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CIÊNCIA DOS MATERIAIS


Profª. Esp. Herica Freitas Silva
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CIÊNCIA DOS MATERIAIS


PROFª. ESP. HERICA FREITAS SILVA
3

Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério

Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira

Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos

Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Imperatriz da Penha Matos

Revisão Gramatical e Ortográfica: Profª. Naiana Leme Camoleze

Revisão técnica: Profª. Jaqueline Miranda

Revisão/Diagramação/Estruturação: Clarice Virgilio Gomes


Prof. Esp. Guilherme Prado
Lorena Oliveira Silva Portugal

Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Daniel Guadalupe Reis
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Eliza P. Campos

© 2023, Faculdade Única.

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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CIÊNCIA DOS MATERIAIS


1° edição

Ipatinga, MG
Faculdade Única
2023
5

HERICA FREITAS SILVA


Especialista em Engenharia de
Materiais (2020) e Bacharela em En-
genharia Mecânica (2018) pela Fa-
culdade Pitágoras de Ipatinga. Espe-
cialista em Engenharia de Materiais
pela mesma instituição (2020). Atu-
almente presta serviços de progra-
mação com foco em controle e mo-
nitoramento dos consumos, gastos e
projetos de eficiência energética da
planta da Aperam South America,
única usina siderúrgica totalmente
integrada que produz aços inoxidá-
veis planos e aços elétricos de grão
não-orientado e super-orientado to-
talmente processados da América
Latina, localizada em Timóteo – MG.
Possui experiência com docência
ministrando cursos validados pela
Faculdade Pitágoras e reconheci-
dos como material válido para horas
extracurriculares para as disciplinas
básicas dos primeiros anos dos cur-
sos de engenharia.

Para saber mais sobre a autora desta obra e suas qua-


lificações, acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/2691731798467071
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
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LEGENDA DE

Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão
do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para
determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica,
mostradas a seguir:

FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes
nas quais você precisa ficar atento.

BUSQUE POR MAIS


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virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.

VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.

FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.

GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS
1.1 Conceito da Ciência dos Materiais ........................................................................................................................................................................................................................................11
1.2 Tetraedro da Ciência e Engenharia dos Materiais ...................................................................................................................................................................................................12
1.3 Processo de Evolução dos Materiais ..................................................................................................................................................................................................................................14
1.3.1 A Idade da Pedra ............................................................................................................................................................................................................................................................................14
1.3.2 A Idade dos Metais ........................................................................................................................................................................................................................................................................15
1.3.3 A Idade do Cobre ...........................................................................................................................................................................................................................................................................16
1.3.4 A Idade do Bronze ..........................................................................................................................................................................................................................................................................17
1.3.5 A Idade do Ferro .............................................................................................................................................................................................................................................................................17
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................19

UNIDADE 2
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
2.1 Metais ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................23
2.2 Polímeros .............................................................................................................................................................................................................................................................................................24
2.3 Cerâmicos ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................27
2.4 Compósitos .......................................................................................................................................................................................................................................................................................29
2.5 Semicondutores e Biomateriais ..........................................................................................................................................................................................................................................30
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................32

UNIDADE 3
ESTRUTURA ATÔMICA E LIGAÇÃO INTERATÔMICA
3.1 Estrutura Atômica dos Materiais ..........................................................................................................................................................................................................................................37
3.1.1 Os Modelos Atômicos da Química ..........................................................................................................................................................................................................................39
3.1.2 Caracterização de Elétrons – Números Quânticos ...................................................................................................................................................................................40
3.1.3 Configuração Eletrônica ...............................................................................................................................................................................................................................................40
3.2 Ligações Interatômica dos Materiais ..............................................................................................................................................................................................................................43
3.2.1 Ligação iônica ......................................................................................................................................................................................................................................................................43
3.2.2 Ligação Covalente ...........................................................................................................................................................................................................................................................44
3.2.3 Ligação metálica ..............................................................................................................................................................................................................................................................45
3.2.4 Ligação Van Der Waals ................................................................................................................................................................................................................................................46
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................47

UNIDADE 4
ESTRUTURA CRISTALINA E NÃO-CRISTALINA
4.1 Células Unitárias e Redes de Bravais ................................................................................................................................................................................................................................51
4.2 Estruturas Cristalinas dos Metais .......................................................................................................................................................................................................................................54
4.2.1 Estruturas Cúbicas Simples (CS) .............................................................................................................................................................................................................................54
4.2.2 Estruturas Cúbicas de Face Centrada (CFC) e Corpo Centrado (CCC) ...................................................................................................................................55
4.2.3 Estruturas Hexagonais ....................................................................................................................................................................................................................................................56
4.3 Direções e Planos Cristalográficos ...................................................................................................................................................................................................................................57
4.4 Imperfeições nos Sólidos .........................................................................................................................................................................................................................................................59
FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................................................................................................................................................................................................64

UNIDADE 5
CARACTERÍSTICAS DOS FÍSICA E QUÍMICAS SÓLIDOS

5.1 Difusão ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................68


5.2 Diagrama de Fases .......................................................................................................................................................................................................................................................................71
5.2.1 A regra da Alavanca .........................................................................................................................................................................................................................................................72
5.2.2 Diagrama Isomorfo ...........................................................................................................................................................................................................................................................73
5.2.3 Diagrama Binário sem Solução Sólida ...............................................................................................................................................................................................................74
5.2.4 Diagrama Tenário .............................................................................................................................................................................................................................................................76
5.2.5 Diagrama de Materiais Cerâmicos ......................................................................................................................................................................................................................76
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................78
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UNIDADE 6
COMPORTAMENTO MECÂNICO E APLICABILIDADE DOS MATERIAIS

6.1 Comportamento Mecânico dos Materiais ...................................................................................................................................................................................................................82


6.1.1 Curva de Tensão Deformação ...................................................................................................................................................................................................................................82
6.1.2 Testes de Dureza .................................................................................................................................................................................................................................................................84
6.1.3 Falhas ou Fraturas ..............................................................................................................................................................................................................................................................86
6.1.4 Fadiga .........................................................................................................................................................................................................................................................................................88
6.1.5 Fluência ......................................................................................................................................................................................................................................................................................88
6.2 Propriedades Térmicas, Magnéticas e Ópticas dos Materiais ......................................................................................................................................................................89
6.2.1 Propriedades dos Metais ...............................................................................................................................................................................................................................................89
6.2.2 Propriedades dos Polímeros ......................................................................................................................................................................................................................................89
6.2.3 Propriedades dos Cerâmicos ...................................................................................................................................................................................................................................90
6.2.4 Propriedades dos Compósitos ..................................................................................................................................................................................................................................91
6.3 Aplicabilidade Dos Materiais ..................................................................................................................................................................................................................................................91
6.4 Reciclabilidade dos Resíduos Gerados Pelos Materiais ....................................................................................................................................................................................92
6.4.1 Reciclabilidade dos Materiais Metálicos ............................................................................................................................................................................................................92
6.4.2 Reciclabilidade dos Materiais Cerâmicos .......................................................................................................................................................................................................93
6.4.3 Reciclabilidade dos Materiais Poliméricos ......................................................................................................................................................................................................94
FIXANDO O CONTEÚDO.........................................................................................................................................................................................................................................................................97

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................................................................................101


REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................................................102
9
UNIDADE 1
A Unidade I apresenta o conceito inicial da Ciência e Engenharia de materiais, assim
como a evolução história dos materiais pelo homem ao longo da passagem das
eras pré-históricas até a era moderna.
CONFIRA NO LIVRO

UNIDADE 2
A Unidade II classifica os materiais com base na sua composição e aplicabilidade.
Apresenta os principais grupos já estudados e ca-racterizados pela Ciências dos
Materiais assim como novos conceitos de materiais modernos.

UNIDADE 3
A Unidade III apresenta o conceito de construção dos átomos, também conhecida
como estrutura atômica. Nesta unidade serão estudadas também as ligações
interatômicas existentes.

UNIDADE 4
A Unidade IV demonstra o conceito de estruturas cristalinas apresentando as 14
redes de Bravais e configuração de cada uma. Assim como características das
estruturas como direções e planos cristalográficos e as imperfeições apresentadas
pelos sólidos.

UNIDADE 5
A Unidade V apresenta as principais características físicas dos materiais com base
na sua classificação. Conceitos como difusão nos sólidos e também apresenta o
diagrama de fases que é muito utilizado no estudo da ciência dos materiais.

UNIDADE 6
A Unidade VI apresenta o comportamento mecânico dos materiais com base na
aplicação de testes físicos. Além disso explicita a aplicação geral, assim como o tipo
de resíduo que é gerado dado cada material. Além disso nesta unidade o conceito
de reciclabilidade dos materiais também será abordado.
10

INTRODUÇÃO À
CIÊNCIA E ENGENHARIA
DOS MATERIAIS
11
1.1 CONCEITO DA CIÊNCIA DOS MATERIAIS
A ciência dos materiais é a área da engenharia responsável por estudar as interações
entre os materiais, como ligações químicas, arranjos moleculares, propri¬edades física
presentes na natureza (ASHBY, 1999). Através do estudo desta ciência é possível obter os
conhecimentos científicos dos materiais existentes, aplica-los em diversas solicitações
do cotidiano, da engenharia e também estudar para melhoria e complementação de
suas propriedades assim como a descoberta de novos materiais.
Esta ciência objetiva-se em caracterizar as propriedades dos materiais com base
em sua composição química, arranjo estrutural e tipos de esforços que são atribuídos a
eles. Segundo Callister Jr. e Rethwisch (2021) se pode caracterizar as propriedades dos
materiais com base em seis classes, são elas: mecânica, elétrica, térmica, magnética,
ótica e deteriorativa.
De fato, esta área de estudo acompanhou a evolução da humanidade desde os
seus primórdios, quando o homem utilizava a pedra como principal insumo em suas
manufaturas para caça e sobrevivência. Ao longo das eras a ciência dos materiais se
aperfeiçoou, assim como o homem, e se tornou a ciência que a engenharia conhece na
era moderna.
Dentro deste conceito nota-se que está ciência é de suma importância para todas
as áreas da engenharia, pois através dela é possível seguir evoluindo nas pesquisas
relacionadas aos insumos de produção no mundo. A globalização depende muito
da evolução dos insumos, porque a cada dia a engenharia estuda novos meios que
satisfaçam as solicitações da industrialização.
Para o profissional de engenharia, essa ciência torna-se aliada, pois independente
da área de atuação do profissional, ele deve estar capacitado para reconhecer e
aplicar seus conhecimentos sobre a importância dos materiais e seus diferentes tipos
de aplicação na engenharia.
Como um exemplo clássico da aplicação dessa ciência, pode-se citar a visão
crítica de um engenheiro mecânico ao determinar um material em sua rotina de trabalho,
a fim de aplicar melhores métodos de manufatura ou manutenção. Ou um engenheiro
químico que deve conhecer todas as interações físicas e químicas dos materiais em
sua rotina de trabalho em laboratório de testes. Assim como diver¬sas outras áreas da
engenharia possuem sua aplicabilidade dentro da ciência dos materiais.
Existe, contudo, uma classificação dos materiais com base nos estudos realizados
por esta ciência, esta classificação foi construída através dos milênios passados com
a evolução humana. Os materiais subdividem-se em: metais, polímeros, cerâmicos
e compósitos. Esta classificação é realizada de acordo com a similaridade das
propriedades destes materiais, assim como processamento e estruturas.
Através da ciência dos materiais, profissionais da engenharia podem desenvolver
estudos que acompanham as descobertas e evoluções da tecnologia, correlacionando
à aplicação de materiais já existentes otimizando sua capacidade. Assim como
quantificar a aplicabilidade de novas descobertas que a era moderna possui como
consequência.
12
BUSQUE POR MAIS
Para complementação da introdução a ciências dos materiais recomenda-se a
leitura da Unidades 1 do livro “Ciência e Tecnologia dos Materiais” (2015)de auto-
ria de Henrique Cezar Pavanati. Disponível em: https://bit.ly/3loT92x. Acesso em:
28 jan. 2021.

