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Farmacologia da Neurotransmissão
Dopaminérgica

B. A perda dos neurônios dopaminérgicos na via tuberoinfun-


OBJETIVOS dibular provoca a liberação de ácido gama-aminobutírico
(GABA) e inibição do movimento.
 Compreender a fisiologia da dopamina, incluindo sua C. A perda dos neurônios dopaminérgicos no estriado causa a
síntese, liberação, metabolismo e efeitos. liberação de GABA e inibição do movimento.
 Compreender de que maneira os agentes farmaco- D. A perda dos neurônios dopaminérgicos na substância negra
lógicos podem modificar a função da dopamina,
contribui para a atividade reduzida da via direta e a inibição
resultando em efeitos tanto terapêuticos quanto
do movimento.
potencialmente tóxicos.
E. A perda dos neurônios dopaminérgicos na substância negra
contribui para a atividade reduzida da via indireta e inibição
do movimento.
 CASO 1
2. Qual será o efeito da levodopa sobre a evolução da doença do
Mark S., um homem de 55 anos de idade, procura o seu médico Sr. S.?
depois de perceber um tremor na mão direita que apareceu gradu- A. A levodopa irá impedir a evolução dos sintomas atuais do
almente nesses últimos meses. Constatou que ele consegue man- Sr. S., mas não irá revertê-los.
ter a mão imóvel enquanto se concentra nela, mas que o tremor B. A levodopa/carbidopa irão restaurar os neurônios dopami-
reaparece rapidamente se ele se distrai. Sua caligrafia tornou-se nérgicos lesados e reverter a doença do Sr. S.
pequena e difícil de ler, e ele está tendo dificuldade em usar o C. A levodopa/carbidopa irão melhorar notavelmente os sinto-
mouse do computador. A esposa queixa-se de que ele deixou de mas do Sr. S.
sorrir e seu rosto tornou-se inexpressivo. Declara também que D. A levodopa irá promover a síntese de dopamina no sistema
o marido está andando mais lentamente e que tem dificuldade nervoso central (SNC) e retardar a evolução da doença do
em acompanhar o ritmo dela. Ao vê-lo entrar no consultório, o Sr. S.
médico do Sr. S. percebe que está andando curvado, com marcha E. A levodopa/carbidopa irão promover o desenvolvimento de
curta e desajeitada. Ao exame físico, o médico constata que o
vias alternativas para o controle do movimento e estabilizar
Sr. S. apresenta aumento do tônus e rigidez em roda dentada nos
os sintomas do Sr. S.
membros superiores, particularmente do lado direito; além disso,
é significativamente mais lento do que o normal na execução
3. Como a resposta do Sr. S. à levodopa irá mudar com o decorrer
de movimentos alternados rápidos. O médico conclui que os
do tempo?
sinais e os sintomas do Sr. S. mais provavelmente representam
A. O paciente irá desenvolver sensibilização à levodopa e neces-
os estágios iniciais da doença de Parkinson e prescreve então
uma prova terapêutica de levodopa. sitar de doses menos freqüentes.
B. O paciente irá desenvolver tolerância à levodopa e necessitar
de doses crescentes.
QUESTÕES C. O paciente irá desenvolver períodos “ligados” e “desligados”
1. De que maneira a perda seletiva de neurônios dopaminérgicos intermitentes, exigindo uma interrupção temporária da levo-
resulta em sintomas como aqueles observados no Sr. S.? dopa.
A. A perda dos neurônios dopaminérgicos nos órgãos circun- D. Com a regeneração dos neurônios dopaminérgicos, o pacien-
ventriculares contribui para a inibição do controle cortical do te irá necessitar de administração menos freqüente de levo-
movimento. dopa.
46 Capítulo Doze

Hipotálamo Área postrema

Área tegmental ventral Substância negra

Fig. 12.2 Vias Centrais de Dopamina. Os neurônios dopaminérgicos


originam-se de certo número de núcleos específicos no cérebro. Os neu-
rônios que se originam no hipotálamo e projetam-se para a hipófise
(seta) são tonicamente ativos e inibem a secreção de prolactina. Os
neurônios que se projetam da substância negra para o estriado regu-
lam o movimento (setas em pontilhado). Acredita-se que os neurônios
dopaminérgicos que se projetam da área tegmental ventral para o siste-
ma límbico e córtex pré-frontal desempenham papéis na regulação do
humor e do comportamento (setas). A área postrema contém uma alta
densidade de receptores de dopamina, e a estimulação desses receptores
ativa os centros do vômito no cérebro.

