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Cap.28 - Boog - Outdoor Training
Cap.28 - Boog - Outdoor Training
Outdoor training
(treinamento ao ar livre)
Marcelo Boog
28. 1 l Objetivo
Uma das técnicas de T&D é a utilização do outdoor training, que se baseia cm vivências e ati-
vidades desenvolvidas ao ar livre, ou seja, fora do ambiente usual de treinamento (a sala de aula) .
Este capítulo objetiva conceituar e orientar a aplicação correta e eficaz do ollldoor training.
As atividades outdoor tm.iniugdiferem dos treinamentos conve ncio nais nos seguintes aspectos:
• inlemção e integração do ~·upo: treinamentos vivenciais permitem que os participantes co-
nheçam-se melhor, conu·ibuindo para um clima positivo;
• 1l!lirada da zona de conforto: nos centros de u·einamen tos usuais, as pessoas ficam 'escondi-
das' na segurança da rotina de um tre ina me nto, sem se e xpor, sem se mostrar. Já em um
tre iname nto outdoo1; as pessoas são colocadas e m situação e ambie ntes novos, onde, de
fato, mos u-am-se com são. É como se "reti1-assem suas másca1-as";
• supemraçâo de desafios individuais e grupais: para atingi r dete rminado resultado e m uma
atividadc, desafios individuais e coletivos devem ser supe rados;
• 1-etençâo do conteúdo: maio r retorno no investimento do treinamento.
28.4 A natureza
O outdoor training é realizado e m locais abertos, ao ar livre. Em a lguns tipos de programa é
também conduzido em meio à natureza. Ela não é apenas o cenário onde as alividades ocorrem,
mas pane impo rtante do treinam ento, servindo como metáfora pa1-a simações empresariais. Na
nan1rcza, existem dive rsos processos biológicos em constante evolução, c muitos deles são obser-
vados e resgatados de fonna ilustrativ-a.
A natureza é econômica c ao mesmo te mpo abundante. Ao olhar pa1-a wna mata, ve mos a
harmonia na coexistência de diversas plantas. Ao analisar bem a cena, no tamos que a harmonia
na realidade não é "tão harrnônica" quanto parece: em uma mata existe urna competição enorme
e ntre as plantas. Assim como as empresas, as plantas competem po r um lugar ao sol e brignm por
nutrie ntes no solo. Suas raízes invade m umas às ouu·as. Cada planta lança seus galhos cada vez mais
pm-a o a lto, num esforço u·e mendo pat-a que suas folhas sejam banhndns pe lo sol. Essa constante
competição quase não é percebida, principalmente pela escala de tempo que t.al processo utiliza.
Qunndo assistimos a um documentário e vemos um leão atacnndo uma zebra, a esca la de te mpo
desse a taque é compatível com o nosso riuno biológico. Ao a nnlisar uma batalha enu·e d uas ou
mais plantas, o ri uno é extre mamente mais lento, mas o processo é o mesmo.
A natureza é cconô mica - não desperdiça e ne rgia, e nada ocotTc por acaso. Por e xemplo,
uma simples folha caindo de urna árvore. Por que isso ocorre? A folha ficou velha e caiu? Não
só isso. Essa folha pode te r deixado de ser produúva, não agregava mais valor à planta, pois não
produzia mais. O organismo da planta 'despediu' a folha. Ela pode te r sido e ncoberta por fol has
de outra planta, o u mesmo da própria planta. Ainda assim ela terá uma funç.ão natural. Ao se
decompor, servirá como adubo. Esse exemplo, assim como o tltJ·os processos natura is, são explo-
rados em u·einame ntos outdoo1; por exe mplo, no Ecotminingo.
320 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações
28.5.1 Integração
O outdoor i'rainingé muito utilizado quando ocorrem fusões entre empresas, áreas ou departa-
mentos Cttias pessoas não se conhecem. Fazer atividades descontraídas de fato é uma ótima forma
para integrar as pessoas. O aprendizado não é o foco cenu-al, mas é comumeme bem-vindo. Assim
sendo, a presença de um consultor é desejável, mas seu papel desenvolve-se em segundo plano.
28.5.2 Premiacão/comemoracão
• •
28.5.3 Aprendizado
•
E a essência do outdoo1· tmining, e visa reforçar e/ou desenvolver competências nos partici-
pantes. A presença de um consultor é fundamental para que todas as atividades vivcnciadas sejam
conectadas com a realidade organizacional, em um nível de profundidade previamente definido
pela empresa, resgatando os fatos acontecidos dm-ante a condução das at ividades e criando ana-
logias com a linguagem empresarial.
