Lideranca Militar

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REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO

CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959

https://www.nucleodoconhecimento.com.br

LIDERANÇA MILITAR E SUA INFLUÊNCIA NA MOTIVAÇÃO EM


ORGANIZAÇÕES PARTICULARES

ARTIGO ORIGINAL

LEITE, Janice da Silva Santana Monteiro 1, ROCHA, Álvaro Diógenes Teotônio da 2

LEITE, Janice da Silva Santana Monteiro. ROCHA, Álvaro Diógenes Teotônio da.
Liderança militar e sua influência na motivação em organizações
particulares. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07,
Ed. 02, Vol. 02, pp. 157-177. Fevereiro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de
acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/lideranca-militar

RESUMO

A falta de liderança em uma organização pode acarretar diversos problemas, tais


como desmotivação, desinteresse e falta de adaptação às regras e condutas. Assim,
questiona-se: o estilo de liderança militar pode contribuir com a motivação e interesse
dos funcionários, para a melhoria da qualidade do trabalho em uma empresa privada?
Para responder tal problema, a presente pesquisa desenvolve-se com o objetivo de
discutir o estilo de liderança militar como uma opção para melhorar a motivação e
alcançar resultados positivos nas organizações. Optou-se como metodologia, por uma
revisão bibliográfica, de abordagem descritiva e qualitativa. Foram selecionados livros,
artigos científicos e trabalhos de conclusão de curso publicados em sites confiáveis e

1 Pós-graduação (Empreendedorismo e desenvolvimento de novos negócios, MBA


Executivo em gestão financeira, controladoria e auditoria e Gestão pública),
GRADUAÇÃO (Administração de empresas). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
3942-3508
2 Pós-Graduação Gestão das políticas sociais e Gestão pública, Graduação
Administração. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9541-2953

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oficiais, tais como os sites da Marinha e do Exército brasileiros. Os resultados apontam


para uma possibilidade de adaptação da liderança militar com a finalidade de
promover maior comprometimentos nos funcionários, potencializar capacidades,
competências e motivá-los no sentido de alcançar os objetivos da organização, tendo
em vista a lucratividade e a competitividade. Conclui-se que faz necessário o
desenvolvimento de novas pesquisas no sentido de ampliar esses saberes e
evidenciar estratégias de liderança militar a fim de contribuir com a gestão das
organizações empresariais.

Palavras-chave: Liderança, Influência, Gestão, Organização.

1. INTRODUÇÃO

A busca dos empresários por funcionários que atendam ao maior grau de satisfação
para conciliar com a visão e a missão das empresas é uma incógnita, pois as pessoas
recebem formações diferentes, logo se diferenciam umas das outras. Funcionários
mais dedicados, comprometidos e disciplinados com as regras são uma idealização
de muitos dirigentes.

Tendo como base os comportamentos dos líderes perante seus deveres e suas
obrigações, sua postura ética e dedicação a fim de atender à missão da empresa,
observa-se a importância dos gestores dentro de uma organização, tendo em vista a
missão, a competitividade e a lucratividade.

A falta de liderança em uma organização pode acarretar diversos problemas, tais


como desmotivação, desinteresse e falta de adaptação às regras e condutas. Assim,
questiona-se: o estilo de liderança militar pode contribuir com a motivação e interesse
dos funcionários, para a melhoria da qualidade do trabalho em uma empresa privada?

Entre os diversos estilos, a liderança militar se destaca por características específicas


que remetem ao mesmo tempo, à disciplina, dedicação e motivação dos funcionários,

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pois implica em um comprometimento de todos com a organização, tendo em vista


uma relação de pertencimento (BARROS, 2019).

É preciso refletir sobre como se caracterizam as lideranças e como este estudo visa
demonstrar, analisar e associar algumas características que os líderes possuem em
suas formações com a finalidade de, possivelmente, inseri-las nas rotinas das
organizações no intuito de adquirirem melhores resultados, tendo em vista as
qualidades que os líderes transpõem para a sociedade.

Pode ocorrer no cotidiano de algumas organizações, o fato de alguns funcionários não


obedecerem aos horários de chegada, procrastinarem, não demonstrarem confiança
em si mesmos e nos colegas, nem motivação para a realização das atividades diárias,
parecendo não se importar com o alcance dos objetivos coletivos. Para resolver tais
problemas, empresas investem na formação dos gestores, enquanto líderes a
desenvolver técnicas de motivação e gestão de pessoas, para que seus subordinados
possam adquirir interesse de cumprir suas tarefas com maior eficiência (ALVES,
2017).

Aparentemente, as técnicas que são inseridas nas organizações parecem ser


insuficientes quanto à mudança da personalidade dos funcionários. O funcionário que
chega atrasado, pode até ser um ótimo funcionário, mas continuará chegando
atrasado se não lhe for cobrado a chegada no horário da rotina da empresa. Para isso
o líder deve exigir disciplina, mas o que acontece é que o funcionário, quando cobrado,
fica desmotivado e não se dedica às suas tarefas. Observando tais comportamentos
de funcionários nas empresas, os líderes são preparados em suas formações para
solucionar os problemas de conduta, gerando uma cultura de disciplina, motivação e
comprometimento de toda a equipe que atua nos diversos setores.

