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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

ESTRUTURA E
FUNÇÃO DAS
IMUNOGLOBULINAS

IMUNOLOGIA 1
ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

ESTRUTURA E
FUNÇÃO DAS
IMUNOGLOBULINAS
CONTEÚDO: HIASMIN ACOSTA ALVES
CURADORIA: FABRÍCIO MONTALVÃO

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

SUMÁRIO

Estrutura e Função das Imunoglobulinas .................................................. 4

Estrutura dos anticorpos............................................................................... 4

Classes de anticorpos .................................................................................... 7

Cinética de produção de Igs ......................................................................... 8

Funções efetoras de anticorpos.................................................................. 9

Neutralização de microrganismos e toxinas microbianas ..........................9

Opsonização e fagocitose ........................................................................... 10

Receptores Fc em leucócitos ...................................................................... 10

Citotoxicidade celular dependente de anticorpo ................................... 11

Eliminação de helmintos ............................................................................. 11

Exames de anticorpos .................................................................................. 11

Referências .................................................................................................... 13

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMU- diferentes anticorpos se liguem a diver-


NOGLOBULINAS sos tipos de antígenos.

Uma molécula de anticorpo possui uma


Os anticorpos, também denominados
estrutura simétrica composta de duas
imunoglobulinas (Ig), consistem em pro-
cadeias leves iguais e duas cadeias pe-
teínas produzidas em resposta à exposi-
sadas iguais. Essas cadeias possuem
ção a antígenos. Os anticorpos consis-
uma série de unidades repetidas, cada
tem nos mediadores da imunidade hu-
um com aproximadamente 110 resíduos
moral contra todas as classes de micror-
de aminoácidos de comprimento, que se
ganismos, alérgenos e proteínas pró-
dobram independentemente em um mo-
prias, pois apresentam grande diversi-
tivo globular chamado de domínio Ig. Es-
dade e especificidade em reconhecer
tes domínios de Igs pertencem a um
estruturas moleculares diferentes.
grande grupo de domínios proteicos, co-
Os anticorpos são sintetizados somente nhecidos como superfamília das imuno-
por linfócitos B e existem em duas for- globulinas.
mas: ligados à membrana dos linfócitos
Um domínio Ig apresenta duas camadas
B, onde funcionam como receptores de
de folhas β-pregueadas, cada uma
antígenos (BCR), e secretados, forma na
composta de três e cinco fitas de cadeia
qual atuam na neutralização de toxinas,
polipeptídica antiparalela. Essas cama-
prevenção da entrada e disseminação
das são unidas por pontes dissulfeto e as
dos patógenos e eliminando os micror-
faixas adjacentes de cada folha β são
ganismos.
conectadas por pequenas alças. Amino-
O reconhecimento do antígeno pelos ácidos presentes em algumas dessas al-
anticorpos ligados à membrana dos lin- ças são os mais variáveis para o reco-
fócitos B naive ativa essas células, inici- nhecimento do antígeno (Fig. 1).
ando a resposta imune humoral. As célu-
As cadeias leve e pesada consistem em
las B ativadas se diferenciam em plas-
regiões variáveis (V), que estão presen-
mócitos e iniciam a secreção de anticor-
tes na extremidade aminoterminal, e que
pos da mesma especificidade do recep-
participam do reconhecimento do antí-
tor do antígeno.
geno, e regiões constantes (C), localiza-
ESTRUTURA DOS ANTICORPOS das na extremidade carboxiterminal. As
regiões C das cadeias pesadas me-
Todas as moléculas de anticorpo pos- deiam as funções efetoras. Bioquimica-
suem características estruturais básicas mente, a molécula de anticorpo é com-
em comum, mas apresentam grande va- posta por diversos domínios, que perten-
riabilidade nas regiões onde os antíge- cem a superfamília das imunoglobulinas.
nos se ligam, o que permite que

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

A região V de uma cadeia pesada (VH) e os anticorpos ligados à membrana nas


a região V de uma cadeia leve (VL) for- membranas plasmáticas dos linfócitos B,
mam o sitio de ligação ao antígeno. e a outra, é encontrada somente nos an-
Como cada molécula de anticorpo pos- ticorpos secretados. As regiões C das
sui duas cadeias pesadas e duas ca- cadeias leves não participam das fun-
deias leves, existem dois sítios de ligação ções efetoras e não estão diretamente
ao antígeno. ligadas às membranas das células.

