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WBA0324_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

ESTUDO, CAUSAS E RECUPERAÇÕES


DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
NAS EDIFICAÇÕES
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Hudson Goto
Leitura crítica: Diego Antônio Custódio

O envelhecimento é uma condição inerente a qualquer material que


interage com o meio, assim, as nossas edificações também tendem
a envelhecer com o passar do tempo. Logo, problemas durante
sua utilização podem surgir, demandando reparos, recuperações
ou até mesmo reforços para seu reestabelecimento, voltando a
servir aos usuários de modo aceitável. Não apenas a questão do
tempo provoca essas necessidades, mas também a dificuldade em
antever em projeto as condições de exposição das edificações pode
resultar no surgimento de manifestações patológicas. Portanto, o
estudo da área da patologia das construções é necessário para evitar
constantes serviços de recuperação das edificações.

Assim, ao longo desta disciplina, estudaremos algumas


manifestações patológicas que podem ocorrer em estruturas
de concreto armado, de aço, de madeira e nas fundações das
edificações. Como o conhecimento sobre esses fenômenos é
dinâmico, pode-se afirmar que diversas outras manifestações
patológicas existem ou ainda serão compreendidas, não se
esgotando o assunto neste material. Mesmo assim, serão
apresentadas algumas metodologias para diagnosticar
adequadamente essas manifestações, que servirão como ponte para
a sugestão das possíveis soluções.

Inicialmente, discutiremos de forma ampla os principais conceitos da


patologia das construções e o processo técnico mais adequado para
desenvolver trabalhos neste tema, sempre visando a manutenção
do desempenho e vida útil das estruturas. Na sequência, vamos
aprofundar o conhecimento das manifestações que podem
ocorrer nas estruturas de concreto armado, seus mecanismos de

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deterioração, formas de diagnóstico e de intervenção. Mantendo
a mesma sistemática das estruturas em concreto armado,
estudaremos também as estruturas em aço e madeira. E por
fim, estudaremos a base das edificações, ou seja, as fundações,
analisando as principais falhas que podem ocorrer nas etapas
preliminares de investigação do solo e elaboração de projetos,
passando pelos principais defeitos que podem surgir durante e após
sua execução, complementando com algumas possíveis formas de
intervenção e reforço.

Portanto, o estudo dessa área deve ser constante, deve ir além dos
pontos que serão abordados neste material, mas que servirão como
ponto de partida para novos conhecimentos futuros! Bons estudos!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional.
Vem conosco!

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TEMA 1

Manifestações patológicas
das construções

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Hudson Goto
Leitura crítica: Diego Antônio Custódio

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO
O campo da patologia das construções possui termos que, muitas
vezes, não são fáceis de serem compreendidos em um primeiro
momento. Entretanto, muitos desses termos têm origem nas
patologias da área médica, muito mais conhecida e vivenciada
por todos nós. Assim, ambas as áreas são correlacionáveis,
como pode ser visualizado no Quadro 1, que apresenta uma
breve descrição desses termos, sendo possível compreender a
severidade e importância de cada dano ou problema identificado
nas construções civis ‘‘doentes’’.

Quadro 1 – Termos gerais da patologia das construções e suas


correlações com a patologia médica

Patologia das Patologia da área


Termos Definições
construções civis médica

São os problemas
visíveis ou
Fissuras, trincas,
expressão
rachaduras,
propriamente dita
eflorescências,
das anormalidades,
manchas, Dor de cabeça,
que indicam falhas
Manifestação deformações, enjoo, febre,
em relação ao
patológica. desplacamentos, sonolência
comportamento
escorrimentos, extrema, tontura.
normal dos
estofamentos,
materiais,
afundamentos,
elementos
infiltrações.
ou sistemas
construtivos.

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É o ponto inicial e Corrosão, recalque,
Fenômeno (origem o desenvolvimento degradação química
Câncer, depressão,
+ agente causador do problema, dos materiais
diabetes.
+ mecanismo). devendo ser o foco cimentícios, perda de
de todo o trabalho. resistência mecânica.

É a avaliação
geral e presencial
da construção,
aprovando a Inspecionar
condição ou periodicamente as Avaliar o paciente
solicitando a estruturas ou em para atualizar
Inspeção.
coleta de novas situações especiais, as condições de
informações quando ocorrer um saúde.
(extração de fato extraordinário.
amostras e/
ou ensaios
complementares).

É a definição
Análise de projetos
do ponto de
originais e suas
partida do Análise de histórico
modificações no
diagnóstico, com do paciente e
tempo, conversa
Anamnese. base em estudos seus familiares,
com moradores e
antecendentes, em conjunto com
síndico, verificação
escutando usuários exames anteriores.
visual das áreas e
e pacientes sobre
construções vizinhas.
suas dores.

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Exemplos:
São ensaios ou esclerometria,
Medição de
exames realizados, pacometria,
pressão, frequência
Ensaios não mas que não ultrassom, aspersão
cardíaca,
destrutivos. danificam a de fenolftaleína,
respiração, febre,
construção ou medição de aumento
ultrassom.
paciente. de fissuras/ trincas/
rachaduras.

São ensaios ou Extração de


exames realizados, corpos de prova
Ensaios mas que causam cilíndricos, extração Biópsia, exame de
semidestrutivos. pequenos danos de amostras para sangue.
a construção ou análise microscópica,
paciente. ensaio de pull-out.

