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SEMANA 01/42

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Sumário

RA
META 1 .............................................................................................................................................................. 7

I
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DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS (PARTE I) ............................................................................... 7

MO
1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL ..................................... 7

NN
2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS ......................................................................................................... 11

MA
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal ..................................................................................................... 12

LIS
2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni) ............................................................................ 12

2K
3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO ..............................................................................
52989 13

93
4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI)............................................................................................................... 14

78
25
4.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 14

75
4.2. Garantias primárias e secundárias ........................................................................................................................ 14

07
4.3 Máximas do garantismo ......................................................................................................................................... 14

CZ
5. DIREITO PENAL DO INIMIGO ....................................................................................................................... 15
VI
5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria Silva Sánchez) ..................................................................................... 16
IE
RK

6. FONTES DO DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 17


ZU

7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ................................................................................................................... 21


MA

7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal .................................................................. 21


52989
A

7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos ........................................................................................... 21


IR

7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima ..................................................................................................................... 22


RE

META 2 ............................................................................................................................................................ 25
MO

DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS (PARTE II) ............................................................................ 25


NN

7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela ...................................................................................................... 25


MA

7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente ..................................................................................................... 37


IS

7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade .............................................................................................................. 37


KL

7.2.2 Princípio da Alteridade .................................................................................................................................... 39


32

7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato .................................................................................... 39


89

7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal ............................................................................................ 39


57

7.2.5 Princípio da Anterioridade ............................................................................................................................... 41


2

7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem ................................................................................................................ 42


75

7.2.7 Princípio da Adequação Social ......................................................................................................................... 42


07

7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato ..................................................................................................... 43


CZ

7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena ............................ 43


VI

7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva ......................................................................................................... 43


IE

7.3.3 Princípio da Culpabilidade ............................................................................................................................... 44


RK

7.3.4 Princípio da Proporcionalidade ........................................................................................................................ 44


ZU

7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade ..................................................................................... 44


7.2.6 Princípio da Confiança ..................................................................................................................................... 44
MA

META 3 ............................................................................................................................................................ 46
A
IR

DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL (PARTE I)................................................................... 46


RE

1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ..................................................................................................................... 46


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1.1 Concepções do Conceito de Constituição .............................................................................................................. 47

RA
2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ......................................................................................................... 53

I
RE
3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO .................................................................................................................. 58

MO
4. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO ........................ 60

NN
4.1. Constitucionalismo ................................................................................................................................................ 60

MA
4.2 Neoconstitucionalismo ........................................................................................................................................... 62

LIS
4.3 O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito ........................................................................... 63

2K
5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................... 65

93
META 4 ............................................................................................................................................................
52989
69

78
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL (PARTE II).................................................................. 69

25
75
6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................... 69

07
6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica ................................................................................................................. 69

CZ
6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional ........................................................................................... 69
VI
6.3 Correntes Norte-Americanas.................................................................................................................................. 70
IE
6.4 Métodos de interpretação ..................................................................................................................................... 70
RK

6.5 Regras, princípios e postulados normativos ........................................................................................................... 72


6.6 Princípios de interpretação Constitucional ............................................................................................................ 73
ZU

6.7 Técnicas de interpretação Constitucional .............................................................................................................. 77


MA

7. PODER CONSTITUINTE .................................................................................................................................


52989
78
A
IR

7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário (também denominado inicial, inaugural, genuíno ou de 1.º grau) .... 79
RE

7.1.1 Limitações Materiais ........................................................................................................................................ 81


MO

7.1.2 Titularidade do Poder Constituinte Originário................................................................................................. 82


7.1.3 Legitimidade .................................................................................................................................................... 82
NN

7.2 Poder Constituinte Derivado (instituído, constituído, secundário, de segundo grau, remanescente) .................. 83
MA

7.2.1 Reformador ...................................................................................................................................................... 83


IS

7.2.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente ........................................................................................................ 85


KL

7.2.3 Poder Constituinte Derivado Revisor ............................................................................................................... 87


32

7.3 Poder Constituinte Difuso ...................................................................................................................................... 87


7.4 Poder Constituinte Supranacional .......................................................................................................................... 88
89
57

8. CONSTITUIÇÕES NO BRASIL ......................................................................................................................... 91


2
75

8.1 Constituição de 1824 .............................................................................................................................................. 91


07

8.2 Constituição de 1891 .............................................................................................................................................. 92


8.3 Constituição de 1934 .............................................................................................................................................. 93
CZ

8.4 Constituição de 1937 .............................................................................................................................................. 94


VI

8.5 Constituição de 1946 .............................................................................................................................................. 95


IE

8.6 Constituição de 1967 .............................................................................................................................................. 96


RK

8.7 EC n. 1/1969 ........................................................................................................................................................... 97


ZU

8.8 Constituição de 1988 .............................................................................................................................................. 98


MA

META 5 .......................................................................................................................................................... 100


A

DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................ 100


IR
RE

1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................ 101


MO

2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................... 101


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3. INFLUÊNCIAS DO DIREITO ESTRANGEIRO .................................................................................................. 102

I RA
4. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................ 102

RE
MO
5. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................ 104
5.1 Administração Pública Extroversa e Introversa .................................................................................................... 105

NN
6. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................... 106

MA
LIS
7. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................... 108

2K
8. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA ....................................................................... 109

93
9. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO ........................................................................................................ 109

78
9.1 Princípios x Regras ................................................................................................................................................ 110

25
9.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo .................................................................................................... 111

75
10. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................. 112

07
CZ
10.1 Legalidade (Juridicidade) .................................................................................................................................... 112
10.2 Princípio Da Impessoalidade .............................................................................................................................. 114
VI
10.3 Princípio da Moralidade ..................................................................................................................................... 115
IE
10.4 Princípio da Publicidade ..................................................................................................................................... 118
RK

10.5 Princípio da Eficiência ......................................................................................................................................... 120


ZU

11. OUTROS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................ 121


MA

11.1 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ................................................................................................


52989 121
A

11.2 Princípio da Supremacia do Interesse


52989
Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública) ..................... 122
IR

11.3 Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade ........................................................................................................ 123


RE

11.4 Princípio Da Continuidade Do Serviço Público ................................................................................................... 127


MO

11.5 Princípio da Motivação ....................................................................................................................................... 131


11.6 Princípio da Ampla Defesa e Contraditório ........................................................................................................ 133
NN

11.7 Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança ........................................................................................ 134


MA

11.8 Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções ........................................................................................ 135


IS

META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 139


KL

DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................................... 139


32

DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL ................................................................................ 140


89
57

DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................ 141


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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 01

I
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META DIA ASSUNTO

MO
1 SEG DIREITO PENAL: Noções Iniciais e Princípios (Parte I)

NN
2 TER DIREITO PENAL: Noções Iniciais e Princípios (Parte II)

MA
3 QUA DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria Constitucional (Parte I)

LIS
4 QUI DIREITO CONSTITUCIONAL: Teoria Constitucional (Parte II)

2K
5 SEX DIREITO ADMINISTRATIVO: Noções Iniciais e Princípios
REVISÃO SEMANAL

93
6 SÁB

78
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA (Anexo)

25
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07
ATENÇÃO

CZ
Gostou do nosso material? VI
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Lembre de postar nas suas redes sociais e marcar o @dedicacaodelta.


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Conte sempre conosco. 52989


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Equipe DD
MO
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Prezado(a) aluno(a),
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Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
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área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.


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META 1

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DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS (PARTE I)

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TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

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CF/88

LIS
⦁ Art. 5º, II

2K
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX

93
78
⦁ Art. 5º, §3º

25
⦁ art. 7º, X

75
⦁ Art. 22, I e §único

07
⦁ art. 227, § 4º

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CP VI
IE
RK

⦁ Art. 1º
ZU

⦁ Art. 59
⦁ Art. 71
MA

52989
A
IR

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


RE

⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH


MO

⦁ Art. 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica


NN

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


MA
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KL

Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII, CF/88


⦁ Art. 5º, XXXIX, CF/88
32


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Art. 22, I e §único, CF/88


57

⦁ Art. 1º, CP
2
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07

1. CONCEITO, CARACTERÍSTICAS, OBJETO, FUNÇÕES E DIVISÕES DO DIREITO PENAL


CZ
VI

A) CONCEITO
IE

Conjunto de normas que objetiva definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça
RK

de imposição de pena ou medida de segurança, e a criar normas de aplicação geral. Segundo Cleber Masson
ZU

(2017, p. 3) é “o conjunto de princípios e regras destinados a combater o crime e a contravenção penal,


MA

mediante a imposição de sanção penal”.


A

Importa salientar que “sanção penal” é gênero, do qual são espécies 52989
as penas e as medidas de
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segurança.
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#DICA DD: Diz-se que a pena é a 1ª via do direito penal, a medida de segurança é a 2ª e a reparação do dano

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é a 3ª.

I
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MO
Ainda sobre o conceito de direito penal:
● Aspecto Formal: o direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos

NN
MA
humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções as lhe serem aplicadas.
● Aspecto Material: o Direito Penal se refere a comportamentos considerados altamente reprováveis

LIS
ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e

2K
progresso da sociedade.

93
● Aspecto Sociológico: o direito penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos

78
25
desviados, visando a assegurar a necessária disciplina social.

75
07
B) CARACTERÍSTICAS

CZ
De acordo com Cleber Masson (2017, p. 5), o Direito Penal é uma ciência cultural, normativa,
VI
valorativa, finalista, de natureza predominantemente sancionatória, e fragmentária. Esquematizando:
IE
⦁ I – Ciência: suas regras estão contidas em normas e princípios que, por sua vez, formam a dogmática
RK

jurídico-penal;
ZU

⦁ II – Cultural: o Direito Penal é uma ciência do “dever ser”, ao contrário das ciências naturais, que
MA

cultuam o “ser”; 52989


A

⦁ III – Normativa: o objeto principal é o estudo da lei penal (Direito positivo);


IR

52989
RE

⦁ IV – Valorativa: sua aplicação não está pautada em regras matemáticas de certo ou errado, mas sim
MO

em uma escala de valores que são sopesados a partir de critérios e princípios próprios do Direito
Penal. Dessa forma, esse ramo do direito valoriza hierarquicamente as suas normas;
NN

⦁ V – Finalista: o objetivo do direito penal é a proteção de bens jurídicos fundamentais, o que torna a
MA

sua missão prática, e não simplesmente teórica;


IS

⦁ VI – Sancionatória: o Direito Penal é predominantemente sancionador porque não cria bens


KL

jurídicos, mas acrescenta proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por outros ramos do
32

Direito. No entanto, é possível que ele seja também constitutivo, quando protege interesses não
89

regulados por outras áreas do Direito;


57

⦁ VII – Fragmentária: o Direito Penal não tutela todos os valores ou interesses, mas somente os mais
2
75

importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.


07
CZ

C) OBJETO DE PROTEÇÃO DO DIREITO PENAL


VI

O legislador seleciona os bens jurídicos a serem defendidos pelo Direito Penal. No entanto, NÃO se
IE
RK

pode falar em discricionariedade ampla e irrestrita, pois os bens jurídicos mais importantes são tratados na
ZU

Constituição. Logo, a Constituição possui a seguinte missão:


MA

⦁ Orienta o legislador, ao eleger valores considerados indispensáveis à manutenção da sociedade;


⦁ Impede que o legislador viole direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana (Visão
A
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Garantista Do Direito Penal).


RE
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D) FUNÇÕES DO DIREITO PENAL


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Na atualidade, a doutrina divide a missão do direito penal em duas, quais sejam:

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a) Missão mediata:

MO
● Instrumento de Controle Social ou de preservação da paz pública (Papel intimidador);

NN
● Limitação ao poder de punir estatal ou Função de Garantia – garantia dos cidadãos contra o arbítrio

MA
estatal, vez que só podem ser punidos por atos previstos como infração penal e por pena também

LIS
determinada em lei.
✔ Para Franz Von Liszt “o Código Penal é a Magna Carta do delinquente”.

2K
93
Obs.: Se, de um lado, o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de outro

78
25
lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando a punição abusiva (fugindo da

75
hipertrofia da punição).

07
CZ
b) Missão imediata:
VI
Aqui, é necessário lembrar do funcionalismo penal, que trará as duas correntes de mais destaque
IE
acerca do tema (muita atenção):
RK

● Funcionalismo teleológico (moderado) – Claus Roxin (Predomina)


ZU

⋅ A missão do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais relevantes;


MA

⋅ Se a proteção de determinado bem jurídico52989 não é indispensável ao indivíduo e à manutenção


A
IR

da sociedade, não deve incidir o direito penal, mas outros ramos do direito;
RE

⋅ Para Roxin, o Direito Penal não veio para trazer valores éticos, morais;
MO

⋅ Ele entende que essa seria a função exclusiva;


⋅ É chamado teleológico porque busca a finalidade do direito penal.
NN
MA

● Funcionalismo sistêmico (radical) – Günter Jakobs


IS

⋅ A missão do Direito Penal é assegurar a vigência do sistema, protegendo o império da


KL

norma;
32

⋅ Ele discorda de Roxin por entender que, quando o indivíduo é punido pela infração penal
89
57

praticada, o bem jurídico já foi violado, ou seja, não


52989
está protegido, não sendo esta, portanto,
2

a função do direito penal. Sua função seria a de demonstrar que a norma continua vigorando
75

e deve ser obedecida;


07

⋅ Assim, “o bem não deve ser representado como um objeto físico ou algo do gênero, e sim,
CZ

como norma, como expectativa garantida”. (Direito Penal e Funcionalismo, 2005, p.33-34);
VI
IE

⋅ E, ainda, entende ele que quem deliberada e reiteradamente viola a lei penal, de forma grave
RK

e duradoura, deve ser tratado como “não-cidadão”, como inimigo da sociedade, por não
ZU

cumprir sua função no corpo social, não fazendo jus às garantias previstas pela norma a qual
MA

tal sujeito infringe;


⋅ Ao delinquente-cidadão, seria aplicado o direito penal do cidadão, ao passo que ao
A
IR

delinquente inimigo, seria aplicado o Direito Penal do Inimigo (tópico específico mais à
RE

frente).
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APROFUNDANDO: vamos a uma tabelinha com mais características das duas vertentes do

I
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funcionalismo para fixar as diferenças?

MO
NN
FUNCIONALISMO PENAL

MA
● Finalidade do Direito Penal: proteção de bens

LIS
jurídicos indispensáveis. Não veio para trazer

2K
valores éticos, morais;

93
● Moderado: o direito penal tem limites impostos

78
FUNCIONALISMO pelo próprio direito penal e demais ramos do

25
75
TELEOLÓGICO direito;

07
(Características: Moderado, ● Dualista: convive em harmonia com os demais

CZ
dualista, de política criminal ramos do Direito. Reconhece o sistema jurídico em
ou racional teleológico) geral; VI
IE
ROXIN ● De política criminal: aplica a lei de acordo com os
RK

anseios da sociedade. Se adapta à sociedade em que


ZU

ele se insere;
MA

● Racional
52989
teleológico: movido pela razão e em busca
A

de sua finalidade.
IR
RE

● Finalidade do Direito Penal: é a proteção das


MO

normas penais, assegurar o império da norma. É


punir. Aplicar a lei;
NN

● A sociedade que deve se ajustar ao Direito Penal;


MA

● Para ele, o Direito Penal é:


IS

FUNCIONALISMO SISTÊMICO - Radical: só reconhece os limites impostos por ele


KL

(Características: mesmo;
32

Radical, monista e sistêmico)


89

- Monista: é um sistema próprio de regras e de


57

JAKOBS valores que independe dos demais;


2

Direito Penal do Inimigo - Sistêmico: é autônomo (independe dos demais


75
07

ramos), autorreferente (todas as referências e


conceitos que precisa buscar do próprio direito
CZ

penal) e se autoproduz;
VI
IE

● Quem viola reiterada e deliberadamente a norma =


RK

não-cidadão / inimigo = não tem direitos.


ZU
MA

B) CLASSIFICAÇÕES DO DIREITO PENAL 52989


A

1. Direito Penal Fundamental (Primário): é o conjunto de normas e princípios do Direito Penal


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aplicáveis genericamente, inclusive às leis penais especiais. É composto pelas normas da Parte Geral
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do Código Penal e, excepcionalmente, algumas normas de amplo conteúdo previstas na Parte

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Especial, como os conceitos de domicílio (art. 150, §§4º e 5º) e funcionário público (art. 327);

I
RE
2. Direito Penal Complementar (Secundário): corresponde à legislação penal extravagante;

MO
NN
3. Direito Penal Comum: é o conjunto de normas penais aplicável indistintamente a todas as pessoas,

MA
como o Código Penal;
4. Direito Penal Especial: é o conjunto de normas penais aplicável apenas a pessoas determinadas que

LIS
preencham certas condições legais. São exemplos o Código Penal Militar e o Decreto-lei nº 201/1967

2K
(crimes de responsabilidade dos prefeitos);

93
78
5. Direito Penal Geral: é o conjunto de normas penais aplicáveis em todo o território nacional. Essas

25
75
normas são produzidas privativamente pela União (art. 22, I, da CF);

07
6. Direito Penal Local: é o conjunto de normas penais aplicáveis somente a determinada parte do

CZ
território nacional. A existência dessas normas somente é possível se houver autorização da União
VI
por lei complementar para que os Estados legislem sobre questões específicas de Direito Penal (art.
IE
52989
22, parágrafo único, da CF);
RK
ZU

7. Direito Penal Objetivo: é o conjunto de leis penais em vigor;


MA

8. Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir (ius puniendi), que pertence exclusivamente ao Estado
52989
A

e nasce quando uma lei penal é violada;


IR
RE

9. Direito Penal Substantivo: é o direito penal material, propriamente dito. É o que consta no Código
MO

Penal;
NN

10. Direito Penal Adjetivo: também chamado de “formal” (grave as nomenclaturas), é o direito
MA

processual penal.
IS
KL

2. ENCICLOPÉDIA DAS CIÊNCIAS PENAIS


32
89

O estudo do crime, do criminoso e da sanção penal é o objeto de várias ciências, tendo sido chamadas
57

por José Cerezo Mir de “enciclopédia de ciências penais”. A doutrina não é uníssona acerca de quantas ou
2
75

quais exatamente seriam elas, mas, para o nosso estudo, as mais importantes são a dogmática, a criminologia
07

e a política criminal.
CZ
VI

I – DOGMÁTICA PENAL: tem por objetivo interpretar de forma sistemática o direito penal, entendendo o
IE
RK

sentido das normas e aplicando-o de forma lógico-racional (não emocional).


ZU

Obs.: Dogmática ≠ Dogmatismo: Dogmatismo é a aceitação cega de verdades tidas como absolutas e
MA

imutáveis (deve ser desprezado). Se opõe à ideia de ciência, que admite flexibilização, na qual estaria
A
IR

enquadrada a dogmática.
RE
MO
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II – CRIMINOLOGIA: A criminologia, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, é uma ciência

RA
empírica (estuda o que “é”, ao contrário do direito penal, que estuda o que “deve ser” – caracterizando-se

I
RE
como uma ciência valorativa e normativa) e interdisciplinar (observa diversos fatores: econômicos, políticos,

MO
sociais, religiosos etc.), a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o controle social. Suas constatações se

NN
dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade social, na experiência.

MA
III – POLÍTICA CRIMINAL: trabalha com estratégias e mecanismos de controle social da criminalidade, para

LIS
que os bens jurídicos relevantes sejam protegidos. Possui a característica de vanguarda, pois orienta a criação

2K
e a reforma das leis, a partir de uma análise crítica acerca destas estarem ou não cumprindo os fins a que se

93
propõem, considerando dados obtidos por outros ramos (como a criminologia).

78
Funciona como “filtro” entre a letra fria da lei e a realidade social. Revela as leis que “pegam” e as que não.

25
75
07
2.1 Direito Penal X Criminologia X Política Criminal

CZ
VI
O ponto mais cobrado desse tópico é, sem dúvidas, a diferença entre direito penal, criminologia e
IE
política criminal. Esquematizando:
RK
ZU

DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL


MA

Ciência normativa e valorativa, que


Ciência52989
empírica e
A

analisa os fatos humanos Trabalha as estratégias e meios


IR

interdisciplinar, que estuda o


RE

indesejados e define quais devem de controle social da


crime, o criminoso, a vítima e o
ser tipificados como crime ou criminalidade.
MO

controle social.
contravenção.
NN

Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto


MA

norma. fato. valor.


IS

Ex.: Quais fatores contribuem Ex.: Estuda como diminuir os


KL

Ex.: Define o crime de roubo.


para o crime de roubo. casos de roubo.
32
89

2.2 Seletividade - Criminalização Primária e Secundária (Zaffaroni)


57
2
75

Sobre a seletividade, define Zaffaroni:


07
CZ

“Ao menos em boa medida, o sistema penal seleciona pessoas ou ações, como
VI

também criminaliza certas pessoas segundo sua classe e posição social. [...] Há
IE
RK

uma clara demonstração de que não somos todos igualmente 52989 ‘vulneráveis’ ao
ZU

sistema penal, que costuma orientar-se por ‘estereótipos’ que recolhem os


MA

caracteres dos setores marginalizados e humildes, que a criminalização gera


fenômeno de rejeição do etiquetado como também daquele que se solidariza ou
A
IR

contata com ele, de forma que a segregação se mantém na sociedade livre. A


RE

posterior perseguição por parte das autoridades com rol de suspeitos


MO

permanentes, incrementa a estigmatização social do criminalizado (ZAFFARONI;


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PIERANGELI, 2011, p. 73).” (Guarda relação com o movimento do labeling

RA
approach/ teoria da reação social / da rotulação social / do etiquetamento social –

I
RE
tema que deve ser estudado de modo mais aprofundado na matéria de

MO
criminologia).

NN
MA
Nesse contexto, o processo de criminalização pode ser dividido em dois:
a) Criminalização primária: É a elaboração e sanção das leis penais, introduzindo formalmente no

LIS
ordenamento jurídico a tipificação de determinadas condutas.

2K
b) Criminalização secundária: É a ação punitiva que recai sobre pessoas concretas. Quando recai sobre

93
o indivíduo a persecução penal após ser a ele atribuída a prática de um ato primariamente

78
criminalizado. É praticada pela Polícia e Poder Judiciário.

25
75
07
* ATENÇÃO: Além do momento da elaboração e aplicação da norma, a seletividade também vai se mostrar

CZ
presente no momento da execução da pena.
VI
IE
- #DICA DD: Você sabe o que é Direito Penal Subterrâneo e Direito Penal Paralelo? Referem-se aos sistemas
RK

penais paralelos e subterrâneos. De acordo com Zaffaroni, “sistema penal é o conjunto das agências que
ZU

operam a criminalização primária e a criminalização secundária ou que convergem na sua produção”.


MA

52989
A

Direito Penal Paralelo: Como o sistema penal formal do Estado não obtêm êxito em grande parte da
IR

aplicação e exercício do poder punitivo, outras agências apropriam-se desse espaço e o exercem de modo
RE

paralelo ao estado (criando sistemas penais paralelos). Ex.:médico que aprisiona doentes mentais;
MO

institucionalização pelas autoridades assistenciais dos morados de rua etc.).


NN

Direito Penal Subterrâneo: ocorre quando as instituições oficiais atuam com poder punitivo ilegal,
MA

52989
acarretando abuso de poder. Ex.: institucionalização de pena de morte (execução sem processo),
IS

desaparecimentos, torturas, extradições mediante sequestro, grupos especiais de inteligência que atuam
KL

fora da lei etc.


32
89

3. DIREITO PENAL DO AUTOR E DIREITO PENAL DO FATO


257
75

Direito Penal do Fato – Adotado pelo Ordenamento Penal Brasileiro – consiste que o direito penal
07

deve punir condutas, ou seja, fatos, praticados pelos indivíduos que sejam lesivas a bens jurídicos de
CZ

terceiros. Pune-se o fato. A base para esse princípio está no Estado de Direito.
VI

Está atrelado ao Princípio da exteriorização ou materialização do fato, pelo qual o Estado só pode
IE
RK

incriminar condutas humanas voluntárias (fatos). Assim, ninguém pode ser castigado por seus pensamentos,
desejos ou meras cogitações ou estilo de vida.
ZU

O princípio da exteriorização serviu para o legislador acabar com as infrações penais que
MA

desconsideravam esse mandamento. Ex: Mendicância (art. 60 L.C.P. – abolido), tal infração adotava o direito
A
IR

penal do autor.
RE

Por sua vez, o direito Penal do autor consiste na punição do indivíduo baseada em seus
MO

pensamentos, desejos e estilo de vida, condições pessoais, do modo de ser, grau de culpabilidade
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(reprovabilidade), antecedentes do autor, está interligado ao Direito Penal do Inimigo. Aqui teríamos uma

RA
inobservância do princípio da exteriorização do fato.

I
RE
MO
Obs.: Coculpabilidade e coculpabilidade às avessas (Zaffaroni)

NN
COCULPABILIDADE é corresponsabilidade do Estado no cometimento de determinados delitos, praticados

MA
por cidadãos que possuem menor âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto,
principalmente no que se refere a condições sociais e econômicas do agente, o que enseja menor reprovação

LIS
social. Segundo o princípio da coculpabilidade, o Estado-juiz haveria de considerar como atenuante as

2K
condições socioeconômicas do réu no momento na aplicação da pena. Veja que o artigo 66 do Código Penal

93
autoriza ao Juiz esse postulado, através da, chamada pela doutrina, atenuante inominada.

78
A outra face da teoria da coculpabilidade pode ser identificada como a COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS, por

25
75
meio da qual defende-se a possibilidade de reprovação penal mais severa no tocante aos crimes praticados

07
por pessoas dotadas de elevado poder econômico, e que abusam desta vantagem para a execução de delitos,

CZ
em regra, prevalecendo-se das facilidades proporcionadas pelo livre trânsito nos centros de controle político
e econômico. VI
IE
RK

4. GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI)


ZU
MA

4.1 Conceito
52989
A
IR

Para Ferrajoli, “o garantismo é entendido no sentido do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, isto


RE

é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais imposto a todos os poderes na tutela dos direitos de
MO

todos, representa o único remédio para os poderes selvagens”.


NN
MA

52989
4.2. Garantias primárias e secundárias
IS
KL

O autor distingue as garantias em duas grandes classes: as garantias primárias e as garantias


32

secundárias:
89

● Garantias primárias – limites e vínculos normativos: Consistem nas proibições e obrigações, formais
57

e substanciais, impostos na tutela dos direitos, ao exercício de qualquer poder;


2
75

● Garantias secundárias – diversas formas de reparação: Subsequentes às violações das garantias


07

primárias, diz respeito à anulabilidade dos atos inválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos.
CZ

- Ex.: a CF prevê como garantia primária que não haverá pena de banimento. O legislador não a
VI

observa e comina tal pena a determinado crime. Neste caso, será utilizado o controle de
IE
RK

constitucionalidade, previsto na própria constituição como garantia secundária, julgando o ato nulo.
ZU
MA

* ATENÇÃO: Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da
vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de tudo, o guardião de direitos fundamentais.
A
IR
RE

4.3 Máximas do garantismo


MO
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● Nulla poena sine crimine: somente será possível a aplicação de pena quando houver, efetivamente, a

RA
prática de determinada infração penal;

I
RE
● Nullum crimen sine lege: a infração penal deverá sempre estar expressamente prevista na lei penal;

MO
● Nulla lex (poenalis) sine necessitate: a lei penal somente poderá proibir ou impor determinados

NN
comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houver absoluta necessidade de proteger determinados

MA
bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade, (direito penal mínimo);

LIS
Nulla necessitas sine injuria: as condutas tipificadas na lei penal devem, obrigatoriamente, ultrapassar

2K
a sua pessoa, isto é, não poderão se restringir à sua esfera pessoa, à sua intimidade, ou ao seu
particular modo de ser, somente havendo possibilidade de proibição de comportamentos quando

93
78
estes vierem a atingir bens de terceiros;

25
● Nulla injuria sine actione: as condutas tipificadas só podem ser exteriorizadas mediante a ação do

75
agente, ou omissão, quando previsto em lei;

07

52989
Nulla actio sine culpa: somente as ações culpáveis podem ser reprovadas;

CZ
● Nulla culpa sine judicio: é necessário adoção de um sistema nitidamente acusatório, com a presença
VI
de um juiz imparcial e competente para o julgamento da causa;
IE
RK

● Nullum judicium sine accusatione: o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação;
ZU

● Nulla accusatio sine probatione: fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser
MA

transferido para o acusado da prática de determinada infração penal;



52989
A

Nulla probatio sine defensione: deve ser assegurada ao acusado a ampla defesa, com todos os
IR

recursos a ela inerentes.


RE
MO

#ATENÇÃO! Em que consiste o GARANTISMO PENAL INTEGRAL?


NN

O Direito penal deve se prestar a garantir não somente os direitos e garantias dos acusados, mas todos os
MA

direitos e deveres previstos na Constituição. Em que pese não se possa tolerar violações arbitrárias e
IS

desproporcionais aos direitos daquele sob o qual recai o jus puniendi estatal, não se pode também deixar de
KL

proteger outros bens que também são juridicamente relevantes para a sociedade. Tudo isso deve passar pelo
32

crivo da proporcionalidade.
89

Desse modo, o garantismo divide-se em:


57

a) Garantismo negativo: visa limitar a função punitiva do Estado, que deve ser aplicada estritamente aos
2
75

casos necessários e em medida adequada, consistindo na proibição de excesso.


07

b) Garantismo positivo: busca evitar a impunidade e garantir que os bens jurídicos relevantes à sociedade
CZ

sejam efetivamente protegidos, caracterizando-se pela proibição da proteção insuficiente/deficiente.


VI
IE

Quando apenas o garantismo negativo é observado, surge o chamado “garantismo hiperbólico monocular”
RK

(grave este nome). Hiperbólico: por ser aplicado de modo desproporcional e exagerado. Monocular: por
ZU

enxergar apenas um lado, opondo-se ao garantismo integral.


MA
A

5. DIREITO PENAL DO INIMIGO


IR
RE
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MA
a) Conceito: Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O

RA
delinquente, autor de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como

I
RE
um “cancro societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde). Jakobs fomenta o Direito Penal do inimigo

MO
para o terrorista, traficante de drogas, de armas e de seres humanos e para os membros de organizações

NN
criminosas transnacionais (vide lei n. 12.850/2013).

MA
b) Características do direito penal do inimigo:

LIS
● Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios: O legislador é impaciente, não

2K
aguarda o início da execução para punir o agente);

93
● É um direito penal prospectivo e não retrospectivo, na medida em que se pune o inimigo pelo que

78
25
ele poderá fazer, em razão do perigo que representa;

75
● O inimigo não é visto como um sujeito de direitos, pois perdeu seu status de cidadão;

07
● Pune-se o inimigo pela sua periculosidade e não pela sua culpabilidade, como é no direito penal

CZ
comum;
● Criação de tipos de mera conduta; VI
IE

RK

Previsão de crimes de perigo abstrato: normalmente, pode haver crimes de perigo abstrato, mas
ZU

sem abusos, flexibilização o princípio da lesividade;



MA

As garantias processuais aplicadas ao inimigo são relativizadas ou até mesmo suprimidas;


● Flexibilização do Princípio da Legalidade: é a52989
descrição vaga dos crimes e das penas. A descrição
A
IR

genérica de um crime permite a punição de mais condutas/comportamentos;


RE

● Inobservância dos Princípios da Ofensividade: relação com a criação de crimes de perigo abstrato)
MO

e da Exteriorização do Fato (relação com o direito penal do autor);


NN

● Preponderância do Direito Penal do autor: Flexibilização do princípio da exteriorização do fato;


MA

● Desproporcionalidade das penas;



IS

Surgimento das chamadas “leis de luta ou de combate”: Exemplo - Lei n. 8.072/90 e Lei n.
KL

12.850/2013. Alguns doutrinadores sustentam que tais leis têm predicados de direito penal do
32

inimigo;
89

● Endurecimento da Execução Penal: O regime disciplinar diferenciado é um resquício do direito penal


57

do inimigo;
2
75
07

*ATENÇÃO: O Direito Penal do inimigo também é conhecido como a “terceira velocidade do Direito Penal”.
CZ

Isto porque se aplica a pena de prisão e também por ser extremamente célere, já que suprime direitos e
VI

garantias.
IE
RK
ZU

5.1 Velocidades do Direito Penal (Jesús-Maria


52989 Silva Sánchez)
MA

Segundo, Cleber Masson (2017, p. 111) a teoria das velocidades do direito penal “parte do
A
IR

pressuposto de que o Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, contém dois grandes blocos,
RE

distintos, de ilícitos: o primeiro das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão (direito penal
MO
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nuclear), e o segundo, daqueles que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais (direito penal

RA
periférico)”.

I
RE
● Primeira velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade como

MO
resposta aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e processuais.

NN
Aplicada a delitos graves.

MA
Segunda velocidade: Direito penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão, como

LIS
restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, para tanto, uma
flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor

2K
gravidade.

93
● Terceira velocidade: Novamente temos aqui a prisão por excelência. Contudo, difere-se da primeira

78
25
por permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicada aos delitos de

75
maior gravidade. Remete ao direto penal do inimigo, já explicado acima.

07
● Quarta velocidade: Neopunitivismo. Ligada ao direito internacional. É o processamento e

CZ
julgamento pelo TPI de chefes de Estado que violarem tratados e convenções internacionais de tutela
VI
de Direitos Humanos e praticarem crimes de lesa-humanidade, de modo que, por esta razão, se
IE
tornarão réus perante o referido tribunal e terão, dentro do contexto, suas garantias penais e
RK

processuais penais diminuídas.


ZU

● Quinta velocidade: hodiernamente, já se fala em Direito Penal de 5ª (quinta) velocidade, que trata
MA

de uma sociedade com maior assiduidade do 52989controle policial, o Estado com a presença maciça de
A
IR

policiais na rua, no cenário onde o Direito Penal tem o escopo de responsabilizar os autores, diante
RE

da agressividade presente em nossa sociedade de relações complexas e, muitas vezes,


MO

(in)compreensíveis. #PERTINÊNCIATEMÁTICA
NN

6. FONTES DO DIREITO PENAL


MA

52989
IS

São as formas pelas quais o direito penal é criado e, posteriormente, manifestado.


KL

a) Fonte Material: Diz respeito à criação do Direito Penal. Via de regra, é a União, art.22, I, da CF/88, pois
32

“compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
89
57

marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”.


2
75

*Atenção: O artigo 22, parágrafo único, CF/88, prevê que “Lei Complementar poderá autorizar os Estados a
07

legislar sobre questões específicas relacionadas neste artigo”, o que permite entender que abarca, inclusive,
CZ

o Direito Penal. Então podemos ter uma lei complementar autorizando o estado a legislar sobre questões
VI
IE

específicas de direito penal. É chamada DELEGAÇÃO EM PRETO – pois essa lei complementar não pode
RK

delegar genericamente. Têm que ser pontos específicos/questões específicas.


ZU
MA

Obs.: Medida provisória pode versar sobre direito penal?


R.: A EC 32/01 inseriu dispositivo expresso na CF/88 vedando a edição de medida provisória versando
A
IR

sobre direito penal. Até 2001 não existia regra expressa na CF/88 vedando a edição de medida provisória
RE
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sobre matéria penal. Tanto que o próprio STF, antes dessa EC 32, apreciou o RE 254.818/PR – 2000,

RA
especificando que MP não poderia versar sobre direito penal, exceto se favorável ao réu.

I
RE
Esse julgado (2000), anterior à EC 32/2001, que estabeleceu ser possível a edição de medida

MO
provisória quando favorável ao réu, subsistiria após a EC 32/01, considerando que, com essa EC, passou-se a

NN
vedar, de forma abstrata, a edição de medida provisória sobre matéria penal?

MA
R.: A doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de que é possível a edição de medida
provisória versando sobre direito penal quando favorável ao réu, de modo que o entendimento exarado no

LIS
bojo do RE 254.818 subsistiria após a edição da EC 32/01.

2K
93
Segundo explica o autor Cleber Masson, "É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a

78
Direito Penal (CF, art. 62, § 1.º, I, alínea b), seja ela prejudicial ou mesmo favorável ao réu. Nada obstante, o

25
75
Supremo Tribunal Federal historicamente firmou jurisprudência no sentido de que as medidas provisórias

07
podem ser utilizadas na esfera penal, desde que benéficas ao agente". (MASSON, Cleber. Direito Penal.

CZ
Parte Geral. Volume 1. 13ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019, p. 97).
VI
IE
b) Fonte Formal: Diz respeito à aplicação do Direito Penal. Esse ponto varia um pouco de doutrinador para
RK

doutrinador.
ZU
MA

DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA


52989
A

Imediata: Imediata:
IR

● ●
RE

Lei (Desdobramento do princípio da Lei



MO

reserva legal, que prevê a criação de 52989 Constituição Federal


crime e cominação de penas como ● Tratados Internacionais de Direitos Humanos
NN

um monopólio da lei. Aqui, estamos ● Jurisprudência


MA

falando em lei ordinária). ● Princípios


IS


KL

Atos administrativos (complementos de normas


penais em branco).
32
89
57

*Porém, até mesmo aqui, a única fonte formal que pode


2

criar tipos penais e culminar penas é a lei (reserva legal).


75
07

O restante é fonte não-incriminadora.


CZ

Mediatas: Mediatas:
● ●
VI

Costumes Doutrina
IE

● Princípios gerais do Direito


RK

● *Alguns colocam atos


ZU

administrativos.
MA

Fonte informal:
A


IR

Costumes
RE
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i. Lei - É o único instrumento normativo capaz de criar infração penal e cominar sanção penal (única

RA
fonte formal imediata incriminadora).

I
RE
ii. Constituição Federal – Não cria infração penal e não comina sanção penal (nem pena, nem medida

MO
de segurança). Contudo, a Constituição Federal fixa alguns patamares abaixo dos quais a intervenção

NN
penal não se pode reduzir. São os chamados “mandados constitucionais de criminalização”

MA
(patamares mínimos). Exemplos de mandados constitucionais de criminalização: Art. 5º, XLI, CF, Art.
5º, XLII, CF, e Art.5º, XLIII, CF.

LIS
2K
☞ Pergunta de Concurso: Existe mandado constitucional de criminalização implícito ou tácito?

93
R: De acordo com a maioria, existem mandados constitucionais de criminalização implícitos, com a

78
finalidade de evitar a intervenção insuficiente do Estado (imperativo de tutela). Por exemplo, a Constituição,

25
75
ao garantir o direito à vida, está, implicitamente, determinando a criminalização do homicídio (se todos

07
têm direito à vida, não se pode permitir que o homicídio não seja crime).

CZ
iii. Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH) VI
IE
Como é sabido, os TIDH entram no ordenamento interno podendo ostentar 02 status:
RK

⦁ Se recepcionados com quórum de emenda constitucional, têm status de emenda;


ZU

⦁ Se o TIDH for recepcionado com quórum comum, terá status infraconstitucional, porém supralegal.
MA

52989
A

ATENÇÃO: Os tratados internacionais podem ser classificados como fonte do direito penal apenas quando
IR
RE

incorporados ao direito interno. Se versar sobre direitos humanos e for aprovado seguindo o rito de
MO

emendas constitucionais, terá força normativa de emendas constitucionais (art. 5º, §3°, CF). Caso não siga
tal rito, terá força de norma supralegal.
NN

52989

Contudo, antes do advento das Leis 12.694/12 e 12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização
MA

criminosa), o STF já havia se manifestado pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização


IS

criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal que havia dado origem à impetração,
KL

em face da atipicidade da conduta. HC nº 96.007/SP, rel. min. Marco Aurélio, 1ª Turma, j. 12/06/2012.
32

No REsp 1.798.903/RJ (j. 25/09/2019), o STJ decidiu que o Estatuto de Roma, que conceitua os crimes contra
89

a humanidade, não tem efeitos penais no Brasil, onde impera o pressuposto da lei penal em sentido estrito
57

para a tipificação de crimes.


2
75
07

iv. Jurisprudência
CZ

Não cria crime; não comina pena. Mas, na prática, às vezes, a jurisprudência cria o direito penal.
VI

Ademais, revela Direito Penal podendo inclusive ter caráter vinculante. Um exemplo disso é o caso do crime
IE
RK

continuado, em que a jurisprudência define o que são condições de tempo e lugar para fim de definição da
ZU

continuidade delitiva. A condição de tempo é de 30 dias de intervalo entre as infrações; a condição de lugar
MA

também é definida pela jurisprudência.


Obs.: Súmulas vinculantes – Elas também são fontes do direito penal.
A
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a. Princípios - Não criam crime nem cominam pena. Mas vários são os julgados absolvendo ou

RA
reduzindo pena com base em princípios. Ex.: Princípio da Insignificância – causa de atipicidade

I
RE
material.

MO
52989
b. Atos administrativos - Fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco. Ex.:

NN
Lei de drogas é complementada por uma Portaria da ANVISA.

MA
c. Doutrina: Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito penal por não ter força cogente, ou
seja, não ser revestida de obrigatoriedade.

LIS
d. Costumes

2K
● Costume é a repetição de um comportamento (elemento objetivo) em face da crença na sua

93
obrigatoriedade (elemento subjetivo).

78
≠ de hábito, que consiste na mera repetição de comportamento (elemento

25
75
objetivo), mas sem a crença na sua obrigatoriedade.

