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Capitulo

Outdoor training
(treinamento ao ar livre)
Marcelo Boog

Se ouço, esqueço; se vejo, recordo; se faço, aprendo.


Confúcio

28. 1 l Objetivo
Uma das técnicas de T&D é a utilização do outdoor training, que se baseia cm vivências e ati-
vidades desenvolvidas ao ar livre, ou seja, fora do ambiente usual de treinamento (a sala de aula) .
Este capítulo objetiva conceituar e orientar a aplicação correta e eficaz do ollldoor training.

28.2 Outdoor traíníng - visão geral


O mLidoor training é um méwdo eficaz de T &D de pessoas e equipes. Sua aplicação pode
ser dirigida a qualquer área ou qualquer nível hierárquico de uma organização. O objetivo do
ou.tdoor training é treinar os participan tes por meio de vivências c práticas desafiadoras, longe
de suas zonas de conforto.
Este método de u·einamento beneficia tamo o indivíduo quanto o coletivo. Cada participame
volta mais motivado e com reflexões de forte impacto em seu dia-a-dia, e o grupo é encoi<üado
a encontrar soluções contando com a atuação de cada indivíduo. Assim, o trabalho cm equipe é
estimulado; cria-se um clima de cooperação e ajuda mútua.
Muitas são as possibilidades de aplicações e de competências a serem desenvolvidas e/ou
reforçadas no tntldoor ltnining. As mais comuns são:
• integração;
• trabalho em equ ipe;
• liderança;
• comunicação;
• plancjarncnto/ foco cm resultados;
• tomada de decisões/risco;
• mudança de paradigmas/quebra de barreiras/ superação.

P;wa cada competência, ou coftiunto delas, existem diferentes possibilidades de atividades e


locais apropriados. A realiZt"lçào do outdoor t.,-ainingdeve estar alinhada com os obj etivos da orga-
nização e do treinamento pro posto.
No oultloor lmining, o aprendizado vai além do racional; ao utilizar fortemente vivências na
natureza, atua também na dimensão emocional e, por conseqüência, na vontade, no 'pôr em prá-
tica'. Quando aprendemos algo novo de forma integrada, dizemos que o assunto passou a 'fazer
sentido', ou seja, significa que foi imerio1izado. Assim, a retenção é maior quando o conteúdo é
vivenciado, e não apenas teorizado.
Outdoor training {treinamento ao ar livre) 3 I 9

As atividades outdoor tm.iniugdiferem dos treinamentos conve ncio nais nos seguintes aspectos:
• inlemção e integração do ~·upo: treinamentos vivenciais permitem que os participantes co-
nheçam-se melhor, conu·ibuindo para um clima positivo;
• 1l!lirada da zona de conforto: nos centros de u·einamen tos usuais, as pessoas ficam 'escondi-
das' na segurança da rotina de um tre ina me nto, sem se e xpor, sem se mostrar. Já em um
tre iname nto outdoo1; as pessoas são colocadas e m situação e ambie ntes novos, onde, de
fato, mos u-am-se com são. É como se "reti1-assem suas másca1-as";
• supemraçâo de desafios individuais e grupais: para atingi r dete rminado resultado e m uma
atividadc, desafios individuais e coletivos devem ser supe rados;
• 1-etençâo do conteúdo: maio r retorno no investimento do treinamento.

28.3 Segurança no outdoor training


Urna das primeiras preocupações que surgem quando se menciona o assunto outdoor tnti-
ning é o aspecto de segurança. Existem empresas e m que a prática de qualque r tipo de ativi-
dade outdoor é proibida por questões de segurança, pelo receio de que a lgué m possa vir a se
mac hucar. São casos extremos e isolados, e representam a minoria. As a!ividades propostas p elo
outdoor t·rainingsão seguras, mas de mandam atenção para que os procedime ntos de segurança
sejam respe itados e seguidos à risca por todos os partic ipantes. Todas as e mpresas que prestam
esses serviços são muito rigorosas e preocupadas nesse sentido, procurando oferecer soluções
seguras e não ex pondo ningué m a riscos desnecessários. É importante, contudo, observar que
existe m algumas a tividades que podem colocar a vida do participante c m perigo, motivo pelo
qual cada o pe radom e xige e acompanha os procedimemos de segurança como prio ridade ab-
soluta, disponibilizando profissionais e monitores sempre que necessário. Esse é um cuidado
que gera resultados, evitando-se acidentes. O que pode eventualmente acontecer são acidentes
leves, como peque nas quedas, tropeços, pequenos arranhões, coisas que pote ncialme nte pode-
riam acontecer e m qualque r ambiente.