A. Em virtude de sua eficácia, o tratamento com levodopa deve


ser iniciado o mais cedo possível uma vez confirmado o
diagnóstico de doença de Parkinson.
B. Em virtude de seus efeitos adversos, a terapia com levodopa
deve ser adiada até que tenham sido esgotadas todas as
outras opções terapêuticas possíveis.
C. A terapia com agonistas da dopamina deve ser adiada até
Fig. 12.1 Neurotransmissão Dopaminérgica. A dopamina (DA) é sin- que o paciente tenha desenvolvido tolerância aos efeitos da
tetizada no citoplasma e transportada em vesículas secretoras pela ação levodopa.
de um antiportador não-seletivo de prótons-monoaminas (transportador D. Os inibidores do metabolismo da dopamina devem ser
de monoaminas vesicular [VMAT]), que é impulsionado pelo gradiente administrados o mais cedo possível uma vez confirmado o
eletroquímico criado por uma ATPase de prótons. Com a estimulação da
célula nervosa, a DA é liberada na fenda sináptica, onde o neurotrans-
diagnóstico de doença de Parkinson.
missor pode estimular receptores dopamínicos pós-sinápticos e auto- E. A terapia com agonistas da dopamina constitui um tratamen-
receptores dopamínicos pré-sinápticos. A DA é transportada para fora da to inicial eficaz para a doença de Parkinson em pacientes
fenda sináptica pelo transportador de dopamina (DAT) seletivo acoplado jovens.
ao Na+. A DA citoplasmática é retransportada para dentro das vesículas
secretoras pelo VMAT ou degradada pela enzima monoamina oxidase
(MAO). ADP = difosfato de adenosina; ATP = trifosfato de adenosina; 5. A benztropina e o triexifenidil não afetam diretamente as con-
DOPAC = ácido diidroxifenilacético; L-DOPA = levodopa. centrações de dopamina ou a ativação dos receptores dopami-
nérgicos. Como esses fármacos exercem um efeito benéfico nos
pacientes com doença de Parkinson?
A. Esses agentes bloqueiam a ativação colinérgica das células
musculares discinéticas.
E. O paciente irá desenvolver tolerância à levodopa e necessitar B. Esses agentes bloqueiam os receptores excitatórios de ácido
de infusões contínuas do fármaco. N-metil-D-aspártico (NMDA) no estriado.
C. Esses agentes modificam os interneurônios colinérgicos
4. A eficácia e os efeitos adversos a longo prazo associados aos estriatais, que regulam as vias direta e indireta.
tratamentos farmacológicos para doença de Parkinson influen- D. Esses agentes intensificam os receptores NMDA excitatórios,
ciam a escolha da terapia nos diferentes estágios da doença. que estimulam a via direta.
Qual das seguintes declarações é correta em relação à escolha E. Esses agentes bloqueiam a inibição colinérgica da via indi-
da terapia para a doença de Parkinson? reta.
Farmacologia da Neurotransmissão Dopaminérgica 47

C. sedação
 CASO 2 D. galactorréia
Uma mulher de 23 anos de idade é transportada de ambulância E. síndrome maligna neuroléptica
até o departamento de emergência após amigas terem percebi-
do que estava agindo de modo estranhamente paranóide numa 5. A síndrome maligna neuroléptica é o efeito adverso mais grave
festa. A paciente está confusa e é incapaz de relatar qualquer associado ao antagonismo dos receptores D2 dos agentes anti-
história. Ela está rangendo repetidamente os dentes e morden- psicóticos. Qual dos seguintes agentes tem mais probabilidade
do o lábio inferior, movimentos conhecidos como bruxismo. de causar essa síndrome rara, porém potencialmente fatal?
O exame é notável por uma freqüência cardíaca de 123 bpm A. clozapina
e pressão arterial de 150/95 mm Hg. A pele está úmida e as B. haloperidol
pupilas, dilatadas. Está acordada, porém delirante e modera- C. amantadina
damente agitada. As amigas relatam que ela disse ter ingerido D. quetiapina
um “hit” de ecstasy, uma anfetamina sintética. E. clorpromazina

