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CLASSIFICAÇÕES TÉCNICAS

- Capacidade de uso das Terras

- Aptidão Agrícola das Terras

Sérgio L. de Lima

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO

CLASSIFICAÇÕES TÉCNICAS
2

Sérgio L. de
Lima

CLINE (1949) - Podem ser consideradas tantas classificações quanto os objetivos


concebíveis para agrupamentos de solos , mas basicamente há dois tipos:

a) NATURAIS OU TAXONÔMICAS: “Os solos são agrupados a partir de


grande número de propriedades e das relações entre eles, normalmente tomando como
base as que refletem processos pedogenéticos similares”.

b) TÉCNICAS OU INTERPRETATIVAS: “os solos são agrupados de acôrdo


com determinados objetivos, de interesse prático específico, mais relacionado com seu
comportamento”.
No Brasil, as mais usadas são: Capacidade de Uso das Terras

Aptidão Agrícola das Terras

I - Classificação das Terras no Sistema de Capacidade de Uso

- Níveis Categóricos: O sistema de capacidade de uso, consiste em quatro


níveis categóricos:

a) Grupos de Capacidade de Uso ( A,B,C)

b) Classes de Capacidade de Uso ( I à VIII )

c) Subclasses de Capacidade de Uso ( a,s,c,e)

d) Unidade de Capacidade de Uso


3

a) Grupos de Capacidade de Uso:

Expressam o potencial de utilização agrícola, sendo estabelecidos com base na


intensidade de uso das terras.

A intensidade de uso, é definida pela maior ou menor mobilização imposta ao solo,


expondo-o a certos riscos de erosão e/ou perda da produtividade, decorrentes de distúrbios
no solo, ou na redução da cobertura vegetal.

GRUPO A: Terras próprias para culturas ( anuais e perenes) e outros usos.


Abrange quatro classes de capacidade de uso. ( I, II, III e IV).

GRUPO B: Terras impróprias para culturas, mas adaptáveis para pastagens,


silvicultura e refúgio da vida silvestre. ( V,VI e VII).

GRUPO C: Terras impróprias para a exploração agrícola econômica, podendo


servir apenas para recreação, abrigo da vida silvestre e outros usos
não agrícola. ( VIII ).

b) Classes de Capacidade de Uso das Terras

As classes de Cap. de uso, são baseadas nas alternativas de uso e no grau das
limitações: Terras comportando as mesmas alternativas de uso e apresentando limitações
semelhantes, são incluídas na mesma classe. ( I à VIII )
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A - Terras próprias para culturas, pastagens e florestas.

Classe I : Terras aparentemente sem problemas de conservação ( verde claro).


Inclui as terras altamente produtivas, praticamente planas, fáceis de serem
trabalhadas, sem erosão aparente, sem pedras e bem drenadas. Não exigem práticas
especiais de melhoramento ou proteção.
São recomendadas apenas: - rotação de culturas, adubação de manutenção e tratos
culturais normais.

Classe II : Terras com problemas simples de conservação ( Amarelo).


Inclui as terras produtivas, com declives suaves, facilmente trabalháveis, erosão
ligeira, podendo apresentar pedras ocasionais ( menos de 1% da área). Exigem práticas
simples de conservação, tais como: - plantio em nível; culturas em faixas; uso de
fertilizantes e corretivos para aumentar a fertilidade.

Classe III : Terras com problemas complexos de conservação ( Vermelho)


Inclui as terras com produtividade pelo menos razoável, podendo apresentar declive
e erosão moderados, ser planas e mal drenadas, apresentar pedras e sulcos de erosão ou
estar temporariamente encharcadas. Exigem práticas intensivas tais como: terraceamento;
cordões de contorno; remoção de pedras; drenagem artificial; irrigaçào; adubação e
calagem; mesmo em pastagem é importante a construção de sulcos em nível.

Classe IV : Terras com sérios problemas de conservação ( Azul).


