Responsabilidade Civil Do Estado

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Aula 9

Responsabilidade Civil do Estado

Noções de Direito Administrativo para


Agente da Polícia Federal - Pré-Edital

Prof. Erick Alves


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Noções de Direito Administrativo para Agente da Polícia Fede...
Aula 9: Responsabilidade Civil do Estado

Sumário
.......................................................................................................................................................................................

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO......................................................................................................... 5

EVOLUÇÃO................................................................................................................................................... 7

IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO.............................................................................................................. 7

TEORIA DA RESPONSABILIDADE COM CULPA COMUM.................................................................................. 7

TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA............................................................................................................ 8

TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO............................................................................................................. 8

APROFUNDANDO......................................................................................................................................... 9

TEORIA DO RISCO INTEGRAL........................................................................................................................ 10

APROFUNDANDO......................................................................................................................................... 10

RESPONSABILIDADE OBJETIVA: ART. 37, § 6º DA CF...................................................................................... 15

CURIOSIDADE............................................................................................................................................... 16

APROFUNDANDO......................................................................................................................................... 17

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS ESTATAIS................................................................................... 20

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS...................................................... 21

RESPONSABILIDADE CIVIL POR OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO.................................................................... 23

PRESTE ATENÇÃO!........................................................................................................................................ 24

PRESTE ATENÇÃO!........................................................................................................................................ 26

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE........................................................................................................ 28

JURISPRUDÊNCIA......................................................................................................................................... 29

APROFUNDANDO......................................................................................................................................... 30

AÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO: PARTICULAR X ADMINISTRAÇÃO.............................................................. 34

DETALHANDO UM POUCO MAIS.................................................................................................................... 34

JURISPRUDÊNCIA......................................................................................................................................... 35

AÇÃO REGRESSIVA: ADMINISTRAÇÃO X AGENTE PÚBLICO............................................................................ 38

PRESTE ATENÇÃO!........................................................................................................................................ 38

APROFUNDANDO......................................................................................................................................... 40

QUESTÕES PARA FIXAR................................................................................................................................ 42

DENUNCIAÇÃO À LIDE.................................................................................................................................. 45

DETALHANDO UM POUCO MAIS.................................................................................................................... 45

RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS.......................................................................... 47

ATOS LEGISLATIVOS..................................................................................................................................... 47

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ATOS JUDICIAIS............................................................................................................................................ 48

JURISPRUDÊNCIA......................................................................................................................................... 49

CASOS ESPECIAIS......................................................................................................................................... 51

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS................................................................................ 51

RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE NOTÁRIOS..................................................................................... 52

RESPONSABILIDADE POR ATENTADOS TERRORISTAS.................................................................................. 53

RESUMO DIRECIONADO................................................................................................................................ 55

TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO............................................................................ 55

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO: ART. 37, §6º DA CF........................................................... 55

ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA................................................................................................................................................ 56

ALCANÇA AS PESSOAS JURÍDICAS....................................................................................................................................................................... 56

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR AÇÃO OU OMISSÃO..................................................................................................................... 56

PRESCRIÇÃO.......................................................................................................................................................................................................... 56

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE........................................................................................................ 56

ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS.................................................................................................................. 56

RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS TÍPICOS............................................................................................................... 56

RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS JURISDICIONAIS TÍPICOS............................................................................................................. 57

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS................................................................................ 57

POSICIONAMENTOS IMPORTANTES DA DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA.................................................. 57

JURISPRUDÊNCIA......................................................................................................................................... 58

STF – RE 591.874/MS (26/8/2009)........................................................................................................................................................................... 58

STF – RE 291.035/SP (28/3/2006)............................................................................................................................................................................ 58

STF – AI 473.381/AP (20/9/2005)............................................................................................................................................................................. 58

STF – RE 633.138/DF (4/9/2012)............................................................................................................................................................................... 58

STF – RE 179.147/SP (12/12/1997)............................................................................................................................................................................ 59

STF – RE 695.887/PB (11/9/2012)............................................................................................................................................................................. 59

STJ – RESP 602.102 (6/4/2004)............................................................................................................................................................................... 59

STF – RE 422.941 (6/12/2005).................................................................................................................................................................................. 60

STF – RE 429.518/SC (17/8/2004)............................................................................................................................................................................. 60

STF – RE 385.943 (15/12/2009)................................................................................................................................................................................ 60

STJ – RESP 816.209 (24/4/2014).............................................................................................................................................................................. 60

STJ – RESP 435.266/SP (17/6/2004)......................................................................................................................................................................... 61

STJ – RESP 1089955/RJ (24/11/2009)....................................................................................................................................................................... 61

STF - RE 518894 AGR / SP (2/8/2011)....................................................................................................................................................................... 61

STJ - RESP 1087862 / AM (2/2/2010)........................................................................................................................................................................ 61

STJ - RESP 624.975/SC (11/11/2010)........................................................................................................................................................................ 62

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TESTE A SUA DIREÇÃO.................................................................................................................................. 63

EXERCÍCIOS PARA REVISÃO.......................................................................................................................... 63

GABARITO.................................................................................................................................................... 65

RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS...................................................................................................................... 65

QUESTÕES COMENTADAS – CEBRASPE......................................................................................................... 69

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Responsabilidade civil do Estado

O vocábulo “responsabilidade” é utilizado para qualquer situação em que alguém deva responder pelas consequências
dos seus atos. Esse “alguém”, no nosso tema de estudo, é o próprio Estado que, por possuir personalidade jurídica,
também é titular de direitos e obrigações na ordem civil.
No campo do Direito, verifica-se a existência de uma tríplice responsabilidade: a administrativa, a penal e a civil,
inconfundíveis, independentes entre si e, eventualmente, cumuláveis.
Em apertada síntese, a responsabilidade administrativa resulta de infração a normas administrativas; a
responsabilidade penal decorre da prática de crimes e contravenções tipificados na lei penal; já a responsabilidade civil
decorre de infrações a normas de direito civil, gerando para o infrator a obrigação de reparar o dano ou de ressarcir o
prejuízo causado a outrem.
A reponsabilidade do Estado, como pessoa jurídica, é sempre civil[1]. A responsabilidade civil tem como pressuposto a
ocorrência de um dano (prejuízo). Significa que o sujeito só é civilmente responsável se sua conduta ou omissão
provocar dano ao terceiro, dano que pode ser de ordem material (patrimonial) ou moral.
A sanção aplicável no caso de responsabilidade civil é a indenização, que é o montante pecuniário necessário para
reparar os prejuízos causados pelo responsável.
Na maioria das relações entre particulares, o direito civil reconhece a chamada responsabilidade contratual. A
responsabilidade contratual, como o próprio nome sugere, se funda no descumprimento de cláusulas estabelecidas em
contratos prévios firmados entre as partes.
Diversamente, a responsabilidade civil do Estado constitui modalidade extracontratual, por inexistir um contrato que
sustente o dever de reparar. Para caracterizar a responsabilidade civil ou extracontratual do Estado, basta que haja
um dano (patrimonial e/ou moral) causado a terceiro por comportamento omissivo ou comissivo de agente público. A
responsabilidade civil impõe ao Estado a obrigação de reparar (indenizar) esse dano.
Aqui, cabe lembrar que o Estado, como pessoa jurídica, é um ser intangível, que somente se faz presente no mundo
jurídico através dos seus agentes, pessoas físicas, cuja conduta é a ele imputada. O Estado, por si só, não pode causar
danos a ninguém.
Sendo assim, a responsabilidade civil do Estado pressupõe a existência de três sujeitos: o Estado, o terceiro lesado e
o agente do Estado. Neste cenário, a Constituição Federal disciplina que o Estado é civilmente responsável pelos danos
que seus agentes causarem a terceiros (CF, art. 37, §6º). Ou seja, é o Estado quem deverá reparar os prejuízos causados
por seus agentes, pagando as respectivas indenizações aos terceiros lesados. Isso não impede, contudo, que o Estado,
depois de indenizar a vítima, cobre o ressarcimento correspondente de seus agentes que tenham agido com dolo ou
culpa. Aprofundaremos esse assunto no decorrer da aula.
Detalhe importante é que o surgimento da responsabilidade não requer que o ato do agente público seja ilícito
(contrário à lei): a responsabilidade civil do Estado pode decorrer de atos ou comportamentos que, embora lícitos,
causem danos a terceiros (ou, nas palavras de Di Pietro, “causem a pessoas determinadas ônus maior que o imposto aos
demais membros da coletividade”).
Com base nessas noções preliminares, a Profª Di Pietro apresenta a seguinte definição para “responsabilidade civil do
Estado”:
Responsabilidade civil ou extracontratual do Estado: obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de
comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.

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[1] Não confunda com a responsabilidade dos agentes públicos (pessoas físicas), que pode ser administrativa, penal
e civil.

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Evolução

O tema responsabilidade civil do Estado tem recebido tratamento diverso no tempo e no espaço. Em seguida, vamos
estudar a evolução das várias teorias existentes sobre o assunto.

Irresponsabilidade do Estado
Na época dos Estados absolutistas, a ideia que prevaleceu era a de que o Estado não tinha qualquer responsabilidade
pelos atos praticados por seus agentes. Havia a noção de que o Estado era um ente todo-poderoso, insuscetível de
causar danos e muito menos de ser responsabilizado. Valia, então, a máxima: the King can do no wrong (o rei não erra)
ou, ainda, le roi ne peut mal faire (o rei não pode fazer mal).
Conforme ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a teoria da irresponsabilidade do Estado repousava fundamentalmente
na ideia de soberania: o Estado dispõe de autoridade incontestável perante o súdito; ele exerce a tutela do direito,
não podendo, por isso, agir contra ele; daí os princípios de que “o rei não pode errar” e o de que “aquilo que agrada ao
príncipe tem força de lei” (quod principi placuit habet legis vigorem). Qualquer responsabilidade atribuída ao Estado
significaria colocá-lo no mesmo nível que o súdito, em desrespeito a sua soberania.
Com o advento do Estado de Direito, a teoria da irresponsabilidade estatal perdeu espaço, passando-se a admitir a
responsabilidade civil do Estado.

Alguns países desenvolvidos só recentemente abandonaram a doutrina da irresponsabilidade do


Estado. Os Estados Unidos, por exemplo, fizeram-no através do Federal Tort Claim (de 1946) e a
Inglaterra, através do Crown Proceeding Act (de 1947).

Teoria da responsabilidade com culpa comum


Após o abandono da teoria da irresponsabilidade do Estado, surge a doutrina da responsabilidade estatal no caso
de ação culposa de seu agente. Passava-se a adotar, desse modo, a teoria da responsabilidade com culpa, também
chamada de doutrina civilista da culpa.
Para enquadrar a responsabilidade do Estado, essa teoria procurava distinguir dois tipos de atitude estatal: os atos de
império e os atos de gestão.
Segundo a teoria civilista, o Estado poderia responder apenas pelos prejuízos decorrentes de seus atos de gestão, que
seriam aqueles desprovidos de supremacia estatal, praticados pelos seus agentes para a conservação e
desenvolvimento do patrimônio público e para a gestão dos seus serviços; o Estado, contudo, permanecia não
respondendo pelos atos de império, que seriam aqueles praticados com supremacia, de forma coercitiva e unilateral.
Distinguia-se, dessa forma, a pessoa do Rei (insuscetível de errar), que praticaria os atos de império, da pessoa do
Estado, que praticaria atos de gestão através de seus agentes.
Procurava-se equiparar a responsabilidade do Estado à do patrão, ou comitente, pelos atos dos empregados ou
prepostos. Ou seja: o Estado seria como um empregador e o agente público, um empregado. É por isso que se diz que a
teoria civilista buscava associar a responsabilidade do Estado à ideia de culpa do agente estatal.
Portanto, pela teoria civilista, o Estado respondia pelos danos causados por seus agentes ao praticarem atos de gestão,
porém só no caso de culpa destes. Ademais, cabia ao particular prejudicado o ônus de identificar o agente estatal

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causador do dano, além de demonstrar que ele teria agido com culpa. É como se o Estado dissesse: “não fui eu quem
causei o dano, foi o meu agente! E ele agiu com culpa, então a culpa é dele! A responsabilidade não pode ser minha”.
O problema dessa teoria (que vigorou no Brasil desde o Império até a Constituição de 1946) é que, na prática, nem
sempre era fácil distinguir se o ato era de império ou de gestão, o que causava uma série de dúvidas e confusões.

Teoria da culpa administrativa


Evoluindo mais um pouco, chegamos à teoria da culpa administrativa. O principal acréscimo na construção teórica foi
quanto à desnecessidade de se fazer diferença entre os atos de império e os atos de gestão.
Ademais, a teoria da culpa administrativa procurava desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do
agente estatal. Passou-se a falar em culpa do serviço público (faute du service), em que o terceiro lesado não
precisava identificar o agente estatal causador do dano. Para caracterizar a responsabilidade do Estado, bastava-lhe
comprovar que o serviço público não funcionou ou funcionou de forma insatisfatória, mesmo que fosse impossível
apontar o agente responsável pela falha.
Perceba que a teoria também exige uma espécie de culpa, mas não a culpa subjetiva do agente, e sim uma culpa
atribuída ao Estado (pela má prestação do serviço), denominada pela doutrina de culpa administrativa ou culpa
anônima (haja vista a desnecessidade de individualizar a conduta do agente).
A culpa administrativa ocorre quando:

O serviço não existe (inexistência do serviço);

Mau funcionamento do serviço (o serviço existe, porém não funcionou bem); ou

Retardamento do serviço (o serviço existe, funciona bem, porém atrasou-se).

A teoria da culpa administrativa ainda serve de subsídio para responsabilização do Estado em


algumas situações, como na omissão administrativa.

Para que o prejudicado pudesse exercer seu direito à reparação dos prejuízos, caberia a ele próprio o ônus de
comprovar que o fato danoso se originava do mau funcionamento do serviço e que, em consequência, teria o Estado
atuado com culpa.

Teoria do risco administrativo


Pela teoria do risco administrativo, o Estado tem o dever de indenizar o dano causado ao
particular, independentemente de falta do serviço ou de culpa dos agentes públicos. Ou seja, apenas pelo fato de existir
o dano decorrente de atuação estatal surge para o Estado a obrigação de indenizar.
Conforme assevera Hely Lopes Meirelles, “na teoria da culpa administrativa exige-se a falta do serviço; na teoria do risco
administrativo exige-se, apenas, o fato do serviço[1]”, ou seja, a atuação estatal que provocou o dano.
Esses fundamentos vieram à tona na medida em que se tornou plenamente perceptível que o Estado tem maior poder e
mais sensíveis prerrogativas do que o administrado. Ele é o sujeito jurídica, política e economicamente mais poderoso,
enquanto o indivíduo tem posição de subordinação, mesmo que protegido por inúmeras normas do ordenamento
jurídico.
Diante disso, passou-se a considerar que, por ser mais poderoso, o Estado teria que arcar com um risco natural
decorrente de suas numerosas atividades. É como diz o tio do Homem Aranha, o Tio Ben: “com grandes poderes vêm
grandes responsabilidades”. Traduzindo: “Estado, já que você tem mais poder, você deve arcar com a maior parte do
risco”. Surge, então, a teoria do risco administrativo, como fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.

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Na teoria o risco administrativo, a ideia de culpa é substituída pela de nexo de causalidade entre a conduta do agente
público e o prejuízo sofrido pelo administrado. Presentes o fato do serviço e o nexo de causalidade entre o fato e o dano
ocorrido, nasce para o Poder Público a obrigação de indenizar.

Aprofundando

Interessante notar que a “teoria do risco administrativo” baseia-se no risco que a Administração Pública assume ao
atuar em nome da coletividade, risco esse consubstanciado na possibilidade de seus atos acarretarem danos a certos
membros da comunidade, impondo-lhes um ônus não suportado pelos demais. Para compensar essa desigualdade
individual, oriunda das atividades da própria Administração, todos os outros integrantes da coletividade devem
concorrer para a reparação do dano, através das indenizações pagas pelo erário. Com a repartição do ônus financeiro da
indenização, evita-se que somente alguns suportem os prejuízos causados por uma atividade desempenhada pelo
Estado no interesse de todos. Portanto, o risco e a solidariedade social são os suportes dessa doutrina[2].
A teoria do risco administrativo também reconhece a desigualdade jurídica entre o Estado e os administrados,
decorrente da supremacia estatal. Para a teoria, seria injusto que aqueles que sofressem danos patrimoniais ou morais
decorrentes da atividade do Estado precisassem comprovar a existência de culpa da Administração ou de seus agentes
para que tivessem direito à reparação.
Exatamente por dispensar a apreciação de elementos subjetivos (dolo ou culpa), a teoria do risco administrativo serve
de fundamento para a chamada responsabilidade objetiva do Estado, que tem merecido o acolhimento dos Estados
modernos, inclusive do Brasil, desde a Constituição de 1946.

Como na teoria do risco administrativo a responsabilidade do Estado independe de qualquer espécie de culpa (do
Estado ou do agente público), o particular que sofreu o dano não tem o ônus de provar a presença desses elementos
subjetivos.
Porém, ainda que a teoria do risco administrativo não exija que o particular comprove a culpa estatal ou do agente
público, é possível ao Estado, visando excluir ou atenuar a indenização, demonstrar a ocorrência das
chamadas excludentes de responsabilidade, entre elas a culpa da vítima (exclusiva ou concorrente), a força maior e
o caso fortuito.
Dessa forma, a culpa não é totalmente irrelevante na teoria objetiva do risco administrativo. A culpa não precisa ser
demonstrada por aquele que pede a indenização contra o Poder Público. Todavia, se o Estado demonstrar que houve
culpa por parte do particular que pleiteia a indenização, exime-se de responsabilidade, podendo, inclusive, acionar o
particular para que honre com os prejuízos.

Na teoria do risco administrativo permite-se que o Estado comprove a culpa do pretenso lesado, de
forma a eximir o erário, integral ou parcialmente, do dever de indenizar.

Assim, por exemplo, havendo um acidente entre um veículo oficial e um particular, não necessariamente a
Administração deverá indenizar os danos causados ao veículo particular. Caso a Administração demonstre que houve
culpa recíproca – isto é, dela e do particular (vítima), concomitantemente – sua obrigação de indenizar será
proporcionalmente atenuada. Mais que isso, se a Administração conseguir provar que a culpa tenha sido exclusivamente
do motorista particular, restaria excluída a obrigação de indenizar por parte da Administração. Essa é a fundamental
diferença com relação ao risco integral, como veremos a seguir.

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Teoria do risco integral


Vimos que, na teoria do risco administrativo, o Estado é responsável pelas condutas danosas de seus agentes públicos,
independentemente de prova de culpa, mas há situações que afastam o dever de o Estado reparar o eventual prejuízo
(são as excludentes de responsabilidade, como a culpa da vítima).
Por sua vez, pela teoria do risco integral, o Estado funciona como “segurador universal”, sendo obrigado a indenizar os
prejuízos suportados por terceiros, ainda que resultantes da culpa exclusiva da vítima ou de caso fortuito ou força
maior.
Segundo essa teoria, basta a existência do evento danoso e do nexo de causalidade para que surja a obrigação de
indenizar para o Estado, sem a possibilidade de que este alegue excludentes de sua responsabilidade.

Aprofundando

Carvalho Filho (2020) explica que, “em tempos atuais, tem-se desenvolvido a teoria do risco social, segundo a qual o
foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a cargo de toda a
coletividade, dando ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos – sempre com o intuito de que o lesado não
deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido”.
A referida teoria, no fundo, constitui mero aspecto específico da teoria do risco integral, sendo que para alguns
autores é para onde se encaminha a responsabilidade civil do Estado, de forma que este seria responsável mesmo se os
danos não lhe forem imputáveis.
No entanto, no entendimento do referido autor, esse caráter genérico da responsabilidade poderia provocar grande
insegurança jurídica e graves agressões ao erário.

Por ser o risco integral modalidade de risco administrativo extremamente exagerada, a doutrina majoritária
sustenta não ser aplicável em nosso ordenamento jurídico. A regra geral, portanto, é a não aplicabilidade da teoria
do risco integral.
Porém, há na doutrina quem defenda serem os danos causados por acidentes nucleares uma aplicação da teoria do
risco integral (CF, art.21, XXIII, “d”[3]), uma vez que, nessa hipótese, ficaria afastada qualquer possibilidade de
alegações de excludentes pelo Estado[4].
Outra hipótese de aplicação da teoria do risco integral aceita pela doutrina e pela jurisprudência é a responsabilidade
por danos ambientais. Sobre o tema, é bastante elucidativo o seguinte texto extraído da jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça (STJ)[5]:

A responsabilidade por dano ambiental é objetiva e pautada no risco integral, não se admitindo a
aplicação de excludentes de responsabilidade. Conforme a previsão do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981,
recepcionado pelo art. 225, §§ 2º e 3º, da CF, a responsabilidade por dano ambiental, fundamentada
na teoria do risco integral, pressupõe a existência de uma atividade que implique riscos para a saúde e
para o meio ambiente, impondo-se ao empreendedor a obrigação de prevenir tais riscos (princípio da
prevenção) e de internalizá-los em seu processo produtivo (princípio do poluidor-pagador). Pressupõe,
ainda, o dano ou risco de dano e o nexo de causalidade entre a atividade e o resultado, efetivo ou
potencial, não cabendo invocar a aplicação de excludentes de responsabilidade.

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Por fim, a doutrina também aponta como exemplo de aplicação da teoria do risco integral a responsabilidade da União
para indenizar danos decorrentes de ataques terroristas e atos de guerra a aeronaves brasileiras, conforme previsto
na Lei 10.744/2003. Estudaremos esse assunto em tópico específico ao final da aula.

Pela teoria da faute du service, ou da culpa do serviço, eventual falha é imputada pessoalmente ao funcionário culpado,
isentando a administração da responsabilidade pelo dano causado.
Comentário:

Com o advento da teoria da faute du service, ou da culpa do serviço, ou ainda, da culpa administrativa, buscou-se
desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do agente estatal. Assim, eventual falha no serviço público é
imputada à própria Administração, e não ao funcionário culpado. No nosso ordenamento jurídico, essa teoria serve de
base para a responsabilização subjetiva do Estado em caso de omissão na prestação de determinado serviço público (é
necessário demonstrar dolo ou culpa na falha do serviço, mas não é preciso individualizá-la, apontando quem foi o
agente causador, dado que a falha é atribuída ao próprio Poder Público). Aprofundaremos esse assunto no decorrer da
aula.
Gabarito: Errado

A teoria que impera atualmente no direito administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral,
segundo a qual a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar a condenação do Estado.
Entretanto, tal teoria reconhece a existência de excludentes ao dever de indenizar.
Comentário:

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A teoria que impera atualmente no direito administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco
administrativo, segundo a qual a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar a
condenação do Estado. A teoria do risco administrativo reconhece a existência de excludentes ao dever de indenizar
(ex: culpa exclusiva da vítima e ocorrência de caso fortuito e força maior). A teoria do risco integral, por sua vez, obriga
o Estado a reparar todo e qualquer dano, não admitindo excludentes de responsabilidade. No nosso ordenamento
jurídico, a teoria do risco integral só é aplicada em hipóteses restritas, como exceção, quais sejam: danos nucleares,
danos ambientais e ataques terroristas a aeronaves brasileiras.
Gabarito: Errado

De acordo com a teoria da culpa administrativa, existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o
dano sofrido pelo administrado, presume-se a culpa da administração.
Comentário:

De acordo com a teoria objetiva (risco administrativo e risco integral, e não da culpa administrativa), existindo o
fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido pelo administrado, presume-se a culpa da
Administração, afinal, a pessoa que sofreu o dano não precisa prova-la (a responsabilidade é objetiva). Na teoria da
culpa administrativa, ao contrário, a culpa da Administração não é presumida, e sim precisa ser demonstrada pela parte
lesada (é o que ocorre nos casos de omissão do Poder Público).
Gabarito: Errado

Quadrix – CRT-GRN– Agente de fiscalização – 2021


A teoria da irresponsabilidade do Estado repousa fundamentalmente na ideia de soberania.

Comentário:

Conforme ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a teoria da irresponsabilidade do Estado foi adotada na época dos
Estados absolutos e repousava fundamentalmente na ideia de soberania: o Estado dispõe de autoridade
incontestável perante o súdito; ele exerce a tutela do direito, não podendo, por isso, agir contra ele. Qualquer
responsabilidade atribuída ao Estado significaria colocá-lo no mesmo nível que o súdito, em desrespeito a sua
soberania.
Gabarito: Certo

Quadrix – CRF-GO – Agente Administrativo – 2022


Segundo a teoria da responsabilidade com culpa, o Estado pode ser responsabilizado tanto por atos de império quanto
por atos de gestão.
Comentário:

Na verdade, a teoria da responsabilidade com culpa procurava distinguir dois tipos de atitude estatal: os atos de
império e os atos de gestão. E afirmava que o Estado poderia ser responsabilizado apenas pelos atos de gestão, que
seriam aqueles desprovidos de supremacia estatal. Ou seja: o Estado não poderia responder pelos atos de império.
Gabarito: Errado

Quadrix – CRT-RN – Agente de fiscalização – 2021


A teoria civilista procura desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário.

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Comentário:

"Teoria civilista” é o outro nome dado à “teoria da responsabilidade com culpa”. Ao contrário do que afirma a questão, a
teoria civilista procura associar a responsabilidade do Estado a ideia de culpa do agente estatal. Procurava-se equiparar
a responsabilidade do Estado à do patrão, ou comitente, pelos atos dos empregados ou prepostos.
Gabarito: Errado

Quadrix – CRF-GO – Agente Administrativo – 2022


Para a teoria da culpa administrativa, o Estado pode ser responsabilizado ainda que não seja possível identificar o
agente estatal causador do dano.
Comentário:

É isso mesmo! A teoria da culpa administrativa procurava desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do
agente estatal. Passou-se a falar em culpa do serviço público (faute du service), em que o terceiro lesado não
precisava identificar o agente estatal causador do dano. Para caracterizar a responsabilidade do Estado, bastava-lhe
comprovar que o serviço público não funcionou ou funcionou de forma insatisfatória, mesmo que fosse impossível
apontar o agente responsável pela falha.
Gabarito: Certo

Quadrix – CRF-GO – Agente Administrativo – 2022


Para a teoria do risco social, o foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação
estaria a cargo de toda a coletividade, dando ensejo ao que se denomina socialização dos riscos.
Comentário:

Exatamente! De acordo com Carvalho Filho (2020), “em tempos atuais, tem-se desenvolvido a teoria do risco social,
segundo a qual o foco da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria
a cargo de toda a coletividade, dando ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos – sempre com o intuito
de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido”.
Será que a banca elaborou a questão com base nesse autor? Sim ou claro?

Gabarito: Certo

[1] Carvalho Filho denomina de fato administrativo, assim considerado como qualquer forma de conduta, comissiva ou
omissiva, legítima ou ilegítima, singular ou coletiva, atribuída ao Poder Público.
[2] Hely Lopes Meirelles (2014, p. 739)
[3] Art. 21. Compete à União:
(...)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a
lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,
atendidos os seguintes princípios e condições:
(...)

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d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;


[4] O tema, porém, não é pacífico. Existem autores que pensam não existir distinção entre a responsabilidade por dano
nuclear e as demais hipóteses de responsabilidade civil do Estado, ou seja, o dano nuclear também ensejaria a
responsabilidade civil objetiva na modalidade risco administrativo.
[5] REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2012. (Informativo de Jurisprudência nº 507).