As cadeias pesadas e leves estão cova-


lentemente ligadas por pontes dissulfeto
formadas entre os resíduos de cisteína
no carboxiterminal da cadeia leve e no
domínio CH1 da cadeia pesada. As inte-
rações não covalentes entre os domínios
CL e CH1 também podem contribuir para
a associação das cadeias leves e pesa-
das (Fig. 1).

As duas cadeias pesadas de cada molé-


cula de anticorpo estão covalentemente
ligadas por pontes dissulfeto. Nos anti-
corpos IgG, essas ligações são formadas
entre resíduos de cisteína nos domínios
Figura 1: Domínios de Ig na estrutura do anti- CH1, próximas à região chamada de do-
corpo. VH – região variável da cadeia pesada; CH
bradiça. A região de dobradiça é funda-
– região constante da cadeia pesada; VL – região
variável da cadeia leve; CL – região constante da mental para que os dois sítios de ligação
cadeia leve. Fonte: <https://commons.wiki- do anticorpo acomodem-se, de maneira
media.org/w/index.php?curid=25946518>. ótima, a duas moléculas de antígeno.
Isto permite maior flexibilidade, mesmo
Os domínios Ig da região C são distantes
que as duas moléculas de antígeno es-
do local de ligação do antígeno e não
tejam a distancias diferentes.
participam no reconhecimento do antí-
geno. As regiões C da cadeia pesada in- A relação entre as cadeias das molécu-
teragem com outras moléculas efetoras las de anticorpo e as funções das dife-
e células do sistema imune e, dessa rentes regiões foram identificadas a par-
forma, medeiam diversas funções dos tir de experimentos de clivagem de IgG
anticorpos. por enzimas proteolíticas em fragmentos
distintos.
As cadeias pesadas podem se apresen-
tar de duas formas que diferem nas ter-
minações carboxiterminais: uma ancora

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A enzima papaína, age na região de do- As regiões hipervariáveis são compostas


bradiça e cliva a IgG em três pedaços. por 10 resíduos de aminoácidos cada,
Dois são idênticos um ao outro e consis- que podem ser mantidos pelas sequên-
tem na cadeia leve (VL e CL) completa as- cias mais conservadas que formam o do-
sociada a um fragmento VH-CH1 da ca- mínio Ig da região V. No anticorpo, as
deia pesada. Esses fragmentos possuem três regiões hipervariáveis do domínio VL
a capacidade de se ligar ao antígeno e as três regiões hipervariáveis do domí-
porque cada um apresenta domínios VL e nio VH são mantidas juntas para criar
CL pareados, assim, eles são chamados uma superfície de ligação ao antígeno.
de Fab (fragmento de ligação ao antí-
geno) (Fig. 2). Por essas sequências formarem uma su-
perfície complementar à forma tridimen-
O terceiro fragmento é formado por dois sional do antígeno ligado, as regiões hi-
peptídeos idênticos ligados por pontes pervariáveis também são denominadas
de dissulfeto, cada um com os domínios de regiões de determinação de comple-
CH2 e CH3 da cadeia pesada. Esse frag- mentariedade (CDRs).
mento pode se autoassociar e se crista-
lizar em forma de treliça, por isso é cha- Essas regiões, chamadas de CDR1, CDR2
mado de Fc (fragmento cristalizável). e CDR3 procedem de cada região ami-
noterminal VL ou VH, sendo que as CDR3s
Quando se utiliza a enzima pepsina, ao são as mais variáveis. As diferenças na
invés da papaína, na clivagem do IgG, a sequência entre as CDRs de diferentes
proteólise ocorre distal à região de do- moléculas de anticorpo contribuem para
bradiça, gerando um fragmento F(ab’)2 superfícies distintas de interação e, as-
com a dobradiça e as pontes dissulfeto sim, para as especificidades dos anticor-
intercadeias intactas e dois locais de li- pos individuais.
gação do antígeno idênticos (Fig. 2).
A ligação do antígeno pelas moléculas
A maioria das diferenças de sequência e de anticorpo é uma função das região
variabilidade entre os anticorpos deriva hipervariáveis de VL e VH. O contato mais
de três trechos na região V da cadeia extenso é com a terceira região hiperva-
pesada e três trechos na região V da ca- riável. Porém, a ligação do antígeno não
deia leve. Esses trechos são denomina- é primariamente uma função dos CDRs e
dos regiões hipervariáveis e consistem os resíduos do arcabouço também po-
em três alças protuberantes conectando dem fazer contato com o antígeno. Além
fitas adjacentes das cadeias β que for- do mais, na ligação com alguns antíge-
mam os domínios V da cadeia pesada da nos, um ou mais CDRs podem estar do
Ig e as proteínas da cadeia leve. lado de fora da região de contato com o
antígeno, não participando da ligação
com ele.

