fará as suges- Conferência dos Estados Partes. As reuniões subsequentes serão convo-
tões e recomendações gerais que julgar pertinentes e as transmitirá aos cadas pelo Secretário-Geral das Nações Unidas a cada dois anos ou
respectivos Estados Partes. O Estado Parte poderá responder ao Comitê conforme a decisão da Conferência dos Estados Partes.
com as informações que julgar pertinentes. O Comitê poderá pedir infor- Artigo 41
mações adicionais ao Estados Partes, referentes à implementação da Depositário
presente Convenção. O Secretário-Geral das Nações Unidas será o depositário da presente
Convenção.

Conhecimentos Específicos 50

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Artigo 42 3.Se a Conferência dos Estados Partes assim o decidir por consenso,
Assinatura qualquer emenda adotada e aprovada em conformidade com o disposto no
A presente Convenção será aberta à assinatura de todos os Estados parágrafo 1 deste Artigo, relacionada exclusivamente com os artigos 34, 38, 39
e organizações de integração regional na sede das Nações Unidas em e 40, entrará em vigor para todos os Estados Partes no trigésimo dia a partir da
Nova York, a partir de 30 de março de 2007. data em que o número de instrumentos de aceitação depositados tiver atingido
Artigo 43 dois terços do número de Estados Partes na data de adoção da emenda.
Consentimento em comprometer-se Artigo 48
A presente Convenção será submetida à ratificação pelos Estados Denúncia
signatários e à confirmação formal por organizações de integração regio- Qualquer Estado Parte poderá denunciar a presente Convenção me-
nal signatárias. Ela estará aberta à adesão de qualquer Estado ou organi- diante notificação por escrito ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A
zação de integração regional que não a houver assinado. denúncia tornar-se-á efetiva um ano após a data de recebimento da
Artigo 44 notificação pelo Secretário-Geral.
Organizações de integração regional Artigo 49
1."Organização de integração regional" será entendida como organi- Formatos acessíveis
zação constituída por Estados soberanos de determinada região, à qual O texto da presente Convenção será colocado à disposição em forma-
seus Estados membros tenham delegado competência sobre matéria tos acessíveis.
abrangida pela presente Convenção. Essas organizações declararão, em Artigo 50
seus documentos de confirmação formal ou adesão, o alcance de sua Textos autênticos
competência em relação à matéria abrangida pela presente Convenção. Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo da pre-
Subsequentemente, as organizações informarão ao depositário qualquer sente Convenção serão igualmente autênticos.
alteração substancial no âmbito de sua competência. EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assinados, devidamente
2.As referências a "Estados Partes" na presente Convenção serão autorizados para tanto por seus respectivos Governos, firmaram a presen-
aplicáveis a essas organizações, nos limites da competência destas. te Convenção.
3.Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 45 e dos parágrafos 2 e 3 do
Artigo 47, nenhum instrumento depositado por organização de integração PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREI-
regional será computado. TOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
4.As organizações de integração regional, em matérias de sua com- Os Estados Partes do presente Protocolo acordaram o seguinte:
petência, poderão exercer o direito de voto na Conferência dos Estados Artigo 1
Partes, tendo direito ao mesmo número de votos quanto for o número de 1.Qualquer Estado Parte do presente Protocolo (“Estado Parte”) reco-
seus Estados membros que forem Partes da presente Convenção. Essas nhece a competência do Comitê sobre os Direitos das Pessoas com
organizações não exercerão seu direito de voto, se qualquer de seus Deficiência (“Comitê”) para receber e considerar comunicações submeti-
Estados membros exercer seu direito de voto, e vice-versa. das por pessoas ou grupos de pessoas, ou em nome deles, sujeitos à sua
Artigo 45 jurisdição, alegando serem vítimas de violação das disposições da Con-
Entrada em vigor venção pelo referido Estado Parte.
1.A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia após o de- 2.O Comitê não receberá comunicação referente a qualquer Estado
pósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão. Parte que não seja signatário do presente Protocolo.
2.Para cada Estado ou organização de integração regional que ratifi- Artigo 2
car ou formalmente confirmar a presente Convenção ou a ela aderir após O Comitê considerará inadmissível a comunicação quando:
o depósito do referido vigésimo instrumento, a Convenção entrará em a) A comunicação for anônima;
vigor no trigésimo dia a partir da data em que esse Estado ou organização b) A comunicação constituir abuso do direito de submeter tais comu-
tenha depositado seu instrumento de ratificação, confirmação formal ou nicações ou for incompatível com as disposições da Convenção;
adesão. c) A mesma matéria já tenha sido examinada pelo Comitê ou tenha
Artigo 46 sido ou estiver sendo examinada sob outro procedimento de investigação
Reservas ou resolução internacional;
1.Não serão permitidas reservas incompatíveis com o objeto e o pro- d) Não tenham sido esgotados todos os recursos internos disponíveis,
pósito da presente Convenção. salvo no caso em que a tramitação desses recursos se prolongue injustifi-
2.As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento. cadamente, ou seja improvável que se obtenha com eles solução efetiva;
Artigo 47 e) A comunicação estiver precariamente fundamentada ou não for su-
Emendas ficientemente substanciada; ou
1.Qualquer Estado Parte poderá propor emendas à presente Conven- f) Os fatos que motivaram a comunicação tenham ocorrido antes da
ção e submetê-las ao Secretário-Geral das Nações Unidas. O Secretário- entrada em vigor do presente Protocolo para o Estado Parte em apreço,
Geral comunicará aos Estados Partes quaisquer emendas propostas, salvo se os fatos continuaram ocorrendo após aquela data.
solicitando-lhes que o notifiquem se são favoráveis a uma Conferência dos Artigo 3
Estados Partes para considerar as propostas e tomar decisão a respeito Sujeito ao disposto no Artigo 2 do presente Protocolo, o Comitê levará
delas. Se, até quatro meses após a data da referida comunicação, pelo confidencialmente ao conhecimento do Estado Parte concernente qualquer
menos um terço dos Estados Partes se manifestar favorável a essa Confe- comunicação submetida ao Comitê. Dentro do período de seis meses, o
rência, o Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a Conferência, Estado concernente submeterá ao Comitê explicações ou declarações por
sob os auspícios das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada por escrito, esclarecendo a matéria e a eventual solução adotada pelo referido
maioria de dois terços dos Estados Partes presentes e votantes será Estado.
submetida pelo Secretário-Geral à aprovação da Assembleia Geral das Artigo 4
Nações Unidas e, posteriormente, à aceitação de todos os Estados Par- 1.A qualquer momento após receber uma comunicação e antes de
tes. decidir o mérito dessa comunicação, o Comitê poderá transmitir ao Estado
2.Qualquer emenda adotada e aprovada conforme o disposto no pa- Parte concernente, para sua urgente consideração, um pedido para que o
rágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor no trigésimo dia após a data Estado Parte tome as medidas de natureza cautelar que forem necessá-
na qual o número de instrumentos de aceitação tenha atingido dois terços rias para evitar possíveis danos irreparáveis à vítima ou às vítimas da
do número de Estados Partes na data de adoção da emenda. Posterior- violação alegada.
mente, a emenda entrará em vigor para todo Estado Parte no trigésimo dia 2.O exercício pelo Comitê de suas faculdades discricionárias em vir-
após o depósito por esse Estado do seu instrumento de aceitação. A tude do parágrafo 1 do presente Artigo não implicará prejuízo algum sobre
emenda será vinculante somente para os Estados Partes que a tiverem a admissibilidade ou sobre o mérito da comunicação.
aceitado. Artigo 5

Conhecimentos Específicos 51

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O Comitê realizará sessões fechadas para examinar comunicações a Partes, tendo direito ao mesmo número de votos que seus Estados mem-
ele submetidas em conformidade com o presente Protocolo. Depois de bros que forem Partes do presente Protocolo. Essas organizações não
examinar uma comunicação, o Comitê enviará suas sugestões e reco- exercerão seu direito de voto se qualquer de seus Estados membros
mendações, se houver, ao Estado Parte concernente e ao requerente. exercer seu direito de voto, e vice-versa.
Artigo 6 Artigo 13
1.Se receber informação confiável indicando que um Estado Parte es- 1.Sujeito à entrada em vigor da Convenção, o presente Protocolo en-
tá cometendo violação grave ou sistemática de direitos estabelecidos na trará em vigor no trigésimo dia após o depósito do décimo instrumento de
Convenção, o Comitê convidará o referido Estado Parte a colaborar com a ratificação ou adesão.
verificação da informação e, para tanto, a submeter suas observações a 2.Para cada Estado ou organização de integração regional que ratifi-
respeito da informação em pauta. car ou formalmente confirmar o presente Protocolo ou a ele aderir depois
2.Levando em conta quaisquer observações que tenham sido subme- do depósito do décimo instrumento dessa natureza, o Protocolo entrará
tidas pelo Estado Parte concernente, bem como quaisquer outras informa- em vigor no trigésimo dia a partir da data em que esse Estado ou organi-
ções confiáveis em poder do Comitê, este poderá designar um ou mais de zação tenha depositado seu instrumento de ratificação, confirmação
seus membros para realizar investigação e apresentar, em caráter de formal ou adesão.
urgência, relatório ao Comitê. Caso se justifique e o Estado Parte o con- Artigo 14
sinta, a investigação poderá incluir uma visita ao território desse Estado. 1.Não serão permitidas reservas incompatíveis com o objeto e o pro-
3.Após examinar os resultados da investigação, o Comitê os comuni- pósito do presente Protocolo.
cará ao Estado Parte concernente, acompanhados de eventuais comentá- 2.As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento.
rios e recomendações. Artigo 15
4.Dentro do período de seis meses após o recebimento dos resulta- 1.Qualquer Estado Parte poderá propor emendas ao presente Proto-
dos, comentários e recomendações transmitidos pelo Comitê, o Estado colo e submetê-las ao Secretário-Geral das Nações Unidas. O Secretário-
Parte concernente submeterá suas observações ao Comitê. Geral comunicará aos Estados Partes quaisquer emendas propostas,
5.A referida investigação será realizada confidencialmente e a coope- solicitando-lhes que o notifiquem se são favoráveis a uma Conferência dos
ração do Estado Parte será solicitada em todas as fases do processo. Estados Partes para considerar as propostas e tomar decisão a respeito
Artigo 7 delas. Se, até quatro meses após a data da referida comunicação, pelo
1.O Comitê poderá convidar o Estado Parte concernente a incluir em seu menos um terço dos Estados Partes se manifestar favorável a essa Confe-
relatório, submetido em conformidade com o disposto no Artigo 35 da Conven- rência, o Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a Conferência,
ção, pormenores a respeito das medidas tomadas em consequência da inves- sob os auspícios das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada por
tigação realizada em conformidade com o Artigo 6 do presente Protocolo. maioria de dois terços dos Estados Partes presentes e votantes será
2.Caso necessário, o Comitê poderá, encerrado o período de seis submetida pelo Secretário-Geral à aprovação da Assembleia Geral das
meses a que se refere o parágrafo 4 do Artigo 6, convidar o Estado Parte Nações Unidas e, posteriormente, à aceitação de todos os Estados Par-
concernente a informar o Comitê a respeito das medidas tomadas em tes.
consequência da referida investigação. 2.Qualquer emenda adotada e aprovada conforme o disposto no pa-
Artigo 8 rágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor no trigésimo dia após a data
Qualquer Estado Parte poderá, quando da assinatura ou ratificação na qual o número de instrumentos de aceitação tenha atingido dois terços
do presente Protocolo ou de sua adesão a ele, declarar que não reconhe- do número de Estados Partes na data de adoção da emenda. Posterior-
ce a competência do Comitê, a que se referem os Artigos 6 e 7. mente, a emenda entrará em vigor para todo Estado Parte no trigésimo dia
Artigo 9 após o depósito por esse Estado do seu instrumento de aceitação. A
O Secretário-Geral das Nações Unidas será o depositário do presente emenda será vinculante somente para os Estados Partes que a tiverem
Protocolo. aceitado.
Artigo 10 Artigo 16
O presente Protocolo será aberto à assinatura dos Estados e organi- Qualquer Estado Parte poderá denunciar o presente Protocolo medi-
zações de integração regional signatários da Convenção, na sede das ante notificação por escrito ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A
Nações Unidas em Nova York, a partir de 30 de março de 2007. denúncia tornar-se-á efetiva um ano após a data de recebimento da
Artigo 11 notificação pelo Secretário-Geral.
O presente Protocolo estará sujeito à ratificação pelos Estados signa- Artigo 17
tários do presente Protocolo que tiverem ratificado a Convenção ou aderi- O texto do presente Protocolo será colocado à disposição em forma-
do a ela. Ele estará sujeito à confirmação formal por organizações de tos acessíveis.
integração regional signatárias do presente Protocolo que tiverem formal- Artigo 18
mente confirmado a Convenção ou a ela aderido. O Protocolo ficará Os textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo e do
aberto à adesão de qualquer Estado ou organização de integração regio- presente Protocolo serão igualmente autênticos.
nal que tiver ratificado ou formalmente confirmado a Convenção ou a ela EM FÉ DO QUE os plenipotenciários abaixo assinados, devidamente
aderido e que não tiver assinado o Protocolo. autorizados para tanto por seus respectivos governos, firmaram o presen-
Artigo 12 te Protocolo.
1.“Organização de integração regional” será entendida como organi-
zação constituída por Estados soberanos de determinada região, à qual Tecnologia assistiva e comunicação alternativa.
seus Estados membros tenham delegado competência sobre matéria
abrangida pela Convenção e pelo presente Protocolo. Essas organizações
declararão, em seus documentos de confirmação formal ou adesão, o Por: Patrícia Quitério Lorena.
alcance de sua competência em relação à matéria abrangida pela Con- A comunicação entre os indivíduos está presente em todos os mo-
venção e pelo presente Protocolo. Subsequentemente, as organizações mentos da vida, sendo essencial ao seu desenvolvimento. Contudo,
informarão ao depositário qualquer alteração substancial no alcance de apesar de a linguagem oral ser o meio de comunicação mais utilizado, há
sua competência. pessoas que, devido a fatores neurológicos, físicos, emocionais e cogniti-
2.As referências a “Estados Partes” no presente Protocolo serão apli- vos, se mostram incapazes de se comunicar através da fala.
cáveis a essas organizações, nos limites da competência de tais organiza-
ções. Tecnologia Assistiva (TA)
3.Para os fins do parágrafo 1 do Artigo 13 e do parágrafo 2 do Artigo Uma forma de resolver com criatividade os problemas funcionais de
15, nenhum instrumento depositado por organização de integração regio- pessoas com deficiência usando diferentes alternativas para realizar as
nal será computado. atividades do cotidiano é através da Tecnologia Assistiva (TA). A TA é
4.As organizações de integração regional, em matérias de sua com- uma área do conhecimento que se propõe a promover ou ampliar habili-
petência, poderão exercer o direito de voto na Conferência dos Estados dades em pessoas com privações funcionais, em decorrência de deficiên-

Conhecimentos Específicos 52

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
cia ou envelhecimento. Recursos que favorecem a comunicação, a ade-
quação postural e mobilidade, o acesso independente ao computador,
escrita alternativa, acesso diferenciado ao texto, recursos para cegos,
para surdos, órteses e próteses, projetos arquitetônicos para acessibilida-
de, adaptação de veículos automotores, recursos variados que promovem
independência em atividades de vida diária como alimentação, vestuário e
higiene, mobiliário e material escolar modificado, são exemplos e modali-
dades da Tecnologia Assistiva (Bersch, 2005).
Comunicação Alternativa (CA)
Uma forma de garantir a acessibilidade comunicativa a essa popula-
ção consiste no emprego dos recursos de comunicação alternativa. A
Comunicação Alternativa - CA é uma das áreas da TA que atende pesso-
as sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade
comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Busca então, atra-
vés da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e da cons-
trução de recursos próprios desta metodologia, construir e ampliar sua via
de expressão. A alta tecnologia permite também a utilização de vocalizadores (pran-
A comunicação é considerada ampliada quando o indivíduo possui chas com produção de voz) ou do computador, com softwares específicos,
comunicação insuficiente através da fala e /ou escrita (por exemplo, há garantindo grande eficiência na função comunicativa. Desta forma, o aluno
fala inteligível apenas no núcleo familiar) e, considerada alternativa quan- com deficiência passa de uma situação de passividade para outra, a de
do o indivíduo não apresenta outra forma de comunicação. Um Sistema de ator ou de sujeito do seu processo de desenvolvimento (Bersch e Schir-
Comunicação Alternativa – SCA, refere-se ao recurso, estratégias e mer, 2005).
técnicas que complementam modos de comunicação existentes ou substi-
tuem as habilidades de comunicação inexistentes. O papel do interlocutor.
Os Sistemas de Comunicação Alternativa (SCA) podem ser divididos A inclusão comunicativa não se restringe à disponibilização de recur-
em recursos de baixa (cartões, pranchas, pastas e outros) e de alta tecno- sos, sejam eles de tecnologias de alto ou de baixo custo. Tão ou mais
logia (pranchas vocálicas, sistemas computadorizados com síntese de voz importante do que isso, é a presença de interlocutores interessados em
e outros) (Nunes, 2003). interagir e acolher as mensagens da pessoa não oralizada. Assim, são
fundamentais a aceitação e o incentivo ao emprego de formas alternativas
de comunicação, inclusive pelo próprio grupo social. Isto implica em que o
sistema alternativo de comunicação seja utilizado, naturalmente, pelo
membro não oralizado, como também por todos os seus potenciais inter-
locutores (von Tetzchner e Grove, 2003; Nunes e Nunes Sobrinho, 2007).
Por ser uma área que necessita de atuação multiprofissional, propor-
ciona a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. O impacto
de tais estudos ocorre devido à capacidade de produzir mudanças funda-
mentais na Educação e no Ambiente de pessoas cujas limitações afetam a
capacidade de expressão ou recepção das mensagens típicas da lingua-
gem humana.
Fonte: bengalalegal.com
O bilinguismo na educação de surdos.
INTRODUÇÃO
O Bilinguismo, como proposta para a educação de surdos, surgiu na
década de 80. Esta linha teórica defende que o aprendizado da Língua
sinalizada deve preceder o da Língua oral, utilizada na comunidade a qual
Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com sim- o surdo pertence.
bologia gráfica (desenhos representativos de ideias), letras ou palavras Nesta proposta entende-se a Língua sinalizada como materna para o
escritas são utilizados pelo usuário da CA para expressar suas questões, sujeito surdo, devido suas características, por primazia visual, que com-
desejos, sentimentos, entendimentos. A literatura tem indicado um conjun- pensam eficazmente a falta de comunicação, situação imposta pela defici-
tos e/ou sistemas de símbolos que permitem a comunicação interpessoal ência auditiva. A Língua sinalizada é reconhecida como L1, ou primeira
dos individuos não falantes, como o Sistema de Símbolos Bliss, o Picto- Língua. Por serem as principais características das Línguas oficiais, que
gram Ideogram Communication System - PIC e o Picture Communication são utilizadas pela grande maioria nas comunidades, orais e auditivas, são
Symbols - PCS . Tais sistemas encontram-se, em geral, disponibilizados entendidas nesta proposta como segunda língua para o sujeito surdo, ou
sob a forma de cadernos ou pranchas acopladas ou não à cadeira de L2.
rodas e muitos deles se apresentam em versões computadorizadas. A educação do surdo pela proposta bilíngue apresenta como primordial
o acesso da criança, com deficiência auditiva, à sua Língua materna, sendo
de preferência a vivência e aprendizagem desta estimulada pelo contato
com comunidade surda, na qual estará inserida quando maior. Seu desen-
volvimento na Língua materna é considerado primordial para o aprendizado
da segunda Língua (língua oral), em sua forma escrita a ser aprendida na
escola.
Este trabalho visa identificar quais serviços oferta, e quais as necessi-
dades ainda existentes, na educação bilíngue de surdos no município de
Guarapari. Tendo em vista a grande importância deste método para o
desenvolvimento integral do sujeito surdo.

1. LEIS SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL


A educação bilíngue de surdos no Brasil esta amparada pela Lei e é
recomendada pelo Ministério Nacional da Educação (MEC), como sendo
uma proposta válida e eficaz para o ensino das duas Línguas reconheci-
Conhecimentos Específicos 53

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
das pelo país, Língua Portuguesa e LIBRAS, necessárias para a inclusão Além do caminho que a legislação brasileira abriu para a educação bi-
social efetiva destes sujeitos. língue para surdos, também são bases para a proposta, documentos
O Decreto n° 5.626 de 22/12/2005, que regulamenta a Lei nº internacionais e teorias adotadas e divulgadas pelo MEC do Brasil.
10.436/2002, em seu capítulo VI, artigo 22 determina que se organize, A proposta de educação bilíngue, "busca respeitar o direito do sujeito
para a inclusão escolar: surdo, no que se refere ao acesso aos conhecimentos sociais e culturais
"I ? escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos em uma língua que tenha domínio" (SKLIAR, 1998 apud VICTOR, et al,
e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos 2010).
iniciais do ensino fundamental; Por recomendação do MEC, o ensino de surdos no Brasil precisa ser:
II ? escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, "(...) efetivada em língua de sinais, independente dos espaços em que o
abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino funda- processo se desenvolva. Assim, paralelamente às disciplinas curriculares,
mental, ensino médio ou educação profissional, com docentes de diferen- faz-se necessário o ensino de língua portuguesa como segunda língua,
tes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos com a utilização de materiais e métodos específicos no atendimento às
surdos, bem como a presença de tradutores e intérpretes de Libras ? necessidades educacionais." (SALLES, et al; 2004 p 47)
Língua Portuguesa." (NOVAES, 2010 p.73) Ainda nesta direção está a recomendação da UNESCO quanto ao di-
Ainda no artigo 22, parágrafo 1º, este Decreto descreve como escola reito de toda criança a aprender, na educação básica, em sua língua
ou classe de ensino bilíngue "aquelas em que a Libras e a modalidade materna.
escrita da Língua Portuguesa sejam língua de instrução utilizada no de- Para que a formação bilíngue ocorra, é indicado que haja um instrutor
senvolvimento de todo o processo educativo". surdo responsável por ensinar e transmitir a cultura surda juntamente com
O reconhecimento pela Lei brasileira nº 10.436/2002, da LIBRAS co- a LIBRAS, trabalhando em conjunto com o professor bilíngue, ouvinte.
mo Língua oficial, abriu o caminho para a educação bilíngue para os Segundo o manual do Atendimento Educacional Especializado para
surdos e a aceitação da existência de uma "cultura surda". deficiência auditiva, editado pelo MEC/SEESP, este atendimento deve
ocorrer por três momentos diferenciados:
2. A CULTURA E IDENTIDADE SURDA ? Momento do Atendimento Educacional Especializado em Libras na
Toda Língua é uma construção cultural utilizada como forma de escola comum: em que todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos
transmissão de conhecimentos e da cultura da comunidade que a utiliza. curriculares, são explicados nessa língua por um professor, sendo o
Por isso, segundo Bagno (2003; apud NOVAES, 2010) a Língua sinalizada mesmo preferencialmente surdo. Esse trabalho é realizado todos os dias.
deve ser vista "não só como ferramenta que devemos usar para obter ? Momento do Atendimento Educacional para o ensino de Libras na
resultados", ela é produtora e transmissora de cultura. escola comum: no qual os alunos com surdez terão aulas de Libras,
A cultura surda é definida por Strobel , como: favorecendo o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos
"O jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de científicos. Este trabalhado é realizado pelo professor e/ou instrutor de
se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções Libras (preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvi-
visuais que contribuem para a definição das identidades surdas e das mento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra. O atendimento
almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno
ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo." (STROBEL, tem a respeito da Língua de Sinais.
2008; apud NOVAES, 2010) ? Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino
da Língua Portuguesa: no qual são trabalhadas as especificidades dessa
A partir desta compreensão, pode-se perceber a existência de uma língua para pessoas com surdez. Este trabalho é realizado todos os dias
identidade específica e inerente ao sujeito surdo. A existência desta para os alunos com surdez, à parte das aulas da turma comum, por uma
identidade contempla as características culturais e sociais de produção e professora de Língua Portuguesa, graduada nesta área, preferencialmen-
transmissão cultural, Perlin (1998 apud SALLES, et al; 2004 p 41) divide, te. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conheci-
tendo como base os níveis de participação na comunidade surda, as mento que o aluno tem a respeito da Língua Portuguesa.
características assumidas na identidade surda. São pelo autor classifica-
das como: 3.2 LER E ESCREVER NA LÍNGUA PORTUGUESA
? Identidade Flutuante: quando o surdo se espelha no ouvinte, viven- A partir da compreensão do termo bilíngue como sendo um sujeito
do de acordo com a realidade do ouvinte; conhecedor e eficiente em duas línguas, o que se propõe como forma de
? Identidade inconformada: quando o surdo não consegue viver de ensino para a aquisição da segunda língua, que para o sujeito surdo é a
acordo com a realidade do ouvinte e se sente como tendo uma identidade Língua Portuguesa, é a forma escrita da língua oral ensinada a partir de
subalterna; sua língua materna. Isto se deve ao conceito de que o sujeito surdo inte-
? Identidade de transição: quando o contato do surdo com a comuni- rage melhor com o sentido da visão, e pelo respeito à sua condição de
dade surda não acontece na infância, o que traz um conflito cultural inter- surdez, que dificultaria a aquisição da língua oral.
no; Esta preocupação quanto à necessidade do ensino da segunda lín-
? Identidade híbrida: quando o sujeito nasce ouvinte e sofre uma per- gua, em sua forma escrita, se baseia na estreita relação existente entre
da auditiva, e este se utiliza para comunicar a língua sinalizada e para cidadania e competência comunicativa.
pensar a língua oral; Segundo Karnopp, 2005 (apud VICTOR, et al.; 2010):
? Identidade surda: quando o surdo pôde desenvolver-se em contato "Aqui o acesso à palavra (em sinais e na escrita) é traduzido como
precoce com a língua sinalizada e a comunidade surda, aprendendo a uma forma de acesso das pessoas ao mundo social e linguístico, sendo
perceber o mundo visualmente. condição mínima e necessária para que o aluno possa participar efetiva-
mente da aula, entendendo e fazendo-se entender."
3. O BILINGUISMO E A EDUCAÇÃO DE SURDOS A importância da palavra sinalizada e escrita está então, na possibili-
3.1 BASES PARA A PROPOSTA EDUCATIVA dade da comunicação sobre si.
A definição da palavra bilíngue segundo o dicionário Aurélio: "adj. Que
está em duas línguas diferentes: inscrição bilíngue. / Onde se falam duas CONCLUSÃO
línguas: país bilíngue. / Que fala duas línguas" Percebe-se, pela pesquisa bibliográfica apresentada, que o ensino bi-
A proposta bilíngue entende o sujeito surdo como participante de duas língue é o método que mais se aproxima do respeito ao sujeito surdo em
realidades, como um estrangeiro no próprio país, vivendo ao mesmo sua identidade e cultura. Assim como a preocupação, que é inerente a
tempo a realidade da língua materna, na qual tem sua visão de mundo esta proposta, de trazer ao sujeito surdo a condição de se incluir na socie-
construída e aprimorada, e a realidade de uma segunda língua, a utilizada dade de forma efetiva e completa, reconhecendo suas diferenças e capa-
no cotidiano da comunidade a que pertence. Nesta proposta, o ideal para cidades. Além disso, dentre as propostas para o ensino de surdos, esta é
o sujeito surdo não seria a sua adequação à realidade ouvinte, usuária da a que mais aparece, hoje, nos documentos oficiais brasileiros, sendo
língua oral, mas sim assumir sua condição de surdez como parte de suas recomendada como modelo para as escolas inclusivas.
características e identidade.

Conhecimentos Específicos 54

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Fonte: http://www.webartigos.com/artigos/bilinguismo-e-a-educacao-de- d) Possibilidade de adoção de medidas especiais (discriminação posi-
surdos/67821/#ixzz26S46EHqL tiva), desde que não sejam relacionadas à religião ou crença e que visem
à facilitação do gozo ou exercício do direito, e não a sua negação;
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: e) necessidade de que tais medidas sejam razoáveis, ou proporcio-
ASPECTOS LEGAIS E ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS nais; que não impliquem manutenção de direitos separados; que a pessoa
interessada, ou seu responsável, não esteja obrigada a aceitar tal trata-
FÁVERO, E. A. G; PANTOJA, L.M.P.; MANTOAN, M. T. E. Atendimento edu- mento diferenciado ou mesmo a preferência; e que eventuais medidas
cacional especializado: aspectos legais e orientações pedagógicas. São Paulo: afirmativas sejam temporárias.
MEC/SEESP, 2007. Os juristas, sempre que se deparam com alguma forma de tratamento
EDUCAÇÃO ESPECIAL: tratamento diferenciado que leva à inclusão diferenciado, se valem de critérios semelhantes a esses, mais ou menos
exclusão direitos? completos, para saber se estão diante de um tratamento discriminatório.
Eugênia Augusta Gonzaga Fávero Eles fazem isso com frequência em relação a tratamentos diferenciados
No campo jurídico, uma das maiores preocupações é a aplicação efi- que dizem respeito, por exemplo, à forma de remuneração de servidores
caz do princípio da igualdade para se alcançar a justiça. Essa não é uma públicos, a quotas em vestibulares, entre outros.
tarefa simples, pois o grande dilema é saber em qual hipótese “tratar Neste texto, discutimos um tratamento diferenciado que pouco preo-
igualmente o igual e desigualmente o desigual”, fórmula proposta ainda na cupa os aplicadores do Direito: a Educação Especial ou o Atendimento
Antiguidade, por Aristóteles (1992). Educacional Especializado, para pessoas com deficiência. Vamos verificar
A utilização da fórmula aristotélica, pura e simplesmente, já demons- até que ponto esse tipo de tratamento diferenciado é válido perante nosso
trou que, em certos casos, pode até configurar uma conduta discriminató- ordenamento jurídico.
ria. Esta fórmula, em razão de sua sabedoria, jamais foi alterada, mas vem O objetivo deste estudo é inusitado, pois o simples fato de se referir a
sendo constantemente aprimorada. pessoas com deficiência e seu direito à educação, faz com que surja, de
A doutrina e jurisprudência existentes oferecem como solução o impe- imediato, a noção de que é uma diferenciação mais que válida, necessária,
rativo de tratamento igual para todos, admitindo-se os tratamentos dife- de tão acostumados que todos estão a identificar tais pessoas como titulares
renciados apenas como exceção e desde que eles tenham um fundamen- de um ensino especial. Mas iremos prosseguir com este verdadeiro desafio,
to razoável para sua adoção. Mas, infelizmente, mesmo com esses apri- que coloca em xeque o costume de associar pessoas com deficiência a um
moramentos, a história da humanidade é prova inequívoca de que eles ensino diferente e apartado, porque as soluções que podem surgir disso,
não foram suficientes, pois as situações de exclusão de direitos ainda são além de garantir às pessoas com deficiência o seu direito à igualdade, talvez
muito graves. sejam uma contribuição para a melhoria da qualidade do ensino em geral.
Não é difícil encontrarmos situações de exclusão que contam com a A nossa técnica será a de ir respondendo perguntas elaboradas com
aprovação de profissionais do Direito, mesmo após valerem-se dos crité- base nos elementos para a implementação do princípio da igualdade, que
rios apontados pela doutrina para a aplicação do princípio da igualdade, acabamos de enumerar. Vamos a elas.
que se baseiam fundamentalmente, como mencionamos, na análise da Qual o fator de diferenciação (discrímen) que é invocado para a indi-
razoabilidade ou não de determinado tratamento diferenciado. Como cação de serviços de Educação Especial ou Atendimento Educacional
exemplo, podemos citar decisões judiciais1 e administrativas, que sequer Especializado?
são levadas ao crivo do Judiciário, no sentido de que pessoas cegas não A deficiência. Portanto, é vedada a diferenciação, a princípio, pois se
podem fazer parte das carreiras da magistratura. trata de um atributo subjetivo do ser humano. Não podemos esquecer a
Acreditamos que um dos motivos pelos quais essa e outras exclusões regra geral, segundo a qual TODOS devem ser tratados igualmente.
de direitos ocorrem é o de que há uma grande margem na análise das Qual o direito visado?
razões para a diferenciação. Isso faz com que muitas pessoas, principal- É o direito à educação. Direito humano, fundamental, o que reforça a
mente as pertencentes às chamadas minorias, tenham seus direitos possibilidade de existência de discriminação. Portanto, é preciso discorrer
negados, até em situações que muitos consideram plausíveis, mas que as um pouco mais sobre o direito que está em jogo e do qual as pessoas com
deixam sem acesso a direitos e garantias fundamentais, como vida, edu- deficiência também são titulares.
cação, trabalho e lazer. O direito de todos à educação tem peculiaridades: não é qualquer tipo
Neste cenário, mesmo havendo a constante garantia nas Constitui- de acesso à educação que atende ao princípio da igualdade de acesso e
ções em geral em relação à igualdade, como é o caso do Brasil, passaram permanência em escola (art. 206, I, CF), bem como a garantia de Ensino
a surgir convenções e tratados internacionais reafirmando o direito de Fundamental obrigatório (art. 208, I, CF).
todos os seres humanos à igualdade e dando especial ênfase à proibição Em se tratando de crianças a adolescentes, principalmente, o seu di-
de discriminação em virtude de raça, sexo, religião e deficiência. reito à educação só estará totalmente preenchido:
Tais documentos trouxeram significativos avanços, pois oferecem al- a) Se o ensino recebido visar ao pleno desenvolvimento da pessoa e
ternativas para a solução do dilema relacionado à aplicação eficaz do ao seu preparo para o exercício da cidadania, entre outros objetivos (art.
princípio da igualdade. Devido a eles, não precisamos mais nos ater, 205, CF).
quase exclusivamente, à análise das razões e proporcionalidade de de- b) Se for ministrado em estabelecimentos oficiais de ensino, em caso
terminado tratamento diferenciado. do ensino básico e superior, nos termos da legislação brasileira de regên-
Assim, para saber se um tratamento diferenciado é válido ou é uma cia (CF, LDBEN, ECA e normas infralegais).
forma de discriminação, basta que apliquemos os seguintes critérios que c) Se tais estabelecimentos não forem separados por grupos de pes-
foram extraídos, em sua maioria, de tratados e convenções internacionais soas, nos termos da Convenção relativa à Luta contra a Discriminação no
já ratificados pelo Brasil: Campo do Ensino (1960), citada na pág. 14.
a) Necessidade de identificação do fator adotado como motivo da dife- É desse direito que as pessoas com deficiência também são titulares.
renciação. É certo que além desses objetivos requisitos e garantias para a educação,
b) Não admissão de tratamentos desiguais, com base direta ou indire- nossa Constituição garante, agora apenas para as pessoas com deficiên-
ta em atributos subjetivos do ser humano (raça, sexo, religião, crença, cia, o Atendimento Educacional Especializado.
deficiência, língua, opinião política, origem nacional, filiação, entre outros), Trata-se, pois, de tratamento diferenciado, que tem sede constitucio-
que tenham por objetivo ou resultado a anulação, o impedimento, o prejuí- nal, mas que não exclui as pessoas com deficiência dos demais princípios
zo ou a restrição do reconhecimento, gozo ou exercício de direitos huma- e garantias relativos à educação acima citados. Ao contrário, é ali previsto
nos e liberdades fundamentais. como acréscimo e não como alternativa. Portanto, o Atendimento Educa-
c) Admissão de exceções a essa regra, desde que possam ser identi- cional Especializado será válido apenas e tão-somente se levar à concre-
ficadas objetivamente, pois dizem respeito apenas à interdição, em caso tização do direito à educação. Vejamos as demais perguntas.
de pessoas com deficiência e à proteção do direito à vida, cabendo, ainda, A diferenciação feita leva a qualquer forma de negação ao exercício
nesse último caso, a análise da razão da medida. de direitos?

Conhecimentos Específicos 55

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Antes de responder a essa questão, é preciso esclarecer que o Atendi- A admissão de Educação Especial, totalmente substitutiva do ensino
mento Educacional Especializado, chamado pela Lei de Diretrizes e Bases comum, como sistema de ensino à parte, especial, não subsiste a essa
da Educação Nacional, de Educação Especial, apresenta duas facetas. indagação porque implica, sim, exercício de “direitos separados”.
A primeira, e mais conhecida, é a que levou à organização de escolas De acordo com essa postura, amplamente admitida pelas autorida-
separadas, chamadas de especiais ou especializadas, voltadas apenas des, nos deparamos com escolas de Ensino Fundamental e escolas de
para pessoas com deficiência, nas quais normalmente se pode cursar a Ensino Fundamental especial, essas últimas voltadas para pessoas com
Educação Infantil e o Ensino Fundamental, ou seja, substituem totalmente deficiência e/ou recusadas pelas escolas de ensino comum. Trata-se de
o acesso a uma escola comum. Para os defensores desse tipo de ensino exercício separado de direitos, e mais, trata-se de conduta consistente em
segregado, o aluno ali matriculado está tendo acesso à educação, pois “instituir ou manter sistemas ou estabelecimentos de ensino separados
eles desconsideram os requisitos que mencionamos acima para esta, para pessoas ou grupos de pessoas”, já vedada pelo Artigo I da vetusta
extraídos da Constituição e dos tratados e convenções internacionais Convenção relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino,
pertinentes, inclusive a Declaração Universal de Direitos Humanos. Para de 15/12/1960, ratificada pelo Brasil em 19/04/1968 e promulgada pelo
os defensores dessa linha de pensamento, a resposta é negativa. O Decreto nª 63.223, de 06/09/1968.
Atendimento Educacional Especializado não nega direitos, pois o aluno Sendo assim, a partir daqui, não nos deteremos mais em considera-
está tendo acesso a algum tipo de ensino, e isso bastaria. ções sobre a possibilidade de uma Educação Especial substitutiva dos
A segunda faceta da Educação Especial é a que vem sendo bastante níveis de escolarização, pois ela é incompatível com o princípio da igual-
propagada pelos movimentos que defendem a inclusão escolar, ou seja, a dade. Vejamos o Atendimento Educacional Especializado, ou Educação
frequência a um mesmo ambiente por alunos com e sem deficiência, entre Especial, como apoio e complemento, que não impede o acesso às tur-
outras características. Essa segunda faceta é a do Atendimento Educaci- mas comuns.
onal Especializado como apoio e complemento, destinado a oferecer Bem, se esse tipo de Atendimento não impede acesso às turmas co-
aquilo que há de específico na formação de um aluno com deficiência, muns, não há que se falar em negação de direitos, como já afirmamos. E
sem impedi-lo de frequentar, quando na idade própria, ambientes comuns também não se trata do exercício separado de direitos, tendo em vista que
de ensino, em estabelecimentos oficiais comuns. não existem cursos semelhantes voltados para pessoas que não tenham
Para os que entendem o Atendimento Educacional Especializado, ou deficiência. Quando essas querem aprender o braille, a LIBRAS, elas
Educação Especial, dessa forma, como apoio, também não há negação procuram escolas e instituições especializadas e podem se matricular
de acesso a direitos. Nessa vertente, a negação de direitos ocorre apenas normalmente.
quando tal atendimento acaba substituindo totalmente os serviços oficiais É preciso ainda que o Atendimento Educacional Especializado não
comuns. Em tal hipótese, fica caracterizada a negação ou restrição (dis- gere uma situação por si só constrangedora para quem recebe o trata-
criminação), pois é direito de toda criança, mesmo que apresente caracte- mento desigual. Por exemplo: exigir que uma criança com deficiência,
rísticas muito diferentes da maioria, conviver com sua geração, sendo que para que possa frequentar uma turma comum, seja permanentemente
o espaço privilegiado para que isso ocorra é a escola. acompanhada por assistentes, até em situações em que isso é plenamen-
Crenças tradicionais no sentido de que o ambiente de ensino, quanto te dispensável (recreio, brincadeiras etc.).
mais especializado, melhor; no sentido da obtenção de sucesso com base Finalmente: há obrigatoriedade de aceitação do Atendimento Educa-
na concorrência entre os alunos por notas, entre outros fatores, vêm cional Especializado?
revelando-se insuficientes e até prejudiciais aos alunos em geral. Não. O ensino que nossa Constituição prevê como obrigatório é o
O que se persegue, especialmente em fase de Ensino Fundamental, é Fundamental, o Atendimento Educacional Especializado, bem como
a formação humana e a preparação emocional do aluno para prosseguir qualquer um dos apoios e instrumentos que ele compreende, é uma
nos estudos. Não se descuida do conteúdo curricular, mas esta deixa de faculdade do aluno ou seus responsáveis. Sendo assim, ele jamais pode-
ser o eixo principal da escola que a Constituição Brasileira de 1988 previu, ria ser imposto pelo sistema de ensino, ou eleito como condição para
adotando uma tendência mundial. As escolas que seguem essa tendência aceitação da matrícula do aluno em estabelecimento comum, sob pena de
recebem com sucesso a todos os alunos, inclusive os que têm algum tipo acarretar restrição ou imposição de dificuldade no acesso ao direito à
de deficiência. educação.
As escolas tradicionais alegam um antigo despreparo para receber Conclusão...
alunos com deficiência visual, auditiva, mental e até física, mas nada ou Sabemos que tais considerações estão bastante longe do que vem
muito pouco fazem no sentido de virem a se preparar. Há também uma sendo praticado na maioria das escolas brasileiras, as quais se acham no
constante alegação de que essa inclusão escolar é muito boa, mas não direito de matricular apenas os alunos que julgam terem condições de
pode servir para o aluno que tenha deficiências muito graves. Ora, alunos frequentar suas salas de aula, como se não bastasse o fato de ser uma
em tais condições estão à procura de tratamentos relacionados à área da criança ou adolescente na idade própria para essa matrícula.
saúde e são em número bastante reduzido. As crianças que vêm sendo O pior é que, mesmo as autoridades consultadas sobre o tema, quan-
recusadas constantemente nas escolas são crianças cegas, surdas, com do se deparam com a recusa de um aluno com deficiência por uma escola
limitações intelectuais e/ou físicas, mas não associadas a doenças. São, que, como sempre, se diz “despreparada” para recebê-lo, aceitam essa
apenas, crianças com deficiência. recusa como sendo razoável. Além disso, tais autoridades não adotam,
O fato é que a presença desses alunos em salas de aula comuns po- em regra, nenhuma medida para garantir que essa preparação (que
de até ser novidade, mas é um direito e, no tocante ao Ensino Fundamen- poderia ter início com a matrícula daquele aluno) um dia venha a ocorrer.
tal, também um dever do Estado e de seus responsáveis. Dessa maneira, Acreditamos, contudo, que esse tipo de inércia está chegando ao fim.
o Atendimento Educacional Especializado, quando ministrado de forma a Cada vez mais os movimentos sociais, os pais de crianças com deficiên-
impedir ou restringir esse direito, fere o princípio da igualdade. cia, membros do Ministério Público e do Poder Judiciário, vêm se dando
Mas, como já dissemos, há aqueles (e são a maioria) que não levam conta do quanto as escolas brasileiras são discriminatórias, especialmente
em conta a importância da convivência entre as crianças e os adolescen- em relação aos alunos com deficiência, e que é preciso encontrar alterna-
tes, considerando que a frequência exclusiva a uma escola especial tivas para a melhoria da qualidade do ensino para todos, sem exclusões.
atende o direito de acesso à educação. Continuemos nossas indagações Assim, louvamos os termos da Constituição Brasileira e das conven-
analisando cada uma dessas posturas até onde for possível. ções internacionais que nos permitem concluir que o Atendimento Educa-
Há justificativas (razoabilidade) para a adoção desse tipo de tratamen- cional Especializado, destinado a alunos com deficiência, também chama-
to diferenciado? do de Educação Especial, é uma forma válida de tratamento diferenciado,
Sim, na maioria das vezes. Os alunos com deficiência têm limitações desde que:
físicas, sensoriais ou intelectuais significativas por definição e, muitas - Seja adotado quando realmente exista uma necessidade educacio-
vezes, para poderem se relacionar com o ambiente necessitam de instru- nal especial, ou seja, algo do qual os alunos sem deficiência não preci-
mentos e apoios que os demais alunos não necessitam. sam.
Trata-se de tratamento diferenciado que implica exercício separado - Seja oferecido preferencialmente no mesmo ambiente (escola co-
de direitos, ou que fere em si mesmo o direito à igualdade? mum) frequentado pelos demais alunos.

Conhecimentos Específicos 56

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- Se houver necessidade de ser oferecido à parte, que isso ocorra RAWLS, John. Uma teoria da justiça. Tradução de Almiro Pisetta e
sem dificultar ou impedir que crianças e adolescentes com deficiência Lenita Maria Rímoli Esteves, 2º edição. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
tenham acesso às salas de aula do ensino comum no mesmo horário que ROSS, Alf. Direito e Justiça. Tradução e notas de Edson Bini. Bauru:
os demais alunos a frequentam. Edipro, 2000.
- Não seja adotado de forma obrigatória, ou como condição para o SARMENTO, Daniel. A dimensão objetiva dos Direitos Fundamentais:
acesso do aluno com deficiência ao ensino comum. fragmentos de uma teoria. In SAMPAIO, José Adércio Leite. Jurisdição
Se forem observados esses requisitos, podemos dizer que a Educa- Constitucional e Direitos Fundamentais. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
ção Especial é uma forma de tratamento diferenciado que leva à inclusão SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24º edi-
e não à exclusão de direitos. ção, revista e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2005.
STRECK, Lenio Luiz. A crise da hermenêutica e a hermenêutica da
Para saber mais... crise: a necessidade de uma Nova Crítica do Direito (NCD). In SAMPAIO,
ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem pensar que José Adércio Leite. Jurisdição Constitucional e Direitos Fundamentais.
pudesse existir. 3º edição. Campinas: Papirus, 2001. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
ARAUJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional do transexual. TABORDA, Maren Guimarães. O princípio da igualdade em perspecti-
São Paulo: Saraiva, 2000. va histórica: conteúdo, alcance e direções. Revista de Direito Administrati-
______. SERRANO JÚNIOR, Vidal. Curso de Direito Constitucional. vo. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 1998.
9º edição, revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2005. TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. A Proteção Internacional dos
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução, estudo bibliográfico e Direitos Humanos: fundamentos jurídicos e instrumentos básicos. São
notas Edson Bini. Bauru,São Paulo: Edipro, 2002. Paulo: Saraiva, 1991.
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: Revista dos ______. A interação entre o Direito Internacional e o Direito Interno na
Tribunais, 1985. proteção dos Direitos Humanos. In TRINDADE, Antônio Augusto Cançado
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: (Ed.). A incorporação das normas internacionais de proteção dos Direitos
Celso Bastos Editora, 2002. Humanos no Direito Brasileiro. San José de Costa Rica: IIDH, ACNUR,
BELISÁRIO FILHO, José Ferreira. Inclusão: uma revolução na saúde. CIVC, CUE, 1996.
Rio de Janeiro: WVA Editora, 1999.
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Consultoria da ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIAL: ASPECTOS LEGAIS
edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução Desidério Murcho et al. Rio
Eugênia Augusta Gonzaga Fávero
de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1997. Luísa de Marillac P. Pantoja
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5º edição. Maria Tereza Eglér Mantoan
Coimbra: Livraria Almedina, 1991.
______. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6º edição. ASPECTOS JURÍDICOS – De onde surge o direito à educação das
Coimbra: Livraria Almedina, 2002. pessoas com deficiência?
______. MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituição. Coimbra: Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza;
Coimbra Editora, 1991. temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteri-
COMPARATO, Fábio Konder. Comentário ao Artigo 1ª da Declaração za.
Universal de Direitos Humanos. In CASTRO, Reginaldo Oscar de (Coord.). Boaventura de Souza Santos
Direitos Humanos: conquistas e desafios. Brasília: Letraviva, 1999.
______. A afirmação histórica dos Direitos Humanos. 4º edição, revis- 1. O que diz a Constituição Federal?
ta e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2005. A nossa Constituição Federal elegeu como fundamentos da República
FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Direitos das pessoas com defi- a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1ª, inc. II e III), e como
ciência: garantia de igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA Edito- um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem
ra, 2004. preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
______ . SANTA ROSA, Rose. O papel do Ministério Público na fisca- de discriminação (art. 3ª, inc. IV).
lização do ensino. In FERREIRA, Dâmares (Coord.). Direito Educacional Garante ainda, expressamente, o direito à igualdade (art. 5ª) e trata,
em debate, pp. 99 a 112, Vol. I. São Paulo: Cobra Editora, 2004. nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação. Esse
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucio- direito deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
nal. 3º edição, revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2003. exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205).
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Princípio da proporcionalidade e te- Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a “igualdade
oria do direito. In GRAU, Eros Roberto; GUERRA FILHO, Willis Santiago de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inc. I), acres-
(Organizadores). Estudos em homenagem a Paulo Bonavides. 1º edição, centando que o “dever do Estado com a educação será efetivado median-
2º tiragem. São Paulo: Malheiros Editores, 2003. te a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (art. 208, V).
Como fazer? São Paulo: Editora Moderna, 2003. Portanto, a Constituição garante a todos o direito à educação e ao
______. BATISTA, Cristina Abranches Mota. Educação escolar: Aten- acesso à escola. Toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais
dimento Educacional Especializado para deficiência mental. Brasília: MEC/ como tal, deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir
SEESP, 2005. nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, defici-
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de Direito Administra- ência ou ausência dela.
tivo. 1º edição. São Paulo: Editora RT, 1980. 2. Existe viabilidade prática em se receber TODOS os alunos?
______. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3º edição, 12º Apenas esses dispositivos legais bastariam para que ninguém negas-
tiragem. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. se a qualquer pessoa com deficiência o acesso à mesma sala de aula de
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Tomo IV. 2º edi- crianças ou adolescentes sem deficiência. Mas o argumento que vem logo
ção. Coimbra: Coimbra Editora, 1993. em seguida é sobre a impossibilidade prática de tal situação, principal-
MONTEIRO, Agostinho Reis. O direito à educação. Lisboa: Ed. Livros mente diante da deficiência mental.
Horizonte, 1999. Tal ponto será abordado no item Orientações Pedagógicas, em que
MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidarie- se demonstrará não só a viabilidade, mas os benefícios de receber, na
dade. Petrópolis: Vozes, 2003. mesma sala de aula, a TODAS as crianças. Assim, quando nossa Consti-
PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã, tuição Federal garante a educação para todos, significa que é para todos
2001. mesmo, em um mesmo ambiente, e esse pode e deve ser o mais diversifi-
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Max Li- cado possível, como forma de atingir o pleno desenvolvimento humano e o
monad, 2003. preparo para a cidadania (art. 205, CF).

Conhecimentos Específicos 57

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
3. Quanto ao “preferencialmente” constante da Constituição Federal, Pelo texto constitucional anterior ficava garantido “aos deficientes o
art. 208, inciso III acesso à Educação Especial”. Isso não foi repetido na atual Constituição,
Esse advérbio refere-se a “Atendimento Educacional Especializado”. fato que, com certeza, constitui um avanço significativo para a educação
Trata-se do atendimento que é necessariamente diferente do ensino dessas pessoas.
escolar e que é indicado para melhor suprir as necessidades e atender às Assim, para não ser inconstitucional, a LDBEN ao usar o termo Edu-
especificidades dos alunos com deficiência. Ele inclui, principalmente, cação Especial deve fazê-lo permitindo uma nova interpretação, um novo
instrumentos necessários à eliminação das barreiras que as pessoas com conceito, baseados no que a Constituição inovou, ao prever o Atendimen-
deficiência têm para relacionar-se com o ambiente externo. Por exemplo: to Educacional Especializado e não Educação Especial em capítulo desta-
ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), do código braille, uso de cado da educação.
recursos de informática e outras ferramentas tecnológicas, além de lin- Defendemos um novo conceito para a Educação Especial, pois ela
guagens que precisam estar disponíveis nas escolas comuns para que sempre foi entendida como capaz de substituir o ensino regular, sem
elas possam atender com qualidade aos alunos com e sem deficiência. qualquer questionamento a respeito da idade do aluno com deficiência.
O Atendimento Educacional Especializado deve estar disponível em Por mais palatável que seja essa possibilidade, dado que muitas crianças
todos os níveis de ensino escolar (básico e fundamental), de preferência e adolescentes apresentam diferenças bastante significativas, não pode-
nas escolas comuns da rede regular2. Esse é o ambiente escolar mais mos esquecer que esses alunos têm, como qualquer outro, direito indis-
adequado para garantir o relacionamento do aluno com seus pares de ponível de acesso à educação, em ambiente escolar que não seja segre-
mesma idade cronológica e para a estimulação de todo o tipo de interação gado, juntamente com seus pares da mesma idade cronológica. O acesso,
que possa beneficiar seu desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo. permanência e continuidade dos estudos desses alunos deve ser garanti-
O Atendimento Educacional Especializado funciona em moldes simila- da nas escolas comuns para que se beneficiem desse ambiente escolar e
res a outros cursos que complementam os conhecimentos adquiridos nos aprendam conforme suas possibilidades.
níveis de ensino básico e superior, como é o caso dos cursos de línguas, Portanto, o direito ao Atendimento Educacional Especializado previsto
artes, informática e outros. Portanto, esse Atendimento não substitui a nos artigos 58, 59 e 60 da LDBEN (Lei nª. 9394/96) e também na Consti-
escola comum para pessoas em idade de acesso obrigatório ao Ensino tuição Federal, não substitui o direito à educação (escolarização) oferecida
Fundamental (dos 7 aos 14 anos) e será preferencialmente oferecido nas em turmas de escolas comuns da rede regular de ensino. Vale lembrar
escolas comuns da rede regular. Diferente de outros cursos livres, o que a LDBEN utiliza as expressões “serviços de apoio especializado na
Atendimento Educacional Especializado é tão importante que é garantido escola regular” e “atendimento especializado” como sinônimos de Atendi-
pela Constituição Federal. mento Educacional Especializado e apenas diz que este pode ocorrer em
A Constituição admite mais: que o Atendimento Educacional Especia- classes ou escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo em
lizado seja também oferecido fora da rede regular de ensino, em outros classe comum. A LDBEN não diz que a escolarização poderá ser ofereci-
estabelecimentos, já que, como referimos, seria um complemento e não da em ambiente escolar à parte.
um substitutivo da escolarização ministrada na rede regular para todos os A tendência atual é que o trabalho da Educação Especial garanta a
alunos. todos os alunos com deficiência o acesso à escola comum, removendo
4. A LDBEN, a Educação Especial e o Atendimento Educacional Es- barreiras que impedem a frequência desses alunos às turmas comuns do
pecializado ensino regular. A Educação Especial é uma modalidade de ensino per-
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN passa, como complemento ou suplemento, todas as etapas e os níveis de
– (art. 58 e seguintes), “o Atendimento Educacional Especializado será ensino básico e superior.
feito em classes, escolas, ou serviços especializados, sempre que, em Essa modalidade deve disponibilizar um conjunto de recursos educa-
função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua cionais e de estratégias de apoio aos alunos com deficiência, proporcio-
integração nas classes comuns do ensino regular” (art. 59, § 2ª). nando-lhes diferentes alternativas de atendimento, de acordo com as
O entendimento equivocado desse dispositivo tem levado à conclusão necessidades de cada um.
de que é possível a substituição do ensino regular pelo especial. A inter- O Atendimento Educacional Especializado é uma forma de garantir
pretação a ser adotada deve considerar que essa substituição não pode que sejam reconhecidas e atendidas as particularidades de cada aluno
ser admitida em qualquer hipótese, independentemente da idade da com deficiência. São consideradas matérias do Atendimento Educacional
pessoa. Isso decorre do fato de que toda a legislação ordinária tem que Especializado: Língua Brasileira de sinais (LIBRAS); interpretação de
estar em conformidade com a Constituição Federal. Além disso, um artigo LIBRAS; ensino de Língua Portuguesa para surdos; código braille; orien-
de lei não deve ser lido isoladamente. A interpretação de um dispositivo tação e mobilidade; utilização do soroban; as ajudas técnicas, incluindo
legal precisa ser feita de forma que não haja contradições dentro da informática adaptada; mobilidade e comunicação alternativa/aumentativa;
própria lei. tecnologias assistivas; informática educativa; educação física adaptada;
A interpretação errônea que admite a possibilidade de substituição do enriquecimento e aprofundamento do repertório de conhecimentos; ativi-
ensino regular pelo especial está em confronto com o que dispõe a própria dades da vida autônoma e social, entre outras.
LDBEN em seu artigo 4ª, inciso I22 e em seu artigo 6ª3 e com a Constitui- A educação inclusiva garante o cumprimento do direito constitucional
ção Federal, que também determina que o acesso ao Ensino Fundamental indisponível de qualquer criança de acesso ao Ensino Fundamental, já
obrigatório (art. 208, inc. I). que pressupõe uma organização pedagógica das escolas e práticas de
A Constituição define o que é educação, não admitindo o oferecimen- ensino que atendam às diferenças entre os alunos, sem discriminações
to de Ensino Fundamental em local que não seja escola (art. 206, inc. I) e indevidas, beneficiando a todos com o convívio e crescimento na plurali-
também prevê requisitos básicos que essa escola deve observar (art. 205 dade.
e seguintes). 5. A LDBEN e as inovações trazidas pelo Decreto n. 3.956/2001
Outra situação da LDBEN que merece atenção é o fato de não se re- (Convenção da Guatemala)
ferir, nos artigos 58 e seguintes, a Atendimento Educacional Especializa- Posterior à LDBEN, surgiu uma nova legislação que, como toda lei
do, mas à Educação Especial. Esses termos, Atendimento Educacional nova, revoga as disposições anteriores que lhe são contrárias ou comple-
Especializado e Educação Especial, para a Constituição Federal não são menta eventuais omissões. Trata-se da Convenção Interamericana para a
sinônimos. Se nosso legislador constituinte quisesse referir-se à Educação Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Porta-
Especial”, ou seja, ao mesmo tipo de atendimento que vinha sendo pres- dora de Deficiência, celebrada na Guatemala.
tado às pessoas com deficiência antes de 1988, teria repetido essa ex- O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo Con-
pressão que constava na Emenda Constitucional nª 1, de 1969, no Capítu- gresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nª 198, de 13 de junho de
lo “Do Direito à Ordem Econômica e Social”. 2001, e promulgado pelo Decreto nª 3.956, de 8 de outubro de 2001, da
Em nossa Constituição anterior, as pessoas com deficiência não eram Presidência da República.
contempladas nos dispositivos referentes à educação em geral. Esses Portanto, no Brasil, ele tem tanto valor quanto uma lei ordinária, ou
alunos, independentemente do tipo de deficiência, eram considerados até mesmo (de acordo com o entendimento de alguns juristas) como
titulares do direito à Educação Especial, matéria tratada no âmbito da norma constitucional, já que se refere a direitos e garantias fundamentais
assistência. da pessoa humana, estando acima de leis, resoluções e decretos.