07
● Costume não cria crime, não comina pena, só a Lei pode criar crimes e cominar penas, em razão do

CZ
princípio da legalidade (veda-se o costume incriminador).
VI
IE
Princípio da Legalidade x Costumes:
RK

A lex scripta, uma das funções de garantia do princípio da legalidade proíbe que se utilize dos costumes
ZU

como fonte incriminadora do direito penal (impossibilidade de utilizar costumes para incriminar condutas
MA

ou cominar penas). Portanto, os costumes não têm o condão


52989
de criminalizar condutas e nem cominar penas.
A

Qual a função dos costumes no direito penal?


IR
RE

De acordo com Nilo Batista e Zaffaroni, os costumes têm uma função integrativa ou integradora. Trata-se
MO

de uma função interpretativa/hermenêutica. Por exemplo: Art. 233, CPP – crime de ato obsceno. Quem vai
determinar o sentido de ato obsceno? Vai ser determinado pelo sentido compartilhado pela sociedade, de
NN

forma reiterada. É um conceito normativo porque exige um juízo de valor, e esse juízo de valor é um juízo
MA

temperado e contextualizado de acordo com a prática social da comunidade. Portanto, a função integrativa
IS

dos costumes atua de forma muito mais efetiva nos elementos normativos do tipo (que exigem valoração).
KL
32

● Espécies de costumes:
89

i. Costume secundum legem (costume interpretativo): possui a função de auxiliar o intérprete


57
2

a entender o conteúdo da lei.


75

ii. Costume contra legem (costume negativo): é chamado de DESUETUDO. É aquele que
07

contraria uma lei, mas não a revoga. Ex.: Venda de CDs piratas.
CZ

iii. Costume praeter legem (costume integrativo): é aquele usado para suprir as lacunas da lei.
VI

É válido, mas só pode ser usado no campo das normas penais não incriminadoras e apenas
IE
RK

para favorecer o agente. Ex.: a circuncisão em meninos de determinadas religiões não é


ZU

considerada crime.
MA

#DICA DD: Existe costume abolicionista? PREVALECE que não existe costume abolicionista. Enquanto não
A
IR

revogada por outra lei, a norma tem plena eficácia. É a que prevalece e está de acordo com a lei de introdução
RE

às normas do direito brasileiro. Ex.: Jogo do bicho continua tipificado como contravenção penal, sendo
MO

aplicável no caso concreto.


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* ATENÇÃO: Para aqueles que não adotam a tese do costume abolicionista, é possível o uso do costume

I
RE
segundo a lei (costume interpretativo), que vai servir para aclarar o significado de uma palavra, de um texto.

MO
NN
7. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

MA
Princípios são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico.

LIS
No caso dos princípios penais, eles vão orientar a atuação do legislador na elaboração da legislação penal e

2K
do operador do direito em sua aplicação. A função dos princípios é limitar o poder de punir do Estado. Isso

93
porque, o Estado, por natureza, é arbitrário, pois invade a esfera de liberdade do indivíduo.

78
25
75
7.1 Princípios Relacionados com a Missão Fundamental do Direito Penal

07
CZ
7.1.1 Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos
VI
O Direito Penal deve servir apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes (Roxin).
IE
Ademais, nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão ou o perigo de lesão a um bem
RK

juridicamente determinado. Impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos.
ZU

Assim, não pode incriminar pensamentos ou intenções, questões morais, éticas, ideológicas,
MA

religiosas ou finalidades políticas. Para a teoria constitucional do Direito Penal, aliás, a referida eleição de
52989
A

bens jurídicos deve refletir os valores constitucionais, a exemplo do homicídio, que tutela o direito
IR

fundamental à vida.
RE

Dessa forma, o princípio da proteção aos bens jurídicos defende que o direito penal deve servir
MO

apenas para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao convívio em sociedade.
NN

Mas o que é bem jurídico?


MA

R.: Trata-se de um tema extremamente controvertido, de modo que vamos tentar simplificá-lo de
IS

forma objetiva para melhor compreensão:


KL

Para Luiz Regis Prado, bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de
32

titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento


89

do homem em sociedade.
57

Por sua vez, Luis Greco e Roxin se filiam ao mesmo conceito, mas usam expressões diferentes.
2
75

● 52989
Roxin – bem jurídico será a relação real da pessoa com um valor concreto, reconhecido pela
07

comunidade.
CZ

● Luís Greco – bem jurídico são dados fundamentais para a realização pessoal dos indivíduos ou para
VI

a subsistência do sistema social nos limites da ordem constitucional.


IE
RK

Nesse sentido, para conceituar bem jurídico, é imprescindível levar 2 pontos em consideração:
ZU

1) Fundamento do bem jurídico: o conceito de bem jurídico tem que ter como ponto central,
MA

como fundamento, a importância do bem àquela pessoa. Tem que ser um bem de
importância vital, fundamental, de modo que a existência dessa pessoa ou seu bem-estar
A
IR

estejam ameaçados sem a criminalização daquela conduta.


RE

2) Titularidade do bem jurídico: É importante saber quem é o titular desse bem jurídico. Para
MO

quem o BJ tem essa importância fundamental?


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Obs. Espiritualização, desmaterialização ou liquefação dos bens jurídicos: é a inclusão no direito penal de

I
RE
proteção a interesses metaindividuais e não apenas relativos ao ser humano. Por esta razão, a lei penal

MO
passou a prever mais crimes de perigo nos últimos tempos, destinados a proteger bens metaindividuais. Ex.:

NN
crimes ambientais (MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral. 14ª Ed. São Paulo: Método,

MA
2020, p. 52).

LIS
7.1.2 Princípio da Intervenção Mínima

2K
93
No art. 8º da Declaração dos direitos do homem e do cidadão (1789), tem-se a imposição de que o

78
direito penal deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias. Isso, de certa forma, traz a ideia

25
75
originária do princípio da intervenção mínima, pois o Direito Penal só deve intervir quando for estrita e

07
evidentemente necessária.

CZ
Em outras palavras: O direito penal em um Estado Democrático de Direito atua como última
VI
ratio/ultima razão/ultima saída. O direito penal é o último grau de proteção jurídica.
IE
Obs.: Trata-se de um princípio um implícito na CF/88, que pode ser retirado, principalmente, do
RK

princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88).


ZU
MA

a) Destinatários de finalidade: dois são os destinatários do referido princípio:


52989
A

● Legislador (no plano abstrato);


IR

● Aplicador do direito (no plano concreto).


RE
MO

Nessa linha, temos que a intervenção mínima deve ser observada tanto pelo legislador, no momento
de selecionar as condutas que passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como também, deve ser
NN

observado pelo aplicador do direito no caso em concreto.


MA
IS

b) Finalidade do princípio da intervenção mínima: trata-se de um reforço ao princípio da reserva legal,


KL

posto que não é suficiente que tenha lei prevendo aquela conduta como criminosa, é necessário
32

ainda que a intervenção penal cominada pela lei seja efetivamente necessária.
89
57

Do princípio da intervenção mínima decorrem dois outros princípios:


2
75
07

7.1.2.1 Fragmentariedade
CZ
VI

O direito penal é fragmentário pois é visto como um sistema descontínuo de ilicitudes. Ou seja: o
IE
RK

direito penal não pode e nem tem como criminalizar todas a condutas existentes, mesmo que sejam ilícitos
ZU

do direito (não só ilícitos penais, mas ilícitos52989


civis também).
MA

Nesse contexto, a fragmentariedade prevê que somente devem ser tutelados pelo direito penal os
casos de relevante lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos fundamentais para a manutenção e o progresso
A
IR

do ser humano e da sociedade.


RE
MO
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O princípio da fragmentariedade deve ser utilizado no plano ABSTRATO, para o fim de permitir a criação de

RA
tipos penais somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção de um bem

I
RE
jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa.

MO
NN
#DICA DD: Em que consiste a fragmentariedade às avessas? Ocorre nas situações em que o direito penal

MA
perde o interesse em uma determinada conduta, inicialmente tida por criminosa, por entendê-la
desnecessária, com a evolução da sociedade e modificação de seus valores, ocorrendo a abolitio criminis,

LIS
sem prejuízo de sua tutela pelos demais ramos do direito. É um juízo negativo, o crime existia e deixa de

2K
existir. Ex.: Adultério, que era crime tipificado no art. 240 do CP e deixou de ser em 2005, quando a Lei nº

93
11.106 revogou o tipo penal.

78
25
75
7.1.2.2 Subsidiariedade

07
A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima e está ligada à autonomia do Direito Penal.

CZ
Somente após se constatar que outros meios de solução social dos conflitos não são aptos a dirimi-los, é que
VI
serão utilizados modelos coercitivos de que dispõe o Direito Penal.
IE
Assim, a intervenção penal fica condicionada ao fracasso dos demais ramos do direito, funcionando
RK

como um soldado de reserva.


ZU

Direciona-se ao aplicador do direito, no PLANO CONCRETO, devendo ser aplicado apenas quando
MA

todos os demais ramos se revelarem impotentes. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da
52989
A

lei penal é necessária no caso concreto.


IR
RE

Aprofundando...
MO

Conflito aparente de normas: Segundo Rogério Greco, o conflito aparente de normas penais é aquele
NN

que ocorre quando duas normas aparentam incidir sobre o mesmo fato. Ele é dito aparente, pois na verdade
MA

não existe conflito algum – efetivamente, não existe um conflito ao se aplicar a norma ao caso concreto.
IS

Existem princípios, capazes de solucionar os conflitos aparentes de normas penais:


KL

a) Subsidiariedade - Temos uma norma subsidiária e uma norma primária, e só se aplica a norma
32

subsidiária caso a norma primária não possa ser aplicada, ou seja, uma norma menos grave
89

(subsidiária), que descreve um crime autônomo, e uma norma mais grave (primária), que descreve
57

uma segunda conduta e que prevalecerá sobre aquela.


2
75

b) Especialidade - Estaremos diante de dois tipos penais, um específico


52989
e um genérico, ambos
07

aparentemente adequados para o caso concreto. Entretanto, pela regra da especialidade,


CZ

prevalecerá o tipo penal específico.


VI

c) Consunção - O princípio da consunção está diretamente relacionado com a absorção de um delito


IE
RK

por outro. Ou seja, existe uma relação de fins e meios (um delito é o meio para que se chegue ao
outro) ou mesmo de necessidade (um crime é uma fase para o outro, sendo necessária sua execução
ZU

para que se pratique o segundo tipo penal).


MA

d) Alternatividade - Temos o chamado princípio da alternatividade, que, por sua vez, é bastante
A
IR

simples. Aqui temos um tipo penal chamado de misto alternativo (cuja conduta possui várias formas,
RE

ou seja, vários verbos). Nesses casos, mesmo que o agente pratique vários dos núcleos em um
MO

mesmo contexto, responderá por apenas um crime.


N

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META 2

IRA
RE
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS (PARTE II)

MO
NN
7.1.3 Princípio da Insignificância ou da Bagatela

MA
a) Introdução, Origem e Conceito

LIS
2K
Inicialmente, cumpre destacar que o referido princípio não encontra previsão na legislação, mas

93
pacificamente admitido pela Jurisprudência do STF e do STJ.

78
Segundo Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado): “Em outras palavras, o Direito Penal não

25
75
deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico legalmente tutelado. Na década

07
de 70 do século passado, foi incorporado ao Direito Penal pelos estudos de Claus Roxin”.

CZ
Ressalta-se que o princípio da Insignificância decorre da fragmentariedade, de modo que o Direito
VI
Penal só vai intervir nos casos de relevante lesão, quando for indispensável para a proteção de determinado
IE
bem jurídico, e quando não houver como proteger o bem jurídico como os outros ramos do direito.
RK

Nesse sentido, o princípio da insignificância traduz a ideia de que não há crime quando a conduta
ZU

praticada pelo agente é insignificante, não é capaz de ofender ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado
MA

pela norma penal.


52989
A
IR

52989

b) Finalidade
RE

O STF expressamente reconhece como finalidade desse princípio a “interpretação restritiva da lei
MO

penal”, ou seja, o princípio da insignificância deve diminuir a intervenção penal, no sentido de ignorar as
NN

condutas irrisórias que não se revelam capazes de ofender o bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
MA
IS

c) Natureza Jurídica: Causa de Exclusão da tipicidade (atipicidade) material. Isto é: torna o fato atípico
KL

por ausência de tipicidade material.


32
89

TRADUZINDO:
57

TIPICIDADE PENAL = tipicidade formal + tipicidade material.


2
75

Tipicidade formal: juízo de adequação do fato à norma (analisa se o fato praticado na vida real, se amolda,
07

se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal). Ex.: Sujeito subtrai um iogurte de um hipermercado.
CZ

Como subtraiu coisa alheia móvel, o fato se adequa ao tipo penal de furto.
VI

Tipicidade material: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.


IE
RK

No exemplo acima, em que pese tenha havido a tipicidade formal, o ato praticado não foi capaz de causar
ZU

lesão relevante ao bem protegido, vez que o valor de um iogurte não faria a menor diferença no patrimônio
MA

de um hipermercado, não havendo, portanto, tipicidade material.


A
IR

Mas atenção: NÃO É SÓ O VALOR que deve ser analisado para que seja reconhecida a insignificância
RE

da conduta! Existem outros requisitos que devem ser observados, conforme jurisprudência consolidada da
MO

Suprema Corte.
N

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Ademais, valor insignificante e pequeno valor não são sinônimos. Por vezes, em casos de furto, por

RA
exemplo, a questão apresenta um bem de um valor baixo, mas não irrisório/insignificante, que servirá apenas

I
RE
para caracterizar a causa de diminuição de pena do furto privilegiado, mas não excluirá a tipicidade material,

MO
seja pelo fato de o valor ser pequeno, mas não irrisório, seja por não preencher algum outro requisito.

NN
Sobre os valores, não há nenhuma tese fixa sobre. É necessário analisar o contexto. Porém,

MA
analisando as decisões proferidas, o STF tem aceitado como insignificantes normalmente valores que giram
em torno de 10% do salário-mínimo, com variações para mais e para menos (é só uma ideia). Já como

LIS
pequeno valor, para o privilégio, admite-se o valor de até 1 salário-mínimo integral (raciocínio aplicável aos

2K
demais delitos que admitem o privilégio).

93
78
É inviável a aplicação do princípio da insignificância ao furto praticado quando,

25
75
para além do valor52989
da res furtiva exceder o limite de 10% do valor do salário-

07
mínimo vigente à época dos fatos, o acusado é multirreincidente, ostentando

CZ
diversas condenações anteriores por crimes contra o patrimônio.Processo sob
VI
segredo de justiça. Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade,
IE
julgado em 14/11/2022, DJe 22/11/2022.
RK
ZU

O STJ também foi questionado se no caso houver restituição do bem:


MA

52989
A

A restituição imediata e integral do bem furtado não constitui, por si só, motivo
IR

suficiente para a incidência do princípio da insignificância. STJ. RMS 68.504-SC,


RE

Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
MO

10/10/2023, DJe 16/10/2023. (Tema 1208) (Info 792)


NN
MA

ATENÇÃO! JURISPRUDÊNCIA EM TESES – EDIÇÃO nº 219 - PRINCÍPIO DA


IS

INSIGNIFICÂNCIA A aplicação do princípio da insignificância requer a presença


KL

cumulativa das seguintes condições objetivas:


32

a) mínima ofensividade da conduta do agente;


89

b) nenhuma periculosidade social da ação;


57

c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente;


2
75

d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.


07
CZ

Vejamos algumas casuísticas importantes em relação ao princípio da insignificância:


VI
IE
RK

a) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA x AGENTE REINCIDENTE


Em regra, o STF e o STJ afastam a aplicação do princípio da insignificância aos acusados reincidentes
ZU

ou de habitualidade delitiva comprovada. Vale ressaltar, no entanto, que há julgados em que afirmam que
MA

a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à
A
IR

luz dos elementos do caso concreto


RE
MO
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MA
Ao criminoso habitual, tanto o STF como o STJ, costumam negar a aplicação. Vale ressaltar, no

RA
entanto, que há julgados em que afirmam que é aplicável o referido princípio se, analisando as

I
RE
peculiaridades do caso concreto, entender que a medida é socialmente recomendável.

MO
Vale o conhecimento da jurisprudência em Teses do STJ (ed. 47):

NN
MA
Tese 7: O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu
faz do crime o seu MEIO DE VIDA, ainda que a coisa furtada seja de pequeno

LIS
valor.

2K
93
Ainda, na edição nº 219 - Jurisprudência em teses (STJ):

78
25
75
Tese 2: A reiteração delitiva, a reincidência e os antecedentes, em regra, afastam a aplicação do princípio da

07
insignificância, por ausência de reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente.

CZ
Tese 3: É possível aplicar, excepcionalmente, o princípio da insignificância, inclusive nas hipóteses de
VI
reiteração delitiva, reincidência ou antecedentes, se as peculiaridades do caso concreto evidenciarem
IE
inexpressividade da lesão jurídica provocada e reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento do
RK

52989
agente.
ZU
MA

Pergunta: e ao MULTIRREINCIDENTE, é possível aplicação do princípio da insignificância? Em regra,


52989
A

NÃO.
IR

A multirreincidência específica somada ao fato de o acusado estar em prisão


RE

domiciliar durante as reiterações criminosas são circunstâncias que inviabilizam


MO

a aplicação do princípio da insignificância. REsp 1.957.218-M, G Rel. Min. Olindo


NN

Menezes. Sexta Turma, por maioria, julgado em 23/08/2022.É certo que há


MA

precedentes do Supremo Tribunal Federal em que se afasta a tipicidade material


IS

da conduta criminosa quando o furto é praticado para subtrair objeto de valor


KL

irrelevante, ainda que o paciente seja reincidente na prática delitiva. Entretanto, a


32

Corte também tem precedentes que apontam a relevância da análise da


89

reincidência delitiva para afastar a tipicidade da conduta, conforme se verifica no


57

julgamento do Habeas Corpus 123.108/MG, da Relatoria do Ministro Roberto


2
75

Barroso, no qual, o Plenário do STF decidiu, por maioria de votos, que a "aplicação
07

do princípio da insignificância envolve um juízo amplo (conglobante), que vai


CZ

além da simples aferição do resultado material da conduta, abrangendo também


VI

a reincidência ou contumácia do agente, elementos que, embora não


IE
RK

determinantes, devem ser considerados". Após a análise dos precedentes desta


Corte Superior e do STF, é razoável concluir que a reincidência não impede, por si
ZU

só, que se reconheça a insignificância penal da conduta à luz dos elementos do caso
MA

concreto, mas pode ser um dos elementos que justificam a tipicidade material da
A
IR

conduta. Informativo 746 (29/08/2022).


RE
MO

Mas há julgado do STJ permitindo excepcionalmente (19/05/22):


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A multirreincidência específica, via de regra, afasta a aplicação do princípio da

I
RE
insignificância no crime de furto. Entretanto, em casos excepcionais, nos quais é

MO
reduzidíssimo o grau de reprovabilidade da conduta, tem esta Corte Superior

NN
admitido a incidência do referido princípio, ainda que existentes outras

MA
condenações. (AgRg no AREsp 1899839/MG, Rel. Ministro OLINDO MENEZES
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), Rel. p/ Acórdão Ministra

LIS
LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 19/04/2022, DJe 19/05/2022)

2K
93
É possível a aplicação ao réu reincidente quando o crime
52989
anterior tutelava bem jurídico distinto patrimônio,

78
é o que o STF chamou de TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE GÊNEROS

25
75
DISTINTOS (*termo de prova).

07
CZ
Entendendo a fonte da expressão acima que foi utilizada no seguinte julgado do STF:
VI
IE
TURMA HABEAS CORPUS 114.723, MINAS GERAIS
RK

RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI


ZU

FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. VALOR DOS BENS


MA

SUBTRAÍDOS. INEXPRESSIVIDADE
52989
DA LESÃO. CONTUMÁCIA DE INFRAÇÕES
A

PENAIS CUJO BEM JURÍDICO TUTELADO NÃO É O PATRIMÔNIO.


IR
RE

DESCONSIDERAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. (...) 4. À luz da teoria da reiteração não


MO

cumulativa de condutas de gêneros distintos, a contumácia de infrações penais


que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado pela norma penal não
NN

pode ser valorada, porque ausente a séria lesão à propriedade alheia


MA

(socialmente considerada), como fator impeditivo do princípio da insignificância.


IS
KL

Ressalta-se ainda que, em 2018 e 2019, os Tribunais Superiores tinham encontrado uma espécie de
32

“meio termo” entre a aplicação do princípio da insignificância e a reincidência do agente.


89

Isso porque, no caso concreto, o juiz via que, pelo critério objetivo, o réu faria jus à insignificância,
57
2

mas que os critérios subjetivos não estariam preenchidos, em razão da reincidência. Então, considerando a
75

proporcionalidade, o STF criou um “meio termo”: ao invés de absolver por atipicidade material da conduta,
07

aplicou outros institutos mais benéficos, como a substituição da pena privativa de liberdade por pena
CZ

restritiva de direitos, como nos informativos 913 e 938.


VI
IE
RK

Justificativas
ZU

A favor da aplicação da insignificância ao reincidente/habitual: se a natureza jurídica é de causa de exclusão


MA

de tipicidade, deve ser analisado o FATO e não os atributos do agente, sob pena de se utilizar o direito penal
do autor. O fato não poderia ser típico para uma pessoa e atípico para outra. Ou é típico ou não é. O momento
A
IR

de analisar as condições pessoais do agente é apenas em eventual e futura fixação de pena.


RE
MO
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MA
Contra a aplicação da insignificância ao reincidente/habitual: Se o agente é infrator contumaz, com

RA
personalidade voltada a práticas delitivas, fazer uso da insignificância seria incentivá-lo ao contínuo

I
RE
descumprimento da norma, fazendo do crime um meio de vida. O valor de um bem, isoladamente, até

MO
poderia ser insignificante, mas o “todo” não seria e isso caracterizaria reprovabilidade e ofensividade. O

NN
intuito do princípio não é legitimar esse tipo de conduta, mas afastar do campo de incidência do direito penal,

MA
desvios mínimos e isolados.

LIS
b) INSIGNIFICÂNCIA x FURTO QUALIFICADO

2K
STF/STJ: Via de regra, entendem não ser possível a aplicação do princípio da insignificância no furto

93
qualificado, pois falta o requisito do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. No entanto, o

78
Plenário do STF analisou a questão e entendeu que não há como fixar tese sobre isso, que também deve ser

25
75
analisado caso a caso (STF-HC 123108/MG).

07
CZ
c) INSIGNIFICÂNCIA x BENS JURÍDICOS DIFUSOS/COLETIVOS VI
IE
Em regra, se o bem jurídico é difuso ou coletivo, os tribunais superiores vêm entendendo pela NÃO
RK

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, pois se estaria atingindo a coletividade e, portanto, não


ZU

caberia a insignificância da lesão.


MA

Além disso, normalmente os crimes contra bens 52989


jurídicos difusos/coletivos são crimes de perigo
A

abstrato, motivo pelo qual, de “perigo presumido” pelo legislador.


IR
RE


MO

Tráfico de drogas – não aplicação do princípio, por se tratar de crime de perigo abstrato (perigo
presumido, de acordo com a jurisprudência do STJ), sendo irrelevante a quantidade de droga
NN

apreendida (HC 318926, STJ – 2015).


MA

▪ A apreensão de munições em quantidade não considerada insignificante, aliada a condenação


IS

concomitante pelo delito de tráfico de entorpecentes, impõe o afastamento da aplicação do princípio


KL

da insignificância. REsp 1.978.284-GO, julgado em 14/06/2022.


32

▪ Porte de drogas para consumo pessoal – tema controvertido.


89

·
57

Amplamente majoritário + jurisprudência do STJ – impossibilidade da insignificância em razão de se


2

tratar de crime de perigo abstrato. STJ, 6ª T, RHC 35920-DF (INFO 541)


75

·
07

STF tem um precedente admitindo a aplicação da insignificância


52989
(o que não indica posição
consolidada do STF, pois O julgado foi decidido por EMPATE (2x), razão pela qual foi concedido o HC
CZ

(STF. 2ª Turma. HC 202883).


VI
IE
RK

▪ Crime de moeda falsa: Inaplicabilidade do princípio, AINDA QUE SEJA 1 ÚNICA NOTA DE PEQUENO
ZU

VALOR, uma vez que se trata de crime contra a fé pública, havendo o interesse do Estado e da
MA

coletividade em não ter a fé pública abalada por aquela falsificação. Considerando que se trata de
A

um bem jurídico coletivo difuso “fé pública”, não se leva em consideração somente o aspecto
IR

material/patrimonial do bem falsificado, mas sim um bem coletivo. Essa argumentação se aplica aos
RE

outros crimes contra a fé pública.


MO
N

29
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KL
07
Z
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

ZUR
SEMANA 01/42

MA
Obs. EXCEPCIONALMENTE, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública

RA
(USO DE ATESTADO FALSO) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da

I
RE
conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de

MO
reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada", a demonstrar

NN
a atipicidade material da conduta e afastar a incidência do Direito Penal, sendo suficientes as sanções

MA
previstas na Lei trabalhista (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 16/11/2021).

LIS
2K
▪ Crimes ambientais: Em regra, nos crimes com bem jurídico difuso/coletivo, não se aplica o princípio

93
da insignificância, pois a lesividade/exposição a perigo transcende o aspecto individual. No entanto,

78
nos crimes ambientais, essa regra é invertida, uma vez que os tribunais superiores adotam como

25
75
regra a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância em crimes ambientais, devendo

07
ser analisadas as circunstâncias específicas no caso concreto para verificar a atipicidade da conduta

CZ
52989
em exame/verificar se aquela conduta não gerou efetivamente um perigo ao meio ambiente (Info
816). VI
IE
RK

· Exceção à regra específica dos crimes ambientais: pela jurisprudência amplamente


ZU

dominante, não se pode aplicar o princípio da insignificância ao crime de pesca ilegal (STF, 1ª
MA

TURMA, HC 122560/SC 2018 – Info 901).52989


A
IR
RE

Obs.: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela
MO

não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados
tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca
NN

ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova. Fonte: dizer o Direito
MA
IS

Veja as hipóteses em que a própria jurisprudência flexibiliza a exceção da pesca ilegal, como, por
KL

exemplo:
32
89


57

O STJ (Info 602 – 6ª Turma. RESP 1409051 – 2017) afirmou, de forma excepcional, pela aplicação do
2

princípio da insignificância no caso de pesca ilegal, na hipótese em que o indivíduo pescou 1 único
75

peixe e devolveu esse peixe vivo ao rio, não havendo um prejuízo efetivo ao meio ambiente.
07

● Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe efetivamente pescado, mas portando consigo
CZ

equipamentos de pesca, em um local onde essa atividade é proibida. Nessa hipótese


VI
IE

pontual/casuística, temos discussão nos tribunais superiores, pois há 2 julgados da mesma turma em
RK

sentidos opostos:
ZU

· SIM (possibilidade de aplicação da insignificância) - STF (Info 816).


MA

· NÃO (não pode aplicar) - STF (Info 845).


A
IR

d) INSIGNIFICÂNCIA x CRIMES TRIBUTÁRIOS E DESCAMINHO


RE
MO
N

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KL
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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SEMANA 01/42

MA
Em regra, o princípio da insignificância se aplica aos crimes tributários federais e de descaminho

RA
[também é um crime tributário] quando o crédito tributário não ultrapassar o limite de 20.000 reais, a teor

I
RE
do disposto no art. 20 da Lei 10.522/02 com as atualizações efetivadas pelas portarias nº 75 e 130 do

MO
Ministério da Fazenda.

NN
MA
Observações importantes:

LIS
52989

1) O valor máximo para aplicar o princípio da insignificância é de 20 mil reais (STF e STJ).

2K
Explicação para adotar o valor de 20 mil reais: (Fonte: Dizer o Direito)

93
⋅ Esse valor foi fixado pela jurisprudência tendo como base a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, na

78
qual o Ministro da Fazenda determinou, em seu art. 1º, inciso II, “o não ajuizamento de execuções

25
75
fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$

07
20.000,00 (vinte mil reais).”

CZ
⋅ Em outros termos, essa Portaria determina que, até o valor de 20 mil reais, os débitos inscritos como
Dívida Ativa da União não serão executados. VI
IE
⋅ Com base nisso, a jurisprudência construiu o seguinte raciocínio: ora, não há sentido lógico permitir
RK

que alguém seja processado criminalmente pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer
ZU

será cobrado no âmbito administrativo-tributário. Se a própria “vítima” não irá cobrar o valor, não
MA

faz sentido aplicar o direito penal contra o autor desse fato.


52989
A

⋅ Vale lembrar que o direito penal é a última ratio. Se a Administração Pública entende que, em razão
IR

do valor, não vale a pena movimentar a máquina judiciária para cobrar a quantia, com maior razão
RE

também não se deve iniciar uma ação penal para punir o agente.
MO
NN

2) O valor de 20 mil reais para aplicação do princípio da insignificância será somente aos crimes
MA

tributários FEDERAIS!!! Não se aplica o parâmetro dos tributos federais aos crimes tributários estaduais,
IS

devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo (STJ. 5ª Turma.
KL

AgRg-HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020).


32
89

Atenção! Edição 219º - Jurisprudência em teses (STJ):


57

Tese 5: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito
2
75

tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20
07

da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da
CZ

Fazenda (Tese revisada sob o rito do art. 1.046 do CPC/2015 - TEMA 157).
VI

Tese 6: É possível aplicar o parâmetro estabelecido no Tema n. 157/STJ, para fins de incidência do princípio
IE
RK

da insignificância no patamar estabelecido pela União aos tributos dos demais entes federados, quando
ZU

existir lei local no mesmo sentido da lei federal.


MA

1) Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando! (Aplica-se ao crime


de descaminho)
A
IR

Não se aplica, em regra, porque o objeto sobre o qual recai a conduta proibida no crime de
RE

contrabando é “mercadoria proibida”, e não a mera sonegação. Assim, o bem jurídico tutelado não é apenas
MO

a questão financeira do ente estatal, mas também a saúde pública/incolumidade pública, uma vez que o
N

31
MAN
IS
KL
07
Z
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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SEMANA 01/42

MA
estado, por motivos de saúde pública/incolumidade pública, proíbe a importação ou exportação de

RA
determinada mercadoria. (Crime pluriofensivo):

I
RE
MO
Em regra, é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma

NN
vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do

MA
imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a
comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de

LIS
um delito pluriofensivo. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1744739/RS, Rel. Min. Joel

2K
Ilan Paciornik, julgado em 02/10/2018

93
78
ATENÇÃO! Existem exceções:

25
75
· O princípio da insignificância é aplicável ao crime de contrabando de cigarros quando a quantidade

07
apreendida não ultrapassar 1.000 (mil) maços, seja pela diminuta reprovabilidade da conduta, seja

CZ
pela necessidade de se dar efetividade à repressão a o contrabando de vulto, excetuada a hipótese de
VI
reiteração da conduta, circunstância apta a indicar maior reprovabilidade e periculosidade social da
IE
ação.STJ. REsp 1.977.652-SP, Rel. Ministro Joel Ilan Paciornik, Rel. para acórdão Ministro Sebastião Reis
RK

Junior, Terceira Seção, por maioria, julgado em 13/9/2023, DJe 19/9/2023 Tema 1143. (Info 787)
ZU

· Somente em situações excepcionais, como no caso da importação de medicamentos em pequena


MA

quantidade e para uso pessoal, o tribunal admite a insignificância: Jurisprudências em teses (STJ) ed. 221
52989
A

– Princípio da insignificância - 10) É possível, excepcionalmente, aplicar o princípio da insignificância aos


IR

casos de importação não autorizada de pequena quantidade de medicamento para consumo próprio.
RE

A importação de pequena quantidade de medicamento destinada a uso próprio


MO

denota a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade


NN

social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a


MA

inexpressividade da lesão jurídica provocada, tudo a autorizar a excepcional


IS

aplicação do princípio da insignificância STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no REsp


KL

1708371/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/04/2018.


32
89
57

INSIGNIFICÂNCIA x CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


2
75

● STF - Antes não admitia, mas possui decisões recentes admitindo, como por exemplo, em caso de
07

peculato.
CZ

● STJ – Possui entendimento sumulado negando a aplicação (súmula 599).


VI

Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração


IE
RK

pública.
ZU
MA

Porém, STF e STJ admitem nos crimes contra a Administração Pública praticados por particulares, a
52989
exemplo do descaminho, que, apesar de ser um crime tributário, topograficamente, estão inseridos no título
A
IR

dos Crimes contra a Administração Pública, então cuidado em prova!


RE
MO

ATENÇÃO:
N

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
Informativo 742 - Admite-se, excepcionalmente, a aplicação do princípio da

RA
insignificância a crime praticado em prejuízo da administração pública quando for

I
RE
ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado. RHC 153.480-SP, Rel. Min. Laurita Vaz,

MO
Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022, DJe 31/05/2022. Logo, em

NN
determinadas hipóteses, nas quais for ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado -

MA
como na espécie -, admite-se afastar a aplicação do entendimento sedimentado na
Súmula n. 599/STJ, pois "a subsidiariedade do direito penal não permite tornar o

LIS
processo criminal instrumento de repressão moral, de condutas típicas que não

2K
produzam efetivo dano".

93
78
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS:

25
75
1. STF/STJ: para aplicação do princípio da insignificância, considera-se a capacidade econômica da

07
vítima (STJ-Resp. 1.224.795).

CZ
2. STF/STJ: admitem a aplicação a atos infracionais.
VI
2. STF: O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da
IE
sentença condenatória (STF-HC 95570).
RK

3. “Flanelinha” e exercício da profissão sem registro competente: STF admite a aplicação (Info. 699).
ZU

4. STF/STJ NÃO admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais
MA

precisamente, nos crimes de moeda falsa (STF-HC105.829).


52989
A

5. STF/STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência
IR
RE

doméstica (STJ-HC 33195/MS; STF-RHC 133043/MT).


MO

6. STF/STJ: Ao Tráfico internacional de armas e munições não se aplica o princípio da insignificância


(STF-HC 97777), de igual modo é inaplicável aos crimes de posse e porte de arma de fogo (STJ-HC
NN

338153/RS). Obs.: É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição
MA

desacompanhada de arma. (STF - HC 133984/MG)


IS

7. Crimes contra a vida, lesões corporais, crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa,
KL

crimes sexuais, tráfico de drogas – nenhum admite.


32

8. Porte de drogas para uso (art. 28 da LD) – Majoritariamente, o STF e o STJ não aplicam a
89

insignificância, nem mesmo em se tratando de quantidades ínfimas, pelo fato de ser crime de
57
2

perigo presumido e o bem tutelado ser a saúde pública. No entanto, há julgado isolado do STF
75

permitindo a aplicação.
07

9. Violação de direito autoral – não se aplica. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1380149/RS.
CZ

10. Apropriação indébita previdenciária:


VI
IE

ANTES: havia divergência entre o STJ e o STJ.


RK

AGORA: tanto o STF como o STJ afirmam que é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de
ZU

apropriação indébita previdenciária.


MA

Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita


previdenciária. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos
A
IR

crimes de apropriação
52989
indébita previdenciária e de sonegação de contribuição
RE

previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais


MO
N

33
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07
Z
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o

RA
grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem

I
RE
jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação

MO
indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo,

NN
não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente

MA
é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação
já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico

LIS
supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos

2K
implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min.

93
Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min.

78
52989
Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ,

25
75
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019.

07
11. Crimes ambientais:

CZ
STJ: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as
VI
circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame (STJ AgRg
IE
no AREsp 654.321/SC).
RK

STF: Já negou em situação de pesca ilegal, a um indivíduo flagrado junto a outras três pessoas, POR TRÊS
ZU

VEZES CONSECUTIVAS, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de
MA

arrasto de fundo (HC 137652).


52989
A

- Já negou em caso de realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método
IR
RE

não permitido (HC 122560/SC).


- A partir do caso acima, publicou a seguinte redação no Info 901:: O princípio da bagatela não se aplica
MO

ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98 (pesca ilegal).
NN

- No entanto, existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da
MA

insignificância para este delito. Atente-se ao comando da questão!


IS

12. É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina?
KL

• No STJ: é pacífico que NÃO.


32

Súmula 606-STJ: não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de
89

sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei
57

9.472/97.
2
75

• No STF: o tema ainda é controverso.


07

-1ª Turma do STF: é inaplicável o princípio da insignificância no crime de transmissão clandestina de


CZ

sinal de internet, por configurar o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, que é crime formal, e,
VI

como tal, prescinde de comprovação de prejuízo para sua consumação. STF. 1ª Turma. HC 124795 AgR,
IE
RK

Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 23/08/2019.


ZU

-2ª Turma do STF: O princípio da insignificância também se aplica ao fornecimento clandestino de


MA

internet tipificado no art. 183 da Lei nº 9.472/97 desde que (i) a conduta seja minimamente ofensiva
do agente, (ii) não haja risco social da ação, (iii) seja reduzido grau de reprovabilidade do
A
IR

comportamento e (iv) inexpressiva a lesão jurídica. A expressividade da lesão jurídica deve ser
RE

verificada in concreto à luz do alcance do alcance dos aparelhos consignado em laudo da autoridade
MO

regulatória.Ausente laudo que ateste a expressividade concreta da lesão e havendo indícios de sua
N

34
MAN
IS
KL
07
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MA
inexpressividade, deve incidir o princípio da insignificância, a autorizar a concessão da ordem. STF. 2ª

RA
Turma. HC 161483 AgR, Rel. Edson Fachin, julgado em 07/12/2020. STF. 2ª Turma. HC 165577 AgR, Rel.

I
RE
Min. Gilmar Mendes, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/09/2021.

MO
13. STJ – Info 672/2020: Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de

NN
estelionato qualificado por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira

MA
do hospital.
Cinge-se a controvérsia a saber acerca da possibilidade do trancamento de ação

LIS
penal pelo reconhecimento de crime bagatelar no caso de médico que, no

2K
desempenho de seu cargo público, teria registrado seu ponto e se retirado do

93
local, sem cumprir sua carga horária. A jurisprudência desta Corte Superior de

78
Justiça não tem admitido, nos casos de prática de estelionato qualificado, a

25
75
incidência do princípio da insignificância, inspirado na fragmentariedade do

07
Direito Penal, em razão do prejuízo aos cofres públicos, por identificar maior

CZ
reprovabilidade da conduta delitiva. Destarte, incabível o pedido de trancamento
VI
da ação penal, sob o fundamento de inexistência de prejuízo expressivo para a
IE
vítima, porquanto, em se tratando de hospital universitário, os pagamentos aos
RK

médicos são provenientes de verbas federais. STJ. AgRg no HC 548.869-RS, Rel.


ZU

Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020,
MA

DJe 25/05/2020.
52989
A

14. Juris em teses ed. 219: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
IR

52989
RE

praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas (Súmula n. 589/STJ).


MO

15. Juris em teses ed. 219: Os delitos de porte ou posse de munição, de uso permitido ou restrito, são
crimes de mera conduta e de perigo abstrato, em que se presume a potencialidade lesiva e, por isso, em
NN

regra, não é aplicável o princípio da insignificância.


MA

16. Juris em teses ed. 219: É possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou posse de
IS

munição de uso permitido ou restrito, desde que a quantidade apreendida seja pequena e esteja
KL

desacompanhada de armamento apto ao disparo e as circunstâncias do caso concreto demonstrem a


32

ausência de lesividade da conduta.


89

17. Juris em teses ed. 219: Não é possível aplicar o princípio da insignificância aos delitos de porte ou
57

posse de munição, de uso permitido ou restrito, ainda que em pequena quantidade e desacompanhada
2
75

de armamento apto ao disparo, se a apreensão acontecer no contexto do cometimento de outro crime.


07
CZ
VI

#ATENÇÃO: Delegado pode aplicar o princípio da insignificância?


IE
RK

Para o STJ NÃO! Apenas o juiz pode. HC 154.949/MG. Assim, a autoridade policial estaria obrigada a
ZU

efetuar a prisão em flagrante, submetendo a questão à análise de autoridade judiciária.


MA

No entanto, parte da doutrina, a exemplo de Cleber Masson, posiciona-se contra tal entendimento,
pelo fato de tratar a insignificância de afastamento da tipicidade do fato. E ora, se o fato não é típico para
A
IR

o juiz, também não será para delegado!


RE

Para esta segunda corrente, principalmente na análise da legalidade da prisão em flagrante, o


MO

delegado não só poderia, como DEVERIA analisar a presença dos elementos que traduzem a insignificância,
N

35
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KL
07
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
vez que não seria razoável ratificar a prisão de quem subtraiu um pão de queijo de uma padaria, por exemplo,

RA
sob pena de inobservância de vários princípios, como lesividade, proporcionalidade, subsidiariedade,

I
RE
intervenção mínima.

MO
NN
A solução para que você, caro aluno, resolva a questão, é analisar a forma como isso está sendo

MA
questionado.

LIS
Para finalizar o estudo deste princípio, precisamos ainda fazer uma última diferenciação: BAGATELA

2K
PRÓPRIA X BAGATELA IMPRÓPRIA, o que faremos com a ajuda do Dizer o Direito.

93
78
25
INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA

75
= PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA = PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO

07
CZ
A situação nasce penalmente relevante. O fato é
A situação já nasce atípica. VI
típico do ponto vista formal e material.
IE
O fato é atípico por atipicidade material. Em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e o
RK

seu autor, consta-se que a pena se tornou


ZU

desnecessária.
MA

52989
A
IR

O agente tem que ser processado (a ação penal


RE

O agente não deveria nem mesmo ser processado deve ser iniciada) e somente após a análise das
MO

já que o fato é atípico. peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia


reconhecer a desnecessidade da pena.
NN
MA
IS

Não tem previsão legal no direito brasileiro. Está previsto no art. 59 do CP, conforme a doutrina.
KL
32

Enquanto para a infração bagatelar própria já nasce irrelevante por se tratar de conduta
89
57

materialmente atípica, “a infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal,
2

mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente
75

desnecessária” (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT,
07

2009, p.305)”.
CZ

Segundo LFG, este instituto possui fundamento legal no direito brasileiro (porém, de forma implícita
VI
IE

e “genérica” – termos nossos). Trata-se do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme
RK

seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.


