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Universidade Federal de Ouro Preto

Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas


Curso de Engenharia Elétrica - Campus João Monlevade

Processo de montagem de um motor


trifásico de indução

Luiz Antônio Corrêa Júnior


Marcus Vinicius de Paula
Romeu Yukio Takeda
Thiago Lobo Diana

Trabalho apresentado ao Prof. Dr.


Juan Carlos Galvis Manso, na disciplina
de Máquinas Elétricas II, do curso de
Engenharia Elétrica da UFOP, como
requisito para conclusão da referida
disciplina.

João Monlevade
05/09/2013
SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................................. 3

2. Objetivos ................................................................................................................................ 3

3. Materiais utilizados e orçamento ........................................................................................ 3

4. Montagem do estator ............................................................................................................ 4

5. Enrolamento das bobinas de campo ................................................................................... 5

6. Montagem da base do motor ............................................................................................... 6

7. Montagem do rotor............................................................................................................... 6

8. Conclusões e ensaios realizados no protótipo .................................................................... 7

9. Referências .......................................................................................................................... 10

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1. Introdução

Neste trabalho de montagem de um motor, optou-se por confeccionar uma


máquina trifásica de indução, de dois pólos, com rotor tipo gaiola. Segundo [2], esta
configuração de motor é uma das mais simples existentes, pois não necessita de
comutador, nem de anéis coletores nem quaisquer contatos móveis entre rotor e estator.
Os “enrolamentos” do rotor tipo gaiola são na realidade barras sólidas de alumínio que
são fundidas nas ranhuras do rotor e colocadas em curto-ciruito por anéis de alumínio
fundido localizados em cada extremidade do rotor [1]. A figura 1 mostra o aspecto
físico de um rotor gaiola de esquilo. Este tipo de construção da máquina leva a algumas
vantagens, como o baixo custo e a aplicação quase isenta de manutenção. Por esta
razão, é correntemente o motor polifásico CA mais largamente utilizado.
Nas máquinas de indução, as bobinas do estator são excitadas com correntes
alternadas trifásicas, ao passo que o rotor recebe a corrente por indução a partir do
estator. Deste modo, a máquina de indução pode ser vista como um transformador
generalizado, em que potência elétrica é transformada entre o rotor e o estator
juntamente com uma mudança de freqüência e um fluxo de potência mecânica.
Diferentemente de uma máquina síncrona, o rotor de uma máquina de indução não gira
em sincronismo com o campo do estator. Há um “escorregamento” do rotor em relação
ao fluxo síncrono da armadura, dando origem às corrente induzidas no rotor e
conseqüentemente ao conjugado. Portanto, os motores de indução operam em
velocidades inferiores à velocidade mecânica síncrona [1].

Figura1: Rotor tipo gaiola de esquilo.

2. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo apresentar os passos de montagem de um motor


trifásico de indução, como rotor tipo gaiola. Optou-se por esta configuração de motor
devido à sua simplicidade estrutural. Nesta máquina, não há necessidade de
componentes que façam a ligação mecânica entre o rotor e o estator. Além disto, o
motor trifásico de indução, em contraste com o motor monofásico, não necessita de
dispositivos auxiliares de partida, o que facilita o trabalho de montagem e fazem desta
classe motores de partida própria (que têm torque de partida).

3. Materiais utilizados e orçamento

A seguir, serão listados os materiais que foram utilizados na montagem do


motor, bem como a procedência de todos eles.

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Material Procedência Custo (R$)
Carcaça do motor trifásico -
Confeccionado em uma empresa de
sapatas polares e estrutura de 70,00
usinagem mecânica
sustentação do rotor
Fio esmaltado AWG 23 Adquirido em loja especializada 18,00
Fita isolante Adquirido em loja especializada 1,50
Base de madeira para o
Cortesia de uma madeireira 0,00
motor
Bornes de conexão dos fios Adquiridos em loja especializada 6,00
Lata de refrigerante Adquirida em uma lanchonete 1,00
Preço total do projeto R$ 96,50
Tabela 1: Orçamento dos materiais e serviços prestados para a montagem do projeto.