Conhecimentos Específicos 58

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Trata-se de documento que exige, agora mais do que nunca, uma Após tratar das etapas da educação básica, a LDBEN coloca a edu-
reinterpretação da LDBEN. Isso porque a LDBEN, quando aplicada em cação de jovens e adultos – EJA – como a única que pode oferecer certifi-
desconformidade com a Constituição (como visto no item anterior), pode cado de conclusão equivalente ao Ensino Fundamental e/ou Médio. Con-
admitir diferenciações com base em deficiência, que implicam em restri- forme seu artigo 37, a EJA é a modalidade destinada a jovens e adultos
ções ao direito de acesso de um aluno com deficiência ao mesmo ambien- “que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Funda-
te que os demais colegas sem deficiência. mental e Médio na idade própria”.
A Convenção da Guatemala deixa clara a impossibilidade de trata- A LDBEN cita as modalidades educação profissional e Educação Es-
mento desigual com base na deficiência, definindo a discriminação como pecial em capítulos destacados da educação básica e superior, não po-
toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antece- dendo estas modalidades expedirem certificações equivalentes ao Ensino
dente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção Fundamental, médio ou superior.
de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de Portanto, está correto o entendimento de que a Educação Especial
impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das perpassa os diversos níveis de escolarização, mas ela não constitui um
pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liber- sistema paralelo de ensino, com seus níveis e etapas próprias. A Educa-
dades fundamentais (art. 1ª, nª 2, “a”). ção Especial deve estar sempre presente na educação básica e superior
O direito de acesso ao Ensino Fundamental é um direito humano in- para os alunos com deficiência que dela necessitarem.
disponível, por isso as pessoas com deficiência, em idade de frequentá-lo, Uma instituição especializada ou escola especial é reconhecida jus-
não podem ser privadas dele. Assim, toda vez que se admite a substitui-
tamente pelo tipo de atendimento que oferece, ou seja, Atendimento
ção do ensino de alunos com deficiência em turmas comuns do ensino
Educacional Especializado. Sendo assim, essas escolas não podem
regular, unicamente pelo ensino especial na idade de acesso obrigatório
substituir, mas complementar as escolas comuns em todos os seus níveis
ao Ensino Fundamental, essa conduta fere o disposto na Convenção da
de ensino.
Guatemala.
Por ser um tratamento diferenciado em razão da deficiência, a Educa- Conforme a LDBEN, em seu artigo 60, as instituições especializadas
ção Especial tem sido um modo de tratamento desigual aos alunos. Sendo são aquelas com atuação exclusiva em Educação Especial, “para fins de
assim, essa modalidade não deve continuar desrespeitando as disposi- apoio técnico e financeiro pelo Poder Público”.
ções da Convenção da Guatemala nesse sentido. 7. Como devem ficar as escolas das instituições especializadas?
O acesso à educação, em qualquer nível, é um direito humano in- A instituição filantrópica que mantém uma escola especial, ainda que
questionável. Assim, todas as pessoas com deficiência têm o direito de ofereça Atendimento Educacional Especializado, deve providenciar imedi-
frequentar a educação escolar em qualquer um de seus níveis. Mas é atamente a matrícula das pessoas que atende, pelo menos daquelas em
importante destacar que o Ensino Fundamental é a única etapa conside- idade de 7 a 14 anos, no Ensino Fundamental, em escolas comuns da
rada obrigatória pela Constituição Federal e, por isso, não pode ser jamais rede regular. Para os jovens que ultrapassarem essa idade limite é impor-
substituído. tante que lhes seja garantida matrícula em escolas comuns, na modalida-
A Convenção da Guatemala esclarece que não constitui discrimina- de de educação de jovens e adultos – EJA, se não lhes for possível fre-
ção a diferenciação ou preferência adotada para promover a integração quentar o Ensino Médio.
social ou o desenvolvimento das pessoas com deficiência, desde que a Nada impede que, em período distinto daquele em que forem matricu-
diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualdade lados no ensino comum, os alunos continuem a frequentar a instituição
dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferencia- para serviços clínicos e/ou serviços de Atendimento Educacional Especia-
ção ou preferência (art. 1ª, nª 2, “b”). Assim, as diferenciações ou prefe- lizado.
rências são admitidas em algumas circunstâncias, mas a exclusão ou O sistema oficial de ensino, por meio de seus órgãos, nos âmbitos fe-
restrição jamais serão permitidas se o motivo for a deficiência. deral, estadual e municipal, deve dar às escolas especiais prazo para que
Ainda que o encaminhamento a escolas e classes especiais não seja adotem as providências necessárias, de modo que suas escolas especiais
visto como uma exclusão ou restrição, mas como mera diferenciação, se em possam atender às prescrições da Constituição Federal e à Convenção da
nossa Constituição consta que educação é aquela que visa o pleno desen- Guatemala.
volvimento humano e o seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205), Essas providências devem ser adotadas com urgência no que diz
qualquer dificuldade de acesso a um ambiente marcado pelas diferenças e respeito a alunos com deficiência, em idade de acesso obrigatório ao
que reflita a sociedade como ela é, como forma efetiva de preparar a pessoa Ensino Fundamental.
para a cidadania, seria uma “diferenciação ou preferência” que estaria Os pais/responsáveis que deixam seus filhos dessa idade sem a es-
limitando “em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas.” colaridade obrigatória podem estar sujeitos às penas do artigo 246 do
Código Penal, que trata do crime de abandono intelectual. É possível até
Essa norma, portanto, também reforça a necessidade de dar nova in-
que os dirigentes de instituições que incentivam e não tomam providências
terpretação à LDBEN, de modo que não seja mais permitida a substituição em relação a essa situação possam incorrer nas mesmas penas (art. 29,
do ensino comum pelo especial. Vale repetir: o que está posto na LDBEN CP). O mesmo pode ocorrer se a instituição simplesmente acolhe uma
como Educação Especial deve ser entendido como Atendimento Educaci- criança com deficiência recusada por uma escola comum (essa recusa
onal Especializado, nos termos da Constituição Federal, sob pena de também é crime, art. 8ª, Lei nª 7.853/89), e silenciar a respeito, não de-
incompatibilidade. nunciando a situação. Os Conselhos Tutelares e autoridades locais devem
Quando o Atendimento Educacional Especializado não substitutivo for ficar atentos para cumprir seu dever de garantir a todas as crianças e
prestado em salas de aula ou em ambientes segregados, esse só poderá adolescentes o seu direito de acesso à escola comum na faixa obrigatória.
ocorrer mediante a aceitação da pessoa com deficiência ou de seu res- Considerando o grave fato de que a maioria das escolas comuns da
ponsável, não estando ela obrigada a aceitar esse tratamento diferencia- rede regular dizem estar “despreparadas” para receber alunos com defici-
do. ência – já que grande parte desses alunos nunca frequentou a escola de
A Convenção da Guatemala ainda complementa a LDBEN porque es- ensino regular –, a instituição especializada deve oferecer apoio e conhe-
sa não contempla o direito de opção das pessoas com deficiência e de cimentos/esclarecimentos aos professores das escolas comuns em que
seus pais ou responsáveis, limitando-se a prever as situações em que se essas crianças e adolescentes estão estudando.
dará a Educação Especial, que normalmente, na prática, acontece por É importante que esses apoios e conhecimentos não se constituam
imposição da escola ou rede de ensino. no que se costuma entender e praticar como reforço escolar. A escolari-
6. Instituições especializadas e escolas especiais podem oferecer En- dade dos alunos com deficiência compete às escolas comuns da rede
sino Fundamental? regular que, para não continuarem criando situações de exclusão, dentro e
A LDBEN trata no seu título V “Dos Níveis e das Modalidades de Edu- fora das salas de aula, devem responder às necessidades de todos os
cação e Ensino”. De acordo com o artigo 21, a educação escolar é com- educandos com práticas que respeitem as diferenças.
posta pela educação básica e pelo ensino superior. A educação básica, O papel da instituição especializada é o de oferecer aos alunos com
por sua vez, é composta das seguintes etapas escolares: Educação deficiência conhecimentos que não são próprios dos currículos da base
Infantil, Ensino Fundamental e Médio. nacional comum e, como defensoras dos interesses das pessoas com

Conhecimentos Específicos 59

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
deficiência, cuidar para que as escolas comuns cumpram o seu papel. Guatemala. O que muda, basicamente, é a execução prática de seu
Caso sejam encontradas resistências das escolas comuns da rede regular capítulo referente à Educação Especial, principalmente após a internaliza-
em aceitar as matrículas, ou manter as já existentes, mesmo com o apoio ção da Convenção da Guatemala.
das instituições especializadas, os dirigentes dessas devem orientar e Assim, os órgãos responsáveis pela emissão de atos normativos infra-
acompanhar os pais para denunciarem o fato aos órgãos do Ministério legais e administrativos relacionados à educação (Ministério da Educação,
Público local. Conselhos de Educação e Secretarias de todas as esferas administrati-
8. Sugestões de áreas de atuação das instituições/escolas especiais vas) devem emitir diretrizes para a educação básica, em seus respectivos
• Para crianças de 0 a 6 anos: oferecer Atendimento Educacional Es- âmbitos, considerando os termos da promulgada Convenção da Guatema-
pecializado, que pode envolver formas específicas de comunicação, la no Brasil, com orientações adequadas e suficientes para que as escolas
apenas quando esse Atendimento não ocorrer nas escolas comuns de em geral recebam com qualidade a todos os alunos.
Educação Infantil. Proporcionar, quando necessário, atendimentos clíni- Essas diretrizes e atos devem observar, no mínimo, os seguintes as-
cos. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, esses aten- pectos fundamentais:
dimentos clínicos e educacionais não podem ser oferecidos de modo a • É indispensável que os estabelecimentos de ensino eliminem suas
impedir o acesso à Educação Infantil comum, devendo este ser incentiva- barreiras arquitetônicas, pedagógicas e de comunicação, adotando práticas
do pela instituição como forma de garantir a inclusão escolar da criança. de ensino escolar adequadas às diferenças dos alunos em geral, oferecendo
• Para crianças e jovens de 7 a 14 anos: o Atendimento Educacional alternativas que contemplem a todos os alunos, além de recursos de ensino
Especializado é sempre complementar e não substitutivo da escolarização e equipamentos especializados, que atendam às necessidades educacionais
em salas de aula de ensino comum. Quando necessário, esses alunos dos educandos, com e sem deficiências, mas sem discriminações.
devem ter providenciado o Atendimento Educacional Especializado na • Os critérios de avaliação e de promoção, com base no aproveitamento
instituição, em horário distinto daquele em que frequentam a escola comum. escolar, previstos na LDBEN (art. 24) não podem ser organizados de forma
• Para adultos e adolescentes maiores de 14 anos que não estiverem a descumprir os princípios constitucionais da igualdade de direito ao acesso
aptos a frequentar o ensino médio: além dos cursos profissionalizantes e e permanência na escola, bem como do acesso aos níveis mais elevados do
outros oferecidos, as instituições especializadas devem incentivar as ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
matrículas desses alunos em instituições regulares de educação profissio- um. Para tanto, o acesso a todas as séries do Ensino Fundamental (obriga-
nal, realizar convênios com cursos profissionalizantes e/ ou para educação tório) deve ser incondicionalmente assegurado a todos e, por isso, como
de jovens e adultos, de forma a possibilitar sua inclusão social e escolar, garantia de qualidade, as práticas escolares, em cada uma das séries,
podendo oferecer, como complemento, o Atendimento Educacional Espe- devem contemplar as diferenças existentes entre todos os seus alunos.
cializado que se fizer necessário a cada caso. • O Ensino Médio, os cursos profissionalizantes, o ensino de jovens e
• Para adolescentes e adultos com idade para o trabalho: é importante adultos ou os tradicionalmente voltados para a preparação para vestibula-
facilitar a inserção efetiva dessas pessoas no mercado de trabalho, atra- res devem ser organizados com o objetivo de atender a todos os alunos
vés de capacitação e do apoio jurídico em casos que necessitarem de que concluíram o Ensino Fundamental, de acordo com o perfil e aptidão
interdição judicial, incentivando sempre que possível a interdição parcial, de cada um.
para que a pessoa possa continuar exercendo atos de cidadania. • Os serviços de apoio especializado como os de professores de Edu-
• Para garantir maior qualidade no processo de inclusão de seus alu- cação Especial, intérpretes de língua de sinais, instrutores de LIBRAS,
nos, a instituição especializada pode celebrar acordos de cooperação com professores de Português (segunda língua para os surdos), professores
escolas comuns do ensino regular, públicas ou privadas, de maneira que que se encarreguem do ensino e utilização do código braille e de outros
estas matriculem as crianças e adolescentes em idade de Educação recursos especiais de ensino e de aprendizagem, não caracterizam e não
Infantil e Ensino Fundamental atualmente atendidas nos espaços educaci- podem substituir as funções do professor responsável pela sala de aula da
onais especiais, desde que esses acordos não substituam a educação escola comum de ensino regular.
escolar em todos os seus níveis. • O encaminhamento de alunos com deficiência e outras necessida-
• Caso as escolas comuns se recusem a fazer tais matrículas ou ces- des especiais (por exemplo: intolerância ao glúten ou diabetes) a serviços
sem as já existentes, é importante que a instituição especializada respon- educacionais especializados ou atendimento clínico especializado deve
sável pelo encaminhamento comunique o Ministério Público local, tendo contar com a concordância expressa dos pais dos alunos.
em vista o crime previsto na Lei nª 7.853/89, artigo 8ª. • As escolas de Educação Infantil, creches e similares, dentro de sua
A chamada “inclusão ao contrário” é um artifício para que o ensino atual e reconhecida função de cuidar e educar, devem estar preparadas
escolar se mantenha nas instituições especializadas. Essas se propõem a para crianças com deficiência e outras necessidades especiais, a partir de
abrir e/ou transformar esse ensino já existente para alunos com deficiência 0 ano (art. 58, § 3ª, LDBEN c.c. o art. 2ª, inc. I, alínea “a”, da Lei nª
e/ou com problemas de aprendizagem também para alunos sem deficiên- 7.853/89), oferecendolhes cuidados diários que favoreçam sua inclusão e
cias e mesmo sem dificuldades de acompanhar/cursar as escolas comuns. acesso ao Atendimento Educacional Especializado, sem prejuízo aos
A solução de algumas instituições especializadas visando manter su- atendimentos clínicos individualizados que, se não forem oferecidos no
as escolas/classes especiais é inadequada, porque a escola deve ser um mesmo ambiente, devem ser realizados convênios para facilitação do
ambiente que reflita a sociedade como ela é, para atender o disposto no atendimento da criança;
art. 205, da CF: proporcionar pleno desenvolvimento humano e preparar • Não deve ser permitida a realização de exames (“vestibulinhos”)
para a cidadania. Escolas mistas, constituídas por grande número de com a finalidade de aprovação ou reprovação para ingresso na Educação
pessoas com a mesma deficiência e algumas outras sem deficiência lá Infantil ou Ensino Fundamental, devendo, em caso de desequilíbrio entre a
inseridas, não atendem tal dispositivo. oferta de vagas e a procura, fazer uso de métodos objetivos e transparen-
Se as instituições especializadas quiserem transformar suas escolas tes para o preenchimento das vagas existentes (sorteio, ordem cronológi-
em escolas comuns da rede regular, aberta a todos os alunos, devem ca de inscrição etc.), conforme os termos do Parecer CNE/CEB 26/2003,
oferecer os níveis e etapas de educação escolar além do Atendimento do Conselho Nacional de Educação.
Educacional Especializado complementar. Nesse sentido, deverão retificar • Todos os cursos de formação de professores, do Magistério às Li-
seu regimento escolar e sua autorização de funcionamento junto às Secre- cenciaturas, devem dar-lhes a consciência e a preparação necessárias
tarias de Educação. para que recebam, em suas salas de aula, alunos com e sem deficiências.
O número de alunos com deficiência a serem atendidos por essa es- • Os cursos de formação de professores especializados em Educação
cola não ultrapassará o percentual desse segmento na população. Nessa Especial devem preparar esses profissionais, de modo que possam pres-
hipótese, a instituição deixará de ter atuação exclusiva em Educação tar Atendimento Educacional Especializado, em escolas comuns e em
Especial e, assim, não será mais beneficiária do apoio técnico e financeiro instituições especializadas, envolvendo conhecimentos como: código
do Poder Público, de acordo com o disposto no artigo 60, da LDBEN. braille, LIBRAS, técnicas que facilitem o acesso da pessoa com deficiência
9. Como cumprir a Constituição Federal e a Convenção da Guatema- ao ensino em geral, e outros com a mesma finalidade.
la? Os órgãos oficiais responsáveis pelo reconhecimento, credenciamen-
Para esse cumprimento, não há necessidade de alteração da LDBEN, to, autorização ou renovação de quaisquer desses atos não podem deferir
mas de sua aplicação conforme a Constituição Federal e a Convenção da os respectivos pedidos das instituições de ensino que não preencherem

Conhecimentos Específicos 60

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
os aspectos fundamentais aqui apontados. Também deverão definir da criança, pois ainda assim é obrigado a atender esses alunos, devendo
prazos para que as escolas interessadas procedam às adaptações neces- providenciar pessoal para esse fim.
sárias para a formação de profissionais dedicados a esse atendimento Recomendam-se convênios com as Secretarias de Saúde ou entida-
específico. des privadas para que o atendimento clínico a essas crianças possa ser
10. “Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais” feito no mesmo espaço da escola ou em espaço distinto.
De acordo com o parâmetro relacionado ao princípio da não discrimi- Um estabelecimento de Educação Infantil para crianças de 0 a 6
nação, trazido pela Convenção da Guatemala, espera-se que os aplicado- anos, que se empenhe em ser um espaço adequado para todas as crian-
res do direito na adoção da máxima “tratar igualmente os iguais e desi- ças, rico em estímulos visuais, auditivos e outros, com profissionais devi-
gualmente os desiguais” admitam as diferenciações com base na deficiên- damente capacitados, será um local de maior qualidade para TODAS as
cia apenas para o fim de se permitir o acesso ao seu direito e não para crianças.
negá-lo. Por exemplo: se uma pessoa tetraplégica precisa de um compu- Quanto à surdez e deficiência auditiva
tador para acompanhar as aulas, esse instrumento deve ser garantido Caso exista um aluno com deficiência auditiva ou surdo matriculado
pelo menos para ela, se não for possível para os outros alunos. É uma em uma escola de ensino regular, ainda que particular, essa deve promo-
diferenciação, em razão da sua deficiência, para o fim de permitir que ela ver as adequações necessárias e contar com os serviços de um intérpre-
continue tendo acesso à educação como todos os demais. Segundo a te/tradutor de língua de sinais, de professor de português como segunda
Convenção da Guatemala, não será discriminação se ela não estiver língua desses alunos e de outros profissionais da área da saúde (fonoau-
obrigada a aceitar essa diferenciação. diólogos, por exemplo), assim como pessoal voluntário ou pertencente a
11. Sobre a necessária evolução interpretativa de outras normas: in- entidades especializadas conveniadas com as redes de ensino regular. Se
tegração x inclusão for uma escola pública, é preciso solicitar material e pessoal às Secretari-
A Lei nª. 7.853/89, o Decreto nª. 3.298/99 e outras normas infraconsti- as de Educação municipais e estaduais, as quais terão de providenciá-los
tucionais e infralegais refletem certa distorção em relação ao que se extrai com urgência, ainda que através de convênios, parcerias etc.
da Constituição Federal e da Convenção da Guatemala. Esses custos devem ser computados no orçamento geral da institui-
Os termos constantes dessas normas, ao garantir às pessoas com ção de ensino, pois se ela está obrigada a oferecer a estrutura adequada
deficiência o direito de acesso ao ensino regular “sempre que possível”, a todos os seus alunos, a referida estrutura deve contemplar todas as
“desde que capazes de se adaptar”, refletem uma época histórica em que deficiências. As instituições de ensino superior devem atender à Portaria
a integração esteve bastante forte, principalmente no Brasil. Na ótica da MEC nª. 3.284, de 7 de novembro de 2003, que traz esclarecimentos
integração é a pessoa com deficiência que tem de se adaptar à sociedade, sobre as mesmas obrigações, condicionando o próprio credenciamento
e não necessariamente a sociedade é que deve criar condições para dos cursos oferecidos ao cumprimento de seus requisitos.
evitar a exclusão. A integração é, portanto, a contraposição do atual Ainda para a surdez e a deficiência auditiva, a escola deve providen-
movimento mundial de inclusão. Neste, existe um esforço bilateral, mas é ciar um instrutor de LIBRAS (de preferência surdo) para os alunos que
principalmente a sociedade que deve impedir que a exclusão ocorra. ainda não aprenderam essa língua e cujos pais tenham optado pelo seu
Em uma interpretação progressiva, adequada com os princípios e ob- uso. Obedecendo aos princípios inclusivos, a aprendizagem da LIBRAS
jetivos constitucionais atuais de “promoção do bem de todos, sem qual- deve acontecer preferencialmente na sala de aula desse aluno e ser
quer discriminação”, entende-se que essas normas, quando falam em oferecida a todos os demais colegas e ao professor, para que possa haver
“sempre que possível, “desde que capazes de se adaptar”, estão se comunicação entre todos.
referindo a pessoas com severos comprometimentos de saúde. Os convênios com a área da saúde são extremamente importantes
Pessoas em estado de vida vegetativa, sem quaisquer condições de para que o diagnóstico da deficiência auditiva seja feito o mais cedo
interação com o meio externo e que não são sequer público das chama- possível.
das escolas especiais, necessitam de cuidados de saúde que as impe- Assim, desde o seu atendimento em berçário, o bebê surdo ou com
dem, ao menos temporariamente, de frequentarem a escolar. deficiência auditiva deve receber estímulos visuais, que são a própria
Caso ocorra uma melhora dessa condição de saúde, ainda que pe- introdução ao aprendizado da LIBRAS, bem como encaminhamento a
quena, essas pessoas por direito deverão frequentar escolas comuns da serviços de fonoaudiologia, que lhe possibilitem aprender a falar.
rede regular. Sugere-se viabilizar turmas ou escolas comuns abertas a alunos sur-
Nesses ambientes educativos, certamente elas terão melhores opor- dos e ouvintes, onde as línguas de instrução sejam a Língua Portuguesa e
tunidades de se desenvolver no aspecto social e escolar. LIBRAS. É necessário que um professor de Português e o professor de
Mesmo que não consigam aprender todos os conteúdos escolares, há Atendimento Educacional Especializado em LIBRAS trabalhem em parce-
que se garantir aos alunos com severas limitações o direito à convivência ria com o professor da sala de aula, para que o aprendizado do português
na escola, entendida como espaço privilegiado da formação global das escrito e de LIBRAS por esses alunos sejam contextualizados. Esses
novas gerações. Uma pessoa, em tais condições, precisa inquestionavel- aprendizados devem acontecer em ambientes específicos para alunos
mente dessa convivência. surdos, constituindo um Atendimento Educacional Especializado.
Além disso, os conteúdos escolares que esse aluno não conseguir Quanto à deficiência física
aprender em uma escola que lhe proporcione um ambiente desafiador e Para possibilitar o acesso de pessoas com deficiência física ou mobi-
que adote as práticas de ensino adequadas à heterogeneidade das salas lidade reduzida, toda escola deve eliminar suas barreiras arquitetônicas e
de aula, provavelmente não serão aprendidos em um ambiente segregado de comunicação, tendo ou não alunos com deficiência nela matriculados
de ensino. Por outro lado, nada impede que esse aluno severamente no momento (Leis nª.7.853/89, 10.048 e 10.098/00, CF).
prejudicado receba Atendimento Educacional Especializado, como com- Faz-se necessária ainda a adoção de recursos de comunicação alter-
plemento e apoio ao seu processo escolar na escola comum. Os demais nativa/aumentativa, principalmente para alunos com paralisia cerebral e
alunos, sem deficiência, para conviverem com naturalidade em situações que apresentam dificuldades funcionais de fala e escrita. A comunicação
como essas, devem, se necessário, receber orientações dos professores alternativa/aumentativa contempla os recursos e estratégias que comple-
sobre como acolher e tratar adequadamente esses colegas em suas mentam ou trazem alternativas para a fala de difícil compreensão ou
necessidades. Todos os alunos serão beneficiados, tanto no aspecto inexistente (pranchas de comunicação e vocalizadores portáteis).
humano como pedagógico com a presença de alunos com deficiências Prevê ainda estratégias e recursos de baixa ou alta tecnologia que
graves nas turmas escolares. promovem acesso ao conteúdo pedagógico (livros digitais, softwares para
12. Condições para a inclusão escolar de alunos com deficiência leitura, livros com caracteres ampliados) e facilitadores de escrita, no caso
Quanto ao Atendimento Educacional Especializado na Educação Infantil de deficiência física, com engrossadores de lápis, órteses para digitação,
Um estabelecimento de Educação Infantil, que se destina a crianças computadores com programas específicos e periféricos (mouse, teclado,
desde 0 ano, deve dispor de profissionais orientados para lidar com bebês acionadores especiais).
com deficiências e/ou problemas de desenvolvimento de todos os níveis e Essas adaptações representam gastos, por isso é importante que a
tipos. previsão de recursos contemple as despesas e os fundos específicos para
Se o estabelecimento educacional não dispuser de profissionais devi- essas adequações.
damente orientados, não pode justificar com esse fato o não-atendimento Quanto à cegueira ou à deficiência visual

Conhecimentos Específicos 61

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Em caso de deficiência visual, a escola deve providenciar para o alu- É preciso levar em conta a “situação de deficiência”, ou seja, a condi-
no, após a sua matrícula, o material didático necessário, como regletes, ção que resulta da interação entre as características da pessoa e as dos
soroban, além do ensino do código braille e de noções sobre orientação e ambientes em que ela está provisoriamente ou constantemente inserida.
mobilidade, atividades de vida autônoma e social. Deve também conhecer Esse novo conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS) reforça os
e aprender a utilizar ferramentas de comunicação, que por sintetizadores princípios inclusivos de transformação dos ambientes de vida das pessoas
de voz possibilitam aos cegos escrever e ler, via computadores. É preciso, em geral, inclusive o educacional, para que possam estar adequados a
contudo, lembrar que a utilização desses recursos não substituem os atender às peculiaridades permanentes e circunstanciais dos seres huma-
conteúdos curriculares e as aulas nas escolas comuns de ensino regular. nos. Segundo esse mesmo conceito, quando se deseja conhecer os
Os professores e demais colegas de turma desse aluno também po- motivos do sucesso ou do fracasso na aprendizagem de conteúdos esco-
derão aprender o braille, assim como a utilizar as demais ferramentas e lares, é preciso analisar igualmente o ensino pelo qual foram ministrados.
recursos específicos pelos mesmos motivos apresentados no caso de Todos os alunos devem ser avaliados pelos progressos que alcança-
alunos surdos ou com deficiência auditiva. ram nas diferentes áreas do conhecimento e a partir de seus talentos e
Em se tratando de escola pública, o próprio Ministério da Educação potencialidades, habilidades naturais e construção de todo tipo de conhe-
tem um programa que possibilita o fornecimento de livros didáticos em cimento escolar. A LDBEN dá ampla liberdade às escolas quanto à forma
braille. Além disso, em todos os Estados estão instalados Centros de de avaliação, não havendo a menor necessidade de serem mantidos os
Apoio Educacional Especializado, que devem atender às solicitações das métodos usuais.
escolas públicas. Da mesma forma, as escolas particulares devem provi- Os alunos com deficiência mental são naturalmente absorvidos em
denciar e arcar com os custos do material ou tentar obtê-lo através de turmas de ensino regular de escolas comuns que já trabalham a partir
convênios com entidades especializadas e/ou rede pública de ensino. destas novas maneiras de atuar pedagogicamente. Essas que serão
Quanto à deficiência mental apresentadas a seguir, na parte deste livro dedicada às Orientações
Esta deficiência parece ser o maior problema da inclusão de pessoas Pedagógicas.
com deficiência nas escolas comuns. Acreditamos, contudo, o aluno com Finalmente, é importante ressaltar que não existem receitas prontas
deficiência mental é mais uma provocação para a transformação e melho- para atender a cada necessidade educacional de alunos com deficiência
ria do ensino escolar como um todo. que a natureza é capaz de produzir.
A Constituição Federal determina que deve ser garantido a todos os Os alunos com e sem deficiência são únicos, singulares, não ses pe-
educandos o direito de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da tem. Suas necessidades e especificidades não são generalizáveis – cada
pesquisa e da criação artística, de acordo com a capacidade de cada um um é um.
(art. 208, V) e que o Ensino Fundamental – completo – é obrigatório. Por Assim, espera-se que a escola, ao abrir as portas para tais alunos, in-
isso, é inegável que as práticas de ensino devem acolher as peculiarida- forme-se e oriente-se com profissionais da educação e da saúde sobre as
des de cada aluno, independentemente de terem ou não deficiência. Mas especificidades e instrumentos adequados para que todo aluno encontre
não é isso o que as escolas têm feito e esta é a grande chave para que a na escola um ambiente adequado, sem discriminações e que lhe proporci-
educação escolar das pessoas com deficiência mental possa acontecer e, one o maior e melhor aprendizado possível.
com sucesso, nas classes comuns de ensino regular.
As tradicionais rotulações e divisões de alunos em turmas aparente- Educação Inclusiva – Orientações pedagógicas
mente homogêneas não são garantias de aprendizado. Ainda que nessas Maria Teresa Eglér Mantoan
turmas os conteúdos escolares pareçam ser aprendidos mais facilmente, o A educação é também onde decidimos se amamos nossas crianças o
entendimento efetivo desses conteúdos não é o mesmo para todos os bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus
alunos. próprios recursos e tampouco, arrancar de suas mãos a oportunidade de
Grande parte dos professores continua na ilusão de que seus alunos empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as, em
apresentarão um desempenho escolar semelhante, em um mesmo tempo vez disso e com antecedência, para a tarefa de renovar um mundo co-
estipulado pela escola para aprender um dado conteúdo escolar. mum.
Esquecem-se de suas diferenças e especificidades. Hanna Arendt
Apesar de saberem que os alunos são pessoas distintas umas das 1. O desafio da inclusão
outras, os professores lutam para que o processo escolar tornem os A inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela es-
alunos “iguais”. Esperam e almejam em cada série, ciclo, nível de ensino, cola comum, provoca a melhoria da qualidade da educação básica e
que os alunos alcancem um padrão predefinido de desempenho escolar. superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o
Essa ânsia de nivelar o alunado, segundo um modelo, leva, invariavelmen- direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola
te, à exclusão escolar, não apenas dos alunos com deficiência intelectual aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças. Esse aprimora-
acentuada, mas também dos que possam apresentar dificuldades ou que mento é necessário, sob pena de os alunos passarem pela experiência
os impeçam de aprender, como se espera de todos. educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo comprometido um
Os alunos com deficiência mental, especialmente os casos mais seve- tempo que é valioso e irreversível em suas vidas: o momento do desen-
ros, são os que forçam a escola a reconhecer a inadequação de suas volvimento.
práticas para atender às diferenças dos educandos. A transformação da escola não é, portanto, uma mera exigência da
De fato, as práticas escolares convencionais não dão conta de aten- inclusão escolar de pessoas com deficiência e/ou dificuldades de aprendi-
der à deficiência mental, em todas as suas manifestações, assim como zado. Assim sendo, ela deve ser encarada como um compromisso inadiá-
não são adequadas às diferentes maneiras de os alunos, sem qualquer vel das escolas, que terá a inclusão como consequência.
deficiência, abordarem e entenderem um conhecimento de acordo com A maioria das escolas ainda está longe de se tornar inclusiva. O que
suas capacidades. Essas práticas precisam ser urgentemente revistas, existe em geral são escolas que desenvolvem projetos de inclusão parcial,
porque, no geral, elas são marcadas pelo conservadorismo, são excluden- os quais não estão associados a mudanças de base nestas instituições e
tes e inviáveis para o alunado que temos hoje nas escolas, em todos os continuam a atender aos alunos com deficiência em espaços escolares
seus níveis. semi ou totalmente segregados (classes especiais, escolas especiais).
Entre essas práticas, está a atual forma de avaliação da aprendiza-
gem, que é das mais antigas e ineficientes e que precisa ser mudada. Não As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas
se pode mais categorizar o desempenho escolar a partir de instrumentos e turmas de ensino regular se justificam, na maioria das vezes, pelo despre-
medidas arbitrariamente estabelecidos pela escola. Com base nessas paro dos seus professores para esse fim. Existem também as que não
avaliações, entre outras, um aluno é considerado apto ou não a frequentar acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação,
uma turma comum de ensino regular, especialmente quando se trata de especialmente os casos mais graves, pois não teriam condições de acom-
alunos com deficiência mental. panhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais marginaliza-
Sabe-se, hoje, que as deficiências não podem ser medidas e defini- dos e discriminados do que nas classes e escolas especiais. Em ambas
das por si mesmas e por intermédio, unicamente, de avaliações e de as situações, fica evidenciada a necessidade de se redefinir e de se
aparatos educacionais, médicos e psicológicos conhecidos. colocar em ação novas alternativas pedagógicas, que favoreçam a todos

Conhecimentos Específicos 62

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
os alunos, o que implica na atualização e desenvolvimento de conceitos e Embora ainda muito incompreendida pelos professores e pais, por ser
em práticas escolares compatíveis com esse grande desafio. uma novidade pouco difundida e aplicada nas redes de ensino, a implan-
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas tação dos ciclos é uma outra solução a ser adotada, quando se pretende
frentes. Destacamos a seguir as transformações que consideramos pri- que as escolas acolham a todos os alunos.
mordiais, para que se possa transformar as escolas visando a um ensino Se concedermos mais tempo para que os alunos aprendam, elimi-
de qualidade e, consequentemente, inclusivo. nando a seriação e a reprovação nas passagens de um ano para o outro,
Temos que agir urgentemente: estaremos adequando o processo de aprendizagem ao que é natural e
• colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque escola espontâneo no processo de aprender e no desenvolvimento humano, em
foi feita para fazer com que todos os alunos aprendam; todos os seus aspectos.
• assegurando tempo e condições para que todos possam aprender Não se pode imaginar uma educação para todos quando constituímos
de acordo com o perfil de cada um e reprovando a repetência; grupos de alunos por séries, por níveis de desempenho escolar e determi-
• garantindo o Atendimento Educacional Especializado, preferencial- namos para cada nível objetivos e tarefas adaptadas. E, mais ainda,
mente na própria escola comum da rede regular de ensino; quando encaminhamos os que não “cabem” em nenhuma dessas catego-
• abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a rias para classes e escolas especiais, argumentando que o ensino para
criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas por profes- todos não sofreria distorções de sentido em casos como esses!
sores, administradores, funcionários e alunos, pois são habilidades míni- Essa compreensão equivocada da escola inclusiva acaba instalando
mas para o exercício da verdadeira cidadania; cada criança em um locus escolar arbitrariamente escolhido e acentua
• estimulando, formando continuamente e valorizando o professor, mais as desigualdades, justificando o fracasso escolar, como problema
que é o responsável pela tarefa fundamental da escola - a aprendizagem exclusivamente devido ao aluno.
dos alunos; Embora uma nova maneira de formar as turmas escolares não baste
Em contextos educacionais inclusivos, que preparam os alunos para a para promover a inclusão, a organização das turmas escolares por ciclos é
cidadania e visam ao seu pleno desenvolvimento humano, como quer a ideal para que se possa entender o funcionamento ativo dos alunos frente
Constituição Federal (art. 205), as crianças e adolescentes com deficiên- a situações-problema: cada um faz seu caminho diante de diferentes tipos
cias não precisam e não devem estar fora das turmas comuns das escolas de desafios escolares.
de ensino regular de Educação Infantil e do Ensino Fundamental e Médio, As escolas alimentam a falsa ideia de que pode organizar turmas ho-
frequentando classes e escolas especiais. mogêneas. É, sem dúvida, a heterogeneidade que dinamiza os grupos,
Novas práticas de ensino proporcionam benefícios escolares para que dando-lhes vigor, funcionalidade e garantindo o sucesso escolar. Temos
todos os alunos possam alcançar os mais elevados níveis de ensino, de entender que as turmas escolares são e sempre serão desiguais,
segundo a capacidade de cada um, como nos garante a Constituição. queiramos ou não.
A aprendizagem como centro das atividades escolares e o sucesso
No intuito de entender melhor o que a inclusão representa na educa- dos alunos como meta da escola – independentemente do nível de de-
ção escolar de todo e qualquer aluno e, especialmente para os que têm sempenho a que cada um seja capaz de chegar – são condições básicas
deficiências, é preciso esclarecer o que as escolas comuns que adotam o para se caminhar na direção de escolas inclusivas. O sentido desse
paradigma inclusivo defendem e priorizam e em que precisam mudar para acolhimento não é a aceitação passiva das possibilidades de cada aluno,
se ajustarem a ele. mas a receptividade diante de níveis diferentes de desenvolvimento das
Não há mágicas para melhorar as condições pelas quais o ensino é crianças e dos jovens. Afinal, as escolas existem para formar as novas
ministrado nas escolas comuns, visando universalizar o acesso, a perma- gerações e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais privile-
nência e o prosseguimento da escolaridade de seus alunos, ou seja, a giados.
inclusão incondicional de todos os alunos nas turmas escolares. A inclusão não implica no desenvolvimento de um ensino individuali-
A adoção de alternativas educacionais, que felizmente já estão fazen- zado para os alunos que apresentam déficits intelectuais, problemas de
do parte da organização pedagógica de escolas de algumas redes de aprendizagem e outros relacionados ao desempenho escolar.
ensino brasileiras tem revelado a possibilidade de as escolas se abrirem Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos escolares, seja
incondicionalmente às diferenças! dentro ou fora das salas de aula e, portanto, nenhum aluno é encaminha-
Seguem medidas gerais, de natureza administrativa e pedagógica, do a salas de reforço ou deverá aprender a partir de currículos adaptados
que essas redes de ensino/escolas estão adotando para conseguirem um para suas necessidades, segundo a decisão do professor ou do especia-
aprimoramento do ensino e à inclusão. lista.
2. Mudanças na organização pedagógica das escolas É uma ilusão pensar que esses profissionais conseguem predetermi-
Uma das mais importantes mudanças visa estimular a escola para nar a extensão e a profundidade dos conteúdos a serem construídos pelos
que elabore com autonomia e de forma participativa o seu Projeto Político alunos, assim como facilitar as atividades para alguns, porque, de ante-
Pedagógico, diagnosticando a demanda. Ou seja, verificando quem são, mão eles conseguem prever a dificuldade que o aluno pode encontrar
quantos são os alunos, onde estão e porque alguns evadiram, se têm para realizá-las. Na verdade, é o aluno que se adapta ao novo conheci-
dificuldades de aprendizagem, de frequentar as aulas, assim como os mento e só ele é capaz de regular o seu processo de construção intelec-
recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis. Esse Projeto tual.
implica em um estudo e em um planejamento de trabalho envolvendo Resumindo, cabe ao aluno individualizar a sua aprendizagem e isso
todos os que compõem a comunidade escolar, com objetivo de estabele- ocorre quando o ambiente escolar e as atividades e intervenções do
cer prioridades de atuação, objetivos, metas e responsabilidades que vão professor o liberam, o emancipam, dando-lhe espaço para pensar, decidir
definir o plano de ação das escolas, de acordo com o perfil de cada uma: e realizar suas tarefas, segundo seus interesses e possibilidades. O
as especificidades do alunado, da equipe de professores, funcionários e ensino individualizado, adaptado pelo professor, rompe com essa lógica
num dado espaço de tempo, o ano letivo. emancipadora e implica em escolhas e intervenções do professor, que
Sem que a escola conheça os seus alunos e os que estão à margem passa a controlar de fora o processo de aprendizagem.
dela, não será possível elaborar um currículo escolar que reflita o meio É desejável e adequado que as intervenções do professor sejam dire-
social e cultural em que ela se insere. A integração entre as áreas do cionadas para desequilibrar, apresentar desafios e apoiar o aluno nas
conhecimento e a concepção transversal das novas propostas de organi-
suas descobertas, sem lhe retirar a condução do seu próprio processo
zação curricular convertem as disciplinas acadêmicas em meios e não em
educativo.
fins da educação escolar.
As propostas curriculares devem reconhecer e valorizar os alunos em A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar espe-
suas peculiaridades étnicas, de gênero, cultura; precisam partir de suas cíficas para esta ou aquela deficiência, mas sim recursos, ferramentas,
realidades de vida, de suas experiências, de seus saberes, fazeres e são linguagens, tecnologias que concorram para diminuir/eliminar as barreiras
tramadas em redes de conhecimento que superam a tão decantada siste- eu se interpõem aos processos de ensino e de aprendizagem.
matização do saber. Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o en-
sino for de qualidade, isto é, se o professor considerar as possibilidades

Conhecimentos Específicos 63

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
de desenvolvimento de cada aluno e explorar sua capacidade de apren- • propor projetos de trabalho totalmente desvinculados das experiên-
der. Isso pode ocorrer por meio de atividades abertas, nas quais cada cias e do interesse dos alunos, que só servem para demonstrar a pseudo-
aluno se envolve na medida de seus interesses e necessidades, seja para adesão do professor às inovações;
construir uma ideia, resolver um problema ou realizar uma tarefa. Esse é • organizar de modo fragmentado o emprego do tempo do dia letivo
um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares tradicionais, para apresentar o conteúdo estanque desta ou daquela disciplina e outros
cujo modelo é baseado na transmissão dos conhecimentos. expedientes de rotina das salas de aula;
O trabalho coletivo e diversificado nas salas de aula é compatível com • considerar a prova final como decisiva na avaliação do rendimento
a vocação das escolas de formar as novas gerações. É nos bancos esco- escolar do aluno;
lares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a dividir as respon- Não teremos condições de ensinar a turma toda, reconhecendo as di-
sabilidades e repartir as tarefas. O exercício dessas ações desenvolve a ferenças na escola.
cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o reconheci- Esta lista de práticas configuram o velho e conhecido ensino para al-
mento da diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho guns alunos, e para alguns alunos em alguns momentos, em algumas
de cada pessoa para a obtenção de metas comuns de um mesmo grupo. disciplinas, atividades e situações de sala de aula.
Os alunos tutores têm sido uma solução muito bem-vinda nas esco- É assim que a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo a todos os
las, despertando nos alunos o hábito de compartilhar o saber. O apoio ao alunos, não apenas os que apresentam uma dificuldade maior de apren-
colega com dificuldade é uma atitude extremamente útil e humana que der ou uma deficiência específica. Porque em cada sala de aula sempre
tem sido pouco desenvolvida nas escolas. existem alunos que rejeitam propostas de trabalho escolar descontextuali-
Os modos de avaliar a aprendizagem são outro entrave à implemen- zadas, sem sentido e atrativos intelectuais. Há os que sempre protestam,
a seu modo, contra um ensino que não os desafia e não atende às suas
tação da inclusão. Por isso, é urgente substituir o caráter classificatório da
motivações e interesses pessoais.
avaliação escolar, através de notas e provas, por um processo que deverá
ser contínuo e qualitativo, visando depurar o ensino e torná-lo cada vez O ensino para alguns é ideal para gerar indisciplina, competição, dis-
mais adequado e eficiente à aprendizagem de todos os alunos. Essa criminação, preconceitos e para categorizar os “bons” e os “maus” alunos,
medida já diminuiria substancialmente o número de crianças e adolescen- por critérios que são, no geral, infundados. Já o ensino para todos desafia
tes que são indevidamente avaliados, encaminhados e categorizados o sistema educacional, a comunidade escolar e toda uma rede de pesso-
como deficientes nas escolas regulares. as, que se incluem num movimento vivo e dinâmico de fazer uma educa-
ção que assume o tempo presente como uma oportunidade de mudança
A educação de qualidade para todos implica também em mudanças do “alguns” em “todos”, da discriminação e preconceito em reconhecimen-
relativas à administração e aos papéis desempenhados pelos membros da to e respeito às diferenças.
organização escolar. Neste sentido é primordial que seja revista a gestão É um ensino que coloca o aluno como foco de toda a ação educativa
escolar e essa revisão implica: e possibilita a todos os envolvidos a descoberta contínua de si e do outro,
a) que os papéis desempenhados pelos diretores e coordenadores enchendo de significado o saber/sabor de educar.
mudem e que o teor controlador, fiscalizador e burocrático dessas funções Ainda hoje, vigora a visão conservadora de que as escolas de quali-
seja substituído pelo trabalho de apoio e de orientação ao professor e à dade são as que enchem as cabeças dos alunos com datas, fórmulas,
toda comunidade escolar; conceitos justapostos, fragmentados. A qualidade desse ensino resulta da
b) que a gestão administrativa seja descentralizada, promovendo uma superioridade e da supervalorização do conteúdo acadêmico em todos os
maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira dos recursos seus níveis.
materiais e humanos das escolas, por meio dos conselhos, colegiados, Sem dúvida, o conteúdo curricular é importante, mas não é o único
assembleias de pais e de alunos. ponto a ser considerado, quando nos referimos uma educação de qualida-
Com essas mudanças na administração escolar, o aspecto pedagógi- de, principalmente quando estamos falando de etapas iniciais do ensino
co das funções do diretor, dos coordenadores e dos supervisores emerge. básico: Educação Infantil e Ensino Fundamental.
Deixam de existir os motivos pelos quais esses profissionais ficam confi- Persiste a ideia de que as escolas consideradas de qualidade são as
nados aos gabinetes, às questões burocráticas, sem tempo para conhecer que centram a aprendizagem nos conteúdos programáticos das disciplinas
e participar do que acontece no dia-a-dia das salas de aula. curriculares, exclusivamente; as que enfatizam o aspecto cognitivo do
3. Como ensinar a turma toda? desenvolvimento e que avaliam os alunos, quantificando respostas-
Que práticas de ensino ajudam os professores a ensinar os alunos de padrão. Suas práticas preconizam a exposição oral, a repetição, a memo-
uma mesma turma, atingindo a todos, apesar de suas diferenças? Ou, rização, os treinamentos, o livresco, a negação do valor do erro. São
como criar contextos educacionais capazes de ensinar todos os alunos? aquelas escolas que estão sempre preparando o aluno para o futuro: seja
Ensino disciplinar ou ensino não-disciplinar? este o próximo ano a ser cursado, o nível de escolaridade posterior ou o
Escolas abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda de- vestibular!
mandam uma re-significação e uma reorganização completa dos proces- Ao contrário, uma escola se distingue por um ensino de qualidade
sos de ensino e de aprendizagem usuais, pois não se pode encaixar um quando consegue aproximar os alunos entre si, tratar os conteúdos aca-
projeto novo em uma velha matriz de concepção do ensino escolar. dêmicos como meios de conhecer melhor o mundo e as pessoas que nos
Para melhorar a qualidade do ensino e conseguir trabalhar com as di- rodeiam e ter como parceiras as famílias e a comunidade na elaboração e
ferenças existentes nas salas de aula, é preciso enfrentar os desafios da no cumprimento do projeto escolar.
inclusão escolar, sem fugir das causas do fracasso e da exclusão. Além Uma proposta pedagógica inclusiva norteiase pela base nacional co-
disso, é necessário desconsiderar as soluções paliativas sugeridas para mum (LDBEN) e pode se referendar na educação não-disciplinar (Gallo,
esse fim. 1999), cujo ensino se caracteriza por: [...]
As medidas normalmente indicadas para combater a exclusão não • formação de redes de conhecimento e de significações em contra-
promovem mudanças. Ao contrário, visam mais neutralizar os desequilí- posição a currículos apenas conteudistas, a verdades prontas e acabadas,
brios criados pela heterogeneidade das turmas do que potencializá-los, listadas em programas escolares seriados;
até que se tornem insustentáveis, forçando, de fato, as escolas a buscar • integração de saberes decorrente da transversalidade curricular e
novos caminhos educacionais, que atendam à pluralidade dos alunos. que se contrapõe ao consumo passivo de informações e de conhecimen-
Enquanto os professores persistirem em: tos sem sentido.
• propor trabalhos coletivos, que nada mais são do que atividades in- • descoberta, inventividade e autonomia do sujeito na conquista do
dividuais realizadas ao mesmo tempo pela turma; conhecimento;
• ensinar com ênfase nos conteúdos programáticos; • ambientes polissêmicos, favorecidos por temas de estudo que par-
• adotar o livro didático como ferramenta exclusiva de orientação dos tem da realidade, da identidade social e cultural dos alunos, contra toda a
programas de ensino; ênfase no primado do enunciado desvinculado da prática social e contra a
• servir-se da folha mimeografada ou xerocada para que todos os alu- ênfase no conhecimento pelo conhecimento.
nos as preencham ao mesmo tempo, respondendo às mesmas perguntas 4. E as práticas de ensino?
com as mesmas respostas;
Conhecimentos Específicos 64

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Nas “práticas não-disciplinares” de ensino predominam a experimen- nutra uma elevada expectativa por seus alunos. O sucesso da aprendiza-
tação, a criação, a descoberta, a co-autoria do conhecimento. Essas gem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver
práticas estão voltadas para o ensino de temas, de assuntos de interesse predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades, deficiências e
da turam. Nelas os conteúdos disciplinares não são fins em si mesmos. As limitações precisam ser reconhecidas, mas não devem conduzir ou res-
escolas que as adotam são espaços educativos de construção de perso- tringir o processo de ensino, como habitualmente acontece.
nalidades humanas autônomas, críticas, nos quais as crianças aprendem Independentemente das diferenças próprias de cada aluno, o grande
a ser pessoas. Nelas os alunos são ensinados a valorizar as diferenças, desafio é passar de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa,
pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo dialógica e interativa, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecio-
ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima sócio-afetivo das relações nal, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber.
estabelecidas em toda a comunidade escolar. Nessa nova lógica pedagógica, o professor deixa de ser um “pales-
Práticas escolares assim concebidas não excluem nenhum aluno de trante”, papel que é tradicionalmente identificado com a lógica de distribui-
suas salas de aula, de seus programas, de suas aulas, das atividades e ção do ensino. O professor não utiliza o falar, o copiar e o ditar como
do convívio escolar mais amplo. São próprias de contextos educacionais recursos didáticos pedagógicos básicos. Ele partilha com seus alunos a
em que os alunos aprendam, colaborando uns com os outros, entrelaçan- construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula, restrin-
do suas experiências, saberes, habilidades. gindo ao máximo o uso do ensino expositivo. Na sala de aula os alunos
5. Que tipos de atividades e quais os processos pedagógicos? passam a interagir e a construir ativamente conceitos, valores e atitudes.
Para ensinar a turma toda, devemos propor atividades abertas e di- Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do
versificadas, isto é, que possam ser abordadas por diferentes níveis de saber de seus alunos, como nos ensinou Paulo Freire (1978), consegue
compreensão, de conhecimento e de desempenho dos alunos e em que entender melhor as dificuldades e as possibilidades de cada um e provo-
não se destaquem os que sabem mais ou os que sabem menos. As car a construção do conhecimento com maior adequação.
atividades são exploradas, segundo as possibilidades e interesses dos Um dos pontos cruciais do ensinar a turma toda é a consideração da
alunos, após serem livremente escolhidas por eles. identidade sócio-cultural dos alunos e a valorização da capacidade de
Debates, pesquisas, registros escritos, falados, observação, vivências entendimento que cada um deles têm do mundo e de si mesmos.
são alguns processos pedagógicos indicados para a realização de ativida- Nesse sentido, ensinar a todos reafirma a necessidade de se promo-
des dessa natureza. Por meio destes e de outros processos pedagógicos, ver situações de aprendizagem que formem uma trama multicor de conhe-
os conteúdos das disciplinas vão sendo espontaneamente chamados, cimentos, cujos fios expressam diferentes possibilidades de interpretação
para melhor esclarecer os temas/assuntos em estudo. Nas práticas esco- e de entendimento de um grupo de pessoas sobre um mesmo te-
lares não-disciplinares, esses assuntos são centrais e constituem os fins ma/assunto.
educacionais a que se pretende alcançar. As disciplinas apoiam os alunos Os diferentes sentidos que os alunos atribuem a um objeto de estudo
para elucidar os assuntos em estudo e são importantes nesse sentido. e as suas representações vão se expandindo e se relacionando e revelan-
6. Como avaliar? do, pouco a pouco, uma construção original de ideias que integra as
A avaliação do desenvolvimento dos alunos também precisa mudar contribuições de cada um, sempre bem-vindas, válidas e relevantes.
para ser coerente com as demais inovações propostas. O processo de As diferenças entre grupos étnicos, religiosos, de gênero etc. ensejam
avaliação que é coerente com uma educação inclusiva acompanha o um modo de interação entre eles, que destaca as peculiaridades de cada
percurso de cada estudante a evolução de suas competências e conheci- um gerando, naturalmente, embates necessários à construção da identi-
mentos. dade dos alunos.
Em avaliações dessa natureza, apreciamos, entre outros aspectos, os O professor, neste contexto, não procurará eliminar as diferenças em
progressos do aluno na organização dos estudos, no tratamento das favor de uma suposta igualdade do alunado. Antes, estará atento à singu-
informações e na participação na vida social. Desse modo, muda-se o laridade das vozes que compõem a turma, promovendo a exposição das
caráter da avaliação que, usualmente, é praticada nas escolas e que tem ideias e contrapondo-as todo tempo, provocando posições críticas e
fins meramente classificatórios. A intenção dessa modalidade de avaliar é enfrentamentos próprios de um ensino democrático.
levantar dados para melhor compreensão do processo de aprendizagem e Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas inves-
para o aperfeiçoamento da prática pedagógica. Para alcançar sua nova tindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que confronta significa-
finalidade, a avaliação terá, necessariamente, de ser dinâmica, contínua, dos, desejos e experiências, o professor garantirá a liberdade e as diferen-
mapeando o processo de aprendizagem dos alunos em seus avanços, tes opiniões dos alunos.
retrocessos, dificuldades e progressos. 8. Dúvidas mais frequentes
Vários são os instrumentos que podem ser utilizados para avaliar, de As respostas são a má sorte das perguntas.
modo dinâmico, os caminhos da aprendizagem, como: os registros e Maurice Blanchot
anotações diárias do professor, os chamados portfólios e demais arquivos Qualquer reforço/aceleração para alunos com deficiência pode repre-
de atividades dos alunos e os diários de classe, em que vão colecionando sentar uma discriminação?
dados, impressões significativas sobre o cotidiano do ensino e da aprendi- Deve-se considerar as habilidades de ler e escrever como uma cons-
zagem. As provas também constituem opções de avaliação desejáveis, trução individual. É, portanto, específica de cada aluno e acontece em
desde que haja o objetivo de analisar, junto aos alunos e os seus pais, os função da qualidade do ensino que lhe é ministrado e de sua capacidade
sucessos e as dificuldades escolares. de assimilar e de adquirir essas habilidades durante sua trajetória escolar.
É importante também que os alunos se auto-avaliem. O professor Infelizmente, na prática, verifica-se que não é o aluno que deve ser refor-
precisa, então, criar instrumentos que exercitem/auxiliem os alunos a çado, mas sim o ensino, para que atenda aos processos de aquisição do
adquirir o hábito de refletir sobre as ações que realizam na escola e como conhecimento.
estão vivenciando a experiência de aprender. São válidas as retenções entre um ciclo e outro, ou entre um ano e
Esta é, sem dúvida, uma lacuna que a escola precisa preencher, pois outro para quem não alcançou notas mínimas?
temos dificuldade de analisar e de julgar a nossa produção intelectual, até O simples fato de existirem avaliações, em que uma nota mínima é
mesmo nos níveis mais avançados de ensino. Dependemos muito da avalia- exigida para a promoção, já reflete que a escola continua adotando pa-
ção do professor sobre os nossos trabalhos e dificilmente a contrapomos drões conservadores de avaliação. Isto porque a nota mínima representa
com a nossa. A auto-avaliação deve levar o aluno a perceber o que conse- a intenção que alguma padronização é necessária naquela escola e um
guiu aprender e acrescentar ao que já sabia, conhecer as suas dificuldades rendimento mínimo é esperado de todos os alunos. Nesse momento,
para assimilar novos dados e o que é preciso superar para ultrapassá-las. começam as exclusões e não apenas de crianças com deficiência. Assim,
7. Finalmente... as avaliações com o fim de reter o aluno devem ser repensadas pelos
Aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas, superamos nossas sistemas de ensino porque elas deveriam refletir as habilidades alcança-
incertezas e satisfazemos nossa curiosidade. das para o aluno seguir em frente, e não o contrário.
Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de que as crianças Para seguir em frente, o aluno precisa encontrar sempre práticas de
sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas ensino adequadas às diferenças . Por outro lado, ainda que não se altere
no tempo e do jeito que lhe são próprios. É fundamental que o professor o sistema de avaliação, é indispensável que o olhar do professor mude ao

Conhecimentos Específicos 65

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
corrigir as provas, levando sempre em conta as peculiaridades de cada nam, reprovam, marginalizam o ensino de alguns alunos em classes e
criança que compõe a sua turma. programas à parte dos demais colegas.
Mas não é importante que um mínimo de aprendizado seja exigido pa- Destacamos também que o sucesso da inclusão tem a ver com a in-
ra se passar adiante? versão de uma ideia e de práticas e ensino que são usuais para se aten-
É necessário que se espere o máximo de aprendizado dos conteúdos der às diferenças em uma turma de alunos. Trata-se do ensino individuali-
curriculares ministrados, mas respeitando-se as limitações naturais de zado. Esta prática também passou a ser um dos motivos pelos quais: a)
todos os alunos. A forma tradicional de se fazer avaliações não leva em criticam-se as salas de aula mais numerosas, quando nelas existem
conta esses limites e faz com que a criança fique retida porque não alunos com deficiência; e b) valorizam-se as escolas com turmas de
aprendeu certos conteúdos, o que é injustificado e inconstitucional. A poucos alunos em todos os níveis de ensino.
experiência demonstra que não é a repetência que vai fazer com que o Não é possível individualizar o ensino para quem quer que seja, na
aluno aprenda, mas sim o estímulo contínuo e a valorização de suas medida em que não podemos controlar de fora o processo de compreen-
potencialidades. Cada ano/ciclo é uma nova oportunidade de aprendizado são de outra pessoa. O que é individual e intransferível é a aprendizagem,
e deve oferecer os conteúdos de forma rica e plural, para que todos os que é própria do aprendiz, não é ditada nem comandada, definida ou
alunos se identifiquem e aprendam a seu modo. adaptada por ninguém de fora, a não ser pelo sujeito do conhecimento, no
Em algumas escolas a não-repetência tem sido um desastre. É isso caso, o aluno. Ao professor cabe ensinar, ou seja, disponibilizar o conhe-
que a educação inclusiva defende? cimento de forma aberta, ampla e flexível, de modo que o aluno o assimile
Acreditamos que o insucesso em algumas escolas locais deve-se ao livremente, de maneira original, regulado por seus interesses e possibili-
seguinte fato: práticas de ensino conservadoras e turmas consideradas dades de adaptação. A aprendizagem não deverá ser definida pelo pro-
homogêneas. Melhor explicando: a não-repetência é um dos fatores que fessor, em função de uma falsa concepção de que ele é quem sabe o que
fazem com que exista uma diversidade intelectual muito grande na sala de falta para o aluno aprender, o que é possível ao aluno captar de um as-
aula, que passa a ser heterogênea. O problema é que muitos professores sunto, de uma atividade, de uma situação de ensino qualquer de fora.
continuam dando aula como se a turma fosse homogênea, como se os Em síntese, aprender é tarefa do aluno, independentemente do nível
alunos ainda fossem “peneirados” antes e com isso excluídos (“vestibuli- de conhecimento a que ele for capaz de ter acesso. Ensinar é tarefa do
nhos”, repetências, evasões etc). Felizmente, essas situações não podem professor, que deve disponibilizar o conhecimento, desafiar o aluno no
ocorrer mais. processo de reconstrução dos saberes e apoiá-lo nas suas dificuldades e
Não faz diferença se alguma criança não aprendeu, por exemplo, “di- em todo o momento em que se fizer necessária a sua intervenção.
visão com resto” no 2ª ano, porque nos próximos anos ela vai continuar A nossa Constituição Federal elegeu como fundamentos da República
tendo oportunidade de aprender esse conteúdo e outros mais. a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1ª, inc. II e III), e como
A educação inclusiva preconiza um ensino em que aprender é um ato um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem
não linear, contínuo, fruto de uma rede de relações que vai sendo tecida preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
pelos aprendizes, em ambientes escolares que não discriminam, não de discriminação (art. 3ª, inc. IV).
rotulam e oferecem chances incríveis de sucesso para todos, dentro das Garante ainda, expressamente, o direito à igualdade (art. 5ª) e trata,
habilidades, interesses e possibilidades de cada aluno. nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação. Esse
A escola prejudica os alunos sem deficiência ao proporcionar tantas direito deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
chances de aprendizado durante o Ensino Fundamental? exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205).
Um ensino que contempla e acolhe todos os alunos não poderá ser Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a “igualdade
prejudicial a ninguém. Uma escola em que todos os alunos são bem- de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206, inc. I), acres-
vindos tem como compromisso educativo ensinar não apenas os conteú- centando que o “dever do Estado com a educação será efetivado median-
dos curriculares, mas formar pessoas capazes de conviver em um mundo te a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
plural e que exige de todos nós experiências de vida compartilhada, da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (art. 208, V).
envolvendo necessariamente o contato, o reconhecimento e valorização Portanto, a Constituição garante a todos o direito à educação e ao
das diferenças. Este conhecimento potencializa a educação escolar, em acesso à escola. Toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais
seus objetivos e práticas e, assim, também é mais um meio de aprimora- como tal, deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir
mento do ensino para todos os alunos. nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, defici-
Por outro lado, é bom lembrar que não são os alunos com deficiência ência ou ausência dela.
que prejudicam o bom andamento do Ensino Fundamental e dos demais Para saber mais...
níveis. Ao contrário, a presença deles enseja mudanças substanciais nas ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem pensar que pudesse
práticas escolares, pois de nada adianta transmitir conteúdos, sem signifi- existir. 3º edição. Campinas: Papirus, 2001.
cado, descontextualizados da experiência de vida do aluno e que rapida- BELISÁRIO FILHO, José Ferreira. Inclusão: uma revolução na saúde. Rio de
Janeiro: WVA Editora, 1999.
mente serão esquecidos. O Ensino Fundamental é essencial no caminho
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 11º edição. São Paulo:
que os alunos vão trilhar para chegar a um Ensino Médio bem sucedido, Malheiros Editores Ltda., 2001.
ao ensino profissionalizante ou ao ensino superior. BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 14º Tiragem, tradução de Carlos Nelson
Crianças com graves comprometimentos podem ser incluídas? Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
Um aluno com grandes limitações provavelmente não vai aprender BUENO, José Geraldo Silveira. A inclusão escolar de alunos deficientes em
tudo o que outros colegas poderão assimilar durante o processo educativo classes comuns do ensino regular.
escolar, mas ele vai se beneficiar da convivência social e pode se benefi- Revista – TEMAS SOBRE DESENVOLVIMENTO – Vol. 9, número 54, Janei-
ciar também, a seu modo e segundo suas possibilidades intelectuais, dos ro/Fevereiro, 2001.
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São
conteúdos curriculares trabalhados na sua sala de aula.
Paulo: Malheiros Editora Ltda., 8º edição, 1996.
As experiências práticas de inclusão têm sido bem sucedidas? CARVALHO, Rosita Edler. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro:
Nos locais em que houve de fato uma mudança no modo de se orga- WVA Editora, 2ºedição, 1998.
nizar pedagogicamente o processo escolar para todos os alunos, a inclu- FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo de direito: técnica,
são foi, é e será bem sucedida. Onde não houve essas mudanças, mas decisão dominação São Paulo: Atlas, 2º edição, 1994.
apenas o acesso de alunos com deficiências e/ou dificuldades de apren- FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1978.
der, a inclusão não acontece. GALLO, S. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-
Trata-se de se adotar novas medidas para atender às diferenças de disciplinar. In: N. Alves (Org.). O sentido da escola. Rio de Janeiro: DP&A Editora,
(pp. 17-43), 1999.
todos os alunos, não apenas os que têm uma deficiência. Medidas essas
GIORDANO, Blanche Warzée. (D) eficiência e trabalho: analisando suas re-
que não sejam excludentes, tais como as provas e outras avaliações de presentações. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2000.
caráter classificatório, o ensino disciplinar, a fragmentação dos tempos MANTOAN, Maria Teresa Eglér, QUEVEDO, Antônio Augusto Fasolo e DE
escolares, entre outras muito conhecidas e praticadas ainda em nossas OLIVEIRA, José Raimundo: organizadores. Mobilidade, Comunicação e Educação:
escolas! Não há como acolher todos os alunos em escolas que selecio- desafios à acessibilidade. Rio de Janeiro: WVA Editora, 1999.

