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CASOS CONCRETOS – DIREITO TRIBUTÁRIO CPIII-C

TEMA 01
1ª QUESTÃO) O Poder Executivo Estadual entendeu ser conveniente fixar, através
de Decreto, a incidência de sobretarifa no serviço de fornecimento de água, a ser
cobrada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos. Sua finalidade é incentivar o
menor consumo durante o período de escassez, posto que, ultrapassada a cota
previamente estabelecida, mais alto será o valor devido. Pergunta-se:
a) Qual a natureza da contraprestação pelo fornecimento de água?
RESPOSTA: A remuneração tem natureza jurídica de tarifa ou preço público, e não
de taxa, escapando à principiologia e normatividade referente aos tributos.
Submetendo-se à prescrição decenal (art. 205 do CC de 2002) ou vintenária (art. 177
do CC de 1916) quando for aplicável a regra de transição prevista no art. 2.028 do
novo diploma.
b) A sobretarifa tem natureza tributária?
RESPOSTA: Tal como a própria tarifa, a sobretarifa não tem natureza tributária, mas
sim de preço público.
c) Decreto é meio idôneo para se estabelecer a criação ou majoração do
referido adicional?
RESPOSTA: Sim, o decreto é meio idôneo, eis que se não se trata de tributo, não há
adstrição ao princípio da legalidade tributária estrita, pm meio infralegal ser utilizado
para alterar a remuneração. O Decreto 25.997/00, que delegou competência ao
presidente da CEDAE para promover as modificações que se fizerem necessárias na
tarifa que incide sobre os serviços de água e esgoto não padece do alegado vício de
inconstitucionalidade. Ademais, toda a legislação aplicável, seja a Lei 8.987/95 ou a
Lei 11.445/07, preveem expressamente o reajuste das tarifas cobradas, exigindo-se
tão somente que se tome por base as condições consignadas no edital e no contrato
de ser calculado de modo a assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
possibilitando a prestação de um serviço adequado, mas, sem perder de vista os
princípios da modicidade tarifária e justa remuneração.
d) Pode ser cobrada tarifa mínima de água?
RESPOSTA: Sob o rito do art. 543-C do CPC/1973, consolidou-se o entendimento de
que não é lícita a cobrança de tarifa de água no valor do consumo mínimo multiplicado
pelo número de economias existentes no imóvel quando houver único hidrômetro no
local.
A ilicitude da cobrança da tarifa mínima multiplicada pelo número de economias
existentes no imóvel, por outro lado, não confere amparo legal para a cobrança de
forma híbrida, ou seja, mediante "a divisão da tarifa de água por cada condômino com
base no consumo real averiguado no único hidrômetro existente, e, ao mesmo tempo,
enquadrá-los nos patamares iniciais da tabela progressiva.

QUESTÃO 2) Determinado Estado da Federação, ao promulgar a sua Constituição,


cria o Fundo de Desenvolvimento Econômico, voltado para o apoio e estímulo de
projetos de investimentos industriais prioritários do Estado. A esse fundo serão
destinados recursos de, no mínimo, 10% (dez por cento) do total anualmente
transferido para o Estado, proveniente do Fundo de Participação dos Estados, previsto
no artigo 159, inciso I, letra 'a', da Constituição da República, dos quais 20% (vinte
por cento) se destinarão a projetos de microempresas e de empresas de pequeno
porte. Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, a
constitucionalidade material da criação desse Fundo.
RESPOSTA: O Supremo entendeu que não seria possível a criação do fundo pois ele
não estaria adequado à diretriz constitucional. São inconstitucionais as normas que
estabelecem vinculação de parcelas das receitas tributárias a órgãos, fundos ou
despesas, por desrespeitarem a vedação contida no art. 167, IV, da Constituição
Federal. Com esse entendimento, o Plenário julgou procedente pedido formulado em
ação direta para declarar a inconstitucionalidade do art. 226, § 1º (renumeração do
art. 223), da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, que cria o Fundo de
Desenvolvimento Econômico e a ele destina recursos provenientes do Fundo de
Participação dos Estados.

TEMA 02
QUESTÃO 1) Determinado contribuinte de ICMS propõe demanda em que visa a
anular auto de infração imposto por autoridade tributária e eximir-se da cobrança da
multa daí advinda. Em sua inicial, alega que efetuou creditamento do imposto, na
forma do art. 20, § 6º, I, da LC n. 87/1996, mas a autoridade tributária entendeu
indevido o creditamento, uma vez que o regulamento estadual do ICMS exige que a
compensação ocorra entre produtos agropecuários da mesma espécie da que originou
o respectivo crédito. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze)
linhas, como deve ser julgado o caso.
RESPOSTA: A apuração do crédito é relacionada ao valor embutido no ICMS, que
pode ser com qualquer produto, não necessariamente o mesmo produto. Portanto,
viola o art. 20, § 6º da LC n. 87/1996 a disposição contida em norma infralegal
estadual que restrinja seu âmbito de aplicação a produtos agropecuários da mesma
espécie.
A LC n. 87/1996, em harmonia com a CF/1988, assegura o direito à compensação,
levando em consideração o imposto devido em cada operação na qual haja circulação
de mercadoria ou prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal
e de comunicação, sem impor que a operação antecedente refira-se a uma
determinada mercadoria ou serviço. Destarte, a regra contida em regulamento
estadual que inova no ordenamento jurídico, ao exigir que a compensação ocorra
entre produtos agropecuários da mesma espécie da que originou o respectivo crédito
(não estorno), cria regra nova de compensação do ICMS (por ato infralegal), que não
é prevista nem na Constituição Federal nem na LC n. 87/1996. Desse modo, viola o
art. 20, § 6º, da LC n. 87/1996 a disposição contida em norma infralegal estadual que
restrinja seu âmbito de aplicação, criando regra nova de compensação do ICMS,
sobretudo porque tal matéria é reservada à lei complementar.

QUESTÃO 2) Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se


determinado estado da federação pode reduzir a alíquota do ICMS incidente sobre
cervejas que contenham suco de laranja concentrado e/ou suco integral de
laranja em sua composição, diferenciando-as das demais cervejas e bebidas
alcoólicas.
RESPOSTA: ADI 7374/SE.
A redução de alíquota pela norma impugnada do ICMS sobre as cervejas produzidas
com suco concentrado e/ou integral de laranja, diferenciando-as de todas as outras
cervejas e das demais bebidas alcoólicas que permanecem submetidas à alíquota de
25% prevista pela al. ‘d’ da mesma norma, sem prévia deliberação pelos Estados
e Distrito Federal no Conselho Nacional de Política Fazendária - Confaz, ofende a
alínea ‘g’ do inc. XII do § 2º do art. 155 da Constituição da República.
Ao instituir unilateralmente regime tributário mais favorável, a resultar em renúncia
de receita sem prévia instrução da proposta legislativa com a estimativa do impacto
financeiro e orçamentário e deliberação pelos Estados e Distrito Federal no Conselho
Nacional de Política Fazendária - Confaz, a norma impugnada revela-se
inconstitucional por contrariedade ao art. 113 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, inc. II do art. 150 e al. g do inc. XII do § 2º do art. 155 da
Constituição da República.
Ou seja, é necessário convênio celebrado pelo CONFAZ.