Ademais para que se possa estudar esta ciência é preciso conhecer os conceitos
obtidos através da evolução do homem, desde os processos primitivos até os tempos
modernos. Assim como diversas metodologias aplicadas, como a química a física e
outros conceitos. Um ponto muito importante para este estudo é o conhecimento do
tetraedro da ciência dos materiais, sua importância e aplicação no meio de todo este
vasto conceito.

1.2 TETRAEDRO DA CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS


Por se tratarem de conceitos tão parecidos, a ciência e engenharia de
materiais caminham juntas no meio científico. Todavia seus conceitos não devem ser
confundidos. A ciências dos materiais é o campo de estudo direcionado para estudo de
comportamento, aplicação, melhoria e descobrimento de novos materi¬ais. Enquanto a
engenharia de materiais é o campo responsável por utilizar tais estudos nas aplicações
de práticas da engenharia.

FIQUE ATENTO
Mesmo a ciência dos materiais e a engenharia dos materiais possuírem conceitos distin-
tos, elas ainda formam uma dupla dentro do estudo dos materiais que dedica os esforços
para a evolução destes insumos na engenharia (ASKELAND; WRIGHT, 2015).

Indiferente do campo de estudo, existe um conceito muito importante que


chamamos de tetraedro da ciência e engenharia dos materiais (Figura 1). Este conceito
permite auxiliar o profissional a desenvolver o pensamento crítico através de quatro
principais pilares sobre o material estudado, são eles: Síntese ou processamento,
propriedade e performance estrutura e composição química.
13

Figura 1: Tetraedro da Ciência e Engenharia de Materiais


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Este recurso permite que os campos de estudo desta ciência sejam bem definidos,
divididos e compreendidos. Além disso, a ordenação destes quatro fatores permite que
o aluno possa enxergar a interdependência de todos os elementos componentes do
tetraedro. Na ciência dos materiais se estuda principalmente as propriedades de cada
material para aplicações diversas ao longo das atividades do ser humano, nota-se
então a importância de saber o que configura tais propriedades.
A estrutura de um material é a organização de todos os elementos que fa-zem
parte de sua composição. A forma e configuração dessa estrutura é baseada na rota
de processamento (fabricação) do material analisado, com isso, fica fácil assimilar que
todos os materiais com rotas distintas terão estruturas (configurações) diferentes se
comparados.
Além da estrutura é necessário o conhecimento intrínseco da composição química,
pois através dela se pode determinar algumas propriedades físicas e químicas, também
quais rotas de processamento poderão ser utilizadas sem que suas propriedades sejam
afetadas ao final do processo.
Quando um material é selecionado para certo trabalho na engenharia, a análise
crítica deve ser realizada levando em consideração todas as quatro propriedades
citadas no tetraedro. Estas propriedades sempre estarão interligadas de forma que
qualquer alteração mínima em uma, pode afetar consideravelmente outra propriedade
importante para a aplicação desejada (ASKELAND; WRIGHT, 2015).

VAMOS PENSAR?
Você foi escolhido para trabalhar em uma empresa com seleção de materiais para fabri-
cação de tubos para saneamento básico. O seu supervisor pede um material com a com-
posição “X”, mas precisa da rota de processamento “Y”. Com suas pesquisas chegou aos
materiais A, B e C, sendo que todos atenderiam perfeitamente segundo sua análise crítica.
O custo de C > A > B. O material B atenderia bem, mas em sua composição química existe
um elemento que contaminaria o solo. Já o material A é mais frágil fisicamente, contudo,
existe a possibilidade de um tratamento que o tornaria mais resistente. Por fim, o material
C não precisaria de nenhum tratamento, atendendo bem as expectativas, contudo, este é
o material mais custoso. Com base nas propriedades requeridas e estudando o tetraedro,
qual material você utilizaria? Discuta com seu tutor.
14
Quando se estuda a ciências dos materiais é importante que o conhecimento
didático seja combinado com o pensamento crítico para avaliar situações com
coerência, levando em consideração funcionalidade, meio ambiente e custo.

1.3 PROCESSO DE EVOLUÇÃO DOS MATERIAIS


Desde os primórdios da sociedade o homem busca por evolução, construin¬do
ao longo do tempo uma continuidade para diversas áreas de estudo. Com a ciências
dos materiais esta situação não é diferente, a evolução do homem no contexto histórico
é tão importante para esta ciência como para a história.
Antes de desenvolver um pensamento sobre a importância da evolução humana
para o mundo, reflita: O que seria da humanidade se ela ainda estivesse fazendo
utensílios de pedra para caçar? Não é muito difícil imaginar o impacto que a evolução
possui sobre a vida das pessoas.
A engenharia, ciência, tecnologia e todo conforto que a humanidade desenvolveu
ao longo das eras só se tornou possível com a evolução do homem. Através da inteligência
humana que se desenvolveu ao longo dos anos foi possível a industrialização do mundo
chegando ao nível da quarta revolução industrial do século XXI.

BUSQUE POR MAIS


É importante sempre estudar e aprofundar os conceitos de evolução humana
e também da continuidade das ciências importantes para a modernização de
novos métodos e técnicas da engenharia. Recomendamos a leitura da Unidade
1 do Livro “Ciência e Engenharia de Materiais – Uma Introdução” de Callister Jr.
e Rethwisch (2021). Disponível em: https://bit.ly/3tv9Bkr. Acesso em: 28 jan. 2021.

A evolução histórica dos materiais pode ser dividida em três principais períodos:
idade da pedra vista nos primórdios da sociedade, idade dos metais destacando
principalmente a idade do bronze e depois a idade dos metais para as outras ligas, esse
período da idade dos metais se subdivide pela importância distinta das ligas descobertas
e sua funcionalidade. Todavia entre estes acontecimentos pode-se subdividir a idade
dos metais, fazendo com que a linha da evolução dos materiais fique mais completa,
assim temos: idade da pedra, idade dos metais, idade do cobre, idade do bronze, idade
do ferro.

1.3.1 A Idade da Pedra

A idade da pedra é conhecida como o marco inicial da evolução do homem,


neste período a espécie homo sapiens começou a produção e utilização de utensílios
confeccionados utilizando a pedra como principal insumo. Todavia, esta era não se
tratou somente da utilização deste insumo, ela comportou também alguns eventos
que se tornaram marcos importantes na história, como a formação da sociedade, a
atividade agropecuária e a descoberta do fogo.
Este período é segmentado em três períodos distintos: Período Paleolítico, Período
Mesolítico e Período Neolítico (NAVARRO, 2006). Cada um destes, representa uma parte
15
importante da história da evolução do homem, consequentemente a evolução da
utilização dos mais diversos materiais.
Na idade da Pedra Antiga ou Pedra Lascada, também conhecida como Período
Paleolítico, que ocorreu a aproximadamente 2 milhões de anos antes do século XXI,
quando o homem era selvagem, e utilizava utensílios confeccionados principalmente
para se alimentar (através da caça) e se defender de outros homens/animais.
A característica de confecção deste período é a principal responsável por nomear
esta era como a “Era da Pedra Lascada”, pois o homem utilizava lascas brutas, obtidas
da colisão entre pedras, para confeccionar utensílios simples como lâminas quebradas,
pequenas facas e lanças brutas confeccionadas de madeira e pedra. Esta produção
era feita basicamente batendo pedras umas sobre as outras na tentativa de conseguir
o formato desejado, não existia forma melhor para a obtenção desses insumos e por
isso a manufatura era limitada a simplicidade (NAVARRO, 2006).
Na Pré-história, ou Período Mesolítico ocorre um dos primeiros marcos na evolução
do homem, a agricultura. Este período pode ser visto entre a era Paleolítica e Neolítica
somente em alguns pontos mais frios, onde o homem passou a cultivar alguns alimentos
para garantir sua sobrevivência em meio à escassez de recursos.
Neste período as ferramentas não se limitava apenas a armas para caça e guerra,
mas o homem passou a confeccionar utensílios que o ajudasse a cultivar o alimento.
Pás primitivas de pedra eram utilizadas para cavar e plantar, o homem viu-se evoluindo
na manufatura por necessidade de sobrevivência.
Já o período Neolítico, também chamado de Período da Pedra Polida, marca a
última fase da Idade da Pedra. Através da agricultura desenvolvida na era Mesolítica
o homem pode reproduzir, criando pequenas tribos e aglomerações através da terra.
Além desse marco na história, o Período Neolítico é marcado pela descoberta do fogo, o
homem faz a descoberta deste elemento proporcionando a utilização de novos insumos.
Com essa grande evolução, o homem passou a utilizar além da pedra, outros
materiais como ossos, argila e a cerâmica (argila + fogo). O homem e seus iguais
deixaram as cavernas, passando a viver em pequenas tribos e ocas construídas de
materiais simples como argila, pedra e aglomerados de argila e palha.
Além disso, neste período ouve a criação de alguns padrões de vestimentas entre
as tribos. O que determinava a qual aglomeração um determinado ser per¬tencia, essa
ação permitia diferenciar o povo amigo de inimigo, diminuindo as guerras entre aliados.
Outro fator bastante importante para a era Neolítica é a utilização do senso de
seleção com os animais, o homem começa e entender os conceitos sobre domesticação
e passa a consumir os produtos provenientes de alguns animais (pecuária), como: leite,
ovos, banha, carnes de engorda, etc. Este consumo só era possível devido a capacidade
de cultivar do homem, onde ele podia alimentar os animais domesticados para usufruir
de seus produtos.
Ao final da Idade da Pedra então o homem possui os recursos de manufatura de
ferramentas e utensílios, agricultura, pecuária, presença de tribos mais organizadas, a
descoberta do fogo e o início da utilização de outros insumos para a confecção de suas
ferramentas.

1.3.2 A Idade dos Metais


16
A Idade dos Metais só foi possível devido a principal descoberta do homem no
período Neolítico. O fogo trouxe a possibilidade de trabalhar com diferentes materiais,
como cerâmicas e os metais que foram posteriormente incluídos em suas manufaturas.
Alguns utensílios antes produzidos em pedra e ossos passavam a ser constituídos de
metais como o cobre, ligas do cobre e o ferro.
Os insumos para caça, agricultura e pecuária, antes produzidos em materiais que
se deterioravam com certa facilidade, foram substituídos pelos confeccionados com
metais. Isso proporcionou maior eficiência, estabilidade e durabilidade as ferramentas
utilizadas no cotidiano do homem desta era.
A utilização dos metais como insumo de produção possibilitou ao homem
descobertas básicas relacionadas a ciências dos materiais, como: ponto de fusão,
dureza, maleabilidade e outras características físicas dos metais. A partir dessa ida¬de
o homem começou a diferenciar metais, criando ligas metálicas e aperfeiçoando sua
manufatura com este insumo.
Durante a manufatura de alguns itens, o homem foi descobrindo novos materiais,
novas misturas e como realiza-las com sucesso. A criação destas novas ligas permitiu
que os materiais dessem mais um passo em seu processo de evolução, a partir destas
misturas o homem chegou ao cobre, bronze e ferro.

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Com a chegada desta era o homem descobria a base da indústria metalúrgica
e siderúrgica. Para acrescentar conceitos, acesse: https://bit.ly/3qS9m1n. (Acesso
em: 29 jan. 2021).

