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Susanasantoscoelho@fd.ulisboa.pt
Art. 11º - noção de contrato de trabalho. Apenas pessoa singular? Menezes Cordeiro
não vê problemas em ser uma pessoa colectiva – opinião minoritária.
A doutrina maioritária entende que quando estamos a falar de duas pessoas colectivas,
não há a mesma diferença de forças entre o empregador e o trabalhador – será aqui uma
prestação de serviços e não um contrato de trabalho.
O contrato de trabalho:
a) É consensual, do qual decorrem obrigações para ambas as partes
b) É um contrato obrigacional, obrigam-se,
c) mediante retribuição (oneroso)
d) a prestar uma atividade. Na prestação de serviços há uma obrigação de resultado,
enquanto que num contrato de trabalho há uma obrigação de meios.
e) Prestar trabalho a uma ou outras pessoas é possível, ainda que o contrato de
trabalho seja tendencialmente exclusivo – art 101º.
f) Numa estrutura organizada
g) Sob autoridade destas – poder diretivo através de instruções e outros meios –
328º - poder disciplinar. Pese embora tenha este poder, este não é um poder
último pois o trabalhador pode propor uma ação por ilegalidade do
despedimento é pode depois, se tiver razão, escolher entre a indemnização e a
reintegração.
Os contratos podem ter termos. O termo é sempre resolutivo, não é suspensivo. O termo
pode ser certo (contrato celebrado por 6 meses) ou incerto (até que um projecto x seja
implementado). Num contrato com termo incerto, no caso de ter sido contratado até ser
implementado um certo projecto, é muito parecido com um contrato de prestação de
serviços, mas temos de atender aos outros elementos que nos permitem distinguir.
Outsourcing:
a) Maior especialização
b) Flexibilização
.
Caso prático 1
1.1.Maria deveria entregar a tradução, também via email, nos 15 dias seguintes à
receção do pedido feito pelo ILA - salvo outro prazo acordado pelas partes,
considerando a mais complexidade da tarefa;
1.2.Maria desenvolveria a sua atividade na sua residência ou no seu domicílio
profissional, ou em qualquer outro lugar por esta escolhido, não integrando a
estrutura organizativa do ILA;
1.5.O ILA confiava em absoluto nas competências de Maria, pelo que nenhuma
indicação ou correção lhe seria pedida no final de cada tradução;
1.6.A título de honorários, Maria recebia X euros por cada palavra a traduzir,
acrescido de um valor caso o texto traduzido fosse mais extenso. Esse valor era
aumentado em caso de traduções técnicas.
2) Maria tem muitas encomendas feitas regularmente pelo ILA, pelo que não
faz traduções para mais nenhuma outra entidade. Com efeito, o valor
mensal de 1200€ líquidos que aufere em média, corresponde ao mínimo das
necessidades da sua subsistência condigna.
5.1. O facto de ainda não lhe ter sido fornecida qualquer formação específica sobre
as influências do novo acordo ortográfico nas técnicas de traduções e retroversões;
7.1.A preocupação de Joana surgiu quando a empresa deixou de lhe enviar peças
para pintar durante 2 meses seguidos, sem lhe dar qualquer justificação. Joana
não sabe se tem direito a alguma compensação ou se, por causa disso, o seu vínculo
caducou.
Quid Iuris
O empregador não tem de ser uma pessoa coletiva, pode ser uma pessoa singular. Por
exemplo, na contratação para trabalho doméstico, quem contrata, em princípio, é uma
pessoa singular.
.
Caso prático 2
b. O trabalho prestado pelos vizinhos uns aos outros; pelos familiares e por
solidariedade;
Caso prático 3
(Qualificação do contrato de trabalho e presunção legal)
Suponha que na qualidade de juiz lhe era exigida pronúncia final sobre uma ação
judicial cujo pedido implica a necessária qualificação da relação jurídica
estabelecida entre o trabalhador autor e a empresa ré.
Considerando que finda a produção de prova nos autos só foram provados os
factos que se descrevem de seguida, aos quais tem de aplicar a lei, qual a sua
decisão final relativamente à qualificação do contrato celebrado entre as partes?
Entende que é um contrato de trabalho? Justifique, explicando a sua
argumentação de facto e de direito.
FACTOS PROVADOS:
Caso Prático 4
João tem 17 anos, frequenta o 10º ano de escolaridade e é casado. Foi contratado
pela empresa W para distribuir publicidade durante o tempo não letivo, num total
de 4 horas diárias e 20 semanais, sem qualquer formação adicional, nem realização
de exames médicos.
Podemos então concluir que todo o contrato é válido até agora, excepto no que
toca aos últimos dois pontos, formação e exames médicos.
b) A empresa W desconsidera a carta enviada pelos pais de João, dado ele ser
casado, e exige ao menor a prestação de mais horas além das previstas no
contrato, incluindo uma hora em período noturno.