TEMA 03
QUESTÃO 1) Determinada sociedade propõe demanda em face do Estado, em que
visa a infirmar a cobrança que o réu lhe impõe acerca de ICMS e da respectiva multa.
Alega que vendeu determinada mercadoria a outra sociedade com a cláusula Free on
Board (FOB) e comunicou ao fisco a destinação da mercadoria conforme
documentação apresentada pela compradora. Ocorre que a compradora deu outra
destinação à mercadoria, levando-a para outro Estado, diferente do que anteriormente
informado. Dessa forma, responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze)
linhas, qual a modalidade da alíquota que deve ser paga, bem como sobre quem recai
essa responsabilidade.
RESPOSTA: A empresa vendedora de boa-fé que evidencie a regularidade da
operação interestadual realizada com cláusula FOB (Free on Board) não pode ser
objetivamente responsabilizada pelo pagamento do diferencial de alíquota de ICMS
em razão de a mercadoria não ter chegado ao destino declarado na nota fiscal. Embora
seja certo que as convenções particulares não vinculam o fisco quanto à identificação
da responsabilidade tributária (art. 123 do CTN), salienta-se que a cláusula Free on
Board (FOB), em que o frete se dá por conta e risco do comprador, não infirma a
realização do negócio praticado pelo vendedor de boa-fé, nem o obriga a perseguir o
itinerário da mercadoria, porquanto essa tarefa é privativa do exercício do poder de
polícia pela autoridade fiscal e, por isso, indelegável. Ademais, não há previsão na
Carta Política ou no CTN que autorize a responsabilizaçãodo vendedor de boa-fé pelo
pagamento do diferencial de alíquota do ICMS por eventual tredestinação da
mercadoria. O que antes era implícito, agora, após a Emenda Constitucional n.
87/2015, está expresso no texto constitucional (art. 155, § 2º, VIII, "a"), ou seja, é
do comprador contribuinte do imposto a responsabilidade tributária pelo pagamento
do diferencial de alíquota de ICMS. Se o comprador deu à mercadoria destinação
diversa do contratado, levando-a para outro estado que o não declarado ou mesmo a
tendo revendido no próprio estado de origem, caberá a ele, e não ao vendedor de
boa-fé, responder perante o fisco competente para complementar o valor do imposto
devido. A responsabilidade por infração (art. 136 do CTN) também não alcança o
vendedor de boa-fé, pois sua configuração exige que o fisco identifique o agente ou
responsável pela tredestinação, não sendo possível atribuir sujeição passiva por mera
presunção, competindo à autoridade fiscal, de acordo com os arts. 116 e 142 do CTN,
espelhar o princípio da realidade no ato de lançamento, expondo os motivos
determinantes que a levaram à identificação do fato gerador e o respectivo
responsável tributário.

QUESTÃO 2) Determinada sociedade que explora atividade de transporte fluvial foi


autuada pela autoridade tributária por ter a mesma escriturado, como crédito
dedutível na operação seguinte, o valor de ICMS recolhido na compra de combustíveis
para abastecer as embarcações. Irresignada, a sociedade propõe demanda a fim de
anular o auto de infração. O Estado, em sua defesa, alega que não há previsão da
dedução nas normas que regem o referido imposto. Responda, fundamentadamente,
como deve ser julgado o pedido.
RESPOSTA: O entendimento atual do STJ é no sentido de reconhecer o direito ao
creditamento de ICMS no que concerne à aquisição de combustível e lubrificantes por
sociedade empresária prestadora de serviço de transporte, uma vez que tais produtos
são essenciais para o exercício de sua atividade produtiva, devendo ser considerados
como insumos.

TEMA 04
1) Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se o aumento
no custo de geração de energia elétrica, derivado do sistema de bandeiras tarifárias,
gera aumento na base de cálculo do ICMS, tornando assim o imposto mais oneroso.
RESPOSTA: A configuração normativa do ICMS exigido na comercialização da energia
elétrica, foi estruturada para que a base de cálculo a ser mensurada ao usuário,
incorpore todos os custos de produção do bem até o seu efetivo consumo. Isso
significa que, em tema de fornecimento de energia elétrica, o "valor da operação"
deve corresponder ao valor da nota fiscal/fatura cobrado pela concessionária, não se
restringindo tão somente ao valor da quantidade de energia elétrica consumida - um
dos componentes da tarifa de energia. Deve-se agregar para a definição da base de
cálculo da exação, todos os elementos que são internalizados para a deflagração do
custo da mercadoria consumida, conforme os regramentos definidos pela Agência
Nacional de Energia Elétrica e, outrora, consoante a exegese normativa do artigo 9º,
§ 1º, inciso II, c/c o artigo 13, § 1º, II, alíneas, "a" e "b", todos, da Lei Complementar
n.º 87/1996.
Portanto, neste aspecto, o adicional oriundo das bandeiras tarifárias constitui uma
parte integrante na composição do custo de produção da energia elétrica em um dado
momento, razão pela qual, tal rubrica deve integrar a base de cálculo do ICMS, por se
correlacionar na definição do "valor da operação", quando da apuração do consumo
da energia elétrica pelos usuários do sistema, conforme apregoa a exegese conjunta
dos artigos 9º, § 1º, inciso II, e, 13, § 1º, II, alíneas, "a" e "b", da Lei Complementar
n.º 87/1996, a par das disposições contidas na Resolução n.º 547/2013 da ANEEL.

2) Determinada sociedade prestadora de serviços de telecomunicações propõe


demanda em que visa ao reconhecimento do direito de recuperar o ICMS
indevidamente pago sobre prestações de serviços de comunicação inadimplidas pelos
tomadores-usuários, assim consideradas após terem sido baixadas como perdas do
Balanço Patrimonial. Em síntese, aduz que o deferimento do pedido é necessário para
evitar o enriquecimento sem causa do Estado. Responda, fundamentadamente, como
deve ser julgada a causa.
RESPOSTA: Ainda que as prestações de serviços de comunicação sejam inadimplidas
pelo consumidor-final (contratante), não cabe a recuperação dos valores pagos pela
prestadora (contratada) a título de ICMS-comunicação incidentes sobre o serviço
prestado.
Trata-se de ação que, na origem, pretendeu o reconhecimento do direito de recuperar
o ICMS indevidamente pago sobre prestações de serviços de comunicação
inadimplidas pelos tomadores usuários, assim consideradas após terem sido baixadas
como perdas do Balanço Patrimonial. Com efeito, a incidência do ICMS-comunicação
tem como fato gerador a prestação onerosa de serviço de comunicação por qualquer
meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a
repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza (art. 2º, III, da LC
87/96). Para o direito privado, a diferenciação entre contrato oneroso e contrato
gratuito ou benéfico está diretamente relacionada ao exame das vantagens
patrimoniais para cada um dos contratantes. No caso dos contratos onerosos, a
relação jurídica material estabelecida será marcada pela imposição de um ônus para
todas as partes do contrato; o que, no caso em análise, é identificado pela obrigação
da concessionária em disponibilizar o serviço de comunicação contratado, bem como
pela obrigação do consumidor final retribuir o serviço com o preço estabelecido. Nesse
aspecto, para o Direito Privado, o inadimplemento do consumidor final é desinfluente
para o reconhecimento, ou não, da onerosidade do contrato. O mesmo entendimento
ocorre no Direito Tributário.