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Responsabilidade objetiva: art. 37, § 6º da CF

O art. 37, § 6º da Constituição Federal assim dispõe:

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A doutrina ensina que esse dispositivo constitucional consagra no Brasil a responsabilidade extracontratual objetiva
da Administração Pública, na modalidade risco administrativo.
Sendo assim, a Administração Pública tem a obrigação de indenizar o dano causado a terceiros por seus
agentes, independentemente da prova de culpa no cometimento da lesão (e independentemente da existência de
contrato entre ela e o terceiro prejudicado).
A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º da CF alcança:

Todas as pessoas jurídicas de direito público (administração direta, autarquias e fundações de direito
público), independentemente das atividades que exerçam;
As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações públicas de direito privado que prestem serviços públicos);

As pessoas privadas, não integrantes da Administração Pública, que prestem serviços públicos mediante delegação
(concessionárias, permissionárias e detentoras de autorização de serviços públicos).
Quadrix – CFT – Técnico Industrial Júnior – 2021

A teoria da responsabilidade civil do Estado, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, é objetiva, na modalidade
do risco administrativo.
Comentário:

A doutrina ensina que o art. 37, § 6º, da Constituição Federal, consagra no Brasil a responsabilidade extracontratual
objetiva da Administração Pública, na modalidade risco administrativo.
Gabarito: Certo

Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado que
integrem a administração pública responderão objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros.
Comentário:

A responsabilidade civil objetiva abrange (i) todas as pessoas jurídicas de direito público e (ii) as pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público, mas não as pessoas jurídicas de direito privado exploradoras de atividade
econômica. Portanto, a palavra “todas” macula o quesito.
Gabarito: Errado

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Portanto, um órgão da administração direta (ex: Polícia Federal), uma empresa estatal prestadora de serviços públicos
(ex: Correios) e uma concessionária de serviço público (ex: TIM e Rede Globo) respondem igualmente pelos danos
(patrimoniais ou morais) que seus agentes causarem a terceiros, tendo a obrigação de indenizar os prejuízos causados.
No caso dos danos provocados pelos órgãos da administração direta, quem responde é o próprio ente político (União,
Estados, DF e Municípios), detentores que são da personalidade jurídica (os órgãos são despersonalizados).

Curiosidade

A regra do art. 37, §6º da CF é reproduzida, em parte, no art. 43 do Código Civil:

“Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo”.

Perceba que o Código Civil, embora tenha incorporado a teoria do risco administrativo, não fez menção às pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. A omissão do Código Civil, contudo, não afasta a
responsabilidade dessas entidades, que decorre da própria Constituição.

Outro ponto a destacar no art. 37, §6º da CF é que a responsabilidade objetiva do Estado decorre dos danos causados a
terceiros por “seus agentes”, desde que estejam atuando na condição de agentes públicos, e não em suas atividades
particulares. Vou explicar.
Primeiramente, cumpre destacar que a expressão “agente” utilizada no dispositivo constitucional possui um alcance
bem amplo, não se restringindo aos servidores públicos estatutários, mas incluindo também os empregados das
entidades de direito privado prestadoras de serviço público, integrantes ou não da Administração Pública. Enfim,
abrange todas as pessoas incumbidas da realização de algum serviço público, em caráter permanente ou transitório.
Note, porém, que é condição imprescindível para a caracterização da responsabilidade do Estado o fato de o agente,
ao praticar o ato danoso, estar atuando na condição de agente público (ou de agente de delegatária de serviço
público), vale dizer, no desempenho das atribuições próprias da sua função ou simplesmente agindo como se a
estivesse exercendo. Não importa se a atuação do agente foi lícita ou ilícita[1]; o que interessa é exclusivamente ele
agir na qualidade de agente público, e não como pessoa comum.
Dessa forma, se um policial fardado, agindo em nome do Estado (o que, no caso, presume-se pelo só fato de o agente
estar fardado e integrar efetivamente os quadros da corporação policial), ainda que em dia de folga, causar dano ao
particular, a obrigação de indenizar compete ao Poder Público, independentemente da existência de irregularidade na
conduta do agente.
Um policial militar, de nome Norberto, no dia de folga, quando estava na frente da sua casa, de bermuda e sem camisa,
discute com um transeunte e acaba desferindo tiros de uma arma antiga, que seu avô lhe dera.
Com base no relatado acima, é correto afirmar que o Estado

(A) será responsabilizado, pois Norberto é agente público pertencente a seus quadros.
(B) será responsabilizado, com base na teoria do risco integral.
(C) somente será responsabilizado de forma subsidiária, ou seja, caso Norberto não tenha condições financeiras.
(D) não será responsabilizado, pois Norberto, apesar de ser agente público, não atuou nessa qualidade; sua conduta não
pode, pois, ser imputada ao Ente Público.

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Comentário:

Não haverá responsabilidade do Estado nos casos em que o agente causador do dano seja realmente um agente
público, mas não esteja atuando na sua condição de agente público (nem parecendo estar).
Assim, na situação narrada no comando da questão, o Estado não será responsabilizado, pois o policial, apesar de ser
agente público, não atuou nessa qualidade; seu comportamento derivou de interesse privado, motivado por sentimento
pessoal. Dessa forma, sua conduta não poderá ser imputada ao Estado, daí o gabarito (alternativa “d”).
Sobre esse assunto, cabe ressaltar que existe uma polêmica na jurisprudência. Caso, na mesma situação, o disparo
tivesse sido efetuado com uma arma da corporação, não há consenso sobre se haveria ou não responsabilidade civil do
Estado. Existem várias decisões dos Tribunais Superiores no sentido de que caberia sim a responsabilidade civil do
Estado, pois o policial somente detinha a posse da referida arma por causa da sua situação funcional, ou seja, o simples
uso da arma, ainda que em dia de folga (o que é vedado), configura atuação na condição de agente público, atraindo a
responsabilidade do Estado[2]. Mas também existem várias decisões em sentido contrário, ou seja, de que não haveria
responsabilidade civil do Estado mesmo que o disparo tenha sido efetuado com arma da corporação, pois, no dia de
folga, o policial não atua na qualidade de agente público[3].
Aliás, pela impossibilidade de se fazer um julgamento objetivo a respeito do tema envolvendo disparo com arma da
corporação, o CEBRASPE, por exemplo, anulou uma questão que cobrava o assunto na prova do STJ/2015.
Não obstante, na situação em análise, a arma utilizada não era da corporação (era do avô), de modo que não há dúvida
acerca da irresponsabilidade do Estado.
Gabarito: alternativa “d

É oportuno conhecermos também o alcance do conceito de “terceiros”, constante do art. 37, §6º da CF. A expressão
tem abrangência ampla, incluindo todas as pessoas físicas e jurídicas, públicas ou privadas. Em outras palavras, o
Estado deve responder pelos danos causados por seus agentes a qualquer que seja a vítima[4].
Continuando no art. 37, §6º, percebe-se que, na sua parte final, é feita referência à possibilidade de a pessoa jurídica
cobrar do agente público o valor da indenização que foi obrigada a pagar. Assim, a pessoa jurídica deverá ajuizar ação
regressiva contra o seu agente a fim de obter o ressarcimento da indenização que foi obrigada a pagar.
Todavia, o agente somente será responsabilizado se for comprovado que ele atuou com dolo ou culpa, ou seja, a
responsabilidade do agente é subjetiva, na modalidade culpa comum. O ônus da prova da culpa do agente é da
pessoa jurídica em nome da qual ele atuou e que já foi condenada a indenizar o terceiro lesado.

Aprofundando

Os danos causados pelos chamados agentes de fato também acarretam responsabilidade para a Administração
Pública (ex: prejuízo causado a terceiro por um servidor público com idade superior ao limite para aposentadoria
compulsória). Ou seja, ainda que o vínculo entre o agente e o Estado esteja maculado por um vício insanável, a mera
atuação na condição de agente público atrai a responsabilidade do Estado (afinal, a Administração permitiu ou não foi
capaz de impedir a atuação do agente de fato).

Por fim, vale destacar que a responsabilidade extracontratual objetiva do Estado decorre apenas de danos provocados
por alguma conduta comissiva (ação) de seus agentes. Na hipótese de prejuízos provocados pela omissão do Poder
Público, a responsabilidade civil é de natureza subjetiva (teoria da culpa administrativa), como veremos adiante, em
tópico específico.

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No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco
administrativo, fundada na ideia de solidariedade social, na justa repartição dos ônus decorrentes da prestação dos
serviços públicos, exigindo-se a presença dos seguintes requisitos: dano, conduta administrativa e nexo causal. Admite-
se abrandamento ou mesmo exclusão da responsabilidade objetiva, se coexistirem atenuantes ou excludentes que
atuem sobre o nexo de causalidade.
Comentário:

A questão apresenta uma perfeita síntese acerca da responsabilidade civil objetiva do Estado, na modalidade risco
administrativo.
Gabarito: Certo

A responsabilidade civil do Estado exige três requisitos para a sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano
causado a terceiros e nexo de causalidade.
Comentário:

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público, responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos seguintes requisitos:
a) Dano a terceiro;

b) Ação administrativa;

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c) Nexo causal entre o dano e a ação administrativa.

Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa em torno da culpa da vítima, para o
fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade da pessoa jurídica de direito público ou da pessoa jurídica de
direito privado prestadora de serviço público.
Gabarito: Certo

Para a configuração da responsabilidade civil do Estado, é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo. Embora a
regra seja a de que os danos indenizáveis derivam de condutas contrárias ao ordenamento jurídico, há situações em que
a administração pública atua em conformidade com o direito e, ainda assim, produz o dever de indenizar.
Comentário:

Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente causador do prejuízo a terceiros deve ter agido na
qualidade de agente público, sendo irrelevante o fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua competência legal, nem
mesmo se o ato foi culposo ou doloso. Não importa, portanto, perquirir se a atuação do agente foi lícita ou ilícita, uma
vez que essa atuação – legal ou ilegal – é imputada ao órgão ou entidade cujos quadros ele integra.
Por exemplo, o agente da Administração, ao realizar a manutenção dos bueiros da cidade, pode esquecer a tampa de
um deles aberta e, com isso, provocar estragos num veículo particular que transitar sobre o local. Nessa hipótese,
mesmo que o fato de deixar a tampa do bueiro aberta não caracterize um ato ilícito do agente público, ainda assim a
Administração deverá indenizar o particular.
Gabarito: Certo

[1] Conforme ensina Hely Lopes Meirelles, a atuação ilícita do servidor não exclui a responsabilidade objetiva da
Administração. Antes, a agrava, porque tal atuação traz ínsita a presunção de má escolha do agente público para a
missão que lhe fora atribuída.
[2] STF – RE 291.035/SP
[3] STF – RE 363.423.
[4] STF – AI 473.381/AP

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Responsabilidade civil das empresas estatais

Como visto, segundo o art. 37, §6º da CF, além das pessoas jurídicas de direito público (administração direta, autarquias
e fundações públicas), as empresas públicas e as sociedades de economia mista prestadoras de serviço público (ex:
Correios e Infraero), entidades de direito privado, também se submetem à responsabilidade de natureza objetiva, na
modalidade risco administrativo.
Ressalte-se que não estão abrangidas pelo art. 37, §6º da CF as empresas públicas e as sociedades de economia
mista exploradoras de atividade econômica (ex: Banco do Brasil e Petrobras). Estas respondem pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros da mesma forma que qualquer empresa privada, nos termos do direito civil e comercial;
ou seja, a responsabilidade das empresas estatais exploradoras de atividade econômica é de natureza subjetiva (teoria
civilista ou culpa comum – depende da demonstração de culpa do agente).

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Responsabilidade civil das prestadoras de serviços


públicos

É fato que o serviço público é incumbência do Poder Público (CF, art. 175 da CF), o qual não necessariamente será seu
prestador.
Como sabido, a Constituição Federal dá a possibilidade de delegação de serviços públicos a particulares, não
integrantes da Administração Pública (concessionárias, permissionárias e autorizadas), que assumirão o encargo
de executar o serviço, permanecendo a sua titularidade de posse do Estado.
A regra da responsabilidade civil objetiva, prevista no art. 37, §6º da CF, se estende às pessoas jurídicas prestadoras de
serviços públicos, independentemente de a prestadora integrar ou não a Administração Pública, neste último caso,
sendo uma concessionária, permissionária ou autorizada. Isso se dá em razão de a entidade assumir o risco
administrativo da prestação do serviço público.
Dessa forma, no caso de delegação, junto com o "bônus" do serviço a ser prestado (a tarifa a ser cobrada dos usuários),
a entidade que presta o serviço público assume o "ônus", ou seja, o dever de responder por eventuais danos causados a
terceiros por seus empregados em decorrência da prestação do serviço público delegado[1].
Quanto às concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviços públicos, a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal (STF) consolidou o entendimento de que a responsabilidade civil dessas entidades é objetiva relativamente a
terceiros usuários e não-usuários do serviço[2]. Basta que o dano seja produzido pelo sujeito na qualidade de prestador
de serviço público.
Assim, por exemplo, uma empresa concessionária de transporte coletivo teria a obrigação de indenizar o pedestre
(terceiro não-usuário) que fosse atropelado por ônibus da empresa, ainda que o motorista não tivesse culpa alguma. A
concessionária só estaria livre do dever de indenizar se conseguisse comprovar a presença de alguma excludente de
responsabilidade, a exemplo da culpa exclusiva da vítima ou da força maior.

No direito pátrio, as empresas privadas delegatárias de serviço público não se submetem à regra da responsabilidade
civil objetiva do Estado.
Comentário:

Conforme expressamente previsto no art. 37, §6º da CF, as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público, entre as quais se incluem as empresas privadas delegatárias de serviço público, se submetem sim à regra da
responsabilidade civil objetiva do Estado.
Gabarito: Errado

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De acordo com o entendimento do STF, empresa concessionária de serviço público de transporte responde
objetivamente pelos danos causados aos usuários de transporte coletivo.
Comentário:

Na verdade, de acordo com o entendimento do STF, empresa concessionária de serviço público de transporte responde
objetivamente pelos danos causados aos usuários e aos não-usuários de transporte coletivo. Não obstante, embora
incompleto, o quesito pode ser considerado correto.
Gabarito: Certo

O corte de energia elétrica por parte da concessionária de serviço público presume a existência de dano moral, sendo
desnecessária a comprovação dos prejuízos sofridos à honra objetiva de empresa ou usuário afetado pela interrupção
do serviço.
Comentário:

Para restar configurada a responsabilidade civil objetiva da concessionária de serviço público, é necessário que se
demonstre a existência do dano, do ato da empresa e do nexo causal entre um e outro. Portanto, ao contrário do que
afirma o quesito, é necessária a comprovação dos prejuízos sofridos.
Gabarito: Errado

[1] É o que dispõe o art. 25 da Lei 8.987/1995: incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-
lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização
exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.
[2] RE 591.874/MS

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Responsabilidade civil por omissão da Administração

Como já foi afirmado, o Estado pode causar dano a particulares por ação ou omissão.

Quando há ação, os danos podem ser gerados por conduta culposa ou não do agente público. Em ambos os casos
incide a responsabilidade civil objetiva, desde que presentes os seus pressupostos – o fato do serviço, o dano e o nexo
causal.
Todavia, quando há omissão, em regra existe a necessidade da presença do elemento culpa para a responsabilização
do Estado. Em outras palavras, nas hipóteses de danos provocados por omissão do Poder Público, a sua
responsabilidade civil passa ser de natureza subjetiva, na modalidade culpa administrativa. Nesses casos, a pessoa
que sofreu o dano, para ter direito à indenização do Estado, tem que provar (o ônus da prova é dela) a culpa da
Administração Pública.

Repare que, quando estão presentes os elementos da responsabilidade subjetiva, fatalmente também estarão
presentes os elementos da responsabilidade objetiva, por ser esta mais abrangente que aquela. De fato, sempre
estarão presentes o fato administrativo, o dano e o nexo de causalidade. A única peculiaridade é que, nas
condutas omissivas, se exigirá, além do fato administrativo em si, que seja ele calcado na culpa administrativa.

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A culpa administrativa, no caso, origina-se do descumprimento do dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir
a consumação do dano. Ou seja, decorre de falta no serviço que o Estado deveria ter prestado (abrangendo
a inexistência, a deficiência ou o atraso do serviço) e que, se tivesse sido prestado de forma adequada, o dano não teria
ocorrido.
Tal “culpa administrativa”, no entanto, não precisa ser individualizada, isto é, não precisa ser pr0vada negligência,
imprudência ou imperícia de um agente público determinado. Basta ao lesado provar o nexo causal entre o dano e a
omissão estatal.
A responsabilidade subjetiva do Estado usualmente se aplica a situações em que há dano a um particular em
decorrência de atos de terceiros, não agentes públicos (ex: delinquentes ou multidões) ou de fenômenos da natureza
(ex: enchente ou vendaval).
Por exemplo, na hipótese de ocorrência de uma enchente que provoque estragos na residência de um particular, este
terá direito à indenização do Estado caso consiga provar que os bueiros e as galerias pluviais, cuja manutenção é dever
do Poder Público, estavam entupidos. Nesse exemplo, como o dano foi causado por um evento da natureza, e não por
um ato de um agente público atuando nessa qualidade, para se atribuir ao Estado a responsabilidade civil pelo prejuízo,
há necessidade de se provar a culpa administrativa (a responsabilidade é subjetiva, portanto). A culpa, na situação,
está caracterizada pela ausência ou deficiência no serviço de manutenção, que contribuiu para o dano causado ao
patrimônio do particular; não há, contudo, necessidade de provar qual foi o agente público responsável pela
omissão[1].
Por outro lado, caso se verifique que o dano decorreu exclusivamente de atos de terceiros ou fenômenos da
natureza, sem qualquer omissão culposa da Administração, esta não terá a obrigação de indenizar.
No mesmo exemplo anterior, caso todo o sistema de escoamento estivesse em perfeitas condições e, mesmo assim,
por conta de uma chuva de intensidade excepcional e imprevisível, não tenha sido suficiente para evitar a enchente, a
responsabilidade do Estado será afastada, porque o dano terá ocorrido exclusiva e diretamente de situação de força
maior, sem qualquer culpa da Administração. A responsabilidade pela falta do serviço só existe quando o dano
era evitável.
Grave, portanto, o seguinte: é possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público,
desde que seja inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que exista o nexo de
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro
Além disso, podemos concluir que a regra da responsabilidade objetiva da Administração Pública não vale para os
casos de omissão estatal. A responsabilidade passa a ser subjetiva. Este é o entendimento tanto doutrinário
como jurisprudencial dominante[2], e que deve ser tomado como regra geral.

Preste atenção!

Regra geral: omissão estatal = responsabilidade subjetiva

Disse que deve ser tomado como regra geral porque há situações em que os atos omissivos acarretarão a
responsabilidade objetiva do Estado, nos termos do § 6º do art. 37 da CF.
Segundo a jurisprudência do STF[3], quando o Estado tem o dever legal de garantir a integridade de pessoas ou coisas
que estejam sob sua proteção direta (ex: presidiários e internados em hospitais públicos) ou a ele ligadas por
alguma condição específica (ex: estudantes de escolas públicas) o Poder Público responderá civilmente, por danos

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ocasionados a essas pessoas ou coisas, com base na responsabilidade objetiva prevista no art. 37, §6º, mesmo que os
danos não tenham sido diretamente causados por atuação de seus agentes. Nesse caso, de forma excepcional, o Estado
responderá objetivamente pela sua omissão no dever de custódia dessas pessoas ou coisas.
Como exemplo, pode-se citar um presidiário que seja assassinado por outro condenado dentro da penitenciária ou um
aluno de escola pública que seja agredido no horário de aula por outro aluno ou por pessoa estranha à escola. Nestas
situações haverá a responsabilidade objetiva do Estado, mesmo que o prejuízo não decorra de ação direta de um
agente do Poder Público, e sim de uma omissão. Para se livrar da responsabilidade, a Administração terá que provar (o
ônus da prova é dela) a ocorrência de algum excludente dessa responsabilidade, como um evento de força maior.
Segundo a doutrina, a responsabilidade objetiva nesses casos decorre de uma omissão específica do Estado, que
possibilitou a ocorrência do dano, a qual, para efeito de responsabilidade civil, equipara-se à conduta comissiva.
A omissão específica, que enseja a responsabilidade objetiva para a Administração, difere da omissão genérica, que
gera a responsabilidade subjetiva.
Ressalte-se que a omissão específica está presente, em especial, quando há pessoas sob custódia do Estado (ex:
presidiários, pessoas internadas em hospitais públicos, estudantes de escolas públicas), casos em que a
responsabilidade civil da Administração, como dito, é do tipo objetiva, na modalidade risco administrativo, dada a sua
omissão específica com relação às pessoas sob sua guarda (não há necessidade de provar a culpa da Administração).
No entanto, como se sabe, o nexo de causalidade entre a atividade do Estado e prejuízo causado é um requisito
essencial para configurar tanto a responsabilidade objetiva quando a responsabilidade subjetiva do Estado, de forma
que sem esse link não há como se configurar a responsabilidade.
Foi por isso que o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral (Informativo STF 993):

Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva
do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando
não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.

Nos demais casos, que não envolvam pessoas sob custódia do Estado, a omissão é genérica e enseja a responsabilidade
civil subjetiva da Administração, na modalidade culpa administrativa. O prejudicado é que terá de provar que houve
omissão culposa do Estado.

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Preste atenção!

Na prova, se a questão não trouxer nenhuma situação sobre pessoas sob a guarda ou a custódia do Estado (presidiários,
alunos ou hospitalizados), pode marcar que a omissão estatal importará a responsabilização do Estado com base na
teoria subjetiva.
Ao contrário disso, se houver um contexto, analise primeiro se a situação se refere às pessoas então mencionadas. Em
caso positivo, haverá omissão específica, e, sendo assim, o caso será de responsabilidade objetiva.

A responsabilidade do Estado por danos causados por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.

Comentário:

Nos danos decorrentes de caso fortuito ou força maior – como se pode classificar os fenômenos da natureza – sem que
haja conduta comissiva da Administração Pública, esta somente será responsabilizada caso se comprove que a
adequada prestação do serviço estatal obrigatório teria evitado ou reduzido o resultado danoso. Nesses casos, a
responsabilidade do Estado, se houver, é subjetiva, baseada na teoria da culpa administrativa.
Gabarito: Certo

O fato de um detento morrer em estabelecimento prisional devido a negligência de agentes penitenciários configurará
hipótese de responsabilização objetiva do Estado.
Comentário:

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Na hipótese de danos sofridos por pessoas sujeitas à guarda do Estado, como os detentos, a jurisprudência reconhece
que a responsabilidade do Estado é objetiva, ainda que o dano não tenha sido provocado por uma atuação direta de um
agente público. Ou seja, trata-se de uma exceção à regra de que a omissão estatal acarreta responsabilidade subjetiva
do Estado.
Gabarito: Certo

[1] Não obstante, a detecção do agente causador da omissão é importante para o Estado, para que possa apurar as
devidas responsabilidades, e, assim, acionar o agente público em sede de ação regressiva, mas essa é outra história,
que veremos daqui a pouco.
[2] STF – RE 695.887/PB; STJ – RE 602.102
[3] RE 633.138/DF

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Excludentes de responsabilidade

O princípio da responsabilidade civil da Administração não se reveste de caráter absoluto. Com efeito, diante de certas
situações, admite-se o abrandamento e, até mesmo, a própria exclusão da responsabilidade civil do Estado, seja ela de
natureza objetiva (por ação, risco administrativo) ou subjetiva (por omissão, culpa administrativa).
As situações que importam a exclusão total ou parcial da responsabilidade civil do Estado, as chamadas excludentes
(ou atenuantes) de responsabilidade, podem ser:

Culpa atribuível, total ou parcialmente, à própria vítima.

Caso fortuito e força maior.

Fato exclusivo de terceiros.

Tais situações implicam a exclusão da responsabilidade civil porque afastam o nexo de causalidade entre a
atuação/omissão estatal e o dano. Sem o link (nexo de causalidade) entre a atividade do Estado e prejuízo
causado, não há como se configurar a responsabilidade e, consequentemente, não há que se falar em indenização a ser
feita ao prejudicado.

Vamos então falar um pouco sobre cada uma das excludentes de responsabilidade.

Com relação à culpa exclusiva da vítima, tem-se que, se ficar comprovado que o prejudicado, na verdade, foi o único
responsável pelo resultado danoso, então ele não é vítima, e sim o próprio causador do dano, devendo, portanto, arcar
com os prejuízos causados a si mesmo.

Por exemplo: um motorista, servidor público, vem dirigindo em serviço de forma cautelosa quando, de
repente, um particular avança o sinal vermelho e colide com o veículo oficial. Nesse caso, o Estado não

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teria o dever de indenizar o proprietário do automóvel particular, pois o dano foi causado
exclusivamente por ato do próprio particular. Em outras palavras, não houve nexo de causalidade entre
alguma ação do agente público e o dano, daí o fundamento para a exclusão da responsabilidade civil
do Estado.

Detalhe é que a responsabilidade do Poder Público, em razão de culpa atribuível à própria vítima, pode
ser totalmente excluída como também pode ser reduzida proporcionalmente. No exemplo dado, a responsabilidade
foi totalmente excluída, pois a culpa pelo acidente foi exclusiva do particular.
Por outro lado, se alguma ação do servidor público, de alguma forma, tivesse contribuído para o acidente, haveria
aquilo que a doutrina chama de culpa concorrente (do agente público e da vítima). Nesse caso, a responsabilidade civil
da Administração seria afastada apenas parcialmente, ou seja, o Estado teria o dever de indenizar o particular, só que o
valor da indenização seria reduzido proporcionalmente.
Chamamos isso de causas atenuantes de responsabilidade, as quais se diferem das causas excludentes de
responsabilidade, pois essas primeiras afastam apenas parcialmente a responsabilidade do Estado.

Jurisprudência

O STF fixou a seguinte tese (com repercussão geral):

“É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a profissional da imprensa ferido por agentes policiais
durante cobertura jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes.
Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o profissional de
imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua
integridade física.”

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Portanto, o Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de imprensa ferido, por policiais,
durante cobertura jornalística de manifestação pública em que ocorra tumulto ou conflito, desde que o jornalista não
haja descumprido ostensiva e clara advertência quanto ao acesso a áreas definidas como de grave risco à sua
integridade física, caso em que poderá ser aplicada a excludente da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
Portanto, se os policiais claramente avisaram ao jornalista (“olha, não vá para aquela área, porque o risco de você se
machucar ali é altíssimo), mas, mesmo assim, o jornalista decidiu ir para aquela área, então, nesse caso, considera-se
que o jornalista não é a vítima, mas sim o próprio causador do dano. O jornalista “foi porque quis, por sua própria conta
e risco”. Resta caracterizada, portanto, a excludente de culpa exclusiva da vítima, excluindo a responsabilidade civil
do Estado.
Repare que a tese se aplica quando o ferimento for causado por policiais, e não por manifestantes. Afinal, o Estado
tem responsabilidade (nesse caso, objetiva) sobre as ações praticadas pelos seus agentes, mas não tem
responsabilidade sobre as ações praticadas por particulares (no caso, os manifestantes). Cuidado com as pegadinhas!

Outra excludente de responsabilidade se verifica na hipótese de caso fortuito ou força maior.