????
O seu contrato é válido, por tudo o que já se disse (com as advertências já
consideradas).
Antes da alteração operada com a lei nº 85–72009, de 27 de Agosto, o menor
ainda com dezasseis anos que não tivesse completado a escolaridade obrigatória
ou a qualificação profissional necessária, podia, ainda assim, trabalhar, desde
que estivessem preenchidas as condições estabelecidas no nº1 do art. 69.º. Este
relacionamento deixa de valer com a alteração citada, na medida em que a
escolaridade obrigatória foi elevada até aos 18 anos. O regime instituído foi
alterado mantendo o mesmo espírito, como a escolaridade termina aos 18 anos,
admite-se que, não tendo concluído a escolaridade obrigatória com 16 anos, o
que será normal, o menor possa, ainda assim, trabalhar desde que esteja
matriculado e a frequentar o nível secundário de educação.
b) O empregador alega que essa carta não pode produzir efeitos porque o
contrato não foi reduzido a escrito, aproveitando a situação para
invocar a nulidade do mesmo por violação de norma imperativa.
Para despedir cabe ao empregador fazer a prova dos elementos constitutivos da justa
causa. Como se depreende do art. 342.º/1 do CC, cabe ao empregador fazer a prova dos
factos constitutivos dos elementos que integram a justa causa de despedimento.
124.º aplicamos ou não? Maria estava de boa fé. A maria não se aplica o 124.º/1, mas à
empresa sim. Não estamos aqui a falar de devolver as retribuições. As retribuições não
são vantagens.
Nos termos do art. 289.º do CC, vale o princípio da retroatividade, ou seja, sendo o
contrato inválido, destroem-se os efeitos até então produzidos, devendo ser restituído
tudo o que tiver sido prestado. No entanto, atendendo ao contrato de trabalho, seria
difícil proceder-se à devolução da atividade realizada pelo trabalhador. Nos termos do
art. 289.º CC, não sendo possível devolver qualquer das prestações, será entregue o
correspondente pecuniário. Como as partes poderiam recorrer à compensação, nenhuma
delas procederia à restituição da prestação recebida. Mas esta solução parte do
pressuposto que, na atividade laboral, o salário corresponde ao valor da atividade
desenvolvida. Pode, no entanto, ocorre que o trabalho prestado não seja equivalente ao
salário, o que implicaria que se teria de avaliar o valor da atividade e verificar se era
igual ao salário pago, complicando o processo de restituição e determinação do valor
das prestações.
Assim, em relação ao contrato de trabalho, não se aplica o regime previsto no CC,
tendo-se estabelecido regras específicas nos art. 121.º a 125.º CT.
O art. 122.º CT estabelece uma regra diferente da constante no art. 289.º do CC. Há uma
rejeição do princípio da retroatividade, seguindo-se a regra de que o contrato de trabalho
declarado nulo ou anulado produz efeitos como se fosse válido, ficcionando-se a
respetiva validade. A invalidade não tem eficácia retroativa, impedindo tão-só a
produção de efeitos para o futuro.
Se o contrato inválido cessar com base numa outra causa que não a invalidade, segue o
regime da cessação do vínculo, do art. 123.º/1. Se, não obstante a invalidade do
contrato, uma das partes tiver posto termo ao negócio jurídico com base noutra causa
que não a invalidade, aplica-se então o art. 338.º e ss.
No caso de uma das partes estar de má fé, que nos termos do art. 123.º/4 consiste na
celebração ou manutenção do contrato de trabalho com o conhecimento da causa da
invalidade, e depois para pôr termo ao negócio jurídico, invocar a sua invalidade, terá
de pagar uma indemnização à contrapartida que se encontra de boa fé – art. 123.º/3.
Considero, assim, que segue-se o regime da denúncia, apenas, nos termos do 123.º/1
Penso que a solução seja igual à anterior. Embora não haja, in casu, uma justa causa, na
medida em que Cátia sabia perfeitamente o que é que a empresa para a qual trabalhava
fazia, a justa causa não é um requisito para a denúncia do contrato de trabalho.
O contrato de trabalho, sendo uma relação duradoura, não implica uma vinculação
perpétua do trabalhador, que a todo o tempo se pode desvincular. Neste caso estar-se-á
perante um caso de denúncia com aviso prévio – art. 400.º.
O trabalhador que pretenda pôr termo ao contrato pode recorrer à denúncia ad nutum e
não tem de indemnizar a contraparte se comunicar por escrito a sua intenção de se
desvincular com a antecedência estabelecida no art. 400.º/1. Esta declaração pode ser
revogada pelo trabalhador até ao sétimo dia seguinte à data em que chega ao poder ou
ao conhecimento do empregador – art. 402.º/1. Trata-se de uma exceção à regra geral da
irrevogabilidade das declarações negociais – 230.º CC.
