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Gestão de Custos e

Formação de Preços

Unidade 8:
A formação do preço de venda

Objetivos
• Refletir sobre os objetivos envolvidos na formação de preços;

• Compreender como calcular o preço de venda com base nos


método de custeio Pleno, por Absorção e Variável.
Gestão de Custos e Formação de Preços

Nesta unidade, daremos continuidade aos estudos relacionados à for-


mação do preço de venda, que pode ser definido, entre outros aspectos, a par-
tir da expectativa de retorno sobre os investimentos ou com base nos custos e
despesas. Daremos maior ênfase na fixação do preço de venda com base nos
custos e despesas, exercitando os cálculos de formação de preço, fundamenta-
da no Custeio Pleno, no Custeio por Absorção e no Custeio Variável.

A formação do preço de venda – objetivos e bases


Conforme já desenvolvido ao longo das unidades deste componente, o custo
e a diferenciação dos produtos ou serviços são balizadores importantes, que devem
sempre ser observados na fixação de preços, seguidos pelos objetivos da organiza-
ção. Dessa forma, melhorar a qualidade do produto frente à concorrência e apro-
veitar a capacidade instalada para otimizar a utilização dos custos fixos são ações
que as empresa podem adotar.

Embora a precificação fique sujeita às ações do mercado e aos preços pra-


ticados pela concorrência, a gestão de custos é uma aliada na definição do preço
de venda, pois, via de regra, a empresa não mantém sua sobrevivência a médio e a
longo prazo se praticar preços de venda inferiores aos seus custos e despesas. Nesse
sentido, a fixação dos preços é decorrente dos objetivos determinados pelos gestores
da organização, que podem ter como intuito a obtenção de retornos sobre o inves-
timento realizado, a maximização do lucro e/ou a cobertura dos custos e despesas.

A formação do preço de venda com base nos


investimentos
Remunerar o capital investido é inegavelmente um dos principais objetivos
do investidor. Essa remuneração se caracteriza como o retorno do investimento,
que o investidor espera obter a partir do resultado alcançado com a venda das
mercadorias, produtos ou serviços da empresa em que investiu.

A remuneração é definida por um percentual que se estabelece sobre o valor


investido, como uma meta de lucro a ser obtido, ou seja, uma taxa de retorno so-
bre o investimento. De acordo com Bruni e Famá (2019, p. 232), “o emprego desse
método permite estimar o preço, com base em uma taxa predeterminada de lucro
sobre o capital investido”, e seu cálculo pode ser obtido através da seguinte fórmula:

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Em que:

PV = preço sugerido de vendas


CT = custos total de produção
R% = lucro percentual desejado sobre o capital investido
CI = capital investido
V = volume de vendas

Veja a seguir um exemplo de aplicação da formação do preço a partir da


expectativa de retorno do investimento.

Informações:

Custo total (custos fixos + variáveis) = R$ 800.000,00


Retorno desejado sobre o investimento = 12%
Valor do investimento = R$ 100.000,00
Quantidade vendida = 1000 un.

Considerando as informações do exemplo, para que seja possível remunerar


o capital investido, o preço de venda a ser aplicado para a mercadoria ou produto
em análise é de R$ 812,00 e a empresa precisa vender pelo menos 1.000 unidades
do produto.

A fixação dos preços com base no valor investido pode ser um dos fatores
que eleva consideravelmente o custo de um produto. Se um empreendedor decide
abrir uma marcenaria e adquire uma máquina de corte a laser para as chapas, terá
realizado um investimento muito superior a outro, que utiliza, por exemplo corta-
deiras e serras tradicionais para realizar o serviço. Consequentemente, o primeiro
terá expectativa de maior retorno e tende a cobrar preços mais altos (considerando
apenas uma análise sob a ótica dos custos e investimentos. Além disso, certamente
fatores como qualidade do serviço, concorrência e mercado a ser atendido tam-
bém devem ser considerados.

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Para saber mais


Medicamentos costumam ter preços elevados, principalmente quando se trata
de uma nova droga, que levou tempo para ser desenvolvida. Entenda melhor esse
processo de formação de preços dos medicamentos lendo o texto Como surge um novo
medicamento?.