É a explicação
e descrição/
esclarecimento
Corrosão, recalque,
da origem,
degradação química
mecanismo, Câncer, depressão,
Diagnóstico. dos materiais
sintoma e agentes diabetes.
cimentícios, perda de
causadores
resistência mecânica.
do fenômeno
ou problema
patológico.

É a descrição da Aumento
evolução estimada progressivo da
Perda de visão,
do problema ao fissuração com
expansão do
Prognóstico. longo do tempo, passagem de
câncer para outros
caso nada seja água, excesso de
órgãos, morte.
feito para eliminá- deformação, colapso
lo. total.

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São as medidas
para tratar ou Recuperar concreto
neutralizar os de cobrimento
problemas, de estruturas
Quimioterapia,
retomando o com corrosão nas
Terapia. remédios, cirurgias,
desempenho armaduras, retirar
praticar esportes.
inicial, com base sobrecarga, efetuar
em estudos para reforço com material
as intervenções de aço.
corretivas viáveis.

É o conjunto Utilizar a construção


Escovar os dentes
de medidas adequadamente,
regularmente,
preventivas ou conforme
manter uma
Profilaxia. meios para se informações do
alimentação
evitar ou prevenir construtor, manter
saudável e rotina
que o problema pintura de fachadas
de exercícios.
ocorra. e estruturas.

Fonte: adaptado de Bolina, Tutikian e Helene (2019).

Uma prática importante, que deve ser considerada em conjunto


com as definições apresentadas no quadro acima, é a manutenção
das construções civis. Sua função é manter o desempenho inicial
das edificações, conforme definido em projeto original, visando
atingir sua vida útil de projeto (VUP). Para que esta atividade seja
frequentemente viabilizada, sua programação deve ser feita com
a máxima antecedência possível, com base em critérios técnicos e
administrativos, garantindo os menores desembolsos financeiros
para os responsáveis.

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Referências bibliográficas

BOLINA, F. L.; TUTIKIAN, B. F.; HELENE, P. R. L. Patologia de


estruturas. 1a. ed. São Paulo: Oficina de Textos, v. 1, 2019.

PARA SABER MAIS

A vida útil de uma construção e seus elementos constituintes


pode ser definida como uma medida temporal de durabilidade,
ou seja, vida útil e durabilidade são conceitos complementares.
Durante um período, o meio técnico considerava que a vida útil
de uma edificação cessava no momento que a vida útil do sistema
estrutural chegava ao fim. Entretanto, conforme conceitos,
sistemas e materiais utilizados atualmente, essa premissa não
deve ser mais considerada de forma isolada, mas em conjunto
com os demais sistemas que constituem a edificação. Esses
sistemas merecem, inclusive, análises separadas, pois alguns
podem ser substituídos integralmente ao longo da vida útil da
edificação.

Assim, a NBR 15575 (ABNT, 2013) – Edificações Habitacionais –


Desempenho, Parte 1 - Requisitos gerais, estabelece a vida útil de
projeto mínima e superior para os sistemas de uma edificação
habitacional, conforme quadro abaixo.

Quadro 2 - Vida útil de projeto mínima e superior

Vida Útil de Projeto (VUP) - anos


Sistema
Mínimo Superior

Estrutura. ≥ 50 ≥ 75

Pisos internos. ≥ 13 ≥ 20

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Vedação vertical
≥ 40 ≥ 60
externa.
Autoria: Nome do autor da disciplina
Vedação
Leitura vertical
crítica: Nome do autor da disciplina
≥ 20 ≥ 30
interna.

Cobertura. ≥ 20 ≥ 30

Hidrossanitário. ≥ 20 ≥ 30

Fonte: ABNT (2013, p. 46).

A NBR 15575 (ABNT, 2013) cita que a VUP mínima de 50 anos,


considerada para a estrutura do edifício, teve como referência as
construções de habitações de interesse social (HIS), com o objetivo
de compatibilizar as limitações do custo inicial com as exigências
do usuário quanto à durabilidade e custos de manutenção e
reposição, garantindo, assim, a utilização do edifício habitacional
por um prazo razoável e em condições aceitáveis.

No momento de publicação desta norma, esse valor encontra-


se abaixo dos padrões internacionais recomendados, devido às
condições socioeconômicas existentes. Entretanto, essa medida
tem um reflexo no estoque habitacional, pois, uma VUP de 50
anos implica na construção de mais de 1,2 milhão de habitações
por ano, somente para reposição habitacional, sendo considerado
um número muito expressivo. Portanto, percebe-se a importância
de boas especificações técnicas para as edificações, desde a
fase de projeto, para que construções mais duráveis possam ser
viabilizadas economicamente!

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Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575


- Desempenho de edificações habitacionais. 1. ed. Rio de Janeiro:
ABNT, v. 1, 2013.

TEORIA EM PRÁTICA

Você foi contatado para analisar uma infiltração que surgiu em um


muro de arrimo, localizado atrás do escritório principal da empresa.
Durante a inspeção no local da estrutura, você verificou que, além
da infiltração, ocorria também a formação de um material branco
e rígido. Assim, o proprietário solicitou a você uma proposta de
plano de trabalho para corrigir a infiltração e a formação desse
material branco. Diante disso, quais itens técnicos fariam parte de
sua proposta inicial de plano de trabalho? Quais análises técnicas
ou ensaios você faria? Considerando a necessidade de desembolso
financeiro pela empresa, como você justificaria seu parecer técnico?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Neste capítulo você vai encontrar mais informações sobre as


questões de durabilidade e vida útil das estruturas em concreto,

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principalmente, relacionadas a um dos problemas mais comuns nas
edificações: a corrosão das armaduras de aço.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra, no parceiro Minha Biblioteca.