Inclui as terras pouco produtivas, com declives fortes, erosão acentuada, solos rasos
ou com bastante pedras. Cultivados ocasionalmente ou em extensão limitada, sendo melhor
aproveitadas para culturas perenes ou pastagens, com práticas intensivas de melhoramentos
ou proteção.
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B) Terras impróprias para culturas, mas próprias para pastagens e florestas:

Classe V : Terras próprias para pastagens, florestas e silvicultura, sem restrições


especiais de uso. ( Verde escuro).
Inclui as terras de boa produtividade, planas e não sujeitas à erosão, mas não se
prestam para a agricultura por serem excessivamente úmidas ou sujeitas a inundações
freqüentes ou por serem muito pedregosas. Entretanto, podem ser usadas para pastagens e
florestas sem restrições especiais. Portanto, pela sua própria definição, essas terras
constituem um caso muito especial e raro.

Classe VI : Terras próprias para pastagens e florestas, com restrições de uso.


(Alaranjado).
Inclui as terras de baixa produtividade, ou então com alta produtividade, mas com
outros problemas tais como, pedregosas, muito inclinadas ou severamente erodidas.
Embora impróprias para o cultivo, essas terras podem sustentar uma vegetação
permanente, como pastagens e florestas com restrições moderadas de uso. As restrições
referentes as pastagens são: ajuste do número de animais; divisão dos pastos; rotação do
pastoreio; adubação das pastagens fracas e práticas mecânicas para o controle de erosão.

Classe VII : Terras de pastagens ou florestas com severas restrições de uso


(Marron).
Inclui as terras de produtividade variável, mas em geral muito íngremes,
severamente erodidas ou muito pedregosas. Exigem grandes cuidados quando utilizadas
para pasto ou floresta. A maior parte dessas terras são indicadas para florestas.
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C - Terras impróprias para vegetação economicamente produtivas.

Classe VIII : Terras impróprias para culturas, pastagens ou exploração


florestal, podendo servir apenas para abrigo da fauna silvestre ou recreação. (Roxo).
Inclui as terras excessivamente íngremes ou pedregosas, estéreis ou completamente
arruinadas pela erosão. Incluem-se nesta classe:
- os brejos e pântanos, cuja recuperação não é econômica;
- áreas que não possibilitam o desenvolvimento de vegetação ( voçorocas,
escavações, afloramentos de rochas, etc.).
Algumas terras da classe VIII, podem ser usadas para abrigo da fauna silvestre
( caça e pesca) e outros como lugares de recreio.

* - Enquanto o número de alternativas diminui da classe I para a classe VIII, o grau


de limitação aumenta da I para a VIII.

Como regra geral : - A utilização contínua com culturas anuais deve restringir-se às
terras das classes I, II e III.
- Sendo que a classe IV comporta culturas anuais
ocasionalmente como por exemplo na implantação de culturas perenes ou reforma de
pastagens.

C) - Subclasses de Capacidade de Uso

As subclasses de cap. de uso, são definidas em função da natureza da limitaçào mais


forte ( dominante).
Combinações de solos com fatores limitantes, determinando a mesma classe de
capacidade de uso, podem requerer sistemas de manejo diferentes em função de situações
bem distintas. Portanto, com base só nas classes de capacidade de uso, poderá ser feita a
indicação das alternativas de uso compatíveis, mas não será possível fazer-se a indicação
das práticas, ou seja, a recomendação de manejos específicos.
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Portanto será necessário detalhes, indicando a natureza da limitação dominante, ou


se ocorrem duas ou mais limitações de mesmo grau.

As limitações que caracterizam as subclasses são:

- e - erosão ou risco de erosão.


-a ou ( w) - excesso de água ( ou deficiência de oxigênio).
- s - limitações devidas ao solo.
- c- limitações climáticas ( principalmente precipitação).