4. Montagem do estator

A carcaça do motor foi confeccionada em uma empresa especializada em


usinagem mecânica. Trata-se de um tubo circular metálico recortado, onde foram
conectadas seis sapatas polares no estator (figura 2).
As sapatas polares são cilindros de ferro maciço, com um disco (também de
ferro) acoplado na parte superior da estrutura. Este disco, de diâmetro maior que o do
cilindro, serve como uma “tampa”, evitando que as espiras do enrolamento se
desprendam da estrutura (figura 3). Como forma de garantir uma melhor flexibilidade,
as sapatas polares podem ser removidas para o enrolamento das bobinas de campo.
Após a bobinagem, estas são novamente afixadas na estrutura através de parafusos.
Duas hastes verticais também compõem parte da estrutura usinada. Suas
funções são sustentar o eixo onde será posicionado o rotor da máquina (figura 4).

Figura 2: Carcaça usinada do Figura 3: Sapara polar Figura 4: Hastes de sustentação do


motor. removível com bobina eixo, no detalhe.
já enrolada. Destaque para .
o disco superior.

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5. Enrolamento das bobinas de campo

O próximo passo, após a montagem do estator, foi a confecção das bobinas de


campo. Utilizou-se nos enrolamentos, fio de cobre esmaltado AWG23 adquirido em
uma loja especializada, conforme mostra a figura 5. Dada a configuração do estator,
foram confeccionadas seis bobinas de campo. As bobinas foram enroladas diretamente
nas sapatas, com o auxílio de uma furadeira manual de velocidade controlada conectada
ao eixo presente na carcaça do motor. A figura 6 mostra a confecção parcial de uma das
bobinas. Cada bobina tem um total de 10 camadas e aproximadamente 1000 espiras,
consumindo cerca de 60m de fio. A cada camada enrolada, fixavam-se os condutores
com fita isolante, como forma de prender as espiras.
Após a confecção, as bobinas foram conectadas aos pares e em série, com
espaçamento de 180 graus mecânicos entre cada uma delas. A conexão em série foi
priorizada devido à baixa resistência de cada uma das bobinas (cerca de 3,5 Ω). Um
aumento na resistência total dos enrolamentos permite que o motor possa operar com
módulos maiores de tensão. Ao conectar as duas bobinas em série, teve-se o cuidado de
observar o sentido de enrolamento das mesmas. Os sentidos devem ser coincidentes,
gerando fluxos magnéticos com o mesmo sentido.
Após a conexão dos pares de bobinas, o estator terá um total de três bobinas de
campo e seis terminais. Estes terminais ficarão disponíveis ao usuário, possibilitando
um fechamento do estator em triangulo (figura 9) ou em estrela (figura 10).

Figura 5: Cobre esmaltado Figura 6: Processo de


para enrolamentos. enrolamento das bobinas.

Figura 7: Bobina enrolada e Figura 8: Configuração final


conectada ao estator. do estator.

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Figura 9: Fechamento do estator em Figura 10: Fechamento do estator em
triangulo (ou delta). estrela.

6. Montagem da base do motor

A base do motor foi confeccionada em uma prancha de madeira, onde se


conectaram seis pinos elétricos fêmea (tipo banana). Para afixar os pinos, a parte
dianteira da prancha de madeira foi desbastada com uma serra elétrica (como mostra a
figura 11). Também foram feitos seis furos com uma furadeira de mão para o encaixe
dos pinos. A carcaça metálica foi posicionada e afixada na base de madeira com auxílio
de parafusos (como pode ser visto na figura 15).

Figura 11: Detalhe da conexão dos pinos. Figura 12: Base do motor concluída.

7. Montagem do rotor

Como citado anteriormente, o rotor deste motor será do tipo gaiola. Baseados
num projeto visto na internet, optou-se por utilizar como rotor uma lata de alumínio de
refrigerantes. A lata de alumínio funciona exatamente como uma gaiola de esquilo, com
exceção da inexistência das barras paralelas separadas. Para aumentar o peso e
conseqüentemente o momento de inércia do rotor, a lata foi completamente preenchida
com palha de aço.

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Figura 13: Estrutura do rotor.
.
.

A utilização deste rotor trará duas vantagens evidentes:

-Haverá uma maior facilidade de arranque da máquina, tendo em vista que o torque de
partida será baixo devido à leveza da lata.

- Os valores de velocidade mecânica do eixo serão maiores, também devido à leveza da


lata.

