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DIREITO
INDIVIDUAL DO
TRABALHO
PROFª PERLLA PEREIRA
Elementos do Contrato
de Trabalho
PABLO STOLZE GAGLIANO E RODOLFO PAMPLONA FILHO REFEREM TRÊS PLANOS
RELATIVOS AOS CONTRATOS EM GERAL. SÃO OS PLANOS DA EXISTÊNCIA, DA
VALIDADE E DA EFICÁCIA DOS CONTRATOS. O PLANO DA EXISTÊNCIA DIZ
RESPEITO AOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO, A SABER: A
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE, A PRESENÇA DE UM AGENTE, O OBJETO E A
FORMA DE EXTERIORIZAÇÃO DA VONTADE E DO OBJETO. PRESENTES ESSES
ELEMENTOS, PASSA-SE AO PLANO DA VALIDADE.
Caso ainda assim o contrato subsista, o mesmo será nulo de pleno direito, embora haja produção de efeitos jurídicos, como
veremos mais adiante.
Para a legitimação não basta ter a pessoa capacidade. É preciso que não haja: a) vedação legal para que possa trabalhar
(exemplo: ao estrangeiro com visto de turista é vedado o exercício de atividade remunerada no Brasil, nos termos do art. 97 da
Lei 6.815/80); b) exigência de habilitação legal (exemplo: para exercer a profissão de vigilante, o trabalhador deve “ter instrução
correspondente à 4ª série do 1º Grau” e “ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento
com funcionamento autorizado nos termos da Lei 7.102/83 (art. 16, III e IV)”. Ausente a legitimidade do trabalhador, o contrato
de trabalho será nulo de pleno direito.
Elementos essenciais do Contrato
de Trabalho: Licitude do objeto
Para ser válido, o objeto do contrato deve ser Como exemplo de trabalho irregular tem-se o trabalho
lícito. No direito do trabalho, um contrato será executado por menores em período noturno.
válido quando seu objeto for um trabalho lícito.
Nas atividades laborais proibidas, embora nulo o
Trabalho ilícito é diferente de trabalho irregular. contrato, produz ele efeitos, como o trabalho do menor
de 16 anos (CF, art. 7º, XXXIII) e da mulher em serviço
que lhe demande força muscular além de certo limite
O primeiro consiste em um tipo legal penal ou (CLT, art. 390). Nestes casos, a proibição do trabalho
concorre diretamente para ele, enquanto que o existe justamente para proteger a incolumidade física,
segundo consiste no desrespeito a uma norma psíquica ou moral do trabalhador menor e da mulher.
proibitiva do Estado. Sendo certo que o tomador do serviço não poderá
alegar a própria torpeza em benefício próprio. De toda a
sorte, o juiz deverá mandar cessar imediatamente a
situação irregular, ou seja, a prestação do serviço.
Tratando-se de atividade ilícita, o contrato também é nulo, mas o trabalhador, tendo consciência da
ilicitude, não terá direito algum, como, por exemplo, o intermediário (“avião”) em relação ao traficante de
drogas. Nesses casos, a nulidade é absoluta, sem qualquer ressalva, já que, o vício que contamina o
contrato é tão grave que a nenhuma das partes é dado invocar direito algum. É importante esclarecer que,
mesmo em se tratando de atividade ilícita do tomador do serviço, é válido o contrato de trabalho dos
empregados que não participam da ilicitude, por exemplo, a trabalhadora doméstica que exerce a função
de cozinheira numa residência onde haja tráfico de drogas, desde que não se envolva com a atividade
ilícita.
No caso da prostituta, há divergência doutrinária e jurisprudencial sobre a validade, para fins de
reconhecimento da relação de emprego, da atividade exercida por profissional do sexo, como a
acompanhante ou a garota (ou garoto) de programa ou prostituta(o). A exploração da prostituição é
tipificada como crime, mas a prostituição ou a “venda” do corpo para fins sexuais em si, não. Passamos a
reconhecer a validade da relação empregatícia entre os profissionais do sexo em face do tomador de seus
serviços. É preciso lembrar que os profissionais do sexo tiveram reconhecimento pelo Ministério do Trabalho
e Emprego pela Portaria MTE 397, de 09.10.2002 (CBO – CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÃO 5.198),
abrangendo as seguintes denominações: Garota de programa, Garoto de Programa, Meretriz, Messalina,
Michê, Mulher da Vida, Prostituta, Trabalhador do Sexo. Descrição sumária das atividades laborativas:
Buscam programas sexuais; atendem e acompanham clientes; participam em ações educativas no campo
da sexualidade.