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

Figura 2 – Clivagem do anticorpo pela papaína em dois fragmentos Fab e um fragmento Fc (esquerda).
Clivagem do anticorpo pela pepsina em um fragmento F(ab’)2 e fragmentos peptídicos (direita).

As regiões C da IgG, IgA e IgD possuem


somente três domínios Ig, que são gene-
CLASSES DE ANTICORPOS ricamente chamados de domínios CH e
são numerados sequencialmente a partir
As moléculas de anticorpo podem ser
do aminoterminal para o carboxiterminal
classificadas a partir das diferenças pre-
(por exemplo, CH1, CH2, assim por diante).
sentes na estrutura das regiões C da ca-
Em cada isotipo, essa regiões podem ser
deia pesada. As classes de anticorpos
denominadas especificamente, como
também são denominadas de isotipos e
exemplo, Cγ1, Cγ2 na IgG.
consistem na IgA, IgD, IgE, IgG e IgM.
As diferentes classes e subclasses de an-
Em humanos, as classes IgA e IgG podem
ticorpos desempenham funções efetoras
ser divididos em subclasses, denomina-
diversas. Isso ocorre porque a maioria
das IgA1 e IgA2, e IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4,
das funções efetoras dos anticorpos é
respectivamente.
mediada pela ligação das regiões C da
As cadeias pesadas são designadas cadeia pesada nos receptores Fc (FcRs)
pela letra do alfabeto grego correspon- presentes em células como fagócitos,
dente ao isotipo do anticorpo, assim: a células NK e mastócitos. As classes e
IgA1 contém cadeias pesadas α1; a IgA2, subclasses de anticorpos são diferentes
α2; IgD, δ; IgE, ε; IgG1, γ1; IgG2, γ2; IgG3, em suas regiões C, o que determina onde
γ3; IgG4, γ1; e IgM, μ.

