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TFGR 1, ARQUITETURA E URBANISMO, Nº 1, ANÁPOLIS, NOV. 2017.

CENTRO COMUNITÁRIO
REAL CONQUISTA

UNIVERSIDADE ESTADUAL
DE GOIÁS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICAS -


CAMPUS HENRIQUE SANTILLO
ARQUITETURA E URBANISMO
TFGR 1

FRANCIELLY ALVES G. DE FREITAS

ORIENTADORA:
LUDMILA RODRIGUES

ANÁPOLIS
NOVEMBRO DE 2017
“ Importante não é ver o que ninguém nunca viu, mas sim, pensar
o que ninguém nunca pensou sobre algo que todo mundo vê”.

ARTHUT SCHOPENHAUER
dedicatória
Agradecimento
resumo
SUMÁRIO

1. Centro Comuniátrio Real Conquista


1.1 Apresentação
1.2 Justificativa
1.3 Breve Histórico
1.4 Definições

2. Estudos de Caso
2.1 Projeto Viver
2.2 Centro Comunitário de Manica
2.3

3. Leitura e Analise do Lugar


3.1 Processo de Ocupação
3.3 Analise Do entorno
3.3.1 Diagnostico da area - Mapa
3.3.2 Analise do Lugar - Entrevistas
3.3.4 Quadro de Diagnose
3.4 Escolha do Lugar

4. Programa de Necessidades
4.1 Setor Administrativo
4.2 Setor Desportivo
4.3 Setor Comunitário e Educacional
4.5 Setor de Serviços

5. Memorial Justificativo
5.1 Conceito
5.2 Partido Arquitetonico

6. Referencias
Centro Comunitario e Educacional
Real Consquista
Apresentação
O referido trabalho apresentado tem como proposta de conclusão do
curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Goiás –
CCET, a implantação de um espaço interativo que proporcione lazer e
educação em diferentes níveis e para diferentes faixas etárias, no bairro
real conquista, região sudoeste de Goiânia, que afastada dos grandes
centros de interatividade da cidade, se encontra em um estado precário e
carente de equipamentos a serviço da comunidade.

Além de atender crianças e jovens com um conjunto de atividades de


lazer, esporte, cultura, acompanhamento escolar, familiar e cidadania. O
complexo conta com uma infraestrutura que tem como intuito promover
o ensino profissionalizante seguido do encaminhamento ao mercado de
trabalho não só aos jovens, mas adultos, incentivo a qualidade de vida
dos idosos com atividades recreativas, esportivas. Assim como novas
ações sociais em conjunto a prefeitura, órgãos comunitários e assistên-
cia social.

De forma a atender a bairro e região, alguns espaços receberam fun-


ções diversas, em momentos distintos, levando em consideração a de-
manda da própria população, de forma a se adequar as necessidades
dos usuários, permitindo assim sua constante inovação e movimentação
funcional.

O edifício apresenta características que se adequam ao termo tecno-


logia apropriada, termo esse que surge pela primeira vez em 1962, apre-
sentado pelo economista inglês Ernest F. Shumacher, mais tarde, no livro
“Samll is Beautiful”, definido “como uma face humana”, com base nos cri-
térios de pequeno, simples, barato e pacifico (SHUMACHER, 1973, Apud
ABIKO, 2003), ficando responsável por gerar relações entre as esferas
técnicas, sociais, políticas, econômicas e ambientais.

No caráter construtivo se fez presente o uso de materiais de baixo im-


pacto ambiental como tijolo ecológico, fomentar o conforto ao usuário com
o uso de técnicas e recursos naturais, favorecidos por sua implantação
junto ao terreno onde a própria identidade que o Centro Comunitário e
Educacional assume em relação as necessidades sociais da população.
Justificativa e problemática

A cidade contemporânea como conhecemos é constituída por frontei-


ras e limites, elementos esses que tem transformado indivíduos cada vez
mais, através de uma dinâmica de isolamento e individualismo. Tornando-
-se assim responsáveis por problemas sociais que afetam principalmente
regiões com menor poder aquisitivo “garantindo” que os mesmos conti-
nuem limitados dentro de uma esfera social desfavorável.

O contato com o corpo docente da Escola Renascer na região sudo-


este - periferia de Goiânia – Residencial Real Conquista, mostrou que a
realidade dos discentes e porque não dizer da população local, não se
faz diferentes de tantas outras regiões carentes, que necessitam de me-
lhores condições sociais. O primeiro contato estimava a organização e
distribuição de materiais escolares, mas levou a um maior interesse pela
região e por conhecer aqueles que fazem parte da população local.

