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ANÁLISE DE

INVESTIMENTO
E FONTES DE
FINANCIAMENTO

Aline Alves
Opções reais e árvores
de decisão
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar o projeto de investimento por meio da árvore de decisão.


„„ Relacionar as consequências explícitas das decisões de investimento.
„„ Avaliar o projeto de investimento para a tomada de decisão gerencial.

Introdução
Você sabe o que significa árvore de decisão? É uma ótima ferramenta
que tem a finalidade de auxiliar as organizações a tomar as melhores
decisões. Os pontos de decisão de investimento (nós de decisão) estão
apresentados por intermédio do símbolo quadrado na árvore. Já os pontos
de inclusão da incerteza (nós de chance) são demonstrados mediante
a simbologia do círculo.
Neste capítulo, você não apenas conhecerá como as organizações
usam as árvores de decisão, mas também entenderá como se realizam e
se avaliam projetos de investimento e os reflexos das decisões tomadas
sobre esses investimentos.​​​​​​​

O processo de análise de investimento por


meio da árvore de decisão
De acordo com Souza (2003), o método de análise denominado árvore de
decisão corresponde a uma técnica usada como opção de solução de dificul-
dades que englobam decisões contínuas. A árvore de decisão se vincula ao
risco em relação ao retorno de projetos de investimentos, pois a trajetória
demonstrada por essa técnica aborda o cenário de tomada de decisão que
remete a resultados futuros.
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O processo de árvore de decisão permite que a organização antecipe uma


dificuldade e ordene seu planejamento já definido. Seu uso é de muita utilidade
quando há uma sequência de decisões a serem tomadas.
O uso da árvore de decisão visa auxiliar várias decisões, sendo possível
analisar sua aplicação nos investimentos no momento de investir, na verificação
dos resultados e no entendimento com relação às opções de investimento, em
planejamentos, entre outros.

Quando desenvolvida a árvore de decisão, é possível efetuar o cálculo do valor pre-


sente líquido, assim como a taxa interna de retorno e o payback relativo às opções de
investimento, visando apontar a alternativa que possibilite o melhor retorno no menor
intervalo de tempo (SOUZA, 2003).

Conforme Rebelatto (2004), a árvore de decisão contribui para que sejam


previstas situações de risco com relação aos investimentos que a empresa
realiza, por exemplo. Por meio dessa ferramenta, é possível visualizar situações
de riscos e adotar ações que busquem amenizar ou reduzir tais riscos.
Com a árvore de decisão, existe a possibilidade de a organização analisar
mais de uma opção perante as dificuldades, visando equipará-las e decidir sobre
aquela que trará maiores vantagens para a organização. O método da árvore
de decisão permite ainda delinear modificações nos investimentos realizados
pela organização com relação a um momento e conforme as decisões tomadas.
As árvores possuem “nós”, chamados de bifurcações, e arcos, denominados
de galhos. Entende-se que uma bifurcação de uma decisão significa que esta
deve ser tomada em um ponto específico do processo. Para a construção da
árvore de decisão, é preciso inserir elementos-chave que possuem importantes
significados. Tais elementos, denominados “nós”, aparecem no formato de
um “quadrado ou círculo”, e cada um deles representa um tipo de decisão; já
o triângulo de lado representa o resultado a partir de uma decisão.
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Rebelatto (2004) afirma que a árvore de decisão possui símbolos represen-


tativos, possuindo cada um deles um significado. O círculo é denominado de
nó de probabilidade, e nele são apresentados diversos resultados incertos.

O formato das ramificações demonstra que cada ramificação aponta para


uma situação, um possível resultado ou ação.

Outro formato é o de alternativa rejeitada, demonstrando uma opção


que não foi escolhida.

O triângulo de lado e indicando para o lado esquerdo corresponde ao


resultado final.
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A forma quadrada, denominada nó de decisão, indica que uma decisão


deve ser tomada.

Os benefícios oferecidos pelo modelo de árvore de decisão são:

„„ Surge mediante a figura de reprodução gráfica.


„„ Auxilia na identificação de diversos esclarecimentos referentes às re-
lações entre seus elementos.
„„ Serve como base para regras de referência.
„„ Facilita a visualização do sistema.

As árvores de decisões são estruturas e correspondem, de modo resumido,


a uma situação real da organização. Para constituir a estrutura da árvore de
decisão, é preciso seguir algumas etapas:

a) estipular o problema;
b) analisar o sistema e coletar dados;
c) constituir a estrutura;
d) averiguar a estrutura, o prognóstico e a demonstração de resultados;
e) escolher as melhores opções;
f) demonstrar os efeitos das pesquisas e suas consequências na empresa;
g) executar as sugestões indicadas.