RIBEIRO, D. et al. Durabilidade e vida útil das estruturas em concreto.


In: Corrosão e degradação em estruturas de concreto. 1. ed., cap.
3, p. 32-49.Rio de Janeiro. Elsevier, 2018.

Indicação 2

Conhecer os tipos de causas das manifestações patológicas


identificadas é importante para a correta seleção dos materiais e
métodos de reparo. No capítulo indicado, você conhecerá um pouco
mais sobre as causas intrínsecas e extrínsecas que provocam alguns
problemas nas estruturas.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra, no parceiro Minha Biblioteca.

WEIMER, B. F. Principais causas de deterioração das estruturas.


In: Patologia das estruturas. 1. ed., cap. 1, p. 20-23. Porto Alegre.
Sagah, 2018.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

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Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão
elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da
questão.

1. A patologia das construções é o estudo da degradação das


edificações, quando estas não atendem mais às especificações
de utilização inicial. Quando uma manifestação patológica é
identificada, as primeiras etapas a serem realizadas são:

a. Anamnese e profilaxia.
b. Inspeção e anamnese.
c. Profilaxia e inspeção.
d. Inspeção e diagnóstico.
e. Profilaxia e diagnóstico.

2. Considere que você foi contratado para inspecionar uma


edificação habitacional com sinais de corrosão das armaduras
nas estruturas das lajes em concreto armado. Após a inspeção,
você identificou que havia lascamentos no concreto de
cobrimento, com exposição da armadura e manchas marrons
generalizadas, confirmando um caso avançado de corrosão
generalizadas das armaduras. Após sua inspeção, você
registrou o seguinte: caso as ações de manutenção corretiva
e posterior manutenção preventiva não sejam efetuadas e
implementadas, há o risco de colapso imediato da edificação.
Esse registro, corresponde à etapa de:

a. Sintomatologia.
b. Diagnóstico.
c. Profilaxia.
d. Prognóstico.
e. Terapia.

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GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: Inspeção, que é a vistoria presencial e geral da
edificação com sinais de manifestação patológica, fornece
informações importantes ao profissional experiente.
Complementarmente, a anamnese também subsidia
o profissional com informações de usuários e registro
técnicos (projetos, especificações etc.). Essas duas etapas,
em conjunto, guiarão as decisões subsequentes para o
prognóstico, diagnóstico e terapia da edificação.
Questão 2 - Resposta D
Resolução: Após a inspeção na estrutura da edificação,
com confirmação do diagnóstico (corrosão generalizada
das armaduras), as informações foram suficientes para se
estimar o desenvolvimento do problema ao longo do tempo
(prognóstico) que, neste caso, relacionou-se ao estado limite
último da edificação, ou seja, seu colapso.

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TEMA 2

Manifestações patológicas do
concreto armado

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Hudson Goto
Leitura crítica: Diego Antônio Custodio

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

Quando falamos em edificações construídas com elementos de


concreto armado, devemos sempre ter como objetivo alcançar
a vida útil de projeto especificada. Para que isso aconteça, um
bom programa de manutenções preventivas ou corretivas
deve ser estabelecido e, para que essas ações sejam feitas no
tempo apropriado, deve-se conhecer as possíveis formas de
manifestações patológicas que podem surgir nas estruturas em
concreto armado.

Lembre-se de que, como qualquer outro material, o concreto


armado interage o tempo todo com o meio no qual está inserido,
podendo-se afirmar que alterações, em relação ao projeto
original, ocorrerão ao longo do tempo. Adicionalmente, podemos
estudar as deteriorações que ocorrem no concreto simples e
nas armaduras dos elementos, de formas separadas, pois cada
material possui suas próprias características e comportamentos
frente à ação dos agentes agressivos. Assim, a Figura 1 apresenta
um esquema com as principais manifestações patológicas que
podem ocorrer no concreto armado.

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Figura 1 – Causas de deteriorações físicas e químicas nas
estruturas em concreto armado

Fonte: Adaptado de Metha e Monteiro (2006)

Analisando mais especificamente o concreto ou o concreto simples,


podemos citar um mecanismo de deterioração química muito
frequente no concreto armado, que é a carbonatação. O esquema
desse processo, onde podemos ver a penetração do CO2 no

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concreto, o desenvolvimento das reações químicas e o modelo
ampliado, é apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Representação do fluxo de penetração do CO2


no interior do concreto simples por difusão e posterior
carbonatação do material

Fonte: Ribeiro et al. (2018, p. 173).

Quando se fala das armaduras do concreto armado, o processo


mais encontrado é de corrosão das barras de aço. Esse processo
pode ocorrer de forma generalizada ou localizada, a depender das
causas, que podem ser carbonatação, ação de cloretos ou tensões
diferenciadas, respectivamente. O esquema dessas causas e
manifestações superficiais é apresentado na Figura 3.

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Figura 3 – Comparativo entre a corrosão generalizada e
localizada e os fatores que provocam: carbonatação,
cloretos e tensão diferenciada

Fonte: Ribeiro et al. (2018, p. 187).