Em busca de uma bagagem que suportasse o interesse pela região,


entrevistas, presença em reuniões de pais e professores, visitas ao bair-
ro, mostravam cada vez mais que os problemas enfrentados dentro das
escolas, se faziam uma ramificação dos problemas sociais já vivenciados
pela população adulta.

O ciclo na qual a população aparentemente esta ligado, evidenciou a


necessidade de buscar meios que pudessem atender não tão somente
uma dista faixa etária, mas que viessem a auxiliar as necessidades locais
promovendo reintegração social, familiar e educacional.

Neste contexto, o centro comunitário surge como resposta física para


estruturar, responder e desenvolver diversas ações, no intuito de suprir
as necessidades sentidas pela população, contribuindo para a integração
dos mesmos como: indivíduos, grupo, família e sociedade.
breve histórico
Assistência Social
A humanidade sempre teve um senso de solidariedade, ajudar os menos favorecidos, idosos, crian-
ças, viúvas, doentes... Contudo essa assistência não constituía em um direito cívico. YAZBETCH
(2017) afirma:
Essa ajuda seguiu o ensamento construído historicamente de que toda
sociedade haverá sempre os mais pobres, os doentes, os frágeis, os inca-
pazes, os que nunca conseguirão reverter essa condição de iserabilidade,
precisando sempre de ajuda e da misericórdia dos outros.

Em diferentes regiões ajudar, se baseava em diferentes princípios, a civilização judaico-cristã, apela-


va para a assistência como forma de apelo a benevolência, a caridade, solidariedade religiosa. E por
muito tempo essa foi o principal meio de intervenção social. (como citar o autor)
A assistência, se baseava em ajudar o indivíduo sem considerar que o mesmo seria uma problemática
da sociedade. Contudo com a Revolução Industrial, o capitalismo e a globalização, a exclusão social
se tornou perceptível, deixando impossível diagnosticar tais problemas isoladamente.
No Brasil, como pais “cristão”, a assistência ficou a cargo da Igreja Católica, sendo considerado o
primeiro lugar a exercer serviços sociais, a Santa Casa de Misericórdia, na Vila de São Vicente, cria-
da em 1534. Contudo a desigualdade social se tornava maior e mais visível, sendo estabelecido no
ano de 1938 o Conselho Nacional de Serviço Social, pelo Governo Vargas. Segundo Mestriner (2001,
p.57-58):
O Conselho é criado como um dos órgãos de cooperação do Ministério
da Educação e Saúde, passando a funcionar em uma de suas dependên-
cias, sendo formado por figuras ilustres da sociedade cultural e filantrópica e
substituindo o governante na decisão quanto a quais organizações auxiliar.
Transita pois, nessa decisão, o gesto benemérito do governante por uma
racionalidade nova, que não chega a ser tipicamente estatal, visto que atribui
ao Conselho certa autonomia.

Ainda com um carater solidário e de “boa fé” em 1942, é fundada pela primeira Dama Darcy Vargas,
a legião Brasileira de Assistência (LBA), considerada a primeira instituição nesse carater, no qual
buscou dar auxilio as familias de soldados que foram enviados para a Segunda Guerra Mundial, se
tornando uma sociedade civil de finalidades não economicas para ‘congregar as organizaçções de
boa vontade’, uma vez que a mesma atuava pela ação de vontade e não pelo direito da cidadania.
(....Apud, Sposati 2004)
Ainda segundo Sposati (2004) ao estender sua ação às famílias da grande massa não previdenciária,
atendendo na ocorrência de calamidades com ações pontuais, urgentes e fragmentadas, faz com que
a LBA estivesse voltada para a assistência social com vínculo emergencial e assistencial, marco que
predomina na trajetória da assistência social.
Em 1974, o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) é criado no período da ditadura sob
o comando de Geisel, estruturada sobre uma Secretária de Assistência Social, se tornando posterior-
mente, a base para a formulação de política de ataque à pobreza.
No período da ditadura, muitos foram os movimentos sociais na luta por políticas sociais, a Igreja
Católica assim como a LBA, buscaram meios de se posicionar, na luta pela efetivação da Assistência
Social junto a Constituição Federal. O intuito gerar uma política social, direito ao cidadão e dever do
Estado. ( citar)
Diante das lutas, e persistência dos movimentos em busca das políticas sociais, os caminhos foram
se abrindo, fazendo com que contribuíssem assim para efetivação dos direitos sociais na Constituição
de 1988.
Sposati (2004, p.42), afirma que o CF/88 garantiu que os serviços destinados a população não es-
tivem apenas ligados a população pobre, ou a aspectos pessoais, pois passa a se entender que as
necessidades advêm da estrutura social e não do caráter pessoal. Tornando seu público alvo os seg-
mentos dem situação de risco social e vulnerabilidade.

