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DIREITO DO TRABALHO
Relações de Trabalho e Relação de Emprego

RELAÇÕES DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO


Quando se fala em relações de trabalho, fala-se sobre um gênero e, dentro desse
gênero, existem algumas espécies, como a relação de emprego, relação de trabalho
voluntário, trabalho eventual, trabalho avulso, trabalho autônomo, estágio etc.

DIRETO DO CONCURSO
9. (FCC/TRT/2016) Quanto aos institutos jurídicos denominados “relação de trabalho” e
“relação de emprego” é correto afirmar:
a. A relação de emprego é uma espécie do gênero relação de trabalho.
b. Possuem características idênticas, podendo se afirmar que são expressões
sinônimas.
c. A relação de trabalho é modalidade derivada da relação de emprego.
d. Não há relação de trabalho se não houver relação de emprego.
e. São institutos independentes e não guardam nenhuma relação entre si.
COMENTÁRIO

• Relação de emprego não é sinônimo de relação de trabalho.


• É a relação de emprego que é uma espécie dentro do gênero relação de trabalho.
• Há vários casos de relação de trabalho que não são relação de emprego, sendo
completamente diferentes. Relação de emprego e de trabalho guardam relação sim.

Relação de Emprego

É justamente a que apresenta mais regras.


1. Estrutura da relação de emprego – Elementos componentes (ou de existência):
são os elementos que fazem com que a relação jurídica de emprego exista.
1. trabalho por pessoa física;
2. pessoalidade;
3. onerosidade;
4. não eventualidade;
5. subordinação.

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Relações de Trabalho e Relação de Emprego

1.1. Trabalho por pessoa física:

CLT, art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Uma pessoa jurídica, portanto, nunca poderá ser empregado, pois não há possibilidade
jurídica. É preciso tomar cuidado com isso, pois, na prática, há um fenômeno fraudulento
chamado “pejotização”, que vem de PJ (Pessoa Jurídica).
Suponha-se que uma determinada empresa X trabalhe com produtos de informática e
está muito interessada em chamar um trabalhador específico, Fábio, que é um excelente analista-
programador de sistemas. Desse modo, a empresa X pede a Fábio que crie para ele uma
empresa Y para ser contratada por ela empresa X, de modo que Fábio preste seus serviços para
X e, assim, faz Fábio, que assina um contrato civil, não de trabalho, com a empresa X. No
entanto, Fábio trabalha de segunda a sábado na empresa X, recebe ordens do gerente,
supervisor, diretor da empresa X e recebe um salário disfarçado, que, na verdade, se trata de um
pagamento entre duas pessoas jurídicas. Com isso, o que se observa é que todos os elementos
da relação de emprego estão presentes e está acontecendo uma fraude, visto que a empresa X,
em vez de reconhecer o vínculo de emprego direto com Fábio, praticou uma ação fraudulenta. A
primazia da realidade afasta essa situação e reconhece a verdade, qual seja, a de que Fábio,
pessoa física, conforme o Art. 3º da CLT, é, portanto, empregado da empresa X.
5m
Há, inclusive, julgado do Tribunal Superior do Trabalho combatendo a prática.

(...) VÍNCULO DE EMPREGO. PEJOTIZAÇÃO. MATÉRIA FÁTICA. FRAUDE. (...) O Regional,


após analisar o contexto em que se deu a relação entre as partes, concluiu estar diante da figura
conhecida como pejotização, fenômeno em que, na realidade, existe a contratação de serviços
pessoais, exercidos por pessoa física, mediante subordinação, de forma não eventual e onerosa,
realizada por meio de pessoa jurídica constituída especialmente para esse fim, na tentativa de
mascarar a efetiva relação de emprego, com o intuito de burlar os direitos trabalhistas. Nesse
contexto, o trabalhador, que é a parte hipossuficiente na relação de trabalho, é compelido a
constituir a pessoa jurídica para se garantir economicamente, ainda que sejam sucumbidos os
direitos previstos no sistema trabalhista, a exemplo da limitação da carga horária de trabalho,
DSR, horas extras, férias, 13º salário, verbas rescisórias, entre outros. Tendo em vista que, no
Direito do Trabalho, vigora o princípio da primazia da realidade, tem-se que, independentemente
da forma de contratação do empregado e de qualquer instrumento escrito, prevalece a realidade
fática de que o trabalhador, encoberto sob o manto da pessoa jurídica, formou típica relação de
emprego com o “tomador de serviços”, nos moldes dos artigos 2º e 3º da CLT. Dessa forma, não
prospera a alegação da reclamada de que o acórdão regional violou o artigo 3º da CLT, por
reconhecer a existência de vínculo empregatício entre duas pessoas jurídicas, porquanto foi
constatado que a contratação do autor como pessoa jurídica tinha o intuito de mascarar a

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Relações de Trabalho e Relação de Emprego

continuidade da relação empregatícia. (...) (RR – 160700- 67.2013.5.17.0010, Relator Ministro:


José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 18/04/2018, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 20/04/2018)

Essa é uma das circunstâncias da pejotização, no entanto há, também, outras formas.
10m
A simples alegação do trabalhador não presume fraude, uma vez que fraude,
evidentemente, envolve dolo, sendo uma acusação muito grave. Logo, fraude não se
presume, fraude se prova. Sobre o tema, há um julgado do TST.