Portanto, a ideia de inserir uma liderança nas organizações, atribuindo características


que os líderes recebem em suas formações aos funcionários nas empresas, poderia
trazer melhor resultados para as empresas, esperando que os funcionários mudem

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seus hábitos pessoais negativos, comparando com as rotinas em que todos os líderes
devem cumprir rigorosamente.

Assim, a fim de alcançar uma resposta para o problema, a presente pesquisa


desenvolve-se com o objetivo geral de discutir o estilo de liderança militar como uma
opção para melhorar a motivação e alcançar resultados positivos nas organizações.
Tem como objetivos específicos: descrever a motivação no contexto da liderança
militar; e identificar a liderança militar enquanto estilo de gestão a ser traduzido e
adaptado para as organizações.

2. METODOLOGIA

A presente pesquisa tem como vertente metodológica, uma revisão bibliográfica do


tipo descritiva e qualitativa, de publicações de referência sobre o tema disponíveis na
internet, em fontes seguras.

A coleta de dados foi realizada em dezembro de 2021, na base de dados Scientific


Electronic Library Online (SCIELO) e na Biblioteca Digital do Exército (BDEX), em
novembro e dezembro de 2021, tendo como palavras-chave “Liderança Militar”;
“Gestão de Pessoas”; “Organização”; e “Motivação”, as quais foram utilizadas de
forma isolada e combinada.

Como critérios de inclusão, foram definidos: publicações do período entre 2010 e


2021, disponíveis na íntegra; nos idiomas português, inglês ou espanhol; e que
respondessem o problema da pesquisa. Foram excluídos os artigos duplicados, além
de editoriais e projetos.

Na Scielo foram encontradas 50 publicações, sendo excluídas 46 e selecionadas 04


publicações. Na BDEX foram encontradas 48 publicações, sendo excluídas 41 e
selecionadas 07 publicações. Para complementar as informações teóricas, foram
adicionados livros, artigos encontrados em plataformas digitais e manuais do exército
e da marinha.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram categorizados em: Liderança Militar e os estilos de


liderança; Motivação Militar; e Liderança Militar e sua influência nas organizações não
militares, como observa-se no Quadro 1.

Quadro 1 – Resultados categorizados por tema

Categorias Autores
Liderança Militar e os Maximiano (2005); Chiavenato (2014); Rocha,
estilos de liderança Cavalcante e Souza (2010); Marques (s.d.); Brasil
(2011); Brasil (2013a); Benevides (2018);
Motivação Militar Brasil (2011); Liz (2019); Benevides (2018); Lima
(2018); Maximiano (2005);
Liderança Militar e sua Genari et al. (2009); Rouco (2012); Santos Neto (2019);
influência nas Silva (2019); Melo (2020); Brasil (2013b); Morais
organizações não (2015); Barros (2019); Sant’anna, Paschoal e Gosendo
militares (2012); D’amico e Monteiro (2012); Barreto et al. (2013)

Fonte: A autora (2022)

Evidenciam-se nesta pesquisa, as práticas administrativas baseadas no conceito de


Liderança Militar, tendo em vista uma ressignificação deste tipo de gestão, no sentido
de adaptá-lo para organizações não militares. Ainda na Liderança Militar, são
identificados os tipos de liderança discutidos por autores tais como Maximiano (2005)
e Chiavenato (2014), ambos, referências na área da administração.

3.1 LIDERANÇA MILITAR E OS ESTILOS DE LIDERANÇA

Ao abordar o tema liderança, não podemos de deixar de mencionar a liderança no


âmbito militar. Parece se destacar por apresentar um resultado mais notável e
satisfatório do que muitos estilos de liderança aplicados em várias empresas privadas

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e até em outros Órgãos Públicos. Os militares passam a imagem de que a obediência


às regras e às ordens dos superiores hierárquicos são fundamentais e de caráter
rigoroso, proporcionando melhores resultados, cumprimento de suas tarefas com
eficiência e um ambiente de trabalho muito melhor, já que o respeito e disciplina são
mútuos e primordiais para o âmbito militar.

Entretanto, diversos valores e conceitos estão imbricados nesta gestão, os quais vão
além da disciplina e obediência, pois incluem honradez, civilidade, dignidade, lealdade
e honestidade, compreendendo-se a hierarquização como uma característica que não
invalida a motivação e o comprometimento de todos líderes e liderados para com a
organização (BRASIL, 2011).

No contexto militar, a hierarquização correta das relações interpessoais e cargos se


sobrepõem aos valores materiais e à satisfação pessoal, pois o mais importante é o
serviço à Pátria, para o bem-estar, a ordem e o cumprimento dos direitos e deveres
da sociedade (BRASIL, 2011). Para tanto, é essencial um estilo de liderança que
favoreça o alcance dos objetivos e considere a missão dos militares.