Conhecimentos Específicos 66

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Ser ou estar, eis a questão: Explicando o défi- Os conceitos “inclusivistas “são assim chamados por contemplarem a
cit intelectual. Rio de Janeiro: WVA Editora, 1997. inclusão Surgiram lentamente ( pré – inclusivistas ) , em todos os setores
_______. Todas as crianças são bem-vindas à escola! Apostila. Campinas – sociais do dia-a-dia de pessoas portadoras de necessidades especiais,
SP: Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, Faculdade de Educação,
principalmente, de deficiências de vários tipos..
1997.
_______. Ensinando a turma toda – as diferenças na escola. Pátio – revista Conceitos Pré-Inclusivistas Modelo Médico da Deficiência.
pedagógica – ARTMED/ Porto Alegre – RS, Ano V, nª 20, Fev.Abr.2002, pp.18-28. Uma das razões pelas quais as pessoas deficientes estão expostas
_______. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Editora à discriminação é que os diferentes são frequentemente declarados
Moderna, 2003. “doentes “.Este modelo médico da deficiência nos designa o papel
MAZZOTTA, Marcos J.S. Educação Especial no Brasil – História e Políticas desamparado e passivo de pacientes , no qual somos considerados
Públicas. São Paulo: Cortez Editora, 1996. dependentes do cuidado de outras pessoas, incapazes de trabalhar ,
PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre Educação. São Paulo: Xamã, 2001. isentos dos deveres normais , levando vidas inúteis , como ( inválidos )
PIERUCCI, A F. Ciladas da Diferença. In Tempo Social; Revista Sociologia
que significa em latim : “sem valor “.
USP 2 (2): 2ª sem., São Paulo, 1990.
SASSAKI, Romeu K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Tradicionalmente, a deficiência tem sido vista como um ‘problema ‘
Janeiro: WVA Editora, 1999. do indivíduo e, por isso , o próprio indivíduo teria que se adaptar à
SILVEIRA, Alípio. Hermenêutica no direito Brasileiro, 1ª Volume. São Paulo: sociedade ou ele teria que ser mudado por profissionais através de
Editora Revista dos Tribunais, 1968. reabilitações ou curas., o que demonstra que a pessoa deficiente é que
TOURAINE, A. A Igualdade e Diversidade: O sujeito democrático. São Paulo, precisa ser curada, tratada, reabilitada, etc., a fim de ser adequada à
27 jun. 1999. Sociedade como ela é , sem maiores modificações. O modelo médico da
_________. Poderemos viver juntos? Iguais e Diferentes. Petrópolis, Rio de deficiência tem sido responsável em parte, pela resistência da sociedade
Janeiro: Vozes, 1998.
em aceitar a necessidade de mudar suas atitudes e estruturas para
WERNECK, Claudia. Sociedade Inclusiva. Quem cabe no seu todos? Rio de
Janeiro: WVA Editora, 1999. incluir em seu seio as pessoas portadoras de deficiência e/ ou de
__________. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de outras condições atípicas para que estas possam , aí sim, buscar o seu
Janeiro: WVA Editora, 1998. desenvolvimento pessoal social, educacional, e profissional.
Centros de reabilitação vem sendo , há décadas o agente dissemi-
nador do modelo médico da deficiência. É claro que , algumas vezes , as
O desenho universal e a sua importância em educação especial. pessoas portadoras de necessidades especiais necessitam , de fato,
apoio físico ou médico , porém é importante que isto atenda às suas
necessidades e lhes dê maior controle sobre sua vida., e que isso seja
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para
feito “com elas “e não para elas .
todos. Rio de Janeiro. Editora WVA, 1997.Erro! Indicador não definido.
Integração Social.
INCLUSÃO
A ideia da Integração surgiu para combater a ;pratica da exclusão
CONSTRUINDO UMA SOCIEDADE PARA TODOS
ROMEU KAZUMI SASSAKI
social a que foram submetidas as pessoas deficientes por séculos, já
INTRODUÇÃO que eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e
O texto aborda a questão da inclusão social de pessoas que, em ca- incapazes para o trabalho., de maneira indistinta. .Algumas culturas sim-
ráter temporário , intermitente ou permanente , possuem necessidades plesmente eliminavam o deficiente, outras, adotaram a prática de interna-
especiais decorrentes de sua condição atípica e que , por essa razão , ção , em instituições de caridade com doentes e idosos., e onde recebi-
estão enfrentando barreiras para tomar parte ativa na sociedade , com am alimentação, medicamentos e executavam algumas atividades para
oportunidades iguais às da maioria da população. Além das especiais, ocupar o tempo ocioso.. As instituições foram se especializando por tipo
estas pessoas têm , é claro , necessidades comuns a todo ser humano. de deficiência , o que ocasionou a segregação institucional .Em fins dos
“Necessidades Especiais “não deve ser tomado como sinônimo de anos 60 surgiram escolas especiais , centros de reabilitação oficinas
deficiências ( mentais, auditivas, visuais, físicas ou múltiplas. ). O termo protegidas de trabalho, clubes sociais especiais, associações desportivas
“NECESSIDADES ESPECIAIS é aqui utilizado num sentido mais amplo . especiais ,etc.
As necessidades especiais , podem resultar de condições atípicas, “Normalização “- O princípio da Normalização tinha como pressupos-
tais como: to básico a ideia de que toda a pessoa portadora de deficiência , especi-
.deficiência mental física , auditiva, visual e múltipla. almente aquela portadora de deficiência mental , tem o direito de experi-
- Autismo . mentar um estilo ou padrão de vida que seria comum ou normal à sua
- Dificuldades de aprendizagem. própria cultura.
- Insuficiências orgânicas . Na ‘década de 70 a normalização passou a significar o processo de
- Superdotação. normalizar serviços e ambientes e "e condições de vida", naturais ou
- Problemas de conduta. feitas pelo ser humano , que se assemelhassem ao máximo às condições
- Distúrbio de déficit de atenção com hiperatividade, distúrbio e modelos de vida análogos aos que são disponíveis ao conjunto de
obsessivo compulsivo , síndrome de Tourette. pessoas de um dado meio ou sociedade.
- Distúrbios emocionais . “Mainstreaming “ - Na década de 80 , avançando mais na ideia de in-
- Transtornos mentais tegração , especialmente na educação especial, desenvolveu-se o princi-
Por outro lado , algumas das condições atípicas são , com frequência pio de “mainstreaming “, e que significa “levar os alunos o mais possível
, agravadas , ou resultantes de questões sociais marginalizantes ou para os serviços educacionais disponíveis na corrente principal da comu-
excludentes , como por exemplo : trabalho infantil, prostituição, privação nidade.. O mainstreaming pode ocorrer em classes regulares, durante o
cultural , assim como , pobreza, desnutrição, saneamento precário e almoço, em matérias específicas ( como música, artes, educação física )
abuso persistente e severo contra crianças e falta de estímulo do ambi- e em atividades extracurriculares , o que já é um avanço significativo em
ente e de escolaridade. ..O movimento de inclusão social ( Segunda direção à integração .No final dos anos 80 e início de 90 algumas institui-
metade dos anos 80 ) tem por objetivo a construção de uma sociedade ções sociais e organizações vanguardeiras de pessoas com deficiências
realmente para todas as pessoas., inspirados em alguns princípio tais começaram a perceber e a disseminar o fato de que a tradicional prática
como : da integração social não só era insuficiente para acabar com a discrimina-
- celebração das diferenças ção que havia contra esse segmento populacional mas também era muito
- direito de pertencer. pouco para propiciar a verdadeira participação plena com igualdade de
- valorização da diversidade humana. oportunidades..
- solidariedade humanitária. Integração social tem consistido num esforço de inserir na sociedade
- igual importância das minorias. pessoas com deficiência que alcançaram um nível de competência
- cidadania com qualidade de vida. compatível com os padrões sociais vigentes .Nos dias de hoje , a inte-
I . OS NOVOS PARADÍGMAS gração é vista como um esforço unilateral da pessoas portadora da
deficiência e seus aliados ( a família, a instituição especializada , e,

Conhecimentos Específicos 67

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
algumas pessoas da comunidade que abracem a causa da inserção social, incluídas as instalações esportivas e de recreação , são feitos
social ) , sendo que estes tentam torná-la mais aceitável no seio da acessíveis para todos .Isto inclui a remoção das barreiras que impedem
sociedade. Isto ainda reflete o Modelo Médico da Deficiência. plena participação das pessoas deficientes em todas estas áreas, permi-
A prática da Integração Social ocorria e ainda ocorres de três formas: tindo-lhe assim alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas
Erro! Indicador não definido. .
1. – Pela inserção das pessoas com deficiência que conseguiram Em 10 – 11 – 93 , a Assembleia Geral da ONU adotou o documento
ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais próprios , utilizar os “Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com
espaços físicos e sociais , bem como seus programas e serviços sem Deficiência “, que define :
nenhuma modificação por parte da sociedade, da escola comum, da O termo “Equiparação de Oportunidades “ significa o processo atra-
empresa comum, do clube comum, etc.. vés do qual os diversos sistemas da sociedade e do ambiente , tais
2. – Pela inserção daqueles portadores de deficiência que necessi- como serviços atividades, informações e documentação são tornados
tavam ou necessitam alguma adaptação específica no espaço físico disponíveis para todos , particularmente , para pessoas com deficiência..
comum ou no procedimento da atividade comum a fim de poderem , só Pessoas com deficiência são membros d sociedade e têm o direito de
então, estudar, trabalhar , ter lazer, enfim , conviver com pessoas não permanecer em suas comunidades locais .Elas devem receber apoio que
deficientes necessitam dentro das estruturas comuns d educação , saúde, emprego
3. – Pela inserção de pessoas em ambientes separados dentro dos e serviços sociais .
sistemas gerais . Por exemplo , escola especial junto à Comunidade , Inclusão SocialErro! Indicador não definido.
classe especial numa escola comum., setor separado dentro de uma É o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir , em
empresa comum, horário exclusivo para pessoas deficientes num clube seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
comum, etc. Esta forma de integração, mesmo com todos os méritos , é simultaneamente , estas se preparam para assumir seus papéis na socie-
negativa. dade. A inclusão social constitui um processo bilateral , na qual as pesso-
No modelo integrativo , a sociedade,( que nada faz com em termos as ainda excluídas e a sociedade buscam , em parceria, equacionar pro-
de modificação de atitudes, de espaços físicos, de objetos e de práticas blemas , decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades
sociais ) , praticamente de “braços cruzados “., aceita receber portadores para todos. O praticantes da inclusão se baseiam no “Modelo Social da
de deficiência, desde que estes sejam capazes de : Deficiência “.A prática da inclusão social repousa em princípios até então
– moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados ( considerados incomuns : a aceitação das diferenças individuais. A valoriza-
classe especial , escola especial etc ) ção de cada pessoa , a convivência dentro da diversidade humana, a
_ acompanhar os procedimentos normais de trabalho, escolariza- aprendizagem através da cooperação A diversidade humana é representa-
ção, convivência social etc.. da por origem nacional, sexual, religião, gênero, cor, idade , raça e deficiên-
_ contornar os obstáculos existentes no meio físico : espaço ur- cia. .A inclusão social é um processo que contribui para a construção de um
bano, edifícios, transportes, etc. novo tipo de sociedade através de transformações .pequenas e grandes
_ lidar com as atitudes discriminatórias d a sociedade, resultan- nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas , portanto ,
tes de esteriótipos , preconceitos e estígmas . também , do próprio portador de necessidades especiais. Quanto mais
– desempenhar papéis sociais individuais ( aluno, trabalhador sistema comuns d sociedade adotarem a inclusão, mais cedo se completa-
,usuário, pai ,mãe, consumidor, ) com autonomia, mas não, necessaria- rá a construção de uma verdadeira sociedade para todos , a “sociedade
mente com independência inclusiva “.
Conceitos Inclusivistas Autonomia, Independência e Empowerment- Da Integração à Inclusão
Erro! Indicador não definido. Nem toda as pessoas deficientes necessitam que a sociedade seja
* Autonomia é condição de domínio do ambiente físico e social, modificada , pois algumas estão aptas a se integrarem nela assim mes-
preservando ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa que a mo., mas as demais ( aquelas que necessitam ) não poderão participar
exerce.. Ter maior ou menor autonomia significa que a pessoa com plena e igualmente da sociedade se esta não se tornar inclusiva. .Neste
deficiência controle nos vários ambientes físicos e sociais que ela queira final de século estamos vivendo a fase de transição entre a integração e
ou necessite frequentar para atingir seus objetivos. O grau de autonomia inclusão , e em breve , após esta coexistência, é natural que a integração
resulta da relação entre o nível de prontidão físico – social do portador esmaeça e a inclusão prevaleça.
da deficiência e a realidade do ambiente físico e social. A ONU vem , em seus documento, utilizando os vocábulos : Integra-
- Independência é a faculdade de decidir sem depender de ou- ção “, “Integração Total “( ou plena ) e “Inclusão “., como se fossem
tras pessoas tais como : membros da família ou profissionais especializa- sinônimos, significando uma única cosa : INSERÇÃO DA PESSOA
dos . Essa situação pode ser pessoal, ( quando envolve a pessoa na DEFICIENTE PREPARADA PARA VIVER NA SOCIEDADE.
privacidade ), social ( quando ocorre junto a outras pessoas ) , e econômi- Sobre o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência , o secretário
ca ( quando se refere às finanças dessa pessoa ), daí advindo a expres- Geral da ONU diz :
são “independência pessoal, social e econômica.” - Comemorar no dia 3 de dezembro o aniversário da adoção do
- Uma pessoa deficiente poderia não ser totalmente autônoma ( Programa Mundial de Ação Relativo às Pessoas com Deficiência..
por exemplo num certo ambiente físico ) mas , ao mesmo tempo, ser - Assegurar a contínua promoção de assuntos de deficiência
independente na decisão de pedir ajuda física a alguém para superar no período posterior à Década das Nações Unidas para Pessoas com
uma barreira arquitetônica e na decisão de orientá-lo sobre como prestar Deficiência e promover a integração das pessoas.
essa ajuda . - Promover uma crescente conscientização na população a
- Empowerment significa “o processo pelo qual uma pessoa , respeito dos ganhos a serem obtidos pelos indivíduos e pela sociedade
ou um grupo de pessoas, usa o seu poder pessoal inerente à sua condi- com a integração das pessoas deficientes, em cada aspecto da vida
ção , por exemplo, deficiência, gênero, idade cor, etc., para fazer esco- social , econômica e política.
lhas e tomar decisões , assumindo assim o controle de suas vidas.. Neste Modelo Social da Deficiência.
sentido, independência e empowerment são conceitos interdependentes. Pelo modelo social da deficiência, os problemas da pessoa com ne-
O que o movimento de vida independente vem exigindo é que seja cessidades especiais , não estão nela tanto quanto estão na sociedade.
reconhecido a existência desse poder nas pessoas portadoras de defici- Assim , a sociedade é chamada a ver que ela cria problemas para as
ências e que seja respeitado o direito delas de usá-lo como e quando pessoas portadoras de necessidades especiais, causando-lhes “ ïncapa-
lhes aprouver, Quando alguém sabe usar o seu poder pessoal, dizemos cidades “ ( ou desvantagens ) no desempenho de papéis sociais em
que ele ]e uma pessoa “emponderada “( emponderamento = fortalecimen- virtude de :
to , potencialização e até energização ) - seus ambientes restritivos .
Equiparação de Oportunidades - suas políticas discriminatórias e suas atitudes preconceituosas
É o processo mediante qual os sistemas gerais da sociedade, tais que rejeitam a minoria e todas as formas de diferenças ;
como o meio físico, a habitação e o transporte, os serviços sociais e de - seus discutíveis padrões de normalidade ;
saúde , as oportunidades de educação de trabalho, e a vida cultural e

Conhecimentos Específicos 68

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- seus objetivos e outros bens inacessíveis do ponto de vista físi- O estilo de Vida Independente é essencial no processo de Inclusão ,
co. pois com eles as pessoas portadoras de necessidades especiais terão
- seus pré-requisitos atingíveis apenas pela maioria aparente- maior participação de qualidade na sociedade, tanto na condição de
mente homogênea ; beneficiários que ela oferece como também na de contribuintes ativos no
- sua quase total desinformação sobre necessidades especiais desenvolvimento social, econômico, cultural e político da nação. Vida
r sobre direitos das pessoas que têm essas necessidades.; Independente e Exercício da Cidadania são os dois lados da mesma
- suas práticas discriminatórias em muitos setores da atividade moeda. .Significa não ser um simples receptáculo passivo de novos
humana serviços especializados e sim um consumidor consciente e criativo.
Cabe, portanto, à sociedade eliminar todas as barreiras físicas , pro- II – A INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO
gramáticas e atitudinais para que as pessoas com necessidades especi- Batalhas num Página da História
ais possam Ter acesso aos serviços , lugares, informações e bens O mercado de trabalho no passado , pode ser comparado a um cam-
necessários ao seu desenvolvimento educacional profissional.. po de batalha : de um lado , as pessoas com deficiências e seus aliados
A atual discussão sobre os modelos médico e social da deficiência empenhando-se para conseguir alguns empregos , e do outro , os empre-
nos remete para a Classificação Internacional de Impedimentos, Deficiên- gadores, praticamente despreparados e desinformados sobre a questão d
cias e Incapacidades , adotada pela OMS.,(1980) deficiência , recebendo ataques furiosos por não preencherem as vagas
“Impedimento”- Qualquer perda ou anormalidade da função ou es- com candidatos portadores de deficiência tão qualificados quanto os
trutura psicológica , fisiológica ou anatômica. candidatos não deficientes,
“Deficiência “- Qualquer restrição ou falta ( resultante de um impedi- Fase da Exclusão
mento ) da habilidade para desempenhar uma atividade de uma maneira Nesta fase a pessoa deficiente não tinha acesso nenhum ao mercado
, ou com variância considerada normal para um ser humano. de trabalho competitivo, pois que se achava uma crueldade a ideia de que
“Incapacidade “- Uma desvantagem, resultante de um impedimento ou as pessoas portadoras de necessidades especiais trabalhassem , A ideia
de uma deficiência , que limita ou impede a realização de um papel consi- era incompatível com o grau de desenvolvimento até então alcançado
derado normal ( dependendo da idade , sexo, e fatores sociais e culturais ) pela sociedade., e empregar deficientes era como que explorá-los . Tais
para um dado indivíduo. crenças eram resultantes de uma ideologia protecionista. Para com o
O documento Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para deficiente e também advinha do fato de que a medicina , a tecnologia e
Pessoas com Deficiência, aprovado pela ONU (1993) informa que alguns as ciências ainda não haviam descoberto as possibilidades laborativas
usuários têm expressado preocupação no sentido de que a Classifica- das pessoas com deficiência.. Mais recentemente as pessoas com
ção , na definição d palavra “incapacidade “, ainda possa ser considera- deficiências tem sido excluídas do mercado de trabalho por outros motivos
da médica demais no indivíduo , e talvez possa não esclarecer ade- : falta de reabilitação física e profissional , falta de escolaridade , falta de
quadamente a interação entre condições ou expectativas da sociedade e meios de transporte , falta de apoio das próprias famílias e falta de
a habilidade da pessoa qualificação para o trabalho..
Rejeição Zero Fase da Segregação
Rejeição Zero ou Exclusão Zero , inicialmente, consistia em não rejei- Esta fase viu empresas oferecendo trabalhos para serem executados
tar uma pessoa , para qualquer finalidade , por exemplo , emprego, por pessoas deficientes no interior das instituições filantrópicas , entre elas
terapia ou educação, com base no fato de que ela possuía uma deficiên- as oficinas protegidas de trabalho e também no próprio domicílio. Essa
cia ou por causa do grau de severidade dessa deficiência . Mais tarde, o oferta de trabalho , “e não de empregos “tinha elos com sentimentos pater-
conceito passou a abranger as necessidades especiais, independente- nalistas e também com um certo objetivo de lucro fácil da parte das empre-
mente de suas causas.. Desta forma, o conceito de Rejeição Zero vem sas , que assim podiam usar uma mão-de-obra barata e sem vínculos
revolucionando a prática das instituições assistenciais , habituadas a empregatícios. Esta é uma prática que ainda persiste em algumas regimes
utilizarem critérios de elegibilidade que excluem pessoa cujas deficiên- do País.
cias ou necessidades especiais não possam se atendidas pelos progra- Fase da Integração
mas ou serviços disponíveis. Nesta fase encontramos três formas , a saber :
As instituições , à luz do princípio da Exclusão Zero, são desafiadas a - Pessoas deficientes São admitidas e contratadas em órgãos
serem capazes de criar programas e serviços internamente e/ou de públicos e empresas particulares, desde que tenham qualificação profissi-
buscá-los em entidades comuns da comunidade a fim de melhor atende- onal e consigam utilizar os espaços físicos das empresas , sem que
rem as pessoas portadoras de deficiência. As avaliações ( sociais, psico- sejam feitas modificações. Esta forma é conhecida como “ trabalho ple-
lógicas, educacionais, profissionais, etc ) devem trocar sua finalidade namente integrado.”
tradicional de diagnosticar e separar pessoas , passando para a moderna - Pessoas deficientes, após a seleção, são colocadas em órgãos
finalidade de oferecer parâmetros em face dos quais as soluções são públicos ou empresas particulares que concordam em fazer pequenas
baseadas para todos , o que de volta, a verdadeira finalidade das institui- adaptações nos postos de trabalho , por motivos práticos, e não por
ções : “servir a todos “. integração social.. A esta forma chamamos de “trabalho integrado :
Vida IndependenteErro! Indicador não definido. alguma alteração no ambiente “.
O conceito de Vida Independente compreende : movimento, filosofia, - Pessoas deficientes trabalham em empresas que as colocam
serviços , equipamentos , centros, programas e processo, em relação em setores exclusivos , portanto segregativos, com ou sem modificações ,
aos quais as figuras centrais são os cidadãos portadores de deficiência de preferência afastados do contato com o público .Esta forma chama-se
que se libertaram ou estão em vias de se libertar da autoridade institucio- “trabalho semi-integrado : mesmo local, mas em diferente força de traba-
nal ou familiar. Viver com Independência quer dizer : Ter oportunidades lho –alteração significativa.”
para tomar decisões que afetam a própria vida , realizar atividades de Em todas essas formas de integração pode ocorrer que os emprega-
própria escolha . Vida independente tem a ver com a autodeterminação , dos ou funcionários com deficiência , dificilmente sejam envolvidos em
e com o direito e a oportunidade para seguir um determinado caminho, programas de desenvolvimento de recursos humanos e/ou promovidos ,
significa, também, Ter a oportunidade de falhar e aprender com suas seja por motivos de inacessibilidade ambiental , seja por ignorância da
próprias falhas, tal qual fazem as pessoas não deficientes. organização. Pode , também acontecer que haja nas empresas um clima
Os participantes do Movimento de Vida Independente causaram favorável à interação social , em particular com os empregados portado-
enorme impacto nas práticas sociais até então vigentes , em contraposi- res de deficiência.
ção à péssima qualidade de atendimento prestados por instituições Fase da Inclusão
especializadas .Exemplos de serviços de Vida Independente, já pratica- Na atual fase da Inclusão , o mundo do trabalho tende a não Ter dois
dos em nosso País : aconselhamento de pares, atendimentos pessoais lados. Agora os protagonistas, em geral, parecem querer enfrentar juntos
,informação e encaminhamento, aparelhos assistivos, assessoria jurídica, o desafio da produtividade e competitividade .Surge , no panorama do
treinamento em habilidades de vida independente, envolvimento com a mercado de trabalho a figura da “empresa inclusiva “.
comunidade grupos de apoio, etc. Empresa Inclusiva

Conhecimentos Específicos 69

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Hoje existem várias empresas que proporcionam as condições ne- - Contratar mão-de-obra de pessoas deficientes , em conformi-
cessárias e suficientes para o desempenho profissional de seu trabalha- dade com políticas sadias de emprego , salários, benefícios, etc.
dores que têm necessidades especiais diversificadas. No Brasil a inclusão Inserção de Novos Empregados.
vem sendo praticada em pequena escala por algumas empresas , mesmo - Preparar tecnicamente a chefia e os colegas do setor onde a
sem saberem que estão na realidade adotando uma abordagem inclusiva. pessoa deficiente recém-contratada trabalhará.
Tudo começou com pequenas adaptações especificamente nos pos- - Realiza programa de integração de novos empregados, porta-
tos de trabalho e/ou nos instrumentos de trabalho, com o apoio daqueles dores ou não de deficiências .
empregadores compreensivos que reconheciam a necessidade de a Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos.Erro! Indica-
sociedade abrir mais espaços para pessoas deficientes com qualifica- dor não definido.
ção para o trabalho e desejavam sinceramente envolver suas empresas - Realizar reuniões e seminários internos de sensibilização para
no esforço de empregá-las modificando suas empresas. desenvolver habilidades de lidar com a questão da deficiências., e incluir
Uma empresa inclusiva é aquela que acredita no valor da diversidade os portadores de deficiências em planos de promoção na carreira em
humana, contemplas as diversidades individuais , efetua mudanças funda- igualdade de condições com os demais trabalhadores.
mentais nas práticas administrativas , implementa adaptações no ambiente - Treinar e desenvolver o trabalhador portador de deficiência jun-
físico , adapta procedimentos e instrumentos de trabalho , treina todos os to com os demais empregados.
recursos humanos na questão da inclusão, etc. .Os principais fatores inter- Legislação sobre Pessoas Deficientes.
nos de uma empresa que facilita a inclusão do portador de deficiência são - Inserir pessoas deficientes na empresa por estarem capacitadas e
: não apenas par cumpri r Leis.
- Adaptação de locais de trabalho ( acesso físico ). - Conhecer e seguir as Convenções e recomendações aprovadas
- Adaptação de aparelhos ,máquinas, ferramentas e equipamen- [ela Organização Internacional do Trabalho e outros organismos internaci-
tos. onais no que se refere aos trabalhadores com deficiência.
- Adaptação de procedimento (fluxo ) de trabalho. Adaptação do Trabalho e Modificações de Máquinas.Erro! Indicador
- Adoção de programas de emprego apoiado ( treinador de tra- não definido.
balho e outros apoios ). - Promover ajustamento em alguns dos procedimentos de trabalho.
- Adoção de esquemas flexíveis de horário de trabalho. - Proceder a pequenas modificações em equipamentos e máquinas.
- Revisão das políticas de contratação de pessoal. Prevenção de Acidentes e Moléstias Ocupacionais.Erro! Indicador
- Revisão das descrições de cargos e das análises ocupacio- não definido.
nais, etc. - Incluir um trabalhador com deficiência na Comissão Interna de
- Revisão dos programas de treinamento e desenvolvimento de Prevenção de Acidentes.
recursos humanos.. - Incluir empregados que usam cadeira de rodas nos treinamen-
- Revisão da filosofia das empresas. tos de escape do prédio em caso de incêndio.
- Capacitação dos entrevistadores de pessoal. Eliminação de Barreiras Físicas na Empresa.Erro! Indicador não de-
- Criação de empregos a partir de cargos já ocupados. finido.
- Realização de seminários internos de sensibilização das chefi- - Conhecer e aplicar os dispositivos da Associação Brasileira de
as.. Normas Técnicas sobre a acessibilidade a edificações , espaço , mobili-
- Cumprimento das recomendações internacionais e da legisla- ário e equipamentos urbanos.
ção nacional pertinentes ao trabalho. - Afixar o Símbolo Internacional de Acesso na entrada da em-
- Adoção de esquemas paralelos de trabalho domiciliar competi- presa , nos sanitários e demais recintos acessíveis a pessoas com
tivo ( extensão da empresa) deficiência , de acordo com as resoluções oficiais.
- Adoção de esquemas de prevenção de acidentes e moléstias Um desejável Sistema de Colocação de Empregos.
ocupacionais. Em todas as épocas sempre houve a prática da “autocolocação “, ou
- Informatização da empresa. seja a colocação conseguida pelo próprio portador de deficiência com ou
- Participação da empresa em conselhos municipais e estaduais sem ajuda de instituições. A partir da década de 80, surgiram instituições
pertinentes ao portador de deficiências.. que vêm desempenhando um destacado papel na abertura do mercado
- Aquisição e/ou facilitação na aquisição de produtos da tecno- de trabalho sob a égide de seus direitos de cidadania. .E mais recente-
logia assistiva que facilitem o desempenho profissional de empregados mente, o surgimento de centros de Vida Independente. O autor propõe
com deficiências severas. uma ampla discussão para uma proposta de normatização de um Siste-
- Participação da empresa no sistema de colocação em em- ma de Colocação em Empregos Competitivos., que se iniciaria em uma
pregos competitivos. cidade ou estado para , depois, gradativamente, alastrar-se por todo o
Filosofia da Empresa. Brasil.
- Conhecer e seguir a tendência mundial de se criar oportunida- As principais organizações participantes deste sistema seriam:
des iguais de emprego para pessoas deficientes. - empresas de todos os ramos de atividade.
- Crer que a empresa deve contratar candidatos deficientes ou - órgãos governamentais , enquanto empregadores.
não , que possam desempenhar bem as funções essenciais dos empre- - órgãos governamentais, enquanto encaminhadores de pesso-
gos em oferta e não necessariamente as funções secundárias também. as deficientes ao mercado de trabalho..
Recrutamento de Trabalhadores : - escritórios federais de reabilitação ( a serem criados ).
- Informar entidades de reabilitação e associações de pessoas - entidades particulares que ofereçam , programas profissionali-
deficientes assim que houver vagas. Dizer às agências de emprego que zantes e/ou serviços de colocação.
a empresa está aceitando pessoas deficientes capacitadas... - escolas comuns e escolas especiais que tenham programas
- Utilizar o mesmo processo , para recrutar pessoas, com ou profissionalizantes , e/ou serviços de colocação de estudantes tanto em
sem deficiências. estágios como em empregos competitivos.
Seleção de Candidatos - agências de emprego .
- Treinar pessoal de seleção para que conduza entrevistas cm O Novo Perfil dos Candidatos a Emprego.
atitudes abertas e justas. 1- Mais escolarizados ( inclusive cm nível superior ).
- Utilizar o mesmo critério para selecionar candidatos com ou 2- Mais autônomos.
sem deficiência : qualificação para a função.. 3- Mais independentes.
Contratação de Mão-de-obra. 4- Mais politizados .
- Contratar atendendo às necessidades da empresa e ao perfil 5- Mais informados.
de pessoas deficiente, não “por aquilo que ela não pode fazer “, mas “por 6- Mais preparados psicossocialmente .
aquilo que ela pode fazer “. 7- Mais socializados. .
8- Mais capacitados profissionalmente.

Conhecimentos Específicos 70

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
9.- Portadores de deficiência de nível mais severo , seja qual for o ní- subestimado, para o aprendizado e, assim, desfaça-se preconceitos a
vel de deficiência. respeito do portador de deficiência. O esporte aumenta a probabilidade de
Opções de Trabalho para Pessoas com Deficiência. realizações pessoas e amplia o repertório de atitudes sociáveis, dando-lhe
Emprego Competitivo. a chance de descobrir as suas potencialidades, proporcionando incremen-
1- Via colocação ou autocolocação em empregos comuns.. to da auto-estima, auto-confiança e sobretudo, integração social.
2- Via programa de emprego apoiado. TURISMO
3- Via projeto de reabilitação baseada na comunidade. Na década de 70, começaram a surgir as primeiras excursões turísti-
Escritório Doméstico Computadorizado (EDC)Erro! Indicador não cas, organizadas por agências de viagens para pessoas deficientes; essas
definido. excursões eram fechadas, inicialmente, só para quem usava cadeiras de
Como empregado. rodas, sem contar a inacessibilidade dos aviões, aeroportos, navios,
Como empresário Monitorando a sua empresa do próprio EDC., a portos, etc. Na década de 80, as viagens começaram a ser incrementa-
sua empresa localizada em outro local, via computador. das, acompanhando o movimento pela integração social das pessoas
Como empresário .Trabalhando em casa, onde foi instalada sua em- deficientes. Vários documentos e artigos jornalísticos fizeram pressões no
presa. que tange aos transportes viário, aéreo, ferroviário e de metrô, enfatizando
Microempresa que não o EDC. os vários problemas enfrentados pelas pessoas portadoras de deficiên-
- Fora do domicílio ou no domicílio.. cias, defendendo as viagens com mais segurança e conforto para os
Trabalho Autônomo. mesmos.
Individual ou Coletivo . LAZER E RECREAÇÃO
Trabalho Semicompetitivo Nas décadas de 50 e 60, alguns hospitais e centros de reabilitação
Via projeto de reabilitação baseada na Comunidade. começaram a oferecer a seus pacientes programas de lazer e recreação,
Via oficina protegida de trabalho coordenados, geralmente por pessoas voluntárias em conjunto com al-
Via iniciativa Própria.. guns profissionais (enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas ocupacio-
Trabalho Protegido. nais, etc). Eram programas fechados e restritos, sempre de modo informal.
Via oficina protegida de trabalho. Na década de 80, estudos indicam que o lazer e a recreação são ativida-
Via oficina ocupacional. des importantes, tal como a fisioterapia.
No domicílio. A INTEGRAÇÃO DE FORMA SEGREGATIVA
Trabalho Rural.Erro! Indicador não definido. A partir da década de 80, sob a influência da mobilização mundial em
1. Via iniciativa própria ou da família.. torno do lema "Participação Plena e Igualdade", as atividades esportivas,
2. Via projeto de reabilitação. turísticas, de lazer e recreativas começaram a ter um desenvolvimento
3. Via propriedades agropecuárias particulares. maior para todos os tipos de deficiência.
4. Via programas governamentais no interior. • Programas de lazer e recreação exclusivos para deficientes.
Vantagens do Portador de Deficiência Por exemplo no campo de escotismo hoje se adota a filosofia "Escotismo
Uma vez devidamente preparadas , elas apresentam qualidades pes- para Todos".
soais que muitas vezes faltam nos candidatos que não são deficientes , • Programas de passeios e excursões educativas ou turísticas,
porque estes não passam por programas . Eis alguns desses programas : organizados exclusivamente para grupos de pessoas deficientes e suas
- Programa de Avaliação para o Trabalho. famílias, e hoje isto é feito através de empresas especializadas.
- Programa de Pré-profissionalização • Práticas esportivas e Campeonatos, exclusivamente com pes-
- Programa de Prontidão para o Emprego. soas deficientes, e até separadamente, conforme a deficiência. Temos o
- Programa de Treinamento com Assertividade exemplo das "Olimpíadas Especiais". O programa, apesar de ser uma
- Programa de Emprego Apoiado. prática "segregativa" tem o mérito de estar estruturado e ser conduzido de
Emprego Apoiado . Principais Aspectos .Este programa é instalado den- maneira que garanta a participação de todas as pessoas com deficiência
tro da instituição., e através dele o portador de deficiência é colocado na mental, pois o programa busca o "Alto Nível de cada Atleta", e não o atleta
empresa primeiro e é treinado em seguida na própria função. Os tipos de de alto nível. Outro exemplo são as "Paraolimpíadas".
apoio variam de caso para caso : orientação, instrução no treinamento, DA INTEGRAÇÃO À INCLUSÃO
aconselhamento, feedbacks, supervisão, aparelhos assistidos ,transporte, A partir da década de 90 teve início uma nova etapa na história da
etc. prática dos esportes, turismo, lazer e recreação. A filosofia da inclusão
- As entidades devem considerar a opção competitiva em vez da vem exercendo forte influência sobre as abordagens tradicionais, a ponto
opção protegida. de levar praticantes, pesquisadores e demais interessados a buscarem
- As entidades devem buscar assessoria técnica para a implan- respostas inclusivistas ao desafio da participação verdadeiramente plena
tação de programas. das pessoas portadoras de deficiência nestas atividades. O movimento
- As entidades devem treinar seu pessoal para a nova realidade inclusivista, no entanto, está longe de atingir todos os programas de lazer,
da empresa. recreação, turismo, esportes e turismo, pois que as barreiras nos logra-
- As entidades devem exigir a criação de uma Lei específica douros públicos continuam a existir. A noção de acesso universal e projeto
que garanta subsídios financeiros governamentais e incentivos fiscais às sem barreiras continua a ser vista como um luxo.
empresas para cobrir custos dos programas de apoio .. IV - A INCLUSÃO NAS ARTES, CULTURAS E RELIGIÃO NAS AR-
III - A INCLUSÃO NOS ESPORTES, TURISMO, LAZER E RECREA- TES E NA CULTURA
ÇÃO No passado, a pessoa com deficiência foi focalizada como tema nas
Neste conjunto de áreas, no tocante às pessoas com deficiência, têm artes e na cultura. A partir dos anos 70, ela passou a ser "protagonista",
ficado à margem da corrente principal da sociedade: esportes, turismo, no início de forma tímida. Nos anos 80, um verdadeiro movimento se
lazer e recreação. alastrou pelo mundo mostrando as habilidades de pessoas portadoras das
ESPORTES mais variadas deficiências, como artistas, dançarinos, músicos, atores,
Devido ao requisito de equipamentos e espaços específicos, os es- diretores, fotógrafos, escritores e outros. Nesta década, vemos surgir
portes eram pouco praticados, no passado, por pessoas portadoras de trabalhos artísticos e literários de ótima qualidade, desempenhados por
deficiências. Na década de 60 e seguintes, o esporte e a educação física pessoas com deficiência, que impressionam e emocionam familiares e
ganharam reconhecimento e desenvolveram-se bastante. Toda criança especialistas, bem como a toda população. Existem, também, os grupos
que demonstra vigor físico e habilidade para jogar, costuma ser aceita e formais e informais que se aperfeiçoam para provar que podem ser tão
solicitada, a estar presente nas brincadeiras. bons ou melhores que os formados por artistas não-deficientes.
O sentido de espetáculo, presente no esporte, e na sua máxima de NA RELIGIÃO
superação dos limites do homem desperta a atenção da sociedade para Foi enorme a mudança de mentalidade ocorrida em todo o mundo
as pessoas portadoras de deficiência permitindo, por meio de uma situa- com relação aos portadores de deficiência. As Igrejas apresentaram, por
ção informal, que se tome conhecimento do seu potencial, muitas vezes séculos, a prática inadvertida da exclusão das pessoas deficientes através

Conhecimentos Específicos 71

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
das enormes escadarias e outras barreiras físicas. Na década de 80, - (...) o desafio para uma escola inclusiva é o de desenvolver uma pe-
verdadeira campanha teve início, para dar acesso aos portadores de dagogia centrada no aluno...
deficiência, com a finalidade de receber essas pessoas às atividades - (...) seu sucesso exige um esforço conjunto, não somente de profes-
religiosas. A norma 12 do documento " Normas sobre a Equiparação de sores e funcionários da escola, como também de alunos, pais, família e
Oportunidades para Pessoas com Deficiência, da ONU" (1996), estabele- voluntários.
ceu que "as organizações religiosas devem consultar organizações de - (...) a provisão de serviços de apoio é de importância primordial pa-
pessoas com deficiência ao desenvolverem medidas para a igualdade de ra o sucesso das políticas educacionais inclusivas.
participação nas atividades religiosas". ANEXO II - IDEIAS SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
V - OS DESAFIOS DA INCLUSÃO À EDUCAÇÃO FASES DE DE- "Educação inclusiva é uma atitude de aceitação das diferenças, não
SENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO uma simples colocação em sala de aula".
1. Fase da Exclusão
Fazer inclusão não é descarregar estudantes portadores de deficiên-
Nenhuma atenção educacional foi promovida às pessoas com defici-
cias em sala de aula comuns e ambientes comunitários.
ência, que também não recebiam outros serviços. A sociedade ignorava,
rejeitava, perseguia e explorava estas pessoas, que eram consideradas • Ignorar as necessidades individuais do estudante.
"possuídas por maus espíritos ou vítimas de sina diabólica e feitiçaria." • Expôr estudantes a perigos ou riscos desnecessários.
2. Fase da Segregação Institucional • Colocar demandas desmedidas sobre professores e diretores
Eram excluídas da família e da sociedade e atendidas em instituições violando a ideia da proporção natural, e sobrecarregando escolas com
por motivos religiosos ou filantrópicos. Tinham pouco ou nenhum controle mais estudantes do que podem suportar.
sobre a qualidade de atenção recebida. Surgiram também escolas especi- • Ignorar as preocupações dos pais.
ais, centros de reabilitação e oficinas protegidas de trabalho, pois a socie- • Limitar oportunidades integradas às atividades "especiais" (arte,
dade reconheceu que os portadores de deficiência recebessem treinamen- música, reuniões, etc.)
to profissional e escolarização, poderiam ser produtivos. Por que precisamos da Educação Inclusiva?
3. Fase de Integração 1. As pesquisam indicam.
Dentro das escolas comuns foram criadas as classes especiais, o que 2. Separado não é igual.
não aconteceu por motivos humanitários e sim para garantir que as crian- 3. Princípio da "Valorização da Diversidade".
ças deficientes não interferissem no ensino ou não absorvessem as ener-
4. A Educação Inclusiva é boa para todos.
gias do professor, a tal ponto que o impedisse de instruir adequadamente
INDICADORES GERAIS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
os demais alunos. Os testes de inteligência desempenharam papel rele-
vante no sentido de identificar e selecionar apenas as crianças com po- 1. aceitação de todas as crianças e de todos os adultos jovens como
tencial acadêmico (elitismo). "pessoas"
FASE DE INCLUSÃO 2. compromisso de oferecer o máximo de apoio
A educação inclusiva é hoje realidade em muitos países e a cada dia 3. professores, terapeutas, para profissionais e diretores vendo a si
ganha novos adeptos. A inclusão questiona as políticas e a organização próprios em uma nova perspectiva, "como uma equipe"
da educação especial e regular, bem como, o conceito de "mainstrea- 4. enfoque nos sonhos e metas dos pais para o futuro dos filhos
ming". A noção de inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, 5. uma compreensão do fato que não é necessário que todos os es-
completa e sistemática. tudantes tenham as mesmas metas educacionais
TRANSIÇÃO DA ESCOLA PARA O TRABALHO 6. "bom ensino" para todos os estudantes.
A Declaração de Salamanca assevera que os jovens com necessida- BENEFÍCIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA TODOS OS ES-
des especiais educacionais devem receber ajuda para fazer uma eficaz TUDANTES
transição da escola para a vida adulta produtiva. As escolas devem ajudá- 1. Os estudantes "com" deficiência: desenvolvem a apreciação
los a se tornarem economicamente ativos e prover-lhes as habilidades pela diversidade individual; adquirem experiência direta com a variação
necessárias no dia-a-dia, oferecendo treinamento em habilidades que natural das capacidades humanas; demonstram crescente responsabilida-
respondam às demandas sociais e de comunicação e às expectativas da de; estão melhor preparados para a vida adulta em uma sociedade diversi-
vida adulta. ficada; podem participar como aprendizes.
Cabe à escola: 2. Os estudantes "sem" deficiência: tem acesso a uma gama mais
1. Preparar o aluno para o sucesso profissional e vida indepen- ampla de modelos de papel social; desenvolveu o conforto, a confiança, a
dente provendo profissionalização e programas de desenvolvimento de compreensão deles e de outras pessoas; demonstram crescente respon-
habilidades e conhecimentos da vida profissional e vida independente, sabilidade e aprendizagem; estão melhor preparados em uma sociedade
bem como adaptação e uso de técnicas de supervisão empresarial. diversificado; recebem apoio instrucional adicional; beneficiam-se da
2. Preparar a própria escola para incluir nela o aluno portador da aprendizagem sob condições instrucionais diversificadas.
deficiência. Essa preparação deve ocorrer em sala de aula, em setores
As "melhores práticas" emergentes em Educação são: aprendizado
ocupacionais e na Comunidade.
cooperativo; instrução baseada em projeto/atividade; ensino entre alunos
"As Sementes do Conceito de Educação Inclusiva"
de todas as idades; educação multicultura; educação para inteligências
O direito da pessoa deficientes à educação comum está oficialmente
múltiplas; construção do senso de comunidade.
documentado pela ONU e consagrado novamente no: "Programa Mundial
de Ação Relativo às Pessoas com Deficiência"; na "Declaração Mundial de "Adaptações de Salas Comuns para a inclusão de estudantes com de-
Educação para Todos"; Plano Decenal de Educação para Todos" (Brasil - ficiências.
1993); na "Declaração de Salamanca" (1994) e nas "Normas sobre a Todas as adaptações deverão ser feitas com o menor "estardalhaço"
Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência". (1996) possível e com o máximo de boa vontade e hospitalidade. A deficiência
jamais deverá ser apontada de forma constrangedora ou enfatizada, nem
ANEXO I - "TRECHOS DA DECLARAÇÃO DE SALAMANCA" tampouco ignorada.
- (...) "capacitar escolas comuns para atender todos os alunos, em VI "Inclusão: Desenho Universal em Ambientes Físicos"
particular àqueles que são portadores de necessidades especiais". Todas as coisas construidas que cercam o ser humano: edificações,
espaços urbanos, equipamentos, mobiliário, aparelhos, utensílios, meios
- (...) o princípio de inclusão consiste no "reconhecimento da necessi-
de transportes etc, são "ambientes físicos".
dade de se caminhar rumo à escola para todos - um lugar que inclua todos
Desenho
os alunos, celebre a diferença, apoie a aprendizagem e responda às
A palavra desenho significa "projeto" o desenho apresenta três níveis:
necessidades individuais".
planejamento, projeto e construção.
- (...) criando comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade "Planejar" é traçar, formar e expor um plano. "Projetar" (desenhar) 'e
inclusiva e conseguindo educação para todos... tornar visível sobre uma superfície plana (tela ou papel) "construção" e
- (...) desenvolver projetos de demonstração e estimular intercâmbios
com países que tenham experiência com escolas inclusivas...
Conhecimentos Específicos 72

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
fabricar ou criar espaços ordenados, internos e externos, de acordo com o O conceito de sociedade inclusiva vem sendo, gradativamente, implan-
projeto. tado em várias partes do mundo, como consequência natural do processo
Desenho Acessível ou "desenho sem barreiras" ou "arquitetura sem de implementação dos princípios de inclusão na educação, no mercado de
barreiras" Os produtos e ambientes feitos com desenho acessível sinali- trabalho, no lazer, recreação, esporte, turismo, cultura, religião, artes e
zam que eles são destinados exclusiva ou preferencialmente para pesso- família.
as com deficiência. O imperativo de uma sociedade inclusiva
O imperativo da inclusão social é o resultado dos fatores abaixo rela-
Desenho Universal cionados:
A ideia do desenho universal é evitar a necessidade de ambientes e 1 - Solidariedade humanitária.
produtos especiais para pessoas com deficiência, no sentido de assegurar 2 - Consciência de cidadania.
que todos possam utilizar todos os componentes do ambiente e todos os 3 - Necessidade de melhoria da qualidade de vida.
produtos. O desenho universal atende a várias necessidades de um 4 - Investimento Econômico.
número maior de pessoas. 5 - Necessidade de desenvolvimento da sociedade
Da ideia de se exigir, por exemplo, um prédio "adaptado" ou em 6 - pressão Internacional
transporte "adaptado", estamos passando a construir em prédio ou em 7 - Cumprimento da legislação.
transporte "para todos", sem que haja a necessidade do símbolo interna- 8 - Combate à crise no atendimento.
cional de acesso. 9 - Crescimento do exercício do "empowerment"
VII - "O ideal das leis e políticas inclusivas"
Leis integracionistas e inclusivas
Leis "gerais integracionistas" são aquelas que contém dispositivos se-
parados para o portador de deficiência para lhe garantir direitos, benefício Estatuto da Criança e do Adolescente
ou serviço a todas as pessoas, sem distinção de cor, gênero ou deficiên- (Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990)
cia.
Leis "específicas integracionistas" são aquelas que têm a ideia de que
pessoa com deficiência terá direitos assegurados, desde que ela tenha a Título I
capacidade de exercê-los. Das Disposições Preliminares
Leis "específicas inclusivas" são aquelas que têm a ideia de que a Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao ado-
pessoa portadora de deficiência terá direitos assegurados mediante modi- lescente.
ficações no ambiente físico e humano que facilitem o exercício desses Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até
direitos. doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e
"Políticas integracionistas e inclusivas" dezoito anos de idade.
Às políticas sociais, aplicam-se as mesmas considerações feitas às Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcional-
leis descritas. mente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
VIII - "Mídia, o grande aliado pró-inclusão" Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos funda-
A mídia, no passado, era abordada de forma agressiva, (como se ela mentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
tivesse a obrigação de conhecer a fundo tudo sobre deficiência) devido à que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas
forma como os textos, as fotos e reportagens abordavam o tema. as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
Posteriormente, a mídia passou a ser vista não mais como inimigo da físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
causa da pessoa deficiente, e sim como um possível parceiro. Através da dignidade.
mídia pode-se eliminar atitudes negativas para com o casamento, a se- Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas
xualidade e a paternidade/maternidade das pessoas com deficiência, e as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação
também podendo desempenhar um papel importante no processo de familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência,
integração e inclusão. condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econô-
Aliança Pró-inclusão mica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que
Campo da Deficiência: diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluí-
1 - Assessoria técnica aos profissionais da mídia do pela Lei nº 13.257, de 2016)
2 - Elaboração (em parceria) de manuais de construção de imagens Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e
positivas. do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
3 - Elaboração de terminologia adequada, usando termos que não re- direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
forcem preconceitos, estigmas e estereótipos. ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liber-
4 - Convite à mídia para participar de eventos. dade e à convivência familiar e comunitária.
5 - Participação efetiva em eventos organizados pela mídia. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
Profissionais da Mídia: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstân-
1 - Produção de documentários e matérias científicas cias;
2 - Estudo (em parceria) de manuais de construção de imagens posi- b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância
tivas. pública;
3 - Utilização da terminologia adequada sobre deficiência. c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais pú-
4 - Participação em eventos específicos sobre deficiência. blicas;
5 - Inserção de temas de deficiência em eventos organizados pela d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relaciona-
mídia. das com a proteção à infância e à juventude.
IX - Somando tudo: Uma sociedade Inclusiva. Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer for-
Uma sociedade inclusiva garante seus espaços a todas as pessoas, ma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
sem prejudicar aquelas que conseguem ocupá-los, só por méritos pró- opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,
prios. Uma sociedade inclusiva vai além de garantir espaços adequados aos seus direitos fundamentais.
para todos. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais
Ela fortalece atitudes de aceitação das diferenças individuais e de va- a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres
lorização da diversidade humana e enfatiza a importância de pertencer, da individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente
convivência, da cooperação e da contribuição que todas as pessoas como pessoas em desenvolvimento.
podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais saudá- Título II
veis e mais satisfatórias. Dos Direitos Fundamentais
A evolução do conceito de sociedade inclusiva Capítulo I

Conhecimentos Específicos 73

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Do Direito à Vida e à Saúde III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anor-
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à sa- malidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orienta-
úde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o ção aos pais;
nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessaria-
dignas de existência. mente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a perma-
às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às nência junto à mãe.
gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à
ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços
2016) para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da aten- Lei nº 13.257, de 2016)
ção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e
sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada pela Lei nº
que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. (Reda- 13.257, de 2016)
ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias
mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças
contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros servi- e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas
ços e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº necessidades específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
13.257, de 2016) § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de cri-
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à anças na primeira infância receberão formação específica e permanente
gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem
prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. (Incluído pela como para o acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela Lei
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nº 13.257, de 2016)
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as
também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários,
filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de
situação de privação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou
2016) adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tra-
sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do tamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adoles-
pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) cente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da res-
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento mater- pectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. (Redação
no, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afeti- § 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar
vos e de estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem
Lei nº 13.257, de 2016) constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda nº 13.257, de 2016)
a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de § 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os
cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro
pela Lei nº 13.257, de 2016) de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa
puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de
13.257, de 2016) qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com fi- intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Inclu-
lho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de ído pela Lei nº 13.257, de 2016)
privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assis-
assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em tência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que
articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvi- ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação
mento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) sanitária para pais, educadores e alunos.
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados
condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº
mães submetidas a medida privativa de liberdade. 13.257, de 2016)
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal
ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial
implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de acon-
dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano. selhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) anos de vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde 13.257, de 2016)
de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: § 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuá- será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257,
rios individuais, pelo prazo de dezoito anos; de 2016)
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão Capítulo II
plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

Conhecimentos Específicos 74

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito tente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou
e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de
como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constitui- reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das
ção e nas leis. modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: 2009) Vigência
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, res- § 2o A permanência da criança e do adolescente em programa de
salvadas as restrições legais; acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos,
II - opinião e expressão; salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse,
III - crença e culto religioso; devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; 12.010, de 2009) Vigência
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; § 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua
VI - participar da vida política, na forma da lei; família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a pre- art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada
servação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e pela Lei nº 13.257, de 2016)
crenças, dos espaços e objetos pessoais. § 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adoles- ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo
cente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade respon-
aterrorizante, vexatório ou constrangedor. sável, independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962,
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e de 2014)
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradan- Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
te, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos respon- designações discriminatórias relativas à filiação.
sáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igualdade de
por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação
protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância,
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído pela recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
Lei nº 13.010, de 2014) (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação
o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de trata- educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão
mento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído pela Lei nº familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança
13.010, de 2014) estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui moti-
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) vo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar.
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsá- § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da
veis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de ori-
qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, gem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas
tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou trata- oficiais de proteção, apoio e promoção. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
mento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação de 2016)
ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras san-
ções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com
§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destitui-
a gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
ção do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime dolo-
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à
so, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela
família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Lei nº 12.962, de 2014)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; (Incluí-
do pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (Incluído Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder familiar serão
pela Lei nº 13.010, de 2014) decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. (Expressão
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas Seção II
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. (Incluí- Da Família Natural
do pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos
Capítulo III pais ou qualquer deles e seus descendentes.
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela
Seção I que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal,
Disposições Gerais formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº
seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegura- 12.010, de 2009) Vigência
da a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconheci-
desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) dos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nasci-
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa mento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público,
de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no qualquer que seja a origem da filiação.
máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária compe-

Conhecimentos Específicos 75

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser
filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e ado-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalís- ção, exceto no de adoção por estrangeiros.
simo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela
ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justi- e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual
ça. dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação
Seção III para a prática de atos determinados.
Da Família Substituta § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de depen-
Subseção I dente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
Disposições Gerais § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em
tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adoles-
adolescente, nos termos desta Lei. cente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais,
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previa- assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamen-
mente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de tação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluí-
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e terá sua opinião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica,
12.010, de 2009) Vigência incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessá- criança ou adolescente afastado do convívio familiar. (Redação dada pela
rio seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada pela Lei nº Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhi-
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de paren- mento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado,
tesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos
as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009) Vigência § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadastrado
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adoles-
guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência cente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.
de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcio- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o § 3o A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento
rompimento definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de
de 2009) Vigência equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adoles-
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em família substituta se- centes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompa-
rá precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, nhadas que não estejam no cadastro de adoção. (Incluído pela Lei nº
realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e 13.257, de 2016)
da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis § 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e
pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveni- acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
ente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cul- Subseção III
tural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde Da Tutela
que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até
por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência 2009) Vigência
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decreta-
comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído pela Lei nº ção da perda ou suspensão do pátrio poder poder familiar e implica ne-
12.010, de 2009) Vigência cessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei nº
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal respon- 12.010, de 2009) Vigência
sável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indíge- Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento au-
nas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidiscipli- têntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei no
nar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30
Vigência (trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts.
revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou não ofereça ambiente familiar adequado. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os re-
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência quisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a
da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar com-
não-governamentais, sem autorização judicial. provado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela Lei nº
excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará com- Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo Subseção IV
nos autos. Da Adoção
Subseção II Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o
Da Guarda disposto nesta Lei.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve re-
educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito correr apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança
de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único
Vigência do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 76

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº 12.010, § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro ori-
de 2009) Vigência ginal do adotado.
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Car-
do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. tório do Registro Civil do Município de sua residência. (Redação dada pela
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qual- § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas
quer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, man- § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido
têm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. (Reda-
do adotante e os respectivos parentes. ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descen- § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é
dentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do
grau, observada a ordem de vocação hereditária. art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independen- § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da
temente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº
§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam 12.010, de 2009) Vigência
casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabili- § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacio-
dade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consul-
que o adotando. ta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença
a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
sido iniciado na constância do período de convivência e que seja compro- Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem
vada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada
detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser tam-
benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, confor- bém deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido,
me previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. (Incluído pela
Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder poder
manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro re-
para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. gional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010,
alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado. de 2009)
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do repre- § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos ór-
sentante legal do adotando. gãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou ado- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os
lescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.
pátrio poder poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um perí-
2009) odo de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos
também necessário o seu consentimento. técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a cri- direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, obser- § 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no
vadas as peculiaridades do caso. § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em aco-
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando lhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser
já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficien- realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da
te para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do víncu- Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis
lo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pelo programa de acolhimento e pela execução da política municipal de
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domicilia- de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pesso-
do fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, as ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
será de, no mínimo, 30 (trinta) dias (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fo-
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe inter- ra do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencial- nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo.
mente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão
minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que se- de 2009) Vigência
rá inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e
certidão. oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de ori-
como o nome de seus ascendentes. gem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à

Conhecimentos Específicos 77

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os so-
sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) licitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e ade-
correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autori- quação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e
dade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para
§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, após consulta assumir uma adoção internacional; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Au-
Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros toridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal
estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
interessado com residência permanente no Brasil. (Incluído pela Lei nº IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária,
12.010, de 2009) Vigência incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habili-
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua tada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da res-
adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, pectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será colocado sob guarda de família cadastrada em programa de acolhi- V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenti-
mento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postu- internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor
lantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (Incluído pela público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à
domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela Lei nº 12.010, de
quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Esta-
12.010, de 2009) Vigência dual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos
mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe
de 2009) Vigência esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de cri- habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1
ança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo (um) ano; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado
não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude
previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação
2009) Vigência efetuada pela Autoridade Central Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deve- 2009) Vigência
rá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se
necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados
12.010, de 2009) Vigência por organismos credenciados. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credencia-
ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme mento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de interme-
previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, diar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comuni-
Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção cação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais
Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de de imprensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos que:
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde
I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em
caso concreto; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da cri- II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência pro-
ança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos fissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos
cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; (Incluída pela Lei nº 12.010, e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010,
de 2009) Vigência de 2009) Vigência
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consulta- III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e ex-
do, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se periência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída pela Lei nº
encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por 12.010, de 2009) Vigência
equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasi-
desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência leiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasi-
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos es- leira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
trangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela Lei nº
brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro
Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional. (Reda- dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: (Redação dada II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reco-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de
adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira,
perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país mediante publicação de portaria do órgão federal competente; (Incluída
de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 78

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratifi-
país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à cante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido proces-
sua composição, funcionamento e situação financeira; (Incluída pela Lei nº sado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e
12.010, de 2009) Vigência atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. (Incluído pela
relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acom- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
panhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo
será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluída pela Lei 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Supe-
nº 12.010, de 2009) Vigência rior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratifi-
Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo cante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá
período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal
juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do país de acolhida para o adotado; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de
Vigência acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Esta-
encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de dual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que
registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as provi-
logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) dências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisó-
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo rio. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu cre- § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, so-
denciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar de-
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encar- monstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou
regado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. (Incluído
(dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o
requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for
(sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade. de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente,
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a ado- comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade
ção internacional, não será permitida a saída do adotando do território Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determi- acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a
nará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que
da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as
sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia Capítulo IV
autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cida-
momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adoles- dania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
centes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, II - direito de ser respeitado por seus educadores;
que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasi- III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às ins-
leira e que não estejam devidamente comprovados, é causa de seu des- tâncias escolares superiores;
credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser represen- V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
tados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do pro-
em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cesso pedagógico, bem como participar da definição das propostas edu-
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do cacionais.
Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. (Incluí- Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de ele não tiveram acesso na idade própria;
adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino
acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adoles- médio;
centes em condições de serem adotados, sem a devida autorização III - atendimento educacional especializado aos portadores de defici-
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ência, preferencialmente na rede regular de ensino;
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou sus- IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco
pender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar neces- anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
sário, mediante ato administrativo fundamentado. (Incluído pela Lei nº V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da cri-
12.010, de 2009) Vigência ação artística, segundo a capacidade de cada um;
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredencia- VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do ado-
mento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros lescente trabalhador;
encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organis- VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas su-
mos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) plementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assis-
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados tência à saúde.
via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjeti-
deliberações do respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adoles- vo.
cente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou
sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

Conhecimentos Específicos 79

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, dos direitos da criança e do adolescente.
pela freqüência à escola. Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de-
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus fi- verão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na
lhos ou pupilos na rede regular de ensino. execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educa-
comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: ção de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações: (Incluído
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divul-
os recursos escolares; gação do direito da criança e do adolescente de serem educados e cuida-
III - elevados níveis de repetência. dos sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas dos instrumentos de proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº
propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática 13.010, de 2014)
e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Pú-
do ensino fundamental obrigatório. blico e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não gover-
artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adoles- namentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da
cente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de cultura. III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saú-
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimula- de, educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na
rão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente
culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude. para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à
Capítulo V identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho as formas de violência contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de nº 13.010, de 2014)
idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal) IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legis- que envolvam violência contra a criança e o adolescente; (Incluído pela
lação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir
ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de
vigor. atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso
princípios: de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educa-
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular; tivo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de
III - horário especial para o exercício das atividades. ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bol- em situação de violência, com participação de profissionais de saúde, de
sa de aprendizagem. assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são asse- defesa dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído pela Lei nº
gurados os direitos trabalhistas e previdenciários. 13.010, de 2014)
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com defici-
protegido. ência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou
não-governamental, é vedado trabalho:
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco
que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus quadros,
horas do dia seguinte;
com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar
II - perigoso, insalubre ou penoso;
suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e adoles-
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desen-
centes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
volvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à
escola. Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de cargo,
sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência
sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o
condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunera- injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos. (Incluído pela
da. Lei nº 13.046, de 2014)
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as
exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura,
educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respei-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado tem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção
caráter educativo. especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em res-
trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: ponsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Lei.
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; Capítulo II
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Da Prevenção Especial
Título III Seção I
Da Prevenção Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetácu-
Capítulo I los
Disposições Gerais

Conhecimentos Específicos 80

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as di- § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável,
versões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as conceder autorização válida por dois anos.
faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dis-
apresentação se mostre inadequada. pensável, se a criança ou adolescente:
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos pú- I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
blicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente
de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a pelo outro através de documento com firma reconhecida.
faixa etária especificada no certificado de classificação. Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espe- ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em
táculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária. companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão Parte Especial
ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando Título I
acompanhadas dos pais ou responsável. Da Política de Atendimento
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horá- Capítulo I
rio recomendado para o público infanto juvenil, programas com finalidades Disposições Gerais
educativas, artísticas, culturais e informativas. Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adoles-
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado cente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais
sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
ou exibição. municípios.
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empre- Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
sas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo I - políticas sociais básicas;
cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classi- II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de
ficação atribuída pelo órgão competente. garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no in- direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº
vólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se 13.257, de 2016)
destinam. III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicos-
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou ina- social às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, cruelda-
dequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em de e opressão;
embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crian-
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que conte- ças e adolescentes desaparecidos;
nham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da
embalagem opaca. criança e do adolescente.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período
não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anún- de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do
cios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei
os valores éticos e sociais da pessoa e da família. nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comer- VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de
cialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim en- crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especi-
tendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão ficamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com
para que não seja permitida a entrada e a permanência de crianças e necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de
adolescentes no local, afixando aviso para orientação do público. irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Seção II Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
Dos Produtos e Serviços I - municipalização do atendimento;
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos
I - armas, munições e explosivos; da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das
II - bebidas alcoólicas; ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e
ou psíquica ainda que por utilização indevida; municipais;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu re- III - criação e manutenção de programas específicos, observada a
duzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em descentralização político-administrativa;
caso de utilização indevida; IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vincula-
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; dos aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público,
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em
motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adoles-
acompanhado pelos pais ou responsável. cente a quem se atribua autoria de ato infracional;
Seção III VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público,
Da Autorização para Viajar Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do aten-
reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autori- dimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de aco-
zação judicial. lhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à
§ 1º A autorização não será exigida quando: família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável,
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades
mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolita- previstas no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
na; VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação
b) a criança estiver acompanhada: dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado 2009)
documentalmente o parentesco; VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que tra-
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou res- balham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os
ponsável. conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Conhecimentos Específicos 81

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao
criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, periodica-
da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela mente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observado o disposto no
Lei nº 13.257, de 2016) § 1odeste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento
e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princípios: (Redação
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é conside- I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração
rada de interesse público relevante e não será remunerada. familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Capítulo II II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de
Das Entidades de Atendimento manutenção na família natural ou extensa; (Redação dada pela Lei nº
Seção I 12.010, de 2009)
Disposições Gerais III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manu- IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
tenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução V - não desmembramento de grupos de irmãos;
de programas de proteção e sócio-educativos destinados a crianças e VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades
adolescentes, em regime de: (Vide) de crianças e adolescentes abrigados;
I - orientação e apoio sócio-familiar; VII - participação na vida da comunidade local;
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; VIII - preparação gradativa para o desligamento;
III - colocação familiar; IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimen-
2009) to institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.594, de 2012) § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de aco-
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) lhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situa-
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) ção de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da
§ 1o As entidades governamentais e não governamentais deverão reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de 12.010, de 2009)
atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo e Ju-
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscri- diciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação dos profis-
ções e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar sionais que atuam direta ou indiretamente em programas de acolhimento
e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) institucional e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes,
§ 2o Os recursos destinados à implementação e manutenção dos incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho
programas relacionados neste artigo serão previstos nas dotações orça- Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
mentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de Educação, § 4o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária compe-
Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se o princípio da tente, as entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar
prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos
art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o órgãos de assistência social, estimularão o contato da criança ou adoles-
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) cente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho I e VIII do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 § 5o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento famili-
(dois) anos, constituindo-se critérios para renovação da autorização de ar ou institucional somente poderão receber recursos públicos se compro-
funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) vado o atendimento dos princípios, exigências e finalidades desta Lei.
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como às (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas § 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente de
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou institucio-
níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) nal é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração de sua respon-
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas pelo sabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da Infância e da 2009)
Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em aco-
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou fa- lhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de educadores
miliar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração familiar de referência estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas específi-
ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei cas e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
nº 12.010, de 2009) como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento insti-
depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do tucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças
Adolescente, o qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autori- e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente,
dade judiciária da respectiva localidade. fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da
§ 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei nº Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. (Redação dada
12.010, de 2009) pela Lei nº 12.010, de 2009)
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habi- Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciária,
tabilidade, higiene, salubridade e segurança; ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do Conselho
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios des- Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a imediata
ta Lei; reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se por qualquer
c) esteja irregularmente constituída; razão não for isso possível ou recomendável, para seu encaminhamento a
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. programa de acolhimento familiar, institucional ou a família substituta,
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e deliberações observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conse- 12.010, de 2009)
lhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis. (Incluí- Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm
da pela Lei nº 12.010, de 2009) as seguintes obrigações, entre outras:

Conhecimentos Específicos 82

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescen- d) cassação do registro.
tes; § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades de
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restri- atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados nesta Lei,
ção na decisão de internação; deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e perante autoridade judiciária competente para as providências cabíveis,
grupos reduzidos; inclusive suspensão das atividades ou dissolução da entidade. (Redação
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignida- dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de ao adolescente; § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações não
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos governamentais responderão pelos danos que seus agentes causarem às
vínculos familiares; crianças e aos adolescentes, caracterizado o descumprimento dos princí-
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em pios norteadores das atividades de proteção específica. (Redação dada
que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habita- Título II
bilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à Das Medidas de Proteção
higiene pessoal; Capítulo I
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa Disposições Gerais
etária dos adolescentes atendidos; Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são apli-
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farma- cáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados
cêuticos; ou violados:
X - propiciar escolarização e profissionalização; I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo III - em razão de sua conduta.
com suas crenças; Capítulo II
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; Das Medidas Específicas de Proteção
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas
seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente; isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua si- Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessi-
tuação processual; dades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de ado- dos vínculos familiares e comunitários.
lescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adoles- medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
centes; I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos:
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos nesta e em
egressos; outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cida- 12.010, de 2009) Vigência
dania àqueles que não os tiverem; II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstân- e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e
cias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares; (Inclu-
parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identifica- III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena
ção e a individualização do atendimento. efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescentes por esta
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste arti- Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente
go às entidades que mantêm programas de acolhimento institucional e ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esfe-
familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ras de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as enti- possibilidade da execução de programas por entidades não governamen-
dades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. tais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou recep- IV - interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção de-
cionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter temporário, devem ve atender prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do
ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros inte-
Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído pela resses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no
Lei nº 13.046, de 2014) caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Seção II V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do
Da Fiscalização das Entidades adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à ima-
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas gem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes
Conselhos Tutelares. deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida; (Incluído
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das dotações VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusiva-
orçamentárias. mente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispensável à
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do adolescente;
descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da responsa- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a neces-
I - às entidades governamentais: sária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente
a) advertência; se encontram no momento em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei
b) afastamento provisório de seus dirigentes; nº 12.010, de 2009) Vigência
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e o
II - às entidades não-governamentais: adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a) advertência; X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, se isto

Conhecimentos Específicos 83

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
não for possível, que promovam a sua integração em família substituta; § 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 12.010, de 2009) Vigência
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respei- I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei nº
tado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus 12.010, de 2009) Vigência
pais ou responsável devem ser informados dos seus direitos, dos motivos II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e (Incluí-
que determinaram a intervenção e da forma como esta se processa; do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na
separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamen-
indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvi- tada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua
dos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade
direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do § 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais
art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do proces-
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a auto- so de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a
ridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de res- apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a
ponsabilidade; criança ou com o adolescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 2009)
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de § 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável
ensino fundamental; pelo programa de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comu-
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de pro- nicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo
teção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; (Reda- prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 12.010, de 2009) Vigência
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em § 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da cri-
regime hospitalar ou ambulatorial; ança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção
e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa
2009) Vigência recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada execução da política municipal de garantia do direito à convivência famili-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30
§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder familiar,
provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou
reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da
família substituta, não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 12.010, de 2009) § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regi-
§ 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção onal, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças e
de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua
art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do convívio responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação
familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reinte-
deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo gração familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das
interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla 2009)
defesa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tu-
§ 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às telar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos
instituições que executam programas de acolhimento institucional, gover- Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos quais
namentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permi-
autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: tam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimen-
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu to. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº 12.010, de
de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 2009)
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nasci-
sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) mento da criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponí-
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio famili- veis, mediante requisição da autoridade judiciária.
ar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescen- este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de
te, a entidade responsável pelo programa de acolhimento institucional ou absoluta prioridade.
familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reinte- § 3o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado proce-
gração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada dimento específico destinado à sua averiguação, conforme previsto pela
em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as 2009) Vigência
regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispensável o
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério
equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará em consi- Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em
deração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

