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A prática do greenwashing na
sociedade contemporânea

O termo inglês "greenwashing" Isso significa que a empresa diz em seu


traduzido para o português se aproxima discurso ou coloca o produto em sua
da expressão literal "banho verde". O embalagem que respeita o meio
termo greenwashing foi utilizado pela ambiente e segue práticas sustentáveis.
primeira vez na década de 1990, depois No entanto, a prática, além de agredir o
que um artigo na revista New Scientist meio ambiente, também engana o
usou a frase pela primeira vez como uma consumidor. Em suma, o setor ou
metáfora para "lavagem cerebral". A empresa vende a ideia de uma suposta
expressão nasceu porque o
proteção ambiental junto com o
greenwashing é uma forma das empresas
crescimento econômico como valor
enganarem as pessoas usando práticas e
simbólico e altruísta, mas, na prática, os
estratégias de marketing enganosas.
prejuízos para o meio ambiente
continuam em execução. Essa omissão,
mentira ou ocultação de informações
verdadeiras sobre o impacto ambiental
de uma empresa é um problema que está

CONTEXTO sendo investigado em empresas ao redor


do mundo atualmente.

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ARGUMENTOS

A venda de uma imagem "sustentável" pelas empresas

Ao fazer pequenas mudanças para reduzir os danos ao meio ambiente, como deixar
de usar copos plásticos no dia a dia, as empresas podem adotar uma falsa atitude
ambientalmente consciente e vender a imagem de que estão praticando hábitos
sustentáveis no cotidiano. No entanto, as empresas que usam o greenwashing
representam, na maioria das vezes, organizações que não têm uma boa gestão
ambiental e fazem o contrário do que dizem aos consumidores. Além de ser ilegal
pela Lei de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), que proíbe a propaganda
enganosa, o greenwashing é uma atividade com múltiplos impactos ambientais. Além
de prejudicar a sustentabilidade, ações ambientais ilegais podem levar a
penalidades, como multas e suspensão das operações nos termos da Lei de Crimes
Ambientais (Lei 9605/1998) e outras regulamentações.

Um problema prejudicial ao debate das mudanças


climáticas

O greenwashing se distancia do debate da mudança climática por muitas razões.


Primeiramente, afeta pessoas: consumidores, proprietários e funcionários de
empresas. Por conseguinte, porque conflita com os interesses de custo-benefício do
cliente: produtos com rótulo ecológico podem ser mais caros, tanto do ponto de
vista do estilo de vida, quanto do ponto de vista econômico. Esses dois tópicos
exemplificam o quanto a sociedade está cada vez mais desinformada em relação ao
atual status de emergência climática no globo, como aponta o relatório Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). O relatório foi classificado
pelas Nações Unidas como "Código Vermelho para a Humanidade" porque todos os
países precisam urgentemente fazer mudanças para reduzir os efeitos do
aquecimento global.

É triste pensar que a natureza fala e que o gênero


humano não a ouve.

Victor Hugo
Responsabilidade socioambiental como estratégia de
marketing

A prática da responsabilidade socioambiental no setor privado passou a estar


diretamente relacionada às discussões sobre o papel das empresas na sociedade e,
portanto, deixou de ser apenas uma questão de boas intenções, passando a integrar
um conjunto de ações de marketing para gerar valor positivo à imagem da empresa”.
Com o aumento da pressão social de investidores, funcionários, parceiros e clientes,
muitas empresas estão ficando sem tempo para se adaptar e incorporar a
sustentabilidade em seus produtos, serviços, embalagens e publicidade. Em outubro
de 2022, a Apple iniciou as vendas do iPhone 14 sem carregador, como os
antecessores. A Justiça Brasileira considerou a ação ilegal, proibiu a venda de
produtos que empregam a prática e multou empresas como Apple e Samsung em R$
100 milhões.

TÓPICOS
Um estudo conduzido pela Comissão Europeia (European SOBRE
Comission) em 2021 avaliou 344 reivindicações
aparentemente duvidosas de várias organizações. A O TEMA
comissão chegou à seguinte conclusão: em 59% dos casos,
as marcas não forneceram evidências acessíveis ao
consumidor que comprovassem que um determinado
produto estava livre de efeitos adversos;

De acordo com um levantamento realizado pelo Idec


(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em uma
amostra de 509 produtos que continham pelo menos uma
alegação de cunho socioambiental, 48% eram
greenwashing.

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REPERTÓRIO

Em outubro de 2022, a ativista sueca Greta Thunberg disse, no lançamento de seu livro
"Climate Book" (Livro do Clima) em Londres, que não compareceria à Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas porque, a seu ver, o evento seria uma "lavagem
verde". Embora tenha participado da conferência de Glasgow em 2021, Greta ressaltou
que agora percebe que há muitos motivos para não comparecer ao evento, entre eles
menos espaço para a sociedade civil. De acordo com Greta, "A COP é usada
principalmente como uma oportunidade para os líderes e aqueles que estão no poder
usarem vários tipos diferentes de greenwashing para chamar a atenção". Após reflexão, ela
também destaca: “as COPs não estão realmente funcionando, a menos, é claro, que as
usemos como uma oportunidade de mobilização."

Lançado em fevereiro de 2018, o longa-metragem austríaco dirigido por Werner Boote


chamado "A Mentira Verde" (Green Lie, The) é uma produção que expõe as práticas de
empresas que se dizem sustentáveis ​e como elas enganam leis e consumidores ao redor
do mundo. O filme viaja para lugares que testemunham a destruição maciça por trás do
greenwashing. É possível notar que o "banho verde" possui um caminho que atravessa
diversas vivências, prejudicando-as, desde a queima das florestas da Indonésia, a
indústria do carvão alimentando carros elétricos, atingindo mais plantações de
dendezeiros, deslocamento de povos indígenas no Brasil, até expansão de grandes
fazendas, plantações de soja, milho, cana-de-açúcar etc.

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REFERÊNCIAS

MALAR, João Pedro. Greenwashing: o que é e como identificar a prática da falsa sustentabilidade. CNN
Brasil. 2022. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/greenwashing-o-que-e-e-como-
identificar-a-pratica-da-falsa-sustentabilidade/>. Acesso em 04/01/2023.

NASSIF, Tâmara. Justiça proíbe venda de iPhone sem carregador no Brasil; Apple vai recorrer. CNN Brasil.
2022. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/justica-proibe-venda-de-iphone-sem-
carregador-no-brasil-apple-vai-recorrer/>. Acesso em 04/01/2023.

Ecofalante. A mentira verde. Mostra Ecofalante de Cinema 2022. Disponível em:


<https://ecofalante.org.br/filme/a-mentira-verde>. Acesso em: 04/01/2023.

Revista Barba. Greenwashing de famosos. 2022. Disponível em: <https://revistarba.org.br/greenwashing-


de-famosos/>. Acesso em 05/01/2023.

RODRIGUES, Fábio. Entenda o que é ‘greenwashing’ e como descobrir se uma empresa está tentando
enganar você. Universidade Federal Rural de Pernambuco. 2022. Disponível em:
<https://www.ufrpe.br/br/content/entenda-o-que-%C3%A9-%E2%80%98greenwashing%E2%80%99-e-
como-descobrir-se-uma-empresa-est%C3%A1-tentando-enganar-voc%C3%AA>. Acesso em 05/01/2023.

Valor. Greta Thunberg diz que não vai à COP27 e acusa evento de “greenwashing”. Globo. 2022.
Disponível em: <https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/10/31/greta-thunberg-diz-que-nao-vai-a-
cop27-e-acusa-evento-de-greenwashing.ghtml>. Acesso em 07/01/2023.

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