CONTRATURA DE DUPUYTREN
DEFINIÇÃO
É uma fibroplasia proliferativa dos
tecidos subcutâneos, levando a uma
formação de nódulos e cordas na palma da
mão, e frequentemente resulta em
contratura progressiva em flexão dos dedos
para dentro da palma da mão. Comumente
começa com o IV e V dedos e podem
envolver toda a mão, não havendo
predileção para a mão dominante, pode ser
bilateral. A direita é a mão mais afetada.
ETIOLOGIA DA FIBROPLASIA
Acredita-se que os miofibroblastos
sejam de alguma forma estimulados
formando colágeno tipo III. Não está claro o
porquê disto. Pode haver uma
predisposição genética, porque a fibroplasia
é mais comum em indivíduos brancos de
ascendência norte-europeia. Fatores de
riscos associados incluem tabagismo,
abuso de álcool e epilepsia.
INCIDÊNCIA
Estas contraturas acometem 10
vezes mais homens (40 a 60 anos) do que
mulheres. A idade situa-se em torno de 50
anos. E tão comum que em trabalhadores
sedentários como as pessoas com
ocupações intensamente manuais.
A contratura de Dupuytren é
observada mais comumente em pacientes
com cirrose alcoólica e outras formas de
hepatopatia crónica, e em pacientes com
distúrbio convulsivos que estejam tomando
medicação anticonvulsiva e gota.
CARACTERÍSTICAS
A contratura da palma da mão e
dedos podem comumente estar associada a
tipos similares de fasciíte em outros locais
do corpo. Os espessamentos sobre as
superfícies extensoras das articulações
interfalangianas proximais são conhecidos
como “coxins de nós nos dedos”. A fasciíte
na aponeurose plantar da sola do pé é
conhecida como Doença de Lederhosen.
QUADRO CLÍNICO
O primeiro sintoma é um
espessamento sensível na parte distal da
palma da mão, mais provavelmente no lado
ulnar. Dentro de alguns meses, a inflamação
aguda desaparece e a sensibilidade diminui.
Então, pode-se formar gradualmente
uma faixa fibrosa longitudinal, que encurtara
e criara uma contratura nas articulações
metacarpofalangianas e interfalangiana. À
medida que vai perdendo a extensão dos
dedos, o paciente terá dificuldade em
realizar atividades de mão espalmadas (ex:
lavar o rosto, enfiar a mão no bolso,
cumprimentar como aperto de mãos e bater
palmas). A progressão é imprevisível, pode
talvez não haver atividade contrátil aparente
durante meses ou anos, e então, sem
nenhuma explicação, diversas articulações
perdem rapidamente a capacidade de
extensão.
A contratura digital da articulação
interfalangiana proximal procede o
envolvimento palmar e a contratura
metacarpofalangiana. Na articulação
interfalangiana distal são raras as
contraturas digitais e quando observadas
ocorrem junto com a contratura graves nas
articulações mais proximais. Também é
incomum o envolvimento do polegar,
causando perda funcional dos movimentos.
Contraturas graves e de longa
duração podem fixar as articulações
metacarpofalangianas e interfalangiana
proximal em 90º de flexão, fazendo com que
a polpa do dedo fique em constante contato
com a palma da mão. O processo pode levar
meses ou anos, em qualquer estágio a
doença pode parar e ficar.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
A doença de Dupuyutren pode se
disfarçar como contratura pós-traumática da
articulação interfalangiana proximal, quando
não há envolvimento da palma da mão.
Habitualmente uma banda fibrosa tensa,
bem anterior a bainha do tendão pode ser
palpada, confirmado a etiologia da doença
de Dupuytren, em vez de rigidez residual
decorrente de traumatismo.
TRATAMENTO
Os casos mais leves são tratados
conservadoramente na tentativa de evitar
contraturas articulares secundárias, através
do exercício e aumento da extensibilidade
da fáscia com ultrassom. As injeções de
esteroides no nódulo inflamado podem ter
algum efeito na remissão do processo na
sua fase inicial, mas isto ainda está por ser
comprovado.
Nos casos mais severos, pode ser
necessária a incisão cirúrgica do tecido
anormal. Após a fasciectomia, exercícios
ativos ao longo de toda amplitude articular
devem ser iniciados no primeiro dia de pós-
operatório. Todos movimentos de polegar,
dedo e punho são realizados regularmente
e modificados até a obtenção de toda
amplitude articular. Pode ser utilizado
“splint” para posicionamento da extensão
dos dedos em conjunto com o programa
cinesioterápico.
O tratamento fisioterápico consiste na
fase na fase aguda de:
• Aplicação de calor superficial,
objetivando os efeitos
vasodilatadores no segmento
tratado;
• Utilização de laser ou ultra-som,
sendo que o laser é mais indicado por
se tratar de uma região com muitas
proeminências ósseas. Estes
propiciam maior extensibilidade da
fáscia palmar; Também pode-se
fazer uso do tens, com a finalidade de
provocar uma analgesia local;
• Realização de alongamento e
exercícios passivos, respeitando a
amplitude de movimento do paciente
com o objetivo de ganhar maior arco
de movimento;
• Massoterapia, com fricção, para
liberar aderências e nódulos na
fáscia palmar.
Nas fases sub-agudas e crônica, o
tratamento fisioterápico se assemelha:
• Mantem-se a aplicação do calor
superficial e laser ou ultra-som;
• Pode-se retirar o tens;
• Intensificam-se os trabalhos de
alongamentos e da cinesioterapia,
evoluindo de acordo com o paciente,
de passivo para ativo e deste para o
ativo resistido, sempre respeitando o
limite de arco de movimento do
paciente;
• A massoterapia também é indicada
para ambas as fases.
Em todas as fases da patologia, é
aconselhável o uso de órtese, objetivando a
manutenção dos dedos em posição neutra.
Outro fator importante é a orientação ao
paciente em sua vida diária.
COMPLICAÇÕES
Pode haver uma complicação intra-
operatória, que é a laceração do nervo
digital ocorrendo mais no dedo do que na
palma da mão. Em virtude da proximidade
do tecido contraído e dos distúrbios da
anatomia normal do dedo. Após a cirurgia os
pacientes notam a hiperestesia e parestesia
no dedo durante semanas ou até meses.
Esta sensação é atribuída à tração e
desvascularização parcial do nervo durante
a cirurgia.
Outra complicação pós-operatória, é
a formação de um hematoma.
Podem haver complicações mais
tardias do tipo contratura articular residual
ou recorrentes. Distrofia simpática reflexa
pode ocorrer depois de uma incisão de
Dupuytren, causando dor intensa, eritema,
inchaço e consequentemente o paciente
não tem vontade de mobilizar os dedos
lesionados.