A definição de quais empresas serão contratadas para as funções descritas fica a critério do
client.e conrramnte, que deve levar em conta a reputação das empresas contratadas. Nesse mercado
existem inl'n neras parcerias entre as diversas empresas, criando facilidades para quem contmta tais
serviços. Procure conhecer em detalhe quem são as partes envolvidas e suas funções.
28.7 Atividades
Uma vez definidos os objetivos e as competências a serem trabalhados, a próxima etapa é a
definição das atividades, considerando a distância dos possíveis locais onde elas podem acontecer.
A seguir, descreveremos as atividades mais comuns encon tradas no Brasil e em outros países.
• Rafting: o 1'afting é um dos instrumemos muito utilizados para a pr;ítica do ouldool' tmi-
11i11g, por requerer trabalho em equipe, alinhame nto, coordenação de esforços, lide-
rança e comunicação. Nele, cada participante tem u ma função, e todos devem seguir
uma liderança, que pode ser revezada. O trabalho em equipe é a tema central: se os
participantes não remarem juntos, com mesmo ritmo c intensidade, o deslocamento fica
prejudicado. Existem diversas atividades que se desenvolve m durante o mfliug, como o
nso de vendas e a junção (amarração) de diversos botes, alinhados em uma composição,
como se fossem vagões d e um trem que deve navegar de forma coordenada, estável e dr-
macia. Cada bote (analogia com departamentos) deve manter o exalo ritmo dos demais
(analogia com a empresa).
• rlnmrismo: consiste em fazer com que cada participante passe por um circuito, com grau
crescente de dificuldade, a cerca de 5 à 15 metros de altura do solo. A superação dos
limites individuais é a grande analogia. É natmal o sentimento de medo, a adrenalina,
a aflição da altura. Para avançar em cada estágio, o participante deve utilizar sua força e
concentração. E' uma atividade muito segura, pois o participante está conectado perma-
nentemente ao sistema de seguran ça. Entre cada estágio, e até no meio de cada etapa, é
possível abortar a atividade. Isso ocorre quando o participante ch ega ao seu limite indivi-
dual, que deve ser respeitado. Aspectos de equipe também podem ser ref'o rçados, uma vez
, . . . . -
que, entre um est.agw e outro, passa apenas um parttctpante por vez, ocastao em que os
demais participantes encor<üam e dão suporte a quem está passando.
• Rapei: consiste e m uma descida vertical, em que cada participante individualmente é
conectado a um cabo, preso ao seu corpo em uma cade irinha, equipamento de seguran-
ça indispensável. O próprio participante administra sua descida, liberando o cabo que
passa em seu equipamento . E um esporte que envolve risco, porém é muito seguro. Os
sistemas de segurança impedem automaticamente uma queda. Uma das analogias é a da
superação dos limites individuais.
• Escnladn: consiste em fazer com que cada parlicipam e supere obstáculos (naturais ou
artificiais) pela conquista da altura, por meio de uma escalada. A analogia é da supera-
3 2 2 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações
ção dos limites individuais, trabalho ern equipe, plancjamcnt.o, tomada de decisão (que
caminho seguir). Os participantes são estimulados a ajudar uns aos outros.
• Off road: os participantes são equipados com J eeps ofl roads, mapas, CPS (Global Position
S)•stem) e rádio. As possibilidades de atividades envolvem planejamento, comunicação e
trabalho em equipe. Usualmente a cooperação é estimu lada, c a competição, desestimu-
lada. ão se trata de apostar corridas, mas d e todos percorrerem e localil'.arem determi-
nados pomos em conjunto, superando dificuldades crescemes.
• Prmm de orientaçâo: os participantes passam inicialmente por uma aula teólica de nave-
gação com mapa e bússola. O gmpo é subdividido cm subgntpos menores que devem
percorrer um percurso, com postos de conu·oles que computam os tempos. O grupo deve
trabalhar em equipe, planejando e tomando decisões que influenciam em seus resultados.
O caminho a percorrer pode apresentar diversos graus de dificuldades e arividades exn·as,
como jogos e outros exercícios. É um excelente recurso para cliar poderosas analogias
com o mundo organizacional.