ZU

Dessa forma, se a pena não for mais necessária, ela não deverá ser imposta (princípio da
MA

desnecessidade da pena conjugado com o princípio da irrelevância penal do fato).


A bagatela imprópria foi acolhida, excepcionalmente,52989
pela 5ª Turma do STJ, confirmando decisão da
A
IR

1ª e 2ª instâncias judiciais no AgRg no AREsp 1423492 / RN (decisão publicada 29/05/2019):


RE
MO
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IC
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

EV
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DELEGADO FEDERAL

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MA
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. POSSE ILEGAL

RA
DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. CRIME SEM

I
RE
VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. DELITO COMETIDO HÁ MAIS DE 12 ANOS.

MO
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA. REQUISITOS

NN
PREENCHIDOS. DESNECESSIDADE DA PENA. REEXAME DO CONJUNTO

MA
PROBATÓRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA –
STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Entendo as instâncias ordinárias ser

LIS
desnecessária a punição do acusado, porque presentes os requisitos para a

2K
aplicação do princípio da bagatela imprópria, para se concluir de forma diversa,

93
seria imprescindível o reexame do conjunto probatório dos autos, o que não é

78
52989

viável em recurso especial. Incidente a Súmula n. 7/STJ. 2. Agravo regimental

25
75
desprovido.

07
CZ
SIMPLIFICANDO: VI
IE
- Princípio da insignificância ou da bagatela própria – O fato já nasce atípico, por atipicidade material.
RK

- Natureza jurídica bagatela própria: Causa Supralegal de extinção de tipicidade material, devendo ser
ZU

analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima.


MA

52989
A

- Princípio da insignificância imprópria: pressupõe uma análise do que ocorreu após a prática do crime até
IR
RE

o momento do julgamento. Exemplo: o réu se casou, teve filhos, tem uma empresa com mais de 50
MO

funcionários. Nesses casos o juiz reconhece a existência do crime, mas conclui que a pena não é necessária.
Aqui não há causa supralegal de exclusão de tipicidade, há causa supralegal de extinção de punibilidade. O
NN

Estado reconhece o crime, mas conclui pela desnecessidade da punição, ela não é mais vantajosa para a
MA

sociedade.
IS

A análise da pertinência da bagatela imprópria há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação fática,


KL

jamais no plano abstrato. Atente-se também para a necessidade de se observar que a bagatela imprópria
32

tem como pressuposto inafastável a não incidência do princípio da insignificância (próprio). Afinal, se o fato
89

não era merecedor da tutela penal em decorrência da sua atipicidade, descabe enveredar pela discussão
57

acerca da necessidade ou não da pena.


2
75

- Natureza jurídica bagatela imprópria: Causa supralegal de extinção de punibilidade. O estado reconhece o
07

crime, mas conclui pela desnecessidade da pena, a punição não é vantajosa para a sociedade.
CZ
VI

7.2 Princípios Relacionados com o Fato do Agente


IE
RK
ZU

7.2.1 Princípio da Ofensividade/Lesividade


MA

Não pode haver crime sem que haja conteúdo ofensivo a bens jurídicos. A doutrina mais
especializada aponta uma fundamentação implícita ao princípio da lesividade na ideia de dignidade da
A
IR

pessoa humana, no sentido de que não se pode instrumentalizar ou objetificar o homem. Então, quando o
RE

Estado criminaliza condutas sem que haja ofensa ou ao menos perigo de ofensa a um bem jurídico tutelado,
MO
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
está colocando o homem (que está recebendo aquela reprimenda) como instrumento para a consecução de

RA
outra finalidade que não a proteção do próprio homem (ex.: um controle social que não é legítimo).

I
RE
Nesse contexto, para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem

MO
jurídico tutelado.

NN
MA
Crime de dano:
52989
exige efetiva lesão ao bem jurídico. (Ex.: homicídio, exige a lesão morte).
Crime de perigo: contenta-se com o risco de lesão ao bem jurídico. (Ex. abandono de incapaz/omissão de

LIS
socorro).

2K
a. crime de perigo concreto - o risco de lesão deve ser demonstrado.

93
b. perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.

78
Há doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional, pois o perigo não pode ser

25
75
presumido, mas comprovado. Presumir-se prévia e abstratamente o perigo, significa, em última análise, que

07
o perigo não existe. Para os adeptos dessa corrente, os crimes de perigo abstrato violariam o princípio da

CZ
lesividade. Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a
VI
criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas
IE
proteção eficiente do Estado.
RK

Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o
ZU

crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).


MA

52989
A

Nesse sentido, considerando que o princípio da ofensividade exige que, do fato praticado, ocorra
IR
RE

lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, é certo concluir que o direito penal não deve se ocupar de
MO

questões éticas, morais, religiosas, políticas, filosóficas. Assim, em razão do princípio da lesividade, PROÍBE-
SE:
NN

⋅ A criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão);


MA

⋅ A criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à autolesão);


IS

⋅ A criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo que ela é – ex:
KL

revogação da contravenção de mendicância).


32
89

Aprofundando...
257

O princípio da lesividade está diretamente ligado à ideia de bem jurídico, com a chamada teoria do bem
75

jurídico. Na vertente do funcionalismo teleológico e racional (Roxin), a teoria do BJ ganha um destaque muito
07

grande em toda a sistemática penal como uma forma de limitar o poder de punir do estado, ou seja, como
CZ

uma forma de limitar a incidência de tipos penais


VI
IE

São de 4 ordens/ funções e garantias do princípio da lesividade:


RK

1) Proibição de incriminar uma atitude interna – motivo pelo qual não se pune a cogitação (fase interna do
ZU

iter criminis);
MA

2) Proibição de incriminar condutas que não excedam o âmbito do autor – motivo pelo qual não se pune a
autolesão;
A
IR

3) Proibição de incriminar simples estados ou condições existenciais - tendo em vista que nosso ordenamento
RE

Jurídico adota o direito penal do fato – e não direito penal do autor;


MO
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MA
4) Proibição de incriminar condutas desviadas que não afetam qualquer bem jurídico - motivo pelo qual não

RA
se pune o crime impossível e, em regra, os atos preparatórios.

I
RE
MO
7.2.2 Princípio da Alteridade

NN
MA
Subprincípio do princípio da lesividade. Dispõe que a conduta deve necessariamente atingir, ou
ameaçar atingir, bem jurídico de terceiro para ser criminalizada. Deve transcender a esfera do próprio

LIS
agente. Por isso, o direito penal não pune a autolesão. Ex.: o artigo 28 da Lei 11.343/06 NÃO tipifica o USO

2K
de drogas porque apenas afetaria o usuário. Tipifica o porte ou similares (guardar, ter em depósito,

93
transportar etc.).

78
25
75
7.2.3 Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato

07
CZ
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, fatos, atos lesivos. Ninguém pode ser
VI
castigado por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações ou estilo de vida. Esse princípio busca impedir
IE
o direito penal do autor. Decorrência do princípio da lesividade.
RK
ZU

7.2.4 Princípio Da Legalidade Estrita Ou Reserva Legal


MA

52989 52989
A

Encontra previsão no art. 5º, XXXIX da CF/88 e no art. 1º do CP: “Não há crime sem lei anterior que
IR
RE

o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Assim, a lei em sentido estrito tem o monopólio na criação
MO

de crimes e cominação de penas – que só serão aplicados a condutas posteriores à sua vigência, não podendo
haver criação de crimes e penas por costumes ou analogias, tampouco tipificação de condutas genéricas.
NN

Ademais, a lei precisa ser anterior, escrita, estrita, certa (taxativa) e necessária.
MA

A legalidade subdivide-se em:


IS
KL

o Legalidade formal: corresponde à obediência aos trâmites procedimentais previstos pela CF para
32

que determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico.
89

o Legalidade material: pressupõe não apenas a observância das formas e procedimentos impostos
57

pela Constituição Federal, mas também, e principalmente, o seu conteúdo, respeitando-se as suas
2
75

proibições e imposições para a garantia dos direitos fundamentais por ela previstos.
07
CZ

A doutrina trabalha com uma dupla face do princípio da legalidade. Ora legitimando o Estado, ora
VI

limitando esse poder de punir. Veja:


IE
RK
ZU

1) Funções constitutivas - em que se garante ao Estado a possibilidade de criminalizar condutas e


MA

cominar penas. Aqui trabalha-se com o plano da legalidade no sentido de legitimar o Estado a exercer
seu direito de punir através da criminalização de conduta e cominação de penas.
A
IR

Quando se fala em legalidade na função constitutiva, abrange a legalidade não só na pena cominada,
RE

mas na pena aplicada e pena executada também.


MO

● Princípio da legalidade direcionado ao legislador – ao cominar as penas;


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MA
● Princípio da legalidade direcionado ao aplicador do direito – quando o juiz veda que se aplique um

RA
regime de cumprimento de pena mais severo do que o previsto pelo legislador, por exemplo;

I
RE
● Princípio da legalidade direcionado à Administração Penitenciária - Os órgãos não podem executar

MO
pena diversa daquela prevista em lei e aplicada pelo juiz.

NN
MA
Enunciado da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ

LIS
Enunciado 13: O princípio da legalidade impõe que se observe, quando da soma
das penas, o cálculo diferenciado para fins de progressão de regime.

2K
93
2) Funções de garantia (face de garantia) – busca limitar o poder de punir do estado trazendo garantias

78
25
mínimas ao cidadão perante o estado. Exclui penas ilegais, por exemplo. Nesse ponto, o princípio da

75
legalidade se desdobra em 4 máximas:

07
I. Lex scripta: A lex scripta proíbe que se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito

CZ
penal;
II. VI
Lex stricta: proibição do emprego da analogia in malan partem;
IE
III. Lex Praevia: Representa o princípio da anterioridade penal: veda a criminalização ex post facto;
RK

IV. Lex certa (aspecto material do princípio da legalidade): A lex certa materializa a proibição de o
ZU

legislador formular tipos penais genéricos, vazios, vagos etc. (Princípio da taxatividade).
MA

52989
A

Segundo o52989
autor Masson, o princípio da reserva legal possui dois fundamentos, quais sejam:
IR
RE

- Fundamento jurídico: é a taxatividade, certeza ou determinação, pois implica, por parte do legislador, a
MO

determinação precisa, ainda que mínima, do conteúdo do tipo penal e da sanção penal a ser aplicada, bem
como da parte do juiz, na máxima vinculação ao mandamento legal. Como desdobramento lógico da
NN

taxatividade, o Direito Penal não tolera a analogia in malam partem.


MA

- Fundamento político: é a proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado no exercício do seu poder
IS

punitivo. Enquadra-se, destarte, entre os direitos fundamentais de 1° geração (ou dimensão). (MASSON,
KL

2017, p. 25).
32
89

* ATENÇÃO: os princípios da reserva legal (estrita legalidade) e o da legalidade são considerados como
57
2

sinônimos por parte da doutrina, enquanto outra corrente defende que se diferenciam nos seguintes
75

aspectos:
07
CZ

RESERVA LEGAL (estrita legalidade) LEGALIDADE


VI
IE

Art. 5°, XXXIX, CF, “não há crime sem lei Art. 5, II, CF, “ninguém será obrigado a fazer
RK

anterior que o defina, nem pena sem prévia ou deixar de fazer alguma coisa senão em
ZU

cominação legal”. virtude de lei”.


MA
A

Exige lei em sentido estrito (no caso do Exige lei em sentido amplo (abrange qualquer
IR

direito penal, lei ordinária) - a lei deve ser espécie normativa, ou seja, lei delegada,
RE

criada de acordo com o processo legislativo medida provisória, decreto, etc.).


MO
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MA
previsto na CF e deve tratar de matéria

RA
constitucionalmente reservada à lei

I
RE
MO
7.2.4.1 Mandados de Criminalização e Reserva Legal

NN
Em que pese a criação de crimes e cominação de penas seja exclusiva da lei em sentido estrito, a

MA
Constituição Federal estabelece mandados explícitos e implícitos de criminalização, ou seja, situações em
que é obrigatória a intervenção do legislador penal.

LIS
Conforme já afirmado pelo STF, “A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas que,

2K
em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5º,

93
XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º)” (HC 102.087/MG).

78
Podem ser de duas espécies:

25
75
07
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO EXPRESSOS MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO

CZ
IMPLÍCITOS/TÁCITOS
A ordem está explícita no texto constitucional. VI
A ordem está implícita no texto constitucional. É
IE
retirada da do “espírito” do texto da CF, de sua
RK

interpretação sistemática.
ZU

Ex.: Art. 5º, XLII: “a prática do racismo constitui Ex: combate à corrupção no poder público.
MA

52989

crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena 52989


Embora a CF não tenha determinado
A

de reclusão, nos termos da lei”. expressamente a criminalização dessa conduta,


IR
RE

isso pode ser extraído dos valores que ela traz,


MO

como por exemplo, do artigo 1º (por ser República,


que significa “coisa pública”) e do art. 37, dos
NN

princípios da Adm. Pública (LIMPE).


MA
IS

#DICA DD: O que seria mandado de criminalização por omissão? Consiste na hipótese do art. 5º, XLIII da CF,
KL

que determina que a omissão, nos casos de crimes hediondos e equiparados, deve ser punida.
32
89
57

A título de conhecimento, há ainda os “mandados internacionais de criminalização”, que também podem


2

ser expressos, quando essa “ordem” está presente em tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil,
75

e implícitos, quando advém de uma decisão/sentença de tribunal internacional.


07
CZ

7.2.5 Princípio da Anterioridade


VI
IE
RK

Exteriorizado nos mesmos dispositivos que se pode extrair o princípio da reserva legal.
ZU

De acordo com o princípio da anterioridade, a lei penal apenas se aplica a fatos praticados após a sua
MA

entrada em vigor.
A

Daí, por consequência lógica, deriva a sua irretroatividade, não se aplicando a fatos pretéritos, nem
IR

mesmo os praticados durante a vacatio legis, SALVO se benéfica ao acusado.


RE
MO
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MA
Nesse sentido, temos o art. 5º XL da CF, dispondo que “a lei penal não retroagirá, salvo para

RA
beneficiar o réu”.

I
RE
MO
7.2.6 Princípio da Vedação ao Bis In Idem

NN
MA
Tem previsão no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao nosso ordenamento
jurídico pelo Dec. 678/1992.

LIS
Proíbe que o agente seja punido duas vezes pelo mesmo fato, inclusive sopesando a mesma situação

2K
ou circunstância para agravar a pena em mais de um momento da dosimetria. Como exemplo, temos a

93
Súmula 241 do STJ que proíbe o uso de uma única reincidência como circunstância judicial desfavorável e

78
como agravante, pois haveria violação a este princípio.

25
75
07
7.2.7 Princípio da Adequação Social

CZ
VI
Idealizado por Hans Welzel, este princípio traz a ideia de que as condutas tidas por socialmente
IE
adequadas não poderiam constituir delitos, pois o tipo penal implica em uma seleção de comportamentos
RK

reprováveis cuja sociedade realiza um desvalor da ação e do resultado. Dessa forma, não caberia a
ZU

criminalização de comportamentos nos quais não há esse desvalor.


MA

Comporta duas vertentes, reduzindo a abrangência do tipo penal.


52989
A

1. Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de acordo com o interesse social, a conduta
IR

deverá ser tida como atípica.


RE

2. Também deve ser direcionado ao legislador. Isso porque, se a conduta está de acordo com a
MO

sociedade, o legislador não pode criminalizar esta conduta, orientando o parlamentar a como
NN

proceder na definição dos bens jurídicos a ser tutelados.


MA
IS

Há 3 correntes sobre a natureza jurídica do princípio da adequação social:


KL
32

1. Excludente da tipicidade (doutrina majoritária): A adequação social exclui a tipicidade material


89

da conduta, não seria crime uma vez que a conduta não é socialmente reprovável/é socialmente
57

adequada. De acordo com Toledo, "a adequação social exclui desde logo a conduta em exame
2
75

do âmbito de incidência do tipo, situando-a entre os comportamentos normalmente permitidos,


07

isto é, materialmente
52989 atípicos". O autor cita o exemplo de lesões corporais causadas por um
CZ

pontapé em partidas de futebol.


VI

2. Excludente da ilicitude - Há doutrinadores minoritários dizendo que seria uma excludente da


IE
RK

ilicitude (no plano da ilicitude material). O problema é que hoje não se divide mais ilicitude
material e ilicitude formal. Então a tipicidade material da conduta acaba antecipando algumas
ZU

análises que seriam feitas na ilicitude.


MA

3. Regra geral de hermenêutica/princípio geral de interpretação: A jurisprudência caminha de


A
IR

forma tranquila e dominante no sentido de que a adequação social deve sofrer uma aplicação
RE

restritiva no direito penal, comportando 2 vertentes:


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MA
● 1ª vertente – voltada ao legislador (função seletiva) – vertente meramente

RA
orientadora, pois busca orientar o legislador para que esse não selecione condutas

I
RE
socialmente adequadas para serem criminalizadas.

MO
52989

● 2ª vertente – voltada ao intérprete (função interpretativa limitadora) – traduz uma

NN
regra geral de hermenêutica/ princípio geral de interpretação. Assim, em havendo várias

MA
interpretações possíveis, pela adequação social, exclui a incidência do tipo penal das

LIS
hipóteses que são socialmente adequadas.

2K
Há forte crítica na doutrina acerca deste princípio, pelo fato de adotar um critério impreciso, inseguro

93
e relativo. Importante saber que, segundo o STJ, o princípio da adequação social não afasta a tipicidade da

78
25
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas, como se verifica do enunciado da Súmula 502 do STJ: Súmula

75
502 - "Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2°,

07
do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas".

CZ
7.3 Princípios Relacionados com o Agente do Fato VI
IE
RK

7.3.1 Princípio da Responsabilidade Pessoal / Da Pessoalidade / Da Intranscendência Da Pena


ZU
MA

De acordo com esse princípio, a responsabilidade


52989
penal é sempre uma responsabilidade pessoal, que
A

não pode ultrapassar a pessoa do autor do crime, motivo pelo qual se proíbe o castigo penal pelo fato de
IR
RE

outrem. Somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado.
MO

No entanto, os efeitos secundários extrapenais da sentença penal condenatória (obrigação de


reparar o dano e decretação de perdimento de bens), podem se estender aos sucessores até o limite da
NN

herança.
MA

Desse princípio decorre:


IS

● OBRIGATORIEDADE DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA ACUSAÇÃO: É proibida a denúncia genérica, vaga ou


KL

evasiva, embora nos Crimes Societários, os Tribunais flexibilizam essa obrigatoriedade;


32

● OBRIGATORIEDADE DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA.


89
57
2

7.3.2 Princípio da Responsabilidade Subjetiva


75
07

Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, o agente somente pode ser
CZ

responsabilizado se o fato tiver sido querido, assumido ou previsto. Não há responsabilidade penal sem dolo
VI
IE

ou culpa.
RK
ZU

● 1ª Embriaguez voluntária - Crítica: A teoria da actio libera in causa que permite a punição do agente
MA

completamente embriagado, não sendo a embriaguez acidental, exige não somente uma análise
pretérita da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente. Exige
A
IR

responsabilidade subjetiva.
RE
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MA
● 2ª Rixa qualificada. *qualificado pela lesão grave e morte. Independentemente de quem tenha

RA
causado a lesão ou morte, todos responderão pela rixa qualificada. Crítica: só responde pelo

I
RE
resultado agravador, isto é, o crime de lesão, quem atuou com dolo, evitando-se responsabilidade

MO
penal objetiva.

NN
MA
7.3.3 Princípio da Culpabilidade

LIS
Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável (penalmente capaz), com potencial

2K
consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível

93
conduta diversa (podendo agir de outra forma).

78
25
75
7.3.4 Princípio da Proporcionalidade

07
CZ
Exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou
VI
posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado (gravidade da pena). Toda vez
IE
que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena deve ser
RK

proporcional à gravidade do fato.


ZU

O presente princípio apresenta uma dupla face, pois de um lado proíbe o excesso (garantismo
MA

negativo), enquanto de outro lado não admite a proteção insuficiente (garantismo positivo).
52989
A

Ressalta-se que o princípio da proporcionalidade incide no plano legislativo, judicial e no da execução


IR
RE

da pena. Segundo tal princípio, a sanção penal deve ser vantajosa para o corpo social, e trazer mais vantagens
do que desvantagens (proporcionalidade em sentido estrito); além disso, deve ser adequada e necessária à
MO

finalidade do direito penal.


NN
MA

7.3.5 Princípio da Limitação das Penas ou da Humanidade


IS

Princípio da humanidade ou princípio da humanidade das penas, nada mais é do que o princípio da
KL

dignidade da pessoa humana no Direito Constitucional. Este princípio é transportado para o Direito Penal, e
32

ganha uma nomenclatura diferente: humanidade.


89

Assim, a CF prevê, em seu art. 5º, XLVII, que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra
57

declarada), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis.


2
75
07

A Constituição da República proíbe 52989


as penas de morte (salvo em caso de guerra declarada) e as consideradas
CZ

cruéis (art. 5º, inc. XLVII, alíneas ‘a’ e ‘e’, respectivamente), além de assegurar às pessoas presas o respeito à
VI

integridade física e moral (art. 5º, inc. XLIX). Tais preceitos constitucionais expressam o princípio penal da
IE
RK

HUMANIDADE
ZU
MA

7.2.6 Princípio da Confiança


A
IR

O princípio da confiança, abordado por parte da doutrina, surgiu na Espanha, com aplicação inicial
RE

aos crimes de trânsito. Segundo este princípio, quem atua observando as regras de trânsito, possui o direito
MO

acreditar que as demais pessoas irão agir também de acordo com as normas. Assim, quando aquele que
N

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IS
KL
07
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MA
continua avançando no sinal verde e acaba colidindo com outro veículo que avançou no sinal vermelho, agiu

RA
amparado pelo princípio da confiança, não tendo culpa, já que dirigia na expectativa de que os demais

I
RE
respeitariam as regras de sinalização.

MO
Atualmente é aplicado no Brasil para os crimes em geral.

NN
MA
Princípio da fraternidade 52989

LIS
Com base nesse princípio, o STJ já determinou a progressão de pena (STJ HC 562.452) julgado em

2K
23/04/2020: O princípio da Fraternidade foi usado como fundamentação para decidir pelo cômputo da pena

93
de maneira mais benéfica ao condenado que é mantido preso em local degradante. Pelo princípio da

78
fraternidade, foi considerado computar pena em dobro para os presos que estão em situação degradante.

25
75
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 136.961/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em 15/06/2021.

07
Esse cômputo da pena em dobro se aplica para todo e qualquer crime? NÃO. O cômputo em dobro foi vedado

CZ
para os seguintes crimes: a) crimes contra a vida; b) crimes contra a integridade física; c) crimes sexuais.
VI
“O Estado deverá arbitrar os meios para que, no prazo de seis meses a contar da presente decisão, se
IE
compute em dobro cada dia de privação de liberdade cumprido no IPPSC, para todas as pessoas ali alojadas,
RK

que não sejam acusadas de crimes contra a vida ou a integridade física, ou de crimes sexuais, ou não
ZU

tenham sido por eles condenadas, nos termos dos Considerandos 115 a 130 da presente resolução”. STJ.
MA

5ª Turma. AgRg no RHC 136961-RJ, Rel. Min. Reynaldo 52989


Soares da Fonseca, julgado em 15/06/2021, DJe
A

21/06/2021 (Info 701).


IR
RE
MO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
NN
MA

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


IS

- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
KL

- Aulas do módulo do professor Delegado de Polícia Marcus Montez;


32

- Dizer o Direito (https://www.dizerodireito.com.br/);


89
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2
75
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META 3

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DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL (PARTE I)

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TODOS OS ARTIGOS

MA
⦁ Art. 3º do ADCT

LIS
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;

2K
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;

93
78
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88

25
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

75
07
⦁ Art. 34, inc. VII, CF/88

CZ
⦁ Art. 60, CF/88 (muito importante!)
VI
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RK

1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
ZU
MA

Conforme Bernardo Gonçalves, “estabelecer o conceito de Constituição é, sem dúvida, uma tarefa
52989
A

árdua, pois, conforme iremos observar, o termo é multifacetado, não havendo uma linearidade e
IR

univocidade em torno de sua base semântica.”


RE

Existem várias concepções ou acepções a serem tomadas para definir o termo “Constituição”. Alguns
MO

autores preferem a ideia da expressão tipologia dos conceitos de Constituição em várias acepções. Embora
NN

existam várias acepções, basicamente os doutrinadores conceituam Constituição como:


MA
IS

(...) a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes: à


KL

estruturação do Estado; à formação dos poderes públicos; forma de governo e


32

aquisição do poder de governar; distribuição de competências e; direitos, garantias


89

e deveres do cidadão.
57

(MORAES. Alexandre de. Direito Constitucional. 8ª Ed. Editora Atlas, 2000, p. 34) e
2
75

(HOLTHER. Leo Van. Direito Constitucional. 4ª Ed. Jus Podivm. 2008, p. 34).
07
CZ

DICA: para não esquecer o conceito, lembrem-se dos objetivos das constituições,
VI

começando pela limitação de poderes e estruturação do Estado.


IE
RK

52989

O conceito moderno de Constituição abrange “ordenação jurídico-política plasmada num documento


ZU

escrito; declaração, nessa carta escrita, de um conjunto de direitos fundamentais e do respectivo modo de
MA

garantia; organização do poder político segundo esquemas tendentes a torná-lo um poder limitado e
A
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moderado" (Gomes Canotilho, ob. cit., p. 52 e texto de José Miguel Garcia Medina).
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J. J. Canotilho formulou o chamado conceito ideal de constituição. Este conceito ideal identifica-se

RA
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fundamentalmente com os postulados político liberais, considerando-se como elementos materiais

I
RE
caracterizadores e distintivos os seguintes:

MO
NN
(a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente

MA
concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos
atos do poder legislativo através dos parlamentos);

LIS
(b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os

2K
abusos dos poderes estaduais;

93
(c) a constituição deve ser escrita (documento escrito). (CANOTILHO. José Joaquim Gomes. Direito

78
Constitucional. 6ª Edição Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, páginas 62 e 63).

25
75
07
1.1 Concepções do Conceito de Constituição

CZ
VI
Este é um tema bastante recorrente nas provas de Delegado de Polícia Federal, então bastante
IE
atenção às concepções de Constituição e seus respectivos autores.
RK
ZU
MA

Não há conceito único que defina o que é a Constituição. Por isso, cada doutrinador toma por base
52989
A

um sentido com o fim de definir o termo “Constituição”.


IR
RE

a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale, em seu livro ¿Qué es una Constitución?): uma Constituição
MO

só seria legítima se representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder,
NN

do contrário seria uma simples “folha de papel”. Portanto, a Constituição, segundo Lassale, seria a somatória
MA

dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.


IS
KL

b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição seria a decisão política fundamental, emanada do
32

titular do poder constituinte, enquanto a lei constitucional representaria os demais dispositivos que estão
89

inseridos no texto constitucional e que não contém matéria de decisão política fundamental. Faz a distinção
57

entre Constituição (decisão política fundamental) e lei constitucional (lei formalmente constitucional).
2
75

Conforme Pedro Lenza, “pode-se afirmar, portanto, em complemento, que, na visão de Carl Schmitt, em
07

razão de ser a Constituição produto de certa decisão política, ela seria, nesse sentido, a decisão política do
CZ

titular do poder constituinte.”


VI
IE
RK

c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de qualquer
fundamento sociológico, político ou filosófico (Constituição no mundo do dever-ser, e não no mundo do ser,
ZU

caracterizando-a como fruto da vontade racional do homem, e não das leis naturais). Kelsen dá dois sentidos
MA

à palavra Constituição:
A
IR

● SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, responsável


RE

por dar sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas as outras leis.
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● SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que regulam a criação

RA
de outras normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais extraem seu fundamento de

I
RE
validade. Logo, a Constituição é a lei máxima do direito positivo e encontra-se no topo da pirâmide

MO
normativa.

NN
Esquematizando:

MA
PLANO LÓGICO-JURÍDICO:
■ norma fundamental hipotética

LIS
■ plano52989
do suposto

2K
■ fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva

93
78
PLANO JURÍDICO-POSITIVO

25
■ norma posta, positivada

75
07
■ norma positivada suprema

CZ
VI
d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é produto de um FATO
IE
CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.
RK
ZU

e) Constituição aberta: Para que possa permanecer dentro de seu tempo e, assim, evitar o risco de
MA

desmoronamento de sua “força normativa”.


52989
A
IR

Como o tema foi cobrado nas últimas provas:


RE

CESPE/CEBRASPE – 2021 – Delegado de Polícia Federal: Acerca dos sentidos e das concepções
MO

de constituição e da posição clássica e majoritária da doutrina constitucionalista, julgue o item


NN

que se segue. Sob a ótica da constituição política, um Estado pode ter uma constituição material
MA

sem que tenha uma constituição escrita que descreva a sua organização de poder. Item correto.
IS

No conceito político desenvolvido por Carl Schmitt, a Constituição é uma decisão política fundamental, um
KL

conjunto de opções políticas de um Estado. Em sua obra, o jurista afirmou que o fundamento da Constituição
32

não está em uma norma jurídica precedente e nem em si mesma, mas na vontade política que a antecede.
89

Dessa feita, a decisão política tem existência autônoma e não se subordina à Lei organizadora do Estado.
57
2
75

CESPE/CEBRASPE – 2021 – Delegado de Polícia Federal: A exigência de poderes políticos limitados após a
07

manifestação do poder constituinte originário fundamenta tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido
CZ

jurídico-positivo da Constituição. Item correto.


VI

A questão aborda o sentido Jurídico de Hans Kelsen.


IE
RK

Sentido lógico-jurídico: a Constituição é a norma hipotética fundamental (não real, mas sim imaginada,
pressuposta) que serve como fundamento lógico transcendental da validade da Constituição em sentido
ZU

jurídico-positivo. Esta norma não possui um enunciado explícito, consistindo apenas numa ordem, dirigida a
MA

todos, de obediência à Constituição positiva. É como se a norma fundamental hipotética dissesse o seguinte:
A
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“Obedeça-se a constituição positiva!”.


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Sentido jurídico-positivo: a Constituição é a norma positiva suprema, que serve para regular a criação de

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todas as outras. É documento solene, cujo texto só pode ser alterado mediante procedimento especial. No

I
RE
Brasil, esta Constituição é, atualmente, a de 1988 (CF/88).

MO
NN
CESPE/CEBRASPE – 2018 – Delegado de Polícia Federal: A possibilidade de um direito positivo supraestatal

MA
limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de
Montesquieu de que apenas poderes moderados eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível

LIS
restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente

2K
como um poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma

93
contradição e, de fato, a exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de

78
soberania, que sofreu uma deflação.

25
75
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19,

07
2011, p. 201 (com adaptações).

CZ
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das
Constituições e poder constituinte. VI
IE
A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que
RK

configura o sentido sociológico de Constituição. Item errado.


ZU

A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que
MA

configura o sentido POLÍTICO de Constituição e não sociológico.


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A
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CESPE/CEBRASPE – 2018 – Delegado de Polícia Federal: A concepção de “soberania limitada”, citada no


RE

texto, implica a divisão da titularidade do poder constituinte entre o povo e a assembleia constituinte que o
MO

representa. Item errado.


NN

Partindo da premissa de que o povo sempre será titular do Poder Constituinte Originário, sendo a Assembleia
MA

Consituinte a mera representação popular, a titularidade não será dividida ou compartilhada. Será sempre
IS

exclusiva do povo.
KL

52989
32

CESPE/CEBRASPE – 2013 – Delegado de Polícia Federal: No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos
89

fatores reais do poder em uma sociedade. Item correto.


57

Segundo o sentido sociológico de Ferdinand Lassale, segundo a qual uma Constituição só seria legítima se
2
75

representasse o efetivo pode social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, caso contrário, não
07

passaria de simples “folha de papel”.


CZ

Obs.: Folha de papel são palavras-chaves dessa concepção.


VI
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RK

OUTROS SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO (Uadi Lammêgo BULOS, 2014, p. 104):


ZU

a) Constituição Jusnaturalista: Constituição concebida à luz dos princípios do direito natural, principalmente
MA

no que concerne aos direitos humanos fundamentais.


A
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b) Constituição Positivista: Constituição é o conjunto de normas emanadas do poder do Estado. Para os seus
RE

defensores, basta recorrer ao Direito Constitucional posto pela ação do homem para sabermos o conceito
MO

de constituição. Assim, para a compreensão da constituição, não seriam necessários critérios


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metanormativos (fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos.

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c) Constituição Marxista: Constituição é o produto da supra estrutura ideológica, condicionada pela

I
RE
infraestrutura econômica. É o caso da constituição-balanço, que, conforme a doutrina soviética, prescreve e

MO
registra a organização política estabelecida, ou seja, os estágios das relações de poder. A cada passo da

NN
evolução socialista, existiria uma nova constituição para auscultar as necessidades sociais.

MA
OBS.: Constituição-balanço é o inverso da constituição-garantia ou constituição-quadro. Esta última é aquela
que almeja garantir a liberdade limitando o poder.

LIS
d) Constituição Institucionalista: Constituição é a expressão das ideias fortes e duradouras, dos fins políticos,

2K
com vistas a cumprir programas de ordem social.

93
e) Constituição Estruturalista: Constituição é o resultado das estruturas sociais, servindo para equilibrar as

78
relações políticas e o processo de transformação da sociedade. Assim, a constituição não seria apenas certo

25
75
número de preceitos cristalizados em artigos e parágrafos, e sim uma unidade estrutural, um conjunto

07
orgânico e sistemático de caráter normativo sob inspiração de um pensamento diretor.

CZ
f) Constituição Biomédica/biológica (bioconstituição): É a constituição que consagra normas assecuratórias
VI
da identidade genética do ser humano, visando reger o processo de criação, desenvolvimento e utilização de
IE
novas tecnologias científicas. Visa assegurar a dignidade humana, salvaguardando biodireitos e biobens.
RK

OBS.: A quarta revisão constitucional da Carta portuguesa de 1976, realizada em 1997, consagrou o sentido
ZU

biomédico de constituição.
MA

Sobre esse tema, confira a dica da Professora Thaianne:


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https://youtu.be/03f0hXZ3R_U
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07

g) Constituição Compromissória: É a constituição que reflete a pluralidade das forças políticas e sociais.
CZ

Típica da sociedade plural e complexa em que vivemos, ela é fruto de conflitos profundos. O procedimento
VI

constituinte de elaboração das constituições compromissórias é tumultuado pelas correntes convergentes e


IE
RK

divergentes de pensamento, mas que ao fim encontram o consenso (compromisso constitucional).


OBS.: A Constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são constituições compromissórias.
ZU

h) Constituição Suave: É aquela que não contém exageros. Ao exprimir o pluralismo social, político e
MA

econômico da sociedade, não consagra preceitos impossíveis de realização prática. A constituição suave não
A
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faz promessas baseadas na demagogia política.


RE

Obs.: A Carta dos Estados Unidos de 1787 é exemplo de constituição suave.


MO

i) Constituição em Branco: É a constituição que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma
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constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à discricionariedade dos órgãos revisores, que, por

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si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de emendas ou revisões

I
RE
constitucionais.

MO
j) Constituição Plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma mobilidade, projetando a sua

NN
forçam normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado. Qualifica-se de plástica

MA
porquanto revela uma maleabilidade. Maleabilidade porque permite a adequação de suas normas às
situações concretas do cotidiano. Tanto as cartas rígidas como as flexíveis podem ser plásticas. O que

LIS
caracteriza a plasticidade é a adaptação das normas constitucionais às oscilações da opinião pública.

2K
Normalmente, as constituições plásticas consagram preceitos de eficácia limitada, porque deixam a cargo do

93
legislador ordinário a complexa tarefa de preenchimento das normas constitucionais.

78
As constituições plásticas pretendem fazer coincidir o “dever ser” de seus preceitos com a realidade social.

25
75
Nesse particular, interligam-se ao fenômeno da mutação constitucional.

07
Obs.: A Constituição brasileira de 1988 é rígida e plástica. Já a Carta da Inglaterra é flexível e plástica.

CZ
k) Constituição Empresarial: É o conjunto de normas cujo conteúdo estabelece a organização jurídica de uma
VI
dada comunidade, num período histórico determinado. É uma espécie de constituição programática. Quando
IE
os franceses, holandeses e portugueses estiveram no Brasil-colônia, chegaram a vigorar constituições
RK

empresariais, elaboradas por empresas exploradoras da atividade comercial da época.


ZU

l) Constituição Oral: É aquela em que o chefe supremo de um povo proclama, de viva voz, o conjunto de
MA

normas que deverão reger a vida em sociedade. Exemplifica-a a Carta da Islândia do século IX, quando os
52989
A

vikings instituíram, solene e oralmente, o primeiro parlamento livre da Europa.


IR
RE

m) Constituição Instrumental: É aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. Seu objetivo é
definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos.
MO

Obs.: Grande parte dos constitucionalistas contemporâneos não aceitam essa ideia de constituição.
NN

n) Constituição como Estatuto do Poder: Constituição que equivale a um mecanismo para legitimar o poder
MA

soberano, segundo certa ideia de direito, prevalecente no seio da sociedade. O texto constitucional,
IS

enquanto estatuto do poder, seria o pressuposto lógico do próprio Estado de Direito, servindo para balizar a
KL

conduta de governantes, verdadeiros prepostos da sociedade política, e a conduta dos governados, os quais
32

devem se submeter ao poder de direito, juridicizado e racionalizado por meio de normas constitucionais.
89
57

SENTIDOS CONTEMPORÂNEOS DE CONSTITUIÇÃO (Uadi Lammêgo BULOS, 2014, p. 109):


2
75
07

a) Constituição Dirigente (J. J. Gomes Canotilho): Constituição que pretende dirigir a ação governamental
CZ

do Estado. Propõe que se adote um programa de conformação da sociedade, no sentido de estabelecer uma
VI

direção política permanente. Significa que o texto constitucional seria uma lei material, para preordenar
IE
RK

programas a serem realizados, objetivos e princípios de transformação econômica e social. A ideia de


ZU

constituição dirigente diverge daquela visão tradicional de constituição, que a concebe como lei processual
ou instrumento de governo, definidora de competências e reguladora de processos.
MA

52989

No sentido dirigente, a constituição é o “estatuto jurídico do político”, o plano global normativo de todo o
A
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Estado e de toda a sociedade, que estabelece programas, definindo fins de ação futura.
RE

OBS.: A constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são exemplos de constituições dirigentes.
MO

b) Constituição como instrumento de realização da atividade estatal: O texto maior é uma ordenação global
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do Estado e da sociedade, ao mesmo tempo que é um projeto de determinação de sua identidade. As

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constituições são ordens fundamentais que contêm, no âmbito da historicidade que as subjaz, programas de

I
RE
ação que as identificam com ordenamentos político-sociais tendentes a um processo de realização concreto.

MO
Esse pensamento nutre forte semelhança com a tese da constituição dirigente, pois propõe o

NN
estabelecimento de metas para dirigir a atividade estatal.

MA
c) Constituições subconstitucionais (subconstituições): Conjunto de normas que, mesmo elevadas
formalmente ao patamar constitucional, não o são materialmente, pois que limitadas nos seus objetivos.

LIS
Demonstram preocupações momentâneas, interesses esporádicos, próprios do tempo em que foram

2K
elaboradas. Em geral, as subconstituições não servem para o futuro, pois já nascem divorciadas do sentido

93
de estabilidade e perpetuidade que deve encampar o ato de feitura dos documentos supremos que

78
pretendem ser duradouros. Revelam uma espécie de constituição de necessidade, algo contrário àqueles

25
75
documentos normativos que consagram um poder geral em branco, responsável pela adaptação dos

07
problemas concretos ao “dever ser” das prescrições supremas do Estado, sem a necessidade de se

CZ
explicitarem as autorizações constitucionais.
VI
As subconstituições decorrem da praxe de incluir uma gama infindável de matérias nas constituições
IE
(totalitarismo constitucional), a ponto de se falar em constituição econômica, constituição social etc.
RK

d) Constituição como documento regulador do sistema político (Niklas Luhmann): A Carta Magna é um
ZU

instrumento funcional que serve para reduzir a complexidade do sistema político. Nesse contexto, propicia
MA

a reflexão da funcionalidade do Direito, abandonando o exame isolado da relação de hierarquia das normas
52989
A

constitucionais. Conforme Luhmann, urge banir a mera visão negativa da análise dos problemas
IR
RE

constitucionais. Não basta perquirir o vínculo 52989 de conformidade ou desconformidade das leis e atos

normativos com a constituição. É imperioso que se busque a lógica do sistema político. As constituições não
MO

servem, somente, para emitir juízos de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade. Constituem algo


NN

maior, visto que estão inseridas no campo da contingência de auto fixação do sistema político.
MA

e) Constituição como processo público (Peter Haberle): Compreende o texto constitucional como
IS

documento de uma sociedade pluralista e aberta, como obra de vários partícipes, como uma ordem jurídica
KL

fundamental do Estado e da sociedade. Para essa corrente, as constituições não são atos voluntarísticos do
32

poder constituinte, porque dizem respeito à evolução social da comunidade. Assim, o texto constitucional é
89

o reflexo de um processo interpretativo aberto e conduzido à luz da força normativa da publicidade.