Após a CF/88, foi apenas 1993 que a as-


sistência social passou a ser definitiva-
mente conhecida como uma Política Públi-
ca no âmbito de Seguridade Social, isso se
deu por conta da elaboração da LOAS, no
qual foram definidos os parâmetros legais
de participação e gestão entre os órgãos
públicos e a sociedade. O LOAS introduziu
uma nova realidade institucional, propon-
do mudanças estruturais e conceituais, no-
vas estratégias e práticas, além de novas
relações interinstitucionais e intergoverna-
mentais, confirmando-se enquanto “pos-
sibilidade de reconhecimento público da
legitimidade das demandas de seus usu-
ários e serviços de ampliação de seu pro-
tagonismo” (fulano Apud ,YASBEK, 2004,
p.13),
A partir de então novos avanços na área
de assistência social foram se concreti-
zando, FIGURA XX, como a implemen-
tação do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) em 2004. No ano seguinte
a edição de uma Norma Operacional Bá-
sica que gerou base para a implantação
do SUAS. Tais instrumentos buscam atu-
ar gerando benefícios, serviços e projetos
baseados na proteção social.
Definições

A SUAS, conforme a Secretária Municipal de


Assistência Social, através da Proteção Social
Básica, tem como objetivo a prevenção de situ-
ações de risco por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições e o fortalecimen-
to de vínculo familiares e comunitários, e como
destinatários à população que vive em situação
de fragilidade decorrente de pobreza, ausência
de renda, acesso precário ou nulo aos serviços
públicos ou fragilização de vínculos afetivos.
Sua atuação acontece através nos Centros de
Referência de Assistência Social, mas conheci-
do como Cras.
A Secretária Municipal de Esporte e Lazer é ou-
tro Programa que com auxílio da prefeitura tem
o intuído de promover e apoiar as atividades de
esporte e lazer no município, no intuito de in-
clusão social. Atividades esportivas, doação de
materiais, apoio a programas são oferecidas a
Centro voltados para programas de lazer e re-
creação e esporte às classes menos favoreci-
das.
O centro comunitário tem como intuito priorizar
a família e a comunidade, levando em consi-
deração as particularidades de cada indivíduo.
O objetivo e minimizar os efeitos de exclusão
social, promovendo a cidadania. (Fulano) des-
creve o Centro Comunitário como uma estrutura
polivalente onde se desenvolvem serviços e ati-
vidades que de uma forma articulada, visando
prevenir problemas sociais a partir de um proje-
to de desenvolvimento local.
O centro comunitário constitui uma resposta
social cuja metodologia de intervenção assen-
ta, essencialmente, em princípios-chave que
devem orientar o seu funcionamento de forma
a tornar-se um verdadeiro pólo de desenvolvi-
mento social e dinamizador das solidariedades
locais. (Fullano XX)
Estudo de CAso
Projeto Viver

No intuito de se integrar ao contexto e necessidade da po-


pulação da Comunidade Jardim Colombo, em Morumbi, São
Paulo, o projeto se baseou em critérios fundamentais e com-
plementares para o cenário pré-existente. Dois aspectos: as
vielas estreitas sendo partilhados entre carros, muitas pessoas
Brasil - SP- São Paulo - Morumbi e esgoto a céu aberto. E 1500 m² em terreno livre, utilizado
como um dos principais acessos da favela, déposito de lixo de
Autor do projeto: FGMF Arquitetos
Ano do projeto: 2005 estacionamentos de automóveis e eventualmente eventos orga-
Area do Terreno: 1500 m² nizados pela comunidade.
Area Construída: 400 m²

O projeto conta com um programa de ne-


cessidades dividido em dois blocos perepdi-
culares e reatangulares: o primieiro colado no
solo e no limite oeste do terreno, o segundo
bloco suspenso, implantado também sobre o
limite oeste, saltando do limite do fundo ape-
nas para dar espaço a quadra poliesportiva.

