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Sistema Imunológico

Sarcopenia
Síndrome da Fragilidade

 Curso: Nutrição

 Módulo: Envelhecimento

 Disciplina: Envelhecimento: aspectos metabólicos e nutricionais

 Aula Teórica: 09

 Profa Dra Jaqueline Botelho/ Profª Ingrid Chaves


Sistema Imunológico
a) Imunidade Natural (inata): nativa do nosso
organismo é ativada rapidamente e não possui
especificidade (nossa 1ª. resposta aos
microorganismos).

Agentes:
▪ Neutrófilos
▪ Células dendríticas
▪ Fagocitários e NK Natural Killer (células) , NKT
▪ Sistema complemento (proteinas)

Esse sistema entra em ação entre as 12 primeiras


horas de ação com o antígeno
**Se a imunidade natural não for suficiente entre
em ação a imunidade adaptativa
Abbas, A k; Lichtman, A; Pillai S; Imunologia celuar e molecular. 6ª. Ed. Elsevier Ltda, 2008.
Sistema Imunológico

b) Imunidadeadaptativa: tem mais especificidade


contra agentes infecciosos.
Agentes:
 Linfócitos T e B (anticorpos) – ativados entre 2 a 4
dias após a infecção para atuar sobre o agente
agressor
Sistema imunológico

Diferenciação celular: através da diferenciação celular as


defesas começam a se especializar em determinadas
funções:

 Linfoides:
✓ linfócitos B: responsáveis por todos os anticorpos do
sistema imune;
✓ Linfócitos T: reconhecem antígenos específicos e atuam
na resposta intra e extracelular ;
✓ Natural Killer (NK): responsáveis pelo combate contra as
células tumorais e células infectadas por vírus.

 Mieloides: basófilos, eosinófilos, monócitos, neutrófilos,


hemácias e precursores das plaquetas (megacariócitos)

Abbas, A k; Lichtman, A; Pillai S; Imunologia celuar e molecular. 6ª. Ed. Elsevier Ltda, 2008.
Envelhecimento e imunidade
→ Imunidade: capacidade do corpo resistir a todos
os tipos de microorganismos e toxinas.
→ No envelhecimento → o sistema imunológico se
modifica e se torna menos eficiente; poderá ser
acometido quando o idoso estiver:

 em condições nutricionais inadequadas;


 em níveis de estresse aumentado;
 com alguma doença que favoreça a diminuição
da imunidade entre outros fatores que podem
comprometer a funcionalidade do sistema
imunológico.
Tonet AC. Imunossenescência: a relação entre leucócitos, citocinas e doenças crônicas. Rev. Bras. Geriatr.
Gerontol. Rio de Janeiro 2008, v.11 n.2.
Santos VC, Santos AC. Exercício Físico e Seus Efeitos Sobre o Sistema Imune dos Idosos. Revista Saúde e Pesquisa.
2010, 3(2):181-185
Imunossenescência

 Ocorrem alterações quantitativas e qualitativas no sistema


imune
 > predisposição ao desenvolvimento de infecções,
fenômenos autoimunes, degenerativos e neoplásicos
 < resposta a imunização.

→ Consequências:
 Ação de agentes infecciosos em decorrência da
incapacidade que pode ocorrer em resposta à vacinação e
a patógenos.

Aumento da mortalidade

Weinberg e Grubeck-Loebernstein, 2012


Senescência imunológica
 No idoso➔ é observada uma involução do timo e a redução da
atividade do timo parece ter relação com o aumento de anticorpos.

 Involução do timo ➔ diminuição do funcionamento das células T


(células responsáveis por reconhecerem antígenos específicos e atuarem
na resposta a agentes intra e extracelulares)
 Linfócitos de pessoas mais velhas não funcionam na mesma intensidade
quando comparada aos jovens.