Para Maximiano (2005, p. 302), “os modelos de liderança (...) baseiam-se no


comportamento do líder em relação aos liderados”. Entre as teorias que são centradas
na figura do líder, pode-se destacar a Teoria dos Tipos ou Estilos de Liderança, que
os distingue em autocrático, participativo e laissez-faire, propondo como o estilo
participativo, como o mais apropriado, por envolver todos os subordinados em um
comprometimento com o sucesso da organização a partir de um trabalho colaborativo,
em equipe (BRASIL, 2011).

Isto implica em refletir sobre as atitudes necessárias aos líderes, para que atuem de
forma a contribuir com a prática profissional dos liderados. Uma característica que
chama a atenção no ambiente militar é que há uma diferença entre comando, chefia
e liderança, e que, a chefia tem definição e valor positivo neste ambiente, diferente de
outros ambientes ou estudos em que a chefia pode ser considerada negativa. Sob o

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conceito de chefia, a decisão do mais antigo prevalece e a liderança existe quando o


líder consegue inspirar e influenciar seus subordinados, motivando-os para o
cumprimento dos objetivos da organização (BRASIL, 2011).

Este conceito de chefia, baseado em uma hierarquização tradicional, diferencia do


conceito de liderança, uma vez que esta tem mais relação com as atitudes do líder do
que com a sua faixa etária ou tempo de pertencimento à organização. Um líder é um
elemento essencial para promover mudanças em outras pessoas, com a finalidade de
motivá-las para o alcance dos objetivos das empresas e até mesmo pessoal, não
necessariamente, seguindo esta ordem.

A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana,


seja nas empresas ou em cada um de seus departamentos. Ela é
essencial em todas as funções da administração: o administrado
precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas,
isto é, liderar (CHIAVENATO, 2014, p. 107).

Alguns estilos de liderança identificados por Chiavenato (2014) são empregados no


ambiente militar, entre eles: carismática, transformacional, transacional, autocrática,
democrática e delegativa. Na liderança carismática, o líder consegue influenciar seus
subordinados com seu carisma. Os subordinados ficam mais motivados e satisfeitos
porque gostam do líder, acham ele exemplo de pessoa e até usam o líder como
exemplo de pessoa a ser seguida.

Este tipo de líder dá o exemplo com o seu próprio comportamento para


que os seguidores o possam imitar, transmitindo altas expectativas
acerca do desempenho dos seguidores enquanto simultaneamente
exprime confiança nos mesmos, comportando-se de forma a despertar
a motivação relevante à missão do grupo (ROCHA; CAVALCANTE;
SOUZA, 2010, p. 5).

Na liderança transformacional, percebe-se um líder com características da liderança


carismática e que consegue transformar, ou seja, mudar seus subordinados de acordo
com sua personalidade e atitudes, por atuar como um exemplo na organização. De
acordo com Marques (s.d.), neste estilo de liderança, o líder atuar como uma
referência positiva para os seus liderados, pois a sua maneira de relacionar-se com

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as pessoas, resolver problemas e alcançar resultados é vista como fonte de


inspiração.

A liderança transformacional pode ser percebida na definição de líder militar do


exército norte-americano presente no manual FM 6-22 “Leader Development” (EUA,
2015 apud BENEVIDES, 2018, p. 17), como aquele que “por força da função assumida
ou atribuída a responsabilidade, inspira e influencia as pessoas para atingir objetivos
organizacionais”.

Na liderança transacional, o líder retribui com recompensas as ordens cumpridas


pelos seus subordinados ou os ameaça com punições caso estas ordens não sejam
cumpridas. Entre as características do líder transacional, destacam-se a atenção às
necessidades primárias como instrumentos de recompensa ou punição; e a realização
de intervenções somente quando não há alcance das metas e uma atitude laissesz-
faire, utilizada para atribuir responsabilidades aos outros, quando evita tomar decisões
(ROCHA; CAVALCANTE; SOUZA, 2010).

Na liderança autocrática, basicamente, só uma ordem prevalecerá, que é a do mais


antigo, seja ele o Comandante ou representantes públicos, como Ministro da Defesa
e Presidente da República que seguem a escala hierárquica militar mesmo não sendo
militares. A ordem vem, geralmente, do topo da hierarquia. Aos que recebem a ordem
nesse estilo de liderança só resta cumpri-la sem ao menos debater sobre tal. O líder
exige que seja cumprida sua ordem, independente de fatores que poderiam concorrer
para o fracasso da missão (BRASIL, 2011).

Apesar de ser uma das mais vistas no militarismo, esta pode não ser a melhor
liderança aplicada a um grupo, pois os subordinados não veem como um objetivo
comum ao grupo e sim como um objetivo individualista. Porém, quando bem aplicada,
torna-se um estilo de liderança fundamental, pois, muitas vezes, o líder autocrático
tem experiência e sabe da capacidade de sua ordem.

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b. O comandante, quando no uso desse estilo de comando, centraliza


todas as decisões e não se utiliza do assessoramento dos seus
subordinados para o estudo da situação. A experiência indica que
esse estilo de comando, quando empregado indiscriminadamente e
por tempo prolongado, tende a desgastar os vínculos afetivos
estabelecidos entre o comandante e os comandados. c. No entanto,
poderão ocorrer ocasiões nas quais o uso desse estilo de comando
seja adequado, como, por exemplo, em situações de combate em que
os subordinados devam agir de forma imediata, sem qualquer
questionamento ou discussão sobre as ordens emanadas, sob pena
do fracasso da missão (BRASIL, 2011, p. 6-2).