Não há consenso na doutrina acerca do que vem a ser caso fortuito e do que vem a ser força maior. Alguns autores
dizem que caso fortuito decorre de eventos da natureza e força maior da conduta humana; outros autores afirmam
exatamente o contrário. Entretanto, não nos interessa aqui fazer distinção entre os conceitos. Para o nosso objetivo,
vamos adotar a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência que considera “caso fortuito” e “força maior” como
se fossem a mesma coisa.
Nesse sentido, tanto o caso fortuito como a força maior constituem fatos imprevisíveis, não imputáveis à
Administração e que podem romper a necessária causalidade entre a ação do Estado e o dano causado.
Os eventos de caso fortuito e força maior só podem ser considerados excludentes de responsabilidade nas situações em
que o dano decorrer exclusivamente dos efeitos do evento imprevisível. Isso é necessário para caracterizar a necessária
quebra do nexo de causalidade entre o dano e alguma ação ou omissão estatal.
Sendo assim, na ocorrência de algum evento imprevisível que tenha causado dano a terceiros, deve-se analisar se
houve omissão por parte do Estado (ou do prestador do serviço público) quanto a providências de sua incumbência para
evitar o prejuízo. Caso fique caracterizada a omissão culposa, a responsabilidade do Estado não será afastada,
havendo direito de indenização por parte do prejudicado.
Aqui, vale o mesmo exemplo apresentado anteriormente sobre os danos causados por uma enchente e a manutenção
dos bueiros e galerias pluviais. Se a ausência ou deficiência na manutenção a cargo do Estado contribuiu para a
produção dos efeitos da enchente, não há que se falar em exclusão da responsabilidade civil da Administração (no caso,
de natureza subjetiva); por outro lado, se os bueiros e galerias pluviais estavam em boas condições e, mesmo assim, a
enchente ocorreu devido a forte chuva de intensidade imprevisível, então esse evento pode ser considerado um
excludente da responsabilidade do Estado, pois foi ele próprio (o evento imprevisível) que provocou diretamente o
dano, sem nenhuma contribuição da Administração Pública.

Aprofundando

Maria Sylvia Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Melo definem força maior como um evento externo à
Administração, de natureza imprevisível e irresistível ou inevitável. Segundo essa definição, seriam exemplos de força

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maior um furacão, um terremoto (eventos da natureza), como também uma guerra ou uma revolta popular
incontrolável (eventos humanos).
Diversamente, caso fortuito seria sempre um evento interno, ou seja, decorrente de uma atuação da Administração,
mas com resultados anômalos, tecnicamente inexplicáveis e imprevisíveis. Como exemplo, pode-se citar o rompimento
de uma adutora durante a manutenção ou a falha de uma peça mecânica num veículo oficial em trânsito.
Assim, segundo a classificação da autora, a força maior seria um excludente de responsabilidade, mas o caso
fortuito, não.

No que diz respeito ao fato exclusivo de terceiros, a posição prevalente é de corresponder também a
uma excludente da responsabilidade civil da Administração Pública. A análise assemelha-se à relativa aos fatos
imprevisíveis (caso fortuito ou força maior): sem que se possa imputar atuação omissiva direta ao Estado, não há como
responsabilizá-lo civilmente por atos de terceiros.
É o que ocorre, por exemplo, em assaltos nos ônibus. Se não ficar caracterizada a omissão do prestador do serviço
público, não há como responsabilizar a empresa concessionária de transporte pelo prejuízo provocado
pelo assaltante. Afinal, segurança não está relacionada ao serviço prestado pela empresa. Nesse caso, o fato exclusivo
de terceiro seria uma excludente de responsabilidade.
Outro exemplo de fato exclusivo de terceiros seria o dano causado por multidões a bens particulares, como ocorre em
muitos protestos no Brasil e no mundo. Também nesse caso deve-se perquirir se a Administração poderia ou não evitar
o tumulto, a fim de preservar o patrimônio das pessoas. Se ficar comprovada a omissão do Poder Público, não há como
afastar a responsabilidade civil do Estado; caso contrário, se os danos decorreram exclusivamente dos atos da multidão
enfurecida, sem que o Poder Público pudesse fazer algo para contê-la, então o fato não acarreta a responsabilidade
civil do Estado.
CEBRASPE – SEFAZ-AL - Auditor de Finanças e Controle de Arrecadação da Fazenda Estadual - 2020

A culpa recíproca da vítima é causa excludente da responsabilidade do Estado.

Comentário:

A culpa recíproca da vítima é causa ATENUANTE, e não excludente da responsabilidade civil do Estado.

Assim, quando ficar caracterizado que o terceiro que sofreu dano causado por agente público também contribuiu para
que esse dano ocorresse, ou seja, quando ficar demonstrado que houve culpa tanto do agente público como do terceiro
(culpa recíproca), o Estado ainda terá o dever de indenizar o terceiro, mas o valor da indenização será reduzido
proporcionalmente à participação do agente público no caso.
Por outro lado, se a culpa for EXCLUSIVA da vítima, aí sim a responsabilidade do Estado será afastada totalmente, isto
é, a culpa exclusiva da vítima é considerada causa excludente da responsabilidade civil do Estado.
Gabarito: Errado

Se um particular sofrer dano quando da prestação de serviço público, e restar demonstrada a culpa exclusiva desse
particular, ficará afastada a responsabilidade da administração. Nesse tipo de situação, o ônus da prova, contudo,
caberá à administração.
Comentário:

A responsabilidade civil objetiva na modalidade risco administrativo admite excludente de responsabilidade para
afastar o dever de indenizar do Estado. Entre os excludentes de responsabilidade, está a culpa exclusiva da vítima, o

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caso fortuito e a força maior. Detalhe é que o ônus da prova em relação à presença do excludente de responsabilidade é
da própria Administração (afinal, ela é que será beneficiada com a exclusão).
Gabarito: Certo

Considere que um particular, ao avançar o sinal vermelho do semáforo, tenha colidido seu veículo contra veículo oficial
pertencente a uma autarquia que trafegava na contramão. Nessa situação, o Estado deverá ser integralmente
responsabilizado pelo dano causado ao particular, dado que, no Brasil, se adota a teoria da responsabilidade objetiva e,
de acordo com ela, a culpa concorrente não elide nem atenua a responsabilidade do Estado de indenizar.
Comentário:

De acordo com a teoria da responsabilidade objetiva, na hipótese de culpa concorrente, a responsabilidade do Estado
será atenuada, ou seja, o valor da indenização que terá de pagar será reduzido proporcionalmente, na medida de sua
culpa. Como o particular também teve culpa, parte do prejuízo será suportado por ele.
Gabarito: Errado

Um paciente internado em hospital público de determinado estado da Federação cometeu suicídio, atirando-se de uma
janela próxima a seu leito, localizado no quinto andar do hospital. Com base nessa situação hipotética, fica excluída a
responsabilidade do Estado, por ter sido a culpa exclusiva da vítima, sem possibilidade de interferência do referido ente
público.
Comentário:

O entendimento acerca da responsabilidade civil pelo suicídio de pessoas sob a guarda do Estado não é uniforme na
jurisprudência. As decisões variam a depender do caso concreto. Afinal, o suicídio é ou não é um caso de culpa exclusiva
da vítima?
No caso de suicídio envolvendo paciente internado em hospital público, o STF já se manifestou que a
responsabilidade extracontratual do Estado fica excluída pela culpa exclusiva da vítima. Veja, por exemplo, a decisão
do Supremo no RE 318.725/RJ:

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO


ESTADO. SUICÍDIO DE PACIENTE EM HOSPITAL PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO CAUSAL ENTRE
O EVENTO E A ATUAÇÃO DO ENTE PÚBLICO. 1. A discussão relativa à responsabilidade extracontratual
do Estado, referente ao suicídio de paciente internado em hospital público, no caso, foi excluída pela culpa
exclusiva da vítima, sem possibilidade de interferência do ente público. 2. Agravo regimental improvido.

Daí, portanto, o gabarito da questão. Diversa, a meu ver, seria a situação em que a tendência suicida do paciente
pudesse ser diagnosticada a priori, caso em que caberia ao Estado se acautelar das providências necessárias, para
impedir que o internado lograsse tirar a própria vida. Mas esse não foi o caso.
Quanto ao suicídio de detento em estabelecimento prisional, o STF possui outra posição, reconhecendo a
responsabilidade civil objetiva do Estado. Foi a decisão adotada, por exemplo, no ARE 700.927/GO:

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo. 3. Responsabilidade


civil do Estado. Indenização por danos morais. Morte de preso em estabelecimento
prisional. Suicídio. 4. Acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência desta Corte. Incidência da
Súmula 279. Precedentes. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo
regimental a que se nega provimento.

Em geral, quando se trata do suicídio de detentos, a jurisprudência tem reconhecido a responsabilidade objetiva do
Estado, não admitindo a exclusão da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.

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Enfim, percebe-se que existem na jurisprudência posições diversas e exatamente opostas em relação à
responsabilidade civil do Estado na hipótese de suicídio de pessoas sujeitas à sua guarda. Por isso, considero que é
possível afirmar que o suicídio, por si só, não caracteriza culpa exclusiva da vítima; deve-se analisar as demais
circunstâncias que envolvem o caso, especialmente a previsibilidade da conduta do suicida, para concluir se há ou não
responsabilidade do Estado. A não ser no caso dos detentos, em que a orientação jurisprudencial tende a ser pela
responsabilidade objetiva do Estado, não existe uma regra única a ser seguida na prova. Cabe ao candidato analisar
todas as informações presentes na questão – especialmente os elementos subjacentes, e não apenas o suicídio em si –
para decidir qual a melhor resposta.
Gabarito: Certo

Caso ocorra o suicídio de um detento dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado, a administração
pública, segundo entendimento recente do STJ, estará, em regra, obrigada ao pagamento de indenização por danos
morais.
Comentário:

A questão aborda a responsabilidade civil do Estado na hipótese de suicídio de detentos. Nesse caso específico, a
jurisprudência vem se consolidando no sentido de que a responsabilidade do Estado é objetiva, e que o suicídio em
ambiente prisional não é culpa exclusiva vítima. Segundo a jurisprudência do STJ (Resp 1.305.259/SC), “a
responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é objetiva em face dos riscos inerentes ao meio em que eles
estão inseridos por uma conduta do próprio Estado”.
Gabarito: Certo

Vamos agora aprender como ocorre a reparação do dano causado pelo agente público ao particular, e como a pessoa
jurídica poderá exercer o seu direito de regresso contra o agente.
Em frente!

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Ação de reparação do dano: particular x Administração

Caso a Administração e o terceiro lesado não consigam entrar em acordo para reaver o prejuízo de forma amigável, na
via administrativa, o particular que sofreu o dano praticado por agente público deverá intentar a ação judicial de
reparação em face da Administração Pública, pleiteando indenização pelo prejuízo.

A ação de reparação deve ser movida contra a Administração (pessoa jurídica), e não contra o agente
que causou o dano.

Isso porque, conforme o art. 37, §6º da CF, é a própria pessoa jurídica (de direito público ou de direito privado
prestadora de serviço público) que responderá objetivamente pela reparação dos danos causados a terceiros por seus
agentes. Portanto, quem deve figurar no polo passivo (respondendo, sendo processado) da ação de indenização
movida pelo particular é a pessoa jurídica, e não o agente público; este tampouco poderá figurar em conjunto com a
pessoa jurídica, na posição de litisconsorte.
Este é o posicionamento do STF, manifestado em inúmeras decisões, dentre elas, no RE 344.133/PE:

Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, descabendo concluir pela legitimação passiva concorrente do agente,
inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de ressarcimento - direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

E definitivamente decidido no RE 1.027.633/SP (Informativo 947 do STF), sendo fixada a seguinte tese de repercussão
geral:

A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente
público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O colegiado asseverou que o aludido dispositivo constitucional não encerra legitimação concorrente, ou seja, a ação
de indenização também não pode ser proposta contra ambos – o Estado e o agente público. Assim, a pessoa jurídica de
direito público e a de direito privado prestadora de serviços públicos respondem sozinhas pelos danos causados a
terceiros, considerado ato omissivo ou comissivo de seus agentes.
Segundo a jurisprudência do STF, essa sistemática consagra uma dupla garantia: uma, em favor do particular, pois lhe
possibilita mover ação indenizatória contra a pessoa jurídica, o que, em tese, aumenta a sua chance de ser indenizado
(o Estado tem mais “força financeira” que o agente público causador direto do dano); e outra garantia em prol do
agente público, que somente responderá perante a Administração, em caso de dolo ou culpa, mediante ação
regressiva.

Detalhando um pouco mais...

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Em que pese a posição do STF, há na doutrina quem defenda a possibilidade de se mover ação de
reparação diretamente contra o agente público. Tal é a posição, por exemplo, de Carvalho Filho, para quem “o fato de
ser atribuída responsabilidade objetiva à pessoa jurídica não significa a exclusão do direito de agir diretamente contra
aquele que causou o dano”.
Já o autor Celso Antônio Bandeira de Mello registra que a vítima pode propor ação de indenização contra o agente,
contra o Estado ou contra ambos, como responsáveis solidários, no caso de dolo ou culpa.
Na prova, portanto, não se deve descartar logo de cara alguma alternativa que afirme ser possível acionar diretamente
o agente público; o melhor é verificar se o enunciado faz referência à doutrina, pois, se fizer, o item poderá ser
considerado correto.
Não obstante, deve-se tomar como REGRA GERAL (caso o enunciado não cite a doutrina ou apenas peça o
posicionamento do STF) que a ação de reparação deverá ser intentada contra a pessoa jurídica causadora do dano, e
não contra o agente, não se admitindo sequer o litisconsórcio passivo (entre a pessoa jurídica e o servidor) em tal
situação.

Como a responsabilidade civil do Estado é do tipo objetiva (ou seja, independe de culpa ou dolo da Administração),
basta ao particular, na ação de reparação, demonstrar a existência de um nexo causal entre o fato lesivo (de autoria da
Administração) e o dano (material ou moral). A partir daí, se o Poder Público quiser se eximir da obrigação de indenizar,
deverá provar (pois o ônus da prova é seu) que a vítima concorreu com dolo ou culpa para o evento danoso, o que pode
resultar em três situações:

1. o Estado não consegue provar (que a vítima concorreu com dolo ou culpa para o evento danoso),
portanto responderá integralmente pelo dano;
2. o Estado consegue provar que a culpa total foi do particular (culpa exclusiva da vítima), caso em que
ficará eximido da obrigação de reparar;
3. o Estado consegue provar que houve culpa recíproca (parcial de ambas as partes), ou seja, culpa
concorrente, caso em que a obrigação será atenuada proporcionalmente.

O valor da indenização deve abranger o que a vítima efetivamente perdeu e o que gastou – por exemplo, com
advogado – para ressarcir-se do prejuízo (danos emergentes), bem como o que deixou de ganhar em consequência
direta do dano provocado pelo agente público (lucros cessantes). Some-se a isso, quando for o caso, a indenização
pelo dano moral.
Detalhe importante é que, conforme previsto na Lei 9.494/97[1], a ação de reparação contra a Administração se sujeita
a prazo de prescrição de cinco anos.
Em outras palavras, o particular tem cinco anos para mover a ação judicial de reparação contra as pessoas jurídicas
cujos agentes tenham lhe provocado algum prejuízo. Passado esse prazo, o particular perde o direito à indenização. O
prazo prescricional de cinco anos se aplica, inclusive, para os danos provocados pelos agentes das delegatárias de
serviços públicos, não integrantes da Administração.

Jurisprudência

1. Há precedentes do STJ e do STF que reconhecem a imprescritibilidade das ações indenizatórias por danos
morais ou materiais decorrentes de atos de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, praticados

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durante o regime militar[2]. Isso, porque as referidas ações referem-se a período em que a ordem jurídica foi
desconsiderada, com legislação de exceção, havendo, sem dúvida, incontáveis abusos e violações dos
direitos fundamentais, mormente do direito à dignidade da pessoa humana.
2. Para o STJ, tratando-se de fato danoso caracterizado como crime, o termo de início da prescrição
quinquenal para a propositura da ação de indenização contra o Poder Público é a data do trânsito em
julgado da sentença criminal condenatória[3].

Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha ultrapassado cruzamento no sinal vermelho
e o fato ocasione sérios danos à saúde do condutor do veículo particular. Considerando essa situação hipotética e a
responsabilidade civil da administração pública, julgue o item subsequente.
No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado prescreverá em vinte anos.

Comentário:

A ação de indenização contra o Estado prescreverá em cinco anos, e não em vinte.

Gabarito: Errado

Todos os anos, na estação chuvosa, a região metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o
que causa graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores preponderantes
causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor ação contra o Estado ou, se preferir,
diretamente contra o agente público responsável, visto que a responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é
solidária.
Comentário:

Com base na jurisprudência do STF, a ação de indenização deverá ser proposta contra o Estado, e não diretamente
contra o agente público, daí o erro. A responsabilidade do Estado, no caso, é subjetiva, na modalidade culpa
administrativa, de modo que o cidadão só terá direito a indenização se restar comprovado – e o ônus da prova é do
cidadão – que determinada omissão culposa da Administração concorreu para o surgimento do resultado danoso.
Gabarito: Errado

De acordo com a lei e com a jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item com relação à responsabilidade civil
do Estado.
As ações de reparação de danos oriundas de violações a direitos fundamentais ocorridas durante o período do regime
militar no Brasil são imprescritíveis.
Comentário:

Com base no entendimento do STJ e do STF, são imprescritíveis as ações de reparação de dano ajuizadas em razão
de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o Regime Militar, afastando a prescrição quinquenal
prevista no art. 1º, do Decreto 20.910 de 1932.
Gabarito: Errado

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[1] Art. 1o-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas
jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
[2] STJ – Resp 816.209
[3] STJ – Resp 435.266/SP

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Ação regressiva: Administração x agente público

O art. 37, § 6º da CF autoriza que a pessoa jurídica condenada por responsabilidade civil do Estado mova ação
regressiva contra o agente cuja atuação acarretou o dano, desde que seja comprovado dolo ou culpa na atuação do
agente.

O dolo ocorre quando o agente tem a intenção de provocar o dano, enquanto a culpa ocorre quando o
agente, embora não tenha a intenção do dano, não toma os cuidados necessários, ou faz algo para o
qual não está apto, englobando a negligência, a imperícia e a imprudência.

Não é demais salientar que, por necessitar da comprovação de dolo ou culpa, a responsabilidade civil do agente perante
a pessoa jurídica é de natureza subjetiva.
Para entrar com a ação de regresso contra o agente, a pessoa jurídica (entidade pública ou delegatária de serviços
públicos) deverá comprovar que já foi condenada judicialmente a indenizar o particular que sofreu o dano. Isso porque
o direito de regresso nasce com o trânsito em julgado da decisão condenatória prolatada na ação de indenização.

Preste atenção!

A Lei 4.619/1965, que dispõe sobre a ação regressiva da União contra seus agentes, prevê expressamente que “o prazo
para ajuizamento da ação regressiva será de sessenta dias a partir da data em que transitar em julgado a condenação
imposta à Fazenda”. Portanto, pela lei, a propositura da ação de regresso independe do efetivo pagamento da
indenização à vítima (que poderá ter um prazo adicional para ser feito); basta a condenação judicial transitada em
julgado. Essa é a REGRA GERAL que deverá ser levada para a prova.
Vale saber, contudo, que parte da doutrina, e também alguns julgados do STJ, entende que o direito de regresso do
Estado em face do agente público surge com o efetivo desembolso da indenização. Segundo essa corrente de
entendimento, não basta o trânsito em julgado da sentença que condena o Estado na ação indenizatória, pois o
interesse jurídico na propositura da ação regressiva depende do efetivo desfalque nos cofres públicos. A propositura da
ação regressiva antes do pagamento poderia ensejar enriquecimento sem causa do Estado.
Cumpre ressaltar que esse prazo de 60 dias é um prazo administrativo para que os Procuradores da República
ingressem com ações judiciais contra os agentes públicos (hoje a competência é dos Advogados da União, a quem cabe
a representação judicial da União, conforme artigo 131 da Constituição Federal), o que não se confunde com o prazo
prescricional da ação regressiva (que será discutido daqui a pouco).

Vale anotar que, mesmo que não se consiga provar a culpa ou dolo do agente público, a obrigação da Administração
perante o particular não muda, vale dizer, o insucesso da ação de regresso não tem impacto algum sobre a ação de
reparação já julgada. A única consequência seria que a Administração não veria ressarcido o valor da indenização que
pagou ao particular (a indenização seria suportada pelos cofres públicos, portanto).

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Interessante registrar que, por ser uma ação de natureza cível (indenizatória), a ação regressiva transmite-se aos
sucessores (herdeiros) do agente causador do dano, os quais ficarão responsáveis por promover a reparação mesmo
após a morte do agente. O limite até o qual os sucessores responderão é o valor do patrimônio transferido, como
herança, pelo agente público falecido.

Por exemplo, se o agente falecido deixou aos sucessores um patrimônio de R$ 100 mil e a indenização
que a pessoa jurídica foi condenada a pagar foi de R$ 150 mil, então a ação regressiva só poderá cobrar
dos sucessores o valor de R$ 100 mil (ou seja, a pessoa jurídica deixaria de reaver R$ 50 mil em razão da
morte do agente).

As dívidas de valor são repassadas para os sucessores por não serem penalidades, mas uma simples recomposição dos
cofres públicos. Tal sistemática está em consonância com o art. 5º, XLV da CF, pelo qual “nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.
Ainda em decorrência da sua natureza cível, a ação regressiva poderá ser ajuizada mesmo após o término do vínculo
entre o servidor e a Administração Pública. Nada impede, portanto, que o agente seja responsabilizado ainda que tenha
pedido exoneração, esteja aposentado, em disponibilidade etc.

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Acerca da prescrição da ação regressiva, é necessário “mergulhar” na doutrina e na jurisprudência. Então vamos lá!

Aprofundando

Prescrição da ação regressiva

Vamos começar pelo art. 37, § 5º da CF:

Art. 37, § 5º. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

A doutrina costumava prelecionar que, por força da parte final desse dispositivo constitucional (grifada), todas as ações
judiciais de ressarcimento ao erário seriam imprescritíveis. Explicava-se que o ilícito em si estaria sujeito a prescrição,
mas a ação de ressarcimento ao erário seria imprescritível. Assim, se o Estado desejasse punir o agente pela prática de
algum ilícito que tenha causado prejuízo ao erário (aplicando-lhe uma multa ou demitindo-lhe, por exemplo), deveria
observar os prazos prescricionais previstos na legislação; contudo, a ação de ressarcimento movida contra o agente,
que visa tão somente recompor os cofres públicos (e não punir o agente), não se sujeitaria a prazo de prescrição.
Você concorda que isso gerava uma insegurança jurídica enorme para o agente público? Até o final da sua vida, o
servidor ficaria preocupado com a possibilidade do Estado ingressar ação judicial de ressarcimento (ação regressiva)
contra a sua pessoa. Na verdade, até os seus sucessores se preocupariam com isso.
Foi justamente por causa disso que esse entendimento começou a mudar. De acordo com o próprio STF (RE 636.886/AL
– Tema 899): “a regra de prescritibilidade no Direito brasileiro é exigência dos princípios da segurança jurídica e do
devido processo legal, o qual, em seu sentido material, deve garantir efetiva e real proteção contra o exercício do
arbítrio, com a imposição de restrições substanciais ao poder do Estado em relação à liberdade e à propriedade
individuais, entre as quais a impossibilidade de permanência infinita do poder persecutório do Estado.”
Pois bem, em 2016, o STF julgou um caso que foi mais ou menos assim: um particular, por comprovada imprudência (ou
seja, culpa), bateu num veículo oficial da administração direta. O órgão público então pagou o conserto do seu próprio
carro, e, sete anos depois, ajuizou ação de indenização contra o particular.
A defesa do particular alegou houve prescrição. Já a Fazenda Pública sustentou a tese de que as ações de ressarcimento
ao erário propostas em caso de ilícitos civis praticados contra o Poder Público são imprescritíveis.
O que foi que o STF decidiu?

Decidiu, com repercussão geral (RE 669.069/MG – Tema 666), que a parte final do § 5° do art. 37 da Constituição não
pode ser interpretada como uma regra de imprescritibilidade aplicável a ações de ressarcimento ao erário relativas
a prejuízos ocasionados por todo e qualquer ilícito. Especificamente, ficou estabelecido que estão sujeitas a
prescrição as ações judiciais de ressarcimento de prejuízos ao erário causados por ilícito civil comum - isto é, por mero
ilícito civil, por uma conduta que, além de não ser tipificada como crime, não se enquadra como ato de improbidade
administrativa.
Nas palavras dessa Corte: “é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido
ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei.”
Beleza. Mas qual é o prazo prescricional previsto em lei?

Aqui há uma divergência de entendimentos. Por enquanto, temos duas correntes:

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• 3 anos, com base no art. 206, § 3º, V, do CC (prescreve em três anos a pretensão de reparação civil);

• 5 anos, aplicando-se, com base no princípio da isonomia, o prazo trazido pelo Decreto 20.910/32. Este dispositivo
prevê que o prazo prescricional para ações propostas contra a Fazenda Pública é de 5 anos. Logo, o mesmo prazo
deveria ser aplicado para as ações ajuizadas pela Fazenda Pública (inclusive nas ações de regresso da Fazenda Pública
contra agentes públicos).
Vale ressaltar que essa segunda corrente (5 anos) é uma posição pacífica do STJ.

Agora cuidado! Esse entendimento não vale para reparação dos danos ambientais causados, pois eles são
imprescritíveis. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que as infrações ao meio ambiente são de caráter
continuado, motivo pelo qual as ações de pretensão de cessação dos danos ambientais são imprescritíveis. O STF
também, em poucas palavras, já disse que “é imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental” (RE
654833 Repercussão Geral – Tema 999).
A prescrição também não se aplica às ações de ressarcimento ao erário dos prejuízos causados por atos de
improbidade administrativa. Ou seja: essas ações de ressarcimento também são imprescritíveis!
É que, em 2020 (RE 636.886/AL – Tema 899), ainda antes da Lei 14.230/21, o Supremo reforçou a sua tese de 2018 (RE
852.475/SP – Tema 897) – de que “são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa”) – e acrescentou que “em relação a todos os demais atos
ilícitos, inclusive àqueles atentatórios à probidade da administração não dolosos e aos anteriores à edição da Lei
8.429/1992, aplica-se o Tema 666, sendo prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública”.
Observação: a Lei 14.230/21 alterou a Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), tipificando como improbidade
administrativa apenas condutas dolosas, isto é, a partir da data de publicação dessa lei, condutas culposas não são mais
tipificadas como atos de improbidade administrativa. Por isso que a decisão do STF menciona, hoje
desnecessariamente, “ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa”. Se é tipificado como ato de
improbidade administrativa, é doloso. Em outras palavras: se a decisão publicada fosse após a Lei 14.230/21, bastaria o
STF dizer que são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato tipificado na Lei de
Improbidade Administrativa.
Pois bem. O Tema 666, que se aplica a todos os demais atos ilícitos, é justamente o que acabamos de ver: “é prescritível
a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil”.
Outro entendimento importante que você deve ter em mente é que, nesse mesmo julgamento de 2020 (RE 636.886/AL
– Tema 899), o STF fixou a seguinte tese com repercussão geral: “é prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário
fundada em decisão de Tribunal de Contas”.
Na decisão, explica-se que “no processo de tomada de contas, o TCU não julga pessoas, não perquirindo a existência de
dolo decorrente de ato de improbidade administrativa, mas, especificamente, realiza o julgamento técnico das contas a
partir da reunião dos elementos objeto da fiscalização e apurada a ocorrência de irregularidade de que resulte dano ao
erário, proferindo o acórdão em que se imputa o débito ao responsável, para fins de se obter o respectivo
ressarcimento”. A pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes públicos reconhecida em acórdão de
Tribunal de Contas prescreve na forma da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal).
Ressalte-se que a decisão do Supremo é sobre a execução das decisões dos Tribunais de Contas (resultado final dos
trabalhos da Corte de Contas), e não sobre a prescrição no âmbito dos processos internos ao Tribunal de Contas para a
recomposição de prejuízo ao erário. São momentos distintos.
Portanto, em resumo:

• imprescritíveis: 1) danos ambientais; 2) ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso
tipificado na LIA;
• prescritíveis: 1) ações de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil (e todos os demais atos
ilícitos) e 2) a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas.