28.4 A natureza
O outdoor training é realizado e m locais abertos, ao ar livre. Em a lguns tipos de programa é
também conduzido em meio à natureza. Ela não é apenas o cenário onde as alividades ocorrem,
mas pane impo rtante do treinam ento, servindo como metáfora pa1-a simações empresariais. Na
nan1rcza, existem dive rsos processos biológicos em constante evolução, c muitos deles são obser-
vados e resgatados de fonna ilustrativ-a.
A natureza é econômica c ao mesmo te mpo abundante. Ao olhar pa1-a wna mata, ve mos a
harmonia na coexistência de diversas plantas. Ao analisar bem a cena, no tamos que a harmonia
na realidade não é "tão harrnônica" quanto parece: em uma mata existe urna competição enorme
e ntre as plantas. Assim como as empresas, as plantas competem po r um lugar ao sol e brignm por
nutrie ntes no solo. Suas raízes invade m umas às ouu·as. Cada planta lança seus galhos cada vez mais
pm-a o a lto, num esforço u·e mendo pat-a que suas folhas sejam banhndns pe lo sol. Essa constante
competição quase não é percebida, principalmente pela escala de tempo que t.al processo utiliza.
Qunndo assistimos a um documentário e vemos um leão atacnndo uma zebra, a esca la de te mpo
desse a taque é compatível com o nosso riuno biológico. Ao a nnlisar uma batalha enu·e d uas ou
mais plantas, o ri uno é extre mamente mais lento, mas o processo é o mesmo.
A natureza é cconô mica - não desperdiça e ne rgia, e nada ocotTc por acaso. Por e xemplo,
uma simples folha caindo de urna árvore. Por que isso ocorre? A folha ficou velha e caiu? Não
só isso. Essa folha pode te r deixado de ser produúva, não agregava mais valor à planta, pois não
produzia mais. O organismo da planta 'despediu' a folha. Ela pode te r sido e ncoberta por fol has
de outra planta, o u mesmo da própria planta. Ainda assim ela terá uma funç.ão natural. Ao se
decompor, servirá como adubo. Esse exemplo, assim como o tltJ·os processos natura is, são explo-
rados em u·einame ntos outdoo1; por exe mplo, no Ecotminingo.
320 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações

28.5 A contratação de um serviço de outdoor training


Cada empresa que atua nesse segmento tem suas características, com metodologias, técnicas,
conceitos e práticas distintas. Os principais pontos comuns que envolvem a contratação segura e
efetiva desse tipo de serviço estão com emplados a seguir.
Uma pessoa pode individualmente conn<nar os serviços de esportes radicais e participar de
atividades utilizadas no (}utdoor trainúlg. Porém, isso não permite dizer que tal pessoa foi treinada
em um outdoor traiuing; apesar de ter feito a mesma atividade, a vivência é diferente.
Quem comrata um serviço de outdoor tm.i.ning são as organizações que pretendem desenvol-
ver e/ou reforçar competências de determinado conjunto de pessoas ou departamento. Para
tanto, a empresa deve ter alguns cuidados essenciais.
Iniciahnente, deve seguir um diagnóstico preciso do momento do grupo a ser treinado, le--
-..-ando em conside1-ação aspectos como produtividade, lucratividade, gestão, clima e motivação.
Além do diagnóstico do momento, deve ter claras as perspectivas (a curto, médio e longo prazos)
par<l o futuro do grupo. Com isso deve definir os objetivos que pretende atingir corn o treinamen-
to. Usualmente, os objetivos básicos que levam uma organização a contratar estes serviços são:

28.5.1 Integração
O outdoor i'rainingé muito utilizado quando ocorrem fusões entre empresas, áreas ou departa-
mentos Cttias pessoas não se conhecem. Fazer atividades descontraídas de fato é uma ótima forma
para integrar as pessoas. O aprendizado não é o foco cenu-al, mas é comumeme bem-vindo. Assim
sendo, a presença de um consultor é desejável, mas seu papel desenvolve-se em segundo plano.