Na liderança participativa ou democrática, o líder dá a ordem, mas dialoga com seus


subordinados, com a finalidade de aproveitar as diversas ideias e criar um elo de
coletividade no cumprimento da missão. Os subordinados podem decidir qual melhor
forma poderá ser efetuada dada ordem. Muitas vezes, o próprio líder renuncia a sua
ideia pelo fato de não ser especialista em tal área de tarefa, deixando com que
subordinados especialistas tomem a frente da missão, mas apesar de tudo, o líder
que dá a palavra final (BRASIL, 2011).

Na liderança delegativa, o líder passa parte de sua responsabilidade para os


subordinados com capacidade de cumpri-las. Geralmente, essa delegação é passada
de forma que o subordinado seja técnico ou especialista da parte em que o líder
delegou, deixando-o com um certo grau de confiança ao saber que seu subordinado
tem a capacidade de exercer a mesma função e conseguir executar com eficiência
(ROCHA; CAVALCANTE; SOUZA, 2010).

Assim, o líder ganha mais tempo para agir em outras responsabilidades que lhe
ocupam mais tempo e atenção. Mesmo delegando, o líder não pode perder o controle
da responsabilidade delegada porque ela ainda lhe compete e tem, o líder, o dever de
sempre orientar e motivar os subordinados (BRASIL, 2011).

No militarismo, o militar, obrigatoriamente, tem que aprender a ser um líder. Em certo


momento, com o passar do tempo de sua carreira e devido a promoções, este se
tornará mais antigo do que outros militares e terá o dever e a responsabilidade de se

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tornar líder para que os militares mais modernos possam se espelhar por este. Além
disso, na ausência de um mais antigo, o que se segue na hierarquia assume
automaticamente o posto do mais antigo ausente, ficando responsável por manter a
ordem do mais antigo ausente e a boa conduta dentro do ambiente.

A liderança militar consiste em um processo de influência interpessoal


do líder militar sobre seus liderados, na medida em que implica o
estabelecimento de vínculos afetivos entre os indivíduos, de modo a
favorecer o logro dos objetivos da organização militar em uma dada
situação (BRASIL, 2011, p. 3-3).

A boa liderança de um militar traz resultados grandiosos, como respeito, orgulho e


confiança para os liderados, pois, desta forma, os liderados sentem-se motivados em
seguir as ordens e em cumprir objetivos que lhes foram dados. Benevides (2018, p.
15) chama atenção para as competências necessárias ao líder militar, como sendo
aquelas associadas aos “recursos cognitivos, psicomotores e afetivos em
comportamentos que geram resultados práticos”. O líder militar tem, em sua formação,
competências que lhe conferem a habilidade de gerenciar e influenciar os seus
liderados, tendo em vista os aspectos motivacionais que interferem na qualidade da
atuação profissional. Para a Doutrina Terrestre do Exército, a liderança é definida
como:

(...) uma competência individual que confere ao indivíduo a


capacidade de dirigir e influenciar outros militares, por meio de
motivação, objetividade e exemplo. Na atualidade, os ambientes nos
quais se desenvolvem as operações terrestres requerem que
Comandantes e líderes da F Ter sejam extremamente adaptáveis,
capazes de empregar com eficácia as competências relacionadas ao
pensamento crítico e à criatividade. Ao mesmo tempo, essa
adaptabilidade e o domínio das competências citadas só lhes serão
úteis se eles forem capazes de transmitir com clareza e em tempo
hábil sua intenção e diretrizes aos subordinados. Comandantes
competentes, informados e dotados de iniciativa, coragem física e
moral são capazes de extrair o melhor resultado do pessoal e dos
sistemas de combate colocados sob seu comando (BRASIL, 2013a, p.
32).

Pode-se considerar que a liderança militar tem as finalidades de: motivar e disciplinar
pessoas para cumprimentos de objetivos que não trazem lucratividade; deixar

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pessoas motivadas e preparadas para agirem em qualquer momento e; ensinar os


próprios militares a serem bons líderes.

3.2 MOTIVAÇÃO MILITAR

Os militares exercem ações que poderão custar suas próprias vidas no cumprimento
das ordens. Mantê-los motivados para exercer essas tarefas não é nada fácil, porém,
uma boa formação militar fará com que cada um saiba dos seus deveres e obrigações
para com o país e que o não cumprimento de ordens e indisciplina podem ocasionar
danos. Iniciando uma carreira militar, uma pessoa se encontra numa situação um
pouco desagradável por observar uma rigorosidade intensa, mas com o passar do
tempo, muitos se agradam com a carreira, pois esta trará grandes aprendizagens e
conhecimentos únicos.

O amor à profissão manifesta-se pelo devotamento integral à carreira


militar. Traduz-se pelo exercício entusiasmado e permanente da
profissão, pela motivação constante, pelo prazer demonstrado no que
faz, pela consciência profissional, pelo espírito de sacrifício, pela
busca do trabalho bem-feito, pela prática dos deveres militares e pela
satisfação alcançada pelo dever cumprido. (BRASIL, 2011, p. 4-7).

