MODELAGEM DO COMPORTAMENTO

Profº Scarton - Psicologia - UNIFASIPE

O QUE É MODELAGEM?
A MODELAGEM DO COMPORTAMENTO É UMA
TÉCNICA UTILIZADA NA ANÁLISE
EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO PARA
ENSINAR NOVOS COMPORTAMENTOS POR MEIO
DE REFORÇO DIFERENCIAL DE APROXIMAÇÕES
SUCESSIVAS. EM OUTRAS PALAVRAS, É UM
PROCESSO PELO QUAL COMPORTAMENTOS
DESEJADOS SÃO INCENTIVADOS E REFORÇADOS
GRADUALMENTE, À MEDIDA QUE SE APROXIMAM
DO COMPORTAMENTO ALVO DESEJADO.
O QUE É MODELAGEM?
SEGUNDO HÜBNER ET AL, [...] OUTRA MANEIRA
PELA QUAL NOVAS RELAÇÕES COMPORTAMENTAIS SE
DESENVOLVEM ALICERÇADAS EM RELAÇÕES
ESTABELECIDAS EM APRENDIZAGENS PRÉVIAS É A
MODIFICAÇÃO GRADUAL DA TOPOGRAFIA DE UMA
RESPOSTA JÁ EVOCADA POR CERTA CLASSE DE
ESTÍMULOS. COMO DITO ANTERIORMENTE, SEMPRE HÁ
ALGUM GRAU DE VARIABILIDADE NAS RESPOSTAS
EMITIDAS POR UM ORGANISMO.
O QUE É MODELAGEM?
MODELAGEM É UM PROCEDIMENTO DE
REFORÇAMENTO DIFERENCIAL DE
APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS DE UM
COMPORTAMENTO ALVO.
O RESULTADO FINAL É UM NOVO
COMPORTAMENTO QUE PASSA A FAZER
PARTE DO REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL
DO ORGANISMO.
 COMPORTAMENTO
APROXIMADO

Quando um
comportamento desejado
é complexo ou não é REPERTÓRIO DE
COMPORTAMENTO
exibido naturalmente pelo COMPORTAMENTOS
DO INDIVÍDUO DESEJADO
indivíduo, a aproximação
do comportamento torna-
se uma estratégia eficaz
para incentivá-lo.
Segundo Lombard-Platet

Utilidade

A modelagem é utilizada:
a. Para instalar novas respostas
ainda não existentes no repertório
comportamental de um organismo;
b. Por ser um método que visa
facilitar a aprendizagem
ETAPAS DA MODELAGEM
1 Escolha da resposta terminal (objetivo);