28.5.2 Premiacão/comemoracão
• •

Atividades ao ar livre são comuns em comemorações de final de ano, ou em evemos de


premiação por bons resultados alcançados. Isso não é propriameme outdoor training, pelo fato
de não haver treinamento, mas, sim, turismo de aventura. Nesse caso, o foco é a premiação,
comemoração o u recreação, e não o aprendizado. Assim, usualmente, não há presença de um
consultor. 'ão há resgates e analogias. Quando existem, são apenas uma rápida referência, sem
aprofundamento ou ligação com o dia-a-dia. Fazer atividades ouúlooré algo diferente de pat·tici-
par de um treinamento outdoo1:

28.5.3 Aprendizado

E a essência do outdoo1· tmining, e visa reforçar e/ou desenvolver competências nos partici-
pantes. A presença de um consultor é fundamental para que todas as atividades vivcnciadas sejam
conectadas com a realidade organizacional, em um nível de profundidade previamente definido
pela empresa, resgatando os fatos acontecidos dm-ante a condução das at ividades e criando ana-
logias com a linguagem empresarial.

28.6 Aplicação do outdoor training


A aplicação do ou.tdoor ll'ftining pode ser feita em diversos momentos e necessidades da
vida de uma organização, corno convenções, congressos, seminários, confraternizações, lança-
mentos de produtos, fusão de empresas, mudanças de cenários ou treinament'os gerenciais e
comportamentais.
Para o sucesso de um u·einam ento ao ar !i-..re, as diversas panes envolvidas devem exercer seu
papel de fom1a profissional. As principais partes são:
• cliente- pmtiâpa11tes: são os participantes a serem n·einados. Usualmente, em atividades
de outdoo1·traini11g todos os participames têm igualdade de condições, independememen-
te do nível hierárquico. Assim, todas as diferenças hierárquicas são derrubadas;
Outdoor training (treinamento ao ar livre) 32 I
• cliente - RH ou á1t~a de apoio: é o grande coordenador das diversas partes. Cabe a ele o
apoio, desde o levantamento das necessidades do treinamento até a certeza de que cada
detalhe foi providenciado. É comwn que a empresa comrate uma empresa especializada
em organização de even tos para apoio logístico;
• operadora- agência: são empresas que atendem di\·ersos tipos de público, desde turistas até
empresas que buscam soluções no u·einamento outdo01: Conduzem as atividades outdo01:
Possuem e disponibilizam os devidos equipamentos aos participantes, até mesmo os equipa-
mentos de segurança, quando necessários;
• consultoria - facilitadOt·: tão importante quanto a própria atividade, a consultoria cria o
vínculo existente entre as atividades &uldoor com a realidade da empresa, ao introduzir
conceitos de gestão de pessoas e equipes e eferuar os necessários resgates;
• logística: treinamentos outdoorcostumam não acontecer nos grandes centros urbanos, exigindo
a contratação de serviços de transporte, hospedagem, alimentação e toda a infra-cstnltll!"cl.

A definição de quais empresas serão contratadas para as funções descritas fica a critério do
client.e conrramnte, que deve levar em conta a reputação das empresas contratadas. Nesse mercado
existem inl'n neras parcerias entre as diversas empresas, criando facilidades para quem contmta tais
serviços. Procure conhecer em detalhe quem são as partes envolvidas e suas funções.

