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Nome: Andréia

O desperdício pode ser definido como a ação de utilizar de forma desnecessária, gastar sem
lucros ou perder um recurso valioso. Por outro lado, as perdas são referentes à porção física da
produção que não é direcionada ao consumo devido a fatores como limitações de qualidade,
danos financeiros como amassados e cortes, ou outros motivos semelhantes (SANDRONI,
2001).
No contexto dos alimentos, o desperdício ocorre quando alimentos em boas condições de
consumo são desviados para o lixo. Isso pode ser exemplificado por sobras de refeições em
pratos de casas e restaurantes, o uso parcial de frutas, raízes e folhas, o descarte de produtos
frescos que ainda estão fisicamente aptos para consumo devido ao vencimento do prazo de
validade, ou até mesmo devido à falta de alternativas para aproveitamento (LANA et al, 1999).

1.1 Dados globais sobre o desperdício de alimentos


De acordo com o relatório "As consequências do desperdício de alimentos para os
recursos naturais" publicado pela FAO em 2013, cerca de um terço de toda a produção de
alimentos anualmente é jogada fora ou perdida globalmente, totalizando
aproximadamente 1,3 bilhões de toneladas. Isso acarreta consequências adversas nos
âmbitos social, econômico e ambiental.

Em termos globais, estima-se que 54% do desperdício ocorra nas fases que englobam a
produção, pós-colheita e armazenamento dos produtos, enquanto os restantes 46% se
verificam nas etapas relacionadas ao processamento, distribuição e consumo (PEIXOTO &
PINTO, 2016). Estudos técnicos indicam que há um considerável desperdício em cada
etapa, podendo chegar a 25% da produção global até o ano de 2050 (NELLEMANN et al,
2009).

Além disso, uma outra preocupação a ser destacada é que os alimentos desperdiçados e
descartados, acarretam prejuízos ao meio ambiente. Por serem depositados em aterros
sanitários liberam metano, um gás de efeito estufa com um potencial de aquecimento
global 28 vezes maior do que o dióxido de carbono. Por essa razão, o desperdício de
alimentos é reconhecido como o terceiro maior contribuinte global para as emissões de
gases de efeito estufa. (IPCC AR5, 2018).

1.2 Dados específicos sobre o desperdício de alimentos no Brasil


O Brasil possui um papel de grande importância na produção de alimentos, excedendo em
aproximadamente 25% o abastecimento necessário para sua população. No entanto, uma
parte específica dessa abundância acaba sendo desperdiçada. Assim, mesmo tendo
progresso na produção de alimentos de forma satisfatória, há uma necessidade urgente
de aprimorar a segurança alimentar e diminuir as perdas e desperdícios de alimentos em
todas as etapas da cadeia de produção e distribuição de produtos agrícolas e alimentares.
(INSTITUTO AKATU, 2012).
No Brasil, cerca de 26 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas a cada ano,
colocando o país entre os dez maiores desperdiçadores de alimentos do mundo. No
entanto, é importante observar que esses números podem variar, já que não existe um
monitoramento sistemático nem pesquisas abrangentes que possam avaliar com precisão
a extensão do desperdício ao longo da cadeia alimentar. Além disso, esse desperdício
representa uma perda econômica de aproximadamente R$ 12 bilhões por ano e poderia
ser suficiente para alimentar cerca de 19 milhões de pessoas diariamente, fornecendo-
lhes as três refeições essenciais (FAO, 2016).

No Brasil, a cultura da abundância é notável devido aos recursos naturais em grande


quantidade e à ausência de histórico de conflitos armados. Isso leva à crença de que é
preferível ter comida em excesso do que arriscar a falta, resultando em um desperdício de
alimentos. Além disso, devido à desigualdade no país, a comida pode ser vista como um
indicativo de riqueza, tornando uma ideia de fartura relevante. Para muitas famílias
brasileiras, oferecer uma grande variedade de alimentos ao receber amigos e familiares
não se relaciona apenas com status, mas também com projeções de cuidado, atenção e
hospitalidade. Dentro desse contexto, estima-se que nos lares brasileiros são
desperdiçados, em média, 128,8 kg por ano. (PORPINO ET AL, 2018).

Referências bibliográficas:

SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicioná rio de Economia. 7° ed. Sã o Paulo: Best Seller, 2001.

LANA, M.M.; MOITA, A.W.; NASCIMENTO, E.F.; SOUZA, G.S.; MELO, M.F. Quantificação e
caracterização das perdas pós-colheita de cenoura no varejo. Horticultura
Brasileira, v. 17, n. 3, p. 295, 1999.

FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food Wastage Photoprint:
Impacts on natural resources. Summary Report (2013). Disponível em
<http://www.fao.org/3/i3347e/i3347e.pdf>. Acesso em 25 setembro. 2019.

PEIXOTO, Marcus; PINTO, Henrique Salles. Desperdício de Alimentos: questões


socioambientais, econômicas e regulatórias. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/
Senado, fevereiro/2016 (Boletim Legislativo nº 41, de 2016). Disponível em . Acesso em 22 abr.
2019.
NELLEMANN, C. et al. (Ed.). The Environmental Food Crisis: the environment’s role in
averting future food crises – a UNEP rapid response assessment. United Nations
Environment Programme, GRID-Arendal, 2009. Disponível em>
https://www.gwp.org/globalassets/global/toolbox/references/the-environmental-crisis.-the-
environments-role-in-averting-future-food-crises-unep-2009.pdf> Acesso em: 27/09/2023.

IPCC AR5, (2018) Global Warming Potential Values. Disponível em:


<https://ghgprotocol.org/sites/default/files/ghgp/Global-Warming-Potential-Values
%20%28Feb%2016%202016%29_1.pdf>. Acesso em: 27 setembro. 2023.

INSTITUTO AKATU. A nutrição e o consumo consciente. Caderno temático.


Instituto Akatu. 2012. Acesso em 02 outubro. 2023

FAO. Organización de las Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura.


Perdidas y Desperdícios de Alimentos en América Latina y el Caribe. Oficina Regional
de la FAO para América Latina y el Caribe (2016). Disponível em <
http://www.fao.org/3/a-i7248s.pdf>. Acesso em 01 outubro. 2023.
PORPINO, Gustavo; LOURENÇO, Carlos Eduardo; ARAÚJO, Cecília M. Lobo;
BASTOS, Aline. (2018). Intercâmbio Brasil – União Europeia sobre desperdício de
alimentos. Relatório final de pesquisa. Brasília: Diálogos Setoriais União Europeia –
Brasil. Disponível em . Acesso em 01 outubro. 2023.

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