2 Escolha de um reforçador potencial a ser usado durante o procedimento;

3 Escolha da resposta inicial;

4 Reforçar a resposta inicial até que ela esteja condicionada, ocorrendo com
uma frequência regular. Depois, uma resposta intermediária que mais se
aproxime do comportamento terminal é escolhida e reforçada; e assim é feito
sucessivamente, reforçando-se cada uma das respostas intermediárias, até
que o comportamento terminal ocorra, quando então é reforçado diretamente.
 EXEMPLOS
PARA ENSINAR UM CACHORRO A BUSCAR O JORNAL NA PORTA
TODAS AS MANHÃS, COMEÇAMOS DIVIDINDO O COMPORTAMENTO EM
ETAPAS MENORES. PRIMEIRO, REFORÇAMOS QUANDO O CACHORRO
SE APROXIMA DA PORTA AO PERCEBER QUE O JORNAL FOI
COLOCADO LÁ FORA. A CADA SUCESSO NESSA ETAPA, SEJA COM
PETISCOS OU ELOGIOS, AVANÇAMOS PARA A PRÓXIMA FASE, COMO
PEGAR O JORNAL DA PORTA. A PROGRESSÃO CONTINUA ATÉ QUE O
CACHORRO DOMINE TODAS AS ETAPAS, ENCADEANDO AS RESPOSTAS
DE SE APROXIMAR DA PORTA, PEGAR O JORNAL E TRAZÊ-LO
PARA DENTRO DA CASA. DURANTE TODO O PROCESSO,
FORNECEMOS FEEDBACK CONSTANTE E AJUSTAMOS OS CRITÉRIOS
DE REFORÇO CONFORME NECESSÁRIO PARA GARANTIR QUE O
CACHORRO APRENDA COM SUCESSO. ESSA MODELAGEM GRADUAL
DO COMPORTAMENTO PERMITE CONSOLIDAR A NOVA
HABILIDADE DE FORMA EFICAZ E DURADOURA.
 EXEMPLOS
PARA ILUSTRAR A MODELAGEM DO COMPORTAMENTO NA
EDUCAÇÃO, CONSIDEREMOS O EXEMPLO DO TREINAMENTO DE
UM ESTUDANTE PARA RESOLVER PROBLEMAS MATEMÁTICOS
COMPLEXOS. INICIALMENTE, O ESTUDANTE É REFORÇADO
QUANDO DEMONSTRA INTERESSE EM RESOLVER PROBLEMAS
SIMPLES. CONFORME ELE PROGRIDE, OS PROBLEMAS SÃO
GRADUALMENTE AUMENTADOS EM COMPLEXIDADE, COM
REFORÇOS FORNECIDOS EM CADA ETAPA DE AVANÇO. O
FEEDBACK CONSTANTE E OS AJUSTES NOS CRITÉRIOS
DE REFORÇO GARANTEM O SUCESSO DO TREINAMENTO,
LEVANDO O ESTUDANTE A DESENVOLVER A HABILIDADE
DE RESOLVER PROBLEMAS MATEMÁTICOS DESAFIADORES
DE FORMA INDEPENDENTE.
 EXEMPLOS
PARA EXEMPLIFICAR A MODELAGEM DO COMPORTAMENTO UTILIZANDO
O MÉTODO ABA (ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA, EM
INGLÊS APPLIED BEHAVIOR ANALYSIS) COM UMA CRIANÇA AUTISTA,
CONSIDERE O TREINAMENTO PARA DESENVOLVER HABILIDADES
SOCIAIS BÁSICAS, COMO FAZER CONTATO VISUAL. INICIALMENTE,
O COMPORTAMENTO ALVO É DIVIDIDO EM ETAPAS MENORES,
COMEÇANDO COM A SIMPLES TENTATIVA DA CRIANÇA DE OLHAR
BREVEMENTE NA DIREÇÃO DOS OLHOS DO INTERLOCUTOR, SEGUIDA
PELO AUMENTO GRADUAL DA DURAÇÃO DESSE CONTATO VISUAL.
UTILIZANDO REFORÇOS, COMO ELOGIOS OU RECOMPENSAS, A
CRIANÇA É INCENTIVADA A PROGREDIR EM CADA ETAPA. O
PROCESSO É ADAPTADO CONFORME A CRIANÇA DEMONSTRA
PROGRESSO, COM FEEDBACK CONSTANTE E AJUSTES NOS CRITÉRIOS
DE REFORÇO. AO FINAL DO TREINAMENTO, ESPERA-SE QUE A
CRIANÇA DESENVOLVA A HABILIDADE DE FAZER CONTATO VISUAL DE
FORMA MAIS CONSISTENTE E PROLONGADA, MELHORANDO SUA
 ASPECTOS SUCETÍVEIS DE MODELAGEM
TOPOGRAFIA: SE A INTENÇÃO É ALTERAR A MANEIRA ESPECÍFICA
COMO O INDIVÍDUO EXECUTA UMA AÇÃO. EMBORA CONHEÇA O
COMPORTAMENTO, BUSCA-SE MODIFICAR OS MOVIMENTOS ESPECÍFICOS
ENVOLVIDOS NELE. POR EXEMPLO, QUANDO UMA PESSOA ANDA COM
PASSOS CURTOS PARA NÃO CAIR E DESEJA-SE QUE ELA COMECE A
DAR PASSOS MAIS LONGOS.

FREQUÊNCIA: A MOLDAGEM TAMBÉM É ÚTIL PARA AUMENTAR OU

DIMINUIR O NÚMERO DE VEZES QUE UM COMPORTAMENTO CONHECIDO É
EXECUTADO.

DURAÇÃO: ESTA TÉCNICA TAMBÉM É ÚTIL PARA REDUZIR OU

AUMENTAR A DURAÇÃO DE UM COMPORTAMENTO. POR EXEMPLO, A
QUANTIDADE DE TEMPO QUE UMA CRIANÇA FICA SENTADA EM UMA
MESA ESTUDANDO OU EM SALA DE AULA PODE SER MOLDADA.
 ASPECTOS SUCETÍVEIS DE MODELAGEM
LATÊNCIA: LATÊNCIA É O TEMPO QUE DECORRE ENTRE O
APARECIMENTO DE UM ESTÍMULO E A EMISSÃO DE UMA
RESPOSTA. UM COMPORTAMENTO PODE SER MOLDADO DE FORMA
A APARECER O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL PARA UM ESTÍMULO
ESPECÍFICO. ISSO PODE SER APLICADO PARA ENSINAR AS
CRIANÇAS A IREM AO BANHEIRO SOZINHAS.

