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Relatório de Pesquisa - Museus Indígenas

Nome: Daiana Silva

Introdução

Importante se compreender sobre a importância dos museus na sociedade e que estes


são caracterizados pela educação não formal e que se é possibilitado, por meio de exposições,
a possibilidade de refletir na sociedade discussões que foram apagadas. Nessa perspectiva,
compreende-se que a presença da cultura afro-índigena na presença desses museus é essencial
para a iniciativa de, não apenas o museu, mas também da decolonização de uma sociedade.
Mostrando essa cultura, não com viés de estereótipos, mas com a valorização e compreensão
da complexidade da cultura africana e índigena. E para mediar essas reflexões aos visitantes,
os Núcleos Educativos dos museus tornam-se um papel fundamental para esse objetivo. A
partir disso, trago para informação e reflexão, as propostas metodológicas das ações
educativas de dois museus indígenas: O Museu de História do Pantanal - MURPHAN e o
Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre.

Museu de História do Pantanal/ Muhpan

O Museu de História do Pantanal/ Muhpan está localizado na cidade de Corumbá,


capital do Pantanal, no Estado do Mato Grosso do Sul. A cidade sede deste Museu é a
segunda mais antiga do Estado, fundada em 21 de setembro de 1778 e foi palco de diversos
acontecimentos históricos brasileiros. O Pantanal banha cerca de 60% do seu território e essa
união de Pantanal e de 237 anos de existência torna Corumbá uma cidade repleta de história
que é devidamente salvaguardada dentro do Museu de História do Pantanal. A partir disso, o
Muhpan utiliza de equipamentos tecnológicos modernos para contar a História da ocupação
humana na Região do Pantanal. Nessa perspectiva, por relatar a trajetória dos primeiros
ocupantes do Pantanal até a atualidade, possui uma narrativa linear em suas exposições, e por
isso, o Muhpan para abarcar toda essa trajetória subdivide o tema geral “Ocupação Humana
no Pantanal” em vinte e quatro subtemas (salas), tais como: Dez Pantanais, Arqueologia,
Etnologia, Encontro das Civilizações, Conquista espanhola, Missões Jesuítas, Conquista
portuguesa, Monções, Payaguás, Guaicurus, Tratados, Cidades e Fortes, Pintura Corporal,
Expedição Científica, Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, Primeiras Fazendas, Guerra do
Paraguai, Os Pioneiros, Telégrafos, Comissão Rondon, Porto de Corumbá, Ladrilho
Hidráulico, Pecuária e Olhares ao Pantanal. Partindo desses aspectos gerais sobre o Museu,
foca-se em suas ações educativas em relação aos povos indígenas da região e como
contribuem para as exposições.

É importante compreender que as ações educativas dentro do museu se estabelecem


como um fator importante para auxiliar na valorização das exposições, como as permanentes
do Muhpan, além de dialogar com os visitantes. Nesse contexto, as ações educativas do
Muhpan trabalham com projetos, oficinas, atividades recreativas, aulas dinâmicas e entre
outras atividades que tem a função de traduzir o conhecimento científico para um acesso a
pessoas de diferentes faixas etárias e níveis de escolaridade, tornando o aprendizado fácil e
atrativo. Para compreender isso, possuímos como exemplo o projeto denominado “Memórias
do Pantanal Rupestre” desenvolvido pelo Muhpan, pois trabalhou com os Sítios
Arqueológicos de Arte Rupestre. Para compreender o destaque do projeto neste relatório,
necessita se entender que os Sítios Arqueológicos de Arte Rupestre são locais onde os
indígenas ou algum povo anterior a eles, fizeram inscrições em cavernas, chão, paredes em
forma de lascamento, incisões ou pinturas. Diante disso, o projeto buscou uma conexão entre
o conhecimento científico e a experiência lúdica. Participantes que tinham pouco ou nenhum
conhecimento sobre arte rupestre ou petroglifos foram introduzidos à história arqueológica da
região e tiveram a oportunidade de visitar sítios arqueológicos com inscrições rupestres.
Dessa forma, a ação de explorar o campo sensibilizou os participantes, permitindo-lhes
compreender a importância dos indígenas como pioneiros na história, em vez de serem
marginalizados. Assim, torna-se uma maneira eficaz de mostrar como os povos indígenas
desempenharam um papel fundamental na história.