A formação do preço de venda com base em custos


e despesas
A formação do preço a partir de custos e despesas tem como pressuposto
básico que o mercado aceita pagar o preço de venda definido pela empresa, tendo
por base os gastos e a remuneração dos investimentos (PADOVEZE, 2013). Para o
mesmo autor, a aplicabilidade deste método pode não ser viável em alguns casos,
mas é importante como parâmetro para análises comparativas.

Para fins gerenciais, a formação do preço a partir do custo e das despesas


permite avaliar a rentabilidade dos investimentos a partir dos gastos decorrentes
da estrutura montada para o desenvolvimento e a venda de produtos e serviços.
Esta técnica pode ser aplicada em situações de avaliação de pedidos especiais sob
encomenda, no estudo de viabilidade de novos produtos e canais de distribuição,
e no acompanhamento de preços e custos dos produtos atuais.

Estudaremos, na sequência, como os preços podem ser definidos com base


nos custos para cada um dos métodos de custeio estudados: Pleno, Variável e por
Absorção.

A formação do preço de venda pelo método de Custeio


Pleno
Conforme já estudado nas unidades anteriores, o método de Custeio Pleno
aloca aos produtos os custos fixos e variáveis, e também as despesas que a empresa
apresenta. O lucro desejado é o resultado da diferença entre a receita de venda e
todos os gastos incorridos, sejam custos fixos, custos variáveis, despesas fixas ou
despesas variáveis.

Exemplo de cálculo do preço de venda pelo Custeio Pleno:

A fábrica de pizzas Sabore produz mensalmente uma média de 1.500 piz-


zas salgadas, divididas entre os seguintes sabores: frango, carne, quatro queijos,
presunto, portuguesa e vegetariana. A fábrica está instalada em um local alugado,
sendo que trabalham nela 3 pessoas: 2 na produção e uma na recepção, para o
registro dos pedidos e organização das entregas. Esta pessoa cuida também da

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Gestão de Custos e Formação de Preços

parte financeira, fazendo as cobranças e pagamentos. Com base nas informações


relacionadas às compras, à produção e à folha de pagamento e demais anotações
dos controle internos, os gastos são assim distribuídos:

Valor em
Componente Observação
R$
Ingredientes da massa:
1,50 Custo variável
farinha, ovos, leite, fermento.

Ingredientes da cobertura:
tomate, cebola, alho, presunto, 2,50 Custo variável
queijo, carne, frango etc.*

Embalagem 0,50 Custo variável

Total de R$ 2.700,00, rateados entre as 1.500 pizzas


Salários com encargos dos produzidas:
1,80
funcionários da produção R$ 2.700 / 1.500 = R$ 1,80
Custo fixo

Outros gastos fixos: aluguel, Total de R$ 4.500,00, rateados entre as 1.500 pizzas
produzidas mensalmente:
energia elétrica, depreciação 3,00
R$ 4.500,00 / 1.500,00 = R$ 3,00
etc.
Custo fixo

Total de R$ 750,00, rateados entre as 1.500 pizzas


Outros gastos variáveis: gás, produzidas:
0,50
água, temperos etc. R$ 750,00 / 1.500 = R$ 0,50
Custo variável

Custo total de produção:


Custo de produção 9,80
1,50 + 2,50 + 0,50 + 3,00 + 0,50 = R$ 9,80

Salário da recepcionista,
Total de R$ 3.300,00 / 1500 pizzas:
materiais de escritório,
2,20 R$ 3.300,00 / 1.500 = R$ 2,20
telefone, imposto sobre venda
Despesas fixas
etc.

Soma dos custos e despesas


Gasto total 12,00
R$ 9,80 + R$ 2,20 = R$ 12,00
*Pela dificuldade em identificar o custo individual de cada sabor de pizza, a empresa utiliza para o cál -
culo o custo médio.
Fonte: Univates (2019).

Observando a tabela apresentada relativa à precificação do produto com


base no método de Custeio Pleno, o preço é o resultado de todos os custos e des-
pesas mais o lucro desejado sobre cada unidade de produto vendido.

