Você está na página 1de 40

TERMODINÂMICA – Parte 1

Introdução à Termodinâmica
Termoquímica (Entalpia)
Lei de Hess

As tabelas e figuras foram extraídas do livro de Química, 11ª Ed., R. Chang e K. A. Goldsby; salvo quando
outra fonte for especificada.

1
Natureza da Energia

Cada reação química obedece a duas leis fundamentais:

• Lei da Conservação da Massa;

• Lei da Conservação da Energia.

Mas, o que é energia?

Energia é definida como a capacidade de realizar trabalho.

2
Tipos de Energia de interesse para a Química
Energia cinética Energia produzida por um objeto ao mover-se.

Energia radiante ou Energia primária da Terra que provém do Sol.


energia solar
Energia associada ao movimento aleatório dos átomos e
das moléculas (calculada a partir de medidas de
Energia térmica
temperatura).

Energia armazenada nas unidades estruturais das


Energia química substâncias químicas.

Energia disponível como consequência da posição de


Energia potencial um objeto.
Variações de Energia em Reações Químicas

Quase todas as reações químicas


absorvem ou produzem (liberam) energia,
na forma de calor.

Calor é a transferência de energia térmica entre dois corpos


que estão em diferentes temperaturas.

4
Variações de Energia em Reações Químicas
Termoquímica é o estudo das trocas de calor nas reações químicas.
O sistema é a parte específica do universo que nos interessa.

Aberto Fechado Isolado


Trocas: massa & energia energia nenhuma 5
Variações de Energia em Reações Químicas

Processo exotérmico é qualquer processo Processo endotérmico é qualquer


que libere calor para a vizinhança (isto é, processo que seja necessário fornecer
onde haja transferência de energia térmica calor da vizinhança para o sistema.
para o meio exterior).
6
Termodinâmica é o estudo científico da interconversão de calor e outras formas
de energia.

Funções de estado são propriedades determinadas pelo estado do sistema,


independentemente do modo como ele foi atingido.

 Energia: ΔE = Efinal - Einicial

 Pressão: ΔP = Pfinal - Pinicial

 Volume: ΔV = Vfinal - Vinicial

 Temperatura: ΔT = Tfinal - Tinicial

1ª LEI DA TERMODINÂMICA: Conservação de energia

A variação da energia interna de um sistema é dada por


q = calor
ΔE = q + w w = trabalho
7
Trabalho e Calor

Trabalho feito pelo sistema na vizinhança


w = F.d

w = -P(ext).ΔV ΔV > 0
𝐹 -P(ext).ΔV < 0
𝑃 . 𝑉 = 2 . 𝑑3 = 𝐹 . 𝑑 = 𝑤
𝑑 w<0

Trabalho
não é uma
função de
estado.

Δw = wfinal - winicial

8
inicial final 8
Convenção de sinais para calor e trabalho:

Processo Sinal

Trabalho realizado pelo sistema sobre a vizinhança


Trabalho realizado sobre o sistema pela vizinhança


+

Calor absorvido pelo sistema a partir da vizinhança (processo endotérmico)


+

Calor absorvido pela vizinhança a partir do sistema (processo exotérmico) −

9
Exemplo
O volume de um gás aumenta de 2,0 L para 6,0 L em
temperatura constante. Calcule o trabalho realizado pelo gás
se ele se expandir:

(a) Contra o vácuo.

(a) Contra uma pressão de 1,2 atm.

10
10
Inicial Final

O trabalho realizado durante a expansão do gás é igual ao


produto da pressão externa (oposta) pela variação de volume.

Fator de conversão entre L · atm e J?

11
11
(a) Uma vez que a pressão externa é zero, não é realizado
trabalho durante a expansão.
w = −PΔV
= −(0)(6.0 − 2.0) L
=0

(b) A pressão externa oposta é de 1,2 atm, portanto:

w = −PΔV
= −(1.2 atm) (6.0 − 2.0) L
= −4.8 L · atm

12
12
Para converter a resposta em Joules:

1 L.atm = (1x10-3 m3)(101,325 x 103 N/m2)

= 101,3 N.m = 101,3 J

Dado que se trata da expansão de um gás (o trabalho é realizado pelo sistema


sobre a vizinhança), o trabalho tem sinal negativo.

