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CEI-AGU/PGFN

10ª RODADA - 23/09/2015

RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL

10ª RODADA - 23/09/2015

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PROFESSORES

CAROLINA BLUM. Professora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do curso.


Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada
em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no
concurso de Procurador Federal (2013/2014).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Professor de Direito Ambiental e coordenador do curso.


Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador
Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador
Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

SADI TOLFO JUNIOR. Professor de Direito Constitucional e Administrativo.


Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos
da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAMILLO PIANA. Professor de Direito Processual Civil e Tributário.


Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela
Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica
Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Professor de Internacional Público e Internacional Privado.


Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio
público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da
União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União
2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...........................................................................4


DIREITO ADMINISTRATIVO.....................................................................................................................4
DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................................................4
DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................5
DIREITO ECONÔMICO...............................................................................................................................5
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................5
DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................................................6
DIREITO CIVIL..............................................................................................................................................6
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................................7
DIREITO EMPRESARIAL............................................................................................................................7
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO....................................................................................................7
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO...................................................................................................7
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL..............................................................................................8
DIREITO DO TRABALHO...........................................................................................................................8
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO................................................................................................8
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL........................................................................................................9
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS.........................................................................................................10
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO.........................................................................11
DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................11
DIREITO CONSTITUCIONAL..................................................................................................................15
DIREITO FINANCEIRO.............................................................................................................................20
DIREITO ECONÔMICO.............................................................................................................................21
DIREITO TRIBUTÁRIO..............................................................................................................................22
DIREITO AMBIENTAL...............................................................................................................................31
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................36
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................39
DIREITO EMPRESARIAL..........................................................................................................................49
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.................................................................................................50
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.................................................................................................52
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL............................................................................................56
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................60
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................62
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL......................................................................................................63

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. As intervenções supressivas se caracterizam pela transferência forçada da titularidade do bem


do particular ao Estado, das quais são exemplos a desapropriação e a servidão administrativa.

2. Conforme precedentes do STJ, em caso de greve no serviço público, admite-se o desconto dos
dias parados da remuneração dos grevistas.

3. A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o


esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma
ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

DIREITO CONSTITUCIONAL

4. O conteúdo anatômico e estrutural da Constituição Federal de 1988 compõe um dos planos


que atestam a sua expansividade.

5. Pode-se afirmar que o cidadão comum, quando legitimado a ajuizar ação popular, está aplicando
o método de interpretação concretista de Peter Haberle.

6. A função processual do Advogado-Geral da União, nos processos de controle de


constitucionalidade por via de ação, é eminentemente defensiva. Ocupa, dentro da estrutura
formal desse processo objetivo, a posição de órgão agente, posto que lhe não compete opinar e
nem exercer a função fiscalizadora já atribuída ao Procurador-Geral da República. O Advogado-
Geral da União, nesse contexto, intervém como sujeito das relações processuais objetivas que se
formam em sede jurisdicional concentrada. Na realidade, a causa única da atuação processual
do Advogado-Geral da União é a defesa, perante o Supremo Tribunal Federal, do ato normativo
impugnado em sede de ação direta. Desse modo, impõe-se reconhecer que a atuação processual
do Advogado-Geral da União, nas ações diretas de inconstitucionalidade, na condição de curador
especial, não pode efetivar-se em detrimento da norma cuja impugnação é nelas veiculada, de
modo que está sempre obrigado a defender tese jurídica que sustente a constitucionalidade da
norma impugnada.

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7. Comete crime de responsabilidade contra a existência política da União, o Presidente da


República que violar a imunidade dos embaixadores ou ministros estrangeiros acreditados no
país. Nesse caso, ele será submetido a julgamento perante o Senado Federal, após admissão
prévia por dois terços da Câmara dos Deputados, onde será proferido julgamento de natureza
jurídica sobre a admissibilidade do ato.

DIREITO FINANCEIRO

8. À luz do Princípio da Legalidade, as finanças públicas devem ser conduzidas, via de regra,
mediante lei, cuja iniciativa é reservada ao Poder Executivo. Há, contudo, uma hipótese em
que podem ser abertos créditos diretamente por ato do Poder Executivo: trata-se, no caso, dos
créditos extraordinários, a serem abertos por meio de Medida Provisória, para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como no caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública.

9. A Lei de Responsabilidade Fiscal, ao dispor sobre as operações com o Banco Central do Brasil,
estabelece que a este é vedado, nas suas relações com entes da federação, (a) realizar permuta,
ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título da dívida de ente
da Federação por título da dívida pública federal, bem como (b) a operação de compra e venda, a
termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta, não se aplicando a vedação do
item ‘b’ ao estoque de Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na carteira das
instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas operações de venda a termo.

DIREITO ECONÔMICO

À luz dos aspectos concernentes à ordem econômica internacional e regional, respectivamente,


julgue os itens abaixo:

10. O Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos pilares da nova ordem econômica mundial
estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, foi idealizado pelo Acordo de Bretton-Woods.

11. No âmbito do Mercosul, as Resoluções do Grupo Mercado Comum são de observância


facultativa para os Estados Partes.

DIREITO TRIBUTÁRIO

12. Carece o Ministério Público de legitimidade para promover ação civil pública objetivando
anular Termo de Acordo de Regime Especial – TARE firmado entre Estado-membro e empresa
privada beneficiária de redução fiscal.

13. A verba percebida a título de dano moral tem a natureza jurídica de indenização - cujo objetivo
precípuo é a reparação do sofrimento e da dor da vítima ou de seus parentes, causados pela lesão

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de direito, razão pela qual torna-se infensa à incidência do imposto de renda.

14. O adquirente de bem móvel é responsável pelo pagamento de tributo relativo a fato gerador
ocorrido antes da transmissão, ainda que esta ocorra à vista de certidão de quitação fiscal quanto
ao bem adquirido.

DIREITO AMBIENTAL

15. As unidades de conservação poderão ser criadas e extintas por ato do Poder Público, lei
ou decreto, conforme dispõe a Constituição Federal. A criação deve ser precedida de estudos
técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites
mais adequados para a unidade.

16. A Reserva Extrativista – RESEX é unidade de conservação de propriedade pública, utilizada pelas
populações extrativistas tradicionais como condição de sobrevivência, com o uso concedido pelo
Poder Público via contrato, podendo haver agricultura e criação de animais de pequeno porte.

17. A concessão florestal é um instrumento de consecução da Politica Nacional do Meio Ambiente


e consiste na delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo
florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante
licitação, à pessoa física ou jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo
edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
prazo determinado, sendo permitida a sua subconcessão.

18. A pessoa jurídica pode ser responsabilizada pela prática de crimes ambientais. Entretanto,
para que essa responsabilização ocorra é necessário que a infração tenha sido cometida no
seu interesse ou benefício da entidade e que decorra de decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu colegiado. Além disso, é possível a aplicação de pena restritiva de direito
à pessoa jurídica, sendo a ‘suspensão parcial ou total das atividades’ e a ‘prestação pecuniária’
exemplos de pena restritiva de direito aplicadas às pessoas jurídicas.

DIREITO CIVIL

19. É trienal o prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória ajuizada por vítima de
acidente de trânsito contra concessionária de serviço público de transporte coletivo.

20. Quando o vício oculto, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o adquirente de
bem móvel terá o prazo de trinta dias, a partir da ciência desse defeito, para exercer o direito de
obter a redibição ou abatimento no preço, desde que o conhecimento do vício ocorra dentro do
prazo de cento e oitenta dias da aquisição do bem.

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21. Dentre as funções da boa-fé objetiva, nas relações contratuais, podemos destacar a função de
controle, segundo a qual aquele que contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. Não são cabíveis embargos infringentes quando reformada a sentença terminativa e julgada
a apelação, de forma não unânime, com fundamento na teoria da causa madura.

23. Quanto às peças obrigatórias do agravo de instrumento interposto por ente público, tem-
se que o termo de abertura de vista e remessa dos autos substitui a certidão de intimação da
decisão agravada.

24. Reputam-se protelatórios os embargos de declaração que visam rediscutir matéria já


apreciada e decidida pela Corte de origem em conformidade com precedente julgado pelo rito
dos recursos representativos, situação na qual é passível, inclusive, a condenação do embargante
pela multa decorrente da litigância de má-fé, sem prejuízo daquela a ser fixada por conta do
caráter protelatório dos aclaratórios.

25. É obrigatória a intervenção do Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei, em demanda


proposta por ente público na qual se veicule pretensão indenizatória derivada de prejuízos
ocasionados ao erário.

DIREITO EMPRESARIAL

26. De acordo com o disposto na legislação de regência (Lei n.º 6.404/76), nas sociedades
anônimas o Conselho Fiscal se constitui em órgão de existência obrigatória, mas de funcionamento
facultativo.

27. A legislação sobre cédulas de crédito rural admite o pacto de capitalização de juros em
periodicidade inferior à semestral.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

28. Em que pese a Convenção de Viena de 1986 ainda não tenha entrado em vigor no plano
internacional – faltando inclusive a ratificação do Brasil –, é pacífico no direito internacional
hodierno o entendimento quanto à capacidade das organizações internacionais para a conclusão
de tratados, sendo, pois, o que revela a prática internacional.

29. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, se preocupou em preservar o


relativismo cultural ao consagrar a universalidade dos direitos humanos.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

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30. De acordo com a Convenção da Haia de 1980, configura exceção ao retorno da criança, no
caso de sequestro internacional, a comprovação da integração do menor ao seu novo meio,
quando decorrido um ano ou mais entre a detenção ou retenção indevida e a data do início do
processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado onde a criança se encontrar.

31. Os nascidos no exterior, antes da Emenda Constitucional nº 54/2007, filhos de mãe e/ou de pai
brasileiros e registrados em repartição consular brasileira, para adquirir a qualidade de brasileiros
natos, necessitam vir a residir no Brasil e ajuizar a respectiva ação de opção de nacionalidade,
perante a justiça federal de primeira instância.

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

32. Segundo o Supremo Tribunal Federal, não é possível a atribuição do conceito de funcionário
público contida no art. 327 do CP a juiz federal.

33. O STF e o STJ entendem que é necessária a constituição definitiva do crédito tributário para a
instauração da ação penal, nos crimes de descaminho.

34. No processo penal brasileiro, como regra, adota-se o princípio da territorialidade, no entanto,
é possível o uso de informações compartilhadas por força de acordo internacional de cooperação
em matéria penal.

DIREITO DO TRABALHO

35. Conforme o entendimento do TST, é assegurado ao empregado contratado após a Constituição


de 1988, sem prévia aprovação em concurso público, o recebimento da contraprestação pactuada,
na proporção das horas efetivamente trabalhadas, as quais deverão equivaler, pelo menos, ao
valor da hora do salário mínimo, em atenção ao disposto no art. 7º, IV, da CF. Assim, não é
possível admitir que, na hipótese em que pactuada contraprestação em valor maior do que o
salário mínimo, seja adotado, como base de cálculo das horas trabalhadas além da jornada de
trabalho, outro valor senão aquele avençado.

36. De acordo com o TST, a supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar
prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à
indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente,
para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada
normal. O Tribunal Trabalhista assevera também que o cálculo da indenização observará a média
das horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo
valor da hora extra do dia da supressão.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

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37. Segundo o TST, é extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.

38. Segundo o TST, em regra, é cabível recurso de revista de ente público que não interpôs
recurso ordinário voluntário da decisão de primeira instância.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

39. Segundo o STJ, a contribuição dos integrantes de plano de previdência complementar pode
ser majorada sem ofender direito adquirido.

40. É ilícita a cláusula que prevê a rescisão do vínculo laboral com o patrocinador como condição
para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano privado de previdência
complementar de entidade fechada.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ERRADO
QUESTÃO 2 CERTO
QUESTÃO 3 CERTO
QUESTÃO 4 CERTO
QUESTÃO 5 CERTO
QUESTÃO 6 ERRADO
QUESTÃO 7 ERRADO
QUESTÃO 8 CERTO
QUESTÃO 9 CERTO
QUESTÃO 10 CERTO
QUESTÃO 11 ERRADO
QUESTÃO 12 ERRADO
QUESTÃO 13 CERTO
QUESTÃO 14 CERTO
QUESTÃO 15 ERRADO
QUESTÃO 16 CERTO
QUESTÃO 17 ERRADO
QUESTÃO 18 ERRADO
QUESTÃO 19 ERRADO
QUESTÃO 20 CERTO
QUESTÃO 21 CERTO
QUESTÃO 22 ERRADO
QUESTÃO 23 CERTO
QUESTÃO 24 CERTO
QUESTÃO 25 ERRADO
QUESTÃO 26 CERTO
QUESTÃO 27 CERTO
QUESTÃO 28 CERTO
QUESTÃO 29 ERRADO
QUESTÃO 30 CERTO
QUESTÃO 31 ERRADO
QUESTÃO 32 ERRADO
QUESTÃO 33 ERRADO
QUESTÃO 34 CERTO
QUESTÃO 35 CERTO
QUESTÃO 36 CERTO
QUESTÃO 37 CERTO
QUESTÃO 38 ERRADO
QUESTÃO 39 CERTO
QUESTÃO 40 ERRADO

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. As intervenções supressivas se caracterizam pela transferência forçada da titularidade do bem


do particular ao Estado, das quais são exemplos a desapropriação e a servidão administrativa.

COMENTÁRIO

As intervenções do Estado na propriedade podem ser de dois tipos:

a) Restritivas: Caracterizadas pela imposição de condicionantes e restrições pelo Estado à propriedade


privada, mas sem transferência da titularidade do bem. São exemplos: Servidão administrativa,
requisição, ocupação temporária, limitações administrativas e tombamento.

b) Supressivas: Caracterizadas pela transferência forçada da titularidade do bem do particular ao


Estado. É exemplo a desapropriação.

Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

2. Conforme precedentes do STJ, em caso de greve no serviço público, admite-se o desconto dos
dias parados da remuneração dos grevistas.

COMENTÁRIO

Lembrem que o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei n.º 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do
direito de greve, deve ser aplicada, no que couber, também aos servidores públicos civis.

Diante disso, entendeu o STJ no MS nº 17.405, que a deflagração do movimento grevista suspende, no
setor público, o vínculo funcional e, por conseguinte, desobriga o Poder Público do pagamento referente
aos dias não trabalhados.

Conforme entendeu o Tribunal, a existência de acordo, convenção coletiva, laudo arbitral ou decisão judicial
regulando as relações obrigacionais decorrentes do movimento paredista pode prever a compensação
dos dias de greve (ex vi do art. 7º, in fine, da Lei nº 7.783/89). Entretanto, não há direito líquido e certo
dos servidores sindicalizados a não ver descontados os dias não trabalhados, já que, nesses casos, deve
prevalecer o poder discricionário da Administração, a quem cabe definir pelo desconto, compensação
ou outras maneiras de administrar o conflito, sem que isso implique qualquer ofensa aos princípios da
proporcionalidade ou razoabilidade.

Nesse mesmo sentido foi o MS nº 14.942:

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MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES DO


MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - SINASEMPU. GREVE. PRELIMINAR: SÚMULA N.º 266/STF.
NÃO INCIDÊNCIA. ATO COMBATIDO QUE EXPRESSAMENTE DETERMINA A REALIZAÇÃO DE
DESCONTOS. MÉRITO: DESCONTOS NA REMUNERAÇÃO DECORRENTES DOS DIAS NÃO
TRABALHADOS. CABIMENTO. FALTAS JUSTIFICADAS. PREVISÃO LEGAL. COMPENSAÇÃO DAS
FALTAS. POSSIBILIDADE. INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE.
DEVER DE ASSIDUIDADE DO SERVIDOR. DEVER DE JUSTIFICAR A FALTA À CHEFIA IMEDIATA.

1. Da simples leitura do ato impugnado, verifica-se que não se trata de ato editado pelo
autoridade coatora no regular exercício do poder regulamentar, capaz de atrair a aplicação
da Súmula n.º 266/STF, mas sim de expressa determinação de que as ausências ao serviço
poderiam ser descontadas da remuneração, sendo consideradas faltas justificadas.

2. É pacífica a jurisprudência, em conformidade com a do Supremo Tribunal Federal, no sentido


de que é licito o desconto dos dias não trabalhados em decorrência de movimento paredista,
na medida em que o exercício do direito de greve acarreta a suspensão do contrato do
trabalho, consoante disposto no art. 7º da Lei 7.783/1989, não gerando direito à remuneração,
salvo acordo específico formulado entre as partes.

3. O dever de assiduidade do servidor público decorre de expressa disposição legal contida


no art. 116, inciso X, da Lei n.º 8.112/90.

Assim, ocorrendo a falta ao serviço, deve o servidor, oportunamente, justificá-la à sua chefia
imediata, sob pena de ter descontado em sua remuneração os dias não trabalhados, nos
termos da disciplina prevista no art. 44, inciso I, da Lei n.º 8.112/90, para faltas injustificadas.

4. Nas ausências justificadas, decorrentes de caso fortuito ou força maior, o servidor tem o
dever de comunicar à chefia imediata, que poderá autorizar a devida compensação, de modo
a evitar a realização dos descontos, a teor das normas contidas no inciso II e parágrafo único
do art. 44 da Lei n.º 8.112/90.

