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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

campus Baixada Santista


Instituto do Mar
Fenômenos do Transporte

RELATÓRIO DE EXPERIMENTO DE
TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Discentes:

Santos,
2023
1. Introdução
Na física o conceito de calor (simbolizado pela letra Q) corresponde ao processo de
transferência de energia entre um sistema e o ambiente, isso ocorre devido a diferença de
temperatura entre ambos e essa transferência de calor pode ocorrer através de três
mecanismos: condução, convecção e radiação.
Para o processo de condução é necessário que haja o contato entre os objetos que
trocarão calor (alguns materiais conseguem transferir mais fácil a energia, sendo considerado
um bom condutor de calor). A energia é transferida através da convecção quando um fluido
(exemplo: água e ar) entra em contato com um objeto, sendo este um processo de diversos
fenômenos naturais, como a convecção atmosférica. No processo de radiação pode ocorrer a
troca de energia entre o sistema e o ambiente através de ondas eletromagnéticas (sendo estas
chamadas de radiação térmica) e não há necessidade a existência do meio material para que o
calor seja transferido por radiação (HALLIDAY, 2009).
O presente estudo tem como objetivo analisar a viabilidade em diminuir a temperatura
de uma lata de alumínio com capacidade líquida de 269ml através do processo de condução e
de convecção natural do líquido dentro e fora da lata, consistindo também em aplicar uma
convecção “forçada” para elevar a eficiência da troca de calor e misturar álcool na água a fim
de diminuir a temperatura de fusão da solução, fazendo ela atingir temperaturas abaixo de
zero sem se solidificar. O estudo prático será feito mediante a uma competição em sala de
aula ministrada pelo docente da unidade curricular.
Para tal, levamos em consideração a equação abaixo, que fala sobre a variação de
temperatura com o tempo:

𝑚 𝑐 △𝑇
𝑄= △𝑡
Onde:
Q = Quantidade de calor transferida;
m = Massa da substância (constante);
c = Capacidade térmica (constante)
△𝑇 = Diferença de temperatura;
△𝑡 = Diferença de tempo;
Para o cálculo adotamos o valor de 3349.44 J/Kg*K para a capacidade térmica do
guaraná, e 0,269 Kg para a massa do guaraná. Consideramos a parede da lata de alumínio
desprezível, por ser um bom condutor térmico e ter pouca espessura
A temperatura inicial da lata de alumínio será a temperatura ambiente no momento da
competição e o grupo deverá estimar um valor de tempo (Δt) que será o tempo necessário
para o método que você escolheu. Após este tempo a lata será retirada, aberta e sua
temperatura medida. Como a massa e a capacidade térmica são constantes, as variáveis de
tempo e temperatura são as mais importantes para a eficiência do experimento.

2. Objetivo
O presente experimento tem como objetivo resfriar uma lata de alumínio com 269 ml
de volume, contendo bebida gaseificada, a uma temperatura abaixo de 5ºC no menor tempo
possível.

3. Materiais e métodos
3.1. Materiais utilizados
➢ Gelo;
➢ Água;
➢ Álcool 70º;
➢ Lata de Alumínio contendo refrigerante (Guaraná Antarctica);
➢ Parafuso;
➢ porca;
➢ Duas arruelas;
➢ Pote de requeijão 200g (de plástico);
➢ Termômetro digital;
➢ Parafusadeira;
➢ Pote plástico alto.

3.2. Metodologia
Primeiramente houve o preparo do suporte da lata, feito com o parafuso, as porcas,
arruelas e o copo de requeijão. Para isso foi realizado um furo centralizado no meio do copo,
a fim de deixar o giro o mais estável possível para que o líquido não solte muito gás enquanto
gira, então foi passado o parafuso pelo furo, fixado com uma porca e as arruelas dos dois
lados, para que se torne mais estável. Com o suporte pronto, ele foi fixado ao mandril da
parafusadeira, e sua velocidade foi ajustada ao mínimo (velocidade 1 de 2). Após, foi
realizada uma mistura de água com álcool 70º na proporção 50/50 (500ml de água e 500 ml
de álcool). Foi adicionado bastante gelo nessa mistura, e logo em seguida começaram os
testes.
Foram realizados 4 testes neste experimento, 3 deles com o método de girar a lata e 1
com a lata parada na solução de água e álcool, para usar de referência. Para os testes com a
lata em movimento, a lata foi fixada no suporte e com a parafusadeira na velocidade mínima
ela foi submetida à uma rotação por 2, 3 e 4 minutos. Para o teste com a lata parada, foi
utilizado um tempo de 3 minutos.
Uma das latas foi aberta em temperatura ambiente e foi medido o valor de 22,8ºC, ao
final do experimento a temperatura da mistura de água, gelo e álcool foi medida e constatado
uma temperatura de -4,2ºC. Foi realizada também, a título de comparação, a medição de uma
solução apenas de água e gelo, sem álcool, que alcançou uma temperatura de 1,2 graus.