Conhecimentos Específicos 84

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tem- § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a pres-
po, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de multas, tação de trabalho forçado.
custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (Incluído dada § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental re-
pela Lei nº 13.257, de 2016) ceberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reco- condições.
nhecimento de paternidade no assento de nascimento e a certidão corres- Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
pondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art.
Título III 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materia-
Da Prática de Ato Infracional lidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art.
Capítulo I 127.
Disposições Gerais Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que hou-
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
ou contravenção penal. Seção II
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, Da Advertência
sujeitos às medidas previstas nesta Lei. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a reduzida a termo e assinada.
idade do adolescente à data do fato. Seção III
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as Da Obrigação de Reparar o Dano
medidas previstas no art. 101. Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais,
Capítulo II a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua
Dos Direitos Individuais a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão o prejuízo da vítima.
em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida pode-
autoridade judiciária competente. rá ser substituída por outra adequada.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos res- Seção IV
ponsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus Da Prestação de Serviços à Comunidade
direitos. Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se en- de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis
contra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabe-
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. lecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou gover-
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsa- namentais.
bilidade, a possibilidade de liberação imediata. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas
prazo máximo de quarenta e cinco dias. semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.
indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessida- Seção V
de imperiosa da medida. Da Liberdade Assistida
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a
identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. adolescente.
Capítulo III § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o
Das Garantias Processuais caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de aten-
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o dimento.
devido processo legal. § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis me-
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes ses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída
garantias: por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, medi- Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da auto-
ante citação ou meio equivalente; ridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com víti- I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes
mas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comuni-
III - defesa técnica por advogado; tário de auxílio e assistência social;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na for- II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adoles-
ma da lei; cente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em sua inserção no mercado de trabalho;
qualquer fase do procedimento. IV - apresentar relatório do caso.
Capítulo IV Seção VI
Das Medidas Sócio-Educativas Do Regime de Semi-liberdade
Seção I Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o
Disposições Gerais início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade compe- realização de atividades externas, independentemente de autorização
tente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: judicial.
I - advertência; § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo,
II - obrigação de reparar o dano; sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
III - prestação de serviços à comunidade; § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que
IV - liberdade assistida; couber, as disposições relativas à internação.
V - inserção em regime de semi-liberdade; Seção VII
VI - internação em estabelecimento educacional; Da Internação
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capaci- aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
dade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Conhecimentos Específicos 85

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da cias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personali-
equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em dade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
contrário. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pe-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manu- la autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
tenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento
cada seis meses. ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das
a três anos. medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescen- liberdade e a internação.
te deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista
liberdade assistida. judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescen-
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. te ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autori- Título IV
zação judicial, ouvido o Ministério Público. Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários
2012) (Vide) de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada dada pela Lei
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: nº 13.257, de 2016)
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação
violência a pessoa; e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anterior- IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
mente imposta. V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua fre-
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não qüência e aproveitamento escolar;
poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento
após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) especializado;
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra VII - advertência;
medida adequada. VIII - perda da guarda;
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva pa- IX - destituição da tutela;
ra adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder familiar. (Expres-
rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da infração. Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
serão obrigatórias atividades pedagógicas. Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre ou- impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar,
tros, os seguintes: como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Pú- Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação provi-
blico; sória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente depen-
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; dentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; Título V
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; Do Conselho Tutelar
V - ser tratado com respeito e dignidade; Capítulo I
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais pró- Disposições Gerais
xima ao domicílio de seus pais ou responsável; Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não ju-
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; risdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Dis-
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubri- trito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão
dade; integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros,
XI - receber escolarização e profissionalização; escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permiti-
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: da 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha. (Redação
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão
que assim o deseje; exigidos os seguintes requisitos:
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local segu- I - reconhecida idoneidade moral;
ro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura deposi- II - idade superior a vinte e um anos;
tados em poder da entidade; III - residir no município.
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário
indispensáveis à vida em sociedade. de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a: (Redação
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visi- dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
ta, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e funda- I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
dos de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço)
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
segurança. IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Capítulo V V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Da Remissão Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Dis-
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de trito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do
ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselhei-
remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstân- ros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)

Conhecimentos Específicos 86

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá ser- Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mu-
viço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral. lher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunha-
(Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) dos, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Capítulo II Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma
Das Atribuições do Conselho deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos exercício na comarca, foro regional ou distrital.
arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; Título VI
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medi- Do Acesso à Justiça
das previstas no art. 129, I a VII; Capítulo I
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: Disposições Gerais
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à De-
social, previdência, trabalho e segurança; fensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumpri- de seus órgãos.
mento injustificado de suas deliberações. § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela ne-
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua in- cessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
fração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescen- § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Ju-
te; ventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; litigância de má-fé.
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os
dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos por seus
infracional; pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou processual.
VII - expedir notificações; Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à crian-
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou ado- ça ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de
lescente quando necessário; seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assis-
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta or- tência legal ainda que eventual.
çamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e adminis-
criança e do adolescente; trativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação autoria de ato infracional.
dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal; Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identi-
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ficar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome,
ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e
manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Reda- sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissio- artigo anterior somente será deferida pela autoridade judiciária competen-
nais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sinto- te, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
mas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº Capítulo II
13.046, de 2014) Da Justiça da Infância e da Juventude
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Seção I
Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunica- Disposições Gerais
rá incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especia-
sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a lizadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciá-
orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº rio estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las
12.010, de 2009) Vigência de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revis- Seção II
tas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. Do Juiz
Capítulo III Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância e
Da Competência da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de orga-
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência cons- nização judiciária local.
tante do art. 147. Art. 147. A competência será determinada:
Capítulo IV I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
Da Escolha dos Conselheiros II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tute- pais ou responsável.
lar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do
do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência
fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de e prevenção.
12.10.1991) § 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade com-
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocor- petente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se
rerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da elei- § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea
ção presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente,
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede
do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as
de 2012) transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado.
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público,
ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as
valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) medidas cabíveis;
Capítulo V II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do
Dos Impedimentos processo;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;

Conhecimentos Específicos 87

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difu- nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles
sos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
no art. 209; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a pro-
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades cedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá
de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; investigar os fatos e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra o Ministério Público.
norma de proteção à criança ou adolescente; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o fim de
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, apli- afastamento da criança ou do adolescente de sua família de origem e em
cando as medidas cabíveis. outros procedimentos necessariamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hi- 12.010, de 2009) Vigência
póteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
Juventude para o fim de: Seção II
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder Poder Familiar
b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder familiar, (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do pátrio po-
nº 12.010, de 2009) der poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou mater- de 2009)
na, em relação ao exercício do pátrio poder poder familiar; (Expressão Art. 156. A petição inicial indicará:
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e
os pais; do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formu-
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou lado por representante do Ministério Público;
representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em III - a exposição sumária do fato e o pedido;
que haja interesses de criança ou adolescente; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de
g) conhecer de ações de alimentos; testemunhas e documentos.
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos regis- Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido
tros de nascimento e óbito. o Ministério Público, decretar a suspensão do pátrio poder poder familiar,
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de porta- liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a
ria, ou autorizar, mediante alvará: criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompa- responsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
nhado dos pais ou responsável, em: Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer
a) estádio, ginásio e campo desportivo; resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo
b) bailes ou promoções dançantes; desde logo o rol de testemunhas e documentos.
c) boate ou congêneres; § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. § 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pessoalmen-
II - a participação de criança e adolescente em: te. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advoga-
b) certames de beleza. do, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá requerer, em
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária leva- cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação
rá em conta, dentre outros fatores: de resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de
a) os princípios desta Lei; nomeação.
b) as peculiaridades locais; Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberdade, o ofi-
c) a existência de instalações adequadas; cial de justiça deverá perguntar, no momento da citação pessoal, se
d) o tipo de freqüência habitual ao local; deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou freqüência de 2014)
crianças e adolescentes; Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de
f) a natureza do espetáculo. qualquer repartição ou órgão público a apresentação de documento que
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser interesse à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério
fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral. Público.
Seção III Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará
Dos Serviços Auxiliares vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or- o requerente, decidindo em igual prazo.
çamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, § 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou
destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de
que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspen-
escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim são ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da
desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta
prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judici- Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
ária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda
Capítulo III obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional ou multidisciplinar
Dos Procedimentos referida no § 1o deste artigo, de representantes do órgão federal respon-
Seção I sável pela política indigenista, observado o disposto no § 6o do art. 28
Disposições Gerais desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidia- § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigató-
riamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente. ria, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente,
Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabilidade, priori- respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
dade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Conhecimentos Específicos 88

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identifi- § 7o A família substituta receberá a devida orientação por intermédio
cados e estiverem em local conhecido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de de equipe técnica interprofissional a serviço do Poder Judiciário, preferen-
2009) cialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a autoridade municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.962, de 2014) Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das par-
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista tes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou,
dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a conces-
requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento. são de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de convivência.
de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou do es-
social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional. tágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interes-
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão sado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010,
ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo de 2009) Vigência
quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida,
requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minu- sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos
tos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audi- ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
ência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data judiciária em igual prazo.
para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de suspensão do pátrio poder poder familiar constituir pressuposto lógico da
120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) medida principal de colocação em família substituta, será observado o
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do procedimento contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ser de-
Seção III cretada nos mesmos autos do procedimento, observado o disposto no art.
Da Destituição da Tutela 35.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento para Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o disposto no
a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que couber, o art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
disposto na seção anterior. Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob a guarda
Seção IV de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar será comunicada
Da Colocação em Família Substituta pela autoridade judiciária à entidade por este responsável no prazo máxi-
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação mo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em família substituta: Seção V
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
companheiro, com expressa anuência deste; Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será,
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
ou companheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional se-
não parente vivo; rá, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para aten-
se conhecidos; dimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializa-
possível, uma cópia da respectiva certidão; da, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminha-
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos re- rá o adulto à repartição policial própria.
lativos à criança ou ao adolescente. Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão também violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo
os requisitos específicos. do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, deverá:
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou sus- I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
pensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da
em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada materialidade e autoria da infração.
a assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos pela auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.
autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando- Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adoles-
se por termo as declarações. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) cente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será precedido compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante
de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe interprofissional do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia
da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua
sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para
§ 3o O consentimento dos titulares do poder familiar será colhido pela garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminha-
Público, garantida a livre manifestação de vontade e esgotados os esfor- rá, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público,
ços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá validade se não encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apre-
for ratificado na audiência a que se refere o § 3o deste artigo. (Incluído sentação ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quatro horas.
§ 5o O consentimento é retratável até a data da publicação da sen- § 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a
tença constitutiva da adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição policial
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado após o nasci- especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência
mento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese,
exceder o prazo referido no parágrafo anterior.

Conhecimentos Específicos 89

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encami- adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo
nhará imediatamente ao representante do Ministério Público cópia do auto máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
de apreensão ou boletim de ocorrência. Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de par- autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar
ticipação de adolescente na prática de ato infracional, a autoridade policial opinião de profissional qualificado.
encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investi- § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá
gações e demais documentos. o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de interna-
poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo ção ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade judiciária,
policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará
sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade. defensor, designando, desde logo, audiência em continuação, podendo
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério determinar a realização de diligências e estudo do caso.
Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocor- § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três
rência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol
com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imedia- de testemunhas.
ta e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas
responsável, vítima e testemunhas. na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante
Ministério Público notificará os pais ou responsável para apresentação do do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
adolescente, podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar. minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o re- judiciária, que em seguida proferirá decisão.
presentante do Ministério Público poderá: Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer,
I - promover o arquivamento dos autos; injustificadamente à audiência de apresentação, a autoridade judiciária
II - conceder a remissão; designará nova data, determinando sua condução coercitiva.
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida só- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do pro-
cio-educativa. cesso, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remis- sentença.
são pelo representante do Ministério Público, mediante termo fundamen- Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde
tado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autori- que reconheça na sentença:
dade judiciária para homologação. I - estar provada a inexistência do fato;
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciá- II - não haver prova da existência do fato;
ria determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida. III - não constituir o fato ato infracional;
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infra-
Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este cional.
oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente in-
para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só ternado, será imediatamente colocado em liberdade.
então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar. Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público ou regime de semi-liberdade será feita:
não promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá represen- I - ao adolescente e ao seu defensor;
tação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou respon-
aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada. sável, sem prejuízo do defensor.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o breve § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unicamente
resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessá- na pessoa do defensor.
rio, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este
diária instalada pela autoridade judiciária. manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da autoria e Seção VI
materialidade. Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do proce- Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em entidade
dimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será de qua- governamental e não-governamental terá início mediante portaria da
renta e cinco dias. autoridade judiciária ou representação do Ministério Público ou do Conse-
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará lho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.
audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciá-
decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. ria, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento
108 e parágrafo. provisório do dirigente da entidade, mediante decisão fundamentada.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez di-
teor da representação, e notificados a comparecer à audiência, acompa- as, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as
nhados de advogado. provas a produzir.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a auto-
judiciária dará curador especial ao adolescente. ridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento, intimando
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária ex- as partes.
pedirá mandado de busca e apreensão, determinando o sobrestamento do § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Públi-
feito, até a efetiva apresentação. co terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresen- judiciária em igual prazo.
tação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigen-
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciá- te de entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará à autoridade
ria, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas a substituição.
no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária
localidade mais próxima. poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verificadas. Satis-
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguarda- feitas as exigências, o processo será extinto, sem julgamento de mérito.
rá sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos

Conhecimentos Específicos 90

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade dade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou
ou programa de atendimento. maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios desta Lei.
Seção VII (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à § 1o É obrigatória a participação dos postulantes em programa ofere-
Criança e ao Adolescente cido pela Justiça da Infância e da Juventude preferencialmente com apoio
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administrativa dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia
por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início do direito à convivência familiar, que inclua preparação psicológica, orien-
por representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto tação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adoles-
de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e centes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de
assinado por duas testemunhas, se possível. grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser § 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória da
usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstân- preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o contato com crianças e
cias da infração. adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional em condi-
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a la- ções de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e
vratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos do retar- avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com o
damento. apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento familiar ou
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de de- institucional e pela execução da política municipal de garantia do direito à
fesa, contado da data da intimação, que será feita: convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presen- Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação no pro-
ça do requerido; grama referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciária, no prazo de
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que en- 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo
tregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a seu repre- Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, desig-
sentante legal, lavrando certidão; nando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. (Incluído
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
requerido ou seu representante legal; Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo es-
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o pa- sas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo
radeiro do requerido ou de seu representante legal. psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autorida- (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
de judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por cinco dias, 2009)
decidindo em igual prazo. Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos ca-
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na dastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para a
conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, designará audiên- adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e conforme
cia de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessiva- nº 12.010, de 2009) Vigência
mente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo tempo de § 1o A ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de
vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autori- ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13
dade judiciária, que em seguida proferirá sentença. do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no
Seção VIII interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes in-
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção dicados importará na reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresen- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Capítulo IV
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Dos Recursos
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juven-
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou tude, inclusive os relativos à execução das medidas socioeducativas,
declaração relativa ao período de união estável; (Incluído pela Lei nº adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
12.010, de 2009) Vigência (Código de Processo Civil), com as seguintes adaptações: (Redação dada
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de Pes- pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
soas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo;
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº 12.010, de II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o prazo
2009) Vigência para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 (dez) dias;
VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.010, de 2009) Vigência III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revi-
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº 12.010, sor;
de 2009) Vigência IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei nº V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no
horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo de 5 caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade
(cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissi- decisão, no prazo de cinco dias;
onal encarregada de elaborar o estudo técnico a que se refere o art. 197-C VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os
desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e quatro horas,
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a re-
juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência messa dos autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou
III - requerer a juntada de documentos complementares e a realização do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.
de outras diligências que entender necessárias. (Incluído pela Lei nº Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá
12.010, de 2009) Vigência recurso de apelação.
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe interprofissional Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde logo,
a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que deverá elaborar embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente no efeito
estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capaci- devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver perigo

Conhecimentos Específicos 91

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído pela Lei § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas
nº 12.010, de 2009) neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores dispuserem a Constituição e esta Lei.
do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde
no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de destituição § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas fun-
de poder familiar, em face da relevância das questões, serão processados ções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adoles-
com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando cente.
vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão § 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso
colocados em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) legais de sigilo.
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para julga- § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste arti-
mento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua conclusão. go, poderá o representante do Ministério Público:
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o com-
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do julga- petente procedimento, sob sua presidência;
mento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar oralmente b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada,
seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em dia, local e horário previamente notificados ou acertados;
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração de pro- c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e
cedimento para apuração de responsabilidades se constatar o descum- de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fixando prazo
primento das providências e do prazo previstos nos artigos anteriores. razoável para sua perfeita adequação.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará
Capítulo V obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses
Do Ministério Público de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os
exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. recursos cabíveis.
Art. 201. Compete ao Ministério Público: Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; feita pessoalmente.
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nuli-
atribuídas a adolescentes; dade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimen- qualquer interessado.
tos de suspensão e destituição do pátrio poder poder familiar, nomeação e Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministé-
remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os rio Público deverão ser fundamentadas.
demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juven- Capítulo VI
tude; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Do Advogado
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especi- Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e
alização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide poderão
tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o
adolescentes nas hipóteses do art. 98; qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção oficial, respeitado o segredo de justiça.
dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratui-
adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constitui- ta àqueles que dela necessitarem.
ção Federal; Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato in-
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los: fracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor.
a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz,
em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coerci- ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.
tiva, inclusive pela polícia civil ou militar; § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autori- ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoria-
dades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indire- mente, ou para o só efeito do ato.
ta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias; § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de de-
c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições fensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato
privadas; formal com a presença da autoridade judiciária.
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e de- Capítulo VII
terminar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos
infrações às normas de proteção à infância e à juventude; Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de respon-
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegu- sabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescen-
rados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e te, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
extrajudiciais cabíveis; I - do ensino obrigatório;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, II - de atendimento educacional especializado aos portadores de defi-
em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e ciência;
individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente; III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infra- cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
ções cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, V - de programas suplementares de oferta de material didático-
quando cabível; escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino funda-
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e mental;
os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à
administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às crian-
porventura verificadas; ças e adolescentes que dele necessitem;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados
privados, para o desempenho de suas atribuições. de liberdade.

Conhecimentos Específicos 92

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação
social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito à convivência ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à autoridade
familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) competente, para apuração da responsabilidade civil e administrativa do
X - de programas de atendimento para a execução das medidas soci- agente a que se atribua a ação ou omissão.
oeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela Lei nº Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença
12.594, de 2012) (Vide) condenatória sem que a associação autora lhe promova a execução,
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção ju- deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais
dicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infân- legitimados.
cia e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei. (Renume- Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os ho-
rado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005) norários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando
será realizada imediatamente após notificação aos órgãos competentes, reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora
companhias de transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente
todos os dados necessários à identificação do desaparecido. (Incluído condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
pela Lei nº 11.259, de 2005) perdas e danos.
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adianta-
do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá mento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência despesas.
da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provo-
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou di- car a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
fusos, consideram-se legitimados concorrentemente: fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de
I - o Ministério Público; convicção.
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territó- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tive-
rios; rem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura de ação
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.
que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direi- Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer
tos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembléia, se às autoridades competentes as certidões e informações que julgar neces-
houver prévia autorização estatutária. sárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência,
da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou
esta Lei. particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação le- assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
gitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir a titula- § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências,
ridade ativa. se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interes- cível, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
sados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, informativas, fazendo-o fundamentadamente.
o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial. § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de três
são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes. dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Có- § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquiva-
digo de Processo Civil. mento, em sessão do Conselho Superior do Ministério público, poderão as
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, que lesem serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informa-
direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que ção.
se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança. § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e delibe-
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação ração do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o
de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou seu regimento.
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de ar-
ao do adimplemento. quivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado o ajuizamento da ação.
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições
liminarmente ou após justificação prévia, citando o réu. da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, Título VII
impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o Capítulo I
cumprimento do preceito. Dos Crimes
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da Seção I
sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se Disposições Gerais
houver configurado o descumprimento. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a crian-
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Con- ça e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na
selho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município. legislação penal.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julga- Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Par-
do da decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Minis- te Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código
tério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais de Processo Penal.
legitimados. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondici-
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depo- onada
sitado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção Seção II
monetária. Dos Crimes em Espécie
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabele-
evitar dano irreparável à parte. cimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades

Conhecimentos Específicos 93

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médi- hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ca, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou
do desenvolvimento do neonato: afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autorida-
Parágrafo único. Se o crime é culposo: de sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. 2008)
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro
de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança
parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação da-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. da pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publi-
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. car ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de infor-
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, proce- mática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
dendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apre- nº 11.829, de 2008)
ensão sem observância das formalidades legais. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829,
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de de 2008)
criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das foto-
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indi- grafias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela
cada: Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guar- às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. (Incluí-
da ou vigilância a vexame ou a constrangimento: do pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997: puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficial-
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de orde- mente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
nar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhe- trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
cimento da ilegalidade da apreensão: Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, foto-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. grafia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explí-
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em cito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei
benefício de adolescente privado de liberdade: nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, mem- Lei nº 11.829, de 2008)
bro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercí- § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena
cio de função prevista nesta Lei: quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade
sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas
lar substituto: descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comuni-
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. cação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº
mediante paga ou recompensa: 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o enca-
paga ou recompensa. minhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio Lei nº 11.829, de 2008)
de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formali- III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de
dades legais ou com o fito de obter lucro: acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou frau- Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
de: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) 2008)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspon- § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob si-
dente à violência. gilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em ce-
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança na de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem
ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de represen-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação da- tação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
da pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, nº 11.829, de 2008)
ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescen- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à
te nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adqui-
contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) re, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o cri- artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
me: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidino-
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) so: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Conhecimentos Específicos 94

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que
nº 11.829, de 2008) se atribua ato infracional:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do-
nº 11.829, de 2008) bro em caso de reincidência.
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, foto-
sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; grafia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuí-
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de dos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rá-
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) dio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “ce- poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da progra-
na de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que mação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódi-
envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou co até por dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente 869-2).
para fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio,
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente
qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº que autorizado pelos pais ou responsável:
10.764, de 12.11.2003) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do-
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gra- bro em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno
tuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoóli- do adolescente, se for o caso.
ca ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes
causar dependência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, ao pátrio poder poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem
de 2015) assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: (Ex-
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do-
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de bro em caso de reincidência.
qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais
artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade
de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida: judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: (Redação dada pela Lei
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. nº 12.038, de 2009).
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: (Incluído § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a auto-
pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) ridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa. até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o res- § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) di-
ponsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou ado- as, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença
lescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
9.975, de 23.6.2000) Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do-
nº 9.975, de 23.6.2000) bro em caso de reincidência.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoi- Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de
to) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição,
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº faixa etária especificada no certificado de classificação:
12.015, de 2009) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do-
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica bro em caso de reincidência.
as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações
inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomen-
2009) dem:
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso
terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos
art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº órgãos de divulgação ou publicidade.
12.015, de 2009) Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em ho-
Capítulo II rário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:
Das Infrações Administrativas Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabeleci- de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da
mento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, programação da emissora por até dois dias.
de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conheci- Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado
mento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes
ou adolescente: admitidos ao espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do- Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a
bro em caso de reincidência. autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamen-
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendi- to do estabelecimento por até quinze dias.
mento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programa-
art. 124 desta Lei: ção em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o do- competente:
bro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reinci-
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por dência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabe-
qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento lecimento por até quinze dias.

Conhecimentos Específicos 95

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei: em situações de calamidade. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a 2016)
pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia,
publicação. Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das doações
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário feitas aos fundos, nos termos deste artigo . (Incluído pela Lei nº 8.242, de
de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adoles- 12.10.1991)
cente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo: § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reinci- fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e
dência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabe- do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela
lecimento por até quinze dias. Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a instala- § 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249, de 26 de
ção e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I do caput: (Redação
art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite em
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei nº 12.594,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que deixa de 2012) (Vide)
de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições II - não poderá ser computada como despesa operacional na apura-
de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de ção do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou famili- Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de 2009, a
ar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso II do caput
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabeleci- do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual. (Incluído pela
mento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminha- Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
mento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe § 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os se-
ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção: (Incluído pela guintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na declaração:
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de programa III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído pela
oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
que deixa de efetuar a comunicação referida no caput deste artigo. (Incluí- § 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei nº 12.594, de
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2012) (Vide)
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81: I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre a
(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do art. 260;
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594, de
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o 2012) (Vide)
recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
2015) 2012) (Vide)
Disposições Finais e Transitórias b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei nº
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publicação 12.594, de 2012) (Vide)
deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a criação ou adap- c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº 12.594,
tação de seus órgãos às diretrizes da política de atendimento fixadas no de 2012) (Vide)
art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II. III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promoverem a 12.594, de 2012) (Vide)
adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princípios estabe- IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vigor. (In-
lecidos nesta Lei. cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos § 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de venci-
Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou mento da primeira quota ou quota única do imposto, observadas instru-
municipais, devidamente comprovadas, sendo essas integralmente dedu- ções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Incluído pela
zidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) § 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § 3o impli-
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado pelas ca a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a pessoa física
pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Redação dada pela obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido apurado na
Lei nº 12.594, de 2012) Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos na legis-
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas pes- lação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
soas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto no art. § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na Declara-
22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Redação dada pela Lei ção de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-calendário, aos
nº 12.594, de 2012) fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles-
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recur- cente municipais, distrital, estaduais e nacional concomitantemente com a
sos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais dos direitos opção de que trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art.
da criança e do adolescente, serão consideradas as disposições do Plano 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Ado- Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá ser de-
lescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional duzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Primeira Infância. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas que apu-
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da ram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por meio de planos II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as pesso-
de aplicação, das dotações subsidiadas e demais receitas, aplicando as jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela Lei nº
necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma 12.594, de 2012) (Vide)
de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do período a
integral à primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
2012) (Vide)

Conhecimentos Específicos 96

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem ser II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à
efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser depo- III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficia-
sitadas em conta específica, em instituição financeira pública, vinculadas dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das contas IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o va-
dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, lor dos recursos previstos para implementação das ações, por projeto;
distrital e municipais devem emitir recibo em favor do doador, assinado por (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pessoa competente e pelo presidente do Conselho correspondente, espe- V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por pro-
cificando: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) jeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados do Sistema
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e endereço 12.594, de 2012) (Vide)
do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recur-
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador; sos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, esta-
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) duais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído pela Lei Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, a
nº 12.594, de 2012) (Vide) forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos no art.
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei nº 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260-G e
§ 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser emiti- 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial proposta pelo
do anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a mês. Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requerimento ou repre-
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) sentação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
§ 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter a identi- Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Re-
ficação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou em relação pública (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal do Brasil,
anexa ao comprovante, informando também se houve avaliação, o nome, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação
CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº 12.594, de atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
2012) (Vide) distrital, estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos números
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá: (Incluí- de inscrição no CNPJ e das contas bancárias específicas mantidas em
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) instituições financeiras públicas, destinadas exclusivamente a gerir os
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação hábil; recursos dos Fundos. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as ins-
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, quando truções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-K. (Inclu-
se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pessoa jurídica; e ído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei nº adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se referem os arts.
12.594, de 2012) (Vide) 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declaração do judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
imposto de renda, desde que não exceda o valor de mercado; (Incluído Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes aos
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído pela programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam criados os
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos seus respectivos
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será conside- níveis.
rado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o leilão for Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribui-
determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de ções a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judiciária.
2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e 260-E Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 (cinco) anos para 1) Art. 121 ............................................................
fins de comprovação da dedução perante a Receita Federal do Brasil. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão
distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço,
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente a gerir se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2) Art. 129 ...............................................................
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei nº § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóte-
12.594, de 2012) (Vide) ses do art. 121, § 4º.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil as § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes dados por 3) Art. 136.................................................................
doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pessoa menor de catorze anos.
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em bens. 4) Art. 213 ..................................................................
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações previstas no Pena - reclusão de quatro a dez anos.
art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará conhecimento 5) Art. 214...................................................................
do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente Pena - reclusão de três a nove anos.»
nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão amplamente à comu- Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica
nidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) acrescido do seguinte item:
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594, de "Art. 102 ....................................................................
2012) (Vide) 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "

Conhecimentos Específicos 97

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da admi- da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
nistração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo colo e obeso; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
poder público federal promoverão edição popular do texto integral deste V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência,
Estatuto, que será posto à disposição das escolas e das entidades de podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal; (Reda-
atendimento e de defesa dos direitos da criança e do adolescente. ção dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divulgação dos VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de
direitos da criança e do adolescente nos meios de comunicação social. urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, enca-
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) namento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilumina-
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada ção pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de
em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças e adolescen- água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento
tes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (Incluído urbanístico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação. VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovi- espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbani-
das atividades e campanhas de divulgação e esclarecimentos acerca do zação ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não
disposto nesta Lei. provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos,
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às
outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições em con- telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos,
trário. quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos,
dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
Lei de Acessibilidade objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à partici-
pação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
(Lei nº 10.098/2000)
sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; (Inclu-
ído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
CAPÍTULO I IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, en-
tre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais
DISPOSIÇÕES GERAIS
(Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia,
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os
com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstá- meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e
culos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das
reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação. comunicações; (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 2o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes defini- X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas
ções: e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia
com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos assistiva. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive CAPÍTULO II
seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações
DOS ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO
abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilida- Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos par-
de reduzida; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) ques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e
executados de forma a torná-los acessíveis para todas as pessoas, inclu-
II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
sive para aquelas com deficiência ou com mobilidade reduzida. (Redação
que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de urbaniza-
compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: ção e parte da via pública, normalmente segregado e em nível diferente,
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) destina-se somente à circulação de pedestres e, quando possível, à
implantação de mobiliário urbano e de vegetação. (Incluído pela Lei nº
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públi-
13.146, de 2015) (Vigência)
cos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso pú-
blico existentes, assim como as respectivas instalações de serviços e
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e pri-
mobiliários urbanos deverão ser adaptados, obedecendo-se ordem de
vados; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
prioridade que vise à maior eficiência das modificações, no sentido de
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de promover mais ampla acessibilidade às pessoas portadoras de deficiência
transportes; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) ou com mobilidade reduzida.
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, Parágrafo único. Os parques de diversões, públicos e privados, de-
obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a ex- vem adaptar, no mínimo, 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equi-
pressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio pamento e identificá-lo para possibilitar sua utilização por pessoas com
de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; (Redação deficiência ou com mobilidade reduzida, tanto quanto tecnicamente possí-
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) vel. (Incluído pela Lei nº 11.982, de 2009)
III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de longo Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em privados de uso comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena passagens de pedestres, os percursos de entrada e de saída de veículos,
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pesso- as escadas e rampas, deverão observar os parâmetros estabelecidos
as; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer Normas Técnicas – ABNT.
motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir em par-
redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou ques, praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e

Conhecimentos Específicos 98

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
dispor, pelo menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às espe- utilizam cadeira de rodas, e de lugares específicos para pessoas com
cificações das normas técnicas da ABNT. deficiência auditiva e visual, inclusive acompanhante, de acordo com a
Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas ABNT, de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e
em vias ou em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas comunicação.
dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos congêneres
veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência com dificul- devem fornecer carros e cadeiras de rodas, motorizados ou não, para o
dade de locomoção. atendimento da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste artigo deve- (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
rão ser em número equivalente a dois por cento do total, garantida, no CAPÍTULO V
mínimo, uma vaga, devidamente sinalizada e com as especificações DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO
técnicas de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigen- Art. 13. Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a instala-
tes. ção de elevadores deverão ser construídos atendendo aos seguintes
CAPÍTULO III requisitos mínimos de acessibilidade:
DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO I – percurso acessível que una as unidades habitacionais com o exte-
Art. 8o Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação ou rior e com as dependências de uso comum;
quaisquer outros elementos verticais de sinalização que devam ser insta- II – percurso acessível que una a edificação à via pública, às edifica-
lados em itinerário ou espaço de acesso para pedestres deverão ser ções e aos serviços anexos de uso comum e aos edifícios vizinhos;
dispostos de forma a não dificultar ou impedir a circulação, e de modo que III – cabine do elevador e respectiva porta de entrada acessíveis para
possam ser utilizados com a máxima comodidade. pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Art. 9o Os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas de- Art. 14. Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento
verão estar equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave, além do pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e
intermitente e sem estridência, ou com mecanismo alternativo, que sirva que não estejam obrigados à instalação de elevador, deverão dispor de
de guia ou orientação para a travessia de pessoas portadoras de deficiên- especificações técnicas e de projeto que facilitem a instalação de um
cia visual, se a intensidade do fluxo de veículos e a periculosidade da via elevador adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes
assim determinarem. edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.
Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados em vias pú- Art. 15. Caberá ao órgão federal responsável pela coordenação da
blicas de grande circulação, ou que deem acesso aos serviços de reabili- política habitacional regulamentar a reserva de um percentual mínimo do
tação, devem obrigatoriamente estar equipados com mecanismo que total das habitações, conforme a característica da população local, para o
emita sinal sonoro suave para orientação do pedestre. (Incluído pela Lei nº atendimento da demanda de pessoas portadoras de deficiência ou com
13.146, de 2015) (Vigência) mobilidade reduzida.
Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano deverão ser projetados e CAPÍTULO VI
instalados em locais que permitam sejam eles utilizados pelas pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. DA ACESSIBILIDADE NOS VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETIVO
Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área de cir- Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os requisi-
culação comum para pedestre que ofereça risco de acidente à pessoa tos de acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas específicas.
com deficiência deverá ser indicada mediante sinalização tátil de alerta no CAPÍTULO VII
piso, de acordo com as normas técnicas pertinentes. (Incluído pela Lei nº DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E SI-
13.146, de 2015) (Vigência) NALIZAÇÃO
CAPÍTULO IV Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na co-
DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE USO CO- municação e estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem
LETIVO acessíveis os sistemas de comunicação e sinalização às pessoas portado-
Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou ras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação, para
privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao traba-
sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou lho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer.
com mobilidade reduzida. Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais in-
Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, térpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes,
ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de
coletivo deverão ser observados, pelo menos, os seguintes requisitos de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação. Regulamento
acessibilidade: Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens ado-
I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a gara- tarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da
gem e a estacionamento de uso público, deverão ser reservadas vagas linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito de aces-
próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinaliza- so à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na forma e
das, para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência no prazo previstos em regulamento.
com dificuldade de locomoção permanente; CAPÍTULO VIII
II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar DISPOSIÇÕES SOBRE AJUDAS TÉCNICAS
livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificul- Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de barreiras urbanís-
tem a acessibilidade de pessoa portadora de deficiência ou com mobilida- ticas, arquitetônicas, de transporte e de comunicação, mediante ajudas
de reduzida; técnicas.
III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e ver- Art. 21. O Poder Público, por meio dos organismos de apoio à pesqui-
ticalmente todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o sa e das agências de financiamento, fomentará programas destinados:
exterior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata esta I – à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento e pre-
Lei; e venção de deficiências;
IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro acessí- II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de ajudas
vel, distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de maneira que técnicas para as pessoas portadoras de deficiência;
possam ser utilizados por pessoa portadora de deficiência ou com mobili- III – à especialização de recursos humanos em acessibilidade.
dade reduzida.
CAPÍTULO IX
Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de na-
DAS MEDIDAS DE FOMENTO À ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS
tureza similar deverão dispor de espaços reservados para pessoas que
Conhecimentos Específicos 99

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 22. É instituído, no âmbito da Secretaria de Estado de Direitos Art. 3o Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
Humanos do Ministério da Justiça, o Programa Nacional de Acessibilida- I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização,
de, com dotação orçamentária específica, cuja execução será disciplinada com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos
em regulamento. urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive
CAPÍTULO X seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações
DISPOSIÇÕES FINAIS abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
Art. 23. A Administração Pública federal direta e indireta destinará, zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilida-
anualmente, dotação orçamentária para as adaptações, eliminações e de reduzida;
supressões de barreiras arquitetônicas existentes nos edifícios de uso II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas
público de sua propriedade e naqueles que estejam sob sua administração e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de
ou uso. adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia
Parágrafo único. A implementação das adaptações, eliminações e su- assistiva;
pressões de barreiras arquitetônicas referidas no caput deste artigo deve- III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos,
rá ser iniciada a partir do primeiro ano de vigência desta Lei. dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
Art. 24. O Poder Público promoverá campanhas informativas e educa- objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à partici-
tivas dirigidas à população em geral, com a finalidade de conscientizá-la e pação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
sensibilizá-la quanto à acessibilidade e à integração social da pessoa sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social;
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
Art. 25. As disposições desta Lei aplicam-se aos edifícios ou imóveis que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a
declarados bens de interesse cultural ou de valor histórico-artístico, desde fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
que as modificações necessárias observem as normas específicas regula- movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
doras destes bens. compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
Art. 26. As organizações representativas de pessoas portadoras de a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públi-
deficiência terão legitimidade para acompanhar o cumprimento dos requi- cos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
sitos de acessibilidade estabelecidos nesta Lei. b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e pri-
Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. vados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de
transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave,
obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a ex-
Lei Federal nº 13.146 de pressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio
6 de julho de 2015 de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
(Estatuto da Pessoa com Deficiência) e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou
prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade
de condições e oportunidades com as demais pessoas;
LIVRO I f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da
PARTE GERAL pessoa com deficiência às tecnologias;
TÍTULO I V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras),
CAPÍTULO I a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comuni-
cação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim
DISPOSIÇÕES GERAIS como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os
Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defici- meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e
ência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das
promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das comunicações;
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclu- VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes ne-
são social e cidadania. cessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevi-
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direi- do, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa
tos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e
pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades
julho de 2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3o do fundamentais;
art. 5o da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de
Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e promul- urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, enca-
gados peloDecreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de início de namento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilumina-
sua vigência no plano interno. ção pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedi- água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento
mento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o urbanístico;
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua partici- VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos
pação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbani-
demais pessoas. zação ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não
§ 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicosso- provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos,
cial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos,
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; quiosques e quaisquer outros de natureza análoga;
III - a limitação no desempenho de atividades; e IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer
IV - a restrição de participação. motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando
redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou
§ 2o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da defici-
ência.
Conhecimentos Específicos 100

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de ção, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previ-
colo e obeso; dência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilida-
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Acolhi- de, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunica-
mento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localizadas em ção, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à
áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, que pos- liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes
sam contar com apoio psicossocial para o atendimento das necessidades da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência, em com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas
situação de dependência, que não dispõem de condições de autossusten- que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
tabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos; Seção Única
XI - moradia para a vida independente da pessoa com deficiência: Do Atendimento Prioritário
moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar serviços de Art. 9o A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento
apoio coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o grau de prioritário, sobretudo com a finalidade de:
autonomia de jovens e adultos com deficiência; I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, que, com II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao
ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais à público;
pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias, excluídas
as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos,
estabelecidas; que garantam atendimento em igualdade de condições com as demais
pessoas;
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de
alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em IV - disponibilização de pontos de parada, estações e terminais aces-
todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os síveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de segurança no
níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, embarque e no desembarque;
excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões V - acesso a informações e disponibilização de recursos de comuni-
legalmente estabelecidas; cação acessíveis;
XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiên- VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
cia, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal. VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos
CAPÍTULO II em que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.
DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO § 1o Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao acompanhan-
Art. 4o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de opor- te da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto
tunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
discriminação. § 2o Nos serviços de emergência públicos e privados, a prioridade
§ 1o Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos de atendimento
de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o médico.
propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou TÍTULO II
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento CAPÍTULO I
de tecnologias assistivas. DO DIREITO À VIDA
§ 2o A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefí- Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa
cios decorrentes de ação afirmativa. com deficiência ao longo de toda a vida.
Art. 5o A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de ne- Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de ca-
gligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opres- lamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável,
são e tratamento desumano ou degradante. devendo o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança.
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput deste Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se sub-
artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adoles- meter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionaliza-
cente, a mulher e o idoso, com deficiência. ção forçada.
Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, in- Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência em situ-
clusive para: ação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei.
I - casar-se e constituir união estável; Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa com
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; deficiência é indispensável para a realização de tratamento, procedimento,
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter hospitalização e pesquisa científica.
acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento § 1o Em caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, de-
familiar; ve ser assegurada sua participação, no maior grau possível, para a obten-
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsó- ção de consentimento.
ria; § 2o A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em si-
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e tuação de tutela ou de curatela deve ser realizada, em caráter excepcio-
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como nal, apenas quando houver indícios de benefício direto para sua saúde ou
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais para a saúde de outras pessoas com deficiência e desde que não haja
pessoas. outra opção de pesquisa de eficácia comparável com participantes não
Art. 7o É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer tutelados ou curatelados.
forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência. Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem seu
Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tri- consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de
bunais tiverem conhecimento de fatos que caracterizem as violações emergência em saúde, resguardado seu superior interesse e adotadas as
previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Público para as salvaguardas legais cabíveis.
providências cabíveis. CAPÍTULO II
Art. 8o É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pes- DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
soa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um direito da
vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimenta- pessoa com deficiência.
Conhecimentos Específicos 101

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por V - atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e atenden-
objetivo o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e tes pessoais;
aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissi- VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orientação
onais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pes- sexual da pessoa com deficiência;
soa com deficiência e de sua participação social em igualdade de condi- VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertilização as-
ções e oportunidades com as demais pessoas. sistida;
Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei baseia-se em VIII - informação adequada e acessível à pessoa com deficiência e a
avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades e potencialidades seus familiares sobre sua condição de saúde;
de cada pessoa, observadas as seguintes diretrizes:
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desenvolvi-
I - diagnóstico e intervenção precoces; mento de deficiências e agravos adicionais;
II - adoção de medidas para compensar perda ou limitação funcional, X - promoção de estratégias de capacitação permanente das equipes
buscando o desenvolvimento de aptidões; que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção, no atendimento à
III - atuação permanente, integrada e articulada de políticas públicas pessoa com deficiência, bem como orientação a seus atendentes pesso-
que possibilitem a plena participação social da pessoa com deficiência; ais;
IV - oferta de rede de serviços articulados, com atuação intersetorial, XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medi-
nos diferentes níveis de complexidade, para atender às necessidades camentos, insumos e fórmulas nutricionais, conforme as normas vigentes
específicas da pessoa com deficiência; do Ministério da Saúde.
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com defici- § 5o As diretrizes deste artigo aplicam-se também às instituições pri-
ência, inclusive na zona rural, respeitadas a organização das Redes de vadas que participem de forma complementar do SUS ou que recebam
Atenção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas do Sistema recursos públicos para sua manutenção.
Único de Saúde (SUS). Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à prevenção
Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de reabilitação pa- de deficiências por causas evitáveis, inclusive por meio de:
ra a pessoa com deficiência, são garantidos: I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com garan-
I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para atender tia de parto humanizado e seguro;
às características de cada pessoa com deficiência; II - promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, vigilân-
II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços; cia alimentar e nutricional, prevenção e cuidado integral dos agravos
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais e equi- relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da criança;
pamentos adequados e apoio técnico profissional, de acordo com as III - aprimoramento e expansão dos programas de imunização e de
especificidades de cada pessoa com deficiência; triagem neonatal;
IV - capacitação continuada de todos os profissionais que participem IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
dos programas e serviços. Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados de saúde são
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promover ações arti- obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no mínimo, todos os servi-
culadas para garantir à pessoa com deficiência e sua família a aquisição ços e produtos ofertados aos demais clientes.
de informações, orientações e formas de acesso às políticas públicas Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa
disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena participação social. com deficiência no local de residência, será prestado atendimento fora de
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput deste artigo podem domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, garantidos o transporte
fornecer informações e orientações nas áreas de saúde, de educação, de e a acomodação da pessoa com deficiência e de seu acompanhante.
cultura, de esporte, de lazer, de transporte, de previdência social, de Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação é as-
assistência social, de habitação, de trabalho, de empreendedorismo, de segurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal, devendo o
acesso ao crédito, de promoção, proteção e defesa de direitos e nas órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições adequadas para
demais áreas que possibilitem à pessoa com deficiência exercer sua sua permanência em tempo integral.
cidadania.
§ 1o Na impossibilidade de permanência do acompanhante ou do
CAPÍTULO III atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao profissional de
DO DIREITO À SAÚDE saúde responsável pelo tratamento justificá-la por escrito.
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com defici- § 2o Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1o deste artigo, o
ência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS, garan- órgão ou a instituição de saúde deve adotar as providências cabíveis para
tido acesso universal e igualitário. suprir a ausência do acompanhante ou do atendente pessoal.
§ 1o É assegurada a participação da pessoa com deficiência na elabo- Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação contra a pes-
ração das políticas de saúde a ela destinadas. soa com deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores diferencia-
§ 2o É assegurado atendimento segundo normas éticas e técnicas, dos por planos e seguros privados de saúde, em razão de sua condição.
que regulamentarão a atuação dos profissionais de saúde e contemplarão Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos serviços
aspectos relacionados aos direitos e às especificidades da pessoa com de saúde, tanto públicos como privados, e às informações prestadas e
deficiência, incluindo temas como sua dignidade e autonomia. recebidas, por meio de recursos de tecnologia assistiva e de todas as
§ 3o Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com defici- formas de comunicação previstas no inciso V do art. 3o desta Lei.
ência, especialmente em serviços de habilitação e de reabilitação, deve Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quanto pri-
ser garantida capacitação inicial e continuada. vados, devem assegurar o acesso da pessoa com deficiência, em confor-
§ 4o As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa midade com a legislação em vigor, mediante a remoção de barreiras, por
com deficiência devem assegurar: meio de projetos arquitetônico, de ambientação de interior e de comunica-
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por equipe multidis- ção que atendam às especificidades das pessoas com deficiência física,
ciplinar; sensorial, intelectual e mental.
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre que necessários, Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de violência pratica-
para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a manutenção da melhor da contra a pessoa com deficiência serão objeto de notificação compulsó-
condição de saúde e qualidade de vida; ria pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade policial e ao
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambulatorial e Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com
internação; Deficiência.
IV - campanhas de vacinação; Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se violência con-
tra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, praticada em
Conhecimentos Específicos 102

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
local público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
ou psicológico. XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públi-
CAPÍTULO IV cas.
DO DIREITO À EDUCAÇÃO § 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensi-
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, asse- no, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII,
gurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo
ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas
possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determina-
sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de ções.
aprendizagem. § 2o Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade esco- refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte:
lar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com defici- I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica
ência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certificado de profici-
discriminação. ência na Libras; (Vigência)
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, im- II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa
plementar, incentivar, acompanhar e avaliar: de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, graduação, devem possuir nível superior, com habilitação, prioritariamen-
bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; te, em Tradução e Interpretação em Libras. (Vigência)
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir Art. 29. (VETADO).
condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos
meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e de educação
as barreiras e promovam a inclusão plena; profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional seguintes medidas:
especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependên-
para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir cias das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos serviços;
o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo II - disponibilização de formulário de inscrição de exames com cam-
a conquista e o exercício de sua autonomia; pos específicos para que o candidato com deficiência informe os recursos
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários para sua participa-
modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em esco- ção;
las e classes bilíngues e em escolas inclusivas; III - disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendi-
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que mento às necessidades específicas do candidato com deficiência;
maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia as-
deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a sistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo candidato
aprendizagem em instituições de ensino; com deficiência;
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato
técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de com deficiência, tanto na realização de exame para seleção quanto nas
recursos de tecnologia assistiva; atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e comprovação da
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de necessidade;
atendimento educacional especializado, de organização de recursos e VI - adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas
serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica ou de redação que considerem a singularidade linguística da pessoa com
de recursos de tecnologia assistiva; deficiência, no domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;
VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias VII - tradução completa do edital e de suas retificações em Libras.
nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; CAPÍTULO V
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento DO DIREITO À MORADIA
dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-
se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à moradia digna, no seio
estudante com deficiência; da família natural ou substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou
desacompanhada, ou em moradia para a vida independente da pessoa
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de com deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.
formação inicial e continuada de professores e oferta de formação conti-
nuada para o atendimento educacional especializado; § 1o O poder público adotará programas e ações estratégicas para
apoiar a criação e a manutenção de moradia para a vida independente da
XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento pessoa com deficiência.
educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias
intérpretes e de profissionais de apoio; § 2o A proteção integral na modalidade de residência inclusiva será
prestada no âmbito do Suas à pessoa com deficiência em situação de
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recur- dependência que não disponha de condições de autossustentabilidade,
sos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos com vínculos familiares fragilizados ou rompidos.
estudantes, promovendo sua autonomia e participação;
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com
XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológi- recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza de
ca em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas; prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior seguinte:
e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacio-
pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; nais para pessoa com deficiência;
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a II - (VETADO);
jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de acessibilidade nas
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da edu- áreas de uso comum e nas unidades habitacionais no piso térreo e de
cação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos;
ambientes e às atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e
níveis de ensino;

Conhecimentos Específicos 103

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
IV - disponibilização de equipamentos urbanos comunitários acessí- § 3o Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissio-
veis; nal e de educação profissional devem ser dotados de recursos necessá-
V - elaboração de especificações técnicas no projeto que permitam a rios para atender a toda pessoa com deficiência, independentemente de
instalação de elevadores. sua característica específica, a fim de que ela possa ser capacitada para
§ 1o O direito à prioridade, previsto no caput deste artigo, será reco- trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-
nhecido à pessoa com deficiência beneficiária apenas uma vez. lo e de nele progredir.
§ 2o Nos programas habitacionais públicos, os critérios de financia- § 4o Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissio-
mento devem ser compatíveis com os rendimentos da pessoa com defici- nal e de educação profissional deverão ser oferecidos em ambientes
ência ou de sua família. acessíveis e inclusivos.
§ 3o Caso não haja pessoa com deficiência interessada nas unidades § 5o A habilitação profissional e a reabilitação profissional devem
habitacionais reservadas por força do disposto no inciso I do caput deste ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, especialmente de
artigo, as unidades não utilizadas serão disponibilizadas às demais pes- saúde, de ensino e de assistência social, em todos os níveis e modalida-
soas. des, em entidades de formação profissional ou diretamente com o empre-
gador.
Art. 33. Ao poder público compete:
§ 6o A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por meio de
I - adotar as providências necessárias para o cumprimento do dispos- prévia formalização do contrato de emprego da pessoa com deficiência,
to nos arts. 31 e 32 desta Lei; e que será considerada para o cumprimento da reserva de vagas prevista
II - divulgar, para os agentes interessados e beneficiários, a política em lei, desde que por tempo determinado e concomitante com a inclusão
habitacional prevista nas legislações federal, estaduais, distrital e munici- profissional na empresa, observado o disposto em regulamento.
pais, com ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade. § 7o A habilitação profissional e a reabilitação profissional atenderão à
CAPÍTULO VI pessoa com deficiência.
DO DIREITO AO TRABALHO Seção III
Seção I Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
Disposições Gerais Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no tra-
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre balho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades com as
escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na
oportunidades com as demais pessoas. qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de
natureza são obrigadas a garantir ambientes de trabalho acessíveis e trabalho.
inclusivos. Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência
§ 2o A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportuni- pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas as seguintes
dades com as demais pessoas, a condições justas e favoráveis de traba- diretrizes:
lho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual valor. I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior difi-
§ 3o É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qual- culdade de inserção no campo de trabalho;
quer discriminação em razão de sua condição, inclusive nas etapas de II - provisão de suportes individualizados que atendam a necessida-
recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames admissional e des específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponibilização de
periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambi-
profissional, bem como exigência de aptidão plena. ente de trabalho;
§ 4o A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com defici-
a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de carreira, promo- ência apoiada;
ções, bonificações e incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vis-
em igualdade de oportunidades com os demais empregados. tas à definição de estratégias de inclusão e de superação de barreiras,
§ 5o É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilidade em inclusive atitudinais;
cursos de formação e de capacitação. V - realização de avaliações periódicas;
Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
emprego promover e garantir condições de acesso e de permanência da VII - possibilidade de participação de organizações da sociedade civil.
pessoa com deficiência no campo de trabalho.
Art. 38. A entidade contratada para a realização de processo seletivo
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedorismo e público ou privado para cargo, função ou emprego está obrigada à obser-
ao trabalho autônomo, incluídos o cooperativismo e o associativismo, vância do disposto nesta Lei e em outras normas de acessibilidade vigen-
devem prever a participação da pessoa com deficiência e a disponibiliza- tes.
ção de linhas de crédito, quando necessárias.
CAPÍTULO VII
Seção II
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional
Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os benefícios no
Art. 36. O poder público deve implementar serviços e programas âmbito da política pública de assistência social à pessoa com deficiência e
completos de habilitação profissional e de reabilitação profissional para sua família têm como objetivo a garantia da segurança de renda, da
que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar ou retornar ao acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da autono-
campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu mia e da convivência familiar e comunitária, para a promoção do acesso a
interesse. direitos e da plena participação social.
§ 1o Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios previstos § 1o A assistência social à pessoa com deficiência, nos termos do ca-
no § 1o do art. 2o desta Lei, programa de habilitação ou de reabilitação que put deste artigo, deve envolver conjunto articulado de serviços do âmbito
possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua capacidade e habilidade da Proteção Social Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo
profissional ou adquirir novas capacidades e habilidades de trabalho. Suas, para a garantia de seguranças fundamentais no enfrentamento de
§ 2o A habilitação profissional corresponde ao processo destinado a situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de vínculos e
propiciar à pessoa com deficiência aquisição de conhecimentos, habilida- ameaça ou violação de direitos.
des e aptidões para exercício de profissão ou de ocupação, permitindo § 2o Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com defici-
nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo ência em situação de dependência deverão contar com cuidadores sociais
de trabalho. para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.

Conhecimentos Específicos 104

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua mei- Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos ob-
os para prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família o servando-se os princípios do desenho universal, além de adotar todos os
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei no 8.742, de meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor. (Vigência)
7 de dezembro de 1993. § 1o Os estabelecimentos já existentes deverão disponibilizar, pelo
CAPÍTULO VIII menos, 10% (dez por cento) de seus dormitórios acessíveis, garantida, no
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL mínimo, 1 (uma) unidade acessível.
Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Pre- § 2o Os dormitórios mencionados no § 1o deste artigo deverão ser lo-
vidência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria nos termos da Lei calizados em rotas acessíveis.
Complementar no 142, de 8 de maio de 2013. CAPÍTULO X
CAPÍTULO IX DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURISMO E AO LAZER Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com defici-
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao ência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade de
turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pesso- oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação e de
as, sendo-lhe garantido o acesso: eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
I - a bens culturais em formato acessível; § 1o Para fins de acessibilidade aos serviços de transporte coletivo
II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras atividades cultu- terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições, consideram-se
rais e desportivas em formato acessível; e como integrantes desses serviços os veículos, os terminais, as estações,
os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do serviço.
III - a monumentos e locais de importância cultural e a espaços que
ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos. § 2o São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei, sempre
que houver interação com a matéria nela regulada, a outorga, a conces-
§ 1o É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em formato aces- são, a permissão, a autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e
sível à pessoa com deficiência, sob qualquer argumento, inclusive sob a de serviços de transporte coletivo.
alegação de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
§ 3o Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veículos,
§ 2o O poder público deve adotar soluções destinadas à eliminação, à as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem da certifica-
redução ou à superação de barreiras para a promoção do acesso a todo ção de acessibilidade emitida pelo gestor público responsável pela presta-
patrimônio cultural, observadas as normas de acessibilidade, ambientais e ção do serviço.
de proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.
Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de
Art. 43. O poder público deve promover a participação da pessoa com uso público ou privado de uso coletivo e em vias públicas, devem ser
deficiência em atividades artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres,
recreativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo: devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento e de recursos deficiência com comprometimento de mobilidade, desde que devidamente
adequados, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas; identificados.
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e nos serviços § 1o As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equivaler a
prestados por pessoa ou entidade envolvida na organização das ativida- 2% (dois por cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devida-
des de que trata este artigo; e mente sinalizada e com as especificações de desenho e traçado de acor-
III - assegurar a participação da pessoa com deficiência em jogos e do com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
atividades recreativas, esportivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive § 2o Os veículos estacionados nas vagas reservadas devem exibir,
no sistema escolar, em igualdade de condições com as demais pessoas. em local de ampla visibilidade, a credencial de beneficiário, a ser confec-
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de espor- cionada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão suas
te, locais de espetáculos e de conferências e similares, serão reservados características e condições de uso.
espaços livres e assentos para a pessoa com deficiência, de acordo com a § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este artigo sujeita os
capacidade de lotação da edificação, observado o disposto em regulamen- infratores às sanções previstas no inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503,
to. de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro). (Redação
§ 1o Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem ser dis- dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
tribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, em todos os § 4o A credencial a que se refere o § 2o deste artigo é vinculada à
setores, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se pessoa com deficiência que possui comprometimento de mobilidade e é
áreas segregadas de público e obstrução das saídas, em conformidade válida em todo o território nacional.
com as normas de acessibilidade. Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aé-
§ 2o No caso de não haver comprovada procura pelos assentos reser- reo, as instalações, as estações, os portos e os terminais em operação no
vados, esses podem, excepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem País devem ser acessíveis, de forma a garantir o seu uso por todas as
deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida, observado o disposto pessoas.
em regulamento. § 1o Os veículos e as estruturas de que trata o caput deste artigo de-
§ 3o Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem situar- vem dispor de sistema de comunicação acessível que disponibilize infor-
se em locais que garantam a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acom- mações sobre todos os pontos do itinerário.
panhante da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, res- § 2o São asseguradas à pessoa com deficiência prioridade e seguran-
guardado o direito de se acomodar proximamente a grupo familiar e ça nos procedimentos de embarque e de desembarque nos veículos de
comunitário. transporte coletivo, de acordo com as normas técnicas.
§ 4o Nos locais referidos no caput deste artigo, deve haver, obrigato- § 3o Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veículos,
riamente, rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, conforme as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem da certifica-
padrões das normas de acessibilidade, a fim de permitir a saída segura da ção de acessibilidade emitida pelo gestor público responsável pela presta-
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emer- ção do serviço.
gência.
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de turismo, na re-
§ 5o Todos os espaços das edificações previstas no caput deste arti- novação de suas frotas, são obrigadas ao cumprimento do disposto nos
go devem atender às normas de acessibilidade em vigor. arts. 46 e 48 desta Lei. (Vigência)
§ 6o As salas de cinema devem oferecer, em todas as sessões, recur- Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de veículos acessí-
sos de acessibilidade para a pessoa com deficiência. (Vigência) veis e a sua utilização como táxis e vans, de forma a garantir o seu uso
§ 7o O valor do ingresso da pessoa com deficiência não poderá ser por todas as pessoas.
superior ao valor cobrado das demais pessoas.
Conhecimentos Específicos 105

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por certificado de conclusão de obra ou de serviço, deve ser atestado o aten-
cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência. dimento às regras de acessibilidade.
§ 1o É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores adici- § 3o O poder público, após certificar a acessibilidade de edificação ou
onais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com deficiência. de serviço, determinará a colocação, em espaços ou em locais de ampla
§ 2o O poder público é autorizado a instituir incentivos fiscais com vis- visibilidade, do símbolo internacional de acesso, na forma prevista em
tas a possibilitar a acessibilidade dos veículos a que se refere o caput legislação e em normas técnicas correlatas.
deste artigo. Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso coletivo já existen-
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1 (um) veí- tes devem garantir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as
culo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20 suas dependências e serviços, tendo como referência as normas de
(vinte) veículos de sua frota. acessibilidade vigentes.
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo, câmbio Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso privado multi-
automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos manuais de familiar devem atender aos preceitos de acessibilidade, na forma regula-
freio e de embreagem. mentar.
TÍTULO III § 1o As construtoras e incorporadoras responsáveis pelo projeto e pe-
DA ACESSIBILIDADE la construção das edificações a que se refere o caput deste artigo devem
assegurar percentual mínimo de suas unidades internamente acessíveis,
CAPÍTULO I na forma regulamentar.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 2o É vedada a cobrança de valores adicionais para a aquisição de
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiên- unidades internamente acessíveis a que se refere o § 1o deste artigo.
cia ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espaços públicos, o
seus direitos de cidadania e de participação social. poder público e as empresas concessionárias responsáveis pela execução
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei e de das obras e dos serviços devem garantir, de forma segura, a fluidez do
outras normas relativas à acessibilidade, sempre que houver interação trânsito e a livre circulação e acessibilidade das pessoas, durante e após
com a matéria nela regulada: sua execução.
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de comunica- Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras de acessibilidade
ção e informação, a fabricação de veículos de transporte coletivo, a pres- previstas em legislação e em normas técnicas, observado o disposto na
tação do respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de obra, quan- Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, no 10.257, de 10 de julho de
do tenham destinação pública ou coletiva; 2001, eno 12.587, de 3 de janeiro de 2012:
II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão, autorização I - os planos diretores municipais, os planos diretores de transporte e
ou habilitação de qualquer natureza; trânsito, os planos de mobilidade urbana e os planos de preservação de
III - a aprovação de financiamento de projeto com utilização de recur- sítios históricos elaborados ou atualizados a partir da publicação desta Lei;
sos públicos, por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convê- II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis de uso e ocu-
nio ou instrumento congênere; e pação do solo e as leis do sistema viário;
IV - a concessão de aval da União para obtenção de empréstimo e de III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
financiamento internacionais por entes públicos ou privados. IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções; e
Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que tratem do meio V - a legislação referente à prevenção contra incêndio e pânico.
físico, de transporte, de informação e comunicação, inclusive de sistemas
e tecnologias da informação e comunicação, e de outros serviços, equi- § 1o A concessão e a renovação de alvará de funcionamento para
pamentos e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de qualquer atividade são condicionadas à observação e à certificação das
uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, devem atender aos regras de acessibilidade.
princípios do desenho universal, tendo como referência as normas de § 2o A emissão de carta de habite-se ou de habilitação equivalente e
acessibilidade. sua renovação, quando esta tiver sido emitida anteriormente às exigências
§ 1o O desenho universal será sempre tomado como regra de caráter de acessibilidade, é condicionada à observação e à certificação das regras
geral. de acessibilidade.
§ 2o Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho universal Art. 61. A formulação, a implementação e a manutenção das ações de
não possa ser empreendido, deve ser adotada adaptação razoável. acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas:
§ 3o Caberá ao poder público promover a inclusão de conteúdos te- I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e reserva de re-
máticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curriculares da cursos para implementação das ações; e
educação profissional e tecnológica e do ensino superior e na formação II - planejamento contínuo e articulado entre os setores envolvidos.
das carreiras de Estado. Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, mediante solicitação,
§ 4o Os programas, os projetos e as linhas de pesquisa a serem de- o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos e cobranças de tribu-
senvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pesquisa e tos em formato acessível.
de agências de fomento deverão incluir temas voltados para o desenho CAPÍTULO II
universal. DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
§ 5o Desde a etapa de concepção, as políticas públicas deverão con- Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos
siderar a adoção do desenho universal. por empresas com sede ou representação comercial no País ou por
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de uso órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe
de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas de uso acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e
coletivo deverão ser executadas de modo a serem acessíveis. diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.
§ 1o As entidades de fiscalização profissional das atividades de Enge- § 1o Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade em destaque.
nharia, de Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabilidade técni- § 2o Telecentros comunitários que receberem recursos públicos fede-
ca de projetos, devem exigir a responsabilidade profissional declarada de rais para seu custeio ou sua instalação e lan houses devem possuir
atendimento às regras de acessibilidade previstas em legislação e em equipamentos e instalações acessíveis.
normas técnicas pertinentes. § 3o Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2o deste artigo
§ 2o Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão de certificado de devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus computadores
projeto executivo arquitetônico, urbanístico e de instalações e equipamen- com recursos de acessibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo
tos temporários ou permanentes e para o licenciamento ou a emissão de