1.3.3 A Idade do Cobre

Estratificando a Idade dos Metais, pode se citar primeiro a Idade do Cobre. Este
foi o primeiro metal utilizado pelo homem para fins de manufatura, sucedeu o período
Neolítico. Com o uso do fogo o cobre poderia ser moldado facilmente para diversos
formatos, sendo possível confeccionar variadas formas.
Este material encontra-se na natureza de duas formas, uma delas é em forma
de óxidos. Acredita-se que o primeiro minério utilizado pelo homem tenha sido um
carbonato, chamado de malaquita - Cu2(OH)2(CO3). Através de fundição deste minério
na confecção de cerâmicas o homem descobriu o cobre.

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Malaquita - Cu2(OH)2(CO3) é um carbonato de cobre utilizado para a produção
de ligas de cobre para a indústria. Para acrescentar conceitos acesse: https://bit.
ly/2NrdMOW. (Acesso em: 29 jan. 2021).
17
Por se tratar de um material com excelente condutibilidade elétrica e térmica o
cobre torna-se um material muito fácil de ser trabalhado, essa capacidade na Idade
do Cobre fez com que ele fosse cada vez mais empregado, dando a possibilidade da
criação e evolução em suas diferentes ligas.

1.3.4 A Idade do Bronze

O conceito de liga metálica é simples, utilizam-se dois ou mais materiais para


fabricar um novo “material” desde que pelo menos um destes componentes seja
um metal. Esta liga possui propriedades de todos os materiais utilizados em sua
confecção. Normalmente na engenharia utilizam-se mais ligas metálicas do que os
próprios metais puros, isso porque as propriedades físicas destes se complementam
formando uma liga mais proveitosa.
O bronze é uma liga metálica que possui em sua composição cerca de 90% de
Cobre (Cu) e 10% de Estanho (Sn). A idade do bronze se caracterizou pela mistura destes
materiais gerando a liga metálica chamada bronze. Muitas literaturas abordam a idade
do bronze logo depois do período Neolítico, mas outros autores como Navarro (2006)
ditam indícios da idade do cobre entre estas duas eras (Pedra-Bronze) justamente pelo
período de descobrimento da possibilidade de misturar dois materiais diferentes.
Esta era é marcada pelo início da metalurgia de fato, onde o homem começa
a misturar materiais diferentes como o bronze (Cu e Sn) para obtenção de ligas para
manufatura. Todavia o bronze se tornara um insumo caro, e na sua concepção apenas
pessoas com maior poder de compra possuíam acesso à esta liga metálica. Após certo
tempo de uso, a prática de misturar ambos metais se tornou mais comum, o que reduziu
seu preço de mercado chegando até as mão de classes média-baixas.

1.3.5 A Idade do Ferro

Com o avanço dos conhecimentos sobre a mistura de dois ou mais materiais,


o homem finalmente chega a idade do ferro, período esse em que a pré-história teria
chegado ao seu fim. O ferro passou a substituir o cobre nas manufaturas do homem.
Este é o marco histórico que encerra a linha do tempo da evolução básica dos materiais.
Esta era foi inicialmente observada no Oriente Médio, onde o homem descobriu
a possibilidade de extrair o minério de ferro das rochas e confeccionar seus utensílios.
Com o tempo este material foi substituindo o cobre e o bronze, isso porque o homem viu
que o elemento ferro (Fe) estava mais presente na natureza, e proporcionava também
maior durabilidade e resistência em suas manufaturas.
Partindo do Oriente médio, a Idade do Ferro passou pelo Egito, Grécia, Áfri-ca,
Europa, Índia e Ásia. A América não havia feito esta descoberta, então algum tempo
depois a Europa, através da sua caravana de colonização apresentou artigos de ferro
aos nativos desta área.
Nesta era o homem descobriu não apenas o ferro, mas pode evoluir em outros
segmentos. Um dos principais segmentos que evoluíram com esta descoberta foi a
construção, o homem viu-se construindo pontes, fortalezas e moradias com o auxílio
deste insumo. Neste período as atividades de tecelagem e cerâmica também evoluíram,
o que permitiu que o homem pudesse combinar recursos para crescer como sociedade.
18
Tornou-se comum o ato de misturar o ferro com outros elementos, criando ligas
metálicas que conferiam diferentes propriedades aos insumos criados. As ligas de ferro
tornaram-se o principal material utilizado na construção, produção, agricultura, etc.
Neste período era comum a presença de muitos ferreiros nas cidades, o que tornou a
prática de forja bastante prestigiada.
A partir do século XIX o homem desenvolveu novos meios de processamento de
materiais, surgiram novas técnicas de fundição e com isso uma liga muito importante
para o mundo, o aço. A liga metálica chamada aço é composta principalmente de ferro
(Fe) e carbono (C), estas proporções podem chegar em até 97% Fe, 2%C e 1% de outros
elementos ou impurezas, variando dependendo dos processos e aplicações.
A partir das evoluções do final da Idade do Ferro, o homem saiu do período pré-
histórico e começou uma jornada de desenvolvimento sem limites. Com a descoberta
do aço o homem pode evoluir não só em construções, manufatura, agricultura, pecuária,
mas também em inovações e novas tecnologias para continuar evoluindo na utilização
dos materiais.
19

FIXANDO O CONTEÚDO
1. Através dos estudos realizados compreende-se que a ciência dos materiais objetiva-
se em caracterizar as propriedades dos materiais baseando-se em sua composição
química, arranjo estrutural e submissão de esforços ao longo do trabalho. Existem no
entanto seis principais classificações para as propriedades dos materiais dentro da
concepção dos estudiosos, são elas:

a) mecânica, elétrica, calorífica, magnetismo, visual e construtiva.


b) mecânica, física, química, magnética, ótica e deteriorativa.
c) mecânica, química, física, ótica, deteriorativa e construtiva.
d) mecânica, elétrica, térmica, magnética, ótica e deteriorativa.
e) mecânica, elétrica, térmica, magnetismo, visual e construtiva.

2. Analise as sentenças e marque a alternativa correta.

I. A ciências dos materiais é o campo de estudo direcionado para a observação do


comportamento, aplicação, melhoria e descobrimento de novos materiais.
II. Dentro dos conceitos de ciências dos materiais estuda-se interações entre os
materiais, ligações químicas, arranjos moleculares, propriedades físicas e químicas.
III. A engenharia de materiais é o campo responsável por utilizar tais estudos na seleção
e aplicação dos materiais em diversas funções.

a) Estão corretas I e III.


b) Estão corretas II e III.
c) Todas as afirmativas estão corretas.
d)Somente a III está correta.
e) III está incorreta.

3. Um conceito muito importante para a ciência dos materiais já criado é o tetraedro


da ciência e engenharia de materiais, o qual possui quatro principais pilares que
determinam a condição e propriedades de um dado material. Sabe-se que a alteração
de um destes quatro pilares reflete sobre os três, independen¬te de qual seja. Dentro
deste conceito os quatro pilares do tetraedro da ciência e engenharia de materiais são:

a) fabricação, propriedade física, estrutura e composição química.


b) síntese ou processamento, propriedade e performance, estrutura e composição
química.
c) síntese ou processamento, ductilidade, estrutura de átomos e composição química.
d) síntese ou processamento, propriedade e performance, estrutura e composição
física.
e) síntese ou processamento, redes de bravais, estrutura e composição química.

4. Leia o trecho abaixo e assinale a assinale com V (verdadeiro) ou F (falso).


20
“Os primeiros seres humanos tiveram acesso a apenas um número muito limitado de
materiais, aqueles que ocorrem naturalmente: pedra, madeira, argila, peles, e assim
por diante. Com o tempo, eles descobriram técnicas para a produção de materiais que
tinham propriedades superiores àquelas dos materiais naturais; esses novos materiais
incluíam as cerâmicas e vários metais. Além disso, foi descoberto que as propriedades
de um material podiam ser alteradas por meio de tratamentos térmicos e pela adição
de outras substâncias. Naquela época, a utilização dos materiais era um processo
totalmente seletivo que envolvia decidir, entre um conjunto específico e relativamente
limitado de materiais, o que mais se adequava a uma dada aplicação em virtude das
suas características.”
(CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021, p. 02).

( ) O trecho cita a evolução da idade da pedra para a idade do ferro.


( ) A descoberta do fogo foi um grande diferencial para evolução do homem.
( ) O homem já havia definido um conceito concreto sobre a ciências dos materiais
nesse período.
( ) O que era limitado não era a quantidade de materiais disponível, mas sim o
conhecimento do homem sobre suas disponibilidade na natureza.

a) V – F – F – F.
b) V – V – F – V.
c) F – V – F – F.
d) V – F – F – V.
e) V – V – F – V.

5. Sabe-se que a Idade da Pedra foi um período que marcou o início da evolução do
homem, além da utilização da pedra como principal fonte de manufatura houveram
também descobertas e evoluções em outros segmentos importantes para a história. A
Idade da Pedra se divide em três principais períodos, são eles:

a) Período da Pedra, Período do Fogo e Período da Caça.


b) Período Paleolítico, Período do Fogo e Período da Pesca.
c)Período Paleolítico, Período Mesolítico e Período Neolítico.
d) Período Paleolítico, Período Mesolítico e Período da Agricultura.
e) Período da Agricultura, Período da Caça e Período da Pesca.

6. O Período Neolítico foi um grande marco na Idade da Pedra, pois através dos marcos
nele ocorridos o homem pode evoluir como criatura, realizando novar atividades e
estudando novos métodos de produção e de vida. Com base na afirmação, assinale a
alternativa que contenha os principais marcos da era Neolí¬tica:

a) Agricultura, Pecuária, Descobrimento do Fogo e Crescimento dos Povos.


b) Agricultura, Pesca, Descobrimento do Fogo e Junção de tribos.
c) Agricultura, Pecuária, Criação de Tribos e Crescimento dos Povos.
d) Agricultura, Pesca, Construções de Casa e Saída das Cavernas.
e) Agricultura, Reprodução, Descobrimento do Fogo e Crescimento dos Povos.
21
7. Uma liga metálica é uma mistura de dois ou mais elementos caracterizando em um
novo material, com propriedades de todos os elementos a ela adicionados. O bronze
é uma liga metálica que fora muito utilizada na pré-história pelo homem, é composto
principalmente de dois materiais, estes e suas proposições são respectivamente:

a) Cu 90% - Fe 10%.
b) Cu 90% - Mn 10%.
c) Cu 10% - Sn 90%.
d) Cu 90% - Sn 10%.
e) Cu 85% - Sn 10% - S 5%.

8. A descoberta do ferro foi um passo gigantesco para a evolução das ligas metálicas,
proporcionando a criação de diversas destas com diferentes propriedades. A partir
desta descoberta o homem pode evoluir, finalmente deixando a Era da Pré-História
para trás. Uma das ligas mais importantes da história foi sem dúvida o aço, este insumo
descoberto no final da pré-história ainda é o principal material utilizado no século XXI.
Sabendo-se que a composição do aço é principalmente Fe, C e outros/impurezas,
assinale a quantidade aproximada de cada um destes elementos contidos nesta liga
metálica.

a) 97% Outros/Impurezas, 2% Fe e 1% C.
b) 95% Fe, 4% C e 1% Outros/Impurezas.
c) 99% Fe, 2% C e 1% Outros/Impurezas.
d) 97% Fe, 2% C e 1% Outros/Impurezas.
e) 2% Fe, 98% C e 1% Outros/Impurezas.
22

CLASSIFICAÇÃO
DOS MATERIAIS
23
2.1 METAIS
Com visto no conceito da ciência dos materiais, classificam os materiais de acordo
com sua composição química. Dentro desta classificação, os materiais me¬tálicos são
definidos como materiais sólidos que possuem uma grande quantidade de elétrons
livres. Esta definição se dá através de estudos sobre as principais propriedades destes
materiais. Os metais são bons condutores elétricos e térmicos devido à presença dos
elétrons livres em sua estrutura, oferecem bons parâmetros de deformação física
(ductilidade) e apresentam superfície opaca (apresentam brilho se polidos), alguns
exemplos são mostrados na Figura 2.

