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Fisiopatologia da doença de Parkinson

A doença de Parkinson é um transtorno neurodegenerativo progressivo


causado pela perda seletiva de neurônios dopaminérgicos localizados na pars
compacta da substância negra. A DP fisiopatologicamente deve ser
considerada como uma afecção neurodegenerativa, progressiva, caracterizada
pela presença de disfunções monoaminérgicas múltiplas, incluindo déficits dos
sistemas dopaminérgicos, colinérgicos, serotoninérgicos e noradrenérgicos. O
sistema dopaminérgico junto com os neurônios de melanina sofre
despigmentação. Desta forma, entende-se que quanto mais clara a substância
negra, maior é a perda de dopamina. Associado a essa despigmentação tem-
se a depleção do neurotransmissor dopamina que resulta da degeneração de
neurônios dopaminérgicos da substância negra que se projetam para o
estriado, onde são críticos para o controle do processamento da informação
pelos gânglios da base, reduzindo a atividade das áreas motoras do córtex
cerebral, desencadeando a diminuição dos movimentos voluntários. À medida
que a doença progride e os neurônios se degeneram, eles desenvolvem corpos
citoplasmáticos inclusos, que são os chamados corpos de Lewys, sendo estes
corpos de inclusão citoplasmática dos eosinófilos, existentes na substância
negra do mesencéfalo, os quais se aglomeram em grande quantidade. Ocorre
ainda a perda das células do núcleo pedúnculo-pontino, combinada com a
inibição aumentada do próprio núcleo pedúnculo-pontino, desinibe as vias
retículo-espinhal e vestíbulo espinhal, produzindo uma contração excessiva dos
músculos posturais, estando estes relacionados aos déficits colinérgicos. De
uma maneira geral define-se com clareza a existência de uma perda neuronal
progressiva no grupo de células ventro-laterais, da parte compacta da
substância negra do mesencéfalo.
O neurônio chave para entendermos a razão do sucesso e do insucesso da
terapêutica de reposição dopaminérgica na DP é o neurônio espinhoso médio
do estriado. Nele é que estão os receptores da dopamina. Há duas famílias de
receptores dopaminérgicos: a família D1, diretamente ligada à adenil-ciclase e,
portanto, estimulatória e a família D2, ligada à proteína G e inibindo a adenil-
ciclase, dessa forma diminuindo os níveis de AMP-cíclico e com ação inibitória.
A ativação dopaminérgica no estriado promove simultaneamente a ativação da
chamada via direta do circuito extrapiramidal, através dos receptores do tipo D1
e a inibição da via indireta através da estimulação dos receptores do tipo D2.
Cada família de receptores, por sua vez, tem seus subtipos. A família D1 pode
ser subdividida em receptores D1 e D5, enquanto que a família D2 em
receptores D2, D3 e D4 2. No neurônio espinhoso médio, existem outros
receptores importantes para o tratamento da sintomatologia parkinsoniana.
Neste neurônio há também receptores para o neurotransmissor glutamato,
como os receptores do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA) e os receptores
adenosina D2A. A estimulação ou o bloqueio destes receptores também parece
ter um papel fundamental no tratamento da DP.

Tratamento
Dentre todas as formas de parkinsonismo, a DP é uma das poucas que tem um
tratamento sintomático. Nas demais é possível tomar medidas para minimizar
algumas das manifestações. O tratamento da DP é fundamentalmente
farmacológico com:

 Medicamentos dopaminérgicos (incluindo levodopa) – uma classe de


medicamentos com ação semelhante à dopamina usada para se tratar
os sintomas da doença de Parkinson.
 Inibidor de decarboxilase – um medicamento usado com levodopa
para se tratar os sintomas da doença de Parkinson.
 Agonistas de dopamina – uma classe de medicamentos que se une
aos receptores de dopamina e imita a sua ação
 Anticolinérgicos – uma classe de medicamentos que relaxa músculos
lisos e é usada primariamente para se tratar o tremor na doença de
Parkinson
 Inibidores de MAO-B – uma classe de medicamentos usada para se
tratar todos os sintomas da doença de Parkinson. Esses medicamentos
bloqueiam uma enzima que quebra a dopamina, permitindo que ela
permaneça no receptor por mais tempo
 Inibidores de COMT – uma classe de medicamentos que se une aos
receptores de dopamina e imita a sua ação.
 Palidotomia - Uma palidotomia envolve a destruição de uma região do
cérebro envolvida no controle do movimento. Uma palidotomia pode ser
uni ou bilateral. Os efeitos adversos podem incluir hemorragia, fraqueza,
deficiências de visão e fala, e confusão.

 Terapia de Estimulação Cerebral Profunda - A ECP é uma terapia de


estimulação cerebral que oferece um tratamento ajustável e, se
necessário, reversível para a doença de Parkinson. A terapia usa um
dispositivo médico implantado, semelhante a um marca-passo, que cria
uma estimulação elétrica em regiões precisamente específicas do
cérebro. A estimulação dessas regiões permite que os circuitos do
cérebro que controlam o movimento funcionem melhor.

Bibliografia

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HAMMER D. GARY, MCPHEE J. STEPHEN. Fisiopatologia da Doença. Uma


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