Conhecimentos Específicos 106

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, quando o resultado percen- CAPÍTULO III
tual for inferior a 1 (um). DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que trata o art. 63 Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a produtos, re-
desta Lei deve ser observada para obtenção do financiamento de que cursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços de tecnologia
trata o inciso III do art. 54 desta Lei. assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de telecomunicações de vida.
deverão garantir pleno acesso à pessoa com deficiência, conforme regu- Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico de medidas, a
lamentação específica. ser renovado em cada período de 4 (quatro) anos, com a finalidade de:
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de aparelhos de te- I - facilitar o acesso a crédito especializado, inclusive com oferta de li-
lefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que, entre outras tecnologi- nhas de crédito subsidiadas, específicas para aquisição de tecnologia
as assistivas, possuam possibilidade de indicação e de ampliação sonoras assistiva;
de todas as operações e funções disponíveis. II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de importação de
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permi- tecnologia assistiva, especialmente as questões atinentes a procedimen-
tir o uso dos seguintes recursos, entre outros: tos alfandegários e sanitários;
I - subtitulação por meio de legenda oculta; III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à produção nacional
II - janela com intérprete da Libras; de tecnologia assistiva, inclusive por meio de concessão de linhas de
III - audiodescrição. crédito subsidiado e de parcerias com institutos de pesquisa oficiais;
Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de incentivo à pro- IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia produtiva e de importa-
dução, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização de livros em ção de tecnologia assistiva;
formatos acessíveis, inclusive em publicações da administração pública ou V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos recursos de
financiadas com recursos públicos, com vistas a garantir à pessoa com tecnologia assistiva no rol de produtos distribuídos no âmbito do SUS e
deficiência o direito de acesso à leitura, à informação e à comunicação. por outros órgãos governamentais.
§ 1o Nos editais de compras de livros, inclusive para o abastecimento Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste artigo, os proce-
ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os níveis e modalida- dimentos constantes do plano específico de medidas deverão ser avalia-
des de educação e de bibliotecas públicas, o poder público deverá adotar dos, pelo menos, a cada 2 (dois) anos.
cláusulas de impedimento à participação de editoras que não ofertem sua CAPÍTULO IV
produção também em formatos acessíveis. DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
§ 2o Consideram-se formatos acessíveis os arquivos digitais que pos- Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência todos
sam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de telas ou os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igualdade de
outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo leitura condições com as demais pessoas.
com voz sintetizada, ampliação de caracteres, diferentes contrastes e
impressão em Braille. § 1o À pessoa com deficiência será assegurado o direito de votar e de
ser votada, inclusive por meio das seguintes ações:
§ 3o O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a produ-
ção de artigos científicos em formato acessível, inclusive em Libras. I - garantia de que os procedimentos, as instalações, os materiais e os
equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis a todas as
Art. 69. O poder público deve assegurar a disponibilidade de informa- pessoas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada a instalação de
ções corretas e claras sobre os diferentes produtos e serviços ofertados, seções eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência;
por quaisquer meios de comunicação empregados, inclusive em ambiente
virtual, contendo a especificação correta de quantidade, qualidade, carac- II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a desempe-
terísticas, composição e preço, bem como sobre os eventuais riscos à nhar quaisquer funções públicas em todos os níveis de governo, inclusive
saúde e à segurança do consumidor com deficiência, em caso de sua por meio do uso de novas tecnologias assistivas, quando apropriado;
utilização, aplicando-se, no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei no 8.078, III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda eleito-
de 11 de setembro de 1990. ral obrigatória e os debates transmitidos pelas emissoras de televisão
§ 1o Os canais de comercialização virtual e os anúncios publicitários possuam, pelo menos, os recursos elencados no art. 67 desta Lei;
veiculados na imprensa escrita, na internet, no rádio, na televisão e nos IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto, sempre
demais veículos de comunicação abertos ou por assinatura devem dispo- que necessário e a seu pedido, permissão para que a pessoa com defici-
nibilizar, conforme a compatibilidade do meio, os recursos de acessibilida- ência seja auxiliada na votação por pessoa de sua escolha.
de de que trata o art. 67 desta Lei, a expensas do fornecedor do produto § 2o O poder público promoverá a participação da pessoa com defici-
ou do serviço, sem prejuízo da observância do disposto nos arts. 36 a 38 ência, inclusive quando institucionalizada, na condução das questões
da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990. públicas, sem discriminação e em igualdade de oportunidades, observado
§ 2o Os fornecedores devem disponibilizar, mediante solicitação, o seguinte:
exemplares de bulas, prospectos, textos ou qualquer outro tipo de material I - participação em organizações não governamentais relacionadas à
de divulgação em formato acessível. vida pública e à política do País e em atividades e administração de parti-
Art. 70. As instituições promotoras de congressos, seminários, ofici- dos políticos;
nas e demais eventos de natureza científico-cultural devem oferecer à II - formação de organizações para representar a pessoa com defici-
pessoa com deficiência, no mínimo, os recursos de tecnologia assistiva ência em todos os níveis;
previstos no art. 67 desta Lei. III - participação da pessoa com deficiência em organizações que a
Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e os demais even- representem.
tos de natureza científico-cultural promovidos ou financiados pelo poder TÍTULO IV
público devem garantir as condições de acessibilidade e os recursos de DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
tecnologia assistiva.
Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvimento científico, a
Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os projetos a serem pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria
desenvolvidos com o apoio de agências de financiamento e de órgãos e da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com deficiência e sua
entidades integrantes da administração pública que atuem no auxílio à inclusão social.
pesquisa devem contemplar temas voltados à tecnologia assistiva.
§ 1o O fomento pelo poder público deve priorizar a geração de conhe-
Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em parceria com or- cimentos e técnicas que visem à prevenção e ao tratamento de deficiên-
ganizações da sociedade civil, promover a capacitação de tradutores e cias e ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e social.
intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais habilitados em
Braille, audiodescrição, estenotipia e legendagem.
Conhecimentos Específicos 107

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2o A acessibilidade e as tecnologias assistiva e social devem ser § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de
fomentadas mediante a criação de cursos de pós-graduação, a formação tomada de decisão apoiada.
de recursos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes de áreas do § 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medi-
conhecimento. da protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstân-
§ 3o Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de instituições cias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
públicas e privadas para o desenvolvimento de tecnologias assistiva e § 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de
social que sejam voltadas para melhoria da funcionalidade e da participa- sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano.
ção social da pessoa com deficiência. Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direi-
§ 4o As medidas previstas neste artigo devem ser reavaliadas periodi- tos de natureza patrimonial e negocial.
camente pelo poder público, com vistas ao seu aperfeiçoamento. § 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à
Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desenvolvimento, a ino- sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao
vação e a difusão de tecnologias voltadas para ampliar o acesso da pes- trabalho e ao voto.
soa com deficiência às tecnologias da informação e comunicação e às § 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da
tecnologias sociais. sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os inte-
Parágrafo único. Serão estimulados, em especial: resses do curatelado.
I - o emprego de tecnologias da informação e comunicação como ins- § 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nome-
trumento de superação de limitações funcionais e de barreiras à comuni- ar curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de
cação, à informação, à educação e ao entretenimento da pessoa com natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
deficiência; Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situ-
II - a adoção de soluções e a difusão de normas que visem a ampliar ação de curatela da pessoa com deficiência.
a acessibilidade da pessoa com deficiência à computação e aos sítios da Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os inte-
internet, em especial aos serviços de governo eletrônico. resses da pessoa com deficiência em situação de curatela, será lícito ao
LIVRO II juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requerimento do interessa-
PARTE ESPECIAL do, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que
TÍTULO I couber, às disposições do Código de Processo Civil.
DO ACESSO À JUSTIÇA TÍTULO II
CAPÍTULO I DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão
Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da pessoa com de- de sua deficiência:
ficiência à justiça, em igualdade de oportunidades com as demais pesso- Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
as, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos de tecno- § 1o Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encontrar-se
logia assistiva. sob cuidado e responsabilidade do agente.
§ 1o A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em todo o § 2o Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cometi-
processo judicial, o poder público deve capacitar os membros e os servi- do por intermédio de meios de comunicação social ou de publicação de
dores que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria qualquer natureza:
Pública, nos órgãos de segurança pública e no sistema penitenciário Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
quanto aos direitos da pessoa com deficiência. § 3o Na hipótese do § 2o deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido
§ 2o Devem ser assegurados à pessoa com deficiência submetida a o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial,
medida restritiva de liberdade todos os direitos e garantias a que fazem jus sob pena de desobediência:
os apenados sem deficiência, garantida a acessibilidade. I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do material
§ 3o A Defensoria Pública e o Ministério Público tomarão as medidas discriminatório;
necessárias à garantia dos direitos previstos nesta Lei. II - interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia assisti- na internet.
va disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha garantido o § 4o Na hipótese do § 2o deste artigo, constitui efeito da condenação,
acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da ação ou atue após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendi-
como testemunha, partícipe da lide posta em juízo, advogado, defensor do.
público, magistrado ou membro do Ministério Público.
Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão, benefí-
Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garantido o acesso ao cios, remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa com deficiên-
conteúdo de todos os atos processuais de seu interesse, inclusive no cia:
exercício da advocacia.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão garantidos por
ocasião da aplicação de sanções penais. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o crime é
cometido:
Art. 82. (VETADO).
I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem negar ou criar ou depositário judicial; ou
óbices ou condições diferenciadas à prestação de seus serviços em razão
de deficiência do solicitante, devendo reconhecer sua capacidade legal II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de profissão.
plena, garantida a acessibilidade. Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas de
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput deste artigo saúde, entidades de abrigamento ou congêneres:
constitui discriminação em razão de deficiência. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
CAPÍTULO II Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não prover as neces-
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI sidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado por lei ou
mandado.
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercí-
cio de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer meio eletrônico
pessoas. ou documento de pessoa com deficiência destinados ao recebimento de
benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à realização de opera-
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à ções financeiras, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
curatela, conforme a lei. outrem:
Conhecimentos Específicos 108

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 96. O § 6o-A do art. 135 da Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o crime é (Código Eleitoral), passa a vigorar com a seguinte redação:
cometido por tutor ou curador. “Art. 135. .................................................................
TÍTULO III ........................................................................................
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 6o-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a cada eleição, ex-
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com De- pedir instruções aos Juízes Eleitorais para orientá-los na escolha dos
ficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico com a finalidade locais de votação, de maneira a garantir acessibilidade para o eleitor com
de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações georreferen- deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive em seu entorno e nos
ciadas que permitam a identificação e a caracterização socioeconômica da sistemas de transporte que lhe dão acesso.
pessoa com deficiência, bem como das barreiras que impedem a realiza- ....................................................................................” (NR)
ção de seus direitos. Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
§ 1o O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder Executivo fe- Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as
deral e constituído por base de dados, instrumentos, procedimentos e seguintes alterações:
sistemas eletrônicos. “Art. 428. ..................................................................
§ 2o Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão serão obtidos pela ...........................................................................................
integração dos sistemas de informação e da base de dados de todas as § 6o Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da es-
políticas públicas relacionadas aos direitos da pessoa com deficiência, colaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as
bem como por informações coletadas, inclusive em censos nacionais e habilidades e competências relacionadas com a profissionalização.
nas demais pesquisas realizadas no País, de acordo com os parâmetros
estabelecidos pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defici- ...........................................................................................
ência e seu Protocolo Facultativo. § 8o Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais,
§ 3o Para coleta, transmissão e sistematização de dados, é facultada a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e
a celebração de convênios, acordos, termos de parceria ou contratos com matrícula e frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob
instituições públicas e privadas, observados os requisitos e procedimentos orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional
previstos em legislação específica. metódica.” (NR)
§ 4o Para assegurar a confidencialidade, a privacidade e as liberdades “Art. 433. ..................................................................
fundamentais da pessoa com deficiência e os princípios éticos que regem ...........................................................................................
a utilização de informações, devem ser observadas as salvaguardas I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o
estabelecidas em lei. aprendiz com deficiência quando desprovido de recursos de acessibilida-
§ 5o Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão ser utilizados de, de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao desempenho de
para as seguintes finalidades: suas atividades;
I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação das políticas públi- ..................................................................................” (NR)
cas para a pessoa com deficiência e para identificar as barreiras que Art. 98. A Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, passa a vigorar
impedem a realização de seus direitos; com as seguintes alterações:
II - realização de estudos e pesquisas. “Art. 3o As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses cole-
§ 6o As informações a que se refere este artigo devem ser dissemina- tivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da
das em formatos acessíveis. pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público,
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias pelos órgãos de pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo
controle interno e externo, deve ser observado o cumprimento da legisla- Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos
ção relativa à pessoa com deficiência e das normas de acessibilidade termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou
vigentes. sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucio-
nais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da pessoa com
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a pessoa deficiência.
com deficiência moderada ou grave que:
.................................................................................” (NR)
I - receba o benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da
Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que passe a exercer atividade “Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
remunerada que a enquadre como segurado obrigatório do RGPS; anos e multa:
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício de presta- I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar, cance-
ção continuada previsto no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de lar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de
1993, e que exerça atividade remunerada que a enquadre como segurado qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua deficiência;
obrigatório do RGPS. II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qual-
Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa com deficiência quer cargo ou emprego público, em razão de sua deficiência;
perante os órgãos públicos quando seu deslocamento, em razão de sua III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em ra-
limitação funcional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus zão de sua deficiência;
desproporcional e indevido, hipótese na qual serão observados os seguin- IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar as-
tes procedimentos: sistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência;
I - quando for de interesse do poder público, o agente promoverá o V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem judicial
contato necessário com a pessoa com deficiência em sua residência; expedida na ação civil a que alude esta Lei;
II - quando for de interesse da pessoa com deficiência, ela apresenta- VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propo-
rá solicitação de atendimento domiciliar ou fará representar-se por procu- situra da ação civil pública objeto desta Lei, quando requisitados.
rador constituído para essa finalidade. § 1o Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência menor de
Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiência atendimento 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço).
domiciliar pela perícia médica e social do Instituto Nacional do Seguro § 2o A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos para inde-
Social (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de ferimento de inscrição, de aprovação e de cumprimento de estágio proba-
saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS e pelas entidades da tório em concursos públicos não exclui a responsabilidade patrimonial
rede socioassistencial integrantes do Suas, quando seu deslocamento, em pessoal do administrador público pelos danos causados.
razão de sua limitação funcional e de condições de acessibilidade, impo-
nha-lhe ônus desproporcional e indevido.

Conhecimentos Específicos 109

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3o Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o ingresso quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos
de pessoa com deficiência em planos privados de assistência à saúde, empregados ou aos cidadãos interessados.
inclusive com cobrança de valores diferenciados. § 3o Para a reserva de cargos será considerada somente a contrata-
§ 4o Se o crime for praticado em atendimento de urgência e emergên- ção direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência
cia, a pena é agravada em 1/3 (um terço).” (NR) de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
Art. 99. O art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vi- Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.
gorar acrescido do seguinte inciso XVIII: § 4o (VETADO).” (NR)
“Art. 20. ...................................................................... “Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios operacionalizados
.............................................................................................. pelo INSS, não será exigida apresentação de termo de curatela de titular
XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, necessi- ou de beneficiário com deficiência, observados os procedimentos a serem
te adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibilidade e de inclu- estabelecidos em regulamento.”
são social. Art. 102. O art. 2o da Lei no 8.313, de 23 de dezembro de 1991, passa
..................................................................................” (NR) a vigorar acrescido do seguinte § 3o:
Art. 100. A Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defe- “Art. 2o .........................................................................
sa do Consumidor), passa a vigorar com as seguintes alterações: .............................................................................................
“Art. 6o ....................................................................... § 3o Os incentivos criados por esta Lei somente serão concedidos a
............................................................................................ projetos culturais que forem disponibilizados, sempre que tecnicamente
possível, também em formato acessível à pessoa com deficiência, obser-
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste vado o disposto em regulamento.” (NR)
artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto
em regulamento.” (NR) Art. 103. O art. 11 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, passa a vi-
gorar acrescido do seguinte inciso IX:
“Art. 43. ......................................................................
“Art. 11. .....................................................................
............................................................................................
............................................................................................
§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem
ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade pre-
deficiência, mediante solicitação do consumidor.” (NR) vistos na legislação.” (NR)
Art. 101. A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com Art. 104. A Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com
as seguintes alterações: as seguintes alterações:
“Art. 16. ...................................................................... “Art. 3o .....................................................................
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipa- ..........................................................................................
do, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou § 2o ...........................................................................
que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; ..........................................................................................
............................................................................................ V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumpri-
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vin- mento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência
te e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de
deficiência grave; acessibilidade previstas na legislação.
.................................................................................” (NR) ...........................................................................................
“Art. 77. ..................................................................... § 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de
............................................................................................ preferência para:
§ 2o .............................................................................. I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a
normas técnicas brasileiras; e
............................................................................................
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que com-
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os provem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa
sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam
salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência às regras de acessibilidade previstas na legislação.
grave;
...................................................................................” (NR)
...................................................................................
“Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2o e no inciso II
§ 4o (VETADO). do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir, durante todo o período de
...................................................................................” (NR) execução do contrato, a reserva de cargos prevista em lei para pessoa
“Art. 93. (VETADO): com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social, bem como as
I - (VETADO); regras de acessibilidade previstas na legislação.
II - (VETADO); Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cumprimento dos
III - (VETADO); requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambientes de trabalho.”
IV - (VETADO); Art. 105. O art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, passa
a vigorar com as seguintes alterações:
V - (VETADO).
“Art. 20. ......................................................................
§ 1o A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabili-
tado da Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de .............................................................................................
mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo § 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada,
indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
trabalhador com deficiência ou beneficiário reabilitado da Previdência longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
Social. interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena
§ 2o Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer a sis- e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pesso-
temática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas sobre o as.
total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas com deficiência ............................................................................................
e por beneficiários reabilitados da Previdência Social, fornecendo-os,

Conhecimentos Específicos 110

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de “Art. 56. ....................................................................
aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da renda ...........................................................................................
familiar per capita a que se refere o § 3o deste artigo. VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da arrecadação bru-
............................................................................................. ta dos concursos de prognósticos e loterias federais e similares cuja
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, realização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-se esse valor
poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de mise- do montante destinado aos prêmios;
rabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme .............................................................................................
regulamento.” (NR) § 1o Do total de recursos financeiros resultantes do percentual de que
Art. 106. (VETADO). trata o inciso VI do caput, 62,96% (sessenta e dois inteiros e noventa e
Art. 107. A Lei no 9.029, de 13 de abril de 1995, passa a vigorar com seis centésimos por cento) serão destinados ao Comitê Olímpico Brasilei-
as seguintes alterações: ro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros e quatro centésimos por cento)
“Art. 1o É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limi- ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), devendo ser observado, em
tativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, ambos os casos, o conjunto de normas aplicáveis à celebração de convê-
por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, defici- nios pela União.
ência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse ..................................................................................” (NR)
caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no Art. 111. O art. 1o da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, passa
inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.” (NR) a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o desta Lei e nos dispositi- “Art. 1o As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou su-
vos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito de etnia, perior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com
raça, cor ou deficiência, as infrações ao disposto nesta Lei são passíveis crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritário, nos termos
das seguintes cominações: desta Lei.” (NR)
..................................................................................” (NR) Art. 112. A Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, passa a vigo-
“Art. 4o ........................................................................ rar com as seguintes alterações:
I - a reintegração com ressarcimento integral de todo o período de “Art. 2o .......................................................................
afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização,
monetariamente e acrescidas de juros legais; com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos
....................................................................................” (NR) urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive
Art. 108. O art. 35 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passa seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações
a vigorar acrescido do seguinte § 5o: abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
“Art. 35. ...................................................................... zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilida-
de reduzida;
.............................................................................................
II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
§ 5o Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo único do art. que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a
3 da Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003, a pessoa com deficiência,
o
fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
ou o contribuinte que tenha dependente nessa condição, tem preferência movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
na restituição referida no inciso III do art. 4o e na alínea “c” do inciso II do compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
art. 8o.” (NR)
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públi-
Art. 109. A Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trân- cos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
sito Brasileiro), passa a vigorar com as seguintes alterações:
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e pri-
“Art. 2o ........................................................... vados;
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de
terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas perten- transportes;
centes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e
áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo.” d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave,
(NR) obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a ex-
pressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio
“Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de que trata o de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas com as respecti-
vas placas indicativas de destinação e com placas informando os dados III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de longo
sobre a infração por estacionamento indevido.” prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena
“Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é assegurada e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pesso-
acessibilidade de comunicação, mediante emprego de tecnologias assisti- as;
vas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do processo de habilitação.
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer
§ 1o O material didático audiovisual utilizado em aulas teóricas dos motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando
cursos que precedem os exames previstos no art. 147 desta Lei deve ser redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou
acessível, por meio de subtitulação com legenda oculta associada à da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
tradução simultânea em Libras. colo e obeso;
§ 2o É assegurado também ao candidato com deficiência auditiva re- V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência,
querer, no ato de sua inscrição, os serviços de intérprete da Libras, para podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal;
acompanhamento em aulas práticas e teóricas.”
VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de
“Art. 154. (VETADO).” urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, enca-
“Art. 181. ................................................................... namento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilumina-
.......................................................................................... ção pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de
XVII - ......................................................................... água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento
Infração - grave; urbanístico;
.................................................................................” (NR) VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos
espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbani-
Art. 110. O inciso VI e o § 1o do art. 56 da Lei no 9.615, de 24 de mar-
zação ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não
ço de 1998, passam a vigorar com a seguinte redação:
Conhecimentos Específicos 111

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, Art. 114. A Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil),
postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às passa a vigorar com as seguintes alterações:
telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, “Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os
quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, I - (Revogado);
dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que II - (Revogado);
objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à partici-
pação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à III - (Revogado).” (NR)
sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; “Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de
IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, en- os exercer:
tre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais .....................................................................................
(Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os exprimir sua vontade;
meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e .............................................................................................
alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legis-
comunicações;
lação especial.” (NR)
X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas
“Art. 228. .....................................................................
e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de
adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia .............................................................................................
assistiva.” (NR) II - (Revogado);
“Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos par- III - (Revogado);
ques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e .............................................................................................
executados de forma a torná-los acessíveis para todas as pessoas, inclu- § 1o ..............................................................................
sive para aquelas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
§ 2o A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de
Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de urbaniza- condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os
ção e parte da via pública, normalmente segregado e em nível diferente, recursos de tecnologia assistiva.” (NR)
destina-se somente à circulação de pedestres e, quando possível, à
“Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores
implantação de mobiliário urbano e de vegetação.” (NR)
revogar a autorização.” (NR)
“Art. 9o ........................................................................
“Art. 1.548. ...................................................................
Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados em vias pú-
I - (Revogado);
blicas de grande circulação, ou que deem acesso aos serviços de reabili-
tação, devem obrigatoriamente estar equipados com mecanismo que ....................................................................................” (NR)
emita sinal sonoro suave para orientação do pedestre.” (NR) “Art. 1.550. ..................................................................
“Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área de cir- .............................................................................................
culação comum para pedestre que ofereça risco de acidente à pessoa § 1o ..............................................................................
com deficiência deverá ser indicada mediante sinalização tátil de alerta no § 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia
piso, de acordo com as normas técnicas pertinentes.” poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por
“Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos congêneres meio de seu responsável ou curador.” (NR)
devem fornecer carros e cadeiras de rodas, motorizados ou não, para o “Art. 1.557. ................................................................
atendimento da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.”
............................................................................................
Art. 113. A Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cida-
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável
de), passa a vigorar com as seguintes alterações:
que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por
“Art. 3o ...................................................................... contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge
............................................................................................ ou de sua descendência;
III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o IV - (Revogado).” (NR)
Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e “Art. 1.767. ..................................................................
melhoria das condições habitacionais, de saneamento básico, das calça-
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
das, dos passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais espaços de
exprimir sua vontade;
uso público;
II - (Revogado);
IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive habita-
ção, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
regras de acessibilidade aos locais de uso público; IV - (Revogado);
.................................................................................” (NR) ....................................................................................” (NR)
“Art. 41. .................................................................... “Art. 1.768. O processo que define os termos da curatela deve ser
........................................................................................... promovido:
§ 3o As cidades de que trata o caput deste artigo devem elaborar pla- .............................................................................................
no de rotas acessíveis, compatível com o plano diretor no qual está inseri- IV - pela própria pessoa.” (NR)
do, que disponha sobre os passeios públicos a serem implantados ou “Art. 1.769. O Ministério Público somente promoverá o processo que
reformados pelo poder público, com vistas a garantir acessibilidade da define os termos da curatela:
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida a todas as rotas e I - nos casos de deficiência mental ou intelectual;
vias existentes, inclusive as que concentrem os focos geradores de maior
............................................................................................
circulação de pedestres, como os órgãos públicos e os locais de prestação
de serviços públicos e privados de saúde, educação, assistência social, III - se, existindo, forem menores ou incapazes as pessoas menciona-
esporte, cultura, correios e telégrafos, bancos, entre outros, sempre que das no inciso II.” (NR)
possível de maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de “Art. 1.771. Antes de se pronunciar acerca dos termos da curatela, o
passageiros.” (NR) juiz, que deverá ser assistido por equipe multidisciplinar, entrevistará
pessoalmente o interditando.” (NR)
Conhecimentos Específicos 112

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
“Art. 1.772. O juiz determinará, segundo as potencialidades da pes- “Art. 1o É assegurado a pessoa com deficiência visual acompanhada
soa, os limites da curatela, circunscritos às restrições constantes do art. de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com o animal em
1.782, e indicará curador. todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público,
Parágrafo único. Para a escolha do curador, o juiz levará em conta a de uso público e privados de uso coletivo, desde que observadas as
vontade e as preferências do interditando, a ausência de conflito de inte- condições impostas por esta Lei.
resses e de influência indevida, a proporcionalidade e a adequação às .............................................................................................
circunstâncias da pessoa.” (NR) § 2o O disposto no caput deste artigo aplica-se a todas as modalida-
“Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiên- des e jurisdições do serviço de transporte coletivo de passageiros, inclusi-
cia, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma ve em esfera internacional com origem no território brasileiro.” (NR)
pessoa.” Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei no 11.904, de 14 de janeiro de
“Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767 receberão 2009, passa a vigorar acrescido da seguinte alínea “k”:
todo o apoio necessário para ter preservado o direito à convivência famili- “Art. 46. ......................................................................
ar e comunitária, sendo evitado o seu recolhimento em estabelecimento ...........................................................................................
que os afaste desse convívio.” (NR)
IV - ..............................................................................
Art. 115. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da Lei no 10.406, de
10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com a seguinte ...........................................................................................
redação: k) de acessibilidade a todas as pessoas.
“TÍTULO IV .................................................................................” (NR)
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão Apoiada” Art. 119. A Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012, passa a vigorar
Art. 116. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da Lei no 10.406, de acrescida do seguinte art. 12-B:
10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar acrescido do seguin- “Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de táxi, reservar-se-
te Capítulo III: ão 10% (dez por cento) das vagas para condutores com deficiência.
“CAPÍTULO III § 1o Para concorrer às vagas reservadas na forma do caput deste ar-
Da Tomada de Decisão Apoiada tigo, o condutor com deficiência deverá observar os seguintes requisitos
quanto ao veículo utilizado:
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a
pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com I - ser de sua propriedade e por ele conduzido; e
as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar- II - estar adaptado às suas necessidades, nos termos da legislação
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes vigente.
os elementos e informaço es necessários para que possa exercer sua § 2o No caso de não preenchimento das vagas na forma estabelecida
capacidade. no caput deste artigo, as remanescentes devem ser disponibilizadas para
§ 1o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa os demais concorrentes.”
com deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada esfera de governo,
os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, a elaboração de relatórios circunstanciados sobre o cumprimento dos
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito a vontade, aos prazos estabelecidos por força das Leis no 10.048, de 8 de novembro de
direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar. 2000, e no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, bem como o seu encami-
§ 2o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela nhamento ao Ministério Público e aos órgãos de regulação para adoção
pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a das providências cabíveis.
prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. Parágrafo único. Os relatórios a que se refere o caput deste artigo
§ 3o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão deverão ser apresentados no prazo de 1 (um) ano a contar da entrada em
apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministé- vigor desta Lei.
rio Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações previstos nesta Lei
prestarão apoio. não excluem os já estabelecidos em outras legislações, inclusive em
§ 4o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos so- pactos, tratados, convenções e declarações internacionais aprovados e
bre terceiros, sem restriço es, desde que esteja inserida nos limites do promulgados pelo Congresso Nacional, e devem ser aplicados em con-
apoio acordado. formidade com as demais normas internas e acordos internacionais vincu-
§ 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial lantes sobre a matéria.
pode solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais benéfica à pessoa com
especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. deficiência.
§ 6o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo Art. 122. Regulamento disporá sobre a adequação do disposto nesta
relevante, havendo divergência de opinio es entre a pessoa apoiada e um Lei ao tratamento diferenciado, simplificado e favorecido a ser dispensado
dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a às microempresas e às empresas de pequeno porte, previsto no § 3o do
questão. art. 1oda Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006.
§ 7o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos: (Vigência)
não adimplir as obrigaço es assumidas, poderá a pessoa apoiada ou I - o inciso II do § 2o do art. 1o da Lei no 9.008, de 21 de março de
qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. 1995;
§ 8o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, II - os incisos I, II e III do art. 3o da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para 2002 (Código Civil);
prestação de apoio. III - os incisos II e III do art. 228 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
§ 9o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de 2002 (Código Civil);
acordo firmado em processo de tomada de decisão apoiada. IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação (Código Civil);
do processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
condicionado a manifestação do juiz sobre a matéria. (Código Civil);
§ 11. Aplicam-se a tomada de decisão apoiada, no que couber, as VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
disposiço es referentes a prestação de contas na curatela.” de 2002 (Código Civil);
Art. 117. O art. 1o da Lei no 11.126, de 27 de junho de 2005, passa a VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
vigorar com a seguinte redação: (Código Civil).
Conhecimentos Específicos 113

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 124. O § 1o do art. 2o desta Lei deverá entrar em vigor em até 2 O poder institucional que preside a produção das identidades e das
(dois) anos, contados da entrada em vigor desta Lei. diferenças define como normais e especiais não apenas os alunos, como
Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir discriminados, a também as suas escolas. Os alunos das escolas comuns são normais e
partir da entrada em vigor desta Lei, para o cumprimento dos seguintes positivamente valorados. Os alunos das escolas especiais são os negati-
dispositivos: vamente concebidos e diferenciados.
I - incisos I e II do § 2o do art. 28, 48 (quarenta e oito) meses; Os sistemas educacionais constituídos a partir da oposição - alunos
II - § 6o do art. 44, 48 (quarenta e oito) meses; normais e alunos especiais - sentem-se abalados com a proposta inclusi-
va de educação, pois não só criaram espaços educacionais distintos para
III - art. 45, 24 (vinte e quatro) meses;
seus alunos, a partir de uma identidade específica, como também esses
IV - art. 49, 48 (quarenta e oito) meses. espaços estão organizados pedagogicamente para manter tal separação,
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a vigência da Lei definindo as atribuições de seus professores, currículos, programas,
no 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. avaliações e promoções dos que fazem parte de cada um desses espa-
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) ços.
dias de sua publicação oficial. Os que têm o poder de dividir são os que classificam, formam conjun-
tos, escolhem os atributos que definem os alunos e demarcam os espa-
ços, decidem quem fica e quem sai destes, quem é incluído ou excluído
dos agrupamentos escolares.
Fascículo nº I “A Escola Comum Inclu- Ambientes escolares inclusivos são fundamentados em uma concep-
siva” – Brasília 2010 ção de identidade e diferenças, em que as relações entre ambas não se
ordenam em torno de oposições binárias (normal/especial, branco/negro,
masculino/feminino, pobre/rico). Neles não se elege uma identidade como
A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar norma privilegiada em relação às demais.
A Escola Comum Inclusiva
Em ambientes escolares excludentes, a identidade normal é tida
Aos Leitores sempre como natural, generalizada e positiva em relação às demais, e
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educa- sua definição provém do processo pelo qual o poder se manifesta na
ção Inclusiva (2008) foi elaborada segundo os preceitos de uma escola escola, elegendo uma identidade específica através da qual as outras
em que cada aluno tem a possibilidade de aprender, a partir de suas identidades são avaliadas e hierarquizadas.
aptidões e capacidades, e em que o conhecimento se constrói sem resis- Esse poder que define a identidade normal, detido por professores e
tência ou submissão ao que é selecionado para compor o currículo, resul- gestores mais próximos ou mais distantes das escolas, perde a sua força
tando na promoção de alguns alunos e na marginalização de outros do diante dos princípios educacionais inclusivos, nos quais a identidade não
processo escolar. é entendida como natural, estável, permanente, acabada, homogênea,
A compreensão da educação especial nesta perspectiva está relacio- generalizada, universal. Na perspectiva da inclusão escolar, as identida-
nada a uma concepção e a práticas da escola comum que mudam a des são transitórias, instáveis, inacabadas e, portanto, os alunos não são
lógica do processo de escolarização, a sua organização e o estatuto dos categorizáveis, não podem ser reunidos e fixados em categorias, grupos,
saberes que são objeto do ensino formal. Como modalidade que não conjuntos, que se definem por certas características arbitrariamente
substitui a escolarização de alunos com deficiência, com transtornos escolhidas.
globais de desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação, essa É incorreto, portanto, atribuir a certos alunos identidades que os man-
educação supõe uma escola que não exclui alunos que não atendam ao têm nos grupos de excluídos, ou seja, nos grupos dos alunos especiais,
perfil idealizado institucionalmente. com necessidades educacionais especiais, portadores de deficiências,
A educação especial perpassa todos os níveis, etapas e demais mo- com problemas de aprendizagem e outros tais. É incabível fixar no outro
dalidades de ensino, sem substituí-los, oferecendo aos seus alunos uma identidade normal, que não só justifica a exclusão dos demais, como
serviços, recursos e estratégias de acessibilidade ao ambiente e aos igualmente determina alguns privilegiados.
conhecimentos escolares. Nesse contexto, deixa de ser um sistema A educação inclusiva questiona a artificialidade das identidades nor-
paralelo de ensino, com níveis e etapas próprias. mais e entende as diferenças como resultantes da multiplicidade, e não da
Sinalizando um novo conceito de educação especial, a Política enseja diversidade, como comumente se proclama. Trata-se de uma educação
novas práticas de ensino, com vistas a atender as especificidades dos que garante o direito à diferença e não à diversidade, pois assegurar o
alunos que constituem seu público alvo e garantir o direito à educação a direito à diversidade é continuar na mesma, ou seja, é seguir reafirmando
todos. Aponta para a necessidade de se subverter a hegemonia de uma o idêntico.
cultura escolar segregadora e para a possibilidade de se reinventar seus A diferença (vem) do múltiplo e não do diverso. Tal como ocorre na
princípios e práticas escolares. aritmética, o múltiplo é sempre um processo, uma operação, uma ação. A
Este fascículo traz contribuições para o entendimento dessa escola e diversidade é estática, é um estado, é estéril. A multiplicidade é ativa, é
de sua articulação com a educação especial e seus serviços, especial- fluxo, é produtiva. A multiplicidade é uma máquina de produzir diferenças -
mente o Atendimento Educacional Especializado - AEE. Sua intenção é diferenças que são irredutíveis à identidade. A diversidade limita-se ao
esclarecer o leitor sobre a possibilidade de fazer da sala de aula comum existente. A multiplicidade estende e multiplica, prolifera, dissemina. A
um espaço de todos os alunos, sem exceções. Ele vai tratar da interface diversidade é um dado - da natureza ou da cultura. A multiplicidade é um
entre o direito de todos à educação e o direito à diferença, ou seja, da movimento. A diversidade reafirma o idêntico. A multiplicidade estimula a
linha tênue traçada entre ambos e de como esse direito vai perpassando diferença que se recusa a se fundir com o idêntico (SILVA, 2000, p.100-
todas as transformações que a escola precisa fazer para se tornar um 101).
ambiente educacional inclusivo. De fato, a diversidade na escola comporta a criação de grupos de
idênticos, formados por alunos que têm uma mesma característica, seleci-
PARTE I onada para reuni-los e separá-los. Ao nos referirmos a uma escola inclusi-
va como aberta à diversidade, ratificamos o que queremos extinguir com a
1. SOBRE IDENTIDADE E DIFERENÇAS NA ESCOLA inclusão escolar, ou seja, eliminamos a possibilidade de agrupar alunos e
A inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservado- de identificá-los por uma de suas características (por exemplo, a deficiên-
rismo das escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fun- cia), valorizando alguns em detrimento de outros e mantendo escolas
damentos. Ela questiona a fixação de modelos ideais, a normalização de comuns e especiais.
perfis específicos de alunos e a seleção dos eleitos para frequentar as Atenção, pois ao denominarmos as propostas, programas e iniciativas
escolas, produzindo, com isso, identidades e diferenças, inserção e/ou de toda ordem direcionadas à inclusão, insistimos nesse aspecto, dado
exclusão.
Conhecimentos Específicos 114

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
que somos nós mesmos quem atribuímos significado, pela escolha das gestores, especialistas, pais e alunos e outros profissionais que compõem
palavras que utilizamos para expressá-lo. É por meio da representação uma rede educacional em torno de uma proposta que é comum a todas as
que a diferença e a identidade passam a existir e temos, dessa forma, ao escolas e que, ao mesmo tempo, é construída por cada uma delas, se-
representar o poder de definir identidades, currículos e práticas escolares. gundo as suas peculiaridades.
2. ESCOLA DOS DIFERENTES OU ESCOLA DAS DIFERENÇAS? O Projeto Político Pedagógico é o instrumento por excelência para
A educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no melhor desenvolver o plano de trabalho eleito e definido por um coletivo
qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, escolar; ele reflete a singularidade do grupo que o produziu, suas esco-
expressam suas ideias livremente, participam ativamente das tarefas de lhas e especificidades.
ensino e se desenvolvem como cidadãos, nas suas diferenças. Nas escolas inclusivas, a qualidade do ensino não se confunde com o
Nas escolas inclusivas, ninguém se conforma a padrões que identifi- que é ministrado nas escolas-padrão, consideradas como as que melhor
cam os alunos como especiais e normais, comuns. Todos se igualam conseguem expressar um ideal pedagógico inquestionável, medido e
pelas suas diferenças! definido objetivamente e que se apresentam como modelo a ser seguido e
aplicado em qualquer contexto escolar. As escolas-padrão cabem na
A inclusão escolar impõe uma escola em que todos os alunos estão mesma lógica que define as escolas dos diferentes, em que as iniciativas
inseridos sem quaisquer condições pelas quais possam ser limitados em para melhorar o ensino continuam elegendo algumas escolas e valorando-
seu direito de participar ativamente do processo escolar, segundo suas as positivamente, em detrimento de outras. Cada escola é única e precisa
capacidades, e sem que nenhuma delas possa ser motivo para uma ser, como os seus alunos, reconhecida e valorizada nas suas diferenças.
diferenciação que os excluirá das suas turmas.
Como garantir o direito à diferença nas escolas que ainda entendem
que as diferenças estão apenas em alguns alunos, naqueles que são 3.1. MUDANÇAS NA ESCOLA
negativamente compreendidos e diagnosticados como problemas, doen- Para atender a todos e atender melhor, a escola atual tem de mudar,
tes, indesejáveis e a maioria sem volta? e a tarefa de mudar a escola exige trabalho em muitas frentes. Cada
O questionamento constante dos processos de diferenciação entre escola, ao abraçar esse trabalho, terá de encontrar soluções próprias para
escolas e alunos, que decorre da oposição entre a identidade normal de os seus problemas. As mudanças necessárias não acontecem por acaso
alguns e especial de outros, é uma das garantias permanentes do direito à e nem por Decreto, mas fazem parte da vontade política do coletivo da
diferença. Os alvos desse questionamento devem recair diretamente escola, explicitadas no seu Projeto Político Pedagógico - PPP e vividas a
sobre as práticas de ensino que as escolas adotam e que servem para partir de uma gestão escolar democrática.
excluir. É ingenuidade pensar que situações isoladas são suficientes para de-
Os encaminhamentos dos alunos às classes e escolas especiais, os finir a inclusão como opção de todos os membros da escola e configurar o
currículos adaptados, o ensino diferenciado, a terminalidade específica perfil da instituição. Não se desconsideram aqui os esforços de pessoas
dos níveis de ensino e outras soluções precisam ser indagados em suas bem intencionadas, mas é preciso ficar claro que os desafios das mudan-
razões de adoção, interrogados em seus benefícios, discutidos em seus ças devem ser assumidos e decididos pelo coletivo escolar.
fins, e eliminados por completo e com urgência. São essas medidas A organização de uma sala de aula é atravessada por decisões da
excludentes que criam a necessidade de existirem escolas para atender escola que afetam os processos de ensino e de aprendizagem. Os horá-
aos alunos que se igualam por uma falsa normalidade - as escolas co- rios e rotinas escolares não dependem apenas de uma única sala de aula;
muns - e que instituem as escolas para os alunos que não cabem nesse o uso dos espaços da escola para atividades a serem realizadas fora da
grupo - as escolas especiais. Ambas são escolas dos diferentes, que não classe precisa ser combinado e sistematizado para o bom aproveitamento
se alinham aos propósitos de uma escola para todos. de todos; as horas de estudo dos professores devem coincidir para que a
Quando entendemos esses processos de diferenciação pela deficiên- formação continuada seja uma aprendizagem colaborativa; a organização
cia ou por outras características que elegemos para excluir, percebemos do Atendimento Educacional Especializado - AEE não pode ser um mero
as discrepâncias que nos faziam defender as escolas dos diferentes como apêndice na vida escolar ou da competência do professor que nele atua.
solução privilegiada para atender às necessidades dos alunos. Acorda- Um conjunto de normas, regras, atividades, rituais, funções, diretrizes,
mos, então, para o sentido includente das escolas das diferenças. Essas orientações curriculares e metodológicas, oriundo das diversas instâncias
escolas reúnem, em seus espaços educacionais, os alunos tais quais eles burocrático-legais do sistema educacional, constitui o arcabouço pedagó-
são: únicos, singulares, mutantes, compreendendo-os como pessoas que gico e administrativo das escolas de uma rede de ensino. Trata-se do que
diferem umas das outras, que não conseguimos conter em conjuntos está INSTITUÍDO e do que Libâneo e outros autores (2003) analisaram
definidos por um único atributo, o qual elegemos para diferenciá-las. pormenorizadamente.
Nesse INSTITUÍDO, estão os parâmetros e diretrizes curriculares, as
3. A ESCOLA COMUM NA PERSPECTIVA INCLUSIVA leis, os documentos das políticas, os regimentos e demais normas do
sistema.
A escola das diferenças é a escola na perspectiva inclusiva, e sua
pedagogia tem como mote questionar, colocar em dúvida, contrapor-se, Em contrapartida, existe um espaço e um tempo a serem construídos
discutir e reconstruir as práticas que, até então, têm mantido a exclusão por todas as pessoas que fazem parte de uma instituição escolar, porque
por instituírem uma organização dos processos de ensino e de aprendiza- a escola não é uma estrutura pronta e acabada a ser perpetuada e repro-
gem incontestáveis, impostos e firmados sobre a possibilidade de exclu- duzida de geração em geração. Trata-se do INSTITUINTE.
são dos diferentes, à medida que estes são direcionados para ambientes A escola cria, nas possibilidades abertas pelo INSTITUINTE, um es-
educacionais à parte. paço de realização pessoal e profissional que confere à equipe escolar a
A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças possibilidade de definir o seu horário escolar, organizar projetos, módulos
dos alunos diante do processo educativo e busca a participação e o de estudo e outros, conforme decisão colegiada. Assim, confere autono-
progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e mia a toda equipe escolar, acreditando no poder criativo e inovador dos
imediata a adoção dessas novas práticas, pois ela depende de mudanças que fazem e pensam a educação.
que vão além da escola e da sala de aula. Para que essa escola possa se
concretizar, é patente a necessidade de atualização e desenvolvimento de 3.2. O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, AUTONOMIA E GES-
novos conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de alternativas e TÃO DEMOCRÁTICA
práticas pedagógicas e educacionais compatíveis com a inclusão.
Autora
Um ensino para todos os alunos há que se distinguir pela sua quali-
dade. O desafio de fazê-lo acontecer nas salas de aulas é uma tarefa a Maria Terezinha da Consolação Teixeira dos Santos
ser assumida por todos os que compõem um sistema educacional. Um A constatação de que a realidade escolar é dinâmica e depende de
ensino de qualidade provém de iniciativas que envolvem professores, todos dá força e sentido à elaboração do PPP, entendido não apenas

Conhecimentos Específicos 115

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
como um mero documento exigido pela burocracia e administração esco- Nos textos legais, fica clara a ênfase dada ao Projeto Político Peda-
lar, mas como registro de significados a serem outorgados ao processo de gógico de cada escola, bem como a reiteração de que a proposta seja
ensino e de aprendizagem, que demanda tomada de decisões e acompa- construída e administrada à luz de uma gestão democrática.
nhamento de ações consequentes. Outra legislação que vem corroborar nesse sentido é o Estatuto da
O PPP não pode ser um documento paralelo que não diz respeito, Criança e do Adolescente - ECA (Lei Nº. 8.069/90), que, no seu artigo 53,
que não atravessa o cotidiano escolar e fica restrito à categoria de um enfatiza os objetivos da educação nacional, repetindo os princípios consti-
arquivo ou de uma alegoria, de caráter residual. Ele altera a estrutura tucionais e os da LDBEN, mas deixando claro em seu parágrafo único que
escolar e escrevê-lo e arquivá-lo nos registros da escola só serve para "[...] é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógi-
acomodar a consciência dos que não têm um verdadeiro compromisso co, bem como participar da definição das propostas educacionais". Evi-
com uma escola de todos, por todos e para todos. dencia-se na legislação o caráter da comunidade escolar participativa e
Nossa legislação educacional é clara no que toca à exigência de a ampliada para além dos muros escolares, com compromisso conjunto nos
escola ter o seu PPP; ela não pode se furtar ao compromisso assumido rumos da educação dos cidadãos. A gestão democrática ampliada nos
com a sociedade de formação e de desenvolvimento do processo de contornos da comunidade ganha, por meio do texto legal, condições de
educação, devidamente planejado. ser exercida com autonomia.
A exigência legal do PPP está expressa na LDBEN - Lei Nº. 9.394/96 Embora a escola não seja independente de seu sistema de ensino,
que, em seu artigo 12, define, entre as atribuições de uma escola, a tarefa ela pode se articular e interagir com autonomia como parte desse sistema
de "[...] elaborar e executar sua proposta pedagógica", deixando claro que que a sustenta, tomando decisões próprias relativas às particularidades de
ela precisa fundamentalmente saber o que quer e colocar em execução seu estabelecimento de ensino e da sua comunidade. Entretanto, mesmo
esse querer, não ficando apenas nas promessas ou nas intenções expos- outorgada por lei, a autonomia escolar é construída aos poucos e cotidia-
tas no papel. namente. Do ponto de vista cultural e educacional, encontram-se poucas
experiências de construção da autonomia e do cultivo de hábitos demo-
Ao sistematizar estas escolhas e decisões, o PPP, a partir de um es- cráticos.
tudo da demanda da realidade escolar cria as condições necessárias para
a elaboração do planejamento e o desenvolvimento do trabalho da sua A democracia, frequentemente proclamada, mas nem sempre viven-
equipe e da avaliação processual das etapas e metas propostas. ciada nas redes de ensino, tem no PPP a oportunidade de ser exercida, e
essa oportunidade não pode ser perdida, para que consiga espalhar-se
Para Gadotti e Romão (1997), o Projeto Político Pedagógico deve ser por toda a instituição. Gadotti e Romão (1997) manifestam suas posições
entendido como um horizonte de possibilidades para a escola. O Projeto sobre a construção da democracia na escola e afirmam que esse tipo de
imprime uma direção nos caminhos a serem percorridos pela escola. Ele gestão constitui um passo relevante no aprendizado da democracia.
se propõe a responder a um feixe de indagações de seus membros, tais
como: qual educação se quer e qual tipo de cidadão se deseja, para qual Os professores constroem a democracia no cotidiano escolar por
projeto de sociedade? O PPP propõe uma organização que se funda no meio de pequenos detalhes da organização da prática pedagógica. Nesse
entendimento compartilhado dos professores, alunos e demais interessa- sentido, fazem a diferença: o modo de trabalhar os conteúdos com os
dos em educação. alunos; a forma de sugerir a realização de atividades na sala de aula; o
controle disciplinar; a interação dos alunos nas tarefas escolares; a siste-
Todas as intenções da escola, reunidas no Projeto Político Pedagógi- matização do AEE no contra-turno; a divisão do horário; a forma de plane-
co, conferem-lhe o caráter POLÍTICO, porque ele representa a escolha de jar com os alunos; a avaliação da execução das atividades de forma
prioridades de cidadania em função das demandas sociais. O PPP ganha interativa.
status PEDAGÓGICO ao organizar e sistematizar essas intenções em
ações educativas alinhadas com as prioridades estabelecidas. Embora já tenhamos uma Constituição, estatutos, legislação, políticas
educacionais e decretos que propõem e viabilizam novas alternativas para
O caráter coletivo e a necessidade de participação de todos é ineren- a melhoria do ensino nas escolas, ainda atendemos a alunos em espaços
te ao PPP, pois ele não se resume a um mero plano ou projeto burocráti- escolares semi ou totalmente segregados, tais como as classes especiais,
co, que cumpre as exigências da lei ou do sistema de ensino. Trata-se de as turmas de aceleração, as escolas especiais, as aulas de reforço, entre
um documento norteador das ações da escola que, ao mesmo tempo, outros.
oportuniza um exercício reflexivo do processo para tomada de decisões
no seu âmbito. O salto da escola dos diferentes para a escola das diferenças deman-
da conhecimento, determinação, decisão. As propostas de mudança
O professor, portanto, ao contribuir para a elaboração do PPP, bem variam e dependerão de disposição, discussões, estudos, levantamento
como ao participar de sua execução no cotidiano da escola, tem a oportu- de dados e iniciativas a serem compartilhadas pelos seus membros,
nidade de exercitar um ensino democrático, necessário para garantir enfim, de gestões democráticas das escolas, que favoreçam essa mudan-
acesso e permanência dos alunos nas escolas e para assegurar a inclu- ça.
são, o ensino de qualidade e a consideração das diferenças dos alunos
nas salas de aula. Exercer esse papel como um dos mentores do PPP Muitas decisões precisam ser tomadas pelas escolas ao elaborarem
não é uma obrigação formal, mas o resultado de um envolvimento pessoal seus Projetos Político Pedagógicos, entre as quais destacamos algumas,
do professor. Nesse sentido, vem antes a sua disposição de participar, que estão diretamente relacionadas com as mudanças que se alinham
porque contribuir é reconhecer a importância de sua colaboração para que aos propósitos da inclusão: fazer da aprendizagem o eixo das escolas,
o projeto se execute. garantindo o tempo necessário para que todos possam aprender; reprovar
a repetência; abrir espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidarie-
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 206, explicita, como dade, a criatividade e o espírito crítico sejam praticados por seus profes-
um dos princípios para a educação no Brasil, "[...] a gestão democrática sores, gestores, funcionários e alunos, pois essas são habilidades míni-
do ensino público". Essa preocupação é reiterada na LDBEN (Lei nº mas para o exercício da verdadeira cidadania; valorizar e formar continu-
9394/96), no artigo 3º, ao assinalar que a gestão democrática, além de amente o professor, para que ele possa atualizar-se e ministrar um ensino
estar em conformidade com a Lei, deve estar consoante à legislação dos de qualidade.
sistemas de ensino, pois como Lei que detalha a educação nacional,
acrescenta a característica das variações dos sistemas nas esferas É frequente a escola seguir outros caminhos, adotando práticas ex-
federal, estadual e municipal. Ainda nesse detalhamento, a LDBEN avan- cludentes e paliativas, que as impedem de dar o salto qualitativo que a
ça, no seu artigo 14, afirmando que: inclusão demanda. Elas se apropriam de soluções utilitárias, prontas para
o uso, alheias à realidade de cada instituição educacional. Essas práticas
[...] Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática admitem: ensino individualizado para os alunos com deficiência e/ou
do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiari- problemas de aprendizagem; currículos adaptados; terminalidade especí-
dades e conforme os seguintes princípios: participação dos profissionais fica; métodos especiais para ensino de pessoas com deficiência; avalia-
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; participação ção diferenciada; categorização e diferenciação dos alunos; formação de
das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. turmas escolares buscando a homogeneização dos alunos.

Conhecimentos Específicos 116

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
No nível da sala de aula e das práticas de ensino, a mobilização do A avaliação de caráter classificatório, por meio de notas, provas e ou-
professor e/ou de uma equipe escolar em torno de uma mudança educa- tros instrumentos similares, mantém a repetência e a exclusão nas esco-
cional como a inclusão não acontece de modo semelhante em todas as las. A avaliação contínua e qualitativa da aprendizagem, com a participa-
escolas. Mesmo havendo um Projeto Político Pedagógico que oriente as ção do aluno, tendo, inclusive, a intenção de avaliar o ensino oferecido e
ações educativas da escola, há que existir uma entrega, uma disposição torná-lo cada vez mais adequado à aprendizagem de todos os alunos
individual ou grupal de sua equipe de se expor a uma experiência educa- conduz a outros resultados. A adoção desse modo de avaliar com base na
cional diferente das que estão habituados a viver. Para que qualquer qualidade do ensino e da aprendizagem já diminuiria substancialmente o
transformação ou mudança seja verdadeira, as pessoas têm de ser toca- número de alunos que são indevidamente avaliados e categorizados como
das pela experiência. Precisam ser receptivas, disponíveis e abertas a deficientes nas escolas comuns.
vivê-la, baixando suas guardas, submetendo-se, entregando-se à experi- Os professores em geral concordam com novas alternativas de se
ência [...] sem resistências, sem segurança, poder, firmeza, garantias avaliar os processos de ensino e de aprendizagem e admitem que as
(BONDÍA, 2002). turmas são naturalmente heterogêneas. Sentem-se, contudo, inseguros
As mudanças não ocorrem pela mera adoção de práticas diferentes diante da possibilidade de fazer uso dessas alternativas em sala de aula e
de ensinar. Elas dependem da elaboração dos professores sobre o que inovar as rotinas de trabalho, rompendo com a organização pedagógica
lhes acontece no decorrer da experiência educacional inclusiva que eles pré-estabelecida.
se propuseram a viver. O que vem dos livros e o que é transmitido aos Ao contrário do que se pensa e se faz, as práticas escolares inclusi-
professores nem sempre penetram em suas práticas. A experiência a que vas não implicam um ensino adaptado para alguns alunos, mas sim um
nos referimos não está relacionada com o tempo dedicado ao magistério, ensino diferente para todos, em que os alunos tenham condições de
ao saber acumulado pela repetição de uma mesma atividade utilitária, aprender, segundo suas próprias capacidades, sem discriminações e
instrumental. Estamos nos referindo ao saber da experiência, que é subje- adaptações.
tivo, pessoal, relativo, adquirido nas ocasiões em que entendemos e
atribuímos sentidos ao que nos acontece, ao que nos passa, ao que nos A ideia do currículo adaptado está associada à exclusão na inclusão
sucede ao viver a experiência (BONDÍA, 2002). dos alunos que não conseguem acompanhar o progresso dos demais
colegas na aprendizagem. Currículos adaptados e ensino adaptado ne-
O reconhecimento de que os alunos aprendem segundo suas capaci- gam a aprendizagem diferenciada e individualizada. O ensino escolar é
dades não surge de uma hora para a outra, só porque as teorias assim coletivo e deve ser o mesmo para todos, a partir de um único currículo. É
afirmam. Acolher as diferenças terá sentido para o professor e fará com o aluno que se adapta ao currículo, quando se admitem e se valorizam as
que ele rompa com seus posicionamentos sobre o desempenho escolar diversas formas e os diferentes níveis de conhecimento de cada um.
padronizado e homogêneo dos alunos, se ele tiver percebido e compreen-
dido por si mesmo essas variações, ao se submeter a uma experiência A aprovação e a certificação por terminalidade específica, como pro-
que lhe perpassa a existência. O professor, então, desempenhará o seu põe a LDBEN/1996, não faz sentido, quando se entende que a aprendiza-
papel formador, que não se restringe a ensinar somente a uma parcela gem é diferenciada de aluno para aluno, constituindo-se em um processo
dos alunos que conseguem atingir o desempenho exemplar esperado pela que não pode obedecer a uma terminalidade prefixada com base na
escola. Ele ensina a todos, indistintamente. condição intelectual de alguns.
O caráter de imprevisibilidade da aprendizagem é constatado por pro- Outra prática usual nas escolas é o ensino dos conteúdos das áreas
fessores que aproveitam as ocasiões para observar, abertamente e sem disciplinares (Matemática, Língua Portuguesa, Geografia, Ciências, etc.)
ideias pré-concebidas, a curiosidade do aluno que vai atrás do que quer como fins em si mesmos e tratados de modo fragmentado nas salas de
conhecer, que questiona, duvida, que se detém diante do que leu, do que aulas.
lhe respondemos, procurando resolver e encontrar a solução para o que A afirmação da interdisciplinaridade é a afirmação, em última instân-
lhe perturba e desafia com avidez, possuído pelo desejo de chegar ao que cia, da disciplinarização: só poderemos desenvolver um trabalho interdis-
pretende. ciplinar se fizermos uso de várias disciplinas. [...] A interdisciplinaridade
Ao se deixar levar por uma experiência de ensinar dessa natureza, contribui para minimizar os efeitos perniciosos da compartimentalização,
querendo entender o que ela revela e compartilhando-a com seus cole- mas não significaria, de forma alguma, o avanço para um currículo não
gas, o professor poderá deduzir que certas práticas e aparatos pedagógi- disciplinar (GALLO, 2002, p. 28-29).
cos, como os métodos especiais e o ensino adaptado para alguns alunos, Um currículo não disciplinar implica um ensino sem as gavetas das
não correspondem ao que se espera deles. Ambos provêm do controle disciplinas, em que se reconhece a multiplicidade das áreas do conheci-
externo da aprendizagem, de opiniões que circulam e se firmam entre os mento e o trânsito livre entre elas. O ensino não disciplinar não deve ser
professores, que são creditadas pelo conhecimento livresco e generaliza- confundido com os Temas Transversais dos Parâmetros Curriculares
do e pelas informações equivocadas que se naturalizam nas escolas e Nacionais, os quais não superam a disciplinarização, continuando a
fora delas. organizar o currículo em disciplinas, pelas quais perpassam assuntos de
Opor-se a inovações educacionais, resguardando-se no despreparo interesse social, como o meio ambiente, sexualidade, ética e outros.
para adotá-las, resistir e refutá-las simplesmente, distancia o professor da Segundo Gallo (2002), transversalidade em educação e currículo não
possibilidade de se formar e de se transformar pela experiência. Oposi- disciplinar tem a ver com processos de ensino e de aprendizagem em que
ções e contraposições à inclusão incondicional são freqüentes entre os o aluno transita pelos saberes escolares, integrando-os e construindo
professores e adiam projetos do ensino comum e especial focados na pontes entre eles, que podem parecer caóticas, mas que refletem o modo
inserção das diferenças nas escolas. como aprendemos e damos sentido ao novo.
É nos bancos escolares que se aprende a viver entre os nossos pa- As propostas curriculares, quando contextualizadas, reconhecem e
res, a dividir as responsabilidades, a repartir tarefas. Nesses ambientes, valorizam os alunos em suas peculiaridades de etnia, de gênero, de
desenvolvem-se a cooperação e a produção em grupo com base nas cultura. Elas partem das vidas e experiências dos alunos e vão sendo
diferenças e talentos de cada um e na valorização da contribuição indivi- tramadas em redes de conhecimento, que superam a tão decantada
dual para a consecução de objetivos comuns de um mesmo grupo. sistematização do saber. O questionamento dessas peculiaridades e a
A interação entre colegas de turma, a aprendizagem colaborativa, a visão crítica do multiculturalismo trazem uma perspectiva para o entendi-
solidariedade entre alunos e entre estes e o professor devem ser estimu- mento das diferenças, a qual foge da tolerância e da aceitação, atitudes
ladas. Os professores, quando buscam obter o apoio dos alunos e pro- estas tão carregadas de preconceito e desigualdade.
põem trabalhos diversificados e em grupo, desenvolvem formas de com- O multiculturalismo crítico, segundo Hall (2003), um estudioso das
partilhamento e difusão dos conhecimentos nas salas de aula. questões da pós-modernidade e das diferenças na atualidade, é uma das
A formação de turmas tidas como homogêneas é um dos argumentos concepções do multiculturalismo. Essa concepção questiona a exclusão
de defesa dos professores, gestores e especialistas em favor da qualidade social e demais formas de privilégios e de hierarquias das sociedades
do ensino, que precisa ser refutado, porque se trata de uma ilusão que contemporâneas, indagando sobre as diferenças e apoiando movimentos
compromete o ensino e exclui alunos. de resistência dos dominados.

Conhecimentos Específicos 117

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Marcos Seesp-Mec Fasciculo I.qxd 28/10/2010 10:31 Page 17 O motivo principal de o AEE ser realizado na própria escola do aluno
O multiculturalismo crítico toma como referência a liberdade e a está na possibilidade de que suas necessidades educacionais específicas
emancipação e defende que a justiça, a democracia e a equidade não são possam ser atendidas e discutidas no dia a dia escolar e com todos os
dadas, mas conquistadas. Difere do multiculturalismo conservador, em que atuam no ensino regular e/ou na educação especial, aproximando
que os dominantes buscam assimilar as minorias aos costumes e tradi- esses alunos dos ambientes de formação comum a todos. Para os pais,
ções da maioria. quando o AEE ocorre nessas circunstâncias, propicia-lhes viver uma
experiência inclusiva de desenvolvimento e de escolarização de seus
Outras práticas educacionais inclusivas que derivam dos propósitos filhos, sem ter de recorrer a atendimentos exteriores à escola.
de se ensinar à turma toda, sem discriminações, por vezes são refutadas
pelos professores ou aceitas com parcimônia, desconfiança e sob condi-
ções. Motivos não faltam para que eles se comportem desse modo. Mui- 2. ARTICULAÇÃO ENTRE ESCOLA COMUM E EDUCAÇÃO ESPE-
tos receberam sua própria formação dentro do modelo conservador, que CIAL: AÇÕES E RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS
foi sendo reforçado dentro das escolas. Ao se articular com a escola comum, na perspectiva da inclusão, a
Educação Especial muda seu rumo, refazendo caminhos que foram
PARTE II abertos tempos atrás, quando se propunha a substituir a escola comum
para alguns alunos que não correspondiam às exigências do ensino
1. O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE regular.
Uma das inovações trazidas pela Política Nacional de Educação Es- Amudança de rumos implica uma articulação de propósitos entre a
pecial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) é o Atendimento escola comum e a Educação Especial, ao contrário do que acontece
Educacional Especializado - AEE, um serviço da educação especial que quando tanto a escola comum como a especial constituem escolas dos
"[...] identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilida- diferentes, dividindo os alunos em normais e especiais e estabelecendo
de, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, uma cisão entre esses grupos, que se isolam em ambientes educacionais
considerando suas necessidades específicas" (SEESP/MEC, 2008). excludentes.
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a A escola das diferenças aproxima a escola comum da Educação Es-
sua autonomia na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos pecial, porque, na concepção inclusiva, os alunos estão juntos, em uma
sistemas de ensino. É realizado, de preferência, nas escolas comuns, em mesma sala de aula. A articulação entre Educação Especial e escola
um espaço físico denominado Sala de Recursos Multifuncionais. Portanto, comum, na perspectiva da inclusão, ocorre em todos os níveis e etapas do
é parte integrante do projeto político pedagógico da escola. ensino básico e do superior. Sem substituir nenhum desses níveis, a
São atendidos, nas Salas de Recursos Multifuncionais, alunos públi- integração entre ambas não deverá descaracterizar o que é próprio de
co-alvo da educação especial, conforme estabelecido na Política Nacional cada uma delas, estabelecendo um espaço de intersecção de competên-
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e no Decreto cias resguardado pelos limites de atuação que as especificam.
N.6.571/2008. Para oferecer as melhores condições possíveis de inserção no pro-
 Alunos com deficiência: aqueles [...] que têm impedimentos de cesso educativo formal, o AEE é ofertado preferencialmente na mesma
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais escola comum em que o aluno estuda. Uma aproximação do ensino
em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação comum com a educação especial vai se constituindo à medida que as
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais necessidades de alguns alunos provocam o encontro, a troca de experi-
pessoas (ONU, 2006). ências e a busca de condições favoráveis ao desempenho escolar desses
 Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles alunos.
que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas Os professores comuns e os da Educação Especial precisam se en-
e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, volver para que seus objetivos específicos de ensino sejam alcançados,
estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, compartilhando um trabalho interdisciplinar e colaborativo. As frentes de
síndromes do espectro do autismo e psicose infantil. (MEC/SEESP, 2008). trabalho de cada professor são distintas. Ao professor da sala de aula
lAlunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que demons- comum é atribuído o ensino das áreas do conhecimento, e ao professor
tram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou do AEE cabe complementar/suplementar a formação do aluno com co-
combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, nhecimentos e recursos específicos que eliminam as barreiras as quais
além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e impedem ou limitam sua participação com autonomia e independência nas
realização de tarefas em áreas de seu interesse (MEC/SEESP, 2008). turmas comuns do ensino regular.
Marcos Seesp-Mec Fasciculo I.qxd 28/10/2010 10:31 Page 18 As funções do professor de Educação Especial são abertas à articu-
lação com as atividades desenvolvidas por professores, coordenadores
A matrícula no AEE é condicionada à matrícula no ensino regular. Es-
pedagógicos, supervisores e gestores das escolas comuns, tendo em
se atendimento pode ser oferecido em Centros de Atendimento Educacio-
vista o benefício dos alunos e a melhoria da qualidade de ensino.
nal Especializado da rede pública ou privada, sem fins lucrativos. Tais
centros, contudo, devem estar de acordo com as orientações da Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva São eixos privilegiados de articulação:
(2008) e com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o  a elaboração conjunta de planos de trabalho durante a constru-
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica ção do Projeto Pedagógico, em que a Educação Especial não é um tópico
(MEC/SEESP, 2009). à parte da programação escolar;
Na perspectiva da educação inclusiva, o processo de reorientação de  o estudo e a identificação do problema pelo qual um aluno é
escolas especiais e centros especializados requer a construção de uma encaminhado à Educação Especial;
proposta pedagógica que institua nestes espaços, principalmente, servi-
ços de apoio às escolas para a organização das salas de recursos multi-  a discussão dos planos de AEE com todos os membros da
funcionais e para a formação continuada dos professores do AEE. equipe escolar; l o desenvolvimento em parceria de recursos e materiais
didáticos para o atendimento do aluno em sala de aula e o acompanha-
Os conselhos de educação têm atuação primordial no credenciamen- mento conjunto da utilização dos recursos e do progresso do aluno no
to, autorização de funcionamento e organização destes centros de AEE, processo de aprendizagem;
zelando para que atuem dentro do que a legislação, a Política e as Diretri-
zes orientam. No entanto, a preferência pela escola comum como o local  a formação continuada dos professores e demais membros da
do serviço de AEE, já definida no texto constitucional de 1988, foi reafir- equipe escolar, entremeando tópicos do ensino especial e comum, como
mada pela Política, e existem razões para que esse atendimento ocorra condição da melhoria do atendimento aos alunos em geral e do conheci-
na escola comum. mento mais detalhado de alguns alunos em especial, por meio do questio-
namento das diferenças e do que pode promover a exclusão escolar.

