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Material Digital do Professor

Geografia – 7º ano
2º bimestre – Sequência didática 2

População da Região Nordeste


Duração: 2 aulas
Referência do Livro do Estudante: Unidade 4, Capítulo 8

Relevância para a aprendizagem


A região Nordeste é a segunda mais populosa do país, contudo, é possível constatar que
a distribuição populacional no território é bastante desigual, pois apresenta um litoral densamente
povoado em comparação com o interior. Essa configuração está ligada aos processos históricos não
apenas de formação regional, mas também do Brasil. Analisar a evolução do povoamento que
contribuiu com a atual distribuição da população no Nordeste é essencial para a compreensão da
organização espacial da própria região.

Ao promover o aprendizado sobre o povoamento da população Nordeste e relacionar esse


conhecimento à atual distribuição da população regional, as atividades propostas nesta sequência
didática estimularão os alunos do 7º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais a valorizar os
conhecimentos históricos para a compreensão do presente (Competência geral 1), bem como a
analisar informações textuais e cartográficas e elaborar as próprias conclusões com esses dados
(Competência geral 7).

Objetivo de aprendizagem
• Identificar de que modo a distribuição atual da população da região Nordeste está
relacionada ao início da ocupação do território e ao desenvolvimento das principais
atividades econômicas ao longo da história.

Objeto de conhecimento e habilidade (BNCC)


Objeto de conhecimento Habilidade
(EF07GE04) Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando
Características da população
a diversidade étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática), assim como
brasileira
aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
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Geografia – 7º ano
2º bimestre – Sequência didática 2

Desenvolvimento
Aula 1 – Povoamento da região Nordeste I
Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: sentados em suas carteiras, organizadas em semicírculo.
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz/caneta, lápis, borracha, caderno, projetor (se possível), mapa da densidade
demográfica do Brasil e mapa das atividades econômicas da colônia.

Atividade 1

Previamente, selecione o mapa da densidade demográfica do Brasil, que pode ser


encontrado no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (disponível em:
<https://brasilemsintese.ibge.gov.br/images/brasil_em_sintese/territorio/brasil_densidade_demogr
afica.pdf>. Acesso em: 9 out. 2018). Projete o mapa ou, na ausência de recurso, imprima-o e, na sala
de aula, fixe-o na lousa.

Inicie esclarecendo aos alunos que o mapa exibe a densidade demográfica ou populacional
do Brasil. Solicite que observem o mapa e indiquem a localização da região Nordeste. Prossiga,
auxiliando-os a compreender a legenda do mapa. Explique que, nela, as cores mais escuras
representam maior quantidade de habitantes por km², ou seja, maior densidade populacional, ao
passo que as mais claras representam menor densidade populacional. Com a turma munida dessa
informação, questione: “Quais são as áreas de maior e menor densidade demográfica no país?”.

Por meio da discussão, estimule-os a perceber que as áreas de maior densidade populacional
do Brasil são as faixas litorâneas, em contraste com o interior, especialmente, das regiões Norte,
Centro-Oeste e partes do Nordeste. Agora, concentre a exposição na observação da região Nordeste
e mostre que a faixa litorânea é densamente povoada em relação a algumas áreas do interior, que
são bem menos ocupadas.

Por fim, pergunte aos alunos: “Alguém sabe justificar as razões da concentração populacional
no litoral da região Nordeste?”. Eles poderão mencionar a Caatinga e o clima semiárido como
inibidores da ocupação do interior nordestino, e até mesmo a presença de alguns dos primeiros
núcleos de povoação do Brasil. Avalie as hipóteses dos alunos, destacando as colocações pertinentes.
Informe-os de que, nas próximas atividades, investigarão alguns fatores históricos que interferiram
na constituição desse perfil atual da distribuição populacional nordestina.