13
13
Exemplo
O trabalho realizado quando um gás é comprimido em um cilindro é 462 J.
Durante este processo, há transferência de 128 J na forma de calor do gás
para a vizinhança. Calcule a variação de energia.

Pensando….
Na compressão realiza-se trabalho sobre o gás, assim, qual é o sinal de w?
O calor é liberado pelo gás para a vizinhança. O processo é endotérmico ou exotérmico?
Qual é o sinal para q?

ΔE = q + w
= −128 J + 462 J
= 334 J
14
14
Entalpia e a 1ª Lei da termodinâmica

Entalpia (H) é utilizada para quantificar o fluxo de calor dentro


ou fora de um sistema em um processo que ocorrre a pressão
constante.

ΔH = H (produtos) – H (reagentes)
ΔH = calor liberado ou absorvido durante uma reação.

Hprodutos < Hreagentes Hprodutos > Hreagentes


ΔH < 0 ΔH > 0 15
Entalpia e a 1ª Lei da termodinâmica

ΔE = q + w
A pressão constante:
q = ΔH and w = -PΔV
ΔE = ΔH - PΔV
ΔH = ΔE + PΔV

16
Equações
Termoquímicas

O ΔH é negativo ou positivo?

Sistema absorve calor.

Endotérmico.

ΔH > 0

6,01 kJ são absorvidos para cada 1 mol de gelo que


funde a 00C and 1 atm.

H2O (s) H2O (l) ΔH = 6,01 kJ/mol


17
Equações
Termoquímicas

O ΔH é negativo ou positivo?

Sistema libera calor.

Exotérmico.

ΔH < 0

890,4 kJ são liberados para cada 1 mol de metano


que é queimado a 250C and 1 atm.

CH4 (g) + 2O2 (g) CO2 (g) + 2H2O (l) ΔH = -890,4 kJ/mol
18
Equações Termoquímicas

• Os coeficientes estequiométricos sempre referem-se à


quantidade de matéria (x mol) da substância.
H2O (s) H2O (l) ΔH = 6,01 kJ/mol

• Se a reação é invertida, inverte-se o sinal do ΔH:


H2O (l) H2O (s) ΔH = -6,01 kJ/mol

• Se ambos os lados da equação são multiplicados por um


fator n, então o ΔH mudará para o mesmo fator n.

2H2O (s) 2H2O (l) ΔH = 2 x 6,01 = 12.0 kJ

19
Exemplo:
Dada a equação termoquímica:
2 SO2 (g) + O2 (g)  2 SO3 (g) ΔH = -198,2 kJ/mol

Calcule o calor liberado quando 87,9g de SO2 (M = 64,07 g/mol) se convertem


em SO3.

Transformar massa de SO2  mol de SO2  quantidade de calor gerada

Resposta: - 136 kJ

20
Comparação de ΔH com ΔE

2Na(s) + 2H2O(l) 2NaOH(aq) + H2(g) ΔH = -367,5 kJ


ΔE = ΔH - PΔV a 25 oC, o volume de 1 mol de H2 é 24,5 L a 1 atm

PΔV = 1 atm x 24.5 L = 2.5 kJ

ΔE = -367.5 kJ – 2.5 kJ = -370.0 kJ

ΔH é menor que ΔE porque alguma energia interna liberada é


usada para realizar o trabalho de expansão do gás, liberando
menos calor. Portanto, para as reações que não envolvem gases,
ΔV é muito pequeno e ΔH ≅ ΔE. 21
Destaque
Calor e Temperatura

• O calor é uma forma de energia, portanto, não é uma substância.

• A Temperatura é a propriedade que indica a direção do fluxo de energia


quando ela é transferida entre dois corpos e contato. A transferência de
calor sempre ocorre do sistema de maior temperatura para o de menor.

• O calor é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre dois


sistemas nos quais ocorre a transferência de calor e, não à temperatura de
quaisquer dos sistemas.

• Um corpo não possui calor. Ele armazena energia interna que pode ser
transferida sob a forma de calor, desde que haja contato com um corpo a
temperatura menor.
Calor específico e capacidade calorífica

O calor específico (c) de uma substância é a quantidade de calor necessária para


elevar de um grau Celsius a temperatura de um grama de uma substância
(J/g.oC)  propriedade intensiva.
A capacidade calorífica (C) de uma substância é a quantidade de calor (q)
necessária para elevar de um grau Celsius a temperatura de uma dada quantidade
de substância (J/oC)  propriedade extensiva.