QUESTÕES  CASO 3
1. De que maneira o mecanismo de ação das anfetaminas rela-
ciona-se com os sintomas clínicos dessa paciente? Robin L., uma mulher de 34 anos de idade grávida de 11 sema-
A. As anfetaminas deslocam a dopamina das vesículas pré- nas, apresenta náusea e vômitos intensos relacionados com a
sinápticas e causam estimulação do SNC. gravidez. Faz uma consulta com seu obstetra e começa a tomar
B. As anfetaminas bloqueiam a ação da dopamina no sistema proclorperazina, um antiemético, para controlar seus sintomas.
mesocortical e causam embotamento do afeto.
C. As anfetaminas exercem um efeito agonista direto sobre os QUESTÕES
neurônios dopaminérgicos na área postrema e causam alu-
cinações. 1. A proclorperazina é uma fenotiazina. De que maneira suas ações
D. As anfetaminas impedem a liberação da dopamina nos controlam os sintomas de náusea?
neurônios pré-sinápticos no sistema mesolímbico e causam A. Bloqueio dos receptores D3 no sistema mesocortical.
sintomas esquizofreniformes paranóides. B. Bloqueio dos receptores D2 no sistema mesolímbico.
E. As anfetaminas possuem atividade inibitória da monoamina C. Bloqueio dos receptores D2 na área postrema.
oxidase (MAO), causando aumento da concentração de tiro- D. Bloqueio dos receptores muscarínicos no trato GI.
sina, que resulta em delírios paranóides. E. Estimulação dos receptores D2 no sistema nigroestriatal.

2. Os usuários de anfetamina freqüentemente exibem movimentos 2. Doze horas após a Sra. L. tomar a segunda dose da medicação,
motores repetitivos, semelhante ao bruxismo dessa paciente. surgem sintomas assustadores de sensação de aperto na face e
Qual pode ser a etiologia dessas anormalidades do movimento? no pescoço. Tem dificuldade em abrir a boca e sente o pescoço
A. Excesso de dopamina no sistema mesolímbico “puxando” a cabeça para a direita. O seu esposo a leva de carro
B. Excesso de dopamina na área tegmental ventral até o departamento de emergência, onde o médico de plantão
C. Excesso de dopamina no estriado diagnostica que está apresentando uma reação distônica aguda,
D. Depleção de dopamina no sistema mesolímbico um efeito adverso do uso das fenotiazinas.
E. Depleção de dopamina no estriado De que maneira os sintomas da Sra. L. estão relacionados com
o mecanismo de ação das fenotiazinas?
3. As amigas da paciente relatam que ela tem um histórico de A. O bloqueio dos receptores D2 na hipófise provoca secreção
depressão e está fazendo uso de um antidepressivo com pres- de prolactina e teste de gravidez falso-positivo.
crição médica, a tranilcipromina, um inibidor da MAO. Conside- B. O bloqueio dos receptores D2 no sistema mesocortical pro-
rando o uso terapêutico da tranilcipromina nessa paciente, quais voca sintomas esquizofreniformes positivos de histeria.
os efeitos adversos potenciais que ela pode apresentar com o C. O bloqueio dos receptores D2 no sistema mesolímbico pro-
uso concomitante do ecstasy? voca afeto embotado e alogia.
A. Bradicardia D. O bloqueio dos receptores D2 no sistema nigroestriatal pro-
B. Rigidez muscular e sintomas parkinsonianos subseqüentes voca alteração do tônus muscular.
C. Perda do tônus vascular periférico E. O bloqueio dos receptores α-adrenérgicos periféricos provo-
D. Insuficiência hepática ca hipotensão e acidente vascular cerebral
E. Convulsões
O médico administra difenidramina e benztropina, fármacos
4. São utilizados agentes antipsicóticos para o tratamento dos com atividade anti-histamínica e antimuscarínica. Passados 30
sintomas da esquizofrenia. A sua potência de bloqueio dos minutos, a Sra. L. percebe que a sensação de aperto muscular
receptores dopaminérgicos D2 também está associada a seus é menor e que ela já consegue abrir a boca e virar a cabeça
efeitos adversos, notavelmente efeitos extrapiramidais. Qual dos com mais facilidade. Recebe alta com prescrição de um agente
seguintes itens é um exemplo de efeito extrapiramidal? antiemético não-antipsicótico para o controle da náusea, bem
A. marcha arrastada como prescrição de difenidramina e benztropina para os próxi-
B. hipotensão ortostática mos dias, a fim de evitar a recidiva desse efeito adverso.

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