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

eles se ligam e quais funções irão de- unidade estrutural básica do anticorpo.
sempenhar. Já as formas secretadas de IgM e IgA
formam complexos multiméricos em que
Há dois isotipos de cadeias leves deno- dois ou mais núcleos de quatro cadeias
minados k (kappa) e l (lambda), que são de unidades estruturais do anticorpo são
diferenciados por suas regiões constan- ligadas covalentemente. A IgM secre-
tes (C) carboxiterminais. Cada molécula tada é um pentâmero. A IgA é frequen-
de anticorpo possui duas cadeias leves k temente secretada como um dímero.
idênticas ou duas cadeias l idênticas.
As moléculas multiméricas de IgM e IgA
Anticorpos secretados e associados à também possuem um polipeptídeo adi-
membrana diferem na sequência de cional denominado de cadeia (J) (não
aminoácidos da porção carboxiterminal confundir com os genes J, envolvidos no
da região da cadeia pesada. Na forma rerranjo que codifica o TCR e o BCR), que
secretada, a porção carboxiterminal é é ligado por pontes dissulfeto aos peda-
hidrofílica. Já a forma ligada a mem- ços das caudas e serve para estabilizar
brana contém um pedaço carboxitermi- os complexos multiméricos.
nal que inclui uma região transmem-
brana hidrofóbica α-helicoidal e uma CINÉTICA DE PRODUÇÃO DE IGS
porção carregada positivamente na re-
gião intracelular, logo abaixo da mem- As cadeias pesadas e leves da Ig são
brana. sintetizadas em ribossomos ligados à
membrana no retículo endoplasmático
Os aminoácidos carregados positiva- rugoso. A proteína é translocada para o
mente se ligam aos grupos de cabeça retículo endoplasmático e as cadeias
fosfolipídica carregados negativamente pesadas da Ig são glicosiladas durante
na região interna da membrana plasmá- esse processo.
tica e realizam a ancoragem da proteína
na membrana. A dobra das cadeias pesadas da Ig e sua
montagem com as cadeias leves são re-
Nas moléculas IgM e IgD da membrana, guladas por proteínas presentes no retí-
a porção citoplasmática da cadeia pe- culo endoplasmático denominadas cha-
sada é curta, pois possuem apenas três peronas. Essas proteínas, como a calne-
resíduos de aminoácidos de compri- xina e a molécula BiP (proteína de liga-
mento. Já nas moléculas de IgG e IgE de ção), se ligam a polipeptídeos Ig sinteti-
membrana, a porção citoplasmática da zados e garantem que eles sejam retidos
cadeia pesada pode chegar até 30 resí- ou degradados, se não forem dobrados
duos de aminoácidos de comprimento. corretamente e encaixados em molécu-
las de Ig completas.
As moléculas de IgG e IgE secretadas e o
BCR são monoméricas, reprsentando a

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

A associação covalente das cadeias pe- Quando os linfócitos B são ativados por
sadas e leves, estabilizada por pontes antígenos e outros estímulos, as células
dissulfeto, também ocorre no retículo en- se diferenciam em células secretoras de
doplasmático. Após a montagem, as anticorpos e, em conjunto, ocorrem mu-
moléculas de Ig são liberadas das cha- danças no padrão de produção da Ig.
peronas, transportadas para a cisterna Uma dessas alterações é o aumento da
do complexo de Golgi e encaminhadas produção da forma secretada de Ig em
para a membrana plasmática em vesí- relação à forma membranar.
culas. Os anticorpos de membrana são
ancorados na membrana plasmática e FUNÇÕES EFETORAS DE
os anticorpos secretados são transpor- ANTICORPOS
tados para fora da célula.
Neutralização de microrganismos e
A maturação das células B é associada toxinas microbianas
com alterações específicas na expres-
são do gene da Ig, o que gera a produ- Os anticorpos contra microrganismos e
ção de moléculas de Ig de diferentes for- toxinas microbianas bloqueiam a liga-
mas. A célula pré-B sintetiza a forma ção desses agentes e suas toxinas aos
membranar da cadeia pesada μ. Essas receptores celulares, neutralizando-os.
cadeias μ se associam a proteínas deno- Muitos microrganismos penetram nas
minadas cadeias leves substitutas, para células hospedeiras através da ligação
formar o receptor da célula pré-B. de moléculas da superfície microbiana
com proteínas ou lipídios de membrana
Células B imaturas e maduras produzem das células hospedeiras.
cadeias leves k ou l que se associam as
proteínas μ para formar moléculas de Os anticorpos que se ligam nessas estru-
IgM. As células B maduras expressam turas microbianas bloqueiam a possível
formas membranares de IgM e IgD. Esses interação destes com os receptores ce-
receptores Ig de membrana servem lulares, evitando a infecção. Muitas toxi-
como receptores de superfície celular nas microbianas também desenvolvem
que reconhecem antígenos e iniciam a seus efeitos patológicos através da liga-
ativação da célula B. ção com receptores celulares, como a
toxina tetânica e a toxina diftérica.
O receptor da célula pré-B e o receptor
de antígeno da célula B estão não cova- Anticorpos contra essas toxinas dificul-
lentemente associados a duas outras tam as interações das toxinas com as
proteínas de membrana, Igα e Igβ, que células hospedeiras, impedindo que as
atuam nas funções de sinalização e são toxinas produzam lesão e doença.
muito importantes para a expressão de
IgM e IgD na superfície.