5. A falta decorrente de participação do servidor em movimento paredista é considerada


ausência justificada, que, segundo a referida dicção legal, pode ser compensada, evitando o
desconto na remuneração.

6. Aplicando a mesma sistemática para todas as faltas justificadas não compensadas, prescinde
de processo administrativo a realização dos descontos na remuneração do servidor decorrentes
das referidas ausências.

7. Segurança denegada.

(MS 14.942/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2012, DJe
21/05/2012)

Portanto, correto o item.

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GABARITO: CERTO

3. A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o


esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma
ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

COMENTÁRIO

O enunciado do item corresponde ao inciso IX do Decreto nº 1.171/1994, que aprovou o Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

No Capítulo I, Seção I, do Anexo ao Código, constam as regras deontológicas, as quais são abaixo
colacionadas:

CAPÍTULO I

Seção I

Das Regras Deontológicas

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados
maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função,
ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos,
comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição
dos serviços públicos.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal,
devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade
do ato administrativo.

IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente
por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade
administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua
finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em fator de legalidade.

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido

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como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o
êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida
particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia
em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do


Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado
sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de
eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum,
imputável a quem a negar.

VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que
contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum
Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão
ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma
Nação.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam


o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente
ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas
uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa
vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para
construí-los.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em
que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie
de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de
desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando
atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos
erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam
até mesmo imprudência no desempenho da função pública.

XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização
do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.

XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus
colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade
pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

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Assim, está correto o item.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO CONSTITUCIONAL

4. O conteúdo anatômico e estrutural da Constituição Federal de 1988 compõe um dos planos


que atestam a sua expansividade.

COMENTÁRIO

A classificação da Constituição Federal de 1988 como expansiva foi cunhada por Raul Machado Horta, por
incluir temas novos e ampliar temas permanentes. Segundo o autor, essa expansividade pode ser atestada
em três diferentes planos:

a) Conteúdo anatômico e estrutural: Com texto estruturado e dividido em títulos, capítulos, seções,
subseções, artigos da parte permanente e do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias.

b) Comparação constitucional interna: Com as demais Constituições anteriores, considerando a extensão


de cada uma e as suas alterações, registrando a dilatação da matéria constitucional e a evolução das
Constituições brasileiras no tempo.

c) Comparação constitucional externa: Com as demais Constituições estrangeiras mais extensas.

Assim, nota-se que o item está correto.

GABARITO: CERTO

5. Pode-se afirmar que o cidadão comum, quando legitimado a ajuizar ação popular, está aplicando
o método de interpretação concretista de Peter Haberle.

COMENTÁRIO

O método concretista de interpretação atribuído ao autor alemão Peter Häberle, também conhecido
como “Constituição Aberta”, prega que a interpretação constitucional não deve se restringir apenas a
um círculo fechado de intérpretes (sociedade aberta de intérpretes). Todo aquele que vive uma realidade
constitucional deve ser considerado um legítimo intérprete (ou pelo menos um pré-intérprete). Ele não
nega que a última palavra a ser dada é pelo judiciário (corte), mas todos aqueles que vivem a realidade
constitucional são intérpretes da constituição. Parte da premissa de que se a constituição se dirige não só
aos poderes públicos, mas também aos particulares, e para que eles possam obedecê-la devem interpretá-
la. Outro ponto fundamental da obra de Häberle é a ideia de democracia, que deve estar presente não
apenas no momento anterior de elaboração da norma, mas também num momento posterior, depois

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que a lei é editada, durante a sua interpretação. A democracia deve se fazer presente no momento
anterior, de elaboração da lei, e posterior, da interpretação.

Dentro desse contexto, a ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII, ao permitir que qualquer cidadão
seja parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, pode ser entendida como aplicação do método de interpretação concretista de Peter
Haberle. Portanto, correto o item.

GABARITO: CERTO

6. A função processual do Advogado-Geral da União, nos processos de controle de


constitucionalidade por via de ação, é eminentemente defensiva. Ocupa, dentro da estrutura
formal desse processo objetivo, a posição de órgão agente, posto que lhe não compete opinar e
nem exercer a função fiscalizadora já atribuída ao Procurador-Geral da República. O Advogado-
Geral da União, nesse contexto, intervém como sujeito das relações processuais objetivas que se
formam em sede jurisdicional concentrada. Na realidade, a causa única da atuação processual
do Advogado-Geral da União é a defesa, perante o Supremo Tribunal Federal, do ato normativo
impugnado em sede de ação direta. Desse modo, impõe-se reconhecer que a atuação processual
do Advogado-Geral da União, nas ações diretas de inconstitucionalidade, na condição de curador
especial, não pode efetivar-se em detrimento da norma cuja impugnação é nelas veiculada, de
modo que está sempre obrigado a defender tese jurídica que sustente a constitucionalidade da
norma impugnada.

COMENTÁRIO

O art. 103, §3º, da Constituição Federal, dispõe que quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral
da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

Acerca da manifestação do Advogado-Geral da União, entendeu o STF na ADI nº 1.350 que sua atuação
deve pautar-se pela defesa do ato impugnado. Nesse sentido é o trecho do acórdão abaixo colacionado:

“(...) cumpre não desconhecer a atividade processual vinculada desenvolvida no processo de


controle concentrado de constitucionalidade pelo Advogado-Geral da União, investido do dever
institucional de defender, sempre, a plena validade jurídica do ato estatal impugnado (CF, art.
103, § 3º), consoante expressamente proclamado pela jurisprudência desta Suprema Corte, que
qualificou o Chefe da Advocacia-Geral da União como o garante e curador da presunção de
constitucionalidade de todos os atos emanados do poder público. (...) Cumpre enfatizar que a
função processual do Advogado-Geral da União, nos processos de controle de constitucionalidade
por via de ação, é eminentemente defensiva. Ocupa, dentro da estrutura formal desse processo
objetivo, a posição de órgão agente, posto que lhe não compete opinar e nem exercer a função

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fiscalizadora já atribuída ao Procurador-Geral da República. O Advogado-Geral da União, nesse


contexto, intervém como sujeito das relações processuais objetivas que se formam em sede
jurisdicional concentrada. Na realidade, a causa única da atuação processual do Advogado-
Geral da União é a defesa, perante o Supremo Tribunal Federal, do ato normativo impugnado em
sede de ação direta. Desse modo, impõe-se reconhecer que a atuação processual do Advogado-
Geral da União, nas ações diretas de inconstitucionalidade, na condição de curador especial, não
pode efetivar-se em detrimento da norma cuja impugnação é nelas veiculada. A intervenção do
Advogado-Geral da União, em conseqüência, reveste-se de compulsoriedade, não só quanto ao
seu chamamento judicial, mas, também, quanto ao seu pronunciamento defensivo em favor da
norma impugnada. Essa intervenção, que é de ordem pública, possui extração constitucional.
Não pode efetivar-se em desfavor do ato normativo cuja inconstitucionalidade é postulada
pelo autor da ação direta. Atuando como verdadeiro curador da norma infraconstitucional
-- defensorlegis -- e velando pela preservação de sua presunção de constitucionalidade e de
sua integridade no âmbito do sistema jurídico, não cabe ao Advogado-Geral da União ostentar
posição processual a ela contrária, sob pena de frontal descumprimento do munus indisponível
que lhe foi imposto pela própria Constituição da República. Nem se diga, finalmente, que, por
ser de origem estadual a norma ora impugnada, não assistiria ao Advogado-Geral da União
o encargo de defender-lhe a validez e a integridade jurídicas. O Supremo Tribunal Federal,
ao interpretar o alcance normativo da cláusula inscrita no art. 103, § 3º, da Carta Política,
enfatizou a indeclinabilidade do exercício, pelo Advogado-Geral da União, da atividade que
lhe foi constitucionalmente outorgada, salientando a sua condição de defensor impessoal da
validade dos preceitos questionados em ação direta, não importando a origem institucional
ou a fonte de produção normativa de que tenham emanado “ (ADI 1.350, rel. min. Celso de
Mello, decisão monocrática, julgamento em 27-6-1996, DJ de 4-8-1996.) No mesmo sentido:
ADI 2.906, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 1º-6-2011, Plenário,DJE de 29-6-2011; ADI
1.434-MC, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 29-8-1996, Plenário, DJ de 22-11-1996; ADI
1.254-AgR, rel. min. Celso de mello, julgamento em 14-8-1996, Plenário, DJ de 19-9-1997; ADI
242, rel. min. Paulo Brossard, julgamento em 20-10-1994, Plenário, DJ de 23-3-2001; ADI 72-
QO, rel min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 22-3-1990, Plenário, DJ de 25-5-1990.

Entretanto, o próprio Tribunal, em outras situações, como na ADI nº 1.616, entendeu que o dever
de defesa deve ser visto com temperamentos, de modo que o Advogado-Geral da União não está
obrigado a defender, por exemplo, tese jurídica se sobre ela o próprio STF já fixou entendimento pela sua
inconstitucionalidade.

Assim, ao afirmar que o Advogado-Geral da União está sempre obrigado a defender tese jurídica que
sustente a constitucionalidade da norma impugnada, o item está errado.

GABARITO: ERRADO

7. Comete crime de responsabilidade contra a existência política da União, o Presidente da

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República que violar a imunidade dos embaixadores ou ministros estrangeiros acreditados no


país. Nesse caso, ele será submetido a julgamento perante o Senado Federal, após admissão
prévia por dois terços da Câmara dos Deputados, onde será proferido julgamento de natureza
jurídica sobre a admissibilidade do ato.

COMENTÁRIO

O artigo 85 da Constituição Federal dispõe que são crimes de responsabilidade os atos do Presidente da
República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: a existência da União; o
livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais
das unidades da Federação; o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; a segurança interna do
País; a probidade na administração; a lei orçamentária; o cumprimento das leis e das decisões judiciais. O
parágrafo único do dispositivo ressalta que esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá
as normas de processo e julgamento.

Acerca deste mandamento constitucional, atentem que a Súmula Vinculante nº 46 prescreve que a
definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento são da competência legislativa privativa da União.

A Lei nº 1.079/1950, em grande parte recepcionada pela CF de 1988, define os crimes de responsabilidade e
regula o respectivo processo de julgamento, dispondo no artigo 5º, 7, que comete crime de responsabilidade
contra a existência política da União o Presidente que violar a imunidade dos embaixadores ou ministros
estrangeiros acreditados no país.

O art. 86 da Constituição Federal prescreve que admitida a acusação contra o Presidente da República,
por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Senado Federal,
nos crimes de responsabilidade.

Acerca da natureza desse procedimento de admissibilidade pelo Presidente da Câmara dos Deputados,
assentou o STF no MS nº 21.564, que ela é de natureza política, ocasião em que se deve analisar “se
a acusação é consistente, se tem ela base em alegações e fundamentos plausíveis, ou se a notícia do
fato reprovável tem razoável procedência, não sendo a acusação simplesmente fruto de quizílias ou
desavenças políticas”. Nesse sentido, vide a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. “IMPEACHMENT”. PROCESSO E JULGAMENTO: SENADO FEDERAL.


ACUSAÇÃO: ADMISSIBILIDADE: CÂMARA DOS DEPUTADOS. DEFESA. PROVAS: INSTÂNCIA
ONDE DEVEM SER REQUERIDAS. VOTO SECRETO E VOTO EM ABERTO. RECEPÇÃO PELA
CF/88 DA NORMA INSCRITA NO ART. 23 DA LEI 1079/50. REVOGAÇÃO DE CRIMES DE
RESPONSABILIDADE PELA EC 4/61. REPRISTINAÇÃO EXPRESSA PELA EC N. 6/63. C.F., ART.
5., LV; ART. 51, I; ART. 52, I; ART. 86, “CAPUT”, PAR. 1., II, PAR. 2.; EMENDA CONSTITUCIONAL
N. 4, DE 1961; EMENDA CONSTITUCIONAL N. 6, DE 1.963. LEI N. 1.079/50, ART. 14, ART. 23.
I. - “IMPEACHMENT” DO PRESIDENTE DA REPUBLICA: COMPETE AO SENADO FEDERAL
PROCESSAR E JULGAR O PRESIDENTE DA REPUBLICA NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE

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(C.F., ART. 52, I; ART. 86, PAR. 1., II), DEPOIS DE AUTORIZADA, PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS,
POR DOIS TERCOS DE SEUS MEMBROS, A INSTAURAÇÃO DO PROCESSO (C.F., ART. 51, I),
OU ADMITIDA A ACUSAÇÃO (C.F., ART. 86). E DIZER: O “IMPEACHMENT” DO PRESIDENTE
DA REPUBLICA SERÁ PROCESSADO E JULGADO PELO SENADO. O SENADO E NÃO MAIS A
CÂMARA DOS DEPUTADOS FORMULARA A ACUSAÇÃO (JUÍZO DE PRONUNCIA) E PROFERIRA
O JULGAMENTO (C.F., ART. 51, I; ART. 52, I; ART. 86, PAR. 1., II, PAR. 2.). II. - NO REGIME DA
CARTA DE 1988, A CÂMARA DOS DEPUTADOS, DIANTE DA DENUNCIA OFERECIDA CONTRA
O PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXAMINA A ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO (C.F., ART. 86,
“CAPUT”), PODENDO, PORTANTO, REJEITAR A DENUNCIA OFERECIDA NA FORMA DO ART.
14 DA LEI 1079/50. III. - NO PROCEDIMENTO DE ADMISSIBILIDADE DA DENUNCIA, A
CÂMARA DOS DEPUTADOS PROFERE JUÍZO POLÍTICO. DEVE SER CONCEDIDO AO
ACUSADO PRAZO PARA DEFESA, DEFESA QUE DECORRE DO PRINCÍPIO INSCRITO NO
ART. 5., LV, DA CONSTITUIÇÃO, OBSERVADAS, ENTRETANTO, AS LIMITAÇÕES DO FATO
DE A ACUSAÇÃO SOMENTE MATERIALIZAR-SE COM A INSTAURAÇÃO DO PROCESSO,
NO SENADO. NESTE, E QUE A DENUNCIA SERÁ RECEBIDA, OU NÃO, DADO QUE,
NA CÂMARA OCORRE, APENAS, A ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO, A PARTIR DA
EDIÇÃO DE UM JUÍZO POLÍTICO, EM QUE A CÂMARA VERIFICARA SE A ACUSAÇÃO E
CONSISTENTE, SE TEM ELA BASE EM ALEGAÇÕES E FUNDAMENTOS PLAUSIVEIS, OU
SE A NOTICIA DO FATO REPROVAVEL TEM RAZOAVEL PROCEDENCIA, NÃO SENDO
A ACUSAÇÃO SIMPLESMENTE FRUTO DE QUIZILIAS OU DESAVENCAS POLITICAS.
POR ISSO, SERÁ NA ESFERA INSTITUCIONAL DO SENADO, QUE PROCESSA E JULGA O
PRESIDENTE DA REPUBLICA, NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE, QUE ESTE PODERA
PROMOVER AS INDAGAÇÕES PROBATORIAS ADMISSIVEIS. IV. - RECEPÇÃO, PELA CF/88,
DA NORMA INSCRITA NO ART. 23 DA LEI 1079/50. VOTAÇÃO NOMINAL, ASSIM OSTENSIVA
(RI/CÂMARA DOS DEPUTADOS, ART. 187, PAR. 1., VI). V. - ADMITINDO-SE A REVOGAÇÃO, PELA
EC N. 4, DE 1961, QUE INSTITUIU O SISTEMA PARLAMENTAR DE GOVERNO, DOS CRIMES DE
RESPONSABILIDADE NÃO TIPIFICADOS NO SEU ARTIGO 5., COMO FIZERA A CF/46, ART. 89,
V A VIII, CERTO E QUE A EC N. 6, DE 1.963, QUE REVOGOU A EC N. 4, DE 1961, RESTABELECEU
O SISTEMA PRESIDENCIAL INSTITUIDO PELA CF/46, SALVO O DISPOSTO NO SEU ART. 61
(EC N. 6/63, ART. 1.). E DIZER: RESTABELECIDO TUDO QUANTO CONSTAVA DA CF/46, NO
TOCANTE AO SISTEMA PRESIDENCIAL DE GOVERNO, OCORREU REPRISTINAÇÃO EXPRESSA
DE TODO O SISTEMA. VI. - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO, EM PARTE, PARA O FIM DE
ASSEGURAR AO IMPETRANTE O PRAZO DE DEZ SESSÕES, PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA.
(MS 21564, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CARLOS VELLOSO,
Tribunal Pleno, julgado em 23/09/1992, DJ 27-08-1993 PP-17019 EMENT VOL-01714-02 PP-
00164 RTJ VOL-00169-01 PP-00080).

Assim, o item está errado.

GABARITO: ERRADO

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PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

8. À luz do Princípio da Legalidade, as finanças públicas devem ser conduzidas, via de regra,
mediante lei, cuja iniciativa é reservada ao Poder Executivo. Há, contudo, uma hipótese em
que podem ser abertos créditos diretamente por ato do Poder Executivo: trata-se, no caso, dos
créditos extraordinários, a serem abertos por meio de Medida Provisória, para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como no caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública.

