Você está na página 1de 4

Ensino Híbrido

Conforme você assistiu na apresentação de Fernando Trevisani, Ensino Híbrido é uma das
grandes tendências da Educação atual e tem como base a proposta de misturar o ensino
presencial com o ensino on-line. Mas é preciso ir além da ideia simplista de propor aulas com
uso de computadores conectados à internet. Devemos repensar a forma de organizar a sala de
aula, o planejamento e a gestão do tempo, bem como dar espaço para a interação de alunos e
deles com o professor, para a colaboração e para um maior envolvimento com tecnologias
digitais. Outro grande foco do Ensino Híbrido é a personalização do ensino, na qual o professor
usa os dados coletados para adaptar o ensino, modificando as experiências dos alunos durante
as aulas presenciais.

Dentre os modelos híbridos, há os que se alicerçam no formato da sala de aula tradicional,


chamados de Modelos Sustentados, como Sala de Aula Invertida, Rotação por Estações e
Laboratório Rotacional, e os que rompem com o modelo tradicional, chamados de Modelos
Disruptivos, como o Modelo Virtual Aprimorado.

Basicamente, o modelo Rotação por Estações prevê a realização de um circuito em sala de


aula, com atividades diferentes em cada canto. As tarefas têm o mesmo tempo de duração e
são independentes umas das outras, mas estão, preferencialmente, conectadas a um objetivo
central da aula. Para realizar a Rotação por Estações, é necessário que o professor organize a
turma em pequenos grupos, chamados de estações. Cada estação realizará uma tarefa
diferente. É importante que pelo menos uma das estações realize uma atividade que use uma
tecnologia digital para coletar dados para o professor. Conheça os planos de aula de História,
de Ciências e de Matemática no modelo Rotação por Estações que serão apresentados durante
o módulo.

Sugestão de leitura

O livro Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação é uma importante obra para
ser estudada por quem quer trabalhar com Ensino Híbrido. Escrito pelos autores dos módulos
2 a 6 desta formação, professores atuantes em sala de aula, contém planos de aula
comentados para orientar o planejamento docente.

Embora cada escola tenha um contexto ímpar, é unânime entre os especialistas em Ensino
Híbrido que é possível implementá-lo em qualquer que seja a realidade da escola. A escola em
que Ailton leciona não tem laboratório de informática nem outros recursos para serem usados
com os alunos, mas ele pensou no formato de Rotação por Estações porque, assim, pode usar
apenas um PC .

O plano de aula de Ailton foca a habilidade da BNCC EF06HI02 (Identificar a gênese da


produção do saber histórico e analisar o significado das fontes que originaram determinadas
formas de registro em sociedades e épocas distintas). Confira o plano de aula na íntegra. Os
alunos visitam três estações: Notícia/jornal, Videoclipe e Fotografias. Na primeira, a ideia é que
os estudantes identifiquem a violência promovida pelos cidadãos e pelos políticos nas notícias
dos jornais. Na segunda, devem analisar criticamente a letra da canção e os elementos visuais
do vídeo identificando a forma de violência denunciada. E, na terceira, devem analisar a
violência histórica das guerras por meio da leitura de fotografias. Nas três estações, os alunos
devem responder às mesmas questões, apresentadas em uma tabela, classificar o documento
histórico, identificar a forma como a violência foi apresentada e dar uma opinião sobre o
conteúdo.

O modelo ideal, com todos os alunos presentes em sala, seria trabalhar em um laboratório de
informática com um computador por aluno. Mas outros cenários, sem laboratório de
informática ou com número insuficiente de computadores, por exemplo, também são viáveis.
O pulo do gato de Ailton foi usar o próprio computador já que a escola onde ele leciona não
dispõe de equipamentos.

Uma das premissas do Ensino Híbrido são as aulas presenciais. Mas, mesmo com o ensino
remoto e parcialmente remoto, é possível buscar inspirações para trabalhar. Antes de mais
nada, o professor deve verificar onde e como vai hospedar as atividades realizadas nas
estações ou enviá-las para os alunos que estão em casa. Os alunos, por sua vez, deverão fazê-
las e, depois, todos se reúnem para um momento de fechamento da aula.

Conforme explicou o professor, para realizar a avaliação, ele considera a tabela que os alunos
devem preencher e a participação da turma nas estações e no fechamento. As respostas das
três estações na tabela permitem ao professor analisar se os estudantes conseguiram
identificar a presença da violência na sociedade. As manifestações durante o fechamento
indicam a participação e a compreensão geral dos alunos. Ailton não tinha condições de lançar
mão de relatórios virtuais, como formulários do Google, e por isso usou tabelas impressas.

Trabalhar com novas tecnologias, considerando que o aluno de hoje não é mais o mesmo de
antigamente, é fundamental para conferir o sucesso do processo de ensino e aprendizagem. O
Ensino Híbrido leva em conta o uso de tecnologias digitais focadas em um aluno autônomo e
participativo. Isso, no entanto, não significa que, em aulas com o modelo de Ensino Híbrido, os
estudantes fiquem sozinhos, abandonados à própria sorte, trabalhando com tecnologias
digitais. O papel do professor como planejador e mediador é fundamental também nesse
cenário, como sempre foi.

