Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em alguns concursos públicos, o edital prevê que os candidatos serão submetidos a uma fase do certame
a) Conceito;
e) se o fato de haver instauração de inquérito policial ou propositura de ação penal contra candidato
RESPOSTA
1
2
CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUESTÃO
De fato, em alguns concursos públicos, o edital prevê que os candidatos serão submetidos a uma fase
Nesta etapa, o órgão ou entidade que está realizando o concurso coleta informações sobre a vida
pregressa, bem como a conduta social e profissional do candidato a fim de avaliar se ele possui idoneidade
avaliar idoneidade moral e lisura daqueles que desejam ingressar nos quadros da
administração pública.
Importante ressaltar que a investigação social poderá ter caráter eliminatório, pois a maioria das leis
que rege as carreiras prevê que um dos requisitos para que qualquer pessoa tome posse no cargo público é a
idoneidade moral. Sendo provada a falta dessa condição, é juridicamente possível a eliminação do candidato.
Outro fundamento que pode ser invocado para justificar essa medida é o princípio constitucional da moralidade
(art. 37 da CF/88).
Aqui, duas observações importantes: a) a investigação social não pode ter caráter classificatório, ou
seja, não interfere na PONTUAÇÃO dos candidatos; b) Se o eliminado discordar dos critérios utilizados pela
banca poderá buscar auxílio do Poder Judiciário, que tem competência para analisar o ato de exclusão do
candidato, quando houver flagrante ilegalidade ou descuprimento do edital (STJ. 1a Turma. RMS 44.360/MS, Rel.
Ademais, cumpre destacar que a jurisprudência entende que o fato de haver instauração de inquérito
policial ou propositura de ação penal contra candidato, por si só, não pode implicar a sua eliminação.
Isso porque a eliminação nessas circunstâncias, sem o necessário trânsito em julgado da condenação,
3
Além do princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88), a tese é reforçada pelos princípios
da liberdade profissional (art. 5º, XIII) e da ampla acessibilidade aos cargos públicos (art. 37, I). Veja:
Art. 5º (...)
penal condenatória;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
ao seguinte:
forma da lei;
Diante conflito entre a necessidade da idoneidade moral necessária e os princípios acima elencados, o
Min. Relator Luis Roberto Barroso apresentou duas regras para a ponderação dos valores em jogo e a
determinação objetiva de idoneidade moral, quando aplicável ao ingresso no serviço público mediante
concurso:
- pelo menos a existência de condenação por órgão colegiado (ex: Tribunal de Justiça), aplicando-se por
analogia o que prevê a Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), critério que já foi aplicado mesmo fora da seara penal.
as atribuições do cargo. Nem toda condenação penal deve ter por consequência direta e imediata impedir
Entretanto, para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por meio
de lei, a exigência de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as carreiras da
magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública — e
da segurança pública.
4
O relator concluiu que a solução mediante o emprego dessas regras satisfaz o princípio da
a) adequada, pois a restrição imposta se mostra idônea para proteger a moralidade administrativa;
b) não excessiva, uma vez que, após a condenação em segundo grau, a probabilidade de manutenção
da condenação é muito grande e a exigência de relação entre a infração e as atribuições do cargo mitiga a
restrição; e
inocência é compensada pela contrapartida em boa administração e idoneidade dos servidores públicos.
Assim, em suma, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de
candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação penal, salvo se essa restrição for instituída por
ESPELHO DE RESPOSTA
ressaltar que a investigação social poderá ter caráter eliminatório, pois a maioria das leis que rege as carreiras
prevê que um dos requisitos para que qualquer pessoa tome posse no cargo público é a idoneidade moral.
Sendo provada a falta dessa condição, é juridicamente possível a eliminação do candidato. Outro fundamento
que pode ser invocado para justificar essa medida é o princípio constitucional da moralidade (art. 37 da CF/88).
Importante esclarecer que a investigação social não pode ter caráter classificatório, ou seja, não
interfere na PONTUAÇÃO dos candidatos e que se o eliminado discordar dos critérios utilizados pela banca
poderá buscar auxílio do Poder Judiciário, que tem competência para analisar o ato de exclusão do candidato,
Ademais, cumpre destacar que a jurisprudência entende que o fato de haver instauração de inquérito
policial ou propositura de ação penal contra candidato, por si só, não pode implicar a sua eliminação. Isso
porque a eliminação nessas circunstâncias, sem o necessário trânsito em julgado da condenação, violaria o
princípio constitucional da presunção de inocência. Além do princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da
CF/88), a tese é reforçada pelos princípios da liberdade profissional (art. 5º, XIII) e da ampla acessibilidade aos
Diante do conflito entre a idoneidade e os princípios acima elencados, o STF elencou duas regras para
a ponderação e a determinação objetiva de idoneidade moral, quando aplicável ao ingresso no serviço público
mediante concurso: 1) só se pode eliminar o candidato se houver condenação definitiva (transitada em julgado)
ou pelo menos a existência de condenação por órgão colegiado, aplicando-se por analogia o que prevê a Lei da
Ficha Limpa (LC 135/2010), critério que já foi aplicado mesmo fora da seara penal; 2) é necessário que a
necessidade de relação de incompatibilidade entre a natureza do crime e as atribuições do cargo. Nem toda
5
condenação penal deve ter por consequência direta e imediata impedir alguém de se candidatar a concurso
público.
Entretanto, para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por meio
de lei, a exigência de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as carreiras da
magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública — e
da segurança pública.
PONTUAÇÃO
Um dos requisitos para que qualquer pessoa tome posse no cargo público é a
moralidade.
3. A investigação social não pode ter caráter classificatório, ou seja, não interfere na 2,00
pela banca poderá buscar auxílio do Poder Judiciário, que tem competência para
descuprimento do edital.
4. O fato de haver instauração de inquérito policial ou propositura de ação penal contra 3,00
candidato, por si só, não pode implicar a sua eliminação. Isso porque a eliminação
da liberdade profissional (art. 5º, XIII) e da ampla acessibilidade aos cargos públicos (art.
37, I).
por analogia o que prevê a Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), critério que já foi aplicado
6
condenação penal deve ter por consequência direta e imediata impedir alguém de se
Para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por
TOTAL 10,00