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Universidade Zambeze

Faculdade de Ciências de Saúde

Medicina Dentária – II Nível

Genética

II Grupo

Tema: IMUNOGENÉTICA

Discentes: Docente:

 Alexandrina Alexandre MSc. Guido André Nchowela

 Augusto dos Santos Júnior Canizai

 Bana Joaquim António Bana

 Benvindo Zacarias Mutola

 Consolata Margarida Rafael Calima

 Consórtia Tchud Madeira

Tete, Maio de 2022


Alexandrina Alexandre
Augusto dos Santos Júnior Canizai

Bana Joaquim António Bana

Benvindo Zacarias Mutola

Consolata Margarida Rafael Calima

Consórtia Tchud Madeira

Este trabalho de Imunogenética em


grupo, é um trabalho de investigação
científica com intuito avaliativo. A
cadeira e leccionada pelo MSc. Guido
André Nchowela

Tete, Maio de 2022


Índice
1. Introdução ............................................................................................................................................................ 4

2. Objectivos ............................................................................................................................................................ 5

2.1 Objectivo Geral ........................................................................................................................................... 5

2.2 Objectivos específicos ................................................................................................................................ 5

3. Imunogenética ...................................................................................................................................................... 6

3.1 Antígenos e Anticorpos .............................................................................................................................. 6

3.2 Anticorpos .................................................................................................................................................. 6

4. Sistema Sanguíneo ABO ...................................................................................................................................... 6

4.2 Genética do Sistema de Grupos Sanguíneos ABO ...................................................................................... 7

4.3. Secreção dos Antígenos A, B e H em Líquidos Orgânicos. ............................................................................... 9

4.3 Doença hemofílica perinatal devida a incompatibilidade ABO .................................................................. 9

4.4 Sistema de Grupos Sanguíneos Rh ........................................................................................................... 10

4.5 Genética do Sistema de Grupos Sanguíneos Rh ....................................................................................... 10

4.6 Doença Hemofílica perinatal devida á incompatibilidade Rh ................................................................... 10

4.7 Frequências dos grupos sanguíneos do sistema Rh ................................................................................... 11

4.8 SISTEMAS ABO E Rh EM TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS ............................................................... 11

5. OS SISTEMAS LINFÁTICO E CIRCULATÓRIO, A FUNÇÃO IMUNOLÓGICA E A RESPOSTA IMUNE


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5.1 Função Imunológica Natural..................................................................................................................... 12

5.2 Função Imunológica adaptativa ................................................................................................................ 13

5.3 Organização e Classificação da Imunidade Adaptativa ............................................................................ 13

5.4 Células e Moléculas que Participam das Respostas Imunes ..................................................................... 14

5.5 Resposta Imune Humoral ..................................................................................................................... 17

6. Imunoglobulinas ................................................................................................................................................. 18

6.1 Regiões das Imunoglobulinas ................................................................................................................... 19

7. Transplantes ....................................................................................................................................................... 19

7.1 Tipos de transplantes ou enxertos ............................................................................................................. 19

7.2 Selecção do Doador .................................................................................................................................. 20

8 Associação entre Antígenos HLA e Doenças ..................................................................................................... 21

9 Doenças por Deficiência Imune ou Imunodeficiências Imunodeficiências Hereditárias .................................... 21

9.1 Imunodeficiências Adquiridas .................................................................................................................. 21

10. Conclusão ...................................................................................................................................................... 23

11. Bibliografia .................................................................................................................................................... 24


1. Introdução
O presente trabalho investigativo da cadeira de Genética I, falaremos da Imunogenética,
onde iremos destacar os processos imunogenéticos ramo da cadeira de genética que trata
dos aspectos relacionados a interacção antígeno – anticorpo do organismo humano.
Com principal destaque os grupos sanguíneos, sistema imunológico, transplante de
tecidos e órgãos, doenças auto – imune e doenças por imunodeficiência que são
meramente relevantes ao ramo de saúde. (Osório & Robison. 2013:332)

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2. Objectivos

2.1 Objectivo Geral


 Caracterizar os processos imunogenéticos do organismo humano

2.2 Objectivos específicos


 Conceituar imunogenética, antígeno e anticorpo
 Identificar e descrever o sistema ABO
 Descrever o sistema imunológico e as principais imunoglobulinas
 Explicar o processo de transplante de tecidos e orgãos
 Listar as doenças auto imunes e por imunodeficiência

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3. Imunogenética
A Imunogenética trata dos aspectos genéticos dos antígenos, dos anticorpos e suas
interacções, envolvendo temas importantes na área da saúde, os sistemas de grupos
sanguíneos eritrocitários e os problemas clínicos resultantes de suas incompatibilidades,
as respostas imunes, os transplantes de tecidos e órgãos, as doenças por deficiência
imune e as doenças auto-imunes (Osório & Robison. 2013:332)