2.2) Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se o serviço


de inserção de publicidade e veiculação de propaganda em sites da internet deve ser
considerado serviço de comunicação e, consequentemente, permitir ao Estado
considerá-lo como fato gerador do ICMS, na forma da legislação correlata.
RESPOSTA: O serviço de inserção de publicidade e veiculação de propaganda em
sites da internet não deve ser considerado um serviço de comunicação. De acordo
com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), essa atividade é tributada pelo Imposto
Sobre Serviços (ISS), não pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS). O STJ entende que a veiculação de material publicitário em sites não se
enquadra no conceito de serviço de comunicação, sendo, portanto, competência dos
municípios para a tributação (por meio do ISS) conforme a Lei Complementar
157/2016. O ICMS, por sua vez, incide sobre a disponibilização e manutenção da
infraestrutura necessária para a emissão, transmissão e recepção de mensagens, não
abrangendo atividades de publicidade online.

TEMA 05
1) A Empresa ABC LTDA., contribuinte do ICMS por substituição tributária, verifica
que nas vendas efetivamente por ela realizadas, a base de cálculo do tributo foi maior
do que aquela utilizada de forma estimada para o cálculo do tributo devido na
operação de substituição tributária. Postula, assim, perante o Fisco Estadual, a
devolução da diferença de imposto pago a maior em função da utilização efetiva de
base de cálculo maior do que a estimada. À luz da jurisprudência do STF e STJ, analise
o pleito do contribuinte.
RESPOSTA: O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 593.849 RG/MS, sob
o regime de repercussão geral, firmou a compreensão de que "é devida a restituição
da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS pago a
mais no regime de substituição tributária para a frente se a base de cálculo efetiva da
operação for inferior à presumida". Artigo 1.030, II, do CPC/2015.

2) Na operação que remete óleo da unidade industrial no Rio de Janeiro para


distribuidora em Minas Gerais em que há regime de substituição tributária que obriga
o industrial remetente, na qualidade de substituto tributário a recolher,
antecipadamente, o ICMS a favor do Estado de Minas Gerais, a unidade industrial, em
virtude de desconto incondicional oferecido à distribuidora, recolheu o tributo sobre a
base de cálculo abstraída do referido desconto. A autoridade fiscal mineira alega
suposto recolhimento a menor de ICMS em decorrência de erro na formação da base
de cálculo, por não ter o contribuinte incluído na base de cálculo do tributo os
descontos incondicionais. Desta forma, procedeu à autuação da distribuidora, o que
fez esta recorrer às vias judiciárias para infirmar a autuação. Responda,
fundamentadamente, se agiu corretamente a autoridade mineira.

RESPOSTA: A 1ª Turma desta Corte assentou que a disposição do art. 17 da Lei n.


11.033/2004, a qual assegura a manutenção dos créditos existentes de contribuição
ao PIS e da COFINS, ainda que a revenda não seja tributada, não se aplica apenas às
operações realizadas com os destinatários do benefício fiscal do REPORTO. Por
conseguinte, o direito ao creditamento independe da ocorrência de tributação na
etapa anterior, vale dizer, não está vinculado à eventual incidência da contribuição ao
PIS e da COFINS sobre a parcela correspondente ao ICMS-ST na operação de venda
do substituto ao substituído.
A repercussão econômica onerosa do recolhimento antecipado do ICMS-ST, pelo
substituto, é assimilada pelo substituído imediato na cadeia quando da aquisição do
bem, a quem, todavia, não será facultado gerar crédito na saída da mercadoria
(venda), devendo emitir a nota fiscal sem destaque do imposto estadual, tornando o
tributo, nesse contexto, irrecuperável na escrita fiscal, critério definidor adotado pela
legislação de regência.

TEMA 06
1) Em processo de separação em que figuram JOÃO e MARIA, o varão decide "abrir
mão" de sua parte na meação para que todos os bens fiquem na propriedade do
cônjuge virago. No entanto, após o retorno dos autos das Fazendas Estaduais e
Municipais, MARIA é surpreendida com a decisão do juiz, que a mandou pagar os
tributos de transmissão relativo aos imóveis objeto da liberalidade do ex-marido.
Responda fundamentadamente:
a) se MARIA deve realmente recolher tais valores;
b) em caso positivo, quais tributos podem ser cobrados;
c) sobre qual valor devem incidir os tributos?

RESPOSTA: a) Sim, houve doação, portanto Maria deve pagar o ITCMD. Ele abre
mão em benefício dela.
Se Maria compensou financeiramente: compra e venda
Se Maria não compensou financeiramente: doação da parte de João à Maria.
b) ITCMD.
C) A base de cálculo é o valor que excede a meação. Pois a meação ela já tinha, então
o que deve servir para fins de cálculo é o valor que ela está recebendo acima do que
já era seu direito.
A jurisprudência desta Corte (súmula n° 66) é firme no sentido de que, "em partilha
de bens decorrente da separação consensual, em que haja diferença de quinhões sem
indício de reposição, compensação pecuniária ou qualquer onerosidade, incidirá o
imposto estadual de transmissão sobre doações". Nessa perspectiva, haverá fato
gerador apto a incidência do citado tributo quando a partilha dos bens não ocorrer em
conformidade com a meação, ou seja, na divisão patrimonial um dos cônjuges for
beneficiado com uma parte maior da massa de bens do que a que efetivamente lhe
cabia, entendendo-se que o montante excedente se deu por meio de doação, entre
os cônjuges, a justificar a incidência do ITCMD. 3. Por outro lado, se há compensação
financeira efetuada pelas partes em virtude da diferença de quinhões adquiridos, o
imposto incidente é o ITBI, de competência do respectivo ente Municipal, uma vez
que houve transmissão onerosa. 4. No caso concreto, os documentos acostados aos
autos demonstram que, por ocasião da partilha, houve compensação financeira em
razão de quinhão maior recebido pela impetrante, o que não configura o fato gerador
do ITCMD (doação), mas sim do imposto sobre transmissão de bens imóveis de
competência municipal (ITBI), tributo este já quitado pela impetrante.

2) Determinada sociedade empresarial, sediada no Estado de Minas Gerais, efetuou


licenciamento de alguns de seus veículos no Estado de Goiás, e foi surpreendida pelos
dois entes citados, que a notificaram acerca da cobrança do IPVA referente a tais
veículos. A contribuinte pretende o pagamento do imposto no Estado de Goiás, pela
menor carga tributária, mas o Estado de Minas Gerais defende a tributação com base
na Lei Estadual 14.937/2003, cujo art. 1º, parágrafo único, dispõe que "o IPVA incide
também sobre a propriedade de veículo automotor dispensado de registro, matrícula
ou licenciamento no órgão próprio, desde que seu proprietário seja domiciliado no
Estado". Dessa forma, a sociedade propõe a devida demanda consignatória, a fim de
efetuar o correto pagamento do tributo. Responda, fundamentadamente, qual ente
tem a devida capacidade tributária para o caso narrado.
RESPOSTA: Embora o IPVA esteja previsto em nosso ordenamento jurídico desde a
Emenda 27/1985 à Constituição de 1967, ainda não foi editada a lei complementar
estabelecendo suas normas gerais, conforme determina o art. 146, III, da CF/88.
Assim, os Estados poderão editar as leis necessárias à aplicação do tributo, conforme
estabelecido pelo art. 24, § 3º, da Carta, bem como pelo art. 34, § 3º, ADCT.
A presente lide retrata uma das hipóteses de "guerra fiscal" entre entes federativos,
configurando-se a conhecida situação em que um Estado busca aumentar sua receita
por meio da oferta de uma vantagem econômica para o contribuinte domiciliado ou
sediado em outro.
O art. 1º, parágrafo único da Lei Mineira 14.937/2003 encontra-se em sintonia com a
Constituição, sendo válida a cobrança do IPVA pelo Estado de Minas Gerais
relativamente aos veículos cujos proprietários se encontram nele sediados. Tese para
fins de repercussão geral: "A Constituição autoriza a cobrança do Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) somente pelo Estado em que o
contribuinte mantém sua sede ou domicílio tributário.

