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TÓPICOS DA AULA:
Síntese
A. O teocentrismo na Idade Média e o nascimento da experiência subjetiva privatizada e individualizada no
Renascimento.
B. A subjetividade no Renascimento: antropocentrismo e diversidade cultural.
C. Procedimentos de contenção do eu.
D. A crítica à aparência.
Central: perda dos referenciais medievais (estáveis) aprofundamento da experiência de si necessidade
de uma busca pessoal por critérios de “verdade” a partir dos quais pautar as condutas
C - Procedimentos de contenção do eu
1. Retomada de referências para a colocação do humano no mundo: centradas próprio eu; auto-controle.
A nova valorização do ser humano e a imposição de que ele construa sua existência e
descubra valores segundo os quais viver, aliada a toda a dispersão e fragmentação do mundo,
que apontamos acima, levarão à tentativa de criação de mecanismos para o domínio e
formação do eu (SANTI, p.36).
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Material para uso privado e exclusivo dos alunos da presente disciplina, no ano de 2024. Proibida a divulgação pública.
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3. Permanente tensão da indeterminação frente à complexidade da realidade
No Renascimento, a questão pode ser equacionada de outra forma: Deus fez o homem livre
para que ele possa ser julgado; ele pode escolher um bom caminho e ser recompensado por
isso, mas pode ser desviado dele por tentações e dispersões – e o mundo renascentista as
oferece em quantidade – e, então, ser responsabilizado e punido por isso. A questão passa a
ser: o que eu devo ser? Como devo me formar? Em termos mais psicológicos, como construir
uma identidade? (SANTI, p. 37)
4. Crise frente a dispersão e fragmentação do mundo; Possíveis saídas: Santo Ignácio de Loyola e Maquiavel
4.1. Santo Ignácio de Loyola (1491 – 1556)
4.1.1. Militar antes de se converter
4.1.2. Fundador da Companhia de Jesus (1534)
4.1.3. Disciplina, iniciativa prática e pregação militante: perinde ac cadaver "disciplinado como um
cadáver";
4.1.4. Liberdade Causa da perdição humana
[...] o homem é livre para ser o que é e parece estar perdido; ele precisa e pode, portanto,
dirigir sua livre vontade ao caminho correto para se encontrar (SANTI, p38).
[...] a liberdade humana é reconhecida apenas para sei lhe atribuir a causa da perdição
humana. Curiosamente, a salvação implica justamente em abrir mão de forma absoluta dessa
liberdade, transferindo-a à autoridade religiosa com toda a boa-vontade e determinação
(SANTI, p.40)
A única determinação reconhecida para nosso ser é a própria vontade; todas as
determinações históricas, sociais, genéticas, etc, são simplesmente negadas (SANTI, p.40)
O valor primeiro de tudo será a obtenção e manutenção do poder centralizado. Para tanto, não há
que se ter vergonha por fazer qualquer coisa neste sentido, mesmo matar a quem quer que
represente uma ameaça ao poder. O princípio ético é o da afirmação do poder (SANTI, p. 43).
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4.2.5. Melhor ser temido do que amado
Um príncipe não deve, pois, temer a má fama de cruel, desde que por ela mantenha seus
súditos unidos e leais. [...] Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado que temido ou
o contrário. A resposta é de que seria necessário ser uma coisa e outra; mas, como é
difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito mais seguro ser temido do que
amado (MAQUIAVEL apud, SANTI, p.44-45).
Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis,
simuladores, tementes do perigo, ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizeres bem, são
todos teus, oferecem-te o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos, desde que, como se
disse acima, a necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltam-
se. E o príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se destituído de
outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e não
pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no
momento oportuno; não se torna possível utilizá-las. E os homens têm menos escrúpulo
em ofender a alguém que se faça amar do que a quem se faça temer, posto que a amizade
é mantida por um vínculo de obrigação que, por serem os homens maus, é quebrado em
cada oportunidade que a eles convenha; mas o temor é mantido pelo receio de castigo
que jamais se abandona" (MAQUIAVEL apud, SANTI, p.44-45)
D - A crítica à aparência
“Desse ponto, teria surgido propriamente o que chamamos hoje de mundo interno ou privacidade;
o universo de nossos pensamentos, fantasias, projetos, 'encanações' e auto-tormentos” (p.49)
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4. Erasmo de Rotterdam (1466 – 1536)
4.1. Teólogo e filósofo
4.2. “Elogio à Loucura” (1509)
[...] o autor, que é ligado à Igreja, tinha a intenção de fazer um apelo por
reformas na burocratização e hipocrisia da Igreja. Mas o que ele atinge é
muito mais. O texto acaba por arrasar qualquer idealismo sobre a bondade
humana e seu amor pelos demais (SANTI, p.49).
[...] uma das obras mais arrasadoras de valores e desveladora de hipocrisias
sociais (SANTI, p.52).
São muitos e extensos seus monólogos que expressam uma característica essencial da
Modernidade: a interioridade. A reflexão, o desdobramento sobre si, cria a possibilidade de
um diálogo construtivo, mas Shakespeare já expressa pela voz de seu herói o quanto este
mergulho para dentro se dá às custas da ação. A consciência de si traz ao homem a consciência
de sua vaidade e um distanciamento melancólico da experiência imediata (SANTI, p.55).