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Agora, inspirados na obra de Márcio André Lopes Cavalcante, vamos resumir tudo numa tabela:

Situação Prescrição

Ação de reparação de danos à Fazenda Pública


É prescritível (Tema 666)
decorrente de ilícito civil

Pretensão de ressarcimento ao erário fundada em


É prescritível (Tema 899)
decisão de Tribunal de Contas

Ações de ressarcimento ao erário fundadas na É prescritível (Tema 666). E após a reforma feita pela Lei
prática de ato culposo tipificado na Lei de 14.230/21, condutas culposas não são mais tipificadas como
Improbidade Administrativa atos de improbidade administrativa.

Ações de ressarcimento ao erário fundadas na


prática de ato doloso tipificado na Lei de É imprescritível (Tema 897)
Improbidade Administrativa

Pretensão de reparação civil de dano ambiental É imprescritível (Tema 999)

Questões para fixar

CEBRASPE – MPE-CE – Técnico ministerial – 2020

A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público pelos atos causados por seus agentes é objetiva, enquanto
a responsabilidade civil dos agentes públicos é subjetiva.
Comentário:

A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público - assim como da pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviços públicos - pelos danos causados por seus agentes é objetiva, baseada na teoria do risco
administrativo, conforme art. 37, §6º da Constituição Federal. Dizer que a responsabilidade é objetiva significa que não
há necessidade de se demonstrar que houve dolo ou culpa do agente público para que a pessoa jurídica seja
responsabilizada a indenizar o terceiro que sofreu o dano.
Já a responsabilidade do agente público é subjetiva, devendo ser apurada em ação de regresso, também segundo o art.
37, §6º da Constituição Federal. Em razão de a responsabilidade do agente ser subjetiva, ele somente poderá
condenado a ressarcir o erário na ação de regresso caso seja demonstrado que agiu com dolo ou culpa.

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Gabarito: Certo

Considere que o motorista de um veículo oficial de determinado ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite
legal, tenha colidido contra um veículo de particular que estava devidamente estacionado. Nessa situação, embora o
Estado seja obrigado a indenizar o dano, somente haverá o direito de regresso do Estado caso se comprove o dolo
específico na conduta do servidor.
Comentário:

Nos termos do art. 37, §6º da CF, direito de regresso do Estado existe em caso de dolo ou culpa (e não apenas em caso
de dolo).
Gabarito: Errado

De acordo com o sistema da responsabilidade civil objetiva adotado no Brasil, a administração pública pode, a seu juízo
discricionário, decidir se intenta ou não ação regressiva contra o agente causador do dano, ainda que este tenha agido
com culpa ou dolo.
Comentário:

A doutrina majoritária é no sentido de que a ação regressiva é obrigatória. Afinal, é a integridade do erário que está
jogo, não podendo o agente público abrir mão, a seu critério, de um patrimônio que é de todos. Tanto é assim que a Lei
4.619/1965 estipula o prazo de 60 dias para ajuizamento da ação regressiva, a contar da data em que transitar em
julgado a condenação imposta ao Estado. O não cumprimento desse prazo pelos procuradores responsáveis por
impetrar a ação constitui falta no exercício do dever.
Gabarito: Errado

O servidor que, por descumprimento de seus deveres funcionais, causar dano ao erário, ficará obrigado ao
ressarcimento, em ação regressiva.
Comentário:

O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. Nos termos do art.
122 da Lei 8.112/1990, “a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
prejuízo ao erário ou a terceiros”. Assim, na hipótese de um ato do servidor causar dano ao erário, ele responderá na
esfera civil diretamente, ficando obrigado ao ressarcimento. A ação regressiva ocorre para os casos de danos a terceiros,
daí o erro.
Gabarito: Errado

De acordo com a lei e com a jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item com relação à responsabilidade civil
do Estado.
As ações de reparação de danos em geral ajuizadas contra a Fazenda Pública têm prazo prescricional quinquenal,
iniciado a partir da ocorrência do fato ensejador da lesão.
Comentário:

Com base na jurisprudência do STJ, sabe-se que "nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, incide o
prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto 20.190/32, em detrimento do prazo de três anos previsto no art.
206, §3º, V, do Código Civil de 2002".
Gabarito: Certo

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Qual o prazo de prescrição para que o Estado possa exercer seu direito de regresso contra o agente público responsável
pelo dano, através de ação judicial própria, na qual busca o ressarcimento pelo valor da indenização que pagou à vítima
do dano?
A) O prazo é quinquenal, a contar da data em que o Estado pagou a indenização à vítima do dano.
B) O prazo é decenal, contado a partir do fato danoso.
C) O prazo prescricional aplicável é o mesmo previsto na lei penal para o fato danoso.
D) O prazo é quinquenal, contando-se a partir do evento danoso.
E) Essas ações são imprescritíveis.
Comentário:

Nessa questão, a banca considerou o entendimento do STF (RE 669.069/MG – Tema 666) de que “é prescritível a ação
de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um
dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional
previsto em lei.”
E também o posicionamento já pacificado pelo STJ de que o prazo prescricional previsto em lei para as ações de
reparação de danos à Fazenda Pública é de 5 anos (quinquenal), aplicando-se, com base no princípio da isonomia, o
prazo trazido pelo Decreto 20.910/32. Este dispositivo prevê que o prazo prescricional para ações propostas contra a
Fazenda Pública é de 5 anos. Logo, o mesmo prazo deveria ser aplicado para as ações ajuizadas pela Fazenda Pública
(inclusive nas ações de regresso da Fazenda Pública contra agentes públicos).
Ademais, a Lei 4.619/1965, que dispõe sobre a ação regressiva da União contra seus agentes, prevê expressamente que
“o prazo para ajuizamento da ação regressiva será de sessenta dias a partir da data em que transitar em julgado a
condenação imposta à Fazenda”. Essa é a regra geral!
Contudo, parte da doutrina, e também alguns julgados do STJ, entende que o direito de regresso do Estado em face do
agente público surge com o efetivo desembolso da indenização. Segundo essa corrente de entendimento, não basta o
trânsito em julgado da sentença que condena o Estado na ação indenizatória, pois o interesse jurídico na propositura da
ação regressiva depende do efetivo desfalque nos cofres públicos. A propositura da ação regressiva antes do
pagamento poderia ensejar enriquecimento sem causa do Estado.
Portanto, respondendo à questão, o prazo de prescrição para que o Estado possa exercer seu direito de regresso contra
o agente público responsável pelo dano seria quinquenal, a contar da data em que o Estado pagou a indenização à
vítima do dano (alternativa “a”).
Gabarito: alternativa “a”

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Denunciação à lide

Antes de encerrar esse tópico, cabe abordar a (in)aplicabilidade da “denunciação à lide” aos processos judiciais
fundados na responsabilidade civil objetiva do Estado.
Primeiro, vamos ver o que significa essa expressão. Lide quer dizer litígio, uma questão a ser resolvida, normalmente,
em processo de natureza judicial. Assim, “denunciar à lide” significa, de maneira simples, trazer para um processo
judicial alguém que pode (ou deve, em algumas situações) ser trazido.
O art. 125, II, do Código de Processo Civil prevê que “é admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das
partes àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
no processo”. Isso significa que, na esfera do direito privado, se uma empresa é alvo de ação civil por prejuízo causado
por um de seus empregados, poderá ser feita a “denunciação da lide” ao funcionário, ou seja, aquele funcionário poderá
ser chamado a responder na mesma ação judicial.
Existem divergências doutrinárias e jurisprudenciais a respeito da aplicação ou não do instituto da denunciação à lide às
ações civis contra o Estado. Não obstante, a posição majoritária da doutrina e da jurisprudência é no sentido
da inaplicabilidade da denunciação à lide pela Administração a seus agentes.
Em outras palavras, a Administração não pode, já na primeira ação (isto é, na ação de indenização movida pela pessoa
que sofreu o dano), trazer para o processo (denunciar à lide) seu agente cuja atuação ocasionou o dano.
O argumento é: a responsabilidade do agente é subjetiva; a do Poder Público, objetiva. Admitir a denunciação pelo
Poder Público ao agente importaria trazer, já para a ação de indenização, a discussão acerca da existência de dolo ou
culpa na conduta do agente público, o que certamente traria prejuízos ao particular interessado; primeiro
porque atrasaria o recebimento da indenização (afinal, enquanto a responsabilidade da Administração é objetiva, não
demandando análise de culpa, denunciar o agente à lide tornaria a ação dependente da demonstração da sua culpa, ou
seja, seria gasto mais tempo com análise de provas, atrasando a solução final do litígio), e segundo porque, se ficasse
comprovada a culpa do agente já na ação de reparação, este é que seria o responsável por indenizar o particular, e não a
Administração, gerando o risco de o agente não dispor de recursos financeiros suficientes para arcar com a despesa.
Assim, se fosse cabível a denunciação da lide, ocorreria, dentro do processo do particular contra a Administração, uma
discussão relativa à existência ou não de culpa do agente, e essa discussão, a princípio, em nada interessa o particular
(presume-se que o único interesse do particular é ver o seu dano ressarcido, objetivamente).
Na esfera federal, o art. 122, §2º da Lei 8.112/1990 estabelece que “tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva”. O significado desse dispositivo é que o exercício do direito de
regresso previsto no art. 37, §6º da CF deverá ser exercido pela Administração mediante ação própria, a ação
regressiva, e não chamando o agente público para a ação de indenização movida pelo particular lesado contra o
Estado.
Portanto, na esfera federal, pode-se dizer que o instituto da denunciação à lide, por expressa disposição legal, não é
aplicável nos processos em que se discute a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos causados a terceiros.

Detalhando um pouco mais...

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Como sobredito, a inaplicabilidade da denunciação à lide é a posição majoritária, adotada, inclusive, pelo STF e, na
esfera federal, expressamente prevista na Lei 8.112/1990. Essa é a REGRA GERAL que deve ser levada para a prova.
Porém, vale saber que existem julgados do STJ e posições doutrinárias que admitem a denunciação à lide quando o
próprio denunciante chamar o agente público ao processo, ou seja, o particular lesado, ao entrar com a ação de
indenização, poderia arguir a culpa do agente público.
Com efeito, para o STJ, nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado, a denunciação
à lide não é obrigatória, se inserindo na seara da discricionariedade do denunciante.
Sobre o tema, a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende a impossibilidade da denunciação da lide, se o autor da
ação contra o Estado a propõe com base na culpa anônima do serviço ou apenas na responsabilidade objetiva decorrente
do risco. Agora, se a ação é fundada na responsabilidade objetiva do Estado, com arguição de culpa do agente público,
a denunciação da lide é cabível como também é possível o litisconsórcio facultativo ou a propositura diretamente
contra o agente público. Ou seja, para a autora, cabe à vítima decidir contra quem irá propor a ação de indenização.

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Responsabilidade por atos legislativos e judiciais

Neste tópico, vamos abordar a responsabilidade do Estado diante do desempenho de outras atividades estatais, mais
especificamente, na prática de atos legislativos e judiciais.
A tese doutrinária dominante é que o Estado responde civilmente pelos prejuízos causados a terceiros em razão de atos
administrativos, praticados por qualquer órgão ou Poder (inclusive o Legislativo e o Judiciário).
Por outro lado, na prática de atos judiciais (Poder Judiciário, função jurisdicional) e atos legislativos (Poder Legislativo,
função legislativa), não cabe, REGRA GERAL, a responsabilização civil do Estado.
Assim, por exemplo, não caberia indenização do Estado ao particular que tenha sido prejudicado por uma lei aprovada
pelo Legislativo. Tampouco o Estado poderia ser responsabilizado em razão de uma sentença judicial que tenha
causado prejuízos financeiros a alguém.
Todavia, como destacado acima, a não responsabilização civil do Estado em face da prática de atos legislativos e
judiciais é uma regra geral que, como tal, admite exceções. Vejamos.

Atos legislativos
No que diz respeito aos atos legislativos típicos, a doutrina e a jurisprudência têm admitido, por exceção,
a responsabilização do Estado em duas hipóteses:

1. Edição de leis de efeitos concretos; e

2. Edição de leis inconstitucionais, desde que declaradas pelo STF.

Leis de efeitos concretos são aquelas que não possuem caráter normativo, não detêm generalidade, impessoalidade e
nem abstração. São leis exclusivamente formais, provindas do Legislativo, mas que possuem destinatários certos,
determinados.
No caso, o administrado atingido diretamente pela lei de efeitos concretos tem direito à reparação dos eventuais
prejuízos advindos da aplicação da norma, configurando-se a responsabilidade extracontratual do Estado.

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A razão para que as leis de efeitos concretos determinem o dever de o Estado arcar com os prejuízos que elas tenham
causado ao particular é que tais atos legislativos são leis apenas formalmente (isto é, quanto à forma, eis que
aprovadas pelo Legislativo), mas, materialmente (isto é, quanto ao conteúdo), são muito parecidas com os atos
administrativos (por possuírem destinatários certos e determinados), proporcionando, portanto, os mesmos efeitos de
atos desta natureza (administrativos). São exemplos as leis que aprovam planos de urbanização, as leis que concedem
isenções fiscais a determinado setor ou pessoa, etc.
Em relação à edição de leis inconstitucionais, parte-se da premissa de que o Poder Legislativo, embora possua
soberania para editar leis, deve elaborá-las em conformidade com a Constituição. Assim, caso o Legislativo não observe
essa condição e venha a elaborar leis inconstitucionais, poderá surgir a responsabilidade extracontratual do Estado.
Ressalte-se que a responsabilização do Estado, nessa hipótese, depende da declaração de inconstitucionalidade da
lei pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tanto no controle concentrado como no difuso. Sem a declaração da
Suprema Corte, não há que se cogitar a responsabilidade estatal.
Ademais, é necessário que a lei tenha efetivamente causado dano ao particular. Dessa forma, havendo a declaração de
inconstitucionalidade da lei, a pessoa que tenha sofrido danos oriundos da sua incidência terá que ajuizar uma ação
específica pleiteando a indenização, a fim de demonstrar o dano sofrido.
Para a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o entendimento quanto às leis inconstitucionais pode ser estendido
aos regulamentos do Poder Executivo e às normas das agências reguladoras, com a peculiaridade de que a
indenização poderá ser pleiteada com fundamento na simples ilegalidade do ato, dispensando-se a prévia apreciação
judicial.
Finalmente, ressalte-se que alguns autores também apontam que a omissão legislativa pode gerar a responsabilidade
civil do Estado, especialmente quando a mora do legislador é reconhecida por meio de decisão judicial (exemplo:
mandado de injunção).
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, não há dúvida de que a omissão da norma pode ensejar a responsabilidade por
perdas e danos, pois assim já decidiu o Supremo Tribunal Federal. O “problema” é que solução diferente foi adotada em
outras hipóteses em que o STF não reconheceu o dever de indenizar diante da inércia do Executivo em iniciar a revisão
geral dos vencimentos, prevista no artigo 37, X, da Constituição. De acordo com a autora, “a diversidade de tratamento
diante da omissão do legislador mostra a insegurança do Poder Judiciário em relação à matéria, ou talvez a sua
resistência em invadir matéria legislativa que envolve o servidor público”.
O Estado só responderá pela indenização ao indivíduo prejudicado por ato legislativo quando este for declarado
inconstitucional pelo STF.
Comentário:

O Estado responderá pela indenização ao indivíduo prejudicado por ato legislativo quando este for declarado
inconstitucional pelo STF e também quando este for um ato legislativo de efeitos concretos. Portanto, a palavra “só”
restringe indevidamente o item. Alguns autores ainda apontam que a omissão legislativa pode gerar a
responsabilidade civil do Estado, especialmente quando a mora do legislador é reconhecida por meio de decisão judicial
(ex: mandado de injunção).
Gabarito: Errado

Atos judiciais
No que diz respeito aos atos judiciais típicos, a própria Constituição Federal estabeleceu, como garantia individual, que
“o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença” (CF,
art. 5º, LXXV).
Portanto, na hipótese de o indivíduo ser condenado por erro judiciário, terá direito, contra o Estado, à reparação do
prejuízo. No caso, a responsabilidade extracontratual do Estado é objetiva, isto é, independe de dolo ou culpa do

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magistrado.

O erro judiciário que gera a responsabilização civil do Estado restringe-se a erro na esfera penal.

Detalhe é que esse dispositivo da CF alcança apenas os erros cometidos pelo Judiciário na esfera penal. Nesses casos,
o Estado poderá ser condenado a indenizar na esfera cível a vítima do erro ocorrido na esfera penal. Por outro lado, o
dispositivo da CF não alcança os erros cometidos nas outras esferas, como a cível e a trabalhista.

Jurisprudência

Supremo Federal entende que a responsabilidade objetiva do Estado não se aplica nas hipóteses de prisão preventiva
em que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido ou tenha sua sentença condenatória reformada na instância
superior. Nesses casos, não cabe ao prejudicado pleitear do Estado indenização ulterior por dano moral.
Em outras palavras, pode-se dizer que o decreto judicial de prisão preventiva, desde que adequadamente
fundamentado, não se confunde com o erro judiciário. Interpretação diversa, de acordo com o STF, implicaria total
quebra do princípio do livre convencimento do juiz, afetando de modo irremediável sua segurança para apreciar e
valorar provas.
Ressalte-se, contudo, que o STF já admitiu a possibilidade de responsabilização civil objetiva do Estado por conta da
decretação de prisão preventiva em que não tenham sido observados os pressupostos legais para a adoção da
medida, gerando um grande prejuízo ao particular prejudicado (no caso, ele perdeu o emprego) .

Por fim, é importante mencionar que, por força do que dispõe o art. 143 do novo Código de Processo Civil, o magistrado
responderá “civil e regressivamente” por perdas e danos quando, no exercício de suas atribuições, proceder
dolosamente, inclusive com fraude, assim como quando recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo, providência
que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. Nessas situações, em que o juiz pratica atos jurisdicionais com
o intuito deliberado de causar prejuízo à parte ou a terceiro (conduta dolosa), também incide a responsabilidade civil
objetiva do Estado, assegurado o direito de regresso contra o juiz.
Considere que o Poder Judiciário tenha determinado prisão cautelar no curso de regular processo criminal e que,
posteriormente, o cidadão aprisionado tenha sido absolvido pelo júri popular. Nessa situação hipotética, segundo
entendimento do STF, não se pode alegar responsabilidade civil do Estado, com relação ao aprisionado, apenas pelo
fato de ter ocorrido prisão cautelar, visto que a posterior absolvição do réu pelo júri popular não caracteriza, por si só,
erro judiciário.
Comentário:

A questão apresenta corretamente o entendimento do STF acerca do assunto, no sentido de que a prisão preventiva,
por si só, não é suficiente para atrair a responsabilidade civil objetiva do Estado nos casos em que o réu, ao final da ação
penal, venha a ser absolvido ou tenha sua sentença condenatória reformada na instância superior.
Gabarito: Certo

Incidirá a responsabilidade civil objetiva do Estado quando, em processo judicial, o juiz, dolosamente, retardar

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providência requerida pela parte.


Comentário:

À época da prova, vigorava o CPC antigo, o qual estabelecia que, quando o juiz, dolosamente, retardasse providência
requerida pela parte, incidiria a responsabilidade pessoal subjetiva do magistrado, ou seja, não seria o Estado quem
deveria pagar a indenização ao prejudicado, e sim o próprio juiz. Porém, o novo CPC modificou essa regra: a partir de
agora, na hipótese de conduta dolosa do magistrado que venha a causar prejuízo à parte ou a terceiro, incide
a responsabilidade civil objetiva do Estado, assegurado o direito de regresso contra o juiz. Assim, vamos atualizar o
gabarito original da questão.
Gabarito: Certo

Suponha que o TJDFT, por intermédio de um oficial de justiça, no exercício de sua função pública, pratique ato
administrativo que cause dano a terceiros. Nessa situação, não se aplicam as regras relativas à responsabilidade civil do
Estado, já que os atos praticados pelos juízes e pelos auxiliares do Poder Judiciário não geram responsabilidade do
Estado.
Comentário:

No que concerne aos atos administrativos praticados pelos agentes do Poder Judiciário, incide normalmente
a responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que, é lógico, presentes os pressupostos de sua configuração.
Portanto, não se deve confundir os atos jurisdicionais típicos (que, em regra, não geram responsabilidade civil para o
Estado) com os atos administrativos praticados pelos agentes do Poder Judiciário (que, como visto, não se diferenciam
dos atos administrativos praticados pelo Executivo e demais Poderes).
Gabarito: Errado

[1] RE 429.518/SC
[2] RE 385.943

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Aula 9: Responsabilidade Civil do Estado

Casos especiais

Em seguida, vamos abordar alguns tópicos especiais relativos ao tema responsabilidade civil do Estado.

Responsabilidade por danos de obras públicas


Na aferição da responsabilidade civil por danos decorrentes de obras públicas interessa indagar, a priori, se o dano foi
causado:

Pela própria natureza da obra, ou seja, pelo só fato da obra;

Pela má execução da obra.

Quando o dano decorre da própria natureza da obra ou, em outras palavras, pelo só fato da obra, sem que tenha
havido culpa de alguém, a responsabilidade da Administração é do tipo objetiva, na modalidade risco administrativo.
Nesta situação, o dano resulta da obra em si mesma, por sua localização, extensão ou duração prejudicial ao particular,
sem relação direta com alguma falha na execução propriamente dita.
A ideia subjacente é que, como o resultado da obra pública, em tese, irá beneficiar a todos, é justo que os danos
decorrentes da própria natureza da obra também sejam repartidos, através da indenização arcada pelo erário.
Nessa hipótese (dano causado pelo só fato da obra), a responsabilidade da Administração independe de quem estava
executando a obra (se a própria Administração ou algum particular contratado).
Como exemplo de dano provocado pelo só fato da obra, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo trazem as rachaduras nas
paredes das casas próximas a uma obra para ampliação do metrô, provocadas pelas explosões necessárias à perfuração
e abertura de galerias, apesar de todas as precauções e cuidados técnicos tomados. Nesse caso, o dano a essas casas é
ocasionado pelo só fato da obra, sem que haja culpa de alguém, e quem responde pelo dano é a Administração Pública
(responsabilidade civil objetiva), mesmo que a obra esteja sendo executada por um particular por ela contratado.
De outra parte, danos também podem ser causados pela má execução da obra, ou seja, pela falha na adoção das
técnicas construtivas ou pela não observância dos procedimentos corretos por parte do executor da obra.
Nessa hipótese, já interessa saber quem está executando a obra.

Se a obra estiver sendo executada pela própria Administração, diretamente, ela responderá pelo dano objetivamente,
com base no art. 37, §6º da CF. Vale dizer, a reparação do dano causado a terceiros pela má execução de obra pública,
quando o executor é a própria Administração, constitui hipótese de incidência da responsabilidade civil objetiva do
Estado.
Diversamente, se o executor da obra for um particular contratado pela Administração (uma empreiteira, por exemplo),
quem responderá civilmente pelo dano é esse particular; porém, sua responsabilidade será do tipo subjetiva, ou seja, o
executor contratado só responderá se tiver atuado com dolo ou culpa. É o que prevê o art. 70 da Lei 8.666/1993:

Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros,
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa
responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.

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Nessa hipótese, se for o caso, o Estado responderá de forma subsidiária. É dizer, sua responsabilidade só estará
configurada se o executor não for capaz de promover a reparação dos danos que causou ao prejudicado. Caso o Poder
Público, como dono da obra, venha a ressarcir aquele que sofrera o prejuízo, poderá propor ação regressiva contra o
particular que era responsável pela execução dos serviços.
Por fim, há possibilidade de que tanto o empreiteiro quanto o Poder Público tenham contribuído para a má execução da
obra que resultou em prejuízo ao administrado. Nessas situações, ambos têm responsabilidade pelo dano ocorrido,
devendo arcar, de modo proporcional, com a eventual indenização devida, na medida da culpa de cada um.

Responsabilidade civil por atos de notários


O serviço público notarial e de registro é serviço próprio do Estado, uma vez que tem a finalidade de assegurar
autenticidade, segurança jurídica, eficácia e publicidade aos assentos, atos, negócios e declarações dos registros e/ou
das notas, todos com fé pública[1].
Nos termos da Constituição Federal, o serviço notarial e de registro é exercido em caráter privado, por delegação do
Poder Público (CF, art. 236[2]). Ressalte-se que tal delegação não está entre as regidas pelo art. 175 da CF (as quais
estudamos na aula sobre serviços públicos).
Uma das diferenças é que a delegação dos serviços notariais e registrais não é feita mediante licitação e sim por meio
de concurso público de provas e títulos.
Ademais, essa delegação é feita pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe, ainda, competência exclusiva para a fiscalização;
esta, vista como poder de polícia, permite a cobrança de taxa.
O delegatário, também chamado de notário ou tabelião, é uma pessoa física. É considerado um agente público em
sentido amplo (mas não é um servidor público detentor de cargo efetivo, é só agente público).
A serventia (cartório) não é uma pessoa jurídica, sendo o próprio particular, para o qual foi conferida a outorga da
delegação, o responsável pela prestação do serviço. Como dito, ele exerce a atividade em caráter privado, e é
responsável por todos os atos praticados na serventia.
O tabelião pode causar dano a terceiros quando, por exemplo, reconhecer uma firma falsa ou registrar erroneamente
um protesto, causando restrições cadastrais indevidas. Sendo assim, de quem seria a responsabilidade civil nesses
casos?
Para responder a essa pergunta, em 2019, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral[3]:

O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de
suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos
de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

Logo, a responsabilidade civil pelos danos causados por tabeliães e registradores é do Estado, de natureza objetiva,
assegurado o dever de regresso contrato o responsável, nos casos de dolo ou culpa.

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Note que, conforme a decisão do STF, a responsabilidade civil dos tabeliães é de natureza subjetiva (só respondem se
ficar provado que agiram com dolo ou culpa), sendo apurada no âmbito da ação de regresso.
Aliás, a responsabilidade subjetiva do tabelião, antes da decisão do STF, já estava prevista expressamente previsto no
art. 22 da Lei 13.286/2016:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que
causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes
que autorizarem, assegurado o direito de regresso.

Assim, o particular que for lesado por um ato de tabelião deverá entrar com ação de indenização contra o Estado,
devendo demonstrar apenas o nexo de causalidade entre o dano e a conduta do tabelião (responsabilidade objetiva). O
Estado, por sua vez, deverá entrar com ação de regresso contra o tabelião, nos casos de dolo ou culpa (responsabilidade
subjetiva).
Detalhe importante é que o STF considerou que a decisão de mover ação de regresso contra o tabelião seria um dever
do Estado, sob pena de o agente omisso responder por improbidade administrativa.