COMENTÁRIO

A assertiva tratou de forma adequada o conteúdo do Princípio da Legalidade aplicado ao Direito


Financeiro, acertou quanto à iniciativa das Leis orçamentárias caber ao Poder Executivo (Art. 165, caput,
da CF), e mencionou, de maneira correta, a exceção concernente aos créditos extraordinários (Art. 167,
§3º, da CF, c/c o Art. 62 da CF).

Nesse sentido, Harrison Leite esclarece que

O Princípio da Legalidade não é exclusivo do direito financeiro, por ser princípio sobranceiro a
todos os demais ramos. Está intrinsicamente ligado à ideia de Estado Democrático de Direito
na medida em que vincula, não apenas o cidadão, mas também o Estado aos ditames da lei.
Assim, como as finanças públicas não podem ser manejadas sem autorização da lei, tem-
se na legalidade um princípio que permeia toda a atividade financeira do Estado, seja para
arrecadar os tributos, seja para efetuar os gastos. Daí se afirmar que o orçamento é o início
e o fim de toda ação estatal, pois a lei do orçamento é que permite a realização dos gastos
públicos. Nada pode ser despendido sem a previsão nesta lei. [...] A única hipótese em
que um instrumento, que não a lei, pode ser utilizado para a realização de gastos, é a
medida provisória, nos termos do art. 167, §3º da CF (Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed.,
2014, pág 66).

Quanto aos créditos extraordinários e as situações que autorizam sua abertura, notem que a redação
do Art. 41, III, da Lei n.º 4320, estabelece que são “destinados a despesas urgentes e imprevistas, em
caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública”. Já na Constituição, a redação é a seguinte:
“A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e
urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública [...]. Vocês conseguem
perceber a diferença entre as redações? A lei n.º 4320 (de 1964) parece estar indicando um rol taxativo,
enquanto que a CF (de 1988 – mais recente, portanto, e hierarquicamente superior) está indicando um
rol exemplificativo, onde as situações de guerra, comoção interna e calamidade pública são exemplos,
vetores que servem para a análise de outras situações graves que podem vir a ocorrer. Lendo o inteiro
teor da decisão liminar proferida na ADI 4048, em que o STF analisou ato normativo que abriu crédito
extraordinário para o custeio de despesas com pessoal, é possível verificar que o que o Tribunal tratou

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(ainda que não o tenha dito expressamente) o rol acima mencionado como exemplificativo.

GABARITO: CERTO

9. A Lei de Responsabilidade Fiscal, ao dispor sobre as operações com o Banco Central do Brasil,
estabelece que a este é vedado, nas suas relações com entes da federação, (a) realizar permuta,
ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título da dívida de ente
da Federação por título da dívida pública federal, bem como (b) a operação de compra e venda, a
termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta, não se aplicando a vedação do
item ‘b’ ao estoque de Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na carteira das
instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas operações de venda a termo.

COMENTÁRIO

A assertiva corresponde à previsão legal do Art. 39, II, e §1º, da Lei de Responsabilidade Fiscal. No ponto,
Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa alertam que a razão de ser da norma em comento
é “altamente compreensível”, já que, em razão de os títulos emitidos pela União apresentarem liquidez
maior do que os emitidos pelas demais entidades federativas, a permuta ora vedada, caso ocorresse,
representaria “verdadeiro financiamento camuflado”, constituindo-se em “negócio creditício celebrado
entre os entes federativos, com comprometimento do pacto federativo” (Responsabilidade Fiscal: Lei
Complementar 101, 2ª Ed., 2015, pág 222).

A par das vedações que prevê em seu Art. 39, a Lei de Responsabilidade Fiscal menciona expressamente que
aquela constante de seu Art. 35 (“É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação,
diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro,
inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou
postergação de dívida contraída anteriormente”) também se aplica ao Banco Central do Brasil e, segundo
Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, a regra do Art. 39, II, da LRF, “visa garantir a plena
eficácia da vedação estabelecida no art. 35”.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

À luz dos aspectos concernentes à ordem econômica internacional e regional, respectivamente,


julgue os itens abaixo:

10. O Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos pilares da nova ordem econômica mundial
estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, foi idealizado pelo Acordo de Bretton-Woods.

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COMENTÁRIO

O FMI, de fato, foi idealizado com o Acordo de Bretton Woods, de 1944, tendo como objetivo “a
administração do sistema monetário internacional surgido após a Segunda Guerra”, constituindo-se,
assim, em um dos pilares da nova ordem econômica que se instaurava (Fabio Guimarães Bensoussan e
Marcus de Freitas Gouvêa, Manual de Direito Econômico, 2015, pág 657).

Nesse contexto, Leonardo Vizeu esclarece que “o Sistema Bretton Woods foi, então, o primeiro exemplo,
na história mundial, de uma ordem monetária totalmente negociada (Direito Econômico para Concursos,
2011, pág 298).

GABARITO: CERTO

11. No âmbito do Mercosul, as Resoluções do Grupo Mercado Comum são de observância


facultativa para os Estados Partes.

COMENTÁRIO

Segundo Vicente Bagnoli, o Grupo Mercado Comum

É o órgão executivo do Mercosul, integrado por quatro membros titulares e quatro


membros alternos por Estado-parte, designados pelos respectivos Governos, dentre os quais
devem constar necessariamente representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, dos
Ministérios da Economia (ou equivalentes) e dos Bancos Centrais. O GMC será coordenado
pelos Ministérios das Relações Exteriores. As Resoluções do GCM serão obrigatórias para
os Estados-parte (Direito Econômico, 6ª Edição, 2013, pág 269).

Assim, incorreta a assertiva, já que as aludidas Resoluções são obrigatórias para os Estados-parte. No
ponto, é importante esclarecer que a obrigatoriedade das Resoluções do Grupo Mercado Comum, assim
como a obrigatoriedade das Decisões do Conselho do Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão
de Comércio do Mercosul, decorrem da capacidade decisória desses órgãos, ditos de “natureza inter-
governamental”, segundo o disposto no Art. 2º do Protocolo de Ouro Preto.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

12. Carece o Ministério Público de legitimidade para promover ação civil pública objetivando
anular Termo de Acordo de Regime Especial – TARE firmado entre Estado-membro e empresa
privada beneficiária de redução fiscal.

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COMENTÁRIO

De fato, o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública) traz uma importante
previsão, vedando a propositura de ACP que tenha por objeto alguma das matérias ali elencadas:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

(...)

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001).

É vedada, assim, por disposição legal expressa, a propositura de demanda coletiva em matéria tributária.
Haveria aí, segundo observa Marcelo Abelha Rodrigues (Ação civil pública e meio ambiente, p. 136),
um claro exemplo de impossibilidade jurídica do pedido, o que, nessa ordem de raciocínio, permitiria a
extinção do processo sem resolução do mérito na forma do art. 267 do CPC.

Ocorre que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal teve a oportunidade de traçar uma importante
distinção, de modo a reconhecer a possibilidade da propositura de ação civil pública, pelo Ministério
Público, com objetivo de anular termo de benefício fiscal firmado entre o Distrito Federal e determinada
empresa privada.

Embora a análise tenha sido feito predominante sob o prisma da legitimidade do parquet, ela também
enfrenta o necessário confronto do tema em face do art. 1º, p. único da LACP.

Tal matéria teve repercussão geral reconhecida (Tema 56) e mérito julgado pelo Plenário do STF no RE
576.155 ED/DF, publicado no DJe de 14/05/2014.

Com efeito, na situação tratada no julgado, o Ministério Público buscava a anulação de Termo de Acordo
de Regime Especial – TARE firmado entre o Distrito Federal e empresa privada, no qual era estabelecido,
em favor desta, regime especial de apuração do ICMS (autorizando o contribuinte a abater, indevidamente,
o montante do imposto cobrado nas operações anteriores), diminuindo assim o valor que deveria ser
recolhido por tal tributo.

Entendeu-se na hipótese que a ACP contra o TARE não se ficaria cingida à proteção de interesse individual,
mas abarcaria interesses metaindividuais/essencialmente coletivos, visto que tal acordo, ao beneficiar uma
empresa privada assegurando-lhe o regime especial de apuração tributário, poderia, em tese, mostrar-se
lesivo ao patrimônio público, o que por si só, legitimaria a atuação do parquet.

Anotou-se que a Constituição, em seu art. 129, III, estabeleceu como função institucional do MP “promover
o inquérito e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos”.

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10ª RODADA - 23/09/2015

Na hipótese, o prejuízo ao erário adviria do recolhimento a menor do ICMS, fato que legitimaria o parquet
na forma do art. 129, III, da CF, afastando a aplicação do p. único do art. 1º da Lei nº 7.347/85, especialmente
porque a ACP não teria sido ajuizada para proteção de direito de determinado contribuinte, mas para
defender interesse mais amplo e todos os cidadãos: a integridade do erário e a higidez do processo de
arrecadação tributária, que possuem manifesta natureza metaindividual.

Eu particularmente gosto muito do voto no Min. Joaquim Barbosa no referido RE, e que bem elucida o
distinguishing feito pelo Corte relativamente aos demais casos nos quais é vedada a propositura da ACP
versando sobre matéria tributária:

A questão posta neste recurso extraordinário consiste em se saber se o Ministério Público


tem legitimidade para propor ação civil pública que vise a sanar lesão ao erário público, no
qual seja necessário discutir incidentalmente a validade de acordo, composto de cláusulas
abstratas e individuais, que concede benefícios fiscais ou regime de tributação diferenciado
para determinado contribuinte.

Entendo que o desate da questão passa pelo resgate do papel que as normas relativas à
atividade financeira do Estado tem na compreensão na definição do Sistema Constitucional
Tributário e da posição que a competência tributária ocupa na sustentação do modelo de
pacto federativo adotado na Constituição de 1988.

Para o sujeito passivo, as normas relativas à tributação surgem no contexto de proteção de


relevantes direitos fundamentais, como o patrimônio, a livre concorrência e a liberdade de
exercício de atividade econômica ou profissional lícita. São as regras e princípios constitucionais
da legalidade, da anterioridade, da irretroatividade, da proibição do uso de tributo com efeito
de confisco, da capacidade contributiva e da proibição da diferenciação tributária em razão da
procedência ou do destino de bens e pessoas que asseguram o patrimônio e o livre arbítrio
do cidadão contra desfalques, sem a observância da necessária representação democrática
(no taxation without representation) e do sobreprincípio da segurança jurídica (não-surpresa,
preservação da atividade econômica etc.).

Porém, a competência tributária e seu exercício extrapolam o interesse patrimonial individual


do cidadão, considerado como contribuinte ou responsável tributário. Para a Federação, a
outorga da aptidão para instituir tributos e arrecadar seu produto funciona como instrumento
de garantia de harmonia e equilíbrio, ao salvaguardar a possibilidade de obtenção de recursos
de modo direto, sem intermediários, e sem a arbitrária interferência de outros entes federados.

Ainda do ponto de vista do modelo do pacto federativo, a instituição e arrecadação de tributos


é elemento essencial do equilíbrio das contas públicas que, por sua vez, representa fator
intrínseco à capacidade do Estado de cumprir com os objetivos e missões que a Constituição e
o restante do sistema jurídico lhe impõem. Sem a observância dos parâmetros que orientam a
gestão fiscal responsável de recursos públicos, não haverá meios pragmáticos para a garantia
de direitos caros à Constituição, com a saúde, a educação, a proteção da propriedade, a

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defesa nacional.

Por fim, há um terceiro aspecto da competência tributária, interprestada à luz do pacto


federativo, que deve ser ressaltado. Para o sistema das relações econômicas, a carga tributária
se revela um custo, ao aumentar o valor das operações ou ao reduzir o lucro. Em uma federação
tão extensa e desigual como a brasileira, tanto em alcance territorial como na complexidade
da partilha da competência tributária, a concessão de benefícios fiscais ou a mera inércia
na instituição de tributos pode criar condições econômicas mais favoráveis à realização de
operações econômicas no território do ente tributante concedente do benefício, de modo a
atrair a instalação de empresas ou o deslocamento de operações.

Se a concessão de tais benefícios se fizer sem a observância dos parâmetros constitucionais


de controle próprios do pacto federativo, ela poderá assumir contornos predatórios e, com
isso, abalar a relação de harmonia e concordância que deve pautar a convivência federativa.
Poderá, ainda, frustrar a diretriz constitucional de resolução das desigualdades regionais, na
medida em que entes federados com maior capacidade para abrir mão de receitas teriam,
teoricamente, indevida vantagem sobre os demais.

A ação civil pública não é instrumento de controle da validade de relações jurídicas tributárias
ou de regras-matrizes sob o prisma da defesa de direitos fundamentais de cidadãos,
considerados como sujeitos passivos. Relevantes que são os direitos em jogo, o efeito que a
tributação tem é patrimonial e perfeitamente relacionável ao patrimônio de cada contribuinte
interessado, isoladamente considerado. Aplica-se, no ponto, a orientação já firmada pelo
Supremo Tribunal Federal quanto à ilegitimidade do Ministério Público para discutir a matéria.

Mas não é esse o problema de que cuidam os autos.

Em jogo estão os três últimos aspectos da competência tributária e que devem ser interpretados
à luz da segurança jurídica e da harmonia que deve orientar as relações entre os entes
tributantes.

A ação civil pública em exame não discute a validade de relação jurídica tributária do ponto
de vista da proteção patrimonial do contribuinte. Também não se apresenta como sucedâneo
de mecanismo de controle abstrato de constitucionalidade de norma tributária geral e
abstrata. O que se discute, e isto não é objeto deste recurso extraordinária, é se a criação
das normas individuais e abstratas que criam regime diferenciado de apuração do Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) causam lesão ao erário, ao violarem a LC
101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a regra da legalidade (art. 146, III, a e 155, XII, c da
Constituição) ou algumas das restrições relativas à autorização para concessão de benefícios
fiscais (art. 155, §2º, XII, g da Constituição). Todos esses mecanismos estão contextualizados na
salvaguarda do pacto federativo e não no interesse patrimonial individual de cada contribuinte.
Ademais, o exame da validade constitucional do TARE é incidental ao objeto da ação civil
pública, que é sanar suposto vilipêndio ao erário público.

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Como efeito, este recurso extraordinário se limita a examinar a legitimidade do MP para


propor ação civil pública que verse sobre alegada violação do pacto federativo em dúplice
manifestação: a necessidade de respeito à gestão financeira responsável e a observância das
normas que garantem a harmonia entre entes federados. A passagem por tais tópicos é
relevante para que se defina se houve ou não transgressão de interesses coletivos à preservação
das finanças públicas.

A meu sentir, a resposta é positiva. O respeito à gestão financeira responsável e a observância


das normas que garantem a harmonia entre entes federados, esta no que se refere ao combate
à guerra fiscal, são interesses sociais indisponíveis, pois sua ineficácia pode por em risco a
viabilidade da República e da Federação. Ademais, tais interesses transcendem o acervo de
direitos exclusivamente individuais dos cidadãos, na medida em que a falta de equilíbrio entre
receitas e despesas afeta indistintamente toda a coletividade e a inconstância nas relações
entre os entes federados induz ao enfraquecimento da unidade nacional para todos os
jurisdicionados: pessoas naturais, empresas e entidades públicas.

Reforço o ponto: neste recurso extraordinário a matéria tributária não se confina às relações
patrimoniais íntimas ao sujeito passivo tampouco se submete preponderantemente ao crivo
dos direitos fundamentais do contribuinte: validade ou invalidade do tributo. Ao contrário,
aqui o exercício da competência tributária sobre os influxos de interesses constitucionais
inerentes ao pacto federativo, informados pelo que se concebe como hígida relação entre
entes federados e a observância de balizas próprias do Direito Financeiro.

GABARITO: ERRADO

13. A verba percebida a título de dano moral tem a natureza jurídica de indenização - cujo objetivo
precípuo é a reparação do sofrimento e da dor da vítima ou de seus parentes, causados pela lesão
de direito, razão pela qual torna-se infensa à incidência do imposto de renda.

COMENTÁRIO

Alternativa correta e que espelha a posição consolidada no STJ acerca do tema:

O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica


decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). 2. Não incide imposto de renda
sobre as verbas recebidas a título de indenização por danos morais uma vez que inexiste
acréscimo patrimonial. [...] O imposto de renda, conforme prelecionado no art. 43 do CTN e
respaldado pelo art. 153, III, da Constituição Federal, tem como fato gerador a aquisição de
disponibilidade econômica ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial. A aferição de
renda, portanto, pressupõe a existência de um ganho, um lucro, um acréscimo patrimonial.
Dentro deste conceito se enquadram as verbas de natureza salarial ou as recebidas a título de
aposentadoria, ao contrário das verbas indenizatórias, que são recebidas como compensação

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pela perda de um direito e não constituem acréscimo patrimonial. [...] Após intensos debates
sobre o caráter indenizável dos danos morais, dada a inexistência de repercussão na esfera
econômica, concluiu-se pela reparabilidade do prejuízo sofrido, da dor suportada pela vítima.
Atualmente, tanto a Constituição Federal (art. 5º, V e X), quando o Código Civil de 2002
(art. 186) trazem previsão expressa para o ressarcimento de prejuízos não-patrimoniais. (REsp
686920 RS, Rel. Ministro ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/10/2009, Dje
10/10/2009).