3.1 Antígenos e Anticorpos


Antígeno é uma substância ou macromolécula (geralmente uma proteína) com a
capacidade de induzir uma resposta imune específica. (Osório & Robison. 2013:333)
Um antígeno pode ser uma substância geneticamente determinada na superfície de uma
hemácia, de uma célula viva nucleada ou bactéria; ou pode ser algo não directamente
relacionado a nenhuma célula viva. (Osório & Robison. 2013:333)
É denominado endógeno se produzido no interior das células do hospedeiro (p.ex.,um
vírus ou um parasita intracelular) e exógeno se produzido fora delas (por ex. bactérias,
fungos, etc.). (Osório & Robison. 2013:333)

3.2 Anticorpos
Segundo Guyton & Hall (2017. Cap. 36) os anticorpos são Gama globulinas, chamadas
imunoglobulinas, apresentando pesos moleculares entre 160.000 e 970.000, isto é, são
proteínas do soro, do tipo -globulina, denominadas de imunoglobulinas que
apresentam especificidade para um epítopo de moléculas que compõem um antígeno.
As regiões de especificidades do anticorpo são denominadas parátopos ou sítios
combinatórios (sítios de ligação de um anticorpo ao antígeno).
Os anticorpos são classificados geralmente em regulares, que resultam de estímulos
naturais e tem ocorrência esperada, e irregulares, que resultam com resposta a alo
antígenos e tem ocorrência inesperada. (Osório & Robison. 2013:333)

4. Sistema Sanguíneo ABO


Segundo Osório & Robison (2013:334) o sistema sanguíneo ABO foi descoberto em
1900 por Landsteiner, que observou que os indivíduos da espécie humana podiam ser
6
classificados em quatro grupos ou tipos, de acordo com a presença ou ausência dos
antígenos (ou aglutinogénios) A e B nas hemácia e dos anticorpos anti – A e anti – B no
soro. Os antígenos do sistema sanguíneo não restringem a membrana dos eritrónios.

Figura 1.0: Os quatro grupos ou tipos sanguíneos do sistema ABO baseiam-se nos
antígenos presentes na superfície das hemácias.
Fonte: Osório & Robison, Genética humana, 3ª edição.

Reacção das hemácias do sistema de grupos sanguíneos ABO com os soros Anti – A e
Anti – B

Fonte: Osório & Robison, Genética Humana,3ª edição.

4.2 Genética do Sistema de Grupos Sanguíneos ABO


Os alelos responsáveis pela determinação genética dos antígenos do sistema de grupos
sanguíneos ABO estão localizados em um locus situado no braço longo do cromossomo
9, muito próximo ao locus AKI, da enzima adenilatoquinase eritrocitária.
O locus ABO consiste em 7 exons e 6 introns, com grande parte da sequência
codificadora localizada nos exons 6 e 7.

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Os alelos A e B são codominantes e o alelo O é recessivo em relação a eles e é
considerado um alelo amorfo, por não, codificar um produto génico conhecido.

Fenótipo Genótipo Antígenos Anticorpos

A AA, AO A Anti – B

B BB, BO B Anti-A

AB AB AeB Nenhum

O OO Nenhum Anti – A e Anti – B

Fonte: Souza. Silva. et all; Genética Médica Para Universitários; 2015; 1ª edição

Os antígenos A e B são codificados no cromossomo 9, e estes antígenos são herdados


com padrão codominante, uma vez que os dois podem ser expressos ao mesmo tempo e
não interferem entre si na sua manifestação, o grupo possui uma herança recessiva, uma
vez que ele indica a ausência dos dois antígenos. (Micas. 2015:151).
É aquele em que as hemácias do indivíduo não são aglutinadas por anti – A, anti – B ou
anti – H, mostrando que não são células do grupo O, Posteriormente esse fenótipo foi
encontrado em outros locais, sendo hoje denominado de fenótipo Oh.
Os indivíduos do grupo O diferem dos indivíduos do grupo Oh, porque, no primeiro
caso, há produção da substância H, porém, no segundo, mesmo que sejam portadores
dos alelos A ou B, não formam antígeno algum desse sistema na superfície das suas
hemácias, sendo portanto, falsos ´´O´´.