Responsabilidade por atentados terroristas


A Lei 10.744/2003 autorizou a União, na forma e critérios estabelecidos pelo Poder Executivo, a assumir despesas de
responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de danos a bens e pessoas, passageiros ou não,
provocados por atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos[4], ocorridos no Brasil ou
no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo
público, excluídas as empresas de táxi aéreo.
Perceba que, nesse caso, o Estado responderá civilmente pelos danos provocados por terceiros, ou seja, será
responsabilizado por evento alheio ao organismo estatal. E, na referida lei, não houve qualquer previsão de excludente
de responsabilidade. Por isso, a doutrina sustenta tratar-se de hipótese de risco integral.
Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as normas para a operacionalização da assunção, pela União, de
responsabilidades civis perante terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos.
Comentário:

O quesito está correto, de acordo com o art. 2º da Lei 10.744/2003:

Art. 2º Caberá ao Ministro de Estado da Fazenda definir as normas para a operacionalização da assunção
de que trata esta Lei, segundo disposições a serem estabelecidas pelo Poder Executivo.

Gabarito: Certo

[1] Hely Lopes Meirelles (2014, p. 475).


[2] Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus
prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços
notariais e de registro.
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que
qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

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[3] RE 842.846
[4] Os eventos correlatos incluem greves, tumultos, comoções civis, distúrbios trabalhistas, ato malicioso, ato de
sabotagem, confisco, nacionalização, apreensão, sujeição, detenção, apropriação, seqüestro ou qualquer apreensão
ilegal ou exercício indevido de controle da aeronave ou da tripulação em vôo por parte de qualquer pessoa ou pessoas a
bordo da aeronave sem consentimento do explorador.

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Resumo direcionado

TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO


ESTADO
Teoria da irresponsabilidade: o Estado não pode ser responsabilizado (Estados absolutistas; jamais existiu no Brasil).

Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade do Estado depende da comprovação de culpa.

Teoria da culpa comum ou civilista: o Estado poderá ser responsabilizado se comprovada a culpa do
seu agente. Apenas atos de gestão, mas não atos de império.
Teoria da culpa administrativa: o Estado poderá ser responsabilizado se comprovada a culpa
da Administração (falta do serviço). Aplicável nos casos de omissão na prestação de serviço público.

Responsabilidade objetiva: a responsabilidade do Estado independe da comprovação de culpa. Basta existir o dano,
o fato do serviço e o nexo causal entre eles:

Teoria do risco administrativo: admite excludentes -> aplicada como regra

Teoria do risco integral: não admite excludentes -> apenas casos excepcionais: danos nucleares, ambientais
e ataques terroristas a aeronaves brasileiras.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO:


ART. 37, §6º DA CF
Consiste na obrigação de o Estado reparar danos (morais e materiais) causados a terceiros.

É sempre de natureza civil e extracontratual.

Resulta de condutas dos agentes públicos comissivas ou omissivas, lícitas ou ilícitas.

Agentes devem atuar na condição de agentes públicos.

A responsabilidade do Estado é objetiva: o Estado responde pelos danos causados por seus
agentes independentemente de culpa.
A responsabilidade do agente é subjetiva: agente responde ao Estado, em ação regressiva, só se agir
com dolo ou culpa.

Elementos da responsabilidade objetiva

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A responsabilidade do Estado é objetiva: o Estado responde pelos danos causados por seus
agentes independentemente de culpa.
A responsabilidade do agente é subjetiva: agente responde ao Estado, em ação regressiva, só se agir
com dolo ou culpa.

Alcança as pessoas jurídicas


De direito público: todas (adm. direta, autarquias e fundações)

De direito privado prestadoras de serviço público: EP, SEM, fundações e delegatárias.


Estatais exploradoras de atividade econômica não!

Responsabilidade civil do Estado por ação ou omissão


Ação -> responsabilidade objetiva -> teoria do risco administrativo

Omissão -> responsabilidade subjetiva -> teoria da culpa administrativa

Prescrição
Ação de indenização: 5 anos

Ação regressiva: prescritíveis: decorrentes de ilícito civil e decisões de TCs; imprescritíveis: ato de
improbidade administrativa.
A ação regressiva depende da condenação da pessoa jurídica a indenizar a vítima (trânsito em julgado);

A ação regressiva transmite-se aos sucessores, até o limite da herança.

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
Culpa exclusiva da vítima (em caso de culpa concorrente, a responsabilidade é atenuada,
proporcionalmente);
Caso fortuito e força maior (eventos externos);

Evento exclusivo de terceiros, inclusive multidões;

O ônus da prova é da Administração!

ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS


Responsabilidade do Estado por atos legislativos típicos
Regra: NÃO HÁ

Exceção: pode haver em caso de:

Leis com efeitos concretos;

Leis declaradas inconstitucionais pelo STF.

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Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais típicos


Regra: NÃO HÁ

Exceções: pode haver em caso de erro judiciário, unicamente na esfera penal; conduta dolosa ou
fraudulenta com intuito deliberado de causar prejuízo às partes ou a terceiros.

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS


Só fato da obra -> não importa o executor -> responsabilidade civil objetiva do Estado

Má execução da obra

Execução a cargo da própria Administração -> responsabilidade civil objetiva do Estado

Execução a cargo de particular contratado -> responsabilidade civil subjetiva do contratado

POSICIONAMENTOS IMPORTANTES DA DOUTRINA E


DA JURISPRUDÊNCIA
As concessionárias de serviço público respondem objetivamente pelos danos causados por seus agentes a
terceiros, sejam usuários ou não-usuários do serviço prestado.
Nos danos causados a pessoas sob a guarda do Estado (alunos de escolas públicas, detentos e pacientes
internados), a responsabilidade civil do Estado é objetiva, na modalidade risco administrativo, mesmo que
os danos não tenham sido diretamente causados por atuação de seus agentes.
Suicídio de detento acarreta a responsabilidade objetiva do Estado, não sendo admitida exclusão da
responsabilidade por culpa exclusiva da vítima.
Agente público como parte no polo passivo da ação de indenização:

STF: os agentes não podem responder diretamente perante o lesado, nem mesmo em
litisconsórcio, só podendo vir a responder em ação regressiva, perante o Estado.
Doutrina: o agente pode responder diretamente, inclusive em litisconsórcio passivo.

Não é cabível a denunciação à lide do agente público (posição majoritária).

Em regra, não há responsabilidade civil do Estado unicamente pela prisão preventiva de acusado que,
depois, venha a ser absolvido na sentença final (a menos que haja alguma ilegalidade na prisão).
Responsabilidade civil dos notários (tabeliães): objetivado Estado, assegurado o dever de regresso contra
os tabeliães, em caso de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

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Jurisprudência
STF – RE 591.874/MS (26/8/2009)
1 EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS
JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO
DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-
USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo
decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato
administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a
responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. III - Recurso extraordinário desprovido.

STF – RE 291.035/SP (28/3/2006)


Responsabilidade civil objetiva do Estado (CF, art. 37, § 6º). Policial militar, que, em seu período de folga e em trajes
civis, efetua disparo com arma de fogo pertencente à sua corporação, causando a morte de pessoa inocente.
Reconhecimento, na espécie, de que o uso e o porte de arma de fogo pertencente à Polícia Militar eram vedados aos
seus integrantes nos períodos de folga. Configuração, mesmo assim, da responsabilidade civil objetiva do Poder
Público. Precedente (RTJ 170/631). Pretensão do Estado de que se acha ausente, na espécie, o nexo de causalidade
material, não obstante reconhecido pelo Tribunal "a quo", com apoio na apreciação soberana do conjunto probatório.
Inadmissibilidade de reexame de provas e fatos em sede recursal extraordinária. Precedentes específicos em tema de
responsabilidade civil objetiva do Estado. Acórdão recorrido que se ajusta à jurisprudência do supremo tribunal federal.
RE conhecido e improvido.

STF – AI 473.381/AP (20/9/2005)


EMENTA: - CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AGENTE E VÍTIMA: SERVIDORES
PÚBLICOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO: CF, art. 37, § 6º. I. - O entendimento do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que descabe ao intérprete fazer distinções quanto ao vocábulo "terceiro" contido no § 6º do art.
37 da Constituição Federal, devendo o Estado responder pelos danos causados por seus agentes qualquer que seja a
vítima, servidor público ou não. Precedente. II. - Agravo não provido.

STF – RE 633.138/DF (4/9/2012)


Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. DANOS
MORAIS. PROFESSOR. SALA DE AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO MORAL E
FÍSICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. (...) 2. In casu, a recorrida moveu ação de conhecimento com o fim de promover a
responsabilização civil do Distrito Federal e dos Diretores do Colégio nº 06 em Taguatinga, por terem agido com culpa,
por negligência, em agressão sofrida pela professora, provocada por parte de um aluno daquela escola. 3. O Tribunal a
quo, ao proferir o acórdão originariamente recorrido, consignou, verbis: “CÍVEL E PROCESSO CIVIL. DANOS MORAIS.
DISTRITO FEDERAL. PROFESSOR. SALA DE AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO
MORAL E FÍSICA. OMISSÃO E NEGLIGÊNCIA DOS AGENTES PÚBLICOS. SENTENÇA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
RECURSOS DE APELAÇÃO. PRELIMINAR. REJEIÇÃO. MÉRITO. DESPROVIMENTO. MAIORIA. Os réus não
apresentaram elementos suficientes que justificassem a declaração de não-conhecimento da apelação da
autora. Tratando-se de ato omissivo do Poder Público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva.
Imprescindível, portanto, a demonstração de dolo ou culpa, esta numa de suas três modalidades – negligência,

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imperícia ou imprudência. O dano sofrido pela autora ficou demonstrado pelos relatórios médicos, laudo de exame de
corpo de delito, relatório psicológico e relatório do procedimento sindicante, bem como por meio dos depoimentos
acostados. Se a autora foi agredida dentro do estabelecimento educacional, houve inequívoco descumprimento do
dever legal do Estado na prestação efetiva do serviço de segurança, uma vez que a atuação diligente impediria a
ocorrência da agressão física perpetrada pelo aluno. A falta do serviço decorre do não-funcionamento, ou então, do
funcionamento insuficiente, inadequado ou tardio do serviço público que o Estado deve prestar. O fato de haver no
estabelecimento um policial militar não tem o condão de afastar a responsabilidade do Estado, pois evidenciou-se
a má-atuação, consubstanciada na prestação insuficiente e tardia, o que resultou na agressão à professora.
Agressão a professores em sala de aula é caso de polícia, e não de diretor de estabelecimento e seu assistente. A
responsabilidade é objetiva do Distrito Federal, a quem incumbe garantir a segurança da direção e do corpo
docente, por inteiro, de qualquer estabelecimento. A valoração da compensação moral deve ser apurada mediante
prudente arbítrio do Juiz, motivado pelo princípio da razoabilidade, e observadas a gravidade e a repercussão do dano,
bem como a intensidade, os efeitos do sofrimento e o grau de culpa ou dolo. A finalidade compensatória, por sua vez,
deve ter caráter didático-pedagógico, evitado o valor excessivo ou ínfimo, objetivando, sempre, o desestímulo à
conduta lesiva. Não se aplica o disposto no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, uma vez que se trata de juros de mora incidentes
sobre verba indenizatória, devendo incidir os juros de mora legais, nos termos do art. 406, com observância ao
percentual de 1% ao mês, fixado pelo art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional (e-STJ fls. 363).” 4. Agravo Regimental
a que se nega provimento.

STF – RE 179.147/SP (12/12/1997)


I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público, responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, ocorre diante dos
seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação
administrativa. II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, admite pesquisa em torno da
culpa da vítima, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade da pessoa jurídica de direito público ou da
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público. III. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas três
vertentes, negligência, imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode
ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute de service dos franceses.

STF – RE 695.887/PB (11/9/2012)


Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. ROMPIMENTO DE
BARRAGEM. INUNDAÇÃO. OMISSÃO DO PODER PÚBLICO. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. ANÁLISE DA
COMPROVAÇÃO, OU NÃO, DA CULPA DO ENTE PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE FATOS E PROVAS.
SÚMULA N. 279 DO STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO (...) Na espécie, a responsabilidade
civil do Estado encontra-se comprovada, uma vez que tem este, por obrigação, manter em condição regular e fiscalizar
as obras públicas, onde sua omissão, caracterizada na falha da prestação desses serviços, acarretará a sua
culpabilidade. Precedentes do TJPB. Havendo indícios de que houve perdas de natureza material, em virtude de
sérios danos na casa da parte autora, deve ser julgado procedente o pedido de indenização. 5. Agravo regimental a
que se nega provimento.

STJ – REsp 602.102 (6/4/2004)


ADMINISTRATIVO – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – ATO OMISSIVO – MORTE DE PORTADOR DE
DEFICIÊNCIA MENTAL INTERNADO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DO ESTADO.
1. A responsabilidade civil que se imputa ao Estado por ato danoso de seus prepostos é objetiva (art. 37, § 6º, CF),
impondo-lhe o dever de indenizar se se verificar dano ao patrimônio de outrem e nexo causal entre o dano e o
comportamento do preposto.
2. Somente se afasta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortuito ou força maior ou decorrer de
culpa da vítima.

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3. Em se tratando de ato omissivo, embora esteja a doutrina dividida entre as correntes dos adeptos da
responsabilidade objetiva e aqueles que adotam a responsabilidade subjetiva, prevalece na jurisprudência a
teoria subjetiva do ato omissivo, de modo a só ser possível indenização quando houver culpa do preposto.
4. Falta no dever de vigilância em hospital psiquiátrico, com fuga e suicídio posterior do paciente. 5. Incidência de
indenização por danos morais.
7. Recurso especial provido.

STF – RE 422.941 (6/12/2005)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA ECONOMIA: REGULAMENTAÇÃO E
REGULAÇÃO DE SETORES ECONÔMICOS: NORMAS DE INTERVENÇÃO. LIBERDADE DE INICIATIVA. CF, art. 1º, IV;
art. 170. CF, art. 37, § 6º. I. - A intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e regulação de setores
econômicos, faz-se com respeito aos princípios e fundamentos da Ordem Econômica. CF, art. 170. O princípio da
livre iniciativa é fundamento da República e da Ordem econômica: CF, art. 1º, IV; art. 170. II. - Fixação de preços em
valores abaixo da realidade e em desconformidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre exercício da
atividade econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa. III. - Contrato celebrado com instituição privada
para o estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasamento para a fixação dos preços, nos termos da lei.
Todavia, a fixação dos preços acabou realizada em valores inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao
agente econômico, vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por parte do poder público. CF, art. 37, § 6º. IV.
- Prejuízos apurados na instância ordinária, inclusive mediante perícia técnica. V. - RE conhecido e provido.

STF – RE 429.518/SC (17/8/2004)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: ATOS DOS JUÍZES.
C.F., ART. 37, § 6º. I. - A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, a não ser nos casos
expressamente declarados em lei. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. II. - Decreto judicial de prisão preventiva
não se confunde com o erro judiciário - C.F., art. 5º, LXXV - mesmo que o réu, ao final da ação penal, venha a ser
absolvido. III. - Negativa de trânsito ao RE. Agravo não provido.

STF – RE 385.943 (15/12/2009)


E m e n t a: responsabilidade civil objetiva do estado (CF, art. 37, § 6º) - configuração - "Bar Bodega" - decretação de
prisão cautelar, que se reconheceu indevida, contra pessoa que foi submetida a investigação penal pelo poder público
- adoção dessa medida de privação da liberdade contra quem não teve qualquer participação ou envolvimento com
o fato criminoso - inadmissibilidade desse comportamento imputável ao aparelho de Estado - perda do emprego
como direta conseqüência da indevida prisão preventiva - reconhecimento, pelo Tribunal de Justiça local, de que se
acham presentes todos os elementos identificadores do dever estatal de reparar o dano - não-comprovação, pelo
Estado de São Paulo, da alegada inexistência do nexo causal - caráter soberano da decisão local, que, proferida em sede
recursal ordinária, reconheceu, com apoio no exame dos fatos e provas, a inexistência de causa excludente da
responsabilidade civil do poder público - inadmissibilidade de reexame de provas e fatos em sede recursal
extraordinária (Súmula 279/STF) - doutrina e precedentes em tema de responsabilidade civil objetiva do estado -
acórdão recorrido que se ajusta à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - recurso de agravo improvido.

STJ – REsp 816.209 (24/4/2014)


PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRADO. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 182/STJ. AÇÃO DE REPARAÇÃO
DE DANOS. PERSEGUIÇÃO POLÍTICA E TORTURA DURANTE O REGIME MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE DE
PRETENSÃO INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DURANTE O
PERÍODO DE EXCEÇÃO. INAPLICABILIDADE DO ART. 1.º DO DECRETO N. 20.910/32. PRECEDENTES. SÚMULA
83/STJ.
(...) 2. Conforme jurisprudência do STJ, são imprescritíveis as ações de reparação por danos morais ajuizadas em
decorrência de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o Regime Militar. Inúmeros

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precedentes (...)

STJ – Resp 435.266/SP (17/6/2004)


PROCESSO CIVIL E CIVIL - ATO ILÍCITO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO - INDENIZAÇÃO - HOMICÍDIO
CULPOSO CAUSADO POR POLICIAL MILITAR EM PERÍODO DE FOLGA - CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM
JULGADO - VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC - INEXISTÊNCIA - DANO MATERIAL - PRESCRIÇÃO - QUANTITATIVO -
JUROS MORATÓRIOS - SÚMULA 54/STJ - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO.
(...) 3. O termo inicial da prescrição, em ação de indenização decorrente de ilícito penal praticado por agente do
Estado, somente tem início a partir do trânsito em julgado da ação penal condenatória. Precedentes desta Corte
(...)

STJ – REsp 1089955/RJ (24/11/2009)


RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. MORTE DECORRENTE
DE ERRO MÉDICO. DENUNCIAÇÃO À LIDE. NÃO OBRIGATORIEDADE. RECURSO DESPROVIDO.
1. Nas ações de indenização fundadas na responsabilidade civil objetiva do Estado (CF/88, art. 37, § 6º), não é
obrigatória a denunciação à lide do agente supostamente responsável pelo ato lesivo (CPC, art. 70, III).
2. A denunciação à lide do servidor público nos casos de indenização fundada na responsabilidade objetiva do
Estado não deve ser considerada como obrigatória, pois impõe ao autor manifesto prejuízo à celeridade na prestação
jurisdicional. Haveria em um mesmo processo, além da discussão sobre a responsabilidade objetiva referente à lide
originária, a necessidade da verificação da responsabilidade subjetiva entre o ente público e o agente causador do dano,
a qual é desnecessária e irrelevante para o eventual ressarcimento do particular. Ademais, o direito de regresso do ente
público em relação ao servidor, nos casos de dolo ou culpa, é assegurado no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, o qual
permanece inalterado ainda que inadmitida a denunciação da lide. 3. Recurso especial desprovido.

STF - RE 518894 AgR / SP (2/8/2011)


EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
DANOS CAUSADOS A TERCEIROS EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADE NOTARIAL. PRECEDENTES. 1. Nos termos da
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, “o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos notários que
causem dano a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa (C.F.,
art. 37, § 6º)” (RE 209.354-AgR, da relatoria do ministro Carlos Velloso). 2. Agravo regimental desprovido.

STJ - REsp 1087862 / AM (2/2/2010)


ADMINISTRATIVO. DANOS MATERIAIS CAUSADOS POR TITULAR DE SERVENTIA EXTRAJUDICIAL. ATIVIDADE
DELEGADA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO.
1. Hipótese em que o Tribunal de origem julgou procedente o pedido deduzido em Ação Ordinária movida contra o
Estado do Amazonas, condenando-o a pagar indenização por danos imputados ao titular de serventia.
2. No caso de delegação da atividade estatal (art. 236, § 1º, da Constituição), seu desenvolvimento deve se dar por conta
e risco do delegatário, nos moldes do regime das concessões e permissões de serviço público.
3. O art. 22 da Lei 8.935/1994 é claro ao estabelecer a responsabilidade dos notários e oficiais de registro por danos
causados a terceiros, não permitindo a interpretação de que deve responder solidariamente o ente estatal.
4. Tanto por se tratar de serviço delegado, como pela norma legal em comento, não há como imputar eventual
responsabilidade pelos serviços notariais e registrais diretamente ao Estado. Ainda que objetiva a responsabilidade
da Administração, esta somente responde de forma subsidiária ao delegatário, sendo evidente a carência de ação por
ilegitimidade passiva ad causam.
5. Em caso de atividade notarial e de registro exercida por delegação, tal como na hipótese, a responsabilidade
objetiva por danos é do notário, diferentemente do que ocorre quando se tratar de cartório ainda oficializado.

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Precedente do STF.
6. Recurso Especial provido.

STJ - REsp 624.975/SC (11/11/2010)


AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. TABELIONATO. AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE JURÍDICA.
RESPONSABILIDADE DO TITULAR DO CARTÓRIO À ÉPOCA DOS FATOS.
1. O tabelionato não detém personalidade jurídica, respondendo pelos danos decorrentes dos serviços notariais o titular
do cartório na época dos fatos. Responsabilidade que não se transfere ao tabelião posterior. Precedentes.
2. Agravo regimental a que se nega provimento.

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Teste a sua Direção


Olá, tudo bem? Nesta aula, vamos fazer o seu Teste de Direção. Aproveite para revisar o conteúdo e reforçar os
conceitos importantes. Lembre-se de avançar apenas se conseguir resolver todas as questões do teste. Se ficar alguma
dúvida, volte no material ou me avise a questão pelo fórum, ok?
Como sempre, ao final do teste, você poderá conferir o gabarito e a resolução comentada dos exercícios.

Faça um excelente teste de Direção!

Exercícios para revisão


1. A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo,
devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

2. Pessoa jurídica de direito público será responsabilizada por danos que seus agentes causarem a terceiros,
desde que seja comprovado o dolo ou a culpa de quem tiver causado o dano.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

3. No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para
excluir ou para atenuar a responsabilização do ente público.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

4. No que tange à responsabilidade civil do Estado, não é possível o direito de regresso contra o responsável.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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5. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o servidor público responsável nos casos de dolo ou culpa.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

6. A responsabilidade civil do Estado por omissão também é objetiva, sendo desnecessária a comprovação de
dolo ou culpa.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

7. O fato de o agente público que pratica dano estar acobertado por causa excludente de ilicitude penal afasta
a responsabilidade civil do Estado.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

8. O ordenamento jurídico brasileiro adota, em regra, a teoria do risco integral.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

9. Em regra, os atos de multidão ensejam a responsabilidade objetiva do Estado, em razão do dever de


vigilância permanente da administração pública.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

10. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva
relativamente a apenas terceiros usuários do serviço, excluindo-se os terceiros não usuários.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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Gabarito
1. F

2. F

3. V

4. F

5. V

6. F

7. F

8. F

9. F

10. F

Resolução dos exercícios


1. A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo,
devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é objetiva, não dependendo, portanto, de comprovação de dolo ou
culpa, nos termos do art. 37, §6º, da CF. Item FALSO.

2. Pessoa jurídica de direito público será responsabilizada por danos que seus agentes causarem a terceiros,
desde que seja comprovado o dolo ou a culpa de quem tiver causado o dano.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

Nos termos do art. 37, §6º, da CF, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Ressalte-se que tal responsabilidade é objetiva, ou seja,
independe de comprovação de dolo ou culpa. Item FALSO.

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3. No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para
excluir ou para atenuar a responsabilização do ente público.

(X) Verdadeiro

( ) Falso

COMENTÁRIO:

De fato, a culpa exclusiva da vítima exclui a responsabilização do ente público, enquanto a culpa concorrente da vítima
pode ser critério para atenuar a responsabilização do Estado. Item VERDADEIRO.

4. No que tange à responsabilidade civil do Estado, não é possível o direito de regresso contra o responsável.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

É possível sim a ação de regresso contra o responsável, desde que comprovado dolo ou culpa, tendo em vista que, neste
caso, a responsabilidade é subjetiva. Item FALSO.

5. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o servidor público
responsável nos casos de dolo ou culpa.

(X) Verdadeiro

( ) Falso

COMENTÁRIO:

A assertiva descreve acertadamente o art. 37, §6º, da CF. Item VERDADEIRO.

6. A responsabilidade civil do Estado por omissão também é objetiva, sendo desnecessária a comprovação de
dolo ou culpa.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

Conforme entendimento do STJ, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser
comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade. Item FALSO.

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7. O fato de o agente público que pratica dano estar acobertado por causa excludente de ilicitude penal afasta
a responsabilidade civil do Estado.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

Conforme entendimento do STJ, a Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus
agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal. Item FALSO.

8. O ordenamento jurídico brasileiro adota, em regra, a teoria do risco integral.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

O ordenamento jurídico brasileiro, no que tange à responsabilidade civil, adota a teoria do risco administrativo, em que o
Estado responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes, desde que presentes a conduta, o nexo causal e
o dano. Importante ressaltar que a teoria do risco administrativo admite causas excludentes de responsabilidade. Item
FALSO.

9. Em regra, os atos de multidão ensejam a responsabilidade objetiva do Estado, em razão do dever de


vigilância permanente da administração pública.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

Os atos de multidões são considerados atos exclusivos de terceiros, logo excluem, em regra, a responsabilidade civil do
Estado. Item FALSO.

10. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva
relativamente a apenas terceiros usuários do serviço, excluindo-se os terceiros não usuários.

( ) Verdadeiro

(X) Falso

COMENTÁRIO:

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a
terceiros usuários e não usuários do serviço. Item FALSO.

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Fim do teste. Até o próximo encontro!

Saudações,

Prof. Erick Alves

Prof. Sérgio Machado

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Questões comentadas – CEBRASPE


1. CEBRASPE – DPE-DF - Analista de Apoio à Assistência Judiciária – Direito – 2022

Acerca da responsabilidade civil do Estado, dos serviços públicos e da organização administrativa, julgue o seguinte
item.
A responsabilização civil do Estado pressupõe, conjunta e necessariamente, as implicações penais e administrativas
decorrentes do dano.
Comentário:

No campo do Direito, verifica-se a existência de uma tríplice responsabilidade: a administrativa, a penal e a civil,
inconfundíveis, independentes entre si e, eventualmente, cumuláveis. Por isso, ao contrário do que afirma a questão, a
responsabilização civil do Estado não pressupõe, conjunta e necessariamente, as implicações penais e administrativas
decorrentes do dano.
Gabarito: Errado

2. CEBRASPE – DPE-TO - Defensor Público Substituto – 2022

Os atos emanados da administração pública que produzam danos estarão sujeitos à responsabilidade civil. No que
tange aos atos legislativos,
A) a responsabilidade civil é atribuída ao Estado em relação aos danos gerados por ato praticado com base em lei
inconstitucional, sendo a lei, e não o ato, causa direta da responsabilidade.
B) é vedada a atribuição de responsabilidade civil ao Estado, uma vez que atos legislativos não produzem danos
indenizáveis aos indivíduos.
C) a responsabilidade civil atribuída ao Estado é circunscrita aos atos legislativos emanados do Poder Executivo.