TEMA 07
1) ULTRALEVE ESCOLA DE PILOTAGEM E ASSESSORIA AERONÁUTICA LTDA impetra
um Mandado de Segurança contra ato do Secretário Municipal de Administração
Tributária, na vara de fazenda pública competente, pretendendo a suspensão da
exigibilidade do crédito tributário do IPTU relativo ao imóvel situado na Av. ABCD nº
3, pertencente à União, no qual explora atividade ligada à aviação. Alega que tal
imóvel foi lhe dado através de contrato de concessão de uso com a INFRAERO, motivo
pelo qual não cabe à impetrante o recolhimento do tributo. Analise,
fundamentadamente, se deve ser deferido o writ.
RESPOSTA: Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público
cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo. Esse é o
entendimento do Plenário, que, em conclusão de julgamento e por maioria, deu
provimento a recurso extraordinário em que se discutia a incidência do Imposto Predial
Territorial Urbano (IPTU) sobre imóvel de propriedade de ente público - no caso, a
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) - concedido a
empresa privada exploradora de atividade econômica com fins lucrativos.
A imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, "a" da CF, não foi concebida com o
propósito de permitir que empresa privada atue livremente no desenvolvimento de
atividade econômica e usufrua de vantagem advinda da utilização de bem público.
Asseverou que a referida previsão decorre da necessidade de observar-se, no contexto
federativo, o respeito mútuo e a autonomia dos entes. Não cabe estendê-la para evitar
a tributação de particulares que atuam no regime da livre concorrência.
Nesse contexto, salientou que, uma vez verificada atividade econômica, nem mesmo
as pessoas jurídicas de direito público gozam da imunidade (CF, art. 150, § 3º).
2) FULANO adquire um imóvel na modalidade alienação fiduciária de bem imóvel, em
que o pagamento se dá em parcelas mensais, muitas vezes alcançando décadas para
a quitação do valor total. Dessa forma, FULANO é o devedor fiduciante e a instituição
financeira que lhe emprestou o dinheiro é o credor fiduciário, restando o imóvel
gravado como garantia ao pagamento da dívida. No contrato em tela, a intenção do
devedor fiduciante, ao oferecer o imóvel como garantia ao contrato de alienação
fiduciária, não é, ao fim e ao cabo, transferir para o credor fiduciário a propriedade
plena do bem, diversamente do que ocorre na compra e venda, mas apenas garantir
o adimplemento do contrato de financiamento a que se vincula, objetivando que,
mediante o pagamento integral da dívida, a propriedade plena do bem seja restituída
ao seu patrimônio, quando então a sua propriedade será plena. No caso de não
pagamento, a lei que regulamenta essa negociação permite que o credor obtenha o
imóvel de forma rápida, segura e efetiva, garantindo assim a normal circulação de
bens no mercado. Dessa forma, responda, fundamentadamente, se a municipalidade
pode eleger o credor fiduciário como sujeito passivo do IPTU.
RESPOSTA: O credor fiduciário, antes da consolidação da propriedade e da imissão
na posse no imóvel objeto da alienação fiduciária, não pode ser considerado sujeito
passivo do IPTU, uma vez que não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas
no art. 34 do CTN.
TEMA 08
1) O Município ajuíza execução fiscal em face de Bruno em razão da inscrição do
contribuinte na Dívida Ativa pela ausência do pagamento do ITBI decorrente da
promessa de compra e venda por ele realizada. O executado oferece exceção de pré-
executoriedade, sob o argumento de que o fato gerador do tributo se dá com o efetivo
registro do imóvel, na forma do art. 1.245 do Código Civil. A Municipalidade alega ser
possível a lei fixar, com base no art. 150, § 7o, da CRFB88, o aspecto temporal do
fato gerador do ITBI em momento anterior ao da lavratura da escritura definitiva, isso
como forma de evitar protelações e até mesmo sonegações do referido tributo.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a exceção deve
ser acolhida ou se o executivo merece trânsito.
RESPOSTA: No caso em tela, não deve haver a antecipação da obrigação tributária
ao pagamento do ITBI. Uma vez que, o fato gerador do ITBI se dá através da efetiva
transferência do bem ao novo proprietário mediante registro em cartório e não em
momento anterior ao da lavratura da escritura (promessa de compra e venda).
Nesse caso não há a possibilidade de antecipação do pagamento do tributo, sendo
inaplicável a substituição tributária progressiva prevista no art. 150, § 7o, pois trata-
se de um tributo monofásico.
Súmula 110. Art. 1124 e sumula 108.
2) Ao adquirir um imóvel, CARLOS se surpreende com o valor do ITBI. Percebeu que
o valor elevado do tributo se deve à base de cálculo do mesmo, qual seja, o valor
venal do imóvel. No entanto, observou que o valor venal do ITBI não é o mesmo valor
venal correspondente à base de cálculo do IPTU, mas muito superior. Dessa forma,
Carlos propõe demanda em face do município e argumenta que não pode haver dois
valores venais a fim de definir, de forma diferente, as bases de cálculo dos tributos
citados. Requer, consequentemente, a redução do valor venal do ITBI de forma a que
seja igual à do IPTU. Responda, fundamentadamente, como deve ser definida a
questão.
RESPOSTA: Nesse caso não há vinculação do valor venal do ITBI com o valor venal
do IPTU, sendo as bases dos respectivos tributos independentes uma da outra.
Não há identidade entre as bases de cálculo do IPTU e do ITBI e suas respectivas
formas de apuração, de modo que os valores lançados podem ser diversos.

TEMA 09
1) Determinado contribuinte que explora o comércio legal de produtos de informática
propõe demanda em que visa a desconstituir o auto de infração lavrado pela
autoridade estadual, que lhe impôs multa pela comercialização de softwares, sem o
devido recolhimento do tributo estadual que entende pertinente. Em sua inicial, o
autor alega que a lavratura foi equivocada, já que, sobre esses produtos, o Estado
não tem competência para a tributação. Responda, fundamentadamente, em no
máximo 20 (vinte) linhas, como deve ser julgado o caso, abordando a evolução
jurisprudencial sobre o tema.
RESPOSTA: O entendimento atual do STF é no sentido de que as operações relativas
ao licenciamento ou cessão do direito de uso de software, seja ele padronizado ou
elaborado por encomenda, devem sofrer a incidência do ISS, e não do ICMS. Tais
operações são mistas ou complexas, já que envolvem um dar e um fazer humano na
concepção, desenvolvimento e manutenção dos programas.
Nesse contexto, o legislador complementar buscou dirimir o conflito de competência
tributária (art. 146, I, da CF), no subitem 1.05 da lista de serviços tributáveis pelo ISS
anexa à Lei Complementar nº 116/03, prevendo o "licenciamento ou cessão de direito
de uso de programas de computação". Com isso, nos termos do entendimento atual,
essas operações não são passíveis de tributação pelo ICMS, independentemente do
meio de disponibilização do programa, conforme o art. 2º da Lei Complementar nº
87/96 e ao art. 1º da Lei do Estado de São Paulo nº 6.374/89, de modo a impedir a
incidência do ICMS sobre o licenciamento ou cessão do direito de uso de programas
de computador.
Assim, é inconstitucional a incidência do ICMS sobre o licenciamento ou cessão do
direito de uso de programas de computador.