Sendo que estamos perante uma violação dos pressupostos, estamos perante a
inexistência de uma das relações.
Neste último caso, que parece ser o nosso, a expressão “estruturas organizativas
comuns” exige que os empregadores partilhem mais do que a posição jurídica de
credor da prestação de trabalho. A atividade económica que prosseguem tem de
servir de instalações, equipamentos, ou recursos que, sendo característicos da
atividade desenvolvida, estão à disposição de todos.
2 - Desde data não apurada e até dezembro de 2003, a Autora era responsável pela
Secção de Peixaria que, na terminologia interna, a Ré designava de Chefes de
Secção;
Função afim –
Nos termos do 115.º/1 cabe às partes determinar por acordo a atividade para que o
trabalhador é contratado.
Nos termos do 118.º/1 o trabalhador deve, em princípio, exercer funções
correspondentes à atividade para que se encontra contratado, devendo o empregador
atribuir-lhe, no âmbito da referida atividade, as funções mais adequadas às suas aptidões
e qualificação profissional.
Estamos perante um caso de mobilidade funcional, previsto no art. 120.º CT.
Para haver ius variandi é necessário que a alteração determinada pelo empregador esteja
em contradição com o programa contratual, ou seja, com as regras que direta ou
indiretamente regem aquela relação laboral.
Este ius variandi encontra-se previsto no art. 120.º CT sob a designação de mobilidade
funcional, determinando que cabe no poder de direção encarregar temporariamente o
trabalhador de desempenhar funções não compreendidas na atividade contratada.
Pressupostos:
- tem de encontrar justificação no interesse da empresa, tendo o mesmo de ser indicado
na ordem – 120.º/3 CT. Podemos aqui falar de um interesse da empresa num sentido
subjetivo, identificado com os interesses do empregador, ou num interesse objetivo.
Nesta última aceção, podemos reportar-nos a um interesse da empresa considerada
como instituição portadora de interesses próprios para os quais concorrem o trabalhador
e empregador. Tem de haver um facto que possa pôr em causa a normalidade técnico-
produtiva para que seja lícita a exigência de funções situadas na periferia da atividade-
tipo, de forma a permitir a mobilidade funcional. Este requisito está preenchido. Neste
caso, havendo falta de um trabalhador, seria competência do juiz avaliar da existência
do facto e da sua suscetibilidade de pôr em causa o funcionamento da empresa, segundo
critérios típicos de normalidade técnico-organizativos.
- os pressupostos têm de ser provados pelo empregador, nos termos do art. 342.º CC.
O trabalhador não pode, contudo, ser obrigado a desempenhar uma tarefa diversa, que
implique um sacrifício excessivo, relativamente à atividade para a qual foi contratado.
Da mesma forma, não se pode incumbir um trabalhador de funções que, tendo em conta
a posição que o mesmo ocupa na empresa, sejam consideradas vexatórias.
Há ainda que ponderar que não será lícita a ordem para desempenhar novas funções
para as quais o trabalhador não tem preparação técnica. Neste caso, o trabalhador tem
um estágio e curso na área, pelo que não há problema quanto a este ponto.
A alteração pode ser total, passando o trabalhador a exercer a tempo inteiro uma nova
atividade, ou parcial. Neste último caso, que é o nosso, o trabalhador continua, em parte,
a desenvolver a atividade correspondente à sua categoria, este caráter parcial, tanto pode
ser de algumas horas por dia, de alguns dias por semana, ou mesmo de determinadas
semanas por ano.
O exercício do ius variandi por mais de 2 anos permite ao trabalhador recusar-se a fazer
as funções exercidas ao abrigo da faculdade do empregador ou o trabalhador adquire o
direito à categoria contratual e normativa das funções que exerce? Esta última hipótese
contende com o nº5, mas a verdade é que a lei refere-se neste nº a funções
temporalmente exercidas, e no caso de funções exercidas por mais de 2 anos não
estamos perante uma situação de transitoriamente.
A contrario, podemos afirmar que, embora em vez de 6 meses, o trabalhador ocupou a
posição por 12 meses, ainda está numa situação de transitoriamente e, assim sendo,
aplicamos o nº5 que afirma que, salvo disposição em contrário (que não houve), o
trabalhador não adquire a categoria profissional correspondente às funções exercidas
temporariamente.
Em sentido contrário - AC. STJ 23/3/2001 – exercício de ius variandi de funções de
categoria superior por mais de 6 meses confere direito à nova categoria. Ficava por
saber se estamos perante uma categoria superior.
A remuneração mais elevada é devida durante os 12 meses – 120.º/4.
Preferência na admissão externa – sim, se estivesse contratado a termo.