De acordo com o que Carla conta no vídeo, o plano de aula de Ciências propõe um trabalho
com Rotação por Estações para o 7º. Ano sobre vacinas. Acesse o plano de aula de Ciências na
íntegra para conhecer o material em detalhes. Carla lança mão do tema fake news para engajar
a turma na proposta e apresenta um problema: “Como a tarefa de identificar uma notícia falsa
sobre vacinas desafia os grupos a entender por que existem pessoas que não se vacinam?”. É
importante ter em mente que os alunos precisam estar por dentro de tudo o que vai acontecer
na aula, a duração das atividades, o que acontece em cada estação etc. Sobre a personalização
do ensino, Carla proporciona experiências didáticas diversas, organizando as estações. Na
primeira estação, os alunos devem utilizar as tecnologias digitais para assistir a vídeos como
fonte de investigação, reflexão e análise crítica, compreendendo como acontecem as infecções,
como as vacinas funcionam, e suas diferentes etapas de pesquisa e produção. Na segunda
estação, a proposta é ler uma reportagem para compreender e identificar o que são fake news,
principalmente aquelas relacionadas a vacinas, a partir da curiosidade intelectual e
reconhecendo a ciência como fonte segura de informação. E, na terceira estação, os alunos
devem assistir a um vídeo para entender a vacinação como uma ação preventiva e
compreender o papel histórico na manutenção da saúde. Por fim, devem produzir, de forma
autônoma e colaborativa, materiais informativos a partir do conhecimento científico. Carla
chama atenção para o processo de personalização, que nada mais é do que avaliar o aluno para
entender o que ele sabe e do que precisa para avançar.

O plano com o modelo Rotação por Estações pode ser usado para buscar inspirações para o
ensino remoto e parcialmente remoto. No primeiro caso, as estações viram atividades
independentes e podem acontecer em atividades síncronas. Já no ensino parcialmente
presencial, Carla optou, respeitando a realidade da escola onde leciona e a organização de uma
turma em dois grupos (que iam em dias alternados para a aula presencial), por organizar
diferentes grupos e diferentes ambientes, mantendo as atividades independentes.

O vídeo apresentado pela professora Flávia é um convite para olhar para si e para sua postura
em sala de aula. É essencial para pensar de que maneira você colabora para a aprendizagem,
em parceria com os estudantes. O professor atual precisa ter novas posturas em classe, por
exemplo: é necessário que ele fale o tempo todo? A resposta é não, ou seja, o aluno deve ter o
direito e precisa ser estimulado a ter uma postura mais ativa e autônoma, enquanto o
professor deve atuar mais como mediador.

Fernando Trevisani apresenta um plano de aula de Matemática para turmas de 1º. Ano do
Ensino Médio sobre análise e construção do gráfico da função do 1º. Grau numa aula com o
modelo Rotação por Estações. Confira o vídeo a seguir.

Como você assistiu no vídeo, a ideia do autor do plano é recorrer a um software de construção
de gráficos para demonstrar a variação e o movimento da reta dos gráficos de acordo com a
mudança dos números usados. Conheça o plano de aula de Matemática em detalhes.

Como você observou, foram organizadas três estações, cada uma com acesso a um
computador. Na estação A, os estudantes fazem uma atividade on-line, acessando o simulador
de gráficos de funções e colocando dados para que o software construa os gráficos. Na
sequência, devem preencher em grupo a folha entregue pelo professor. No cenário de ensino
parcialmente remoto, a turma segue o esquema de rodízio e o grupo que está na escola faz as
rotações. Já em uma aula remota, o acesso ao simulador é individual e a folha de atividades
preparada pelo professor deve ser disponibilizada em uma ferramenta digital, como Google
Docs. A estação B tem uma atividade e uma avaliação individuais. Os alunos têm de construir
os gráficos com os dados fornecidos pelo professor usando lápis e papel. No esquema de
ensino parcialmente presencial, considera-se que a turma siga o esquema de rodízio e o grupo
que está na escola realiza as rotações. Nesse caso, a avaliação é individual. Já no esquema de
ensino remoto, a atividade pode ser digitalizada e enviada por email para os alunos ou postada
em grupo em uma rede social. Por fim, na estação C, o objetivo é compreender nomenclaturas
relacionadas ao tema da aula utilizando uma ferramenta digital, que pode ser facilmente
substituída por lápis e papel.

Levando em conta que o aluno aprende enquanto faz as atividades e não durante a avaliação,
nesse vídeo, Fernando chama a atenção para a riqueza do processo de discutir o erro, de
concebê-lo como oportunidade de aprender. O educador discute também as aprendizagens do
próprio professor ao trabalhar com o modelo de Rotação por Estações, a importância de
ensinar os alunos a gerenciar melhor o tempo e o quanto é essencial usar ferramentas digitais
para transformar a realidade das aulas e não apenas para incrementá-las.

Você também pode gostar