2) Determinado contribuinte propõe demanda em face da municipalidade, que tenta


lhe impor cobrança de ISS sobre cessão de direito de uso de espaços em cemitérios
para sepultamento. Em sua inicial, a autora alega que a cessão de direito não é
serviço, mas sim uma obrigação de dar, motivo pelo qual qualquer tentativa de lhe
imputar a exação viola preceitos legais e constitucionais referentes ao referido tributo.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser
julgada a causa.
RESPOSTA: O Supremo Tribunal Federal (STF) considera constitucional a cobrança
do Imposto Sobre Serviços (ISS) na cessão de uso de espaços em cemitérios. Desta
forma, os serviços de sepultamento passam a entrar na lista de serviços da Lei
Complementar 116/2003.
A previsão de incidência do ISS sobre "cessão de uso de espaços em cemitérios para
sepultamento" não pode ser reduzida a uma mera obrigação de dar, no sentido de
locação do espaço físico. Isso porque tal atividade abarca também a custódia e a
conservação dos restos mortais, as quais indubitavelmente se enquadram no conceito
tradicional de serviços.

TEMA 10

1) Determinada sociedade propõe demanda em face da municipalidade, que pretende


lhe cobrar valores referentes ao ISS. Em sua inicial, a autora afirma que adquiriu o
direito de uso de programas de computação desenvolvido de forma personalizada,
motivo suficiente para reconhecer a não incidência tributária. Ademais, alega que o
serviço se iniciou no exterior, de forma que, mesmo que o produto final do serviço
tenha se dado no Brasil, não é cabível a tributação brasileira. Responda,
fundamentadamente, como deve ser julgado o caso.

RESPOSTA: "É constitucional a incidência do ISS no licenciamento ou na cessão de


direito de uso de programas de computação desenvolvidos para clientes de forma
personalizada, nos termos do subitem 1.05 da lista anexa à LC 116/2003."
Incide o Imposto sobre serviços (ISS) no licenciamento ou na cessão de direito de uso
de softwares desenvolvidos para clientes de forma personalizada, mesmo quando o
serviço seja proveniente do exterior ou sua prestação tenha se iniciado no exterior.
Independe se o software é personalizado ou padronizado. Existindo o licenciamento
ou a cessão de direito de uso de programa de computação, deve incidir o imposto
municipal, independentemente de o software ser de um ou de outro tipo. Além disso,
é plenamente válida a incidência do ISS sobre serviço proveniente do exterior ou sobre
serviço cuja prestação se tenha iniciado no exterior, nos termos do art. 1º, § 1º, da
LC 116/03.
2) Determinada sociedade empresarial, localizada no Rio de Janeiro, que explora a
atividade de leasing financeiro há mais de 20 (vinte) anos, pretende recolher valores
referentes ao ISS dos serviços que efetivamente presta. Levando-se em consideração
que ela presta serviço em todo o território nacional, responda, fundamentadamente:

a) qual ente da Federação é o sujeito ativo da capacidade tributário no caso?


b) a resposta anterior seria a mesma, caso o problema se desse há 15 (quinze) anos?
c) se o serviço prestado não fosse o leasing, mas qualquer outro previsto na Lei de
regência da matéria, as duas respostas anteriores seriam as mesmas?

a) Tem-se que o entendimento agora vigente nesta Corte é o seguinte: o sujeito ativo
da relação tributária, na vigência do DL 406/68, é o Município da sede do
estabelecimento prestador (art. 12); a partir da LC 116/03, é aquele onde o serviço é
efetivamente prestado, onde a relação é perfectibilizada, assim entendido o local onde
se comprove haver unidade econômica ou profissional da entidade prestadora.

b) Caso o problema se desse há quinze anos, o sujeito ativo da relação tributária, na


vigência do DL 406/68 seria o Município da sede do estabelecimento prestador (art.
12).

c) Sim. Essa orientação ficou estabelecida não apenas para as hipóteses de leasing,
como também para qualquer espécie de serviço submetido à incidência do ISS.

TEMA 11

1) Determinado contribuinte impugna o lançamento tributário efetuado pela


autoridade fiscal e reclama, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da norma
resultante da aplicação do texto da lei que instituiu a exação a que se refere o
lançamento impugnado. O contribuinte alega que o município criou taxa de
fiscalização e funcionamento fundada na área ocupada pelo estabelecimento
empresarial, o que, segundo afirma, não é critério apto a refletir o custo da atividade
que a administração terá que empreender para desempenhar de forma adequada a
sua atividade. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas,
como deve ser julgado o caso.

RESPOSTA: A base de cálculo da taxa de fiscalização e funcionamento fundada na


área de fiscalização é constitucional, na medida em que traduz o custo da atividade
estatal de fiscalização. Quando a Constituição se refere às taxas, o faz no sentido de
que o tributo não incida sobre a prestação, mas em razão da prestação de serviço
pelo Estado. A área ocupada pelo estabelecimento comercial revela-se apta a refletir
o custo aproximado da atividade estatal de fiscalização.
2) JOÃO, humilde pescador, residente em uma comunidade carente do município de
Itaboraí, todos os dias de manhã vai dirigindo seu FUSCA ano 1965 até Maricá, único
lugar onde consegue pescar os peixes necessários para revenda e para consumo de
sua família. O trajeto que percorre diariamente é a BR-101 e a Rodovia Estadual
Amaral Peixoto. A União, com vistas a arrecadar dinheiro para a recuperação da
estrada, institui cobrança de pedágio em um trecho percorrido por JOÃO. Este, sem
encontrar uma outra via para poder transitar, começa a pagar o pedágio, o que vai
lhe corrompendo o orçamento familiar, e o leva a pensar em mudar de ramo. O
Ministério Público Federal, sabedor de que não só João, mas uma infinidade de
cidadãos de baixa renda são "obrigados" a utilizar a estrada, pagando o respectivo
pedágio, intenta, na competente vara federal, ação civil pública, de modo a condenar
a União à obrigação de não fazer (deixar de cobrar), bem como à restituição dos
valores até agora cobrados às pessoas interessadas. Você é o juiz desta Vara Federal.
Dispensando as questões processuais, decida, unicamente, sobre o mérito da questão.

RESPOSTA: A Lei 8.429/92987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e


permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da CF, mais
especificamente no seu art. 9º, §1º, não condiciona a cobrança de pedágio ao
oferecimento de vias alternativas gratuitas, a não ser que haja expressa previsão em
lei. Constatada a ausência de previsão legal ou contratual que obrigue as
concessionárias a disponibilizar, como opção ao pedágio, vias alternativas urbanas
gratuitas e plenamente trafegáveis aos residentes, não se pode exigir uma obrigação
social (construção de vias adequadas para locomoção) que, originariamente, cabe ao
Poder Público.