Figura 2: Objetos Fabricados de Metais Comumente Utilizados Pelo Homem


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 08)

Sua aplicação geral na engenharia pode ser vista em construções industriais


(galpões), residenciais e comerciais (prédios, arranha-céus), embalagens, ferramentas,
veículos, implantes médicos, etc. Quanto à propriedades os metais possuem uma
vasta gama, são versáteis e possuem diferentes tipos que podem ser exploradas na
engenharia.
Os metais puros são pouco empregados nas manufaturas e projetos, já que em
sua composição única os metais configuram poucas propriedades. Todavia existe a
possibilidade de se combinar vários elementos formando uma liga metálica. Uma liga
metálica é a junção de dois ou mais elementos, onde pelo menos um des¬tes seja
um metal. A Tabela 1 apresenta uma lista das principais ligas metálicas utilizadas no
mundo:

Liga Composição Química


Aço 97% Fe + 2% C e 1% Outros (Impurezas ou outros ele-
mentos como Si, Mn, S e P)
Aço Inoxidável Fe + C + Cr + Ni (% Varia conforme especificações)
Ouro (18 quilates) 75% Au +13% Ag + 12% Cu
Bronze 90% Cu + 10% Zn
Latão 95-55% Cu + 45-5% Zn
Tabela 1: Principais Ligas e Composições Químicas
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
24
FIQUE ATENTO
A composição química das ligas metálicas podem variar conforme diversas literaturas,
entretanto, existem limites máximos e mínimos que configuram a estas ligas proprieda-
des distintas. Um exemplo é o aço inoxidável. Esta liga composta majoritariamente de
ferro e cromo (Fe-Cr) possui uma gama de variações em sua composição, o que por sua
vez configura a este tipo de liga propriedades distintas, tabeladas e catalogadas.

Um exemplo clássico de liga metálica é sem dúvida o aço, esta liga é o insumo
mais utilizado no mundo (SHACKELFORD, 2008). O ferro (Fe) sozinho não configura boa
propriedades para aplicações reais, devido a sua alta fragilidade e alta oxidação. Desta
forma adicionam-se quantidades consideráveis de carbono (C), Silício (Si), Enxofre
(S), Fosforo (P), Manganês (Mn) e outros elementos para melhorar suas propriedades
criando a liga metálica que se conhece por aço.
“Classicamente, define-se aço como uma liga ferro-carbono com até cerca de
2% de carbono. Este limite é associado à máxima solubilidade do carbono no ferro com
estrutura CFC” (COLPAERT, 2008, p. 10). A composição química de muitas ligas metálicas
pode variar dependendo dos métodos de processamento, local ou outras circunstâncias,
contudo existem valores limites tabelados para que uma liga seja classificada de acordo
com os tipos existentes. Este limite se dá pela solubilidade da mistura em determinada
configuração estrutural.
“[...] existe uma concentração máxima de átomos de soluto que pode se dissolver
no solvente para formar uma solução sólida; isso é chamado limite de solubilidade.”
(CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021, p. 226). Esta solubilidade está dire-tamente ligada às
condições que envolvam o processo e a temperatura em que ele é executado.
As ligas metálicas possuem duas principais ramificações, ligas ferrosas e não
ferrosas. Para que uma liga seja classificada com ferrosa, é necessário que o Fe seja
o principal elemento da mistura. Já a classificação não ferrosa se dá pelo inverso das
ligas ferrosas, como um exemplo clássico destas ligas pode-se citar: ligas de alumínio,
níquel, cobre, dentre outras.
A rede de átomos de um material metálico é ordenada, bem dispostas ao longo
de sua estrutura. Essa configuração permite ao material propriedades como: rigidez,
resistência à fraturas e ductilidade. Além disso, como já explicitado, os elétrons livres
dão ao material uma excelente condutibilidade (térmica e elétrica), por este motivo os
metais são considerados condutores de eletricidade.

2.2 POLÍMEROS
Os materiais poliméricos, ou simplesmente polímeros podem ser caracterizados
como hidrocarbonetos. Hidrocarbonetos são constituídos apenas de Carbono (C) e
Hidrogênio (H), estes compostos são normalmente provindos do petróleo. A principal
característica dos polímeros é sua massa molar elevada. Essa característica se dá pela
presença de muitas unidades de repetição em sua estrutura.
25

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Para se estudar os polímeros, é necessário que se tenha um conhecimento bá-
sico de química orgânica. Este ramo da química estuda os compostos oriundos
do carbono com propriedades definidas. Recomenda-se a leitura da Capítulo 11
“Introdução a Química Orgânica” do Livro “Química Geral: Conceitos Essenciais”
de Chang (2010). Disponível em: https://bit.ly/3cFduNa. Acesso em: 29 jan. 2021.

Estudiosos contestam sobre os polímeros serem materiais relativamente novos


no mundo, pois existem indícios que comprovam o uso de polímeros já nos tempos
antigos. Como por exemplo, um verniz oriundo de uma árvore Rhus vernicflua, que os
chineses já utilizavam em 1000 a.C. Este verniz era utilizado como tinta para obtenção
de características impermeáveis para móveis até meados de 1950 (GORNI, 2003). Estes
materiais são mais comuns no cotidiano das pessoas do que elas imaginam, a Figura 3
demonstra alguns objetos simples confeccionados a partir dos polímeros:

Figura 3: Objetos Fabricados de Polímeros Comumente Utilizados Pelo Homem


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 09)

O nome “polímeros” é resultante da configuração estrutural deste material,


sua estrutura é formada pelo agrupamento de unidades de repetição pequenas
chamadas de monômeros. Por este motivo seu nome pode ser dividido em duas partes,
Poli (Muitos) + Meros (Parte). Para a confecção de um polímero se usa um processo
denominado polimerização, uma reação química capaz de combinar vários monômeros
(SHACKELFORD, 2008).
Este material possui baixa condutibilidade, ou seja, é um bom isolante térmico
e elétrico, são leves se comparados aos outros materiais, porém possuem baixa
resistência mecânica. Os polímeros no geral são materiais bastante flexíveis e possuem
uma densidade baixa. Este material possui classificações de acordo com: ao número
de monômeros, a natureza, processamento e comportamento mecânico (BILLMEYER JR.,
1984).
26
Ao se tratar do número de monômeros, os polímeros podem ser classificados como
homopolímero ou copolímero. Homopolímero é o material proveniente de um único tipo
de monômero, ou seja, a sua rede de repetição contém apenas um monômero desde
a polimerização até a concepção do material. Já o copolímero é o material que possui
dois ou mais tipos de monômeros em sua composição.
Em relação à natureza dos polímeros, podemos citar os naturais ou sintéticos,
sendo os naturais aqueles encontrados na natureza, como o caso da borracha, amido,
celulose, glicogênio, etc. Os polímeros sintéticos são aqueles concebidos através de
laboratório, normalmente utilizam como base produtos derivados do petróleo, podem-
se citar exemplos: acrílico, PVC (policroreto de vinila), polipropileno, polietileno, etc.
A classificação de acordo com o método de processamento pode ser: adição,
condensação ou rearranjo. Os polímeros de adição são aqueles resultantes da adição
repetitiva de monômeros. Os polímeros de condensação são aqueles resultantes da
adição de monômeros diferentes, com a remoção de uma molécula de ácido, álcool ou
água na polimerização. Os polímeros de rearranjo, como seu próprio nome sugere, são
os polímeros resultantes do rearranjo das estruturas químicas na polimerização.
Em se tratando de comportamento mecânico os polímeros podem ser borrachas
(elastômeros) ou plásticos. As borrachas possuem classificação natural ou sintética,
ou seja, podem ser encontrados na natureza ou sintetizados em laboratório à base
de petróleo, sua principal característica é a elasticidade, este tipo de polímero pode
receber grandes quantidades de deformação retornando ao seu formato inicial. Já os
plásticos são oriundos da soma de diversos monômeros, utilizando o petróleo como o
principal insumo, estes polímeros podem ser termofixos ou termoplásticos.
Os polímeros termofixos são aqueles que quando expostos a altas temperaturas,
torna-se rígidos e esta condição é irreversível, não sendo possível recicla-los depois.
Este comportamento se dá principalmente pela força da ligação em sua estrutura, pois
este material possui ligações primárias.
Já os termoplásticos apresentam comportamento inverso, com o aumento de
temperatura eles se tornam mais flexíveis, podendo ser moldados e reciclados. Esta
característica também é consequência do tipo de ligação química que este material
possui, neste caso as ligações são secundárias e fraca entre cadeias, uma das ligações
que este material apresenta é a ligação de Van der Waals.

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Estudiosos estimam que o plástico seja o material mais usado no futuro, isso de-
vido ao leque de propriedades que ele possui. Pensando em inovação e meio am-
biente, algumas empresas já estão estudando e desenvolvendo projetos sobre o
plástico verde. Recomenda-se a leitura da reportagem “Os novos tipos de plás-
tico que podem revolucionar a indústria”. Disponível em: https://bit.ly/3qUCl4E.
Acesso em: 29 jan. 2021.

VAMOS PENSAR?
Existem dois principais fatores que limitam o uso dos polímeros em massa, o primeiro de-
les está relacionado à matéria prima deste material que configura em sua maioria como
27
fontes não renováveis. Outro fator crucial na utilização dos polímeros está relacionado ao
descarte destes materiais, principalmente pela falta de informação dos usuários finais.
Em um destes impasses a empresa “ABC” fabricante de embalagens de produtos deseja
aperfeiçoar seu processo, por estar sendo fiscalizada pelo órgão ambiental devido à gran-
de produção de resíduos sólidos em seu processo e também no pós-venda do produto. A
empresa está fazendo um estudo para substituir a matéria prima de sua produção para
um polímero que permita a reciclagem e seja menos prejudicial ao meio ambiente. Com os
conhecimentos adquiridos ao longo do capítulo, qual ou quais seriam os melhores meios
de mitigar os problemas causados pela utilização da matéria-prima atual?

2.3 CERÂMICOS
Os materiais cerâmicos são materiais sólidos, cristalinos e inorgânicos. Como
estudado, o uso deste material não é tão recente pelo homem, já que desde a descoberta
do fogo no período Neolítico a espécie homo sapiens vêm utilizando cerâmicas em suas
atividades cotidianas. Estima-se que este uso passe dos 15 mil anos de existência.
O termo cerâmica é derivado da palavra grega “kéramos”, que traduzida para a
língua portuguesa significa “terra queimada”. Os gregos deram este nome ao material
devido o método de obtenção dele, onde as cerâmicas eram confor¬madas, moldadas
conforme solicitação e posteriormente levadas ao fogo para adquirirem propriedades
desejadas da aplicação deste material.
Sua composição química é dada na maior parte do tempo por argila, e esta
é compota por hidróxidos de alumínio que são ligados a óxidos de silício através de
ligações fortes. Todavia para que o material apresente as propriedades desejadas após
a queima, se adicionam sílica, feldspato, caulim, talco, amianto, volatonita, silimanita e
outros.

FIQUE ATENTO
O vidro inorgânico também faz parte da família dos materiais cerâmicos, sua composi-
ção química mais comumente vista pode chegar até 70% de sílica somando-se a nitretos
e óxidos. Os vidros possuem todas as propriedades dos materiais cerâmicos, sua única
diferença está ligada ao seu arranjo atômico, sendo este regular, o que configura a este
material a característica transparente e não amorfo como as outras cerâmicas.

