Processos Grupais

Aulas 6, 7 e 8
Princípios Básicos de se trabalhar
em grupo
O que são princípios?
➙ São um conjunto de normas ou padrões de conduta
a serem seguidas por uma pessoa ou instituição. A
conceituação dos princípios está relacionada ao começo
e início de algo. São os pontos considerados iniciais para
um determinado assunto ou questão.
↪ Esclarecendo que: Cada grupo apresenta uma
essência/sentidos e, por isto, as estratégias de
planejamento serão diferenciadas, com a finalidade de
suprir a necessidade do grupo. Porém, deve-se ter em
mente os princípios fundamentais que permeiam os
principais fundamentos da técnica, que dizem respeito ao
cotidiano da prática grupal.
Alguns desses fundamentos:
➙ Planejamento

➙ O termo tem origem do latim principium, que significa ➙ Seleção e grupamento

“origem” ou “início”.
➙ Enquadre
➙ Normas/parâmetros que conduzem a um processo.
➙ Manejo das resistências
Lembrando que...
➙ Manejo dos actings
➙ Existe diferença entre processo (método) e
procedimento (técnica). ➙ Comunicação
- Scholes (1992) define procedimento como a descrição ➙ Atividade interpretativa
detalhada de ações necessárias para alcançar
determinado resultado ➙ Função do ego
- Assim, o que caracteriza o procedimento não é o tipo ➙ Papéis
de resultado esperado, mas a descrição minuciosa e
rígida dos passos que devem ser obedecidos para atingir ➙ Vínculos
o resultado definido
➙ Término
- Já que nos processos encontramos também a
definição de um resultado a ser alcançado, mas os ➙ Atividades de um coordenador de grupo
resultados são definidos de forma a permitir diversas
estratégias de ação. Planejamento
- Em um grupo, o resultado do processo é a realização
➙ Conceitos necessários ao planejamento
do objetivo do grupo e o processo de realização da
tarefa 1- Logística: conjunto de conhecimentos, equipamentos
e experiencia (todos os recursos utilizados no
- Processo é algo que vai sendo construído – caminho.
planejamento).
- Processo e procedimento nem sempre chegam a um
2- Estratégia: Meios de utilizar a logística (como se
resultado.
consegue o resultado esperado).
➙ Desta maneira, enquanto processo existem alguns 3- Técnica: Conjunto de procedimentos e regras de
fundamentos na proposta de atuar com grupos: aplicabilidade prática que vai servir como referencial de
atuação – aplicabilidade da teoria (passo a passo).
4- Tática: Alude às variadas formas de abordagens
existentes = forma de abordar para se conseguir êxito
(como vai compreender aquelas pessoas.).
➙Todos esses aspectos compõem:
- O objetivo: a que se destina ➙ Mediante do objetivo
que há a intencionalidade (recursos, local etc. utilizados).
- Qual a clientela – a quem se destina o funcionamento.
- Qual o local: características do local, espaço e recursos.
Clareza do que quer com o grupo e como
operacionalizar.
Seleção e grupamento
➙ Alguns psicoterapeutas não adotam critérios na
escolha do grupo, entretanto, há outros que se baseiam
em alguns argumentos para realizar a seleção
1- Indicação e contra-indicações
2- Motivação
3- Abandono: saber manifestar a sensação de abandono
quando alguém sai.
4- Composição de um inadequado grupamento
5- Possibilidade de um permanente estado de
desconforto
Enquadre (setting)
➙ É conceituado como soma de todos os
procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam
o funcionamento grupal.
➙ Ou seja, procedimentos, normas que balizam o
funcionamento: Regras/ atitudes/ combinações: local,
periodicidade, horários, férias, honorários, etc. Regras do
jogo (não o jogo) - contrato Setting: espaço de
significações para experiências emocionais/
estabelecimentos de papéis / espaço de manejo.
↪ Soma de todos os componentes ➙ local, hora,
recursos, etc.
O Setting não é passivo, é um elemento
técnico muito importante
➙ O setting apresenta as seguintes funções:
1- Criação de um novo espaço;
2- Delimitação de papéis e posições;
3- Colocação de limites;
4. Influência das pressões internas e externas dos
participantes;
5. Controle da angústia
Principais elementos levados em
consideração na configuração de um
setting:
- É um grupo homogêneo ou heterogêneo?
- É um grupo fechado ou aberto?
- A combinação é a de duração limitada ou ilimitada?
- Número de participantes: grupo de três pessoas ou
numerosos?
- Reuniões semanais ou mensais?
- Etc..