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. (...) DENTISTA. NÃO CONFIGURADA


IRREGULARIDADE NA CONSTITUIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA. DECISÃO DO TRT COM
BASE NAS
PROVAS PRODUZIDAS. FRAUDE NÃO DEMONSTRADA. PRESUNÇÃO DE FRAUDE VEDA-
DA. PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO. 1 - Não se ignora que a denominada
“pejotização” (quando configurada a contratação por meio de empresa individual com a finalidade
de burlar a legislação trabalhista) deve ser combatida em todas as frentes: legisladores,
julgadores, órgãos de fiscalização etc. Contudo, é preciso que a fraude à legislação trabalhista,
cuja presunção é vedada, em cada caso concreto esteja demonstrada de maneira inequívoca, o
que não se constata nestes autos. (...) ( RR - 94300-18.2009.5.12.0021, Relatora Ministra: Kátia
Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 09/12/2015, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
18/12/2015)

1.2. Pessoalidade

Quando se fala em pessoalidade, alguns doutrinadores não apresentam os cinco


elementos, colocando o elemento 1.1 (trabalho por pessoa física) dentro do elemento 1.2
(pessoalidade).

• É uma relação personalíssima, não podendo a prestação de serviços ser transferida,


sem anuência do empregador, a outrem;
• Infungibilidade na prestação de serviços do empregado (não pode substituir).

Relação personalíssima é o que se chama de intuitu personae.


Essa pessoalidade se refere apenas à figura do empregado e não à do empregador,
porquanto, em relação ao empregador, tem-se a despersonalização da figura do emprega
dor, conhecido por alguns como Princípio da Despersonalização.

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Relações de Trabalho e Relação de Emprego

15m
Imagine que uma empresa X tenha um empregado, Danilo. No entanto, a empresa X foi
vendida para a empresa Z, uma multinacional, que incorporou. Danilo, porém, continua
trabalhando na mesma fábrica, só que, agora, como empregado da empresa Z. A empresa
X foi incorporada pela empresa Z e Danilo continua com o mesmo contrato de trabalho.
Quando há mudança de empregador, ocorre a alteração subjetiva no polo passivo da
relação de emprego, ou seja, do empregador.

DIRETO DO CONCURSO
11. (FCC/TRT/2016) A Consolidação das Leis do Trabalho elenca na combinação dos
artigos 2º e 3º os requisitos fáticos e jurídicos da relação de emprego. Nesse sentido,
a. tornando-se inviável a prestação pessoal do trabalho, no curso do contrato, por
certo período, o empregado poderá se fazer substituir por outro trabalhador.
COMENTÁRIO

Diante de uma situação em que o empregado avise que não poderá comparecer
oferecendo outra pessoa para ir em seu lugar, o empregador pode aceitar a
possibilidade, não acabando com a existência do vínculo de emprego com o empregado
que não comparecerá. Contudo, o substituto poderá, eventualmente, pedir
reconhecimento da relação de emprego.

1.3. Onerosidade

Perceba que o contrato de trabalho não é gratuito, mas, sim, oneroso. Ao se falar em
onerosidade, deve-se lembrar que há duas dimensões: objetiva e subjetiva.

• Objetiva: em uma relação de emprego, ocorre a contraprestação, ou seja, o empre-


gado presta o serviço e em troca recebe remuneração.
20m
Subjetiva: há o chamado animus contrahendi da relação de emprego. Ou seja, há a

intenção/vontade do trabalhador de colocar sua força de trabalho à disposição do
empregado, em troca de receber a retribuição.
Um pai pode, sem problemas, contratar um filho, se tiver todos os elementos da relação
de emprego, porquanto parentesco não impede reconhecimento de vínculo.
Observe o julgado do TST:
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(...) RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO. REQUISITOS. CÔNJUGE. ONEROSI-