As subclasses de cap. de uso, são identificadas por letras minúsculas, indicadoras do


tipo de limitação mais forte, as quais são acrescentadas aos algarismos romanos que
representam as classes de cap. de uso.
Quando ocorrem duas espécies de limitação em graus semelhantes, são ambas
indicadas separadas por uma vírgula.
Exemplo: vamos considerar um solo pertencente à classe III, que é indicado para
culturas, requerendo práticas conservacionistas de caráter intensivo, à subclasse IIIe
portanto caracterizando terras próprias para culturas, mas que requerem práticas
intensivas de controle da erosão.
Se o mesmo solo, apresentasse como maiores fatores limitantes o risco de erosão e
um fator ligado ao solo como por exemplo a baixa fertilidade, seria classificado como
pertencente à subclasse IIIe,s , requerendo um sistema de manejo intensivo tanto para o
controle da erosão como também a correção da fertilidade.
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d) - Unidades de Capacidade de Uso

São baseadas nas condições específicas que influenciam o uso e/ou manejo das
terras, podendo ser identificados por algarismos arábicos acrescentados aos símbolos da
subclasse, separados por um hífen.
A unidade de capacidade de uso, torna mais explícita a natureza da limitação,
facilitando a definição de práticas de manejo e conservação.
Exemplo: Um solo pertencente à subclasse IIIs, ou seja sua maior limitação é
devido ao solo, mas não indica realmente qual é essa limitação, pois pode ser problema de :
pouca profundidade, ou apresentar muitas pedras, ou salinidade etc.
Com o emprego da unidade, teríamos por exemplo: III s-1 (indicando que a
limitação é por problema de profundidade do solo); ou III s-3 ( indicando que a limitação é
devido à pedregosidade).
Na Figura 1 está apresentado o esquema de classes de , subclasses e unidades de
capacidade de uso (adaptado de Peralta, 1963). Fonte : LEPSCH et alii, 1991.
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GRUPOS CLASSES SUBCLASSES UNIDADES DE USO

01. declive acentuado


02. declive longo
03. mudança textural abrupta
04. erosão laminar
05. erosão em sulcos
06. erosão em voçorocas
07. erosão eólica
08. depósitos de erosão
e 09. permeabilidade baixa
(exceto V) 10. horizonte A arenoso
I
01. pouca profundidade
II 02. textura arenosa em todo perfil
03. pedregosidade
III 04. argilas expandidas
05. baixa saturação por bases
IV s 06. toxicidade de alumínio
07. baixa capacidade de troca
08. acidos sulfatados ou sulfetos
V
09. alta saturacão com sódio
10. excesso de sais solúveis
VI 11. excesso de sais solúveis

VII a 01. lençol freático elevado


02. risco de inundação
VIII 03. subsidência em solos orgânicos
04. deficiência de oxigênio no solo
c
01. seca prolongada
02. geada
03. ventos frios
04. granizo
05. neve

Figura 1: Esquema de classes, subclasses e unidades de capacidade de uso (adaptado de


Peralta, 1963). Fonte : LEPSCH et alii, 1991.
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Algumas considerações sobre a natureza das limitações.


Classes de risco de inundação:
curta média longa
solo coberto solo coberto com solo coberto com
com
classes água por um água por um água por um tempo
tempo tempo
menor que 2 de 2 à 30 dias maior que 30 dias
dias
inundação inundação ocorre inundação ocorre
ocorre
ocasionais em períodos em períodos em períodos
maiores que 5 maiores que 5 maiores que 5 anos
anos anos
inundação inundação ocorre inundação ocorre
ocorre
freqüentes em períodos em períodos em períodos
de 1 à 5 anos de 1 à 5 anos de 1 à 5 anos
muito inundação inundação ocorre inundação ocorre
freqüentes ocorre
todos os anos todos os anos todos os anos