Manejo das resistências
➙ O coordenador deve perceber se a resistência é de
natureza paranoide (perseguição, grandeza, etc.) ou
depressiva
➙ Nos grupos operativos em geral um dos critérios que
podem ser observados pelo coordenador como
sinalizador de resistência é quando sucedem excessivos
atrasos e faltas, aliados a um decréscimo de leitura dos
textos combinados, acompanhados por uma discussão
não mais do que morna, caracterizando um clima de
apatia.
Manejo dos aspectos transferenciais
➙ É no campo grupal que surgem as transferências
cruzadas, que indicam a possibilidade da instalação de
quatro níveis de transferência grupal:
1. De cada indivíduo para com os seus pares;
2. De cada um em relação à figura central do
coordenador;
3. De cada um para o grupo como totalidade.
↪ Há uma transferência do desejo.
Manejo dos actings (atuações)
➙ Os actings representam uma determinada conduta
que se processa como uma forma de substituir
sentimentos que não conseguem se manifestar no plano
consciente.
➙ É importante que o coordenador do grupo saiba
discriminar com segurança quando se trata de actings
benignos ou malignos.
➙ Denominado também de MANEJO DAS ATUAÇÕES
= COMUNICAÇÃO desvirtuada.
Comunicação
➙ Além da comunicação verbal, temos as múltiplas
formas de linguagem não- verbais como gestos, tipo de
roupas, maneirismos, somatizações, silêncios, choros,
actings, etc.
➙ Sendo importante haver discriminação entre o não
saber se comunicar, ou não querer comunicar, ou não
conseguir comunicar corretamente os sentimentos.
➙ Discriminação do que se quer realmente se falar.
Atividade interpretativa e movimento
de acolhimento do grupo
➙ Constitui-se como o principal instrumento técnico,
sendo que não existem fórmulas acabadas e “certas” de
como o que dizer, pois as situações práticas são muito
variáveis.
➙ Bem como devolver aquilo que pode ser ouvido pelo
grupo.
➙ Deixar o grupo mover-se diante de suas experiências.
Funções do Ego
➙ Diz respeito ao modo pelo qual os indivíduos
utilizam a capacidade de percepção, pensamento,
conhecimento, juízo crítico, discriminação, comunicação,
ação, etc.
Papéis
➙ Colocar para o grupo que o indivíduo também está
executando esses mesmos papéis nas diversas áreas de
sua vida- como a familiar, profissional, social etc.
➙ O coordenador deve observar se o indivíduo do
grupo não está desempenhando o mesmo papel toda
atividade. Ou seja, repetindo o mesmo papel que
normalmente exerce em todas as situações de sua vida
Vínculos
➙ Bion introduziu o importantíssimo vínculo do
conhecimento, que possibilita um melhor manejo técnico
com os problemas ligados às diversas formas de
“negação” que explicam a gênese de muitos quadros de
psicopatologia, assim como também favorece ao técnico
uma maior clareza na compreensão da circulação das
verdades, falsidades e mentiras no campo grupal.
➙ Tentar perceber relações estabelecidas de
Amor/Ódio, Interpretações/Isolamento, e
Comportamento propositais.
Término
➙ Apresenta duas possibilidades: dissolução do grupo
de forma espontânea ou para cumprir uma combinação
prévia
➙ O coordenador deve definir critérios para o término
das atividades.
➙ Saber terminar algo é fazer uso do crescimento
mental.
Esses fundamentos incluem condições
do estabelecimento do Rapport
➙ Rapport: é uma palavra de origem francesa
(rapporter), que significa “trazer de volta” ou “criar uma
relação”. O conceito de Rapport é originário da psicologia,
e é utilizado para designar a técnica de criar uma ligação
de empatia com outra pessoa, para que se comunique
com menos resistência.
↪ Aliança terapêutica, sob uma técnica (não enquanto
algo conciso, mas algo processual) – Processo de aliança
com confiabilidade intensa.
Principais vantagens da utilização do
rapport
➙ Estabelecer uma confiança mútua entre
paciente//cliente e profissional (a segurança que vem da
aliança dá uma sustentação maior).
➙ Deixar o paciente/cliente mais seguro diante do
psicoterapeuta.
➙ Facilitar que o paciente/cliente aceite melhor
sugestões, observações, acolhimento advindas do
psicoterapeuta, tornando-o mais receptivo a feedbacks
(através do acolhimento que torna o cliente receptivos a
feedbacks).
Elementos para um bom Rapport:
➙ Empatia: capacidade de se colocar no lugar do
outro e compreendê-lo emocionalmente, imaginando
como seria estar sob a sua pele e sentir o mesmo
sofrimento descrito por ele. A empatia nos ajuda a
estabelecer uma posição de respeito e compreensão
diante a dor do outro.