TEMA 12

1) O Município do Rio Janeiro enviou notificação à Secretaria Estadual de Transportes


do Rio de Janeiro, exigindo contribuição de melhoria relativa à valorização do imóvel
em que se situava a indicada Secretaria. Neste sentido, o Município fundamentava a
exigência tributária no fato de que havia realizado obras públicas de esgotos pluviais
e de abastecimento de água potável na rua em que se localizava o edifício-sede da
Secretaria Estadual de Transportes, e que essas obras ensejaram inegável valorização
do prédio estadual. Partindo da premissa de que estas obras eram da competência do
Município, na sua opinião, a cobrança da contribuição de melhoria seria possível?
Responda fundamentadamente.

RESPOSTA: De acordo com o art. 2° do DL 195/67, a contribuição de melhoria só


incide sobre a valorização de imóveis de propriedade privada. Ocorre que a
Constituição veda tão-somente a incidência de impostos sobre o patrimônio dos entes
de direito público arrolados no artigo 150, caput, da Constituição, não se referindo às
demais espécies tributárias, o que se leva a crer que a contribuição de melhoria seria
devida no caso concreto.
2) A União Federal, mediante Lei Complementar, institui empréstimo compulsório,
cobrável imediatamente a partir da publicação e vigência da lei, para atender a
despesas extraordinárias decorrentes de uma situação de calamidade pública, nos
termos do artigo 148 da Constituição. PAULO, advogado tributarista contribuinte em
potencial do referido empréstimo compulsório, inconformado, ingressa com ação
judicial visando não se sujeitar a tal exigência, para o que alega, em síntese:
a) que não poderia ser cobrado empréstimo compulsório no mesmo exercício
financeiro;
b) que, por ser o empréstimo compulsório uma espécie de contrato de mútuo,
dependeria da concordância de ambas as partes, o que efetivamente não se deu, não
podendo por isso ser cobrado.
Responda:
1. Poderá a ação de Paulo ser julgada procedente, com base nessas alegações?
2. Dê o conceito de empréstimo compulsório e fale sucintamente sobre as diversas
teorias a respeito de sua natureza jurídica, indicando a que prevalece na doutrina
nacional após a Constituição de 1988.

RESPOSTA: 1º item: A ação de Paulo deverá ser julgada improcedente, em face dos
dois argumentos em que se embasa, ambos em desacordo com a Lei e o Direito. Das
duas modalidades de empréstimo compulsório previstas no artigo 148 da Constituição
Federal, a primeira delas (inciso I), aplicável ao caso, por sua própria natureza (para
atender a despesas urgentes), dispensa a observância do princípio da anterioridade,
podendo, segundo a doutrina, ser inclusive objeto de medida provisória. Ademais, é
induvidosa, mormente após a Constituição de 1988, a natureza tributária do
empréstimo compulsório, previsto que foi no Capitulo atinente ao Sistema Tributário
Nacional. A doutrina que, no Direito Financeiro, defendia tratar-se de contrato coativo
de mútuo e para a qual o empréstimo compulsório era instrumento de crédito público,
classificada como receita de capital, chegou a ser sustentada pela Fazenda Nacional
no regime constitucional anterior então, adotada pelo STF na Súmula 418, não mais
prosperando, contudo, após a CF/88.

2º item: O empréstimo compulsório, no atual regime constitucional brasileiro, é


tributo restituível. Além da teoria que o considerava contrato coativo de mútuo, acima
referida, outras o viam como requisição de dinheiro, semelhante às requisições
militares, como misto de imposto e mútuo ou afirmavam sua natureza tipicamente
tributária, posição que sempre prevaleceu na doutrina brasileira e terminou acolhida
na CF/88.

TEMA 13

1) Município interiorano institui, via lei ordinária, contribuição de iluminação pública,


cuja cobrança será realizada na fatura de energia elétrica, com alíquota de 3, 5 e 6
por cento, de acordo com a faixa de consumo de energia. Esta lei é objeto de
representação de inconstitucionalidade, na qual o autor alega a inconstitucionalidade
formal da lei e a violação dos princípios da capacidade contributiva, da razoabilidade
e da isonomia. Responda fundamentadamente como deve ser julgada a
representação.
RESPOSTA: A instituição de Contribuição de Iluminação Pública pelos Municípios está
amparada no art. 149-A da CF. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação
pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único.
O STJ decidiu pela constitucionalidade da instituição de contribuição para o custeio do
serviço de iluminação pública com alíquota progressiva. Note-se que a instituição de
cobrança progressiva não implica, necessariamente, em afronta ao princípio da
isonomia, da capacidade contributiva e da razoabilidade. Ademais, cabe mencionar
que a cobrança progressiva leva em consideração a capacidade econômica do
contribuinte, em consonância com o art. 145, § 1º, da CRFB.

2) Determinada sociedade que explora o serviço de transporte rodoviário propõe


demanda de repetição de indébito em que objetiva a devolução de valores recolhidos
a título de PIS, COFINS e CSLL. Aduz em sua inicial que as alterações efetuadas no
art. 76 do ADCT da CRFB88, que permitiu a desvinculação das receitas, desnaturou a
natureza de tais contribuições, motivo pelo qual o recolhimento das mesmas encontra-
se divorciado do ordenamento jurídico. Responda, fundamentadamente, como deve
ser julgada a causa.

RESPOSTA: Segundo o entendimento atual do STF, a eventual inconstitucionalidade


de desvinculação de receita de contribuições sociais não acarreta a devolução ao
contribuinte do montante correspondente ao percentual desvinculado.
DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA UNIÃO (DRU). ART. 76 DO ADCT. ART. 1ª-A DA
LEI 10.336/2001.

TEMA 14

1) Após restar vencedor em demanda em face de determinado ente público, que


reconheceu o direito de JOSÉ à percepção de determinada gratificação cujo valor
respectivo foi devidamente inscrito em precatório (descontados contribuição
previdenciária e imposto sobre a renda), o autor efetua cessão de crédito deste
precatório para AURIMAR, que ofereceu ao autor o valor do mesmo com deságio de
20% (vinte por cento). No entanto, JOSÉ propõe outra demanda, desta vez em face
da União, uma vez que a mesma lhe cobra Imposto sobre a Renda, cujo fato gerador
seria o valor que percebeu de AURIMAR, o que o mesmo entende inoportuno.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se a cobrança é
cabível.
RESPOSTA: O recebimento de valor correspondente à contrapartida de cessão de
crédito de precatório já tributado pelo IRPF como rendimento salarial não enseja nova
incidência do imposto (ganho de capital) quando a operação envolve deságio.
2) FULANA propõe demanda em face da União, em que visa a infirmar a cobrança de
Imposto sobre a Renda que a ré pretende lhe imputar. A autora alega que recebeu
indenização e outras verbas no âmbito de ação ordinária, em que se discutiu: (i) a
emissão de ações em quantidade inferior àquela que era devida ao Recorrente no
âmbito das privatizações do setor de telefonia; e (ii) a reparação do prejuízo causado
pela empresa de telefonia por conta da emissão de ações em quantidade inferior à
devida, acrescido de juros e correção monetária. Afirma que o quantum indenizatório
por si recebido restou composto por diversas rubricas: o valor decorrente da (a)
diferença de subscrição de ações em si, o pagamento de (b) bonificações, (c)
dividendos, (d) juros sobre capital próprio - JCP, (e) juros de mora e (f) correção
monetária. Argumenta que tais rubricas não constituem renda, uma vez que
indenizatórias, já que decorrem de ato ilícito e se constituem em recomposição de um
valor que o contratante pagou para ter direito às ações da companhia telefônica,
títulos mobiliários que, porém, não foram subscritos e cujo valor precisa ser reposto
de algum modo (neste caso, a recomposição se deu em dinheiro, por força da
sentença judicial citada). Responda, fundamentadamente, em no máximo 20 (vinte)
linhas, como deve ser julgado o caso.