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No fenótipo Oh, falta a enzima – 2 – L – fucosiltransferase, por isso não há produção
de antígeno H, não havendo, consequentemente, substrato para a produção de antígenos
A e B. Actualmente sabe-se que esse fenótipo é causado pela homozigose de uma
mutação de sentido trocado (leu 242 arg) no alelo FUT1 (antígeno H) e da deleçao total
do alelo FUT2 (factor secretor).
Os indivíduos com o fenótipo Oh transmitem seus alelos A e/ou B para seus
descendentes, nos quais poderão expressar-se se estes possuírem pelo menos um alelo
H.

Fonte: Osório e Robson Genética Humana 3ª edição.

4.3. Secreção dos Antígenos A, B e H em Líquidos Orgânicos.


Além das hemácias, os antígenos A, B e H podem ser produzidos também na forma
hidrossolúvel, em líquidos como sémen, saliva, lágrima, leite materno, urina e sucos
gástricos.

4.3 Doença hemofílica perinatal devida a incompatibilidade ABO


A maioria dos casos de doença hemofílica perinatal (também chamada de doença
hemofílica do recém – nascido, DHPN) devida á incompatibilidade ABO não requer
tratamento.
Essa doença ocorre quase exclusivamente quando mães do grupo O geram crianças dos
grupos A ou B, porque os anti – A e anti – B formados pela mãe tendem a ser do tipo
IgG (portanto, atravessam a placenta), ao passo que os anti – A e anti – B, encontramos
no soro de indivíduos dos grupos B e A respectivamente, tendem a ser do tipo IgM.
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Apesar de ser DHPN mais frequente, em geral é leve, principalmente porque o feto não
expressa o nível adulto dos antígenos A e B e pela neutralização parcial dos anticorpos
IgG maternos pelos antígenos A e B localizados em outras células, no plasma e nos
líquidos orgânicos. No entanto, a potência dos antígenos do sistema ABO pode variar,
por isso o grau de hemólise e a gravidade da DHPN são imprevisíveis. Ao contrário do
DHPN devida a incompatibilidade do Rh, a DHPN devida ao ABO pode surgir na
primeira gravidez e pode afectar as gestações subsequentes ou não.

4.4 Sistema de Grupos Sanguíneos Rh


O Sistema de grupos sanguíneos Rh foi descoberto por Landstainer e Wiener, em 1940
sua importância é a mesma do sistema ABO, isto é, em transfusões e em obstetrícia, na
incompatibilidade materna – fetal, que pode originar a DHPN.
Esse sistema foi assim denominado porque foram macacos Rhesus (actualmente Macaca
Mulata) nos experimentos que lavaram á sua descoberta.

4.5 Genética do Sistema de Grupos Sanguíneos Rh


É simbolizada por RH, pode ser descrito com um único par de alelos, D e d. As pessoas
Rh – positivas têm genótipo DD ou Dd, e as Rh – negativas são dd.

Obtenção do soro anti – Rh do modo como as hemácias de macacos Rhesus, e das pessoas que
reagem a esse soro.

4.6 Doença Hemofílica perinatal devida á incompatibilidade Rh


A doença hemolítica perinatal (DHPN) é também conhecida como doença hemofílica
do recém ou eritroblastose fetal.

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Etiologia, pata génese e prevenção – a DHPN é uma doença hemolítica adquirida, que
ocorre quando há incompatibilidade entre a mãe e o feto com relação a grupos
sanguíneos. Há dois tipos principais de DHPN: um é devido a incompatibilidade quando
ao sistema Rh (a mãe é Rh – negativa e o feto, Rh – positivo), o outro a
incompatibilidade quando ao sistema ABO (quando a mãe é do grupo sanguíneo O e o
feto é do grupo A ou B).
Actualmente essa última é a forma mais comum de DHPN, sendo seguida pela DHPN
causada pela incompatibilidade quanto ao sistema Rh. Em menos frequência, a DHPN
pode ser causada por incompatibilidade quando a outros sistemas sanguíneos, como o
kell ou o Duffy. Em qualquer caso, o diagnóstico deve ser confirmado por testes
específicos como o teste de Coombs.
Em uma mãe Rh – negativa, as células fetais Rh – positivas que entrarem na circulação
materna (em geral no terceiro trimestre de gestação ou durante o parto) podem
estimular a formação de anti – D pela mãe, o qual pode ser transferido para a circulação
fetal. Quando isso acontece suas hemácias são destruídas, o feto torna-se anémico e
libera grande quantidade de eritroblastos (hemácias imaturas e nucleadas; daí a
denominação de eritorbastose fetal).