Figura 1. Bancada preparada para realização do experimento. Fonte: Autoria própria


Figura 2. Realização do experimento. Fonte: Autoria própria

Figura 3. Realização do experimento. Fonte: Autoria própria


Figura 4. Análise da temperatura do líquido após o experimento. Fonte: Autoria própria

4. Resultados
Ordem de execução Experimento T final (ºC) Variação de T Q (W)

1º experimento Lata girando (2 minutos) 8,7 -14,1 -132,3

2º experimento Lata girando (4 minutos) 3,2 -19,6 -91,9

3º experimento Lata girando (3 minutos) 3,2 -19,6 -122,6

4º experimento Lata parada (3 minutos) 10,8 -12 -75


Tabela 1: Resultados obtidos em cada experimento

5. Discussão
Foi registrado na tabela 1 as temperaturas finais obtidas do resfriamento de cada uma
das latinhas. Através desses valores calculamos a quantidade de calor transmitida. Para a
massa consideramos o líquido como água, devido a sua composição ser em sua maioria de
água. Por esse mesmo motivo, o calor específico também foi considerado o da água.
1º Experimento:
𝑚 𝑐 △𝑇
𝑄= △𝑡

0,269 ·4186 ·(−14,1)


𝑄= 120

𝑄= − 132, 3 𝑊
2º Experimento:
𝑚 𝑐 △𝑇
𝑄= △𝑡

0,269 ·4186 ·(−19,6)


𝑄= 240

𝑄= − 91, 9 𝑊
3º Experimento:
𝑚 𝑐 △𝑇
𝑄= △𝑡

0,269 ·4186 ·(−19,6)


𝑄= 180

𝑄= − 122, 6 𝑊
4º Experimento:
𝑚 𝑐 △𝑇
𝑄= △𝑡

0,269 ·4186 ·(−12)


𝑄= 180

𝑄= − 75 𝑊

Através dos resultados obtidos de Q verificamos que o melhor resultado, de acordo


com o requisito do exercício em chegar a 5 ºC pelo menos, foi obtido no 3º experimento. Um
ponto importante a se observar é que, para realizar os experimentos, não foi aguardado o
tempo da solução (álcool, água e gelo) gelar até a temperatura ideal. Isso explica a
semelhança dos resultados obtidos nos tempos de 4 minutos e 3 minutos com a lata girando,
uma vez que esse segundo foi realizado por último, portanto a solução já estava mais gelada e
pode-se aferir que o menor tempo para atingir a mesma variação de temperatura está
relacionado a essa variável. Vale ressaltar que a adição de álcool 70º na solução fez com que
sua temperatura diminuísse 5,4ºC em relação à uma solução composta apenas por água e
gelo, o que é uma diferença significativa para o experimento.
Verifica-se também que o experimento 4, com a latinha parada, foi o que teve pior
desempenho. Esse resultado pode ser comparado aos experimentos anteriores com a rotação
da latinha e é possível relacionar que ao girar a lata aceleramos o processo de troca de calor
entre o líquido interno e a superfície externa - a própria latinha. Consequentemente, a redução
de temperatura do líquido ocorre mais rapidamente.

6. Conclusão
Desse experimento foi possível concluir que ao aumentar a superfície de contato,
rotacionando a lata em seu próprio eixo, com o meio externo ao qual ela foi submetida, com
água, gelo e álcool, a troca de calor ocorreu mais intensamente em relação a simplesmente
deixá-la parada. Ainda, a adição de álcool à água com gelo, fez com que o ponto de
congelamento da água baixasse, fazendo com que ela atingisse uma temperatura abaixo de
zero e ainda permanecesse no estado líquido, fazendo a lata perder calor mais rapidamente.
Dessa forma, entendemos que diversos fatores podem influenciar na troca de calor entre os
corpos.
A partir desses resultados, para o experimento que ocorrerá em sala de aula,
utilizaremos o tempo de 3 minutos com a solução já resfriada para chegar abaixo da
temperatura proposta pelo professor de 5ºC para o líquido da lata.

7. Referência
HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK R. Fundamentos de Física Vol 2. 8. ed.,
Rio de Janeiro: LTC, 2009

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