INTENSIDADE: A FORÇA COM A QUAL UM COMPORTAMENTO É

REALIZADO PODE SER MOLDADA. POR EXEMPLO, NO CASO DE
UMA MENINA COM POUCOS AMIGOS OU ISOLAMENTO SOCIAL,
SEU TOM DE VOZ PODE SER MOLDADO POR MEIO DE
APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS PARA QUE AOS POUCOS SE TORNE
MAIS INTENSO.
ELEMENTOS DA ETAPA
DE MODELAGEM
DEFINIÇÃO DO COMPORTAMENTO ALVO

ANÁLISE DO REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL

APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS

ENCADEAMENTO DE COMPORTAMENTOS
 DEFINIÇÃO DO COMPORTAMENTO ALVO

DEFINIR O COMPORTAMENTO ALVO É UMA ETAPA CRUCIAL NO

PROCESSO DE MODELAGEM DO COMPORTAMENTO. TRATA-SE DE
IDENTIFICAR CLARAMENTE QUAL COMPORTAMENTO ESPECÍFICO SE
PRETENDE ENSINAR OU MODIFICAR. ESSA DEFINIÇÃO PRECISA SER
PRECISA E MENSURÁVEL, DE MODO QUE SEJA POSSÍVEL AVALIAR
OBJETIVAMENTE O PROGRESSO DO INDIVÍDUO DURANTE O PROCESSO
DE MODELAGEM.
AO ESTABELECER CLARAMENTE QUAL COMPORTAMENTO SE DESEJA
ALCANÇAR, O TERAPEUTA PODE PLANEJAR ESTRATÉGIAS ESPECÍFICAS
DE MODELAGEM E SELECIONAR OS REFORÇOS ADEQUADOS PARA
AUMENTAR A EMISSÃO O COMPORTAMENTO DESEJADO.
 ANÁLISE DO REPERTÓRIO COMPORTAMENTAL

ANTES DE INICIAR O PROCESSO DE MODELAGEM, É ESSENCIAL

REALIZAR UMA ANÁLISE DETALHADA DO REPERTÓRIO
COMPORTAMENTAL DO INDIVÍDUO, IDENTIFICANDO COMPORTAMENTOS
EXISTENTES E AUSENTES. A PARTIR DESSA ANÁLISE, UM
COMPORTAMENTO NATURAL DO SUJEITO, COMO SEGURAR UM OBJETO,
PODE SER ESCOLHIDO COMO PONTO DE PARTIDA PARA INICIAR O
PROCESSO DE MODELAGEM.
UTILIZANDO REFORÇO POSITIVO, POR EXEMPLO, O TERAPEUTA
MOLDA PROGRESSIVAMENTE COMPORTAMENTOS MAIS COMPLEXOS,
CONSTRUINDO SOBRE AS HABILIDADES EXISTENTES DO SUJEITO E
PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO DO REPERTÓRIO
COMPORTAMENTAL.
 APROXIMAÇÃO SUCESSIVA
APROXIMAÇÃO SUCESSIVA É O REFORCAMENTO DIFERENCIAL
DE RESPOSTAS NO REPERTÓRIO DO SUJEITO QUE POSSUEM
ALGUMA CARACTERÍSTICA TOPOGRÁFICA SIMILAR COM O
COMPORTAMENTO ALVO, QUE SEJA UM PRÉ-REQUISITO PARA O
COMPORTAMENTO ALVO.

UMA VEZ QUE ESTA RESPOSTA ESTEJA BEM ESTABELECIDA, O

CRITERIO DE REFORÇAMENTO PASSA PARA UMA OUTRA
RESPOSTA, QUE SE APROXIME AINDA MAIS DO
COMPORTAMENTO FINAL. E ASSIM POR DIANTE, ATÉ QUE O
SUJEITO PASSE A EMITIR O COMPORTAMENTO ALVO.
 APROXIMAÇÃO SUCESSIVA - 2