Militares bem-motivados podem demonstrar seu valor e sua dignidade militar e civil,
pois, ao ver a importância de se cumprir tarefas e de sua atuação. Ao adquirir
experiência, o militar já não passa a cumprir ordens porque tem que obedecer aos
regulamentos, mas os considera como parte de uma causa comum a todos de uma
sociedade. Ou seja, os militares acabam sendo motivados quando os resultados de
seus objetivos se concretizam num benefício individual e coletivo.

A liderança militar é, pois, a ferramenta que permite ao comandante


mover homens e mulheres não apenas pela força de leis e
regulamentos, mas por sua qualificação profissional e pelo seu
empenho pessoal. Por intermédio da liderança militar, o comandante
conduz o subordinado, realçando a vontade de buscar a vitória, não
por uma simples questão de cumprimento de ordens, mas, sim, por
considerá-la uma causa comum, justa e necessária. A liderança será
um meio de obter a superação e a manutenção da motivação, a fim de

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se alcançar o envolvimento individual no esforço coletivo, na busca do


cumprimento da missão (BRASIL, 2011, p. 6-2).

O Manual C20-10 (BRASIL, 2011) refere-se a esta “manutenção da motivação” como


uma capacidade própria da inteligência emocional bem desenvolvida. Isto implica em
criar motivações para si, percebendo a superação das dificuldades, o autocontrole, a
autoconfiança, a empatia e a redução da ansiedade como elementos imbricados em
um comportamento de líder e de liderado motivado e motivador.

Corroborando com o Manual C20-10 do Exército Brasileiro, Liz (2019) explica que a
motivação, um dos aspectos essenciais da inteligência emocional, implica em mover
as próprias emoções a serviço do alcance dos objetivos, ter habilidade para
administrar os prazeres em prol do alcance das metas de vida, devendo, para tanto,
saber esperar e agir de acordo com as prioridades. Quanto mais integrada é a equipe,
mais motivados são os seus membros.

O “Exército da Espanha define o conceito de liderança militar como a capacidade de


comandar para influenciar seus subordinados, proporcionando um propósito,
diretrizes e motivação para alcançar os objetivos definidos” (BENEVIDES, 2018, p.
17). Mais uma vez, a motivação aparece como elemento essencial na liderança,
lembrando que apenas líderes motivados conseguem motivar seus subordinados.
Assim, o exemplo torna-se essencial, enquanto espelho a ser seguido pelos liderados,
de modo que o líder ensina, determina e comanda não somente por palavras e
normas, mas sobretudo, pelas atitudes.

Lima (2018) explicita a automotivação como uma condição essencial dos liderados,
cujo líder já construiu um relacionamento interpessoal sólido, de modo que a sua
presença física não se faz necessária permanentemente; ou seja, até mesmo na
ausência do líder, os liderados sentem-se motivados, o que implica na construção da
autonomia em cada membro da equipe.

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Para Lima (2018), ainda, a motivação pode tanto ser inerente ao indivíduo, quanto ser
estimulada por outros sujeitos. Considerando a liderança militar, convém analisar
tanto a motivação quanto a automotivação, sabendo que se não conseguem motivar
seus liderados, os líderes não exercem uma boa liderança. Automotivação e
autonomia, bem compreendidas, fazem refletir sobre a autoridade do líder militar, a
qual não se limita à condição hierárquica, mas se estende pelo respeito entre os
indivíduos e pelo entendimento sobre o papel de cada líder e cada liderado. Neste
contexto é preciso compreender a autoridade formal tanto na perspectiva de chefia,
quanto no contexto de liderança.

Autoridade formal e liderança nem sempre andam nem precisam


andar juntas. A pessoa que ocupa uma posição de autoridade formal
(a “figura de autoridade”) pode não ter liderança informal sobre seus
colaboradores ou jurisdicionados nem precisar dela. É o caso dos
agentes da lei que exercem poder de polícia. Da mesma forma, a
pessoa que exerce liderança informal sobre um grupo pode não
ocupar cargo com autoridade formal correspondente nem precisar
dele. Isso acontece, por exemplo, em grupos sociais organizados, que
precisam de líderes, mas não de chefes: grupos voluntários,
associações, condomínios (MAXIMIANO, 2005, p. 304).

Entretanto, a autoridade formal bem compreendida, auxilia no exercício da liderança,


uma vez que os liderados já se comportam com respeito à posição do líder, como no
caso do contexto militar. O líder sabe como conduzir a sua autoridade formal, de
maneira a não inibir nos liderados, o desejo de desenvolver-se cada vez mais e,
exercendo a sua autonomia, atuar na solução de problemas em conjunto com os
demais membros.

A motivação aparece assim, como fator que impulsiona os membros à realização das
suas tarefas para o alcance de resultados almejados. Com segurança, sentindo-se
confiantes em si mesmos e no outro, os subordinados conseguem atuar conscientes
da importância do seu papel para o sucesso da organização.

