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Brandão (1986) afirma que educação é todo conhecimento adquirido

com a vivência em sociedade, seja ela qual for. Para ele, não existe um modelo nem uma
única maneira para se educar, uma vez que a educação ocorre
a partir do momento em que se observa, entende, imita e aprende-se. Este
processo não ocorre somente dentro de uma sala de aula onde existe um professor formado
para educar. Em todos os povos, em todas as classes, a aprendizagem está presente, de várias
maneiras.

Zacharias (2007), por sua vez, afirma que educar é construir; é libertar o
homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da história e a questão da identidade
cultural, tanto em sua dimensão individual como social.

Com base nas definições acima, constatamos que, o processo de educação tem em vista a
preparação do homem para sua melhor inserção na sociedade.

A Educação nas Zonas Libertadas, 1964 – 1974

Desde cedo, a FRELIMO insistiu na importância e necessidade de ter uma educação para o
avanço da própria luta. Para Eduardo Mondlane, a educação era uma condição político
ideológica básica para o sucesso da luta.
Para MONDLANE (1975: 137), “…o problema do treino não envolvia apenas o aspecto
militar. As deficiências do sistema educacional português significavam que o nosso
movimento tinha uma enorme falta de quadros em todos os campos. “

Organização escolar nas zonas Libertadas


Quanto aos mecanismos de funcionamento das escolas criadas nas „„zonas libertadas ‟‟,
Mondlane (1975, p197) refere que por falta de recursos humanos devidamente preparados, o
grau de instrução ministrado nas referidas escolas não passava do rudimentar, orientado para
necessidades das crianças tendo em conta o seu contexto cultural, aliado ao contexto da luta
nacional. Incluía disciplinas como a Língua Portuguesa, História e Geografia de
Moçambique, e, entre várias matérias, destacava-se a leitura, a escrita, aritmética e o civismo.

Paralelamente ao ensino, as escolas da FRELIMO praticavam agricultura e outras actividades


afins e o ensino mais especializado era feito no Instituto de Moçambique a funcionar em Dar-
es-Salam, na República Unida da Tanzânia. O que se deve perceber em todo esse processo de
ensino nas zonas libertadas foi a necessidade de, mediante as exigências da guerra, moldar
uma nova sociedade, livre dos preconceitos coloniais e capaz de compreender a necessidade
da guerra, levando-a até à independência nacional. (Mondlane, 1975)

O programa da escola primária era apenas uma parte do trabalho feito pelo Departamento da
Educação. Este tentava remediar esta situação organizando meios de educação mais
adiantada, e cursos especializados para jovens selecionados que já tenham recebido
instrução básica. O Instituto Moçambicano, que ainda funcionou em Dar-Es-Salam, onde se
realizava este trabalho, embora a natureza e o âmbito das suas actividades tenha mudado
consideravelmente desde a fundação em 1963. O Instituto começou a financiar também
escolas primárias para refugiados Moçambicanos na Tanzânia.
E naturalmente, desde o início, foi chamado a fornecer fundos para as novas escolas em
Moçambique e para outros programas tornados necessários e pela criação de zonas libertadas.
Nestes programas estavam incluídos bastantes cursos novos organizados em conjunto com a
FRELIMO e orientados com o auxílio de alguns professores do Instituto.
O primeiro foi o Curso de Enfermagem, preparando os alunos para tomar parte no novo
programa de saúde de Moçambique. Seguiu-se a criação de um curso política e
administrativo para aqueles que trabalha no governo local das zonas recém-libertadas. Em
1968 foi criado um curso para professores primários (Idem, 198, 199).
Como reflexo dessa articulação, o sistema educativo estruturava-se em:
 Educação formal;
 Alfabetização e escolarização de adultos e;
 Formação de professores.
A educação formal, destinada a crianças e adolescentes que viviam nas zonas libertadas,
abrangia quatro níveis:
 O Pré-Primário, ministrado em Centros Infantis,
 O Primário, de quatro séries, ministrado em escolas do interior do país e na Tanzânia;
 O Secundário de quatro séries, ministrado na Escola Secundária de Bagamoyo
(Tanzânia), e;
 O Universitário, que não chegaram a funcionar: os alunos que atingiam este nível
eram enviados para o exterior

De acordo com ZAWANGONI (2007: 48), nas Zonas Libertadas foi criado o
Departamento de Educação e Cultura para as províncias de Tete, Niassa e Cabo
Delgado.
As escolas primárias das zonas libertadas
A abertura de novas escolas primárias e a organização da alfabetização e da educação de
adultos eram duas das primeiras acções da Frelimo quando libertava uma nova zona do país.
Quando foi fundada em 1962 a Frelimo, através do seu programa, empenhou-se em “liquidar
a educação e a cultura colonialista e imperialista para desenvolver a instrução, a educação e a
cultura ao serviço da libertação do povo moçambicano”

Nas zonas libertadas assistia-se a uma transformação qualitativa das instituições formativas e
ao seu crescimento numérico. As escolas nasciam devido a duas necessidades, uma de
carácter estrutural e outra super-estrutural. Uma nova maneira de pensar, sentir e agir era
necessária para reorganizar a produção e o consumo e melhorar as condições de existência. Os
hábitos e as concepções tradicionais, que bloqueavam a iniciativa e a criatividade, eram postas
em discussão pela primeira vez. A difusão dos conhecimentos científicos, ainda que
elementares, permitia a introdução de novos métodos de trabalho para aumentar a produção e
também responder às necessidades crescentes da situação de guerra.
Por outro lado, a expansão e a agudização do conflito militar criavam a necessidade de dotar o
exército popular de instrumentos como a leitura, a escrita e o cálculo, indispensáveis na
utilização de armamento moderno e na adopção de uma estratégia complexa. Para responder a
estas exigências, nasceram algumas centenas de escolas debaixo de árvores. Esta
característica era a consequência da falta de meios e da necessidade de adaptar-se à situação
de guerra, onde as construções fixas seriam um alvo fácil para o inimigo.
Nestas escolas, chamadas “Centros pilotos”, para além do estudo, os alunos dedicavam várias
adultos. A carne para a sua alimentação vinha da criação de pequenos animais ou da caça.
Entre a escola e os habitantes da zona havia uma relação de ajuda mútua através de trocas de
produtos e de serviços. Os professores e os alunos recebiam treino militar, segundo a idade,
que os preparava para enfrentar as situações criadas pela guerra. Os professores tinham, em
muitos casos, apenas mais um ano de escolaridade do que os seus alunos. Com a necessidade
crescente de instrução, a Frelimo aplicava o princípio de que quem tinha estudado devia
ensinar aquilo que sabia a quem ainda o não tivesse podido fazer.
Trabalhava-se em condições difíceis. Até 1968, por exemplo, os professores não tinham
manuais de orientação. Com os breves cursos de formação e os encontros frequentes de
preparação resolvia-se, em parte, esta situação. Nas reuniões de província ou de distrito, os
que tinham maior experiência davam esclarecimentos aos outros quanto a objectivos,
conteúdos e métodos de cada lição do mês seguinte, e juntos discutiam os problemas
políticos, sociais e militares que cada um tinha encontrado.
Os alunos também não tinham nem livros nem cadernos. A “iniciativa criadora” era chamada
em causa para enfrentar as dificuldades. Em lugar do quadro usava-se um pedaço de madeira
escura. A mandioca seca substituía o giz e desenhavam-se mapas geográficos no chão de
areia.

As escolas secundárias

Primeiro Período (1975 até 1982)

Segundo Período (1983 - 1990)

Terceiro período (1992 até a atualidade)

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