Bloco Colado ao Solo

Bloco Suspenso

Quadra Poliesportiva
No intuito de transformar a area em um
espaço coletivo, a implantação dos edificios
foram pensados de forma a permitir a organi-
zação de 4 praças terreas. uma praça espor-
tiva, uma praça coberta, uma praça plana;
articulando os demais espaços, uma praça
em patamares; no acesso, aproveitando a
topografia acidentada, além da praça eleva-
da na cobertura dos prédios.

Praça de acesso
Praça central - articulação

Praça Coberta

Praça Poliesportiva

O Projeto buscou atender a co-


munidade com aquilo que se fazia
necessario, levando em conside-
ração a realidade dos moradores.
Logo sua distruição de dentro dos
dois blocos contemplou/;

Salas - informática e treinamento


Salas e espera - atendimentos diversos
Cooperativa produtiva
Brinquedoteca - terraço jardim
Hall - Recepção - Secretária

Oficina Interdisciplinar
Sala de reciclagem de lixo
Casa do Caseiro
Pátio Coberto
Banheiro - Depósito - almoxarifado
Estudo de Caso
Centro comunitátio de Manica

Africa - Moçambique - Manica

Arquitetos: Alina Jerónimo + Paulo Carneiro, Architecture for Humanity


Localização: Manica, Moçambique
Área: 1000.0 m2
Ano do projeto: 2013
Engenharia estrutural: BETAR
Consultores: José Forjaz (Arquitetura), Olivier Moles (Estrutura)
Construção: Malacha Construções com trabalhadores locais formados “in situ”
em vários workshops.
Cliente: GDM Manica
Beneficiários: Cidade e região de Manica (3000 jovens)
Área: 200 m2 (centro comunitário) + 800m2 campo de jogos para crianças
Materiais: Blocos de terra comprimida, Bambu, Madeira, Concreto (fundações)

A construação do Centro Comunitario


atendeu 3 mil jovens de diferentes faixas
etarias, no desenvovilmendo de ativida-
des de carater desportivo, social e eco-
logico.

O projeto buscou desde o processo construtivo se


beneficiar de métodos sustentáveis, o que acabou por
beneficiar também a comunidade, com a implantação
de um espaço dedicado a produção de blocos de terra
comprimida e que teve como operários os moradores
3 mil jovens locais, a partir da qualificação dos mesmo pela GDM.
Apropriando-se do local e dos costumes lo- deração o periodo de verao e maiores insidencias
cais, integrou-se a paisagem nao apenas com solares o edificio contou com o prolongamento
o uso de tijolos vermelhos mas o uso do bamu da cobertura tanto no poente quanto no nascente
tambem se fazendo presente a apartir de tec- quebrando e controlando a entrada de iluminação
nicas construtivas tradicionais desenvolvidas natrual. Assim como a abertura no centro da co-
pela população local.Outro aspecto que favo- bertura em forma de sheds permitindo a circulação
receu a conforto interno foi pensar o edificio da ventilção natural
desde sua impltanação. Levando em consi-
Estudo de Caso
Centro comunitátio de Manica
O lugar
Município de Goiânia
O projeto se enquadra no contexto urbano do mu-
nicípio de Goiânia, Cidade que surgiu em 1933 tendo
como influência politica do Governo de Getúlio Vargas,
acelerar o desenvolvimento e ocupação da Região Cen-
tro-Oeste do Brasil, denominada Marcha para o Oeste,
planejada para ser capital do Estado.

A cidade planejada para 50 mil habitantes teve um crescimento demográfico acelerado chegando em
2017 a uma população estimada de 1.466,105 habitantes (estimativa de 2017 do IBGE).

Goiânia, apesar de ser uma capital planejada, expande-se de forma desor-


denada. Como consequência, têm-se uma enorme quantidade de bairros, vilas,
jardins, setores, os quais, em conjunto, representam unidades territoriais de
tamanhos e condições de vida diferenciados. Este volume de bairros resulta da
falta de uma política territorial, que permita ordenar o espaço urbano e rural de
uma forma mais racionalizada. (Brito, 2015)

Como consequência desse modelo desordenado


de crescimento demográfico,o Plano de Desenvolvi-
mento Integrado de Goiânia - PDIG 2000 (Prefeitura
de Goiânia, 1992), para elaboração do Plano Diretor
em vigência (Prefeitura de Goiânia, 2007) elaborou
um estudo que visava a divisão de Goiânia em 12 re-
giões surge como mecanismo de planejamento não
tão somente dividindo o território em unidades ad-
ministrativas, mas permitindo ao governo um melhor
acompanhamento dos mesmos.