4.7 Frequências dos grupos sanguíneos do sistema Rh


Em geral, 85% dos casos são Rh – positivos (DD ou Dd) e 15% são Rh – negativo (dd),
mas essa frequência são variáveis. Por exemplo, a prevalência de Rh negativo é de 20 a
30% em europeus, 7% em afro-americanos e inferior a 1% em chineses e japoneses,
considerando-se apenas lócus RHD, que é o que tem maior importância para transfusões
e o uso somente de anti – D. (Osório e Robison, 2013 pág. 344)

4.8 SISTEMAS ABO E Rh EM TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS


Os sistemas sanguíneos ABO e Rh são os mais considerados em casos de transfusão.
Quando o doador for do grupo sanguíneo O não existe reacção de aglutinação, pelo fato
de não possuir antígenos A e/ou B nas suas hemácias; é por essa razão que ele é
denominado doador universal.
Por outro lado, quando o receptor for do grupo sanguíneo AB, pelo fato de não possuir
anticorpos anti – A e anti – B em seu soro, poderá receber sangue de indivíduos de
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todos os grupos sanguíneos, motivo pelo qual ele é denominado receptor universal.
Com relação ao sistema sanguíneo Rh, um indivíduo Rh – negativo deve receber
somente sangue de indivíduos Rh – negativos. Quando se desconhece o grupo
sanguíneo do receptor, em casos de emergência, por exemplo, deverá ser-lhe
transfundido sangue de indivíduo Rh – negativo.

5. OS SISTEMAS LINFÁTICO E CIRCULATÓRIO, A FUNÇÃO


IMUNOLÓGICA E A RESPOSTA IMUNE
O sistema linfático (os órgãos linfáticos primários, como a medula óssea e o timo; e os
órgãos linfáticos secundários, como o baço, o anel linfático da faringe e os linfónodos).
As células, moléculas e vários mecanismos responsáveis pela protecção do organismo
contra substâncias estranhas consistem na função imunológica, e a sua resposta
fisiológica conjunta e coordenada a essas substâncias estranhas que invadem o
organismo consiste na resposta imune ou resposta imunológica. As principais células
da função imunológica são os linfócitos, as células apresentadoras de antígenos e as
células efectoras.

5.1 Função Imunológica Natural


O corpo humano tem várias barreiras mecânicas, químicas e biológicas que constituem
a primeira linha de defesa contra a entrada de microrganismos e moléculas tóxicas. As
barreiras mecânicas de protecção incluem a epiderme e seus componentes, o epitélio
das membranas mucosas dos sistemas digestório, genital, respiratório e urinário, bem
como os cílios do sistema respiratório. As barreiras químicas que inibem o
crescimento microbiano incluem o pH levemente ácido da pele e da vagina e altamente
ácido do estômago, assim como a acção microbicida de moléculas secretadas pelos
tecidos que estão em contacto com o ambiente: RNases, DNases, lisoenzimas,
defensinas (polipeptídeos ricos em cisteína) e outras, na pele, nas secreções lacrimais e
nos sistemas digestório e respiratório. As barreiras biológicas consistem nos
microrganismos comensais, que existem em relação simbiótica com o corpo,
colonizando a pele e o trato gastrointestinal e assim impedindo o estabelecimento de
outros microrganismos potencialmente patogénicos.

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5.2 Função Imunológica adaptativa
A imunidade adaptativa, específica ou adquirida é a terceira linha de defesa contra
potenciais ameaças ao organismo, caracteriza – se por respostas específicas e flexíveis
a diferentes macromoléculas, e pela memória imunológica, que é a capacidade de
responder com maior vigor e eficácia a um mesmo microrganismo exposto
repetidamente através de três aspectos muito importantes:
1 - Discriminação, que é a capacidade de um organismo reconhecer o que lhe é próprio
e o que lhe é estranho, sendo vital para a sua sobrevivência;
2 - Memória, que é a capacidade de lembrar contactos prévios com um antígeno;
3 - Especificidade, pois cada anticorpo reage com um antígeno específico.

Fonte: (Osório & Robison. 2013, 3ª edição)

5.3 Organização e Classificação da Imunidade Adaptativa


A imunidade adaptativa tem muitos componentes que podem ser agrupados em duas
classes principais: a imunidade humoral e a imunidade celular, ambas interagindo
significativamente para efectuar a resposta imune.
A imunidade humoral envolve a produção de proteínas chamadas imunoglobulinas
ou anticorpos, que são os receptores de células B (BCR, de B-cell receptor),
formados por linfócitos especializados, chamados linfócitos B ou células B, que se
desenvolvem e amadurecem na medula óssea. Os anticorpos circulam no sangue e em
outros líquidos do organismo, ligando-se a antígenos específicos e marcando-os para

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destruição pelas células fagocitárias. Os anticorpos activam, também, um conjunto de
proteínas específicas, denominadas complemento, que atraem os macrófagos e ajudam
a destruir as células.
A imunidade celular é realizada pelas células T, que são linfócitos especializados que
amadurecem no timo, respondendo apenas a antígenos encontrados na superfície das
células corporais.