A verba percebida a título de dano moral tem a natureza jurídica de indenização - cujo objetivo
precípuo é a reparação do sofrimento e da dor da vítima ou de seus parentes, causados pela
lesão de direito, razão pela qual torna-se infensa à incidência do imposto de renda, porquanto
inexistente qualquer acréscimo patrimonial. [...] 3. Deveras, se a reposição patrimonial goza
dessa não incidência fiscal, a fortiori , a indenização com o escopo de reparação imaterial
deve subsumir-se ao mesmo regime, porquanto ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio.”
( AgRg no Ag 1021368 RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2009,
DJe 25/06/2009).

A incidência de tributação deve obediência estrita ao princípio constitucional da legalidade


(artigo 150, inciso I). O Código Tributário Nacional, com a autoridade de lei complementar
que o caracteriza, recepcionado pela atual Carta Magna (artigo 34, parágrafo 5º, dos Atos
das Disposições Constitucionais Transitórias), define o conceito de renda e o de proventos
de qualquer natureza (artigo 43, incisos I e II). Não há como equiparar indenizações com
renda, esta entendida como o fruto oriundo do capital e/ou do trabalho, tampouco com
proventos, estes tidos como os demais acréscimos patrimoniais, uma vez que a indenização
torna o patrimônio lesado indene, mas não maior do que era antes da ofensa ao direito.
Não verificada a hipótese de incidência do imposto de renda previsto no art. 43 do CTN.
Reconhecida a alegada não-incidência do tributo em debate sobre as verbas da reparação
de danos morais, por sua natureza indenizatória, não há falar em rendimento tributável, o
que afasta a aplicação do art. 718 do RIR/99 na espécie em comento. [...] Não há como
equiparar indenizações com renda, esta entendida como o fruto oriundo do capital e/ou do
trabalho, tampouco com proventos, estes tidos como os demais acréscimos patrimoniais, uma
vez que a indenização torna o patrimônio lesado indene, mas não maior do que era antes da
ofensa ao direito. Não verificada a hipótese de incidência do imposto de renda previsto no
art. 43 do CTN. Reconhecida a alegada não-incidência do tributo em debate sobre as verbas
da reparação de danos morais, por sua natureza indenizatória, não há falar em rendimento
tributável, o que afasta a aplicação do art. 718 do RIR/99 na espécie em comento. (Resp
402035 RS, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/03/2004, DJe
17/05/2004).

Destaca-se que atualmente tal entendimento encontra-se consolidado na Súmula nº 498 do STJ:

Súmula 498 - Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. (Súmula

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498, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 13/08/2012)

GABARITO: CERTO

14. O adquirente de bem móvel é responsável pelo pagamento de tributo relativo a fato gerador
ocorrido antes da transmissão, ainda que esta ocorra à vista de certidão de quitação fiscal quanto
ao bem adquirido.

COMENTÁRIO

Na sucessão inter vivos (ex.: compra e venda, doação) há que se distinguir, para fins de caracterização da
eventual responsabilidade tributária daí decorrente, o fato de a transmissão se referir a bem imóvel ou a
bem móvel. Isso porque, na primeira hipótese, o adquirente do bem IMÓVEL, segundo o que dispõe o
art. 130 do CTN, não será responsável pelo pagamento de tributos cujo fato gerador tenha ocorrido antes
da transmissão, caso no ato de transferência constar prova de quitação. Por exemplo: “A” adquire de “B”
determinado imóvel, sendo que sobre este pendia débito de IPTU, taxa de coleta de lixo e contribuição
de melhoria. Quando da lavratura e registro da escritura junto ao registro de imóveis foi apresentada
certidão negativa tributária referente ao objeto da transação, mas expedida erroneamente sem considerar
os mencionados débitos fiscais. Nesse caso, não há falar em qualquer responsabilidade do adquirente “A”.
De outro lado, no caso da sucessão inter vivos referente a bem MÓVEL, a regra é diametralmente oposta,
sendo responsável o adquirente ou remitente pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos,
ainda que diante de prova de quitação.

Como explica a doutrina:

Quanto à sucessão envolvendo móveis, o art. 131 do CTN, em seu inciso I, veicula regra ampla,
impondo responsabilidade ao adquirente e ao remitente pelos tributos incidentes sobre os
bens adquiridos ou remidos (remitente é quem resgata o bem, depositando o montante e
livrando-o da penhora). Tal norma continha, na redação original, a expressão com inobservância
do disposto do disposto no art. 191, artigo este que trata da certidão de quitação. No entanto,
a ressalva foi retirada pelo Decreto- Lei nº 28/1966, razão pela qual mesmo sendo o negócio
jurídico de transferência de bem móvel realizado à vista de certidão de quitação dos tributos,
a constituição de crédito relativo a período anterior torna responsável o novo proprietário
(adquirente ou remitente) (Mauro Rocha Lopes (Direito Tributário, 3ª Ed, Impetus, 2012, p. 199)

Assim, por exemplo: “A” vende seu automóvel para “B”. Passado um tempo, o Estado-membro começa
a lançar crédito tributário de IPVA relativo a período no qual a propriedade do veículo ainda era de “A”.
Na transferência constou prova de regularidade fiscal. No caso isso não importa, pois o adquirente de
bens móveis, ressalvada a hipótese da arrematação (logo abaixo comentada), torna-se responsável pelos
tributos anteriores à aquisição.

O tema é disciplinado nos arts. 130 e 131, I, ambos do Código Tributário Nacional:

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Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de
serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos
respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o


respectivo preço.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos com
inobservância do disposto no artigo 191;

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; (Redação
dada pelo Decreto Lei nº 28, de 1966)

Por fim, destaca-se que o arrematante – tanto de bem imóvel quanto móvel - em hasta pública não
será responsável pelos tributos pendentes sobre o bem, visto que a arrematação é modo originário de
aquisição da propriedade, ocorrendo a sub-rogação dos créditos tributários sobre o respectivo preço, na
linha do que preconiza o art. 130, p. único acima transcrito.

Conquanto se possa afirmar que o parágrafo único do art. 130 do CTN, em princípio, dirige-se apenas
aos bens imóveis, colhe-se de precedente do STJ acerca da matéria que a melhor interpretação é aquela
que abarca, também, os bens móveis:

EXECUÇÃO. ARREMATAÇÃO. ADJUDICAÇÃO. CREDOR. ÔNUS RECAÍDOS SOBRE O BEM.


RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. (CTN - ART. 130, parágrafo único). I - O credor que arremata
veículo em relação ao qual pendia débito de IPVA não responde pelo tributo em atraso. O
crédito proveniente do IPVA subroga-se no preço pago pelo arrematante. Alcance do Art. 130,
parágrafo único, do CTN. II - Se, entretanto, o bem foi adjudicado ao credor, é encargo deste,
depositar o valor correspondente ao débito por IPVA. (grifos não originais - REsp 905.208⁄SP,
Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 18⁄10⁄2007, DJ
31⁄10⁄2007 p. 332).

Doutrinariamente tem se interpretado o art. 130, parágrafo único, do CTN de modo a abranger os bens
imóveis e também os móveis e semoventes. Nesse sentido Hugo de Brito Machado elucida que:

Aplica-se, também, por analogia, a norma do parágrafo único do art. 130 aos casos de
arrematação de bens móveis ou semoventes. É inadmissível atribuir-se a alguém que arrematou
bens em leilão público a responsabilidade pelos tributos devidos pelo proprietário anterior,
ainda que relativos aos próprios bens adquiridos (...) se o bem imóvel é arrematado em hasta
pública, vinculado ficará o respectivo preço. Não o bem. O arrematante não é responsável
tributário (CTN, art. 130, parágrafo único). A não ser assim, ninguém arremataria bens em
hasta pública, pois estaria sempre sujeito a perder o bem arrematado, não obstante tivesse

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pago o preço respectivo. Justifica-se o disposto no art. 130 do Código Tributário Nacional
porque entre o arrematante e o anterior proprietário do bem não se estabelece relação jurídica
nenhuma. A propriedade é adquirida pelo arrematante em virtude de ato judicial e não de ato
negocial privado (“Curso de Direito Tributário”. 26ª ed., Malheiros Editores, p. 160/161).

Jurisprudência relacionada:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. IMÓVEL ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA,


PARA FINS DE PAGAMENTO DE DÍVIDAS TRABALHISTAS. DÉBITOS DE IPTU RELATIVOS AO
PERÍODO ANTERIOR À ARREMATAÇÃO. COBRANÇA EM FACE DO ANTIGO PROPRIETÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE DE OPOSIÇÃO DA REGRA PREVISTA NO ART. 130, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CTN.

1. Examinando-se o art. 130 do CTN, pode-se afirmar que, em regra, o adquirente do imóvel é
responsável pelos débitos tributários incidentes sobre o imóvel. Contudo, não será responsável
quando: 1) conste do título a prova de quitação de tais débitos (art. 130, caput, parte final); 2)
ocorrer arrematação em hasta pública (art. 130, parágrafo único). Não obstante sejam hipóteses
de afastamento da responsabilidade do adquirente do imóvel, cumpre esclarecer que no
primeiro caso há a transferência voluntária do imóvel — o antigo proprietário figura como
alienante — e, no segundo, a perda da propriedade ocorre de modo compulsório. Impende
ressaltar que tanto a transferência voluntária da propriedade imóvel quanto a arrematação em
hasta pública, isoladamente consideradas, não configuram hipóteses de extinção do crédito
tributário.

2. No que se refere à transferência voluntária, como bem observado por Luiz Alberto
Gurgel de Faria, “se no título de aquisição houver prova de quitação dos tributos, nenhuma
responsabilidade será transferida” e, caso na certidão negativa haja ressalva sobre a possível
cobrança de créditos tributários posteriormente apurados, “o débito apenas poderá ser
cobrado do antigo proprietário, detentor do domínio útil ou possuidor, uma vez que a prova
de quitação desonera por completo o adquirente” (Código Tributário Nacional Comentado:
doutrina e jurisprudência, coordenador Vladimir Passos de Freitas, 4ª ed. rev. atual. e ampl.,
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, pág. 628). No mesmo sentido é o entendimento
de Hugo de Brito Machado, para o qual “a ressalva constante dessas certidões prevalece
apenas no sentido de poder o fisco cobrar créditos tributários que porventura venha a apurar,
contra o contribuinte, pois a certidão de quitação, mesmo com a ressalva, impede que se
configure a responsabilidade tributária do adquirente” (Curso de Direito Tributário, 29ª ed.,
São Paulo: Malheiros, 2008, pág. 152). Assim, não obstante o Código Tributário Nacional afaste
a responsabilidade do adquirente, não há falar em extinção do crédito tributário, subsistindo
a responsabilidade do antigo proprietário.

3. De igual modo, quando o imóvel é arrematado em hasta pública, se a arrematação não


enseja a quitação dos débitos fiscais — como ocorre no caso dos autos —, não há falar

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em extinção do crédito tributário. Especificamente em relação a esta hipótese, impende


ressaltar que o parágrafo único do art. 130 do CTN traz uma exceção de responsabilidade
oponível apenas pelo adquirente do imóvel em hasta pública, ou seja, não beneficia o antigo
proprietário, como bem observou o Tribunal de origem.

5. Recurso especial desprovido.

(REsp 1087275/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/11/2009,
DJe 10/12/2009)

ADMINISTRATIVO - TRIBUTÁRIO - VEÍCULO - ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA -


NEGATIVA DE TRANSFERÊNCIA DO BEM - PENDÊNCIA DE MULTA E IPVA - AUSÊNCIA DE
RESPONSABILIDADE PESSOAL DO ADQUIRENTE - REMESSA NECESSÁRIA - AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO - APROVEITAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS.

(...)

2. Na alienação em hasta pública o produto adquirido com a venda do bem subroga-se na


dívida, que se sobejar deve ser imputada ao devedor executado e infrator de trânsito e não
ao adquirente, nos termos do art. 130, parágrafo único, do CTN.

3. Recurso especial não provido.

(REsp 954.176/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/06/2009,
DJe 23/06/2009).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO AMBIENTAL

15. As unidades de conservação poderão ser criadas e extintas por ato do Poder Público, lei
ou decreto, conforme dispõe a Constituição Federal. A criação deve ser precedida de estudos
técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites
mais adequados para a unidade.

COMENTÁRIO

Dispõe a Constituição Federal:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

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III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a


serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção;

A criação de unidades de conservação é permitida por meio de ato público, lei ou decreto, mas a sua
alteração e supressão somente se dá por meio de lei. Portanto a assertiva está incorreta.

Nos termos do o artigo 22, §§ 2º e 4º da Lei 9.985/00 para a criação de uma unidade de conservação
haverá ainda a necessidade de ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que possam
identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade. Dispensável a consulta
pública para as estações ecológicas e reservas biológicas, sendo presumido o interesse público.

Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público.

[...]

§ 2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e


de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.

[...]

§ 4º Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta de que


trata o § 2º deste artigo.

Logo, a assertiva está incorreta apenas no tocante a extinção das unidades de conservação, uma vez que
não é possível a extinção por meio de decreto.

GABARITO: ERRADO

16. A Reserva Extrativista – RESEX é unidade de conservação de propriedade pública, utilizada pelas
populações extrativistas tradicionais como condição de sobrevivência, com o uso concedido pelo
Poder Público via contrato, podendo haver agricultura e criação de animais de pequeno porte.

COMENTÁRIO

A assertiva está correta, porquanto traz norma prescrita no artigo 18, §§ 1º a 7º, da Lei 9.985/00:

Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência
e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios
de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
unidade. (Regulamento)

§ 1º A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas

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tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica, sendo


que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com
o que dispõe a lei.

§ 2º A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se
dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.

§ 3º A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de


acordo com o disposto no Plano de Manejo da área.

§ 4º A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão


responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e
às normas previstas em regulamento.

§ 5º O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo.

§ 6º São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.

§ 7º A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis


e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva
Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

Importante lembrar, ainda, que as Unidades de Conservação se dividem em dois grandes grupos: Unidades
de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O primeiro grupo objetiva preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei
9.985/00. Já o segundo grupo busca compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais.

Integram o grupo das Unidades de Proteção Integral: Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque
Nacional; Monumento Natural; e Refúgio de Vida Silvestre. E constituem o grupo das Unidades de Uso
Sustentável: Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional;
Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e Reserva Particular do
Patrimônio Natural.

GABARITO: CERTO

17. A concessão florestal é um instrumento de consecução da Politica Nacional do Meio Ambiente


e consiste na delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo
florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante
licitação, à pessoa física ou jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo
edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
prazo determinado, sendo permitida a sua subconcessão.

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COMENTÁRIO

A questão está equivocada em dois pontos.

De fato, a concessão florestal é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme trata o
art. 9º, XIII, da Lei 6.938/83, que dispõe sobre a PNMA, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação:

Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

[...] XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

A Lei 11.284/2006 dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável e traz a
conceituação da concessão florestal em seu art. 3º, VII:

Art. 3º Para os fins do disposto nesta Lei, consideram-se:

[...] VII - concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de
praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de
manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências
do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
e risco e por prazo determinado;

Observando o que dispõe a lei nota-se que a concessão florestal consiste no contrato de concessão
oneroso, celebrado apenas entre entidades políticas e pessoas jurídicas. Destaca-se que a concessão não
poderá ser firmada com pessoas físicas, apenas com pessoas jurídicas, consorciadas ou não, precedido
de licitação, na modalidade concorrência, objetivando transferir ao concessionário o direito de explorar
os recursos florestais, de maneira sustentável e por prazo determinado.

Assim, o primeiro erro da questão está em afirmar que a concessão poderá ser firmada com pessoas
físicas, o que não é possível.

O segundo erro da questão encontra-se ao final do item, onde dispõe ser possível a subconcessão na
concessão florestal.

Conforme esclarece o §4º do art. 3º da Lei 11.284/2006 “É vedada a subconcessão na concessão florestal”.

Dessa forma, a questão está errada.

GABARITO: ERRADO

18. A pessoa jurídica pode ser responsabilizada pela prática de crimes ambientais. Entretanto,
para que essa responsabilização ocorra é necessário que a infração tenha sido cometida no
seu interesse ou benefício da entidade e que decorra de decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu colegiado. Além disso, é possível a aplicação de pena restritiva de direito
à pessoa jurídica, sendo a ‘suspensão parcial ou total das atividades’ e a ‘prestação pecuniária’

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exemplos de pena restritiva de direito aplicadas às pessoas jurídicas.

COMENTÁRIO

A questão está equivocada.

A Lei 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, traz em seu art. 3º a possibilidade de responsabilização penal das pessoas
jurídicas, desde que observem dois requisitos, cumulativamente: a infração seja cometida por decisão de
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado e a infração penal seja cometida no
interesse ou benefício da sua entidade.

Art. 3º - As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme


o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Dessa forma, a primeira parte da questão está correta. Entretanto, a segunda parte está equivocada.

O art. 21 da Lei 9.605/1998 prevê, para as pessoas jurídicas, as seguintes penas: multa, restritiva de
direitos e prestação de serviços à comunidade. Essas penas poderão ser aplicadas isoladas, cumulativas
ou alternativamente.

Dispõe o art. 22 sobre as espécies de penas restritivas de direitos da pessoa jurídica, sendo elas: I -
suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
e III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou
doações.