1. Região Central / 2. Região Leste / 3. Região Sul /


4. Região Sudeste / 5. Região Norte / 6. Região Vale
do Meia Ponte / 7. Região Noroeste / 8. Região da
Mandanha / 9. Região Campinas / 10. Região Oeste /
11. Região Sudoeste / 12. Região Macambira Cascavel
O lugar
Região Sudoeste
Em 2010 a divisão das porções Goianas foram reduzidas para 7 regiões:
1. Região Central
2. Região Sul
3.Região Norte
4.Região Leste
5. Região Noroeste
5. Região Oeste
7. Região Sudoeste

O PDIG de 1969 aponta no crescimento da Região sudoeste um potencial para o recebimento de


moradores, possibilitando o parcelamento de lotes e incorporando tal porção ao espaço urbano da
cidade. Esse potencial fica visível quando analisando o numero de habitantes de 1991 com 17.092
habitantes passou para 233.027 ate o ano de 2010 conforme dados conforme IBGE - Censo 2010
Elaboração: SEPLAM / DPESE / DVPEE Hoje a região sudoeste conta atualmente com 75 bairros
alguns mais antigos e outros mais novos como é o caso do recorte de estudo Setor Real conquista,
tendo sua consolidação em 2014.
Leitura do Lugar
Processo de Ocupação

Figura XX : Percusos de onibus até o centro da cidade


Fonte:

Goiânia - Região Sudoeste -


Parque Oeste Industrial

O setor real conquista como é conhecido, surgiu em consequência, segundo Ramalho (2015) da maior
desocupação urbana de Goiás e uma das maiores do país e da América Latina, ocorrida na região do
Parque Oeste Industrial, na periferia da cidade. No ano de 2004, a área particular com cerca de 1,2
milhões de metros quadrados, foi ocupada de forma irregular, chegando a abrigar 4.000 quatro mil
famílias. A área bem localizada possui fácil acesso ao centro da cidade apesar dos 12 quilômetros de
distância, sendo abastecida por linha de transporte público e terminais de ônibus que possibilitavam
essa conexão não somente ao centro, mas a outras regiões consolidadas (Figura XX). O bairro Parque
Oeste industrial também conta com o abastecimento de agua, energia elétrica e asfalto. Esses aspec-
tos tornavam a região ainda mais atrativa aos olhos de uma população carente, que buscavam pela
segurança de uma moradia, um lar.
Frente ao crescimento da ocupação os proprietários buscaram junto a justiça estadual, meios para
retirar do local os ocupantes indesejáveis. O processo jurídico, resultou em uma liminar, reintegrando
posse aos donos e determinando imediata retirada das famílias, dando-lhes prazo de 20 (vinte) dias.
(JUNIOR, 2005).
Durante o processo jurídico, e perante promessas feitas aos moradores, por políticos já que se en-
contravam em período eleitoral, e ainda pela tentativa da Prefeitura, o Ministério Público e do Estado
em intervir na desapropriação para assentar regularmente as famílias, sem sucesso, o período de 9
meses ocasionou em casas sendo construídas de forma fixa com uso de alvenaria, no investimento de
comércios e abertura de ruas. (JUNIOR, 2005).
Durante a primeira liminar em setembro 2004 até fevereiro de 2005, muita luta ainda se fez presente,
por meios jurídicos, reuniões e negociações por parte dos sem-teto, e dos próprios órgãos públicos
interessados, contudo o medo de desvalorização da área por meio do setor imobiliário levou a tomada
de algumas medidas violentas, a desapropriação era indiscutível.
A “Operação Inquietação” causou pânico, desgaste psicológico, e a desocupação de algumas famílias,
outras não tinham para onde ir, alguns de nós ainda acreditavam na luta, relato de dona Dina moradora
do Real conquista e que persistiu na luta pela moradia. Mas não acabou por aí (Figura XX)
No dia 16 de fevereiro de 2005 o Estado de Goiás cumpre a decisão judicial, por
meio da Operação Triunfo (batizado pela Polícia Militar), com cerca de dois mil
agentes policiais. A desocupação foi rápida, durou menos de um dia e teve como
resultado a morte de duas pessoas, um paraplégico, 40 feridos e pelo menos 800
presos (Ramalho, 2015)

Figura XX :
Fonte:
Com a desocupação, muitos dos que estacam li,
não tinham para onde ir, Junior (2005) descreve
que cerca de mil famílias, tiveram de ser realo-
cadas, Ginásios foram destinados para servir de
abrigos provisórios, posteriormente por conta das
insalubres condições, foram levados para uma
nova área também provisória, locada no Setor
Grajau. No local as condições não melhoraram,
mais mortes. Segundo Dias (2007) a Defesa Ci-
vil, diante dos das péssimas condições que os
moradores se encontravam, protocolou junto a
prefeitura um pedido de decreto de situação de
emergência para o local.
Esse decreto, ocasionou na compra por parte do
estado e município de uma área para gerar a as-
sentamento definitivo das famílias, tal área desti-
nada a população foi nomeada Real Conquista.