A princípio, quando se observa um material cerâmico (Figura 4) é possível que se


tomem conclusões precipitadas sobre suas propriedades, vendo-as como materiais
frágeis e sem durabilidade. Este pré-conceito antes de estudar o material é resultado
do cotidiano do ser humano, uma vez que ao lançar uma cerâmica ao solo ou desferir
golpes sobre ela, a mesma se lasca, trinca ou quebra (ASHBY; JONES, 2007).
28

Figura 4: Objetos Fabricados de Cerâmica Comumente Utilizados Pelo Homem


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 09)

Contudo, os materiais cerâmicos possuem elevada resistência mecânica e


dureza, estas propriedades não costumam ser alteradas quando o material é elevado à
altas temperaturas. Assim como os polímeros, os cerâmicos são péssimos condutores
de energia, fazendo com que sejam classificados como materiais isolan¬tes.
Uma característica crucial deste material é a capacidade de armazenar calor por
longos períodos, esta característica é chamada de refratária. Os materiais cerâmicos
são refratários e por isso são utilizados em diversos processos onde existe a necessidade
de manter o calor em determinado ambiente ou processo.
A aplicação mais comum para este tipo de material é sem dúvida como
refratários em equipamentos e processos industriais, como fornos, turbinas e salas pós
tratamento térmico. Um exemplo clássico da aplicação da cerâmica como refratário
são os revestimentos internos nos altos fornos, equipamento utilizado em indústrias
siderúrgicas para a transformação do minério de ferro em aço.

FIQUE ATENTO
Os materiais cerâmicos apresentam alta longevidade se comparados aos demais, isso
porque não sofrem alterações nas propriedades com a presença do calor, não se degra-
dam (oxida) com os gases presentes na atmosfera como os metais, não são afetados
por inchamento ou dissolução como os polímeros e também não perdem propriedades
se expostos ao sol.

Outras aplicações dos materiais cerâmicos são: utensílios domésticos no dia a


dia das pessoas, tijolos, vasos sanitários, telhas, pias e lavabos, azulejos, pisos, pastilhas
de freio automotivo, etc. Este material também pode ser encontrado como materiais
aditivos na produção de tintas, pneus, plásticos, outros.
As características dos materiais cerâmicos estão principalmente ligadas a
estabilidade química do material, uma vez que ela é resultante das ligações químicas
presente neles que são principalmente: iônica e covalente. Estas ligações são de acordo
com Callister Jr. e Rethwisch (2021) as mais fortes que existem na natureza.
A fragilidade dos materiais cerâmicos é outra característica bem peculiar, uma
29
vez que mesmo possuindo as ligações químicas mais fortes da natureza elas ainda
torna-se quebradiças se expostas a esforços mecânicos bruscos. Esta característica
é resultante de defeitos alocados à estrutura do material (contorno de grãos, micro
trincas, porosidade, etc), que geram muitas tensões internas em sua estrutura.

2.4 COMPÓSITOS
Materiais compósitos são aqueles obtidos através da mistura de dois ou mais
materiais diferentes. Em suma, a fabricação deste tipo de material tem como prin¬cipal
objetivo a criação de um novo material com propriedades já existentes em outros já
conhecidos. Isso porque muitas vezes os processos de fabricação e os tratamentos não
são suficientes para agregar a um tipo de material uma propriedade específica.
A fabricação de um material compósito normalmente é dada através da escolha
de um material base que recebe o nome de matriz e um material de adição que pode
ser denominado fase. Um exemplo clássico deste tipo de material é a fibra de vidro,
que tem como material base um insumo caracterizado como polimérico e uma fase
dispersa caracterizada como cerâmica (vidro).
Os materiais compósitos são subdivididos em três grupos, compósitos reforçados
com partículas, reforçados com fibras e estruturais. A principal diferença entre esta
subdivisão está relacionada ao comportamento das matrizes e fases. Cada subdivisão
se comporta de uma maneira para atender certo tipo de solicitação na aplicação do
material. Esta subdivisão pode ser melhor compreendida a partir do Quadro 1:

Compósito Tipo de Matiz Fase Exemplo


Partículas Única Dispersa Concreto
Fibrosos Única Fibras Fibra de Vidro
Estruturais 2 ou mais - Fuselagem de Aeronave
Quadro 1: Classificação dos Compósitos
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Como visto, os compósitos reforçados por fase particulada possuem uma única
matriz, e as fases são posicionadas de forma dispersa em meio a matriz. Um exemplo
deste tipo é o concreto onde o cimento é a matriz e as fases são areia, britas e outros.
Já os compósitos por reforços fibrosos também possuem uma única matriz, com a
diferença de que suas fases são materiais fibrosos como é o caso das fibras de vidro,
onde a resina (polímero) é a matriz e o vidro a fase.
Já nos casos de compósitos estruturais não existe apenas uma matriz, sua
concepção se dá através do empilhamento de matrizes diversas. Um exemplo clás¬sico
e a fuselagem de aeronaves que são produzidas a partir de várias matrizes de carbono,
formando uma espécie de sanduiche de carbono.
O estudo e compreensão dos compósitos é importante para a ciências dos
materiais porque possibilita a criação de algo novo. Através do conhecimento de
propriedades de materiais distintos, se pode obter um material inovador e capaz de
possuir agregar que não seriam adquiridas utilizando um único material.
Estes materiais são amplamente utilizados na construção civil, plantas de energia
como hidrelétricas e centrais térmica, siderúrgicas, fábricas automotivas, medicina,
30
comunicação (antenas), artigos de esporte e lazer, plataformas off-shore para extração
de petróleo e diversas áreas do mundo inteiro.

2.5 SEMICONDUTORES E BIOMATERIAIS


A ciência evolui a cada dia, assim como a evolução do homem desde a era antiga
até as descobertas da era moderna. Com os materiais isso não é diferente, ao longo das
eras os materiais são estudados pelo homem a fim de novas tecnologias serem inseridas
no mundo como fonte de otimização para as operações de engenharia, medicina,
ciências e outras. Dentro das inovações dos materiais, citam-se os semicondutores e
os biomateriais.
Os materiais Semicondutores são materiais com propriedades elétricas entre
metal e cerâmica, eles encontram-se em um meio termo entre a capacidade de
conduzir eletricidade de um metal, mas possuem também a capacidade de armazenar
energia como as cerâmicas. Estes materiais podem ser compostos de silício, gálio, zinco,
germânio, cádmio e outras adições (SHACKELFORD, 2012).
Os semicondutores são fabricados como monocristais devido à alta sensibilidade
deles. O processo de fabricação destes materiais precisa ser bastante minucioso, pois
são materiais muito sensíveis e com isso a tolerância de impurezas na composição
química é mínima. Estes materiais precisam estar puros, pois níveis elevados de
impurezas afetam diretamente sua propriedade (condutibilidade).
Em determinados casos a condutibilidade elétrica dos semicondutores podem
ser controladas. Adicionando-se impurezas aumenta a capacidade de conduzir do
material, da mesma forma que eliminando impurezas diminui sua condutibilidade. Esta
prática é normalmente utilizada para a produção de componentes eletrônicos utilizados
para a fabricação de circuitos elétricos.
Existem duas classificações para este material: intrínseca e extrínseca. Quan¬do
a propriedade deste material depende principalmente do metal (puro), chama-se
de intrínseco. Já no caso da extrínseca, a condutibilidade depende principalmente do
controle de impurezas do material (VAN VLACK, 1973).
A criação dos semicondutores foi um marco para a indústria de eletrônicos. Este
material é o principal insumo utilizado na produção de componentes como: transistores,
diodos, chips, microprocessadores e demais componentes tecnológicos avançados.
Outra grande evolução dos materiais foi a descoberta dos biomateriais, isso
revolucionou a medicina em todos os aspectos. Estes materiais são utilizados na
medicina, inseridos no corpo humano a fim de resolver algum problemas de saúde,
substituir partes faltantes, compor mecanismos para promover um bom funcionamento
do corpo hospedeiro.
Como os biomateriais são utilizados internamente no corpo humano, precisam ser
materiais estéreis, ou seja, não tóxicos e ao mesmo tempo, que não reajam ou interajam
com o corpo hospedeiro. Dessa forma, utiliza-se qualquer classe de materiais para sua
construção, desde que se respeite a capacidade de ser inerte ao corpo humano.
Existem várias áreas da medicina que já utilizam os biomateriais, como por
exemplo: cardiologia, odontologia, oftalmologia e ortopedia. Na área de cardiologia
os biomateriais são utilizados na forma de componentes para o sistema vascular
e circulatório. Na odontologia são utilizados em próteses dentárias, implantes e
31
restaurações de anomalias. Na área da oftalmologia estes materiais são empregados
em lentes e até olhos artificiais para selagem da cavidade ocular.
Já na ortopedia os biomateriais aparecem com mais frequência, são utilizados
para a substituição de diversas articulações e até mesmo ossos, como implantes
em joelhos, cotovelo, ombro, quadris e outros locais onde se exista a possibilidade de
substituição.

FIQUE ATENTO
Os biomateriais nada mais são que aplicações de outros materiais como metais, políme-
ros ou cerâmicos em atividades biológicas. Desde que seja comprovada a ausência de
interação com os organismos vivos e o corpo hospedeiro destes materiais, eles poderão
ser utilizados para qualquer finalidade descrita.

As novas tecnologias e os novos estudos acerca dos materiais proporcionam uma


linha quase infinita de emprego dos insumos existentes na natureza. Através do estudo
e compreensão das propriedades pode-se chegar à conclusão de que o conhecimento
dos materiais é importante não só para profissionais da área de en¬genharia, medicina,
construção ou alimentícia, mas para profissionais de todas as áreas do conhecimento.
Cada material possui sua aplicação e se empregado de forma incorreta podem
haver consequências severas, principalmente em se tratando de aplicações mais
delicadas como os biomateriais. Todavia é necessário para o engenheiro conhecer a
classificação e subdivisão básica dos materiais disponíveis para uso.
32
FIXANDO O CONTEÚDO
1. A principal característica dos metais é a presença de elétrons livres em sua estrutura.
Os elétrons livres caracterizam-se por elétrons que não possuem ligação com nenhum
átomo presente na estrutura, ou seja, se movimentam livremente pela rede estrutural em
que estão. Esta condição configura ao material metálico duas principais características,
são elas:

a) conduz eletricidade, calor e torna-o dúctil.


b) ductilidade e dureza.
c) boa condutibilidade térmica e ótica.
d) boa condutibilidade térmica e elétrica.
e) magnetismo e resistência.

2. Ligas metálicas são a junção de dois ou mais elementos, dos quais ao menos um
precisar ser classificado como metal. As ligas metálicas são usuais pela absorção das
propriedades de todos os elementos utilizados em um único material. Dessa forma as
ligas metálicas podem ser classificadas em dois principais tipos, as ligas ferrosas e
não ferrosas. Ligas ferrosas são aquelas que possuem como principal componente o
ferro, já as não ferrosas possuem outros componentes como elementos principais da
mistura. De acordo com a literatura são exemplos de ligas não ferrosas:

a) Alumínio, Níquel e Cobre.


b) Aço, Alumínio e Níquel.
c) Alumínio, Níquel e Aço.
d) Aço, Alumínio e Bronze.
e) Alumínio, Bronze e Cobre.

3. Os polímeros são basicamente formados por moléculas de Carbono (C) e Hidrogênio


(H), sendo em sua maioria resultados de processos químicos utilizando com base o
petróleo. Uma das principais características deste material é a massa molar elevada,
isso devido a presença de milhares de unidades de repetição em sua estrutura.
Normalmente os polímeros são subdivididos e classificados de acordo com

a) quantidade de monômeros, temperatura, tipo de processamento, dureza, resis-


tência mecânica.
b) propriedades químicas, métodos de processamento, quantidade de monômeros e
temperatura.
c) termofixos, quantidade de monômeros, sintéticos e termoplásticos.
d) resistência mecânica, tipo de processamento, quantidade de meros e temperatura.
e) quantidade de monômeros, natureza, tipo de processamento e comportamento
mecânico.