Atividade 2

Para esta atividade, selecione previamente um mapa das atividades econômicas da colônia
que mostre, ao menos, a área de ocorrência e exploração do pau-brasil e as áreas de cultivo de
cana-de-açúcar, com destaque para a região Nordeste. Diferentes mapas com essa informação
podem ser encontrados em livros didáticos, atlas históricos e na internet. Projete o mapa ou, na
ausência de recurso, imprima-o e, na sala de aula, fixe-o na lousa.
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2º bimestre – Sequência didática 2

Inicie a atividade esclarecendo aos alunos que o desenvolvimento das características


demográficas atuais da região Nordeste remonta ao início da colonização e que dois fatores
principais contribuíram para a organização do povoamento no período colonial: a defesa do território
e as atividades econômicas. Prossiga ressaltando que as empreitadas coloniais dos países europeus
por territórios além-mar estavam inseridas no contexto mercantilista, ou seja, desejava-se a
ampliação dos territórios em busca de metais preciosos ou de mercadorias que pude ssem ser
exportadas, garantindo ao Estado a acumulação de riquezas. Explique que, desde o início da
colonização, os portugueses procuraram extrair da terra aquilo que tivesse valor de exportação.

Pergunte então aos alunos: “Vocês sabem qual foi a primeira atividade econômica de grande
expressão realizada pelos portugueses no território que viria a se tornar o Brasil?”. Conduza o
debate, esclarecendo que foi a exploração do pau-brasil, cuja ocorrência natural estava presente no
trecho de Mata Atlântica que se estendia de São Paulo até o Rio Grande do Norte. Aponte no mapa
a área de ocorrência da espécie.

Em seguida, mostre à turma, localizando no mapa, alguns dos primeiros núcleos de


povoamento do Brasil. Ressalte que houve duas áreas principais para o povoamento inicial da
colônia: o litoral do Nordeste e o litoral do Sudeste. Foi em Salvador, no entanto, que se estabeleceu
o primeiro governo-geral da colônia, em 1549. Outros núcleos fundados no Nordeste ainda no século
XVI foram Olinda, Igarassu e Recife, em Pernambuco, e João Pessoa, na Paraíba.

Sempre incentivando a participação dos alunos, continue a exposição, esclarecendo que,


na busca pelo desenvolvimento de atividades lucrativas no território da colônia, os portugueses
trouxeram um produto que já cultivavam em outras ilhas do Atlântico: a cana-de-açúcar,
matéria-prima para produção do açúcar, produto altamente valorizado nos mercados europeus .
Destaque que a espécie foi cultivada, inicialmente, perto dos primeiros núcleos de povoamento no
Sudeste (próximo à Vila de São Vicente, onde foi fundado um dos primeiros engenhos do Brasil) e no
Nordeste, nos arredores de Olinda e Recife e em Salvador. Evidencie que foi nesse último local, no
entanto, que o cultivo da cana prosperou.

Indique, no mapa, a localização aproximada da Zona da Mata nordestina, explicando que


essa sub-região do Nordeste apresentava condições adequadas de solo e clima para que a cana
pudesse ser cultivada sem dificuldades. Além disso, a proximidade dos portos tornava mais barata e
lucrativa a exportação do produto. Não esqueça de mencionar que a produção de cana-de-açúcar no
Sudeste não foi tão lucrativa quanto no Nordeste e que, por esse motivo, não é possível fazer a
mesma relação entre essas informações, pois a concentração populacional no Sudeste é fenômeno
bem mais recente e relacionado sobretudo à industrialização.

Saliente aos alunos que o sucesso da produção de açúcar na Zona da Mata durante os
séculos XVI e XVII auxiliou a reforçar vilas, cidades e povoamentos da região Nordeste. A estrutura
social da época, formada por uma elite de senhores de engenho, alguns homens livres e uma
quantidade crescente de mão de obra formada por africanos escravizados, marcou a chamada
“sociedade açucareira”.
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Finalize a exposição explicando aos alunos que, por volta de meados do século XVII, outros
Estados europeus, especialmente os holandeses, passaram a cultivar cana-de-açúcar nas Antilhas.
Isso aumentou a quantidade do produto no mercado internacional, provocando a queda dos preços
e, em decorrência, a diminuição dos lucros dos empreendimentos açucareiros do Nordeste.
Aproveite para esclarecer que isso não significou o fim da produção de açúcar no Nordeste, mas que
outros produtos passaram a compor as exportações para a metrópole; e a busca por esses produtos,
portanto, passou a comandar uma interiorização cada vez maior dos empreendimentos coloniais.

Atividade 3

Como atividade para encerramento, solicite aos alunos que observem atentamente os dois
mapas analisados durante a aula – de densidade demográfica e das atividades econômicas no
período colonial – e anote na lousa o seguinte questionamento: “Há alguma semelhança entre as
áreas de maior concentração demográfica e as de cultivo de cana-de-açúcar na região Nordeste?
Explique.”.