Conhecimentos Específicos 118

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
No caso do atendimento educacional especializado - AEE, por exem- O PPP de uma escola considera, no conjunto dos seus alunos, pro-
plo, as dimensões do INSTITUÍDO podem ser identificadas na existência fessores, especialistas, funcionários e gestores, as necessidades existen-
de leis, políticas, decretos, diretrizes curriculares que chegam à escola tes, buscando meios para o atendimento dessa demanda, a partir dos
definidas nos documentos oficiais, dando contornos à sistematização da objetivos e metas a serem atingidas. Ao delimitar os tempos escolares, o
oferta desse serviço na escola comum. Na dimensão do INSTITUINTE, PPP insere os calendários, os horários de turnos e contraturnos na orga-
muito pode ser criado nesse sentido: parcerias com setores da comunida- nização pedagógica escolar, atendendo às diferentes demandas, de
de para a implementação de Planos de AEE; organização dos horários de acordo com os espaços e os recursos físicos, humanos e financeiros de
oferta do AEE no horário oposto ao período escolar do aluno; projetos que a escola dispõe.
escolares interdisciplinares que incluam a necessidade da tecnologia No caso do AEE, por fazer parte desta organização, o PPP estipulará
assistiva - TA; planejamento para alterações na acessibilidade física da o horário dos alunos, oposto ao que freqüentam a escola comum e pro-
escola e assim por diante. porcional às necessidades indicadas no plano de AEE; e o horário do
Do ponto de vista intra-escolar, essas articulações mostram o impac- professor, previsto para que possa realizar o atendimento dos alunos,
to, os efeitos, a pertinência, os limites e mesmo as distorções dos atendi- preparar material didático, receber as famílias dos alunos, os professores
mentos que estão sendo oferecidos aos alunos nas turmas comuns de da sala comum e os demais profissionais que estejam envolvidos.
ensino regular e nos serviços de Educação Especial, entre os quais o Enquanto serviço oferecido pela escola ou em parceria com outra es-
atendimento educacional especializado - AEE. cola ou centro de atendimento especializado, o PPP estabelece formas de
No plano extra-escolar, quando a escola se articula a outros serviços avaliar o AEE, de alterar práticas, de inserir novos objetivos e de definir
da comunidade, os efeitos dessas articulações se irradiam e se fazem novas metas visando ao aprimoramento desse serviço. Na operacionali-
sentir junto às famílias e demais profissionais que atendem aos alunos, zação do processo de avaliação institucional, caberá à gestão zelar para
dando destaque à escola no seu entorno e na rede de ensino, pois fortale- que o AEE não seja descaracterizado das suas funções e para que os
ce a sua posição e representatividade no conjunto das demais unidades e alunos não sejam categorizados, discriminados e excluídos do processo
instituições filiadas à educação. avaliativo utilizado pela escola.
Há ainda certa dificuldade de se articular serviços dentro da escola. O O PPP define os fundamentos da estrutura escolar e deve ser coeren-
que se entende equivocadamente por articulação entre a Educação Espe- te com os propósitos de uma educação que acolhe as diferenças e, sendo
cial e a escola comum tem descaracterizado a interlocução entre ambas. assim, não poderá manter seu caráter excludente e próprio das escolas
Na perspectiva da educação inclusiva, os professores itinerantes, o refor- dos diferentes.
ço escolar e outras ações não constituem formas de articulação, mas uma
justaposição de serviços, que continua incidindo sobre a fragmentação
entre a Educação Especial e o ensino comum. 2.1.1. A ORGANIZAÇÃO E A OFERTA DO AEE
A efetivação dessa articulação é ensejada pela inserção do AEE no O Decreto Nº. 6.571, de 17 de setembro de 2008, que dispõe sobre o
Projeto Político Pedagógico das escolas. Uma vez considerado esse Atendimento Educacional Especializado, destina recursos do Fundo
serviço da Educação Especial como parte constituinte do Projeto, os Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB ao AEE de
demais eixos de articulação entre ensino comum e especial serão envolvi- alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
dos e contemplados, e o ensino comum e especial terão seus propósitos habilidades/superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular,
fundidos em uma visão inclusiva de educação. O PPP já contém em si as admitindo o cômputo duplo da matrícula desses alunos em classes co-
premissas dessa articulação, que podemos apreciar no que ocorre quando muns de ensino regular público e no AEE, concomitantemente, conforme
o AEE torna-se um de seus tópicos. registro no Censo Escolar.
Esse Decreto possibilita às redes de ensino o investimento na forma-
ção continuada de professores, na acessibilidade do espaço físico e do
2.1. O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E O AEE
mobiliário escolar, na aquisição de novos recursos de tecnologia assistiva,
De acordo com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para entre outras ações previstas na manutenção e desenvolvimento do ensino
o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, publicada para a organização e oferta do AEE, nas salas de recursos multifuncio-
pela Secretaria de Educação Especial SEESP/MEC, em abril de 2009, o nais.
Projeto Político Pedagógico da Escola deve contemplar o AEE como uma
As Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especia-
das dimensões da escola das diferenças. Nesse sentido, é preciso plane-
lizado (2009) reiteram que, no caso de a oferta do AEE ser realizada fora
jar, organizar, executar e acompanhar os objetivos, metas e ações traça-
da escola comum, em centro de atendimento educacional especializado
das, em articulação com as demais propostas da escola comum.
público ou privado sem fins lucrativos, conveniado para essa finalidade, a
A democracia se exercita e toma forma nas decisões conjuntas do co- oferta conste também do PPP do referido centro. Eles devem seguir as
letivo da escola e se reflete nas iniciativas da equipe escolar. Nessa normativas estabelecidas pelo Conselho de Educação do respectivo
perspectiva, o AEE integra a gestão democrática da escola. No PPP, sistema de ensino para autorização de funcionamento e seguir as orienta-
devem ser previstos a organização e recursos para o AEE: sala de recur- ções preconizadas nestas Diretrizes, como ocorre com o AEE nas escolas
sos multifuncionais; matrícula do aluno no AEE; aquisição de equipamen- comuns.
tos; indicação de professor para o AEE; articulação entre professores do
Conforme as Diretrizes, para o financiamento do AEE são exigidas as
AEE e os do ensino comum e redes de apoio internos e externos à escola.
seguintes condições:
No caso da inexistência de uma sala de recursos multifuncionais na
a) matrícula na classe comum e na sala de recursos multifuncional
escola, os alunos não podem ficar sem este serviço, e o PPP deve prever
da mesma escola pública;
o atendimento dos alunos em outra escola mais próxima ou centro de
atendimento educacional especializado, no contraturno do horário escolar. b) matrícula na classe comum e na sala de recursos multifuncional
O AEE, quando realizado em outra instituição, deve ser acordado com a de outra escola pública;
família do aluno, e o transporte, se necessário, providenciado. Em tal c) matrícula na classe comum e em centro de atendimento educa-
situação, destaca-se, a articulação com os professores e especialistas de cional especializado público;
ambas as escolas, para assegurar uma efetiva parceria no processo de d) matrícula na classe comum e no centro de atendimento educa-
desenvolvimento dos alunos. cional especializado privado sem fins lucrativos.
O PPP prevê ações de acompanhamento e articulação entre o traba- A organização do Atendimento Educacional Especializado considera
lho do professor do AEE e os professores das salas comuns, ações de as peculiaridades de cada aluno. Alunos com a mesma deficiência podem
monitoramento da produção de materiais didáticos especializados, bem necessitar de atendimentos diferenciados. Por isso, o primeiro passo para
como recursos necessários para a confecção destes. Além das condições se planejar o Atendimento não é saber as causas, diagnósticos, prognós-
para manter, melhorar e ampliar o espaço das salas de recursos multifun- tico da suposta deficiência do aluno. Antes da deficiência, vem a pessoa,
cionais, inclui-se no PPP a previsão de outros tipos de recursos, equipa- o aluno, com sua história de vida, sua individualidade, seus desejos e
mentos e suportes que forem indicados pelo professor do AEE ao aluno. diferenças.
Conhecimentos Específicos 119

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Há alunos que frequentarão o AEE mais vezes na semana e outros, dimento. Se ele identifica necessidade de comunicação alternativa para o
menos. Não existe um roteiro, um guia, uma fórmula de atendimento aluno, indica recursos como a prancha de comunicação, por exemplo; se
previamente indicada e, assim sendo, cada aluno terá um tipo de recurso observa que o aluno movimenta a cabeça, consegue apontar com o dedo,
a ser utilizado, uma duração de atendimento, um plano de ação que pisca, essas habilidades são consideradas por ele para a seleção e orga-
garanta sua participação e aprendizagem nas atividades escolares. nização de recursos educacionais e de acessibilidade.
Na organização do AEE, é possível atender aos alunos em pequenos Com base nesses dados, o professor elaborará o plano de AEE, defi-
grupos, se suas necessidades forem comuns a todos. É possível, por nindo o tipo de atendimento para o aluno, os materiais que deverão ser
exemplo, atender a um grupo de alunos com surdez para ensinar-lhes produzidos, a frequência do aluno ao atendimento, entre outros elementos
LIBRAS ou para o ensino da Língua Portuguesa escrita. constituintes desse plano. Outros dados poderão ser coletados pelo
professor em articulação com o professor da sala de aula e demais cole-
gas da escola.

Foto 1 - Mostra uma sala de recursos multifuncional e a professora


ensinando Língua Portuguesa escrita para crianças com surdez. Esse Foto 3 - Mostra um aluno com deficiência visual, utilizando os recur-
ambiente apresenta recursos visuais fixados na parede. sos da informática acessível.
Os planos de AEE resultam das escolhas do professor quanto aos re- c) Produzir materiais tais como textos transcritos, materiais didáti-
cursos, equipamentos, apoios mais adequados para que possam eliminar co-pedagógicos adequados, textos ampliados, gravados, como, também,
as barreiras que impedem o aluno de ter acesso ao que lhe é ensinado na poderá indicar a utilização de softwares e outros recursos tecnológicos
sua turma da escola comum, garantindo-lhe a participação no processo disponíveis.
escolar e na vida social em geral, segundo suas capacidades. Esse aten-
dimento tem funções próprias do ensino especial, as quais não se desti-
nam a substituir o ensino comum e nem mesmo a fazer adaptações aos
currículos, às avaliações de desempenho e a outros. É importante salien-
tar que o AEE não se confunde com reforço escolar.
O professor de AEE acompanha a trajetória acadêmica de seus alu-
nos, no ensino regular, para atuar com autonomia na escola e em outros
espaços de sua vida social. Para tanto, é imprescindível uma articulação
entre o professor de AEE e os do ensino comum.
Na perspectiva da inclusão escolar, o professor da Educação Especial
não é mais um especialista em uma área específica, suas atividades
desenvolvem-se, preferencialmente, nas escolas comuns, cabendo-lhes,
no atendimento educacional especializado aos alunos, público-alvo da
educação especial, as seguintes atribuições:
Foto 4 - Mostra uma aluna com paralisia cerebral em sala de aula co-
a) identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pe- mum, fazendo uso da prancha de comunicação alternativa.
dagógicos, de acessibilidade e estratégias, considerando as necessidades
específicas dos alunos de forma a construir um plano de atuação para
eliminá-las (MEC/SEESP, 2009).

Foto 5 - Exibe materiais produzidos com papel cartão para o ensino


de LIBRAS. Cada imagem é acompanhada do sinal de Libras e da palavra
em Língua Portuguesa.
d) Elaborar e executar o plano de AEE, avaliando a funcionalidade
Foto 2 - Mostra equipamentos e materiais pedagógicos para alunos com e a aplicabilidade dos recursos educacionais e de acessibilidade
deficiência visual. (MEC/SEESP, 2009). Na execução do plano de AEE, o professor terá
b) Reconhecer as necessidades e habilidades do aluno. Ao identi- condições de saber se o recurso de acessibilidade proposto promove
ficar certas necessidades do aluno, o professor de AEE reconhece tam- participação do aluno nas atividades escolares. O plano, portanto, deverá
bém as suas habilidades e, a partir de ambas, traça o seu plano de aten- ser constantemente revisado e atualizado, buscando-se sempre o melhor

Conhecimentos Específicos 120

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
para o aluno e considerando que cada um deve ser atendido em suas os Planos de AEE, o professor necessita dessa parceria em todos os
particularidades. momentos. Reuniões, visitas e entrevistas fazem parte das etapas pelas
e) Organizar o tipo e o número de atendimentos (MEC/SEESP, quais os professores de AEE estabelecem contatos com as famílias de
2009). O professor seleciona o tipo do atendimento, organizando, quando seus alunos, colhendo informações, repassando outras e estabelecendo
necessários, materiais e recursos de modo que o aluno possa aprender a laços de cooperação e de compromissos.
utilizá-los segundo suas habilidades e funcionalidades. O número de As parcerias intersetoriais e com a comunidade onde a escola está
atendimentos semanais/mensais varia de caso para caso. O professor vai inserida estão entre as prioridades do Projeto Político Pedagógico, pois a
prolongar o tempo ou antecipar o desligamento do aluno do AEE, confor- educação não é apenas uma área restrita aos órgãos do sistema educaci-
me a evolução do aluno. onal. Elas aparecem nas ações integradas da escola com todos os seg-
f) Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos mentos da sociedade civil e da sociedade política dos Municípios e Esta-
pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regu- dos com as escolas.
lar, bem como em outros ambientes da escola (MEC/SEESP, 2009). O Indicadores importantes das parcerias intersetoriais são as ações de-
professor do AEE observa a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos senvolvidas entre as escolas e as Secretarias de Educação, de Saúde,
na sala de aula, as distorções, a pertinência, os limites desses recursos Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário, Ministério Público,
nesse e em outros ambientes escolares, orientando, também, as famílias instituições, empresas e demais segmentos sociais. O PPP, ao propor
e os colegas de turma quanto ao uso dos recursos. essas parcerias, está consubstanciado em uma visão de complementação
O professor de sala de aula informa e avalia juntamente com o pro- e de alinhamento da educação escolar com outras instituições sociais.
fessor do AEE se os serviços e recursos do Atendimento estão garantindo No caso do AEE, faz parte do seu Plano a previsão, desenvolvimento
participação do aluno nas atividades escolares. Com base nessas infor- e avaliação de ações sincronizadas com a Saúde, Assistência Social,
mações, são reformuladas as ações e estabelecidas novas estratégias e Esporte, Cultura e demais segmentos. As parcerias fortalecem esse
recursos, bem como refeito o plano de AEE para o aluno. Plano, sem correr o risco de perder o foco no AEE, na medida em que a
participação de outros atores amplia o caráter interdisciplinar do serviço.

2.1.2. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O AEE


Para atuar no AEE, os professores devem ter formação específica pa-
ra este exercício, que atenda aos objetivos da educação especial na
perspectiva da educação inclusiva. Nos cursos de formação continuada,
de aperfeiçoamento ou de especialização, indicados para essa formação,
os professores atualizarão e ampliarão seus conhecimentos em conteúdos
específicos do AEE, para melhor atender a seus alunos.
A formação de professores consiste em um dos objetivos do PPP. Um
dos seus aspectos fundamentais é a preocupação com a aprendizagem
permanente de professores, demais profissionais que atuam na escola e
também dos pais e da comunidade onde a escola se insere. Neste docu-
Foto 6 - Mostra aluno no AEE aprendendo o uso do leitor de tela. mento, apresentam-se as ações de formação, incluindo os aspectos
g) Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as ligados ao estudo das necessidades específicas dos alunos com deficiên-
tecnologias da informação e comunicação, a comunicação alternativa e cia, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilida-
aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não des/superdotação. Este estudo perpassa o cotidiano da escola e não é
ópticos, os softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades exclusivo dos professores que atuam no AEE.
de orientação e mobilidade (MEC/SEESP, 2009). À gestão escolar compete implementar ações que garantam a forma-
h) Promover atividades e espaços de participação da família e a ção das pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, nas unidades de
interface com os serviços de saúde, assistência social e outros ensino. Ela pode se dar por meio de palestras informativas e formações
(MEC/SEESP, 2009). O papel do professor do AEE não deve ser confun- em nível de aperfeiçoamento e especialização para os professores que
dido com o papel dos profissionais do atendimento clínico, embora suas atuam ou atuarão no AEE.
atribuições possam ter articulações com profissionais das áreas da Medi- As palestras informativas devem envolver o maior número de pessoas
cina, Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia e outras afins. Também possível: professores do ensino comum e do AEE, pais, autoridades
estabelece interlocuções com os profissionais da arquitetura, engenharia, educacionais. De caráter mais amplo, essas palestras têm por objetivo
informática. esclarecer o que é o AEE, como ele está sendo realizado e qual a política
No decorrer da elaboração e desenvolvimento dos planos de atendi- que o fundamenta, além de tirar dúvidas sobre este serviço e promover
mento para cada aluno, o professor de AEE se apropria de novos conteú- ações conjuntas para fazer encaminhamentos, quando necessários.
dos e recursos que ampliam seu conhecimento para a atuação na Sala de Para a formação em nível de aperfeiçoamento e especialização, a
Recursos Multifuncional. proposta é que sejam realizadas ações de formação fundamentadas em
São conteúdos do AEE: Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e LI- metodologias ativas de aprendizagem, tais como Estudos de Casos,
BRAS tátil; Alfabeto digital; Tadoma; Língua Portuguesa na modalidade Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) ou Problem Based Learning
escrita; Sistema Braille; Orientação e mobilidade; Informática acessível; (PBL), Aprendizagem Baseada em Casos (ABC), Trabalhos com Projetos,
Sorobã (ábaco); Estimulação visual; Comunicação alternativa e aumenta- Aprendizagem Colaborativa em Rede (ACR), entre outras.
tiva - CAA; Desenvolvimento de processos educativos que favoreçam a Essas metodologias trazem novas formas de produção e organização
atividade cognitiva. do conhecimento e colocam o aprendiz no centro do processo educativo,
São recursos do AEE: Materiais didáticos e pedagógicos acessíveis dando-lhe autonomia e responsabilidade pela sua aprendizagem por meio
(livros, desenhos, mapas, gráficos e jogos táteis, em LIBRAS, em Braille, da identificação e análise dos problemas e da capacidade para formular
em caráter ampliado, com contraste visual, imagéticos, digitais, entre questões e buscar informações para responder a estas questões, ampli-
outros); Tecnologias de informação e de comunicação (TICS) acessíveis ando conhecimentos.
(mouses e acionadores, teclados com colmeias, sintetizadores de voz, Tradicionalmente os cursos de formação continuada são centrados
linha Braille, entre outros); e Recursos ópticos; pranchas de CAA, engros- nos conteúdos, classificados de acordo com o critério de pertencimento a
sadores de lápis, ponteira de cabeça, plano inclinado, tesouras acessíveis, uma especificidade, tendo sua organização curricular pautada num perfil
quadro magnético com letras imantadas, entre outros. "ideal" de aluno que se deseja formar. Estes modelos de formação estão
O desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem é fa- sendo cada vez mais questionados no contexto educacional e algumas
vorecido pela participação da família dos alunos. Para elaborar e realizar metodologias começam a surgir com a finalidade de romper com esta
Conhecimentos Específicos 121

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
organização e determinismo. Tais metodologias rompem com o modelo Especializado - AEE. Essas salas são organizadas com mobiliários,
determinista de formação, considerando as diferenças entre os estudantes materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipa-
e apresentando uma nova perspectiva de organização curricular. mentos específicos para o atendimento aos alunos público alvo da educa-
Zabala (1995) defende uma perspectiva de organização curricular ção especial, em turno contrário à escolarização.
globalizadora, na qual os conteúdos de aprendizagem e as unidades O Ministério da Educação, com o objetivo de apoiar as redes públicas
temáticas do currículo são relevantes em função de sua capacidade de de ensino na organização e na oferta do AEE e contribuir com o fortaleci-
compreender uma realidade global. Para Hernandez (1998), o conceito de mento do processo de inclusão educacional nas classes comuns de
conhecimento global e relacional permite superar o sentido da mera ensino, instituiu o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multi-
acumulação de saberes em torno de um tema. Ele propõe estabelecer um funcionais, por meio da Portaria Nº. 13, de 24 de abril de 2007.
processo no qual o tema ou problema abordado seja o ponto de referência Nesse processo, o Programa atende a demanda das escolas públicas
para onde confluem os conhecimentos. que possuem matrículas de alunos com deficiência, transtornos globais do
É neste contexto que surgem as metodologias ativas de aprendiza- desenvolvimento ou superdotados/altas habilidades, disponibilizando as
gem. Elas requerem uma mudança de atitude do docente. Uma delas salas de recursos multifuncionais, Tipo I e Tipo II. Para tanto, é necessá-
refere-se à flexibilidade diante das questões que surgirão e dos conheci- rio que o gestor do município, do estado ou do Distrito Federal garanta
mentos que se construirão durante o desenvolvimento dos trabalhos. Este professor para o AEE, bem como o espaço para a sua implantação.
processo permite aos professores e aos alunos aprenderem a explicar as As Salas de Recursos Multifuncionais Tipo I são constituídas de mi-
relações estabelecidas a partir de informações obtidas sobre determinado crocomputadores, monitores, fones de ouvido e microfones, scanner,
assunto e demonstra respeito às diferentes formas e procedimentos de impressora laser, teclado e colmeia, mouse e acionador de pressão,
organização do conhecimento. laptop, materiais e jogos pedagógicos acessíveis, software para comuni-
Essas propostas colocam o aprendiz como protagonista do processo cação alternativa, lupas manuais e lupa eletrônica, plano inclinado, mesas,
de ensino e aprendizagem e agrega valor educativo aos conteúdos da cadeiras, armário, quadro melanínico.
formação. Os conteúdos não se tornam à finalidade, mas os meios de
ensino. As metodologias ativas de aprendizagem têm como característica
o fato de se desenvolverem em pequenos grupos e de apresentarem
problemas contextualizados. Trata-se de um processo ativo, cooperativo,
integrado e interdisciplinar. Estimula o aprendiz a desenvolver os traba-
lhos em equipe, ouvir outras opiniões, a considerar o contexto ao elaborar
as propostas das soluções, tornando-o consciente do que ele sabe e do
que precisa aprender. Motiva-o a buscar as informações relevantes,
considerando que cada problema é um problema e que não existem
receitas para solucioná-los.
Entre as diversas metodologias, a Aprendizagem Colaborativa em
Redes - ACR, construída a partir da metodologia de Aprendizagem Base-
ada em Problemas, foi desenvolvida para um programa de formação
continuada a distância de professores de AEE. Seu foco é a aprendiza- Foto 7 - Mostra um aluno com deficiência física utilizando vocalizador
gem colaborativa, o trabalho em equipe, contextualizado na realidade do em sala de aula comum.
aprendiz.
A ACR é composta de etapas que incluem trabalhos individuais e co-
letivos. As etapas compreendem a apresentação, a descrição e a discus- As Salas de Recursos Multifuncionais Tipo II são constituídas dos re-
são do problema; pesquisas em fontes bibliográficas para favorecer a cursos da sala Tipo I, acrescidos de outros recursos específicos para o
compreensão do problema; apresentação de propostas de soluções para atendimento de alunos com cegueira, tais como impressora Braille, má-
o problema em foco; elaboração do plano de atendimento; socialização; quina de datilografia Braille, reglete de mesa, punção, soroban, guia de
reelaboração da solução do problema e do plano de atendimento; avalia- assinatura, globo terrestre acessível, kit de desenho geométrico acessível,
ção. calculadora sonora, software para produção de desenhos gráficos e táteis.
A proposta de formação ACR prepara o professor para perceber a
singularidade de cada caso e atuar frente a eles. Nesse sentido, a forma-
ção não termina com o curso, visto que a atuação do professor requer
estudo e reflexões diante de cada novo desafio. Finalizada a formação, é
importante que os professores constituam redes sociais para dar continui-
dade aos estudos, estudar casos, dirimir dúvidas e socializar os conheci-
mentos adquiridos a partir da prática cotidiana. Para contribuir com estas
ações, a internet disponibiliza várias ferramentas de livre acesso que
podem ser utilizadas pelos professores.
As tecnologias de informação e comunicação - TICs, em especial as
tecnologias Web 2.0, possibilitam aos usuários o acesso às informações
de forma rápida e constante. Elas permitem a participação ativa do usuá-
rio na grande rede de computadores e invertem o papel de usuário con-
sumidor para usuário produtor de conhecimento, de agente passivo para
agente ativo, o que pode ampliar as possibilidades dos programas de Foto 8 - Mostra materiais didático-pedagógicos integrantes das salas
formação pautados em metodologias ativas de aprendizagem. de recursos multifuncionais.
Estas e outras ferramentas possibilitam viabilizar a construção coleti- 1.1. CONHECENDO ALGUNS RECURSOS ACESSÍVEIS
va do conhecimento em torno das práticas de inclusão e, o mais importan-
te, socializar estas práticas e fazer delas um objeto de pesquisa. a) Jogo Cara a Cara: O objetivo do jogo é encontrar a outra cara
igual a que o outro participante tem em mãos. Crianças com cegueira têm
a possibilidade de encontrar os pares em função das texturas, e crianças
PARTE III com baixa visão, em função das cores contrastantes. O jogo foi feito em
1. SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS borracha e com retângulos em tamanho grande para permitir que crianças
com dificuldades motoras possam jogar. Dessa forma, o jogo permite a
As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços localizados nas
participação de todos.
escolas de educação básica, onde se realiza o Atendimento Educacional
Conhecimentos Específicos 122

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 9 - Mostra o jogo acessível cara a cara, feito de borracha recor-


tada em retângulos. Foto 13 - Mostra um teclado com colmeia para uso do aluno com difi-
culdades motoras.
b) Maquete da planta baixa: Uma maquete de planta baixa pode
ser confeccionada com diferentes materiais, como o papel cartão, o papel f) Mouse e acionador de pressão: O acionador de pressão, co-
camurça e outros. Esse material proporciona a percepção do ambiente, a nectado ao mouse, é utilizado por alunos com deficiência física. Por
orientação espacial e a mobilidade. exemplo, em casos em que os alunos apresentam amputação de braços,
o acionador poderá ser ativado com o queixo ou, se o aluno apresenta
dificuldades motoras nas mãos, o acionador poderá ser ativado com o
movimento do cotovelo.

Foto 10 - Mostra maquete da planta baixa de uma escola da rede pú-


blica de ensino. A maquete foi feita com material simples, como o papel
cartão e o papel camurça. Ela está sobre uma mesa. Três pessoas estão
sentadas e uma delas tateia a maquete.
Foto 14 - Mostra um mouse com o acionador de pressão conectado.
g) Aranha-mola: O recurso da tecnologia assistiva denominado
c) Máquina Braille Aranha-mola é produzido com um arame revestido, onde os dedos e a
caneta são encaixados. O objetivo deste recurso é estabilizar ou auxiliar
nos movimentos de pessoas com deficiência física nas atividades em que
utilizam lápis, caneta ou pincel.

Foto 11 - Mostra a professora do AEE ensinando o aluno com ceguei-


ra a usar a máquina de datilografia Braille.
d) Jogo da velha e dominó: Estes jogos são constituídos de peças
e tabuleiro em diferentes materiais, texturas, cores e formas geométricas
que permitem acessibilidade para alunos com cegueira ou com baixa
visão. Foto 15 - Mostra um aluno escrevendo com caneta encaixada na ara-
nha-mola.
Considerações Finais
A garantia de acesso, participação e aprendizagem de todos os alu-
nos nas escolas contribui para a construção de uma nova cultura de
valorização das diferenças. Este fascículo destacou em seus tópicos a
importância de se rever a organização pedagógica e administrativa das
escolas para que estas possam tornar-se espaços inclusivos.
Do ponto de vista da escola comum, ressaltou-se o papel do Projeto
Político Pedagógico como instrumento orientador desses espaços e a
participação e comprometimento dos professores na elaboração e execu-
ção desse Projeto. Quanto à Educação Especial, reiteramos a necessida-
Foto 12 - Mostra o jogo da velha e de dominó feito de madeira, em co- de de esta modalidade de ensino ser parte integrante do PPP, para que
res contrastantes. seus serviços possam ser implementados na perspectiva da educação
e) Teclado com colmeia: A colmeia é um recurso da tecnologia inclusiva, como prevê a Política Nacional da Educação Especial.
assistiva feita em acrílico transparente com furos coincidentes às teclas do O entrelaçamento dos serviços de Educação Especial, entre os quais
teclado comum. A colmeia facilita a digitação do aluno com dificuldade o Atendimento Educacional Especializado, conjuga igualdade e diferenças
motora. como valores indissociáveis e como condição de acolher a todos nas
Conhecimentos Específicos 123

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
escolas. As ações para consolidação do AEE exigem firmeza e envolvi- BRASIL. Ministério Público Federal. Procuradoria Federal dos Direitos do Ci-
mento de todos os que estão se empenhando para que as escolas se dadão. O acesso de pessoas com deficiência às classes e escolas comuns da rede
tornem ambientes educacionais plenamente inclusivos. regular de ensino. Brasília: MPF, 2003.
DISCHINGER, M.; BINS, V.; ELY, M. B.; MACHADO, R. Desenho universal
Nessa caminhada em favor de uma escola para todos, a educação
nas escolas: acessibilidade na rede municipal de ensino de Florianópolis. Florianó-
especial brasileira tem tomado decisões e iniciativas que surpreendem polis: SME, 2004.
pela ousadia de suas propostas e coerência de seus posicionamentos
FÁVERO, E. A. G. Direito das pessoas com deficiência: garantia de igualdade
com o que nossa Constituição de 1988 prescreve como direito à educa- na diversidade. Rio de Janeiro: WVA, 2004.
ção.
FÁVERO, E. A. G., PANTOJA, L. de M.; MANTOAN, M. T. E. O acesso de alu-
A possibilidade de inventar o cotidiano (CERTEAU, 1994) tem sido a nos com deficiência às escolas e classes comuns da rede regular. Ed. rev. e atual.,
saída adotada pelos que colocam sua capacidade criadora para inovar, Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004.
romper velhos acordos, resistências e lugares eternizados na educação. É FERRE, N. P. de L. Identidade, diferença e diversidade: manter viva a pergun-
a determinação e um forte compromisso com a melhoria da qualidade da ta. In.: LARROSA, J.; SKLIAR, C. Habitantes de Babel. Belo Horizonte: Autêntica,
educação brasileira que está subjacente a todas essas mudanças que 2001.
estão propostas pela Política atual da Educação Especial. GUATEMALA. Assembleia Geral, 29º período ordinário de sessões, tema 34
da agenda. Convenção interamericana para a eliminação de todas as formas de
discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência, 1999.
Referências
MACHADO, R. Educação especial na escola inclusiva: políticas, paradigmas e
AZANHA, J. M. P. Autonomia da escola: um reexame. In: Série Ideias, n.16, práticas. São Paulo: Cortez, 2009.
São Paulo: FDE, 1993.
MANTOAN, M. T. E. (Org.) O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis:
BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista Editora Vozes, 2008.
Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr 2002, nº. 19, p. 20-28.
MANTOAN, M. T. E. O direito de ser, sendo diferente, na escola. In: Revista de
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Estudos Jurídicos. Brasília: n.26, 2004.
Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2009. MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São
Paulo: Editora Moderna, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Inclusão: MANTOAN, M. T. E. (Org). Pensando e fazendo educação de qualidade. São
revista da educação especial, v. 4, n 1, janeiro/junho 2008. Brasília: MEC/SEESP, Paulo: Editora Moderna, 2001.
2008. MASETTO, M. T. Inovações Curriculares na Educação Superior. In; Anais do I
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, São Paulo: Editora Seminário "Inovações em Atividades Curriculares: experiências na Unicamp". São
Saraiva, 1998. Paulo: UNICAMP, 2007.
BRASIL, Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial. Atendimento
Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, nº 248, 1996. Educacional Especializado - Formação Continuada a Distância de Professores para
o Atendimento Educacional Especializado - Aspectos Legais e Orientações Peda-
CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, gógicas. Brasília: SEESP/MEC, 2007.
1994.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Básica. PRADIME -
GADOTTI, M. Uma escola, muitas culturas. In: GADOTTI, M.; ROMÃO, J. E. Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação, cadernos de textos,
(Org.) Autonomia da escola: princípios e propostas. São Paulo: Cortez, 1997. Brasília: SEB/MEC, 2006.
GALLO, S. Transversalidade e educação: pensando uma educação não disci- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Fundescola. Revisão de legislação para secre-
plinar. In: ALVES, N.; LEITE GARCIA, R. (Orgs.). O sentido da escola. 3ª.ed., Rio tários e conselheiros municipais de educação. 5 volumes, Brasília, 2005
de Janeiro: DP&A, 2002.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial. Educação
HALL, S. A identidade na pós-modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. Inclusiva - 4 volumes. Brasília: SEESP/MEC, 2004.
HERNANDEZ, F; VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad. Windyz B. Ferreira.
Trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998. Porto Alegre: Artmed, 2003.
LIBÂNEO, J. C., OLIVEIRA J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas, PINHEIRO, M. E. O Projeto Político Pedagógico e a formalização da gestão
estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. democrática. In: Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Coleção
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Decreto No 6.571, de 17 de setembro de 2008. Veredas - Guia de Estudo - Módulo 4. Volume 3. Belo Horizonte, 2003.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- SANTOS, B. S. Entrevista com o professor Boaventura de Souza Santos. Dis-
2010/2008/Decreto/D6571.htm>. Acesso em: 10 maio 2009. ponível em <http://www.dhi.uem.br/jurandir/jurandir-boaven1.htm>. Acesso em: 20
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Convenção sobre os Direitos nov 2005.
das Pessoas com Deficiência. Nova Yorque, 2006. SANTOS, M. T. T. Bem vindo à escola: a inclusão nas vozes do cotidiano. Rio
PEREIRA, S. M. Políticas de Estado e organização político-pedagógica da es- de Janeiro: DP&A, 2006.
cola: entre o instituído e o instituinte. Ensaio: avaliação de políticas públicas educa- SILVA, T. T. da. Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. 4.
cionais. Vol. 16. Rio de Janeiro, 2008, p. 337-358. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
SILVA, T. T. da. (Org.). Identidade e Diferenças. A perspectiva dos Estudos STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto
Culturais. Petrópolis: Vozes, 2000. Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
ZABALA, A. A Prática Educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998. VEIGA, I. P. (Org.) Escola: espaço do Projeto Político-Pedagógico. Campinas:
Papirus, 1998.
Para Saber Mais VEIGA, I. P. (Org.) Projeto Político-Pedagógico da escola: uma construção
possível. Campinas: Papirus, 1995.
BATISTA, C. A. M.; MANTOAN, M. T. E. Educação Inclusiva: Atendimento
Educacional Especializado para a deficiência mental. Brasília: MEC/SEESP, 2005.
BERSCH, R.; SCHIRMER, C. Tecnologia Assistiva no processo educacional.
In.: BRASIL. Ministério da Educação. Ensaios pedagógicos: construindo escolas
inclusivas: 1ª ed. Brasília: MEC, SEESP, 2005. Fascículo nº VI Recursos Pedagógicos
BRASIL. Ministério da Educação. Portal de ajudas técnicas para a educação: Acessíveis e Comunicação Aumenta-
equipamento e material pedagógico para a educação, capacitação e recreação para tiva e Alternativa – Brasília 2010
a pessoa com deficiência física recursos para a comunicação alternativa. Brasília:
MEC/SEESP, 2006.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Portal de Aos Leitores
ajudas técnicas para a educação: equipamento e material pedagógico para a Este fascículo parte de uma coleção sobre educação especial na es-
educação, capacitação e recreação para a pessoa com deficiência física - recursos
pedagógicos adaptados. Brasília: MEC/SEESP, 2006.
cola comum, que tem por objetivo desafiar gestores, professores do AEE

Conhecimentos Específicos 124

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
da escola comum, e alunos a repensarem a função dos recursos como Quais as necessidades específicas deste aluno, decorrentes da defi-
facilitadores do acesso à aprendizagem na escola e fora dela. ciência ou imposta pelo ambiente escolar?
Orientar os professores na seleção, confecção e indicação de recur- Como a família resolve os problemas decorrentes destas necessida-
sos pedagógicos acessíveis que dêem condições aos alunos de participa- des no ambiente familiar?
rem ativamente de todas as estratégias de ensino oferecidas pela escola, Que tipo de atendimento na área da saúde ou da educação o aluno já
eliminando as barreiras de qualquer natureza, que dificultem ou impeçam recebe e quais são os profissionais envolvidos neste atendimento?
a aprendizagem - eis o desafio que estamos propondo com este material.
Qual a impressão do professor da escola comum sobre o aluno?
Na primeira parte, dedicada aos recursos pedagógicos acessíveis,
procuramos apresentar, de forma clara e objetiva, os recursos de baixa e Como está organizado o plano pedagógico do professor comum e
de alta tecnologia, não como instrumentos capazes de, por si sós, eliminar quais são os objetivos educacionais e as respectivas atividades que ele
as barreiras encontradas pelas pessoas com deficiência para construírem propõe à sua turma?
aprendizagem, mas como facilitadores que, se usados com sabedoria, Quais as necessidades relacionadas a recursos pedagógicos ou de
criatividade e seleção adequada, contribuirão de maneira efetiva para o acessibilidade apontadas pelos professores para atingir os objetivos
bom desempenho acadêmico de seus usuários. propostos para o aluno?
Utilizando fotos e esclarecimentos sobre objetivos, materiais utilizados Como é a participação do aluno nas atividades propostas à sua turma
na sua confecção ou como adquiri-los, procuramos fornecer aos professo- da escola comum? Ele participa das atividades integralmente, parcialmen-
res as informações básicas para a sua utilização com sucesso. te ou não participa?
Na segunda parte, abordamos a comunicação aumentativa e alterna- Quais barreiras existem à participação e ao aprendizado do aluno nas
tiva como área da tecnologia assistiva que torna o aluno com impedimen- tarefas escolares e que poderão ser eliminadas com a utilização de recur-
tos na comunicação oral e/ou escrita mais participativo nas relações sos pedagógicos acessíveis?
comunicativas, podendo, assim, construir conhecimentos e ser avaliado Quais as condições de acessibilidade física da escola? Há rampas,
neste processo. banheiros adequados, sinalizações, entre outros?
Salientamos a importância da observação acurada do aluno para a Há auxílio de mobilidade para o aluno, tais como cadeira de rodas
seleção e indicação correta do recurso, e procuramos esclarecer a função simples ou motorizadas, bengalas, corrimões nas escadas, auxílio para
diferenciada do trabalho do professor do AEE e da escola comum na sua transferência da cadeira de rodas?
utilização.
Os materiais pedagógicos são adequados? Há lápis e canetas ajusta-
Procuramos mostrar que a parceria entre professor da classe comum, dos à condição do aluno, alfabeto móvel, pranchas com letras e palavras,
do atendimento educacional especializado e a família do aluno contribui computador, teclados e mouses especiais, acionadores, órtese de mão
para que os recursos cumpram a sua função: eliminar barreiras que impe- funcional para escrita e digitação, ponteiras de boca ou cabeça?
çam qualquer aluno, em qualquer ambiente e em todas as atividades
Com esses dados, o professor do AEE pode descrever a situação do
propostas pela escola, de participar, nas melhores condições possíveis, de
aluno na sala de aula e identificar suas necessidades; este é o primeiro
todas as atividades da escola comum.
passo para a elaboração do Plano de AEE e, consequentemente, para a
seleção e/ou construção dos recursos necessários.
1. RECURSOS PEDAGÓGICOS ACESSÍVEIS Outros pontos que devem ser observados com relação à utilização
A escola que acolhe e tira partido das diferenças busca construir cole- dos recursos, tanto na sala comum quanto no AEE são:
tivamente uma pedagogia que parte das diferenças dos seus alunos como Os recursos selecionados e colocados à disposição dos alunos estão
impulsionadoras de novas formas de organizar o ensino. atingindo os objetivos educacionais aos quais foram propostos?
Atendendo a essas diferenças, os recursos pedagógicos e de acessi- A utilização dos recursos está sendo acompanhada pelo professor do
bilidade colaboram para que pessoas com deficiência participem ativa- AEE, para a realização das adequações necessárias?
mente do processo escolar.
O aluno, usuário do recurso, está sendo ouvido com relação à funcio-
Os recursos podem ser considerados ajudas, apoio e também meios nalidade do mesmo?
utilizados para alcançar um determinado objetivo; são ações, práticas
Os recursos selecionados pelo professor do AEE para solucionar as
educacionais ou material didático projetados para propiciar a participação
dificuldades funcionais dos alunos podem ser de alta ou baixa tecnologia.
autônoma do aluno com deficiência no seu percurso escolar. Quando nos
referimos aos recursos de acessibilidade na escola, estamos falando em Recursos de baixa tecnologia são os que podem ser construídos pelo
Tecnologia Assistiva (TA) aplicada à educação, sob a forma de Atendi- professor do AEE e disponibilizados ao aluno que os utiliza na sala co-
mento Educacional Especializado (AEE). mum ou nos locais onde ele tiver necessidade deles.
A Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento e de atuação que Recursos de alta tecnologia são os adquiridos após a avaliação das
desenvolve serviços, recursos e estratégias que auxiliam na resolução de necessidades do aluno, sob a indicação do professor de AEE.
dificuldades funcionais das pessoas com deficiência na realização de suas Para descrever a utilização de recursos pedagógicos de acessibilida-
tarefas. de na escola, temos de estar atentos às características do aluno, à ativi-
A atual Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação dade proposta pelo professor e aos objetivos educacionais pretendidos na
Inclusiva propõe uma nova abordagem teórico-prática do ensino especial. atividade em questão.
Para exercer suas funções de acordo com os preceitos dessa nova orien- Diversas atividades exigem dos alunos competências como leitura,
tação, o professor de educação especial volta-se para o conhecimento do escrita, produção gráfica, manifestação oral, exploração de diversos
aluno. Para isso, ele precisa desenvolver a habilidade de observar e de ambientes e materiais. A dificuldade do aluno com deficiência para realizar
identificar as possíveis barreiras que limitam ou impedem o aluno de essas atividades acaba limitando ou impendido sua participação na turma.
participar ativamente do processo escolar. Precisa também aprender a
estabelecer parcerias que o apoiarão no atendimento a esse aluno.
1.1. PRODUÇÃO ESCRITA
O que é importante observar e registrar sobre os alunos para a identi-
ficação de necessidades, habilidades e dificuldades? Aprender a ler e a escrever é desafiador para qualquer aluno.
Um roteiro de perguntas pode nos ajudar na coleta de dados para se- Ao escrever, a criança estabelece novas relações com o meio, inter-
lecionar o recurso adequado às necessidades do aluno. naliza conceitos, expõe suas ideias, ressignifica seus conhecimentos a
respeito da língua escrita, registra-os e comunica-os. Segurar um lápis ou
Quem é o aluno? uma caneta da forma convencional e conseguir enxergar o que está sendo
Quais as principais habilidades manifestadas pelo aluno e/ou relata- escrito não é pré-requisito para aprender a escrever. A aprendizagem da
das por seus familiares? leitura e da escrita é conceitual e não mecânica.

Conhecimentos Específicos 125

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Muitas alternativas podem ser construídas para facilitar a preensão do Pranchas de letras são indicadas para o aluno que escolhe, letra a le-
lápis ou da caneta quando detectamos prejuízos na motricidade fina do tra, enquanto um colega, ou o professor realiza o registro da escrita.
aluno. Quando o aluno não consegue apontar a letra, alguém faz por ele o apon-
tamento (varredura das letras). Para escolher a letra, o aluno emite um
som, pisca ou faz qualquer outro sinal que possa ser compreendido como
a seleção da letra a ser escrita.

Foto 1 - Recurso que auxilia a escrita. Na imagem visualiza-se uma


bola de espuma furada com um lápis encaixado neste orifício.

Ilustração 5 - Soletração por apontamento de prancha de letras. Na


imagem, visualiza-se uma folha de fundo amarelo com letras pretas e
grandes (Prancha de letras). Ao lado está um desenho representativo de
uma mão apontando. O recurso é utilizado para que o aluno possa escre-
ver e comunicar o que deseja através do apontamento das letras na
prancha.

Alfabetos móveis de vários tamanhos e materiais que possam se fixar


por imã ou velcro são úteis na produção das primeiras palavras escritas.

Foto 2 - O aluno pega o lápis especial e escreve. Uma mão segura a


bola de espuma que molda-se facilmente a ela, facilitando a preensão.

Foto 6 - Alfabeto móvel de letras. A fotografia mostra um alfabeto mó-


vel em cubos de madeira formando a palavra BOLA. As letras móveis são
fixadas sobre uma tira de velcro, que está colada sobre uma cartolina
Foto 3 - Lápis e canetas engrossados. Na imagem um lápis e duas preta. O velcro facilita a aderência e a fixação de cada letra durante a
canetinhas estão engrossados com tubos de espuma, que originalmente formação da palavra.
servem para revestimento térmico de canos. Um elástico é costurado no
tubo de espuma para facilitar a fixação do lápis à mão e, em um dos
casos, o tubo de espuma é perfurado pelo lápis transversalmente, modifi-
cando-se assim a forma de preensão.

Foto 7 - Números móveis. Números emborrachados, em material


EVA, são fixados sobre uma tira de velcro, colada em cartolina preta. Na
foto, vê-se a representação da operação numérica 1 + 2 = 3.

Foto 4 - Acessório para preensão e limitação de movimentos involun-


tários. Na fotografia um aluno utiliza uma pulseira imantada e uma caneta Alunos cegos aprendem a escrita Braille; para isso, utilizam a reglete,
com engrossador de espuma. A folha é fixada sobre uma chapa de metal. a máquina Braille e o próprio computador com impressora Braille.
A pulseira com imã lhe auxilia na inibição de movimentos involuntários.

Conhecimentos Específicos 126

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 8 - Menino com dez anos, cego, utilizando máquina Braille. A


Foto 12 - Teclado de tamanho reduzido com acessório de uma caneta
imagem mostra um aluno utilizando sua máquina Braille durante o AEE.
que pode ser utilizada para facilitar a digitação. O objetivo deste teclado é
possibilitar aos alunos com diminuição na amplitude de movimento e
A escrita pode ser feita pelo computador através do apoio de órteses pouca força muscular a realizar atividade no computador.
nas mãos ou utilização de teclados especiais. Existem teclados expandi-
dos, reduzidos, programáveis de acordo com a sensibilidade e conteúdos
O aluno pode utilizar-se de teclados virtuais; nesse caso, as letras
das teclas.
aparecem na tela do computador e são por ele selecionadas de várias
formas, dependendo de sua habilidade. O acesso às letras acontece por
meio de mouses especiais ou acionadores. O acionador é uma chave que
realiza o "clique do mouse" e define a escolha da letra. Existem acionado-
res de pressão, de tração, de piscar, de sopro, de contração muscular e
outro. Com uma habilidade motora mínima, o aluno é capaz de selecionar
uma letra e escrever.

Foto 9 - Teclado convencional e órtese moldável. Aluno digita em te-


clado convencional utilizando uma órtese. Esta órtese é moldável, ajusta-
da e fixada à sua mão. Na ponta da órtese, local que toca as teclas, existe
uma ventosa de borracha que possibilita a aderência do recurso à tecla.

Foto 13 - Mouses especiais. Sete mouses de diferentes formatos, on-


de o direcionamento do cursor é feito com joystick ou manuseando-se
uma grande bola colocada sobre o mouse. Os botões de ativação do
clique e da tecla direita são dispostos no próprio mouse.

Foto 10 - Teclado coberto por uma colmeia de acrílico transparente. A


colméia é uma placa com furação coincidente às teclas e utilizada por
alunos com problemas de coordenação motora. Esse recurso tem o objeti-
vo de eliminar ou diminuir os erros de digitação.

Foto 14 - Dez acionadores de vários formatos e cores. Os acionado-


res podem ser colocados em diferentes partes do corpo que possuem
controle de pressionar, puxar, apertar, soprar etc., e têm a finalidade de
ativar o clique no mouse.

Foto 11 - Teclado expandido e programável em seu leiaute. Menino A tecnologia assistiva permite hoje que a escrita aconteça pelo sim-
de 11 anos utilizando o teclado onde aparece uma atividade de matemáti- ples movimento dos olhos. O aluno controla o deslocamento do cursor,
ca com numerais em tamanho ampliado, especialmente construída para levando-o para qualquer área do monitor, através do direcionamento do
resolver os problemas de baixa visão e de dificuldades motoras apresen- olhar; ao fixar o olhar em um ponto determinado, acontece o "clique" e a
tadas pelo aluno. escrita é produzida pela ativação de letras, em um teclado virtual.

Conhecimentos Específicos 127

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 15 - Menino de 8 anos e mouse especial em formato de uma gar-


rafinha. O mouse é colocado diante da boca e, através de movimento dos
lábios, o menino pode controlar o direcionamento do cursor. O clique da
tecla esquerda do mouse é feito pela sucção e o clique da tecla direita,
pelo sopro.

Ilustração 17 - Texto apoiado com símbolos representativos de cada


palavra. O texto fala sobre ecologia alertando para os perigos da poluição
e destruição da natureza. Cada palavra escrita (signo) é representada por
um desenho (símbolo). A palavra é escrita embaixo do desenho que a
representa. O texto foi construído em um software especial para escrita
com símbolos.

Foto 16 - Adolescente que controla o computador por movimento ocu-


lar. Através deste recurso o aluno controla o direcionamento do cursor,
pelo movimento dos olhos, e o clique é feito quando o cursor parar por um
determinado tempo, no local pretendido da tela.
Foto 18 - Fichas de palavras em várias cores e tamanhos, com a re-
Cabe ao professor do AEE constatar a necessidade do aluno selecio- presentação do objeto, em desenho. A primeira letra desta palavra é
nar o recurso adequado, oferecer oportunidade de aprendizagem, ensinar representada pelo alfabeto manual.
o manejo do recurso, encaminhá-lo à escola comum e orientar, tanto o
professor quanto os colegas, sobre como poderão interagir com o aluno
que utiliza este recurso. É importante lembrar que os recursos devem ser
avaliados e modificados para acompanhar as necessidades que surgem à
medida que o aluno realiza novas experiências na escola.

1.2. ACESSO À LEITURA


O ato de ler exige compartilhamento entre o professor, o aluno e seus
colegas.
O impedimento de acesso ao texto para alguns alunos se dá em ra-
zão da forma ou da mídia por meio da qual ele é comumente apresentado
na escola: livros, textos impressos, textos lidos na tela do computador,
textos escritos no quadro, nos cadernos dos colegas, etc.
Foto 19 - Criança de 8 anos, cega, utilizando um livro de história com
O meio pelo qual o texto é apresentado na escola pode limitar a aces- as imagens em relevo e texto em Braille, com o objetivo de possibilitar a
sibilidade do aluno com deficiência e privá-lo da participação nas aulas. A realizar atividades de leitura e interpretação.
dificuldade que um aluno encontra na leitura deve ser bem avaliada e
precisamos identificar se ela está, ou não, no formato como o texto foi
apresentado.
Alunos com impedimentos na expressão oral utilizam as pranchas de
comunicação para expressarem sua compreensão e interpretação daquilo
que está sendo lido. Os recursos devem sempre mediar a ação que se
realiza entre o aluno e o texto e possibilitar que o professor da classe
comum interprete o processo de aquisição de conhecimento que está
sendo construído pelo aluno e planeje suas intervenções.
O texto com símbolos apóia o aumento de vocabulário gráfico dos
alunos que utilizam a comunicação alternativa. Os alunos surdos, disléxi-
cos ou com outras dificuldades específicas na leitura podem ter o apoio
dos símbolos para compreensão das palavras e do seu sentido no texto. Foto 20 - Livro de história onde foram colados símbolos de comunica-
ção alternativa em seqüência, transcrevendo o texto em símbolos.

Conhecimentos Específicos 128

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 25 - Réguas Braille de vários tamanhos. Das réguas Braille,


emergem dinamicamente pontos sensíveis ao toque que formam o texto.
As réguas de Braille podem ser conectadas no computador ou ao leitor
Foto 21 - Prancha de comunicação com os símbolos utilizados na his- autônomo.
tória para serem utilizados nas atividades de interpretação e reconto.

Foto 26 - Ampliador de texto onde o livro é colocado em uma superfí-


Foto 22 - Virador de página automático onde o livro é fixado e a ação cie. O texto, ou imagem, é captado por câmeras para visualização amplia-
de virar a página é ativada por acionadores (pressão, sopro, ou qualquer da no monitor.
outra habilidade do aluno).

Foto 23 - Vocalizador especialmente desenvolvido para leitura de li- Foto 27 - Sistema de ampliação de texto onde uma câmera é manu-
vros. A cada página do livro, o aluno aciona um botão e escuta uma leitura seada pelo aluno, que passa o equipamento sobre o texto ou gravura e
que foi anteriormente gravada. este é ampliado na tela de um computador ou monitor de TV.

1.3. MANEJO DE FERRAMENTAS, PRODUÇÃO GRÁFICA E AR-


TÍSTICA
No cotidiano da escola, os alunos vivenciam experiências variadas.
Para o desenvolvimento das atividades ligadas às disciplinas escola-
res é comum o uso de tesoura, cola, papéis, tintas, materiais esportivos,
microscópio, tubos de ensaio, vídeos, etc.
Em cada uma destas situações, o aluno com deficiência necessita de
uma avaliação que tem por objetivo identificar a necessidade de se intro-
duzir um recurso diferenciado que lhe possibilite participar das atividades
com seus colegas.
Ao introduzir um recurso, o professor precisa ter clareza do objetivo
educacional que está sendo pretendido por meio daquela atividade. Não é
Foto 24 - Leitor autônomo. O texto a ser lido é colocado no leitor, o o resultado da execução da tarefa que deve ser avaliado, mas se o recur-
texto é escaneado e se transforma em voz ou pode ser percebido pelas so permitiu ao aluno participar da atividade e atingir o objetivo educacional
mãos, através das Réguas Braille. pretendido por ela.

Conhecimentos Específicos 129

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Por exemplo, quando o professor propõe ao aluno realizar uma pes-
quisa sobre um tema específico e expressar seu conhecimento através de
uma produção textual escrita, o resultado final esperado não é o texto em
si, mas o conhecimento adquirido após a pesquisa e este pode ser mani-
festado pelos alunos de várias formas. Um aluno com dificuldade motora e
impedimentos para escrever textos longos pode demonstrar o que apren-
deu por meio da fala; o aluno que não fala, pode expressar-se pela escrita
ou pelas pranchas de comunicação.
O projeto e os materiais utilizados na criação de recursos pedagógi-
cos devem levar em consideração as habilidades motoras, visuais, auditi-
vas e cognitivas do aluno. Os recursos são construídos de forma que o
aluno consiga manuseá-los, podendo assim participar das atividades Foto 31 - Aluno com 7 anos jogando bola com apoio de um andador.
variadas com sua turma.
Não somente os professores e colegas na escola, mas também a fa-
mília deve ser orientada sobre a maneira mais eficiente de utilizar os
recursos.

Seguem algumas sugestões de materiais escolares e pedagógicos


com acessibilidade:

Foto 32 - Ábaco confeccionado com caixa de papelão forrada com


papel de cor neutra, letras em EVA e palitos coloridos; tem por objetivo
facilitar as atividades de contagem e realização de operações matemáti-
cas.

Foto 28 - Tesoura elétrica que se ativa por um botão acionador permi-


tindo ao aluno com dificuldades motoras realizar atividades de recorte.

Foto 33 - Placas em EVA nas cores amarelo e azul, com a represen-


tação de cálculos matemáticos.

2. COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA (CAA)


2.1. O que é Comunicação Aumentativa e Alternativa e a quem se
Foto 29 - Modelos variados de tesouras com acessórios que facilitam Aplica
alunos com diferentes dificuldades motoras recortar.
Muitos alunos podem apresentar dificuldades na fala ou na escrita de-
vido a impedimentos motores, cognitivos, emocionais ou de outra ordem.
Essas restrições funcionais impedem os alunos com deficiência de ex-
pressar seus conhecimentos, suas necessidades, seus sentimentos, e é
bastante freqüente que as famílias e as pessoas em geral confundam tais
restrições com a impossibilidade de conhecer, de aprender, de gerenciar a
vida, de ser sujeito da própria história.
Alunos com paralisia cerebral e sem comunicação, surdocegos, aque-
les que possuem deficiência mental e dificuldades na fala e tantos outros
que estão limitados na interação com seus pares tornam-se passivos e
dependentes da atenção de adultos. É comum ver como as famílias,
cuidadores, amigos e também professores antecipam e atendem necessi-
dades, falam por, determinam o que é bom e importante para a outra
pessoa e esta, deixa de existir ou nem mesmo sabe que pode existir.
Outra conseqüência dessa dificuldade de expressar sentimentos é o
comportamento agressivo ou de rejeição do conhecimento que alguns
Foto 30 - Tubo de cola colorida que é engrossado com espuma de alunos podem manifestar, quando estão compreendendo tudo o que se
isolamento térmico para facilitar a preensão e alunos com dificuldades de passa ao redor, sem poder comunicar seus sentimentos e opiniões a
preensão. respeito.

Conhecimentos Específicos 130

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Os alunos com impedimentos na comunicação nem sempre partici-
pam dos desafios educacionais, porque os professores desconhecem 2.2. O QUE CONSIDERAR AO PROJETAR UM RECURSO DE CAA
estratégias e alternativas de comunicação. Para garantir a esses alunos 2.2.1. Vocabulário
meios de expressarem suas habilidades, dúvidas e necessidades, faz-se
necessário descobrir meios de compreender de que forma eles estão O vocabulário a ser utilizado por determinado aluno em seu recurso
processando e construindo conhecimentos . de comunicação deve ser previamente selecionado. A seleção desse
vocabulário leva em consideração dados da realidade concreta de cada
Como fazer para ampliar ou promover uma via alternativa de comuni- aluno, tais como: idade, grupo de convívio, as expressões naturalmente
cação para esses alunos? utilizadas por eles, as coisas que estão disponíveis em seu ambiente
Existe uma área de conhecimento chamada Tecnologia Assistiva familiar, social e escolar, os temas e conteúdos que estão sendo desen-
(TA), que trata da resolução de dificuldades funcionais de pessoas com volvidos na escola, a manifestação de necessidades que são individuais.
deficiência. A TA visa solucionar problemas de mobilidade, auto-cuidado, Para seleção do vocabulário é fundamental o envolvimento do aluno,
adequação postural, acesso ao conhecimento, produção de escrita entre dos familiares, dos professores, da equipe diretiva, dos funcionários da
outros. escola, dos colegas e de todos aqueles que estarão diretamente engaja-
A área da TA que se destina especificamente à ampliação de habili- dos na utilização deste recurso. O envolvimento dos vários parceiros de
dades de comunicação é denominada de Comunicação Aumentativa e comunicação no processo de escolha de vocabulário certamente facilitará
Alternativa (CAA). a compreensão e a aproximação dos mesmos na utilização posterior deste
A Comunicação Aumentativa e Alternativa é destinada a pessoas sem recurso, como demonstra a prancha abaixo.
fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade
comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever (BERSCH & SCHI-
RMER, 2005).
A CAA possibilita a construção de novos canais de comunicação,
através da valorização de todas as formas expressivas já existentes na
pessoa com dificuldade de comunicação. Gestos, sons, expressões faciais
e corporais devem ser identificados e utilizados para manifestar desejos,
necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: Sim, Não, Olá,
Tchau, Dinheiro, Banheiro, Estou bem, Tenho dor, Quero (determinada
coisa para a qual estou apontando), tenho fome e outras expressões
utilizadas no cotidiano.
Com o objetivo de ampliar ainda mais o repertório comunicativo que
envolve habilidades de expressão e compreensão, são organizados e
construídos recursos como cartões de comunicação, pranchas de comuni- Ilustração 34 - A ilustração apresenta uma prancha de comunicação
cação, pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio com símbolos representativos da escolha de um lanche, confeccionada de
computador que, dependendo da maneira como for utilizado, pode tornar- forma personalizada, com sistema de símbolos PCS, e com vocabulário
se uma ferramenta poderosa de voz e comunicação. de acordo com as preferências do aluno. Apontando estes símbolos o
Os recursos de comunicação de cada pessoa são construídos de for- aluno pode pedir ajuda, agradecer e escolher o que pretende comer ou
ma totalmente personalizada e levam em consideração várias característi- beber.
cas que atendem às necessidades deste usuário.

2.2.2. Símbolos gráficos


Bibliotecas de símbolos gráficos são especialmente confeccionadas e disponibilizadas para a construção de recursos de comunicação. São imagens
organizadas por categorias e que expressam idéias, sentimentos, ações, coisas, lugares, pessoas, temas de conhecimentos, entre outras possibilidades de
representação. Ao apontar para um símbolo gráfico, o aluno escolhe e expressa a mensagem que deseja comunicar.
Existem vários sistemas simbólicos que são conhecidos e aplicados internacionalmente como BLIS, REBUS, PIC, PCS e outros. Cada um possui ca-
racterísticas distintas e pode corresponder mais adequadamente à necessidade específica de um usuário em particular.

Ilustração 35 - A figura mostra a representação gráfica de três diferentes tipos de sistemas de símbolos. No sistema Bliss, estão representados os
símbolos MULHER, PROTEÇÃO e MÃE. Os símbolos são em preto e branco, abstratos e observa-se que a associação dos dois primeiros símbolos (MU-
LHER e PROTEÇÃO) forma o terceiro (MÃE). O sistema PCS, aqui representado em sua versão preto e branco, mostra símbolos de fácil compreensão e
nele estão representadas as palavras MÃE, CASA, DORMIR e FELIZ. O sistema PIC apresenta imagens em preto e branco, em alto contraste e de fácil
interpretação. No PIC visualizam-se as expressões MÃE, COMER e CAMINHÃO."

Um dos sistemas simbólicos amplamente utilizado no Brasil é o PCS, sigla que em português é traduzida por símbolos de comunicação pictórica. Uma
característica importante desse sistema simbólico é a sua transparência, ou seja, a sua capacidade de apresentar imagens que são facilmente reconheci-
das tanto por crianças quanto por adultos. A grande quantidade de símbolos disponíveis no formato colorido ou preto e branco e a representação de ex-
pressões mais abstratas são também qualidades desta simbologia.

Conhecimentos Específicos 131

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Ilustração 36 - Prancha com símbolos PCS na versão colorida. A imagem mostra mais um exemplo de prancha de comunicação, com símbolos PCS
coloridos. A prancha apresenta várias expressões sociais utilizadas para cumprimentar, fazer perguntas e outras que representam sentimentos como
FELIZ, TRISTE, COM FRIO, CALOR, DOENTE. Na parte inferior da prancha, estão os símbolos representativos de tempo verbal: PASSADO, PRESENTE
e FUTURO. Associando estes últimos símbolos aos demais, o aluno pode expressar que o conteúdo da sua comunicação está acontecendo, aconteceu e
irá acontecer.

Uma questão importante a ser considerada na escolha do sistema Qualquer que seja a fonte para a obtenção de símbolos gráficos, é
simbólico para o recurso de comunicação é a opinião do próprio usuário, importante que a escolha desse símbolo seja feita com o usuário, ou
que pode manifestar desinteresse por imagens mais infantis ou de difícil confirmada por ele, e a partir de então, seja padronizada. Isso significa
reconhecimento. que se escolhermos com um aluno uma determinada imagem para repre-
Outras alternativas de acesso a banco de imagens podem servir para sentar a expressão "família", esta imagem será aplicada toda vez que
a criação dos recursos de CAA personalizados como, por exemplo: foto- necessitarmos construir para ele uma prancha e incluir a palavra "família".
grafias digitais, escaneamento e digitalização de imagens, biblioteca de Tratando-se de um mesmo usuário, não devemos usar símbolos diferen-
figuras ou fotos capturadas em clipartes ou internet. As pranchas podem tes para a mesma expressão.
ser feitas sem símbolos, quando esta for a opção do usuário; nesse caso, Para alunos com dificuldades visuais é possível que uma determinada
utilizam-se letras e palavras escritas. simbologia colorida não seja indicada e que outro sistema de símbolos,
que valorize o contraste de cores preto e branco ou amarelo e preto, seja
mais eficiente. Para alunos cegos e surdocegos com impedimentos de
comunicação, os símbolos gráficos não são indicados. Nesses casos,
necessitamos, então, de outros sistemas simbólicos para a confecção das
pranchas tais como símbolos com textura, com escrita Braille, miniaturas,
partes de objetos ou objetos.