RESPOSTA: A aparente indenização que trata o caso concreto em questão,


corresponde à variação do preço. Elas não são consideradas pura e simplesmente
recomposição de patrimônio, mas tem a natureza de lucro cessante. Sendo lucro
cessante, ela equivale a um acréscimo patrimonial, não é a mera recomposição de
patrimônio. Diferente se estivéssemos diante de um contexto de mera recomposição.
No caso em questão, os lucros cessantes são considerados uma espécie de ganho de
capital, dessa maneira, devem ser tributados. Motivo pelo qual, foi determinado a
tributação em todos os casos expostos.

TEMA 878 STJ RESP 1470443 RESP 1697606

TEMA 15

1) JOAQUIM propõe demanda em face da União, em que requer a anulação de autos


de infração por não recolhimento do Imposto sobre a Renda e a declaração de
inexistência de relação jurídica tributária. Em sua inicial, o autor alega que tem 19
anos e recebe pensão alimentícia de seu pai, estipulada em sentença transitada em
julgado quando ainda era menor impúbere e, sobre os valores recebidos, a Fazenda
pretende recolher o referido imposto, tendo aplicado multa referente aos últimos 5
(cinco) anos não recolhidos. Dessa forma, o autor entende indevido o pagamento que
gerou toda a celeuma, motivo pelo qual promoveu a demanda citada. Responda,
fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o
caso.
RESPOSTA: Segundo o atual entendimento do STF, é inconstitucional norma que
prevê a incidência do IR sobre valores percebidos pelo alimentado a título de alimentos
ou pensão alimentícia. O recebimento da renda ou provento de qualquer natureza
pelo alimentante, de onde ele retira a parcela a ser paga ao credor dos alimentos, já
configura por si só fato gerador do IR. Por isso, submeter também os valores recebidos
pelo alimentado representa nova incidência do mesmo tributo sobre a mesma
realidade, configurando bis in idem camuflado e sem justificação legítima e evidente
violação à Constituição.

2) Determinado contribuinte, pessoa física, sujeito ao IRPF tem seu imposto retido na
fonte pela entidade que lhe paga salário. Ao final do ano-base, apresenta declaração
de ajuste, normalmente no último dia do mês de abril do ano-base seguinte. Assim,
qual tipo de lançamento vincula o tributo supracitado? Qual o efeito da apresentação
da declaração de ajuste anual? Considerando que a declaração de ajuste pode conter
valor a menor de imposto a pagar, que postura e em que prazo deve a Administração
Fazendária agir para cobrar tal diferença? Respostas fundamentadas.

RESPOSTA: Lançamento por Homologação, art. 150 e parágrafos. A correção se dará


por Lançamento de Ofício, art. 149 do CTN, obedecido o seu parágrafo único. O
lançamento do IR se dá por homologação, na forma do art. 150, e §§s do CTN.
A declaração de ajuste anual é uma obrigação acessória que, se descumprida, gera
multa – uma obrigação principal. No caso de imposto recolhido a menor, a Fazenda
deve cobrar a diferença, e para cobrar essa diferença, incide o prazo prescricional de
5 anos. A partir da LC 118/05, o prazo começa a contar a partir do pagamento.

TEMA 16

1) Determinado estabelecimento importador propõe demanda em face da União em


que visa a afastar um suposto bis in idem referente à cobrança do IPI. Alega o
demandante que houve violação aos artigos 46, I, II e parágrafo único; 47, I, II; 51,
I, II e parágrafo único, do CTN. Sustenta que não cabe a dupla incidência do IPI, no
desembaraço aduaneiro e na saída da mercadoria do estabelecimento comercial já
que as hipóteses do art. 46, do CTN seriam alternativas e não cumulativas. Aduz que
quando da importação há a incidência de IPI no desembaraço aduaneiro dos produtos
importados, mas a saída de produtos de estabelecimentos somente será tributada
quando estes forem de procedência nacional, isto é, produzidos no país, eis que os de
procedência estrangeira já foram devidamente tributados no desembaraço, como se
fosse a etapa final da cadeia produtiva porquanto já são produtos manufaturados.
Pede que seja afastada a incidência de IPI sobre a saída das mercadorias importadas
quando inexistir qualquer tipo de industrialização do produto. Responda,
fundamentadamente, como você julgaria a causa.
RESPOSTA: Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI
quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo
que não tenham sofrido industrialização no Brasil. Não há qualquer ilegalidade na
incidência do IPI na saída dos produtos de procedência estrangeira do
estabelecimento do importador, já que equiparado a industrial pelo art. 4º, I, da Lei
n. 4.502/64, com a permissão dada pelo art. 51, II, do CTN.

2) Determinado contribuinte propõe demanda em que requer a repetição do indébito


de valores recolhidos a título de IPI, sob o fundamento de que, na saída da mercadoria
do estabelecimento industrial, a mesma fora roubada antes da concretização do
negócio jurídico, qual seja, a efetiva entrega do produto ao adquirente da operação.
A União responde e alega que a tributação é cabível, uma vez que o fato gerador do
tributo é a saída do estabelecimento industrial. Responda, fundamentadamente, em
no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o caso.

RESPOSTA: Na hipótese em que ocorre o roubo/furto da mercadoria após a sua saída


do estabelecimento do fabricante, a operação mercantil não se concretiza, inexistindo
proveito econômico para o fabricante sobre o qual deve incidir o tributo. Ou seja, não
se configura o evento ensejador de incidência do IPI, não gerando, por conseguinte,
a obrigação tributária respectiva.

TEMA 17

1) Após a saída física de determinada mercadoria industrializada do estabelecimento


de um contribuinte para o de outro, em que ela seria também industrializada para se
chegar ao produto final, aconteceu um roubo que impossibilitou a realização do
negócio jurídico e a consequente entrada da mercadoria no segundo estabelecimento.
Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, se, nesse caso, é
cabível a imposição do IPI.

RESPOSTA: O atual entendimento do STJ é no sentido que a operação passível de


incidência da exação é aquela decorrente da saída do produto industrializado do
estabelecimento do fabricante e que se aperfeiçoa com a transferência da propriedade
do bem, porquanto somente quando há a efetiva entrega do produto ao adquirente a
operação é dotada de relevância econômica capaz de ser oferecida à tributação.
Portanto, na hipótese em que ocorre o roubo/furto da mercadoria após a sua saída
do estabelecimento do fabricante, a operação mercantil não se concretiza, inexistindo
proveito econômico para o fabricante sobre o qual deve incidir o tributo. Ou seja, não
se configura o evento ensejador de incidência do IPI, não gerando, por conseguinte,
a obrigação tributária respectiva.
2) Determinada sociedade contribuinte de IPI propõe demanda em face da União em
que pretende infirmar o auto de infração lavrado e a multa aplicada pela autoridade
tributária. A autora alega que, por estratégia de marketing para estimular o público
infanto-juvenil ao consumo, oferece uma régua como brinde pela compra de um
recipiente destinado à armazenagem e à proteção dos biscoitos. Dessa forma, entende
que tem direito ao creditamento do valor da régua, do que discordou a autoridade
tributária. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como
deve ser julgado o caso.