Classes de pedregosidade do solo


sem pedras 1 m2 /ha (cobrem menos que 0.01
1% 100 m2/ha interferem mas não impedem o preparo e o cultivo
1 - 10% 100 - 1000 m2 /ha
10 -30% 1000 - 3000 m2/ha impedem uso de máquinas agrícolas
30 - 50% 3000 - 5000m2/ha
maior que 50% mais que 5000 m2/ha terreno praticamente tomado pelas pedras
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Classes de erosão :
Classes de Erosão em Sulcos
Classes Profundidade do Solo
Rasos Médios Profundos*
Os implementos Os implementos
agrícolas podem agrícolas podem As máquinas
cruzá-los e cruzá-los ,mas não agrícolas não
desfaze-los no desfaze-los no podem cruzá-los no
preparo de solo preparo de solo preparo de solo
Distantes mais de Distantes mais de Distantes mais de
Ocasionais 30 m 30 m 30m
Distantes menos de Distantes menos de Distantes menos de
Freqüentes 30m 30m 30m
ocupam menos de ocupam menos de ocupam menos
75% da área 75% da área 75% da área
Distantes menos de Distantes menos de Distantes menos
Muito freqüentes 30m 30m de 30m
ocupam mais de ocupam mais de ocupam mais de
75% da área 75% da área 75% da área
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 Sulcos muito profundos , quando não podem ser cruzados com máquinas e o horizonte C
já foi atingido.
Classes de Erosão Laminar
Classes Espessura do Horiz. A ( cm) Características
Não aparente 25 -----------------------
Ligeira 15 - 25 ----------------------
Moderada 2 - 15 pode aflorar porção do h.
B
Severa todo horiz. Removido horiz. B exposto
Muito severa ----------- horiz. B com sinais de
erosão
--- ------- B tota/te exposto e em
Extre/te severa alguns pontos o horiz. C.

3 - Levantamento do Meio Físico

O solo é o principal recurso natural, para o aproveitamento agrícola, mas esgotável


em função de como é explorado pelo homem.

O conhecimento de seus recursos naturais, para que se possa determinar o seu uso
e manejo de forma mais racional, só será possível através de levantamentos de solos. Com
o levantamento do meio físico, poderemos conhecer as características e condições das
terras, com as quais se determina sua capacidade de uso.

O levantamento do meio físico é um inventário feito com observações de campo


( incluindo indagações à agricultores), análise de amostras de solos ( em laboratório), dados
climáticos, etc.
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Uma situação considerada como ideal, seria ter em disponibilidade levantamentos


de solo à nível de série, em mapas de grande escala (  1:25000 ). Contudo, no Brasil é
difícil encontrar áreas com levantamentos pedológicos compatível com escala 1:50000.
4 - Aspectos e Características das Terras a Serem Consideradas

Para levantamento com objetivo de classificar as terras para o seu planejamento de


uso, deve abranger:
- Todos os aspectos e características que condicionem o uso das terras;
- As propriedades e características do perfil do solo ( independente de serem
limitantes ou não), a declividade, a erosão , etc.

Esses elementos, por facilidade são representados por símbolos e notações


convencionais, dispostos numa seqüência conhecida como Fórmula mínima, que encerra o
mínimo de características a serem identificadas e mapeados.

profundidade efetiva - textura - permeabilidade


Fórmula mínima = ----------------------------------------------------------- uso atual
declividade - erosão

Como esses fatores tem posições fixas na fração e notação obrigatória, são
representados apenas pelos algarismos que indicam seu grau de ocorrência.
Exemplo:
2-5/2 - 1/3
----------------------------- L . a
C - 37

2: solo profundo
5 / 2 : textura arenosa na camada superficial e argilosa na subsuperficial.
1 / 3: permeabilidade rápida na superficie e lenta na subsuperfície.
C: classe de declive ( 5 - 10 %).
3: erosão laminar severa.
7: erosão em sulcos superficiais e ocasionais
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L. a. : uso com lavouras anuais.


Uma forma mais completa seria a representação através da adição de fatores
limitantes como por exemplo:

fatores limitantes
lavoura perene

2-5/2-1/3
-------------------------------- a b - c t - Lp
C - 37

mudança textural baixa capacidade de


abrupta entre A e B troca catiônica

Passando a ser chamada de fórmula obrigatória. Quando não há fator(es)


limitante(s), esta será exatamente igual a fórmula mínima.
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II - Classificação das Terras no Sistema de Aptidão Agrícola

Critérios Básicos:

BENNEMA et. al. ( 1964 ), consideravam que a avaliação da aptidão agrícola das
terras deveria ser feita em 4 classes , indicadas para lavouras de ciclo curto e de ciclo longo,
e em 3 níveis de manejo ( A, B, e C ).