Para realização do cálculo, Beulke e Bertó (2006) sugerem a utilização do


markup para a definição do preço de venda para uma mercadoria ou produto, a
partir da identificação do percentual que cada despesa representa sobre a receita
total ou sobre o preço de venda.

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Lembrando que, para obter o preço de venda, inicialmente calculamos o


markup, e depois o multiplicamos pelo custo:

Markup multiplicador = 100 / [ 100 – ( DV + DF + L ) ]

E para calcular o preço de venda:

Preço de venda = custo x markup

Utilizaremos a partir de agora somente o Markup multiplicador, retome os


estudos da Unidade 7 se você tem dúvidas em relação ao conceito e à utilização do
markup multiplicador e do divisor.

Para calcular o preço de venda de cada pizza, precisamos de mais informa-


ções:

• Lucro desejado = 50% sobre o custo


• Impostos sobre vendas = 8%

Markup multiplicador = 100 / (100 - (50% + 8%)


Markup multiplicador = 100 / 42 = 2,38

Ou seja, para obter um lucro de 50% sobre os custos, pagando os impostos


sobre vendas, o preço de venda de cada pizza teria que ser de R$ 28,57. Para fazer
a verificação do cálculo, podemos deduzir os custos da receita, da seguinte forma:

Item Valor Observação


Preço de venda R$ 28,56 Calculado pelo markup

Impostos sobre vendas (8%) R$ 2,28 R$ 28,57 x 8% = R$ 2,29

Embalagem R$ 12,00 Calculado na tabela

Gasto total R$ 14,28 Lucro (R$ 14,28 / R$ 28,56 = 50%)

Fonte: Univates (2019).

Formação do preço de venda pelo método de Custeio


por Absorção
O Custeio por Absorção caracteriza-se por apropriar todos os custos de pro-
dução fixos e variáveis aos produtos. O custo direto é atribuído a cada unidade de
produto, e os custos indiretos são apropriados com base em rateios definidos pelo

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Gestão de Custos e Formação de Preços

setor de custos. A formação do preço com base neste método precisa contemplar o
valor dos custos ocorridos no setor produtivo, como matéria-prima e mão de obra,
além dos gastos gerais de fabricação.

Para a obtenção do resultado ou lucro líquido, o preço de venda precisa


cobrir os custos de produção (fixos e variáveis), as despesas administrativas e de
vendas, além de fornecer a parcela de lucro desejada (que pode ser um valor fixo
por unidade ou ou um percentual sobre o preço de venda).

Vamos voltar ao exemplo da pizzaria Sabore. Os custos e despesas devem


ser agrupados de forma a atender os critérios do Custeio por Absorção, ou seja,
devemos separar os custos e as despesas:

Tipo de gastos Valor Observação


Custos de produção R$ 9,80 Deve ser incluído no CPV.

R$ 3.300,00, ou
Despesas Não é incluído no CPV, apenas registrado na DRE.
R$ 2,20 por unidade

Fonte: Univates (2019).

Mantendo a expectativa de lucro de 50% e de impostos sobre vendas de 8%,


o cálculo é realizado da seguinte forma:

PV = Custo / 1- (índices de impostos + índice de despesas variáveis com vendas +


índice de lucro desejado)

Em que:

Preço de venda = R$ 9,80 / (1 - (8%+50%))


Preço de venda = R$ 9,80 / 42%
Preço de venda = R$ 23,33

Observe que, neste caso, o preço de venda calculado é de R$ 23,33, valor


inferior ao obtido quando foi utilizado o Custeio Pleno. Essa diferença ocorre por-
que, no Custeio Pleno, as despesas também foram consideradas, já no Custeio por
Absorção foram utilizados apenas os custos.

Veja como fica o resultado do cálculo por pizza:

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Item Valor Observação


Preço de venda R$ 23,33 Calculado pelo markup

Impostos sobre vendas (8%) R$ 1,86 R$ 23,33 x 8% = R$ 1,86

Custos de produção R$ 9,80 Calculado na tabela

Resultado do qual devem ser diminuídas as


Resultado R$ 11,67
despesas

Fonte: Univates (2019).