RESPOSTA: Os brindes, produtos perfeitos e acabados em processo industrial


próprio, incluídos em outros produtos industrializados, não geram direito ao
creditamento de IPI.
O art. 11 da Lei n. 9.779/1999 assegura o creditamento de IPI na aquisição de
matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem aplicados na
industrialização do produto final, quer estes lhe integrem, quer sejam consumidos no
processo de industrialização. Os brindes (produtos perfeitos e acabados em processo
industrial próprio) incluídos em pacotes de outros produtos industrializados não os
compõem nem se confundem com material de embalagem e, por isso, não geram
direito ao creditamento de IPI. De fato, não há como entender, por exemplo, que uma
régua possa integrar um recipiente destinado à armazenagem e à proteção dos
biscoitos; é item independente utilizado como estratégia de marketing para estimular
o público infanto-juvenil ao consumo, e, por óbvio, não integra do processo de
industrialização dos biscoitos, produto final.

TEMA 18

1) Caio adquiriu mercadoria no mercado interno, com documentação fiscal regular de


contribuinte legalmente estabelecido comercialmente no Brasil. A SRF apreendeu a
mercadoria, tendo em vista que ficou comprovada a sua importação irregular pelo
estabelecimento comercial. Caio impugna a apreensão, dizendo-se comprador de boa-
fé. Analise a questão, a considerar que as mercadorias realmente foram
irregularmente importadas, mas adquiridas de boa-fé por Caio.

RESPOSTA: Não sendo o autor responsável pela importação tida como irregular e
não tendo ele o dever de fiscalizar a regularidade da importação precedente, a par de
encontrar-se toda a mercadoria acompanhada da respectiva nota fiscal, único
documento exigível para a operação de compra e venda no mercado interno, não pode
ele ser autuado. Assim, considera-se improcedente a alegação da União de que a boa
fé da autora deveria ser afastada uma vez que a mercadoria por ela comprada não
poderia ser importada por impedimento legal, na medida em que não fez prova desse
argumento. Tal conduta somente pode ser imputada ao importador ou a beneficiário
que esteja associado à conduta do importador ou, ainda, se o comprador das
mercadorias no mercado interno não comprovar de forma eficaz a aquisição regular
das mercadorias.

2) A Usina Cristal S/A interpôs Recurso Extraordinário em face da União contra o


acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que indeferiu pedido
de isenção do Imposto de Importação para fins de reposição de estoque, por idêntica
quantidade, de álcool importado e submetido, no país, a processo de industrialização
por beneficiamento, do qual resultou alteração do teor alcoólico do produto. Alega a
recorrente que faz jus ao RAE do drawback isenção, tendo em vista que o regime é
considerado forma de incentivo à exportação, e que a industrialização do produto e
sua posterior exportação constituem o próprio objeto do regime na modalidade
isenção. Responda, fundamentadamente, no que consiste o regime do "drawback".

RESPOSTA: Drawback é a operação pela qual a matéria-prima ingressa em território


nacional com isenção ou suspensão de impostos, para ser reexportada após sofrer
beneficiamento. O artigo 60, da Lei nº 9.069/95, dispõe que: "a concessão ou
reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e
contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à
comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e
contribuições federais. Destarte, ressoa ilícita a exigência de nova certidão negativa
de débito no momento do desembaraço aduaneiro da respectiva importação, se a
comprovação de quitação de tributos federais já fora apresentada quando da
concessão do benefício inerente às operações pelo regime de drawback.

TEMA 19

1) Determinada empresa de factoring pretende ver-se desonerada do pagamento do


IOF. Aduz, para tanto, que promove simples intermediação de títulos, operação de
Direito Mercantil ou Comercial e não Financeira ou Bancária, como prevê o art. 192
da CRFB/88, combinado com os arts. 109/110, CTN. Por fim, ressalta que o factoring
não se enquadra no art. 153, V da CRFB/88. À luz do art. 58 da Lei nº 9532/97, analise
a questão.

RESPOSTA: As empresas de factoring são distintas das instituições financeiras, não


integrando o Sistema Financeiro Nacional. Não há atividade bancária no factoring nem
vinculação entre o contrato de factoring e as atividades desenvolvidas pelas
instituições financeiras. O fato de as empresas de factoring não necessitarem ser
instituições financeiras não é razão suficiente para inquinar de inconstitucional a
norma questionada. E isso porque nada há na Constituição.
No caso do conventional factoring, há, inegavelmente, uma antecipação de recursos
financeiros, pois, ordinariamente, o empresário aguarda o vencimento dos créditos
decorrentes da venda de mercadorias a seus clientes. Cedendo tais créditos ao factor,
o empresário recebe no presente aquilo que ele somente perceberia no futuro,
descontado, evidentemente, o fator de compra, que é a própria remuneração do
factor. Também é constitucional a incidência do IOF sobre o maturity factoring. Nessa
modalidade de faturização (como na modalidade conventional factoring), as
alienações de direito creditório podem ser enquadradas no art. 153, inciso V, da
Constituição Federal, na parte referente a “operações relativas a títulos ou valores
mobiliários”. 6. A alienação de direitos creditórios a empresa de factoring envolve,
sempre, uma operação de crédito ou uma operação relativa a títulos ou valores
mobiliários. É, aliás, própria do IOF a possibilidade de ocorrência de superposição da
tributação das operações de crédito e daquelas relativas a títulos e valores mobiliários,
motivo pelo qual o Código Tributário Nacional, no parágrafo único do seu art. 63, traz
uma regra de tributação alternativa, de sorte a evitar o bis in idem.

2) Determinado contribuinte de ITR propõe demanda em que visa a desconstituir o


lançamento tributário em que considera como base de cálculo do tributo o total da
área rural, levando em consideração as áreas de preservação permanente e reserva
legal. Em sua inicial, sustenta que há previsão legal de isenção do tributo em relação
a tais áreas, e que o texto isentivo não obriga o contribuinte a averbar, na matrícula
do imóvel, tais espaços: fato considerado necessário pela autoridade tributária. Alega
também que a averbação tem natureza declaratória, não servindo de condição para
constituir o direito à isenção. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15
(quinze) linhas, como deve ser julgada a causa.

RESPOSTA: A pretensão da União, merece acolhida quanto ao ponto não apreciado


no anterior julgamento. Isso porque a jurisprudência do STJ assenta ser "[...]
imprescindível a averbação da área de reserva legal à margem da inscrição de
matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, para que o contribuinte
obtenha a isenção do imposto territorial rural prevista no art. 10, II, "a", da Lei n.
9.393/96. Os embargos de declaração são cabíveis quando o provimento jurisdicional
padece de missão, contradição ou obscuridade, consoante o que dispõe o art. 535, I
e II, do CPC/1973, bem como para sanar a ocorrência de erro material.

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