Penso que quanto a este caso se aplica o art. 118.º/2 – estamos perante a realização de
uma função afim. Nos termos do nº3, consideram-se afins ou funcionalmente ligadas,
designadamente, as funções compreendidas no grupo ou carreira profissional.
O exercício de funções afins ou funcionalmente ligadas não pode implicar uma
modificação objetiva do contrato sem o consentimento do trabalhador. Existe afinidade
funcional quando existem semelhanças, proximidade, acessoriedade ou
complementaridade entre atividades.
Penso que seja o caso entre um médico e um enfermeiro.
Só podem ser exigidas ao trabalhador funções para as quais detenha qualificação
profissional e que não impliquem desvalorização profissional.
A supletividade das regras do ius variandi merece alguma reflexão. Tem-se afirmado
que as chamadas cláusulas de mobilidade devem ter limites de modo a que os
trabalhadores não fiquem obrigados a fazer tudo em qualquer lugar.
O âmbito da autonomia privada no domínio das cláusulas de mobilidade deve ter
limites. A obrigação do trabalhador subordinado é de conteúdo indeterminado, mas
determinável, quer quanto à atividade contratada, quer quanto aos parâmetros
geográficos e temporais. Tal significa que as cláusulas, enquanto conferem poderes de
modificação unilateral mais acentuados, na disponibilidade do empregador, não podem
levar a uma indeterminação do objeto, sob pena de nulidade por força do 280.º CC. Só
serão lícitas as cláusulas de mobilidade que correspondam a interesses sérios das partes
e contenham em si um grau de previsibilidade que impeça a indeterminação do objeto
do contrato de trabalho.
5. Ainda assim, o António, por mera cautela, deslocou-se aos Açores entre 14 e
21 de Dezembro de 2008, ficando novamente incapacitado, por doença
prolongada, o que só lhe permitiu o regresso ao serviço naquela Região
Autónoma nos períodos de 7 de Agosto a 1 de Outubro de 2009 e 1 de Abril
e 31 de Agosto de 2009, incluindo-se nesses períodos o gozo de férias e
ausências justificadas, sendo que, em 1 de Setembro de 2009, António
entrou de «baixa médica» até 19 de Dezembro de 2009, tendo-se, no
sequente dia, apresentado ao serviço na sede da empresa x, em Porto Salvo;
Já feito
Não estamos perante adaptabilidade individual porque não houve acordo (artigo
205º), e também não estamos perante IRCT (204º). Pode-se considerar o período
de referência do artigo 207º do CT. Em regime de adaptabilidade a duração
média do trabalho é apurada por referência a um período de 4 meses nos termos
do 207º nº1 podendo ser aumentado para 6 meses, se se tratar de um atividade
com a de porteiro, nos termos do 207º nº1 alínea d). Tem de se ter em conta
também o nº3 deste artigo. Ainda assim, como vimos, não se aplica este regime.
Podíamos estar perante o banco de horas individual do artigo 208º-A, podendo
ser estabelecido entre o empregador e o trabalhador (algo que não aconteceu, o
empregador apenas exigiu que António trabalhasse 50 horas por semana e 25
intercaladamente).
Podíamos ir para o trabalho concentrado do artigo 209º, no entanto e como já
referi não há aqui acordo entre o trabalhador e empregador pelo que a exigência
de X nunca seria legítima.
b) A ordem é legítima?
b) Está previsto no artigo 218º nº1 e apenas podem ser sujeitos a este regime os
previsto no nº1. Deve ser celebrado por acordo escrito. Para além de este
trabalho de porteiro não estar previsto nas alíneas, não está também regulado
em IRCT, por isso não podia o empregador exigir que António trabalhasse
em regime de isenção de horário. Desde 2003 não tem de comunicar a
nenhuma entidade.
7. Como X lhe paga mais 10% da sua retribuição base pela isenção, António
aceita e começa a trabalhar entre as 18h e as 19h, saindo entre as 3h e as 4h,
com 2 dias de descanso rotativo e trabalho aos feriados. Quando António
trabalha nas mesmas condições do ponto 3, exige o mesmo pagamento.
a) O regime é válido?
Trabalho suplementar e isenção de horário é diferente. O artigo 226º nº3,
explicita isso ao dizer que não se compreende no trabalho suplementar os casos
em que há isenção de horário. Isenção de horário é uma coisa e trabalho
suplementar é outra coisa, pelo que não poderia ter o mesmo regime. Ter em
conta o nº2 do artigo, pode ser trabalho suplementar quando haja isenção de
horário mas só em certos casos.
b) Nesse regime, António pode trabalhar nos termos referidos? E tem direito à
remuneração “extra”? c) António tem direito a esse subsídio de isenção de
horário?
Caso Prático n 12
(Contrato de trabalho a termo resolutivo)