C = m.c 1,000g H2O (l)


T = 15,5 oC
Calor (q) absorvido ou liberado:

q = m.c.Δt + 4,184 J de calor

q = C.Δt
Δt = tfinal - tinicial 1,000g H2O (l)
T = 14,5 oC
23
QUAL PANELA AQUECERÁ MAIS RAPIDAMENTE?

Alumínio Ferro
0,22 cal/ g. 0C 0,11 cal/ g. 0C

1 cal = 4,184 Joules

Quanto menor o calor específico, menor


energia necessária para elevar de 1°C a massa
de 1 g da substância.

Quanto maior o calor específico, mais isolante


é o material.
24
Calor específico e capacidade calorífica

Calibrar o calorímetro: usar uma


reação conhecida e dividir pela
variação de temperatura

𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜
𝐶𝑐𝑎𝑙𝑜í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = ∆𝑇

qreação = -Ccalorímetro x Δt

Calorímetro de bomba a volume constante. Enche-se o calorímetro com O2 até pressão de


30 atm. A bomba é imersa em uma quantidade conhecida de água. A ignição da amostra é
feita eletricamente e o calor produzido é registrado pela subida da temperatura. REAÇÕES
DE COMBUSTÃO. 25
Calor específico e capacidade calorífica

Água faz parte da vizinhança  sem


barreiras físicas entre a reação e a
vizinhança

Se o calorímetro estiver isolado:


qsol = -qrea

qsol = csol x msol x ∆T = -qrea

Geralmente
agua

Calorímetro à pressão constante. São misturadas cuidadosamente dentro do calorímetro


duas soluções de volume conhecido contendo os reagentes à mesma temperatura. O calor
absorvido ou liberado pela reação pode ser medido pela variação de temperatura. REAÇÕES
DE NEUTRALIZAÇÃO ÁCIDO-BASE. CALORES DE DISSOLUÇÃO. CALORES DE DILUIÇÃO.
26
27
Ex. 3 – lista 5
Calcule o calor que deve ser fornecido a uma chaleira de cobre de massa 500,0 g, que contém 750,0g de
água, para aumentar sua temperatura de 23,0°C até o ponto de ebulição da água, 100,0 °C.
Dados: calor específico do cobre c = 0,094 cal/g.°C, calor específico da água é c = 1 cal/g.°C.

Ex. 6 – lista 5
A oxidação de nitrogênio no exaustor quente de motores de jatos e de automóveis ocorre pela reação:

N2 (g) + O2 (g) → 2 NO (g) ∆H°= +180,6 kJ

i) Qual é o calor absorvido na formação de 1,55 mol NO?


ii) Qual é o calor absorvido na oxidação de 5,45 L de nitrogênio, em 1,00 atm e 273 K?
iii) Quando a oxidação de N2 a NO foi completada em um calorímetro de bomba, o calor absorvido medido
foi igual a 492 J. Que massa de gás nitrogênio foi oxidada?

28
29
Cálculo da entalpia de reação a partir das
entalpias de formação
H2O2(aq) → H2O(l) + ½ O2(g) + Energia

• Poderoso oxidante;
• Solução aquosa instável;
• Reação exotérmica;
• Decomposição lenta a temperatura ambiente;
• Velocidade de decomposição é acelerada pelo aumento da
temperatura e uso de catalisadores: dióxido de manganês
(MnO2), iodeto de potássio (KI), nitrato férrico (Fe(NO3)3),
permanganato de potássio(KMnO4)
Entalpia de formação e de reação

Não há maneira de determinar o valor absoluto da entalpia de uma substância,


assim, tem-se valores relativos a uma referência arbitrária.

O ponto de referência equivalente ao “nível do mar” para todas as expressões de


entalpia chama-se entalpia padrão de formação (ΔH0).
f

Por convenção, a entalpia padrão de formação de qualquer elemento na sua


forma mais estável é zero.