Você deve ter notado que o assunto de patologia das estruturas


em concreto armado é muito amplo e que este material pode (e
deve!) !) ser estudado de forma separada, dividindo-o em concreto
simples e armaduras. Ambos os materiais possuem suas próprias
características e comportamentos frente aos processos de
deterioração. Assim, somente com estes dois materiais já podemos
verificar uma sobreposição de diferentes formas de degradação
dos elementos da edificação. Portanto, cabe ao profissional efetuar
a combinação e análise dos resultados de inspeções e ensaios (não
destrutivos ou semidestrutivos) que devem ser realizados, buscando
o melhor diagnóstico e alternativas de recuperação ou reparo das
estruturas.

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Referências bibliográficas

RIBEIRO, D. et al. Corrosão e degradação em estruturas de


concreto. 1 ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2018. MEHTA, P.K.;
MONTEIRO, P.J.M. Concrete: microstructure, properties and
materials. 3 ed. San Francisco. McGraw-Hill, 2006.

PARA SABER MAIS

O ataque por íons sulfatos ao concreto armado pode ser um


mecanismo de deterioração muito nocivo. O processo é causado por
reações físico-químicas entre os compostos hidratados da pasta de
cimento endurecida e os íons sulfatos ( ), presentes nas soluções
dos poros da matriz, formando produtos que levam à dissolução do
material ou à expansão e fissuras.

A fonte desses íons sulfato pode ser tanto interna como externa.
Entretanto, de qualquer forma, independente de sua origem,
o profissional precisar conhecer a química das reações dessa
deterioração, pois, uma vez que tem início, o mesmo princípio físico-
químico ocorre no interior do concreto para ambos os casos.

De forma resumida, os ataques por sulfato com agentes de origem


interna ou externa podem ocorrer conforme mostrado na Figura 4.

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Figura 4 – Tipos de ataque por íons sulfatos e
suas principais fontes de origem

Fonte: Goto (2017, p. 34).

No caso do ataque externo por solos e águas contaminadas, os


principais compostos podem ser os sulfatos de sódio (Na2SO4), de
potássio (K2SO4), de magnésio (MgSO4) ou de cálcio (CaSO4). Já para o
ataque interno, os casos mais comuns são aqueles de formação de
etringita tardia (expansiva) no concreto endurecido, após a cura em
altas temperaturas (acima de 65 ºC) ou por altas temperaturas de
serviço (acima de 80 ºC).

Portanto, durante a etapa de planejamento, é importante que os


profissionais responsáveis efetuem uma investigação preliminar das
condições do meio em que as edificações serão submetidas durante
sua vida útil. A ação de íons, como os sulfatos, pode reduzir a vida
útil das estruturas em concreto armado, evitando que a vida útil de

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projeto da edificação, como um todo, seja atingida.

Referências bibliográficas

GOTO, H. Tendência à oxidação de agregados com sulfetos e


mudanças provocadas nas propriedades físicas de testemunhos
de CCR. Dissertação de Mestrado, Programa de pós-graduação em
Engenharia de Construção Civil, Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2017.

TEORIA EM PRÁTICA

Considere uma situação em que os moradores de um edifício


residencial perceberam sinais de desplacamento do revestimento
argamassado e de concreto até o aparecimento de algumas barras
de aço. O responsável pela administração do condomínio contatou
você para efetuar uma vistoria nas estruturas da edificação. Ao
efetuar a anamnese com o responsável, este informou que alguns
pedaços de cimento haviam caído sobre o chão de algumas
áreas comuns da edificação e que as barras de aço visualizadas
apresentavam coloração escura e algumas manchas marrons.
Devido à idade da edificação (aproximadamente 40 anos), você foi
informado de que não há projetos estruturais arquivados, apenas
alguns poucos projetos arquitetônicos. Ao efetuar a vistoria, você
identificou as manifestações patológicas, nas estruturas em concreto
armado, mostradas na Figura 5.

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Figura 5 – Exemplos de desplacamentos: a) face inferior de uma
laje maciça; b) detalhe de uma viga; c) detalhe do desplacamento
do concreto de cobrimento; d) pilar intermediário

Fonte: Do Autor.

Diante das informações coletadas na inspeção, na sua avaliação,


qual patologia da construção se desenvolveu nessa estrutura?
Considerando que as manifestações patológicas foram detectadas
por toda a edificação, resultando em uma situação generalizada,
quais procedimentos você recomendaria imediatamente?
Pensando nos mecanismos de deterioração e nos padrões
normativos vigentes, quais ações de curto, médio e longo prazo,

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você especificaria para o responsável pela administração do
condomínio?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Nesta tese de doutorado você vai encontrar mais informações sobre


as reações álcali-agregado (RAA), que podem ocorrer no concreto
simples, com consequências para o concreto armado. Na pesquisa,
foram extraídos testemunhos de concreto de uma estrutura afetada
pela RAA, verificando o reflexo dessa patologia nas propriedades
de resistência à compressão, à tração, módulo de elasticidade,
velocidade de pulsos ultra-sônicos e permeabilidade. Adicionalmente,
foram realizados ensaios em laboratório para avaliar expansões
residuais e investigações microscópicas para verificar os agentes
causadores da reação.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra, na página principal.

