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U M A N O V A A G E N D A P A R A A A R Q U I T E T U R A

K A T E N E S B I T T - C A P Í T U L O 1 2 ( 5 3 5 - 5 6 9 )

UFRN - Mestrado Profissional - PPAPMA (2023.2)


DISCIPLINA: Teoria e Metodologia do Projeto em Arquitetura
DISCENTES: Ingrid Soares e Jéssica Medeiros
DOCENTE: Profa. Dra. Maísa Veloso
AUTORES

VITTORIO GREGOTTI MARCO FRASCARI KENNETH FRAMPTON


O exercício do Detalhe O Detalhe Narrativo Rappel à L'ordre, argumentos em
favor da Tectônica.
APRESENTAÇÃO DE NESBITT

VITTORIO GREGOTTI
(1927 - 2020)

“O exercício do Detalhe”
Escrito em 1983, aos 56 anos
A P R E S E N T A Ç Ã O

O INTERESSE
PELA TECTÔNICA
APROXIMA
TEORIAS E
ESTILOS
DIVERGENTES "Construir
ontologia
paulatinamente
da construção|...]
uma
um

NA CRÍTICA discurso tectônico que, além de


tratar da pragmática do abrigo,
PÓS-MODERNA. tectônica como mito ".
também represente sua própria

DEMETRI PORPHYRIOS
A P R E S E N T A Ç Ã O

INTERESSE PELO “FAZER”


em trabalhos Pós modernos diversos

Tadao Ando Juhani Pallasmaa Steven Holl Mario Botta


Capítulo 10 Capítulo 09
A P R E S E N T A Ç Ã O

Centro Cultural Korundi/Juhani


Igreja da Luz/ Tadao Ando Pallasmaa,

Instituto para a Arte Contemporânea / Steven Holl Casa Rotonda/Mario Botta


A P R E S E N T A Ç Ã O

A IMPORTÂNCIA ATUAL DO “FAZER”


baseia-se na ideia de que a amplificação
da construção pode ser uma

fonte de significado.
A P R E S E N T A Ç Ã O

Reflexo do INTERESSE FENOMENOLÓGICO


pela "coisidade” da arquitetura (cap. 9).
A P R E S E N T A Ç Ã O

Para esses arquitetos, a tectônica e o


detalhe significativo constituem uma
CRÍTICA tanto às fórmulas
convencionais do modernismo
ortodoxo como à superficialidade do
historicismo pós-moderno.” (Pág. 535)
PAVILHÃO PINECOTE
A P R E S E N T A Ç Ã O

DE FAYE JONES A construção


(como processo de "formação” )

>> narrativa material <<

Deixar a estrutura a mostra

autenticidade

ato poético
(Martin Heidegger)
“Para Vittorio Gregotti, a arquitetura
(diferentemente da construção) está
nos detalhes, e ele lamenta que os
arquitetos contemporâneos pareçam
ter se esquecido disso.
O detalhamento revela as propriedades
dos materiais pela aplicação das leis da
construção e torna inteligíveis as
decisões do projeto. O detalhe também
coloca em questão o problema da
hierarquia, porque sugere uma possível
relação entre a parte e o todo.”

(Pág. 535, grifo nosso)


A P R E S E N T A Ç Ã O
A P R E S E N T A Ç Ã O

“CRISE DA LINGUAGEM ARQUITETÔNICA”


o detalhe foi substituído pelo Simbolismo visual
Populista e a citação estilística historicista.
A P R E S E N T A Ç Ã O

Vittorio Gregotti

refletem e incentivam um
“RETORNO TECTÔNICO ÀS COISAS”

Marco Frascari
A P R E S E N T A Ç Ã O

A expressão tectônica da
arquitetura pode enriquecer a
experiência sensorial e
intelectual da construção.”
(Pág. 535, grifos nossos)
VITTORIO GREGOTTI
(1927 - 2020)

“O exercício do Detalhe”
Escrito em 1983, aos 56 anos
O exercício do Detalhe

“O detalhe é seguramente
um dos elementos mais
reveladores da
transformação da
linguagem da arquitetura.”

(Pág. 536, grifos nossos)


SEGUNDO GREGOTTI,

Essa linguagem perdeu nos últimos anos


sua capacidade de dar sentido às mudanças
estruturais na arquitetura.

A evidente redundância e obsessão pelo novo e


diferente esvaziou todas as diferenças significativas.
No entanto, as construções que
fazemos ganham uma forma, e
esta adquire automaticamente
uma capacidade de comunicação
com a linguagem.”
(Pág. 536, grifos nossos)
Centro Cultural de Belém – Portugal
(Gregotti - Itlália e Manuel Salgado – Portugal)
Franco Albini
DEFENSORES DO DETALHE
Nas décadas de 1950 e 1960, na Itália

para os quais a análise e a


Carlo Scarpa
visibilidade dos materiais,
propiciadas pelas leis da
construção e formação do objeto
arquitetônico, eram o principal
apoio do uso do detalhamento.
Mario Ridolfi
Não é difícil ver que o detalhe
eloquente daquele período foi
substituído por outro de reduzido
conteúdo expressivo.”
(Pág. 536, grifos nossos)
eliminação do detalhe

mudança no
tratamento de sua
relação hierárquica
com o todo.
QUAL O PROBLEMA DISSO?