D) a responsabilidade civil é atribuída ao Estado quando a lei, objeto de declaração de inconstitucionalidade, produz
danos aos particulares.
E) é vedada a atribuição de responsabilidade civil ao Estado, porque a responsabilidade é restrita aos atos
administrativos.
Comentário:

Vamos analisar as alternativas:

a) ERRADA. Em regra, as leis são dotadas de generalidade, impessoalidade e abstração. A doutrina e a jurisprudência
têm admitido, por exceção, a responsabilização do Estado por exemplo no caso de edição de leis de efeitos concretos.
A razão para que as leis de efeitos concretos determinem o dever de o Estado arcar com os prejuízos que elas tenham
causado ao particular é que tais atos legislativos são leis apenas no aspecto formal, sendo materialmente muito
parecidas com os atos administrativos, proporcionando, portanto, os mesmos efeitos de atos desta natureza
(administrativos).
Por isso, entende-se que é o ato, e não a lei, a causa direta da responsabilidade.

b) ERRADA. A doutrina e a jurisprudência têm admitido, por exceção, a responsabilização do Estado em duas
hipóteses:

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• Edição de leis de efeitos concretos; e

• Edição de leis inconstitucionais, desde que declaradas pelo STF.

c) ERRADA. A responsabilidade civil atribuída ao Estado não é circunscrita aos atos legislativos emanados do Poder
Executivo (exemplo: decretos, regulamentos etc.). Ela também pode advir de leis, que são emanadas pelo Poder
Legislativo.
d) CORRETA. De fato, para atrair a responsabilidade civil do Estado é necessário que a lei, declarada inconstitucional,
tenha efetivamente causado dano ao particular. Dessa forma, havendo a declaração de inconstitucionalidade da lei, a
pessoa que tenha sofrido danos oriundos da sua incidência terá que ajuizar uma ação específica pleiteando a
indenização, a fim de demonstrar o dano sofrido.
e) ERRADA. A doutrina e a jurisprudência têm admitido, por exceção, a responsabilização do Estado em caso de edição
de leis de efeitos concretos e edição de leis inconstitucionais, desde que declaradas pelo STF.
Gabarito: D

3. CEBRASPE – PC-RJ - Delegado de Polícia – 2022

Maria trafegava em seu carro na Ponte Rio-Niterói, durante a manhã, a caminho do trabalho, sentido Rio de Janeiro,
quando, em meio ao trânsito lento, foi surpreendida por uma viatura da polícia civil, que passou de forma brusca e
acelerada ao lado de seu veículo, causando um leve abalroamento, que levou a motorista a colidir contra o veículo à sua
frente, o que, afinal, causou graves danos a esses dois carros. Apesar do acidente e dos danos materiais aos dois
veículos, não houve feridos. Após confeccionar a declaração de acidente de trânsito no site da Polícia Rodoviária
Federal, Maria resolveu comparecer ao plantão da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, para noticiar o ocorrido, tendo
indicado o número da unidade policial inscrito na viatura, assim como o horário em que o abalroamento havia
acontecido. Em sua apuração preliminar, a corregedoria identificou os policiais civis que estavam na viatura, assim
como constatou que eles não se dirigiam a nenhuma diligência policial na ocasião, apenas buscavam fugir do
engarrafamento. Após regular sindicância administrativa disciplinar, os policiais foram punidos. Ao tomar
conhecimento do resultado da apuração da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, Maria decidiu ajuizar ação para obter do
Estado reparação civil, tendo em vista os danos causados ao seu veículo.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta, com relação à responsabilidade civil dos servidores
públicos.
A) Maria deverá ajuizar ação de responsabilidade civil em desfavor do policial que conduzia a viatura quando do
abalroamento, já que foi apurado, no procedimento disciplinar, que ele atuou com dolo ou culpa.
B) A ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado, não sendo possível a
responsabilização civil do servidor que causou o dano, nem mesmo em ação de regresso.
C) Cabe à vítima do dano a escolha do polo passivo da demanda, podendo ela ajuizar ação contra o servidor policial civil
que causou o dano ou contra o Estado, ente político.
D) Ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou contra pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, em observância ao princípio da
dupla garantia, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
E) É cabível ação de regresso contra o agente responsável pelo dano somente nos casos de ato doloso.

Comentário:

Situação hipotética longa, né? Mas tudo bem. Vamos para as alternativas:

a) ERRADA. A ação de responsabilidade civil deverá ser proposta contra o Estado, e não diretamente contra o agente
público, daí o erro. Assim é o entendimento já consolidado do STF, fixado na seguinte tese de repercussão geral

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(Informativo 947 do STF):


A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada
contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação
o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
b) ERRADA. De fato, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado, mas, ao
contrário do que afirma a questão, é possível a responsabilização civil do servidor que causou o dano, por meio de ação
de regresso. Em outras palavras: a pessoa jurídica responde objetivamente, pela reparação dos danos causados por
seus agentes, mas tem assegurado o seu direito de regresso contra o responsável (só que apenas nos casos de dolo ou
culpa). Vale a pena ler novamente o art. 37, §6º, da Constituição Federal, para fixar:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
c) ERRADA. A vítima não pode escolher o polo passivo da demanda. A ação por danos causados por agente público
deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público. Isso porque,
conforme o art. 37, §6º da CF, é a própria pessoa jurídica (de direito público ou de direito privado prestadora de serviço
público) que responderá objetivamente pela reparação dos danos causados a terceiros por seus agentes.
d) CORRETA, conforme entendimento do STF, visto no comentário da alternativa A. Quanto ao princípio da dupla
garantia, mencionado na alternativa, vale destacar que, segundo a jurisprudência do STF, essa sistemática (de propor
ação contra o Estado e não contra o agente público) consagra uma dupla garantia: uma, em favor do particular, pois
lhe possibilita mover ação indenizatória contra a pessoa jurídica, o que, em tese, aumenta a sua chance de ser
indenizado (o Estado tem mais “força financeira” que o agente público causador direto do dano); e outra garantia em
prol do agente público, que somente responderá perante a Administração, em caso de dolo ou culpa, mediante ação
regressiva.
e) ERRADA, porque também é cabível ação de regresso contra o agente responsável pelo dano nos casos de ato
culposo.
Gabarito: D

4. CEBRASPE – DPE-RS - Defensor Público – 2022

Um detento em cumprimento de pena em regime fechado empreendeu fuga do estabelecimento penal. Decorridos
aproximadamente três meses da fuga, ele cometeu o crime de latrocínio, em conjunto com outros agentes. Sabendo da
fuga, a família da vítima ingressou com ação para processar o Estado. Nessa situação hipotética, há responsabilidade
estatal, haja vista a omissão na vigilância e na custódia de pessoa que deveria estar presa, além da negligência da
administração pública no emprego de medidas de segurança carcerária.
Comentário:

Essa questão foi elaborada com base em uma jurisprudência do STF. Mas antes de vê-lo, vamos explicar a lógica que
motivou esse entendimento.
Quando o Estado tem o dever legal de garantir a integridade de pessoas ou coisas que estejam sob sua proteção
direta (ex: detentos e internados em hospitais públicos) ou a ele ligadas por alguma condição específica (ex: estudantes
de escolas públicas) o Poder Público, de forma excepcional, responderá objetivamente pela sua omissão no dever de
custódia dessas pessoas ou coisas.
Além disso, como se sabe, o nexo de causalidade entre a atividade do Estado e prejuízo causado é um requisito
essencial para configurar tanto a responsabilidade objetiva quando a responsabilidade subjetiva do Estado, de forma
que sem esse link não há como se configurar a responsabilidade e, consequentemente, não há que se falar em
indenização a ser feita ao prejudicado.

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Pois bem. A questão informa que o detento cometeu o crime de latrocínio aproximadamente três meses após sua fuga
do estabelecimento penal. Esse lapso temporal, no entendimento do STF, opera a ruptura do nexo de causalidade
entre a suposta omissão do Estados e os eventuais danos que o fugitivo venha a ocasionar, não se configurando,
portanto, a responsabilidade civil objetiva (decorrente de omissão específica do Estado).
Agora vamos conhecer o entendimento do STF:

"CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS PÚBLICAS. ATO OMISSIVO
DO PODER PÚBLICO: LATROCÍNIO PRATICADO POR APENADO FUGITIVO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: CULPA
PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º. I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a
negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do serviço - faute du service dos franceses
- não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder
público e o dano causado a terceiro. III. - Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que
fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o
latrocínio. Precedentes do STF: RE 172.025/RJ, Ministro Ilmar Galvão, "D.J." de 19.12.96; RE 130.764/PR, Relator
Ministro Moreira Alves, RTJ 143/270. IV. - RE conhecido e provido."
(RE 369.820, rel. Ministro CARLOS VELLOSO, 2ª Turma, 04.11.2003)

Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado
por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo
causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.
STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020
(Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).
A questão disse que, na situação, haveria responsabilidade estatal. Por isso, ela está errada.

Gabarito: Errado

5. CEBRASPE – DPE-RS - Defensor Público – 2022

O Estado foi condenado ao pagamento de indenização a particular, por ato culposo praticado por tabelião. Nessa
situação hipotética, o agente estatal competente tem a obrigação de ingressar com ação regressiva em desfavor do
tabelião causador do dano ao particular, sob pena de caracterização de improbidade administrativa, já que o direito de
regresso é indisponível e obrigatório.
Comentário:

Em 2019, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral (RE 842.846):

O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções,
causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de
improbidade administrativa.
A questão reproduz corretamente o entendimento jurisprudencial: o agente estatal competente tem a obrigação de
ingressar com ação regressiva em desfavor do tabelião causador do dano ao particular, sob pena de improbidade
administrativa.
Gabarito: Certo

6. CEBRASPE – DPE-RS - Defensor Público – 2022

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Aula 9: Responsabilidade Civil do Estado

Uma professora da rede estadual de ensino recebia, havia meses, ofensas e ameaças de agressão e morte feitas por um
dos alunos da escola. Em todas as oportunidades, ela reportou o ocorrido à direção da escola, que, acreditando que
nada ocorreria, preferiu não admoestar o aluno. Em determinada data, dentro da sala de aula, esse aluno desferiu um
soco no rosto da professora, causando-lhe lesões aparentes, o que a motivou a ingressar com demanda judicial
indenizatória contra o Estado. Nessa situação hipotética, não há responsabilidade do Estado, já que o dano foi
provocado por terceiro.
Comentário:

Segundo a jurisprudência do STF, quando o Estado tem o dever legal de garantir a integridade de pessoas ou coisas
que estejam sob sua proteção direta ou a ele ligadas por alguma condição específica (exemplos: estudantes de
escolas públicas) o Poder Público responderá civilmente, por danos ocasionados a essas pessoas ou coisas, com base
na responsabilidade objetiva prevista no art. 37, §6º, mesmo que os danos não tenham sido diretamente causados por
atuação de seus agentes. Nesse caso, de forma excepcional, o Estado responderá objetivamente pela sua omissão no
dever de custódia dessas pessoas ou coisas.
Aliás, caso semelhante já foi julgado pelo STF. Acompanhe:

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. DANOS MORAIS.


PROFESSOR. SALA DE AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS. AGRESSÃO MORAL E FÍSICA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REEXAME DE FATOS
E PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
(...) 2. In casu, a recorrida moveu ação de conhecimento com o fim de promover a responsabilização civil do Distrito
Federal e dos Diretores do Colégio nº 06 em Taguatinga, por terem agido com culpa, por negligência, em agressão
sofrida pela professora, provocada por parte de um aluno daquela escola. (...) CÍVEL E PROCESSO CIVIL. DANOS
MORAIS. DISTRITO FEDERAL. PROFESSOR. SALA DE AULA. ALUNOS. ADVERTÊNCIA. AMEAÇAS VERBAIS.
AGRESSÃO MORAL E FÍSICA. OMISSÃO E NEGLIGÊNCIA DOS AGENTES PÚBLICOS. SENTENÇA. PROCEDÊNCIA
DO PEDIDO. RECURSOS DE APELAÇÃO. PRELIMINAR. REJEIÇÃO. MÉRITO. DESPROVIMENTO. MAIORIA. (...) Se a
autora foi agredida dentro do estabelecimento educacional, houve inequívoco descumprimento do dever legal do
Estado na prestação efetiva do serviço de segurança, uma vez que a atuação diligente impediria a ocorrência da
agressão física perpetrada pelo aluno. A falta do serviço decorre do não-funcionamento, ou então, do
funcionamento insuficiente, inadequado ou tardio do serviço público que o Estado deve prestar. (...). Agressão a
professores em sala de aula é caso de polícia, e não de diretor de estabelecimento e seu assistente. A
responsabilidade é objetiva do Distrito Federal, a quem incumbe garantir a segurança da direção e do corpo
docente, por inteiro, de qualquer estabelecimento. (...) (RE-AgR 633138, rel. Ministro LUIZ FUX, 1ª Turma, 4.9.2012)
A questão disse que não haveria responsabilidade do Estado, por isso ela ficou errada.

Gabarito: Errado

7. CEBRASPE – TJ-RJ - Analista Judiciário - Analista de Gestão de TIC

Suponha que Ana, servidora do Tribunal de Justiça, agindo no exercício de suas funções administrativas, tenha causado
dano a João.
Nessa situação hipotética, caso João pretenda ajuizar ação judicial requerendo indenização em face do Estado, a
responsabilidade civil
A) será subjetiva, por meio de ação de regresso.

B) não será possível, porque o Estado não responde pelos atos de seus agentes, devendo João ajuizar ação diretamente
contra Ana.
C) será objetiva, independentemente de dolo ou culpa.

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D) será subsidiária, se comprovado dolo ou culpa.

E) não será possível, porque o Brasil adota a teoria da irresponsabilidade estatal.

Comentário:

De acordo com o art. 37, § 6º da Constituição Federal:

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
A doutrina ensina que esse dispositivo constitucional consagra no Brasil a responsabilidade extracontratual objetiva
da Administração Pública, na modalidade risco administrativo. Isso significa que a Administração Pública tem a
obrigação de indenizar o dano causado a terceiros por seus agentes, independentemente da prova de culpa no
cometimento da lesão.
Portanto, respondendo à questão, caso João pretenda ajuizar ação judicial requerendo indenização em face do Estado,
a responsabilidade civil será objetiva, independentemente de dolo ou culpa.
Gabarito: C

8. CEBRASPE – SEFAZ-RR - Auditor Fiscal de Tributos Estaduais

A caracterização de responsabilidade civil do Estado por dano causado por indivíduo que fugiu do sistema prisional

A) é inconstitucional, por ser expressamente vedada pela Constituição Federal de 1988.

B) mostra-se juridicamente impossível, em razão da ausência de conduta administrativa quando ocorre fuga de
presídio.
C) deve ser reconhecida com base no risco integral, teoria amplamente adotada pela doutrina e pela jurisprudência
nessa hipótese.
D) somente deve ser admitida se comprovado dolo específico de agente da administração em colaboração com a fuga.

E) depende da demonstração de nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta danosa praticada pelo
infrator.
Comentário:

O Supremo Tribunal Federal já fixou a seguinte tese de repercussão geral (Informativo 993):

Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por
danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal
direto entre o momento da fuga e a conduta praticada.
Por isso, a caracterização de responsabilidade civil do Estado por dano causado por indivíduo que fugiu do sistema
prisional depende da demonstração de nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta danosa praticada pelo
infrator.
Gabarito: E

9. CEBRASPE – PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada – 2021

Caso a vítima tenha, de alguma forma, concorrido para a ocorrência do evento danoso, a responsabilidade civil do
Estado será afastada.

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Comentário:

Na verdade, caso a vítima tenha, de alguma forma, concorrido para a ocorrência do evento danoso, ou seja,
caracterizado que o terceiro que sofreu dano causado por agente público também contribuiu para que esse dano
ocorresse, resta configurada o que a doutrina chama de culpa concorrente. A culpa concorrente é um exemplo de
causas atenuantes de responsabilidade, as quais se diferem das causas excludentes de responsabilidade, pois essas
primeiras afastam apenas parcialmente a responsabilidade do Estado.
Por isso, ao contrário do que afirma a questão, caso a vítima tenha, de alguma forma, concorrido para a ocorrência do
evento danoso, a responsabilidade civil do Estado não será (totalmente) afastada, ela será apenas reduzida, porque a
culpa concorrente é um exemplo de causa atenuante, e não causa excludente de responsabilidade.
Gabarito: Errado

10. CEBRASPE – PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada – 2021

João, ocupante de cargo comissionado, ao praticar ato na qualidade de agente público, causou dano a Maria.

A respeito dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Para o Estado ser responsabilizado, Maria tem de comprovar o ato danoso, o prejuízo sofrido, o nexo de causalidade e o
dolo ou a culpa de João.
Comentário:

No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco
administrativo. Isso significa que a Administração Pública tem a obrigação de indenizar o dano causado a terceiros por
seus agentes, independentemente da prova de culpa no cometimento da lesão.
Por isso, para o Estado ser responsabilizado, basta Maria comprovar a) o ato danoso; b) o prejuízo sofrido; e c) o nexo de
causalidade. Não precisa, portanto, comprovar o dolo ou a culpa de João.
Gabarito: Errado

11. CEBRASPE – PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada – 2021

João, ocupante de cargo comissionado, ao praticar ato na qualidade de agente público, causou dano a Maria.

A respeito dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.

Não demonstrada nenhuma causa excludente, o Estado deverá se responsabilizar pelo ato lesivo de João, mesmo que
este não exerça cargo público efetivo.
Comentário:

Diante de certas situações, admite-se o abrandamento e, até mesmo, a própria exclusão da responsabilidade civil do
Estado. As situações que importam a exclusão total ou parcial da responsabilidade civil do Estado são chamadas de
excludentes ou atenuantes de responsabilidade.
No caso da questão, considerando que não tenha sido demonstrada nenhuma causa excludente, o Estado deverá
mesmo se responsabilizar pelo ato lesivo de João, mesmo que este não exerça cargo público efetivo, porque, de
acordo com o art. 37, § 6º, da CF, a responsabilidade objetiva do Estado decorre dos danos causados a terceiros por
“seus agentes”. E a expressão “agentes” possui um alcance bem amplo não se restringindo aos servidores públicos
ocupantes de cargos efetivos. A expressão abrange todas as pessoas incumbidas da realização de algum serviço
público, em caráter permanente ou transitório. Por isso abrange também João, que é ocupante de cargo
comissionado.

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Gabarito: Certo

12. CEBRASPE – PGE-PB - Procurador do Estado – 2021

A respeito da responsabilidade civil do estado, julgue os seguintes itens.

I O estado da Paraíba não pode responder por danos causados por uma concessionária de serviço público, sequer
subsidiariamente, uma vez que a concessão de um serviço implica a transferência total do risco ao concessionário.
II Caso, durante a realização de uma obra pública, uma máquina da prefeitura tenha destruído, por acidente, parte do
muro de um imóvel lindeiro, o proprietário do imóvel deverá comprovar a culpa da prefeitura para que obtenha uma
indenização.
III Se o ente público for condenado por um dano causado por seu agente, caberá ação de regresso contra esse agente,
dispensada a comprovação de culpa.
IV Segundo entendimento mais recentemente pacificado pelo STF, a responsabilidade civil do Estado é objetiva até
mesmo em conduta omissiva, quando violado um dever de agir esperado.
Assinale a opção correta.

A) Apenas o item I está certo.

B) Apenas o item IV está certo.

C) Apenas os itens I, II e III estão certos.

D) Apenas os itens II, III e IV estão certos.

E) Todos os itens estão certos.

Comentário:

I. Errado. A regra da responsabilidade civil objetiva, prevista no art. 37, §6º da CF, se estende às pessoas jurídicas
prestadoras de serviços públicos, independentemente de a prestadora integrar ou não a Administração Pública.
II. Errado. A reparação do dano causado a terceiros pela má execução de obra pública, quando o executor é a própria
Administração, constitui hipótese de incidência da responsabilidade civil objetiva do Estado.
A afirmativa diz que a máquina é da prefeitura. Assim inferimos que quem está realizando a obra é a própria prefeitura
(a Administração Pública). A afirmativa também afirma que aconteceu um "acidente”. Assim sabemos que o dano
decorreu de má execução da obra. E, por último, a responsabilidade civil objetiva do Estado independe da comprovação
de culpa da Administração (no caso, da prefeitura).
Por isso, o item ficou errada quando afirmou que “o proprietário do imóvel deverá comprovar a culpa da prefeitura para
que obtenha uma indenização”. Essa comprovação não é necessária. O proprietário do imóvel não deverá comprovar a
culpa da prefeitura.
III. Errado. Se o ente público for condenado por um dano causado por seu agente, esse agente público poderá ser
responsabilizado pelo dano, por meio de ação de regresso contra esse agente, mas deverá ser comprovada a culpa ou
o dolo na atuação do agente. Vale dizer, por necessitar da comprovação de dolo ou culpa, a responsabilidade civil do
agente perante a pessoa jurídica é de natureza subjetiva.
IV. Correto. Segundo a jurisprudência do STF, quando o Estado tem o dever legal de garantir a integridade de pessoas
ou coisas que estejam sob sua proteção direta ou a ele ligadas por alguma condição específica, ou seja, quando o
Estado tem o dever de agir, o Poder Público responderá civilmente, por danos ocasionados a essas pessoas ou coisas,
com base na responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, mesmo que os danos não tenham sido diretamente

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causados por atuação de seus agentes, ou seja, mesmo que tenha havido omissão estatal. Segundo a doutrina, a
responsabilidade objetiva, nesse caso, decorre de uma omissão específica do Estado.
Gabarito: B

13. CEBRASPE – PC-DF - Agente de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal – 2021

Clara, praticante de uma religião de matriz africana, um dia, ao chegar à escola pública em que estuda no Distrito
Federal usando um colar de contas típico de sua prática religiosa, foi impedida, pela diretora, de entrar na instituição. A
diretora alegou que, ali, não era permitido entrar usando aquele tipo de colar. Na ocasião, a diretora exigiu que a
estudante retirasse o adereço para poder entrar no estabelecimento de ensino.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Caso Clara considere que tenha sofrido discriminação e busque uma reparação de danos, ela terá de voltar-se
exclusivamente contra a diretora da escola, pois, apesar de a escola ser pública, o Distrito Federal só poderia ser
responsabilizado se a atitude da diretora estivesse em consonância com uma diretriz da Secretaria de Educação.
Comentário:

No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco
administrativo. Isso significa que a Administração Pública tem a obrigação de indenizar o dano causado a terceiros por
seus agentes, independentemente da prova de culpa no cometimento da lesão. Por isso, para o Estado ser
responsabilizado, basta a comprovação a) do ato danoso; b) do prejuízo sofrido; e c) do nexo de causalidade.
Além disso, o STF já fixou a seguinte tese de repercussão geral (Informativo 947 do STF):

A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada
contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação
o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Assim, no caso da questão, o Distrito Federal, e não a diretora da escola, é a parte legítima para figurar no polo passivo
da ação de reparação de danos. A questão erra, portanto, ao afirmar que, caso Clara busque uma reparação de danos,
“ela terá de voltar-se exclusivamente contra a diretora da escola”. Ela terá de voltar-se para o Distrito Federal.
Gabarito: Errado

14. CEBRASPE – PC-DF - Agente de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal – 2021

Com base nas disposições teóricas e legais relativas a licitações e responsabilidade civil do Estado, julgue o item
subsecutivo.
Se um agente público causar dano a um particular, a indenização devida poderá ser reduzida nos casos em que a
conduta do lesado tiver contribuído para o resultado.
Comentário:

De fato, o princípio da responsabilidade civil da Administração não se reveste de caráter absoluto. Com efeito, diante de
certas situações, admite-se o abrandamento e, até mesmo, a própria exclusão da responsabilidade civil do Estado.
Caso a conduta do lesado (da vítima) tenha concorrido (contribuído) para o resultado, isto é, para a ocorrência do
evento danoso, resta configurada o que a doutrina chama de culpa concorrente, que constitui exemplo de causa
atenuante de responsabilidade. Assim, a responsabilidade civil da Administração seria parcialmente afastada, de
forma que o valor da indenização devida seria reduzido proporcionalmente.
Por isso, a questão está correta. Se um agente público causar dano a um particular, a indenização devida poderá ser
reduzida nos casos em que a conduta do lesado tiver contribuído para o resultado.

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Gabarito: Certo

15. CEBRASPE – Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal – 2021

A respeito do domicílio, da responsabilidade civil e das sociedades comerciais, julgue o item que se segue.

Se um terceiro aproximar-se de um autor de um crime que estiver imobilizado pela polícia e acertá-lo com um tiro letal,
estará configurada a responsabilidade objetiva do Estado.
Comentário:

Essa questão exige conhecimento de uma jurisprudência específica do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mas antes de
conhecê-la, vale lembrar que a Constituição Federal assegura aos presos o respeito à integridade física e moral (art. 5º,
XLIX).
Além disso, vale recordar que, segundo a jurisprudência do STF, quando o Estado tem o dever legal de garantir a
integridade de pessoas ou coisas que estejam sob sua proteção direta (sob sua custódia), o Poder Público responderá
civilmente, por danos ocasionados a essas pessoas ou coisas, com base na responsabilidade objetiva. Esse é um caso
de omissão específica do Estado.
Pois bem. Agora vejamos a mencionada jurisprudência do STJ:

CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. OBRIGAÇÃO DE SEGURANÇA.


PESSOA IMOBILIZADA PELA POLÍCIA MILITAR. MORTE APÓS VIOLENTA AGRESSÃO DE TERCEIROS. DEVER
ESPECIAL DO ESTADO DE ASSEGURAR A INTEGRIDADE E A DIGNIDADE DAQUELES QUE SE ENCONTRAM SOB
SUA CUSTÓDIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. ART. 927, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL.
CABIMENTO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA DO NEXO DE CAUSALIDADE. ART. 373, § 1º, DO CPC/2015.
HISTÓRICO DA DEMANDA. (...) - (AREsp 1717869 / MG . AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL .2020/0150928-5)
Então, de fato, na situação descrita pela questão, estará configurada a responsabilidade objetiva do Estado.

Gabarito: Certo

16. CEBRASPE – Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal – 2021

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item que se segue.

Conforme a teoria do risco administrativo, uma empresa estatal dotada de personalidade jurídica de direito privado que
exerça atividade econômica responderá objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, resguardado o direito de regresso contra o causador do dano.
Comentário:

A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º da CF alcança:

• Todas as pessoas jurídicas de direito público (administração direta, autarquias e fundações de direito público);

• As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas públicas, sociedades de economia
mista e fundações públicas de direito privado que prestem serviços públicos);
• As pessoas privadas, não integrantes da Administração Pública, que prestem serviços públicos mediante
delegação (concessionárias, permissionárias e detentoras de autorização de serviços públicos).
Nota-se, portanto, que as empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica
não estão abrangidas pelo art. 37, §6º da CF. Estas respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros da
mesma forma que qualquer empresa privada, nos termos do direito civil e comercial; ou seja, a responsabilidade das

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Aula 9: Responsabilidade Civil do Estado

empresas estatais exploradoras de atividade econômica é de natureza subjetiva (teoria civilista ou culpa comum –
depende da demonstração de culpa do agente).
Gabarito: Errado

17. CEBRASPE – SEFAZ-DF - Auditor Fiscal – 2020

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.

Uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, com base no
risco administrativo, a mera ocorrência de ato lesivo causado pelo poder público à vítima gera o dever de indenização
pelo dano pessoal e(ou) patrimonial sofrido, independentemente da caracterização de culpa dos agentes estatais ou da
demonstração de falta do serviço público. Não obstante, em caso fortuito ou de força maior, a responsabilidade do
Estado pode ser mitigada ou afastada.
Comentário:

Como regra, não há distinção entres os termos “caso fortuito” e força maior”. Carvalho Filho, inclusive, agrupa os dois
conceitos na expressão “fatos imprevisíveis”, abrangendo eventos que ocorrem de maneira repentina, inevitável,
tornando impossível preparar-se para enfrentá-los e evitar os prejuízos.
Os fatos imprevisíveis são considerados excludentes da responsabilidade do Estado, pois rompem o nexo de
causalidade entre alguma ação estatal e o dano sofrido pelo terceiro.
Não obstante, Carvalho Filho também considera que os fatos imprevisíveis podem apenas mitigar (e não afastar
totalmente) a responsabilidade do Estado, nos casos em que os danos causados forem resultantes, em conjunto, do
fato imprevisível e de ação ou omissão do Estado.
Nessa hipótese, segundo o autor, não terá havido apenas uma causa, mas concausas. Assim, como o Estado também
contribuiu para o resultado, caberá a ele reparar o dano de forma proporcional à sua participação no evento lesivo.
Assim, segundo esse entendimento, a questão está correta.
Não obstante, vale lembrar que há uma divergência doutrinária nesse assunto. Maria Sylvia Di Pietro, ao contrário de
Carvalho Filho, não entende que caso fortuito e força maior sejam a mesma coisa.
Para a autora, força maior é acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das partes, como uma
tempestade ou um terremoto. Já o caso fortuito ocorre nos casos em que o dano seja decorrente de ato humano ou
falha da Administração, a exemplo de quando uma adutora é rompida por falhas na manutenção.
Assim, para Di Pietro, força maior é causa excludente da responsabilidade civil do Estado, ao passo que caso fortuito
não é. Ademais, a autora não fala em mitigação da responsabilidade nesse contexto, nem pela força maior, e muito
menos pelo caso fortuito.
Como se nota, se considerarmos o entendimento de Carvalho Filho, a questão está correta. Mas se tomarmos por base
os ensinamentos de Di Pietro, o item está errado.
Em questões de provas anteriores, a banca já considerou o entendimento da Di Pietro. Portanto, é importante sempre
avaliar o contexto da questão para tentar inferir qual o entendimento que o examinador irá adotar para definir o
gabarito do item.
Gabarito: Certo

18. CEBRASPE – TJ-AM - Analista Judiciário – Direito – 2019

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item subsecutivo.

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Em caso de aplicação de lei de efeitos concretos que gere danos ou prejuízos a pessoas determinadas, é possível a
responsabilização civil do Estado.
Comentário:

Leis de efeitos concretos são aquelas que não possuem caráter normativo, não detêm generalidade, impessoalidade e
nem abstração. São leis exclusivamente formais, provindas do Legislativo, mas que possuem destinatários certos,
determinados. Como exemplo, podemos mencionar uma lei que declara a utilidade pública de um determinado imóvel
particular para fins de desapropriação.
No caso, o administrado atingido diretamente pela lei de efeitos concretos tem direito à reparação dos eventuais
prejuízos advindos da aplicação da norma, configurando-se a responsabilidade extracontratual do Estado.
Gabarito: Certo

19. CEBRASPE – TJ-AM - Analista Judiciário – Direito – 2019

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item subsecutivo.

O Estado não é civilmente responsável por danos causados por seus agentes se existente causa excludente de ilicitude
penal.
Comentário:

Conforme a jurisprudência do STJ, "a Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus
agentes, ainda que estes estejam amparados por causa de excludente de ilicitude penal".
Assim, temos que a eventual existência de causa que exclui a responsabilidade penal do agente público que causou
dano a terceiro, não afasta a responsabilidade civil do Estado.
Gabarito: Errado

20. CEBRASPE – TJ-AM - Assistente Judiciário – 2019

No que concerne à responsabilidade do Estado, julgue o item subsequente.

Em processos contra a fazenda pública, a prescrição quinquenal abrange a administração direta e indireta, desde que
pessoas jurídicas de direito público, a qualquer título.
Comentário:

Conforme o art. 1º-C da Lei 9.494/97, “prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por
agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos”.
Logo, a prescrição quinquenal não é estrita às ações contra pessoas jurídicas de direito público.

Gabarito: Errado

21. CEBRASPE – TJ-AM - Assistente Judiciário – 2019

No que concerne à responsabilidade do Estado, julgue o item subsequente.

Servidor público que, no exercício de suas atribuições, causar dano a terceiro será responsabilizado em ação regressiva.

Comentário:

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A responsabilidade dos agentes públicos que, no exercício de suas atribuições causem danos a terceiros, deve ser
apurada em ação regressiva, nos termos do art. 37, §6º da Constituição. Lembrando que a responsabilidade do agente
público é subjetiva, o que significa que ele somente será condenado na ação regressiva se ficar demonstrado que agiu
com dolo ou culpa.
Gabarito: Certo

22. CEBRASPE – TJ-AM - Assistente Judiciário – 2019

No que concerne à responsabilidade do Estado, julgue o item subsequente.

Ato antijurídico é aquele estritamente derivado de uma ilicitude do agente.

Comentário:

Para a configuração da responsabilidade civil do Estado, a licitude ou a ilicitude da conduta do agente é irrelevante. Na
verdade, segundo Maria Sylvia Di Pietro, a responsabilização do Estado decorre da prática de ato antijurídico, assim
entendido como o ato lícito ou ilícito de agente público que cause um dano anormal e específico a terceiro.
Em outras palavras, no contexto da responsabilidade civil do Estado, para classificar um ato como antijurídico não
importa se ele foi ou não praticado em conformidade com a lei, bastando que ele tenha causado dano a alguém.
Gabarito: Errado

23. CEBRASPE – DPE-DF - Defensor Público – 2019

É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público, desde que seja inequívoco o
requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que exista o nexo de causalidade entre a ação
omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro.
Comentário:

A responsabilidade civil do Estado, no caso de conduta omissiva, só se desenhará quando presentes estiverem os
elementos que caracterizam a culpa administrativa. Dentre os elementos que caracterizam a culpa administrativa, está
o nexo de causalidade. Portanto, a questão está correta. É possível responsabilizar a administração pública por ato
omissivo do poder público, desde que seja inequívoco o requisito da causalidade.
Para ilustrar, vale lembrar do seguinte exemplo: na hipótese de ocorrência de uma enchente que provoque estragos na
residência de um particular, este terá direito à indenização do Estado caso consiga provar que os bueiros e as galerias
pluviais, cuja manutenção é dever do Poder Público, estavam entupidos. Por outro lado, caso todo o sistema de
escoamento estivesse em perfeitas condições e, mesmo assim, por conta de uma chuva de intensidade excepcional e
imprevisível, não tenha sido suficiente para evitar a enchente, a responsabilidade do Estado será afastada, porque o
dano terá ocorrido exclusiva e diretamente de situação de força maior, sem qualquer culpa da Administração. Em
outras palavras: caso se verifique que o dano decorreu exclusivamente de atos de terceiros ou fenômenos da natureza,
sem qualquer omissão culposa da Administração, esta não terá a obrigação de indenizar, até porque o requisito da
causalidade, em linha direta e imediata, não é inequívoco, isto é, não existe nexo de causalidade entre a ação
omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro.
Gabarito: Certo

24. CEBRASPE – Prefeitura de Boa Vista - RR - Procurador Municipal – 2019

Um município poderá ser condenado ao pagamento de indenização por danos causados por conduta de agentes de sua
guarda municipal, ainda que tais danos tenham decorrido de conduta amparada por causa excludente de ilicitude penal

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expressamente reconhecida em sentença transitada em julgado.


Comentário:

É. A existência de causa excludente de ilicitude penal não impede a responsabilidade civil do Estado pelos danos
causados por seus agentes. Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça – STJ (edição 61):
“7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes sejam
amparados por causa excludente da ilicitude penal.”
Precedentes: REsp 1266517/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
04/12/2012, DJe 10/12/2012; REsp 884198/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/04/2007, DJ 23/04/2007; REsp 111843/PR, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/04/1997,
DJ 09/06/1997.
Gabarito: Certo

25. CEBRASPE – PRF - Policial Rodoviário Federal – 2019

A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo, devendo o
particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.
Comentário:

Na verdade, a responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é objetiva e baseada na teoria do risco
administrativo. Por isso, independe da prova de culpa no cometimento da lesão.
Portanto, frise-se: a responsabilidade extracontratual objetiva do Estado decorre apenas de danos provocados por
alguma conduta comissiva (ação) de seus agentes. Na hipótese de prejuízos provocados pela omissão do Poder
Público, a responsabilidade civil é de natureza subjetiva (teoria da culpa administrativa).
Gabarito: Errado

26. (CEBRASPE – PC/SE 2018)

A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou culposa.

Comentário:

A responsabilidade da Administração Pública, conforme dispõe o art. 37, §6º da Constituição Federal, é objetiva, com
base na modalidade do risco administrativo, mas a responsabilidade dos agentes é subjetiva, ou seja, depende de
dolo ou culpa como demonstrado pelo mesmo dispositivo, que condiciona o direito de regresso da Administração em
relação ao agente à existência de dolo ou culpa do responsável.
Gabarito: Errado

27. (CEBRASPE – PM/AL 2018)

Em situações de danos causados a terceiros, a responsabilidade recai sobre as pessoas jurídicas de direito público,
havendo, ainda, a possibilidade de direito de regresso contra o agente responsável nas hipóteses de dolo ou culpa,
responsabilidade que não recai sobre pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
Comentário:

Nos termos do art. 37, §6º da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,

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assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.


O erro da questão, dessa forma, é excluir as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos da
responsabilidade civil descrita pelo enunciado.
Gabarito: Errado

28. (CEBRASPE – MP/PI 2018)

No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para excluir ou para
atenuar a responsabilização do ente público.
Comentário:

A culpa da vítima é considerada uma excludente da responsabilidade civil do Estado, assim como o caso
fortuito/força maior e o fato exclusivo de terceiros. Detalhe é que, se a culpa for exclusiva da vítima, a responsabilidade
civil do Estado será afastada; se a culpa da vítima for concorrente com o agente público, a responsabilidade do Estado
será apenas atenuada (mas não afastada totalmente).
Gabarito: Certo

29. (CEBRASPE – MPU 2018)

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os seguintes itens.

Na hipótese de prejuízo gerado por ato omissivo de servidor público, a responsabilidade deste será subjetiva.

Comentário:

A responsabilidade do servidor público é sempre subjetiva, uma vez que ele só responde se fica demonstrado que ele
agiu com dolo ou culpa. Lembrando que, no caso de danos causados a terceiros, por atos comissivos ou omissivos, o
servidor responderá civilmente via ação de regresso.
Gabarito: Certo

30. (CEBRASPE - MPU 2018)

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os seguintes itens.

A vítima que busca reparação por dano causado por agente público poderá escolher se a ação indenizatória será
proposta diretamente contra o Estado ou em litisconsórcio passivo entre o Estado e o agente público causador do dano.
Comentário:

A ação de reparação deve ser movida contra a Administração (pessoa jurídica), e não contra o agente que causou o
dano. Este é o posicionamento do STF, manifestado em inúmeras decisões, dentre elas, no RE 344.133/PE:
Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, descabendo
concluir pela legitimação passiva concorrente do agente, inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de
ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Segundo a jurisprudência do STF, essa sistemática consagra uma dupla garantia: uma, em favor do particular, pois lhe
possibilita mover ação indenizatória contra a pessoa jurídica, o que, em tese, aumenta a sua chance de ser indenizado
(o Estado tem mais “força financeira” que o agente público causador direto do dano); e outra garantia em prol do

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agente público, que somente responderá perante a Administração, em caso de dolo ou culpa, mediante ação
regressiva.
Portanto, a questão está errada.

Ressalto, contudo, que, não obstante a posição do STF, é possível encontrar na doutrina e até na jurisprudência do STJ
entendimentos que defendem a possibilidade de se mover ação de reparação diretamente contra o agente público. Ou
seja, não se trata de tema totalmente pacífico, razão pela qual entendo que a questão dá margem para recurso.
Gabarito: Errado

31. (CEBRASPE – CGM/JP 2018)

Empresa pública responderá pelos danos que seu empregado, atuando como seu agente, ocasionar, assegurado o
direito de regresso nos casos de dolo ou culpa.
Comentário:

No tema da responsabilidade civil do Estado, as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas de direito privado
prestadoras de serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável no caso de dolo ou culpa (art. 37, §6º, CRFB/88).
Portanto, para as pessoas jurídicas de direito privado, a exemplo das empresas públicas, a norma supracitada incide
apenas se forem prestadoras de serviços públicos. Caso sejam exploradoras de atividade econômica, devem
responder na forma da legislação civil.
O enunciado é problemático, justamente por não informar se a empresa pública presta serviços públicos ou explora
atividade econômica. No entanto, o gabarito da banca examinadora considerou o item correto.
Gabarito: Certo

32. (CEBRASPE – PC/MA 2018)

Com relação à responsabilidade civil do Estado, julgue os itens seguintes, de acordo com o entendimento
jurisprudencial dos tribunais superiores.
I – Em razão do dever estatal de proteção à incolumidade física do preso, a responsabilização civil do Estado em caso de
morte no interior de estabelecimento prisional ocorrerá ainda que seja demonstrada a impossibilidade do ente de agir
para evitar a morte do detento.
II – De acordo com o princípio da reserva do possível, reiterado descumprimento do dever estatal de assegurar a
integridade física e moral do preso não impõe a responsabilização civil do Estado por danos gerados pela falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento.
III – A responsabilidade civil das pessoas jurídicas concessionárias de serviço público é objetiva em relação aos danos
causados aos terceiros usuários e não usuários do serviço público.
Assinale a opção correta.

a) Apenas o item I está certo.

b) Apenas o item II está certo.

c) Apenas o item III está certo.

d) Apenas os itens I e II estão certos.

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e) Apenas os itens II e III estão certos.

Comentário:

As justificativas para a veracidade ou falsidade das afirmativas presentes nos itens acima, como indicado pelo próprio
enunciado, têm como base a jurisprudência firmada pelos tribunais superiores, mais especificamente Recursos
Extraordinários com repercussão geral julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
I – ERRADA. O tema deste item foi objeto do Recurso Extraordinário 841.526 julgado com repercussão geral, ficando
definida a seguinte tese: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso
XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.
O acórdão do referido Recurso Extraordinário considerou para a definição da tese acima que a omissão do Estado
reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o
dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso.
Isso significa e foi expressamente ressalvado no acórdão que nos casos em que não é possível ao Estado agir para
evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de
causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público.
II – ERRADA. Esse tema também foi objeto de análise por Recurso Extraordinário com Repercussão Geral (RE 580252).
O Plenário do STF definiu que:
considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de
humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição, a
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarceramento.
III – CERTA. O art. 37, §6º, da CF/88 prevê expressamente que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos (como as concessionárias) responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa, sendo essa a base para a responsabilidade objetiva das concessionárias de serviços públicos.
Com base no dispositivo acima, as prestadoras de serviços públicos se responsabilizam objetivamente pelos danos
causados aos usuários, não existindo controvérsias quanto a esse ponto. Além disso, o Supremo Tribunal Federal
decidiu no julgamento do Recurso Extraordinário 591874 que: há responsabilidade civil objetiva das empresas que
prestam serviço público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não-usuários, interpretando o dispositivo
constitucional de forma ampla.
Gabarito: C

33. (CEBRASPE – STJ 2018)

Julgue os itens a seguir, relativos à responsabilidade civil do Estado.

A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos abrange os danos morais e materiais.

Comentário:

A responsabilidade civil do Estado lhe impõe o dever de indenizar os danos materiais e morais que seus agentes causem
a terceiros.
Gabarito: Certo

34. (CEBRASPE – STJ 2018)

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Excetuados os casos de dever específico de proteção, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é
subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
Comentário:

Quando há omissão, em regra existe a necessidade da presença do elemento culpa para a responsabilização do Estado.
Em outras palavras, nas hipóteses de danos provocados por omissão do Poder Público, a sua responsabilidade civil
passa ser de natureza subjetiva, na modalidade culpa administrativa. Nesses casos, a pessoa que sofreu o dano, para ter
direito à indenização do Estado, tem que provar (o ônus da prova é dela) a culpa da Administração Pública.
A culpa administrativa, no caso, origina-se do descumprimento do dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir a
consumação do dano. Ou seja, decorre de falta no serviço que o Estado deveria ter prestado (abrangendo a
inexistência, a deficiência ou o atraso do serviço) e que, se tivesse sido prestado de forma adequada, o dano não teria
ocorrido. A meu ver, é correto também afirmar que deve ser comprovada a negligência estatal, conforme afirma o
quesito.
Gabarito: Certo

35. (CEBRASPE – STJ 2018)

As empresas prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável exclusivamente no caso de dolo.
Comentário:

O direito de regresso contra o agente poder ser exercido nos casos de dolo ou culpa.

Gabarito: Errado

36. (CEBRASPE – STJ 2018)

Acerca dos poderes da administração pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir.

Em razão da discricionariedade do poder hierárquico, não são considerados abuso de poder eventuais excessos que o
agente público, em exercício, sem dolo, venha a cometer.
Comentário:

Não há necessidade de dolo para a configuração do abuso de poder.

Gabarito: Errado

37. (CEBRASPE – STJ 2018)

É objetiva a responsabilidade do agente público em exercício que, por ato doloso, cause danos a terceiros.

Comentário:

A responsabilidade do agente público é sempre subjetiva. No caso de danos a terceiros, ele responde em ação de
regresso.
Gabarito: Errado

38. (CEBRASPE – STJ 2018)

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Força maior, culpa de terceiros e caso fortuito constituem causas atenuantes da responsabilidade do Estado por danos.

Comentário:

O mais correto, a meu ver, seria afirmar que os fatores mencionados constituem causas excludentes de
responsabilidade do Estado. Todavia, penso ser também correto afirmar que são causas atenuantes.
Gabarito: Certo

39. (CEBRASPE – Procurador de Fortaleza 2017)

A regulação das relações jurídicas entre agentes públicos, entidades e órgãos estatais cabe ao direito administrativo, ao
passo que a regulação das relações entre Estado e sociedade compete aos ramos do direito privado, que regulam, por
exemplo, as ações judiciais de responsabilização civil do Estado.
Comentário:

Segundo Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo consiste no conjunto harmônico de princípios jurídicos que
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado. Portanto, cabe ao Direito Administrativo, ramo do Direito Público, a regulação das relações
entre o Estado e a sociedade. É o que ocorre, por exemplo, quando um agente público provoca um dano moral ou
material a um terceiro, gerando a responsabilidade civil do Estado de reparar o dano.
Gabarito: Errado

40. (CEBRASPE – Procurador de Fortaleza 2017)

Situação hipotética: Um veículo particular, ao transpassar indevidamente um sinal vermelho, colidiu com veículo oficial
da Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza, que trafegava na contramão.
Assertiva: Nessa situação, não existe a responsabilização integral do Estado, pois a culpa concorrente atenua o
quantum indenizatório.
Comentário:

A teoria do risco administrativo explica que, existindo o nexo de causalidade entre a conduta do agente estatal e o
dano, há a responsabilidade do Estado. No caso apresentado, percebemos que a culpa do dano foi concorrente, pois,
além do particular ultrapassar o sinal vermelho, o veículo da Procuradoria do Município estava na contramão, portanto
os dois deram causa ao dando. Nesse caso há a atenuação da conduta do Estado, em razão da culpa concorrente do
particular.
Gabarito: Certo

41. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Mesmo que determinada lei tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, entende-se que não é
viável a responsabilização do Estado pela edição da referida norma, uma vez que o Poder Legislativo é dotado de
soberania no exercício da atividade legiferante.
Comentário:

Se uma lei que causar danos a terceiros vier a ser declarada inconstitucional pelo STF, o Estado poderá ser
responsabilizado a indenizar os terceiros por esses danos. Trata-se de uma das hipóteses de responsabilidade civil do
Estado por atos legislativos.

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Gabarito: Errado

42. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

A morte de terceiro em decorrência de assalto praticado por indivíduo foragido do sistema prisional tem a faculdade de
atrair a responsabilidade civil do Estado.
Comentário:

A jurisprudência do STF já reconheceu a existência da responsabilidade civil do Estado pela morte de terceiro em
decorrência de assalto praticado por indivíduo foragido do sistema prisional. Veja a ementa do RE 573.595, de
24/6/2008
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ARTIGO
37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LATROCÍNIO COMETIDO POR FORAGIDO. NEXO DE CAUSALIDADE
CONFIGURADO. PRECEDENTE. 1. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais
diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de
causalidade. 2. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no artigo 37, § 6º, da
Constituição do Brasil. Agravo regimental a que se nega provimento.
Detalhe é que o Poder Público só responderá pelo crime praticado se houver nexo de causalidade entre a omissão
estatal e o dano. Outro elemento frequentemente apontado é a necessidade de que haja um curto intervalo de tempo
entre a fuga e o ato lesivo.
Gabarito: Certo

43. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Na hipótese de responsabilidade do Estado por dano causado por agente público, apenas nos casos de atos dolosos
será assegurado ao poder público o direito de regresso.
Comentário:

O direito de regresso é assegurado não apenas em caso de dolo, mas também nos casos de culpa do agente público.

Gabarito: Errado

44. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Considera-se atenuante da responsabilidade estatal a culpa concorrente da vítima.

Comentário:

A culpa exclusiva da vítima, assim como o caso fortuito/força maior e o fato exclusivo de terceiros são considerados
excludentes da responsabilidade civil do Estado na teoria do risco administrativo. Especificamente, a culpa
concorrente é considerada um atenuante da responsabilidade estatal.
Gabarito: Certo

45. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Para efeito de apuração da responsabilidade civil do Estado, é juridicamente irrelevante que o ato tenha sido comissivio
ou omissivo.
Comentário:

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A responsabilidade do Estado pode decorrer tanto de atos comissivos como omissivos de seus agentes. No primeiro
caso, a responsabilidade do Estado é objetiva; no segundo, é subjetiva, como regra. Logo, a natureza do ato não é
juridicamente irrelevante, pois serve para definir a natureza da responsabilidade do Estado (se objetiva ou subjetiva).
Gabarito: Errado

46. (CEBRASPE – Juiz Substituto TJ/PR 2017)

Em recente decisão, o STF entendeu que, quando o poder público comprovar causa impeditiva da sua atuação protetiva
e não for possível ao Estado agir para evitar a morte de detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em
liberdade):
a) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se à situação a responsabilidade subjetiva por haver omissão
estatal.
b) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a responsabilidade objetiva por haver omissão estatal.

c) não haverá responsabilidade civil do Estado, pois o nexo causal da sua omissão com o resultado danoso terá sido
rompido.
d) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a teoria do risco integral.

Comentário:

Em decisão publicada em 01 de Agosto de 2016, o STF entendeu que o dever constitucional de proteção ao detento
somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos fundamentais e
não é assegurado. Já quando não for possível ao Estado agir para evitar a morte de detendo, não há nexo de
causalidade, afastando a responsabilidade do Estado. Eis o teor da decisão (RE 841526):
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE
DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas
estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do Estado reclama
nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e
a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito subjetivo do preso que a
execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a
sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção ao
detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do
artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao
Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o
nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a
opinio doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por
várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado
evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em
que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da
sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em caso de
inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o
Estado é responsável pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do
suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, restando
escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO.
Gabarito: C

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47. (CEBRASPE – Técnico Administrativo ANVISA 2016)

Em virtude da observância do princípio da supremacia do interesse público, será integralmente excluída a


responsabilidade civil do Estado nos casos de culpa — seja exclusiva, seja concorrente — da vítima atingida pelo dano.
Comentário:

Nos casos de culpa concorrente da vítima atingida pelo dano, a responsabilidade do Estado será atenuada
proporcionalmente, e não excluída integralmente, o que ocorrerá apenas no caso de culpa exclusiva da vítima.
Gabarito: Errado

48. (CEBRASPE – DPU 2015)

A responsabilidade civil do servidor público pela prática, no exercício de suas funções, de ato que acarrete prejuízo ao
erário ou a terceiros pode decorrer tanto de ato omissivo quanto de ato comissivo, doloso ou culposo.
Comentário:

Para caracterizar a responsabilidade civil ou extracontratual do Estado, basta que haja um dano (patrimonial e/ou
moral) causado a terceiro por comportamento omissivo ou comissivo, doloso ou culposo de agente público. A
responsabilidade civil impõe ao Estado a obrigação de reparar (indenizar) esse dano.
Nos termos do art. 122 da Lei 8.112/1990, “a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou
culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros”.
Gabarito: Certo

49. (CEBRASPE – DPU 2016)

Situação hipotética: Considere que uma pessoa jurídica de direito público tenha sido responsabilizada pelo dano
causado a terceiros por um dos seus servidores.
Assertiva: nessa situação, o direito de regresso poderá ser exercido contra esse servidor ainda que não seja comprovada
a ocorrência de dolo ou culpa.
Comentário:

O art. 37, § 6º, da Constituição Federal, dispõe o seguinte:

6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
Como se nota, o direito de regresso do Estado só poderá ser assegurado quando seus agentes tiverem causado danos a
terceiros por dolo ou culpa. Em outras palavras, se não houver dolo ou culpa do agente, não será assegurado o direito
de regresso, o que torna a questão incorreta.
Gabarito: Errado

50. (CEBRASPE – CGE/PI 2015)

De acordo com a teoria do risco integral, é suficiente a existência de um evento danoso e do nexo de causalidade entre
a conduta administrativa e o dano para que seja obrigatória a indenização por parte do Estado, afastada a possibilidade
de ser invocada alguma excludente da responsabilidade.