Dê à turma algum tempo para responderem em uma folha de caderno, que deverá ser
entregue para avaliação. Em seguida, peça a alguns alunos que falem sobre as conclusões a que
chegaram. Atue como mediador desse debate final, direcionando-os a compreender que há
correspondência entre as áreas de cultivo de cana-de-açúcar e as de grande concentração
demográfica na região. Destaque, por exemplo, o litoral de Pernambuco, uma das primeiras áreas de
produção de açúcar no Brasil. Conduza a discussão com base nas colocações dos alunos e esclareça
que, embora a produção do açúcar por si só não seja responsável pela concentração demográfica no
litoral nordestino, ela auxiliou a consolidar alguns núcleos urbanos e a aumentar o povoamento do
local, o que também serviria para possibilitar maior proteção do território.

Aula 2 – Povoamento da região Nordeste II


Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: em um primeiro momento, em grupos com cinco alunos; na segunda parte da aula, em uma
roda de conversa para a discussão final
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz/caneta, caderno, lápis, borracha, cópias do texto selecionado, cópias
do mapa de distribuição do gado no Nordeste no século XVII e mapa de densidade demográfica do Brasil.

Atividade 1

No início da aula, faça a devolução da atividade realizada no fim da aula anterior, reservando
um momento para fazer comentários sobre a produção dos alunos.

Na sequência, questione-os: “Será que a produção da cana-de-açúcar no litoral do Nordeste


exigia atividades econômicas auxiliares?”. Permita que reflitam por um tempo antes de tentar
responder à questão. A intenção é levá-los a perceber que outras atividades econômicas, como a
agricultura, a pecuária, a prestação de serviços e um pequeno comércio, também ocorriam na
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sociedade colonial, que contava com um número crescente de pessoas. Entre as atividades
econômicas mencionadas, destaque a criação de gado bovino e de muares (jegues, mulas e burros),
utilizados para alimentação e transporte. Explique que, da mesma forma que a produção de
cana-de-açúcar teve influência sobre a distribuição da população na região, a pecuária também foi
responsável pelo desbravamento de algumas porções do território nordestino.

Atividade 2

Para que os alunos possam investigar o povoamento do sertão nordestino e compreender


os principais caminhos da pecuária na região, imprima previamente cópias do texto indicado a
seguir, bem como cópias do mapa de distribuição do gado no Nordeste. Sugere-se a utilização
do mapa que há no Atlas Histórico do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (disponível em:
<https://atlas.fgv.br/marcos/caminhos-do-gado/mapas/o-nordeste-da-cana-e-do-gado-no-seculo-
17>. Acesso em: 9 out. 2018).

O gado [...] dispensava a proximidade da praia, pois [...] a si próprio


transportava das maiores distâncias, e ainda com mais comodidade; dava-se bem nas
regiões impróprias ao cultivo da cana, quer pela ingratidão do solo, quer pela
pobreza das matas sem as quais as fornalhas não podiam laborar; pedia pessoal
diminuto, sem traquejamento especial, consideração de alta valia num país de
população rala; quase abolia capitais, capital fixo e circulante a um tempo, [...];
fornecia alimentação constante, superior aos mariscos, aos peixes e outros bichos
de terra e água, usados na marinha.
ABREU, Capistrano de. O sertão. In: Capítulos de história colonial (1500-1800). Brasília: Senado Federal, 1998. p. 132. Disponível em:
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1022/201089.pdf>. Acesso em: 3 out. 2018.

Organize os alunos em grupos de até cinco integrantes. Antes de iniciar a atividade, peça a
alguns alunos que leiam o texto em voz alta, trecho por trecho, identificando palavras ou expressões
que tenham dificuldade para compreender. Conduza-os na interpretação do texto, explicando que se
trata de um trecho de um livro sobre a história da colônia no Brasil, mostrando ainda alguns dos
motivos que influenciaram o início da interiorização da pecuária no Nordeste.

Após a análise coletiva do texto, anote na lousa as questões às quais os alunos responderão
em grupo:

• Segundo o texto, quais foram as vantagens da interiorização da pecuária na região Nordeste?