4. Classificando os polímeros quanto ao comportamento mecânico se pode subdividi-


33
los em elastômeros e plásticos. Os polímeros plásticos são oriundos da soma de diversos
monômeros e podem ser termofixos ou termoplásticos. Leia as sentenças abaixo e
depois assinale a alternativa correta.

I. Os polímeros plásticos são produzidos a partir do petróleo.


II. Os polímeros termofixos são aqueles que torna-se maleáveis em elevadas
temperaturas, sendo possível sua reciclagem.
III. Os polímeros termoplásticos são aqueles que torna-se maleáveis em elevadas
temperaturas, sendo possível sua reciclagem.
IV. Os polímeros termofixos são aqueles que torna-se rígidos em elevadas temperaturas,
não sendo possível sua reciclagem.

a) As alternativas I, II e III estão corretas.


b) As alternativas III e IV estão incorretas.
c) Somente a alternativa II está incorreta.
d) I, II, III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão erradas.

5. De acordo com os estudos desenvolvidos sobre os materiais cerâmicos, leia as


afirmações abaixo e assinale com V para verdadeiro e F para falso.

( ) As cerâmicas possuem alta capacidade de condução de energia, por este motivo


são empregadas em transformadores elétricos para otimizar a distri-buição de energia
elétrica.
( ) As ligações químicas mais comuns nos materiais cerâmicos são as iônicas e as de
Van der Waals.
( ) As cerâmicas possuem ótima resistência a intempéries ambientais, não sendo
afetadas por processos de oxidação, inchamento ou dissolução e pelos raios ultravioletas
provenientes do sol.
( ) Os materiais cerâmicos são considerados sólidos cristalinos e inorgânicos.
( ) Os materiais refratários utilizados em altos fornos industriais são confeccionados
de materiais cerâmicos, isso porque este material possui baixo coeficiente de
condutibilidade térmica fazendo com que se tornem ótimos isolantes.

a) F – F – V – F - V.
b) F – F – V – V – V.
c) F – V – F – F - F.
d) V – F – V – V - V.
e) F – F – V – V - V.

6. As características físicas dos materiais cerâmicos são consequência das ligações


químicas que ocorrem neles, as ligações iônica e covalente atribuem a este material
uma estabilidade química. Todavia as cerâmicas ainda apresentam fragilidade ao
serem expostas à esforços bruscos, como é o caso de quedas ou esforços de tração e
compressão. Assinale a alternativa que justifique a fragilidade dos materiais cerâmicos:
34
a) Os materiais cerâmicos tornam-se mais frágeis devido a sua composição ser a base
de argila.
b) O aquecimento da cerâmica após sua confecção a deixa com tensões internas,
fazendo com que estas sejam propagadas em contato com tensões internas levando
o material à fratura.
c) Os materiais cerâmicos possuem em sua estrutura defeitos como porosidades, micro
trincas, contornos de grão, dentre outros. Esta condição faz com que eles sofram tensões
internas que em contato com tensões externas se propagam o le¬vando à fratura.
d) Como a argila é hidratada, a água presente na estrutura do material cerâmico se
evapora quando ele é cozido, fazendo com que formem-se trincas de hidrogênio na
estrutura do material, estas trincas se propagam por todo o material, ao entrarem em
contato com esforços externos estas trincas fazem com que o material se quebre.
e) Nenhuma das alternativas.

7. A finalidade de se produzir materiais compósitos é a agregação de várias propriedades


de materiais diferentes em um só. Um exemplo bem clássico é a utilização de
concreto na construção civil, onde o cimento, areia e a brita proporcionam melhores
propriedades. Estes materiais são classificados em três principais tipos, tendo em vista
esta classificação relacione a primeira coluna conforme a segunda.

1 – Reforçados com Partículas


2 – Reforçado com Fibras
3 - Estruturais

( ) São os compósitos onde várias matrizes são empilhadas umas sobre as outras
formando um único material.
( ) O concreto é um exemplo deste tipo de compósito.
( ) São os compósitos onde as fases encontra-se dispersas na matriz, de forma
desordenada.
( ) As fibras de vidro e carbono são exemplos deste compósito;
( ) São os compósitos onde as fazes encontra-se na forma de fibras na matriz,
normalmente empilhadas e ordenadas em camadas.
( ) Fuselagem de aeronave é um exemplo deste tipo de compósito.

a) 2 – 3 – 1 – 2 – 3 - 1.
b) 2 – 2 – 1 – 3 – 2 - 2.
c) 3 – 1 – 1 – 2 – 2 - 3.
d) 3 – 1 – 1 – 3 – 2 - 2.
e) 3 – 1 – 2 – 1 – 2 - 1.

8. Dentre as novas descobertas da ciência, os materiais semicondutores são am-


plamente utilizados em construção de circuitos eletroeletrônicos. Como por exemplo,
transistores, diodos, chips, microprocessadores e demais componentes tecnológicos
avançados. Entretanto existem duas formas de alterar a condutibilidade destes
materiais, adicionando ou eliminando impurezas ou trabalhando a pureza do material.
Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta.
35
Condutibilidade extrínseca é quando a condutibilidade do semicondutor depende
controle de impurezas do material
PORQUE
Quando adicionamos impurezas ao material semicondutor, aumentamos a
condutibilidade deste material, da mesma forma que eliminando impurezas esta
diminui.

a) As duas sentenças são falsas.


b) Ambas as sentenças são verdadeiras e a segunda complementa a primeira.
c) A primeira sentença é falsa e a segunda é verdadeira.
d) Ambas as sentenças são verdadeiras e a segunda não complementa a primeira.
e) A primeira sentença é verdadeira e a segunda é falsa.
36

ESTRUTURA ATÔMICA E
LIGAÇÃO INTERATÔMICA
37
3.1 ESTRUTURA ATÔMICA DOS MATERIAIS

Em poucas palavras, estrutura atômica é o modo com que as partículas que


compõem um átomo são ordenadas. Sabe-se que um átomo possui três partículas
que são os elétrons, prótons e nêutrons. Os átomos são a base da composição de toda
a matéria presente no mundo, através do estudo do seu comportamento nas diversas
estruturas, pode-se explicar algumas características físico-químicas de di¬versos
materiais.
As partículas de um átomo possuem cargas, elas variam positiva e negativamente
conforme a grandeza de 1,6 � 10−19 C (Coulomb). Os elétrons contidos possuem
carga negativa (-), os prótons são carregados positivamente (+) e os nêutrons são as
partículas que não possuem carga, ou seja, são nulos em energia. Conforme Callister
Jr. e Rethwisch (2021) um átomo possui massa muito pequena, onde prótons e nêutrons
−27 −31
possuem 1,6 � 10 kg e elétrons chegando a 9,11 � 10 kg .
Para compreender a estrutura atômica dos materiais, é necessário primeiro
compreender as especificações dos elementos químicos presentes na natureza. Isso
porque toda a matéria composta na terra é resultante da ordenação de átomos em
determinada configuração.
Um átomo é classificado pela contagem de seu número atômico, esta grandeza
recebe o a denominação (Z). Esta grandeza contabiliza quantos prótons estão contidos
no núcleo de um determinado átomo. Como por exemplo o carbono (C) que possui
seu Z=6, o que significa que ele possui 6 prótons em seu núcleo (SANTOS; MOL, 2013).
Este número pode ser observado na tabela periódica, na parte superior esquerda como
demonstrado na Figura 5:

Figura 5: Carbono na Tabela Periódica


Fonte: International Union of Pure and Applied Chemistry (2021, online)

Outra grandeza estudada é denominada pela soma das respectivas do nú-mero


de prótons e nêutrons como expressa a equação (1), recebendo o nome de número de
massa atômica ela é representada por (A).

A=P+N

Um exemplo clássico é o cloro (Cl) com seu A = 35 sendo a soma de 17 prótons


com os 18 nêutrons compostos em seu núcleo. Partindo deste conceito, não se deve
confundir o número de massa atômica com a massa atômica, pois mesmo que o
número de prótons dos elementos de um determinado átomo seja igual, os nêutrons
podem variar, estes então recebem a denominação isótopos.
38
GLOSSÁRIO
Isótopos são os átomos compostos de um único elemento químico que possui um número
igual em quantidade de prótons (+), mas é diferente em massa atômica (A). Este fenôme-
no acontece devido o número de neutros diferente no núcleo.

FIQUE ATENTO
O número de massa atômica (A) é diferente do valor calculado da massa atômica (MA).
Sendo o “A” a soma crua de prótons e nêutrons e “MA” uma média ponderada dos isóto-
pos presentes na natureza de um determinado elemento químico.

Nesse caso, a massa atômica dos elementos que compõem o átomo é calculada
através da média ponderada dos isótopos. Para determinar este padrão, utilizou-se o
carbono (C), pois este se trata do elemento mais abundante na nature¬za. Através do
cálculo, definiu-se que 1 UMA (Unidade de massa atômica), é 1/12 da massa total do C
(FONSECA, 2013).
Segundo Callister Jr. e Rethwisch (2021) a massa atômica (A) de um determinado
elemento é especificada em UMA/átomos ou simplesmente mol. Mol é a unidade de
medição utilizada pela química para contabilizar a matéria microscópica presente em
um determinado átomo ou molécula.

VAMOS PENSAR?
Visto a necessidade do cálculo de massa atômica e sua importância para a química e a
ciência dos materiais, se tem a seguinte situação: O Neônio (Ne) está presente na natureza
na forma dos seguintes isótopos ( 𝑁𝑒 20, 90,92% na natureza e 20,00 de massa atômica
| 𝑁𝑒 21, 0,26% na natureza e 21,00 de massa atômica | 𝑁𝑒 22, 8,82% na natureza e 22,00
de massa atômica). Para calcular sua massa atômica realiza-se a média ponderada dos
seus isótopos,

𝑀𝐴
𝑛° 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ∗ % + 𝑛° 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ∗ % + 𝑛° 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 ∗ %
=
100

Substituindo os valores dados na fórmula, observa a seguinte configuração:

(20,00 ∗ 90,92) + (21,00 ∗ 0,26) + (22,00 ∗ 8,82)


𝑀𝐴 =
100

Através da resolução da equação a massa atômica será de?


39

BUSQUE POR MAIS


• O conceito de média ponderada é simples, este cálculo é utilizado para rea-
lizar a expressão de um único valor médio entre uma grande lista de dados.
Ficou alguma dúvida sobre o conceito do cálculo de massa atômica ou mé-
dia ponderada? Recomendamos ler o artigo “Mapeamento de suscetibilidade
aos movimentos de massa com uso da Avaliação Multicritério pelo método
da Média Ponderada Ordenada”, de Pinto, Passos e Cortese Caneparo (2015).
Disponível em: https://bit.ly/3vLEO59. Acesso em: 03 mar. 2021.
• Ainda ficou alguma dúvida? Veja na prática no vídeo explicativo “Cálculo da
Massa Atômica: aprenda rápido!” do Professor Gabriel Cabral na Plataforma
YouTube Disponível em: https://bit.ly/3tCv3nV. Acesso em: 03 mar. 2021.

3.1.1 Os Modelos Atômicos da Química

Com o passar das eras notou-se que a mecânica clássica já não era o suficiente
para descrever certos fenômenos ou comportamento dos sólidos devido a presença
dos elétrons. A mecânica quântica foi desenvolvida com o propósito de compreender o
comportamento das cargas negativas presentes nos átomos e nos sólidos cristalinos.
O modelo atômico de Bohr foi o primeiro existente a utilizar os recursos da mecânica
quântica para estudar estes fenômenos. Este modelo descrevia um comportamento
dos eletros conforme a Figura 6. Os elétrons orbitam em rotas bem definidas ao redor
do núcleo do átomo. Era um modelo simples e concreto.