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

A neutralização de microrganismos e to- as partículas são destruídas por subs-


xinas pelos anticorpos necessita so- tâncias microbicidas. As principais subs-
mente da participação das regiões de li- tâncias microbicidas produzidas nos
gação ao antígeno. Assim, a neutraliza- fagócitos ativados são as espécies rea-
ção pode ser mediada por anticorpos de tivas de oxigênio, óxido nítrico e enzimas
qualquer isotipo presente na circulação hidrolíticas.
e nas secreções mucosas.
Os fagócitos também possuem diversos
Um mecanismo desenvolvido pelos mi- receptores de superfície que se ligam
crorganismos para evitar que os anticor- aos microrganismos e os internalizam,
pos sejam capazes de se ligar neles é a mesmo sem haver anticorpos, consti-
mutação de genes de antígenos de su- tuindo um mecanismo da imunidade
perfície, que são alvo dos anticorpos inata. Um exemplo são receptores do
neutralizantes. tipo lectina, que são capaz de reconhe-
cer determinados resíduos de carboidra-
OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE tos na superfície dos microrganismos.

Os anticorpos do isotipo IgG opsonizam RECEPTORES FC EM LEUCÓCITOS


(revestem) os microrganismos e induzem
sua fagocitose pela ligação com fagóci- Os leucócitos possuem receptores de Fc
tos. Os fagócitos mononucleares e os que se ligam as regiões constantes de
neutrófilos possuem receptores para as anticorpos, gerando a fagocitose de
porções Fc dos anticorpos IgG. partículas opsonizadas por Ig. Outros re-
ceptores de Fc medeiam o transporte de
Esse processo de revestimento de partí- anticorpos para diversos locais.
culas para promover a fagocitose é cha-
mado de opsonização e substâncias que Entre os tipos de receptores para Fc, os
realizam esse processo, como anticorpos que são mais relevantes para a fagoci-
e proteínas do complemento, são cha- tose de partículas opsonizadas são os
mados de opsoninas. A opsonização receptores para a porção Fc de anticor-
também pode ocorrer por meio de um pos IgG, chamados receptores Fcγ.
subproduto da ativação do comple-
mento, o C3b, que se liga a um receptor Entre os subtipos do receptor Fcγ em
de leucócitos para C3b e estimula a fa- fagócitos, o principal é o FcyRI, expresso
gocitose dos microrganismos. em macrófagos e neutrófilos, que se liga
a IgG1 e IgG3 com alta afinidade, garan-
As partículas opsonizadas são internali- tindo a fagocitose de células opsoniza-
zadas em vesículas chamadas de fagos- das.
somos, que se fundem com os lisossomos
para formar os fagolisossomos, nos quais

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

CITOTOXICIDADE CELULAR DE- Dessa forma, uma proteína catiônica tó-


PENDENTE DE ANTICORPO xica, chamada de proteína básica prin-
cipal (MBP, do inglês Major Basic Protein)
As células natural killer (NK) e outros leu- dos grânulos de eosinófilos, que possui
cócitos se ligam a células opsonizadas potencial para matar os helmintos. O
com anticorpo através dos receptores conteúdo dos grânulos que contém essa
de Fc e as destroem. Esse processo é substância são liberados através da li-
chamado de citotoxicidade mediada gação dos anticorpos, principalmente
por células dependente de anticorpos IgE, mas também em menor grau IgG , na
(ADCC). superfície doa helmintos.