28.7 Atividades
Uma vez definidos os objetivos e as competências a serem trabalhados, a próxima etapa é a
definição das atividades, considerando a distância dos possíveis locais onde elas podem acontecer.
A seguir, descreveremos as atividades mais comuns encon tradas no Brasil e em outros países.
• Rafting: o 1'afting é um dos instrumemos muito utilizados para a pr;ítica do ouldool' tmi-
11i11g, por requerer trabalho em equipe, alinhame nto, coordenação de esforços, lide-
rança e comunicação. Nele, cada participante tem u ma função, e todos devem seguir
uma liderança, que pode ser revezada. O trabalho em equipe é a tema central: se os
participantes não remarem juntos, com mesmo ritmo c intensidade, o deslocamento fica
prejudicado. Existem diversas atividades que se desenvolve m durante o mfliug, como o
nso de vendas e a junção (amarração) de diversos botes, alinhados em uma composição,
como se fossem vagões d e um trem que deve navegar de forma coordenada, estável e dr-
macia. Cada bote (analogia com departamentos) deve manter o exalo ritmo dos demais
(analogia com a empresa).
• rlnmrismo: consiste em fazer com que cada participante passe por um circuito, com grau
crescente de dificuldade, a cerca de 5 à 15 metros de altura do solo. A superação dos
limites individuais é a grande analogia. É natmal o sentimento de medo, a adrenalina,
a aflição da altura. Para avançar em cada estágio, o participante deve utilizar sua força e
concentração. E' uma atividade muito segura, pois o participante está conectado perma-
nentemente ao sistema de seguran ça. Entre cada estágio, e até no meio de cada etapa, é
possível abortar a atividade. Isso ocorre quando o participante ch ega ao seu limite indivi-
dual, que deve ser respeitado. Aspectos de equipe também podem ser ref'o rçados, uma vez
, . . . . -
que, entre um est.agw e outro, passa apenas um parttctpante por vez, ocastao em que os
demais participantes encor<üam e dão suporte a quem está passando.
• Rapei: consiste e m uma descida vertical, em que cada participante individualmente é
conectado a um cabo, preso ao seu corpo em uma cade irinha, equipamento de seguran-
ça indispensável. O próprio participante administra sua descida, liberando o cabo que
passa em seu equipamento . E um esporte que envolve risco, porém é muito seguro. Os
sistemas de segurança impedem automaticamente uma queda. Uma das analogias é a da
superação dos limites individuais.
• Escnladn: consiste em fazer com que cada parlicipam e supere obstáculos (naturais ou
artificiais) pela conquista da altura, por meio de uma escalada. A analogia é da supera-
3 2 2 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações

ção dos limites individuais, trabalho ern equipe, plancjamcnt.o, tomada de decisão (que
caminho seguir). Os participantes são estimulados a ajudar uns aos outros.
• Off road: os participantes são equipados com J eeps ofl roads, mapas, CPS (Global Position
S)•stem) e rádio. As possibilidades de atividades envolvem planejamento, comunicação e
trabalho em equipe. Usualmente a cooperação é estimu lada, c a competição, desestimu-
lada. ão se trata de apostar corridas, mas d e todos percorrerem e localil'.arem determi-
nados pomos em conjunto, superando dificuldades crescemes.
• Prmm de orientaçâo: os participantes passam inicialmente por uma aula teólica de nave-
gação com mapa e bússola. O gmpo é subdividido cm subgntpos menores que devem
percorrer um percurso, com postos de conu·oles que computam os tempos. O grupo deve
trabalhar em equipe, planejando e tomando decisões que influenciam em seus resultados.
O caminho a percorrer pode apresentar diversos graus de dificuldades e arividades exn·as,
como jogos e outros exercícios. É um excelente recurso para cliar poderosas analogias
com o mundo organizacional.
• lliuência em cauernas: denu·o de uma caverna são possíveis alividades e exercícios milizados
no fmtdoor training. Cada caverna é diferente e, por ter características geológicas próprias,
fuvorcccrn determinadas atividades que não são possíveis cm outras. Todas as atividades
em cavemas devem ser acompanhadas por especialistas e guias locais, que fazem o moni-
toramento e garantem a segurança.
Na caverna pode-se, por exemplo, detenninar que um participante do gntpo seja o líder da
equipe. Ele deve levar todos juntos e em sej:,Tttrança para determinado ponto, contando com
o apoio de mapa e bússola.. Seu comportamento e gerenciamento da atividade serão pos-
teriormente discutidos. O ambieme é hostil, totalmente incomum ao ser humano; apenas
poucas espécies vivem em seu intelior. A equipe é convidada a 'ler' esse ambiente. A lideran-
ça é revezada, de modo que todos os participantes tenham a oportunidade de 'rivcnciar esse
papel. Alguns estilos observados são comuns: por vezes, o líder assume o comando e conduz
o gmpo de fonna confiante; outras vezes, o líder comparrilha as decisões com a equipe.
Alguns tomam caminhos corretos, outros acabam indo por caminhos mais complicados,
que demandam maior atenção e, eventualmente, intervenções da coordenação. Algumas
pessoas quando lideram são muito focadas no resultado a alcançar, e impõem um riuno de
exploração que nem todos conseguem acompanh:u~ o que pode resultar em afastamento do
grupo, deixando sua equipe subdhridida. (Ninguém fica sozinho, perdido, pois há o moni-
toramento da coordenação, que, quando necessálio, interfere nas decisões.) Nesse caso, o
foco no resultado foi maior do que a premissa de todos estarem juntos cm seguranç.a.
Outra possibilidade de alividade dentro da caverna é fazer com que o grupo estabeleça
uma forma de comunicação não-verbal, ou seja, durante a atividade não é perm itido falar,
mas todos devem se comunicar.
Outra ainda: propositadamente, lidar com recursos escassos, tendo apenas uma lante rna
acesa para cada subgmpo de panicipantes.
Se a caverna tiver mais de uma entrada, é possível que os participantes, subdividindo-se
em duas equipes, percorram o mesmo percurso, porém cm sentidos contrários, uma cm
cada entrada. Isso possibilita que o mesmo cenário (realidade) s~jtl percebido sob pontos
de vistas diferentes.
Vivências denu·o de cavernas possibilitam a superação de limites e de medos individuais.
Existem cavernas secas e cavernas molhadas, onde os participantes molham-se até a altura
do pescoço. Aspectos de liderança, comunicação e trabalho em equipe são desenvolvidos.
• Iatismo: a pesar de não parecer, existe muito em comum entre conduzir wn veleiro e condu-
zir uma empresa. Desse modo, um dos mais licos insmunenros do outdoor trainingé o uso de
\'clciros. Para ,·elejar é nccessálio precisão, o que requ er planejamcnto, organização, traba-
lho em equipe, tomada de decisão e controle. Um veleiro no mat~ tal como uma empresa,
está sempre em movimento, exigindo constante atenção da equipe, para não enu<tr em
águas peligosas. Os velejadores e líderes nas empresas devem es1ar 'sempre alerta'.
Outdoor trc1ining (treinamento ao ar livre) 323
Até certo limite é possível velejar contra o vento e cont1-a a correnteza, mas para vencer
as forças 'conu'árias' precisamos lite ralmente fazer um "zigue7Ãigue". Assim como na vida,
'ir conu-a' é muito mais complicado do que 'ir a favor'. Exige muito mais concenu-ação, e
qualquer pequeno e rro pode desviar muito seu caminho.
Para vencer uma reg-ata, ou para estar na frente dos conCOITCntcs, a condução do barco deve
ser executada com excelência, com um trabalho e m equipe coordenado, foco no resul tado,
garra e motivação. O combusúvel que move o Yeleiro é o ve mo. O combusúvel que move as
e mpresas é o clie nte. Vento e cliente têm namreza mutável e instável, com humores variados.
Uma mudança de direção do vento ou uma rajada pode fazer com que os participantes se
adian tem ou se au-asem em relação aos concorrentes. Se estiverem aten tos aos indicadores
do ambiente e do mercado, terão maior probabilidade de obte r melhores resultados.
Velejar, assim como dirigir um departamento ou uma e mpresa, e xige tomada de decisões,
assumi r riscos e um perfeito c sincronizado trabalho c m equipe. Pan1 tanto, deve have r
um sistema de comunicação que assegure as informações necessárias ao exercício dos di-
ve rsos pa péis. São necessários tempo de u·eina me m o e fami liarização de todos, para que
estejam aptos a exe rcer seus papéis.
Quando 'vamos a favor' do ve nto e da correnteza, no m esmo sentido c dircção, o u quan-
do conseguimos alinhar os obj e tivos da e mpresa com os de nossos clie ntes, podemos
desfrutar de uma colheita fana.