Ao calcular o preço de venda com base no Custeio por Absorção, a empresa


deve ter ciência de que o preço praticado deve ser o suficiente para cobrir também
as despesas, que neste caso são de R$ 2,20 por unidade. Com o preço de venda fi-
xado em R$ 23,33, a empresa ainda apresenta lucro, como pode ser visto na tabela.
Porém, se comparado ao identificado no Custeio Pleno, ele é inferior.

Para que a empresa tenha o mesmo resultado, ao calcular o preço de venda


a partir do Custeio por Absorção, o percentual de lucro desejado deve ser maior, já
que a base de cálculo é menor. Para obter um resultado similar ao Custeio Pleno,
o lucro desejado teria que aumentar de 50% para 57,86%:

Preço de venda = R$ 9,80 / (1 - (8%+57,86%))


Preço de venda = R$ 9,80 / 34,14%
Preço de venda = R$ 28,56 (o valor fica exatamente igual ao do Custeio Ple-
no se sempre forem mantidas todas as casas após a vírgula).

Vamos a mais um exemplo:

A indústria Confecções Bela Flor produz um modelo de jaqueta de tecido


de algodão, cujo preço de venda deve ser baseado nas informações apresentadas a
seguir:

Custo unitário variável = R$ 20,00


Custo fixo por unidade produzida = R$ 4,00
Impostos sobre vendas = 25%
Comissões sobre vendas = 10%
Lucro desejado = R$ 10,00

Neste caso, o preço de venda pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:

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Gestão de Custos e Formação de Preços

PV = Custo + Lucro / (1- (% impostos + % despesas variáveis com vendas))


PV = (24+10) / (1- (0,25 +0,10))
PV = 34 / 0,65 = R$ 52,31
Atenção! 24: Custo unitário variável (matéria prima, mão de obra e outros custos variáveis) + Custo fixo
por unidade produzida = R$ 24,00

Com o preço de venda definido, é possível identificar o percentual de parti-


cipação de cada item no custo e também em relação ao preço de venda:

Valor % no PV Observação
Custo unitário variável R$ 20,00 38,23% R$ 20,00 / R$ 52,31

Custo fixo por unidade


R$ 4,00 7,65% R$ 4,00 / R$ 52,31
produzida

Soma R$ 24,00 45,88% R$ 4,00 / R$ 52,31

Impostos sobre vendas R$ 13,08 25% R$ 52,31 x 25%

Comissões sobre vendas R$ 5,23 10% R$ 52,31 x 10%

Lucro desejado R$ 10,00 19,2% R$ 10,00 / R$ 52,31

Preço de venda (PV) R$ 52,31 100%

Fonte: Univates (2019).

Identificar o percentual que o item representa em relação ao preço de venda


ajuda a identificar com maior clareza a representatividade de cada um na compo-
sição do custo (ou do lucro). Após a elaboração da tabela, percebe-se, por exemplo,
que o lucro desejado é de 19,2%, e que os custos variáveis representam a grande
parte do custo total (38,23% de 45,88%). Também é importante lembrar que o
valor do lucro de R$ 10,00 deve ser suficiente para cobrir as despesas fixas de ad-
ministração e vendas.

Caso a empresa, ao invés de definir o valor dos lucros desejados em valor


monetário por unidade, optar por definir uma margem de lucro sobre as vendas,
utilizaria a seguinte fórmula para calcular o preço de venda:

PV = Custo / (1- (% impostos + % despesas variáveis com vendas + % de lucro


desejado)

Substituindo os valores com base no mesmo exemplo da tabela anterior,


teríamos:

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Gestão de Custos e Formação de Preços

PV = 24 / (1- ( 0,25 + 0,10 + 0,1912))


PV = 24/0,4588 = R$ 52,31

Ambas as formas de cálculo podem ser utilizadas, a empresa pode optar por
uma ou outra em função das informações disponíveis (valores ou percentuais).

A formação do preço de venda pelo método de Custeio


Variável
O cálculo do preço de venda pelo método de Custeio Variável caracteriza-se
por não apropriar os custos e despesas fixas aos produtos ou mercadorias. Como
custo do produto ou mercadoria, utiliza-se apenas o custo variável, sendo que os
custos e despesas fixas da empresa são incluídos na margem de contribuição. Na
precificação pelo método do Custeio Variável, os gastos (custos e despesas) fixos
são somados com o valor do lucro desejado, permitindo então a simulação de pre-
ços, que a partir da projeção de quantidades vendidas poderá alcançar a margem
de contribuição desejada.