Figura 6: Modelo Atômico de Bohr


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 20)

Neste modelo Borh descrevia a energia presente elétrons como quantizadas, onde
cabia a estas partículas quantidades específicas de energia. Sua energia é mutável
desde que ele realize um salto quântico para maior (absorção) ou menor (emissão) de
energia. Porém este modelo de Bohr não satisfazia condições especí¬ficas na mecânica
quântica, onde os elétrons não possuem variação contínua, mas sim uma quantidade
de energia finita.
Um dos métodos encontrados para a solução de diversos impasses com este
40
modelo, foi a criação de um modelo chamado mecânico ondulatório. Neste modelo os
elétrons são caracterizados tanto como ondas ou partículas, portanto não se movem
em orbitais ao redor do núcleo, mas sim podem aparecer em qualquer posição em seu
interior, assim nasceu o conceito de nuvem de elétrons.

3.1.2 Caracterização de Elétrons – Números Quânticos

Os números quânticos são os quatro parâmetros que a química utiliza para


caracterizar os elétrons. Eles são nomeados da seguinte forma:
• Número quântico principal – n
• Número quântico secundário – l
• Número quântico magnético – mt
• Número quântico Spin – s
A classificação de elétrons é a divisão segundo os níveis eletrônicos classificados
por Bohr, que estão organizados em camadas e subcamadas. As camadas (número
quântico principal) são definidas por letras maiúsculas: K, L, M, N, O, P e Q. Já as
subcamadas (número quântico secundário) são nomeadas por letras minúsculas: s,
p, d e f estas subcamadas comportam 2, 6, 10 e 14 elétrons respectivamente, como
esquematizado no Diagrama de Pauling na Figura 7.

Figura 7: Diagrama de Pauling


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

O “mt” é o responsável por definir quantos estados uma subcamada pode ter,
onde “s” tem único estado, “p” três estados “d” cinco estados e “f” sete estados. Já o spin
é diretamente relacionado com o momento de spin (sentido de rotação) que pode ser
positivo ou negativo (1/2 | -1/2), este momento cria campos magnéticos gerando forças
que podem se atrair ou repelir (FONSECA, 2013).

3.1.3 Configuração Eletrônica

Através da compreensão dos números quânticos é possível realizar estudos sobre


a configuração eletrônica dos átomos. A configuração eletrônica estuda a disposição
de elétrons na eletrosfera do átomo em sua configuração fundamental. A configuração
41
ou estado fundamental de um determinado átomo é dada pela disposição dos elétrons
em seu menor nível de energia, que pode ser chamado também de estado estacionário
do átomo.
Com base nos modelos atômicos de Bohr e Rutherford a química pode estu¬dar
e aperfeiçoar os conceitos de distribuição eletrônica. Isso devido ao experimento da luz
feito por Bohr, comprovando a disposição dos elétrons em níveis de energia quando
estacionados. Estes níveis de energia puderam ser descritos através do número quântico
principal (n), variando entre 1 e 7 (K, L, M, N, O, P, Q) na órbita nuclear do átomo, como
visto na Figura 8:

Figura 8: Número Quântico Principal Esquematizado na Órbita Do Átomo


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Cada uma das camadas definidas pelo “n” recebe uma quantidade máxima de
elétrons, esta informação está apresentada na Tabela 2:

Nível (n) 1 2 3 4 5 6 7
Camada K L M N O P Q
Qtd. Elétrons 2 8 18 32 32 18 2
Tabela 2: Quantidade Máxima de Elétrons por Camada
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Através destes conhecimentos, qualquer elemento da tabela periódica pode ser


distribuído utilizando estas camadas. Como exemplo de distribuições eletrônicas pode-
se acompanhar a Tabela 3:

Elemento K L M N O P Q
Hidrogênio – H1 1 - - - - - -
Carbono – C6 2 4 - - - - -
Cálcio – Ca20 2 8 8 2 - - -
Tabela 3: Exemplos de Distribuições Eletrônicas de Alguns Elementos
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
42
Contudo o modelo de Bohr não satisfazia a necessidade da distribuição de elétrons
nos subníveis de energia da nuvem de elétrons. Desta forma Linus Pauling aperfeiçoou a
distribuição eletrônica criada por Erwin Madelung, para explicitar a ordem dos elétrons
dentro das orbitais. O diagrama de Linus Pauling (Figura 7), é a forma de descrever a
distribuição dos elétrons na eletrosfera, seu conceito é que para os níveis de energia
de 1 a 7 existem subníveis (s, p, d, f) ligados às órbitas do núcleo. Os orbitais possuem
quantidade máxima de elétrons que eles podem com¬portar, estes números podem
ser vistos na Tabela 4:

Subnível (i) s p d f
Orbitais por (i) 1 3 5 7
Qtd. Elétrons 2 6 10 14
Tabela 4: Quantidade Máxima de Elétrons por Subcamada
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Ao observar o diagrama de Pauling, nota-se a conotação com três principais


elementos, 1s2 onde:
• 1 – Camada / Nível
• s – Subnível
• 2 – Número máximo de elétrons comportados
Observa-se na Figura 9 a distribuição eletrônica do Gálio:
• Gálio - Ga
• Z = 31
• Distribuição - 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4s2 4p1

Figura 9: Distribuição Eletrônica do Gálio (Ga)


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Como visto, o número atômico (Z) do Gálio é distribuído conforme a capaci¬dade


máxima de cada subnível, respeitando a ordem na diagonal, finalizando em uma
extremidade da seta e iniciando em outra. A regra da diagonal é simples, cada seta
termina na extremidade da outra. Sendo a ordem correta do diagrama: 1s2 - 2s2 - 2p6 -
3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 – 4p6 - 5s2 - 4d10 - 5p6 - 6s2 - 4f14 - 5d10 - 6p6 - 7s2 - 5f14 - 6d10 - 7p6.
43
Dessa forma o último subnível que é preenchido é o 4p¹, como ele possui espaço
para 6 elétrons comporta o 31° do elemento finalizando a distribuição. O último subnível
da distribuição é chamado de camada de valência.

3.2 LIGAÇÕES INTERATÔMICA DOS MATERIAIS

Grande parte das propriedades dos materiais podem ser explicadas levando
em consideração as ligações interatômicas dos átomos em sua composição. Quanto
mais distantes, menor é a força interatômica de ligação, mas quando os átomos se
aproximam esta ligação se fortifica. As forças interatômicas podem ser classificadas
como repulsivas ou atrativas, e de acordo com Shackelford (2008) as ligações ainda
podem ser: metálicas, covalentes, iônicas e de van der Waals (secundárias). Se
comparadas as ligações existentes pode-se dizer que a ligação de van der Waals é
relativamente fraca em relação as demais.
As ligações interatômicas dos sólidos são complexas, onde ocorrem em grande
quantidade dadas baixas taxas de tempo. A energia gerada por estas ligações irá
depender do tipo de material e como elas se comportam, bem como qual o tipo de
ligação o sólido possui. As ligações iônica, covalente e metálica são consideradas
ligações primárias já a ligação de van der Waals é uma ligação secundária, dessa
forma cada uma delas terá uma magnitude diferente de energia.
Cada tipo de ligação existente condiciona-se pelos elétrons na camada de valência
e das ordenações eletrônicas dos átomos. Cada ligação tem um comportamento
diferente, influenciando as propriedades dos físicas materiais em diferentes segmentos.
Um exemplo clássico são materiais que possuem altos níveis de energia das ligações,
estes normalmente possuem ponto de fusão também elevado.

3.2.1 Ligação iônica

A ligação iônica é uma das mais simples de ser compreendida, isso porque ela
compreende a ligação entre materiais metálicos e ametálicos. Os elementos metálicos
possuem facilidade em perder os elétrons localizados em sua camada de valência, e
por isso os não metálicos possuem certo interesse, pois estes necessitam da adição de
elétrons em sua camada de valência para serem estáveis.
Quando dois elementos cedem ou recebem elétrons eles passam a se comportar
como um gás inerte, isso por estarem com configuração estável. A condição estável
em um elemento indica que todos os orbitais da eletrosfera estão preenchidos com
os elétrons necessários. Após esta ligação os elementos se tornam íons, ou seja, estão
eletricamente carregados.
A ligação iônica mais ilustrativa que existe é sem dúvida o NaCl (Cloreto de Sódio),
o sal de cozinha. A Figura 10 ilustra este fenômeno:
44

Figura 10: Etapas da Ligação Iônica NaCl


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 28)

No esquema ilustrado o metal Sódio (Na), cede para o ametal Cloro (Cl) seu elétron
da camada de valência. Ambos se tornam íons (Na+ e Cl-), sendo o Sódio um cátion
(carga positiva) e o Cloro um ânion (carga negativa). Assim ambos os íons formam
a ligação iônica originando o NaCl (Cloreto de Sódio), mais comumen¬te conhecido
como o sal ou sal de cozinha.
Apesar da ligação iônica ser uma das mais simples de ser estudada, ela se
caracteriza como uma ligação não direcional. Uma ligação não direcional se caracteriza
pelo comportamento “aleatório” dos elétrons, onde quaisquer elementos eletropositivos
e negativos se atrairão sem levar em consideração a direção para onde estão indo.

3.2.2 Ligação Covalente

A ligação covalente acontece entre elementos com níveis mínimos de diferença


de eletronegatividade, dessa forma estes elementos estão uns próximos aos outros na
tabela periódica. A configuração estável nessa ligação se dá pelo compartilhamento
de elétrons, diferente da ligação iônica que doa ou recebe, na covalente os elementos
partilham seus elétrons. Dessa forma os átomos covalentes podem compartilhar um ou
mais elétrons e eles passam a ser de ambos.
A Figura 10 esquematiza uma ligação covalente de uma molécula de H2
(Hidrogênio).

Figura 11: Ligação Covalente do H2


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 31)

Nesta ligação ambos os elementos compartilham seu único elétron, fazendo com
que ambos passem para a configuração estável. Neste estágio ambos passam a ser
donos de ambos elétrons. Esta ligação é bastante presente em sólidos elementares,
como por exemplo o Carbono (C), Diamante, Silício (Si), Germânio (Ge), etc.
As ligações covalentes possuem uma característica de ser muito fortes, como é
45
o caso do diamante, que possui uma dureza elevada e sua temperatura de fusão pode
chegar até 3550°C. Elas também podem ser fracas, como é o caso do bismuto, que tem
baixa dureza e temperatura de fusão de 270°C.
Ao contrário da ligação iônica, a ligação covalente é direcional, ou seja, ela possui
direção (elementos compartilhados). O direcionamento das ligações podem formar
ângulos, como a água (H2O) onde o átomo de O (Oxigênio) tem caráter negativo e o
H (Hidrogênio) positivo, criando um ângulo entre os dois H presentes, como mostra a
Figura 12.

Figura 12: Ligações covalentes na molécula de água


Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

3.2.3 Ligação metálica

A ligação metálica, junto com a iônica e a covalente, formam o trio de ligações


primárias das interações entre os elementos, estas ligações são normalmente fortes.
A ligação metálica ocorre nos elementos metálicos e suas ligas, esta ligação é não
direcional assim como a ligação iônica. Como os metais possuem de 1 a 3 elétrons
livres em sua camada de valência eles são conceituados eletropositivos. Os elétrons
encontram-se livres na nuvem de elétrons que orbitam os elementos, e caracterizam
algumas propriedades físicas dos metais. A Figura 13 esquematiza a ligação metálica
descrita:

Figura 13: Ligação Metálica de um Átomo Qualquer


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 34)

Neste esquema os elétrons que estão na camada de valência dos metais, não se
ligam a nenhum átomo, ficando livres para movimentarem ao longo de to-da a extensão
do metal, funcionando com uma espécie de força que mantém todos próximos e ligados.
46
Os elétrons dos elementos que não são parte da camada de valência em conjunto com
os núcleos, formam núcleos carregados chamados de iônicos, com carga positiva que
se equivalem com a carga negativa dos elétrons da camada de valência (CALLISTER JR.;
RETHWISCH, 2021).