JURISPRUDÊNCIA
Sobre o tema, invocamos o seguinte julgado: VÍNCULO DE EMPREGO. DANÇARINA E ACOMPANHANTE QUE AJUDAVA
A VENDER BEBIDA. Presentes os requisitos da relação de emprego. Ainda que a empregada atuasse apenas como
acompanhante dos clientes da ré, a solução não seria diversa. Considerar que a ilicitude do objeto, por possível
exploração da prostituição, obstaria o reconhecimento do contrato de trabalho importaria em odioso enriquecimento
sem causa do empregador. Certamente o efeito seria reverso: estimularia a exploração do corpo humano e permitiria
trabalho na condição análoga à de escravo. E mais. No presente caso, com patente prejuízos a menor, filho da falecida
reclamante, que não contaria sequer com a proteção previdenciária. Ademais, desde que o mundo é o mundo e o ser
humano se organizou em sociedade, é sabido que a imagem da mulher exibindo seu corpo e provocando os impulsos
mais primitivos do sexo oposto é um excelente meio de vender produtos. Qualquer tipo de produto. Os publicitários
atuais (e também não tão atuais assim) bem conhecem esta forma de market ing, que o diga os fabricantes de
automóveis, bebidas e até brinquedos. A psicologia social conhece os mecanismos cerebrais ativados pela figura
feminina. Mãe, mulher, prazer, possibilidade de reprodução e perpetuação da espécie. Diante dessas possibilidades,
qualquer pessoa que deseja comercializar algum produto pode cogitar usar e associar (ou não) a imagem da mulher
aos seus produtos. O que a mulher faz ou deixa de fazer com o seu corpo é direito exclusivo dela, conquistado em
apenas alguns lugares do mundo atual e não sem muitas lutas. Agora, fazer uso da imagem e da presença física da
mulher para cobrar ingressos e aumentar o consumo de bebidas alcoólicas de um estabelecimento constitui
exploração com finalidade comercial. Se há comércio e existem pessoas trabalhando com habitualidade,
subordinação, pessoalidade e onerosidade, nesse local há vínculo de emprego. Comercializar bebida alcoólica ainda
não é crime e dança nunca foi ilícito no Brasil. ACIDENTE DO TRABALHO. QUEDA DE TRABALHADORA DURANTE O
HORÁRIO DE TRABALHO. ESTADO DE EMBRIAGUEZ HABITUALMENTE TOLERADO PELO EMPREGADOR.
INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE. MORTE DA TRABALHADORA NO DECORRER DO PROCESSO. TRANSMISSÃO
DO DIREITO DE REPARAÇÃO AO ESPÓLIO. Estabelecido o nexo causal em acidente do trabalho ocorrido durante a
jornada de trabalho de empregada que habitualmente tinha estado de embriaguez tolerado pelo empregador.
Incapacidade total e permanente da trabalhadora, que faleceu no curso do processo. Indenização dos danos morais
devida, cuja reparação foi transmitida ao espólio. Não integra o objeto da lide eventual reparação de danos pela dor
dos dependentes econômicos. Necessidade de ação autônoma para discussão de eventual dano próprio dos herdeiros
(TRT 15ª R. – RO 0006700-15.2009.5.15.0137 – 2ª T.– 4ª C. – Rel. Des. Ana Claudia Torres Vianna – DEJT 24.05.2013).
Elementos essenciais do Contrato
de Trabalho: Licitude do objeto
No que concerne ao recolhedor de apostas no “jogo de bicho” em
relação ao dono do negócio (“bicheiro”), o TST editou a OJ/SBDI-1 199, in
verbis:
(TRT da 8ª Região; Processo: 0001434-10.2015.5.08.0015 RO; Data: 29/11/2016; Órgão Julgador: 1ª Turma; Relator:
SUZY ELIZABETH CAVALCANTE KOURY)
Forma é o modo pelo qual um ato jurídico transparece. Assim como no direito civil, no
direito do trabalho, não há regras rígidas quanto à forma dos atos praticados pelos
indivíduos.