57

f) Constituição como meio de resolução de conflitos: É uma constituição processual. Essa constituição não
2
75

é um meio de resolver problemas, e sim um simples instrumento pelo qual podemos eliminar conflitos. Isso
07

porque as constituições consagram processos de decisão que não podem ser impostos, pois servem de
CZ

parâmetro de resolução de casos concretos perante circunstâncias particulares, a fim de possibilitar soluções
VI

ótimas.
IE
RK

g) Constituição como garantia do status econômico e social: É um sistema de artifícios técnico-jurídicos,


ZU

com vistas à racionalização e garantia do status quo, consistindo num mecanismo formal de garantia,
despojado de qualquer conteúdo social, material ou econômico. Objetiva, apenas, manter o coeficiente de
MA

juridicidade e de estadualidade do ordenamento jurídico.


A
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h) Constituição.com (crowdsourcing): É aquela cujo projeto conta com a opinião maciça dos usuários da
RE

internet, que, por meio de sites de relacionamento, externam seus pensamentos a respeito dos temas a
MO

serem constitucionalizados.
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Obs.: Foi a Islândia que, pioneiramente, fez no ano de 2011 uma “constituição.com”.

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CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA (Marcelo Neves)

MO
NN
O doutrinador Marcelo Neves entende que a ideia de legislação ou de constituição simbólicas advém da

MA
hipertrofia da função simbólica da atividade legiferante e do seu produto, a lei, em detrimento da função
jurídico-instrumental, ou seja, é valorizar mais uma construção legislativa sem efetividade do que dar

LIS
possibilidade de a legislação se tornar efetiva.

2K
O simbolismo se verifica por três mecanismos:

93
● A Constituição serve tão-somente para confirmar valores sociais: legislador assume uma posição

78
em relação a determinado conflito social. Se posiciona de um lado, dando uma vitória legislativa

25
75
para um determinado grupo social, em detrimento da eficácia normativa da lei;

07
● A Constituição apenas demonstra a capacidade de ação do Estado (legislação álibi): busca-se

CZ
aparente solução para problemas da sociedade, ainda que mascare a realidade. Só cria a imagem
VI
de um Estado que responde rapidamente aos anseios sociais. Introduz um sentimento de bem-estar
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na sociedade.
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● Adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios: transfere a solução


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de conflitos para um futuro indeterminado.


MA

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2. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES


MO

a) Quanto à origem ou positivação:


NN

● Outorgada, não democrática ou imposta: impostas pelo detentor do poder de forma unilateral
MA

(adverte-se que as os diplomas que dão início a uma ordem constitucional de maneira arbitrária e
IS

imposta, isto é, sem participação da população, é denominada de “CARTA”);


KL

Obs. No Brasil, as Constituições outorgadas foram as de 1824 (Império), 1937 (inspirada em modelo
32

fascista, extremamente autoritária — Getúlio Vargas), 1967 (ditadura militar), sendo que alguns
89

chegam inclusive a mencionar como exemplo de outorga a EC n. 1/69 (apesar de tecnicamente


57

impreciso).
2
75

● Promulgada, democrática, votada ou popular: nascem de debates políticos;


07

● Cesarista ou plebiscitárias (ou bonapartistas) : as constituições outorgadas submetidas a plebiscito


CZ

ou referendo na tentativa de aparentarem legitimidade são denominadas de constituições cesaristas


VI

(NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3ª ed. p. 108). Em
IE
RK

outras palavras, cesarista é a constituição em que a participação popular se restringe a ratificar a


ZU

vontade do detentor do poder. Veja que a participação popular, nesses casos, não é democrática,
MA

pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder.


● Pactuada (ou dualistas): é a Constituição elaborada em decorrência de pacto realizado entre os
A
IR

vários titulares do Poder Constituinte que, em conjunto, elaboram a Constituição.


RE

Conforme Pedro Lenza, qual a diferença entre “Constituição” e “Carta”? De modo geral,
MO

Constituição é o nomen juris que se dá à Lei Fundamental promulgada, democrática ou popular, que teve a
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sua origem em uma Assembleia Nacional Constituinte. Já Carta é o nome reservado para aquela Constituição

RA
outorgada, imposta de maneira unilateral pelo agente revolucionário mediante ato arbitrário e ilegítimo.

I
RE
MO
b) Quanto à forma:

NN
● Escritas ou instrumental: é a Constituição sistematizada por procedimento formal;

MA
● Não escritas ou consuetudinária: resultante das práticas costumeiras.

LIS
Como o tema foi cobrado (CESPE/2022/PC-RJ/Delegado de Polícia):

2K
O triunfo do liberalismo, movimento econômico, político e filosófico surgido durante o século XVIII, inspirado

93
no Iluminismo, levou a uma significativa alteração nas feições do modelo estatal absolutista até então em

78
vigor. Em especial no campo econômico, passou-se a difundir a não intervenção do Estado (laissez-faire),

25
75
além de, na seara política, considerá-la como necessária, devendo o poder ser repartido e limitado com o

07
objetivo de evitar quaisquer abusos em seu exercício. A respeito das diversas fases na evolução do

CZ
constitucionalismo, assinale a opção correta.
VI
d) A Revolução Francesa pode ser considerada uma referência para o surgimento das constituições escritas,
IE
ao ter defendido, de maneira expressa, que o Estado estivesse formalizado em um documento escrito que
RK

previsse a separação do poder estatal e uma declaração de direitos do homem.


ZU
MA

c) Quanto à mutabilidade/alterabilidade/estabilidade/consistência:
52989
A

● Rígidas: o processo de alteração da Constituição é mais difícil e solene do que o processo de


IR

formação das leis;


RE

● Flexíveis ou Plásticas: a Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as leis ou até
MO

mais simples;
NN

Atenção: NÃO necessariamente as Constituições costumeiras serão plásticas.


MA

● Semirrígida: é a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado por processo
IS

legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é possível a alteração pelo
KL

procedimento ordinário;
32

● Super-rígidas (Maria Helena Diniz): o processo de alteração da Constituição é mais dificultoso e


89

solene do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis;


57

● Imutáveis: a Constituição não admite alteração do seu texto;


2
75

● Fixa: somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional.


07

A classificação mais comum das constituições que leva em conta o grau de dificuldade de seu
CZ

processo de reforma diferencia as constituições em rígidas, semirrígidas e flexíveis. As primeiras são aquelas
VI

cuja reforma exige um procedimento especial, mais rigoroso do que o aplicável às leis ordinárias. As flexíveis
IE
RK

são pouco comuns e caracterizam-se por poderem ser alteradas pelos mesmos procedimentos empregados
para as leis ordinárias. As semirrígidas têm natureza híbrida, com uma parte rígida e outra flexível, segundo
ZU

o que se explicou. BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de direito constitucional. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense,
MA

2022. Livro eletrônico, p. 35 e s., item 1.3 [Constituição e classificações].


A
IR
RE

d) Quanto ao conteúdo:
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● Formais: constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder Constituinte,

RA
por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o processo

I
RE
de formação das demais leis que compõem o ordenamento jurídico. Dessa forma, como não importa

MO
o conteúdo da norma, será constitucional tudo que constar do texto da Constituição, mesmo que

NN
não se trate de assunto relevante para o Estado e a sociedade;

MA
Conforme Lenza, “Formal, por seu turno, será aquela Constituição que elege como critério o processo
de sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o caráter de

LIS
constitucional. A brasileira de 1988 é formal!”

2K
93
● Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional, que será

78
toda aquela que define e trata das regras estruturais da sociedade e de seus alicerces fundamentais.

25
75
Assim, podem existir normas constitucionais em textos esparsos, fora da Constituição. Ou seja, o

07
núcleo ideológico constitutivo do Estado e da Sociedade.

CZ
De acordo com Lenza,
VI
Materialmente constitucional será aquele texto que contiver as normas
IE
fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e
RK

garantias fundamentais. Como exemplo podemos citar a Constituição do Império


ZU

do Brasil, de 1824, que, em seu art. 178, prescrevia ser constitucional somente o
MA

que dissesse respeito aos limites e atribuições respectivos dos poderes políticos e
52989
A

aos direitos políticos e individuais dos cidadãos; tudo o que não fosse constitucional
IR

poderia ser alterado, sem as formalidades referidas (nos arts. 173 a 177), pelas
RE

legislaturas ordinárias.
MO
NN

Toda constituição escrita é formal? NÃO, porque a constituição formal vai muito além de ser escrita,
MA

exigindo supralegalidade/supremacia e procedimentos especiais para modificação. Logo, é possível uma


IS

constituição escrita (textos constitucionais) que não seja formal (não goza de processo legislativo especial
KL

para sua alteração).


32
89

e) Quanto à sistemática (Pinto Ferreira):


57

● Reduzidas: materializam-se em um único documento sistemático;


2
75

● Variadas: é a Constituição que está espalhada por vários documentos legislativos).


07
CZ

52989
f) Quanto à ideologia:
VI

● Ortodoxas: elaboradas em uma única linha ideológica;


IE
RK

● Ecléticas: elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88.


Nas palavras de Canotilho, “numa sociedade plural e complexa, a Constituição é sempre um produto
ZU

do ‘pacto’ entre forças políticas e sociais. Através de ‘barganha’ e de ‘argumentação’, de ‘convergência’ e


MA

‘diferenças’, de cooperação na deliberação mesmo em caso de desacordos persistentes, foi possível


A
IR

chegar, no procedimento constituinte, a um compromisso constitucional ou, se preferirmos, a vários


RE

‘compromissos constitucionais’.
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g) Quanto à eficácia (Karl Lowenstein) – Classificação ontológica/essência, pois analisa o MODO DE SER das

RA
Constituições, conforme adequação à realidade social e política (o critério utilizado é a forma de

I
RE
correspondência recíproca entre a norma da constituição e o poder político do Estado -processo de poder).

MO
● Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): são aquelas em que o

NN
poder estatal está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder

MA
subordinam-se às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. Se adequa à
realidade, eis que pretende e consegue guiar o processo político. O texto se alinha com a realidade

LIS
política;

2K
● Nominalistas: visa limitar a atuação dos detentores do poder econômico, político e social, mas essa

93
limitação NÃO se efetiva. Não corresponde à realidade, já que, apesar de pretender regular o

78
processo político, NÃO consegue fazê-lo. Não conseguem ser implementadas pois em descompasso

25
75
com a realidade política;

07
● Semânticas (existe só no papel, não sendo adequada à realidade social): a Constituição serve de

CZ
manutenção do poder pela classe dominante, mas NÃO objetiva alterar coisa alguma. Não tem por
VI
fim regular a vida política do Estado, busca somente formalizar e manter o poder político vigente.
IE
RK

Segundo Pinto Ferreira, “as Constituições normativas são aquelas em que o processo de poder está
ZU

de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às determinações
MA

do seu conteúdo e do seu controle procedimental. As Constituições nominalistas contêm disposições de


52989
A

limitação e controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo real de poder, e com
IR

insuficiente concretização constitucional. Enfim, as Constituições semânticas são simples reflexos da


RE

realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem
MO

limitação do seu conteúdo”. Isso quer dizer que da normativa à semântica percebemos uma gradação de
NN

democracia e Estado Democrático de Direito para autoritarismo. Enquanto nas Constituições normativas a
MA

pretendida limitação ao poder se implementa na prática, havendo, assim, correspondência com a realidade,
IS

nas nominalistas busca-se essa concretização, porém, sem sucesso, não se conseguindo uma verdadeira
KL

normatização do processo real do poder. Nas semânticas, por sua vez, nem sequer se tem essa pretensão,
32

buscando-se conferir legitimidade meramente formal aos detentores do poder, em seu próprio benefício
89

(Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. Editora Saraiva).


57
2
75

h) Quanto à extensão:
07

● Constituição Sintética (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas): é Constituição reduzida,


CZ

sucinta, a exemplo da norte-americana;


VI

● Constituição Analítica (amplas, extensas, largas, prolixas, longas, desenvolvidas, volumosas,


IE

52989
RK

inchadas): é Constituição extensa e prolixa, a exemplo da CF/88.


ZU

i) Quanto às opções políticas (Manoel Gonçalves Ferreira Filho)


MA

Outra classificação opõe as constituições-garantia (estatutárias ou liberais) às constituições


A
IR

programáticas (ou dirigentes), conforme a margem de opções políticas que deixam ao alvedrio dos Poderes
RE

Públicos que instituem.


MO
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As constituições-garantia, tendem a concentrar a sua atenção normativa nos aspectos de estrutura

RA
do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias para o seu correto desempenho.

I
RE
Aparentemente, não fazem opções de política social ou econômica.

MO
As constituições dirigentes não se bastam com dispor sobre o estatuto do poder. Elas também

NN
traçam metas, programas de ação e objetivos para as atividades do Estado nos domínios social, cultural e

MA
econômico.
De toda sorte, associa-se a constituição-garantia a uma concepção liberal da política, enquanto a

LIS
constituição programática remete-se ao ideário do Estado social de direito.

2K
A Constituição brasileira de 1988 tem induvidosa propensão dirigente.

93
78
52989

CESPE/CEBRASPE – 2021 – Delegado de Polícia Federal: A Constituição Federal brasileira pode

25
75
ser considerada uma constituição-garantia, pois regulamenta, de forma analítica, os assuntos

07
mais relevantes à formação, à destinação e ao funcionamento do Estado. Item errado.

CZ
Constituição garantia é a que tem o propósito de limitar uma ação do Estado em face dos
VI
indivíduos e de restringir, por meio de sua força normativa, a ação de poderes atuantes no Estado. São
IE
constituições sintéticas, materiais, preocupadas em organizar apenas a estrutura básica do Estado e a
RK

restringir a sua atuação em face dos direitos do povo – daí o nome garantia (garantia da liberdade individual).
ZU

Por outro lado, a Constituição dirigente (programática) define fins e programas de ação futura, manifestando
MA

preocupação com a evolução política do Estado. Não se restringe só à organização presente do Estado, mas
52989
A

também se preocupa com um ideal futuro, a fim de condicionar os órgãos estatais à satisfação de tais
IR

objetivos. É Constituição analítica, formal. A Constituição Federal de 1988 é dirigente.


RE
MO

A banca CESPE/CEBRASPE também cobrou o tema na prova da PCAL – 2023:


NN

A ideia de constituição dirigente representa a concepção de que a constituição de um país deve ser
MA

instrumento de transformação da realidade social e econômica. Item correto.


IS
KL

Em suma: A Constituição garantia busca garantir a liberdade, limitando o poder; a balanço reflete
32

um degrau de evolução socialista e a dirigente estabelece um projeto de Estado (ex.: portuguesa).


89
57

CLASSIFICAÇÃO DA CF
2
75

Origem Promulgada (Popular)


07

Forma Escrita
CZ

Extensão Analítica (Prolixa)


VI

Conteúdo Formal
IE
RK

Modo de elaboração Dogmática (Codificada)


ZU

Alterabilidade Rígida*(para alguns autores ela é super-


MA

rígida, em razão do art. 60, § 4°, da CR/88)


Sistemática Reduzida (unitária)
A
IR

Dogmática Eclética
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RA
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE

I
RE
De acordo com o professor Lenza, a brasileira de 1988, em um primeiro momento, como aponta Pinto

MO
Ferreira, seria reduzida, codificada ou unitária. Contudo, especialmente diante da ideia de “bloco de

NN
constitucionalidade”, parece caminharmos (de maneira muito tímida, ainda) para um critério que se

MA
aproxima de Constituição esparsa (legal ou escrita não formal — escrita e que se apresenta fragmentada em
vários textos), especialmente diante da regra contida no art. 5.º, § 3.º, que admite a constitucionalização dos

LIS
tratados ou convenções internacionais de direitos humanos que forem incorporados com o quórum e

2K
procedimento das emendas constitucionais.

93
Ainda, existem vários artigos de emendas constitucionais que não foram introduzidos no “corpo” da

78
Constituição e, permanecendo como artigo autônomo das emendas, sem dúvida, têm natureza

25
75
constitucional e, portanto, eventual lei que contrarie artigo de emenda constitucional poderá ser declarada

07
inconstitucional, servindo a emenda como paradigma de confronto. Outro exemplo interessante é a EC n.

CZ
91/2016, que, sem introduzir qualquer artigo, seja no corpo ou mesmo no ADCT, alterou regra sobre perda
VI
do mandato eletivo por infidelidade partidária, estabelecendo a possibilidade, excepcional e em período
IE
determinado, de desfiliação, sem prejuízo do mandato.
RK

Cabe alertar, contudo, que apesar dessa percepção, de modo geral, as provas de concursos vêm definindo a
ZU

brasileira de 1988 como reduzida.


MA

52989
A

j) Outras terminologias:
IR

Constituição moldura (que Canotilho prefere chamar de Constituição-quadro): para Marcelo


RE

Novelino tal concepção é “utilizada metaforicamente para designar a constituição que serve apenas como
MO

limite à atuação legislativa. A lei 52989


fundamental atua como uma espécie de moldura dentro da qual o
NN

legislador pode atuar, preenchendo-a conforme a oportunidade política. À jurisdição constitucional caberia
MA

apenas controlar ‘se’ (não ‘como’) o legislador atuou dentro da moldura estabelecida”.
IS

As Constituições fixas foram exemplos de constituições em branco. Constituições fixas são aquelas
KL

que não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma. Logo, somente podem ser
32

alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, poder constituinte originário. Ex.:
89

Estatuto do Reino da Sardenha de 1848.


57

Conforme observa Canotilho, entre as novas avançadas sugestões da moderna teoria da Constituição
2
75

está a denominada por Zagrebelsky Constituição dúctil ou maleável, suave (Costituzione mite), “para
07

exprimir a necessidade de a Constituição acompanhar a perda do centro ordenador do estado e refletir o


CZ

pluralismo social, político e econômico. Neste sentido, a uma Constituição caberá a tarefa básica de assegurar
VI

apenas as condições possibilitadoras de uma vida em comum, mas já não lhe pertence realizar diretamente
IE
RK

um projeto predeterminado dessa vida comunitária. As Constituições concebem-se, pois, como plataformas
de partida para a realização de políticas constitucionais diferenciadas que utilizem em termos inventivos os
ZU

‘vários materiais de construção’ semeados nos textos constitucionais”. (LENZA, Pedro)


MA
A
IR

3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO
RE
MO
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Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser

RA
diferenciadas em elementos, considerando-se estrutura normativa e conteúdo:

I
RE
● Elementos orgânicos: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder;

MO
● Elementos limitativos: limitam a atuação do poder estatal, a exemplo dos direitos e garantias

NN
fundamentais;

MA
● Elementos socioideológicos: identificam a ideologia adotada pelo constituinte;
● Elementos de estabilização constitucional: asseguram a vigência das normas constitucionais em

LIS
situação de conflito, garantem a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas;

2K
● Elementos formais de aplicabilidade: estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex:

93
Preâmbulo, ADCT.

78
25
75
Temos como exemplos, na CR/88:

07
São as normas que regulam a a) Título III (Da organização do Estado);

CZ
ELEMENTOS ORGÂNICOS estrutura do Estado e do Poder. b) Título IV (Da organização dos Poderes
VI
e do Sistema de Governo)
IE
c) Capítulos II e III do Título V (Das Forças
RK

Armadas e da Segurança Pública); d)


ZU

Título VI (Da Tributação e do Orçamento);


MA

São normas que compõem o Temos como exemplos, na CR/88:


52989
A

catálogo de direitos e garantias Título II (Dos Direitos e Garantias


IR
RE

individuais (direito individuais e


52989 Fundamentais, exceto o Capítulo II dos
ELEMENTOS LIMITATIVOS suas garantias, direitos de Direitos Sociais).
MO

nacionalidade e direitos
NN

políticos e democráticos) e que


MA

estabelecem limitações aos


IS

Poderes Públicos.
KL

São normas que guardam Temos como exemplos, na CR/88:


32

relação com o compromisso da a) Capítulo II do Título II (Dos Direitos


89

ELEMENTOS Constituição e se situam no Sociais);


57

SOCIOIDEOLÓGICOS limiar entre o Estado b) Título VII (Da ordem Econômica e


2
75

individualista e o Estado financeira);


07

intervencionista. c) Título VIII (Da Ordem social).


CZ
VI

São normas destinadas e Temos como exemplos, na CR/88:


IE
RK

direcionadas a assegurar a a) Da Intervenção Federal nos Estados e


ZU

resolução de conflitos no DF e dos Estados nos Municípios nos


MA

constitucionais, a defesa da artigos 34/36;


ELEMENTOS DE Constituição, do Estado e das b) Processo de Emendas à Constituição
A
IR

ESTABILIZAÇÃO instituições democráticas. no art.60;


RE

CONSTITUCIONAL c) Defesa do Estado e das Instituições


MO

Democráticas especificamente no
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MA
Capítulo I do Título V (Estado de sítio e

RA
Estado de defesa);

I
RE
d) Ação Direta de Inconstitucionalidade

MO
do art. 102, I, a.

NN
São as normas que estabelecem Temos como exemplos, na CR/88:

MA
ELEMENTOS FORMAIS DE as regras de aplicação das a) preâmbulo;
APLICABILIDADE Constituições. b) disposições constitucionais

LIS
transitórias, entre outras, além do§ 1° do

2K
art. 5° de nossa atual Constituição;

93
c) art. 5.º, § 1.º, quando estabelece que

78
as normas definidoras dos direitos e

25
75
garantias fundamentais têm aplicação

07
imediata.

CZ
VI
4. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO: CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO
IE
RK

4.1. Constitucionalismo
ZU
MA

O constitucionalismo é o movimento a partir do


52989
qual emergem as Constituições. Parte da noção de
A

52989
que todo Estado deve possuir uma Constituição. A ideia é GARANTIR DIREITOS para LIMITAR O PODER
IR
RE

ESTATAL. Contrapõe-se ao absolutismo.


MO

“As Constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização


NN

de seus órgãos, o modo e aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites


MA

de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime


IS

político e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado, bem como os fundamentos


KL

dos direitos econômicos, sociais e culturais”. SILVA, José Afonso da. Curso de
32

direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2005.


89
57

CESPE/CEBRASPE – 2021 – Delegado de Polícia Federal: Quanto ao objeto das constituições, são
2
75

exemplos tradicionais o estabelecimento do modo de aquisição do poder e a forma de seu


07

exercício. Item correto.


CZ

A questão abordou justamente o conceito trazido pela doutrina de José Afonso da Silva.
VI
IE
RK
ZU
MA

FASES:
A
IR

a) CONSTITUCIONALISMO ANTIGO: é o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar
RE

o poder, evitar o arbítrio.


MO
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MA
● Hebreus: estabelecimento no estado teocrático de limitações ao poder político através da

RA
legitimidade dos profetas para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites

I
RE
bíblicos.

MO
● Idade Média: Carta Magna de 1215 – estabelece a proteção a direitos individuais.

NN
MA
b) CONSTITUCIONALISMO CLÁSSICO (LIBERAL): século XVIII
● Surge a 1ª geração de direitos fundamentais (liberdade): direitos civis e políticos. Exigem abstenção

LIS
do Estado.

2K
● Separação de Poderes.

93
● CF rígida e supremacia da CF.

78
● O Poder Judiciário é o principal encarregado de garantir a supremacia da CF Surgem as primeiras

25
75
Constituições escritas.

07
CZ
Quadro europeu: o reconhecimento do valor jurídico das Constituições tardou na Europa. Os
VI
movimentos liberais (século XVIII) enfatizam o princípio da supremacia da lei e do parlamento. A Constituição
IE
NÃO era norma vinculante, embora esse entendimento já começasse a ser desenvolvido nos EUA.
RK

Nessa fase, há uma diferença entre o quadro europeu e o americano:


ZU
MA

QUADRO EUROPEU QUADRO AMERICANO


52989
A

Supremacia da lei e do parlamento Supremacia da Constituição


IR
RE

O Judiciário NÃO pode controlar a legitimidade Para acentuar a supremacia do Poder Constituinte,
MO

constitucional das leis, limitando-se a ser a “boca da adotou-se procedimento mais dificultoso e solene
lei” (Supremacia do parlamento) de mudança da Constituição.
NN

A primazia da Constituição só ocorreu a partir do Para garantir a efetiva supremacia da Constituição,


MA

fim da 2ª guerra mundial (redemocratização). cresceu o papel do controle judicial: ao Judiciário


IS

Supremacia do Poder Constituinte. cabe fazer a interpretação final e aplicar a


KL

Constituição (judicial review). 52989


32
89

c) CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL): após o fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda.
57

● Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço público).
2
75

● Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX. O abstencionismo
07

estatal não garantia a igualdade essencial para a existência de igualdade de competições.


CZ

● Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor IGUALDADE,


VI

mas não meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais, econômicos e culturais).
IE
RK

Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado. Surgem garantias institucionais.
ZU

● Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no âmbito


MA

social, econômico e laboral.


A
IR

d) CONTEMPORÂNEO: após o fim da 2ª Guerra Mundial.


RE

● Surgem os direitos fundamentais de 3ª geração (fraternidade): direitos transindividuais, como meio


MO

ambiente, comunicação, consumidor.


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MA
●Alguns o chamam de neoconstitucionalismo. Outros diferenciam:

RA
∘ No constitucionalismo contemporâneo, a hierarquia entre Constituição e lei é apenas formal:

I
RE
o foco é a limitação do poder estatal.

MO
∘ No neoconstitucionalismo, a hierarquia é de grau e axiológica (tem que observar espírito e

NN
valores da CF): o foco é a concretização dos direitos fundamentais.

MA
Caracteriza-se pelas Constituições garantistas, que tem como pilar a defesa dos direitos
fundamentais.

LIS
Período marcado pelas CONSTITUIÇÕES DIRIGENTES, que prescrevem programas a serem

2K
implementados pelos Estados, normalmente por meio de normas programáticas.

93
78
4.2 Neoconstitucionalismo

25
75
07
A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva em relação

CZ
ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-
VI
moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o
IE
constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, buscar a eficácia da Constituição.
RK

“O neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a concretização das


ZU

prestações materiais prometidas pela sociedade, servindo como ferramenta para


MA

a implantação de um Estado Democrático Social de Direito. Ele pode ser


52989
A

considerado como um movimento caudatário do pós-modernismo. Dentre suas


IR

principais características podem ser mencionadas: a) positivação e concretização


RE

de um catálogo de direitos fundamentais; b) onipresença dos princípios e das


MO

regras; c) inovações hermenêuticas; d) densificação da força normativa do Estado;


NN

e) desenvolvimento da justiça distributiva". (Lenza, Pedro. Direito constitucional


MA

esquematizado. 23. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019).


IS
KL

MARCOS DO NEOCONSTITUCIONALISMO (LUÍS ROBERTO BARROSO):


32

1) Marco histórico: a formação do Estado constitucional de direito, cuja consolidação se deu ao longo
89

das décadas finais do século XX;


57

2) Marco filosófico: o pós-positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação


2
75

entre Direito e ética; e


07

3) Marco teórico: o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão
CZ

da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação


VI

constitucional.
IE
RK

CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:
ZU

52989

● BUSCA EFICÁCIA DA CF E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;


MA

● PÓS-POSITIVISMO: o positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, o pós-
A
IR

positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. Não basta apenas
RE

respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da finalidade pública);


MO
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MA
● NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição Federal era documento político. Com o

RA
neoconstitucionalismo, passa a ser documento JURÍDICO, com força vinculante;

I
RE
● FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: as normas constitucionais têm aplicabilidade direta (conforme

MO
sua densidade jurídica), os direitos irradiam da CF;

NN
● CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO: a CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem supremacia formal

MA
e material. Consequências:
o Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na Constituição Federal

LIS
e há releitura dos institutos previstos na legislação infraconstitucional à luz da Constituição;

2K
o Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal. Segundo a

93
interpretação conforme a CF, passa a lei no filtro da CF para extrair seu sentido constitucional.

78
Para Luís Roberto Barroso, toda interpretação jurídica é uma interpretação constitucional. Nas

25
75
palavras do professor Marcelo Novelino: “na interpretação conforme, exclui-se uma

07
interpretação do dispositivo que seja possível, mas que, se empregada, violaria a Constituição.

CZ
Seria, no caso, um tipo de situação constitucional imperfeita (ADI 2415)”.
● VI
REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: surgem Constituições prolixas, com extenso rol de direitos
IE
fundamentais;
RK

52989

● MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: os princípios deixam de ser meras diretrizes e passam a ser
ZU

espécies de norma;
MA

● FORTALECIMENTO DO JUDICIÁRIO: o Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição Federal. É o


52989
A

ativismo judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos direitos. O Judiciário passa a
IR

atuar como legislador positivo.


RE
MO

4.3 O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito


NN
MA

Frequentemente se cogita qual seria o papel da Constituição em um Estado de Direito.


IS
KL

1) Para a teoria procedimentalista (Jürgen Habermas):


32

A Constituição deve se limitar à regulação formal do processo democrático, sem estabelecer de


89

antemão quais as metas ou valores substantivos a serem perseguidos por aquela sociedade. Para esta
57

concepção, uma vez assegurado um procedimento democrático, caberá à própria sociedade compreender
2
75

seus problemas e encontrar soluções, por meio de processos comunicacionais. De fato, para a “teoria do agir
07

comunicativo” de Habermas, o direito deve ser construído a partir desta interação intersubjetiva entre os
CZ

cidadãos na esfera pública, de modo que a legitimidade das normas repousaria no “princípio do discurso”,
VI

isto é, na possibilidade de que todos seus destinatários com elas consintam.


IE
RK

2) Para a teoria substancialista:


ZU

Defende que a Constituição deve consagrar metas e valores a serem perseguidos por aquela
MA

sociedade, traduzindo-se em uma Constituição dirigente, na expressão de Canotilho. Tal vertente critica,
A
IR

ainda, a concepção liberal do Estado de Direito pregada pelo constitucionalismo clássico, que defendia que
RE

a Constituição deveria se restringir à previsão de normas limitadoras do poder político. Tais normas
MO

correspondem aos chamados “direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão”, tais como os
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direitos civis e políticos, que tinham como fundamento impor ao Estado um dever negativo, de abstenção e

RA
não intervenção na esfera particular.

I
RE
O mencionado viés liberal guarda estreita relação com a filosofia jus positivista, que encontrou seu

MO
auge nos pensamentos de Hans Kelsen e a sua obra “Teoria Pura do Direito”. Para ele, a ciência do Direito

NN
deve ser pura, isto é, abdicar de reflexões metajurídicas, tais como as relativas à ética, à moral e à justiça,

MA
de modo que o objeto de estudo deve se limitar às normas estatais. A análise da validade de uma norma não
passaria, portanto, pela aferição de sua justiça ou aderência social, mas pela constatação da legitimidade de

LIS
seu processo criador e da sua conformidade com as normas hierarquicamente superiores. Isto porque o

2K
ordenamento seguiria um escalonamento na forma de uma pirâmide, no topo da qual estariam as normas

93
constitucionais e, acima delas, uma norma fundamental hipotética, pressuposta. Seria um sistema fechado

78
de normas, portanto, e com pretensão à completude. Nesta configuração reducionista do fenômeno jurídico,

25
75
o juiz deveria se limitar a realizar um procedimento formal de subsunção do fato à norma, colocando-se em

07
posição de neutralidade axiológica. Ou seja, exerceria o papel de “boca da lei”, conforme expressão de

CZ
Montesquieu.
VI
A História cuidou de mostrar as falhas conceituais do juspositivismo. Fenômenos como o nazismo e
IE
o apartheid, desenrolados sob o manto da estrita legalidade, evidenciaram que a pretensa neutralidade do
RK

52989
discurso jurídico e seu divórcio de reflexões éticas criaram ambiente fértil para a barbárie, a injustiça e a
ZU

intolerância.
MA

O fracasso do juspositivismo, tal como concebido originalmente, suscitou reflexões sobre a


52989
A

necessidade de trazer as discussões sobre ética, moral e justiça para o interior da ciência jurídica. A este
IR

ideário difuso se convencionou chamar de pós-positivismo. Os seus reflexos no campo constitucional


RE

formam o assim denominado neoconstitucionalismo. Para esta concepção, a Constituição, longe de apenas
MO

limitar o poder político, deve ter como foco a concretização de direitos fundamentais (efeito expansivo dos
NN

direitos fundamentais). Não basta prevê-los, como meras aspirações. Deve-se ultrapassar a retórica, pois a
MA

Constituição tem força normativa e deve ser implementada.


IS

Portanto, para esta concepção, as normas se dividem entre regras e princípios, pois estes não são
KL

meras aspirações sem caráter vinculativo.


32
89

● Regras: são as normas com conteúdo menos abstrato, que já estabelecem, de antemão, soluções
57

pré-definidas para cada situação. Sua aplicação se dá, portanto, pelo juízo de “tudo ou nada”
2
75

(expressão de Ronald Dworkin): em um caso concreto, ou serão satisfeitas ou não serão. Por isso,
07

Robert Alexy as reputa “mandados de definição”. Sua aplicação se dá por subsunção.


CZ

● Princípios: são os vetores axiológicos que fundamentam o ordenamento jurídico, tendo, por isso,
VI

caráter nomogenético. Têm certa abstração e alta carga axiológica, não precisando estar
IE
RK

positivados para terem força normativa, vinculativa. É por meio deles que a ética e a moral ingressam
no ordenamento. Alexy os reputa “mandados de otimização”, porque, em caso de conflito entre
ZU

eles, cada um deverá ser satisfeito no maior grau possível, pela técnica da
MA

ponderação/sopesamento, fundada na proporcionalidade.


A
IR
RE

Superando a antiga visão do discurso jurídico como uma racionalidade neutra, objetiva, imparcial,
MO

asséptica, visão esta que apenas se presta à conformação ao status quo e à manutenção das desigualdades,
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cabe ao juiz promover uma interpretação prospectiva da norma, que olhe para o futuro, e dela extrair seu

RA
potencial transformador. Uma interpretação, portanto, que concretize os valores consagrados pelo texto

I
RE
constitucional, para que não sejam “promessas constitucionais inconsequentes” (feliz expressão do Ministro

MO
do STF Celso de Mello), normas meramente programáticas, retóricas.

NN
Faz-se necessário, portanto, desenvolver uma compreensão crítica do direito e da realidade,

MA
desconstruindo a pretensa neutralidade do discurso jurídico, para reconstruí-lo como ferramenta de
emancipação.

LIS
Dessa forma, o Judiciário atenderá à sua missão constitucional de concretização de seus vetores

2K
axiológicos e exercerá papel ativo na construção de uma sociedade tal qual prometida pelo Texto Maior:

93
fraterna, justa, igualitária. Enfim, uma sociedade que realize a finalidade por excelência de um Estado de

78
Direito: a dignidade da pessoa humana.

25
75
Nesse contexto, em que o Poder Judiciário passa a ser coparticipante do processo constitucional,

07
questiona-se acerca da legitimidade do chamado “ativismo judicial” na consecução de políticas públicas,

CZ
já que os membros do Poder Judiciário não são eleitos pela vontade da maioria.
VI
Para ser legítimo, o ativismo judicial deve ser excepcional (observar a separação de poderes) e
IE
condicionado (observar o dever de argumentação). A partir dos requisitos para legitimidade do ativismo
RK

judicial, é possível que o advogado público erija tese em sentido contrário, defendendo que a atuação
ZU

judicial, na espécie, é ilegítima, por:


MA

1) violar o postulado da Separação dos Poderes;


52989
A

2) não se sustentar em norma constitucional ou legal;


IR

52989

3) ser casuística; ou
RE

4) descambar em problema ainda maior do que o veiculado na lide.


MO

Consignadas tais limitações, vê-se, portanto, que o ativismo judicial não pode descambar para o
NN

arbítrio judicial, que, a pretexto de imprimir juridicidade às normas constitucionais, especialmente os


MA

princípios, finda por relegar a um segundo plano a segurança jurídica e a democracia.


IS

Segundo Daniel Sarmento, “no Brasil, uma crítica que tem sido feita à recepção do
KL

neoconstitucionalismo – eu mesmo a fiz em vários textos, bem como outros autores, como Humberto Ávila
32

e Marcelo Neves – é a de que ele tem dado ensejo ao excessivo arbítrio judicial, através do que chamo de
89

“carnavalização dos princípios constitucionais” (guarde essas expressões).


257
75

5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


07
CZ

Segundo o Doutrinador José Afonso da Silva, as normas Constitucionais podem possuir eficácia plena,
VI

contida ou limitada:
IE
RK

● Normas Constitucionais de eficácia Plena: são as que não necessitam de complementação para que
ZU

possam produzir efeitos, tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral;


MA

● Normas Constitucionais de eficácia contida (ou prospectiva): são as que também possuem
A
IR

aplicabilidade imediata e integral, por não necessitarem de complementação, no entanto podem ter
RE

sua abrangência reduzida por norma infraconstitucional. São autoaplicáveis, mas se inserem na
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discricionariedade do legislador. Exemplos: os artigos: 5º, incisos XIII (sobre a regulamentação de

RA
profissões) e VIII (escusa de consciência):

I
RE
MO
Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas

NN
as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

MA
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal

LIS
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

2K
93
● Normas Constitucionais de eficácia Limitada: são as que necessitam de integração por norma

78
infraconstitucional para que possam produzir efeitos jurídicos.

25
75
São normas que têm aplicabilidade apenas indireta ou mediata, pois dependem de complementação

07
infraconstitucional para possuírem aplicabilidade direta.

CZ
No entanto, mesmo sem sua regulamentação, tais normas produzem, mesmo que de forma mínima,
efeitos jurídicos, como o de vincular o legislador. VI
IE
José Afonso da Silva entende que há dois tipos de normas limitadas:
RK

∘ Normas de princípio institutivo ou organizativo: contém o início ou esquema de


ZU

determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação e estruturação a


MA

cargo de lei ordinária ou complementar. Exemplos: art. 18, §2º da CF e art. 25, §3º da CF.
52989
A
IR

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


RE

compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos


MO

autônomos, nos termos desta Constituição.


NN

§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em


MA

Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.


IS
KL

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


32

adotarem, observados os princípios desta Constituição.


89

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões


57

metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por


2
75

agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o


07

planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.


CZ
VI

∘ Normas de princípio programático: normas através das quais o constituinte, ao invés de


IE
RK

regular direta e imediatamente determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os


princípios a serem cumpridos pelos seus órgãos. – 52989 Tais normas NÃO dispõem de
ZU

aplicabilidade imediata, mas possuem carga eficacial, ante o princípio da força normativa
MA

da Constituição. Exemplos: artigos 196; 205; 217; 218 todos da CF/88.


A
IR
RE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
MO

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos


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e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção

RA
e recuperação.

I
RE
MO
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

NN
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

MA
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

LIS
2K
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais,

93
como direito de cada um, observados:

78
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua

25
75
organização e funcionamento;

07
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto

CZ
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
VI
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
IE
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
RK
ZU

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a


MA

pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação


52989
A
IR

CESPE/CEBRASPE – 2018 – Delegado de Polícia Federal: A respeito dos direitos fundamentais e


RE

do controle de constitucionalidade, julgue o item que se segue.


MO

Em relação aos estrangeiros,


52989 a norma constitucional que garante o acesso a cargos, empregos e
NN

funções públicas é de eficácia contida. Item errado.


MA

O Art. 37, inciso I da CRFB/88 dispõe que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros
IS

que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
KL

O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o art. 37, inc. I, da Constituição tem eficácia
32

condicionada à edição de lei regulamentadora (norma de eficácia limitada).


89

Nesse sentido: “O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que o artigo 37, I, da
57

Constituição do Brasil consubstancia, relativamente ao acesso aos cargos públicos por estrangeiros, preceito
2
75

constitucional dotado de eficácia limitada, dependendo de regulamentação para produzir efeitos, sendo
07

assim, não auto-aplicável.” (RE 544.655-AgR, Rel. Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJE 10.10.2008)
CZ

Obs.: Não confunda com a situação do brasileiro, para o qual a norma é de eficácia contida (art. 5º, inciso
VI

XIII, da CRFB/88 - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
IE
RK

profissionais que a lei estabelecer).


ZU

ATENÇÃO - CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ: a autora incluiu mais uma espécie na classificação
MA

acima apontada, afirmando a existência de normas constitucionais de eficácia absoluta ou super eficazes,
A
IR

que são as cláusulas pétreas, ou seja, aquelas normas que não podem ser retiradas nem mesmo por emenda
RE

constitucional.
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Cláusulas pétreas são normas constitucionais com proteção adicional além das demais normas de

RA
uma constituição rígida. Caracterizam-se por imutabilidade ou semi-imutabilidade. No caso brasileiro, as

I
RE
cláusulas pétreas não são imutáveis, mas não podem ser objeto de emenda constitucional que tenda a aboli-

MO
las, como dispõe o art. 60 da Constituição, ou seja, seu núcleo essencial precisa ser preservado. Para ser

NN
classificada como rígida, uma constituição não precisa de cláusulas pétreas, pois basta que tenha processo

MA
especial de reforma para ser considerada dessa espécie. As cláusulas pétreas são uma opção adicional que o
constituinte originário adota na proteção de certos tópicos constitucionais. BARCELLOS, Ana Paula de. Curso

LIS
de direito constitucional. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022. Livro eletrônico, p. 35 e s., item 1.3

2K
[Constituição e classificações].