Filho, ETC ; Netto MP. Geriatria: fundamentos, clínica e Terapêutica. Lopes MH. Infecções e
envelhecimento. p.545. Ed. Atheneu, 2006.
Quanto à dieta, considerar:

 A oferta de nutrientes que auxiliem a melhora do sistema


imunológico vitamina E, A, C, B12, zinco, probióticos, prebióticos e
glutamina – (fonte de energia para o sistema imune).
 O paciente que estiver se alimentando por via oral poderá
apresentar o apetite reduzido, assim, o profissional deve estar atento
a:
1. Oferecer uma refeição contendo alimentos coloridos de forma a atrair o
paciente;
2. Aumentar o fracionamento das refeições de 6-8 vezes e diminuir o volume;
3. Dar preferência a alimentos mais cozidos com o objetivo de facilitar a sua
mastigação;
4. Verificar a consistência que tem maior aceitação pelo paciente;
Características da Dieta:
 Observar a consistência e a presença de disfagia - neste caso, solicitar a avaliação
de um profissional fonoaudiólogo;

 Evitar o consumo de preparações muito gordurosas ou alimentos ricos em gorduras;

 Hidratar o paciente oferecendo água ou líquido de sua preferência;

 Evitar ingerir líquido junto às refeições;

 Evitar o consumo de alimentos industrializados devido a presença de conservantes,


corantes e outros componentes que possam causar desconforto ou alergia ao
paciente;

 Evitar alimentos irritantes ou ácidos caso haja mucosite;


 Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e gasosas;
Alimentos que deverão sofrer restrição:

 O consumo de alimentos em locais que podem apresentar


procedência duvidosa do ponto de vista sanitário (barracas,
restaurantes, bares);
 Alimentos crus ou mal cozidos (ovos, carnes e derivados de forma
geral);
 O consumo de frios fatiados em locais que podem não apresentar
higienização e esterilização adequadas dos equipamentos, dar
preferência ao uso de fatiador caseiro;
 Frutas cristalizadas ou secas cruas;
 Leite de saquinho quando não fervido;
 Temperos e ervas desidratadas canela em pó, alho, orégano,
manjericão entre outros;
 Queijos não pasteurizados ou crus;
 Os chás poderão ser consumidos quando preparado com a fervura
do sachê;
Alimentos que deverão sofrer restrição:

 Legumes e folhas cruas deverão ser evitados;


 Frutas de difícil higienização e de casca fina deverão ser
evitados, prefira frutas cozidas;
 Água de coco quando não pasteurizada deverá ser
evitada;
 Evitar o consumo de caldo de cana;
 Suplementos: verificar qual a disponibilidade e a mais
adequada ao atual quadro apresentado pelo paciente.
Ex: (Impact,®Caseical®, Forticare®, BioSen Glutamin®)

Figueiredo R. M.; Programa de Redução de Patógenos: Manual de procedimentos e desenvolvimento.


São Paulo, 1999,vol 1;
Todd J.; Schmidt M.; Christain J.; Williams R. The low-bacteria diet for immunocompromised patients.
Reasonable prudence or clinical superstition? Cancer Pract. 1999; 7(4):205-7;
Wilson B. J. Dietary recommendations for neutropenic patients. Semin Oncol Nurs. 2002; 18(1):44-9.
Van T. F.; Harbers M. M.; Terporten P. H.; VAN B. R. T.; KESSELS, A. G.; Voss G. B.; Schouten H. C. Normal
hospital and low-bacterial diet in patients with cytopenia after intensive chemotherapy for
hematological malignancy: a study of safety. Ann Oncol. 2007; 18(6):1080-4.
Alves, F R. Manual de conduta para pacientes oncológicos. Hospital Samaritano, São Paulo. 2010,4 -56.
Sarcopenia

❖ Considerada uma síndrome geriátrica e não do


envelhecimento

Definição: Consenso Europeu de Sarcopenia (European Working


Group on Sarcopenia in Older People - EWGSOP)➔
perda progressiva e generalizada de massa magra com perda
de força, funcionalidade ou ambas.
Jentoft C, et al. Age and Ageing. 2010;
39(4):412-23
Sarcopenia
Consequências:
• Risco de quedas;
• Fraturas;
• Incapacidades, Dependência;
• Hospitalização e mortalidade.

Outros indicadores:
 Perda de peso recente (massa magra);
 Quedas frequentes;
 Faqueza muscular;
 Diminuição da velocidade de caminhada e redução da atividade física.

Resultando em deficiência física, má qualidade de vida e óbito.