Os militares têm uma postura diferente das demais pessoas que são influenciadas por
um líder. O líder no ambiente militar tem um propósito muito diferente dos líderes de

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empresas com fins lucrativos. Logo, os fatores que motivam cada parte são também
diferentes. Enquanto no contexto militar as motivações referem-se ao alcance dos
objetivos militares, em uma empresa que tem a lucratividade e a competitividade como
metas, as motivações podem se diferenciar. Contudo, convém considerar que a
persistência, a paciência, a habilidade para resolver problemas e conviver são fatores
essenciais em qualquer organização.

3.3 LIDERANÇA MILITAR E SUA INFLUÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES


NÃO MILITARES

A liderança militar não tem objetivos de lucratividade como a liderança em empresas


privadas. Basicamente, os objetivos da liderança militar estão nos cumprimentos das
ordens dadas de forma eficaz e eficiente. Os militares são treinados para combater. A
liderança militar tem o objetivo de motivar e preparar os militares para cumprirem os
objetivos mais difíceis, que muitas vezes, poderão custar suas próprias vidas. É raro
de imaginar que existam pessoas que estão dispostas a colocarem suas vidas em prol
de objetivos que possam proteger uma nação, uma sociedade ou um grupo de
pessoas, porém existem e são os militares. É de responsabilidade desta liderança,
deixar o militar sempre preparado, mesmo quando este não estiver de serviço, mesmo
quando este estiver de férias, licença ou descansando (SANTOS NETO, 2019; SILVA,
2019; MELO, 2020).

A disciplina dos militares dentro da Organização Militar pode ser desejável como
comportamento ideal dos funcionários que muitos empresários gostariam de ter. Os
militares cumprem ordens que podem custar suas próprias vidas e fazem juramentos
de defender a Pátria a qualquer custo. São dedicados para cumprir rotinas e horários.
Dificilmente descumprem ordens. A honra e o dever de cumprir objetivos os tornam
alvo de representação e de espelho para muitos na sociedade (SANTOS NETO,
2019).

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Embora não existam fórmulas de liderança, a História, a experiência e


também a pesquisa psicossocial têm demonstrado que é importante
que os chefes procurem desenvolver esses traços em si e nos seus
subordinados, porque em momentos críticos ou nas situações difíceis
eles podem contribuir para um exercício mais eficaz da liderança no
contexto militar (BRASIL, 2013b, p. 1).

Em muitas empresas, existem funcionários que não conseguem cumprir o horário de


chegada ao trabalho, não obedecem às ordens dadas pelos seus superiores e não
estão se dedicam ao máximo para exercerem suas tarefas básicas dentro da
empresa. Por isso, um líder militar poderia trazer melhor resultados às empresas por
instruir tais qualidades e, com esse estilo de liderança, poderia conseguir motivar
funcionários nas empresas não militares para que sejam mais disciplinados e estejam
motivados para o trabalho. Por isso, cabe ao topo da empresa decidir as melhores
estratégias. Escolher uma liderança militar em sua empresa significa definir
estratégias.

Percebe-se então que há uma necessidade de adaptação de um estilo


de liderança conforme a atividade a ser desenvolvida para que esta
traga um melhor retorno para a organização, ou seja, quão melhor
forem desenvolvidas as tarefas ou atividades de uma organização,
melhores serão seus resultados (MORAIS, 2015, p. 26).

O comprometimento dos funcionários para com suas respectivas empresas deve ser
estudado porque é fundamental saber quem coopera para atingir os resultados
almejados. O comprometimento de cada funcionário pode influenciar nos resultados
das empresas. Se um funcionário não está comprometido em realizar sua função
dentro da empresa com eficiência, por exemplo, poderá prejudicar os resultados que
os empresários desejam alcançar, ou ainda, poderá prejudicar o rendimento coletivo
e até influenciar outros. Porém, quando um funcionário está comprometimento com
sua tarefa, sua função, bons resultados são alcançados e tanto os empresários quanto
o grupo ficam satisfeitos.

O estudo do comprometimento nas organizações tem servido de base


para a formação de políticas que buscam a qualidade, através do
fortalecimento dos vínculos do trabalhador com seu próprio trabalho.
Além disso, o comprometimento dos funcionários com a empresa pode

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tornar-se sua vantagem competitiva, uma vez que a mesma não reside
apenas em máquinas ou patentes, por exemplo, mas sim em pessoas
capazes de inovar e investir em si mesmas para o progresso da
organização (GENARI et al., 2009, p. 2).