93
78
25
75
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META 4

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RE
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL (PARTE II)

MO
NN
6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

MA
6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica

LIS
2K
Hermenêutica: é o domínio da ciência jurídica que se ocupa em formular e sistematizar os princípios

93
que subsidiarão a interpretação;

78
Interpretação: atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e alcance dos enunciados

25
75
normativos. Cumpre à interpretação construir a norma. Envolve duas atividades:

07
o Desvendar/ construir o sentido do enunciado normativo;

CZ
o Concretizar o enunciado.
VI
É importante compreender a hermenêutica constitucional porque, segundo o autor Pedro Lenza,
IE
As Constituições devem ser interpretadas, função essa atribuída ao exegeta, que
RK

buscará o real significado dos termos constitucionais. Tal função é extremamente


ZU

importante, na medida em que a Constituição dará validade para as demais normas


MA

do ordenamento jurídico (Kelsen). Assim, devemos decifrar o seu verdadeiro


52989
A

alcance, a fim de sabermos, por consequência, a abrangência de uma norma


IR

infraconstitucional.
RE

O hermeneuta, dessa forma, levando em consideração a história, as ideologias, as


MO

realidades sociais, econômicas e políticas do Estado, definirá o verdadeiro


NN

significado do texto constitucional.


MA
IS

6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional


KL
32

A interpretação jurídica é gênero do qual a interpretação constitucional é espécie.


89

A interpretação constitucional tem por objeto a compreensão e aplicação das normas


57

constitucionais, razão pela qual se serve de princípios próprios que lhe conferem especificidade e autonomia,
2
75

sendo informada por métodos e princípios específicos e adequados ao seu objeto.


07

Enquanto as normas legais possuem um conteúdo material fechado, as normas constitucionais


CZ

apresentam um conteúdo material aberto e fragmentado, circunstância que justifica e reivindica a


VI

existência de uma interpretação especificamente constitucional.


IE
RK

Além de superiores, as normas constitucionais normalmente veiculam conceitos abertos, vagos e


indeterminados, que conferem ao intérprete um amplo espaço de conformação, não verificável entre as
ZU

normas legais.
MA

52989
As normas constitucionais são ainda:
A

∘ Normas de organização e estrutura;


IR
RE

∘ Dotadas de forte carga política.


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6.3 Correntes Norte-Americanas

RA
I
RE
a) Corrente interpretativista: nega qualquer possibilidade de o juiz, na interpretação constitucional,

MO
criar Direito, indo além do que o texto lhe permitir. O juiz deve apenas captar e declarar o sentido dos

NN
preceitos expressos no texto constitucional, sem se valer de valores substantivos, sob pena de se substituir

MA
as decisões políticas pelas judiciais.
b) Corrente não-interpretativista: defende um ativismo judicial na interpretação da Constituição,

LIS
52989
proclamando a possibilidade, e até a necessidade, de os juízes invocarem e aplicarem valores substantivos,

2K
como justiça, igualdade e liberdade. Assim, o juiz torna-se coparticipante do processo de criação do Direito,

93
completando o trabalho do legislador, ao fazer valorações para conceitos jurídicos indeterminados e realizar

78
escolhas entre as soluções possíveis e adequadas.

25
75
07
6.4 Métodos de interpretação

CZ
VI
Canotilho: leciona que a questão do “método justo” em direito constitucional é um dos problemas
IE
mais controvertidos. Por isso, para ele, NÃO há apenas um método de interpretação constitucional,
RK

podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais obtém-se a partir de um
ZU

conjunto de métodos distintos, porém complementares.


MA

52989
A

a) Método jurídico ou hermenêutico cláSsico [SAVIGNY]


IR
RE

Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da Constituição
MO

não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E
NN

INTERPRETAÇÃO LEGAL.
MA

Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos tradicionais
IS

ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny:


KL

● Elemento gramatical: também chamado de literal ou semântico, a análise se realiza de modo textual
32

e literal;
89

● Elemento histórico: análise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos, pareceres,
57

discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da norma;


2
75

● Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo;


07

● Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma;


CZ

● Elemento genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador;
VI

● Elemento popular: a análise se implementa partindo da participação da massa, dos “corpos


IE
RK

intermediários”, dos partidos políticos, sindicatos, valendo-se de instrumentos como o plebiscito, o


referendo, o recall, o veto popular etc.
ZU

● Elemento doutrinário: parte da interpretação feita pela doutrina;


MA

● Elemento evolutivo: segue a linha da mutação constitucional. Nesse método, o papel do intérprete
A
IR

resume-se a descobrir o verdadeiro significado da norma, o seu sentido e, assim, atribui-se grande
RE

importância ao texto da norma.


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A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por outro

RA
lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego do método

I
RE
tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a interpretação

MO
constitucional.

NN
MA
b) Método Tópico-problemático [THEODOR VIEHWEG]

LIS
Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência”. Para o autor, a tópica seria uma técnica de pensar o

2K
problema, ou seja, uma técnica mental que se orienta para a solução do problema. O método segue as

93
seguintes premissas: 52989

78
● Caráter Prático da interpretação: toda a interpretação se destina a solucionar problemas práticos e

25
75
concretos;

07
● Caráter Aberto, fragmentário ou indeterminado das normas constitucionais, em razão de sua

CZ
estrutura normativo-material;
VI
● Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas constitucionais que não
IE
permitem qualquer subsunção a partir delas próprias.
RK

Conclusão: A interpretação constitucional leva a um processo aberto de argumentação entre os


ZU

vários partícipes ou intérpretes para se adaptar a norma constitucional ao problema concreto para, só ao
MA

final, se identificar a norma adequada.


52989
A

Parte-se do problema para a norma. Para este método, deve a interpretação partir da discussão do
IR

problema concreto que se pretende resolver para, só ao final, se identificar a norma adequada. Parte-se
RE

do problema (caso concreto) para a norma, fazendo caminho inverso dos métodos tradicionais, que
MO

buscam a solução do caso a partir da norma. Canotilho critica esse método, ao fundamento de que a
NN

interpretação NÃO deve partir do problema para a norma, mas desta para os problemas.
MA
IS

#DICADD: Para não esquecer o nome do criador do método na hora da prova, relacionar as iniciais: Theodor
KL

– Tópico.
32
89

c) Método Hermenêutico-concretizador (Concretista) [HESSE]


57
2
75

Admite o primado da norma constitucional sobre o problema.


07

O método considera a interpretação constitucional como uma atividade de concretização da


CZ

Constituição, circunstância que permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da norma.
VI

Afasta-se do método tópico-problemático porque a interpretação, para ele, está limitada e se inicia
IE
RK

pelo texto, superando o problema da abertura e indeterminação dos enunciados normativos através da pré-
compreensão do intérprete.
ZU

Parte da ideia de que a leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-
MA

compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. Ao contrário do método tópico-
A
IR

problemático, que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método concretista admite o primado
RE

da norma constitucional sobre o problema. Essa pré-compreensão faz com que o intérprete, na primeira
MO

leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, que deve ser comparado com a realidade existente.
N

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Desse confronto, resulta a reformulação, pelo intérprete, de sua própria pré-compreensão, no intuito

RA
de harmonizar os conceitos por ele preconcebidos àquilo que deflui do texto constitucional, com base na

I
RE
observação da realidade social. Essa reformulação e consequente releitura do texto, cotejando cada novo

MO
conteúdo obtido com a realidade, deve repetir-se sucessivamente, até que se chegue à solução mais

NN
harmoniosa para o problema. Impõe-se, assim, um "movimento de ir e vir", do subjetivo para o objetivo - e,

MA
deste, de volta para aquele -, denominado "círculo hermenêutico” (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino).

LIS
#DICADD: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico.

2K
93
78
MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO MÉTODO CONCRETIZADOR

25
75
Parte do PROBLEMA para a NORMA. A Parte na NORMA para o CASO/PROBLEMA.

07
interpretação é feita partindo-se do

CZ
CASO/PROBLEMA.
VI
IE
RK

d) Método científico-eSpiritual [Rudolf Smend]


ZU

A interpretação constitucional deve levar em consideração a compreensão da Constituição como


MA

uma ordem de valores e como elemento do processo de integração. Deve o intérprete levar em consideração
52989
A
IR

o sistema de valores que é subjacente ao texto constitucional e à realidade da vida.


RE

Idealizado por Rudolf Smend, este método dispõe que a interpretação constitucional deve levar em
MO

consideração a compreensão da Constituição como uma ordem de valores e como elemento do processo de
integração. Assim, a interpretação deve aprofundar-se na pesquisa do conteúdo axiológico subjacente ao
NN

texto, pois só o recurso à ordem de valores obriga a uma captação espiritual desse conteúdo axiológico último
MA

da Constituição.
IS
KL

e) Método normativo-estruturante [FRIEDERICH MULLER]


32
89
57

Parte da premissa
52989 de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi idealizado
2

por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do iceberg, não compreendendo a norma
75

apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social. É um método também concretista,
07

diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser concretizada não está inteiramente no texto,
CZ

sendo o resultado entre este e a realidade.


VI
IE
RK

6.5 Regras, princípios e postulados normativos


ZU
MA

As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos. Normas e
princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da unidade da Constituição.
A
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RE
MO
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Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão na base

RA
ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética

I
RE
fundamentante.

MO
NN
REGRAS PRINCÍPIOS

MA
Grau de abstração reduzido. Grau de abstração elevado.
Suscetíveis de aplicação direta. Carecem de mediações concretizadoras.

LIS
Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes radicados

2K
meramente funcional. nas exigências de justiça ou na ideia de direito.

93
Relatos descritivos de condutas a partir dos quais, A previsão dos relatos dá-se de maneira mais

78
25
mediante subsunção, chega-se à conclusão. abstrata, sem se determinar a conduta correta, já

75
que cada caso concreto deverá ser analisado para

07
que o intérprete dê o exato peso entre os princípios

CZ
em choque.
São mandamentos ou mandados de definição: são VI
São mandados de otimização (Alexy): devem ser
IE
sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas (tudo ou realizados na maior medida do possível. Podem ser
RK

nada). satisfeitos em graus variados, a depender das


ZU

possibilidades jurídicas.
MA

Uma das regras em conflito OU será afastada pelo A colisão resolve-se pela
52989
ponderação ou
A

princípio da especialidade, OU será 52989


declarada balanceamento de princípios.
IR
RE

inválida.
MO

Postulados normativos ou metanormas: são normas sobre a aplicação de normas. Com o


NN

reconhecimento da força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o pós


MA

positivismo, houve o deslocamento da Constituição para todos os demais ramos do direito, dando origem a
IS

uma FILTRAGEM CONSTITUCIONAL. Os postulados são denominados pela maioria da doutrina como
KL

princípios, mas não têm a mesma função dos princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se
32

interpretar os princípios e regras constitucionais (normas de primeiro grau).


89
57
2

6.6 Princípios de interpretação Constitucional


75
07

a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um
CZ

todo, de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há
VI

hierarquia entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais.


IE
RK

É usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais.


ZU
MA

b) CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO: no caso de aparente conflito entre normas


constitucionais, devem ser harmonizadas ao caso concreto, respeitando ambas. Não pode haver sacrifício
A
IR

total de um em relação ao outro, faz uma redução proporcional (sem supressão), para harmonizá-los. Há
RE

uma ponderação de interesses, já que não há diferença de hierarquia ou de valor entre os bens
MO
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constitucionais. E só NO CASO CONCRETO é que podemos dizer qual prevalece, já que não há hierarquia

RA
entre normas constitucionais (unidade da Constituição).

I
RE
MO
Caiu em prova Delegado RJ/2022 (CESPE/CEBRASPE)! O estudo dos princípios que regem a interpretação

NN
constitucional, em especial os da razoabilidade e da proporcionalidade, estabelece que as normas da

MA
Constituição Federal de 1988 devem ser analisadas e aplicadas de modo a permitir que os meios utilizados
estejam adequados aos fins pretendidos, devendo o intérprete buscar conceder aos bens jurídicos tutelados

LIS
uma aplicação justa. Considerando isso, assinale a opção correta: Em razão do que preceitua o princípio da

2K
concordância prática, pode-se dizer que, na ocorrência de conflito entre bens jurídicos garantidos por normas

93
constitucionais, o intérprete deve priorizar a decisão que melhor os harmonize, de forma a conceder a cada

78
um dos direitos a maior amplitude possível, sem que um deles acabe por impor a supressão do outro.

25
75
52989

07
Em suma, o princípio da concordância prática objetiva, diante da hipótese de colisão entre direitos

CZ
fundamentais, impedir o sacrifício total de um em relação ao outro, estabelecendo limites à restrição imposta
VI
ao direito fundamental subjugado, por meio, por exemplo, da proteção do núcleo essencial.
IE
RK

c) EFEITO INTEGRADOR: o intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da
ZU

unidade política, integração da sociedade. O princípio do efeito integrador, no bojo da hermenêutica


MA

constitucional, diz respeito ao fato de que na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se
52989
A

primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade
IR

política. Nesse sentido, extrai-se da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal exemplos notórios desses
RE

tipos de integração.
MO

Um dos exemplos de integração política é a definição pelo Pretório Excelso da competência comum dos
NN

entes federativos para estabelecer ações de combate à pandemia da COVID-19 (2020). Noutro giro, cita-se,
MA

com exemplo de integração social a deliberação a respeito do casamento homoafetivo e sua compatibilidade
IS

com a Constituição Federal de 1988.


KL
32

d) MÁXIMA EFETIVIDADE: deve preferir a interpretação que dê mais eficácia e aplicabilidade aos direitos
89

fundamentais.
57
2
75

e) FORÇA NORMATIVA: na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras
07

de suas normas que as tornem mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido para
CZ

afastar interpretações divergentes. Segundo o STF, quando se tem interpretações divergentes sobre a
VI

Constituição, estas enfraquecem a sua força normativa.


IE
RK

OBS: o da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da Máxima Efetividade,
serve especificamente para os direitos fundamentais.
ZU
MA

f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL: tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da
A
IR

interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-


RE

funcional estabelecido pela Constituição. É um princípio de competência constitucional. Em outras palavras,


MO

prescreve o referido princípio que, ao intérprete, é defeso modificar a repartição de funções fixadas pela
N

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própria Constituição Federal. Assim, revelam-se incompatíveis, de acordo com essa diretriz interpretativa, as

RA
propostas de mutação constitucional promovidas pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez que, com esse

I
RE
fenômeno, há verdadeira alteração da norma constitucional sem que haja qualquer modificação no seu texto

MO
o que, de certa forma, acaba por usurpar a competência legislativa do Congresso Nacional.

NN
MA
g) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVENIÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS: não existem direitos
absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos ou em interesses coletivos também consagrados

LIS
na Constituição. De acordo com Bobbio, teriam caráter absoluto o direito a não ser torturado e o direito a

2K
não ser escravizado.

93
78
h) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO: no caso de normas plurissignificativas (vários

25
75
significados), deve-se preferir aquela que mais se aproxime da Constituição. Aqui não há declaração de

07
inconstitucionalidade. Pelo contrário, busca-se preservar a constitucionalidade da norma de modo a evitar

CZ
que ela seja expurgada do Ordenamento Jurídico.
VI
Nas palavras do professor Marcelo Novelino: “na interpretação conforme, exclui-se uma
IE
interpretação do dispositivo que seja possível, mas que, se empregada, violaria a Constituição. Seria, no caso,
RK

um tipo de situação constitucional imperfeita (ADI 2415)”.


ZU

São, portanto, consequências da interpretação conforme:


MA

✔ O dispositivo permanece válido no sistema normativo;


52989
A

✔ Não há declaração de nulidade da norma (pois, se houvesse, deveria ser declarada


IR
RE

inconstitucional);
✔ A interpretação escolhida obriga todos a segui-la (pois afasta todas as demais incompatíveis);
MO

✔ Faz surgir uma situação constitucional IMPERFEITA.


NN

Conforme o professor Pedro Lenza:


MA

Diante de normas plurissignificativas ou polissêmicas (que possuem mais de uma


IS

interpretação), deve-se preferir a exegese


52989 que mais se aproxime da Constituição
KL

e, portanto, que não seja contrária ao texto constitucional, daí surgirem várias
32

dimensões a serem consideradas, seja pela doutrina, seja pela jurisprudência,


89
57

destacando-se que a interpretação conforme será implementada pelo Judiciário


2

e, em última instância, de maneira final, pela Suprema Corte:


75

■ prevalência da Constituição: deve-se preferir a interpretação não contrária à


07

Constituição;
CZ

■ conservação de normas: percebendo o intérprete que uma lei pode ser


VI
IE

interpretada em conformidade com a Constituição, ele deve assim aplicá-la para


RK

evitar a sua não continuidade;


ZU

■ exclusão da interpretação contra legem: o intérprete não pode contrariar o texto


MA

literal e o sentido da norma para obter a sua concordância com a Constituição;


■ espaço de interpretação: só se admite a interpretação conforme a Constituição
A
IR

se existir um espaço de decisão e, dentre as várias a que se chegar, deverá ser


RE

aplicada aquela em conformidade com a Constituição;


MO
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■ rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais: uma vez realizada a

RA
interpretação da norma, pelos vários métodos, se o juiz chegar a um resultado

I
RE
contrário à Constituição, em realidade, deverá declarar a inconstitucionalidade da

MO
norma, proibindo a sua correção contra a Constituição;

NN
■ intérprete não pode atuar como legislador positivo: não se aceita a

MA
interpretação conforme a Constituição quando, pelo processo de hermenêutica, se
obtiver uma regra nova e distinta daquela objetivada pelo legislador e com ela

LIS
contraditória, em seu sentido literal ou objetivo. Deve-se, portanto, afastar

2K
qualquer interpretação em contradição com os objetivos pretendidos pelo

93
legislador.

78
A Lei nº 9.868/1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de

25
75
inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal,

07
dispõe expressamente sobre a interpretação conforme. Veja:

CZ
Art. 28, parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de
VI
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a
IE
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia
RK

contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à


ZU

Administração Pública federal, estadual e municipal.


MA

Alguns exemplos da interpretação conforme:


52989
A

✔ Interpretação conforme e determinação aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à


IR
RE

vacinação contra a Covid-19. O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação
MO

conforme à Constituição ao art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020 - ADI 6586.
✔ Interpretação conforme e a competência comum dos entes federativos para estabelecer ações de
NN

combate à pandemia da COVID-19 - ADI 6341.


MA

✔ Interpretação conforme e a inconstitucionalidade de norma de Constituição estadual que amplia o


IS

rol de autoridades sujeitas à fiscalização pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de
KL

responsabilidade - ADI 6640/PE e ADI 6645/AM.


32

✔ Interpretação conforme e as regras do Estatuto da Advocacia que tratam sobre a relação de


89
57

emprego, salário, jornada de trabalho e honorários que se aplicam aos advogados de empresas
2

estatais que atuam no mercado em regime concorrencial - ADI 3396/DF.


75

✔ Interpretação conforme e a deliberação a respeito do casamento homoafetivo e sua compatibilidade


07

com a Constituição Federal de 1988 - ADI 4277.


CZ
VI
IE

Caiu em prova Delegado RJ/2022 (CESPE/CEBRASPE)! O direito constitucional reclama a existência de


RK

52989
princípios específicos, que compõem a denominada metodologia constitucional, para que a Constituição
ZU

Federal de 1988 seja interpretada. Um dos referidos princípios prevê que, sempre que possível, deve o
MA

intérprete buscar a interpretação menos óbvia do enunciado normativo, fixando-a como norma, de modo a
A

salvar a sua constitucionalidade. Trata-se do princípio de: interpretação conforme a Constituição.


IR
RE
MO
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MA
Caiu em prova Delegado RJ/2022 (CESPE/CEBRASPE)! Em recente julgamento nos autos da ADPF n 132, o

RA
Supremo Tribunal Federal, diante da possibilidade de duas ou mais interpretações razoáveis sobre o art.

I
RE
52989

1.723 do Código Civil, que trata sobre a união estável entre homem e mulher, reconheceu a união

MO
homoafetiva como família. Nesse caso, é correto afirmar que a técnica de interpretação utilizada foi:

NN
interpretação conforme.

MA
Fundamentação: Como visto, a interpretação conforme a Constituição é aplicável diante de normas que

LIS
possuam mais de um significado, como no caso do termo “família”. Nesse contexto, o STF adotou a

2K
interpretação que mais se aproximava da Constituição, ou seja, aquela que reconhece a união homoafetiva

93
como família.

78
25
75
i) PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE: significa justiça, bom senso, moderação. É para evitar

07
interpretações absurdas, podendo ser dividida em três subprincípios:

CZ
● Adequação: os meios usados têm que ser aptos a atingir os fins. Aptidão entre meio e fim.
VI
● Necessidade: o meio deve ser o menos gravoso possível. Jellinek: não se pode abater pardais com
IE
canhões.
RK

● Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre o custo e o benefício da medida. Para ser
ZU

proporcional, a medida tem que trazer mais benefícios do que custos.


MA

52989
A

6.7 Técnicas de interpretação Constitucional


IR
RE

O movimento doutrinário chamado de moderna hermenêutica constitucional diz que toda a tarefa
MO

de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: concretizar os direitos fundamentais.
NN

Dentre essas modernas técnicas, estão previstas:


MA
IS

a) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: o Tribunal reconhece a


KL

inconstitucionalidade da norma, porém NÃO a tira do ordenamento jurídico, com a justificativa de que a sua
32

ausência geraria mais danos do que a presença da lei inconstitucional. É possível, também, que se opere a
89

suspensão de aplicação da lei e dos processos em curso até que o legislador, dentro de prazo razoável, venha
57

a se manifestar sobre a situação inconstitucional.


2
75
07

b) Declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador: nessa técnica de interpretação, "busca-se


CZ

não declarar a inconstitucionalidade da norma sem antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter
VI

do legislador uma atividade subsequente que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior.
IE
RK

Incumbe-se ao legislador a difícil tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a
própria Constituição".
ZU

A técnica possui relevância no caso da ação de inconstitucionalidade por omissão, em que o Tribunal
MA

se limita a constatar a inconstitucionalidade da omissão, exortando o legislador a abandonar o seu estado de


A
IR

inércia, possuindo a decisão um cunho mandamental.


RE
MO
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MA
c) Interpretação conforme a Constituição: o Órgão Jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se

RA
mostra compatível com a Lei Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e

I
RE
não simples regra de interpretação.

MO
No caso de normas plurissignificativas (vários significados), deve-se preferir aquela que mais se

NN
aproxime da Constituição. Aqui, não há declaração de inconstitucionalidade. Pelo contrário, busca-se

MA
preservar a constitucionalidade da norma de modo a evitar que ela seja expurgada do Ordenamento Jurídico.
Nas palavras do professor Marcelo Novelino: “na interpretação conforme, exclui-se uma interpretação do

LIS
dispositivo que seja possível, mas que, se empregada, violaria a Constituição. Seria, no caso, um tipo de

2K
situação constitucional imperfeita (ADI 2415)”.

93
São, portanto, consequências da interpretação conforme:

78
● O dispositivo permanece válido no sistema normativo;

25
75
● Não há declaração de nulidade da norma (pois, se houvesse, deveria ser declarada

07
inconstitucional);

CZ
● A interpretação escolhida obriga todos a segui-la (pois, afasta todas as demais incompatíveis);
● Faz surgir uma situação constitucional IMPERFEITA. VI
IE
RK

INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE


ZU

PARCIAL SEM REDUÇÃO DE TEXTO


MA

ADI é julgada parcialmente procedente ADI é julgada parcialmente procedente


52989
A

Técnica de interpretação Técnica de aplicação (Lei “i” NÃO se aplica à hipótese


IR
RE

“H”)
MO

É imprescindível que haja mais de uma interpretação Expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de
possível determinada hipótese de aplicação sem alteração do
NN

(André Ramos Tavares: “O Tribunal NÃO declara que texto legal. É mais incisiva do que a interpretação
MA

todas as demais interpretações são conforme.


IS

inconstitucionais”) Ex. Mostra-se inconstitucional interpretação de a


KL

interrupção da gravidez de feto anencéfalo ser


32

conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos


89

I e II, do Código Penal.


257
75
07

7. PODER CONSTITUINTE
CZ
VI

Segundo Canotilho, o Poder Constituinte se revela como uma questão de “poder”, “força” ou
IE
RK

“autoridade” política que, em uma situação concreta, pode criar, garantir ou eliminar uma Constituição
ZU

entendida como lei fundamental da comunidade política. A doutrina aponta a existência de três poderes
MA

constituintes: originário, derivado e difuso. 52989

1. Poder Constituinte Originário:


A
IR
RE

O Poder Constituinte é responsável pela escolha e formalização do conteúdo das


MO

normas constitucionais. O adjetivo “originário” é empregado para diferenciar o


N

78
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MA
poder criador de uma nova constituição daqueles instituídos para alterar o seu

RA
texto (Poder Constituinte Derivado) ou elaborar as constituições dos Estados-

I
RE
membros da federação (Poder Constituinte Decorrente). O Poder Constituinte

MO
Originário pode ser definido, portanto, como um poder político, supremo e
52989

NN
originário, responsável por estabelecer a constituição de um Estado. (NOVELINO,

MA
2017, p. 71).

LIS
O Poder Constituinte Originário instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a

2K
ordem jurídica precedente e possui como características:

93
● Inicial: inaugura toda a normatividade jurídica;

78
● Autônomo: não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia;

25
75
● Incondicionado (juridicamente): não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica;

07
● Ilimitado;

CZ
● Latente: é atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento;
VI
● Poder de fato e poder político, podendo, assim, ser caracterizado como uma energia ou força social,
IE
tendo natureza pré-jurídica, sendo que, por essas características, a nova ordem jurídica começa com
RK

a sua manifestação, e não antes dela.


ZU

Canotilho observa que o poder constituinte “... é estruturado e obedece a padrões e modelos de
MA

conduta espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na consciência jurídica geral da comunidade e, nesta
52989
A

medida, considerados como ‘vontade do povo’”. Fala, ainda, na necessidade de observância de princípios de
IR

justiça (suprapositivos e supralegais) e, também, dos princípios de direito internacional (princípio da


RE

independência, princípio da autodeterminação, princípio da observância de direitos humanos — neste último


MO

caso de vinculação jurídica, chegando a doutrina a propor uma juridicização e evolução do poder
NN

constituinte)
MA
IS

7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário (também denominado inicial, inaugural, genuíno ou de 1.º
KL

grau)
32
89

I- Quanto ao modo de deliberação constituinte:


57

a) Poder Constituinte Concentrado (ou demarcado): o surgimento da constituição resulta da


2
75

deliberação formal de um grupo de agentes, como no caso das constituições escritas;


07

b) Poder Constituinte Difuso: a constituição é resultante de um processo informal em que a criação de


CZ

suas normas ocorre a partir da tradição de uma determinada sociedade, como ocorre com as
VI

constituições consuetudinárias. Também é chamado de mutação constitucional. Em outras palavras,


IE
RK

consiste na alteração de sentido de um dispositivo constitucional, de modo informal, ou seja,


considerando vários elementos, dentre eles, contexto de aplicação da norma, efeitos, aspectos
ZU

culturais, entre outros. É dizer, é realizada uma reinterpretação da norma constitucional, sem
MA

alteração formal.
A
IR
RE

II- Quanto ao momento de manifestação:


MO
N

79
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MA
a) Poder Constituinte Histórico (ou fundacional) : responsável pelo surgimento da primeira

RA
constituição de um Estado (exemplo: constituição brasileira de 1824);

I
RE
b) Poder Constituinte Revolucionário: elabora as constituições posteriores a partir de uma revolução

MO
(constituição brasileira de 1937) ou de uma transição constitucional (constituição brasileira de 1988).

NN
MA
HIATO CONSTITUCIONAL (Ivo Dantas)

LIS
O hiato constitucional, também chamado pelo autor de revolução, verifica-se quando há um choque (ou

2K
“divórcio”) entre o conteúdo da Constituição política (uma das formas do direito legislado) e a realidade

93
social ou sociedade.

78
Conforme o autor Pedro Lenza, tomando por base essa ideia, qual seja, que o hiato constitucional caracteriza

25
75
verdadeira lacuna, intervalo, interrupção de continuidade, entendemos que vários fenômenos poderão ser

07
verificados, destacando-se:

CZ
■ convocação da Assembleia Nacional Constituinte e elaboração de nova Constituição;
■ mutação constitucional; VI
IE
■ reforma constitucional;
RK

■ hiato autoritário.
ZU

A partir da quebra do processo constitucional, vale dizer, diante da não correspondência entre o texto
MA

posto e a realidade social, poderá surgir espaço para o denominado “momento constituinte” democrático
52989
A

e, assim, diante da manifestação do poder constituinte originário, a elaboração de novo documento que
IR
RE

encontre legitimidade social.


MO

III- Quanto ao papel na elaboração do documento constitucional:


NN

a) Poder Constituinte Material: é o responsável por definir o conteúdo fundamental da constituição,


MA

elegendo os valores a serem consagrados e a ideia de direito que irá prevalecer. É o ato de criação
IS

propriamente dito e que atribui a “roupagem” com status constitucional a um “complexo


KL

normativo”;
32

b) Poder Constituinte Formal: formaliza no plano normativo as escolhas políticas do Poder Constituinte
89

Material.
257
75

Obs.: “O Poder Constituinte Material precede o Formal em dois aspectos: (I) logicamente, porque 'a ideia de
07

direito precede a regra de direito; o valor comanda a norma; a opção política fundamental, a forma que elege
CZ

para agir sobre os fatos; a legitimidade, a legalidade'; e (II) historicamente, pois o triunfo de certa ideia de
VI

direito ou nascimento de certo regime ocorre antes de sua formalização” (NOVELINO, 2017, p. 72).
IE
RK

52989
ZU

A NATUREZA DO PODER CONSTITUINTE É JURÍDICA OU EXTRAJURÍDICA?


MA

Existem duas correntes doutrinárias (NOVELINO, 2017, p. 73):


A
IR
RE

a) Positivistas (Carl Schmitt): o Poder Constituinte é anterior e se encontra acima de toda e qualquer norma
MO

jurídica, devendo ser considerado um poder político (extrajurídico ou de fato) resultante da força social
N

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responsável por sua criação. Em razão de sua natureza essencialmente revolucionária, o Poder constituinte

RA
estaria liberado de valores referentes à sua legitimidade. Por ter o seu sentido na existência política, o

I
RE
sujeito do Poder Constituinte poderia fixar livremente o modo e a forma da existência estatal a ser

MO
consagrada52989
na constituição, sem ter que se justificar em uma norma ética ou jurídica.

NN
Características essenciais sob a óptica positivista: I- inicial, por não existir nenhum outro antes ou acima

MA
dele; II- autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do conteúdo a ser consagrado na constituição;
e III- incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo.

LIS
2K
b) Jusnaturalistas (Abade Sieyès): o Poder Constituinte é um poder jurídico (ou de direito). Os defensores

93
da existência de um direito eterno, universal e imutável, preexistente e superior ao direito positivado,

78
sustentam que o Poder Constituinte, apesar de não encontrar limites no direito positivo anterior, estaria

25
75
subordinado aos princípios do direito natural.

07
Características essenciais sob a óptica jusnaturalista: I- incondicionado juridicamente pelo direito positivo,

CZ
mas submetido aos princípios do direito natural; II- permanente, por não se exaurir com a conclusão de sua
VI
obra; e III- inalienável, devido à impossibilidade de transferência, pela nação, desta titularidade.
IE
RK

7.1.1 Limitações Materiais


ZU
MA

A visão positivista de que o Poder Constituinte Originário tem plena liberdade para
52989
A

definir o conteúdo a ser consagrado no texto constitucional é refutada com base


IR
RE

no argumento de que, fora do direito positivo interno, existem limitações materiais


a serem observadas. (NOVELINO, 2017, p. 74).
MO
NN

Existem três categorias de limites materiais:


MA
IS

I- Limites Transcendentes: são aqueles que, advindos de imperativos do direito natural, de valores éticos ou
KL

de uma consciência jurídica coletiva, impõem-se à vontade do Estado, demarcando sua esfera de
32

intervenção. Nesse sentido, parte da doutrina sustenta o dever de manutenção, imposto ao Poder
89

Constituinte Originário pelo princípio da proibição de retrocesso, dos direitos fundamentais objeto de
57

consensos sociais profundos ou diretamente ligados à dignidade da pessoa humana.


2
75
07

II- Limites Imanentes: estão relacionados à configuração do Estado à luz do Poder Constituinte material ou
CZ

à própria identidade do Estado de que cada constituição representa apenas um momento da marcha
VI

histórica. Referem-se a aspectos como a soberania ou a forma de Estado.


IE
RK
ZU

III- Limites Heterônomos: são provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos como, por
MA

exemplo, as obrigações impostas ao Estado por normas de direito internacional. A globalização e a crescente
preocupação com os direitos humanos são fenômenos que têm contribuído para relativizar a soberania do
A
IR

Poder Constituinte. Sob essa perspectiva, seria vedado às futuras constituições brasileiras consagrar a pena
RE

de morte para além dos casos de guerra externa, antes o disposto na Convenção Americana sobre Direitos
MO

Humanos, que veda o restabelecimento da pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
N

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MA
RA
7.1.2 Titularidade do Poder Constituinte Originário

I
RE
MO
Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 73), para a doutrina majoritária, a titularidade do poder

NN
constituinte reside sempre na soberania do povo. Essa posição deve ser defendida nas provas.

MA
Obs.: Em sua obra clássica “O que é o Terceiro Estado?”, Joseph Sieyès sustentava que o Terceiro Estado

LIS
seria a nação, titular do poder constituinte.

2K
93
7.1.3 Legitimidade

78
25
75
Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 75), a análise da legitimidade do Poder Constituinte Originário

07
pode ser feita sob dois prismas distintos:

CZ
VI
I- Subjetivo: a legitimidade está relacionada à titularidade e ao exercício do poder. Para ser considerado
IE
legítimo, o Poder Constituinte deve ser exercido por representantes do povo eleitos especificamente para
RK

esse fim e nos limites da delegação.


ZU
MA

II- Objetivo: o Poder Constituinte deve consagrar na constituição um conteúdo valorativo em conformidade
52989
A

com determinadas limitações materiais e/ou correspondente aos anseios de seu titular. Nesse contexto,
IR

Canotilho afirma que o critério da legitimidade do Poder Constituinte não é a mera posse do poder, mas a
RE

conformidade do ato constituinte com a ideia de justiça e com os valores radicados na comunidade em um
MO

determinado momento histórico. A consagração de uma justa ordenação dos interesses e forças sociais das
NN

quais a Constituição se originou é fator indispensável para sua legitimidade.


MA

Ademais, Canotilho afirma que “poder constituinte significa, assim, poder constituinte do povo”, e
IS

que deve ser concebido “como uma ‘grandeza pluralística’ (Peter Häberle), ou seja, como uma pluralidade
KL

de forças culturais, sociais e políticas tais como partidos, grupos, igrejas, associações, personalidades,
32

decisivamente influenciadoras da formação de ‘opiniões’, ‘vontades’, ‘correntes’ ou ‘sensibilidades’ políticas


89

nos momentos preconstituintes e nos procedimentos constituintes”. Veja:


57
2
75

Art. 1.º da CF/88: “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
07

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”


CZ

(democracia semidireta ou participativa — cf. cap. 17).


VI
IE
RK

É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica
precedente. O objetivo fundamental 52989 do poder constituinte originário, portanto, é criar um novo Estado,
ZU

diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do poder constituinte precedente. Em suma: se o


MA

poder constituinte é a expressão da vontade política da nação, não pode ser entendido sem a referência aos
A
IR

valores éticos, religiosos, culturais que informam essa mesma nação e que motivam as suas ações.
RE
MO
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7.2 Poder Constituinte Derivado (instituído, constituído, secundário, de segundo grau, remanescente)

RA
I
RE
Pode ser poder constituinte decorrente inicial (“instituidor” ou “institucionalizador”): responsável

MO
pela elaboração da Constituição estadual; e poder constituinte decorrente de revisão estadual (“poder

NN
decorrente de segundo grau”): tem a finalidade de modificar o texto da Constituição estadual,

MA
implementando as reformas necessárias e justificadas e nos limites colocados na própria constituição
estadual (nesse sentido, por derivar de um poder que já derivou de outro, caracteriza-se como de segundo

LIS
grau) e na federal. 52989

2K
Decorre do poder constituinte originário e da constituição e possui como características:

93
● Subordinado hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do Poder Constituinte

78
Originário. Conforme o professor Pedro Lenza, em relação à capacidade de auto-organização,

25
75
prevista no art. 25, caput, da CF/88, foi categórico o poder constituinte originário ao definir que “os

07
Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios

CZ
desta Constituição”. Esta última parte do texto demonstra, claramente, o caráter de derivação e
vinculação do poder decorrente em relação ao originário VI
IE
● Condicionado ou limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo Poder Constituinte
RK

Originário.
ZU
MA

O Poder Constituinte Derivado possui três subespécies:


52989
A

1) Poder Constituinte Derivado Reformador;


IR

2) Poder Constituinte Derivado Revisor;


RE

3) Poder Constituinte Derivado Decorrente.


MO
NN

7.2.1 Reformador
MA
IS

Tem o poder ou competência para modificar a Constituição por meio de um procedimento específico,
KL

estabelecido pelo Poder Constituinte Originário. Ao contrário deste, que é um poder político, o Poder
32

Constituinte Derivado Reformador tem natureza jurídica, pois deve obedecer às limitações impostas pelo
89

Originário.
57

Em princípio, o Poder Constituinte de Reforma NÃO pode criar cláusulas pétreas: somente o Poder
2
75

Constituinte Originário pode fazê-las. No entanto, pode ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criados
07

pelo Poder Constituinte Originário.


CZ

Limites ao poder constituinte derivado reformador – art. 60, CF/88:


VI
IE
RK

a) Temporais: não previstos na CF/88;


b) Circunstanciais: estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal;
ZU
MA

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


A
IR

§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,


RE

de estado de defesa ou de estado de sítio.


MO
N

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c) Materiais: excluem determinadas matérias do Poder Constituinte derivado reformador. Os limites podem

RA
ser EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS;

I
RE
● Expressos: são as cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas do art. 60, § 4º da CF. Tutela-se

MO
a proposta tendente a ABOLIR. Impede-se que haja a DELIBERAÇÃO da emenda. O STF entende

NN
possível a impetração de MS por parlamentar (controle de constitucionalidade preventivo judicial);

MA
52989

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

LIS
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

2K
I - a forma federativa de Estado;

93
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

78
III - a separação dos Poderes;

25
75
IV - os direitos e garantias individuais.

07
CZ
● Implícitos: limitações que decorrem do núcleo de identidade da CF. Tudo aquilo que formar o núcleo
VI
de identidade da CF é limitação implícita ao poder de reforma, é intangível.
IE
RK

⮚ Impossibilidade de alterar o titular do PCO e o titular do PC derivado.


ZU

⮚ Os limites explícitos ao poder de reforma são limites implícitos.


MA

· Não se pode admitir que o poder derivado


52989
possa alterar seus próprios limites de atuação
A

estabelecidos pelo poder originário a quem está condicionado e limitado.


IR
RE

· Impossibilidade de se operar a dupla revisão: primeiro se alteram as limitações


MO

expressas, para depois, promover as alterações desejadas.


NN

d) Formais:
MA

● Subjetivos: Iniciativa para a propositura de uma proposta de emenda constitucional (art. 60, I, II e III
IS

da CF):
KL
32

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


89

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado


57

Federal;
2
75

II - do Presidente da República;
07

III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,


CZ

manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.


VI
IE
RK

● Objetivos:
ZU

· Art. 60, §2º


MA

· Art. 60, §3º


· Art. 60, §5º
A
IR
RE
MO
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§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em

RA
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos

I
RE
votos dos respectivos membros.

MO
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos

NN
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

MA
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

LIS
2K
ATENÇÃO: O DIREITO ADQUIRIDO é oponível à Constituição quando o preceito constitucional for

93
fruto do Poder Constituinte derivado reformador, já que o direito adquirido é cláusula pétrea, insuscetível

78
de qualquer proposta de emenda para aboli-lo. Quanto ao poder constituinte originário, NÃO se pode

25
75
invocar direito adquirido.

07
CZ
É admitido o controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas produzidas pelo poder
constituinte originário? VI
IE
Em virtude do princípio da unidade normativa e do caráter rígido da Constituição brasileira, admite-
RK

se no Brasil o controle de constitucionalidade apenas das normas constitucionais que foram inseridas na
ZU

Constituição pela via das emendas constitucionais.


MA

O STF não admite a tese das normas constitucionais inconstitucionais, ou seja, de normas
52989
A

contraditórias advindas do poder constituinte originário. Assim, se o intérprete da Constituição se deparar


IR

com duas ou mais normas aparentemente contraditórias, deverá compatibilizá-las, de modo que ambas
RE

continuem vigentes. Isso porque o princípio da unidade da Constituição afasta a tese de hierarquia entre os
MO

dispositivos da Constituição.
NN
MA

CESPE/CEBRASPE – 2004 – Delegado de Polícia Federal: No caso brasileiro, o poder constituinte


IS

derivado possui limitações temporais, materiais e circunstanciais, expressas no texto


KL

constitucional, e limitações implícitas, relativas à titularidade dos poderes constituintes


32

originário e derivado. Item errado.