As células NK expressam o receptor A IgE que reconhece os antígenos da su-


FcγRIIIA. O receptor FcγRIIIA possui baixa perfície dos helmintos também podem
afinidade para a Fc da IgG, por isso ele realizar a desgranulação dos mastócitos
se liga somente a moléculas de IgG e eosinófilos locais, através de sua liga-
agregadas nas superfícies das células e ção em receptores de alta afinidade
não em moléculas circulantes de IgG para IgE, presente nestas células.
monomérica. Assim, a ADCC só ocorre
As substâncias liberadas pelos mastóci-
quando a célula está revestida com mo-
tos também induzem broncoconstrição e
léculas de anticorpo.
aumento da motilidade local, contribu-
A ligação entre a porção Fc dos anticor- indo para a expulsão de vermes de lo-
pos com o receptor FcγRIII ativa as célu- cais como as vias aéreas e o trato gas-
las NK de forma que elas realizem a se- trintestinal.
creção de citocinas, como o IFN-γ, e a li-
beração do conteúdo dos seus grânulos EXAMES DE ANTICORPOS
para destruição da célula-alvo.
Exames que analisam anticorpos são
ELIMINAÇÃO DE HELMINTOS utilizados para detectar a presença de
determinados isotipos e para quantificá-
A eliminação de alguns parasitas helmín- los em uma amostra, geralmente de san-
ticos se dá pela ação de anticorpos, eo- gue. Como já citado anteriormente, há
sinófilos e mastócitos que controlam a cinco classes diferentes de imunoglobu-
morte e a expulsão desses parasitas. Os linas: IgM, IgG, IgE, IgA e IgD.
helmintos são organismos muito grandes
As classe mais investigadas nos exames
para que os fagócitos os internalizem.
de anticorpos são a IgM, IgG, IgE e IgA. A
Além disso, os tegumentos dos helmintos
IgM e a IgG estão relacionadas à imuni-
são resistentes as substancias microbici-
dade imediata e a longo prazo nas in-
das, presentes nos grânulos das células
fecções, respectivamente. Já os
da imunidade inata.

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

anticorpos IgE são investigados na sus- autoimune, investigar rejeição em um


peita de alergias. Os anticorpos IgA são transplante, diagnosticar uma alergia e
pesquisados quando se suspeita de do- controlar o desenvolvimento de uma in-
ença que acometa as mucosas, como o fecção ou doença autoimune.
diagnóstico de doença celíaca.
Durante os exames, mistura-se a amos-
Quando um indivíduo é exposto à um tra do paciente com um antígeno conhe-
determinado agente infeccioso pela pri- cido. Se houver a presença do anticorpo
meira vez, o sistema imune leva determi- na amostra e ele se ligar ao antígeno,
nado tempo até reconhecer os antíge- pode-se medir os complexos antígeno-
nos relacionados e começar a produção anticorpo.
de anticorpos específicos e em quanti-
dade suficientes para combater o A concentração normal de anticorpos
agente. Assim, a resposta inicial é com- pode variar em diferentes indivíduos.
posta por anticorpos IgM e, após algum Dessa forma, o resultado dos exames
tempo, o sistema imune começa a pro- deverão levar em consideração a sinto-
dução de anticorpos IgG. matologia do paciente e a suspeita clí-
nica.
Através da memória imunológica, se o
indivíduo for exposto novamente à este O resultado pode ser qualitativo, indi-
agente infeccioso, sua resposta será cando a presença ou não do anticorpo
mais rápida e intensa que da primeira contra determinado agente infeccioso,
vez, proporcionando defesa principal- ou quantitativo, indicando se o indivíduo
mente pelos anticorpos IgG. apresenta quantidade suficiente de an-
ticorpos para combater uma infecção ou
As vacinas possuem o objetivo de esti- não. Também podem ser identificados e
mular a produção de anticorpos no indi- descritos a quantidade presente de an-
víduo antes que este seja exposto ao ticorpos.
agente infeccioso. Elas utilizam uma ver-
são atenuada do microrganismos, que Referente aos exames de IgM e IgG ao
não é capaz de causar infecção. Dessa longo de uma infecção, pode-se obter
forma, as vacinas realizam uma resposta os seguintes resultados:
inicial com produção de IgM seguida por
uma produção de IgG.

Os exames de anticorpos podem ser uti-


lizados para detectar a exposição a um
agente infeccioso, avaliar o nível de imu-
nidade contra determinado microrga-
nismo, investigar uma doença

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ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULINAS

Anticorpos Significado

IgM positivo e IgG negativo Infecção recente.

Paciente já desenvolveu a doença no passado e


IgM negativo e IgG positivo se curou; paciente possui uma doença crônica;
paciente é vacinado.
Paciente não está doente e não tem imunidade
IgM negativo e IgG negativo
contra o agente.

REFERÊNCIAS

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e
molecular. 8ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

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