A Resposta Imune
A proliferação inicial de células B e T antígeno específicas é denominada resposta
imune primária. Quando o antígeno que desencadeou esse mecanismo reaparecer no
corpo futuramente, as células de memória específicas para esse antígeno tornam-se
activas e dão rapidamente origem a outro clone de células capazes de se ligar e destruir
o antígeno em 2 a 3 dias. Essa reacção de formação de um novo clone denomina-se
resposta imune secundária. Por exemplo, a resposta imune secundária é a base da
vacinação, que estimula uma resposta imune primária a um antígeno e resulta em
células de memória que podem rapidamente produzir uma resposta secundária, se o
mesmo antígeno invadir o organismo, no futuro.

Fonte: (Osório & Robison. 2013. 3ª edião)

5.4 Células e Moléculas que Participam das Respostas Imunes


As principais células e moléculas que participam das respostas imunes são: linfócitos B
ou células B; linfócitos T ou células T; células B de memória; células NK e NKT;

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receptores de antígenos das células B ou imunoglobulinas; receptores de antígenos
das células T, moléculas de classe I e classe II do complexo de histocompatibilidade
principal; citocinas e moléculas acessórias.
Linfócitos B ou células B – Os linfócitos B ou células B, componentes centrais da
resposta imune humoral, desenvolvem-se na medula óssea e, quando maduros, sua
maior parte se diferencia em plasmócitos, que produzem e expressam receptores em sua
superfície (imunoglobulinas; BCR), liberando anticorpos capazes de reconhecer os
antígenos solúveis. Além disso, esses linfócitos participam da neutralização de venenos
de animais peçonhentos e de toxinas bacterianas, actuando também na lise de certos
microrganismos. Podem ainda actuar como células apresentadoras de antígenos.
Linfócitos T ou células T – Os linfócitos T ou células T, componentes centrais da
resposta imune celular, originam-se de células hematopoiéticas existentes na medula
óssea, mas amadurecem no timo e expressam receptores em sua superfície (TCR),
participando de diversas funções: resposta imune do hospedeiro aos microrganismos de
multiplicação intracelular, rejeição de enxertos, reacções de hipersensibilidade do tipo
tardio e regulação do sistema linfático, intervindo nas actividades dos linfócitos B, dos
macrófagos e dos próprios linfócitos T. Funcionalmente, os linfócitos T podem ser
divididos em três subpopulações, cada uma delas com funções específicas:

1. Linfócitos T efectores, citolíticos ou citotóxicos


(TC) – Responsáveis pela resposta imune celular, participam da lise de células
alogênicas de órgãos transplantados de doadores não compatíveis. Estão envolvidos
com a morte de células tumorais e de células infectadas por vírus e outros tipos de
parasitas.
2. Linfócitos T auxiliares (TA) (ou TH, de helper) – Têm função essencial na
regulação da resposta imune, actuando na actividade dos linfócitos T e linfócitos B, bem
como das células fagocitárias. Esses linfócitos são multifuncionais, pois reconhecem os
antígenos estranhos apresentados nos macrófagos, produzem citocinas, actuam sobre os
linfócitos TC, induzindo-lhes a capacidade citolítica, estimulam a produção de
anticorpos pelos linfócitos B, participam da hipersensibilidade tardia e provocam a
activação dos macrófagos.
3. Linfócitos T supressores (TS) – Participam da actividade reguladora da função
imunológica adaptativa, inibindo ou suprimindo a resposta imune. Os linfócitos T
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supressores e auxiliares interagem de modo complexo, tendo efeitos opostos nos
linfócitos T citotóxicos. Uma vez cessada a resposta imune, os linfócitos T supressores
também reprimem os T auxiliares.
Células B de memória – Nem todas as células B, inicialmente estimuladas pelo
antígeno (resposta imune primária), se tornam plasmócitos, sintetizando e secretando
imunoglobulinas durante o resto de sua vida. Algumas células B estimuladas, as células
B de memória, são mantidas na reserva contra futuras exposições ao mesmo antígeno.
Em um novo contacto com esse antígeno, as células de memória passam por outro
rearranjo de DNA para mudar de classe ou de isotipo de imunoglobulina. Para troca de
isotipo (p. ex., células de memória que secretam IgM podem trocar para IgG ou IgA), as
células de memória sofrem outro rearranjo de DNA para juntar seus genes VDJ
rearranjados a genes C da cadeia pesada, alterar o transcrito de mRNA e, finalmente,
mudar o isotipo da imunoglobulina.
Células NK e NKT – Há um quarto tipo de linfócitos, denominadas células NK, que
recebem essa denominação devido à sua capacidade de reconhecer e destruir células
anormais (p. ex., infectadas ou malignas) do hospedeiro na resposta imune natural, sem
precisarem de sensibilização prévia para agir.
As células NK desenvolvem-se na medula óssea e, em vez de possuírem TCR,
apresentam outro conjunto de receptores, chamados receptores de activação de
citotoxicidade e receptores de inibidores da citotoxicidade, que permitem o
reconhecimento das células que precisam ser destruídas.
Os receptores de antígenos das células B (BCR) são as imunoglobulinas (Ig) ou
anticorpos, que podem reconhecer antígenos em sua forma nativa ou solúvel. Os TCRs
só reconhecem antígenos processados por outras células do organismo (células
apresentadoras de antígenos) e apresentados na superfície das mesmas, combinados com
as moléculas do MHC.
Moléculas do Complexo de Histocompatibilidade Principal O Complexo de
Histocompatibilidade Principal (MHC; OMIM 142800), também conhecido como
complexo de antígenos leucocitários humanos (HLA, de human leucocyte antigen),
consiste em um segmento do braço curto do cromossomo 6, que contém uma série de
genes intimamente ligados e relacionados de maneira importante à resposta imune, que
codificam as moléculas que apresentam antígenos aos linfócitos T. Essas moléculas
podem ser divididas em três classes: classe I, II e III.
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As moléculas de classe I são produzidas em todas as células nucleadas do organismo e
sua função é apresentar os antígenos aos linfócitos TC, com os quais interagem. As
moléculas de classe II são produzidas Apenas nos linfócitos B, nas células
apresentadoras de antígenos e em outras células em estados específicos de ativação,
tendo a função de apresentar os antígenos aos linfócitos TA, com os quais interagem.
As moléculas de classe III fazem parte do complemento e consiste em um conjunto de
proteínas do soro que são activadas em cascata, interagem com o complexo antígeno –
anticorpo e auxiliam na lise das células que carregam o antígeno, facilitando a
fagocitose. O complemento actua na destruição de microrganismos, produção de
inflamações e rejeição de tecidos implantados.

Fonte: (Osório & Robison. 2013. 3ª edição)

Citocinas – As citocinas são proteínas produzidas por vários tipos de células da


imunidade natural e adaptativa, que desempenham uma ampla variedade de funções no
sistema linfático. Citocinas como a interleucina-1 (IL-1) e a interleucina-6 (IL-6)
induzem a produção de proteínas que elevam a temperatura corporal. Outras, como o
factor de necrose tumoral (TNF), aumentam a permeabilidade do epitélio vascular local
e aumentam o movimento de células e moléculas solúveis dos vasos para os tecidos. Os
interferons inibem a replicação viral, aumentam o potencial lítico das células NK e a
expressão das moléculas de classe I do MHC nas células infectadas por vírus, e
estimulam o desenvolvimento de células TA.

5.5 Resposta Imune Humoral


A resposta imune humoral é o tipo de resposta adaptativa mediada por anticorpos
produzidos pelos linfócitos B. Esse tipo de resposta imune é o principal mecanismo de
defesa contra microrganismos extracelulares (ou exógenos) e suas toxinas.
Em geral, a resposta imune adaptativa apresenta-se em duas fases. Na primeira fase, a
fase indutora, o antígeno é apresentado ao sistema imune por meio da activação,
proliferação e diferenciação das células responsáveis pela resposta imune. O tipo de
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antígeno (endógeno ou exógeno) condiciona sua apresentação por uma molécula de
classe I ou II do MHC, respectivamente, e o tipo de molécula (de classe I ou classe II)
determina a activação respectiva de células TC ou TA.

Fonte: (Osório & Robison. 2013. 3ª edição)

6. Imunoglobulinas
As imunoglobulinas (Ig) são os receptores antigénicos sintetizados pelos linfócitos B e
encontrados na sua superfície. Quando secretadas na circulação, pelos plasmócitos
(linfócitos B diferenciados), denominam-se anticorpos, que constituem uma das
principais classes de proteínas séricas e fazem parte dos mecanismos de defesa do
organismo. A estrutura básica da molécula da imunoglobulina consiste em um tetrâmero
em forma de Y, composto por quatro cadeias polipeptídicas unidas por pontes
dissulfeto: duas cadeias menores ou leves (L, de light) idênticas entre si, e duas cadeias
maiores ou pesadas (H, de heavy), também idênticas entre si. As cadeias pesadas e leves
podem ser subdivididas em regiões homólogas chamadas domínios. As cadeias leves
contêm cerca de 220 resíduos de aminoácidos e podem ser divididas, com base nos
determinantes antigênicos, em dois tipos: kappa ( ) e lambda (λ). As cadeias pesadas
têm aproximadamente o dobro de comprimento das cadeias leves e podem ser divididas
em cinco tipos que diferem em sua sequência de aminoácidos: gama ( ), mi (μ), alfa

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(μ), delta (δ) e épsilon, que dão nome às imunoglobulinas (Ig) G, M, A, D e E,
respectivamente.