Contudo o processo que realocou um total de 2470 famílias, levou em torno de sete anos para ficar
pronto, sendo finalizado em 2014. A área estabelecida agora de forma permanente (figura XX), tam-
bém na região sudoeste de Goiânia, antes uma fazenda, não fazia parte de malha urbana de Goiânia,
o que se fez necessário a extensão da mesma. Logo o bairro se encontra rodeado em sua maior ex-
tensão por áreas rurais, além de outros dois bairros. (Figura XX)

Goiânia - Região Sudoeste - Figura XX :


Residencial Real Conquista Fonte:
Leitura do Lugar
Análise do lugar
A iniciativa dos órgãos na construção das habitações, fez com que o bairro possuísse uma tipologia
uniforme, organizada em sua maioria por casas térreas, alguns pequenos comércios e igrejas, esses
em grande parte de uso misto, se concentrando principalmente na Avenida Real conquista e na Rua
RC 16. Com a organização do bairro os serviços básicos escola, creche, posto de saúde foram im-
plantados com o intuito de atender a comunidade.(Figura XX)

Figura XX :
Fonte:
Figura XX :
Fonte:
A partir das análises gráficas e visitas feitas na área é possível observar que como dito anteriormente
o bairro de faz servido de equipamentos na área de educação e saúde. Alguns serviços oferecidos
no processo de relocação dos moradores como assistência social e familiar a partir da CRAS e do
Centro Profissionalizante, estão presentes atualmente no bairro apenas como estrutura física, dei-
xando de atender a comunidade.

Figura XX :
Fonte:
O bairro conta com grandes áreas vazias, contudo essas áreas não possuem equipamento urba-
nos como bancos, equipamentos de ginastica ou caminhada, não sendo possuiu nomear nenhum
desses vazios como praça. Havendo em alguns destes espaços improvisações da população,
onde foram criados campinhos de futebol, que população sem fazer distinção de idade, ou sexo
brincam, além de passarelas, criando “atalhos”, por dentro dos vazios.

Figura XX :
Fonte:
Figura XX :
Fonte:

O fato do bairro estar situado em uma área rural, faz com que seu entorno seja em grande exten-
são locado por areas verdes. Ja a uniformidade das casas traz para o interior uma também unifor-
midade de cheios e vazios. Onde podemos observar duas categorias de espaços livres: públicos
e privados.

Mapa Noli
Leitura do Lugar
Análise do lugar
A região selecionada possui em sua hierarquia de vias, a Avenida Real Conquista como única via de
acesso (via arterial) em mão dupla, conectando as vias coletoras que encaminham o transito as vias
locais. O transporte público passa pela avenida arterial, e consegue suprir as necessidades dos mo-
radores quanto ao seu raio de alcance, apesar da demora do transporte, informação obtida através
da entrevista realizada com os moradores. (Figura XX)

Figura XX :
Fonte:
Figura XX :
Fonte:
Figura XX :
Fonte:

Figura XX :
Fonte:
Leitura do Lugar
Entrevista
Em uma pesquisa feita a partir de entrevistas em dois contextos que se julgavam importantes para
o desenvolvimento projetual, um no âmbito de conhecer melhor as características da população e
outro no intuito de buscar as necessidades de potenciais usuários.
A entrevista aconteceu em forma de formulário (anexo XX) sendo entregue em 60 casas, escolhi-
das de forma aleatória e conforme a disponibilidade dos moradores. Para que os moradores se
sentissem mais confortáveis a responder o questionário, não foi solicitado identificação. Junto aos
questionários foi possível conversar de forma direta com alguns residentes.
Um segundo formulário foi entregue na Escola Renascer, que atende a região com educação de
ensino básico completo 9° ano. Onde alunos de diferentes idades, e salas distintas também res-
ponderam algumas perguntas, buscando entender assim, não só suas necessidades, mas também
suas perspectivas de vida e como isso se dá na vida dos mesmos.
Os relatórios entregues nas residências mostram
que a maioria (36,72%) dos indivíduos são crian-
ças e adolescentes na faixa etária principalmente
entre 6 e 18 anos, em alguns casos adolescentes
com ainda menos de 18 anos já possuem filhos.
Quando questionados sobre o motivo dos jovens
terem filhos tão cedo, as respostas quase sempre
se resumem a: sem expectativa de algo melhor,
sem escolaridade, tendo que trabalhar muito cedo,
não faz muita diferença com quantos anos terão
filhos.
Quanto ao nível de escolaridade dos moradores, o
Figura XX :
maior índice está fixo nos níveis de ensino funda- Fonte:
mental. Alguns moradores disseram que as condi-
ções financeiras não permitiam que os mesmos,
se dedicassem aos estudos quando ainda jovens,
e agora com as responsabilidades, não encontram
como voltar a estudar nem motivos para isso. Já
quando falam dos filhos, dizem que isso tem mu-
dado, não tanto quanto gostariam, mas tem mu-
dado aos poucos. Essas mudanças parecem não
acontecer de forma mais rápida e abrangente, por
motivos que os moradores informam ser a influên-
cia das drogas, as ainda dificuldades financeiras, a
dificuldade de locomoção para escolas quem aten-
dam ao ensino médio, já que o bairro não tem esse
suporte, fazendo com que os jovens parem antes
de chegar ao ensino médio, em antes de concluir
Figura XX :
o mesmo. Fonte:
Quanto a renda familiar, esse constituído em sua maioria por 4 pessoas, tem uma média de 2 a 3
salários mínimos. Levando em consideração assim, que pelo menos duas pessoas trabalham de
forma remunerada na casa, quase sempre os chefes de família. Apesar disso, algumas mulheres
se dedicam aos serviços domésticos de suas casas, ou executam trabalhos em casa para terceiros,
como costura, lavar, passar. Os filhos em muitos casos, também exercem atividades remuneradas,
mas poucos dos entrevistados, afirmam que o dinheiro dos filhos tem alguma repercussão em casa.

Figura XX : Figura XX :
Fonte: Fonte:

Quanto aos serviços ofere-


cidos e quais aspectos dos
mesmos a população sentia
falta, os moradores deixam
claro que lazer e segurança
parecem estar totalmente es-
cassos. E fazem uma relação
direta entre esses dois aspec-
tos sociais. A falta de lugares
para o desenvolvimento de
atividades de lazer, espor-
te, fazem com que os jovens
passem um período do dia,
levando em consideração que
Figura XX :
Fonte: no outro esteja na escola, a
ficar nas ruas, sendo alvos da violência, a partir do uso de drogas, trabalhando para o que eles
dizem ser o dono do bairro (não falam muito sobre o assunto, mas deixam claro que existe alguém
que comanda o tráfico de drogas na região e acreditam ter influência nas mortes de muitos jovens
envolvidos com o mesmo. o questionário neste caso nao levou em consideração apenas umas
pergunta. permitindo ao questionado, marcar quantas ele achasse pertinente.
Quando questionados sobre como eram os mo-
mentos de lazer da família, ficava claro que a falta
de espaços voltados pra atividades de lazer os le-
vavam a passar tais momentos em casa; assistin-
do filme, indo a pitdog, marcando jogos nas áreas
vagas, reunindo com os amigos. Outra forma de
lazer, é o Portal Sul Shopping onde o cinema, o
supermercado, áreas de alimentação e outras lo-
jas atendem suas necessidades. Contudo não é
uma atividade que acontece regularmente. Dentre
os motivos pelo qual o acesso ao shopping não é
regular, estão falta de tempo, dinheiro, cansaço,
transporte. No mapa (Figura XX) podemos identi-
ficar quais os trajetos e o tempo gasto de carro e
ônibus. O senhor (Zé ) afirma que 30 min de ônibus
pra jovens não é nada, mas pra um pai de família
que trabalha o dia todo como servente, 30 min em Figura XX :
Fonte:
um ônibus pra ir assistir um filme, é muita coisa.