REFORÇAMENTO DIFERENCIAL É UMA ESTRATÉGIA

COMPORTAMENTAL QUE ENVOLVE A SELEÇÃO E
REFORÇO DE COMPORTAMENTOS DESEJADOS,
ENQUANTO COMPORTAMENTOS INDESEJADOS SÃO
IGNORADOS OU NÃO REFORÇADOS. ISSO É FEITO
PARA FORTALECER E AUMENTAR A FREQUÊNCIA DOS
COMPORTAMENTOS DESEJADOS, AO MESMO TEMPO EM
QUE REDUZ OU ELIMINA COMPORTAMENTOS
PROBLEMÁTICOS.
 ENCADEAMENTO DE COMPORTAMENTOS
Na modelagem, o encadeamento de comportamentos é
utilizado para ensinar sequências complexas de ações,
dividindo-as em etapas menores e ensinando-as
sequencialmente, de forma que cada resposta sirva como
estímulo discriminativo para a próxima resposta na
cadeia.
Essa técnica é particularmente útil quando o
comportamento alvo envolve uma série de ações ou
habilidades que devem ser executadas em uma ordem
específica. Por exemplo, ensinar uma criança a lavar as
mãos envolve uma sequência de comportamentos, como abrir
a torneira, ensaboar as mãos, enxaguar e secar.
 ENCADEAMENTO DE COMPORTAMENTOS
Como o encadeamento de comportamentos poderia ser
aplicado para ensinar uma criança a fazer um sanduíche
simples. Vamos dividir o processo em etapas menores e
ensinar cada etapa sequencialmente.
1. PEGAR O PÃO:

INSTRUA A CRIANÇA A PEGAR UMA

FATIA DE PÃO DA EMBALAGEM.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO
QUANDO A CRIANÇA PEGAR
CORRETAMENTE A FATIA DE PÃO.
2. PEGAR O QUEIJO:

INSTRUA A CRIANÇA A ABRIR A

EMBALAGEM DE QUEIJO E PEGAR UMA
FATIA.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO
QUANDO A CRIANÇA PEGAR
CORRETAMENTE A FATIA DE QUEIJO.
3. COLOCAR O QUEIJO NO PÃO:

INSTRUA A CRIANÇA A COLOCAR A

FATIA DE QUEIJO EM CIMA DE UMA
FATIA DE PÃO.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO
QUANDO A CRIANÇA COLOCAR O
QUEIJO NO PÃO CORRETAMENTE.
4. PEGAR O PRESUNTO:

INSTRUA A CRIANÇA A ABRIR A

EMBALAGEM DE PRESUNTO E PEGAR
UMA FATIA.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO QUANDO
A CRIANÇA PEGAR CORRETAMENTE A
FATIA DE PRESUNTO.
5. COLOCAR O PRESUNTO NO PÃO:

INSTRUA A CRIANÇA A COLOCAR A

FATIA DE PRESUNTO EM CIMA DA FATIA
DE PÃO COM QUEIJO.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO QUANDO
A CRIANÇA COLOCAR O PRESUNTO NO
PÃO CORRETAMENTE.
6. FECHAR O SANDUÍCHE:

INSTRUA A CRIANÇA A PEGAR OUTRA

FATIA DE PÃO E COLOCÁ-LA EM CIMA DO
PRESUNTO PARA FECHAR O SANDUÍCHE.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO QUANDO
A CRIANÇA FECHAR O SANDUÍCHE
CORRETAMENTE.
7. CORTAR O SANDUÍCHE (OPCIONAL):

SE DESEJAR, INSTRUA A CRIANÇA A

CORTAR O SANDUÍCHE AO MEIO.
FORNEÇA FEEDBACK POSITIVO QUANDO
A CRIANÇA CORTAR O SANDUÍCHE
CORRETAMENTE.
NÃO IMEDIATO,
ESQUECENDO CONSISTENTE,

QUE O SIGNIFICATIVO,

REFORÇO VARIADO,
GRADUAL,
DEVE
ADEQUADO.
SER...
 BIBLIOGRAFIA

CATANIA, A. Charles. Aprendizagem e Comportamento Humano. 5. ed. Porto

Alegre: Artmed, 2016.
HÜBNER, Maria Marta Costa; MOREIRA, Márcio Borges (Orgs.). Temas
Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento.
Editores da Série: Silvares, Edwiges Ferreira de Mattos; Assumpção
Junior, Francisco Baptista; Priszkulnik, Léia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2012.
LÜMBARD-PLATET, Vera Varanda; WATANABE, Olga Maria; CASSETARI, Leila.
Psicologia Experimental: Manual Teórico e Prático do Comportamento. 5.
ed. revista e ampliada. São Paulo: EDICON, 2015.
MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios Básicos
de Análise do Comportamento [recurso eletrônico]. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2019. E-PUB.