Diversas o utras atividades podem ser utilizadas no outdom· tmining: treltlüng, um:yoning, waler
tn!ldâng, construção de e mbarcações para travessia de lagos ou rios, bóia-cross, ducll, lta)'aldting,
futebol, fHlÍnlbal~ 1-ali, lwt·l, balonismo, 11wunutin bike, cavalgadas. As atividades do ouldo01· tmining
são também comple me ntadas com jogos cooperativos e linguagem lúdica de aprendizado.
A tabela a seguir u-az as principais analo&>ias/ competências tTabalhadas c rn cada atividade,
que podem ser aprofundadas pelo coordenador dos trabalhos/consultor, de acordo com os ob-
jetivos do treinamento. As metodologias de u-abalho vruiam de acordo com as empresas q ue
oferecem esse tipo de serviços.

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III
I! o ::s .!l!
..... (,.) tJ) Q. z ::; O:: a. Q

Arvorismo .I .I .I .I .I .I
Vivência em cavernas .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Iatismo .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Off-road .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Rafting .I .I .I .I .I .I .I .I
Trekking .I .I .I .I .I .I
Prova de orientação .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Rapei .I .I .I .I .I .I .I .I
Escalada .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
Jogos cooperativos .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I .I
324 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações

28.8 Contratacões

adicionais
Adicionahnc mc aos serviços que envolvem as arividades outdom; suas conexões, analogias e
logística necessárias, a empresa cliente pode contratar serviços opcionais, como:
• ambulâncüt/médicos socorristas: para eventual necessidade de pro mo atendimenlO;
• seguro-saúde vit1gem: com cobertura para evenruais problemas de saúde;
• premü1çiio: podem ser oferecido troféus aos participantes;
• fotografia e vídeo: como memória do evento.

As empresas contam também com o apoio da área de comunicação e tnarketing, que preparam
camisetas, bonés, mochilas c accssó1;os para complementar o evento.

28.9 Cuidados e observações importantes


Entre os participantes de um evento dessa natureza podem existjr pessoas com verdadeiras
fobias que devem ser respeitadas, por exemplo: medo de altura ou medo de água. Verifique a idade
média, e se denu·o da equipe existem pt>.ssoas com necessidades especiais - motot-as, auditivas,
'~suais-; pessoas obesas, com problemas de saúde. As ath~dades propostas devem ser sempre com-
patíveis com as condições fisicas do grupo.

28.1 O I O que levar


Quem vai a um ou.tdoor t.mining deve levar consigo o material de apoio necessário, indica-

do pe la empresa contratada. E aconselhado levar mudas extras de rou pas c calçados confor-
táveis, pois muit.as vezes as atividades acontecem e m tempos de chuva.
Protetor solar e repelente são recomendados. Leve máquinas fo tográficas apenas onde sua
utilização é possível. Evite o excesso de bagagem, para não sobrecatTegar as eventuais caminha-
das. Leve sempre seus medicamentos, pois muitas vezes remédios específicos podem não ser
encontrados no local.

28.11 I lndoor + outdoor training


A j unção de treinamentos in e uuldooramplia as possibilidades de aprendizado e pode aprofun-
dar os temas propostos. Es.~a combinação é extremamente eficiente e indicada ao desenvolvimento
das competências do grupo. Programas de educação continuada podem utilizar, em um ou mais
módulos, os treinamentos ou/d()(JI". Essajunção mostra-se extremamente cfi ciemc no desenvolvimen-
to profissional dos participantes.

28. 12 l Outdoor training- o dia seguinte


Para os participantes de programas dessa natureza os dias seguintes das atividades são usual-
mente de grande motivação, alegria e entusiasmo com o trabalho e com as equipes. É um senti-
mento que transmite aos demais membros da equipe (que não passaram por esse treinamento)
a sensação de superação, de fazer melhor, de que "é possível", que o trabalho em equipe produz
resultados melhores que a soma de resultados individuais, etc. O grande desafio é fazer com que
ta l sentimento e clima de animação perdure ao longo do tempo, e que a realidade do dia-a-dia
não 'engula' todo o investimento feito. Para isso, são organizadas ações de manutenção desse
clima, como: j untar os participantes de tempos em tempos, em•·etmiõcs c encontros do tipo team
building (construção de equipes), programas de integração, reciclagem. Programas d e treina-
men to outdoor devem, na medida do possível, ser realizados com diversas e distin tas equipes de
diversos depan amem os.
Outdoor training {treinamento ao ar livre) 325