No entanto, uma desvantagem evidente será o baixo torque mecânico


proporcionado pela máquina, devido também ao baixo peso do rotor.

8. Conclusões e ensaios realizados no protótipo

Terminado o processo de montagem da máquina de indução, a última etapa


consistiu na realização de testes do protótipo.
Levando em consideração os valores da resistência elétrica das bobinas de
campo (aproximadamente 7,0 Ω para cada conjunto de duas bobinas) e a capacidade
máxima de corrente suportada pelo condutor AWG23 (cerca de 1,3A), foi necessário
reduzir o módulo da tensão trifásica fornecida pela rede (220V de linha). Para tanto, foi
utilizado um banco de resistores trifásicos de potência (figura 14)

Figura 14: Banco de resistores de potencia.


.
.
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A tensão de saída do banco foi reduzida para dois níveis distintos. Estes valores
foram aplicados na máquina para os dois possíveis modos de fechamento do estator
(triangulo ou estrela) conforme mostram as tabelas 3 e 4, respectivamente. A seguir,
tem-se três tabelas onde são apresentadas as características nominais da máquina de
indução trifásica.

Número de fases 3
Número de pólos 2
Freqüência nominal (Hz) 60
Velocidade síncrona para a
3600
freqüência nominal (rpm)
Tabela 2: Valores nominais do motor de indução.

Primeiramente, fechou-se o estator do motor em triangulo. Os valores pré-


determinados e medidos durante este teste estão exibidos na tabela 3.

Fechamento do estator Triangulo (delta)


Tensão nominal de linha
48
aplicada ao estator (V)
Corrente nominal de linha no
1,0
estator (A)
Velocidade de rotação nominal
1380
(rpm)
Escorregamento em condições
61
nominais (%)
Tabela 3: Valores nominais de placa para o motor
com fechamento do estator em triangulo (delta).
.

Posteriormente, fechou-se o estator do motor em estrela. Os valores pré-


determinados e medidos durante este teste estão exibidos na tabela 4.

Fechamento do estator Estrela


Tensão nominal de linha
140
aplicada ao estator (V)
Corrente nominal de linha no
1,2
estator (A)
Velocidade de rotação nominal
1625
(rpm)
Escorregamento em condições
55
nominais (%)
Tabela 4: Valores nominais de placa para o motor
com fechamento do estator em estrela.
.
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O alto escorregamento nominal da máquina aponta uma grande diferença entre a
velocidade síncrona de campo e a velocidade mecânica do motor. Isto pode ser
explicado pelo fato da carcaça confeccionada para a máquina não apresentar as
características otimizadas de um motor comercial. Um exemplo disto são as peças
maciças da estrutura que não reduzem as perdas por correntes parasitas e os contatos
metal-metal do eixo do rotor com a carcaça da máquina.
No decorrer dos testes foi avaliada a temperatura dos enrolamentos de campo.
Devido ao razoável aquecimento observado, recomenda-se que a máquina, em
condições nominais de operação, seja desligada a cada 15 minutos.
Uma característica importante do funcionamento de qualquer motor é a
determinação do sentido de rotação do eixo. Este teste foi realizado no protótipo
invertendo, com o sistema desligado, duas das três fases de alimentação do estator. O
motor, que antes da inversão das fases girava no sentido horário, passou a girar no
sentido anti-horário após o acionamento, obedecendo desta forma a uma das maneiras
de inverter o sentido de rotação do motor trifásico.
O torque desenvolvido pela máquina foi verificado de forma qualitativa tentando
frear o seu eixo com as mãos. Como previsto anteriormente, percebeu-se que sua
velocidade diminuía após a aplicação de uma força pequena sobre o eixo, o que nos leva
a concluir que o torque desenvolvido pelo motor não é significativo.

A figura 15 mostra a versão final do projeto do motor trifásico.

Figura 15: Projeto final do


motor de indução trifásico.

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9. Referências

[1] FITZGERALD, A. E.; UMANS, S. D.; KINGSLEY JR., C. “Máquinas Elétricas”.


Editora Bookman Companhia, 6ª edição, 2006.

[2] KOSOV, I. L. “Máquinas Elétricas e Transformadores. Volume 1”, Editora Globo, 4


edição, 1982.

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