89

52989
Cuidado! A CRFB/88 não prevê limitações temporais ao poder constituinte derivado reformador e, embora
57

haja doutrina que sustente que a revisão constitucional prevista no art. 3º da ADCT (norma de eficácia
2
75

exaurida, uma vez que a revisão ocorreu em 1993) seja um exemplo de limitação temporal, a banca
07

CESPE/CEBRASPE filia-se ao entendimento de que não existe limitação temporal ao poder constituinte
CZ

derivado.
VI
IE
RK

7.2.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente


ZU

Assim como o reformador, também é jurídico e limitado pelo originário. Possui o objetivo de
MA

estruturar a constituição dos Estados-membros, em decorrência da capacidade de auto-organização


A
IR

estabelecida pelo originário. Tal capacidade consta artigo 25 da CF/88, o qual dita que:
RE
MO
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07
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MA
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que

RA
adotarem, observados os princípios desta Constituição

I
RE
52989

MO
A doutrina aponta que os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-membros são:

NN
MA
a) Princípios sensíveis: essência da organização constitucional da Federação brasileira - art. 34, VII da CF - se
violados ensejam intervenção federal;

LIS
☠ Foi objeto da prova oral do concurso de Delegado de Polícia de Minas

2K
Gerais em 2018.

93
78
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

25
75
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: PRINCÍPIOS

07
CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS

CZ
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana; VI
IE
c) autonomia municipal;
RK

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.


ZU

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


MA

compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento


52989
A

do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.


IR
RE
MO

b) Princípios constitucionais estabelecidos: regras previstas para outros entes que, por consequência, veda
a atuação do Estado naquela matéria e;
NN
MA

c) Princípios constitucionais extensíveis: normas organizatórias da União aplicadas aos estados pelo
IS

princípio da simetria, e podem ser expressos ou implícitos. Ex.: sistema eleitoral, imunidades e impedimentos
KL

dos Deputados.
32
89

Há poder constituinte derivado decorrente nos Municípios?


57

● 1ª Corrente: há quem compreenda que as leis orgânicas são efetivo exercício do poder constituinte
2
75

derivado decorrente.
07

● 2ª Corrente (MAJORITÁRIA): inexiste tal poder no âmbito dos municípios, pois estes submetem-se
CZ

a um poder de terceiro grau, na medida em que devem observância a CF/88 e a respectiva


VI

Constituição Estadual. Entende-se que o poder derivado decorrente somente existe em face do
IE
RK

segundo grau, ou seja, quando extrai seu fundamento de validade da própria constituição. Isso
ZU

porque o poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros e ao Distrito Federal, não
MA

se faz na órbita dos Municípios.


Obs. Igualmente aos Territórios Federais (que hoje não mais existem, mas poderão vir a ser criados),
A
IR

de acordo com o art. 18, § 2.º, integram a União, não se falando em autonomia federativa, e,
RE

portanto, não se cogitando em manifestação de poder constituinte derivado decorrente.


MO
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7.2.3 Poder Constituinte Derivado Revisor

RA
I
RE
Também é condicionado e limitado às regras do originário. Tal manifestação ocorreu cinco anos após

MO
a promulgação da atual Constituição, por determinação do artigo 3º do ADCT.

NN
MA
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do

LIS
Congresso Nacional, em sessão unicameral.

2K
93
Sobre o tema, confira a Dica da Professora Thaianne:

78
25
75
https://youtu.be/fPDIdkxJYzE

07
52989

CZ
VI
IE
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ZU
MA

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RE
MO

7.3 Poder Constituinte Difuso


NN
MA

É um poder de fato manifestado por mutação constitucional. Trata-se de mais um mecanismo de


IS

mudança da Constituição.
KL

Se por um lado a modificação introduzida pelo Poder Constituinte Derivado Reformador é formal,
32

por intermédio de emenda constitucional, a modificação realizada pelo Poder Constituinte Difuso se
89

instrumentaliza de modo informal e espontâneo, como verdadeiro poder de fato, que modifica a
57

Constituição sem alterar o seu texto. Pelo Poder Constituinte Difuso, a interpretação do texto constitucional
2
75

é alterada.
07

Leciona, Luís Roberto Barroso:


CZ

“EXEMPLO EMBLEMÁTICO DE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL POR INTERPRETAÇÃO


VI

JUDICIAL OCORREU EM RELAÇÃO AO DENOMINADO FORO POR PRERROGATIVA


IE

DE FUNÇÃO, critério de fixação de competência jurisdicional previsto


RK

constitucionalmente. Por muitas décadas, inclusive sob a vigência da Constituição


ZU

de 1988, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o foro privilegiado subsistia


MA

mesmo após o agente público haver deixado o cargo ou função, tendo inclusive
A
IR

consolidado esse entendimento no enunciado n. 394 da Súmula da Jurisprudência


RE

Dominante. Em 1999, todavia, a Corte alterou sua linha de entendimento e


MO

cancelou o verbete da Súmula, passando a afirmar que a competência especial


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somente vigoraria enquanto o agente estivesse na titularidade do cargo ou no

RA
exercício da função. Nesse exemplo, como se constata singelamente, atribuiu-se ao

I
RE
mesmo dispositivo – o art. 102, I, b, da Constituição – sentidos diametralmente

MO
opostos ao longo do tempo, sem qualquer alteração de seu texto. A interpretação

NN
do sentido e alcance do foro privilegiado voltou a sofrer nova mutação. A prática

MA
tem demonstrado que o Supremo Tribunal Federal, como corte suprema, não é um
tribunal vocacionado para o processamento de ações penais originárias. De fato, a

LIS
inadequação da Corte para atuar como jurisdição penal de 1o grau, associada ao

2K
relevante volume de processos em curso, tem resultado em uma demora excessiva

93
na tramitação desses feitos, na prescrição das ações e, portanto, em impunidade,

78
comprometendo a imagem do Tribunal. O julgamento de ações dessa natureza

25
75
afasta a Corte, ainda, da sua missão primordial de guarda da Constituição e do

07
equacionamento das grandes questões nacionais. Por isso mesmo, em julgamento

CZ
encerrado em 3 maio 2018, o Tribunal decidiu restringir o foro por prerrogativa
VI
de função apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
IE
limitadamente a atos relacionados às funções desempenhadas por seus
RK

ocupantes. Decidiu, igualmente, que a competência para processar e julgar as


ZU

ações penais não seja mais alterada, após o final da instrução processual, em
MA

razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o que ocupava”.
52989
A
IR
RE

MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL REFORMA CONSTITUCIONAL


As mutações, por seu turno, não seriam alterações Seria a modificação do texto constitucional,
MO

“físicas”, “palpáveis”, materialmente perceptíveis, mediante mecanismos definidos pelo poder


NN

mas sim alterações no significado e sentido constituinte originário (emendas), alterando,


MA

interpretativo de um texto constitucional. suprimindo ou acrescentando artigos ao texto


IS

A transformação não está no texto em si, mas na original


KL

interpretação daquela regra enunciada.


32

O texto permanece inalterado.


89
57

Conforme o autor Pedro Lenza, as mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter


2

52989
75

dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, por meio de processos informais. Informais no sentido de
07

não serem previstos dentre aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucional.
CZ

Por fim, ressalta-se que a mutação e a nova interpretação não poderão afrontar os princípios
VI

estruturantes da Constituição, sob pena de serem inconstitucionais.


IE
RK
ZU

7.4 Poder Constituinte Supranacional


MA

Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 92), a ruptura das tradicionais premissas de organização dos
A
IR

Estados deu origem à ideia de existência de um Poder Constituinte pautado na cidadania universal, no
RE

pluralismo de ordenamentos jurídicos e em uma visão remodelada de soberania.


MO
N

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MA
Trata-se de um poder destinado a elaborar uma constituição supranacional, apta a vincular os

RA
Estados ajustados sob o seu comando e fundamentada na vontade do povo-cidadão universal, seu verdadeiro

I
RE
titular. Este poder é considerado constituinte por ter a força de criar uma ordem jurídica de cunho

MO
constitucional, na medida em que reorganiza a estrutura de cada um dos Estados que aderem ao direito

NN
comunitário e submete as constituições nacionais ao seu poder supremo.

MA
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O SUPREMO

LIS
Poder constituinte estadual. Autonomia (ADCT, art. 11). Restrições jurisprudenciais inaplicáveis ao caso. É da

2K
jurisprudência assente do Supremo Tribunal que afronta o princípio fundamental da separação e

93
independência dos Poderes o trato em constituições estaduais de matéria, sem caráter essencialmente

78
constitucional – assim, por exemplo, a relativa à fixação de vencimentos ou à concessão de vantagens

25
75
específicas a servidores públicos –, que caracterize fraude à iniciativa reservada ao Poder Executivo de leis

07
ordinárias a respeito: precedentes. A jurisprudência restritiva dos poderes da assembleia constituinte do

CZ
Estado-membro não alcança matérias às quais, delas cuidando, a Constituição da República emprestou
VI
alçada constitucional. Anistia de infrações disciplinares de servidores estaduais: competência do Estado-
IE
membro respectivo. Só quando se cuidar de anistia de crimes – que se caracteriza como abolitio criminis de
RK

efeito temporário e só retroativo – a competência exclusiva da União se harmoniza com a competência


ZU

federal privativa para legislar sobre direito penal; ao contrário, conferir à União – e somente a ela – o poder
MA

de anistiar infrações administrativas de servidores locais constituiria exceção radical e inexplicável ao dogma
52989
A

fundamental do princípio federativo – qual seja, a autonomia administrativa de Estados e Municípios – que
IR
RE

não é de presumir, mas, ao contrário, reclamaria norma inequívoca da Constituição da República


(precedente: Rp 696, 6-10-1966, rel. p/ o ac. min. Aliomar Baleeiro). Compreende-se na esfera de autonomia
MO

dos Estados a anistia (ou o cancelamento) de infrações disciplinares de seus respectivos servidores, podendo
NN

concedê-la a assembleia constituinte local, mormente quando circunscrita – a exemplo da concedida pela
MA

Constituição da República – às punições impostas no regime decaído por motivos políticos.


IS

52989
[ADI 104, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 4-6-2007, P, DJ de 24-8-2007.]
KL

O poder constituinte outorgado aos Estados-membros sofre as limitações jurídicas impostas pela
32

Constituição da República. Os Estados-membros organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


89

adotarem (CF, art. 25), submetendo-se, no entanto, quanto ao exercício dessa prerrogativa institucional
57

(essencialmente limitada em sua extensão), aos condicionamentos normativos impostos pela CF, pois é nessa
2
75

que reside o núcleo de emanação (e de restrição) que informa e dá substância ao poder constituinte
07

decorrente que a Lei Fundamental da República confere a essas unidades regionais da Federação.
CZ

[ADI 507, rel. min. Celso de Mello, j. 14-2-1996, P, DJ de 8-8-2003.]


VI

= ADI 2.113, rel. min. Cármen Lúcia, j. 4-3-2009, P, DJE de 21-8-2009


IE
RK

O poder constituinte dos Estados-membros está limitado pelos princípios da Constituição da República, que
ZU

lhes assegura autonomia com condicionantes, entre as quais se tem o respeito à organização autônoma dos
MA

Municípios, também assegurada constitucionalmente. O art. 30, I, da Constituição da República outorga aos
Municípios a atribuição de legislar sobre assuntos de interesse local. A vocação sucessória dos cargos de
A
IR

prefeito e vice-prefeito põe-se no âmbito da autonomia política local, em caso de dupla vacância. Ao
RE

disciplinar matéria, cuja competência é exclusiva dos Municípios, o art. 75, § 2º, da Constituição de Goiás
MO

fere a autonomia desses entes, mitigando-lhes a capacidade de auto-organização e de autogoverno e


N

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KL
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
limitando a sua autonomia política assegurada pela Constituição brasileira.

RA
[ADI 3.549, rel. min. Cármen Lúcia, j. 17-9-2007, P, DJ de 31-10-2007.]

I
RE
Art. 90, § 3º, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Disponibilidade remunerada dos servidores

MO
públicos. (...) A imposição do prazo de um ano para aproveitamento do servidor em disponibilidade ofende

NN
materialmente a Carta Federal, pois consiste em obrigação criada pelo Poder Legislativo que não decorre

MA
direta ou indiretamente dos pressupostos essenciais à aplicação do instituto da disponibilidade definidos na
Constituição da República (art. 41, § 3º), e, principalmente, porque não condiz com o postulado da

LIS
independência dos Poderes instituídos, ainda que em sede do primeiro exercício do poder constituinte

2K
decorrente. O art. 41, § 3º, da CF, na sua redação originária, era silente em relação ao quantum da

93
remuneração que seria devida ao servidor posto em disponibilidade. Esse vácuo normativo até então

78
existente autorizava os Estados a legislar sobre a matéria, assegurando a integralidade remuneratória aos

25
75
seus servidores. Contudo, a modificação trazida pela EC 19/1998 suplantou a previsão contida na Carta

07
estadual, pois passou a determinar, expressamente, que a remuneração do servidor em disponibilidade seria

CZ
proporcional ao tempo de serviço.
VI
[ADI 239, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 30-10-2014.]
IE
A eficácia das regras jurídicas produzidas
52989 pelo poder constituinte (redundantemente chamado de
RK

"originário") não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de ordem material, seja formal, porque
ZU

provém do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas pelo poder reformador,
MA

essas têm sua validez e eficácia condicionadas à legitimação


52989
que recebam da ordem constitucional. Daí a
A

necessária obediência das emendas constitucionais às chamadas cláusulas pétreas.


IR
RE

[ADI 2.356 MC e ADI 2.362 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010, P, DJE de 19-5-2011.]
MO

As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas
constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê
NN

apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo
MA

poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder
IS

constituinte originário com relação às outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e,
KL

portanto, possam ser emendadas.


32

[ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.]


89

As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas
57

constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê


2
75

apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo
07

poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder
CZ

constituinte originário com relação às outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e,
VI

portanto, possam ser emendadas.


IE
RK

[ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.]


ZU

O poder constituinte derivado não é ilimitado, visto que se submete ao processo consignado no art. 60, §§
MA

2º e 3º, da CF, bem assim aos limites materiais, circunstanciais e temporais dos §§ 1º, 4º e 5º do aludido
artigo. A anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa uma das garantias
A
IR

fundamentais do contribuinte, traduzindo uma limitação ao poder impositivo do Estado.


RE

[RE 587.008, rel. min. Dias Toffoli, j. 2-2-2011, P, DJE de 6-5-2011, Tema 107.]
MO
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MA
52989

Vide ADI 939, rel. min. Sydney Sanches, j. 15-12-1993, P, DJ de 18-3-1994

RA
Art. 85 da Constituição do Estado de Rondônia, que elevou para treze o número de desembargadores do

I
RE
Tribunal de Justiça. Ofensa manifesta ao princípio da iniciativa privativa, para o assunto, do Tribunal de

MO
Justiça, consagrada no art. 96, II, b, da CF, de observância imperiosa pelo poder constituinte derivado

NN
estadual, como previsto no art. 11 do ADCT/1988.

MA
[ADI 142, rel. min. Ilmar Galvão, j. 19-6-1996, P, DJ de 6-9-1996.]
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 3.279/1999 do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre o

LIS
cancelamento de multas de trânsito anotadas em rodovias estaduais em certo período relativas a

2K
determinada espécie de veículo. Inconstitucionalidade formal. (...) O cancelamento de toda e qualquer

93
infração é anistia, não podendo ser confundido com o poder administrativo de anular penalidades

78
irregularmente impostas, o qual pressupõe exame individualizado. Somente a própria União pode anistiar ou

25
75
perdoar as multas aplicadas pelos órgãos responsáveis, restando patente a invasão da competência privativa

07
da União no caso em questão. [ADI 2.137, rel. min. Dias Toffoli, j. 11-4-2013, P, DJE de 9-5-2013.]

CZ
A providência imposta pela lei estadual é inadequada porque a simples presença de um empacotador em
VI
supermercados não é uma medida que aumente a proteção dos direitos do consumidor, mas sim uma mera
IE
conveniência em benefício dos eventuais clientes. Trata-se também de medida desnecessária, pois a
RK

obrigação de contratar um empregado ou um fornecedor de mão de obra exclusivamente com essa


ZU

finalidade poderia ser facilmente substituída por um processo mecânico. Por fim, as sanções impostas
MA

revelam a desproporcionalidade em sentido estrito, 52989


eis que capazes de verdadeiramente falir um
A

supermercado de pequeno ou médio porte. Procedência da ação, para declarar a inconstitucionalidade da


IR
RE

Lei 2.130/1993, do Estado do Rio de Janeiro.


MO

[ADI 907, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 1º-8-2017, P, DJE de 24-11-2017.]


NN

8. CONSTITUIÇÕES NO BRASIL
MA
IS

8.1 Constituição de 1824


KL
32

Denominada Constituição Política do Império do Brasil, foi outorgada em 25 de março de 1824. Sob
89

forte influência da Constituição francesa de 1814, foi a constituição que durou mais tempo.
57

Características relevantes:
2
75

 Constituição semirrígida.
07

 Contava com importante rol de Direitos Civis e Políticos – apesar de a escravidão ter sido
CZ

mantida até 13 de maio de 1888.


VI


IE

Tutela da liberdade de locomoção (art. 179, VI, VIII e IX) e vedação da prisão arbitrária.
RK

Atenção! A Constituição de 1824 NÃO previa a garantia do “habeas corpus”.


ZU

 Forte centralismo administrativo e político.


MA

 Unitarismo e absolutismo.
 Governo monárquico, hereditário e representativo.
A
IR
RE
MO
N

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 Poder moderador - o art. 10 da Constituição do Império de 1824 estabelecia que “os Poderes

RA
Políticos reconhecidos pela Constituição do Império do Brasil são quatro: o Poder Legislativo,

I
RE
o Poder Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial”.

MO
Obs.1: De acordo com o Professor Pedro Lenza: O Imperador, que exercia o Poder

NN
Moderador, no âmbito do Legislativo, nomeava os Senadores, convocava a Assembleia Geral

MA
extraordinariamente, sancionava e vetava proposições do Legislativo, dissolvia a Câmara dos
Deputados, convocando imediatamente outra, que a substituía. No âmbito do Executivo,

LIS
nomeava e exonerava livremente os Ministros de Estado. E, por fim, no âmbito do Judiciário,

2K
suspendia os Magistrados.

93
Obs.2: função executiva era exercida pelo Imperador (Chefe do Executivo), através dos

78
Ministros de Estado. Contudo, em 1841 foi instituído o parlamentarismo monárquico

25
75
(reinado de Dom Pedro II).

07
 Eleições para o Legislativo eram feitas de forma indireta.

CZ
 Sufrágio: pautado nas condições econômico-financeiras dos titulares (tanto para votar
quanto para ser votado). VI
IE
 Órgão de cúpula do Judiciário: Supremo Tribunal de Justiça.
RK
ZU

8.2 Constituição de 1891


MA

52989
A

Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, sob forte influência da Constituição norte-americana de


IR
RE

1787, consistiu na primeira Constituição da REPÚBLICA do Brasil e vigorou até 1930 – tendo sido reformada
MO

em 1926.
Características relevantes:
NN

 Constituição rígida.
MA

 Estabelecimento das seguintes cláusulas pétreas: forma republicano-federativa e igualdade


IS

da representação dos Estados e Senado.


KL

 Expressa previsão do “habeas corpus”.


32

 Aboliu as penas de banimento e de morte (com ressalva das disposições da lei militar em
89

tempo de guerra).
57


2

Consagrou o sistema de governo presidencialista.


75

 Consagrou o Estado federal.


07

 A forma de governo republicana substitui a monárquica.


CZ

 Declaração da união perpétua e indissolúvel das antigas Províncias, vedando-se, portanto, a


VI
IE

secessão.
RK


52989
EXTINÇÃO do Poder Moderador e adoção da teoria tripartida de Montesquieu.
ZU

 Poder Legislativo exercido pelo CN, com sanção do PR, composto por duas Casas (fixa-se o
MA

bicameralismo federativo).

A

Poder Executivo: exercido pelo PR, eleito através de sufrágio direto, para mandato de 4 anos,
IR

vedada a reeleição para o período subsequente.


RE
MO
N

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
Obs.: o Professor Pedro Lenza alerta que “nos termos do art. 1.º das Disposições Transitórias

RA
da Constituição de 1891, muito embora a previsão e conquista das eleições diretas, que a

I
RE
primeira eleição da República foi indireta, pelo Congresso52989
Nacional, elegendo-se o Presidente

MO
Marechal Deodoro da Fonseca e o Vice-Presidente dos Estados Unidos do Brasil Marechal

NN
Floriano Peixoto”.

MA
Ministros de Estado eram nomeados e exonerados de forma livre (“ad nutum”).
 Poder Judiciário: órgão máximo denominado Supremo Tribunal Federal.

LIS
 A reforma ocorrida em 1926 centralizou o poder e restringiu a autonomia dos Estados.

2K
93
• GOVERNO PROVISÓRIO

78
25
Atenção! O fim da denominada “República Velha” se dá com a Revolução de 1930, onde foi instituído

75
o Governo Provisório (exercido até a promulgação do texto de 1934) – com Getúlio Vargas no poder.

07
Tal governo foi instituído pelo Decreto 19.398 de 11 de novembro de 1930, sendo pertinente

CZ
destacar o seguinte:
VI
IE
Art. 1º O Governo Provisório exercerá discricionariamente, em toda sua plenitude,
RK

as funções e atribuições, não só do Poder Executivo, como tambem (sic) do Poder


ZU

Legislativo, até que, eleita a Assembléia (sic) Constituinte, estabeleça esta a


MA

reorganização constitucional52989
do país;
A

Parágrafo único. Todas as nomeações e demissões de funcionários ou de


IR
RE

quaisquer cargos públicos, quer sejam efetivos, interianos (sic) ou em comissão,


MO

competem exclusivamente ao Chefe do Governo Provisório.


NN

Além disso, houve a dissolução do CN, das Assembleias Legislativas dos Estados,
MA

Câmaras/Assembleias Municipais e demais órgãos legislativos ou deliberativos “existentes nos Estados, nos
IS

municípios, no Distrito Federal ou Território do Acre, e dissolvidos os que ainda o não tenham sido de fato”
KL

(art. 2º).
32

Destaca-se ainda a nomeação de um Interventor federal para cada Estado, com controle também
89

sobre os Municípios. Os atos do Governo Provisório eram materializados através de decretos expedidos pelo
57

Chefe do Governo e subscritos pelo ministro respectivo (art. 17).


2
75

Por outro lado, durante o Governo Provisório foi decretado o Código Eleitoral (e instituída a Justiça
07

Eleitoral), onde adotou-se o voto feminino e o sufrágio universal, direto e secreto (previstos em Decreto,
CZ

ainda não constitucionalizados).


VI
IE
RK

8.3 Constituição de 1934


ZU
MA

Fortemente influenciada pela Constituição de Weimar (Alemanha), verificou-se destaque para os


direitos humanos de 2ª geração e a perspectiva de um Estado social de direito. A Constituição de 1934
A
IR

perdurou por curto espaço de tempo (até 1937).


RE

Características relevantes:
MO

 Constituição rígida.
N

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KL
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
 Mantidas a República, a federação, a tripartição de poderes, o presidencialismo e o regime

RA
representativo.

I
RE
 Forma republicana federativa fixada como cláusula pétrea.

MO
 Constitucionalização do voto feminino e do voto secreto.

NN
 Prestigiou a legislação trabalhista e a representação classista.

MA
 Passou a prever o mandado de segurança e a ação popular.

LIS
A Constituição ganhou novos títulos como, por exemplo, a ordem econômica e social; família;
educação e cultura; e segurança nacional.

2K
 Passou-se a admitir o casamento religioso com efeitos civil e facultou-se o ensino religioso

93
nas escolas públicas.

78
25
 Previsão de “Deus” no preâmbulo (apesar da inexistência de religião oficial).

75
 Rompimento do bicameralismo rígido/paritário, estabelecendo-se um bicameralismo

07
desigual (ou unicameralismo imperfeito) uma vez que o Senado atuava como mero

CZ
colaborador da Câmara dos Deputados.
 VI
O professor Pedro Lenza destaca a influência do facismo na Constituição de 1934,
IE
RK

mencionando que “a Câmara dos Deputados compunha-se de representantes do povo,


eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto, e de
ZU

representantes eleitos pelas organizações profissionais na forma que a lei indicasse


MA

(representação corporativa de influência


52989 fascista)”.
A


IR

O Presidente da República exercia o Poder Executivo, com auxílio dos Ministros de Estado.
RE

Obs.: os Ministros passaram a ter responsabilidade pessoal e solidária com o Presidente da


MO

República.
 Órgãos do Poder Judiciário: Corte Suprema; Juízes e Tribunais federais; Juízes e Tribunais
NN

militares; Juízes e tribunais eleitorais.


MA

52989
IS

8.4 Constituição de 1937


KL
32

Marcada por ideais autoritários e fascistas, instalou a ditadura no país (Estado Novo), apelidada de
89
57

“Polaca”.
2

Características relevantes:
75


07

O Parlamento foi fechado e o Governo manteve controle (domínio) do Judiciário.


 Enfraquecimento dos direitos fundamentais.
CZ


VI

Extinção da Justiça Eleitoral e dissolução dos partidos políticos (pelo Decreto-lei 37, de
IE

02.12.1937).
RK

 Nacionalização formal da economia - Estado centralizador atuando diretamente na


ZU

economia (apesar disso houve crescimento no setor).


MA

 Consolidação das Leis do Trabalho e direitos sociais (ex.: salário mínimo). Apesar disso, a
A

greve e o “lockout” foram proibidos.


IR

 República como forma de governo, e a forma de Estado é federal, mantida a divisão política
RE

e territorial.
MO
N

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MA
 O país segue sendo laico, contudo, deixa de ser invocada a “proteção de Deus” na

RA
Constituição (preâmbulo).

I
RE
 Mantida, em tese, a tripartição de poderes. Contudo, houve o esvaziamento dos poderes

MO
Legislativo e Judiciário.

NN
 O Senado Federal deixou de existir, sendo o Parlamento Nacional composto pela Câmara

MA
dos Deputados e pelo Conselho Federal.

LIS
Conforme menciona o Professor Pedro Lenza:

2K
“Cabe alertar, no entanto, que, segundo o art. 178, foram dissolvidos a Câmara dos

93
Deputados, o Senado Federal, as Assembleias Legislativas dos Estados e as Câmaras

78
25
Municipais, marcando-se eleições futuras para o novo Parlamento. Enquanto não

75
se reunisse o Parlamento nacional, o Presidente da República tinha o poder de

07
expedir decretos-leis sobre todas as matérias da competência legislativa da União.

CZ
Na prática, o Legislativo nunca chegou a se instalar”.
VI
IE
 Presidente da República era a autoridade suprema do Estado.
RK

 Órgãos do Poder Judiciário (que, repita-se, foi esvaziado): Supremo Tribunal Federal; Juízes
ZU

e Tribunais dos Estados, do DF e dos Territórios; e Juízes e Tribunais Militares.


MA

 Restrição da manifestação do pensamento


52989
(censura prévia).
A


IR

Admitida a pena de morte para crimes políticos e homicídio “cometido por motivo fútil e
RE

com extremos de perversidade”.


MO

 Declaração do estado de emergência (revogado apenas em 1945) e a consequente suspensão


de direitos e garantias individuais.
NN

 Utilização da tortura como instrumento de repressão.


MA

 Possibilidade de declaração do “estado de guerra”.


IS
KL

8.5 Constituição de 1946


32
89
57

Getúlio Vargas foi expulso do poder (deposto pelas Forças Armadas), pelos Generais Gaspar Dutra e
2

Góis Monteiro. Entre 29.10.1945 e 31.01.1946 o exercício do Poder Executivo ficou a cargo do Ministro
75

Presidente do STF, José Linhares. Após, e mediante eleição (voto direto), o General Gaspar Dutra assumiu a
07

Presidência da República.
CZ

O texto constitucional, promulgado em 18.09.1946, visava a redemocratização do País,52989inspirando-


VI
IE

se “nas ideias liberais da Constituição de 1891 e nas ideias sociais da de 1934. Na ordem econômica, procurou
RK

harmonizar o princípio da livre-iniciativa com o da justiça social” (Lenza).


ZU

Características relevantes:
MA

 Forma de governo republicana e forma de Estado federativa.



A

País continuou leigo, mas houve menção à expressão “Deus” no preâmbulo.


IR

 Restabelecida a teoria da tripartição dos Poderes.


RE

 Ressurge o bicameralismo, sendo o Poder Legislativo exercido pelo CN (CD + SF).


MO
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MA
 Constitucionalização dos partidos políticos, vedada a organização, registro ou

RA
funcionamento quando contrariassem o regime democrático.

I
RE
 Estrutura do Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal; Tribunal Federal de Recursos; Juízes

MO
e Tribunais militares; Juízes e Tribunais eleitorais; Juízes e Tribunais do trabalho.

NN
 Restabelecidos o mandado de segurança e a ação popular.

MA
Consagrado o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.

LIS
Vedação às penas de morte (salvo previsão na legislação militar, em tempo de guerra),
banimento, confisco e a pena de caráter perpétuo.

2K
 Reconhecido o direito de greve.

93
 Parlamentarismo foi aprovado pelo CN em 02.09.1961 mas, após referendo realizado em

78
25
06.01.1963 retornou-se ao presidencialismo.

75
07
• GOLPE MILITAR DE 1964

CZ
O movimento militar de 1964 derrubou Jango da Presidência da República. Com isso, conforme
VI
leciona a doutrina, a Constituição de 1946 foi suplantada pelo Golpe Militar uma vez que existia formalmente,
IE
mas o país era governado pelos Atos Institucionais e Complementares.
RK

Obs.1: O AI 1 teve como auto Francisco Campos (que também elaborou a Constituição de 1937).
ZU

Obs.2: O CN foi fechado no ano de 1966 e reaberto para aprovação da Constituição de 1967 (AI 4/66).
MA

52989
A
IR

8.6 Constituição de 1967


RE
MO

Há discussão em sede doutrinária se a Constituição de 1967 foi outorgada ou promulgada. Conforme


lição do Professor Pedro Lenza:
NN
MA

“(...) preferimos dizer que o texto de 1967 foi outorgado unilateralmente (apesar
IS

de formalmente votado, aprovado e “promulgado”) pelo regime ditatorial militar


KL

implantado”.
32
89

Características relevantes:
57


2

Alta concentração de poder no âmbito federal, com esvaziamento dos Estados e Municípios.
75

 Forte preocupação com a segurança nacional.


07

 Forma de governo republicana e forma de Estado federativa. Crítica: “o que se percebeu foi
CZ

um duro “golpe” no federalismo, mais se aproximando de um Estado unitário centralizado


VI
IE

do que federativo” (Lenza).


RK

 País continuou leigo, mas houve menção à expressão “Deus” no preâmbulo.


ZU

 Mantida a tripartição dos Poderes (em tese) mas as competências estavam concentradas no
MA

Poder Executivo. 52989


A

Poder Legislativo composto pela CD + SF – em que pese a diminuição de competências.


IR
RE
MO
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
 Presidente da República legislava através de decretos-leis, podendo ser editados em

RA
situações de urgência ou interesse público relevante – desde que não resultassem em

I
RE
aumento de despesa sobre segurança nacional ou finanças públicas.

MO
Obs.: os decretos-lei, uma vez publicados, deveriam ser aprovados em 60 dias pelo CN (não

NN
sendo possível a emenda do texto). Contudo, se não fosse apreciado no prazo mencionado,

MA
haveria aprovação por decurso de prazo.
 Composição do Poder Judiciário:

LIS
- Poder Judiciário da União: Supremo Tribunal Federal; Tribunal Federal de Recursos e

2K
Juízes Federais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais 52989
e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes

93
do Trabalho.

78
- Havia previsão de Justiça Estadual.

25

75
Possibilidade de suspensão de direitos políticos por 10 anos.

07
 Possibilidade de perda da propriedade para fins de reforma agrária, mediante pagamento

CZ
de indenização com títulos da dívida pública.
VI
IE
➔ O AI-5, de 13.12.1968 perdurou até 17.10.1978 (revogado pela EC n. 11). Quando o AI-5 foi
RK

baixado (por Costa e Silva), o CN foi fechado e assim ficou por mais de 10 meses.
ZU
MA

8.7 EC n. 1/1969 52989


A
IR
RE

Foi baixada por Militares e é considerada a manifestação de um novo poder constituinte originário,
MO

uma vez que “constitucionalizada a utilização dos Atos Institucionais”, mantendo todos em vigor. Além disso,
o mandato do PR foi aumentado para 5 anos e foi mantida a eleição indireta.
NN
MA

INÍCIO DA REDEMOCRATIZAÇÃO
IS
KL

• Apenas com o pacote de junho de 1978 o AI-5 foi totalmente revogado e suspensas as
32

medidas que, com base em tais disposições, cassaram direitos políticos. Além disso, passou-
89

se a prever a impossibilidade de suspensão do Congresso Nacional pelo PR.


57


2

Lei da Anistia – Lei 6.683/1979 – concedeu anistia para aqueles que, entre 02.09.1961 e
75

15.08.1979 cometeram crimes políticos ou conexos com estes, crimes eleitorais, aos que
07

tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta,
CZ

de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e


VI

Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento
IE
RK

em Atos Institucionais e Complementares.


ZU

• Reforma Partidária – Lei 6.767/1979 – regulamentação do pluripartidarismo (fim do


MA

bipartidarismo).
• Primeiro governo civil após o movimento militar de 1964: em 1985 Tancredo Neves foi
A
IR

eleito (por voto indireto) ao cargo de Presidente da República. No entanto, veio a falecer
RE

antes de sua posse, de modo que o Vice-Presidente José Sarney assumiu a Presidência
MO

(15.03.1985 a 15.03.1990).
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8.8 Constituição de 1988

I
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Apelidada “Constituição Cidadã”, em virtude da participação popular notória durante a sua

NN
elaboração, foi promulgada em 5 de outubro de 1988.

MA
Características relevantes:
 Constituição rígida

LIS
 Ampliação do pluripartidarismo.

2K
 Erradicação da censura à imprensa.

93
 Consolidação do sindicalismo e grandes centrais (CUT e CGT). Além disso, houve ampliação

78
25
dos direitos dos trabalhadores.

75
 Manutenção da república constitucional e do sistema presidencialista de governo (via

07
plebiscito do art. 2º ADCT).

CZ
 Fortemente influenciada pela Constituição portuguesa de 1976.
 VI
Forma de Estado: Federação, com ampliação da autonomia administrativa e financeira dos
IE
entes.
RK

 Brasil é um país laico, em que pese a expressão “Deus” no preâmbulo.


ZU


52989
Adoção da teoria tripartida de Montesquieu e da técnica dos freios e contrapesos
MA

(diminuindo a supremacia do Poder Executivo).


52989
A


IR

Bicameralismo no Poder Legislativo – CD (representantes do povo) + SF (representantes dos


RE

Estados-Membros e do DF).
MO

 Executivo é exercido pelo PR e Vice, com auxílio dos Ministros de Estado.


 São órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; o Conselho Nacional de Justiça;
NN

o Superior Tribunal de Justiça; o Tribunal Superior do Trabalho; os Tribunais Regionais


MA

Federais e Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais;


IS

os Tribunais e Juízes Militares; os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e


KL

Territórios.
32

Obs.: a CF/88 criou o STJ com o fim de uniformizar e interpretar lei federal em todo o país,
89
57

consistindo em órgão de convergência da Justiça comum.


2

 Tornou o racismo e tortura como crimes inafiançáveis.


75


07

Controle das omissões legislativas pela primeira vez: MI no controle difuso e ADI por omissão
no controle concentrado.
CZ


VI

Introduziu-se a ADPF.
IE

 Previsão, pela primeira vez, do mandado de segurança coletivo e do “habeas data”.


RK

 Previsão, pela primeira vez, de um capítulo sobre “meio ambiente”.


ZU

 Separação (desvinculação) da Ordem Econômica e da Ordem Social.


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Referência Bibliográficas:
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Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.

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Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.

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Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.

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META 5

RAI
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DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS

MO
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TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

MA
CRFB/88

LIS
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX

2K
⦁ Art. 5º, LV

93
⦁ Art. 37, caput e §1º

78
⦁ Art. 37, VII

25
⦁ Art. 93, IX

75
⦁ Art. 41

07
⦁ Art. 169, §3º

CZ
OUTROS DIPLOMAS LEGAIS VI
IE
RK

⦁ Art. 11, IV, Lei 8429/92


ZU

⦁ Art. 6º, 32 e 37 da lei 8987/95


MA

⦁ Art. art. 5º e 104 da Lei 14133/21


⦁ Art. 2º, 50, 53 e 54 da Lei 9784/99 52989
A
IR
RE

52989
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
MO

⦁ Art. 37, caput e §1º, CF/88 (importantíssimo!)


NN

⦁ Art. 5º, LV e LX

MA

Art. 6º, §1º e §3º lei 8987/95


⦁ Art. 2º, caput da Lei 9784/99 (análise comparativa com o art. 37, caput, da CF/88 e art. 5º da Lei
IS
KL

14133/21)

32

Art. 53 da Lei 9784/99


89
57

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


2
75

Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão
07

de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma
CZ

subsidiária, aos Estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria.
VI

Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
IE

por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
RK

jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ZU

ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer
MA

dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
A

designações recíprocas, viola a Constituição Federal.


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Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam

RA
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,

I
RE
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

MO
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

NN
MA
1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

LIS
52989
O Direito Administrativo compõe o ramo do Direito Público, pois tem como características e

2K
princípios marcantes a supremacia do interesse público (relações jurídicas verticalizadas), a

93
indisponibilidade do interesse público e a legalidade.

78
Segundo a autora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o Direito Administrativo nasceu no fim do século

25
75
XVIII e início do século XIX, não significando que inexistia, anteriormente, normas administrativas, uma vez

07
que, onde quer que exista o Estado, há órgãos encarregados do exercício de funções administrativas.

CZ
Rafael Carvalho aponta que o nascimento do Direito Administrativo se relaciona diretamente à
VI
consagração dos ideais da Revolução Francesa de 1789 e ao surgimento do Estado de Direito. A partir dos
IE
ideais liberais revolucionários da burguesia (separação de poderes, princípio da legalidade e Declaração dos
RK

Direitos do Homem e do Cidadão), o poder estatal é limitado e o Direito Administrativo é concebido como
ZU

ramo especial do Direito, ao lado do Direito Privado, regulador das relações envolvendo o Estado e o exercício
MA

das atividades administrativas. 52989


A

Nesse sentido, o Estado é pessoa jurídica de direito público, ainda quando atue na seara do direito
IR
RE

privado. Logo, o Estado pode atuar tanto no direito público quanto no direito privado, no entanto, sempre
MO

ostenta a qualidade de PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.


O Direito Administrativo tem por objeto as relações por ele disciplinadas, a saber:
NN

a) relações internas entre órgãos e entidades administrativas;


MA

b) relações entre a administração e seus agentes;


IS

c) relações entre a administração e os seus administrados;


KL

d) atividades administrativas exercidas por prestadores de serviços públicos.


32
89

2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO


57
2
75

● Administração Patrimonialista: Não havia diferença entre os interesses pessoais dos agentes
07

públicos e os interesses da própria administração.


CZ

● Administração Burocrática: Superou o patrimonialismo ao adotar o princípio da impessoalidade.


VI

Foram criados rígidos controles sobre a atuação dos agentes públicos. Formou-se a burocracia, em
IE
RK

que os agentes públicos devem obedecer aos procedimentos determinados, à rígida hierarquia e à
ZU

separação de funções.
MA

● Administração Gerencial: É o modelo adotado na Administração moderna. Busca superar o modelo


burocrático por meio da adoção do princípio da eficiência, que tem as seguintes consequências
A
IR

principais:
RE

∘ Utilização do controle de resultados substituindo o controle de meios;


MO

∘ Maior autonomia dos agentes/órgãos/entidades públicas;


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∘ Serviço orientado para o cidadão;

RA
∘ Utilização de indicadores de desempenho.

I
RE
MO
Administração Pública Dialógica: Segundo Ronny Charles, Administração pública dialógica é uma tendência

NN
identificada em algumas atividades administrativas, notadamente na prestação de serviços públicos e
52989

MA
contratações de grandes empreendimentos, que consiste na abertura de diálogo com os administrados,
permitindo que eles colaborem para o aperfeiçoamento ou a legitimação da atividade administrativa.

LIS
2K
3. INFLUÊNCIAS DO DIREITO ESTRANGEIRO

93
78
25
Como é um tema que, às vezes cai em prova e ajuda a resolver determinadas questões, é importante

75
abrir um tópico rápido acerca das influências do direito estrangeiro no direito administrativo brasileiro.

07
CZ
● Direito alemão - o direito administrativo brasileiro herdou a inspiração para aplicação do princípio da
VI
segurança jurídica, especialmente sob o aspecto subjetivo da proteção à confiança.
IE
RK

● Direito francês - herdou o conceito de serviço público, a teoria dos atos administrativos com o atributo
ZU

da executoriedade, as teorias sobre responsabilidade civil do Estado, o princípio da legalidade, a teoria


MA

dos contratos administrativos, as formas de delegação


52989
da execução de serviços públicos, a ideia de que
A

a Administração Pública se submete a um regime jurídico de direito público, derrogatório e exorbitante


IR
RE

do direito comum, que abrange o binômio autoridade/liberdade.


MO

● Direito italiano - recebeu o conceito de mérito, o de autarquia e entidade paraestatal (dois vocábulos
NN

criados no direito italiano). Os autores italianos (ao lado dos alemães) também contribuíram para a
MA

adoção de um método técnico-científico.


IS
KL

● Direito inglês (sistema da common law) - o direito administrativo brasileiro herdou o princípio da
32

unidade de jurisdição, o mandado de segurança e o mandado de injunção, o princípio do devido


89

processo legal, inclusive, mais recentemente, em sua feição substantiva, e que praticamente se
57
2

confunde com o princípio da razoabilidade. No fim do século XX, também herdou do sistema common
75

law o fenômeno da agencificação e a própria ideia de regulação.