Cruz-Jentoft et al, 2010


Etiopatogenia da Sarcopenia
Fatores:
Hormonais
PTN 1,6g/Kg/P/dia Nutricionais
Metabólicos Massa muscular
Imunológicos Força muscular

• Baixa atividade
física
• Atrofia SARCOPENIA
muscular
• Diminuição das
fibras
• musculares
• Sedentarismo
Fraqueza
Mobilidade reduzida
Fonte: Valente M, 2013.
/dependência
Fonte: Li, Z.; Heber, D. 2012; Valente M, 2013;
Critérios para diagnóstico da sarcopenia

1. Diminuição da massa muscular membros inferiores (circunferência


da panturrilha) < 31cm;
2. Diminuição da força de pressão palmar H <30kg, M < 20Kg,
(dinamometria);
3. Diminuição do desempenho físico – velocidade da marcha;
- 10 segundos : normal para adultos
- 10,01 e 20 segundos considera-se normal para idosos frágeis
ou com deficiência
4. Bioimpedância ou DEXA (Absorciometria por raio X de Dupla
Energia) → mais utilizadas na prática clínica.
5. Antropometria
6. TM, RM (avaliar a quantidade de massa muscular esquelética

Fonte: Valente, M, 2013


Intervenção Nutricional
 Contribui para < perda de massa: ingestão de proteína de
1,2g/KgPC/ dia
 Hipertrofia e exercícios de resistência: ingestão de proteína
1,6g/KgPC/ dia
 Recomendação de proteína para idosos proposta pela Sociedade
de Sarcopenia, caquexia 1,0 a 1,5g/kg PC/ dia
 Distribuição de proteínas (PAVB) ao longo do dia (desjejum,
almoço e jantar) 25 a 30g por refeição, aproximadamente 113g de
carne DE AVE OU PEIXE
 Presença de jejum prolongado agrava a situação de sarcopenia.
 A suplementação de carboidratos pode auxiliar a manutenção
da glicemia e prevenir a utilização de ptn – prevenindo a utilização
de ptn intramuscular.
 Manutenção ou adequação do estado nutricional –
suplementação nutricional pode ser utilizada.

Morley JE, et al. JADA,2010; Morley et al, 2010, Li e Heber, 2011, Wall e Lonn, 2013.
Intervenção Nutricional

 Diminuir as perdas musculares e ósseas – preservar força e


flexibilidade.
 Vitamina D: sua reposição aumenta força e a função muscular
> benefício em idosos com fraturas e risco de queda.
 Prevenir ou reverter a sarcopenia
 Manter a saúde intestinal.
 Tratar as comorbidades associadas
 Considerar condições socioeconômicas
 Medicamentos utilizados e interação droga x nutriente

Morley JE, et al. JADA,2010; Morley et al, 2010, Li e Heber, 2011, Wall e Lonn,
SÍNDROME DA FRAGILIDADE
→ Síndrome multifatorial (fatores biológicos, psicológicos, e sociais)
levando ao AUMENTO do estado de vulnerabilidade

→ Componentes a serem mensurados:


▪ Perda de peso não intencional > 4,5Kg ou > 5% do peso corporal no
último ano;
▪ Fadiga;
▪ Diminuição da força de pressão palmar H <30kg, M < 20Kg;
▪ Baixo nível de atividade física - dependência para ABVDs;
Diminuição
▪ → Quando da velocidade
apresenta 3 ou de marcha.
mais características acima = idoso frágil
→ Presença de um ou dois: indicativo de alto risco de desenvolver
a síndrome.

OBS: A sarcopenia está associada a fragilidade e é uma das variáveis


para a síndrome da fragilidade.
Burns, JM, et al. 2010
Terapia nutricional

▪ Manutenção e recuperação do estado nutricional;


▪ Melhorar a qualidade da alimentação;
▪ Macro e micronutrientes deverão estar adequados;
▪ Suplementação – quando necessário;
▪ Considerar a dietoterapia para sarcopenia;
▪ Contribuir e melhorar o estado imunológico;

Silva, MLN; Marucci, MF; Roediger, MA. Trtado de Nutrição em Gerontologia, 2016.

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