Representou uma negação do valor da


construção como assunto relevante para
a expressão arquitetônica, GERANDO:

• Abstração do detalhe
• Perda de interesse pelo manuseio
dos materiais (como a arquitetura do
fim do séc XIX e do iluminismo);
A consequência dessa
ideia para a obra
construída é:

A desagradável sensação de
uma maquete ampliada ,

“ em suma, um
Falta de articulação das partes
relaxamento geral da
em diferentes escalas:
• paredes que parecem feitas
tensão entre o desenho e
de papelão recortado, o edifício construído.”
• janelas e portas inacabadas; (Pág. 537, grifos nossos)
MARCO FRASCARI
(1945 – 2013)

“O Detalhe Narrativo”
APRESENTAÇÃO DE NESBITT Escrito em 1984, aos 39 anos
A P R E S E N T A Ç Ã O

MARCO FRASCARI PRIVILEGIA A


JUNÇÃO – O DETALHE ORIGINAL –
COMO GERADORA DA
CONSTRUÇÃO E, PORTANTO, DO
SENTIDO.
Ele define a arquitetura como resultado do projeto de
detalhes, e de sua resolução e substituição.
O DETALHE “FÉRTIL”

funciona de pode ser analisado como


modo uma expressão estética da
pragmático estrutura e do uso da
edificação.
A P R E S E N T A Ç Ã O
conexões LINGUÍTICAS?

Frascari se interessa pelas conexões


etimológicas entre as palavras

- Constructing (edificar) e

- Construing (construir o significado)

Anexo da Gipsoteca Canoviana, em Possagno, de Scarpa


A conexão linguística com a
fenomenologia empresta credibilidade
ao nexo estabelecido por Frascari entre
constructing (detalhes e significado) e
construing meaning (construir o
significado).” (Pág. 539)
“Para encontrar o tom de sua
arquitetura, os motivos que
fazem nascer as edificações
são muito importantes. é como
aproximar-se da verdade para
além das formas”
(Imaginar a evidencia // Alvaro Siza, 2012)
A P R E S E N T A Ç Ã O

O detalhe é a estrutura perceptual da apreensão da


ARQUITETURA DOTADA DE SENTIDO.
“DEUS o detalhe é:

ESTÁ NOS expressão do processo


de significação

DETALHES”
Mies van der Rohe ou seja: a vinculação de
significados a objetos
feitos pelo homem.
Os detalhes são muito mais que elementos
secundários; pode-se dizer que são as
unidades mínimas de significação na
produção arquitetônica de significados.
Essas unidades foram escolhidas e separadas
em células espaciais ou em elementos
compositivos, módulos ou medidas, na
alternância de vazios e cheios ou na relação
entre dentro e fora.”
(Pág. 539, grifos nossos)
O francês Jean Labatut, professor de
arquitetura em Princeton, disse:

“O DETALHE
CONTA A
HISTÓRIA‘”
Pág. 540
PARA FRASCARI:

A aplicação cuidadosa dos detalhes é


a maneira mais assertiva para
evitar erros de construção nas duas
esferas da atividade profissional do
arquiteto: a ética e a estética.
A ARTE DO DETALHAMENTO ESTÁ NA UNIÃO DE:

materiais

p art es d e uma
elementos Componentes c onstrução d e mod o
func ional e e st ético
A complexidade dessa arte de juntar
elementos é tão grande que um
detalhe que funciona bem num
edifício pode dar errado noutro por
razões muito sutis.” (Pág. 540)
Em seu ensaio sobre do papel do detalhe no processo de significação
na arquitetura, Frascari estrutura a discussão em

DOIS TÓPICOS PRINCIPAIS:

O teórico (entender o E o empírico (análise da


01 02
conceito de detalhe) arquitetura de Carlo
Scarpa, arquiteto italiano)
DEFINIÇÃO DE DETALHE
Definição dos Dicionários:

uma parte pequena com


relação a um todo maior.

Na arquitetura essa
definição é contraditória, se
não desprovida de sentido.

Uma coluna é tanto um detalhe como um todo maior


Os Detalhes
às vezes são “juntas materiais”,
Exemplo: capitel
(ligação entre o fuste de uma
coluna e a arquitrave);

às vezes são “juntas formais”,


Exemplo: pórtico
(ligação entre um espaço
interno e um espaço externo).
Assim, os detalhes são um resultado
direto da diversidade de funções que
existe na arquitetura. São as
expressões mediatas ou imediatas da
estrutura e do uso das edificações.”
(Pág. 541, grifos nossos)
APÓS O DESENVOLVIMENTO
DA SOCIEDADE INDUSTRIAL

houve uma mudança no


papel do detalhe:

o detalhe deixou de ser visto


como uma junção e passou a
ser tratado como um
“desenho de execução”.

Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal/ Instituto Brasileiro do Meio


Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Goiânia Goiás Brasil, prancha
D20/20: detalhe da pia (copa cozinha).
2. OBRA DE CARLO SCARPA

A arte do detalhe está


presente em sua forma
mais refinada e culta na
obra de Carlo Scarpa.
Cada detalhe conta a história de sua
feitura, localização e
dimensionamento. (...) Os detalhes da
arquitetura de Scarpa não resolvem
apenas funções práticas, mas também
funções históricas, sociais e individuais.”
(Pág. 546, grifos nossos)
NO PROJETO DO ANEXO DA
GIPSOTECA CANOVIANA, EM
POSSAGNO,
Scarpa conseguiu mudar a convenção que
pede que as paredes do fundo de uma
coleção de esculturas em gesso sejam de
cor.

A solução de Scarpa foi pôr as esculturas


brancas contra uma parede toda branca
banhada de luz, mas sem iluminar
diretamente as peças.

O problema e a solução estão no uso da luz.


Scarpa resolveu-os num detalhe
do encontro de três paredes em um
canto cercado de vidro.
0 desenvolvimento da arquitetura nos projetos
de Scarpa avança por degraus e etapas.

E esses degraus e etapas estão nos detalhes.

Cada um representa uma solução provisória


que não se deve tomar como um resultado
definitivo.

Scarpa inventa detalhes cujas funções se


tornam claras somente após terem sido usadas
em vários projetos.
DETALHE “FÉRTIL”?

“A função de um detalhe num projeto se clarifica com


sua reapresentação, isto é, nova utilização.
O detalhe muitas vezes parece incompleto e vago
relativamente ao seu princípio estruturante, mas visto
que ele unifica por si só a função e a re-apresentação,
a re-utilização faz com que ele se converta em um
catalisador criativo, torna-se um detalhe fértil. “
(Pág.551, grifos nossos )
DETALHE “FÉRTIL”?

Exemplo de detalhe fértil


na arquitetura de Scarpa:

Uso do motivo do ziggurat


[zigurate].
Cemitério Brion em S. Vito d’Altivole
O zigurate foi executado em concreto moldado
(uma celebração da possibilidade da moldagem
como gerador de ornatos.)
Museu de Castelvecchio
em Verona
UM DETALHE COMPROVA SUA
FERTILIDADE
quando deixa de ser uma
linguagem arquitetônica privada e
se torna acessível a todos por meio
de uma produção coletiva

Exemplo:
Janela Serliana - Palladiana
A arquitetura é uma arte porque se
ocupa não só da necessidade primordial do
abrigo, mas também da união de espaços
e materiais de uma maneira significativa (...)
É na junção, isto é, no detalhe fértil, que têm
lugar tanto a construção física
\constructing\ como a construção do
significado [construing].”
(Pág 552, grifos nossos)
KENNETH
FRAMPTON
(1930)

“Rappel à l’ordre:
argumentos em favor da
tectônica”
Escrito em 1990, aos 60 anos

APRESENTAÇÃO DE NESBITT
TECNÔNICA
X
CENOGRAFIA
“síndrome prevalente de empacotar o abrigo
como uma mercadoria gigante”
pag. 557

Obra do arquiteto Robert Venturi (1925-2018)


“A ARQUITETURA
DEVE
NECESSARIAMENTE
SE EXPRESSAR NA
FORMA ESRUTURAL
E CONSRUTIVA‘”
Pág. 558
poésis
techne
tectônica
“A palavra tectônica indica não só a probidade
estrutura e material de uma obra, mas
também uma poética do construir subjascente
à pratica da arquitetura e das artes afins.”
(Pág 560, grifos nossos)
“os objetos inanimados também podem
evocar o “ser”(...)”
Heidegger
“Quem conhece o solo e o subsolo da
vida, sabe muito bem que um trecho de
muro, um banco, um tapete, um
guarda-chuva, são ricos de ideias ou de
sentimentos, quando nós também o
somos, e que as reflexões de parceria
entre os homens e as coisas compõem
um dos mais interessantes fenômenos
da terra.”
Machado de Assis, Quincas Borba (1891)
junção
“o elemento básico da arte de construir é
a junção” (Pag 565, grifos nossos)

“é na junção, isto é, no detalhe fértil, que


têm lugar tanto a construção material
(constructing) como a construção do
significado (construing)”
Frascari
AMBIENTE
MATÉRIA
ESSÊNCIA
o impulso tectônico une obras de origens diversas

Bolsa de Valores Edifício Larkin


Hendrik Petrus Berlage 1895 Frank Lord Wright, 1904
(dis)junção
“o significado pode então estar contido no jogo entre
“junção e “quebra” e, nesse sentido, a ruptura pode
ter tanto significado como a conexão.”
(Pag 565, grifos nossos)
“O MITO CRÍTICO DA JUNÇÃO
TECTÔNIA APONTA PARA
ESSE MOMENTO
ATEMPORAL DESTACADO DA
CONTINUIDADE DO TEMPO‘”
(Pág. 569, grifos nossos)
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