HASPARYK, N. P. Investigação de concretos afetados pela reação


álcali-agregado e caracterização avançada do gel exsudado. Tese
de Doutorado, programa de pós-graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

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Indicação 2

Neste artigo científico você vai aprender como os ciclos de molhagem


e secagem, a altura da estrutura e o posicionamento dos pilares
em relação ao nível do mar podem influenciar no teor de íons
cloreto presente no concreto armado. A estrutura estudada foi
uma edificação de 36 pavimentos, construída no início da década
de 1970, sem proteção superficial e construída a aproximadamente
700 metros da linha d’água. A pesquisa mostrou que a edificação
apresentou menores índices de íons cloretos nas áreas que não
foram afetadas pelos ciclos de molhagem e secagem. Da mesma
forma, nessas regiões a despassivação das armaduras foram
menores, bem como nas regiões de maior altura da edificação. Os
pontos mais afetados foram aqueles localizados mais próximos da
névoa marítima.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra na página principal.

BARBOSA, P. E.; HELENE, P. R. L.; PEREIRA, F.; PEÑA, M. R. G.;


MEDEIROS, M. H. F. Influência de ciclos de molhamento e secagem,
da altura e do posicionamento de pilares no teor de íons cloreto
presentes no concreto de estrutura com 30 anos de idade. Vetor –
Revista de Ciências Exatas e Engenharias, v. 15, n. 2, 2005.

QUIZ
Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a
verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

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Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão
elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da
questão.

1. A retração do concreto, causada pelos efeitos de secagem, é


um mecanismo físico de deterioração muito comum, que pode
ocorrer durante e após a etapa de concretagem das estruturas.
A probabilidade de sua ocorrência é diretamente proporcional
à superfície de exposição e, quanto menor a espessura do
elemento, maior a chance desse problema aparecer. Assim,
assinale a alternativa que apresenta apenas os elementos
estruturais com maiores chance de desenvolver a retração por
secagem:

a. Vigas de transição, pilares intermediários e estacas.


b. Muros de arrimo, estacas e vigas baldrame.
c. Vigas baldrame, pilares de canto e lajes de cobertura.
d. Vigas superiores, lajes de piso e pilares intermediários.
e. Lajes de piso, lajes de cobertura e muros de arrimo.

2. Você foi contratado para analisar os registros de medição de


uma fissura localizada em um grande bloco de fundação de
uma edificação. As medidas foram efetuadas diariamente ao
longo de cinco anos, sempre no mesmo ponto de medição,
com o uso de um fissurômetro. Analisando os registros, você
verificou que os maiores valores de abertura ocorreram
durante o inverno e os menores valores, durante o verão.
Diante disto, assinale a alternativa que indica o possível
mecanismo de deterioração que está ocorrendo nessa
estrutura:

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a. Desplacamento por corrosão das armaduras.
b. Movimentação térmica.
c. Tração na flexão.
d. Torção e compressão combinados.
e. Recalque de fundação.

GABARITO

Questão 1 - Resposta E
Resolução: As lajes e os muros de arrimos são elementos
que possuem grandes dimensões e áreas superficiais, que
podem ficar expostas diretamente à luz solar (calor), ou ventos
durante o processo de concretagem. Isso pode contribuir para a
evaporação da água superficial de amassamento, resultando na
retração por secagem.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: As mudanças de temperatura ambiente podem
causar mudanças de volume no concreto. Quando submetida
ao calor, a peça se expande e, quando exposta ao frio, se
contrai. Assim, a principal manifestação patológica são as
fissuras.

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TEMA 3

Manifestações patológicas de
estruturas de aço e madeira

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Hudson Goto
Leitura crítica: Diego Antonio Custodio

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

As estruturas metálicas são compostas de materiais siderúrgicos,


beneficiados a partir de metais retirados da natureza, alterando,
assim, as características iniciais de equilíbrio do metal com o
meio. Logo, os perfis de aços são suscetíveis, do ponto de vista
construtivo, a agressões do meio ambiente, comprometendo
seu desempenho no tempo. Resultados similares são verificados
quando utilizamos a madeira na construção civil, transformada
para utilização como solução em diversos tipos de sistemas
construtivos.

Então, de forma simplificada, podemos dizer que, ao longo do


tempo, ambos materiais estarão submetidos a mecanismos de
degradação, como os mecanismos físicos, químicos, biológicos
ou mecânicos. A atuação desses mecanismos contribui para a
redução da vida útil dos sistemas construtivos que utilizam esses
materiais, demandando conhecimento do profissional sobre as
formas de diagnóstico e intervenção, evitando a deterioração
precoce ou mesmo o colapso das edificações. Assim, confira a
seguir um esquema comparativo com as principais manifestações
patológicas que podem ocorrer nas estruturas de aço e madeira,
bem como suas formas de diagnóstico e intervenção

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Quadro 1 – Principais mecanismos de degradação, diagnóstico e
formas de intervenção das estruturas de aço e madeira

Fonte: adaptado de Bauer (2019); Bolina, Tutikian e Helene (2019).

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Como acabamos de ver, os mecanismos de deterioração das
estruturas de aço e madeira podem ser classificados de forma
muito similar, pois ambos interagem com o mesmo meio
ambiente nos quais estão inseridos. Os efeitos da presença
de água são nocivos para os dois materiais. No caso do aço,
desencadeia a corrosão superficial ou profunda, que pode ser
identificada em diversas edificações. Já no caso da madeira, gera
um ambiente propício para a formação de agentes biológicos
que se alimentam da madeira, podendo, ainda, pela sua
movimentação higroscópica, causar retrações e deformações.
Portanto, selecionando os ensaios complementares apresentados
no quadro acima, conforme cada situação e tipo de material,
pode-se elaborar um diagnóstico mais assertivo para a tomada de
decisão quanto à forma de reparo ou recuperação, prolongando,
assim, sua vida útil.