A fórmula para o cálculo da formação de preço pelo método de Custeio


Variável é:

PV = Custo Variável x Markup

O markup inclui as despesas diretas de venda (impostos, comissões, fretes


etc.), e a margem de contribuição para cobrir os custos e despesas fixos.

Vamos voltar novamente ao exemplo da pizzaria Sabore. Os custos e despe-


sas devem ser agrupados de forma a atender os critérios do Custeio Variável, ou
seja, devemos separar os custos e as despesas fixas dos custos e despesas variáveis:

Tipo de gastos Valor Observação


Não deve ser incluídos no CPV, apenas registrados
Custos e despesas fixas R$7,00
na DRE.

Custos e despesas variáveis R$ 5,00 Devem ser incluídos no CPV.

Fonte: Univates (2019).

Aqui, substituímos a expectativa de lucro pela Margem de Contribuição de-


sejada, mantendo-a em 50%; os impostos sobre vendas são de 8%. O cálculo é
realizado da seguinte forma:

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Markup = 100 / (100 - (% de Impostos sem vendas + % Comissões + Margem de con-


tribuição))
Markup = 100 / (100 - (8% + 50%))
Markup = 100/42% = 2,38

Em seguida, é possível definir o preço de venda adequado para o produto:

Preço de venda da estante para TV = Custo variável x Markup


Preço de venda = R$ 5,00 x 2,38
Preço de venda = R$ 11,90

Observe que, neste caso, o preço de venda calculado é de R$ 11,90, valor


inferior ao obtido quando foi utilizado o Custeio Pleno e o Custeio por Absorção.
Essa diferença ocorre porque, no Custeio Pleno, as despesas também foram con-
sideradas, já no Custeio por Absorção foram utilizados todos os custos. Por outro
lado, no Custeio Variável são considerados apenas os custos variáveis (que, neste
caso, representam pouco mais da metade dos custos totais - R$ 5,00 de R$ 9,80).

Veja como fica o resultado do cálculo por pizza:

Item Valor Observação


Preço de venda R$ 11,90 Calculado pelo markup

Impostos sobre vendas (8%) R$ 0,95 R$ 21,43 x 8% = R$ 1,71

Custos e despesas variáveis R$ 5,00 Calculado na tabela

Resultado do qual devem ser diminuídos os custos e


Resultado R$ 5,95 as despesas fixas

Fonte: Univates (2019).

Neste caso, calculando o preço de venda pelo Custeio Variável, com uma
Margem de Contribuição de 50%, a empresa não conseguiria obter lucros na sua
atividade. Isso porque os custos e as despesas fixos somam R$ 7,00 por unidade.
Logo, a pizzaria teria prejuízo de R$ 1,05 (R$ 5,95 - R$ 7,00).

Assim como no lucro esperado no Custeio por Absorção, o percentual da


Margem de Contribuição (MC) teria que ser aumentado, a fim de que a empresa
consiga obter lucros. Caso deseje fixar o preço de venda em R$ 28,56, a MC teria
que ser de 74,48%. Veja:

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Markup = 100 / (100 - (8% + 74,48%))


Markup = 100/17,52% = 5,71
Preço de venda = R$ 5,00 x 5,71 = R$ 88,56

Vamos a mais um exemplo:

Utilizaremos como exemplo a empresa Caneleira Móveis e Decorações, que


vende estantes de TV para o público em geral. A empresa tem um custo variável
de aquisição da estante de R$ 500,00, e vende uma quantidade estimada de 1000
estantes por mês.

A empresa é optante pelo simples e está na faixa 1, com uma taxa de 4%


de impostos sobre as vendas, além de pagar comissão para os vendedores de 10%
e frete para entrega de 2%. Os custos fixos sobre as vendas, com base no volume
estimado, representa um índice de 15% sobre a receita total, e a empresa deseja
obter um lucro de 20% sobre o preço de venda. A margem de contribuição deverá,
portanto, ser de 35% para cobrir os custos e despesas fixas mais o lucro desejado.