07
CZ

4. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
VI
IE
RK

O direito administrativo é ramo jurídico, e como tal, se dedica ao estudo das regras e normas, sendo
ZU

caracterizada como ciência normativa e impositiva, que define os limites dentro dos quais a gestão pública
MA

pode ser executada. Várias foram as correntes/teorias que buscaram definir o direito administrativo. Nessa
linha, vejamos as principais delas:
A
IR
RE
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MA
a) Corrente Legalista/Exegética/Empírica: O direito administrativo seria o conjunto da legislação

RA
administrativa existente no país. Limitava-se a fazer compilação de leis que tratassem da função

I
RE
administrativa e desconsiderava doutrina e jurisprudência.

MO
NN
Crítica: A grande crítica do critério legalista foi desconsiderar a carga normativa dos princípios. Dessa forma,

MA
só era valorado o que estivesse em lei.

LIS
b) Critério do Poder Executivo/Italiano/Subjetivista: O Direito Administrativo seria um complexo de leis

2K
disciplinadoras da atuação do poder executivo. Assim, o objeto do direito administrativo seria toda

93
atuação do Poder Executivo.

78
25
75
Crítica: O Direito Administrativo não se resume à disciplina do Poder Executivo, afinal, todos os Poderes

07
administram, embora, para alguns, isso constitua missão atípica. E mais: no Poder Executivo, nem tudo é

CZ
objeto do Direito Administrativo, a exemplo das funções de governo, regidas pelo Direito Constitucional.
VI
IE
RK

c) Critério das Relações Jurídicas: O Direito Administrativo é a disciplina das relações jurídicas entre a
Administração e o particular. Assim, todas as relações entre o Estado e o administrado seriam função
ZU

administrativa.
MA

52989
A
IR

Crítica: Outros ramos do direito, de igual modo, regulam a relação jurídica entre particular e Estado, por
RE

exemplo, os contratos privados pactuados que são regidos pelo direito civil.
MO

52989
NN

d) Critério do Serviço Público (França): O Direito Administrativo teria por objetivo a disciplina jurídica dos
serviços públicos. Ou seja, a função administrativa seria a instituição, organização e prestação do serviço
MA

público. → Escola do Serviço Público (Leon Duguit).


IS
KL

● Sentido amplo (Leon Duguit): Inclui todas as atividades do Estado;


● Sentido estrito (Gaston Jeze): Inclui apenas atividades materiais (leia-se: aquelas de dentro para
32
89

fora, com a finalidade de satisfação das necessidades coletivas).


257
75

Crítica: O referido conceito é bastante restrito, porque, na atualidade, a ideia de prestação de serviço público
07

vem sofrendo restrições, de modo que a administração pública não se limita tão somente à execução dessa
CZ

prestação. O Estado faz muitas atividades além da mera prestação do serviço público, sendo este último
VI

apenas uma das facetas. Por exemplo, atua na exploração de atividade econômica na busca do interesse
IE

público.
RK
ZU

e) Critério Teleológico ou Finalístico: O Direito Administrativo é sistema de princípios jurídicos que regula
MA

as atividades do Estado para o cumprimento dos seus fins. Assim, o Direito Administrativo deve ser
A

conceituado como toda atuação do Estado com finalidade pública.


IR
RE
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Crítica: Essa posição apresenta-se como a mais correta, porém não consegue abranger integralmente o

RA
conceito da matéria, de forma que não é adotada de forma majoritária.

I
RE
MO
f) Critério Negativista: Esse critério surgiu da dificuldade de identificar o objeto do Direito Administrativo.

NN
Assim, o Direito Administrativo seria conceituado por exclusão, abrangendo tudo que não era função

MA
legislativa e jurisdicional.

LIS
2K
Crítica: Não é adequado definir algo pelo que ele não é. Embora não tenha um erro grosseiro, este critério
não pode ser usado como forma de conceituação do direito administrativo

93
78
25
g) Critério Funcional: O Direito Administrativo é ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina da função

75
administrativa, esteja ela sendo exercida pelo Executivo, Legislativo, Judiciário ou por delegação estatal.

07
CZ
Segundo Hely Lopes Meirelles, o direito administrativo pode ser definido como conjunto harmônico
VI
de princípios que regem os órgãos, os agentes e a atividade pública para realização dos fins desejados pelo
IE
RK

Estado de forma DIRETA, CONCRETA e IMEDIATA.


● Direta: Não se confunde com a função jurisdicional, que é indireta por depender de provocação.
ZU

Desse modo, ao se falar que a atuação é direta, quer-se dizer que ela atua de ofício, não dependendo
MA

de provocação. Reitero: NÃO depende de provocação


52989 para que haja atuação administrativa, ela é
A
IR

DIRETA.
RE

● Concreta: Diferente da legislativa, que é geral e abstrata (não atinge pessoas específicas), a função
MO

administrativa é concreta porque se materializa em casos concretos.


● Imediata: Realiza os fins do Estado (necessidades do Estado). Quem define os fins do Estado, por sua
NN

52989

vez, é o Direito Constitucional.


MA
IS

5. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO
KL
32

A expressão Administração Pública pode ser analisada sob seu aspecto formal/subjetivo/orgânico ou
89
57

sob seu aspecto material/objetivo/funcional.


2
75

a) Formal, Orgânico ou Subjetivo: É o conjunto de órgãos, agentes públicos e pessoas jurídicas no


07

exercício da função administrativa. Importa apenas quem realiza a atividade, sendo irrelevante qual
CZ

a atividade por eles desempenhada. É a máquina administrativa.


VI
IE
RK

b) Material, Funcional ou Objetivo: Se confunde com função administrativa, sendo a atividade


ZU

administrativa exercida pelo Estado, designando a atividade consistente na defesa concreta do


MA

interesse público.
A
IR
RE
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● A Administração Pública, em sentido amplo, objetivamente considerada, compreende a função

RA
política + função administrativa. Já em sentido estrito, envolve tão somente a função administrativa

I
RE
propriamente dita.

MO
NN
Como o tema foi cobrado

MA
(CESPE/2011/PC-ES/Delegado de Polícia): Em sentido material ou objetivo, a administração pública
compreende o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas encarregadas, por determinação legal, do exercício da

LIS
função administrativa do Estado. Item errado.

2K
93
(CESPE/2018/PC-PE/Delegado de Polícia): Considerando os princípios e fundamentos teóricos do direito

78
administrativo, assinale a opção correta.

25
75
A. As empresas públicas e as sociedades de economia mista, se constituídas como pessoa jurídica 52989
de direito

07
privado, não integram a administração indireta.

CZ
B. Desconcentração é a distribuição de competências de uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo
VI
que descentralização é a distribuição de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da
IE
sua organização hierárquica.
RK

C. Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o poder público faça tudo o que não estiver
ZU

expressamente proibido pela lei.


MA

D. A administração pública, em sentido estrito e subjetivo,


52989
compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e
A

os agentes públicos que exerçam função administrativa. (Item considerado correto).


IR
RE

E. No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição do sistema francês, o ingresso de ação judicial
MO

no Poder Judiciário para questionar ato do poder público é condicionado ao prévio exaurimento da instância
administrativa.
NN
MA

TAREFAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:


IS

➢ Prestação de serviços públicos;


KL

➢ Exercício do Poder de Polícia;


32


89

Regulação de atividades de interesse público (fomento);


57

➢ Intervenção no domínio econômico e controle da atuação do Estado.


2
75
07

Resumindo...
CZ

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO


VI

FORMAL, ORGÂNICO OU SUBJETIVO MATERIAL, FUNCIONAL OU OBJETIVO


IE
RK

Conjunto de órgãos e agentes no exercício da É a própria atividade administrativa


ZU

função administrativa. desempenhada pelo Estado.


MA
A
IR

5.1 Administração Pública Extroversa e Introversa


RE
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O autor Diogo de Figueiredo Moreira Neto diferencia esses termos da seguinte forma:

RA
I- Administração Introversa: corresponde à atividade-meio da Administração. É instrumental, atende

I
RE
ao interesse público secundário e não atinge diretamente os cidadãos. Logo, envolve as relações entre a

MO
Administração e seus agentes. Também é atribuída a todos os órgãos administrativos;

NN
II- Administração Extroversa: corresponde à atividade-fim da Administração. É finalística, atende ao

MA
interesse público primário e atinge diretamente os cidadãos. Logo, envolve as relações entre a Administração
e os particulares. É atribuída apenas aos entes políticos. Exemplo: poder de polícia.

LIS
52989

2K
6. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

93
78
A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo do Direito, quais

25
75
sejam: a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os costumes.

07
CZ
▪ LEI – Fonte Primária – qualquer espécie normativa (lei em sentido amplo);
· A lei é a fonte primária do direito administrativo, pois inova no ordenamento jurídico. A
VI
IE
atuação administrativa tem que ser pautada pela lei, pois só existe a atuação do
RK

administrador se houver permissivo legal nesse sentido (princípio da legalidade).


ZU

· Em se tratando de Direito Administrativo, a lei deve ser interpretada em sentido amplo, de


MA

modo a abarcar não só a lei em sentido estrito, mas também as normas constitucionais, os
52989
A

regulamentos administrativos e os tratados internacionais. O administrador público deve


IR

obediência à lei e ao Direito (princípio da juridicidade).


RE
MO

▪ JURISPRUDÊNCIA – Fonte Secundária – julgamentos reiterados no mesmo sentido. Súmula é a


NN

consolidação da jurisprudência.
MA

· A jurisprudência se traduz na reiteração de julgados dos órgãos do judiciário, travando uma


IS

orientação acerca de determinada matéria. Trata-se de fonte secundária do Direito


KL

Administrativo, de grande influência na construção e consolidação desse ramo.


32
89

▪ DOUTRINA – Fonte Secundária – forma o sistema teórico de princípio aplicável ao Direito Positivo.
57

· É fonte secundária. Refere-se à lição dos mestres e estudiosos da matéria, ensejando a


2
75

formação de arcabouço teórico. É fonte interpretativa. Expõe uma interpretação sobre


07

determinada matéria ou lei, ao estabelecer o que provavelmente buscava, ou seja, sua


CZ

razão/sentido.
VI
IE
RK

▪ PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – estão na base da disciplina (alicerce). Ex..: Ninguém pode causar
dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
ZU
MA

▪ COSTUMES – Práticas reiteradas da autoridade administrativa. Lembre-se que o costume não cria e
A
IR

nem exime obrigação.


RE

· Elementos do costume:
MO

- Elemento objetivo: repetição de condutas;


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MA
- Elemento subjetivo: convicção de sua obrigatoriedade.

RA
· Espécies de costumes:

I
RE
- Secundum legem: previstos ou admitidos pela lei;

MO
- Praeter legem: preenchem as lacunas normativas, possuindo caráter subsidiário;
52989

- Contra legem: se opõem à norma legal.

NN
MA
Obs.: Para o autor Rafael Carvalho, “ressalvado o costume contra legem, o costume é fonte

LIS
autônoma do Direito Administrativo. A releitura do princípio da legalidade, com a superação do positivismo,

2K
a textura aberta de algumas normas jurídicas e a necessidade de consideração da realidade social na

93
aplicação do Direito demonstram que os costumes devem ser considerados como fontes do Direito

78
Administrativo”, pg. 25.

25
75
07
COSTUME SOCIAL COSTUME ADMINISTRATIVO

CZ
De acordo com o autor Matheus Carvalho, “os Na dicção do autor Matheus Carvalho: “o costume
costumes sociais se apresentam como um VI
administrativo é caracterizado como prática
IE
conjunto de regras não escritas, que são, reiteradamente observada pelos agentes
RK

todavia, observadas de modo uniforme por administrativos diante de determinada situação


ZU

determinada sociedade, que as considera concreta. A prática comum na Administração Pública é


MA

obrigatórias. Ainda considera-se fonte admitida em casos de lacuna normativa e funciona como
52989
A

relevante do Direito Administrativo, tendo em fonte secundária de Direito Administrativo, podendo


IR
RE

vista a deficiência legislativa na matéria”. gerar direitos para os administrados, em razão dos
princípios da lealdade, boa-fé, moralidade
MO

administrativa, entre outros”.


NN
MA

▪ PRECEDENTES ADMINISTRATIVOS – Pressupõem a prática reiterada e uniforme de atos


IS

administrativos em situações similares. A teoria dos precedentes administrativos é aplicada em


KL

relações jurídicas que, apesar de distintas, apresentam identidade subjetiva e objetiva.


32
89

A força vinculante do precedente administrativo decorre da segurança jurídica, e pode ser afastada
57

pela Administração em duas situações em que se pode aplicar a TEORIA DO PROSPECTIVE OVERRULING:
2
75

● Quando o ato invocado pelo precedente for ilegal;


07

● Quando o interesse público, devidamente motivado, justificar a alteração do entendimento


CZ

administrativo.
VI

O precedente administrativo, em princípio, só é exigível quando estiver em compatibilidade com a


IE
RK

legislação. Porém, excepcionalmente, mesmo em relação a atos ilegais, os precedentes administrativos


ZU

retiram a sua força vinculante dos princípios da legítima confiança, segurança jurídica e boa-fé.
MA

Importante mencionar, quanto aos precedentes administrativos, o disposto no art. 30 da LINDB, com
a redação dada pela Lei 13.655/2018:
A
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MA
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica

RA
na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas

I
RE
administrativas e respostas a consultas.

MO
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter

NN
vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

MA
Resumindo...

LIS
FONTE PRIMÁRIA 1) Lei - em sentido material/amplo: qualquer espécie normativa

2K
1) Jurisprudência

93
FONTES 2) Doutrina

78
SECUNDÁRIAS 3) Costumes - secundum legem e praeter legem

25
75
4) Princípios Gerais do Direito

07
CZ
1) Constituição
FONTES FORMAIS 2) Lei VI
IE
3) Regulamento e outros atos normativos da Administração
RK

Pública
ZU

5) Jurisprudência (sem efeito vinculante)


MA

FONTES MATERIAIS 6) Doutrina 52989


A

7) Costumes - secundum legem e praeter legem


IR
RE

8) Princípios Gerais do Direito


MO

7. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO


NN
MA

A interpretação do Direito Administrativo deve se pautar em 3 (três) pressupostos básicos, quais


IS

sejam:
KL
32

(1) Desigualdade entre a administração e o particular (desigualdade jurídica) - Toda vez que se
89

interpreta uma norma do direito administrativo, deve-se recordar que existe uma desigualdade
57
2

jurídica, visto que a Administração atua com supremacia em face ao particular (princípio da
75

supremacia do interesse público sobre o privado).


07

(2) Presunção de legitimidade dos atos praticados pela Administração - Os atos praticados pela
CZ

Administração são presumivelmente legítimos, ou seja, presume-se que foram praticados em


VI

conformidade com o ordenamento jurídico (lembre-se: a presunção de legitimidade e veracidade é


IE
RK

atributo do ato administrativo). Trata-se de presunção relativa.


ZU

(3) Necessidade de discricionariedade – A discricionariedade é indispensável para que o administrador


MA

possa concretizar a norma geral e abstrata prevista. Contudo, é uma discricionariedade


regrada/mitigada,52989
pois exercida dentro dos limites da lei.
A
IR
RE

Obs.: A analogia NÃO pode ser utilizada para fundamentar a aplicação de sanções ou gravames aos
MO

particulares, especialmente no campo do poder de polícia e do poder disciplinar.


N

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07
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
* Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a analogia não é permitida no Direito Administrativo, em razão do

RA
princípio da legalidade. Admitir a analogia seria permitir que a Administração impusesse uma obrigação não

I
RE
prescrita em lei.

MO
* Para Alexandre Santos de Aragão, é possível a utilização da analogia no Direito Administrativo quando a

NN
aplicação da regra com base na analogia for suficiente para regular determinado caso concreto e ao mesmo

MA
tempo atender às finalidades da Constituição. No entanto, a analogia com base em outra disciplina jurídica
não é possível, tendo em vista o princípio da legalidade.

LIS
2K
8. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA

93
78
a) Sistema Francês (contencioso administrativo)

25
75
● Dualidade de jurisdição;

07
● Proíbe o conhecimento, pelo Poder Judiciário, de atos ilícitos praticados pela Administração, ficando

CZ
os atos sujeitos à jurisdição especial do contencioso administrativo.
VI
IE
b) Sistema Inglês (jurisdição única)
RK

● Todos os litígios podem ser resolvidos na justiça comum;


ZU

● Sistema adotado pelo Brasil (princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, art. 5º, XXXV, da
MA

CF/88). Obs. Já houve a previsão do tribunal constitucional


52989
de contencioso no Brasil na EC 7/77, mas
A

nunca foi implementado.


IR
RE

52989
MO

9. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
NN

É o conjunto de regras e princípios que regem a Administração Pública. O autor Celso Antônio
MA

Bandeira de Mello defende a existência de verdadeiras “PEDRAS DE TOQUE” no Direito Administrativo, quais
IS

sejam:
KL
32

● Princípio da supremacia do interesse público sobre o privado: Os interesses coletivos devem


89

prevalecer ao interesse particular;


57

● Princípio da indisponibilidade do interesse público: O interesse público não se encontra à livre


2
75

disposição do administrador.
07
CZ

Caiu em prova Delegado MS/2017! De acordo com o texto a seguir o direito público tem como objetivo
VI

primordial o atendimento ao bem-estar coletivo.


IE
RK

[...] em primeiro lugar, as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual,
ZU

têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer
MA

que o direito público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do Direito
Civil (que durou muitos séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive
A
IR

a do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo
RE

princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas
MO

as suas decisões [...].


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MA
Dl PIETRO, Maria Sylvia Zaretla. Direito Administrativo. 30.ed. Sao Paulo: Atlas, 2017, p 96.

RA
Diante disso, as "pedras de toque" do regime jurídico-administrativo são: a supremacia do interesse público

I
RE
sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público (item considerado correto).

MO
NN
MA
Vamos aprofundar um pouco?

LIS
Conforme o doutrinador Rafael Carvalho, o fenômeno da constitucionalização do ordenamento jurídico
abalou alguns dos mais tradicionais dogmas do Direito Administrativo, a saber a redefinição da ideia de

2K
supremacia do interesse público sobre o privado e a ascensão do princípio da ponderação de direitos

93
fundamentais. A partir dessa distinção, a doutrina tradicional sempre apontou para a superioridade do

78
25
interesse público primário (e não do secundário) sobre o interesse privado. Atualmente, no entanto, com a

75
relativização da dicotomia público x privado, a democratização da defesa do interesse público e a

07
complexidade (heterogeneidade) da sociedade atual, entre outros fatores, vem ganhando força a ideia de

CZ
“desconstrução” do princípio da supremacia do interesse público em abstrato. Portanto, não existe um
VI
interesse público único, estático e abstrato, mas sim finalidades públicas normativamente elencadas que não
IE
estão necessariamente em confronto com os interesses privados, razão pela qual seria mais adequado falar
RK

em “princípio da finalidade pública”, em vez do tradicional “princípio da supremacia do interesse público”,


ZU

o que reforça a ideia de que a atuação estatal deve sempre estar apoiada em finalidades públicas, não
MA

egoístas, estabelecidas no ordenamento jurídico. A atuação


52989
do Poder Público não pode ser pautada pela
A

supremacia do interesse público, mas, sim, pela ponderação e máxima realização dos interesses envolvidos.
IR
RE
MO

Interesse público primário x Interesse público secundário


O interesse público primário é aquele relacionado à satisfação das necessidades coletivas (justiça,
NN

segurança, bem comum do grupo social etc.), perseguido pelo exercício das atividades-fim do Poder Público,
MA

enquanto o interesse público secundário corresponde ao interesse individual do próprio Estado, estando
IS

relacionado à manutenção das receitas públicas e à defesa do patrimônio público, operacionalizadas


KL

mediante exercício de atividades-meio do Poder Público (Ricardo Alexandre, 2018).


32
89

9.1 Princípios x Regras


57
2
75

a) Princípios: Hoje são considerados normas jurídicas primárias.


07

· Possuem grau de abstração maior do que as regras, pois admitem uma série indefinida de
CZ

aplicações.
VI

· São mandamentos de otimização, que determinam a realização de algo52989na maior medida


IE
RK

possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes, admitindo aplicação


ZU

gradativa.
MA

· Colisão de princípios: ponderação de interesses no caso concreto.


· Condensam os valores fundamentais da ordem jurídica e se irradiam sobre todo o sistema
A
IR

jurídico, garantindo-lhe harmonia e coerência.


RE

· Categorias:
MO
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MA
✔ Princípios fundamentais: Representam decisões políticas estruturais do Estado,

RA
servindo de matriz para todas as demais normas constitucionais.

I
RE
✔ Princípios gerais: Em regra, são importantes especificações dos princípios

MO
fundamentais, possuindo menor grau de abstração e irradiando-se sobre todo

NN
ordenamento jurídico. Ex.: Princípio da isonomia e da legalidade.

MA
✔ Princípios setoriais ou especiais: Aplicam-se a determinado tema, capítulo ou título

LIS
da Constituição. Ex: L.I.M.P.E – Art. 37 CF (princípios explícitos da Constituição/88).
b) Regras:

2K
· Direcionam-se a situações determinadas.

93
· O conflito de regras é resolvido na dimensão da validade (“tudo ou nada”), ou seja, a regra é

78
25
válida ou inválida, a partir dos critérios de especialidade, hierarquia e cronológico (Dworkin).

75
· Em alguns casos, o conflito entre regras pode ser resolvido pela dimensão do peso e, não

07
necessariamente, pelo critério de validade. Ex: vedação à concessão de liminar contra a

CZ
Fazenda que esgote o objeto do litígio.
VI
IE
RK

Como o tema foi cobrado


(CESPE/2022/PC-RJ/Delegado de Polícia): Os princípios constitucionais do direito administrativo:
ZU

A. podem ser aplicados diretamente pelo gestor público, mas não em sentido contrário à lei (contra
MA

legem), ainda que o interesse público aponte neste


52989 sentido.
A
IR

B. podem justificar decisões administrativas sem a intermediação da lei, tal como aconteceu com
RE

a interpretação feita pelo Conselho Nacional de Justiça acerca de nepotismo. (Item considerado
MO

correto).
C. são enumerados taxativamente no caput do art. 37 da CF, que define seus limites e possibilidades.
NN

D. não se limitam à lista do art. 37 da CF, embora impliquem, ontologicamente, comandos genéricos
MA

incapazes de vincular positivamente a ação administrativa.


IS

E. são imponderáveis, porquanto enunciam máximas fundamentais para a compreensão do direito


KL

administrativo.
32
89
57

*Atenção! O nepotismo traduz-se em prática vedada no âmbito da Administração Pública, por violar
2

os princípios da impessoalidade e moralidade administrativa. A vedação estabelecida pelo Poder


75

Judiciário na Súmula Vinculante nº. 13 não se fundou em previsão legal, haja vista que, à época,
07

inexistia disposição nesse sentido.


CZ

Obs: Atualmente, é possível dizer que há vedação legal expressa quanto à prática do nepotismo –
VI

52989
IE

art. 11, inciso XI, da lei 8.429/92.


RK
ZU
MA

9.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo


A
IR

São denominados de princípios explícitos do Direito Administrativo aqueles que constam


RE

expressamente no art. 37 da CF/88. São eles: [LIMPE]


MO
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MA
● Legalidade

RA
● Impessoalidade

I
RE
● Moralidade

MO
● Publicidade

NN
● Eficiência

MA
Obs.: Além dos princípios expressos pelo Direito Administrativo, existem princípios implícitos extraídos pela

LIS
interpretação sistemática e reconhecidos pela jurisprudência e doutrina.

2K
93
PRINCÍPIOS EXPRESSOS PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

78
● Legalidade ● Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade

25
75
● Impessoalidade ● Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o

07
● Moralidade Privado (Princípio da Finalidade Pública)

CZ
● Publicidade ● Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade
● Eficiência ● VI
Princípio Da Continuidade Do Serviço Público
IE
● Princípio da Motivação
RK

● Princípio da Ampla Defesa e Contraditório


ZU

● Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança


MA

● Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções


52989
A
IR
RE

10. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO


MO

10.1 Legalidade (Juridicidade)


NN
MA

Pelo princípio da legalidade, a atuação da administração pública subordina-se à lei, de modo que o
IS

agente público somente poderá fazer o que proclama a lei. Assim, não havendo previsão legal, está proibida
KL

a atuação do ente público e qualquer conduta praticada de forma arbitrária por ele.
32

Ressalta-se que a legalidade no âmbito do direito administrativo não se confunde com a legalidade
89

privada em que é permitido fazer tudo que não é proibido (autonomia privada). Ex.: O princípio da legalidade
57

veda à administração a prática de atos inominados, embora estes sejam permitidos aos particulares.
2
75
07

LEGALIDADE ADMINISTRATIVA LEGALIDADE PRIVADA


CZ

52989

A atuação da administração pública subordina- Vigora a autonomia privada. Por isso, o particular
VI

se à lei, de modo que o agente público somente pode fazer tudo aquilo que a lei não proibir. Só deve
IE
RK

poderá fazer o que proclama a lei. deixar de fazer se estiver expressamente proibido
ZU

em lei.
MA

Note a flagrante diferença entre os regimes jurídicos de direito público e direito privado, uma vez
A
IR

que, neste último, é possível realizar tudo o que a lei não proíbe, ao passo que, no primeiro, o administrador
RE

somente pode atuar mediante prévia autorização legal.


MO

O princípio da legalidade comporta dois desdobramentos:


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MA
(1) Supremacia da lei: A lei prevalece e tem preferência sobre os atos da Administração.

RA
· Relaciona-se com a doutrina da NEGATIVE BINDUNG (VINCULAÇÃO NEGATIVA), segundo a

I
RE
qual a lei representa uma limitação à vontade do Administrador.

MO
(2) Reserva de lei: o tratamento de certas matérias deve ser formalizado necessariamente pela
52989

NN
legislação.
· Relaciona-se com a POSITIVE BINDUNG (VINCULAÇÃO POSITIVA), que condiciona a validade

MA
da atuação dos agentes públicos à prévia autorização legal.

LIS
Atualmente, prevalece a ideia da vinculação positiva da Administração à lei, ou seja, a atuação do

2K
administrador depende de prévia habilitação legal para ser legítima.

93
78
Caiu em prova Delegado RJ/2022 (CESPE/CEBRASPE)! Os princípios constitucionais do direito administrativo

25
75
não se limitam à lista do art. 37 da CF, embora impliquem, ontologicamente, comandos genéricos incapazes

07
de vincular positivamente a ação administrativa (item considerado incorreto).

CZ
Considerações importantes: VI
IE
● A legalidade deve ser reinterpretada a partir da constitucionalização do Direito Administrativo.
RK

● Por ser submissa ao princípio da legalidade, a Administração não pode levar a termo interpretação
ZU

extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o prever de modo expresso.
MA

● A legalidade encontra-se inserida no denominado 52989


PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE, que exige a
A

submissão da atuação administrativa à lei e ao Direito → Exige-se compatibilidade com o BLOCO DE


IR
RE

LEGALIDADE. Pelo princípio da juridicidade, deve-se respeitar, inclusive, a noção de legitimidade do


MO

Direito.
NN

ATENÇÃO AOS CONCEITOS:


MA
IS

I) Juridicidade: Compatibilidade com todo ordenamento jurídico;


KL

II) Legalidade: Compatibilidade com as exigências formais ou padrões materiais da lei;


32

III) Legitimidade: É o ato que observa não só as formalidades prescritas ou não defesas em lei, mas se há
89

adequação aos princípios da boa administração, dentro de padrões razoáveis e morais, e aos princípios
257

constitucionalmente reconhecidos.
75

IV) Economicidade: Foco no binômio custo/ benefício em face do meio utilizado para satisfação social, junto
07

ao controle de eficiência da gestão financeira, para atingir melhor índice de resultado.


CZ
VI
IE

O que é o PRINCÍPIO DA RESPONSIVIDADE?


RK

Consoante entendimento do autor Diogo de Figueiredo, a responsividade é um dos princípios modernos


ZU

que norteia a atuação da Administração Pública. Determina que, ao atuar, a Administração não obedeça
MA

apenas à legalidade, mas também à legitimidade e ao princípio democrático, ou seja, que atue de modo a
atender os anseios da população. É, então, inegavelmente, um dever jurídico autônomo dos agentes do
A
IR

Poder Público para, ao perfazerem suas escolhas discricionárias, observarem as demandas da sociedade.
RE
MO
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MA
Há exceções ao princípio da legalidade administrativa?

RA
Segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo, 26ª Ed., pág. 105

I
RE
e 126-136), é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da legalidade:

MO
a) Estado de defesa;

NN
b) Estado de sítio e

MA
c) Medida provisória.
Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando sua atuação,

LIS
o que revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade.

2K
93
Caiu em prova Delegado RJ/2022 (CESPE/CEBRASPE)! Os princípios constitucionais do direito administrativo

78
podem justificar decisões administrativas sem a intermediação da lei, tal como aconteceu com a

25
75
interpretação feita pelo Conselho Nacional de Justiça acerca de nepotismo (item considerado correto).

07
CZ
10.2 Princípio Da Impessoalidade
VI
IE
Pelo princípio da impessoalidade, a atuação da administração pública deve ser imparcial, não visando
RK

beneficiar ou prejudicar pessoa determinada, tendo em vista que a sua atuação está voltada à busca do
ZU

interesse público em geral.


MA

52989
A

Obs.: Para52989
o professor Hely Lopes Meirelles (doutrina minoritária), o princípio da impessoalidade nada mais
IR
RE

é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para
MO

atingir o objetivo indicado expressa ou virtualmente pela norma de direito, de forma impessoal. Cuidado!
Em que pese não ser a doutrina que prevalece atualmente, visto que a doutrina moderna entende que os
NN

princípios da impessoalidade e da finalidade não se confundem (são autônomos), tal questão já foi cobrada
MA

para prova de Delegado de Polícia, motivo pelo qual devemos ficar atentos.
IS
KL

O princípio da impessoalidade possui duas acepções:


32
89

i. Igualdade ou Isonomia: A Administração deve dispensar tratamento impessoal e isonômico aos


57
2

particulares para atender a finalidade pública, vedada a discriminação odiosa ou desproporcional.


75

Ex.: realização de concurso público é uma forma de observar o princípio da igualdade ou isonomia e
07

o princípio republicano*.
CZ
VI
IE

*APROFUNDANDO: Desde a edição da Constituição da República Federativa do Brasil, efetivou-se, dentro da


RK

ordem constitucional jurídica vigente, o princípio republicano, que, no âmbito do concurso público, consagra
ZU

a igualdade de acesso aos cargos e empregos públicos a todos os brasileiros natos e naturalizados, bem como
MA

aos estrangeiros na forma da lei, conforme dicção do art. 37, I, da CRFB.


A
IR

ii. Proibição de promoção pessoal: Vedação do exercício da máquina pública para atingir interesses
RE

particulares. Veja o art. 37, §1º da CF/88 (Atenção! Esse artigo despenca em prova!):
MO
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MA
RA
“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos

I
RE
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não

MO
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção

NN
pessoal de autoridades ou serviços públicos”.

MA
Sobre o tema, destaca-se a jurisprudência do STF:

LIS
2K
O § 1º do art. 37 da CF/88 não admite flexibilização por norma infraconstitucional

93
ou regulamentar. Está em desconformidade com a Constituição Federal a previsão

78
contida na Lei Orgânica do Distrito Federal que autoriza que cada Poder defina, por

25
75
norma interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra ou

07
serviço públicos não constituirá promoção pessoal. Essa delegação conferida viola

CZ
o § 1º do art. 37 da CF/88, que não admite flexibilização por norma
VI
infraconstitucional ou regulamentar. É de se conferir interpretação conforme a
IE
Constituição ao § 6º do art. 22 da Lei Orgânica do Distrito Federal para que a
RK

divulgação de atos e iniciativas de parlamentares seja tida como legítima apenas


ZU

quando efetuada nos ambientes de divulgação do mandatário ou do partido


MA

político, não se havendo de confundi-la com a publicidade do órgão público ou


52989
A

entidade. STF. Plenário.52989 ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
IR

14/5/2021 (Info 1017).


RE
MO

Obs.: Segundo Odete Medauar, os princípios da impessoalidade, moralidade e publicidade têm ligação
NN

profunda. Mais que isso, há uma instrumentalização recíproca. Dessa forma, a impessoalidade é considerada
MA

um meio para atuações dentro da moralidade, enquanto a publicidade vai dificultar medidas contrárias à
IS

moralidade e impessoalidade, além de a moralidade administrativa implicar observância da impessoalidade


KL

e da publicidade.
32
89

10.3 Princípio da Moralidade


257
75

O princípio da moralidade traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios éticos, boa-fé,


07

lealdade, boa administração, correção de atitudes. É diferente da moralidade comum (certo e errado do
CZ

convívio social) por ser mais rígida, exigindo a correção de atitudes e a boa administração. Trata-se, portanto,
VI

da atuação segundo padrões éticos de probidade e decoro.


IE
RK

Nessa esteira, segundo o professor Matheus Carvalho (Manual de D. Administrativo, 2014), “trata-se
de princípio que exige a honestidade, legalidade, boa-fé de conduta no exercício da função administrativa,
ZU

ou seja, a atuação não corrupta dos gestores públicos, ao tratar com a coisa de titularidade do Estado”.
MA
A
IR

A prática do nepotismo na Administração Pública viola o princípio da moralidade?


RE

R.: De acordo com o STF, o nepotismo é vedado em qualquer dos Poderes da República por força dos
MO

princípios constitucionais da impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade, independentemente de


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previsão expressa em diploma legislativo. Assim, o nepotismo não exige a edição de uma lei formal proibindo

RA
a sua prática, uma vez que tal vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da

I
RE
CF/88 (STF Rcl 6.702/PR-MC-Ag).

MO
No entanto, o STF tem afastado a aplicação da SV 13 (que veda o nepotismo) a cargos públicos de

NN
natureza política. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido

MA
a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática
não configura nepotismo. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo, mesmo em se tratando de cargo

LIS
político, em 2 casos:

2K
1) Caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de

93
qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min.

78
Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.

25
75
2) Em casos de fraude à lei.

07
CZ
Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
VI
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
IE
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
RK

chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança


ZU

ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em


MA

qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios,
52989
A

compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição


IR

Federal. (MUITO IMPORTANTE!)


RE
MO

Dissecando a Súmula Vinculante 13 para facilitar a memorização:


NN
MA

Quem não pode ser nomeado?


IS

R: Cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive,
KL

da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
32

assessoramento.
89
57
2

52989
75
07
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VI
IE
RK
ZU
MA
A

Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possuir um parente no órgão, mas


IR
RE

sem influência hierárquica sobre a nomeação. A incompatibilidade da prática


enunciada na SV 13 com o art. 37 da CF/88 não decorre diretamente da existência
MO
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MA
de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor

RA
público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia

I
RE
52989

ou assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com relação de parentesco

MO
com quem tenha potencial de interferir no processo de seleção. STF. 2ª Turma. Rcl

NN
18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado

MA
em 23/2/2016 (Info 815).

LIS
Não pode ser nomeado para o quê?

2K
R.: Para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração

93
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

78
municípios.

25
75
07
Vamos relembrar...

CZ
CARGO EM COMISSÃO CARGO EM CONFIANÇA ou FUNÇÃO DE
VI
CONFIANÇA
IE
Cargo baseado na confiança, de livre Cargo também baseado na confiança,
RK

nomeação e livre exoneração para atividades de direção, chefia e


ZU

(exoneração ad nutum), para assessoramento. No entanto, somente


MA

atividades de direção, chefia e quem ocupa cargo efetivo pode ser


52989
A

assessoramento. Pode ser ocupado por nomeado.


IR
RE

qualquer pessoa, mas deve ser


guardado um percentual para quem já
MO

é de carreira.
NN
MA

CF, Art. 37, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores


IS

ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por


KL

servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,


32

destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;


89

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)


57
2
75

E o nepotismo cruzado? Também é vedado?


07

A parte final da súmula proíbe o nepotismo no ajuste mediante designações recíprocas. Não pode
CZ

na mesma pessoa jurídica, mas também não pode trocar de parentes, não pode nepotismo cruzado. A União
VI

concede um cargo comissionado para um primo do governador, e o governador para um irmão do


IE
RK

presidente. Designações recíprocas é o nepotismo cruzado, o que é vedado.


ZU

O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza política,


MA

como são os cargos de Secretário Estadual e Municipal. Mesmo em caso de cargos


políticos, será possível considerar a nomeação indevida nas hipóteses de
A
IR

nepotismo cruzado; fraude à lei e inequívoca falta de razoabilidade da indicação,


RE

por manifesta ausência de qualificação técnica ou por inidoneidade moral do


MO
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KL
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em

RA
17/9/2019. (Info 952)

I
RE
A Lei nº 14.230/2021, que alterou a Lei 8.429/92, passou a prever expressamente que a prática do

MO
nepotismo configura ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração

NN
pública:

MA
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios

LIS
da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de

2K
honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das

93
seguintes condutas: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

78
(...)

25
75
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por

07
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da

CZ
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
VI
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
IE
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da
RK

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste


ZU

mediante designações recíprocas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)


MA

52989
A

10.4 Princípio da Publicidade


IR
RE

O princípio da publicidade impõe a divulgação e exteriorização dos atos do poder público,


MO

guardando relação com o princípio democrático, ao possibilitar o controle social sobre os atos públicos. Em
NN

outras palavras: a atuação da Administração pública deve ser sempre o mais transparente possível.
MA

Ressalta-se, ainda, que a publicidade também representa condição de eficácia dos atos
IS

administrativos, de modo que estes só começam a produzir efeitos a partir de sua publicidade. Assim,
KL

enquanto o ato não é publicado, o particular não toma conhecimento deste, e sem tomar ciência, não pode
32

praticar e/ou observá-lo. Daí porque se fala que a publicidade é um pressuposto de eficácia.
89
57

Requisito de eficácia dos atos administrativos = capacidade de produção de seus efeitos


2
75
07

Excepcionalmente, é possível restringir a publicidade em determinados casos, conforme preceitua o


CZ

art. 5º da CF/88:
VI

● Art. 5º, X (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas). O
IE
RK

administrador não pode, com fundamento na publicidade, violar tais valores, sob pena de indenizar
os lesados.
ZU

52989
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
MA

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua


A
IR

violação;
RE
MO

● Art. 5º, XXXIII (segurança do Estado ou da sociedade).


N

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KL
07
Z
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu

RA
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo

I
RE
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja

MO
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

NN
MA
● Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto administrativos.
Ex. Em processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro médico, só há publicação quando se

LIS
tem o resultado.

2K
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa

93
da intimidade ou o interesse social o exigirem;

78
25
75
Frise-se que a Lei nº 12.527/11 (Lei de Acesso à informação) prevê a possibilidade de restrição ao

07
fornecimento de informações, se imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado.

CZ
Com fundamento no princípio da publicidade, o STF decidiu ser legítima a possibilidade de divulgação
de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal. Veja:VI
IE
RK

STF (Info 782): É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
ZU

Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos


MA

correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. A divulgação dos


52989
A

vencimentos dos servidores, a ser realizada oficialmente, constitui informação de


IR

interesse público que não viola a intimidade e a segurança deles, uma vez que esses
RE

dados dizem respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade.


MO
NN

Enunciado 15 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: A administração


MA

pública promoverá a publicidade das arbitragens da qual seja parte, nos termos da
IS

Lei de Acesso à Informação.


KL
32

O autor Mazza52989
afirma que a publicidade dos atos administrativos tem a finalidade de: exteriorizar a
89

vontade da Administração Pública, divulgando seu conteúdo para conhecimento público; presumir o
57

conhecimento do ato pelos interessados; tornar exigível o conteúdo do ato; desencadear a produção de
2
75

efeitos do ato administrativo; dar início ao prazo para interposição de recursos; indicar a fluência dos prazos
07

de prescrição e decadência; impedir a alegação de ignorância quanto ao conteúdo do ato, e; permitir o


CZ

controle de legalidade do comportamento.


VI

O STF decidiu que:


IE
RK

É nulo — por violar o princípio da publicidade, bem como por restringir o direito
à informação — ato público que estabelece, genericamente e sem
ZU

fundamentação válida e específica, que todos os processos do Sistema Eletrônico


MA

de Informações da Polícia Federal (SEI-PF) sejam cadastrados com nível de acesso


A
IR

restrito. STF. ADPF 872/DF, relatora Ministra Cármen Lúcia, julgamento virtual
RE

finalizado em 14.8.2023. (Info 1103)


MO
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
Caiu em prova Delegado RJ/2022 (CESPE/CEBRASPE)! Determinada empresa de mídia solicita que o governo

RA
do Estado do Rio de Janeiro forneça informações relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins

I
RE
de ocorrência. No entanto, o governador do RJ se recusa a compartilhar as informações. Além disso, a

MO
companhia de jornal informa que irá cobrir determinada manifestação a ser realizada em prol de maior

NN
transparência e publicidade na administração pública. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção

MA
correta. Resposta: Não cabe à administração pública analisar o uso que se pretende dar à informação de
natureza pública; a censura prévia inviabiliza até mesmo a apuração jornalística. Assim sendo, a recusa do

LIS
governador não se justifica. Fundamento: STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado

2K
em 06/10/2020 (Info 682).

93
78
25
Veja como o tema já foi exigido no concurso de Delegado da Polícia Federal:

75
07
CESPE/CEBRASPE – 2004 - Delegado de Polícia Federal: No que se refere a fontes e princípios

CZ
do direito administrativo, julgue os itens seguintes.
VI
A veiculação do ato praticado pela administração pública na Voz do Brasil, programa de âmbito nacional,
IE
dedicado a divulgar fatos e ações ocorridos ou praticados no âmbito dos três poderes da União, é suficiente
RK

para ter-se como atendido o princípio da publicidade. Item errado.


