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Texto A

“ Conheceremos, primeiramente, que somos, enquanto a nossa natureza é pensar; e que há


um Deus de que dependemos. Depois de ter considerado os seus atributos, poderemos
investigar a verdade de todas as coisas, porque ele é a sua causa.” Descartes

Texto B

“Se prosseguirmos a nossa investigação para além da aparência dos objetos dos sentidos,
receio que a maior parte das nossas conclusões venham a estar cheias de ceticismo e
incerteza. Nada é mais consentâneo com esta filosofia do que um modesto ceticismo até certo
ponto, e uma confissão leal de ignorância em assuntos que excedem toda a capacidade
humana. D. Hume

-Proposta de trabalho:

A partir da identificação da tese presente nos textos A e B, estabeleça uma comparação


entre as teorias de Descartes de Hume, no que se refere à origem e possibilidade do
conhecimento

Notas:

Texto A

(Evidenciar problema no texto (Metafísica) referindo a resposta de Descartes seguida da de


Hume. A partir deste problema, referir os outros, relacionando-os uns com os outros e
explicitando a resposta de Descartes seguida da de Hume.)

Texto B

(Evidenciar problema no texto (Possibilidade do Conhecimento) referindo a resposta de Hume


seguida da de Descartes. A partir deste problema, referir os outros, relacionando-os uns com
os outros e explicitando a resposta de Hume seguida da de Descartes.)

(NOTA: NO FUNDO O TRABALHO VAI SE REPETIR PORQUE OS PROBLEMAS FILOSÓFICOS E AS


RESPOSTAS DOS DOIS AUTORES VÃO SER REPETIDAS. O IMPORTANTE É CONSEGUIR
CONJUGAR TODAS ESSAS RESPOSTAS DE MANEIRA ENCADEADA.)

Os problemas filosóficos são, de forma resumida:


Resolução:

Análise comparativa das teorias de Descartes e Hume

Texto A

“Conheceremos, primeiramente, que somos, enquanto a nossa natureza é pensar; e que há


um Deus de que dependemos. Depois de ter considerado os seus atributos, poderemos
investigar a verdade de todas as coisas, porque ele é a sua causa.” René Descartes

O texto de Descartes levanta questões fulcrais da metafísica, expondo um problema central: a


dependência da ciência em fundamentos metafísicos, com particular destaque para Deus
como pilar do sistema científico por ele proposto. A citação sublinha a importância da
existência de Deus como base última para a busca da verdade. Aqui reside um dilema
metafísico: a necessidade de fundamentar o conhecimento humano em realidades
transcendentes à experiência empírica.

Descartes argumenta que a natureza do ser humano está intrinsecamente ligada ao pensar,
sugerindo uma profunda relação entre mente e existência. Essa relação é consolidada pela
crença na existência de Deus como causa primeira e garante da verdade. Esta posição
estabelece uma base ontológica robusta, na qual se apoia o conhecimento humano.
No entanto, essa perspetiva encontra contestações, como evidenciado na resposta de Hume.
O filósofo escocês questiona a fiabilidade dos sentidos e a capacidade humana de apreender a
realidade para além das aparências. A sua abordagem cética desafia a noção de uma base
metafísica sólida, lançando dúvidas sobre a possibilidade de alcançar certezas absolutas.

Essa divergência entre Descartes e Hume abre caminho para uma série de interconexões
problemáticas na esfera da filosofia. Descartes deposita sua confiança na razão e na crença em
Deus como alicerces do conhecimento absoluto, enquanto Hume enfatiza a relevância da
experiência empírica e da probabilidade na formação das nossas crenças e na compreensão da
realidade.

Descartes defende a capacidade da mente de discernir verdades claras e distintas, enquanto


Hume destaca a influência dos hábitos mentais e das associações de ideias na construção do
conhecimento humano. Assim, enquanto Descartes busca uma base racional e absoluta para o
conhecimento, Hume realça a natureza contingente e probabilística da nossa compreensão da
realidade, desafiando as noções tradicionais de verdade e certeza metafísica.

Texto B

“Se prosseguirmos a nossa investigação para além da aparência dos objetos dos sentidos,
receio que a maior parte das nossas conclusões venham a estar cheias de ceticismo e
incerteza.” David Hume

David Hume, com a sua célebre asserção sobre o ceticismo e a incerteza que permeiam as
conclusões que transcendem o âmbito da experiência sensorial, levanta um dilema crucial na
investigação do conhecimento humano. Este dilema coloca em questão a capacidade de
alcançar conclusões sólidas e confiáveis quando nos aventuramos para além das aparências
sensoriais. Hume manifesta a sua preocupação de que grande parte das nossas conclusões
nesses domínios estejam inevitavelmente impregnadas de ceticismo e incerteza. Tal desafia a
noção de uma compreensão objetiva e absoluta da realidade, evidenciando a fragilidade do
conhecimento humano quando confrontado com aspetos que transcendem os sentidos.

Neste contexto, a abordagem de Descartes oferece uma perspetiva contrastante. Enquanto


Hume enfatiza a incerteza que acompanha a investigação que se estende além da experiência
sensorial, Descartes propõe uma fundação do conhecimento assente na razão e na existência
de Deus. Para Descartes, Deus assume o papel de ponto de ancoragem para a verdade
absoluta, permitindo que o conhecimento humano transcenda as limitações sensoriais.

No entanto, a resposta de Hume expõe as fragilidades desta abordagem. O ceticismo de Hume


coloca em causa a possibilidade de alcançar certezas metafísicas e epistemológicas. Assim, o
contraste entre as perspetivas de Hume e Descartes revela um debate fundamental sobre os
limites e a natureza do conhecimento humano. Isso destaca as tensões entre a busca por
verdades absolutas e a aceitação da incerteza inerente à condição humana. Esta comparação
não só ilustra as diferentes abordagens filosóficas em relação aos problemas do conhecimento,
mas também realça a complexidade e a diversidade do pensamento filosófico.

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