Foto 38 - Prancha de comunicação com miniaturas. Uma prancha de


comunicação foi criada a partir de miniaturas de frutas e serve para alunos
pequenos ou para aqueles com dificuldades visuais; tocando, podem
Ilustração 37 - Prancha de comunicação feita de letras. A prancha identificar e escolher a fruta que desejam comer. Visualizamos na prancha
apresentada é formada por letras, por palavras e expressões pré-escritas. miniaturas de LARANJA, UVA, ABACAXI, BANANA, PERA e MAÇÃ que
Na parte superior da prancha visualiza-se um breve texto com a apresen- são fixadas na folha através de velcro.
tação do usuário.
Conhecimentos Específicos 132

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O professor encarregado de produzir recursos de comunicação para símbolos, ou qualquer outro modelo de organizador para os cartões de
seu aluno deve ter uma boa organização e método de trabalho. Caso comunicação que podem ser criados para o professor, para que ele consi-
tenha a possibilidade de utilizar softwares específicos para a criação de ga acessar facilmente as alternativas de vocabulário necessárias à sua
recursos de comunicação, deve organizar sua biblioteca de imagens em comunicação com o aluno.
arquivos por categorias para ter facilidade de encontrar as figuras de que
necessita. Outra dica importante de organização é criar uma pasta, com o
nome do aluno, para guardar todo o material construído para ele. Pranchas de Comunicação
Uma prancha de comunicação apresenta, de forma organizada, um
conjunto de símbolos. Podemos ter uma prancha onde aparecem símbo-
2.2.3. Recursos de comunicação los que indicam o assunto do qual se pretende falar. Esta prancha pode
Um recurso de comunicação pode variar quanto ao formato, ao tama- ser chamada de índice ou prancha principal.
nho, à quantidade de mensagens que contém e quanto ao material utiliza- Cada símbolo da prancha índice pode ser desdobrado em outra pran-
do para sua confecção. cha temática. Por exemplo: se o aluno apontar em sua prancha índice o
Projetamos e construímos um recurso considerando-se as habilidades assunto "Preciso de ajuda" recorre a uma outra prancha chamada temáti-
motoras, sensoriais (visuais e auditivas) e cognitivas do usuário, bem ca, que apresentará os símbolos que se referem às ajudas necessárias
como a portabilidade e praticidade de uso. como: "sair da cadeira", "alcançar os óculos", "ir ao banheiro", "precisar de
São exemplos de recursos de comunicação, entre outros: cartões de remédio", "chegar mais perto" e outras. As pranchas temáticas abordam
comunicação, pranchas de comunicação, pastas de comunicação, cartei- temas específicos como alimentação, escolha de atividades, escolha de
ras de comunicação e chaveiros de comunicação, mesa com prancha, lugares, sentimentos, perguntas, um conteúdo específico que está sendo
colete de comunicação, agenda de comunicação, calendário e quadro de trabalhado em aula, etc.
atividades, vocalizadores e o próprio computador.

Cartões de comunicação
Os cartões de comunicação são confeccionados com vocabulário va-
riado e devem estar à disposição do usuário e dos parceiros de comunica-
ção.

Foto 39 - Cartões sobre um arquivo de símbolos. Visualiza-se um fi-


chário com vários cartões de símbolos, organizados por tipos e cores
(substantivos alaranjados, adjetivos azuis, verbos verdes, sujeitos amare-
los, expressões sociais em rosa e miscelâneas em branco).

Foto 40 - Cartões fixados na geladeira. Na imagem podemos ver car- Ilustração 41 - Prancha principal, ou índice, liga o tema AJUDAS à
tões de comunicação, com fundo em imã, que são fixados na porta da prancha temática AJUDAS NECESSÁRIAS. A imagem mostra duas
geladeira. O vocabulário é representativo do tema alimentação: EU QUE- pranchas de comunicação. A primeira, prancha índice possui símbolos
RO, QUERO MAIS, GELATINA, CHOCOLATE COM LEITE, BISCOITOS, representativos de assuntos como BRINCAR, COMER, BEBER, COM-
PÃO e SANDUÍCHE. PRAR, PRECISO DE AJUDA e outros. A segunda é uma prancha temáti-
ca que explora o assunto específico de AJUDAS NECESSÁRIAS e elen-
Na sala de aula, os cartões precisam ser acessados e organizados ca, através dos símbolos, as várias necessidades de apoio do aluno:
rapidamente, de forma que o aluno possa atuar, explorando e comunican- TIRAR ÓCULOS, BOTAR ÓCULOS, TENHO DOR, SAIR DA CADEIRA,
do temas pertinentes, no momento em que esses temas estão sendo entre outros. Ao apontar o símbolo PRECISO DE AJUDA, na prancha
trabalhados por todo o grupo. Nesse sentido percebemos a importância da índice, o aluno recorre à prancha temática de AJUDAS NECESSÁRIAS,
definição do vocabulário, de acordo com os conteúdos e atividades peda- que está em sua pasta de comunicação.
gógicas que serão realizadas pela turma e a criação de um fichário de

Conhecimentos Específicos 133

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pastas de comunicação
As pranchas são organizadas nas pastas de comunicação. Normal-
mente a prancha índice ou prancha principal posiciona-se na primeira
página e as demais ocupam as páginas seguintes. É recomendável estipu-
lar uma ordem na seqüência das pranchas temáticas e procurar mantê-la.
Com a localização consistente, o aluno memoriza a posição das pranchas
e passa acessá-las de forma mais rápida. Outra idéia é colocar nas folhas
das pastas abas que identificam o tema a ser explorado naquela prancha.

Foto 45 - No modelo de pasta de comunicação visualizado, está uma


pasta de sacos plásticos, com abas que indicam os assuntos. A pasta está
aberta no tema SENTIMENTOS. Aparecem símbolos como FELIZ, TRIS-
TE, COM FOME, COM SEDE, GOSTOSO, RUIM, DOENTE e CHATEA-
DO. Obedecendo a orientação de cores por assuntos, todos os símbolos
possuem contorno azul, por se tratar de símbolos descritivos ou adjetivos.

Fotos 42 e 43 - Duas pastas de comunicação com diferentes forma-


tos. Na primeira pasta, as folhas impressas com os símbolos são coloca-
das numa pasta comum com sacos plásticos. Pequenas abas verdes
indicam a mudança de temas entre as folhas. Na segunda pasta, as folhas
impressas foram plastificadas individualmente e encadernadas em espiral.
As abas que sinalizam mudanças de temas e vocabulários das páginas
mostram um símbolo representativo do tema de cada página.

Fotos 46 e 47 - Pastas de comunicação do tipo "cardápio". As pastas


visualizadas nesta imagem são do tipo "cardápio", com fechamento e
abertura semelhante a menu de restaurante, com impressão frente e
verso. Uma base rígida, com plástico transparente à frente, acolhe as
folhas impressas com os símbolos gráficos. Na primeira foto, observa-se
uma pasta tripla; na outra, uma pasta dupla. Ambas possuem um fecha-
mento do tipo "cardápio de restaurante" de onde se originou seu nome.

Carteiras de comunicação e chaveiros de comunicação


As carteiras do tipo "porta-documentos" podem ser uma ótima opção
para organizarmos os símbolos de comunicação em função da portabili-
dade.
Foto 44 - Pasta de comunicação em plano inclinado. A imagem mos- Outra alternativa que favorece a portabilidade é o chaveiro de comu-
tra uma pasta de comunicação em capa dura que aberta, pode ser apoia- nicação. Podemos organizar várias coleções de símbolos, incluindo voca-
da sobre a mesa permanecendo diante do aluno em plano inclinado. A bulário para ser utilizado na hora do recreio, na biblioteca, na educação
pasta ilustrada contém folhas plásticas, com oito bolsos transparentes, física, no supermercado e outros. O aluno porta seu recurso de comunica-
onde foram colocados cartões de comunicação que, neste exemplo, ção, que fica preso à sua roupa, utilizando-o quando for necessário.
trazem o vocabulário de meios de transporte.

Conhecimentos Específicos 134

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 48 - Carteira porta-documentos com fotos que contém vários


símbolos de comunicação. Os símbolos podem ser utilizados folhando-se Foto 51 - Colete feito de tecido sintético que adere bem ao velcro.
as páginas da carteira ou retirados e organizados diante do aluno para Cartões de comunicação ficam expostos na frente do colete do professor.
resolução de um tema específico de comunicação. Nesta imagem, o vocabulário representa partes do corpo humano.

Agenda de comunicação
A agenda de comunicação é um recurso criado para ampliar e qualifi-
car a comunicação do aluno na escola, na família. Com a agenda, o aluno
pode levar e trazer novidades e temas para serem compartilhados entre a
escola e a família.

Foto 49 - Chaveiro no qual é fixada uma coleção de símbolos de um


mesmo tema. O chaveiro tem boa portabilidade e permite ao aluno se
comunicar com facilidade em vários locais fora da sala de aula.

Mesa com prancha


Sobre a mesa da sala de aula ou sobre a mesa fixa na cadeira de ro-
das podemos colar uma prancha de comunicação e revesti-la com materi-
al plástico adesivo, favorecendo a conservação do material. A mesa é um
local de fácil acesso e a prancha permanece sempre próxima ao aluno.

Fotos 52 e 53 - Agenda de comunicação, confeccionada em papel e


EVA, e símbolos móveis que são fixados à agenda com velcro. Num dos
lados da agenda, são colocadas as novidades da escola, para que o aluno
as possa compartilhar com seus familiares. Na outra página, são coloca-
Foto 50 - Jovem com mesa fixada à cadeira de rodas com uma pran- dos os símbolos que falam das novidades da família e que serão comparti-
cha de comunicação fixada na mesa. Ao lado, outra jovem observa e faz a lhados na escola, com o professor e os colegas, por exemplo, na hora da
leitura das letras que ele identifica, uma a uma, para poder se comunicar. rodinha.

Colete de comunicação Como os símbolos são móveis a agenda é diariamente atualizada e a


O colete de comunicação pode ser utilizado pelo professor. Ele é con- comunicação entre escola e família pode acontecer por intermédio do
feccionado com um tipo de tecido onde o velcro adere. Cartões de símbo- aluno e de seu recurso de comunicação.
los, miniaturas de objetos, personagens de histórias, entre outros. são Calendários e quadro de atividades
preparados com velcro e fixados no colete do professor. Enquanto se
realiza a atividade de contar e interpretar uma história, os símbolos ficam É muito comum que os alunos e professores façam juntos o planeja-
à disposição do professor e dos alunos para que, havendo necessidade, mento das atividades que serão desenvolvidas durante o período de aula.
eles possam ser utilizados para fins de comunicação. Nesse caso também os símbolos de comunicação podem ser utilizados.

Conhecimentos Específicos 135

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 57 - Quatro pranchas de comunicação que ficam armazenadas


Foto 54 - Calendário confeccionado em feltro. Símbolos de comunica- no próprio vocalizador e que podem ser facilmente trocadas para alteração
ção representativos do mês, do dia da semana, da estação do ano, da do vocabulário de comunicação.
sensação térmica no dia, são fixados com velcro e atualizados sempre
que necessário.

Foto 58 - Vocalizador que é um computador específico para esta fun-


ção. Ele possui com um software onde as pranchas de comunicação
mudam automaticamente e sua tela é ativada pelo toque direto no símbo-
lo.

Foto 55 - Painel indicando o dia da semana e o mês. Ao lado estão


símbolos que a cada dia representam as atividades que serão desenvolvi-
das pela turma em sua programação: rodinha, leitura, brinquedo livre,
canto, lanche, entre outros.

Vocalizadores
Vocalizadores são recursos de comunicação que emitem voz gravada
ou sintetizada. Ao se tocar em um símbolo/botão/tecla ou ao se digitar
uma palavra, ouve-se a mensagem a ser comunicada. Existem vários
modelos de vocalizadores e eles diferem quanto à portabilidade, ao núme-
ro de mensagens, à forma de acesso às mensagens, à estética e ao
custo.
Com o vocalizador, o aluno pode conversar com seus colegas, fazer Foto 59 - Vocalizador portátil, que possui um teclado e um pequeno
perguntas, cumprimentar, fazer interpretações em teatro, responder per- visor, onde a mensagem digitada é lida, ao mesmo tempo em que é
guntas em uma avaliação, fazer suas escolhas, etc. falada.

Foto 60 - Vocalizador de duas mensagens gravadas que são facil-


mente modificadas. Um tampo de plástico transparente em cada um dos
Foto 56 - Vocalizador de voz gravada com capacidade de 5 pranchas
botões abriga o símbolo gráfico que representa a mensagem gravada.
de comunicação pré programadas. O vocalizador tem 12 teclas com
Nesse caso, o vocalizador está preparado para as mensagens SIM (botão
símbolos; quando a tecla é pressionada, ouve-se uma voz falando a
amarelo) e NÃO (botão vermelho).
mensagem correspondente ao símbolo.

Conhecimentos Específicos 136

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Computador
Através de software específico de comunicação alternativa é possível
construir pranchas de comunicação personalizadas e interligadas entre si
que podem ser utilizadas no próprio computador (que terá a função de um
vocalizador) ou em vocalizadores específicos que utilizam esses progra-
mas.
O usuário acessa a mensagem que deseja comunicar e esta é falada
por voz sintetizada ou gravada. O sistema garante acesso rápido a um
número indeterminado de mensagens e apresenta opções variadas de
acessibilidade.
Para exemplificar, imaginemos que o aluno selecione símbolo "brin-
car". No mesmo momento, ouve-se a mensagem: "quero brincar". Imedia-
tamente após a escolha e fala da mensagem, ocorre uma mudança auto-
mática dos símbolos na tela do computador e outra prancha, agora com as
opções de brinquedos e expressões utilizadas durante as brincadeiras,
aparece na tela, para que a conversação tenha continuidade dentro do Foto 62 - Mão de um aluno tocando o monitor sensível ao toque. O
assunto selecionado. símbolo escolhido executará a função de falar a mensagem selecionada.

Quando o aluno apresenta alterações motoras que dificultam a utiliza-


ção do mouse convencional, podemos optar por modelos alternativos
como joystick, mouse de membrana ou de esfera. Existem também dispo-
sitivos apontadores que direcionam o cursor do mouse seguindo o movi-
mento da cabeça ou dos olhos; nesse caso, a seleção da área desejada e
o clique acontecem pela manutenção do cursor em um ponto fixo do
monitor, durante um tempo pré-determinado.

Foto 63 - Diferentes modelos de mouses: em formato de esfera, tipo


joystick, membrana sensível ao toque.

Foto 64 - Aluno ativando o computador pelo movimento da cabeça.


Sobre o monitor localiza-se uma câmera que identifica um pequeno ponto
luminoso colado na testa do aluno. Ao mover a cabeça, ele controla o
deslocamento do cursor sobre a tela do computador. A ativação do clique
acontece no momento em que o cursor parar, por um tempo determinado,
na área que o aluno pretende ativar.

Quando as alternativas de acesso direto ao símbolo não forem bem


sucedidas, a escolha da mensagem a ser falada pode ser feita de forma
Ilustração 61 - Prancha de comunicação com símbolos que represen-
indireta, ou seja, por varredura.
tam vários assuntos. Uma seta sobre o símbolo BRINCAR mostra que
este está interligado com a outra prancha temática na qual aparecem No modo de acesso por varredura, um sinal visual ou auditivo seleci-
símbolos gráficos de brinquedos, jogos e outras expressões, a serem ona automaticamente os símbolos e o usuário realiza a escolha ativando
utilizados pelo aluno durante a brincadeira. Na prancha apresentada, o uma chave acionadora que é colocada em qualquer parte do corpo, sobre
usuário expressa que quer brincar de carrinho. a qual ele tenha controle.
Existem vários modelos de acionadores. Eles valorizam diferentes
habilidades do usuário, como a ativação pelo piscar, pelo soprar, pelo
A escolha da mensagem pode ser feita de forma direta, levando-se o
sugar, pela contração muscular, pela tração, pela pressão, entre outros.
cursor sobre o símbolo e realizando a seleção pelo clique, no botão es-
querdo do mouse. Outra forma de escolha direta é o toque sobre o símbo-
lo, em monitor com tela de toque.
Conhecimentos Específicos 137

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
aumentar a distância entre eles. Há que se considerar, porém, que essa
estratégia diminui o número de símbolos em cada prancha de comunica-
ção e que o usuário deve sempre ser consultado sobre o projeto de seu
recurso, pois a facilitação de acesso pode acabar restringindo a amplitude
do vocabulário. Caso a opção seja manter um maior número de símbolos,
pode-se recorrer a uma estratégia de seleção indireta. Nela, o apontamen-
to dos símbolos será feito por uma outra pessoa, chamada parceiro de
comunicação, que passa sua mão sobre a prancha, símbolo a símbolo, e
no momento em que a mensagem a ser dita for apontada, o usuário emite
um sinal que pode ser um gesto ou um som. Esta estratégia é chamada
varredura manual.

Foto 65 - Aluno com 7 anos, diante do computador, utilizando um aci- 2.3.2. Organização dos símbolos na prancha
onador, no formato de botão grande, com o qual executa o clique e faz a O planejamento da prancha é algo muito pessoal no que diz respeito
escolha do símbolo que pretende comunicar. ao vocabulário, ao sistema simbólico escolhido, ao tamanho e à disposi-
ção dos símbolos.
Normalmente, as várias pranchas dinâmicas, utilizadas no computa- Algumas dicas podem ser úteis, mas devem ser entendidas como su-
dor para a comunicação, são lincadas a um teclado virtual. gestões, pois deve-se priorizar o que for mais conveniente e funcional
No teclado virtual, as teclas de letras, de números e demais sinais fi- para o aluno.
cam visíveis no monitor e são selecionadas, uma a uma, produzindo a Ao planejar a disposição dos símbolos na prancha, podemos conside-
escrita e a voz. Dependendo do tipo de teclado virtual, o acesso às teclas rar uma ordem definida, da esquerda para a direita, em colunas de símbo-
pode acontecer de forma direta ou indireta (utilizando-se também a varre- los organizadas por categorias, representando expressões de sociabilida-
dura e acionadores). de (cumprimentos), pessoas (sujeitos), verbos, substantivos, descritivos
Com a utilização de um teclado virtual associado a uma prancha di- (adjetivos) e miscelânea (diversos símbolos que incluem letras, números,
nâmica de comunicação, a possibilidade de expressão autônoma de um artigos, interrogativos etc). Esse padrão assemelha-se à ordem da fala e
aluno com limitações na fala desaparece e seu vocabulário passa a ser escrita da língua portuguesa e poderá ser repetido em todas as pranchas
ilimitado. As mensagens que não encontram símbolos correspondentes na que tiverem mais de uma categoria de símbolos.
prancha de comunicação podem ser expressas através da escrita. Para facilitar a localização dos símbolos na prancha, utiliza-se tam-
bém a codificação por cores onde os símbolos que se referem às "expres-
sões sociais" possuem a borda ou fundo cor de rosa; os símbolos referen-
tes a "pessoas" são amarelos; os "verbos" são verdes; os "substantivos"
são alaranjados e os "adjetivos ou descritivos" são azuis. Todos os outros
símbolos que estão fora dessas categorias terão o fundo branco e um
contorno preto.

Ilustração 66 - Tela do computador onde está um teclado virtual. Te-


clas de letras e de funções são visíveis, bem como uma área de texto,
onde está escrita a produção do aluno. Na parte superior direita, chamada
área de predição, aparece uma lista de palavras. Digitando-se as letras
BIOL a lista de predição antecipa 5 palavras que começam com essas
letras. A palavra BIOLOGIA está selecionada e será digitada de forma Foto 67 - Prancha de comunicação temática para interpretação de um
mais rápida pelo aluno. livro de história onde aparecem símbolos coloridos nas bordas, e dispos-
tos na prancha em colunas, de acordo com a categoria a que pertencem
(pessoas, verbos, substantivos e descritivos).
2.3. OS SÍMBOLOS
2.3.1. Tamanho do símbolo
Outra dica para a confecção de pranchas é a localização consistente
Para determinar o tamanho do símbolo a ser utilizado por um usuário de símbolos que se repetem. Isto significa que alguns símbolos serão
da CAA é preciso considerar, principalmente, aspectos relativos à visão do encontrados nas várias pranchas de um mesmo usuário como, por exem-
usuário, às suas condições motoras, e à quantidade de vocabulário ne- plo, o "SIM" e o "NÃO" ou ainda a indicação "MUDE A PRANCHA PARA
cessário. MIM" ou "NÃO TEM AQUI O QUE QUERO FALAR". Para estes símbolos
Sempre que percebermos a dificuldade do aluno em reconhecer as deve-se ter o cuidado de escolher uma posição na prancha e repetir esta
imagens gráficas ou letras de sua prancha, deve-se encaminhar o aluno a posição em todas as outras pranchas em que eles são utilizados. Esta
um oftalmologista para fazer um diagnóstico adequado, auxiliando na estratégia facilita ao usuário a localização rápida de símbolos mais fre-
escolha da lente dos óculos (se for o caso) ou na identificação do tamanho quentemente utilizados.
e da cor ideal dos símbolos. Em alguns casos, a opção será trabalhar com
relevos, miniaturas ou objetos.
2.4. A CAA para Alunos com Surdocegueira e Deficiências Múltiplas
No caso de dificuldades motoras, pode acontecer que símbolos muito
Quando falamos em comunicação para pessoas surdocegas devemos
pequenos sejam difíceis de serem apontados diretamente pelo usuário,
lembrar que precisamos aproveitar sempre todos os sentidos remanescen-
em função de falta de coordenação ou presença de movimentos involuntá-
tes da pessoa surdocega, pois eles serão fundamentais na aprendizagem
rios. Nesses casos, podemos aumentar o tamanho dos símbolos ou
e na comunicação.
Conhecimentos Específicos 138

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Cada pessoa surdocega dispõe de um sistema de comunicação dife-
rente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de referência)
até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O importante é
que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno para
que possa interagir diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de
um guia-intérprete.
Alguns exemplos de recursos de comunicação mais específicos dos
alunos surdocegos e com deficiências sensoriais múltiplas serão apresen-
tados a seguir com ilustrações e textos que mostram sua funcionalidade.

Cadernos de Comunicação
O caderno de comunicação é utilizado para registro das atividades re- Foto 71 - Registro feito pelo aluno através de desenhos com caneta
alizadas pelo aluno e seu objetivo é desenvolver memória, a noção de hidrocor em papel dobradura.
tempo, a interação e a comunicação entre o aluno com surdocegueira ou
com deficiência múltipla e seus familiares. O caderno é confeccionado
com o aluno e na capa há referências do aluno com seu nome, desenho,
foto ou objetos de referência.

Foto 72 - Caderno com registro das atividades feito com colagem do


material utilizado na atividade e desenho de contorno.

Caderno de receitas
Atividades podem ser registradas no seu caderno, passo a passo co-
Foto 68 - Caderno de comunicação. A capa mostra um desenho que mo, por exemplo, uma receita a ser desenvolvida pelo aluno com os
representa o aluno e seu nome em letras grandes e contrastantes com o colegas. Abaixo uma foto ilustrando um sistema simbólico.
fundo da capa.

Foto 69 - Caderno com registro de atividades vivenciadas pelo aluno. Fotos 73 - Registro de receitas feitas com colagem de cartões de co-
Este registro foi feito em hidrocor (favorecendo a visualização). municação que utilizam os símbolos COMPIC (sistema australiano de
comunicação alternativa).

Foto 70 - Cadernos com referência. Registro feito com a colagem do Foto 74 - Cartaz com registro de receita com desenhos de contorno
material (saquinho de pão) que foi utilizado na atividade. cujas cores contrastam com o fundo.

Conhecimentos Específicos 139

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO

Foto 75 - Registro feito com uma seqüência de fotografias tiradas du-


rante a realização da atividade de confecção de uma receita.
Foto 77 - Cartões de papelão, revestidos em papel azul marinho ou
amarelo forte, sobre os quais estão colados pequenos objetos de referên-
Sistemas de Calendários
cia: garfo, escova de dentes, cola.
O sistema de calendários é utilizado para favorecer a conversação e
dar oportunidade para compartilhar as informações do mundo; seu princi-
pal objetivo é favorecer a participação social dos alunos com surdoceguei- Cartões com desenho de contorno
ra e com deficiência sensorial múltipla no meio no qual estão inseridos, Os cartões com desenho de contorno favorecem a visualização e re-
fazendo uso de um sistema eficiente de comunicação. conhecimento dos símbolos. Utilizando tinta plástica ou emborrachada, a
percepção tátil também é favorecida.
Comunicação e Tipo de Símbolos
Objeto de Referência
Um objeto referência é um objeto concreto que será utilizado para an-
tecipar as ações do dia. No exemplo da fotografia que segue temos: uma
caneca, representando o café da manhã; o creme hidratante, antecipa a
atividade que trabalha o esquema corporal; a bolsa significará a ação de
ir até a padaria para comprar o suco; o prato de plástico indicará o almoço
e a escova de cabelo, pasta de dente e escova de dente antecipará a
higiene bucal e pessoal.

Foto 76 - Objetos concretos são dispostos em seqüência, numa caixa


com diversos compartimentos, onde cada objeto antecipa as atividades
que serão realizadas nesta ordem durante o dia. Visualiza-se uma caixa
vermelha com vários compartimentos em seqüência. Objetos de referência
são colocados nos compartimentos, na ordem seqüencial das atividades
que serão desenvolvidas: caneca (café da manhã), creme (atividade de
esquema corporal), sacola de compras (ir à padaria), prato plástico lanche
ou almoço) e material de higiene (fazer higiene pessoal).

Foto 78 - Cartões com desenho de contorno e relevo nas cores ver-


Objeto de Referência Desnaturalizado melha e preta que significam a hora do lanche (jarra) e a aula de culinária
O objeto de referência pode ser colado em cartão de papelão ou ma- (espremedor de frutas).
deira e permite o pareamento com o objeto real que será utilizado na hora
da atividade, favorecendo o reconhecimento e a identificação.
Cartões com Desenhos, Braille e Desenho de Libras
Na ilustração abaixo, vemos alguns exemplos como: o cartão com ro-
lo do papel higiênico, utilizado para a solicitação para ir ao banheiro, numa Nos cartões as figuras podem ser acompanhadas pela escrita em
atividade que visa o controle de esfíncter; o cartão com o saco de suco Braile e a indicação dos sinais de LIBRAS. No exemplo que segue, o
utilizado na hora do preparo do suco para almoço; o cartão com o garfo símbolo da "Escola" antecipa para onde o aluno vai e o símbolo da "Crian-
para indicar a hora do almoço; o cartão com a escova de dente para ça desenhando" antecipa a atividade de que ela participará na aula de
indicar a higiene após o almoço; o cartão com as colas coloridas antecipa artes.
a aula de artes e o cartão com miniatura do banco sueco indica a hora da
Educação Física.
Conhecimentos Específicos 140

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
2.5. O TRABALHO COM A CAA
Um trabalho de comunicação alternativa tem início logo que se mani-
festa uma defasagem entre a habilidade de uma pessoa em se comunicar
e a necessidade imposta pelo meio e pelas relações que ela estabelece
ou deseja estabelecer com os outros. A CAA contribui para ampliar uma
comunicação já existente e limitada ou, ainda, como uma alternativa,
quando a fala não existe.
O trabalho de comunicação alternativa tem uma característica inter-
disciplinar em função dos vários aspectos implicados nesta prática, como
o desenvolvimento da linguagem, as aptidões sensoriais, cognitivas,
emocionais e motoras (posicionamento e acesso). Por este motivo a CAA
integra, em rede de trabalho, os professores a outros profissionais como
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas. A
Foto 79 - Cartões com desenhos, Braille e desenho de LIBRAS de parceria com esses profissionais é fundamental para que os atendimentos
uma escola e uma menina desenhando. sejam integrados, complementados e potencializados. A família e o usuá-
rio da comunicação alternativa farão parte da equipe que planeja, elabora
e executa intervenções para que a comunicação seja aprimorada entre
2.4.1. Formas de Comunicação para Alunos Cegos e Surdocegos
todos.
2.4.1.1. Formas de Comunicação Dinâmicas
O professor do AEE está focado, principalmente, na identificação de
As formas de comunicação dinâmicas favorecem a espontaneidade, a
barreiras de comunicação oral e escrita que limitam o acesso de seu aluno
comunicação é imediata, temos informação e assistência. Um exemplo de
ao conhecimento e a aprendizagem, no ambiente escolar. Assim como
comunicação dinâmica é a Língua de Sinais.
tudo o que acontece na escola, o trabalho da comunicação alternativa terá
repercussão e envolverá também o contexto de vida real do aluno, apoi-
ando seu desenvolvimento e preparo para a vida.
Os recursos de comunicação e recursos pedagógicos que utilizam es-
tratégias da CAA são confeccionados pelo professor do Atendimento
Educacional Especializado, que ensina o seu aluno a usar e a usufruir as
ferramentas de CAA na escola e fora dela. O professor de AEE realiza seu
trabalho em estreita parceria com o professor da escola comum, com a
família e com outros profissionais, que atuam conjuntamente no caso.
Como devemos começar um trabalho de CAA? Como ensinar uma
criança a utilizar a CAA?
Foto 80 - Professora ensina a seu aluno com surdocegueira de 7 anos
a comunicação em língua de sinais. Desde a primeira infância, a criança está envolvida em relações de
comunicação. Falamos com ela, usamos palavras para identificar e nome-
ar objetos, acontecimentos, sentimentos. Da mesma forma que uma
2.4.1.2. Formas de Comunicação Estáticas criança aprende a se comunicar de forma natural e contextualizada com
Nas formas de comunicação estáticas, o vocabulário fica disposto pa- sua realidade, quando pretendemos introduzir e aprimorar formas alterna-
ra ser acessado pelo aluno e pode ser: tivas de comunicação, aproveitamos as situações naturais de comunica-
Tridimensional (objetos, um símbolo tátil) ção, dentro de seus contextos reais de vida.
Duas dimensões (desenho, fotografia, uma palavra impressa Todos nós nos comunicamos por meio de expressões faciais e corpo-
rais, sinais manuais, tonalidades de voz, pela escrita, pela fala, pela arte.
Quando falta a fala, valorizamos as demais formas de a pessoa expressar
seus sentimentos, necessidades, conhecimentos e promovemos o acesso
às relações sociais. Isto não significa que deixamos de lado o estímulo ao
desenvolvimento da fala. Ao contrário, ela é apoiada e provocada o tempo
todo, por meio da ampliação de oportunidades e desafios ao desenvolvi-
mento da linguagem, oportunizados pela CAA.
Para iniciar o trabalho de CAA, precisamos nos colocar à disposição
para conversar com o aluno que não fala e prestar atenção em suas
reações, falar para ele o que estamos compreendendo sobre suas rea-
ções. Uma boa dica para iniciar a conversação por meio da CAA é apro-
veitar dos objetos concretos que temos na nossa volta ou de situações
Foto 81 - Cartão com uma miniatura de ônibus exemplifica uma forma
que proporcionam a iniciação e continuidade de um diálogo.
tridimensional de símbolo de comunicação.
Para exemplificar, contaremos a história do primeiro contato de Mari-
ana com sua professora de AEE.
Mariana entra na sala com sua mãe que, depois de se apresentar e
apresentar sua filha, pede licença para sair. Mariana e a professora Lúcia
ficam sozinhas. Lúcia observa Mariana e começa a dizer para ela que está
muito feliz em conhecê-la, que tem muitas curiosidades e gostaria de
saber das coisas que a Mariana gosta de fazer, de brincar, com quem
gosta de estar e outras coisas mais. Lúcia também fala de si e das coisas
de que gosta. Enquanto fala e mostra a Mariana os brinquedos, os livros
de histórias e demais materiais que estão na sala, a professora Lúcia
percebe que a menina está atenta e sinaliza isto com o sorriso. Quando
Mariana realmente gosta de algo que vê expressa, não só um sorriso, mas
usa todo o seu corpo e emite um som parecido com um grito. A professora
Foto 82 - Desenhos de contorno representam formas bidimensionais Lúcia ao perceber as reações da menina, diz a ela o que "lê" do compor-
de símbolos de comunicação. tamento da aluna:

Conhecimentos Específicos 141

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
- Nossa Mariana! Você gostou muito deste livro de história! Você está naturais e do cotidiano; utilizando os objetos concretos do ambiente,
me falando que gosta de histórias? introduzindo gradualmente cartões de comunicação e posteriormente
Mariana volta a sorrir e emitir um som afirmativo. pranchas temáticas. O trabalho evoluirá à medida que o aluno, seus
familiares, professores e colegas também se aproximarem e aproveitarem
A professora pergunta se a Mariana gostaria de escutar uma história. positivamente da oportunidade de utilizar as estratégias e recursos de
Mariana solta um grito forte de alegria, sua cabeça volta-se para cima comunicação.
e seu corpo reage. A vivência da comunicação por meio de temas motivadores, como a
A Professora Lúcia pega um símbolo gráfico que representa o SIM e escolha de brinquedos, do que gostaria de comer, onde quer ir passear,
outro que representa o NÃO. Cola-os em uma folha de papel diante de qual amigo deseja visitar ou outros, poderá ser um bom começo para o
Mariana. Em seguida, toma dois fantoches e a história começa: aluno que não fala iniciar a compreensão de que o símbolo pode expres-
Um menino e uma menina se encontram e devem decidir juntos sobre sar aquilo que, no momento, ele não consegue dizer de outra forma.
o que vão brincar. Os fantoches conversam e falam coisas engraçadas. É muito importante considerarmos que a comunicação não depende
Mariana ri muito e segue atentamente a história e o movimento dos fanto- de treinamento e não é algo que se condiciona, mas que se vivencia.
ches. Sempre que as crianças precisam tomar uma decisão utilizam os Como selecionar recursos de CAA necessários a cada aluno e a
símbolos SIM e NÃO. O menino pergunta para a menina: quem cabe esta tarefa?
- De que vamos brincar? Assim como nos recursos pedagógicos de acessibilidade, os recursos
A menina responde que quer brincar de fazer compras. O menino de CAA devem ser selecionados a partir da avaliação do contexto real do
imediatamente diz que NÃO, apontando para o símbolo gráfico. Ele convi- aluno e do registro das possíveis barreiras a serem eliminadas. Um pro-
da a menina para jogarem bola e desta vez é a menina que corre até o fundo conhecimento do aluno, do seu contexto familiar e social e das
símbolo, para dizer NÃO. tarefas a serem realizadas na escola e fora dela possibilitarão a tomada
As personagens brincam e conversam muito, utilizando sempre os de decisões sobre qual recurso de comunicação será necessário para
cartões durante todo o decorrer da história. aquele aluno, naquele momento.
No final, depois de muitas gargalhadas e gritos da Mariana, a profes- O professor do AEE, que deve estar em contato direto com o aluno,
sora Lúcia pergunta para a menina se ela gostou da história. Imediata- pode coordenar este processo, solicitando à família, aos professores da
mente a Mariana leva o olhar e a mão em direção ao símbolo do SIM. escola comum e aos outros profissionais que atendem a esse aluno todas
as informações que entender necessárias.
A professora pergunta para ela se em casa sua mãe lhe conta histó-
rias. Mariana fica com a expressão séria, levanta a cabeça e olha para o Ao professor de AEE caberá investigar no aluno:
NÃO. Quais as formas de comunicação que ele já utiliza?
Lúcia pergunta a Mariana se gostaria de conversar com a mãe e pedir Quais são seus temas de interesse?
a ela que lhe contasse histórias. Mariana grita e aponta para o SIM. Com quem ele se comunica?
A professora começa então a perguntar tudo aquilo que no início de Quando ele se comunica?
seu encontro com a aluna manifestou interesse de conhecer. Perguntou-
lhe se tinha irmãos e Mariana disse que SIM. Se era menino ou menina, Quando ele não se comunica?
se era grande, pequeno, se a Mariana gostava de brincar com sua irmã, Quais são suas habilidades sensoriais visuais e auditivas?
se morava longe, se gostava da escola. Fazendo perguntas cujas respos- Quais são as suas habilidades motoras e que serão utilizadas para
tas poderiam ser SIM ou NÃO, a professora Lúcia pode conhecer muito acessar os recursos de comunicação?
sobre a vida de Mariana.
Como é sua condição cognitiva e seu envolvimento com o aprendiza-
Quando a mãe retornou para buscar sua filha, a professora Lúcia con- do?
tou-lhe da alegria de conhecer a Mariana. Disse que ela havia lhe falado
sobre a irmãzinha menor e de como gostava de olhar, quando a mamãe Ele está desejoso de se comunicar com os outros?
trocava a fralda dela. Mariana referiu que gostaria de ajudar sua mãe Sobre o contexto do aluno, o professor do AEE fará uma observação
nessa tarefa. Disse também que morava longe, pegava dois ônibus para relativa aos parceiros de comunicação do aluno e aos recursos que ele já
chegar à escola que gostava da escola, porque tinha muitos amigos e a utiliza. São parceiros de comunicação do aluno os familiares, amigos,
sua professora. professores, colegas e toda a equipe da escola.
A mãe se surpreendeu e perguntou à Professora Lúcia como a Maria- Quem são os parceiros de comunicação?
na havia falado tudo aquilo. Que temas os parceiros de comunicação consideram importantes pa-
A professora mostrou os cartões, a mãe admirou-se e neste momento ra estabelecer em comunicações com o aluno?
tornou-se sua grande aliada na CAA. Qual é o vocabulário usual entre os colegas e amigos?
No final do encontro, Mariana estava inquieta, demonstrando querer O que já está sendo utilizado de CAA e quais são os resultados obti-
dizer alguma coisa. A mãe lhe perguntou o que estava acontecendo. dos?
Mariana olhava para a mãe e para a professora e mantinha-se agitada,
Quais os recursos e conhecimentos necessários aos parceiros de
incomodada.
comunicação para que se relacionem com o aluno?
A professora perguntou:
Como será a comunicação entre o professor da sala comum e o pro-
- Você quer que eu fale alguma coisa a mais para sua mãe? fessor do AEE para que um trabalho integrado seja possível, tendo-se em
Mariana olhou para o SIM. vista o vocabulário e outros recursos para facilitar o entendimento dos
- Está nesta sala o que você deseja mostrar à sua mãe? conteúdos escolares?
Mariana sorriu, emitiu um grito e olhou para os fantoches. Sobre as tarefas e desafios de comunicação que o aluno enfrenta no
ambiente escolar:
Lúcia lembrou-se de que Mariana havia referido que ela queria que a
mãe lhe contasse histórias, em casa. Quando a professora Lúcia disse O que consta no plano de ensino do professor para a turma toda?
isto, Mariana deu um grito muito alto, expressando grande alegria - seu Quais são os objetivos de aprendizagem?
corpo movimentou-se por inteiro e não restava dúvida de que a comunica- Quais os conteúdos a serem desenvolvidos e de que forma serão ex-
ção entre elas havia alcançado grande sucesso. plorados pelo professor para toda a turma?
A partir deste relato percebemos que o trabalho da CAA inicia-se no Quais são as barreiras de comunicação que impedem ou limitam a
momento em que estamos dispostos a nos relacionarmos com o aluno, participação do aluno nas atividades escolares?
prestando muita atenção nas suas reações, aproveitando as situações

Conhecimentos Específicos 142

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Como é feita a avaliação da aprendizagem dos alunos? Quais as difi- professores comuns ou o professor do atendimento educacional especiali-
culdades do professor em avaliar o aluno? zado - AEE?
Com base nessa avaliação, o professor do AEE continua seu traba- As atividades escolares são planejadas pelo professor da classe co-
lho, envolvendo todos os seus parceiros. Em alguns casos, ele buscará mum para todos os seus alunos e os professores do AEE identificarão as
ajudas e conhecimentos necessários com outros profissionais, para que barreiras de participação, selecionarão, confeccionarão ou ajudarão na
possa definir o melhor recurso de CAA e como poderá ser mais facilmente aquisição dos recursos que permitirão aos alunos com deficiência a plena
utilizado pelo aluno. participação nas aulas. Daí a importância do recurso de CAA e demais
Ao iniciar o AEE, o professor deve estar atento às respostas dos alu- recursos de acessibilidade projetados e desenvolvidos em parceria entre o
nos, à leitura de suas expressões e comportamentos, ao que o aluno pode professor da classe comum e do AEE.
estar querendo dizer e que a simbologia disponível não contempla. Neste
caso, a intervenção do professor será no sentido de buscar outros símbo- 2.6.3. Avaliação utilizando a CAA na escola
los ou passar a fazer perguntas objetivas para que o aluno sinalize de
forma afirmativa ou diga não. Em tais situações é de muita utilidade dispor A construção de uma avaliação democrática imersa numa pedagogia
de símbolos com dizeres do tipo: "Não tem aqui o que quero falar.", "Va- de inclusão implica necessariamente a substituição do padrão da homo-
mos mudar de assunto.", "Faça perguntas com resposta SIM e NÃO." geneidade ideal pelo padrão da heterogeneidade real. São os conheci-
mentos em construção e não os já consolidados que devem basear a
É muito importante que não limitemos os assuntos a serem tratados seleção dos recursos e das estratégias pedagógicas. O erro deverá ser
com o aluno àqueles que estão disponíveis em sua prancha de comunica- visto como um processo positivo na identificação e na construção do
ção. É muito comum que os parceiros de comunicação perguntem sempre recurso porque dá pistas sobre o modo como cada um está representando
as mesmas coisas, somente porque sabem que o aluno poderá responder e expressando o conhecimento.
sem erro.
Ao prepararmos ferramentas que apóiem o processo de avaliação do
Por exemplo: Qual é seu time? Qual é seu brinquedo favorito? Quem
aluno deveremos ter o cuidado de oferecer recursos abertos que serão
é seu melhor amigo? O que você vai ser quando crescer?
apoiados pelo conhecimento do professor que avalia, favorecendo que ele
Se o aluno pudesse falar diria: Você já sabe isso, porque me pergunta possa fazer intervenções para que perceba o caminho que está sendo
sempre a mesma coisa? Minha prancha não é um brinquedo e eu não sou percorrido por seu aluno na construção do conhecimento.
"uma gracinha". Tenho vontade de falar outras coisas que não estão na
Uma avaliação que utiliza recursos de CAA pode ser feita para verifi-
minha prancha.
car memorização e reprodução de conteúdos recebidos pelo aluno. Ao
É preciso valorizar os recursos de comunicação e não os tornar uma invés de escrever ele terá alternativas de respostas em símbolos. Porém,
ferramenta sem sentido para o aluno, pois ele pode se desinteressar e se quisermos avaliar o caminho que este aluno está seguindo e o verda-
abandonar a ferramenta. Um recurso de CAA é sempre inacabado e deiro entendimento que construiu de determinado conceito, nosso trabalho
somente quando nosso aluno estiver escrevendo ele poderá compensar será maior. Deveremos então associar alternativa de respostas com
totalmente a falta da fala, mesmo que sua escrita seja realizada de forma possibilidades de argumentação, com possibilidades de o aluno questionar
alternativa, através da varredura manual em prancha impressa, do compu- seu professor e também mostrar novos conhecimentos e sua aplicação.
tador ou de vocalizadores.
A avaliação estará então ligada aos objetivos educacionais e a verifi-
Ao elaborarmos um recurso de CAA sem a participação do aluno, cor- cação do envolvimento do aluno em todas as etapas propostas para que
remos um sério risco de criarmos artefatos que em nada o auxiliarão a sejam atingidos.
comunicar-se de maneira efetiva, na escola e fora dela.
Quando afirmamos que o recurso deve ser selecionado com o aluno,
estamos nos colocando ao lado dele, prestando atenção às suas necessi- 2.7. A CAA no AEE
dades, identificando as suas possibilidades, reconhecendo suas limita- 2.7.1. Objetivos da CAA no AEE
ções, e, junto com ele, selecionando e oferecendo o recurso de CAA, que, No AEE a comunicação alternativa é implementada tendo em vista o
naquele momento e para aquela situação é o mais indicado. desenvolvimento de uma competência operacional do aluno e outra com-
Isto significa que, assim como o aluno muda constantemente, os re- petência funcional do recurso.
cursos também devem acompanhar esta mudança, adequando-se cons- A competência operacional diz respeito ao entendimento e apropria-
tantemente às necessidades provenientes do desenvolvimento ou dos ção que o aluno faz de seu recurso de comunicação e a forma como
problemas que persistirem e exigirem novos recursos. gradualmente passa a interagir com outros, saindo de uma situação de
passividade e recepção de informações para outra de agente de transfor-
2.6. A CAA e os Recursos Pedagógicos de Acessibilidade na Escola mação, que influencia ações e comportamentos de interesse.
Comum Para que isso aconteça, o professor especializado apresentará ao
2.6.1. Objetivo dos recursos na escola comum aluno novas formas e recursos de comunicação e evoluirá com ele as
Os recursos de CAA e os demais recursos pedagógicos de acessibili- atualizações necessárias, sempre em busca do rompimento das barreiras
dade serão eficientes se permitirem que a participação do aluno seu de comunicação e participação nos desafios da aprendizagem.
acesso à comunicação sejam garantidos, de modo que possa atuar em A competência funcional diz respeito ao efeito que os recursos de
todas as atividades escolares, sem nenhum tipo de restrição. comunicação no contexto real da escola e fora dela. Não basta o aluno
saber utilizar-se da comunicação alternativa no espaço do AEE. Na esco-
la, na família e demais lugares de interesse ele necessitará de parceiros
2.6.2. Utilização de Recursos de CAA na Elaboração de Estratégias
disponíveis a aprender e a interagir. O AEE acompanha este processo e
de Ensino e Aprendizagem
também orienta os parceiros de comunicação, identifica e desenvolve
Os recursos de CAA devem ser facilitadores na realização das tarefas novas estratégias para o rompimento das barreiras de comunicação.
escolares, nas salas de aula comum. Como salientamos acima, são eles
que vão eliminar as barreiras impostas pela deficiência e/ou pelo meio,
para que os alunos possam participar de todas as atividades escolares em 2.7.2. Avaliação da CAA no AEE
interação com seus colegas. No AEE o professor especializado procederá à avaliação de sua atua-
Não se trata de oferecer a esses alunos atividades diferentes, na sala ção em CAA, verificando a evolução de sua intervenção junto ao aluno e
de aula, mas recursos que permitam a realização das mesmas atividades no contexto escolar.
realizadas pela turma.
Uma dúvida freqüente entre os professores das classes comuns diz 2.7.2.1. Avaliação da Competência Operacional
respeito ao planejamento das tarefas que os alunos com deficiência O professor do AEE observa e registra os avanços do aluno na utili-
realizarão na classe comum: quem deve planejar essas tarefas? Os zação de seu recurso de CAA, questionando:

Conhecimentos Específicos 143

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O aluno consegue responder a perguntas objetivas sinalizando o SIM dificuldades motoras que limitam a sua produção gráfica. Consegue
e o NÃO? apontar e segurar objetos grandes e leves com sua mão direita.
O aluno consegue utilizar expressões e sinalizações para se comuni- Joana é muito interessada por tudo o que se passa ao seu redor: se-
car? gue com o olhar atento e se manifesta com expressões faciais e corporais,
Ele consegue responder a perguntas objetivas, apontando para obje- criadas por ela mesma, para dizer que está feliz, insatisfeita com algo,
tos que estão no ambiente? quando deseja alguma coisa que está enxergando, quando precisa ir ao
banheiro ou quando deseja beber, comer, brincar ou sair. Usa cadeira de
Ele consegue responder perguntas objetivas, apontando a resposta rodas com apoios especiais e necessita ajuda para se mover.
em símbolos gráficos?
O plano de aula apresentado pela professora da classe comum orien-
Ele faz a associação de mais de um símbolo em suas respostas? tou a professora do AEE a construir e propor estratégias e recursos de
Ele toma iniciativa na comunicação, ou espera sempre por perguntas? tecnologia assistiva que tiveram por objetivo ampliar a participação de
Ele usa criatividade e tenta responder às perguntas cuja resposta não Joana em todas as atividades pensadas para a turma e consequentemen-
está na prancha, fazendo uso de analogias entre símbolos ou dos símbo- te oportunizar vivências ricas para construção de conhecimentos, junto
los com outras formas de comunicação (gestos, expressões, objetos do com seus colegas de classe.
ambiente etc.)? O plano de aula da professora da classe comum para seus alunos de
Ele faz uso da escrita sempre que o que deseja comunicar não está 2ª. ano do ensino elementar era o seguinte:
na prancha?
Ele questiona e argumenta? Conteúdo:
Ele manifesta a ausência de vocabulário e consegue solicitar a atuali- Leitura e interpretação
zação do recurso? Redação de pequenos textos
Ele participa do planejamento de suas pranchas de comunicação?
Outras questões Objetivos:
Ler pequenos textos.
2.7.2.2. Avaliação da Competência Funcional Oportunizar a interpretação dos textos lido, por meio de diferentes lin-
O professor de AEE observa e registra os efeitos da utilização do re- guagens: fala, desenho, dramatizações, recorte e colagem.
curso no contexto de vida real de seu aluno, verificando como os parceiros Redigir uma pequena história a partir de cantigas de roda.
de comunicação estão se apropriando e usufruindo da tecnologia. É o
professor do AEE quem verifica se as barreiras de comunicação estão se
rompendo e se a participação do aluno nos desafios da aprendizagem Atividades:
efetivamente acontece. Dramatização em grupo de historias lidas pelos colegas.
Para realizar esta avaliação o professor de AEE questiona: Montagem de um painel com recorte e colagem dos personagens das
O professor da classe comum compreende e usufrui do recurso de histórias ouvidas.
comunicação, conseguindo envolver o aluno nas várias atividades escola- Criação e redação de pequenas histórias, em grupo, após a participa-
res? ção nas cantigas de roda.
O professor colabora com a atualização do recurso, encaminhando Montagem de um livro com as histórias criadas pelos grupos.
seus objetivos educacionais, e planos de atividades ao professor de AEE?
Exposição dos livros por seus autores.
O professor da classe comum consegue avaliar seu aluno no percurso
da aprendizagem e explora as formas de comunicação que esse aluno
utiliza? Recursos:
Na sala de aula, o aluno manifesta seu interesse em participar das Papéis diversos, livros de histórias e revistas
atividades? Cola, tesoura
O aluno ampliou sua relação de comunicação com os colegas de tur- CDs com cantigas de roda e aparelho de som
ma e com a comunidade escolar?
Cadernos, lápis, canetas coloridas
Os colegas compreenderam e também usufruem do recurso de co-
Mesas e painéis para a exposição
municação com o aluno na escola e fora dela?
Computador e impressora
A família compreendeu e está usufruindo da comunicação alternativa
com seu filho?
Outras questões. Avaliação:
Cooperativa realizada pelos alunos através da análise da produção
dos grupos
2.8. Parceria entre os Professores da Sala Comum e o AEE na Utili-
zação dos Recursos Auto avaliação
2.8.1. Plano de Aula
Há uma diferença entre a atuação do professor da sala comum e a do 2.8.2. Plano de AEE e Propostas de Intervenção em Tecnologia As-
professor do AEE. Enquanto o primeiro ocupa-se do ensino dos conheci- sistiva em cada Atividade
mentos acadêmicos, o segundo identifica as possíveis barreiras impostas A professora do AEE, com o objetivo de apoiar o seu aluno nas ativi-
pela deficiência e pelo meio e disponibiliza recursos e estratégias para que dades do plano de trabalho da classe comum, planejou sua intervenção
este aluno consiga participar, por meio da ampliação de sua comunicação por meio da Tecnologia Assistiva, visando a participação desse aluno em
e intervenção no meio, dos vários desafios à aprendizagem na escola. cada uma delas:
Os trabalhos desses professores são complementares e exigem deles Para a atividade de dramatização em grupo de historias lidas pelos
uma estreita parceria. colegas.
Apresentamos, como exemplo, o caso de Joana e sua turma. Joana escolheu seu papel na dramatização, apontando para cartões
Joana é aluna da segunda série, possui paralisia cerebral, emite sons, de comunicação, com a foto escaneada dos personagens.
sinaliza o SIM com um sorriso e o NÃO baixando a cabeça. Apresenta

Conhecimentos Específicos 144

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
Pode participar da escrita do roteiro, por intermédio da prancha temá-
tica sobre a história ou da prancha de palavras pré escritas, com vocabu-
lário pertinente ao planejamento da professora da classe comum.
A professora de AEE alertou a turma a sempre confirmar com Joana
se ela concorda ou não com o que está sendo construído em grupo atra-
vés de perguntas com respostas SIM e NÃO.

Foto 83 - Prancha de comunicação confeccionada com tema específi-


co de uma história. Apresenta símbolos com a descrição dos personagens
e suas características.
Fotos 86 e 87 - Tesoura é fixada em um suporte de madeira. O aluno
bate com sua mão fechada no arco e consegue realizar o recorte.
Para as falas do teatro, Joana utilizou um vocalizador com várias
mensagens pré-gravadas por uma colega, que forma acionadas por ela,
no momento correto, durante a dramatização. No caso de não existir um Uma colega passou a cola na figura e Joana ajudou a espalhar.
vocalizador durante a dramatização, as falas podem ser expressas através Os colegas escolheram juntos o lugar no cartaz onde as figuras seri-
de pequenos cartazes que são segurados e levantados por Joana no am coladas e Joana confirmava com o sinal de SIM ou NÃO.
momento adequado, e lido por um colega.
Para desenhar e pintar, foram utilizadas canetas e lápis engrossados
e a rolo de espuma para pintura.

Foto 84 - Vocalizador com oito áreas de mensagens gravadas. Cada


botão contem uma fala, que é ativada pelo aluno durante o desenrolar da
Foto 88 - Engrossadores feitos de espuma de isolamento térmico são
peça de teatro.
colocados em lápis, pincel e em uma trincha de espuma para pintura.

Para a montagem de um painel com recorte e colagem dos persona-


gens das histórias ouvidas, a professora do AEE preparou a turma da
classe comum de Joana para:
Trabalhar em grupo.
Enquanto um colega virava as páginas do livro ou revista, Joana olha-
va e sinalizava apontando o que desejava recortar e colar no cartaz.
Uma tesoura adaptada foi utilizada na atividade de recorte.

Foto 89 - Aluno utilizando um dos engrossadores para colorir um de-


senho.

Para que Joana participasse das cantigas de roda, a professora de


AEE acertou com a turma da classe comum e sua professora que Joana
poderia acompanhar a música com expressões corporais e sons emitidos
por ela.
Foto 85 - Tesoura comum que é modificada através da colocação de
um arame revestido de borracha no local onde são colocados os dedo, Um vocalizador de mensagens sequenciais teria a cantiga de roda
fazendo com que ela permaneça aberta, e facilite o movimento de recorte gravada e Joana acionaria esta canção, participando com o grupo.
para alunos com problemas motores nas mãos.

Conhecimentos Específicos 145

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
O vocalizador pode ter até oito mensagens gravadas em seqüência e Para a montagem de um livro com as histórias criadas pelos grupos, a
a cada toque no botão, as mensagens são ouvidas, uma a uma. Este professora de AEE recomendou utilizar as mesmas estratégias da produ-
recurso é bastante utilizado para músicas, leitura de um livro (página a ção textual coletiva e da montagem coletiva do painel.
página), seqüência de versos, falas durante uma peça de teatro etc.

Foto 90 - Vocalizador com suporte preto com botão vermelho grande


Foto 94 - Quatro livros produzidos pelos alunos utilizando-se colagem
que possui várias mensagens gravadas em seqüência.
de figuras, desenhos e escrita com cartões de comunicação.

Para a criação e redação de pequenas histórias, em grupo, após a


Para a exposição dos livros pelos seus autores, a professora do AEE
participação nas cantigas de roda, a professora de AEE sugeriu que:
deu as seguintes orientações:
A redação fosse feita por meio da escolha de símbolos previamente
Joana participaria da exposição com pranchas temáticas com as
preparados, cartões de palavras pré-escritas, alfabeto móvel ou prancha
quais pudesse contar como foi a produção coletiva dos livros, manifestar
de letras.
suas predileções, fazer perguntas para os visitantes e outras.
A produção de texto coletivo contasse com as contribuições de Joana,
Um vocalizador com prancha temática também foi utilizada neste
que concordaria ou discordaria (utilizando respostas SIM e NÃO) e apon-
evento, atribuindo voz a Joana nas mensagens mais significativas que
taria para as letras ou cartões de comunicação, enquanto um colega faz o
foram escolhidas por ela.
registro escrito.

2.8.3. A avaliação na Sala Comum


A professora da sala de aula avaliará a produção e o envolvimento de
Joana em todas as fases do processo, observando e buscando compre-
endê-la através do uso que a aluna faz de seus recursos pessoais de
comunicação; dirigindo-se sempre a ela com perguntas objetivas de
respostas SIM e NÃO; por meio de pranchas temáticas sobre o assunto
trabalhado, complementadas por prancha de letras e/ou alfabeto móvel e
solicitando que Joana tente escrever o que gostaria de falar e que não
está em sua prancha.
Na auto-avaliação, Joana pode ser questionada sobre seu aproveita-
mento em cada etapa das atividades apontando, em cartões ou prancha
Foto 91 - Prancha (folha impressa) de letras e números) que são temática, o que aprendeu e se achou interessante ou não seu trabalho.
apontados pelo aluno.
2.8.4. A Avaliação no AEE
A professora do AEE avalia o quanto Joana conseguiu utilizar os re-
cursos e estratégias de comunicação nas atividades propostas para sua
turma da classe comum; o quanto precisa ser ainda estimulada a tomar
iniciativa de comunicar-se, responder, argumentar, repetir (quando não é
entendida), explorar recursos que não estão em sua prancha, conseguir
resolver problemas para comunicar-se e indicar novos símbolos necessá-
rios ao seu recurso de comunicação etc.
Foto 92 - Letras em madeira e com base em imã, colocadas em um A professora do AEE avaliará se o recurso colaborou ou não para que
quadro imantado para a produção escrita. Joana alcançasse os objetivos propostos pela professora da classe co-
mum e o quanto seus colegas e a professora da sala aprenderam a utilizar
a tecnologia disponibilizada para incluir Joana nas atividades. Esta avalia-
ção propicia à professora do AEE ajustar seu plano, revendo seus objeti-
vos e atividades.
O AEE tem um papel fundamental na inclusão de Joana na sala de
aula comum. O professor de AEE, ao conhecer o plano de aula, os objeti-
vos e atividades propostas pelo professor da classe comum e ao propor
com ele um conjunto de estratégias ampliou a participação de Joana na
escola. A professora do AEE confeccionou o material de CAA e outros
recursos de acessibilidade, disponibilizou-os para que Joana vivenciasse
experiências de aprendizagem com a turma em plena participação. Orien-
tou o professor e a turma sobre como explorar os recursos com Joana.
Esse trabalho coordenado com a professora da sala comum é uma das
atribuições do professor de AEE, ao desenvolver esse atendimento.
Foto 93 - Texto construído através da colagem de vários cartões de
símbolos gráficos e palavras.
Conhecimentos Específicos 146

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS ___________________________________
O êxito da política de inclusão de alunos com deficiência no sistema ___________________________________
regular de ensino depende, em primeiro lugar, de uma mudança na con-
cepção que temos da escola e da compreensão de que cada aluno é ___________________________________
único e sofre continuamente um profundo processo de transformação, que
___________________________________
o diferencia dos colegas e, no tempo, de si mesmo. Mas não é só isso: o
sucesso das políticas que visam à inclusão escolar de alunos com defici- ___________________________________
ência depende também de recursos que lhes permitam compensar as
limitações funcionais motoras, físicas, sensoriais ou mentais no processo _______________________________________________________
de inclusão e de construção do conhecimento. _______________________________________________________
Quando selecionados de forma adequada, esses recursos pedagógi-
cos eliminam ou diminuem as barreiras, temporárias ou permanentes, que
_______________________________________________________
impedem ou dificultam o desenvolvimento social, afetivo e mental do aluno _______________________________________________________
com deficiência, e facilitam o acesso a todas as atividades curriculares
possibilitando-lhes aprender da maneira mais eficiente possível. _______________________________________________________
Mostrando como observar os alunos em situações da escola comum e _______________________________________________________
do AEE, como interpretar corretamente suas necessidade e como selecio-
nar o recurso mais adequado para a sua aprendizagem, o texto desenhou _______________________________________________________
um novo perfil de professor que necessita refletir constantemente e mudar _______________________________________________________
o rumo de suas ações, ajustando ou criando recursos novos sempre que o
desenvolvimento ou as mudanças no comportamento do aluno exigirem. _______________________________________________________
Tanto os professores das escolas comuns quanto os do atendimento _______________________________________________________
educacional especializado - AEE precisam conscientizar-se de que a
tarefa de ensinar exige conhecimento, competência e muito comprometi- _______________________________________________________
mento com o ensino. _______________________________________________________
No caso dos recursos de acessibilidade, os professores precisam ser
_______________________________________________________
capazes de criar ou ajustar de forma personalizada recursos para alunos
reais, cujos percursos de aprendizagem são diferentes, percursos que ele _______________________________________________________
precisa reconhecer e respeitar.
_______________________________________________________

REFERÊNCIAS _______________________________________________________
BERSCH, R.; SCHIRMER, C. Tecnologia Assistiva no processo edu- _______________________________________________________
cacional. IN.: BRASIL. Ministério da Educação. Ensaios pedagógicos -
construindo escolas inclusivas: 1 ed. Brasília: MEC, SEESP, 2005.
_______________________________________________________
BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de edu- _______________________________________________________
cação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: Revista
_______________________________________________________
Inclusão, v.4, nº 1, 2008.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: José Olympio. _______________________________________________________
Brasília: Thesaurus, 1970. _______________________________________________________
ZABALA, J. S. Using the SETT Framework to Level the Learning Field
for Students with Disabilities, 2005. Disponível em: _______________________________________________________
http://www.ode.state.or.us/initiatives/ elearn _______________________________________________________
ing/nasdse/settintrogeneric2005.pdf. Acesso em: 26 nov 2008.
_______________________________________________________
PARA SABER MAIS _______________________________________________________
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf _______________________________________________________
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf _______________________________________________________
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf
_______________________________________________________
www.assistiva.org.br
www.assistiva.com.br _______________________________________________________
http://www.lagares.org _______________________________________________________
http://www.cv.iit.nrc.ca/research/Nouse/index2.html _______________________________________________________
http://www.cameramouse.com
_______________________________________________________
http://intervox.nce.ufrj.br/motrix/
_______________________________________________________
http://caec.nce.ufrj.br/~dosvox/index.html
http://www.nied.unicamp.br _______________________________________________________
http://www.niee.ufrgs.br _______________________________________________________
http://www.proinfo.mec.gov.br/ , BIBLIOTECA _______________________________________________________
www.infoesp.net
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________

Conhecimentos Específicos 147

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________
_______________________________________________________ _______________________________________________________

Conhecimentos Específicos 148

Apostila Digital Licenciada para Aline de Miranda Ribeiro - alinemrda@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

LEI Nº 1.794 DE 30 DE DEZEMBRO DE 2009

Institui o Regime Jurídico Estatutário dos


Servidores Públicos do Município de Rio Branco,
suas Autarquias e Fundações Públicas,
transforma empregos em cargos públicos, e
submete os contratados temporários ao regime
administrativo.

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-ACRE, usando das


atribuições que lhe são conferidas por Lei, FAÇO SABER, que a Câmara Municipal
de Rio Branco aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1°. Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos do
Município de Rio Branco, das autarquias e das fundações públicas municipais e do
Poder Legislativo Municipal, e tem como objetivo reger as relações de trabalho entre
estes e o Município de Rio Branco.

Art. 2º. Para os efeitos desta Lei, servidor público municipal é a pessoa
legalmente investida em cargo ou função pública.

Art. 3º. Cargo público é a unidade administrativa criada por lei, em


número certo, com denominação própria, remunerado pelos cofres municipais, ao
qual corresponde um conjunto de atribuições, responsabilidades, cometidas ao
servidor público, e que será provido em caráter efetivo ou em livre provimento em
comissão.

§1º. As atribuições de chefia, direção e assessoramento serão


conferidas aos cargos de livre provimento em comissão e às funções de confiança,
na forma da lei.

§ 2º. Os cargos em comissão serão providos por, no mínimo, 30%


(trinta por cento) de servidores do quadro efetivo, observados, em qualquer caso, os
requisitos de provimento estabelecidos em lei para o exercício das respectivas
funções.

§3º. As atribuições dos cargos serão definidas em lei.


PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§4º. É vedado atribuir ao servidor encargos ou serviços diversos dos


inerentes ao seu cargo, ressalvadas as hipóteses previstas no art. 26 e as funções
de direção, chefia e assessoramento.

Art. 4º. Função de confiança ou gratificada é uma unidade


administrativa criada por lei, em número certo, remunerada pelos cofres públicos, à
qual correspondem atribuições de direção, chefia e assessoramento, a ser exercida
exclusivamente por servidor efetivo, na forma da lei.

Art. 5º. Os cargos públicos efetivos podem ser isolados ou de carreira.

Art. 6º. É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos


previstos em lei.