Referências bibliográficas
BAUER, L. F. Materiais de construção. v. 2. 6. ed. Rio de Janeiro:
Editora LTC, 2019.

BOLINA, F. L.; TUTIKIAN, B. F.; HELENE, P. R. L. Patologia de


estruturas. 1. ed., v. 1. São Paulo: Oficina de Textos, 2019.

PARA SABER MAIS

Você sabia que as estruturas em madeira também podem se


deteriorar com os efeitos da corrosão metálica? Em geral, a madeira
é um material que resiste relativamente bem à ação de compostos
químicos, porém, em alguns casos específicos, quando em contato
com altas concentrações de ácidos ou bases, a madeira pode

31
se degradar. As bases fortes atacam a lignina e a hemicelulose,
resultando em uma coloração esbranquiçada na madeira. Já os
ácidos fortes, atacam a celulose e a hemicelulose, causando perda de
massa e resistência mecânica, resultando em uma cor escura, similar
à causada pelo fogo.

Portanto, essa é uma questão importante, pois afeta diretamente


a vida útil das estruturas em madeira. A corrosão pode ocorrer nos
elementos de ligação metálicos embutidos na madeira, como, por
exemplo, os parafusos (Figura 1). Pelo fato de estarem embutidos,
estão sujeitos ao contato com a água e oxigênio da própria madeira,
além de estarem em contato com outros produtos químicos
preservativos, que podem causar a corrosão dos metais.

Figura 1 – Sinais de corrosão em parafusos utilizados como


elemento de fixação de estruturas de madeira

Fonte: Brito (2014, p. 107).

Em muitas situações, esse tipo de manifestação patológica não


recebe a devida importância. O problema é ainda mais acentuado
em ambientes marinhos ou próximos do mar, sujeitos à ação
da maresia, que aceleram os processos corrosivos. A corrosão
metálica tem início com a umidade da madeira, servindo como
eletrólito na reação, desprendendo íons metálicos do ferro,
que, por sua vez, deterioram as paredes das células da madeira.
Assim, forma-se na peça metálica uma região anódica (ácida) e
outra catódica (alcalina), sendo a região ácida a mais prejudicial
para a madeira, pois causa a hidrólise da celulose, diminuindo a

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resistência da madeira na zona afetada. Nessa zona, a madeira
apresenta cor escura e aparência macia, como mostrado na Figura 2.

Outro efeito que pode ocorrer é o fendilhamento da madeira


nos pontos de penetração da água, como resultado da expansão
causada pelos produtos da corrosão dos metais.

Figura 2 – Manchas e deteriorações na madeira provocadas


por corrosão metálica

Fonte: adaptado de Brito (2014).

Uma possibilidade para diminuir os riscos de surgimento desse


tipo de degradação, é o uso de parafusos ou peças metálicas
galvanizadas ou não ferrosos no interior das estruturas em
madeira. Portanto, durante as atividades de manutenção
preventiva ou corretiva, é valido que esses pontos sejam
investigados com atenção, principalmente na inspeção visual, que
é o primeiro contato com a estrutura.

Referências bibliográficas
BRITO, L. D. Patologia em estruturas de madeira: metodologia
de inspeção e técnicas de reabilitação. Tese de Doutorado,
programa de pós-graduação em Engenharia de Estruturas,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.

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TEORIA EM PRÁTICA

O fendilhamento é uma manifestação patológica que pode ocorrer


nas estruturas de madeira, causando a separação longitudinal das
células da madeira. As fendas podem ocorrer, superficialmente, nas
extremidades das peças, chegando até ao fendilhamento de toda a
seção transversal. Diante disso, considere a situação em que você
foi contratado para efetuar uma inspeção de avaliação em uma
estrutura externa de madeira, registrando anomalias apresentadas
na Figura 3.

Figura 3 – Anomalias identificadas nas estruturas


externas em madeira

Fonte: arquivo pessoal do autor.

Diante das constatações verificadas, qual seria seu prognóstico


referente à estrutura? Considerando que o proprietário quer manter
a vida útil da estrutura, quais recomendações você daria para
restabelecer as condições inicialmente previstas em projeto original?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

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LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Na dissertação de mestrado indicada, você verá uma pesquisa


efetuada em mais de vinte construções, envolvendo estruturas de
madeira, onde foram avaliados, dentre outras características, seu
estado de conservação. Com os diagnósticos gerados, foi possível
indicar detalhes em comum entre as estruturas, normalmente,
praticados na construção civil. O trabalho identificou que muitas
manifestações patológicas são decorrentes da falta de projetos e
padrões técnicos adequados.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra, na página inicial.

CARNIELLE, R. O. A. Caracterização das construções com madeira


em Uberlândia: patologias, projetos e detalhes. Dissertação
de Mestrado, programa de pós-graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2011.

Indicação 2

No artigo científico indicado, é apresentado um trabalho realizado


com diferentes modelos geométricos e mecânicos, para definição de
parâmetros probabilísticos de avaliação de segurança de estruturas
de madeira existentes, influenciadas por diferentes ações e
considerando modelos de degradação. O estudo de caso foi realizado
em treliças de madeira do Laboratório Chimico, em Coimbra,
Portugal. A avaliação de segurança foi efetuada utilizando o modelo

35
estatístico de Monte Carlo, para diferentes hipóteses de evolução da
degradação ao longo do tempo.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra, na página inicial.