RAMALHO et. al. (1978) , propuseram 6 grupos de aptidão, para avaliar as


condições agrícolas de cada unidade de mapeamento, NÃO SÓ para lavouras, mas
também para pastagens plantadas, silvicultura e pastagem natural, devendo as áreas
inaptas para estes tipos de utilização, serem destinadas para a preservação da flora e fauna.

Níveis de Manejo:

“A” ou primitivo - é baseado em práticas agrícolas que refletem um baixo nível


tecnológico. Praticamente não há aplicação de capital e resultados da pesquisa agronômica
para manejo, melhoramento e conservação das terras e das culturas. As práticas agrícolas
são executadas com trabalho braçal, podendo ser utilizada a tração animal, principalmente
nas operações de preparo do solo.

“B” ou semidesenvolvido - é baseado em práticas agrícolas que refletem um nível


tecnológico médio. Caracteriza-se pela moderada aplicação de capital e de resultados da
pesquisa agronômica para manejo, melhoramento e conservação das terras e das culturas. A
execução das práticas agrícolas, está condicionada principalmente na tração animal.

“C” ou desenvolvido - é baseado em práticas agrícolas que refletem um nível


tecnológico alto. Caracteriza-se pela aplicação de capital e de resultados da pesquisa
agronômica. A motomecanização é utilizada nas diversas operações agrícolas, desde o
preparo do solo até os tratamentos posteriores à colheita.
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Os níveis de manejo B e C : incluem diversos melhoramentos tais como: práticas


de melhoramento do solo, controle da erosão , mas sem irrigação pois para projetos de
agricultura irrigada, recomenda - se o uso de sistema específico (Classificação das terras
para Irrigação ).

Classificação composta por RAMALHO et. al. 1978.

a) Grupos de Aptidão Agrícola ( de 1 a 6 )

b) Subgrupos de Aptidão Agrícola

c) Classes de Aptidão Agrícola

a) - Grupos de Aptidão :
Os grupos 1, 2 e 3, além da identificação de lavouras como tipos de utilização
agrícola, desempenham a função de representar no subgrupo, as melhores classes de aptidão
das terras indicadas para lavouras, conforme os níveis de manejo.
Os grupos 4 ,5 e 6, apenas identificam tipos de utilização ( pastagem plantada,
silvicultura e/ou pastagem natural e preservação da flora e fauna), respectivamente,
independentemente da classe de aptidão.
A representação dos grupos de Aptidão Agrícola, é feita com algarismos arábicos de
1 a 6, em escala decrescente segundo as possibilidades de uso das terras.
As limitações que afetam o tipo de uso, aumentam do grupo 1 para o grupo 6
Grupos 1, 2 e 3 : aptos para lavouras
Grupo 4 : indicado basicamente para pastagem plantada.
Grupo 5 : indicado para silvicultura e/ou pastagem natural.
Grupo 6 : terras sem aptidão agrícola , portanto indicadas só para a
preservação da flora e da fauna.
A figura 2 demonstra as alternativas de uso e a intensidade com que as
terras podem ser utilizadas.
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Grupo de Aumento da intensidade de uso

Silvicultura Lav oura


Aptidão Preservação
e/ou Pastagem
da flora e da Plantada Aptidão Aptidão Aptidão
pastagem
Agrícola fauna restrita regular boa
natural
Aumento da intensidade da limitação
Diminuição das alternativas de uso

Figura 2 : Alternativas de utilização das terras de acordo com os grupos de


Aptidão Agrícola.

Pela Figura 2 pode-se observar que os tres primeiros grupos são aptos para
lavouras, o grupo 4 é indicado basicamente para pastagem plantada; o grupo 5 para
silvicultura e/ou pastagem natural; enquanto que o grupo 6 não apresenta outra
alternativa senão a preservação da natureza.
`
Para atender às variações que se verificam dentro do grupo, adotou-se a categoria de
subgrupo de aptidão agrícola.
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b) - Subgrupos de Aptidão:

Servem para mostrar as variações dentro de cada grupo de aptidão agrícola.