Observa-se, desse modo, que a pena de prestação pecuniária não é uma espécie de pena restritiva de
direitos da pessoa jurídica. Tal penalidade é aplicável somente às pessoa físicas, conforme estabelece o
art. 8º da Lei de Crimes Ambientais:

No mesmo sentido leciona Frederico Amado explicando que “as penas restritivas de direito para pessoas
físicas estão previstas no artigo 8.º, da Lei 9.605/1998 [...]” (Resumo de Direito Ambiental: esquematizado.
3ª ed. Ver. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.).

Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

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V - recolhimento domiciliar.

Assim, a questão encontra-se equivocada ao afirmar que a prestação pecuniária é um exemplo de pena
restritiva de direito aplicadas às pessoas jurídicas.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO CIVIL

19. É trienal o prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória ajuizada por vítima de
acidente de trânsito contra concessionária de serviço público de transporte coletivo.

COMENTÁRIO

A assertiva está incorreta. Prescrição é o instituto que ataca o direito ao exercício de pretensões relativas
a direitos subjetivos patrimoniais e disponíveis, caso não exercidas durante determinado lapso temporal e
que atingem uma ação condenatória. Decadência é o instituto que ataca direito potestativo não exercido
em um dado lapso de tempo, atingindo uma ação constitutiva, positiva ou negativa.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Direito Subjetivo Direito Potestativo
Ação condenatória Ação constitutiva
Regra I – contagem do prazo em anos: pode ser Regra I – contagem do prazo em dias, meses ou
prescrição ou decadência. ano e dia: decadência.

Regra II – prazo em anos: previsto no art. 206, Regra II – prazo em anos: se estiver fora do art.
CC, prescricional. 206, CC, decadencial.

Obs.1: Ações anulatórias não estão sujeitas à prescrição ou à decadência.

O Superior Tribunal de Justiça entendeu que no caso, aplica-se o art. 1-C, da Lei n. 9.494/1997, que é
norma especial em relação ao Código Civil.

DIREITO CIVIL. PRAZO PRESCRICIONAL DA PRETENSÃO INDENIZATÓRIA EXERCIDA CONTRA


PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO.

É quinquenal o prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória ajuizada


por vítima de acidente de trânsito contra concessionária de serviço público de transporte
coletivo. De fato, o STJ tem sustentado o entendimento de que é trienal (art. 206, § 3º, V, do
CC) – e não quinquenal – o prazo prescricional para a propositura desse tipo de ação (AgRg
nos EDcl no Ag 1.386.124-SP, Terceira Turma, DJe 29/6/2011; e AgRg no Ag 1.195.710-RS, Quarta
Turma, DJe 1º/8/2012). Todavia, esse posicionamento merece ser revisado, uma vez que o art.

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1º-C da Lei 9.494/1997, que se encontra em vigor e que é norma especial em relação ao
Código Civil, determina que “Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos
danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviços públicos”. Ademais, frise-se que não se trata de
aplicar à concessionária de serviço público o disposto no Decreto 20.910/1932, que dispõe sobre
a prescrição contra a Fazenda Pública, mas sim de utilizar a regra voltada especificamente para
as hipóteses de danos causados por agentes da administração direta e indireta. REsp 1.277.724-
PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015, DJe 10/6/2015 (Informativo 563).

GABARITO: ERRADO

20. Quando o vício oculto, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o adquirente de
bem móvel terá o prazo de trinta dias, a partir da ciência desse defeito, para exercer o direito de
obter a redibição ou abatimento no preço, desde que o conhecimento do vício ocorra dentro do
prazo de cento e oitenta dias da aquisição do bem.

COMENTÁRIO

A assertiva está correta. Segundo a doutrina civilista, os vícios redibitórios podem ser entendidos como
sendo os defeitos que desvalorizam a coisa ou a tornam imprópria para o uso. Doutrina majoritária aduz
que tais vícios são sempre ocultos.

Código Civil

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou
defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.

Vício Redibitório Erro


Plano de Eficácia do Contrato

Resolução: ação redibitória Plano de Validade

Abatimento proporcional no preço: ação Anulabilidade do Contrato


estimatória ou quanti minoris

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo
de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já
estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á

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do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se
tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.

§2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

O Superior Tribunal de Justiça, julgando o REsp 1.095.882-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
9/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 554), assim se pronunciou:

DIREITO CIVIL. VÍCIO REDIBITÓRIO E PRAZO DECADENCIAL.

Quando o vício oculto, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde (art. 445, §
1°, CC), o adquirente de bem móvel terá o prazo de trinta dias (art. 445, caput, do CC), a
partir da ciência desse defeito, para exercer o direito de obter a redibição ou abatimento
no preço, desde que o conhecimento do vício ocorra dentro do prazo de cento e oitenta
dias da aquisição do bem. O prazo decadencial para exercício do direito de obter a redibição
ou abatimento no preço de bem móvel é o previsto no caput do art. 445 do CC, isto é, trinta
dias. O § 1º do art. 445 do CC apenas delimita que, se o vício somente revelar mais tarde, em
razão de sua natureza, o prazo de 30 dias fluirá a partir do conhecimento desse defeito, desde
que revelado até o prazo máximo de 180 dias, com relação aos bens móveis. Desse modo,
no caso de vício oculto em coisa móvel, o adquirente tem o prazo máximo de cento e
oitenta dias para perceber o vício e, se o notar neste período, tem o prazo de decadência
de trinta dias, a partir da verificação do vício, para ajuizar a ação redibitória. Esse
sentido, o enunciado 174 do CJF dispõe que: “Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem
os prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou abatimento do preço, desde que os
vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir
do conhecimento do defeito”.

GABARITO: CERTO

21. Dentre as funções da boa-fé objetiva, nas relações contratuais, podemos destacar a função de
controle, segundo a qual aquele que contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito.

COMENTÁRIO

A alternativa está correta. Segundo Tartuce a boa-fé objetiva apresenta três importantes funções, são elas:
(i) função de interpretação – art. 113, CC, uma vez que “os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”, ou seja, é consagrada como instrumento
para interpretação dos negócios, da maneira mais favorável a quem esteja de boa-fé; (ii) função de
controle – art. 187, CC, eis que “também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes”, ou seja, aquele que contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito. O dispositivo adotou

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a responsabilidade objetiva. Nesse sentido, importante destacar o Enunciado n. 37/CJF/STJ, segundo o


qual “Art. 187: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-
se somente no critério objetivo-finalístico”; (iii) função de integração – art. 422, CC, segundo o que
“os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé”, ou seja, aplica-se a boa-fé em todas as fases negociais. Nesse sentido,
destaco os Enunciados 25 e 170 do CJF/STJ, respectivamente: “Art. 422: O art. 422 do Código Civil não
inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual.”
“Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a
execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato”.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. Não são cabíveis embargos infringentes quando reformada a sentença terminativa e julgada
a apelação, de forma não unânime, com fundamento na teoria da causa madura.

COMENTÁRIO

O art. 515, §3º do CPC assim dispõe:

§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento.

Cuida-se da possibilidade de imediato julgamento, pelo tribunal, da chamada “causa madura”, isto é, aquela
que se já encontre pronta para exame meritório. O dispositivo em referência elasteceu a devolutividade do
recurso de apelação, ao autorizar que o Tribunal examine, independentemente de requerimento da parte,
matéria não decidida na primeira instância, desde que se trate de feito antes extinto sem julgamento de
mérito.

Todavia, para a aplicação da referida regra, denominada pelos doutrinadores por “Princípio (ou Teoria) da
Causa Madura”, impõe-se, segundo exigência do próprio CPC, que a causa verse unicamente acerca de
matéria de direito e que esteja em condições de imediato do julgamento.

A despeito da literalidade do permissivo legal, a jurisprudência do STJ também tem autorizado a aplicação
do procedimento ali previsto quando, ainda que a questão seja de direito e de fato, não exista necessidade
de produzir provas outras na instrução do feito:

Informativo nº 0528 - Período: 23 de outubro de 2013. Corte Especial

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TEORIA DA CAUSA MADURA.

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No exame de apelação interposta contra sentença que tenha julgado o processo sem resolução
de mérito, o Tribunal pode julgar desde logo a lide, mediante a aplicação do procedimento
previsto no art. 515, § 3º, do CPC, na hipótese em que não houver necessidade de produção
de provas (causa madura), ainda que, para a análise do recurso, seja inevitável a apreciação
do acervo probatório contido nos autos. De fato, o art. 515, § 3º, do CPC estabelece, como
requisito indispensável para que o Tribunal julgue diretamente a lide, que a causa verse questão
exclusivamente de direito. Entretanto, a regra do art. 515, § 3º, deve ser interpretada em
consonância com a preconizada pelo art. 330, I, cujo teor autoriza o julgamento antecipado
da lide “quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato,
não houver necessidade de produzir prova em audiência”. Desse modo, se não há necessidade
de produção de provas, ainda que a questão seja de direito e de fato, poderá o Tribunal julgar
a lide no exame da apelação interposta contra a sentença que julgara extinto o processo sem
resolução de mérito. Registre-se, a propósito, que configura questão de direito, e não de fato,
aquela em que o Tribunal tão somente extrai o direito aplicável de provas incontroversas,
perfeitamente delineadas, construídas com observância do devido processo legal, caso em
que não há óbice para que incida a regra do art. 515, § 3º, porquanto discute, em última
análise, a qualificação jurídica dos fatos ou suas consequências legais. EREsp 874.507-SC, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/6/2013

De outro lado, tem-se que os embargos infringentes são recurso cujas hipóteses de cabimento encontram-
se no art. 530 do CPC:

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado,
em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se
o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.

O recurso de embargos infringentes visa a fazer prevalecer, no âmbito do tribunal em que proferida
determinada decisão não unânime, o voto vencido ali proferido. Percebe-se, pois, que os embargos
infringentes somente serão cabíveis quando, e presente a divergência:

(1) o acórdão reformar, em grau de apelação, de sentença de mérito; ou

(2) o acórdão julgar procedente ação rescisória.

Nota-se, nessa toada, que na hipótese (1) o CPC prevê expressamente a necessidade de que o
acórdãoreforme sentença de mérito, o que não se verifica, por exemplo, quando o julgamento colegiado
anule sentença de mérito, mantenha sentença de mérito ou reforme sentença terminativa (sem resolução
do mérito).

Fixadas essas premissas, indaga-se: seria cabível tal recurso quando o tribunal afasta sentença terminativa
(sem exame de mérito) e, com base no art. 515, §3º, CPC (teoria da causa madura), julga desde logo o
mérito de forma não unânime?

Exemplificativamente: Sentença entende que o autor é parte ilegítima e extingue o feito sem resolução

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do mérito (art. 267, VI, CPC). No julgamento da apelação, o tribunal reconhece ser sim o autor legitimado
para a propositura da demanda, e, considerando que esta se encontra pronta para ser julgada, enfrenta
seu mérito e dá provimento à apelação para também julgar improcedente o pedido do autor (art. 269, I,
CPC). Ocorre que 1 dos 3 Desembargadores componentes do colegiado que julgou o recurso entendeu
que, além da legitimidade do autor, seu pedido seria sim procedente.

Poderia o autor nesse caso, buscando fazer prevalecer o voto vencido que julgou procedente seu pedido,
interpor embargos infringentes?

A resposta é positiva conforme tem entendido a jurisprudência do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROVIMENTO


DE APELAÇÃO CONTRA SENTENÇA QUE EXTINGUE O PROCESSO. CAUSA MADURA.
JULGAMENTO DO MÉRITO DA CAUSA POR ACÓRDÃO NÃO UNÂNIME. CPC, ART. 515, § 3º.
CABIMENTO DE EMBARGOS INFRINGENTES.

1. São cabíveis embargos infringentes contra acórdão não unânime que dá provimento a
recurso de apelação contra sentença de extinção do processo e, ato contínuo, julga o mérito
(art. 515, § 3º, do CPC). Precedentes.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 1121873/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado
em 03/02/2015, DJe 09/02/2015)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES. POSSIBILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DO


RECURSO PREVISTO NO ART. 530 DO CPC PARA IMPUGNAR APELAÇÃO JULGADA NA
FORMA DO ART. 515, § 3º, DO CPC. 1. São cabíveis embargos infringentes na hipótese em que
o tribunal de origem, no julgamento da apelação, afasta a extinção do processo e aplica a
regra do art. 515, § 3º, do Código de Processo Civil, julgando o mérito da causa. Precedentes.
(...) 3. Agravo regimental não provido. (STJ, (AgRg no REsp 1241529 / DF, Rel. Min. ELIANA
CALMON, 2a Turma, DJe 01/07/2013)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS INFRINGENTES. APELAÇÃOJULGADA


NA FORMA DO ART. 515, § 3º, DO CPC. ACÓRDÃO NÃO UNÂNIME. CABIMENTO. AÇÃO
DECLARATÓRIA. PRETENSÃO QUE ABRANGE RELAÇÕES JURÍDICAS FUTURAS. PEDIDO
GENÉRICO E ABSTRATO. INVIABILIDADE.

O art. 530 deve ser interpretado em harmonia com o art. 515, § 3º, ambos do CPC (um
modificado e o outro introduzido pela Lei 10.352/2001), para que seja admitida a apresentação
de embargos infringentes em face de acórdão não unânime que, em sede de apelação,
tenha reformado a sentença e analisado o mérito da causa, ainda que tal recurso tenha sido
interposto em face de sentença que extinguiu o processo sem resolução do mérito (Doutrina
de Cândido Rangel Dinamarco). Precedentes citados: REsp 503.073/MG, 4ª Turma, Rel.

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Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 6.10.2003; REsp 832.370/MG, 3ª Turma, Rel. Min.
Nancy Andrighi, DJ de 13.8.2007. (REsp 1.041.079/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de
10.11.2008). (REsp 870445/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 16/12/2010, DJe 08/02/2011)

Tal posicionamento tem esteio na concepção de que a legislação vedou os embargos infringentes, na
hipótese em que a parte sucumbe no julgamento do mérito do recurso e também no julgamento da
sentença (vedação dos embargos infringentes na hipótese de dupla sucumbência). E isso porque nessa
situação não haveria motivo para conceder o direito de interpor um novo recurso na 2ª instância quando
a sucumbência determinada na 1ª instância havia sido confirmada no julgamento da apelação.

Essa situação, entretanto, não ocorre quando a sentença de 1º grau é meramente extintiva, pois nesse
caso entende-se que é possível interpor o recurso previsto no art. 530 do CPC em havendo julgamento
meritório em 2º grau, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES. ACÓRDÃO QUE, POR MAIORIA, REFORMA


SENTENÇA TERMINATIVA E ADENTRA O JULGAMENTO DO MÉRITO. CABIMENTO.

- Nem sempre é meramente terminativo o acórdão que julga apelação contra sentença
terminativa, eis que, nos termos do § 3º do art. 515, “nos casos de extinção do processo sem
julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar
questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento”.

- Se apenas o Tribunal julga o mérito, não se aplica o critério de dupla sucumbência, segundo
o qual a parte vencida por um julgamento não-unânime em apelação não terá direito aos
embargos infringentes se houver sido vencida também na sentença.

- Assim, em respeito ao devido processo legal, o art. 530 deve ser interpretado harmoniosa
e sistematicamente com o restante do CPC, em especial o § 3º do art. 515, admitindo-se os
embargos infringentes opostos contra acórdão que, pormaioria, reforma sentença terminativa
e adentra a análise do mérito da ação.

- Aplica-se à hipótese, ainda, a teoria da asserção, segundo a qual, se o juiz realizar cognição
profunda sobre as alegações contidas na petição, após esgotados os meios probatórios, terá,
na verdade, proferido juízo sobre o mérito da questão.

- A natureza da sentença, se processual ou de mérito, é definida por seu conteúdo e não pela
mera qualificação ou nomen juris atribuído ao julgado, seja na fundamentação ou na parte
dispositiva. Portanto, entendida como de mérito a sentença proferida nos autos, indiscutível o
cabimento dos embargos infringentes.

Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 832.370/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 13.8.2007)

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Incorreta assim a questão.

GABARITO: ERRADO

23. Quanto às peças obrigatórias do agravo de instrumento interposto por ente público, tem-
se que o termo de abertura de vista e remessa dos autos substitui a certidão de intimação da
decisão agravada.

COMENTÁRIO

Como sabido, o art. 525 do CPC prevê algumas peças – obrigatórias e facultativas – para formação do
instrumento do agravo:

Art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e


das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis.

§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte


de retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais.

§ 2º No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no correio sob


registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local.

Observa-se que dentro dos documentos obrigatórios arrolados no inciso I do art. 525 encontra-se a“cópia
da decisão agravada”, a qual serve para possibilitar a aferição acerca da tempestividade do recurso.

Apesar da clareza do preceito e de um certo formalismo dos Tribunais quando da análise da regularidade
formal dos recursos, o STJ já possuía precedente sinalizando que “em homenagem à instrumentalidade,
a falta de certidão de intimação da decisão pode ser suprida por outro instrumento que comprove a
tempestividade do recurso” (AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 460.056/MT, julgado em 26/10/2006).