A Figura 1 demonstra um modelo fundamentado na árvore de decisões.


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Figura 1. Modelo de árvore de decisão.


Fonte: Adaptada de Boo-Tique/Shutterstock.com.

Resultados das decisões de investimentos


De acordo com Silva (2008), o processo de decisão relacionado à implantação
de projetos de investimentos de capital, por exemplo, não é tão simples e exige
o cumprimento de algumas etapas, como:

a) identificar uma oportunidade de negócio;


b) desenvolver um projeto de investimento com base técnica que apresente
os principais pontos;
c) verificar o projeto por meio do uso de procedimento específico de
análise de projetos de investimentos de capital.

Posterior à verificação da viabilidade econômico-financeira do inves-


timento, se este for aprovado, poderão ocorrer algumas situações que são
consequências da decisão de investimento, conforme se pode constatar a
seguir (LUZ, 2015).
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O que ocorre quando é preciso tomar decisão


de investimento sob limitação de capital?
Considerando que existirão mais projetos de investimentos de capital de-
feridos do que recursos financeiros que possam ser aplicados em todos os
investimentos, os administradores ou diretores das organizações passarão
por situações em que precisarão decidir sobre a implantação de investimentos
sob restrição de capital.
Quando a empresa possui mais projetos de investimentos do que recursos
disponíveis para aplicação, é fato que terá de abrir mão de projetos indepen-
dentes qualificados para implantação. Assim, a melhor decisão é analisar qual
dos projetos de investimentos possui o maior valor presente líquido (VPL).
Se existirem recursos financeiros extras, é mais viável aceitar o projeto de
investimento que apresente o segundo maior VPL, assim ordenadamente.
Em geral, são classificados os projetos de investimentos de capital deferi-
dos em ordem decrescente de VPL, devendo-se aceitar todos até o limite de
recurso disponível para aplicação.

O valor presente líquido (VPL) representa um tipo de método usado para estabelecer
a viabilidade de um investimento, ou seja, se este é viável para a empresa ou não,
considerando um período específico (SILVA, 2008).

Fórmula para cálculo do VPL:

n E (CFk)
VPL = ∑
k=0 (1 + i) K + j

Sendo:

E: valor esperado
CFk: valor genérico do fluxo de caixa líquido no período k
i: taxa de desconto ou TMA
j: posição do vetor, início do período = 0; meio = 0,5; fim = 1
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Como decidir sobre um investimento sob


vida útil diferente?
Quando existem projetos de investimentos deferidos e que possuem vida útil
diferentes, uma das maneiras de escolher entre os projetos que serão implan-
tados é aplicar novamente o cálculo do VPL, reproduzindo os fluxos de caixa
dos investimentos, até ocorrer a eventualidade do número de períodos de vida
útil de todos os investimentos. O investimento que apresentar o maior VPL
será destacado como prioritário entre os demais.

Como decidir sobre um projeto de investimento


sob fluxo de caixa anual ou mensal?
Independentemente de o fluxo de caixa ser mensal ou anual, não haverá proble-
mas com relação à análise dos projetos de investimentos. Para que se analisem
e se comparem projetos com períodos diferentes, é preciso que estes (fluxos de
caixa mensais) sejam levados a valor futuro conforme o uso de taxa de juros.
Independentemente da segmentação de uma empresa, ela precisa tomar
grandes decisões, entre elas as que contemplam os projetos de investimento,
a maneira como a empresa deve aplicar os recursos financeiros e também a
questão de financiamento, por exemplo.
As decisões tomadas pelas organizações são diárias e sequenciais. Para que
sejam tomadas decisões sobre projetos de investimentos, é preciso entender
que tais decisões abrangem todo o processo de identificação, verificação e
escolha das opções relativas à destinação de recursos.
Vale destacar que as empresas devem realizar uma criteriosa análise dos in-
vestimentos que pretendem realizar, analisando ambientes externos à empresa,
como a economia. A visão de cenários externos também deve ser avaliada
para uma correta tomada de decisão. É importante efetuar uma análise de
investimentos rigorosa e específica, buscando compreender a saúde financeira
da organização, evitando, assim, possíveis prejuízos diante de aplicações de
investimentos malsucedidas (SILVA, 2008).
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Projeto de investimento para tomada


de decisão gerencial
Conforme Morante e Jorge (2007), o processo de avaliação de investimento
define critérios de viabilidade, buscando averiguar o melhor retorno para
a organização proprietária desse recurso financeiro, possibilitando, assim,
averiguar as melhores opções.
Visando ao sucesso do investimento, é preciso mensurar os resultados dos
efeitos financeiros. É necessário que sejam analisadas as alternativas que a
empresa possui e os retornos que essa decisão trará. É importante considerar
os efeitos financeiros no longo prazo, pois essa análise é imprescindível para
fins de confronto do valor existente, do uso de taxas de descontos e dos riscos
de atratividade dos proprietários perante o capital.
Para realizar uma avaliação básica de um projeto de investimentos, é
preciso utilizar técnicas, realizando uma análise cautelosa dos processos a
fim de entender os efeitos nos resultados financeiros. Os métodos necessários
para a análise de projetos de investimentos são:

„„ valor presente líquido (VPL);


„„ taxa interna de retorno (TIR);
„„ prazo de retorno do investimento inicial (payback);
„„ taxa mínima de atratividade (TMA).