SOUSA, H.; LOURENÇO, P.B; NEVES, L. Avaliação de segurança de


estruturas de madeira através de análise probabilística. Reabilitar
- Encontro Nacional sobre Conservação e Reabilitação de
Estruturas. P. 23-25. Lisboa, 2010.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da
questão.

1. Os mecanismos de deterioração química são os mais comuns


encontrados nas estruturas metálicas, principalmente a
corrosão eletroquímica. Assim, sobre esse tipo de mecanismo
de deterioração, assinale a alternativa correta:

a. O eletrólito é o meio de condução do oxigênio da região


anódica para a catódica.

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b. O eletrólito é o meio de condução dos elétrons da região
catódica para a anódica.
c. O eletrólito é o meio de condução dos elétrons da região
anódica para a catódica.
d. O eletrólito é o meio de condução do oxigênio da região
catódica para a anódica.
e. O eletrólito é o meio de condução da água da região catódica
para a catódica.

2. As estruturas de madeira, assim como outros materiais,


também interagem constantemente com o meio onde estão
situadas, sofrendo os efeitos da degradação. Diante disso,
assinale a alternativa correta:

a. A radiação ultravioleta não causa instabilidade local ou global


na estrutura.
b. A radiação ultravioleta não causa retração por instabilidade na
estrutura.
c. A radiação ultravioleta reduz a camada passivadora da
estrutura.l
d. A radiação ultravioleta aumenta a absorção de umidade na
estrutura.
e. A radiação ultravioleta causa a retração da estrutura.

GABARITO

Questão 1 - Resposta C
Resolução: O eletrólito (água, na forma de umidade
superficial) é um meio de condução dos elétrons da região
anódica (onde ocorre a oxidação) para a região catódica
(onde ocorre a redução).

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Questão 2 - Resposta A
Resolução: Como a degradação causada pela radiação
ultravioleta é apenas superficial, não há alterações ou
perdas na sua seção transversal. Logo, sua ação não causa
instabilidade global ou local da estrutural, mas apenas
algumas mudanças estéticas,

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TEMA 4

Manifestações patológicas em
estruturas de fundações

INÍCIO
______________________________________________________________
Autoria: Hudson Goto
Leitura crítica: Diego Antonio Custódio

TEMA 1
TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
DIRETO AO PONTO

As manifestações patológicas em estruturas de fundações,


geralmente, são de difícil visualização direta, mas que se
manifestam indiretamente por meio das estruturas expostas ou
da superestrutura. Assim, as investigações e reparos posteriores
tornam-se mais difíceis e onerosos quando comparados à reparos
nas demais estruturas de uma edificação. O Quadro 1 apresenta um
panorama geral das possíveis deficiências que podem ocorrer em
estruturas de fundações até sua execução.

Quadro 1 – Principais deficiências encontradas no processo


executivo de fundações

40
Fonte: Adaptado de Milititsky et al. (2015)

Portanto, analisando as etapas de forma comparativa e


sequencial, podemos perceber que muitas das falhas em
estruturas de fundações ocorrem nas etapas preliminares,

41
sendo que a falta de investigação do solo é o motivo de soluções
inadequadas e mau desempenho das fundações em mais de
80% dos casos. Assim, as etapas preliminares não devem ser
consideradas como gastos em uma obra, mas como investimento
para melhores decisões técnicas em fundações.

Referências bibliográficas
MILITITSKY, J.; CONSOLI, N. C.; SCHNAID, F. Patologia das
fundações. 2. ed. São Paulo: Editora Oficina de Textos, 2015.

PARA SABER MAIS

As estacas cravadas pré-moldadas são boas soluções para solos


que possuem uma camada de resistência baixa sobre camadas
resistentes. Esse tipo de estaca é constituído por concreto e
uma armadura composta por barras longitudinais e estribos
helicoidais, variando conforme cada caso. Com seções geralmente
quadradas, que podem variar desde 235 mm x 235 mm até 400
mm x 400 mm, em peças de 6 a 12 m, podem atingir até 50,0 m
de comprimento total, funcionando por meio do atrito lateral e/
ou por resistência de ponta. Esses elementos são fabricados com
antecedência e transportados à obra para instalação.

O equipamento utilizado para a cravação é constituído de uma


torre vertical, com guias laterais, onde são encaixadas as estacas
pré-fabricadas. A cravação é feita por meio de golpes de martelo
com peso variável, de aproximadamente cinco toneladas,
acionado mecanicamente ou por ação da gravidade. A Figura 1
ilustra o processo de execução de estacas cravadas pré-moldadas.

42
Figura 1 – a) equipamento utilizado para cravação das estacas
pré-fabricadas; b) ligação entre segmentos de estacas antes
da cravação

Fonte: adaptado de Guerra et. al (2006) apud Carvalho (2010).

Entretanto, como as demais soluções em fundações profundas,


as estacas cravadas pré-moldadas também podem apresentar
manifestações patológicas, como descrito a seguir:

• Elementos cravados em profundidade menor do que o


especificado em projeto, devido à baixa energia de cravação,
causada pelo peso inadequado do martelo.

• Quebras, fissuras ou danos generalizados às peças das


estacas, causados por excesso de energia de cravação,
com martelos pesados ou altura de queda excessiva, como
exemplificado na Figura 2.

43
Figura 2 – Estacas pré-fabricadas danificadas pelo
excesso de energia de cravação

Fonte: Carvalho (2010, p. 82).