Tal exegese foi recentemente rememorada, agora pela Corte Especial daquele Tribunal, que assentou que
o termo de remessa dos autos ao ente público substitui a necessidade de cópia da decisão agrava para
fins de formação do instrumento do agravo:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE


PEÇA OBRIGATÓRIA. CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO. AGRAVANTE COM PRERROGATIVA DE
INTIMAÇÃO PESSOAL MEDIANTE VISTA DOS AUTOS. CÓPIA DO TERMO DE VISTA. ALCANCE
DA FINALIDADE DA EXIGÊNCIA LEGAL. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS.
APLICAÇÃO.

1. Sendo a intimação da Fazenda Nacional, por expressa previsão legal, pessoal mediante
remessa dos autos (a qual será o termo inicial do prazo recursal), tem-se que, nos agravos de

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10ª RODADA - 23/09/2015

instrumento opostos pelo ente público, o termo de abertura de vista e remessa dos autos é
suficiente para a demonstração da tempestividade do recurso, podendo, assim, substituir a
certidão de intimação da decisão agravada.

2. Recurso especial provido, determinando-se o retorno dos autos para que seja apreciado o
agravo de instrumento.

(REsp 1376656/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em


17/12/2014, DJe 02/02/2015)

No mesmo sentido:

Segunda Seção

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONHECIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO


INSTRUÍDO COM CÓPIA DA CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. RECURSO
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. N. 8/2008-STJ). A ausência da cópia da certidão
de intimação da decisão agravada não é óbice ao conhecimento do agravo de instrumento
quando, por outros meios inequívocos, for possível aferir a tempestividade do recurso, em
atendimento ao princípio da instrumentalidade das formas. O STJ entende que, apesar de a
certidão de intimação da decisão agravada constituir peça obrigatória para a formação do
instrumento do agravo (art. 525, I, do CPC), sua ausência pode ser relevada desde que seja
possível aferir, de modo inequívoco, a tempestividade do agravo por outro meio constante dos
autos. Esse posicionamento é aplicado em homenagem ao princípioda instrumentalidade das
formas para o qual o exagerado processualismo deve ser evitado de forma a que o processo e
seu uso sejam convenientemente conciliados e realizados. Precedentes citados: REsp 676.343-
MT, Quarta Turma, DJe 8/11/2010; e AgRg no AgRg no REsp 1.187.970-SC, Terceira Turma, DJe
16/8/2010. REsp 1.409.357-SC,Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 14/5/2014 (Informativo nº 5
41).

GABARITO: CERTO

24. Reputam-se protelatórios os embargos de declaração que visam rediscutir matéria já


apreciada e decidida pela Corte de origem em conformidade com precedente julgado pelo rito
dos recursos representativos, situação na qual é passível, inclusive, a condenação do embargante
pela multa decorrente da litigância de má-fé, sem prejuízo daquela a ser fixada por conta do
caráter protelatório dos aclaratórios.

COMENTÁRIO

Assertiva correta, posto que reflete dois importantes entendimentos do STJ: (1) que são protelatórios
os EDcl que visam rediscutir matéria decidida em conformidade com (a) súmula do STJ ou do STF, (b)
com base no art. 543-B, CPC ou (c) com base 543-C, CPC; (2) sendo os EDcl protelatórios, é possível a

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condenação do embargante pela multa do art. 538, p. único, CPC, juntamente com a indenização prevista
no art. 18, §2º, CPC:

STJ, Informativo nº 541, de 11 de junho de 2014.

Segunda Seção.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CARACTERIZAÇÃO DO INTUITO PROTELATÓRIO EM


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-
STJ). Caracterizam-se como protelatórios os embargos de declaração que visam rediscutir
matéria já apreciada e decidida pela Corte de origem em conformidade com súmula do STJ
ou STF ou, ainda, precedente julgado pelo rito dos artigos 543-C e 543-B do CPC. Se os
embargos de declaração não buscam sanar omissão, contradição ou obscuridade do acórdão
embargado – desbordando, pois, dos requisitos indispensáveis inscritos no art. 535 do CPC
–, mas sim rediscutir matéria já apreciada e julgada, eles são protelatórios. Da mesma forma,
quando o acórdão do Tribunal a quo, embargado, estiver perfeitamente ajustado à orientação
pacífica do Tribunal ad quem, não haverá nenhuma possibilidade de sucesso de eventual
recurso ao Tribunal ad quem. Dessarte, não se pode imaginar propósito de prequestionamento
diante de recurso já manifestamente inviável para o Tribunal ad quem. Além disso, em casos
assim, o sistemático cancelamento da multa por invocação da Súmula 98 do STJ incentiva a
recorribilidade abusiva e frustra o elevado propósito de desestimular a interposição de recursos
manifestamente inviáveis, seja perante o Tribunal a quo, seja perante o Tribunal ad quem. REsp
1.410.839-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 14/5/2014.

Corte Especial.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CUMULAÇÃO DA MULTA DO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO


CPC COM A INDENIZAÇÃO PELO RECONHECIMENTO DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ (ARTS. 17,
VII, E 18, § 2º, DO CPC). RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). A multa
prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC tem caráter eminentemente administrativo –
punindo conduta que ofende a dignidade do tribunal e a função pública do processo –, sendo
possível sua cumulação com a sanção prevista nos arts. 17, VII, e 18, § 2º, do CPC, de natureza
reparatória. De fato, como bem anota a doutrina e demonstra a jurisprudência, os embargos
de declaração, em que pese a sua imprescindibilidade como precioso instrumento para
aprimoramento da prestação jurisdicional, sobressaem como o recurso com mais propensão
à procrastinação, despertando a atenção do legislador. Nesse passo, extrai-se da leitura do art.
538, parágrafo único, do CPC que o legislador, previu, para o primeiro manejo, a mesma multa
contida no art. 18, caput, ampliando, todavia, as hipóteses de incidência da reprimenda do art.
17, VII, pois a norma especial (art. 538) não exige o “intuito” manifestamente protelatório, isto
é, dispensa a caracterização da culpa grave ou do dolo por parte do recorrente – exigida pela
regra geral (art. 18). Observa-se, assim, que o legislador não pretendeu conferir tratamento
mais benevolente ao litigante de má-fé que se utiliza do expediente do manejo de aclaratórios

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com intuito procrastinatório, tampouco afastou a regra processual geral, prevista no art. 18,
§ 2º, do CPC, que prevê indenização à parte contrária, emcaso de utilização de expediente
com intuito manifestamente protelatório. Nessa linha, como princípio de hermenêutica, não
compete ao intérprete distinguir onde o legislador, podendo, não o fez. Desse modo, não se
deve considerar a melhor interpretação a que determina que a norma especial afasta, por si
só, integralmente, a norma geral, inclusive naquilo em que claramente não são incompatíveis.
Assim, conforme a doutrina, as disposições excepcionais são estabelecidas por motivos
ou considerações particulares, por isso, ainda em casos em que se paire dúvida, deve-se,
como regra basilar de hermenêutica, interpretar restritamente as disposições especiais que
derrogam as gerais, pois não pretendem ir além do que o seu texto prescreve. Com efeito,
mostra-se possível a cumulação da multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC com
a condenação a indenizar prevista nos arts. 17, VII, e 18, § 2º, do CPC, em caso de manejo de
embargos de declaração com o intuito claramente protelatório. Precedentes do STJ: EDcl nos
EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 314.173-MG, Segunda Turma, DJ 10/3/2003; REsp 544.688-
SP, Quinta Turma, julgado em 28/10/2003, DJ 24/11/2003. Precedentes do STF: RE 202.097
ED-EDv- AgR-ED, Tribunal Pleno, DJ 14/11/2003, AO 1407 QO-ED-ED, Segunda Turma, DJe
14/8/2009. REsp 1.250.739-PA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/12/2013.

GABARITO: CERTO

25. É obrigatória a intervenção do Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei, em demanda


proposta por ente público na qual se veicule pretensão indenizatória derivada de prejuízos
ocasionados ao erário.

COMENTÁRIO

O Ministério Público exerce dupla função no processo civil brasileiro, podendo ocupar a posição de parte
ou participar do processo como custos legis, intervindo em determinadas causas a fim de velar pela justiça
do processo e de sua decisão. Em regra, não sendo o parquet intimado para participar do feito quando
a sua intervenção é obrigatória haverá vício de forma no processo, podendo ser decretada a invalidade
dos atos processuais. O art. 82 do Código de Processo Civil traz a seguinte previsão:

Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:

I - nas causas em que há interesses de incapazes;

II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição,
casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;

III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em
que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

Ocorre que o STJ, por meio de sua Primeira Seção, já teve a oportunidade de assentar a dispensabilidade

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da intervenção ministerial em ações de ressarcimento ao erário propostas por entes públicos. Seria o
caso, por exemplo, de ação ajuizada no rito ordinário na qual a União cobrasse de particular indenização
por conta de dano causado por este em acidente automobilístico envolvendo veículo oficial. Eis o
entendimento na forma que constou divulgado no Informativo nº 548: Primeira Seção:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INTERVENÇÃO DO MP EM AÇÕES DE RESSARCIMENTO AO


ERÁRIO.

O Ministério Público não deve obrigatoriamente intervir em todas as ações de ressarcimento


ao erário propostas por entes públicos. A interpretação do art. 82, III, do CPC à luz do art.
129, III e IX, da CF revela que o interesse público que justifica a intervenção do MP não está
relacionado à simples presença de ente público na demanda nem ao interesse patrimonial
deste (interesse público secundário ou interesse da Administração). Exige-se que o bem
jurídico tutelado corresponda a um interesse mais amplo, com espectro coletivo (interesse
público primário). Além disso, a causa de pedir relativa ao ressarcimento ao ente público,
considerando os limites subjetivos e objetivos da lide, prescinde da análise da ocorrência de
ato de improbidade administrativa, razão pela qual não há falar em intervenção obrigatória
do MP, sob pena de transformar a ação de indenização em sede imprópria para discussão
acerca da configuração de improbidade administrativa. EREsp 1.151.639- GO, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 10/9/2014.

Como bem observou o Relator do referido julgado em seu voto:

[...] Acrescente-se, ainda, que a eventual constatação de que o ato ilícito que ensejou
lesão ao erário possa configurar, também, ato de improbidade administrativa, não enseja a
intervenção obrigatória do Ministério Público. Com efeito, a causa de pedir ressarcimento
pelo ente público lesionado, considerando os limites subjetivos e objetivos da lide, prescinde
da análise da ocorrência de ato de improbidade, razão pela qual não há falar em intervenção
obrigatória do Ministério Público, sob pena de transformar a ação de indenização em sede
imprópria para discussão acerca da configuração de improbidade administrativa. Não fosse
assim, necessário seria a intimação do Ministério Público em todas as ações de indenização
por ato ilícito propostas pelos entes públicos para afirmar a existência, ou não, da suposta
ocorrência de ato de improbidade, o que, de toda a sorte, seria absolutamente desarrazoado
e implicaria na nulidade da maioria das ações desse jaez. Não se olvida, por fim, que a prática
de ato ímprobo (arts. 9º ao 11 da Lei 8.429⁄92) constitui circunstância extraordinária que, por
transcender as atribuições ordinárias dos órgãos de representação judicial dos entes públicos,
legitima o Ministério Público a pedir o ressarcimento dos danos dele decorrentes, seja em
ação de improbidade, seja em ação de indenização por danos causados ao erário. Entretanto,
essa circunstância extraordinária deve ser demonstrada pelo órgão ministerial nas ações de
ressarcimento que ele próprio manejar, para o fim de afirmar a sua legitimidade ativa ad
causam. Não se admite, pois, o alargamento impróprio dos limites da demanda proposta pelo
ente público ordinariamente legitimado.

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Os seguintes arestos do STJ também já se posicionavam em idêntico sentido:

PROCESSUAL CIVIL – ADMINISTRATIVO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – COMPANHIA NACIONAL


DE ABASTECIMENTO (CONAB) – SAFRA DE ALGODÃO – CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO
APONTADA COMO FRAUDULENTA EM AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA –
DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA TODOS OS ATOS DO
PROCESSO – INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO. 1. O fato de a pessoa jurídica de Direito
Público figurar na lide, ou de haver interesse patrimonial da Fazenda Pública, não configura,
por si só, justificativa para a intervenção do Ministério Público, nos moldes do art. 82, III,
do CPC. 2. Deve-se analisar, caso a caso, qual a ordem de interesse objeto da demanda.
Tratando-se de interesse público meramente secundário, a intervenção do Ministério Público,
como custos legis, não se torna imprescindível a ponto de gerar nulidade processual absoluta.
3. Ademais, in casu, não se pode olvidar que o interesse público secundário encontra o devido
resguardo pela própria entidade pública, que empreende a suadefesa por meio de grupo
próprio de profissionais da advocacia pública. 4. Portanto, não há que se falar em nulidade no
caso concreto em que os autos versam sobre Ação de Indenização ajuizada pela Companhia
Nacional de Abastecimento – CONAB contra o Estado de Goiás e agente público, objetivando
a condenação solidária dos demandados ao ressarcimento dos prejuízos advindos de supostas
irregularidades na classificação de produto agrícola adquirido do primeiro réu e classificado
pelo segundo réu referente à safra 97⁄98. PRECEDENTE: REsp 1.153.076⁄GO, Rel. Min. Luiz Fux,
Primeira Turma, julgado em 16.3.2010, DJe 29.3.2010. Agravo regimental improvido (AgRg no
REsp 1.152.116⁄GO, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 21⁄6⁄2010)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.


RECURSO ESPECIAL. POLÍTICA DE PREÇO MÍNIMO. SETOR SUCROALCOOLEIRO. INTERVENÇÃO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 82, III, DO CPC. INEXISTÊNCIA DE
DIREITOS INDISPONÍVEIS. NULIDADE NÃO-CONFIGURADA. RECURSO INCAPAZ DE INFIRMAR
OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A simples presença
de pessoa jurídica de direito público não determina, por si só, a intervenção obrigatória do
Ministério Público. O interesse público também não pode ser confundido com o interesse
patrimonial do Estado, tampouco em razão do elevado valor de eventual indenização a ser
paga pela Fazenda Pública. 4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 963.838⁄DF, Rel.
Min. Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 7⁄5⁄2009)

Vale, todavia, tomar o seguinte cuidado. O caso analisado pelo EREsp 1.151.639-GO do Informativo STJ
nº 548 tratava de ação de ressarcimento/ indenizatória “pura”, não envolvendo pretensão ressarcitória
deduzida no bojo de ação civil pública ou na qual que postulasse sancionamento decorrente da prática
de improbidade administrativa, situações estas em que a intervenção do MP é obrigatória por conta das
seguintes previsões legislativas:

Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública)

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Art. 5º, §1º. Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente
como fiscal da lei.

Lei nº 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa)

Art. 17, §4º. O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará
obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

26. De acordo com o disposto na legislação de regência (Lei n.º 6.404/76), nas sociedades
anônimas o Conselho Fiscal se constitui em órgão de existência obrigatória, mas de funcionamento
facultativo.

COMENTÁRIO

O Conselho Fiscal, de fato, se constitui em órgão de existência obrigatória e funcionamento facultativo.


Tal conclusão pode ser extraída do disposto no Art. 161 da LSA, segundo o qual “a companhia terá um
conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios
sociais em que for instalado a pedido de acionistas.” Ora, a LSA não deixa margem para escolha sobre
a existência ou não de um Conselho Fiscal. Ela simplesmente determina que cada companhia terá um
Conselho Fiscal, e essa existência, por decorrer diretamente da lei, é obrigatória. Entretanto, ainda que a
existência seja obrigatória, o Conselho Fiscal nem sempre estará funcionando, o que será decidido pelos
acionistas.

Por fim, uma última informação sobre o Conselho Fiscal, mas agora no que concerne às sociedades
limitadas: o Código Civil de 2002, em seu Art. 1.066, trouxe a faculdade (e não obrigatoriedade!) de as
sociedades limitadas o instituírem.

GABARITO: CERTO

27. A legislação sobre cédulas de crédito rural admite o pacto de capitalização de juros em
periodicidade inferior à semestral.

COMENTÁRIO

Em primeiro lugar, vale lembrar que a cédula de crédito rural é um título de crédito rural, que, assim como
a nota de crédito rural, é disciplinada pelo Decreto-Lei 167/1997. Em relação a ambas, André Luiz Santa
Cruz Ramos esclarece que “trata-se de títulos causais, de natureza civil, resultantes do financiamento
a cooperativa, empresa ou produtor rural. Ambas constituem promessa de pagamento”, sendo que “a

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cédula de crédito rural possui garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota de crédito comercial
não possui garantia real”. (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2012, pág 496).

Pois bem. A questão trata da capitalização de juros nas cédulas de crédito rural, e está correta, eis que
reproduziu entendimento adotado pelo STJ em sede de Recurso Repetitivo (Informativo 537). Como
vocês poderão ver abaixo, a decisão levou em conta a Súmula 93 do Tribunal, assim como a legislação
referente à cédula de crédito rural (Decreto-Lei 167/1967), verbis:

DIREITO EMPRESARIAL. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS EM CONTRATOS DE CRÉDITO RURAL.


RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO STJ).