Expressa o resultado conjunto da avaliação da classe de aptidão agrícola, relacionado com o
nível de manejo, indicando o tipo de utilização agrícola das terras.
Exemplo: 1 (a) b C

grupo indica a melhor classe de aptidão dos componentes


do subgrupo, uma vez que as terras pertencem:
à classe boa para lavouras no nível de manejo C ( grupo 1 );
à classe regular no nível de manejo B.
à classe restrita no nível de manejo A.
O subgrupo de Aptidão agrícola, refere se à aptidão agrícola das terras para os tipos
de utilização compatíveis, ao passo que a subclasses de capacidade de uso das terras, diz
respeito aos tipos de limitações que determinam a classe de capacidade de uso.

c) - Classes de Aptidão Agrícola:

As classes , expressam a aptidão agrícola das terras para um determinado tipo de


utilização, sob um nível de manejo definido dentro do subgrupo de aptidão. Refletem o grau
de intensidade com que as limitações afetam a utilização das terras.
Os tipos de utilização agrícola considerados são:
- lavouras; pastagens plantadas; silvicultura e pastagem natural.
São definidas Segundo a FAO (1976), as seguintes classes:
Classe Boa - Incluem as terras sem limitações significativas para a produção
sustentada de um determinado tipo de utilização, nas condições do nível de manejo
considerado. Podem ocorrer algumas restrições que não reduzem a produtividade ou os
benefícios, de maneira expressiva, nem aumentam os insumos necessários, acima de um
nível aceitável.
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Nesta classe, os diversos tipos de utilização das terras são representados pelos
seguintes símbolos:
A,B,C - Lavouras ( nos tres níveis de manejo);
P - Pastagem plantada ( nível de manejo B );
S - Silvicultura ( nível de manejo B );
N- Pastagem natural ( nível de manejo A ).

Classe Regular - incluem as terras que apresentam limitações moderadas para a


produção sustentada de um determinado tipo de utilização, nas condições do nível de
manejo considerado. As limitações reduzem a produtividade ou os benefícios, elevando a
necessidade de insumos, a fim de aumentar as vantagens globais a serem obtidas do uso da
terra.
Essas vantagens são menores que as auferidas das terras da classe boa.
Nesta classe, a utilização é dada pelos símbolos:

a, b, c - Lavouras ( nos três níveis de manejo)


p - Pastagem plantada ( nível de manejo B );
s - Silvicultura ( nível de manejo B);
n - Pastagem natural ( nível de manejo A ).

Classe restrita - incluem as terras que apresentam limitações fortes para a


produção sustentada de um determinado tipo de utilização agrícola, dentro das condições de
nível de manejo considerado. Essas limitações reduzem a produtividade ou os benefícios,
ou então aumentam a necessidade de insumos, de tal maneira, que os custos só se
justifiquem em casos marginais.
Nesta classe, a utilização é dada pelos símbolos:
(a) , (b) ,(c) - Lavouras ( nos três níveis de manejo)
(p) - Pastagem plantada ( nível de manejo B);
(s) - Silvicultura ( nível de manejo B);
(n) - Pastagem natural ( nível de manejo A).
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Classe Inapta - incluem as terras apresentando condições desfavoráveis, de modo a


excluir a produção sustentada do tipo de utilização considerado.
Ao contrário das demais classes, a inapta não é representada por símbolos, sendo
sua representação feita pela ausência das letras correspondentes ao tipo de utilização em
questão.
As terras consideradas inaptas para a lavoura, tem seu uso possível com: pastagens
plantadas; silvicultura; pastagem natural.
As terras inaptas para a utilização agrícola, tem como alternativas : a preservação da
flora e fauna; ou outro tipo de uso não agrícola.
Exemplos segundo RAMALHO et. al. 1978 :

Subgrupos de Aptidão - Caracterização:

1ABC - terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavouras, nos níveis de
manejo A, B e C.
1A B c - terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavouras nos níveis de
manejo A e B e regular no nível C.
1b C - terras pertencentes à classe boa para lavouras no nível de manejo C,
regular no nível B e inapta no nível A.
2 a b(c) - terras pertencentes à classe de aptidão agrícola regular para lavouras nos
níveis de manejo A e B, e restrita no nível C.
2 (b)c - terras pertencentes à classe de aptidão regular para lavouras no nível de
manejo C, restrita no nível B e inapta no nível A.
3 (bc) - terras pertencentes à classe de aptidão agrícola restrita para lavouras nos
níveis de manejo B e C , e inapta no nível A.
3 (ab) - terras pertencentes à classe de aptidão agrícola restrita para lavouras nos
níveis de manejo A e B e inapta no nível C
4 P - terras pertencentes à classe de aptidão agrícola boa para pastagem plantada
( nível de manejo B).
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4 (p) - terras pertencentes à classe de aptidão restrita para pastagem plantada (nível
de manejo B).
5 n - terras pertencentes à classe de aptidão regular para pastagem natural ( nível de
manejo A).
5 Sn - terras pertencentes à classe de aptidão agrícola boa para silvicultura e à
classe regular para pastagem natural.
5 s (n) - terras pertencentes à classe regular para silvicultura e à classe restrita para
pastagem natural.
6 - terras sem aptidão agrícola.

Como pode-se observar nos exemplos acima apresentados, os grupos de aptidão


1, 2 e 3 identificam terras onde a lavoura é o tipo de utilização mais intensivo. O grupo 4 é
constituído de terras em que o tipo de utilização mais intensivo é a pastagem plantada,
enquanto que o grupo 5 engloba subgrupos que identificam terras nas quais os tipos mais
intensivos são silvicultura e/ou pastagem natural.

Convenção em cores na representação cartográfica.

Grupo Cor
1 verde
2 marrom
3 laranja
4 amarelo
5 rosa
6 cinzento

- Convenções adicionais:
É evidente que o uso indicado para as terras é o mais adequado, do ponto de vista
de suas qualidades. Entretanto, em face de certas características especiais dessas mesmas
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terras, ou do conjunto ambiental, podem existir outras possibilidades de utilização ou,


mesmo o impedimento a certos usos.
Basicamente, terras aptas para culturas de ciclo curto o são também para as de ciclo
longo, que são consideradas menos exigentes. Mas há casos de solos muito rasos, ou ainda
sujeitos a constantes inundações, ou ainda de condições climáticas desfavoráveis que
constituem exceção. Essas áreas são indicadas no mapa de aptidão agrícola com convenções
especiais, conforme é mostrado na Figura 3.

Comparação entre os Sistemas Técnicos de Capacidade de Uso e Aptidão


Agrícola das Terras:

Capacidade de Uso Aptidão Agrícola


.
Leventamentos Detalhados e . Levantamento de Reconhecimento e
Semi-Detalhados Exploratório

. Planejamento de Empresas Rurais e . Planejamentos Regionais e Estudos de


pequenas bacias Hidrográficas. Zoneamento Agrícola.

. Exige nível de manejo alto . Três níveis de manejo ( A, B e C)

. Possibilita recomendações específicas de . Possibilita recomendações gerais de


manejo manejo.
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Terras aptas para culturas de ciclo curto e inaptas para culturas de ciclo
longo. Não indicadas para silvicultura

Terras aptas para culturas de ciclo longo e inaptas para culturas de ciclo
curto.

. . . .
. . . . Terras com aptidão para culturas especiais de ciclo longo.
. . . .
. . .

v v v v
v v v v Terras com irrigação instalada ou prevista.
v v v v
v v v

/ / / / /
/ / / / / Terras não indicadas para silvicultura.
/ / / / /
/ / /

~ ~ ~ Terras aptas para arroz de inundacão e inaptas para a maioria das culturas de ciclo
~ ~ curto e longo. Não indicadas para silvicultura
~ ~ ~~
~ ~ ~