Muitas vezes, os líderes nas empresas não são atenciosos aos problemas que seus
subordinados encontram em suas rotinas e quase sempre não lhes dão a atenção que
os mesmos gostariam. Não oferecem algum tipo de apoio, pois o resultado a ser
alcançado é maior prioridade dentro da empresa e o bem-estar dos funcionários fica
em segundo plano. Desta forma, os liderados não se sentem motivados pelo seu líder
e acabam não se dedicando ao máximo em suas tarefas, realizando somente o
esforço mínimo para o cumprimento do trabalho. Isto porque, entre outras razões, tais
como contratuais e salariais, os líderes não exercem prática de motivação e atenção
aos seus liderados. No contexto militar, há diferenças substanciais.

l. O comandante deve exigir de seus subordinados a máxima


dedicação ao serviço. Por outro lado, deve estar atento aos seus
problemas e oferecer apoio nas dificuldades. m. Quando o
comandante manifesta interesse genuíno por seus subordinados e
realmente se dedica a conduzi-los com profissionalismo e senso de
justiça, começa a se estabelecer um vínculo, que ultrapassa as
relações formais. Ao longo do tempo, os subordinados passam a
considerá-lo não apenas pela autoridade formal de comandantes, mas
desenvolvem respeito à sua pessoa. Pode-se dizer, então, que
começa a emergir a liderança (BRASIL, 2011, p. 3-2).

Há uma diferença entre líder organizacional e líder militar. O organizacional consegue


influenciar seus subordinados através do moral, das palavras, mas o líder militar não
só consegue influenciar da mesma forma, como também se deixa influenciar, porque
é preciso ser exemplo do grupo. O líder militar não pode cobrar de seus subordinados
certas atitudes que ele mesmo não é capaz de exercer. O líder militar consegue
influenciar os outros através de sua conduta e não somente pelo lado moral.

Todos os militares sabem que se lhes forem dadas ordens, estas deverão ser
cumpridas o mais rápido possível e que raramente existem objeções para com o líder.
Nas empresas, funcionários não obedecem aos seus gerentes, seus patrões, seus
líderes e não realizam as ordens com celeridade, causando lentidão no processo ou

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prejuízo. Fazendo assim, não tem como o líder ganhar confiança e achar que o
funcionário vai ser leal em suas tarefas. Assim, com uma liderança militar, é possível
que um líder deixe o ambiente empresarial com mais disciplina no cumprimento das
ordens.

Entretanto, Barros (2019) salienta uma aproximação entre a liderança militar e a


empresarial, ao observar que atualmente apenas a hierarquia e a disciplina militar não
garantem aos militares uma boa liderança, ou seja, não implica em motivação e
cumprimento de ordens dos seus subordinados. Isto porque é necessário ao líder
militar, tal qual ao líder empresarial, demonstrar competência técnica e profissional,
que se expressa no conhecimento adquirido, humanidade, austeridade e coragem
física e moral.

Todos os soldados devem ser preparados para as tarefas que


envolvem o uso da força. Pode-lhes ser exigido tirar a vida de outro
indivíduo ou arriscar a sua própria vida. Em algumas situações têm
que testemunhar o ferimento ou a morte dos seus camaradas e
continuar no cumprimento da missão. Isto exige a coragem física, e os
soldados dependerão dela, assim como da coragem moral (ROUCO,
2012, p. 47).

Um líder militar pode motivar funcionários não militares simplesmente pela sua
postura, comparação de serviços e pelas suas histórias. Muitas vezes, os militares
passaram por situações de alto risco de vida, passaram por condições que, mesmo
não aceitando, têm que cumprir as ordens dos superiores hierárquicos. Já os
funcionários não militares, muitas vezes reclamam de coisas simples, não estão com
disposição de trabalho, não se esforçam além do que acham necessário, acham que
não merecem o valor que têm dentro da empresa. A insatisfação dos funcionários de
uma empresa pode estar associada a diversos fatores, os quais devem ser
considerados; contudo, quando bem-motivados por um líder militar, estes funcionários
passam a compreender a importância da sua função bem exercida para o alcance das
metas almejadas, sendo reconhecidos pela sua capacidade, potencialidade e
dedicação (BARROS, 2019; SANTOS NETO, 2019).

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Outra característica no ambiente militar é que não existe competição. Com exceção à
hierarquia, os militares são iguais: recebem ordens, funções e tarefas e estas devem
ser realizadas. Nas empresas, o nível de competição é alto. A necessidade de um
funcionário ser mais notado que um outro é fator positivo, muitas vezes, é um fator
que pode definir quem continuará na empresa por mais tempo. A competição nas
empresas pode ser um fator negativo, pois pode impulsionar a rivalidade, fato que
eleva o mal-estar entre os funcionários e dificulta o trabalho em equipe. Para Melo
(2020), no contexto militar, aborda-se a vantagem competitiva, vendo-se o exército
como uma unidade, que, devido às suas qualidades se destaca em relação aos
demais.

“O bem-estar, especialmente as experiências positivas do trabalhador, tem sido


apontado como fenômeno essencial para o funcionamento adequado e competitivo
da organização” (SANT’ANNA; PASCHOAL; GOSENDO, 2012, p. 746). A
competitividade é uma das finalidades das empresas, a qual também está presente
no âmbito militar. Para tanto, é necessário que os líderes e liderados se sintam bem e
isto implica em motivação, cumprimento das tarefas e alcance de resultados.

Para que haja competitividade é necessária ainda, uma comunicação clara entre todos
e transparência quanto às finalidades, eventos e problemas da organização. Desse
modo, os liderados sentem-se mais integrados e seguros, dedicando-se mais à
superação dos desafios.