A legislação sobre cédulas de crédito rural admite o pacto de capitalização de juros em


periodicidade inferior à semestral. Diante da pacificação do tema, publicou-se a Súmula
93 do STJ, segundo a qual “a legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial
admite o pacto de capitalização de juros”. Assim, nas cédulas de crédito rural, industrial e
comercial, a capitalização semestral dos juros possui autorização ex lege, não dependendo de
pactuação expressa, a qual, por sua vez, é necessária para a incidência de juros em intervalo
inferior ao semestral. Essa disciplina não foi alterada pela MP 1.963-17, de 31/3/2000. Com
efeito, há muito é pacífico no STJ o entendimento de que, na autorização contida no art. 5º
do Decreto-Lei 167/1967, inclui-se a permissão para a capitalização dos juros nas cédulas
de crédito rural, ainda que em periodicidade mensal, desde que pactuada no contrato (“as
importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros às taxas que o Conselho Monetário
Nacional fixar e serão exigíveis em 30 de junho e 31 de dezembro ou no vencimento das
prestações, se assim acordado entre as partes; no vencimento do título e na liquidação,
por outra forma que vier a ser determinada por aquele Conselho, podendo o financiador,
nas datas previstas, capitalizar tais encargos na conta vinculada a operação”). A autorização
legal está presente desde a concepção do título de crédito rural pela norma específica, que
no particular prevalece sobre o art. 4º do Decreto 22.626/1933 (Lei de Usura), e não sofreu
qualquer influência com a edição da MP 1.963-17/2000 (2.170-36/2001). REsp 1.333.977-MT,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/2/2014.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

28. Em que pese a Convenção de Viena de 1986 ainda não tenha entrado em vigor no plano
internacional – faltando inclusive a ratificação do Brasil –, é pacífico no direito internacional
hodierno o entendimento quanto à capacidade das organizações internacionais para a conclusão
de tratados, sendo, pois, o que revela a prática internacional.

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COMENTÁRIO

Como afirma Paulo Henrique Gonçalves Portela: “(...) a prática internacional tornou evidente a possibilidade
de que também os organismos internacionais celebrem tratados”1, o que é hoje uma realidade indiscutível
no âmbito do direito internacional. Acertada, portanto, a assertiva nesse ponto.

A “casca de banana” da questão está em saber se a Convenção de Viena de 1986, que trata da celebração
de tratados entre Estados e organizações internacionais ou apenas entre organizações internacionais, não
está mesmo em vigor e se o Brasil não a ratificou. Pois os dois pontos são verdadeiros.

Como assevera Valerio Mazzuoli:

Após a conclusão da Convenção houve um número significativo de assinaturas, principalmente


entre 1986 e 1987, mas que acabaram não sendo levadas a cabo por meio das respectivas
ratificações. É ainda grande o esforço das Nações Unidas para implementar o quorum mínimo
de 35 ratificações necessárias para que a Convenção entre em vigor no plano internacional (nos
termos do seu art. 85).2

Por fim, acessando o site da Organização das Nações Unidas3, verifica-se que o Brasil, em que pese tenha
assinado a referida Convenção em 21 de março de 1986, ainda não procedeu a sua ratificação.

Correta, portanto, a assertiva.

GABARITO: CERTO

29. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, se preocupou em preservar o


relativismo cultural ao consagrar a universalidade dos direitos humanos.

COMENTÁRIO

Como ensina Portela:

(...) a ideia da universalidade remete à noção de que os direitos humanos dirigem-se a todos
os seres humanos indistintamente de qualquer fator, inclusive do lugar onde se encontrem os
indivíduos, de sua nacionalidade, de sua origem, religião, etc.

Entretanto, o universalismo é contestado por parte da doutrina, que fundamentalmente defende


que os diferentes povos do mundo possuem valores distintos e que, por isso, não seria possível
estabelecer uma moral universal única, válida indistintamente para todas as pessoas humanas
e sociedades. É a noção de relativismo cultural, ou simplesmente “relativismo”, que defende,
ademais, que o universalismo implicaria imposição de ideias e concepções que, na realidade,
1 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 95.
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 364.
3 https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=XXIII-3&chapter=23&lang=en

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pertenceriam ao universo da cultura ocidental.4

Como se nota, há um choque entre a proclamação da universalidade dos direitos humanos e a diversidade
cultural, religiosa, moral, etc. existente entre os povos do mundo.

Pois a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, afirmou categoricamente a universalidade
dos direitos humanos, nos seguintes termos dos seus artigos 1º e, principalmente, 2º, in verbis:

Artigo 1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2. 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania. (grifei)

Como se infere da leitura dos dispositivos acima, ao pregar a extensão dos direitos humanos a todos os
seres humanos, sem distinção de qualquer espécie, a Declaração de 1948 em nada se preocupou com o
relativismo cultural.

Não se faz, nessa assertiva, um juízo moral quanto ao acerto ou ao erro da Declaração, que foi e é, sem
sombra de dúvidas, um marco na promoção dos direitos humanos. Trata-se apenas de examiná-la a partir
do viés desse espinhoso conflito entre universalismo vs relativismo. E, nesse particular, não há como negar
que a Declaração prega o universalismo sem se preocupar com o relativismo, estando, portanto, errada
a questão.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

30. De acordo com a Convenção da Haia de 1980, configura exceção ao retorno da criança, no
caso de sequestro internacional, a comprovação da integração do menor ao seu novo meio,
quando decorrido um ano ou mais entre a detenção ou retenção indevida e a data do início do
processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado onde a criança se encontrar.

COMENTÁRIO

4 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 826.

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10ª RODADA - 23/09/2015

Desde o CEI-AGU, tenho repetido à exaustão a importância do estudo da Convenção da Haia sobre os
Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, de 1980. A meu ver, pela relevância e reincidência
da matéria na atuação dos Advogados da União, esse tema pode vir a ser cobrado na primeira e na
segunda fase do concurso em andamento.

Dentro desse tema, o edital do concurso separa em ponto específico as “exceções ao retorno da criança”.
Calha, portanto, conhecer ditas exceções e esse foi o intuito da questão formulada.

As hipóteses de exceção estão: no artigo 12 (segundo parágrafo), no artigo 13 e no artigo 20. Veja-se:

Artigo 12

Quando uma criança tiver sido ilicitamente transferida ou retida nos termos do Artigo 3 e
tenha decorrido um período de menos de 1 ano entre a data da transferência ou da retenção
indevidas e a data do início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do
Estado Contratante onde a criança se encontrar, a autoridade respectiva deverá ordenar o
retomo imediato da criança.

A autoridade judicial ou administrativa respectiva, mesmo após expirado o período de uma ano
referido no parágrafo anterior, deverá ordenar o retorno da criança, salvo quando for provado
que a criança já se encontra integrada no seu novo meio.

Quando a autoridade judicial ou administrativa do Estado requerido tiver razões para crer que a
criança tenha sido levada para outro Estado, poderá suspender o processo ou rejeitar o pedido
para o retomo da criança.

(...)

Artigo 13

Sem prejuízo das disposições contidas no Artigo anterior, a autoridade judicial ou


administrativa do Estado requerido não é obrigada a ordenar o retomo da criança se a
pessoa, instituição ou organismo que se oponha a seu retomo provar:

a) que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da criança
não exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência ou da retenção,
ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta transferência ou
retenção; ou

b) que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de
ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação intolerável.

A autoridade judicial ou administrativa pode também recusar-se a ordenar o retorno


da criança se verificar que esta se opõe a ele e que a criança atingiu já idade e grau de
maturidade tais que seja apropriado levar em consideração as suas opiniões sobre o
assunto.

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Ao apreciar as circunstâncias referidas neste Artigo, as autoridades judiciais ou administrativas


deverão tomar em consideração as informações relativas à situação social da criança fornecidas
pela Autoridade Central ou por qualquer outra autoridade competente do Estado de residência
habitual da criança.

(...)

Artigo 20

O retorno da criança de acordo com as disposições contidas no Artigo 12° poderá ser recusado
quando não for compatível com os princípios fundamentais do Estado requerido com
relação à proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. (grifei)

Sistematizando, as hipóteses de exceção, nas quais as autoridades do Estado acionado não estão obrigadas
a determinar a devolução do menor, são:

- Casos em que, decorrido um ano ou mais entre a retenção ilícita e o início do processo administrativo
ou judicial para a devolução do menor, comprovar-se que a criança está integrada ao seu novo meio (art.
12, segundo parágrafo);

- Caso comprovar-se que a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da criança,
no país de residência habitual, não exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência ou
da retenção, ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta transferência ou retenção
(art. 12, “a”);

- Caso comprovar-se que existe um risco grave de a criança, no seu retorno, ficar sujeita a perigos de
ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação intolerável (art. 13, “b”);

- Verificar-se que a criança se opõe ao seu próprio retorno, desde que o menor tenha atingido já idade
e grau de maturidade tais que seja apropriado levar em consideração as suas opiniões sobre o assunto
(art. 13, in fine);

- Quando o retorno não for compatível com os princípios fundamentais do Estado requerido com relação
à proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais (art. 20).

Denota-se, portanto, que a assertiva está correta, pois retrata a hipótese de exceção do artigo 12, segundo
parágrafo, da Convenção da Haia.

GABARITO: CERTO

31. Os nascidos no exterior, antes da Emenda Constitucional nº 54/2007, filhos de mãe e/ou de pai
brasileiros e registrados em repartição consular brasileira, para adquirir a qualidade de brasileiros
natos, necessitam vir a residir no Brasil e ajuizar a respectiva ação de opção de nacionalidade,
perante a justiça federal de primeira instância.

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COMENTÁRIO

A ação de opção de nacionalidade, juntamente com a ação de busca e apreensão em sequestro


internacional de menores, são as demandas de maior incidência na rotina dos Advogados da União
atuantes no contencioso em matéria internacional.

Ainda, dentro das ações de opção de nacionalidade, uma problemática tem se colocado com frequência,
qual seja, o ajuizamento de tais ações por filhos de brasileiros nascidos no exterior, antes da EC 54/2007,
registrados em repartições consulares brasileiras.

Isso se dá porque, antes da Emenda Constitucional nº 54/2007 – por disposição da Emenda Constitucional
de Revisão nº 3/1994 –, o art. 12, I, “c”, da CF/88 dispunha que eram brasileiros natos: “os nascidos no
estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do
Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira”.

Ou seja, de 1994 até 2007, essa regra de nacionalidade da alínea “c” deixou de prever o caso dos
brasileiros nascidos no exterior, filhos de brasileiros e registrados em repartição brasileira competente.
Desse modo, em qualquer caso se fazia necessária a residência no Brasil e o ajuizamento da ação de
opção de nacionalidade.

Por essa razão, registros de brasileiros em repartições consulares brasileiras no exterior durante esse
período mencionavam que a nacionalidade brasileira ficava condicionada à residência no Brasil e à opção
perante a justiça federal.

Aliás, a competência da justiça federal para esse tipo de ação, abordada na questão, está consagrada no
inciso X, in fine, do art. 109 da Constituição. Assertiva certa nesse particular.

Retomando a temática da necessidade da ação de opção de nacionalidade. Muitas pessoas nascidas


nesse período, diante da referência expressa constante nas suas certidões de nascimento registradas
perante repartições brasileiras no exterior, até hoje ajuízam ações de opção de nacionalidade, crendo na
necessidade da homologação judicial para que possam ser consideradas brasileiras natas.

Tal entendimento, entretanto, está equivocado. Primeiro porque com a EC nº 54/2007, a alínea “c” do art.
12 da Constituição passou a considerar brasileiros natos:

(...) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
(grifei)

Da leitura do novo texto constitucional, denota-se que a aliena “c” passou a prever duas possibilidades
de reconhecimento da nacionalidade brasileira nata: 1) a dos nascidos no estrangeiro de pai e/ou mãe
brasileiros, registrados em repartição brasileira competente – nesse caso não sendo necessária a ação
de opção de nacionalidade; 2) a daqueles que reúnem as mesmas características acima, porém, que não

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tenham sido registrados em repartição brasileira, sendo nesse caso – e apenas nesse – necessária a fixação
de residência no Brasil e o ajuizamento, depois da maioridade, da ação de opção de nacionalidade.

Portanto, desnecessária a fixação de residência no Brasil, bem como o ajuizamento de ação de opção de
nacionalidade, no caso de registro em repartição consular competente.

Mas e o caso daqueles nascidos antes da EC nº 54/2007?

Nesse caso, a própria EC nº 54/2007 passou a prever, no art. 95 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, a regra de transição. Veja-se:

Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da promulgação desta Emenda


Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em repartição
diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem a residir na
República Federativa do Brasil.

A partir dessa regra, passou-se a entender que os nascidos no exterior no período entre as Emendas
Constitucionais nº 3/1994 e 54/2007, filhos de brasileiros e registrados em repartição consular brasileira,
são considerados brasileiros natos, sendo desnecessária a residência no país e a ação de opção de
nacionalidade.

Esse é o entendimento que tem sido sustentado pela União em juízo, através da AGU, com base em
orientação do Departamento de Direito Internacional (DPI) da PGU. O DPI, por sua vez, fundamenta sua
orientação, entre outros, na Resolução nº 155/2012 do CNJ. Veja-se o teor do art. 12 da citada Resolução:

Art. 12. Por força da redação atual da alínea c do inciso I do art. 12 da Constituição Federal e
do art. 95 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (Emenda Constitucional nº 54,
de 20 de setembro de 2007), o oficial de registro civil deverá, de ofício ou a requerimento do
interessado/procurador, sem a necessidade de autorização judicial, efetuar averbação em
traslado de assento consular de nascimento, cujo registro em repartição consular brasileira
tenha sido lavrado entre 7 de junho de 1994 e 21 de setembro de 2007, em que se declara que
o registrado é: “Brasileiro nato de acordo com o disposto no art. 12, inciso I, alínea “c”, in limine,
e do artigo 95 dos ADCTs da Constituição Federal.”

Parágrafo único. A averbação também deverá tornar sem efeito eventuais informações
que indiquem a necessidade de residência no Brasil e a opção pela nacionalidade
brasileira perante a Justiça Federal, ou ainda expressões que indiquem tratar-se de um
registro provisório, que não mais deverão constar na respectiva certidão.

Apenas a título de conhecimento, diante de tal entendimento, a argumentação da União em juízo é pela
extinção da ação de opção de nacionalidade sem resolução de mérito, diante da ausência de interesse
de agir.

Conclui-se, então, que a assertiva está incorreta, dada a desnecessidade de fixação de residência no
Brasil, assim como do ajuizamento de ação de opção de nacionalidade, na hipótese colocada.

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GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

32. Segundo o Supremo Tribunal Federal, não é possível a atribuição do conceito de funcionário
público contida no art. 327 do CP a juiz federal.

COMENTÁRIO

A assertiva está incorreta. Segundo o Supremo Tribunal Federal:


É possível a atribuição do conceito de funcionário público contida no art. 327 do CP a juiz
federal. É que a função jurisdicional é função pública, pois consiste atividade privativa do Estado-
juiz, sistematizada pela Constituição e normas processuais respectivas. Consequentemente,
aquele que atua na prestação jurisdicional ou a pretexto de exercê-la é funcionário público para
fins penais. (RHC 103.559, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 19-8- 2014, Primeira Turma, DJE
de 30-9-2014).

O Código Penal em seu art. 327, apresenta-nos o conceito de Funcionário Público, in verbis:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade


paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.

Segundo Nucci5, “não podem ser considerados funcionários públicos: administrador judicial de massa falida,
defensor dativo, administradores e médicos de hospitais privados credenciados pelo Governo, tutores e
curadores, inventariantes, advogado, mesmo exercendo a função de representante classista ou remunerado
por convênio público (cf. Delmanto, Código Penal comentado, p. 578; Damásio, Código Penal anotado, p.
918), dirigente sindical”.

GABARITO: ERRADO

33. O STF e o STJ entendem que é necessária a constituição definitiva do crédito tributário para a

5 Guilherme de Souza Nucci. Manual de Direito Penal. Parte Geral e Especial. 10ª Edição. Pág. 902.

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instauração da ação penal, nos crimes de descaminho.

COMENTÁRIO

A assertiva está incorreta. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça entendem que o
descaminho tem natureza jurídica de crime formal, de modo que não exige o efetivo prejuízo ao erário
para sua consumação; basta a ilusão de direito ou imposto. Assim sendo, entendem que é desnecessária
o esgotamento da via administrativa, ou seja, a constituição definitiva do crédito tributário para
a instauração de ação penal.

(...) a consumação do delito de descaminho e a posterior abertura de processo-crime


não estão a depender da constituição administrativa do débito fiscal. Primeiro, porque
o delito de descaminho é rigorosamente formal, de modo a prescindir da ocorrência do
resultado naturalístico. Segundo, porque a conduta materializadora desse crime é ‘iludir’ o
Estado quanto ao pagamento do imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo
de mercadoria. E iludir não significa outra coisa senão fraudar, burlar, escamotear. Condutas,
essas, minuciosamente narradas na inicial acusatória. Acresce que, na concreta situação dos
autos, o paciente se acha denunciado pelo descaminho, na forma da alínea c do § 1º do art. 334
do CP. Delito que tem como elementos nucleares as seguintes condutas: vender, expor à venda,
manter em depósito e utilizar mercadoria estrangeira introduzida clandestinamente no País ou
importada fraudulentamente. Pelo que não há necessidade de uma definitiva constituição
administrativa do imposto devido para, e só então, ter-se por consumado o delito. (HC
99.740, rel. min. Ayres Britto, julgamento em 23-11-2010, Segunda Turma, DJE de 1º-2-2011 -
STF)

PENAL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DESCAMINHO.


CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXAURIMENTO DA VIA
ADMINISTRATIVA. DESNECESSIDADE. CRIME FORMAL. INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR.
LEGALIDADE.

1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que, para a configuração do crime


previsto no art. 334 do Código Penal, não se exige a constituição definitiva do crédito
tributário para a instauração da ação penal, por ser o delito de natureza formal. (AgRg
no REsp 1525170/PR, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 25/08/2015,
DJe 11/09/2015)

O delito de descaminho está previsto no art. 334, do Código Penal, in verbis:

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada,
pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito Passivo é o Estado. O bem jurídico tutelado é
Administração Pública (interesse patrimonial e moral). Objeto material é a mercadoria, o direito ou

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imposto devido. É possível a tentativa. O §2º, do art. 334, CP, consigna norma de equiparação, segundo
a qual “equipara-se às atividades comerciais, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências”. Importante destacar que o funcionário
público responsável pela prevenção (ou repressão) do descaminho que auxilia o autor deste delito não
será tratado como concorrente do art. 334, mas sim como autor do delito previsto no art. 3 1 8 do Código
Penal (facilitação de contrabando ou descaminho).

Obs.1: Súmula n. 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando
ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens.

Obs.2: O valor mínimo para ajuizamento de ação fiscal está previsto no art. 20, da Lei n. 10.522/2012 – R$
10.000,00. Entretanto, o Ministério da Fazenda através de estudos econômicos recalculou o valor mínimo
para R$ 20.000,00. Assim sendo, há divergência de entendimentos entre o STF e o STJ quanto à aplicação
do princípio da insignificância.

Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça


Aplicação do Princípio da Insignificância
Aplicação do Princípio da Insignificância
a) Patamar: R$ 10.000,00
a) Patamar: R$ 20.000,00
b) Fundamento: art. 20, da Lei n. 10.522/2002.
b) Fundamento: art. 20, da Lei n. 10.522/2002, Entende que as Portarias n. 75 e 130/2012 do
atualizado pelas Portarias n. 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda são atos infralegais que não
Ministério da Fazenda. dispõe de força normativa capaz de revogar ou
modificar lei em sentido estrito.

Obs.3: Quando a questão envolver a aplicação do princípio da insignificância, o candidato deve estar
atento para o enunciado, de modo a observar qual o entendimento será cobrado, se o do STF ou o do
STJ.

GABARITO: ERRADO

34. No processo penal brasileiro, como regra, adota-se o princípio da territorialidade, no entanto,
é possível o uso de informações compartilhadas por força de acordo internacional de cooperação
em matéria penal.

COMENTÁRIO

A assertiva está correta. O Superior Tribunal de Justiça – informativo 553, entendeu que não há ilegalidade
no compartilhamento de informações por força de pedido de cooperação judiciária internacional/acordo
internacional de cooperação em matéria penal.

Não há ilegalidade na utilização, em processo penal em curso no Brasil, de informações


compartilhadas por força de acordo internacional de cooperação em matéria penal e

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oriundas de quebra de sigilo bancário determinada por autoridade estrangeira, com respaldo
no ordenamento jurídico de seu país, para a apuração de outros fatos criminosos lá ocorridos,
ainda que não haja prévia decisão da justiça brasileira autorizando a quebra do sigilo. Em
matéria penal, deve-se adotar, em regra, o princípio da territorialidade, desenvolvendo-se na
justiça pátria o processo e os respectivos incidentes, não se podendo olvidar, outrossim, de
eventuais tratados ou outras normas internacionais a que o país tenha aderido, nos
termos dos arts. 1º do CPP e 5º, caput, do CP. Tem-se, assim, que a competência internacional
é regulada ou pelo direito internacional ou pelas regras internas de determinado país, tendo
por fontes os costumes, os tratados normativos e outras regras de direito internacional. Dessa
forma, se a juntada da documentação aos autos se deu por força de pedidos de cooperação
judiciária internacional baseados no Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, tendo
sido apresentada devidamente certificada, de modo a se comprovar a autenticidade e a
regularidade na sua obtenção, não há que se falar em ilegalidade no compartilhamento das
provas oriundas da quebra do sigilo bancário realizado em outro país. HC 231.633-PR, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 25/11/2014, DJe 3/12/2014 (Informativo 553).

Na dicção do Código de Processo Penal:

Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;

Consigna o Código Penal que:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.

Desta forma, percebe-se que quanto à aplicação da lei processual penal no espaço, adota-se, como
regra geral, o princípio da territorialidade (locus regit actum), admitindo-se as exceções previstas no art.
1º, do CPP e art. 5º, do CP, caput. Segundo a doutrina, a adoção do referido princípio tem como objetivo
assegurar a soberania nacional.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DO TRABALHO

35. Conforme o entendimento do TST, é assegurado ao empregado contratado após a Constituição


de 1988, sem prévia aprovação em concurso público, o recebimento da contraprestação pactuada,
na proporção das horas efetivamente trabalhadas, as quais deverão equivaler, pelo menos, ao
valor da hora do salário mínimo, em atenção ao disposto no art. 7º, IV, da CF. Assim, não é
possível admitir que, na hipótese em que pactuada contraprestação em valor maior do que o
salário mínimo, seja adotado, como base de cálculo das horas trabalhadas além da jornada de

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trabalho, outro valor senão aquele avençado.

COMENTÁRIO

Conforme divulgado no Informativo nº 95 do TST:

Contrato nulo. Empregado contratado sem concurso público. Súmula nº 363 do TST. Horas
extras. Base de cálculo.

Conforme a Súmula nº 363 do TST, é assegurado ao empregado contratado após a Constituição


de 1988, sem prévia aprovação em concurso público, o recebimento da contraprestação
pactuada, na proporção das horas efetivamente trabalhadas, as quais deverão equivaler, pelo
menos, ao valor da hora do salário mínimo, em atenção ao disposto no art. 7º, IV, da CF. Assim,
não é possível admitir que, na hipótese em que pactuada contraprestação em valor maior
do que o salário mínimo, seja adotado, como base de cálculo das horas trabalhadas além da
jornada de trabalho, outro valor senão aquele avençado. Com esse entendimento, a SBDI-I
decidiu, por unanimidade, não conhecer do recurso de embargos interposto pela reclamada.

TST-E-ED-RR-89900-57.2005.5.10.0020, SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 13.11.2014

GABARITO: CERTO

36. De acordo com o TST, a supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar
prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à
indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente,
para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada
normal. O Tribunal Trabalhista assevera também que o cálculo da indenização observará a média
das horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo
valor da hora extra do dia da supressão.

COMENTÁRIO

Quando o ente público contrata o empregado pelo regime da CLT, equipara-se à pessoa jurídica de
direito privado, o que assegura, aos empregados, o pagamento da indenização pela supressão de horas
extras.

Correto, consoante jurisprudência do TST abaixo destacada:

HORAS EXTRAS HABITUAIS. SUPRESSÃO. ENTE PÚBLICO. INDENIZAÇÃO DEVIDA.

Esta Corte Superior tem entendido que, quando o ente público contrata o empregado pelo
regime da CLT, equipara-se à pessoa jurídica de direito privado, conforme inteligência do artigo
173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal, o que assegura, aos empregados, o pagamento
da indenização pela supressão de horas extras a que alude a Súmula nº 291 desta Corte

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Superior. No caso, constatada a supressão, pelo Município, do serviço suplementar prestado


com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, a autora tem assegurado o direito à
indenização, na forma da referida súmula. Incólumes, pois, os arts. 7º e 37, caput, da CF, e
superados os arestos trazidos para confronto de teses (Súmula nº 333/TST). Recurso de revista
não conhecido.

Processo: RR - 1208-40.2012.5.15.0136 Data de Julgamento: 10/06/2015, Relator Ministro:


Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/06/2015.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

37. Segundo o TST, é extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.

COMENTÁRIO

De fato, o TST possui jurisprudência consolidada por meio da Súmula nº 434 no sentido de que “é
extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado”.

Contudo, é importante destacar que o STF alterou recentemente seu entendimento sobre o tema.
Segundo a Corte Suprema, a interposição do recurso antes do início da fluência do prazo não implica
sua intempestividade.

Nesse sentido, destaco o seguinte julgado:

EMENTA Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário com


agravo. Matéria criminal. Recurso manejado antes do início da fluência do prazo recursal.
Tempestividade. Uniformização desse entendimento pelo Tribunal Pleno. Inexistência de
omissão no acórdão questionado. Pretendido rejulgamento da causa. Impossibilidade na
via dos embargos. Precedentes. Embargos rejeitados. 1. O Plenário do Supremo Tribunal
Federal, recentemente, uniformizou o entendimento de que a interposição do recurso antes
do início da fluência do prazo não implica sua intempestividade, termo relacionado à prática
do ato processual após o decurso do prazo (AI nº 703.269/MG-AgR-ED-ED-EDv-ED, Relator
Ministro Luiz Fux, julgados em 5/3/15, Informativo nº 776). 2. Nenhuma das hipóteses
autorizadoras da oposição do recurso declaratório (RISTF, art. 337) está configurada no caso
dos autos. 3. Os embargos de declaração não se prestam para promover o rejulgamento de
causa, a qual foi decidida legitimamente, à luz da jurisprudência da Corte. 4. Embargos de
declaração rejeitados.

(ARE 742221 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 28/04/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-111 DIVULG 10-06-2015 PUBLIC 11-06-2015).

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O STJ, por sua vez, possui entendimento semelhante ao do TST, conforme se verifica no julgado a
seguir:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO


ESPECIAL EXTEMPORÂNEO. SÚMULA 418/STJ. INTERPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO
JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

1. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, é extemporâneo o recurso especial


quando interposto antes da publicação do acórdão da apelação.

2. É consabido que o termo inicial para cômputo do prazo de interposição de recursos é


a data da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial, conforme expressamente
disposto no art. 506, III, do Código de Processo Civil, e não a data da publicação da ementa.

3. Ao repisar os fundamentos do recurso especial, o agravante não trouxe, nas razões do


agravo regimental, argumentos aptos a modificar a decisão agravada, que deve ser mantida
por seus próprios e jurídicos fundamentos.

4. Agravo regimental improvido.

(AgRg no AREsp 648.371/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado
em 02/06/2015, DJe 15/06/2015).

GABARITO: CERTO

38. Segundo o TST, em regra, é cabível recurso de revista de ente público que não interpôs
recurso ordinário voluntário da decisão de primeira instância.

COMENTÁRIO

De acordo com o TST, incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso ordinário
voluntário da decisão de primeira instância, ressalvada a hipótese de ter sido agravada, na segunda
instância, a condenação imposta (Orientação Jurisprudencial nº 334 da SDI – I).

Cumpre destacar que o STJ possui jurisprudência em sentido contrário. De acordo com a Corte Cidadã,
não configura preclusão lógica nos casos em que, apesar de não interposto recurso voluntário, a Fazenda
Pública interpõe recurso especial (EDcl no AgRg no REsp 1106435/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 08/10/2013, DJe 18/10/2013).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

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39. Segundo o STJ, a contribuição dos integrantes de plano de previdência complementar pode
ser majorada sem ofender direito adquirido.

COMENTÁRIO

Conforme bem explicado no julgado do STJ abaixo:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. REGIME DE CUSTEIO. DIREITO


ADQUIRIDO. INEXISTÊNCIA. CARÁTER ESTATUTÁRIO DO PLANO. REAVALIAÇÃO ATUARIAL
PERIÓDICA. LÓGICA DO SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO. MAJORAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES.
POSSIBILIDADE. BUSCA DO EQUILÍBRIO FINANCEIRO E ATUARIAL DO FUNDO
PREVIDENCIÁRIO. RESULTADO DEFICITÁRIO. ÔNUS DE PATROCINADORES, PARTICIPANTES
E ASSISTIDOS. MUTUALIDADE.

1. Ação ordinária que visa a redução da alíquota relativa à contribuição de plano de


previdência privada ao argumento de que os participantes possuem direito adquirido às
regras vigentes na época da adesão, sendo ilegal a majoração promovida pela entidade em
regulamento superveniente.

2. Pelo regime de capitalização, o benefício de previdência complementar será decorrente


do montante de contribuições efetuadas e do resultado de investimentos, podendo haver,
no caso de desequilíbrio financeiro e atuarial do fundo, superávit ou déficit, a influenciar
os participantes do plano como um todo, já que pelo mutualismo serão beneficiados ou
prejudicados, de modo que, nessa última hipótese, terão que arcar com os ônus daí advindos.

3. É da própria lógica do regime de capitalização do plano de previdência complementar


o caráter estatutário, até porque, periodicamente, em cada balanço, todos os planos de
benefícios devem ser reavaliados atuarialmente a fim de manter o equilíbrio do sistema,
haja vista as flutuações do mercado e da economia, razão pela qual adaptações e ajustes ao
longo do tempo revelam-se necessários, sendo inapropriado o engessamento normativo e
regulamentar.

4. A possibilidade de alteração dos regulamentos dos planos de benefícios pelas entidades


de previdência privada, com a supervisão de órgãos governamentais, e a adoção de sistema
de revisão dos valores das contribuições e dos benefícios já encontravam previsão legal
desde a Lei nº 6.435/1977 (arts. 3º, 21 e 42), tendo sido mantidas na Lei Complementar nº
109/2001 (arts. 18 e 21).

5. As modificações processadas nos regulamentos dos planos aplicam-se a todos os


participantes das entidades fechadas de previdência privada, a partir da aprovação pelo
órgão regulador e fiscalizador, observado, em qualquer caso, o direito acumulado de cada
participante.

6. É assegurada ao participante que tenha cumprido os requisitos para obtenção dos

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benefícios previstos no plano a aplicação das disposições regulamentares vigentes na data


em que se tornou elegível a um benefício de aposentadoria. Todavia, disso não decorre
nenhum direito adquirido a regime de custeio, o qual poderá ser alterado a qualquer
momento para manter o equilíbrio atuarial do plano, sempre que ocorrerem situações que
o recomendem ou exijam, obedecidos os requisitos legais.

7. O resultado deficitário nos planos ou nas entidades fechadas será suportado por
patrocinadores, participantes e assistidos, devendo o equacionamento ser feito, dentre
outras formas, por meio do aumento do valor das contribuições, instituição de contribuição
adicional ou redução do valor dos benefícios a conceder, observadas as normas estabelecidas
pelo órgão regulador e fiscalizador (art. 21, § 1º, da Lei Complementar nº 109/2001).

8. Se foi comprovada a necessidade técnica de adaptação financeira do plano, tanto por


questões administrativas (equiparação da data de reajuste de empregados ativos e inativos)
quanto por questões financeiras (realinhamento da contabilidade do fundo previdenciário
em virtude da profunda instabilidade econômica do país), não há falar em ilegalidade na
majoração das contribuições dos participantes, pois, além de não ser vedada a alteração da
forma de custeio do plano de previdência privada, foram respeitadas as normas legais para
a instituição de tais modificações, como a aprovação em órgãos competentes e a busca do
equilíbrio financeiro e atuarial do fundo previdenciário.

9. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.

(REsp 1364013/SE, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 28/04/2015, DJe 07/05/2015)

GABARITO: CERTO

40. É ilícita a cláusula que prevê a rescisão do vínculo laboral com o patrocinador como condição
para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano privado de previdência
complementar de entidade fechada.

COMENTÁRIO

Consoante divulgado no Informativo nº 563 do STJ:

DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONDIÇÃO PARA O RESGATE DA TOTALIDADE DAS


CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS AO PLANO PRIVADO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
DE ENTIDADE FECHADA. É lícita a cláusula que prevê a rescisão do vínculo laboral com o
patrocinador como condição para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano
privado de previdência complementar de entidade fechada. A LC 109/2001, embora preveja
que os regulamentos dos planos de benefícios deverão estabelecer o resgate da totalidade
das contribuições vertidas pelo ex-participante, dispõe que caberá aos órgãos públicos

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regulador e fiscalizador estabelecer regulamentação específica acerca do referido instituto.


Nessa conjuntura, a norma infralegal editada pelo órgão regulador, dentro do exercício do
poder regulamentar, que disciplina atualmente a forma pela qual será efetuado o “resgate da
totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante”, prevista na lei complementar
de regência - vinculando as entidades de previdência privada e participantes -, é a Resolução
do Conselho de Gestão da Previdência Complementar 6, de 30 de outubro de 2003. Pois
bem, o art. 22 da referida Resolução enuncia que: “No caso de plano de benefícios instituído
por patrocinador, o regulamento deverá condicionar o pagamento do resgate à cessação do
vínculo empregatício”. Portanto, nos planos de benefícios patrocinados, é lícita a disposição
regulamentar que estabelece como requisito ao resgate a cessação do vínculo empregatício
com o patrocinador. REsp 1.189.456-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/5/2015,
DJe, 11/6/2015.

GABARITO: ERRADO

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