➙ Escuta ativa: esta técnica vai muito além de
escutar o paciente sem interrompê-lo, mas também inclui
comunicar – por expressões, gestos e postura – que ele
possui sua total atenção naquele momento. Isso acaba
gerando no paciente uma sensação de acolhimento e de
que está sendo compreendido. Então, nada de ficar com
o olhar distante e imóvel durante todo o atendimento,
mostre a ele que você está lá!
➙ Alteridade: é a capacidade de compreender e
respeitar o fato de que o outro é diferente de miim, que
passou por experiências e esteve em ambientes
diferentes do meu, e que isso pode ter o levado a
desenvolver crenças e visões de mundo que muitas
vezes podem diferir das minhas. Ter isso em mente nos
ajuda a não correr o risco de confrontar o paciente com
questões morais que, muitas vezes, tem mais a ver
conosco do que com ele, facilitando assim que o paciente
sinta-se à vontade para revelar quem ele realmente é,
sem o medo de ser julgado.
➙ Receptividade: mostrar-se receptivo é uma
importante forma de acolhimento para o terapeuta, pois
isso facilita que o cliente sinta-se amparado dentro do
setting terapêutico, diminuindo assim um possível mal-
estar por estar ali para tratar de coisas que o machucam.
➙ Ausência de julgamento: o psicoterapeuta deve
se atentar para que em sua fala nunca haja elementos
que possam sugerir algum tipo de julgamento. É
impossível estabelecer uma boa relação com alguém
quando deixamos vir a tona preconceitos e opiniões
pessoais sobre aquilo que o outro nos confia dentro do
setting.
➙ Linguagem verbal e não verbal: é preciso estar
atento na comunicação com o paciente, seja ela pela fala
ou até mesmo pela postura corporal e gestos. Não se
pode esquecer que tudo é comunicação, tudo transmite
uma mensagem, então deve haver uma preocupação
sobre que tipo de mensagem está sendo transmitida,
principalmente se há coerência entre o que você diz e
o que você sinaliza – linguagem verbal e não-verbal. Uma
percepção de incoerência por parte do paciente pode
colocar todo o processo de vinculação a perder.
Envolver a elaboração do contrato no
estabelecimento do Rapport
➙ O que é contrato psicológico?
- É um fenômeno psicossocial que ocorre sempre que
se constroem vínculos, em que entre em jogo a
satisfação de necessidade de duas ou mais partes.
- Permite a construção de vínculos (fenômenos que
surge nas relações).
- Sempre há a questão de corresponder as necessidades
dos outros.
- Nas instituições, os conflitos são decorrentes da quebra
do contrato psicológico entre os colaboradores – Para
estabelecer o contrato é necessário trabalhar a
motivação.
O que devo levar em conta para fixar
os valores do trabalho?
➙ Conforme o Código de Ética Profissional do Psicólogo
(CEPP):
Art. 4º - Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o
psicólogo:
a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços
prestados e as condições do usuário ou
beneficiário;
b) Estipularei o valor de acordo com as
características da atividade e a comunicará ao
usuário ou beneficiário antes do início do
trabalho a ser realizado;
c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos
independentemente do valor acordado.
➙ Preciso manter contratos por escrito com
clientes/pacientes?
- A Comissão de Orientação e Fiscalização (COF)
recomenda que antes de iniciar os atendimentos a (o)
profissional deve formalizar através do contrato por
escrito os serviços que serão prestados. O contrato é
uma garantia para a (o) Psicólogo (a) e para a (o) cliente,
uma vez que estabelece os direitos e deveres das partes,
regulando a forma como o trabalho será desenvolvido
evitando possíveis divergências. Por tanto a COF não
recomenda que esses acordos sejam realizados apenas
verbalmente.
Quais informações precisam constar
no contrato?
➙ A elaboração do contrato bem como a forma que
será formalizado perpassará pela análise e autonomia da
(o) profissional. Mencionamos alguns tópicos importantes:
- Natureza do serviço: psicoterapia, avaliação psicológica
estruturada, perícia etc.;
- Forma de atendimento: presencial, online;
- Duração do atendimento;
- Frequência do atendimento;
- Sigilo profissional;
- Cuidados com o ambiente para a prestação do serviço
(no caso de o atendimento ser online);
- Honorários: valor do atendimento, formas de
pagamento, cancelamento da sessão, falta;
- Aspectos referenciando quebra de contrato;
- Demais questões e peculiares a cada situação.