A delegação de funções traz aos subordinados um alto grau de confiança, pois um


líder que compartilha seus atributos, demonstra que seus liderados também são
capazes de exercer as mesmas funções. Assim, os tornam iguais em relação à
capacidade de cumprir as tarefas. Isto implica na humanização do ambiente de
trabalho, a qual pode ocorrer quando o gestor se comporta como líder, um profissional
que valoriza cada liderado tanto no aspecto cognitivo, quanto no afetivo relacional
(D’AMICO; MONTEIRO, 2012).

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Barreto et al. (2013) chamam atenção para o tipo de liderança em uma cultura
organizacional inovativa e flexível, como aquela em que há maiores chances de
sucesso. Os autores explicam que os líderes transformacionais desenvolvem uma
gestão diferenciada, pela confiança que deposita em seus liderados, reconhecendo
as contribuições diferenciadas de cada membro para a resolução de problemas.

Ao comparar a liderança militar com a empresarial, Barros (2019) chama atenção para
alguns aspectos como as desvantagens da liderança democrática no contexto militar,
de tornar a tomada de decisões um processo lento, o qual, por vezes, inviabiliza o
sucesso da ação. Tanto no contexto militar quanto empresarial, o processo
democrático implica em diálogo, valorização das opiniões dos membros da equipe.
Este processo, quando bem construído, pode ser mais ágil; e ainda que mais lento do
que numa liderança autocrática, pode apresentar resultados melhores, pois estes
emergem de uma ação conjunta.

Fica claro que as posturas de funcionários de empresas e dos militares são diferentes.
A aplicação de características militares numa empresa poderá trazer resultados
positivos, visto que as qualidades que os militares adquirem em suas formações e em
suas rotinas de trabalho, trazem confiança de que àquelas pessoas cumprem suas
tarefas com eficiência e que são leais para com seus superiores e são obedientes as
ordens e regras dentro de qualquer empresa.

Barros (2019) explicita o quanto é importante reconhecer que na atualidade, não há


um estilo de liderança ideal; que o líder deve ser flexível e buscar referências nos
diversos estilos, de modo a promover a melhoria da organização, seja ela civil ou
militar. Diversos aspectos da liderança militar podem ser utilizados no contexto
empresarial; contudo, devem ser analisados e assumidos de modo estratégico,
estando o líder consciente do seu papel para motivar e impulsionar cada membro para
a melhoria do seu desempenho, contribuindo com o sucesso da organização.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ideia central do líder de uma organização civil ou militar, é fazer com que os
funcionários em muitas empresas sejam mais disciplinados, mais eficientes, mais
obedientes, mais cooperativos e mais contribuintes em suas tarefas. Existe diferença
entre a liderança organizacional e a militar, sendo está uma opção estratégica para a
empresa.

A partir da revisão bibliográfica apresentada, foram apresentadas as características


mais marcantes de um líder militar e seu estilo de liderança, de forma que estas
características possam servir de base para que resultem em mudanças nas atitudes
dos funcionários de uma empresa. Isto porque, a disciplina, o estímulo à assunção de
responsabilidades, a partir de uma percepção sobre o exercício da tarefa como
essencial ao sucesso da organização, a motivação e exercício da autonomia,
aspectos inerentes à liderança militar atual, são características importantes que
podem ser aplicadas em contexto não militar.

Existe uma diferença de personalidade entre os militares e não militares.


Aparentemente, os militares são mais dedicados, disciplinados e demonstram valor
nos cumprimentos de suas tarefas. A liderança militar exercer muita influência para
que os militares, de forma geral, sejam vistos desta forma pela sociedade. Entretanto,
é preciso observar que mesmo os líderes militares, para serem respeitados na
condução dos seus liderados, precisam apresentar competência técnica e
profissional, serem humanizados, respeitando a autonomia e estimulando os seus
subordinados ao envolvimento com a organização de modo a promover o sucesso
das operações.

Assim, ao retomar a questão norteadora deste estudo, verifica-se que o estilo de


liderança militar pode contribuir com a motivação e interesse dos funcionários, para a
melhoria da qualidade do trabalho em uma empresa privada, tendo em vista que um
líder militar pode contribuir para bons resultados nas empresas, por apresentar tais

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habilidades, e fazer com que os funcionários percebam de forma positiva o exercício


das suas funções, evitando a competição e compreendendo a competitividade. Muitos
funcionários desejam atenção.

Um líder militar mantém seus subordinados motivados para o exercício da sua


profissão, elevando as qualidades e a importância da função de cada um para o
sucesso de todos e alcance dos objetivos. Em uma organização privada, a liderança
militar contribui com o sucesso do empreendimento, pois imprime na cultura da
empresa um cotidiano de realização de tarefas motivada pela consciência sobre a
importância do papel de cada um, levando a uma prática profissional de excelência.
Assim, todos se sentem parte integrante do ambiente e comprometidos com os
resultados a serem alcançados.

Por fim, a liderança militar poderia trazer às empresas resultados positivos com sua
aplicação, modificando hábitos dos funcionários, motivando-os para o cumprimento
das regras e de suas tarefas, assim, colaborando para o sucesso individual e coletivo.

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Enviado: Janeiro, 2022.

Aprovado: Fevereiro, 2022.

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