6.1 Regiões das Imunoglobulinas


Cada uma das cadeias leves ou pesadas está constituída de uma região variável (V) na
porção aminoterminal, a qual é responsável pela especificidade do anticorpo em relação
ao antígeno e pelo reconhecimento do não próprio do organismo, e uma região
constante (C) na porção carboxiterminal, responsável pelas outras funções das
imunoglobulinas, como, por exemplo, a fixação do complemento.

Fonte: Osório e Robison, Genética humana, 3ª edição.

7. Transplantes
Os enxertos ou transplantes de tecidos de um indivíduo para outro qualquer não
sobreviviam mais do que alguns dias. Porém, quando esses transplantes eram realizados
entre gêmeos monozigóticos, normalmente eram bem – sucedidos. (Osório e Robison.
2013:366)

7.1 Tipos de transplantes ou enxertos


Autotransplante – É o transplante de tecido do próprio indivíduo. Exemplo: transplante de pele
ou de osso de um local do corpo para outro. Nesses casos, o transplante é normalmente aceito.
Isotransplante ou transplante isogênico – É um transplante entre indivíduos geneticamente
idênticos. Exemplo: transplante entre gêmeos monozigóticos. Esse tipo de transplante também é
normalmente aceito. Alotransplante ou transplante alogênico – É o transplante realizado

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entre dois indivíduos da mesma espécie, mas geneticamente diferentes. Esse é o tipo de
transplante mais comum, sendo geralmente rejeitado, a não ser que algumas precauções sejam
tomadas.
Xenotransplante – É o transplante entre membros de espécies diferentes. Exemplo: transplante
do macaco para o homem. Esse tipo de transplante também é rejeitado, e mais rapidamente do
que o alotransplante. (Osório e Robson; 2013;p367),

Fonte: Osório e Robison, Genética humana, 3ª edição.

7.2 Selecção do Doador


A identidade quanto aos alelos do MHC entre doador e receptor é essencial para o
sucesso de um transplante. Assim, a determinação dos haplótipos HLA do receptor
(tipagem dos antígenos HLA por meio do uso de antissoros obtidos de indivíduos
sensibilizados) e dos possíveis doadores é de fundamental importância, já que a rejeição
de um transplante ocorre devido à activação do sistema linfático do receptor por
moléculas do MHC do doador, desencadeando, dessa forma, uma resposta imune
exacerbada contra o tecido transplantado. Na escolha do doador, o objectivo é
seleccionar aquele de maior semelhança quanto ao MHC (rotineiramente, os lócus
testados são HLA-A, HLA-B, HLA-C de classe I, e o HLA-DR de classe II), bem como
aos sistemas sanguíneos ABO e Rh, para minimizar também a necessidade de supressão
da resposta imune do receptor. Entretanto, muitas vezes o cogêmeo de um indivíduo
doente não é o doador ideal, pois, por serem geneticamente idênticos, ambos podem ter
ou vir a ter a mesma doença.
Não sendo esse o caso, com a ressalva anterior, o doador mais adequado seria um irmão
ou uma irmã do receptor, tendo em vista a probabilidade de 25% de que dois irmãos
compartilhem os mesmos haplótipos HLA. Uma vez que a semelhança genética entre
genitores e prole é de ½, e daí em diante outros parentes com maior similaridade
genética.
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8 Associação entre Antígenos HLA e Doenças
Os lócus HLA do MHC, que consistem no mais extenso polimorfismo da espécie
humana, têm estimulado o estudo da sua relação com as doenças. As mais fortes
associações de distúrbios clínicos com antígenos HLA são a espondilite anquilosante
(OMIM 106300), que apresenta associação com o antígeno HLA-B27, a
coriorretinopatia de Birdshot (OMIM 605808), com o antígeno HLA-A29, a narcolepsia
(OMIM 161400), com o antígeno HLA-DQ6 e a doença celíaca (OMIM 212750), com
os antígenos HLA-DQ2 e HLA-DQ8.