ZU
MA

A publicidade é requisito essencial de eficácia dos atos


52989 administrativos. Além disso, a publicidade não é
A
IR

elemento formativo do ato. A publicação que produz efeitos jurídicos e atende ao princípio da publicidade é
RE

aquela feita no órgão oficial da Administração, e não a divulgação pela imprensa particular, pela televisão ou
MO

pelo rádio, ainda que em horário oficial. Esta não é capaz de conferir eficácia ao ato. Mesmo a divulgação na
“Voz do Brasil” não atende ao referido princípio, sendo apenas mais um meio de dar ampla publicidade aos
NN

atos, não prescindindo, porém, da sua divulgação em Diário Oficial.


MA
IS

10.5 Princípio da Eficiência


KL
32

O princípio da eficiência foi inserido pela EC 19/98 para substituir a Administração Pública burocrática
89
57

pela gerencial, tendo em vista a necessidade de efetivação célere das finalidades públicas elencadas no
2

ordenamento jurídico.
75

Nesse sentido, o princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
07

presteza, perfeição e rendimento funcional. Sua aplicação orienta e serve de fundamento para a construção
CZ

de uma concepção de Administração Pública Gerencial.


VI
IE

A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito e
RK

já existia de forma expressa no art. 6º da Lei 8987/95, que trata de serviço público. Esse art. 6º traz o conceito
ZU

de serviço adequado, exigindo a sua eficiência. Vejamos:


MA

Art. 6º - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado


A
IR

52989
ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
RE

pertinentes e no respectivo contrato.


MO
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Z
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,

RA
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e

I
RE
modicidade das tarifas.

MO
NN
A concretização dos resultados deve ser realizada por:

MA
(1) Planejamento: plano de ação, orçamento e prioridades;
(2) Execução: medidas concretas para satisfação dos resultados;

LIS
(3) Controle: órgãos controladores não devem se restringir à legalidade formal na análise da juridicidade

2K
da ação administrativa, devendo levar em conta os demais princípios e alcance dos resultados.

93
Obs: trata-se de norma de aplicabilidade imediata.

78
25
75
Exemplos de aplicação determinando a observância da aplicação da eficiência: O art. 41 da CF

07
demonstra a exigência da eficiência na atividade administrativa, ao exigir avaliação especial de desempenho,

CZ
assim como a avalição periódica, que depende de regulamentação por lei, pendente ainda.
- avaliação especial de desempenho (art. 41, §4º): “como condição para aquisição da estabilidade, é
VI
IE
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para esse fim”.
RK

- avaliação periódica de desempenho (art. 41, III, da CF): “mediante procedimento de avaliação
ZU

periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa”.


MA

- regra limitadora com gastos de pessoal (art. 169 da CF).


52989
A
IR

A concretização dos resultados, na medida do possível, deve ser realizada por meio de processo
RE

político-participativo. A implementação da eficiência administrativa depende, por exemplo, da adoção de


MO

medidas de desburocratização, de inovação, de transformação digital e da participação do cidadão, na forma


NN

indicada na Lei 14.129/2021 que dispõe princípios, regras e instrumentos para o Governo Digital e para o
MA

52989
aumento da eficiência pública.
IS
KL

Lei nº 14.129/21: dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o aumento da eficiência da
32

administração pública, especialmente por meio da desburocratização, da inovação, da transformação digital


89

e da participação do cidadão.
57
2
75

Trata-se de legislação federal aplicável às administrações direta e indireta das três esferas da
07

federação, bem como os três poderes, incluindo Tribunal de Contas e Ministério Público. Não se aplica a
CZ

empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, que não prestem serviço
VI

público.
IE
RK

11. OUTROS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS


ZU
MA

11.1 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade


A
IR
RE

O princípio da razoabilidade surgiu no direito norte-americano a partir da evolução jurisprudencial


MO

da cláusula do devido processo legal, a qual deixou de lado seu caráter apenas procedimental (procedural
N

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07
Z
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
due process of law – garantias processuais do contraditório, ampla defesa etc.) para incluir seu caráter

RA
substantivo (substantive due process of law – proteção das liberdades e direitos dos indivíduos contra abusos

I
RE
do Estado).

MO
A razoabilidade é a coerência, lógica, congruência, equilíbrio, tendo sempre por base o padrão do

NN
homem médio. O administrador tem que agir com bom senso, com equilíbrio. Ela proíbe os excessos, mas

MA
também veda a proteção deficiente.
Para os administrativistas, o princípio da proporcionalidade está embutido no princípio da

LIS
razoabilidade, pois prevalece a tese de fungibilidade dos princípios.

2K
93
Obs.: Não se esqueça que estamos diante de um princípio implícito, muito embora, em âmbito federal,

78
constem do art. 2º da Lei 9.784/99 (regula o processo administrativo federal).

25
75
07
A proporcionalidade subdivide-se em 03 subprincípios:

CZ
i. Adequação ou idoneidade: o ato estatal deverá contribuir para a realização do resultado pretendido.
ii. VI
Necessidade ou exigibilidade: caso existam duas medidas adequadas para alcançar o fim perseguido,
IE
o Poder Público deve adotar a medida menos gravosa aos direitos fundamentais (ex. invalidade da
RK

sanção de demissão ao servidor que pratica infração leve).


ZU

iii. Proporcionalidade em sentido estrito: é a ponderação, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
MA

atuação estatal e o benefício por ela produzido, razão pela qual a restrição ao direito fundamental
52989
A

deve ser justificada pela importância do princípio ou direito que se quer efetivar.
IR
RE
MO

ATENÇÃO!
O princípio da proporcionalidade é, ainda, um limite à discricionariedade do legislador, que, muitas vezes,
NN

ultrapassa uma linha tênue e se torna arbitrariedade (a qual é vedada no ordenamento jurídico brasileiro).
MA

Assim, mesmo que se trate de um ato administrativo discricionário, se tal ato não obedecer ao princípio da
IS

proporcionalidade/razoabilidade, será possível a interferência do Poder Judiciário sem que isso acarrete
KL

violação à Separação de Poderes. Isso porque tais princípios, embora implícitos, são princípios
32

52989
constitucionais que decorrem do devido processo legal. Nesse caso, o Poder Judiciário realiza o controle de
89

legalidade em sentido amplo, isto é, o controle do ato em relação a leis infraconstitucionais e à própria CF.
57

Por esse motivo, a doutrina trata desses princípios como limitadores da liberdade e discricionariedade do
2
75

administrador.
07
CZ

11.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública)
VI
IE
RK

O interesse público divide-se em (doutrina italiana):


ZU
MA

i. Interesse público primário: Necessidade de satisfação das necessidades coletivas. É o interesse em


dar cabo às necessidades sociais;
A
IR

ii. Interesse público secundário: É o interesse do próprio Estado, enquanto sujeito de direitos e
RE

obrigações, ligando-se à noção de interesse do erário. É o interesse do Estado com si próprio, como
MO

pessoa jurídica de direito público que é.


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KL
07
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MA
RA
Assim, pelo princípio, há uma primazia de soluções e decisões que atendam ao interesse coletivo, em

I
RE
detrimento do interesse de um único indivíduo ou grupo seleto de indivíduos.

MO
Parcela da doutrina sustenta a desconstrução do referido princípio pelos seguintes fundamentos: a)

NN
a CF, em diversas passagens, protege a esfera individual (art. 1º, III), não sendo lícito afirmar que o interesse

MA
público irá sempre prevalecer sobre o privado; b) “interesse público” é conceito indeterminado e abstrato;
c) o interesse público é indissociável do interesse privado, sendo ambos consagrados pela CF e incluídos nas

LIS
finalidades do Estado; d) incompatibilidade da supremacia do interesse público com postulados normativos

2K
como o da proporcionalidade e o da concordância prática; e) não há um confronto dicotômico entre interesse

93
público e privado. A ponderação deve, portanto, ser sempre efetuada em concreto.

78
25
75
11.3 Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade

07
CZ
Pelo princípio da autotutela, também denominado de sindicabilidade, a administração pública tem a
VI
prerrogativa de rever os seus próprios atos independentemente de provocação, seja para revogá-los ou para
IE
anulá-los. Este controle pode ser de legalidade ou de mérito. Quando ilegal, o ato será anulado; quando
RK

inoportuno ou inconveniente, será revogado.


ZU

Ressalta-se que o princípio da autotutela não afasta a possibilidade de controle de legalidade pelo
MA

Poder Judiciário, em razão do Sistema de Jurisdição Una.


52989
A
IR

- Ato ilegal → ANULAÇÃO → efeitos ex tunc;


RE

- Ato inconveniente/inoportuno → REVOGAÇÃO → efeitos ex nunc;


MO
NN

Art. 53 da Lei 9.784/99: A Administração deve anular seus próprios atos, quando
MA

eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou


IS

oportunidade, respeitados
52989
os direitos adquiridos.
KL
32

Súmula 346 STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus
89

próprios atos.
57
2
75

Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
07

de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
CZ

los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos


VI

adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.


IE
RK

Enunciado 20 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: O exercício da


ZU

autotutela administrativa, para o desfazimento do ato administrativo que produza


MA

efeitos concretos favoráveis aos seus destinatários, está condicionado à prévia


A
IR

intimação e oportunidade de contraditório aos beneficiários do ato.


RE
MO
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MA
Caiu em prova Delegado RO/2022 (CESPE/CEBRASPE)! A administração pode anular seus próprios atos

RA
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por

I
RE
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos,

MO
a apreciação judicial. O princípio da administração pública apresentado anteriormente, referente à Súmula

NN
n.º 473 do Supremo Tribunal Federal (STF), é o da: autotutela (resposta correta).

MA
LIS
Cuidado (1): Não confundir autotutela com autoexecutoriedade!

2K
● Autotutela: Designa o poder-dever de corrigir ilegalidades e de garantir o interesse público dos atos

93
editados pela própria Administração;

78
25
● Autoexecutoriedade: Prerrogativa de imposição da vontade administrativa, independentemente de

75
recurso ao Poder Judiciário.

07
CZ
Cuidado (2): Não confundir autotutela com tutela!
VI
● Autotutela: o princípio da autotutela autoriza a administração a realizar controle dos seus atos,
IE
podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de
RK

decisão do Poder Judiciário.


ZU

● Tutela: pelo princípio da tutela, a administração exerce controle sobre pessoa jurídica por ela
MA

instituída, com o objetivo de garantir a observância


52989
de suas finalidades institucionais. (= supervisão
A

ministerial = controle finalístico).


IR
RE
MO

A Administração Pública deve observar algum requisito quando for anular atos ilegais?
O STF possui entendimento no sentido de que, a despeito deste poder-dever de anular os atos ilegais,
NN

se a invalidação do ato administrativo repercutir no campo de interesses individuais, faz-se necessária a


MA

instauração de processo administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa (Informativo
IS

763 do STF).
KL
32

A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
89

ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo


57
2

de interesses individuais, faz-se necessária a instauração de procedimento


75

administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa. Assim, a


07

prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não


CZ

dispensa a observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito


VI

administrativo. STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
IE
RK

em 10/12/2013 (Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
ZU

julgado em 15/10/2014 (Info 763).


MA

Além disso, o art. 54 da lei 9.784/99 estipula que o direito da Administração de 52989
anular os atos
A
IR

administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos destinatários decai em 5 anos, contados da data em
RE

que foram praticados, salvo comprovada má fé.


MO
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07
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MA
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que

RA
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da

I
RE
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

MO
NN
Trata-se, portanto, de um prazo para o exercício da autotutela. Ressalta-se que, em princípio, a Lei

MA
nº 9.784/99 deveria regular apenas e unicamente o processo administrativo no âmbito da Administração
Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados e dos Municípios deve ser tratado

LIS
por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes, em virtude da autonomia legislativa que

2K
gozam para regular a matéria em seus territórios.

93
No entanto, o STJ entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão

78
de prazo decadencial para a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o

25
75
art. 54 da Lei nº 9.784/99. Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

07
O entendimento acima resultou na edição da Súmula 633 do STJ. Vejamos:

CZ
VI
Súmula 633 STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo
IE
decadencial para revisão de atos administrativos no âmbito da administração
RK

pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e Municípios se
ZU

inexistente norma local e específica regulando a matéria.


MA

52989
A

Há, contudo, julgados que mitigam esse prazo decadencial de 5 anos, a exemplo:
IR
RE

Mesmo depois de terem se passado mais de 5 anos, a Administração Pública pode


MO

anular a anistia política concedida quando se comprovar a ausência de


NN

perseguição política, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada


MA

a não devolução das verbas já recebidas.


IS

No exercício do seu poder de autotutela, poderá a Administração Pública rever os


KL

atos de concessão de anistia a cabos da Aeronáutica com fundamento na Portaria


32

1.104/1964, quando se comprovar a ausência de ato com motivação


89

exclusivamente política, assegurando-se ao anistiado, em procedimento


57

administrativo, o devido processo legal e a não devolução das verbas já recebidas.


2
75

Ex: 2003, João, ex-militar da Aeronáutica, recebeu anistia política, concedida por
07

meio de portaria do Ministro da Justiça. Em 2006, a AGU emitiu nota técnica


CZ

fazendo alguns questionamentos sobre a forma indevida pela qual estavam sendo
VI

concedidas anistias políticas, dentre elas a que foi outorgada a João. Em 2011, o
IE
RK

Ministro da Justiça determinou que fossem revistas as concessões de anistia de


inúmeros militares, inclusive a de João. Em 2012, foi aberto processo administrativo
ZU

para examinar a situação de João e, ao final, determinou-se a anulação da anistia


MA

52989
política. Mesmo tendo-se passado mais de 5 anos, a anulação do ato foi possível,
A
IR

seja por força da parte final do art. 54 da Lei nº 9.784/99, seja porque o prazo
RE

decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado
MO

afronta diretamente a Constituição Federal. STF. Plenário. RE 817338/DF, Rel. Min.


N

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07
Z
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DELEGADO FEDERAL

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SEMANA 01/42

MA
Dias Toffoli, julgado em 16/10/2019 (repercussão geral – Tema 839) (Info 956). É

RA
possível a anulação do ato de anistia pela Administração Pública, evidenciada a

I
RE
violação direta do art. 8º do ADCT, mesmo quando decorrido o prazo decadencial

MO
contido na Lei nº 9.784/99. STJ. 1ª Seção. MS 19070-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes

NN
Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2020 (Info 668).

MA
Ademais, o prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado

LIS
afronta diretamente a Constituição Federal. Veja:

2K
93
Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a

78
vacância do cargo ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso

25
75
público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se

07
aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O

CZ
art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes
VI
da edição da Lei 8.935/1994, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era
IE
obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro. STF.
RK

Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
ZU
MA

Além disso, o STF decidiu que, em regra, o prazo decadencial para que a Administração anule atos
52989
A

administrativos inválidos é de 5 anos, aplicável a todos os entes federativos, por força do princípio da
IR

isonomia, ou seja:
RE
MO

É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo decadencial de 10 (dez) anos


NN

52989

para anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração


MA

Pública estadual. STF. Plenário. ADI 6019/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do
IS

acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).


KL
32

Por fim, em decisão na qual se evidencie não acarretar lesão ao interesse público nem prejuízo a
89

terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria
57

Administração.
2
75
07

ATENÇÃO! Em 13/12/2023 o STJ aprovou o enunciado da súmula 665, que disciplina a extensão do
CZ

controle judicial, restringindo a análise da legalidade e impedindo a incidência sobre o mérito administrativo:
VI
IE
RK

SUM 665: O controle jurisdicional do processo administrativo disciplinar restringe-


se ao exame da regularidade do procedimento e da legalidade do ato, à luz dos
ZU

princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, não sendo


MA

possível incursão no mérito administrativo, ressalvadas as hipóteses de flagrante


A
IR

ilegalidade, teratologia ou manifesta desproporcionalidade da sanção aplicada.


RE
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MA
11.4 Princípio Da Continuidade Do Serviço Público

IRA
RE
A atuação administrativa, buscando atender da melhor forma o interesse público, preconiza que a

MO
atividade do Estado deve ser prestada de forma contínua, ou seja, sem interrupções, motivo pelo qual o

NN
princípio da continuidade veda a interrupção na prestação dos serviços públicos.

MA
Está expressamente previsto no art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95 (Lei de Serviços Públicos), e seu
fundamento reside no fato de a prestação de serviços públicos ser um dever constitucionalmente

LIS
estabelecido (art. 175 da CF/88), localizando-se, portanto, acima da vontade da Administração Pública, que

2K
não tem escolha entre realizar ou não a prestação.

93
78
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado

25
75
ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas

07
pertinentes e no respectivo contrato.

CZ
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
VI
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
IE
modicidade das tarifas.
RK
ZU

CF, Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
MA

de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços


52989
A

públicos.
IR
RE

Entretanto, o art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/95, de acordo com o entendimento doutrinário majoritário
MO

e da jurisprudência do STJ, autoriza o corte no fornecimento do serviço em caso de emergência ou, após
NN

prévio aviso, nas hipóteses de:


MA

a) razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e


IS

b) inadimplemento do usuário.
KL
32

§3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em


89

situação de emergência ou após prévio aviso, quando:


57

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,


2
75

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.


07
CZ

§4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo


VI

não poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou


IE
RK

no dia anterior a feriado. (Incluído pela Lei nº 14.015, de 2020)


ZU

Obs.: O aviso prévio dado através de comunicado em rádio de amplo alcance satisfaz as condições de aviso
MA

52989
prévio, haja vista se tratar de um dos meios mais populares e o de maior alcance público, motivo pelo qual
A
IR

há de se reconhecer a validade e eficácia do ato administrativo. Veja a jurisprudência do STJ nesse sentido:
RE
MO
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Em regra, o serviço público deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem

RA
interrupções (princípio da continuidade do serviço público). Excepcionalmente,

I
RE
será possível a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses previstas

MO
no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95: a) Em caso de emergência (mesmo sem aviso

NN
prévio); b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que

MA
o usuário seja previamente avisado; c) Por causa de inadimplemento do usuário,
desde que ele seja previamente avisado. Se a concessionária de energia elétrica

LIS
divulga, por meio de aviso nas emissoras de rádio do Município, que haverá, daqui

2K
a alguns dias, a interrupção do fornecimento de energia elétrica por algumas horas

93
em virtude de razões de ordem técnica, este aviso atende a exigência da Lei nº

78
8.987/95? SIM. A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia

25
75
elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a

07
exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. 1ª

CZ
Turma. REsp 1270339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 15/12/2016 (Info
598). VI
IE
RK

Obs.: A interrupção por inadimplemento do usuário não pode paralisar serviços essenciais, como, por
ZU

exemplo, corte de energia elétrica do hospital público/iluminação pública. Nos chamados “serviços
MA

essenciais”, mantém-se o serviço e prossegue com a cobrança paralelamente.


52989
A
IR

Nesse sentido, vale destacar que, o STJ entendeu que é possível o corte de energia elétrica por
RE

fraude no medidor, DESDE que sejam observados alguns requisitos.


MO
NN

Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no


MA

aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos


IS

princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do


KL

fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor,


32

pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90


89

(noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte


57

em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito de


2
75

a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida,


07

inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação. STJ. 1ª


CZ

Seção. REsp 1412433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2018


VI

(recurso repetitivo) (Info 634).


IE
RK

Podem ser apontados diversos desdobramentos normativos decorrentes do princípio da


ZU

continuidade dos serviços públicos, dentre os quais:


MA
A

52989
IR

a. O direito de greve dos servidores públicos será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
RE

específica (art. 37, VII, da CF). Lembre-se que o policial civil não pode fazer greve!
MO
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Policias civis são proibidos de fazer greve. O exercício do direito de greve, sob

RA
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os

I
RE
servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. STF.

MO
Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre

NN
de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

MA
Explicação via Dizer o Direito (muito importante para fundamentar em uma prova discursiva!)

LIS
2K
Direito de greve é incompatível com a carreira policial

93
Não é possível compatibilizar que o braço armado do Estado faça greve porque isso

78
colocaria em risco a segurança pública, a ordem e a paz social. Os integrantes das

25
75
carreiras policiais possuem o dever de fazer intervenções e prisões em flagrante,

07
sendo isso inconciliável com o exercício da greve. Como já afirmado, não há

CZ
possibilidade de nenhum outro órgão da iniciativa privada suprir a atividade
52989

VI
policial. Se esta entra em greve, não há como sua função ser substituída.
IE
Vale ressaltar que a atividade policial, além de ser importantíssima por si só, se for
RK

paralisada, afetará também as atribuições do Ministério Público e do próprio Poder


ZU

Judiciário.
MA

52989
A

Greve não é direito absoluto


IR

A greve não é um direito absoluto e, neste caso, deverá ser feito um balanceamento
RE

entre o direito de greve e o direito de toda a sociedade à segurança pública e à


MO

manutenção da ordem pública e paz social.


NN

Neste caso, há a prevalência do interesse público e do interesse social sobre o


MA

interesse individual de uma categoria. Por essa razão, em nome da segurança


IS

pública, os policiais não podem fazer greve.


KL

Importante destacar que a ponderação de interesses aqui não envolve direito de


32

greve X continuidade do serviço público. A greve dos policiais é proibida não por
89

causa do princípio da continuidade do serviço público (o que seria muito pouco),


57

mas sim por conta do direito de toda a sociedade à garantia da segurança pública,
2
75

à garantia da ordem pública e da paz social.


07
CZ

b. Restrição à aplicabilidade da exceptio non adimpleti contractus, pois o contratado só pode


VI

interromper a execução do contrato após atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da
IE
RK

nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos devidos pela Administração por despesas
de obras, serviços ou fornecimentos (art. 137, §2º, IV, da Lei n. 14.133/2021);
ZU
MA

c. Possibilidade de intervenção na concessionária para garantia de continuidade na prestação do serviço


A
IR

(art. 32 da Lei n. 8.987/95);


RE
MO
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Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar

RA
a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas

I
RE
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.

MO
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que

NN
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites
52989

MA
da medida

LIS
d. Ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do

2K
contrato nas hipóteses de: i) risco à prestação de serviços essenciais; ii) necessidade de acautelar

93
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.

78
(art. 104, V, da Lei n. 14.133/2021);

25
75
07
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à

CZ
Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
VI
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços
IE
vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:
RK

a) risco à prestação de serviços essenciais;


ZU

b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo


MA

contratado, inclusive após extinção do contrato.


52989
A
IR

e. Reversão de bens do concessionário indispensáveis à continuidade do serviço (art. 36 da Lei n.


RE

8.987/95);
MO
NN

Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
MA

parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados


IS

ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a


KL

continuidade e atualidade do serviço concedido


32
89

f. Encampação do contrato de concessão mediante a retomada do serviço pelo concedente (art. 37 da


57

Lei n. 8.987/95);
2
75
07

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente


CZ

durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei


VI

autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo


IE
RK

anterior.
ZU

g. Necessidade de institutos como a suplência, a delegação e a substituição para preencher as funções


MA

públicas temporariamente vagas.


A
IR
RE

JURISPRUDÊNCIA EM TESE – STJ


MO
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É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando

RA
inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação.

I
RE
MO
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de

NN
ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de

MA
notificação.

LIS
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o

2K
direito à saúde e à integridade física do usuário.

93
78
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando

25
75
inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação

07
e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à

CZ
população.
VI
IE
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando
RK

inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem os interesses de proteção


ZU

à vida e à saúde.
MA

52989
A

É ilegítimo o corte52989
no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a
IR

inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção


RE

pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo.


MO
NN

É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de


MA

usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida.


IS
KL

É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório,


32

por configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e


89

razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais.


257
75

É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito


07

decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica,


CZ

apurada unilateralmente pela concessionária.


VI
IE
RK

O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel


que originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário
ZU

inadimplente.
MA
A
IR

11.5 Princípio da Motivação


RE
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Impõe à Administração Pública o dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que

RA
determinaram a prática do ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99). Assim, a validade do ato

I
RE
administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos fundamentos fáticos e jurídicos

MO
justificadores da decisão adotada.

NN
MA
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,

LIS
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

2K
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os

93
critérios de:

78
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

25
75
07
Trata-se de um mecanismo de controle sobre a legalidade e legitimidade das decisões da

CZ
Administração Pública.
52989

VI
Está previsto no art. 93, X, da CF/88 e no art. 50 da Lei 9.784/99. Apesar de haver divergência, a
IE
corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tanto nos atos vinculados quanto nos atos
RK

discricionários.
ZU

A motivação deve ser apresentada simultaneamente ou no instante seguinte à prática do ato.


MA

Motivação intempestiva (posterior) ou extemporânea (anterior) causa nulidade do ato administrativo. Ainda,
52989
A

a motivação deve ser explícita, clara e congruente.


IR

O princípio da motivação comporta exceção, por exemplo, nomeação ou exoneração (exoneração


RE

"ad nutum") de cargos comissionados. A exoneração "ad nutum" refere-se àquela aplicável aos ocupantes
MO

de cargo em comissão, e prescinde (abstrai/não precisa) de motivação da Administração.


NN

No entanto, se mesmo essa motivação sendo “desnecessária”, a Administração optar por motivá-la,
MA

estará vinculada aos motivos que explicitou no ato, em decorrência da chamada: TEORIA DOS MOTIVOS
IS

DETERMINANTES. Isso porque os motivos vinculam todo o ato, e se não forem respeitados, o ato torna-se
KL

nulo.
32
89

Observações importantes:
57

● Motivação aliunde ou per relationem – É aquela indicada fora do ato, consistente em concordância com
2
75

fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas. Ocorre todas as vezes que
07

a motivação de um determinado ato remete à motivação de ato anterior que embasa sua edição. Ex.:
CZ

parecer opina pela possibilidade de prática de ato de demissão de servidor; ao demitir o servidor, a
VI

autoridade não precisa repetir os fundamentos explicitados pelo parecer, bastando, na fundamentação
IE
RK

do ato de demissão, declarar a concordância com os argumentos expedidos no ato opinativo.


ZU

● Motivação x Motivo x Móvel:


MA

· Motivo = fato que autoriza a realização do ato administrativo;


A

· Motivação = exigência de enunciação dos motivos.


IR
RE

· Móvel = intenção declarada pelo agente como justificativa para a prática do ato.
MO
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MA
11.6 Princípio da Ampla Defesa e Contraditório

RA
I
RE
Por força do princípio do contraditório, as decisões administrativas devem ser tomadas considerando

MO
a manifestação dos interessados. Para isso, é necessário dar oportunidade para que os afetados pela decisão

NN
sejam ouvidos antes do resultado final do processo.

MA
O princípio da ampla defesa assegura aos litigantes,52989
em processo judicial ou administrativo, a
utilização dos meios de prova, dos recursos e dos instrumentos necessários para defesa de seus interesses

LIS
perante o Judiciário e a Administração.

2K
93
Art. 5º, LV, CF.: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos

78
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios

25
75
e recursos a ela inerentes.

07
CZ
Ao garantir o direito à ampla defesa “com os meios e recursos a ela inerentes”, o art. 5º, LV, da
VI
Constituição Federal incluiu, no bojo do dispositivo, o princípio do duplo grau, verdadeiro desdobramento da
IE
ampla defesa.
RK

Sobre os princípios do contraditório e da ampla defesa, foi editada a Súmula Vinculante 3 do STF:
ZU
MA

“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


52989
A

contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou


IR

revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a


RE

apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e


MO

pensão”.
NN
MA

Veja a jurisprudência sobre o tema:


IS
KL

Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a União


32

somente poderá inscrever o ente no SIAFI, no CADIN e no CAUC após o término


89

do processo de prestação de contas especial, observados os princípios


57

constitucionais da ampla defesa e do contraditório


2
75

O cadastro restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla
07

defesa e ao contraditório. Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além de
CZ

motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União)


VI

é possível suspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de


IE
RK

convênios, mas o cadastro deve ser feito nos termos da lei, ou seja, mediante a
verificação da veracidade das irregularidades apontadas. Isso porque o cadastro
ZU

tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de verbas


MA

das receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento por meio do


A
IR

qual se alcança o reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida


RE

observância do contraditório e da ampla defesa, tem suas regras definidas em lei.


MO

Ao final, é possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão tem
N

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eficácia de título executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig.

RA
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019

I
RE
(Info 951).

MO
NN
11.7 Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança

MA
Segundo a autora Maria Di Pietro, o direito administrativo brasileiro herdou do direito alemão (já

LIS
caiu em prova) a inspiração para aplicação do princípio da segurança jurídica, especialmente sob o aspecto

2K
subjetivo da proteção à confiança.

93
78
● Segurança jurídica: abarca dois sentidos:

25
· Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico (proteção à coisa julgada, ao direito

75
07
adquirido e ao ato jurídico perfeito).
· Subjetivo: proteção à confiança das pessoas em relação às expectativas geradas por

CZ
promessas e atos estatais. É princípio autônomo. VI
IE
RK

● Segurança jurídica x Legítima confiança


ZU

· Segurança jurídica: possui caráter amplo, aplicado às relações públicas e privadas;


MA

· Legítima confiança: tutela apenas a esfera jurídica do particular, protegendo-o da atuação


52989
A

arbitrária do Estado.
IR
RE

52989

A noção de proteção da confiança legítima aparece como uma reação à utilização abusiva de normas
MO

jurídicas ou atos administrativos que surpreendam bruscamente o seu destinatário. Um exemplo de


NN

aplicação do princípio da legítima confiança diz respeito à impossibilidade de devolução de valores recebidos
MA

de boa-fé por servidores públicos, em virtude de errônea interpretação de lei pela Administração:
IS
KL

STJ (Info 579): Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional
32

da Administração Pública, continuaram sendo depositados em conta de servidor


89

público após o seu falecimento. Não se analisa aqui se o herdeiro estava ou não de
57

boa-fé. O herdeiro é obrigado a devolver porque ele não tem qualquer razão
2
75

jurídica para ficar com aquele dinheiro em prejuízo da Administração Pública. Não
07

havia nenhuma relação jurídica entre o herdeiro e o Estado. O fundamento aqui é


CZ

o princípio que veda o enriquecimento sem causa (art. 884 do CC).


VI
IE
RK

Requisitos para configurar a confiança legítima:


● Ato da administração suficientemente conclusivo para gerar no administrado confiança:
ZU

· De que a Administração atuou corretamente;


MA

· De que a conduta do afetado é lícita na relação jurídica que mantém com a Administração;
A

· De que as suas expectativas são razoáveis.


IR
RE

● Presença de signos externos que orientam o cidadão a adotar determinada conduta;


MO
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MA
● Ato da administração que reconhece ou constitui uma situação jurídica individualizada, cuja

RA
durabilidade é confiável;

I
RE
● Causa idônea para provocar a confiança do afetado;

MO
● Cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obrigações no caso.

NN
MA
Quando NÃO se aplica o princípio da confiança legítima:
● Hipóteses de má-fé do administrado;

LIS
● Quando existir mera expectativa de direitos pelo interessado (ex. concessão de liminar, de caráter

2K
precário, que possa ser revista).

93
78
11.8 Princípio da Intranscendência Subjetiva das 52989
Sanções

25
75
07
O princípio da intranscendência subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e restrições

CZ
que superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as
causadoras do ato ilícito. VI
IE
Na jurisprudência do STF, encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em casos
RK

envolvendo inscrição de Estados e Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:


ZU
MA

● 1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela gestão anterior.


52989
A

Existem julgados do STF afirmando que se a irregularidade no convênio foi praticada pelo gestor
IR

anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o erário e corrigir as
RE

falhas (ex: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de ressarcimento contra o
MO

antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos cadastros de
NN

inadimplentes da União.
MA

Assim, segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a
IS

aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
KL

anteriores.
32

Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a administração de quem foi eleito
89

democraticamente e não foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras que acarretaram a
57

inscrição combatida”. Logo, deve-se aplicar o princípio da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo
2
75

que a Administração atual seja punida com a restrição na celebração de novos convênios ou recebimento de
07

repasses federais. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux,
CZ

julgados em 23/6/2015 (Info 791).


VI

O STJ comunga também desse entendimento, exigindo sempre que a gestão sucessora tenha tomado
IE
RK

as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. Por isso, editou a súmula 615.
Vejamos:
ZU

Súmula 615 STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em


MA

cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na


A
IR

gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos


RE

eventualmente cometidos.
MO
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KL
07
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
● 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do Estado/Município ou pelos

RA
outros Poderes que não o Executivo

I
RE
Além do caso acima explicado, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções pode ser

MO
aplicado também nas situações em que uma entidade estadual/municipal (ex: uma autarquia) descumpriu

NN
as regras do convênio e a União inscreve não apenas essa entidade, como também o próprio ente

MA
(Estado/Município) nos cadastros restritivos.
Nesse sentido: (...) O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem

LIS
jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse princípio, as limitações

2K
jurídicas que derivam da inscrição, em cadastros públicos de inadimplentes, das autarquias, das empresas

93
governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir os Estados-membros, projetando, sobre

78
estes, consequências jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-

25
75
se unicamente imputável aos entes menores integrantes da administração descentralizada – só a estes pode

07
afetar.

CZ
VI
52989
Os Estados-membros e o Distrito Federal, em consequência, não podem sofrer
IE
limitações em sua esfera jurídica, motivadas pelo só fato de se acharem
RK

administrativamente vinculadas a eles as autarquias, as entidades paraestatais, as


ZU

sociedades sujeitas a seu poder de controle e as empresas governamentais


MA

alegadamente inadimplentes e que, por tal motivo, hajam sido incluídas em


52989
A

cadastros federais (CAUC, SIAFI, CADIN, v.g.). (...) STF. Plenário. ACO 1848 AgR, Rel.
IR

Min. Celso de Mello, julgado em 06/11/2014.


RE
MO

Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União
NN

por irregularidades praticadas pelos outros Poderes ou órgãos autônomos


MA

A imposição de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude de pendências de


IS

órgãos dotados de autonomia institucional e orgânico-administrativa, tais como o


KL

Ministério Público estadual, constitui violação do princípio da intranscendência, na


32

medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera
89

orgânica dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode ser impedido de
57

contratar operações de crédito em razão do descumprimento dos limites setoriais


2
75

de despesa com pessoal por outros poderes e órgãos autônomos (art. 20, II, e 23, §
07

3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal). STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo
CZ

Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).


VI
IE
RK

A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-
membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores e/ou de
ZU

restrição de crédito
MA

Caso concreto: O Estado do Amapá possui débitos com o INCRA e com o IBAMA,
A
IR

duas autarquias federais. Em razão desses débitos, o Estado foi inserido no SIAFI,
RE

no CADIN e no CAUC, cadastros de inadimplência mantidos pela União. Tanto o


MO

INCRA como o IBAMA ajuizaram execução fiscal para cobrar os débitos e o Estado
N

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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DELEGADO FEDERAL

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MA
expediu precatórios, que, no entanto, ainda estão pendentes de pagamento. O

RA
Estado do Amapá ajuizou ação cível originária contra a União pedindo a exclusão

I
RE
do Estado dos cadastros restritivos. Legitimidade da União para figurar no polo

MO
passivo A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que

NN
Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores e/ou de

MA
restrição de crédito, mesmo que os débitos sejam decorrentes de dívidas com
entidades federais (e não com a administração direta). Isso porque os Sistemas

LIS
SIAFI/CAUC/CADIN são organizados e mantidos pela União, conforme suas leis de

2K
regência, do que decorre a legitimidade desta para figurar no polo passivo.

93
Manutenção nos cadastros viola o princípio da razoabilidade É indevida a inscrição

78
do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências

25
75
administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório. Isso

07
porque a CF/88 já previu que, em caso de descumprimento do pagamento do

CZ
precatório, existe a possibilidade de intervenção federal no ente inadimplente.
VI
Logo, é incompatível com o postulado da razoabilidade onerar duplamente o
IE
Estado-membro, tanto com a possibilidade de intervenção federal quanto com a
RK

sua inscrição em cadastros desabonadores. STF. Plenário. ACO 3083, Rel. Ricardo
ZU

Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).


MA

52989
A

Como as provas de Delegado da Polícia Federal são organizadas pela banca CESPE/CEBRASPE,
IR
RE

muito importante estar atento às jurisprudências das Cortes Superiores, pois são
MO

frequentemente exigidas em todas as fases do certame. Nas fases discursiva e oral, a banca
costuma apresentar um caso prático, baseado em alguma decisão do STJ ou STF, exigindo que o
NN

candidato conheça as decisões e seus fundamentos. Assim, seguem algumas jurisprudências, que somadas
MA

as já apresentadas acima, são consideradas relevantes e de leitura imprescindível:


IS
KL

Necessidade de garantir contraditório e ampla defesa


32

A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais. No entanto, se a
89

invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se necessária a


57

instauração de procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.
2
75

Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a observância do
07

52989

contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo.


CZ

STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/12/2013 (Info 732).
VI

STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/10/2014 (Info 763).
IE
RK
ZU

Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora


MA

Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar
respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo
A
IR

de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame. STF.
RE

Plenário. RE 632853, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/04/2015 (repercussão geral) (Info 782)
MO
N

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
Pandemia, crise econômica e limite prudencial atingido para despesas com pessoal não são motivos

RA
suficientes para se deixar de nomear o candidato aprovado dentro do número de vagas do concurso

I
RE
público

MO
Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em concurso público devem ficar

NN
comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo Tribunal Federal no RE 598.099/MS, não

MA
sendo suficiente a alegação de estado das coisas - pandemia, crise econômica, limite prudencial atingido para
despesas com pessoal -, tampouco o alerta da Corte de Contas acerca do chamado limite prudencial. A recusa

LIS
à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas deve ser a última das alternativas,

2K
somente sendo adotada quando realmente já não houver outra saída para a Administração Pública. STJ. 1ª

93
Turma. RMS 66.316-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), julgado

78
em 19/10/2021 (Info 715).

25
75
07
O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é de 5 anos,

CZ
contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do aprovado
VI
Nos casos de preterição de candidato na nomeação em concurso público, o termo inicial do prazo
IE
prescricional quinquenal recai na data em que foi nomeado outro servidor no lugar do aprovado no certame.
RK

STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.643.048-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 668).
ZU
MA

O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de concessão inicial de
52989
A

aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do processo à Corte de Contas
IR

Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
RE

ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
MO

ou pensão, a contar da chegada do processo


52989 à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel.
NN

Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).
MA
IS

Referências bibliográficas:
KL
32

- Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo.


89

- Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo.


2 57

- José Santos Carvalho Filho. Curso de Direito Administrativo.


75
07
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META 6 – REVISÃO SEMANAL

RAI
RE
DIREITO PENAL: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS

MO
NN
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

MA
CF/88

LIS
⦁ Art. 5º, II

2K
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX

93
78
⦁ Art. 5º, §3º

25
⦁ art. 7º, X

75
⦁ Art. 22, I e §único

07
⦁ art. 227, § 4º

CZ
CP VI
IE
RK

⦁ Art. 1º
ZU

⦁ Art. 59
⦁ Art. 71
MA

52989
52989
A
IR

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


RE

⦁ Art. 8°, itens 2 e 5, CADH


MO

⦁ Art. 8º, item 4 do Pacto de São José da Costa Rica


NN

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


MA
IS


KL

Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII, CF/88


⦁ Art. 5º, XXXIX, CF/88
32


89

Art. 22, I e §único, CF/88


57

⦁ Art. 1º, CP
2
75
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CZ
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MO
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IS
KL
07
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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MA
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL

RAI
RE
52989

TODOS OS ARTIGOS

MO
⦁ Art. 3º do ADCT

NN
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;

MA
⦁ Art. 34, CF/88

LIS
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;

2K
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88

93
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

78
25
⦁ Art. 34, inc. VII, CF/88

75
⦁ Art. 60, CF/88 (muito importante!)

07
CZ
VI
IE
RK
ZU
MA

52989
A
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MO
NN
MA
IS
KL
32
89
57
2
75
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ZU
MA
A
IR
RE
MO
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

EV
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DELEGADO FEDERAL

UR
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SEMANA 01/42

MA
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS

RA
I
RE
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

MO
CRFB/88

NN
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX

MA
⦁ Art. 5º, LV

LIS
⦁ Art. 37, caput e §1º

2K
⦁ Art. 37, VII

93
⦁ Art. 93, IX

78
⦁ Art. 41

25
⦁ Art. 169, §3º

75
07
52989

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS

CZ
⦁ Art. 11, IV, Lei 8429/92
⦁ Art. 6º, 32 e 37 da lei 8987/95 VI
IE
RK

⦁ Art. art. 5º e 104 da Lei 14133/21


ZU

⦁ Art. 2º, 50, 53 e 54 da Lei 9784/99


MA

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 37, caput e §1º, CF/88 (importantíssimo!) 52989
A
IR

⦁ Art. 5º, LV e LX
RE

⦁ Art. 6º, §1º e §3º lei 8987/95


MO

⦁ Art. 2º, caput da Lei 9784/99 (análise comparativa com o art. 37, caput, da CF/88 e art. 5º da Lei
NN

14133/21)

MA

Art. 53 da Lei 9784/99


IS
KL

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


32

Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão
89

de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma
57

subsidiária, aos Estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria.
2
75

Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
07

por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
CZ

jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
VI

ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer
IE

dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
RK

designações recíprocas, viola a Constituição Federal.


ZU

Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
MA

ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
A

respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.


IR
RE

Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
MO
N

141
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