DADE. O Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto fático-probatório dos autos,
registrou estarem presentes os requisitos para a configuração do vínculo de emprego. Consignou que “a onerosidade
também restou demonstrada, sobretudo porque a Reclamante, como alegado pela própria Recorrente, era sustentada
por seu ex-marido. Tal fato não tira seu direito de receber os salários, mesmo não tendo sido pagos na época
oportuna”. Quanto à onerosidade, objeto de insurgência do recurso, cumpre esclarecer que estará
caracterizada quando comprovado nos autos o pagamento de parcelas como forma de contraprestação ao
trabalho realizado (recebimento de valores em um contexto laboral) ou, ainda, nos casos em que fique
demonstrada a simples intenção econômica atribuída pelas partes ao fato da prestação de serviços. Trata-se
das dimensões objetiva e subjetiva, respectivamente, do requisito ora analisado. Logo, a presença dos
demais pressupostos da relação empregatícia, inclusive, com as devidas anotações em CTPS - que geram
presunção relativa de veracidade -, indica a existência do animus contrahendi das partes e, em especial, a
intenção onerosa da autora pela prestação dos seus serviços. Com isso, pelo registro fático contido nos autos, extrai-
se a presença do requisito onerosidade, mesmo que em seu plano subjetivo, o que evidencia o acerto da decisão

regional ao reconhecer o vínculo de emprego entre as partes. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
25m

Outro julgado de 2009:

(AIRR – 1520-29.2013.5.03.0099, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de


Julgamento: 28/10/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/11/2015) (...) PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DURANTE 15 ANOS SEM RECEBIMENTO DE SALÁRIOS. CARÁTER NÃO
ONEROSO DA RELAÇÃO HAVIDA ENTRE AS PARTES. 1. A onerosidade, requisito fático-
jurídico da relação empregatícia, caracteriza-se pela presença de dois elementos: objetivo e
subjetivo. O primeiro consiste simplesmente no pagamento, pelo empregador, de parcelas
destinadas a remunerar o serviço prestado; o segundo, a seu turno, na intenção do empregado
de se vincular ao empregador, com o especial fim de retirar desse vínculo os meios necessário à
subsistência própria e/ou de sua família. 2. Na hipótese dos autos, a circunstância do reclamante
se relacionar com a reclamada durante quase 16 anos, sem auferir dessa relação qualquer
remuneração pelos serviços prestados, demonstra a ausência do “animus contrahendi”, isto é, da
intenção do autor retirar desse vínculo os meios materiais à sua mantença. 3. Dessa forma, o
Tribunal Regional deu o correto alcance ao preceito contido no art. 3º da CLT. Recurso de
Revista de que não se conhece. (RR – 23400-63.2004.5.09.0669, Relator Ministro: João Batista
Brito Pereira, Data de Julgamento:
18/11/2009, 5ª Turma, Data de Publicação: 27/11/2009)
Obs.: cuidado com a expressão animus contrahendi, pois ela não pressupõe intenção
somente relacionada à relação de emprego, podendo, também, estar relacionada a
outras situações diversas da relação de emprego. Observe os julgados.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ESTAGIÁRIO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. AÇÃO


RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DE LEI. ARTIGO 4º DA LEI N. 6.494/77. ENUNCIADO N. 83. (...) No
caso, o animus contrahendi das partes, realmente, foi manifestado como relação de

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estágio. Contudo, não se pode desconsiderar que o fato do estagiário ter prestado trabalho não
compatível com a formação escolar deu ensejo a que a questão referente ao reconhecimento do
vínculo empregatício, em face da proibição contida no art. 4º da Lei n. 6.494/77, fosse remetida
para o campo interpretativo. Por ofensa literal ao texto do art. 4º da Lei n. 6.494/77, a ação
rescisória não prospera, diante da pertinência do entendimento jurisprudencial contido no texto
do Enunciado n. 83 do TST. 2. Recurso ordinário em ação rescisória desprovido. ( ROAR -
423644- 23.1998.5.09.5555, Relator Ministro: Francisco Fausto, Data de Julgamento:
08/08/2000, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
01/09/2000)
DESCONHECIMENTO DOS FATOS PELO PREPOSTO DA 2ª RÉ. CONFISSÃO REAL DA AU-
TORA. (...) No entanto, deixou claro que a própria autora admitira a intenção de ingressar
como sócia no quadro societário da 2ª ré (confissão real), (...) “Houve, portanto, a partir do
contexto delineado nos autos, o animus contrahendi, ou seja, a intenção da autora de
ingressar no quadro societário da segunda ré, tendo em vista que é pessoa capaz,
instruída, com pleno conhecimento da relação comercial estabelecida.” “Não houve, por
outro lado, coação, até porque nem sequer há notícia de ameaça de penalidade por recusa.”
“Ainda que tenha ocorrido tentativa de convencimento, não foi a recorrida coagida a aceitar,
atitudes muito diferentes, não implicando aquela o reconhecimento de fraude à legislação
trabalhista.” “Na verdade, mesmo que tenha a primeira ré proposto a formação da segunda, a
iniciativa de tornar realidade partiu da autora e dos seus colegas. “ “Inexiste prova nos autos,
ademais, de prejuízos porventura suportados pela demandante, até porque, repito, jamais foi
admitida como empregada pela BR Vida Atendimento Pré-Hospitalar S.S.” (...) (RR - 2839-
24.2012.5.12.0032, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
26/06/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/06/2018)

GABARITO
9. a
11. C

Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor José Gervásio Meireles.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.

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