ΔH0 (O2) = 0
f
ΔH0f (C, grafite) = 0
ΔH0f (O3) = 142 kJ/mol ΔH0f (C, diamante) = 1,90 kJ/mol

Entalpia padrão de formação de um composto é a transferência de calor que resulta


quando 1 mol do composto é formado a partir dos seus elementos à pressão de 1 atm.
31
32
0 ) é a entalpia da reação
A entalpia padrão da reação (ΔHreac
dada a 1 atm.

aA + bB cC + dD
ΔH0reac= Σ nΔH0f (produtos) - Σ nΔH0f (reagentes)

ΔH0reac= [ cΔH0f (C) + dΔH0f (D) ] - [ aΔH0f (A) + bΔH0f (B) ]

Lei de Hess: quando os reagentes são convertidos em


produtos, a variação de entalpia entre os reagents e os
produtos é a mesma, quer a reação se dê em uma só etapa ou
em uma série de etapas.

33
34
LEI DE HESS

CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l) ΔHo = - 890 kJ

CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O(g) ΔHo = -802 kJ


2H2O(g) → 2H2O(l) ΔHo = -88 kJ
CH4(g) + 2O2(g) + 2H2O(g) → CO2(g) + 2H2O(l) + 2H2O(g) ΔHo = - 890 kJ

CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l) ΔHo = - 890 kJ

35
LEI DE HESS: Aplicação
A lei de Hess fornece um meio útil de se calcular as variações de
energia que são difíceis de medir diretamente.
Exercício:

Como medir diretamente a entalpia de combustão do C para


formar CO?

(1) C(s) + O2(g) → CO2(g) ΔH = -393,5 kJ

(2) CO(g) + ½ O2(g) → CO2 (g) ΔH = -283,0kJ

Utilizando-se esses dados, calcule a entalpia de combustão de C para CO:

(3) C(s) + ½ O2(g) → CO(g)

36
Massas Molares
COMBUSTÍVEIS C4H10 = 116 g.mol-1
O2 = 32 g.mol-1
CO2 = 44 g.mol-1
Combustão o Butano….
H2O = 18 g.mol-1

2 C4H10(g) + 13 O2(g) → 8 CO2 (g) + 10 H2O (l)

116 g 416 g 352 g 180 g


(2 x 58) (13 x 32) (8 x 44) (10 x 18)
532 g 532 g

• Como determinar a massa de CO2 gerado?


como o CO2 é liberado (não em recipiente fechado), geralmente considera-se para os cálculos a CNTP
(T = 0 oC, P = 1 atm)

• Como determinar o calor gerado na queima de 13 kg de butano?

37
• Como determinar o calor gerado na queima de 13 Kg de butano?

2 C4H10(g) + 13 O2(g) → 8 CO2 (g) + 10 H2O (l)

58 g.mol-1 Portanto, temos que 13 kg de butano = 224 mol

0
∆𝐻𝑟𝑒𝑎𝑐 = 𝑛∆𝐻𝑓0 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 − 𝑛∆𝐻𝑓0 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
Tabela: Entalpia Formação
ΔH0r= {10.(-285,83) + 8.(-393,53)} – {2.(-126,0) + 13.(0)}
ΔH0r = - 5,754,3 kJ Butano = -126,0 kJ.mol-1
CO2 = -393,53 kJ.mol-1
H2O = - 285,83 kJ.mol-1
ΔH0r = -2.877,3 kJ.mol-1 (para cada mol de butano)
O2 = 0 kJ.mol-1

Portanto, temos que 13 kg de butano = 224 mol, cuja combustão libera ≈ 644.000 kJ

Para ferver 1 litro de água são necessários 313 kJ.


Assim, a combustão de 13 kg de butano podem fever ≈ 2.000 litros de água!
COMBUSTÍVEIS: o caso H2

Na forma líquida, tem baixíssima densidade: 0,07 g.cm-3 (o que evidencia um


distanciamento entre as moléculas mesmo no estado líquido).

Essa característica faz do H2 um excelente candidato a combustível (levíssimo).


Ainda mais porque possui a maior entalpia de combustão por grama dentre todos os
combustíveis conhecidos!

Massa Molar (g/mol) ΔHco (kJ.mol-1.g-1)

78 - 48,9
12 - 32,8
36 - 36,1
26 - 50,0
180 +15,6
2 - 143
16 - 55,6
114 - 48,0
44 - 50,4
60 - 10,5

39
Questão a ser respondida:

Quais fatores são determinantes para que uma


transformação química ou física ocorra
espontaneamente?

ENERGIA ENTROPIA

40

Você também pode gostar