Markup = 1 / 1 - (% de Impostos sem vendas + % Comissões e fretes + Margem de


contribuição)
Markup = 1 / 1 - (0,04+0,10 + 0,02 + 0,35) = 1/0,49 = 2,0408

Em seguida, é possível definir o preço mínimo de venda para o produto:

Preço de venda da estante para TV = Custo x Markup


Preço de venda = 500,00 x 2,0408 = R$ 1.020,40

A tabela a seguir apresenta os valores totais, unitários e o percentual que


comprova a obtenção do lucro desejado com a venda da quantidade esperada de
1.000 unidades ao preço calculado com a aplicação do markup para o método do
Custeio Variável.

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Total Unitário %
Receitas R$ 1.020.400,00 R$ 1.020,40 100%

(-) Imposto e despesas variáveis de vendas R$ 163.264,00 R$ 163,26 16%

Custos e despesas fixos R$ 153.060,00 R$ 153,06 15%

Custos variáveis R$ 500.000,00 R$ 500,00 49%

Custos totais R$ 816.324,00 R$ 816,32 80%

Lucro desejado R$ 204.076,00 R$ 204,08 20%

Fonte: Univates (2019).

Sobre a utilização do Custeio Variável, a formação do preço sofre influência


da capacidade instalada e projetada de produção, alguns custos são decorrentes do
tempo, como depreciação e aluguel, e não da capacidade produzida.

A formação do preço da venda de unidades incrementais, por exemplo,


para um pedido especial de exportação ou de um cliente específico, tendo como
base apenas o custo variável, pode não ser sustentável a longo prazo, pois poderia
haver mudança de níveis nos custos fixos, além do problemas com compradores
tradicionais, que se sentiriam prejudicados por pagar o preço normal praticado
(BRUNI; FAMÁ, 2019).

Dessa forma, a formação de preço exige do gestor um conhecimento de


todo o processo interno e externo da empresa, pois com o estudo da concorrência
e dos custos, a precificação potencializa a geração de lucro, proporcionando ao
gestor a possibilidade de conduzir sua tomada de decisão de acordo com a neces-
sidade do mercado e da sua empresa.

Nesta unidade, você aprendeu que a formação de preço está relacio-


nada a diversos fatores dentro e fora da empresa. O gestor deverá estar aten-
to ao que o mercado exige, bem como concentrar esforços em uma política
de precificação eficiente, que possibilite produzir com qualidade a baixo
custo, viabilizando os lucros desejados.

Atividade
Agora que você já conhece os processos para a formação do preço de ven-
da, vamos explorar esses conceitos na prática. Para isso, acesse o Ambiente Vir-
tual.

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Gestão de Custos e Formação de Preços

Referências

BIAGIO, L. A. Como calcular o preço de venda. Barueri : Editora Manole,


2012. E-book. Disponível
em: https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?
isbn=9788520447321. Acesso em: 11 nov. 2018.

BEULKE, R.; BERTÓ, D. J. Gestão de Custos. São Paulo, Saraiva, 2006.

BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com


aplicações na calculadora HP 12 C e Excel. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas,
2019. E-book. Disponível
em: https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?
isbn=9788597021059. Acesso em: 12 nov. 2021.

MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2011. E-book. Disponível
em: https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/biblioteca-virtual-
universitaria?isbn=9788576059646. Acesso em: 19 nov. 2019.

PADOVEZE, C. L.; TAKAKURA JUNIOR, Franco Kaolu. Custo e preços de


serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em
geral. E-book. São Paulo: Atlas, 2013. Disponível
em: https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn
=9788522477760. Acesso em: 19 nov. 2019.

SANTOS, L. F. B. dos. Gestão de Custos: ferramentas para tomada de decisão.


Curitiba: Editora InterSaberes, 2013. E-book. Disponível
em: https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/biblioteca-virtual-
universitaria?isbn=9788582125083. Acesso em: 19 nov. 2019.

YANASE, J. Custos e formação de preços: importante ferramenta para tomada


de decisões. E-book. São Paulo: Trevisan Editora, 2018. Disponível em: https://
www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn
=9788595450257. Acesso em: 30 out. 2019.

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