• Observem o mapa que mostra a expansão do gado pelo interior e identifiquem as
áreas de origem dos rebanhos. É possível relacionar essa informação à produção da
cana-de-açúcar no Nordeste?
• Observem os caminhos da expansão da pecuária. Há alguma relação entre as
características físicas da região e a expansão do gado para o interior?
Enquanto os grupos trabalham para chegar às respostas, aproveite para circular pela sala,
avaliando a participação de todos na atividade.
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Atividade 3

Finalizada a atividade 2, prossiga a aula com uma discussão sobre os resultados das análises
dos grupos sobre o texto e o mapa. Organize a turma em uma roda de conversa, para que os grupos
possam compartilhar as respostas às questões propostas. Inicie solicitando a um dos grupos que
fale sobre as conclusões a que chegaram sobre a primeira questão; em seguida, peça a outro que
complemente a resposta, se possível. Repita o procedimento para cada questão, de modo que todos
os grupos participem.

Atue como mediador dessa discussão ao longo da apresentação das respostas. Espera-se que
os alunos tenham identificado no texto as motivações para a interiorização da pecuária, tais como: a
capacidade do gado de transportar a si mesmo; a possibilidade de utilizar pastos naturais que não
serviriam para o cultivo da cana, possibilitando o aumento das áreas de cultivo de cana no espaço
próximo ao litoral; a baixa necessidade de mão de obra e o baixo custo da produção. Almeja-se,
ainda, que relatem que os rebanhos saíram das áreas que concentravam a produção de açúcar, o que
mostra a relação entre as duas produções. Por fim, espera-se que a turma tenha inferido, por meio
da análise do mapa, que o desenvolvimento da pecuária seguiu o curso dos rios, como o São
Francisco e o Parnaíba, que forneciam água para os rebanhos e possibilitavam a agricultura de
subsistência, permitindo aos produtores adentrar o território cada vez mais.

Finalize a aula e o conteúdo apresentando novamente aos alunos o mapa de densidade


demográfica (o mesmo utilizado na aula 1). Explique que, embora a pecuária tenha iniciado o
povoamento do sertão nordestino, a própria característica da atividade econômica, que utilizava grandes
extensões de terra e pouca mão de obra, se comparada à produção da cana-de-açúcar, não estimulou o
crescimento de vilas e centros urbanos na mesma magnitude daquelas do litoral. Assim, embora alguns
municípios do sertão tenham surgido como localidades ligadas à pecuária, a exemplo de Campina Grande
e Caruaru, esses municípios não cresceram no mesmo ritmo dos localizados na faixa litorânea.

Aferição do objetivo de aprendizagem


A avaliação do processo de aprendizagem pode ser realizada por meio das atividades
propostas nesta sequência didática, devendo considerar os desenvolvimentos individual e coletivo
de cada um dos alunos.

Na aula 1, por meio das respostas à pergunta sobre a relação entre a produção de
cana-de-açúcar no período colonial e a concentração populacional na região Nordeste, verifique a
habilidade dos alunos em analisar o mapa e considerar a contextualização exposta durante a aula.

Na aula 2, mediante as respostas dos grupos aos questionamentos propostos e com a


observação da participação dos alunos na discussão coletiva, observe se eles compreenderam que o
desenvolvimento da pecuária como outra importante atividade da economia colonial possibilitou o
povoamento do interior da região, embora de maneira bem menos adensada.
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2º bimestre – Sequência didática 2

Questões para auxiliar na aferição

1. Ao longo de todo o litoral do Nordeste, é possível encontrar diversos fortes construídos pelos
portugueses ao longo dos séculos XVI e XVII. Por que os portugueses se preocupavam com a
proteção do território?

2. Os rios Parnaíba e São Francisco são alguns dos rios perenes (que não secam no período de
estiagem) da região Nordeste. É possível relacionar essa informação à distribuição da pecuária
rumo ao interior da região no período colonial?

Gabarito das questões

1. Espera-se que os alunos expliquem que, na região do litoral nordestino, concentraram-se as


primeiras atividades econômicas de grande porte do período colonial. Assim, os portugueses
tinham interesse em proteger o território para continuar exercendo atividades como a retirada
de pau-brasil e o cultivo de cana-de-açúcar, além de garantir a posse do território combatendo
invasões estrangeiras.

2. Almeja-se que os alunos respondam positivamente, indicando que a análise do mapa de


distribuição da pecuária no Nordeste colonial mostra que a presença dos rios perenes permitiu
maior interiorização dos rebanhos de gado. A disponibilidade de água servia para o abastecimento
humano e dos animais, além de possibilitar o cultivo de alimentos.

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