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Comentário:

Na teoria do risco integral, o Estado funciona como um segurador universal, que deverá suportar os danos sofridos por
terceiros em qualquer hipótese. A característica do risco integral é que não são admitidas as hipóteses de exclusão da
responsabilidade civil do Estado. De fato, para se aduzir a responsabilidade do Estado, seria suficiente demonstrar o
dano e o nexo de causalidade entre a conduta administrativa e o dano. Sendo assim, a questão está correta.
Gabarito: Certo

51. (CEBRASPE – CGE/PI 2015)

As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável apenas nos casos de dolo.
Comentário:

Vamos dar uma olhada no art. 37, §6º, da CF:

§ 6º – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
Como se nota, o direito de regresso contra o agente público ocorre tanto no caso de dolo como de culpa. Logo, a
questão está errada.
Gabarito: Errado

52. (CEBRASPE – TRE/GO 2015)

Rafael, agente público, chocou o veículo que dirigia, de propriedade do ente ao qual é vinculado, com veículo particular
dirigido por Paulo, causando-lhe danos materiais. Acerca dessa situação hipotética, julgue os seguintes itens.
Rafael pode ser responsabilizado, regressivamente, se for comprovado que agiu com dolo ou culpa, mesmo sendo
ocupante de cargo em comissão, e deve ressarcir a administração dos valores gastos com a indenização que venha a ser
paga a Paulo.
Comentário:

Segundo o art. 37, §6º, da CF, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, com base na teoria do risco administrativo.
Dessa forma, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos devem
responder pelos danos que seus agentes, atuando nessa qualidade, causarem a terceiros. Nesse caso, assegura-se o
direito de regresso contra o responsável (o agente público que causou o dano), desde que ele tenha agido com dolo ou
culpa.
No caso concreto, o Estado indeniza Paulo (terceiro lesado), mas poderá mover uma ação de regresso contra Rafael
(agente público que deu causa ao dano), desde que esse agente tenha atuado com dolo ou culpa. Logo, o item está
correto.
Gabarito: Certo

53. (CEBRASPE – TRE/GO 2015)

A responsabilidade da administração pelos danos causados a terceiro é objetiva, ou seja, independe da comprovação do
dolo ou culpa de Rafael.
Comentário:

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A responsabilidade objetiva independe de dolo ou culpa para ensejar o dever de indenizar. Portanto, o Estado pode ser
chamado a indenizar o terceiro lesado, independentemente de o agente público causador do dano ter atuado com dolo
ou culpa. Logo, o item está correto.
Lembrando que o elemento subjetivo (dolo ou culpa) é exigido para mover a ação regressiva, mas não é necessário
para indenizar o terceiro lesado.
Gabarito: Certo

54. (CEBRASPE – TRE/GO 2015)

Caso Rafael seja empregado de empresa terceirizada, contratada pela administração para a prestação de serviços de
transporte de materiais, a responsabilidade do ente público será objetiva, porém subsidiária.
Comentário:

Nesse caso, a responsabilidade é da empresa terceirizada, de forma subjetiva, nos termos do art. 70 da Lei 8.666/1993
– “O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua
culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o
acompanhamento pelo órgão interessado”. A administração, nesse caso, somente poderá responder subjetivamente,
quando se comprovar que ocorreu omissão no seu dever de fiscalização.
Gabarito: Errado

55. (CEBRASPE – TRE/GO 2015)

A responsabilidade da administração pode ser afastada caso fique comprovada a culpa exclusiva de Paulo e pode ser
atenuada em caso de culpa concorrente.
Comentário:

As excludentes da responsabilidade civil do Estado são: (a) caso fortuito ou força maior; (b) culpa exclusiva da vítima;
e (c) ato exclusivo de terceiro.
Dessa forma, se a culpa for exclusiva de Paulo (vítima), a responsabilidade da Administração poderá ser afastada. Por
outro lado, sendo que a culpa concorrente, ocorrerá a atenuação dessa responsabilidade. Portanto, o item está perfeito.
Gabarito: Certo

56. (CEBRASPE – TRT10 2013)

A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar todo e qualquer dano, independentemente de a vítima ter
concorrido para o seu aperfeiçoamento.
Comentário:

A teoria do risco integral responsabiliza o Estado pelos danos que seus agentes causarem a terceiros sem admitir
qualquer excludente de responsabilidade em defesa do Estado. Tal teoria é empregada de forma restrita em nosso
ordenamento jurídico, como nos danos nucleares, ambientais e atentados terroristas a aeronaves brasileiras.
Gabarito: Certo

57. (CEBRASPE – TCE/ES 2012)

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Para efeito de responsabilidade do Estado, no caso de lesão a terceiro, é fundamental estabelecer se o agente público,
no exercício de suas funções, atuou de forma dolosa ou culposa, bem como se os poderes de que se tenha valido
correspondiam ou não às suas atribuições específicas.
Comentário:

A Administração Pública tem a obrigação de indenizar o dano causado a terceiros por seus agentes,
independentemente da prova de dolo ou culpa no cometimento da lesão. Ademais, é irrelevante se o agente atuou
dentro ou fora das suas competências, ou seja, se o ato praticado foi lícito ou não. O quesito, portanto, está errado. Por
outro lado, lembre-se de que é imprescindível para a caracterização da responsabilidade do Estado que o agente
público esteja atuando nessa qualidade, ou seja, no desempenho das atribuições próprias da sua função ou
simplesmente agindo como se a estivesse exercendo.
Gabarito: Errado

58. (CEBRASPE – Anatel 2012)

De acordo com a teoria do risco administrativo, o ônus da prova de culpa do particular por eventual dano que tenha
sofrido, caso exista, cabe sempre à administração pública.
Comentário:

A teoria do risco administrativo admite a exclusão (total ou parcial) da responsabilidade da Administração caso fique
comprovada a culpa da vítima. No caso, o ônus da prova cabe à Administração. Lembrando que, diversamente, nos
casos de omissão administrativa, em que a responsabilidade do Estado é subjetiva, cabe ao particular provar que essa
omissão lhe causou algum dano.
Gabarito: Certo

59. (CEBRASPE – TRE/MS 2013)

Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta.

a) Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente público causador do dano deve ser servidor público
estatutário e possuir vínculo direto com a administração.
b) Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente público causador do prejuízo a terceiros deve ter agido
na qualidade de agente público, sendo irrelevante o fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua competência legal.
c) Considerando que os atos judiciais são invioláveis, não se admite a responsabilização ao Estado pelos danos que deles
emergirem.
d) A responsabilidade civil do Estado é objetiva, sendo obrigatória configuração da culpa para a eclosão do evento
danoso.
e) É inconstitucional o dispositivo da Lei de Licitações e Contratos que prevê que a administração pública não se
responsabilizará pelo pagamento dos encargos trabalhistas inadimplidos dos empregados de empresa terceirizada
contratada.
Comentário:

a) ERRADA. Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o agente público causador do dano não
necessariamente deve ser servidor público estatutário, podendo ser também empregado público. Aliás, o agente nem
precisa possuir vínculo direto com a administração, bastando ser alguma pessoa incumbida da realização de algum
serviço público, temporário ou permanente.

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b) CERTA. É condição imprescindível para a caracterização da responsabilidade do Estado o fato de o agente, ao


praticar o ato danoso, estar atuando na condição de agente público (ou de agente de delegatária de serviço público),
vale dizer, no desempenho das atribuições próprias da sua função ou simplesmente agindo como se a estivesse
exercendo. Não importa se a atuação do agente foi lícita ou ilícita; o que interessa é exclusivamente ele agir na
qualidade de agente público, e não como pessoa comum.
c) ERRADA. O Estado pode sim ser responsabilizado em decorrência da prática de atos judiciais, em duas hipóteses:
erro judiciário cometido na esfera penal e conduta dolosa ou fraudulenta do juiz.
d) ERRADA. A responsabilidade civil objetiva independe da configuração de dolo ou culpa.

e) ERRADA. O art. 71 da Lei de Licitações prevê que o contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato e que a inadimplência do contratado não
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento. O STF fixou o entendimento de que esse
dispositivo da Lei de Licitações não afronta a Constituição. No caso da inadimplência do contratado, o Estado responde
apenas subsidiariamente.
Gabarito: B

60. (CEBRASPE – MPU 2013)

Considere que veículo oficial conduzido por servidor público, motorista de determinada autoridade pública, tenha
colidido contra o veículo de um particular. Nesse caso, tendo o servidor atuado de forma culposa e provados a conduta
comissiva, o nexo de causalidade e o resultado, deverá o Estado, de acordo com a teoria do risco administrativo,
responder civil e objetivamente pelo dano causado ao particular.
Comentário:

Para configurar a responsabilidade civil objetiva do Estado, na modalidade risco administrativo, exige-se a presença dos
seguintes requisitos: dano, conduta administrativa e nexo causal. O quesito está correto, portanto. Perceba que,
embora a questão afirme que o servidor atuou de forma culposa, essa informação é irrelevante para a configuração da
responsabilidade civil do Estado, que é objetiva e, por isso, estará presente tendo ou não o agente atuado de forma
culposa ou dolosa.
Gabarito: Certo

61. (CEBRASPE – MIN 2013)

Na hipótese de a explosão em uma pedreira, cujo funcionamento fora irregularmente licenciado, causar danos a
terceiros, deverão ser responsabilizados civilmente por esses danos não só os responsáveis pelo empreendimento, mas
também o município que concedeu a licença.
Comentário:

No caso, considerou-se que tanto os responsáveis pelo empreendimento quanto o Poder Público contribuíram para os
danos. O empreiteiro pela má execução da obra e o Município pelo licenciamento irregular. Nessa hipótese, ambos
(empreiteiro e Município) têm responsabilidade pelo dano ocorrido, devendo arcar, de modo proporcional, com a
eventual indenização devida, na medida da culpa de cada um.
Gabarito: Certo

62. (CEBRASPE – MIN 2013)

Considere que determinado prefeito municipal, abusando de seu poder ao exercer suas atribuições, execute ato que
cause prejuízo patrimonial a terceiros. Nessa situação, caberá ao município restaurar o patrimônio diminuído.

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Comentário:

A responsabilidade para ressarcir os danos causados a terceiros por agentes públicos é do Estado. Trata-se da aplicação
da teoria da responsabilidade civil objetiva, na modalidade risco administrativo, prevista no art. 37, §6º da CF. Assim,
na situação descrita no item, é correto afirmar que caberá ao Município restaurar o dano causado pelo prefeito. O
prefeito, por sua vez, só será alcançado mediante ação regressiva, após a condenação do Município.
Gabarito: Certo

63. (CEBRASPE – Suframa 2014)

Um veículo da SUFRAMA, conduzido por um servidor do órgão, derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o
veículo de um particular. O acidente resultou em danos a ambos os veículos e lesões graves no motorista do veículo
particular.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens que se seguem.

Provado que o motorista da SUFRAMA não agiu com dolo ou culpa, a superintendência não estará obrigada a indenizar
todos os danos sofridos pelo condutor do veículo particular.
Comentário:

Uma vez que o acidente envolveu um agente público atuando nessa qualidade (conduzindo um veículo oficial), a
superintendência será sim obrigada a ressarcir os danos sofridos pelo condutor do veículo particular,
independentemente de o servidor ter agido com ou dolo ou culpa ou de ter desrespeitado ou não as leis de trânsito. A
responsabilidade da superintendência surge, tão somente, pela existência de um dano a terceiro provocado pela
atuação de um agente público agindo nessa qualidade, daí o erro.
Vale ressaltar que a culpa ou dolo servidor só importará na ação de regresso. Nesta ação, se ficar comprovado que o
agente agiu com dolo ou culpa terá que ressarcir ao erário o valor dispendido com a indenização paga ao condutor do
veículo particular.
Ademais, é importante anotar que a responsabilidade da superintendência poderá ser afastada (total ou parcialmente)
caso ela demonstre (o ônus da prova é dela) a presença de algum excludente de responsabilidade, como a culpa
exclusiva ou concorrente da vítima ou a ocorrência de caso fortuito e força maior.
Gabarito: Errado

64. (CEBRASPE – Suframa 2014)

O motorista da SUFRAMA poderá ser responsabilizado administrativamente pelo acidente, ainda que tenha sido
absolvido por falta de provas em eventual ação penal instaurada para apurar a responsabilidade pelas lesões causadas
ao motorista particular.
Comentário:

Em regra, as instâncias penal e administrativa são independentes, exceto se houver absolvição na esfera criminal por
negativa de fato ou de autoria, caso em que o servidor não poderá, pelos mesmos fatos, ser responsabilizado na
instância administrativa. Na situação narrada no quesito, o motorista da SUFRAMA foi absolvido na esfera penal por
falta de provas (e não por negativa do fato ou da autoria). Dessa forma, a absolvição judicial não irá interferir no
processo administrativo, de modo que o servidor poderá sim ser responsabilizado administrativamente (poderá sofrer
uma sanção disciplinar, por exemplo).
Gabarito: Certo

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65. (CEBRASPE – PM/CE 2014)

A responsabilidade civil do servidor público por dano causado a terceiros, no exercício de suas funções, ou à própria
administração, é subjetiva, razão pela qual se faz necessário, em ambos os casos, comprovar que ele agiu de forma
dolosa ou culposa para que seja diretamente responsabilizado.
Comentário:

A responsabilidade civil do servidor público, quando atua nessa qualidade, pode decorrer de duas situações: (i) por dano
causado a terceiros; ou (ii) por dano causado à própria Administração, ou seja, ao erário.
Em ambas as hipóteses, a responsabilidade civil do servidor é subjetiva, ou seja, ele só responde se tiver agido com
dolo ou culpa. A peculiaridade é que, no caso de dano causado a terceiros, o servidor responde mediante ação
regressiva. É isso que prevê a Lei 8.112/1990:
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário
ou a terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta
de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.

§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
recebida.
Gabarito: Certo

66. (CEBRASPE – Bacen 2013)

Os efeitos da ação regressiva movida pelo Estado contra o agente que causou o dano transmitem-se aos herdeiros e
sucessores, até o limite da herança, em caso de morte do agente.
Comentário:

Por ser uma ação de natureza cível (indenizatória), a ação regressiva transmite-se aos sucessores (herdeiros) do agente
causador do dano, os quais ficarão responsáveis por promover a reparação mesmo após a morte do agente. O limite até
o qual os sucessores responderão é o valor do patrimônio transferido, como herança, pelo agente público falecido.
Nesse sentido, vale conhecer o teor do art. 122 da Lei 8.112/1990:
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário
ou a terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta
de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.

§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
recebida.
Lembrando que a obrigação do servidor surgirá apenas na ação de regresso, pois na ação de reparação movida pelo
particular, quem responde é o Estado. Assim, se o servidor, na ação de regresso, for condenado a ressarcir o erário e,
posteriormente, vier a falecer, sua obrigação para com o Estado passará para os sucessores, até o limite do valor da
herança.
Gabarito: Certo

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67. (CEBRASPE – PRF 2013)

Um PRF, ao desviar de um cachorro que surgiu inesperadamente na pista em que ele trafegava com a viatura de polícia,
colidiu com veículo que trafegava em sentido contrário, o que ocasionou a morte do condutor desse veículo.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Em razão da responsabilidade civil objetiva da administração, o PRF será obrigado a ressarcir os danos causados à
administração e a terceiros, independentemente de ter agido com dolo ou culpa.
Comentário:

Quem será obrigado a ressarcir os danos causados a terceiros pela atuação de agentes públicos é o Estado, no caso em
apreço, a União. O PRF, por sua vez, só responderá em ação regressiva, e somente será condenado nessa ação se tiver
agido com dolo ou culpa.
Gabarito: Errado

68. (CEBRASPE – Ministério da Justiça 2013)

Para configurar a responsabilidade civil do Estado, é irrelevante que o agente público causador do dano atue no
exercício da função pública. Estando o agente, no momento em que tenha realizado a ação ensejadora do prejuízo,
dentro ou fora do exercício da função pública, seu comportamento acarretará responsabilidade ao Estado.
Comentário:

Ao contrário do que afirma o quesito, para configurar a responsabilidade civil do Estado é essencial que o agente
público causador do dano atue no exercício da função pública, ou seja, no momento em que tenha realizado a ação
ensejadora do prejuízo, o agente deverá estar dentro do exercício da função pública.
Gabarito: Errado

69. (CEBRASPE – Bacen 2013)

Se uma professora concursada, ao ministrar aula em uma escola pública, for ferida por um tiro disparado por um aluno,
a responsabilidade do Estado pelo dano causado à professora será objetiva.
Comentário:

Segundo a jurisprudência do STF, quando o Estado tem o dever legal de garantir a integridade de pessoas ou coisas que
estejam sob sua proteção direta (ex: presidiários e internados em hospitais públicos) ou a ele ligadas por alguma
condição específica (ex: estudantes de escolas públicas) o Poder Público responderá civilmente, por danos ocasionados
a essas pessoas ou coisas, com base na responsabilidade objetiva prevista no art. 37, §6º, mesmo que os danos não
tenham sido diretamente causados por atuação de seus agentes. Nesse caso, de forma excepcional, o Estado responderá
objetivamente pela sua omissão no dever de custódia dessas pessoas ou coisas. Foi dito “de forma excepcional” porque,
de regra, a responsabilidade do Estado por danos que não tenham sido causados por uma atuação direta dos agentes
públicos é de natureza subjetiva.
Na situação descrita no item, a professora e o aluno são pessoas ligadas ao Estado por uma condição específica,
gerando para o Estado a obrigação de indenizar a professora pelo dano (responsabilidade civil objetiva), ainda que o
tiro não tenha sido disparado diretamente por um agente público.
Gabarito: Certo

70. (CEBRASPE – TCE/RO 2013)

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É objetiva a responsabilidade da administração pública pelos danos causados por fenômenos da natureza.

Comentário:

A responsabilidade da administração pública pelos danos causados por fenômenos da natureza é subjetiva, eis que os
danos não foram provocados por uma atuação direta de agente público e sim por uma provável omissão do Estado, a
qual deverá ser provada pela pessoa que sofreu o dano para que esta tenha direito a indenização (teoria da culpa
administrativa). Ressalte-se que, mesmo na responsabilidade subjetiva, é necessário haver o nexo de causalidade
entre a omissão do Poder Público e o dano causado ao particular.
Gabarito: Errado

71. (CEBRASPE – PC/CE 2012)

As empresas públicas e as sociedades de economia mista que exploram atividade econômica respondem pelos danos
que seus agentes causarem a terceiros conforme as mesmas regras aplicadas à demais pessoas jurídicas de direito
privado.
Comentário:

As empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica (ex: Banco do Brasil e
Petrobras) não estão abrangidas pelo art. 37, §6º da CF, ou seja, não estão sujeitas à responsabilização civil objetiva na
modalidade risco administrativo. Tais entidades respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros da
mesma forma que qualquer empresa privada, nos termos do direito civil e comercial; ou seja, a responsabilidade das
empresas estatais exploradoras de atividade econômica é de natureza subjetiva (teoria civilista ou culpa comum –
depende da demonstração de culpa do agente).
Gabarito: Certo

72. (CEBRASPE – Câmara dos Deputados 2012)

As entidades de direito privado prestadoras de serviço público respondem objetivamente pelos prejuízos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Comentário:

A regra da responsabilidade civil objetiva, prevista no art. 37, §6º da CF, se estende às pessoas jurídicas prestadoras de
serviços públicos, independentemente de a prestadora integrar ou não a Administração Pública, neste último caso,
sendo uma concessionária, permissionária ou autorizada.
Gabarito: Certo

73. (CEBRASPE – Ministério da Justiça 2013)

Por ostentarem natureza pública, apenas as pessoas jurídicas de direito público responderão objetivamente pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros.
Comentário:

Além das pessoas jurídicas de direito público, as entidades de direito privado prestadoras de serviço público e as
empresas privadas delegatórias de serviço público também responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros.
Gabarito: Errado

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74. (CEBRASPE – GDF 2013)

Segundo a atual posição do STF, é subjetiva a responsabilidade de empresa pública prestadora de serviço público em
relação aos danos causados a terceiros não usuários do serviço.
Comentário:

Segundo a atual posição do STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público é objetiva (e não subjetiva) em relação aos usuários, bem como em relação a terceiros não usuários do serviço
público (lembre-se do caso do motorista de transporte coletivo que atropela um pedestre. O pedestre, por não estar no
ônibus, seria um exemplo de não usuário).
Gabarito: Errado

75. (CEBRASPE – Bacen 2013)

A responsabilidade civil objetiva do Estado não abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista
exploradoras de atividade econômica.
Comentário:

De fato, a responsabilidade civil objetiva do Estado, prevista no art. 37, §6º da CF, não abrange as empresas públicas e
sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica. A responsabilidade dessas entidades pelos
danos causados a terceiros por seus agentes é de natureza subjetiva (teoria civilista ou culpa comum – depende da
demonstração de culpa do agente).
Gabarito: Certo

76. (CEBRASPE – Ministério da Justiça 2013)

O caso fortuito e a força maior não possibilitam a exclusão da responsabilidade do poder público, visto ser objetiva a
responsabilidade do Estado.
Comentário:

A responsabilidade civil objetiva na modalidade risco administrativo admite a arguição de excludente de


responsabilidade para afastar o dever de indenizar do Estado. Como excludentes de responsabilidade, a doutrina
geralmente cita a culpa exclusiva da vítima, o caso fortuito e força maior e o fato exclusivo de terceiros. Detalhe é
que o ônus da prova em relação à presença do excludente de responsabilidade é da própria Administração (afinal, ela é
que será beneficiada com a exclusão).
Gabarito: Errado

77. (CEBRASPE – Suframa 2014)

O direito pátrio adotou a responsabilidade objetiva do Estado, sob a modalidade “risco administrativo”. Assim, a culpa
exclusiva da vítima é capaz de excluir a responsabilidade do Estado, e a culpa concorrente atenua o valor da indenização
devida.
Comentário:

A responsabilidade do Poder Público em razão de culpa atribuível à própria vítima pode ser totalmente excluída como
também pode ser reduzida proporcionalmente. O primeiro caso ocorre quando ficar comprovado que a própria vítima
foi a única responsável pelo dano a ela causado (não houve participação do agente público). Já o segundo ocorre nas
situações em que, além da ação da própria vítima, alguma ação do servidor público também contribuiu para o dano; no

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caso, haveria aquilo que a doutrina chama de culpa concorrente (do agente público e da vítima). Nessa hipótese, a
responsabilidade civil da Administração seria atenuada, ou seja, o Estado teria o dever de indenizar o particular, só que
o valor da indenização seria reduzido proporcionalmente.
Gabarito: Certo

78. (CEBRASPE – PGE/BA 2014)

Suponha que viatura da polícia civil colida com veículo particular que tenha ultrapassado cruzamento no sinal vermelho
e o fato ocasione sérios danos à saúde do condutor do veículo particular. Considerando essa situação hipotética e a
responsabilidade civil da administração pública, julgue o item subsequente.
Sendo a culpa exclusiva da vítima, não se configura a responsabilidade civil do Estado, que é objetiva e embasada na
teoria do risco administrativo.
Comentário:

A culpa exclusiva da vítima é uma excludente de responsabilidade admitida na teoria do risco administrativo que
afasta totalmente a responsabilidade civil do Estado. Na situação descrita no item, a culpa exclusiva da vítima seria
caracterizada se a Administração conseguisse provar que o acidente foi causado única e exclusivamente pelo fato de o
particular ter ultrapassado o sinal vermelho, não havendo nenhuma ação da viatura da polícia civil que tivesse
contribuído para o ocorrido. Ressalte-se que o ônus da prova, no caso, é da Administração.
Gabarito: Certo

79. (CEBRASPE – MPTCE/PB 2014)

A respeito da responsabilidade do Estado por atos da administração pública, assinale a opção correta.

a) As teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado sempre caminharam paralelamente e, no


Brasil, a partir da Constituição de 1937, prevalecem as teorias objetivas.
b) A Constituição Imperial do Brasil de 1824 trouxe expressamente hipóteses de responsabilidade da administração
pública por atos praticados na esfera do Poder Moderador.
c) A CF rompeu completamente com a Constituição anterior quanto à forma de tratar a responsabilidade patrimonial do
Estado por atos da administração pública no direito brasileiro.
d) A CF inovou em relação às constituições anteriores ao prever a possibilidade de responsabilização de forma objetiva
das pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviço público.
e) As teorias acerca da responsabilidade patrimonial do Estado sempre estiveram pautadas na necessidade de a
administração pública rever seus atos e se responsabilizar por eles.
Comentário:

a) ERRADA. Foi a Constituição Federal de 1946 que inaugurou a responsabilidade objetiva do Estado brasileiro, na
modalidade risco administrativo. Antes disso, vigorava no Brasil a teoria civilista, em que o Estado só responderia de
houvesse a comprovação de culpa do funcionário.
b) ERRADA. Na Constituição de 1824, ainda na época do Império, já vigorava a teoria civilista. Portanto, a
responsabilidade, à época, era subjetiva, e recaía sobre os atos de gestão, praticados pelos funcionários. O Poder
Moderador, por sua vez, era dado ao Imperador, e este, segundo a Constituição, não estava sujeito a responsabilidade
alguma.
c) ERRADA. Após a CF/1946, que inaugurou a responsabilidade objetiva do Estado, as Constituições posteriores sempre
adotaram o mesmo tratamento, ou seja, não houve rompimento algum. Ao contrário, as Cartas seguintes foram

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acrescentando dispositivos a fim de reforçar a responsabilidade objetiva. Por exemplo, a CF/1967 acrescentou a
possibilidade de ação regressiva em caso de dolo ou culpa (na Carta de 1946, era só em caso de culpa); e a CF de 1988
acrescentou a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público.
d) CERTA. De fato, como dito acima, a CF/1988 inovou ao fazer referência à responsabilidade civil objetiva das
prestadoras de serviços públicos.
e) ERRADA. Nos Estados absolutistas, assim como nos EUA (até 1946) e na Inglaterra (até 1947), vigorava a teoria da
irresponsabilidade, segundo a qual o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus
agentes. Ressalte-se que, no Brasil, nunca vigorou a teoria da irresponsabilidade. Durante o Império, vigorava a teoria
civilista, pela qual os atos de gestão, praticados pelos funcionários, podiam gerar responsabilidade para o Estado. Os
atos do Imperador (atos de império), contudo, não geravam responsabilidade.
Gabarito: D

80. (CEBRASPE – TRE/MS 2013)

Determinada professora da rede pública de ensino recebeu ameaças de agressão por parte de um aluno e, mais de uma
vez, alertou à direção da escola, que se manteve omissa. Nessa situação hipotética, caso se consumem as agressões, a
indenização será devida
a) pelo Estado, objetivamente.

b) pelos pais do aluno e pelo Estado em decorrência do sistema de compensação de culpas.

c) pelo Estado, desde que presentes os elementos que caracterizem a culpa.

d) pelos pais do aluno e, subsidiariamente, pelo Estado.

e) pelos pais do aluno, em virtude do poder familiar.

Comentário:

Segundo a jurisprudência do STF e também do STJ, a responsabilidade civil do Estado pelo dano decorrente de sua
omissão em relação a pessoas ou coisas sob sua custódia é objetiva. Portanto, o gabarito da questão teria que ser a
alternativa “a”.
Porém, a meu ver, a banca pisou na bola, pois considerou correta a alternativa “c”. Ao que parece, ela se baseou no
seguinte trecho do RE 633.138/DF, julgado pelo STF:
"O Tribunal a quo, ao proferir o acórdão recorrido, consignou, verbis: 'Tratando-se de ato omissivo do Poder Publico, a
responsabilidade civil por esse ato e subjetiva. Imprescindível, portanto, a demonstração de dolo ou culpa, esta numa
de suas três modalidades - negligência, imperícia ou imprudência'. (...) Agressão a professores em sala de aula e caso de
polícia, e não de diretor de estabelecimento e seu assistente. A responsabilidade e objetiva do Distrito Federal, a quem
incumbe garantir a segurança da direção e do corpo docente, por inteiro, de qualquer estabelecimento".
O problema é que esse trecho (que parece ter inspirado a banca) é do acórdão do Tribunal originário que estava sendo
agravado na ação no Supremo. Esse trecho foi transcrito na ementa da decisão do STF, mas só a título de referência. No
final, o Supremo não ratificou o entendimento do Tribunal "a quo" (original) e decidiu que a responsabilidade do Estado
é objetiva no caso. Na própria ementa do julgado há o seguinte:
"(...) Agressão a professores em sala de aula é caso de polícia, e não de diretor de estabelecimento e seu assistente. A
responsabilidade é objetiva do Distrito Federal, a quem incumbe garantir a segurança da direção e do corpo docente,
por inteiro, de qualquer estabelecimento (...)"
Repare que, na questão seguinte, sobre o mesmo assunto, a banca adotou posição diversa, desta feita em consonância
com a jurisprudência, o que demonstra o equívoco do gabarito ora em comento.

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Gabarito: C

81. (CEBRASPE – DP/AC 2012)

Em uma escola pública localizada no interior de determinado estado da Federação, um aluno efetuou disparo de arma
de fogo, dentro da sala de aula, contra a professora, ferindo-a em um dos ombros.
A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta no que se refere aos danos causados à professora.

a) Não há responsabilidade civil do Estado, por terem sido os referidos danos causados por terceiro.

b) Não há responsabilidade civil do Estado, dada a não configuração de dano direto.

c) Há responsabilidade civil objetiva do Estado.

d) Há responsabilidade civil subjetiva do Estado.

e) Há responsabilidade civil indireta do Estado.

Comentário:

Na hipótese de danos sofridos por pessoas sujeitas à guarda do Estado, como os alunos de escola pública, os detentos e
os pacientes de hospital público, a jurisprudência reconhece que a responsabilidade do Estado é objetiva, ainda que o
dano não tenha sido provocado por uma atuação direta de um agente público. Portanto, correta a alternativa “c”.
Gabarito: C

82. (CEBRASPE – Bacen 2013)

Para que se configure a responsabilidade objetiva do Estado, é necessário que o ato praticado seja ilícito.

Comentário:

Para que se configure a responsabilidade objetiva do Estado, não importa se o ato praticado pelo agente público seja
ilícito ou ilícito; o que interessa é exclusivamente ele agir na qualidade de agente público, e não como pessoa comum.
Gabarito: Errado

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