9 Doenças por Deficiência Imune ou Imunodeficiências


Imunodeficiências Hereditárias
A alteração da resposta imune pode resultar em imunodeficiências hereditárias ou
adquiridas. As imunodeficiências hereditárias são causadas por defeitos em algum dos
genes necessários ao sistema linfático ou à resposta imune; em sua maioria, são
congênitas, rara e seus sintomas surge geralmente na infância, estando associadas a
grande morbidade e mortalidade. A classificação das doenças por imunodeficiência
hereditária, seus defeitos gênicos e susceptibilidades aos patógenos é mostrada.

9.1 Imunodeficiências Adquiridas


As imunodeficiências adquiridas podem resultar de infecções, como a do vírus da
imunodeficiência humana (HIV), cujo nível de maior gravidade é conhecido como
síndrome da imunodeficiência adquirida (aids, de acquired immune deficiency
syndrome). Na aids, como a síndrome é mais conhecida, há o surgimento de
imunodeficiência associada a infecções oportunistas, envolvendo, mais comumente,
Pneumocystis carinii, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr e herpes simples, além de
fungos, como Candida, Aspergillus e Cryptococcus, e o protozoário Toxoplasma. Há
também uma susceptibilidade aumentada para o sarcoma de Kaposi, câncer relacionado
com o vírus Herpes. Os pacientes com aids apresentam linfopenia,

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hipergamaglobulinemia e grande número de células que secretam espontaneamente
imunoglobulinas em cultura.
A resposta dos anticorpos a novos antígenos é pobre. A linfopenia pode estar
amplamente ligada à diminuição da população de linfócitos T auxiliares (T-CD4). As
células T citotóxicas e T supressoras se apresentam normais ou aumentadas, produzindo
uma baixa relação T-CD4:T-CD8. O causador da aids é um retrovírus, isto é, um vírus
cujo material genético é o RNA. Esse vírus, denominado HIV, atua sobre os linfócitos T
auxiliares (TA), desarticulando, assim, todo o sistema linfático e a resposta imune.
O vírus liga-se aos receptores CD4 dos linfócitos T auxiliares e introduz seu RNA
nessas células. Uma enzima, denominada transcriptase reversa, catalisa a formação de
uma fita de DNA complementar ao RNA viral. A fita de DNA viral inicial replica-se
para formar um DNA de dupla-hélice, o qual entra no núcleo do linfócito TA. O HIV
replica-se e ocupa a célula hospedeira com RNA viral.

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10 Conclusão
O sistema sanguíneo ABO foi descoberto em 1900 por Landsteiner, que observou que
os indivíduos da espécie humana podiam ser classificados em quatro grupos ou tipos, de
acordo com a presença ou ausência dos antígenos (ou aglutinogénios) A e B nas
hemácia e dos anticorpos anti – A e anti – B no soro. Para além desta classificação
temos o sistema de grupos sanguíneos Rh foi cuja sua importância é a mesma do
sistema ABO, isto é, em transfusões e em obstetrícia, na incompatibilidade materna –
fetal, que pode originar a DHPN.

As células, moléculas e vários mecanismos responsáveis pela protecção do organismo


contra substâncias estranhas consistem na função imunológica, e a sua resposta
fisiológica conjunta e coordenada a essas substâncias estranhas que invadem o
organismo consiste na resposta imune ou resposta imunológica, sendo a primeira
linha de defesa as barreiras mecânicas (Pele), químicas como o pH e biológicas.

Nos transplantes a escolha do doador tem como objectivo seleccionar aquele de maior
semelhança quanto ao MHC (rotineiramente, os lócus testados são HLA-A, HLA-B,
HLA-C de classe I, e o HLA-DR de classe II), bem como aos sistemas sanguíneos ABO
e Rh, para minimizar também a necessidade de supressão da resposta imune do
receptor.

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11.Bibliografia
OSÓRIO. Maria R. B. & ROBINSON. W. M. Genética humana; 3ª Edição,
2013. Pág. 331 – 375

GUYTON & HALL; Tratado de fisiologia Medica; 13ª Edição, 2017. Cap. 35 e
36

SOUZA. Paulo R. E. de et al. Genética Geral Para Universitários. 1ª Edição,


Universitária da UFRPE, Recife, 2015.

THOMPSON & THOMPSON; Genética médica; 6ed; 2002; pag. 244

TORTORA. Gerard. J. & NIELSEN. M. T. Princípios de Anatomia humana;


12ed; guanabara Koogman-Rio de Janeiro; 2013.

TORTORA. Gerard J. Corpo Humano – Fundamentos de Anatomia e Fisiologia.


4ª Edição, Artmed. SD. Pág. 382 – 398

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