A TMA, indicada como uma das melhores opções para o investimento


por possuir menor grau de risco para a implantação, é constituída por alguns
elementos imprescindíveis, como:

„„ Custo de oportunidade: representa remuneração adquirida em opções


que não são averiguadas. Exemplo: fundos de investimento.
„„ Risco do negócio: quando o retorno deve remunerar o risco pertencente
de uma outra ação.
„„ Liquidez: competência ou agilidade de sair de uma situação no mercado
para colocar-se em outra.
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A fim de entender se o projeto de investimento vai cumprir as metas


definidas pela organização, é necessário ter conhecimento sobre os índices
apresentados pela TIR na viabilidade do retorno financeiro explícito pela
taxa. Para melhor entendimento desta, é preciso efetuar uma comparação com
a TMA. Assim, se a TIR resultar em um maior valor ou for igual à TMA,
entende-se que o investimento é favorável, conforme os critérios definidos pela
organização. A TIR representa um processo que repercute a taxa dos fluxos
de caixa líquidos recorrentes. A taxa é conhecida como taxa de desconto do
fluxo de caixa, ou seja, contida em entradas e saídas. O VPL corresponde ao
valor que o investimento trará de retorno no término do período estipulado,
fazendo uso da TMA.
Buscando avaliar um projeto de investimento, é importante apontar o tempo
preciso para atingir o retorno sobre o investimento. Para isso, é necessário
utilizar o método payback, buscando entender o tempo previsto para os flu-
xos de caixa líquido gerados, deduzidos do investimento inicial, para então
averiguar seu prazo de retorno.
O payback representa o tempo imposto para o investimento produzir fluxos
de caixa satisfatórios visando reaver o custo inicial. Deve ser considerado
como um indicador, ou seja, não ser utilizado para fins de escolha entre as
opções de investimentos, pois sua função é apresentar o período que levará
para se recuperar o valor investido. Cabe destacar que o payback descontado
considera o valor real do dinheiro, apresentando uma estimativa financeira
mais próxima da situação real.
É possível constatar que o resultado final com relação à viabilidade eco-
nômica pode ser demonstrado mediante TIR, VPL, custo anual e payback.
A união desses métodos de investimentos direcionará para uma proposta de
retorno mais atraente e positiva para a tomada de decisão empresarial.
Na avaliação do investimento, a decisão gerencial pode ter como base o
período previsto pelo payback. A empresa deve avaliar o período considerado
para o retorno do capital investido, ou seja, se o período do payback for menor
que o período máximo previsto, o projeto deverá ser aceito, no entanto, se o
período do payback for maior, ele será rejeitado. O payback é pouco usado na
análise de investimentos por não avaliar o valor do dinheiro em tempo real
(MORANTE; JORGE, 2007).
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LUZ, A. E. Introdução à administração financeira e orçamentária. Curitiba: Intersaberes,


2015.
MORANTE, A. S; JORGE, F. T. Administração financeira: decisões de curto prazo, decisões
de longo prazo, indicadores de desempenho. São Paulo: Atlas, 2007.
REBELATTO, D. Projeto de investimento. Barueri: Manole, 2004.
SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SOUZA, A. B. Projetos de investimentos de capital: elaboração, análise e tomada de
decisão. São Paulo: Atlas, 2003.

Leituras recomendadas
AZEVEDO, B. B.; ALMEIDA, R. P.; SILVA, V. V. M. Aplicação do método árvore de decisão para
apreciação de alternativas de investimento. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO, 33., 2013, Salvador. Anais... Rio de Janeiro: ABEPRO, 2013. p. 1-15. Dispo-
nível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STO_179_020_21874.
pdf>. Acesso em: 14 ago. 2018.
FERREIRA, J. A. S. Finanças corporativas: conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005.
GITMAN, L. J.; JOEHNK, M. D. Princípios de investimentos. 8. ed. São Paulo: Pearson
Addison Wesley, 2005.
SAMANEZ, C. P. Gestão de investimentos e geração de valor. São Paulo: Person Prentice
Hall, 2007.

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