28.13 Cooperação x competição


O s serviços disponíYciS de ou/dQOr trainingdispõem em geral de duas distintas abord agens para a
aplicação das a nalogias das atividades: a cooperação e a competição.
!1.s duas formas tê m suas vantagens, e o coordenador d eve prover a m e lhor solução para cada
cliente a partir d os o bje ú vos pro p ostos.
Na maioria d os casos, os serviços que têm como fin alid ad e o treinam ento o u o d esen volvi-
mento u tilizam-se d e coope ração entre os partici pantes, buscando atividades e m que a competi-
ção é d esestimulada, d e modo que não h aj a vencedores nem perde dores no gntpo. Em nossa cul-
tura há o con ceito ganha-perde: "para que eu possa ganhar, algué m tem que perder'', e aí temos
a competição. Já a cooperação b usca a solução ganha-ganha, e m que todos os participantes saem
da atividade ve n cedores. O gan h a- ganha baseia-se no "eu gan h o, você ganha, ningué m perde!"
A competição, d e fato, n os leva a atingir m elhores resullados. Prova disso são os d eparta-
m entos come rciais, que têm sua remuneração basead a e m m etas a serem ati ng idas. Prê mio para
quem vender mais ... Para quem agregar mais valor... Para a organização, essa busca p or cada vez
mais resultad os é be néfica, poré m muitas ve zes exagerada na d ime nsão dos resultad os.
Algumas a tividad es dos tre iname ntos ao a r livre baseiam-se em competição, mui tas vezes no
mode lo ganh a- perde . Cabe à o rganização, na fase de plan ejame nto, d e finir qua l será a tônica
do treinamento, qual o obj etivo; c ao coordenador, propor atividadcs que possibilite m esse tipo
d e resultad o .
O uso do ou.tdoortrai1'1ingé possível para esümular qualquer um dos dois modelos.

28.14 Conclusão
!l.s técnicas ulilizadas nos ou/d()()1" tminingsão altamente e ficie ntes, com grande taxa d e re te n-
ção d o conte lÍdo. Todos os riscos das aóvidades são calculados, tornando os programas muito
seguros. Trazem ben efícios diretos aos participantes e à organização, melhorando o clima, a
motivação e, conseqüe n temente, a produüvidade. O s inveslimemos n esse tipo de tre in amento
u-a2em resultados percebidos e m curto p1-a20 e que, se ma ntidos e m ações de con tinuidad e, u-a-
zem be n efícios dtu-ad ouros.

Referências bibliográficas _.,


DINSMORE, Paul Campbell. Teal: uma revolução em educação empresarial. Rio de Janeiro: Senac, 2004.
ZVINGILA, Edward et ai. Coordenação de Marcelo Boog. Manual de gestão de pessoas e equipes. São Paulo:
Gente, 2002 v. 2, Capftulo 21, "Processos".

Sites indicados
Alaya: www.alaya.com.br
Avanti: www.avantioutdoor.com.br
Boog & Associados: www.boog.com.br
Ecoação: www.ecoacao.com.br
Ecotraining": www.ecotraining.com.br
Mundo Aventura Treinamentos: www.mundoaventura.com.br
Outward Brasil: www.obb.org.br
Sagatrek: www.sagatrek.com.br
3 26 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações

Simbolicah: www.simbolicah.com.br
Teal - Dinsmore Associates: www.teal.com.br
Thomas lnternational: www.thomasbrasil.com.br

Marcelo Boog

E sócio-diretor da Boog & Associados, consultaria em gestão de pessoas e competências. Atua nas /Jreas de
pesquisa de clima organizacional, mapeamento 360 graus e outdoor training (EcotrainingeJ. Tem 33 anos, é
casado e reside em São Paulo. Formado em administração de empresas pela Anhembi Morumbi, foi diretor
da Saguaro lmport, empresa de importação e distribuição de produtos naturais. Colaborou ativamente para a
introdução no Brasil da terapia floral.
Tel.: (11) 5183-5187
E-mail: marcelo@boog.com.br

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