Entretanto, mesmo com essas ações que despertaram os visitantes, torna-se importante
ressaltar que o Museu , com sua temática índigena, poderia buscar ao visitante a ideia de
diversidade indígena ou que o indígena sofreu e sofre um processo de transformação na sua
cultura. Mesmo com uma preocupação que aparenta ser em transmitir a história do todo e não
das particularidades de cada processo histórico, o Museu buscou fazer no ano de 2016,
realizar uma ação que pudesse estabelecer uma relação entre as escolas e o museu e sobre a
imagem dos grupos indígenas. Essa ação foi realizada por um um grupo de alunos do ensino
fundamental de uma escola particular em Corumbá/MS visitou o Museu de História do
Pantanal. Ao final da visita, todos os alunos foram solicitados a fazer um desenho
representando o indígena ou sua cultura. As imagens representam o estereótipo dos indígenas
sendo colocados com penas e caça. A partir dessas imagens, o educativo junto com o
professor estabelecem um papel para discutir sobre esses elementos e como afeta a cultura
índigena.

Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre

Para podermos ter outra perspectiva, possuímos como referência a ação educativa do
Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre. Localizada em São Paulo, a Instituição é parte
integrante da Secretaria de Estado da Cultura e é administrada por meio de uma parceria com
a ACAM Portinari. Desde sua criação em 1966, foi estabelecida como um museu indígena e
histórico local. Seu acervo, composto por aproximadamente 38 mil objetos museológicos,
inclui peças que contam a história da cidade, representando sua trajetória de formação e
desenvolvimento, além de coleções etnográficas de diversos povos indígenas do país.
Destacam-se artefatos e objetos de diferentes origens indígenas, com ênfase nos Kaingang,
povo que ainda reside na região oeste do estado de São Paulo, bem como nos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Em 2010, o Museu Índia Vanuíre passou por modificações levadas a cabo por uma
reforma predial que atendesse às novas demandas do plano de requalificação museológica e
do Plano Museológico coordenados pela ACAM Portinari. No mesmo ano, é aberta a terceira
exposição de longa duração do Museu em seus anos de existência. Esta que foi denominada
de Tupā Plural e que possui como destacar a vocação intercultural do município, na qual o
convívio e as trocas marcaram a identidade e a memória da cidade e de seus moradores. Esta
exposição tem como objetivo destacar a cidade como um centro próspero, fundado por
empreendedores que buscaram expandir a cafeicultura no oeste de São Paulo. Estruturada em
cinco módulos temáticos, o primeiro módulo, intitulado "Creio em Tupan", foi concebido a
partir da frase do fundador da cidade, Luiz de Souza Leão. Neste módulo, busca-se apresentar
aspectos culturais e de desenvolvimento da cidade através de uma maquete multimídia, além
de uma sincronia entre a locução e as imagens fotográficas projetadas estimula os visitantes a
refletirem sobre a transformação de Tupã ao longo do tempo, enquanto também presta
homenagem aos fotógrafos que documentaram sua trajetória. Além disso, são destacados a
participação dos moradores na Revolução Constitucionalista de 1932 e o papel dos imigrantes
na construção da cidade. Para realizar essa exposição com qualidade, o Núcleo Educativo
entra em articulação com a interdisciplinaridade com os demais setores do Museu Índia
Vanuíre e desenvolve ações voltadas para os mais distintos públicos, entre eles: Ações
educativas em exposições temporárias - A cada nova exposição temporária ou itinerante, há
a elaboração de um projeto de educação específico; Oficina de Final de Semana - Atividade
oferecida semanalmente para famílias articulando temas da(s) exposiçäo(őes); Oficina de
Férias - Atividades lúdicas voltadas para o público infantil nos meses de férias; Índio no
Museu - Com a atividade, a instituição promove um bate-papo entre os visitantes e um
indígena convidado; Em Cartaz no Museu - Sessões de vídeos sobre a contribuição e
influência de diversos grupos para a construção da sociedade brasileira; Curso Difusão
Cultural - Museu e Educação, para professores da rede pública de ensino, visando ao
estreitamento da relação museu e escola; Museu Folia : Reconhecer o carnaval do município
de Tupã, sua origem e caracteristicas como uma manifestação cultural brasileira; Memórias
das Escolas de Tupã - Ação para desenvolver o conceito de memória social entre estudantes
dos ensinos fundamental e médio; Micro Histórias e História Oral - Atividade que se
desenvolve entre jovens e mais velhos, buscando a recolocação do papel do idoso na
sociedade, além de desenvolver ações de construcão de história e Primavera de Museus -
Com a chegada da primavera, os museus aderem à programação do lbram (Instituto Brasileiro
de Museus), com o objetivo de sensibilização para o debate sobre temas da atualidade,
estimular a visitação aos museus e incentivar a aproximação entre sociedade e museus. Dessa
forma, percebe-se que existe uma variação grande de ações e que estimula o aprendizado e
conhecimento, não apenas do museu, mas da integração da sociedade fazendo parte dele.