TÍTULO II
Do Provimento, Vacância, Redistribuição e Substituição de Cargos

Capítulo I

DO PROVIMENTO
Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 7º. São requisitos básicos para investidura em cargo público


municipal:
I. A nacionalidade brasileira ou estrangeira, nos termos da lei;
II. O gozo dos direitos políticos;
III. A quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV. A habilitação profissional exigida para o exercício do cargo;
V. A idade mínima de 18 (dezoito) anos;
VI. Possuir aptidão física e mental, comprovada em perícia médica
oficial;
VII. Ter boa conduta;
VIII. Possuir inscrição definitiva no órgão de classe (ordem ou
conselho), quando for o caso.
IX. Ter sido previamente habilitado em concurso público, ressalvado
o provimento para os cargos de livre provimento em comissão e as funções de
confiança.

Parágrafo único. As atribuições do cargo podem justificar a exigência


de condições específicas, a serem fixadas no regulamento do concurso.

Art. 8º. Às pessoas portadoras de necessidades especiais


permanentes, é assegurado o direito de inscrição em concurso municipal para
provimento de cargos efetivos cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

de que são portadoras, para as quais serão reservadas, no mínimo, 5% (cinco por
cento) das vagas oferecidas no concurso.

§1°. Quando, em razão do número de vagas oferecidas, não for


possível atender ao percentual acima, pelo menos uma das vagas oferecidas no
concurso será reservada a candidatos portadores de necessidades especiais
permanentes.

§2°. Quando só for oferecida uma única vaga, o candidato portador da


necessidade concorrerá igualmente com os demais candidatos.

§3º. Caso a aplicação do percentual de que trata o caput resulte em


número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro
subseqüente.

§4°. Lei disporá sobre o ingresso dos candidatos a cargos públicos,


portadores de necessidades especiais permanentes.

Art. 9º. O provimento dos cargos públicos far-se-á por ato da


autoridade competente.

Art. 10. A investidura em cargo público, cumpridas as exigências


legais, ocorrerá com a posse.

Art. 11. São formas de provimento de cargo público:


I. Nomeação;
II. Promoção;
III. Reversão;
IV. Aproveitamento;
V. Reintegração;
VI. Recondução.

SEÇÃO II

Da Nomeação

Art. 12. A nomeação far-se-á:


I. Em comissão, quando se tratar de cargo que, em virtude da lei,
deve ser assim provido;

II. Em caráter efetivo, nos demais casos.

Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão poderá


ser designado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.

Art. 13. A nomeação de candidatos habilitados por concurso público


obedecerá sempre à ordem de classificação.

Art. 14. A nomeação para cargo efetivo far-se-á no vencimento base


inicial da carreira ou cargo isolado ou no nível de acesso, conforme dispuser a lei.

Parágrafo único. Os demais requisitos para ingresso e


desenvolvimento do servidor municipal na carreira, mediante promoção e
progressão, são aqueles fixados nos art. 68 e 69 desta lei.

SEÇÃO III

Do Concurso Público

Art. 15. A investidura em cargo público efetivo dependerá de


aprovação prévia em concurso de provas ou de provas e títulos, podendo ser
realizado em duas ou mais etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento
estabelecidos para o respectivo cargo ou plano de carreira, condicionada a inscrição
do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu
custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas.

Art. 16. O prazo de validade do concurso será fixado no respectivo


edital e não excederá a dois anos, contados a partir da data da homologação de
seus resultados, prorrogado uma única vez por igual período.

§ 1º. Prescindirá de concurso a nomeação para cargo em comissão


declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

§ 2º. O edital será publicado no Diário Oficial do Estado e em jornal


diário de grande circulação local.

§ 3º. Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato


aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.

Seção IV
Da Posse e do Exercício

Art. 17. A posse é o ato pelo qual a pessoa é investida em cargo


público e dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as
atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos assegurados ao ocupante
do cargo.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 1º. A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação


do ato de provimento, prorrogável, por igual período, a critério da autoridade
competente, ou outro prazo estabelecido em lei específica.

§ 2º. Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do


ato de provimento, em férias, licença de tratamento de saúde, licença gestante ou
adotante, serviço militar ou para capacitação, o prazo será contado a partir do
término do impedimento.

§ 3º. A posse poderá dar-se mediante procuração específica.

§ 4º. Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por


nomeação, reversão ex officio e promoção.

§ 5º. No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e


valores que constituem seu patrimônio, declaração quanto ao exercício ou não de
outro cargo, emprego ou função pública, inclusive em autarquias, fundações
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como os
documentos comprobatórios do tempo de contribuição previdenciária a outros
regimes de previdência social.

§6º. Não sendo possível a apresentação dos documentos


comprobatórios do tempo de contribuição previdenciária a outros regimes de
previdência social, o servidor tomará posse e a Administração fixará prazo para a
respectiva entrega.

Art. 18. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção


médica oficial.

Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado


apto física e mentalmente para o exercício do cargo.

Art. 19. Se a posse não se der dentro do prazo legal, o ato de


provimento será tornado sem efeito.

Art. 20. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo


público ou da função de confiança.

§ 1º. É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo


público entrar em exercício, contados da data:
I. Da posse;
II. Da publicação oficial do ato, no caso de reintegração.
§ 2º. O servidor será exonerado do cargo, se não entrar em exercício
nos prazos previstos neste artigo.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 3º. À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for


nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.

§ 4º. O início do exercício de função de confiança coincidirá com a


data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em licença
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia
útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da
publicação.

Art. 21. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício


serão registrados no assentamento individual do servidor.

Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao


órgão competente os dados ou informações necessários ao seu assentamento
individual.

Art. 22. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em lei, em


razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração
máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e
máximo de quatro horas e oito horas diárias, respectivamente, exceto para as
situações de acúmulo lícito, para as quais lei específica disporá sobre o limite
máximo de horas de trabalho.

§ 1º. O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança


submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, podendo ser convocado para
o serviço extraordinário previsto nos arts. 62 e 63 sempre que houver interesse da
Administração e na forma e condições em que dispuser o regulamento.

§ 2º. O regime de integral dedicação ao serviço compreende a


prestação de quarenta horas semanais de trabalho.

§ 3º. O disposto neste artigo não se aplica à duração de trabalho


estabelecida em leis especiais.

Art. 23. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de


provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 03 (três) anos,
durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
I. Assiduidade;
II. Disciplina;
III. Capacidade de iniciativa;
IV. Produtividade;
V. Responsabilidade;
VI. Conduta incompatível com o exercício da função pública.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§1º. 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório,


será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do
desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa finalidade,
de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou
cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
incisos I a VI do caput deste artigo, observado o devido processo legal.

§ 2º. O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado


ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto
no parágrafo único do art. 30.

§ 3º. O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer


cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou
assessoramento no Município de Rio Branco/AC, sem prejuízo da avaliação de
desempenho e a aquisição de estabilidade no serviço público.

§ 4º. Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser


concedidas as licenças para tratamento de saúde, serviço militar, atividade política,
bem assim o afastamento para participar de curso de formação decorrente de
aprovação em concurso público para outro cargo, na Administração Pública
Municipal, Estadual ou Federal.

§ 5º. O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os


afastamentos de que trata o §4º deste artigo e será retomado a partir do término do
impedimento.

Seção V
Da Estabilidade

Art. 24. O servidor habilitado em concurso público e empossado em


cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 3
(três) anos de efetivo exercício.

Art. 25. O servidor estável perderá o cargo em virtude de:

I. Sentença judicial transitada em julgado;


II. Processo administrativo disciplinar;
III. Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho na
forma da lei;
IV. Por excesso de despesas de pessoal, hipótese disciplinada nos §§ 4º.
a 7º, do art. 169 da Constituição Federal.

§ 1º. Nas hipóteses previstas nos incisos II e III do caput deste artigo,
será assegurada ao servidor ampla defesa.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 2º. Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável,


será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao
cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou
encontrando provido o cargo anterior, exercerá suas atribuições como excedente,
até a ocorrência de vaga.

§ 3º. Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a


avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

§ 4º. A hipótese prevista no inciso III do caput deste artigo, deverá ser
disciplinada em lei, que poderá contemplar os servidores por área de atuação e
estabelecer as respectivas metas e índices de produtividade.

Seção VI
Da Readaptação

Art. 26. Readaptação é a atribuição de encargos mais compatíveis


com a capacidade física ou psíquica do servidor e dependerá sempre de avaliação
médica.

§ 1º. Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptado será


aposentado.

§ 2º. A readaptação não acarretará diminuição nem aumento dos


vencimentos.

§ 3º. O sistema de readaptação funcional será objeto de regulamento.

Seção VII
Da Reversão

Art. 27. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado, ex


officio, quando insubsistentes as razões que determinaram a aposentadoria.

§ 1º. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de


sua transformação.

§ 2º. Será tornada sem efeito a reversão ex officio e cassada a


aposentadoria do servidor que reverter e não tomar posse ou não entrar em
exercício dentro do prazo legal.

§ 3º. Encontrando provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições


como excedente, até a ocorrência de vaga.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 28. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70


(setenta) anos de idade.

Seção VIII
Da Reintegração

Art. 29. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo


anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando
invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento
de todas as vantagens.

§ 1º. Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em


disponibilidade, observado o disposto nos arts. 31 e 32.

§ 2º. Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será


reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro
cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

§3º. Transitada em julgado a sentença que determinar a reintegração, o


respectivo título deverá ser expedido no prazo máximo de trinta dias.

Seção IX
Da Recondução

Art. 30. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo


anteriormente ocupado e decorrerá de:

I. Inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;

II. Reintegração do anterior ocupante.

Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o


servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 31.

Seção X
Da Disponibilidade e do Aproveitamento

Art. 31. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á


mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado.

Art. 32. A Secretaria Municipal de Administração determinará o


imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer
nos órgãos ou entes públicos, integrantes da Administração Pública Municipal Direta.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Parágrafo único. O servidor posto em disponibilidade poderá ser


mantido sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Administração, até o seu
adequado aproveitamento em outro órgão da Administração Pública Municipal Direta
ou redistribuição, mediante lei, a autarquias ou fundações públicas.

Art. 33. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a


disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença
comprovada por junta médica oficial.

Capítulo II
Da Vacância

Art. 34. A vacância do cargo público decorrerá de:

I. Exoneração;
II. Demissão;
III. Promoção;
IV. Aposentadoria;
V. Posse em outro cargo inacumulável;
VI. Falecimento.

§ 1º. No caso de ser obtida aposentadoria no cargo em comissão,


junto ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, o servidor poderá permanecer
no exercício do cargo, a critério da Administração, hipótese em que deverá ser
expedido novo ato de nomeação, constituindo-se nova relação jurídica estatutária,
sem prejuízo de submissão ao RGPS, na forma prevista na legislação federal.

§ 2º. Na hipótese de o servidor efetivo estar exercendo cargo em


comissão, e se aposentar no cargo efetivo, poderá permanecer no exercício do
cargo em comissão, a critério da Administração e desde que o provimento não esteja
vinculado a servidor do quadro efetivo, hipótese em que deverá ser providenciado o
apostilamento do título de nomeação, para fazer constar a nova situação funcional
do servidor.

§ 3º. A aposentadoria de servidor no cargo efetivo, em exercício de


função de confiança, acarretará a cessação automática da designação para essa
função.

Art. 35. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor,


ou de ofício.

Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:

I.Quando não satisfeitas às condições do estágio probatório;


PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

II.Quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no


prazo estabelecido.

Art. 36. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função


de confiança dar-se-á:

I. A juízo do Prefeito Municipal ou do Presidente da Câmara Municipal,


conforme o caso;

II. A juízo dos dirigentes das entidades autárquicas e fundacionais;

III. A pedido do próprio servidor.

Capítulo III
Da Redistribuição

Art. 37. Redistribuição é a transferência de cargo de provimento


efetivo, ocupado ou vago, no âmbito do Poder Executivo para as autarquias e
fundações públicas, ou desses entes para o quadro de pessoal do referido Poder, na
forma e condições previstas em lei.

Capítulo IV
Da Substituição

Art. 38. Haverá substituição remunerada nos impedimentos legais e


temporários de ocupante de cargo em comissão, ou função de confiança, ou, ainda,
de outros cargos que a lei autorizar.

§ 1º. A substituição remunerada dependerá de ato da autoridade


competente para nomear ou designar, respeitada, quando for o caso, a habilitação
profissional e recairá sempre em servidor público municipal.

§ 2º. Se a substituição disser respeito a cargo ou função vinculados à


carreira, a designação recairá sobre um dos seus integrantes.

§ 3º. O substituto, durante todo o tempo da substituição, terá direito a


receber o valor da referência e as vantagens pecuniárias próprias do cargo do
substituído e mais as vantagens pessoais a que fizer jus, podendo optar pelo
vencimento ou remuneração do cargo de que é ocupante efetivo.

§ 4º. Poderá ser instituído o sistema de substituição automática, a ser


regulamentado em decreto.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

TÍTULO III
Dos Direitos e Vantagens

Capítulo I
Da Remuneração

Art. 39. Remuneração é a retribuição pecuniária do cargo ou função,


acrescida das vantagens pecuniárias estabelecidas em lei.

Art. 40. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de


remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos como subsídio
pelo Prefeito do Município de Rio Branco.

Parágrafo único. Excluem-se do limite constitucional remuneratório as


vantagens de caráter indenizatório previstas em lei, em especial na lei de planos de
carreiras, cargos e remuneração.

Art. 41. O servidor perderá:

I. A remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado,


a critério da chefia imediata;
II. A parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, ausências
injustificadas e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário,
até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata;

III. A parcela de remuneração correspondente aos domingos, feriados e


dias de ponto facultativo, intercalados, no caso de faltas sucessivas e injustificadas.

Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou


de força maior poderão ser compensadas a critério da chefia imediata, sendo assim
consideradas como efetivo exercício.

Art. 42. Excetuados os encargos legais, previstos em lei, ou mandado


judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento de
aposentadoria.

Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, poderá haver


consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da administração
e com reposição de custos, na forma definida em regulamento.

Art. 43. As reposições e indenizações ao erário serão previamente


comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou pensionista, para pagamento, no
prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente


a 10% (dez por cento), nem exceder 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração,
do provento ou pensão.

§ 2º. Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao


do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única
parcela.
§ 3º. As reposições ao erário serão atualizadas monetariamente e terão
a incidência de juros ao percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês.

Art. 44. O servidor em débito com o erário, que for demitido,


exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo
de sessenta dias para quitar o débito, com os encargos previstos no § 3º do art. 43
desta lei.

Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto implicará


sua inscrição em dívida ativa.

Art. 45. O vencimento base, a remuneração e o provento não serão


objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de
alimentos resultante de decisão judicial.

Capítulo II
DAS VANTAGENS PECUNIÁRIAS

Art. 46. Além do vencimento base, poderão ser pagas ao servidor as


seguintes vantagens:

I. Indenizações;
II. Gratificações;
III. Adicionais.

§ 1o As indenizações não se incorporam a remuneração, provento ou


pensão, para qualquer efeito.

§ 2o As gratificações e os adicionais, instituídos na forma da lei,


somente serão incorporados à remuneração ou proventos nos casos e condições
por ela previstos.

Art. 47. As vantagens pecuniárias percebidas pelo servidor não serão


computadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
acréscimos pecuniários ulteriores.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Seção I
Das Indenizações

Art. 48. Constituem parcelas de natureza indenizatória as seguintes:

I. Ajuda de custo;
II. Diárias;
III. Transporte;
IV. As gratificações ou adicionais indicados em lei com essa natureza.

Parágrafo único. Legislação específica disciplinará das parcelas de


que tratam o caput deste artigo.

Art. 49. Os valores das indenizações estabelecidas do art. 48, assim


como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos nos respectivos
Planos de Carreiras, Cargos e Remunerações, bem como nas demais normas
regulamentares.

Subseção I
Das Diárias e das Verbas relativas à Transporte

Art. 50. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter


eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará
jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas
extraordinárias com hospedagem, alimentação e locomoção urbana na forma,
condições e valores fixados em regulamento.

Art. 51. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por
qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo


menor do que o previsto para o seu afastamento restituirá as diárias recebidas em
excesso, no prazo previsto no caput.

Seção II
Das Gratificações e Adicionais

Art.52. Além do vencimento base e das vantagens previstas nesta Lei


e na legislação específica, poderão ser pagos aos servidores as seguintes
retribuições, gratificações e adicionais:

I. Gratificação pelo exercício de função de direção, chefia e


assessoramento;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

II. Gratificação natalina;


III. Adicional pelo exercício de atividades insalubres ou perigosas;
IV. Adicional pela prestação de serviço extraordinário;
V. Adicional noturno;
VI. Adicional de férias;
VII. Gratificação por encargo de curso ou concurso;
VIII.Gratificação de sexta parte;
IX.Outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho, nos termos a ser
regulamentado em decreto municipal.

Subseção I
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento

Art. 53. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de


direção, chefia ou assessoramento, ou cargo de provimento em comissão é devida
retribuição pelo seu exercício, na forma e condições previstas em lei.

Subseção II
Da Gratificação Natalina

Art. 54. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da


remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício
no respectivo ano.

Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será


considerada como mês integral.

Art. 55. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de


dezembro de cada ano.

Art. 56. O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina,


proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês
da exoneração.

Art. 57. A gratificação natalina não será considerada para cálculo de


qualquer vantagem pecuniária.

Subseção III
Dos Adicionais de Insalubridade e Periculosidade

Art. 58. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais


insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com
risco de vida, fazem jus a um adicional, cujo valor consistirá em percentual fixado de
acordo com os riscos suportados pelo servidor, de 10%, 20% e 40%, se grau
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

mínimo, médio e máximo, respectivamente, incidente sobre o valor de R$ 465,00


(quatrocentos e sessenta e cinco reais), que será objeto da revisão geral da
remuneração dos servidores municipais na mesma ocasião e nos mesmos
percentuais.

§ 1o. O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de


periculosidade deverá optar por um deles.

§ 2o. O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa


com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.

§3º. O regulamento deverá especificar as situações em que os


adicionais de insalubridade e periculosidade integram, de forma permanente, a
remuneração no cargo efetivo, bem assim, prever as condições de concessão dos
adicionais, exigido laudo pericial prévio.

§4º. O adicional de periculosidade será pago no percentual de 30%


(trinta por cento), calculado sobre o vencimento base do servidor, sem acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou quaisquer outras vantagens.

Art. 59. A Administração Pública Municipal exercerá permanente


controle da atividade de servidores em operações ou locais considerados insalubres
ou perigosos.

Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada,


enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos neste
artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não penoso e não
perigoso.

Art. 60. Na concessão dos adicionais de atividades insalubres ou


perigosas, serão observadas as situações estabelecidas em regulamento específico.

Art. 61. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios


X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que
as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na
legislação própria.

Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão


submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.

Subseção IV
Do Adicional por Serviço Extraordinário
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 62. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de


50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho, observadas as
condições estabelecidas em regulamento para sua concessão e pagamento.

Parágrafo único. É vedado conceder adicional por serviço


extraordinário com o objetivo de remunerar outros serviços ou encargos.

Art. 63. Somente será autorizado serviço extraordinário para atender a


situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas
por jornada, na forma do regulamento.

Subseção V
Do Adicional Noturno

Art. 64. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22


(vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora
acrescido de 20% (vinte por cento), computando-se cada hora como cinqüenta e
dois minutos e trinta segundos.

§ 1º. Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que


trata este artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art. 63 e não se
incorporará aos vencimentos do servidor.

§ 2º. A lei disporá sobre os servidores que serão incluídos no regime


do adicional noturno.

Subseção VI
Do Adicional de Férias

Art. 65. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por


ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do
período das férias.

Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção,


chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem
será considerada no cálculo do adicional de que trata este artigo.

Subseção VII
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso

Art. 66. A gratificação por encargo de curso ou concurso é devida ao


servidor que, em caráter eventual, for convocado para:
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

I. Atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento


ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública
municipal;
II. Participar de banca examinadora ou de comissão de concursos,
para as diversas atribuições a elas afetas
III. Participar da logística de preparação e de realização de
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão,
execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas
entre as suas atribuições permanentes.

§ 1°. A gratificação remunerará a hora trabalhada e corresponderá a


percentuais incidentes sobre o maior vencimento base das Tabelas de
Remuneração do Quadro de Pessoal do Executivo, assim definidos:
I. 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento) quando se tratar
das atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;
II. 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de
atividade prevista no inciso III do caput deste artigo

§2o. A gratificação por encargo de curso ou concurso não se incorpora


ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada
como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de
cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.

§3º. O regulamento disciplinará a concessão da gratificação prevista


neste artigo, que contemplará, inclusive, a forma de prestação das atividades, limites
de horas trabalhadas e autoridades competentes para a convocação.

Capítulo III
DAS OUTRAS VANTAGENS

Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 67. O servidor efetivo fará jus à evolução profissional que será
concretizada mediante promoção e progressão.

Art. 68. Promoção é o desenvolvimento vertical do servidor público,


dentro de um mesmo grupo de nível, mediante passagem de um nível remuneratório
para um outro imediatamente superior, pelos critérios estabelecidos em lei.

Parágrafo único. O servidor conservará no novo nível o grau (letra)


mantido no nível anterior.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 69. Progressão é o desenvolvimento horizontal do servidor público,


dentro de um mesmo grupo de nível, mediante avanço de um grau (letra) para o
grau imediatamente seguinte, pelo critério de tempo de serviço.

Seção II
Das férias

Artigo 70. O servidor terá direito ao gozo de 30 (trinta) dias de férias


anuais, observada a escala a ser elaborada em dezembro de cada ano.

§ 1º. É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao trabalho.

§2º. É proibida a acumulação de férias, salvo por absoluta necessidade


de serviço e pelo máximo de 2 (dois) anos consecutivos.

§ 3º. O período de férias será reduzido para 20 (vinte) dias, se o


servidor, no exercício anterior, tiver, considerados:
I. Mais de 10 (dez) não comparecimentos correspondentes a faltas
justificadas e injustificadas;
II. Licença para tratamento da saúde superiores a 180 dias;
III. Licença para capacitação;
IV. Licença para tratar de pessoa da família excedente a noventa dias.

§ 4º O servidor não terá direito a férias no período em que estiver em


gozo de licença para tratar de interesses particulares.

§ 5º Durante as férias, o servidor terá direito as vantagens pecuniárias


por ele percebidas na forma da lei.

Artigo 71. Atendido o interesse do serviço, o servidor poderá gozar


férias de uma só vez ou em dois períodos iguais.

Artigo 72. Somente depois de 12 (doze) meses de exercício no serviço


público municipal, adquirirá o servidor direito a férias.

Parágrafo único – Para efeito deste artigo, será computado o tempo


de serviço prestado em outro cargo público municipal, desde que, entre a cessação
do anterior e o início do subsequente exercício, não haja interrupção superior a 10
(dez) dias.
Art. 73 O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2
(dois) dias antes do início do respectivo período, observando-se o disposto no § 1o
deste artigo.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 1°. É facultado ao servidor converter 1/3 (um terço) das férias em


abono pecuniário, desde que o requeira com, pelo menos, 60 (sessenta) dias de
antecedência do período escalado de férias, observadas as disposições contidas na
Lei de Responsabilidade Fiscal e a disponibilidade orçamentária.

§ 2º. No cálculo do abono pecuniário será considerado o valor do


adicional de férias.

§ 3º. O servidor exonerado, desligado do serviço público, ou o


aposentado que tiver períodos de férias não usufruídos, perceberá indenização
relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um
doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.

§ 4º. A indenização será calculada com base na remuneração do mês


em que for publicado o ato exoneratório ou de aposentação.

§ 5º. Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional


previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal quando da utilização do
primeiro período.

Art. 74. O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X


ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por
semestre de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.

Art. 75. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de


calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou
eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão
ou entidade.

Art. 76. O regulamento disciplinará a concessão de férias,


especialmente a organização da escala, a excepcional acumulação de períodos, o
gozo de períodos não usufruídos e o gozo de férias dos servidores afastados com
ou sem prejuízos de vencimentos, para prestar serviços em outros órgãos ou entes
públicos.

Capítulo IV
DAS LICENÇAS
Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 77. Conceder-se-á ao servidor licença:

I. Por motivo de doença;


II. Por motivo de doença em pessoa da família;
III. Para o serviço militar;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

IV. Para atividade política;


V. Licença prêmio;
VI. Para capacitação;
VII. Para tratar de interesses particulares;
VIII. Para desempenho de mandato classista e sindical.

§ 1º. A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem como


cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame por perícia médica
oficial, observado o disposto no art. 183 desta Lei.

§ 2º. É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período


das licenças remuneradas pela Administração Pública Municipal.

Art. 78. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término


de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação.

Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família

Art. 79. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de


doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta,
enteado e colateral consanguíneo ou afim até o segundo grau civil ou dependente
que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante
comprovação por perícia médica oficial.

Parágrafo único. A licença somente será deferida se a assistência


direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com
o exercício do cargo, o que deverá ser apurado mediante acompanhamento social.

Art. 80. A licença de que trata o artigo anterior será concedida:

I. Com remuneração no cargo efetivo, até noventa dias; e


II. Com dois terços da remuneração, quando exceder a noventa e
até cento e oitenta dias;
III. Com um terço da remuneração, quando exceder a cento e
oitenta e até trezentos e sessenta e cinco dias; e
IV. Sem remuneração, quando exceder o período do item anterior.

§ 1º. Após noventa dias, a que se refere o inciso I deste artigo, as


prorrogações dar-se-ão mediante parecer de junta médica.

§ 2º. Para fins de fixação da remuneração a que se refere o caput


deste artigo, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 183 desta lei.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Seção III
Da Licença para o Serviço Militar

Art. 81. Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida


licença, na forma e condições previstas na legislação específica.

Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30


(trinta) dias, sem remuneração, para reassumir o exercício do cargo.

Seção IV
Da Licença para Atividade Política

Art. 82. Ao servidor público municipal, titular de cargo efetivo, que,


candidato a cargo eletivo, vier a se afastar do exercício de seu cargo ou função, fica
assegurado, nos termos da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, o
direito à percepção de sua remuneração no cargo efetivo.

§ 1º. O afastamento terá início três meses antes da data do respectivo


pleito eleitoral.

§ 2º. Para efeito do disposto no caput deste artigo, Decreto do Chefe


do Executivo disciplinará as hipóteses de afastamento, fixando as condições para
formalização dos referidos afastamentos, em especial:
I. modelo de requerimento;
II. certidão de filiação partidária atualizada;
III. cópia autenticada da ata da convenção partidária que indicou os
candidatos ao pleito, devidamente rubricada pela Justiça Eleitoral;
IV. cópia da certidão expedida pela Justiça Eleitoral que ateste a
homologação do registro da candidatura.

§3º. A regularidade do afastamento fica condicionada ao


preenchimento das condições previstas no decreto a que se refere o § 2º deste
artigo.
§ 4º. O servidor deverá reassumir o exercício do cargo no primeiro dia
útil subseqüente:
I. ao da realização da Convenção Partidária, caso seu nome não
seja referendado como candidato;
II. ao da publicação da decisão transitada em julgado que haja
indeferido ou cancelado o registro de sua candidatura;
III. ao da data do protocolo do pedido de sua desistência da
candidatura;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

IV. ao da ocorrência de qualquer outro fato que torne injustificada a


continuidade do afastamento;
V. ao das eleições.
§ 5º. As disposições contidas neste artigo não se aplicam aos:
I. servidores municipais candidatos a mandatos eletivos em outros
Municípios;
II. titulares de cargos de provimento em comissão;
III. servidores contratados por tempo determinado.

§6º. Os titulares de cargos de provimento em comissão e os servidores


contratados por prazo determinado deverão formalizar seu pedido de desligamento
até três meses antes da realização das eleições ou, em não o fazendo, serão
desligados de ofício.
§7º. O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
desempenha as suas funções e que exerça cargo pertencente ao grupo jurídico,
arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, nos termos da Lei Complementar
n.° 64, de 1990.

Seção V
Da Licença para Capacitação

Art. 83. A licença para qualificação profissional consiste no


afastamento do servidor efetivo, de suas funções, computado o tempo de
afastamento para todos os fins de direitos, e será concedida:
I. Sem prejuízo da remuneração no cargo efetivo, para freqüência de
curso de especialização, mestrado ou doutorado em instituições credenciadas,
quando for de interesse da Administração Pública Municipal;
II. Desde que não exceda o percentual de 1% (um por cento) do
quadro do servidor da carreira ou dos cargos isolados.
III. O afastamento a que se refere este artigo terá o prazo igual à
duração do curso, devendo o servidor municipal comprovar, semestralmente, sua
matrícula no estabelecimento de ensino, e será concedido mediante compromisso
escrito e registrado, firmado entre o servidor e a Administração Municipal de que ao
final do curso apresentará o trabalho final de conclusão do curso devidamente
aprovado e prestará serviço a administração por período equivalente ao seu
afastamento;
IV. A licença de que trata o “caput” será concedida mediante aprovação
e autorização do chefe do Poder Executivo Municipal ou do Presidente da Câmara
Municipal;
V. Desde que o servidor conte com, no mínimo, três anos na carreira.

§ 1º. As licenças para capacitação de que trata este artigo só serão


concedidas para os cursos vinculados às áreas de atuação funcional do servidor
público municipal.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 2º. O servidor ocupante de cargo de nível superior possuidor de curso


de especialização, mestrado ou doutorado, reconhecido pelo Ministério da Educação
e vinculado a sua área de atuação funcional, fará jus ao adicional de titulação
calculado sobre o vencimento base, nos percentuais estabelecidos nos respectivos
Planos de Cargos, Carreiras e Remunerações e será incorporado aos vencimentos
para todos os efeitos legais.

§ 3º. A licença concedida na forma deste artigo acarretará a


exoneração do cargo em comissão ou cessação da função de confiança exercidos
pelo servidor licenciado.

Art. 84. Ao servidor público municipal beneficiado pelo disposto no


artigo anterior, não será concedida exoneração a pedido ou licença para tratar de
interesse particular, antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada
a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento, com os
devidos encargos previstos no § 3º. do art. 43 desta lei.

Seção VI
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares

Art. 85. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao


servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório,
licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três anos
consecutivos, sem remuneração e não sendo admitida qualquer prorrogação.

Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer


tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.

Art. 86. Os afastamentos dar-se-ão mediante ato do Chefe do


Executivo, do Legislativo assim como dos representantes legais das autarquias e
fundações públicas, conforme o caso, publicados no Diário Oficial do Estado.

Seção VII
Da Licença para o Desempenho de Mandato Sindical e Classista

Art. 87. É assegurado ao servidor efetivo o direito à licença, sem


prejuízo da remuneração no cargo efetivo, para exercer mandato classista em
confederação, federação, associação de classe, sindicato representativo da
categoria ou entidade fiscalizadora da profissão observada às seguintes proporções:

I.Para entidades com 50 a 300 associados, 1 (um) servidor;


II.Para entidades com 301 a 600 associados, 3 (três) servidores;
III.Para entidades com 601 a 1200 associados, 5 (cinco) servidores;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

IV.Para entidades com mais de 1200 associados, 6 (seis) servidores.

§ 1º. Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos


de direção das entidades.

§ 2°. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser


prorrogada, no caso de reeleição.

Capítulo V
DOS AFASTAMENTOS
Seção I
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade

Art. 88. O servidor efetivo poderá ser cedido para ter exercício em
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal
e dos Municípios, com ou sem prejuízo da remuneração no cargo efetivo, mediante
autorização do Chefe do Executivo ou do Legislativo, para exercer cargo em
comissão ou função de assessoramento.

Parágrafo único. Lei específica disciplinará a situação dos servidores


afastados, relativamente ao regime próprio de previdência social a que se encontram
submetidos.

Art. 89. A cessão dar-se-á mediante ato do Chefe do Executivo ou do


Legislativo publicados no Diário Oficial do Estado.

§ 1º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou sociedade


de economia mista, nos termos das respectivas normas, optar pela remuneração do
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da
retribuição do cargo em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso de
todas as despesas, inclusive encargos previdenciários, realizadas pelo órgão ou
entidade cedente.

§ 2° Mediante autorização expressa do Prefeito, o servidor do Poder


Executivo poderá ter exercício, sem prejuízo da remuneração no cargo efetivo, em
outro órgão da Administração Municipal que não tenha quadro próprio de pessoal,
para fim determinado e a prazo certo.

§ 3° A Secretaria Municipal de Administração, com a finalidade de


promover a composição da força de trabalho dos órgãos da Administração Pública
direta do Município, poderá determinar a lotação ou o exercício de servidor dentre os
órgãos municipais.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Seção II
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo

Art. 90. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as


seguintes disposições:

I. Tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará


afastado do cargo;
II. Investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III. Investido no mandato de vereador:
a. Havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de
seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
b. Não havendo compatibilidade de horário, será afastado do
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.

Capítulo VI
DOS OUTROS AFASTAMENTOS

Art. 91. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do


serviço:
I. Por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II. Por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
III. Por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:

a. Casamento;

b. Falecimento do cônjuge, companheiro ou companheira, pais, madrasta


ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.

Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge, o companheiro ou


companheira que comprove união estável como entidade familiar.

Art. 92. Será concedido horário especial ao servidor estudante,


quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição,
sem prejuízo do exercício do cargo.

§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação


de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração semanal
do trabalho.

§ 2o Também será concedido horário especial, com redução de duas


horas diárias na jornada de trabalho, ao servidor portador de necessidades especiais
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

permanentes, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial,


independentemente de compensação de horário.

§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao servidor


que tenha cônjuge, filhos ou dependente portador de necessidades especiais
permanentes.

§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à


compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que
desempenhe atividade prevista no art. 66 desta Lei.

Capítulo VII
DO TEMPO DE SERVIÇO

Art. 93. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, para todos
os efeitos legais.

Parágrafo único. O número de dias poderá ser convertido em anos de


365 (trezentos e sessenta e cinco) dias cada um.

Art. 94. Além das ausências ao serviço previstas no art. 91 desta lei,
são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:

I.Férias;
II.Exercício de cargo em comissão, função de confiança ou equivalente
na Administração Pública Municipal ou em órgão ou entidade dos
Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal,
para os mesmos fins, mediante cessão;

III.Participação em programa de treinamento regularmente instituído ou


em programa de pós-graduação stricto sensu no País;
IV.Desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do
Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;
V.Júri e outros serviços obrigatórios por lei;

VI.Estudo no exterior, quando autorizado o afastamento, conforme


dispuser o regulamento;
VII.Licença:
a. À gestante, à adotante e à paternidade;
b. Para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro
meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado
ao Município, em cargo de provimento efetivo;
c. Para o desempenho de mandato sindical e classista, exceto para
efeito de promoção por merecimento;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

d. Por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;


e. Para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
f. Por convocação para o serviço militar;
g. Licença prêmio.
VIII. Participação em competição desportiva nacional ou convocação
para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, conforme
disposto em lei específica;
IX. Afastamento para servir em organismo internacional de que o
Brasil participe ou com o qual coopere.

Parágrafo único. É vedada a contagem cumulativa de tempo de


serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou
entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Municípios, autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas, bem assim
tempo de serviço já computado para obtenção de benefícios administrativos ou
previdenciários.

Art. 95. O tempo de contribuição previdenciária e o de serviço serão


computados para fins de aposentadoria e disponibilidade na forma da lei
previdenciária.

Capítulo VIII
DO DIREITO DE PETIÇÃO

Art. 96. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes


Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.

Art. 97. O requerimento será dirigido à autoridade competente para


decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente
subordinado o requerente.

Art. 98. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver


expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado.

Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração de


que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias
e decididos dentro de 30 (trinta) dias.

Art. 99. Caberá recurso:

I. Do indeferimento do pedido de reconsideração;

II. Das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.


PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior à que


tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala
ascendente, às demais autoridades.

§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que


estiver imediatamente subordinado o requerente.

Art. 100. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou


de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
interessado, da decisão recorrida.

Art. 101. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
da autoridade competente.

Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de


reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato
impugnado.

Art. 102. Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do


processo ou documento, na repartição, ao servidor ou o procurador por ele
constituído, podendo obter cópias ou certidões conforme dispõe a Constituição
Federal em seu artigo 5°. Inciso XXXIII.

Art.103. A Administração Pública Municipal deverá anular seus atos, a


qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade e pode revogá-los por motivo de
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos dos servidores.

Art. 104. O direito de a Administração Pública Municipal anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus respectivos
servidores decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.

§1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência


contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de


autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Art. 105. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste


Capítulo, salvo motivo de força maior.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Título IV
DO REGIME DISCIPLINAR
Capítulo I
DOS DEVERES

Art. 106. São deveres do servidor:

I. Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;


II. Ser leal às instituições a que servir;
III. Observar as normas legais e regulamentares;

IV. Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;


V. Atender com presteza:
a. Ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas
as protegidas por sigilo;
b. À expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
c. Às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI. Levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de
que tiver ciência em razão do cargo;
VII. Zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio
público;
VIII. Guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX. Manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X. Ser assíduo e pontual ao serviço;
XI. Tratar com urbanidade as pessoas;
XII. Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII do caput


deste artigo será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade
superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla
defesa.

Capítulo II
DAS PROIBIÇÕES

Art. 107. Ao servidor é proibido:

I. Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia


autorização do chefe imediato;
II. Retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto da repartição;
III. Recusar fé a documentos públicos;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

IV. Opor resistência injustificada ao andamento de documento e


processo ou execução de serviço;
V. Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da
repartição;
VI. Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou
de seu subordinado;
VII. Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
associação profissional ou sindical, ou a partido político;

VIII. Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de


confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
IX. Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em
detrimento da dignidade da função pública;
X. Participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
XI. Atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições
públicas municipais, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
XII. Receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer
espécie, em razão de suas atribuições;
XIII. Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV. Praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV. Proceder de forma desidiosa;
XVI. Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços
ou atividades particulares;
XVII. Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
XVIII. Exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
XIX. Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste


artigo não se aplica nos seguintes casos:

I. Participação nos conselhos de administração e fiscal de


empresas ou entidades em que o Município detenha, direta ou indiretamente,
participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar
serviços a seus membros; e
II. Gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma
do art. 85 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Capítulo III
DA ACUMULAÇÃO

Art. 108. Ressalvados os casos previstos na Constituição Federal e


nas Emendas Constitucionais, é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos.

§ 1º. A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e


funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de
economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios.

§ 2º. A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à


comprovação da compatibilidade de horários.

§ 3º. Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de


cargo, função ou emprego público efetivo, com proventos da inatividade, salvo
quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na
atividade.

Art. 109. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em


comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 12, nem ser
remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica nas seguintes


situações:
I. À remuneração devida pela participação em conselhos de
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que o
Município, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado
o que, a respeito, dispuser legislação específica;
II. Comissões permanentes ou grupos de trabalhos na forma em que
dispuser a legislação.

Art. 110. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular


licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em
comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que
houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.

Capítulo IV
DAS RESPONSABILIDADES

Art. 111. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo


exercício irregular de suas atribuições, sendo responsável por todos os prejuízos
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

que, nesta qualidade, causar à Fazenda Municipal, por dolo ou culpa, devidamente
apurados.

§ 1º. Caracteriza-se especialmente a responsabilidade:

I. Pela sonegação de valores ou objetos confiados à sua guarda ou


responsabilidade;
II. Por não prestar contas ou por não as tomar, na forma e nos prazos
estabelecidos em leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço;
III. Pelas faltas, danos, avarias, e quaisquer outros prejuízos que sofrerem
os bens e os materiais sob sua guarda ou sujeitos a seu exame e fiscalização;
IV. Pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas notas de
despacho, guias e outros documentos da receita ou que tenham com eles relação;
V. Por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Municipal.

§ 2º. Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor


perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.

§ 3º. A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e


contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida.

§ 4º. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções


imputadas ao servidor, nessa qualidade.

§ 5º. A responsabilidade administrativa resulta de ato omissivo ou


comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.

Art. 112. Nos casos de indenização à Fazenda Municipal, o servidor


será obrigado a repor, de uma só vez e com correção monetária e os encargos
previstos no § 3º do art.43, a importância do prejuízo causado em virtude de
alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimentos ou entradas nos
prazos legais.

Art. 113. Excetuados os casos previstos no artigo anterior, será


admitido o pagamento parcelado, na forma do art.43.

Art. 114. A responsabilidade administrativa não exime o servidor da


responsabilidade civil ou criminal que no caso couber, nem o pagamento da
indenização a que ficar obrigado o exime da pena disciplinar em que incorrer.

Art. 115. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-


se, sendo independentes entre si.

Art. 116. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada


no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Capítulo V
DAS PENALIDADES

Art. 117. São penalidades disciplinares:

I. Advertência;

II. Suspensão;

III. Demissão;

IV. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

V. Destituição de cargo em comissão;

VI. Destituição de função comissionada.

Art. 118. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza


e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará


sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.

Art. 119. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de


violação de proibição constante do art. 107, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância
de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
justifique imposição de penalidade mais grave.

Art. 120. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das


faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não
tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
(noventa) dias.

§ 1o. Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor


que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada
pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
determinação.

§ 2o. Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de


suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por
cento) por dia de remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em
serviço.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 121. A autoridade que tiver conhecimento de infração funcional


que enseje a aplicação de penas de advertência e suspensão até 5 (cinco) dias
deverá notificar por escrito o servidor da infração a ele imputada, com prazo de 3
(três) dias para oferecimento de defesa.

§ 1º. A defesa dirigida à autoridade notificante deverá ser feita por


escrito e entregue contra recibo.

§ 2º. O não acolhimento da defesa ou sua não apresentação no prazo


legal acarretará a aplicação das penalidades previstas no “caput” deste artigo,
mediante ato motivado, expedindo-se a respectiva portaria e providenciada a
anotação, em assentamento, da penalidade aplicada, após publicação no Diário
Oficial do Estado.

Art. 122. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus


registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo
exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova
infração disciplinar.

Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos


retroativos.

Art. 123. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

I. Crime contra a administração pública;


II. Abandono de cargo;
III. Inassiduidade habitual;
IV. Improbidade administrativa;
V. Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI. Insubordinação grave em serviço;
VII. Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima
defesa própria ou de outrem;
VIII. Aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX. Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;

X. Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio municipal;


XI. Corrupção;
XII. Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII. Transgressão dos incisos IX a XVI do art. 107.

Art. 124. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos,


empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 134 notificará o
servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo
improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo


processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:

I. Instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser


composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a
materialidade da transgressão objeto da apuração;

II. Instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;

III. Julgamento.

§ 1º. A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome e


matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos cargos, empregos ou
funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de
vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
regime jurídico.

§ 2º. A comissão lavrará até três dias após a publicação do ato que a
constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de que trata
o parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado,
ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar
defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, observado o
disposto nos arts. 147 e 148.

§ 3º. Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo


quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
principais dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o
respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, para
julgamento.
§ 4º. No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a
autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o
disposto no § 3o do art. 158.

§ 5º. A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa
configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em pedido
de exoneração do outro cargo.

§ 6º. Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á


a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade
em relação aos cargos, empregos ou funções públicas em regime de acumulação
ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.

§ 7º. O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar


submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados da data de publicação
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias,
quando as circunstâncias o exigirem.

§ 8º. O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste artigo,


observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as disposições dos
Títulos IV e V desta Lei.

Art. 125. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo


que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.

Art. 126. A destituição de função gratificada ou de cargo em comissão


exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.

Art. 127. A demissão ou a destituição de cargo em comissão ou de


função gratificada, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 123, implica a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal
cabível.

Art. 128. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por


infringência do art. 107, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova
investidura em cargo público municipal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público municipal o


servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão, por infringência do
art. 123, incisos I, IV, VIII, X e XI.

Art. 129. Dar-se-á por configurado o abandono do cargo, quando o


servidor faltar ao serviço por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.

Art. 130. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem


causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze
meses.

Art. 131. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade


habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 124,
observando-se especialmente que:

I. A indicação da materialidade dar-se-á:


a. Na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias;

b. No caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de


falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta dias
interpoladamente, durante o período de doze meses;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

II. Após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório


conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá
as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará na
hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço
superior a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
julgamento.

Art. 132 - Para aplicação das penalidades previstas no art. 117, são
competentes:

I. O Prefeito, o Presidente da Câmara Municipal e a autoridade


máxima das autarquias e fundações públicas;
II. Os Secretários Municipais, até a de suspensão;
III. O Procurador Geral e Auditor Chefe até a de suspensão,
limitada a 30 (trinta) dias;
IV. As demais chefias a que estiver subordinado o servidor, nas
hipóteses de advertência e suspensão até 5 (cinco) dias.

Art. 133. A ação disciplinar prescreverá:


I. Em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II. Em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III. Em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.

§ 1o. O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se


tornou conhecido.

§ 2o. Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às


infrações disciplinares capituladas também como crime.

§ 3o. A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar


interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.

§ 4o. Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a


partir do dia em que cessar a interrupção.

TÍTULO V
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
Capítulo I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 134. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço


público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou
processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.

Parágrafo único. A apuração de que trata o caput, por solicitação da


autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou
entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
competência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou
temporário pelo Prefeito, preservadas as competências para o julgamento que se
seguir à apuração.

Art. 135. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de


apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e
sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.

Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente


infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.

Art. 136. Da sindicância poderá resultar:

I. Arquivamento do processo;
II. Aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
(trinta) dias;
III. Instauração de processo disciplinar.

Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não


excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da
autoridade superior.

Art. 137. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a


imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão
ou função de confiança, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.

Capítulo II
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO

Art. 138. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a
influir na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo
disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo
de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração no cargo efetivo.

Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual


prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Capítulo III
DO PROCESSO DISCIPLINAR

Art. 139. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar


responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições,
ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido.

Art. 140. O processo disciplinar será conduzido por comissão


composta de três servidores estáveis designados pela autoridade competente,
observado o disposto no no art. 134, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

§ 1o. A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu


presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.

§ 2o. Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquérito,


cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta
ou colateral, até o terceiro grau.

Art. 141. A Comissão exercerá suas atividades com independência e


imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da administração.

Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão


caráter reservado.

Art. 142. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:

I. instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;

II. inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;

III. julgamento.

Art. 143. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não


excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a
comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o
exigirem.

§ 1o. Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos


seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do
relatório final.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 2o. As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão


detalhar as deliberações adotadas.

Seção I
Do Inquérito

Art. 144. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do


contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e
recursos admitidos em direito.

Art. 145. Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar,


como peça informativa da instrução.

Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância concluir


que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente
encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente da imediata
instauração do processo disciplinar.

Art. 146. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de


depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, objetivando a coleta
de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a
completa elucidação dos fatos.

Art. 147. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o


processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir
testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar
de prova pericial.

§ 1º. O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados


impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o
esclarecimento dos fatos.

§ 2º. Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a


comprovação do fato independer de conhecimento especial de perito.

Art. 148. As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado


expedido pelo presidente da comissão, devendo a segunda via, com o ciente do
interessado, ser anexado aos autos.

Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expedição


do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da repartição onde serve,
com a indicação do dia e hora marcados para inquirição.

Art. 149. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo,


não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 1º. As testemunhas serão inquiridas separadamente.

§ 2º. Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem,


proceder-se-á à acareação entre os depoentes.

Art. 150. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão


promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos previstos nos
arts. 149 e 151.
§ 1º. No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre fatos ou
circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.

§ 2º. O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, bem


como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e
respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do presidente da
comissão.

Art. 151. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado,


a comissão proporá à autoridade competente que ele seja submetido a exame por
junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.

Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processado em


auto apartado e apenso ao processo principal, após a expedição do laudo pericial.

Art. 152. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação


do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas
provas.

§ 1º. O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da


comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, contados a
partir da juntada de cópia do mandado ao processo, assegurando-se-lhe vista do
processo na repartição, bem assim, cópias ou certidões observado o disposto no art.
5°. Inciso XXXIII da Constituição Federal.

§ 2º. Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20


(vinte) dias.

§ 3º. O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para


diligências reputadas indispensáveis.

§ 4º. No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da


citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo
membro da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 153. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a


comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.

Art. 154. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será


citado por edital, publicado no Diário Oficial do Estado e em jornal de grande
circulação na localidade do último domicílio conhecido, para apresentar defesa.

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será


de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.

Art. 155. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado,


não apresentar defesa no prazo legal.

§ 1º. A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e


devolverá o prazo para a defesa.

§ 2º. Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do


processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de
cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou
superior ao do indiciado.

Art. 156. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório


minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará as provas em
que se baseou para formar a sua convicção.

§ 1º. O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à


responsabilidade do servidor.

§ 2º. Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará


o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias
agravantes ou atenuantes.

Art. 157. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será


remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para julgamento.

Seção II
Do Julgamento

Art. 158. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do


processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.

§ 1º. Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade


instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade competente, que
decidirá em igual prazo.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 2º. Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o


julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena mais grave.

§ 3º. Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de


aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá ao Prefeito.

§ 4º. Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a autoridade


instauradora do processo determinará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente
contrária à prova dos autos.

Art. 159. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando


contrário às provas dos autos.

Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas


dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade
proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.

Art. 160. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que


determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior declarará a
sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra
comissão para instauração de novo processo.

§ 1º. O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do


processo.

§ 2º. A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o


art. 133, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV do Título IV.

Art. 161. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora


determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.

Art. 162. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo


disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da ação penal,
ficando trasladado na repartição.

Art. 163. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser


exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do processo
e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.

Art. 164. Serão assegurados transporte e diárias:

I. Ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de


sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou indiciado;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

II. Aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a


se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de missão essencial ao
esclarecimento dos fatos.

Seção III
Da Revisão do Processo

Art. 165. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo,


a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis
de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.

§ 1º. Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do


servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo.

§ 2º. No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será


requerida pelo respectivo curador.

Art. 166. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.

Art. 167. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui


fundamento para a revisão, que requer elementos novos, ainda não apreciados no
processo originário.

Art. 168. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao


Prefeito ou aos representantes legais das autarquias e fundações, que, se autorizar
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
o processo disciplinar.

Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente


providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 140.

Art. 169. A revisão correrá em apenso ao processo originário.

Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora


para a produção de provas e inquirição das testemunhas que arrolar.

Art. 170. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão


dos trabalhos.

Art. 171. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que


couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do processo disciplinar.

Art. 172. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade,


nos termos do art. 132.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias,


contados do recebimento do processo, no curso do qual a autoridade julgadora
poderá determinar diligências.

Art. 173. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a


penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em
relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar


agravamento de penalidade.

TÍTULO VI
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR
Capítulo I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 174. O Município manterá Plano de Seguridade Social para o


servidor efetivo e sua família.

Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão que não


seja, simultaneamente, ocupante de cargo efetivo na Administração Pública Direta,
autarquias e fundações e o Poder Legislativo do Município de Rio Branco está
submetido ao Regime Geral de Previdência Social.

Art. 175. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos
a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um conjunto de
benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:
I. Garantir meios de subsistência nos eventos de inatividade,
doença, e falecimento;
II. Proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;

Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e


condições definidos em lei, observadas as disposições desta Lei.

Art. 176. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor


efetivo compreendem:

I. Quanto ao servidor:
a. Aposentadoria;
b. Auxílio-natalidade;
c. Salário-família;
d. Licença para tratamento de saúde;
e. Licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f. Licença por acidente em serviço;
g. Garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
satisfatórias;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

II. Quanto ao dependente:


a. Pensão;
b. Auxílio-funeral;
c. Auxílio-reclusão.

§1º. As aposentadorias e as pensões serão concedidas na forma em


que dispuser a lei disciplinadora do regime próprio de previdência social do servidor
efetivo.

§ 2o. O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou


má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal
cabível.
Capítulo II
DOS BENEFÍCIOS

Seção I
Do Auxílio-Natalidade

Art. 177. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de


nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público
municipal, inclusive no caso de natimorto.
§ 1º. Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50%
(cinqüenta por cento), por nascituro.
§ 2º. O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor público,
quando a parturiente não for servidora.

Seção II
Do Salário-Família
Art. 178. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, por
dependente econômico e terá o valor fixado no Plano de Carreira, Cargos e
Remuneração.

Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para


efeito de percepção do salário-família:
I. O cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados até
21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se
inválido, de qualquer idade;
II. O menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização
judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do inativo;
III. A mãe e o pai sem economia própria.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 179. Para os efeitos do art. 178, não se configura a dependência


econômica quando o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em valor
igual ou superior ao salário-mínimo.

Art. 180. Quando o pai e mãe forem servidores públicos municipais e


viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando separados, será
pago a um e outro, de acordo com a distribuição dos dependentes.

Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a


madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.

Art. 181. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem


servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a Previdência Social.

Art. 182. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não


acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.

Seção III
Da Licença para Tratamento de Saúde

Art. 183. Será concedida ao servidor efetivo licença para tratamento


de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da
remuneração no cargo efetivo a que fizer jus.

Parágrafo Único. Para fins de fixação da remuneração a que se refere


o caput deste artigo e com relação as vantagens previstas nos incisos III, IV, V do
art. 52 desta lei será considerada a média aritmética dos valores percebidos pelo
servidor nos últimos 12 (doze) meses anteriores a concessão da licença.

Art. 184. A licença de que trata o art. 183 desta Lei será concedida
com base em perícia oficial.

§ 1º. Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na


residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se encontrar
internado.

§ 2º. A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no


período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento será concedida
mediante avaliação por junta médica oficial.

§ 3º. A perícia oficial para concessão da licença de que trata o caput


deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial previstos nesta Lei, será
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo de


atuação da odontologia.

Art. 185. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze)


dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia oficial.

Art. 186. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao


nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por
acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das doenças especificadas. na
lei previdenciária.

Art. 187. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou


funcionais será submetido à inspeção médica.

Art. 188. O servidor será submetido a exames médicos periódicos, nos


termos e condições definidos em regulamento.

Seção IV
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade

Art. 189. Será concedida licença à servidora gestante efetiva, por 120
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração no cargo efetivo, a
qual poderá ser prorrogada por mais 60 (sessenta) dias, a qual deverá ser requerida
até 30 (trinta) dias corridos após o nascimento da criança.

§1º. A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de


gestação, salvo antecipação por prescrição médica.

§2º. No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a partir do


parto.
§3º. No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a
servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o
exercício.

§4º. No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá


direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.

§5º. O benefício a que fazem jus as servidoras públicas mencionadas


no caput será igualmente garantido a quem adotar ou obtiver guarda judicial para
fins de adoção de criança, podendo a licença ser prorrogada, se requerida nos
primeiros 30 dias da licença maternidade concedida, na seguinte proporção:

a. Quarenta e cinco dias, no caso de criança de até um ano de idade; e

b. Quinze dias, no caso de criança com mais de um ano de idade.


PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 6º. Para os fins do disposto no § 5o, inciso I, alínea “b”, considera-se


criança a pessoa de até doze anos de idade incompletos, nos termos do art. 2o da
Lei Federal no 8.069, de 13 de julho de 1990.

§ 7º. A prorrogação da licença será custeada com recurso do Tesouro


Municipal.

§ 8º. Para fins de fixação da remuneração a que se refere o caput


deste artigo, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 183 desta lei.

Art. 190. No período de licença-maternidade e licença à adotante de


que trata esta Lei, as servidoras públicas em gozo da licença não poderão exercer
qualquer atividade remunerada e a criança não poderá ser mantida em creche ou
organização similar.

Parágrafo único. Em caso de ocorrência de quaisquer das situações


previstas no caput, a beneficiária perderá o direito à prorrogação, sem prejuízo do
devido ressarcimento ao erário.

Art. 191. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à


licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos, a qual poderá ser prorrogada por
mais 10 (dez) dias, nos termos da Lei Municipal n° 1.673, de 20 de dezembro de
2007.

Art. 192. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a
servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de
descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora.

Seção V
Da Licença por Acidente em Serviço

Art. 193. Será licenciado, com remuneração no cargo efetivo, o


servidor efetivo acidentado em serviço.

Parágrafo único. Para fins de fixação da remuneração a que se refere


o caput deste artigo, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 183 desta lei.

Art. 194. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental


sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as
atribuições do cargo exercido.

Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:


PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

I. Decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no


exercício do cargo;
II. Sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.

Art. 195. O servidor acidentado em serviço que necessite de


tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à conta de
recursos públicos.

Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica oficial


constitui medida de exceção e somente será admissível quando inexistirem meios e
recursos adequados em instituição pública.

Art. 196. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias,


prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.

Seção VI
Do Auxílio-Funeral

Art. 197. O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na


atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da remuneração no cargo
efetivo ou provento.

§ 1º. No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago


somente em razão do cargo de maior remuneração ou provento.

§ 2º. O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, por


meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que houver custeado o
funeral.

Art. 198. Se o funeral for custeado por terceiro, este será indenizado,
observado o disposto no artigo anterior.

Art. 199. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do local


de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte do corpo correrão à
conta de recursos do Município, autarquia ou fundação pública municipal.

TÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Capítulo I
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 200. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por esta Lei,
na qualidade de servidores públicos, os servidores do Município de Rio Branco,
autarquias e fundações públicas municipais, e do Poder Legislativo Municipal.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

§ 1º. Enquanto não implantado o regime próprio de previdência social


dos servidores municipais e descontada, da respectiva remuneração no cargo
efetivo, a contribuição previdenciária prevista para o referido regime, os servidores
permanecerão integralmente submetidos ao regime jurídico trabalhista e
previdenciário a que se encontram vinculados na data desta lei.

§ 2º. Os empregos públicos a que se refere o caput deste artigo, serão


transformados em cargos efetivos na data a que se refere o artigo 215 desta lei e
integrarão quadro permanente de pessoal dos respectivos entes ou órgãos
municipais.

§ 3º. Aplicam-se as disposições deste artigo aos concursos públicos


homologados, com prazo de validade em vigor, ou em realização.

§4º. Ao servidor que, em razão da transformação prevista nesta Lei,


após o cálculo dos descontos referente à contribuição previdenciária, ao imposto de
renda e a pensões alimentícias, obtiver um montante maior de descontos,
comparando com o montante efetuado no Regime Celetista, terá a diferença
acrescida em sua Remuneração, a título de Benefício de Transformação de Caráter
Transitório, até a criação das Carreiras dos Servidores Municipais enquadrados no
regime estatutário.

§ 5º. Fica facultada aos servidores de que trata este artigo que, na data
da publicação desta lei, implementaram as condições para obtenção da
aposentadoria nos termos da legislação vigente, opção pela permanência na
situação anterior, regidos pela legislação trabalhista, pela lei no. 8.213, de 24 de
julho de 1991, e pelo art. 9º. da EC no. 20, de 16 de dezembro de 1998.

§ 6º. Os servidores de que tratam o § 5°. deverão manifestar-se pela


aposentadoria prevista no referido parágrafo, no prazo de 90 (noventa) dias a contar
da publicação desta lei.

§ 7°. Os titulares de cargos em comissão permanecem vinculados ao


regime geral de previdência social - RGPS e passam a submeter-se ao regime
previsto nesta lei, aplicando-se as disposições nela constantes, no que couber.

§ 8º. Aplica-se o disposto neste artigo aos servidores ocupantes dos


empregos públicos de Agentes Comunitários de Saúde criados pela Lei Municipal
no. 1.650, de 29 de outubro de 2007.

§ 9º. Os servidores afastados para outros órgãos ou entes, com


suspensão dos respectivos contratos de trabalho, terão o prazo de até 90 (noventa)
dias a contar da publicação desta lei, para regularização de sua situação funcional,
observado o seguinte:
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

I. se o servidor já se aposentou pelo Regime Geral de Previdência


Social – RGPS, será automaticamente desligado do Município de Rio Branco;
II. se em exercício em outro órgão ou ente, submetido ao regime
de previdência previsto pelo cessionário, deverá optar pela permanência no
cessionário, hipótese em que será automaticamente desligado do Município de Rio
Branco;
III. ocorrendo a situação prevista no inciso II deste artigo, optando
pelo desligamento do cessionário, será incluído no quadro de pessoal do Município
de Rio Branco, no emprego anteriormente ocupado na data de sua cessão e deverá
entrar em exercício no dia imediato ao desligamento do cessionário.

§10. As contribuições previdenciárias vertidas ao órgão ou ente


cessionário deverão ser certificadas e serão averbadas junto ao prontuário do
servidor que for incluído no quadro de pessoal do Município de Rio Branco.

Art. 201. Na hipótese de o servidor submetido ao regime previsto por


esta lei vir a se aposentar pelo Regime Geral de Previdência Social, inclusive com
fundamento no art. 9º da EC nº 20, de 16 de dezembro de 1998, o respectivo cargo
por ele ocupado será declarado vago, sendo vedado ao servidor permanecer
vinculado à Administração Pública Municipal, sob esse título, observado o disposto
nos §§ 1º e 2º do art. 34 desta lei.

Capítulo II
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 202. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e oito de


outubro.

Art. 203. Poderão ser instituídos, no âmbito da Administração Pública


direta, autárquica, fundacional e Poder Legislativo, todos do Município de Rio
Branco, os seguintes incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos
respectivos planos de carreira:
I. Prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos que
favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos operacionais;
II. Concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito,
condecoração e elogio.

Art. 204. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias


corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.

Parágrafo único. Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia


útil se o término cair em sábado, domingo, feriado ou em dia que:
I. Não houver expediente;
II. O expediente for encerrado antes da hora normal.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

Art. 205. O servidor ou o inativo que, sem justa causa, deixar de


atender a exigência legal, para cujo cumprimento seja marcado prazo certo, terá
suspenso o pagamento de sua remuneração ou proventos, até que satisfaça essa
exigência.

Art. 206. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou


política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer
discriminação em sua vida funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus
deveres.

Art. 207. Ao servidor público é assegurado, nos termos da


Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os seguintes direitos,
entre outros, dela decorrentes:

a. De ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto


processual;

b. De descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a que


for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas em assembléia geral
da categoria.

Art. 208. As aposentadorias e as pensões estatutárias de que trata a


Lei Municipal nº. 1.597, de 28 de junho de 2006, passam a ser regidas pela regras
constantes nesta Lei, e seus beneficiários passarão a contribuir para o regime
próprio de previdência social do servidor, na forma estabelecida em Lei.

Art. 209. Os servidores contratados por tempo determinado para


atender necessidade temporária de excepcional interesse público nos termos do
Inciso IX, do Art. 37 da Constituição Federal, e da Lei Municipal n. 1.663 de 19 de
dezembro de 2007, permanecem submetidos ao Regime Geral de Previdência
Social.

Art. 210. Os contratos submetidos à Lei Municipal no. 1.663, de 19 de


dezembro de 2007, passam a ter natureza administrativa e ao pessoal contratado
nos termos da referida lei serão conferidos os seguintes deveres e vantagens:

I. A remuneração prevista para a função, estabelecida na forma da


lei;
II. Diárias;
III. Gratificação Natalina;
IV. Adicional de Insalubridade, periculosidade ou atividades
penosas;
V. Adicional de serviço extraordinário, adicional noturno e adicional
de férias;
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO

VI. Férias;
VII. Afastamento para ausentar-se do serviço, sem qualquer prejuízo
de remuneração para doação de sangue, alistamento eleitoral, casamento, e nojo;
VIII. Direito de Petição;
IX. Deveres previstos no art. 106 desta lei;
X. Proibições previstas no art. 107 desta lei;
XI. Direito de acumulação na forma da Constituição Federal;
XII. Responsabilidades;
XIII. Penalidades previstas no art. 117 desta lei.

Parágrafo único. Os servidores de que tratam este artigo farão jus a


licença maternidade, auxílio doença, aposentadoria e pensão, bem como, outros
benefícios concedidos pelo Regime Geral de Previdência Social, nos termos da lei
federal 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991.

Art. 211. Ao servidor municipal será concedida licença prêmio, nos


termos da Lei Municipal n° 1.695, de 04 de abril de 2008.

Art. 212. Aos quadros especiais de profissionais do poder executivo,


eventualmente criados na forma da lei, e ao quadro de pessoal da Câmara
Municipal, aplicam-se, no que couber, as disposições desta lei.

Art. 213. As despesas com a execução desta lei correrão à conta das
dotações orçamentárias próprias, suplementadas, se necessário.

Art. 214. Ficam revogados os art. 3° da Lei Municipal n° 1.292, de 30


de dezembro de 1997, o art. 151 da Lei Municipal 1.342, de 23 de março de 2000;
art. 13 da Lei Municipal nº 1.457, de 16 de janeiro de 2000; art. 108 da Lei Municipal
nº. 1.551 de 08 de novembro de 2005, Lei Municipal n° 1.607, de 16 de outubro de
2006; art. 3° da Lei Municipal n° 1.650, de 29 de outubro de 2007; Lei Municipal n°
1.673, de 20 de dezembro de 2007; art. 91 da Lei Municipal n° 1.698, de 04 de abril
de 2008; e o art. 33 da Lei Municipal nº 1.731, de 22 de dezembro de 2008.

Art. 215. Esta Lei entra em vigor no primeiro dia do mês subseqüente
após o prazo de 90 (noventa) dias contados da data de sua publicação.

Rio Branco-Acre, 30 de dezembro de 2009, 121º da república, 107º do


Tratado de Petrópolis, 48º do Estado do Acre e 126º do Município de Rio Branco.

Raimundo Angelim Vasconcelos


Prefeito de Rio Branco

DOE N.º 10.204 DE 31/12/09

Você também pode gostar