O contrato psicológico nas organizações
possibilita um mapeamento de várias
condições:
- O conhecimento mais eficiente da cultura
organizacional;
- Aculturação mais rápida e menos tensa;
- Melhora no desempenho profissional;
- Mais receptividade a mudanças;
- Diminuição das especulações, dúvidas e sensações de
ameaças;
- Facilitação do projeto de vida no trabalho do
colaborador com relação à empresa e vice-versa;
- Fortalecimento do autocontrole e da imagem da
empresa.
Atributos de um coordenador de grupos:
- Gostar e acreditar em grupos;
- Ser continente;
- Empatia;
- Discriminação;
- Novo modelo de identificação;
- Comunicação;
- Ser verdadeiro;
- Senso de humor;
- Integração e síntese.
O que são organizações e instituições?
➙ Organização: é uma coleção sistemática de
pessoas que trabalham juntas para alcançar o objetivo
desejado, sob uma identidade comum. Por outro lado,
uma instituição é um estabelecimento dedicado a
promover uma causa específica que pode ser
educacional, profissional, social etc.
➙ Instituição: vem do latim “institutione” (que significa
“sistema, disposição”), o termo instituição, para além de
fazer alusão à ação e ao efeito de instituir (fundar, dar
começo, erigir), é uma coisa instituída, isto é, estabelecida
ou fundada.
- Trata-se de um organismo que cumpre com uma
função de utilidade pública. Em seguida, destacar que
instituição pode ser apresentada como um conjunto de
regras e valores sociais que serve como guia básico de
comportamento e de padrão ético para as pessoas.
↪ Explicar as interrelações entre organizações e
instituições, demonstrar que as instituições sociais são
sempre mantidas e reproduzidas nas organizações.
- E dará exemplos de grupos em organizações e
instituições, como os grupos operativos de Pichon
.Rivière, os grupos psicoterapêuticos, os grupos de
recrutamento e seleção. Ressaltar que a utilização do a identificar as questões que está querendo analisar ou
grupo em entrevistas de recrutamento e seleção é, na esclarecer.
maior parte das vezes, para observar como candidatos
interagem uns com os outros no contexto ao qual é ➙ Primeira etapa: aquecimento
destinado.
- Quebra-gelo
- A dinâmica é a atividade que leva o grupo a uma
movimentação, a um trabalho em que se perceba, por ➙ Segunda: atividade principal
exemplo, como cada pessoas se comporta em grupo,
como é a comunicação, o nível de iniciativa, a liderança, Depois do momento do aquecimento ocorrerá a
o processo de pensamento, o nível de frustração, se atividade que será executada para atingir o objetivo
aceita bem o fato de não ter sua ideia levada em conta. proposto por isso é necessário:
1 – Definir claramente o objetivo, sendo importante
➙ 1º passo para garantir que uma dinâmica de esclarecer que toda dinâmica precisa ser associada a uma
grupo seja verdadeiramente eficaz é definir os meta, pois, só assim, será possível avaliar seus resultados
objetivos que você deseja alcançar com ela: mais à frente.
Você pode querer, por exemplo: 2 – Saber quem são os participantes.
- Identificar o nível de determinadas habilidades dos 3 – Estudar sobre a proposta elencada – a temática
profissionais/candidatos a um cargo de gerência de principal.
vendas.
4 – Estruturar os momentos da execução da dinâmica.
- Melhorar os conhecimentos sobre sexualidades com
jovens de 10 a 14 anos. ➙ Terceira: fechamento e avaliação das
- Descobrir quais pessoas tem melhor um perfil de habilidades a serem desenvolvidas
liderança.
- Alguns profissionais de psicologia têm utilizado esse
- Demonstrar a importância de determinadas habilidades momento para saber se os objetivos propostos foram
para performance de atletas de esportes de alto alcançados, o que as pessoas acharam das atividades.
rendimento. Ouvem suas opiniões e argumentam dentro daquilo que
é possível revelar.
➙ 2º - Liste as características e
comportamentos a serem identificados:
- Após definir os objetivos a serem alcançados, você
deve determinar quais são as características e
comportamentos que precisa identificar durante o
desenvolvimento da dinâmica.
- Digamos que seu objetivo seja selecionar um vendedor
para sua equipe. Neste caso, você deve observar as
competências que considera importantes para o cargo,
prestando atenção às ações do candidato que
demonstram, por exemplo: habilidade de negociação, boa
comunicação, bons argumentos de venda etc.

➙ 3º - Escolha o melhor tipo de dinâmica de

grupo
- Agora que você já sabe o que espera alcançar com
esse exercício e quais são as habilidades que está
tentando identificar, ficará muito mais fácil escolher a
dinâmica de grupo ideal. Selecione a atividade que ajude