Figura XX :
Fonte:
Leitura do Lugar
Entrevista

Figura XX :
Fonte:
A Escola Municipal Renascer está situada entre as em segurança. No questionário entregue a 60
a Rua RC – 7, esquina com a Rua RC – 16, aten- alunos, quando perguntados sobre as ativida-
dendo cerca de 500 alunos, com ensino funda- des desenvolvidas, muitos informavam ter di-
mental. Contudo através das visitas e conversas ficuldade para acompanhar principalmente as
com docentes e discentes pode-se observar que para casa, pois nem sempre tinham auxilio, por
a infraestrutura não conseguem atender a grande conta de os pais trabalharem durante todo o
quantidade de alunos - salas superlotadas, sala dia, outros por não terem nenhum interesse em
de informática não funcionando em decorrência estudar. Foi possível perceber que alguns alu-
do roubo dos computadores, o pátio conta apenas nos em torno de 12 a 16 anos, aparentemente
com uma area coberta. Contudo os alunos ain- têm envolvimento com drogas e veem nisso
da buscam refúgio na escola aos fins de semana um futuro. Contudo existem ainda uma granda
para jogar bola na quadra, pulando o muro, eles parcela dos alunos com interesse e curiosida-
dizem ser io unico lugar que é possível brincar de no esnino.

Figura XX :
Fonte:
Um outro questionamento foi quanto ao tempo livre, levando em consideração que estão um pe-
ríodo na escola. A resposta foi livre e muitos apontaram não ocupar seu tempo com nada. Alguns
jovens também informaram se ocupar com internet, vale dizer que desses apenas 2 diziam te com-
putador, o restante o uso se fazia pelo celular. Muitas das atividades são desenvolvidas em casa,
ou na rua.

Figura XX :
Fonte:

Os alunos tiverem que dizer qual o nível esco- Quando o assunto é o que falta para o seu se-
lar eles acham necessário, muitos diziam saber tor ser legal, durante a conversa muitos alunos
que a faculdade era importante, mas eles não mostram interesse e animação quando falam
tinham condições de fazer uma, que provavel- do que acreditam ser importante, e ficam in-
mente teria que estudar a noite se quisessem decisos, querem escolher todas as opções,
concluir o ensino médio, para conseguir traba- querem desenhar como eles imaginam, dizem
lhar em período integral, alguns questionaram onde suas ideias poderiam ser implantadas. Ci-
para que serve continuar a estudar, se prova- tam os irmãos, os pais e amigos que iam gostar
velmente vão trabalhar como vendedor, empa- muito da sua ideia.
cotador, costureira, servente, doméstica.

Figura XX : Figura XX :
Fonte: Fonte:
Leitura do Lugar
Quadro Sintese
A partir dos mapas norteando aspectos físicos, e as entrevistas com a população foi possível ob-
servar que o mesmo não possui incentivos quando o assunto é cultura, educação e lazer. Contudo
já houveram esforços para promover a profissionalização dos moradores, assim como a assistên-
cia social a partir do CRAS.
Nos dois casos os edifícios foram desativados, e os moradores dizem que isso ocorreu porque
as atividades desenvolvidas pelo centro profissionalizante não estavam ligadas a realidade ou ao
interesse da maioria. O CRAS por sua vez, foi por procura da população e pouca solução que le-
vou o mesmo a fechar. Nesse intuito o Centro Comunitário, se mostra um equipamento urbano que
pode suprir as necessidades dos moradores, se levado em consideração que essas necessidades
podem vir a mudar, tomando cuidado assim em planejar um ambiente que promova a rotatividade
dos ambientes.
O quadro síntese foi feito juntos aos moradores, onde após analisado os problemas e potenciali-
dades eles diziam o que achavam que poderia ser feito como forma de melhorar o ambiente em
que moram.
Leitura do Lugar
Escolha do Terreno
A área escolhida, tem sua quadra localizada
na via arterial Avenida Real Conquista tendo
como paralela a Rua RC- 33 e que eventu-
almente está bloqueada e vias perpendicula-
res a estas as ruas RC - 07 e RC – 10, estan-
do assim situado entre a linha de transporte
puiblico e proximo a dois pontos de onibus .
Figura XX :

A área foi utilizada como nominada fábrica


Fonte:

de casas produzia moldes, estruturas, con-


tudo após a finalização da construção das
habitações o espaço ficou subutilizado. Se
tornando uma barreira visual e física para os
moradores. (Figura XX)

Figura XX :
Fonte:

A quadra está localizada entre os três


principais equipamentos urbanos: A
escola, a Creche e o SUS – Unidade
básica de Saúde. Além de estar pró-
ximo aos dois edifícios já desativados
Figura XX :
Fonte:

voltados a ações sociais. A terreno con-


ta com uma área de 17.000 mil metros
quadrados Figura (XX).
Centro Comunitário
Programa de Necessidades

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