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Subsídios para a construção de questões abertas e fechadas

Daniela F. D. Valentim

UERJ e CEDERJ

Construímos esse breve texto que, juntamente com as aulas na plataforma têm
como objetivos que nossos alunos sejam capazes de discernir, escolher e
construir ambas as questões quando de suas práticas docentes.

A prática docente é, todo o tempo, se perguntar e optar, escolher as melhores


respostas dentre as possibilidades de um determinado momento histórico.

As primeiras perguntas que o professor deve fazer a ele mesmo, ao começar a


redigir qualquer instrumento avaliativo são: O que é fundamental que meu aluno
saiba acerca da minha disciplina? Qual é o
conhecimento/saber/competência/habilidade que pretendo avaliar diante do que
planejei e executei com ele nas minhas aulas?

Depois de ultrapassado esse momento, isto é, de posse dessas respostas é


preciso optar pela natureza das questões que construiremos para buscar
diagnosticar se nossos alunos alcançaram ou não o que pretendíamos, isto é,
nossos objetivos (previstos nos cursos e aulas).

Aí novamente nos perguntamos: devemos construir perguntas


fechadas/objetivas ou questões abertas/discursivas?

Logo vem aquela dúvida: qual a diferença entre esses dois tipos de questões?

Questão objetiva/fechada

É considerada como questão objetiva aquela que oferece alternativas de


respostas, mais apenas uma delas é a correta. Os alunos devem escolher uma
das opções, conforme o que for solicitado pelo enunciado da pergunta.

Apenas uma das alternativas é correta e as demais são chamadas de distratores.


Os distratores devem ser plausíveis, assim a alternativa correta deve ter o
mesmo nível de desenvolvimento dos distratores.
É possível que uma questão objetiva respondida errada anule uma
certa. Todavia, essa possibilidade é típica para as avaliações excludentes como
as dos vestibulares. Na nossa prática pretendemos avaliar inclusivamente a
aprendizagem de nossos alunos, daí não aconselhamos seu uso.

Podem ser de diferentes tipos:

Múltipla escola (geralmente 5 opções).

Questões de verdadeiro ou falso, certo e errado e, por vezes é preciso emendar


as respostas falsas ou erradas.

Questões de correspondência ou associação, são questões formadas de duas


colunas entre as quais os alunos devem estabelecer algum tipo de relação-
causa e efeito, proposição e justificativa, asserção e razão.

Questões de lacunas apresentam sentenças que precisam ser completadas com


palavras ou expressões constantes das alternativas.

Questão discursiva, também chamada de aberta, descritiva e dissertativa

A questão discursiva, como o próprio nome diz, exige que o aluno discurse sobre
o que foi perguntado por isso, ela é também chamada de aberta. Neste caso, o
respondente precisa ficar atento para responder à questão de forma clara,
concisa e objetiva, para não se perder em meio a devaneios e divagações que
em nada contribuem. Atenção, a discursividade deve ficar atada, presa apenas
ao que foi perguntado.

Nas questões abertas os alunos ficam “livres” para usar suas próprias palavras,
sem se limitarem a escolha entre um rol de alternativas.

Permite ao aluno formular a resposta, entretanto, ela deve ser coerente com o
conhecimento/saber/habilidade que se requer (no programa do curso, no livro
didáticos, nas aulas). Por isso, o professor não deve perguntar sem parâmetro,
devendo ter cuidado com a pergunta, por exemplo: como se organizam as
abelhas em colmeia? Resposta: lindamente!
Nas questões abertas ou discursivas, o aluno precisa de muita atenção ao ler o
que é pedido e ter clareza quando for escrever a resposta. Por outro lado, o
professor precisa ter atenção e clareza ao formular a pergunta.

É importante também que tanto alunos quanto professores escrevam com letra
legível, no caso de instrumentos de avaliação manuscritos.

Ao construir as questões é importante que o professor pergunte com foco


escolhendo bem o verbo que se adeque aos seus objetivos (aqueles que ele já
sabe). Muitas vezes o melhor verbo depende da disciplina que o professor
ensina: relacionar, redigir, comparar, demonstrar, descrever, analisar, resolver,
argumentar, por exemplo. Também é bom alguma delimitação: cite 2 exemplos,
redija um texto que tenha de 7 a 9 linhas, desenvolva 3 argumentos, são
exemplos possíveis.

Há ainda questões abertas não estruturadas, que são aquelas que pedem
apenas a opinião do aluno sobre determinada coisa ou evento. Devem ser
evitadas a menos que, de fato, o objetivo do professor deva ser conhecer apenas
a opinião do seu aluno, o que no momento da avaliação pode não ser proveitoso,
exceção a determinado tipo de auto avaliação.

Exemplo- Imagine que um professor de geografia ou turismo discuta o


desenvolvimento das antigas regiões cafeeiras baseadas no trabalho
escravizado no estado do Rio e traga os dados das pesquisas realizadas,
contemporaneamente, pelo IBGE que demonstram as desigualdades de renda
e de educação havidas quando comparamos os grupos brancos, pardos e pretos
da população local.

Pensando em avaliar o trabalhado em classe, o professor na prova faz a seguinte


questão: dê sua opinião; o que você faria para acabar com as desigualdades
raciais entre brancos, pardos e pretos no estado do Rio?

Resposta do aluno: nada. Não reconheço a existência de desigualdades entre


brancos, pardos e pretos.

O professor por ter “mal” formulado sua questão estaria obrigado a aceitar a
resposta do aluno afinal ele pediu a sua opinião!
Evite também perguntas armadilha com detalhes ou ambiguidades. Lembre-se
de que o enunciado deve ser claro. Tenha em mente o nível de compreensão do
aluno.

Nas questões abertas é importante também que o professor minimize o tempo


de leitura evitando frases desnecessárias.

Ao fazer opção por questões abertas você, professor, poderá se utilizar de


suportes como trechos de livros, notícias, charges, textos literários, todavia o
suporte não deve ter uma mera função ilustrativa, mas de auxílio na
contextualização dos problemas levantados/retratados no enunciado, assim, só
introduza o suporte que colabore com o entendimento e a resolução da questão.

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