• lliuência em cauernas: denu·o de uma caverna são possíveis alividades e exercícios milizados
no fmtdoor training. Cada caverna é diferente e, por ter características geológicas próprias,
fuvorcccrn determinadas atividades que não são possíveis cm outras. Todas as atividades
em cavemas devem ser acompanhadas por especialistas e guias locais, que fazem o moni-
toramento e garantem a segurança.
Na caverna pode-se, por exemplo, detenninar que um participante do gntpo seja o líder da
equipe. Ele deve levar todos juntos e em sej:,Tttrança para determinado ponto, contando com
o apoio de mapa e bússola.. Seu comportamento e gerenciamento da atividade serão pos-
teriormente discutidos. O ambieme é hostil, totalmente incomum ao ser humano; apenas
poucas espécies vivem em seu intelior. A equipe é convidada a 'ler' esse ambiente. A lideran-
ça é revezada, de modo que todos os participantes tenham a oportunidade de 'rivcnciar esse
papel. Alguns estilos observados são comuns: por vezes, o líder assume o comando e conduz
o gmpo de fonna confiante; outras vezes, o líder comparrilha as decisões com a equipe.
Alguns tomam caminhos corretos, outros acabam indo por caminhos mais complicados,
que demandam maior atenção e, eventualmente, intervenções da coordenação. Algumas
pessoas quando lideram são muito focadas no resultado a alcançar, e impõem um riuno de
exploração que nem todos conseguem acompanh:u~ o que pode resultar em afastamento do
grupo, deixando sua equipe subdhridida. (Ninguém fica sozinho, perdido, pois há o moni-
toramento da coordenação, que, quando necessálio, interfere nas decisões.) Nesse caso, o
foco no resultado foi maior do que a premissa de todos estarem juntos cm seguranç.a.
Outra possibilidade de alividade dentro da caverna é fazer com que o grupo estabeleça
uma forma de comunicação não-verbal, ou seja, durante a atividade não é perm itido falar,
mas todos devem se comunicar.
Outra ainda: propositadamente, lidar com recursos escassos, tendo apenas uma lante rna
acesa para cada subgmpo de panicipantes.
Se a caverna tiver mais de uma entrada, é possível que os participantes, subdividindo-se
em duas equipes, percorram o mesmo percurso, porém cm sentidos contrários, uma cm
cada entrada. Isso possibilita que o mesmo cenário (realidade) s~jtl percebido sob pontos
de vistas diferentes.
Vivências denu·o de cavernas possibilitam a superação de limites e de medos individuais.
Existem cavernas secas e cavernas molhadas, onde os participantes molham-se até a altura
do pescoço. Aspectos de liderança, comunicação e trabalho em equipe são desenvolvidos.
• Iatismo: a pesar de não parecer, existe muito em comum entre conduzir wn veleiro e condu-
zir uma empresa. Desse modo, um dos mais licos insmunenros do outdoor trainingé o uso de
\'clciros. Para ,·elejar é nccessálio precisão, o que requ er planejamcnto, organização, traba-
lho em equipe, tomada de decisão e controle. Um veleiro no mat~ tal como uma empresa,
está sempre em movimento, exigindo constante atenção da equipe, para não enu<tr em
águas peligosas. Os velejadores e líderes nas empresas devem es1ar 'sempre alerta'.
Outdoor trc1ining (treinamento ao ar livre) 323
Até certo limite é possível velejar contra o vento e cont1-a a correnteza, mas para vencer
as forças 'conu'árias' precisamos lite ralmente fazer um "zigue7Ãigue". Assim como na vida,
'ir conu-a' é muito mais complicado do que 'ir a favor'. Exige muito mais concenu-ação, e
qualquer pequeno e rro pode desviar muito seu caminho.
Para vencer uma reg-ata, ou para estar na frente dos conCOITCntcs, a condução do barco deve
ser executada com excelência, com um trabalho e m equipe coordenado, foco no resul tado,
garra e motivação. O combusúvel que move o Yeleiro é o ve mo. O combusúvel que move as
e mpresas é o clie nte. Vento e cliente têm namreza mutável e instável, com humores variados.
Uma mudança de direção do vento ou uma rajada pode fazer com que os participantes se
adian tem ou se au-asem em relação aos concorrentes. Se estiverem aten tos aos indicadores
do ambiente e do mercado, terão maior probabilidade de obte r melhores resultados.