2” abc Aspas no algarismo indicativo do grupo representam terras com aptidão para dois
cultivos por ano.
2 abc Traço contínuo sob o símbolo indica haver na associação de terras componentes,
em menor proporção, com aptidão superior à representada no mapa.
2 abc
------- Traço interrompido sob o símbolo indica haver na associação de terras
componentes, em menor proporção, com aptidão inferior à representada no mapa.
2 abc Traço contínuo sobre traço interrompido, sob o símbolo, indica haver na
associação de terras componentes, em menor proporção, com aptidão superior e
inferior respectivamente à representada no mapa.
2 abc
------- Traço interrompido sobre traço contínuo sob o símbolo indica haver na associação
de terras componentes, em menor proporção, com aptidão inferior e superior,
respectivamente à representada no mapa.
____ Limite entre grupos de aptidão agrícola
------- Limite entre subgrupos de aptidão agrícola

Figura 3: Convenção adicional para a representação cartográfica da aptidão agrícola das


Terras
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BIBLIOGRAFIA

BENNEMA, J.; BEEK, K.J.; CAMARGO, M.N. Um sistema de classificação de


capacidade de uso da terra para levantamento de reconhecimento de solos. Rio de Janeiro:
Ministério da Agricultura/FAO, 1964. 50p.

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO,F.; Conservação do Solo. São Paulo :


Ícone,1990. 355p.

CLINE,M.G.;Logic of the New System of Classification. Soil Science, 96(1):


17-22,1963.

FRANÇA, G.V.; A classificação de terras de acordo com sua capacidade de uso


com base para um programa de conservação de solo. In: Congresso Nacional de
Conservação do solo , 1. Campinas,1960, Anais. São Paulo, Secretaria da Agricultura,
DEMA, 1963. p. 399-408.

LEPSCH, I.F.; et al. Manual para levantamento utilitário do meio físico e


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VIEIRA,L.S.; Manual da Ciência do Solo. São Paulo, Ed. Agronomica Ceres,1975.


464p.
25

TABELA DE JULGAMENTO
LIMITAÇÀO SIMBOLO CLASSES DE LIMITAÇÀO CLASSES DE CAPACIDADE DE USO
I II III IV V VI VII VIII
A O -3 % X
CLASSES B 3 -6% X
C 6 -12% X
DE D 12 -20% X
E 20 -40% X
DECLIVE F 40 - 70% X
G 70 -100% X
FERTILI 1 MUITO ALTA X
DADE 2 ALTA X
3 MÉDIA X
APARENTE 4 BAIXA X
5 MUITO BAIXA X
1 MAIS DO QUE 200CM X
PROFUND. 2 100 - 200 CM X
3 50 - 100 CM X
EFETIVA 4 25 - 50 CM X
5 MENOS QUE 25 CM X
DRENAGEM 1 EXCESSIVA X
2 BOA X
INTERNA 3 MODERADA X
4 POBRE X
5 IMPEDIDA X
DEFLÚVIO 1 MUITO RÁPIDO X
2 RÁPIDO X
SUPERFICIAL 3 MODERADO X
4 LENTO X
LLL MUITO LENTO
5 X
1 SEM PEDRAS X
2 MENOR OU = A 1% X
PEDREGO- 3 1 - 10% X
4 10 - 30% X
SIDADE 5 30 - 50% X
6 MAIS DE 50% X
RISCO DE 1 OCASIONAIS X
2 FREQUENTES X
INUNDAÇÃO 3 MUITO FREQUENTES X
0 NÃO APARENTE X
EROSÃO 1 LIGEIRA X
2 MODERADA X
LAMINAR 3 SEVERA X
4 MUITO SEVERA X
5 EXTREMA/TE SEVERA X
EROSÃO 7 OCASIONAIS X
EM SULCOS 8 FREQUENTES X
SUPERFIC. 9 MUITO FREQUENTES X
EROSÃO 7 OCASIONAIS X
EM SULCOS 8 FREQUENTES X
RASOS 9 MUITO FREQUENTES X
EROSÃO 7 OCASIONAIS X
EM SULCOS 8 FREQUENTES X
PROFUNDOS 9 MUITO FREQUENTES X
EROSÃO EM 7V OCASIONAL X
VOÇOROCA 8V FREQUENTE X
9V MUITO FREQUENTE X

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