É importante pontuar que a exposição de longa duração Tupã Plural demonstrou o


compromisso educacional e político do Museu ao envolver ativamente os indígenas locais,
especificamente os Kaingang e Krenak, desde o início do processo expográfico. Nessa
perspectiva, cada grupo indígena foi convidado a participar e decidir como gostariam de ser
representados no espaço, contribuindo com a produção de artefatos e vídeos que incluem
depoimentos sobre suas lutas, trajetórias e o fortalecimento de suas culturas, especialmente na
Terra Indígena Vanuíre. Além de proporcionar uma identidade para os indígenas se
afirmarem, a exposição também promove uma identidade na relação com os não indígenas e
outras culturas. O Museu mantém um compromisso contínuo com os povos indígenas da
região, reconhecendo a importância de aprendermos sobre o patrimônio cultural de forma
inclusiva. Portanto, são criadas oportunidades para que os indígenas construam suas
identidades entre si e compartilhem suas culturas com outros, incluindo profissionais de
museus. Para reforçar esses aspectos, o Museu também trás em sua programação educativa, a
Semana do Índio de Tupã que é um evento anual relacionado ao Dia do Índio, celebrado em
19 de abril. A programação inclui uma variedade de atividades, como oficinas de artesanato,
palestras e debates, exposições, rodas de conversa, apresentações de música e dança, além de
feiras de artesanato e culinária indígena. Além disso, a Semana Tupă em Comemoração ao
Dia Internacional dos Povos Indígenas, realizada em agosto, tem como objetivo relembrar o
dia 9 de agosto e ampliar as reflexões sobre questões indígenas, aproximando essas culturas
da população local e regional. Os Kaingang, Krenak, Terena e outros indígenas que habitam
as Terras Indígenas (TIs) Vanuíre e Icatu, bem como indígenas de outras regiões que desejam
participar, colaboram na organização de ambas as semanas, enriquecendo o evento com sua
presença e contribuições culturais.

Referências

SILVA, Ketylen Karyne Santos. GONÇALVES, Josiane Peres. Atividades de ensino


realizadas no museu de História do Pantanal/Muhpan e questões indígenas. FURB,
Blumenau, v. 23, n. 2, p. 39-53, 2017

COSTA, Isaltina Santos Ferreira da. Educação em Museus e Identidade Cultural – A


experiência do Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre.

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