Velejar, assim como dirigir um departamento ou uma e mpresa, e xige tomada de decisões,
assumi r riscos e um perfeito c sincronizado trabalho c m equipe. Pan1 tanto, deve have r
um sistema de comunicação que assegure as informações necessárias ao exercício dos di-
ve rsos pa péis. São necessários tempo de u·eina me m o e fami liarização de todos, para que
estejam aptos a exe rcer seus papéis.
Quando 'vamos a favor' do ve nto e da correnteza, no m esmo sentido c dircção, o u quan-
do conseguimos alinhar os obj e tivos da e mpresa com os de nossos clie ntes, podemos
desfrutar de uma colheita fana.
Diversas o utras atividades podem ser utilizadas no outdom· tmining: treltlüng, um:yoning, waler
tn!ldâng, construção de e mbarcações para travessia de lagos ou rios, bóia-cross, ducll, lta)'aldting,
futebol, fHlÍnlbal~ 1-ali, lwt·l, balonismo, 11wunutin bike, cavalgadas. As atividades do ouldo01· tmining
são também comple me ntadas com jogos cooperativos e linguagem lúdica de aprendizado.
A tabela a seguir u-az as principais analo&>ias/ competências tTabalhadas c rn cada atividade,
que podem ser aprofundadas pelo coordenador dos trabalhos/consultor, de acordo com os ob-
jetivos do treinamento. As metodologias de u-abalho vruiam de acordo com as empresas q ue
oferecem esse tipo de serviços.
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III
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..... (,.) tJ) Q. z ::; O:: a. Q
Arvorismo .I .I .I .I .I .I
Vivência em cavernas .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Iatismo .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Off-road .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Rafting .I .I .I .I .I .I .I .I
Trekking .I .I .I .I .I .I
Prova de orientação .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Rapei .I .I .I .I .I .I .I .I
Escalada .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Jogos cooperativos .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
324 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações
28.8 Contratacões
•
adicionais
Adicionahnc mc aos serviços que envolvem as arividades outdom; suas conexões, analogias e
logística necessárias, a empresa cliente pode contratar serviços opcionais, como:
• ambulâncüt/médicos socorristas: para eventual necessidade de pro mo atendimenlO;
• seguro-saúde vit1gem: com cobertura para evenruais problemas de saúde;
• premü1çiio: podem ser oferecido troféus aos participantes;
• fotografia e vídeo: como memória do evento.
As empresas contam também com o apoio da área de comunicação e tnarketing, que preparam
camisetas, bonés, mochilas c accssó1;os para complementar o evento.
28.14 Conclusão
!l.s técnicas ulilizadas nos ou/d()()1" tminingsão altamente e ficie ntes, com grande taxa d e re te n-
ção d o conte lÍdo. Todos os riscos das aóvidades são calculados, tornando os programas muito
seguros. Trazem ben efícios diretos aos participantes e à organização, melhorando o clima, a
motivação e, conseqüe n temente, a produüvidade. O s inveslimemos n esse tipo de tre in amento
u-a2em resultados percebidos e m curto p1-a20 e que, se ma ntidos e m ações de con tinuidad e, u-a-
zem be n efícios dtu-ad ouros.
Sites indicados
Alaya: www.alaya.com.br
Avanti: www.avantioutdoor.com.br
Boog & Associados: www.boog.com.br
Ecoação: www.ecoacao.com.br
Ecotraining": www.ecotraining.com.br
Mundo Aventura Treinamentos: www.mundoaventura.com.br
Outward Brasil: www.obb.org.br
Sagatrek: www.sagatrek.com.br
3 26 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações
Simbolicah: www.simbolicah.com.br
Teal - Dinsmore Associates: www.teal.com.br
Thomas lnternational: www.thomasbrasil.com.br
Marcelo Boog
•
E sócio-diretor da Boog & Associados, consultaria em gestão de pessoas e competências. Atua nas /Jreas de
pesquisa de clima organizacional, mapeamento 360 graus e outdoor training (EcotrainingeJ. Tem 33 anos, é
casado e reside em São Paulo. Formado em administração de empresas pela Anhembi Morumbi, foi diretor
da Saguaro lmport, empresa de importação e distribuição de produtos naturais. Colaborou ativamente para a
introdução no Brasil da terapia floral.
Tel.: (11) 5183-5187
E-mail: marcelo@boog.com.br