• Dificuldade de cravação de estacas muito próximas,


pois, durante a cravação de uma estaca, esta provoca a
compressão do solo no seu entorno. Ao cravar a próxima
estaca, encontra-se maior dificuldade devido à maior
compressão do solo, e assim sucessivamente. Isso acaba
obrigando a execução de pré-furos ou de aumento no
espaçamento entre estacas.

Assim, as estacas pré-fabricadas podem ser uma solução mais


produtiva, porém, devem ser avaliadas em conjunto com as
condições geotécnicas do local de implantação, pois também
podem apresentar problemas durante sua execução.

Referências bibliográficas
CARVALHO, D. M. C. Patologias das fundações: fundações em
depósitos de vertente na cidade de Machico. Dissertação de
Mestrado, Universidade da Madeira, Funchal, 2010.

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TEORIA EM PRÁTICA
A presença de solos compressíveis nas camadas mais inferiores
do terreno deve ser motivo de atenção, pois movimentações
futuras de acomodação podem ocorrer, resultando em danos
às estruturas da edificação. A situação demanda maior cuidado
quando são executados aterros sobre esse tipo de solo. Assim,
considere que você foi contratado para avaliar uma edificação que
apresentou fissuras na alvenaria alguns meses após sua entrega.
Como parte da anamnese, o proprietário informou que, devido às
condições topográficas do terreno, o imóvel foi executado sobre
um aterro. Durante sua vistoria, você verificou um afundamento
dos pisos, que não ocorreu de maneira uniforme, sendo mais
acentuado nas regiões centrais dos ambientes, delimitados pelas
alvenarias. Ao conversar novamente com o proprietário, este
informou que construtor havia colocado barras de ferro no piso
para reforço na região do aterro. Diante dessa situação, qual seria
sua avaliação para o surgimento das fissuras na edificação? Qual
medida corretiva você indicaria para o proprietário?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

No artigo indicado, você poderá estudar sobre os recalques


diferenciais de fundação e a falta de investigação do subsolo,

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a partir de um estudo de caso em um edifício no município de
Ipatinga, estado de Minas Gerais. Ao longo do trabalho, são
apresentados os procedimentos da visita técnica com registro
fotográfico, constatado como a principal causa o recalque de solo
muito mole de composição argilosa.

Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da


Kroton e busque pelo título da obra, na página inicial.

SAMPAIO, G. S. Análise das patologias nas fundações oriundas


de recalque diferencial através de um estudo de caso. Revista
Construindo, v. 9, n. 02, p. 16-26, 2017.

Indicação 2

No artigo científico indicado, você poderá estudar sobre o


conceito de árvore de falhas para manifestações patológicas
em fundações. Ao longo do trabalho, foi elaborada uma tabela
com a representação de diversos tipos de fissuras resultantes
da patologia detectada nas fundações. As caracterizações
tiveram, como base, bibliografias sobre as características do solo,
fundações e manifestações patológicas, com configuração do seu
banco de dados. O objetivo foi criar uma ferramenta para facilitar
a visualização e análise das possíveis origens das patologias com
posterior sugestões de reparo.

WIEBBELLING, V.; ALMEIDA, M. A. Árvore de falhas de


manifestações patológicas em fundações. Revista Técnico-
Científica do CREA-PR, n. 23, p. 1-5, 2020..

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QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. O reforço do sistema composto pelo solo e pelas estruturas


das fundações pode ser feito de diversas formas, como, por
exemplo, o método de injeção de calda de cimento. Sobre esse
método, assinale a alternativa correta:

a. É utilizado como reforço do bloco de fundação, com


injeção de calda de cimento sob elevada pressão no seu
interior.
b. É utilizado como reforço do bloco de coroamento da
fundação, com injeção de calda de cimento sob baixa
pressão.
c. É utilizado como reforço de estacadas escavadas, com
injeção de calda de cimento no seu interior.
d. É utilizado como reforço do solo da fundação, com injeção
de calda de cimento sob elevada pressão.
e. É utilizado como reforço do bloco de fundação, com
injeção de calda de cimento no seu interior.

2. A investigação do subsolo é uma das etapas mais


importantes para o projeto de fundações, sendo que sua

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falta é um dos problemas mais frequentes em patologias
das fundações, sendo responsável por mais da metade dos
casos de anomalias observadas nas edificações. Diante
disso, assinale a alternativa correta:

a. A falta de investigação do subsolo pode resultar em


fundações deficientes, como as estacas apoiadas sobre solo
impenetrável.
b. A falta de investigação do subsolo pode resultar em
fundações deficientes, como as estacas apoiadas sobre
matacões.
c. A investigação do subsolo é dispensada somente no caso de
pequenas construções, de até um pavimento.
d. A investigação do subsolo é dispensada no caso de execução
de fundações superficiais, como as sapatas corridas.
e. A investigação do subsolo é dispensada no caso de execução
de fundações superficiais, como as estacas cravadas.

GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: O reforço com injeção de calda de cimento é feito
para proporcionar o reforço do solo da fundação, injetando a
calda sob alta pressão e aumentando, assim, a capacidade de
suporte do solo.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: A falta ou falha nas investigações do subsolo resulta
no dimensionamento inadequado das fundações, podendo-
se obter falsas soluções, como as estacas apoiadas sobre
matacões, que podem vir sofrer recalques futuros.

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BONS ESTUDOS!

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