3.2.4 Ligação Van Der Waals

As ligações de van der Waals também são conhecida como ligações secundárias.
Diferente das ligações existentes, esta é uma ligação de baixa força de interação. Este
nome é dado a qualquer ligação interatômica relativamente fraca entre os elementos.
De forma natural, esta ligação existe em qualquer ligação entre dois elementos, mas
quando existe a presença de qualquer uma das ligações primárias, a força da ligação
de van der Waals é tão baixa que chega a ser desprezível.
Estas ligações apesar de fracas estão subdivididas em quatro principais tipos:
• Atração entre dipolos permanentes;
• Atração entre dipolos induzidos;
• Forças de dispersão
• Pontes de hidrogênio;
A causa raiz desta ligação é chamada de polarização de moléculas, e ela é
originada principalmente de dipolos elétricos, formados em toda a extensão de uma
molécula assimétrica, isso caracteriza a presença tanto de polos positivos quanto
negativos na molécula em questão. A polarização molecular acaba gerando a força
de atração dos dipolos permanentes. Para os dipolos induzidos, este fenômeno ocorre
em moléculas apolares, ou seja, a aplicação de um campo eletromagnético é capaz de
polarizar a molécula (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021).
Já as forças de dispersão estão presentes nas moléculas simétricas e também
nos gases nobres. De acordo com a movimentação eletrônica das moléculas é possível
que ocorra uma polarização. Esta força é fraca, mas é capaz de manter as moléculas
dos gases nobres ligadas entre si (unidas).
Pontes de hidrogênio se caracterizam pela ligação de um átomo de hidrogênio
com átomos bem maiores, como F (Flúor), O (Oxigênio), N (Nitrogênio) e outros. Dentro da
classificação das ligações de van der Waals, as pontes de hidrogênio são consideradas
as mais fortes. Uma das principais características desta ligação é a temperatura de
ebulição elevada dos elementos.
47

FIXANDO O CONTEÚDO
1. Estrutura atômica é o nome que se dá a ordenação das partícu¬las de um átomo. Os
átomos são compostos basicamente de três partículas que são chamadas de: Prótons,
Nêutrons e Elétrons. Todavia estas partículas possuem cargas que podem ser positivas,
negativas ou neutras. De acordo com e leitura do capítulo e com os conhecimentos
adquiridos assinale a alternativa que caracterize na carga correta dos Prótons, Nêutrons
e Elétrons respectivamente:

a) neutro, positivo e negativo.


b) positivo, negativo e neutro.
c) negativo, neutro e positivo.
d) positivo, negativo e negativo.
e) positivo, neutro e negativo.

2. A compreensão da estrutura atômica dos materiais inicia pelo processo de


especificação dos elementos químicos que compõem a natureza. Toda a matéria
contida na terra é composta da ordenação de átomos de um determinado elemento
ou combinação destes. Com estudos ao longo das eras, cientistas descobriram meios
de classificar os átomos para que se entendesse melhor seu padrão e propriedades.
Classifica-se os átomos com base em seu número atômico (Z), sua contagem de
massa atômica (A) e o cálculo de massa dos átomos. Para calcular a massa atômica
dos átomos através do conceito dos isótopos utiliza-se uma notação matemática que
pode ser expressa por:

a) média aritmética dos isótopos.


b) valor máximo e mínimo dos isótopos.
c) média ponderada dos isótopos.
d) soma das massas dos prótons e nêutrons.
e) média ponderada dos isótopos mais a média aritmética.

3. Os números quânticos são parâmetros da química, relacionado a conceitos


de estudiosos utilizados para classificação e melhor entendimento da estrutura e
configuração de um átomo. Os quatro parâmetros são no-meados da seguinte forma:

a) Número quântico principal – s; Número quântico secundário – l; Número quântico


calorífico – mt; Número quântico linear – n.
b) Número quântico elétrico – s; Número quântico primário – l; Número quântico
magnético – mt; Número quântico Spin – n.
c) As subcamadas s, p, d, f.
d) Número quântico principal – n; Número quântico secundário – l; Número quântico
magnético – mt; Número quântico Spin – s.
e) Camadas K, L, M, N, O, P Q.
48
4. Através dos conhecimentos do diagrama de Pauling e da importância da distribuição
eletrônica para o entendimento do comportamento dos elementos, distribua os elétrons
do elemento Titânio (Ti) de número atômico (Z) = 22. Assinale a alternativa com a
distribuição correta do elemento solicitado:

a) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 – 4p2.


b) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10.
c) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d2.
d) 1s2 - 2s2 - 2p5 - 3s2 - 3p4 - 4s2 - 3d10 - 4p5 - 5s1.
e) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 - 5s2.

5. Através dos conhecimentos do diagrama de Pauling e da importância da distribuição


eletrônica para o entendimento do comportamento dos elementos, distribua os elétrons
do elemento Rubídio (Rb) de número atômico (Z) = 37. Assinale a alternativa com a
distribuição correta do elemento solicitado:

a) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 - 4p6 - 5s1.


b) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 – 4p6 - 5s2 - 4d10 - 5p6 - 6s2 - 4f14.
c) 1s2 - 2s2 - 26 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 – 4p6.
d) 1s2 - 2s2 - 2p5 - 3s2 - 3p4 - 4s2 - 3d10 - 4p5 - 5s1.
e) 1s2 - 2s2 - 2p6 - 3s2 - 3p6 - 4s2 - 3d10 - 5s2 - 4d10.

6. As ligações interatômicas dos elementos são grandes influencia¬doras nas


propriedades físicas dos sólidos, um exemplo clássico é a relação entre a quantidade
de força de ligação com a temperatura de fusão destes, onde quanto maior a força
de ligação maior o ponto de fusão. As ligações se subdividem em ligações primárias e
secundárias. Assinale a seguira a alternativa que contenha a(s) ligações consideradas
como secundária(s).

a) Van der Waals.


b) Van der Waals e Covalente.
c) Covalente.
d) Iônica, Metálica e Covalente.
e) Van der Waals e Metálica.

7. Uma das ligações mais comuns que ocorre nos elementos é aquela onde um metal
e um não metal doam e recebem elétrons, os metais possuem alta capacidade de
doar seus elétrons da camada de valência, enquanto os não metais possuem alta
capacidade de absorção destes elétrons doados pelos metais. Uma das ligações mais
comuns deste tipo é o NaCl, ou sal como é conhecido. De acordo com o texto, qual é a
ligação apresentada?

a) Van der Waals.


b) Iônica.
c) Covalente.
d) Metálica.
49
e) Cátion.

8. Uma das ligações mais comuns que ocorre nos elementos é aquela onde um metal
e um não metal doam e recebem elétrons, os metais possuem alta capacidade de
doar seus elétrons da camada de valência, enquanto os não metais possuem alta
capacidade de absorção destes elé¬trons doados pelos metais. Uma das ligações mais
comuns deste tipo é o NaCl, ou sal como é conhecido. De acordo com o texto, estamos
falando da ligação?

a) Van der Waals.


b) Iônica.
c) Covalente.
d) Metálica.
e) Cátion.
50

ESTRUTURA
CRISTALINA E
NÃO-CRISTALINA
51
4.1 CÉLULAS UNITÁRIAS E REDES DE BRAVAIS

Os estados físicos da matéria dividem-se em 3, gasoso, líquido e sólido. Este


estado é determinado pelo arranjo das partículas que compõem cada um deles. A
classificação da matéria conforme o arranjo das partículas só é possível por que existem
duas principais forças que determinam a posição de cada partícula dentro de uma
rede, a força de coesão e repulsão. Quanto mais coesa uma partícula, mais próxima ela
se encontra uma da outra e quanto mais repulsa, mais longe.
Do mais disperso para o menos disperso a matéria é classificada conforme a
Figura 14:

Figura 14: Classificação da Matéria


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Dessa forma explica-se a capacidade de deformação da matéria gasosa e


líquida, que tomam a forma de qualquer recipiente que são colocados. Já os sóli-dos
não se deformam com facilidade devido à alta força de coesão entre as partículas que
o compõe. Porém para este livro será estudado apenas o comportamento dos materiais
sólidos.
Os sólidos então possuem duas classificações baseadas na sua regularidade do
arranjo atômico. Eles podem ser sólidos cristalinos e não cristalinos (amorfos). Os sólidos
cristalinos são definidos quando seu arranjo atômico, é ordenado e periódico, ou seja,
se repetem de forma tridimensional com um grau de organização, esta configuração
independe de qual tipo de ligação o material está submetido. Os sólidos amorfos são
definidos pelo inverso, quando a ordenação não ocorre, como é o caso de materiais
como polímeros e vidro.
Ao estudar os sólidos cristalinos, observa-se os mais diversos padrões de
repetição de materiais variados. A ciência dos materiais estuda o comportamento dos
materiais cristalinos, assim como a menor parte desta repetição, denominando-a de
célula unitária. Uma célula unitária é definida por três ângulos e parâmetros de rede,
conforme Tabela 5:

Denominação Parâmetros de Rede Ângulos


Cúbica a=b=c Todos = 90°
Tetragonal a=b ≠c Todos = 90°
Ortorrômbica a≠b≠c Todos = 90°
Monoclínica a≠b≠c 2 = 90° e 1 ≠ 90°
Triclínica a≠b≠c Todos ≠ 90° e diferentes entre si
52
Hexagonal a1=a2=a3≠c 3 = 90° e 1 = 120°
Romboédrica a=b=c Todos ≠ 90 e iguais entre si
Tabela 5: Configuração dos Sistemas Cristalinos
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Os parâmetros de rede são as grandezas químicas utilizadas para caracterizar


a célula unitária, são três comprimentos (a, b e c) medidos em ångström (Å) ou
nanômetros (nm). Já os ângulos são aqueles formados entre as arestas do cubo, sendo
expressos em graus (°).
Cada tipo de estrutura cristalina configura a um determinado material certa
propriedade física. Por isso, a ordenação das células unitárias torna-se importante. Em
sua grande maioria estas células unitárias são comparadas a minúsculos prismas que
possuem um trio de conjuntos de faces paralelas. Através deste conceito, pode-se dizer
que a célula unitária torna-se a unidade básica estrutural de uma estrutura cristalina,
muitas vezes também chamada de unidade de repetição.
Ao observar a tabela, nota-se que através da compreensão dos parâmetros de
rede e da disposição dos ângulos de cada célula unitária, se pode nomear e classifica-
la em 7 denominações distintas. Cada um desses 7 tipos diferentes de células unitárias
ainda possui classificações internas de acordo com as redes espaciais de cada um,
estas classificações podem ser melhores explícitas o quadro 2, a seguir:

Denominação Rede Espacial


Cúbica 1. Simples
2. De Corpo Centrado
3. De Face Centrada
Tetragonal 1. Simples
2. De Corpo Centrado
Ortorrômbica 1. Simples
2. De Corpo Centrado
3. De Base Centrada
4. De Face Centrada
Monoclínica 1. Simples
2. De Base Centrada
Triclínica 1. Simples
Hexagonal 1. Simples
2. Compacta
Romboédrica 1. Simples
Quadro 2: Configuração das Redes Espaciais
Fonte: Adaptado de Stein, Gehlen e Rojas (2017)

Dentro das aplicações deste conceito, A. J. Bravais criou um sistema esque-


matizado abordando todos os 14 diferentes tipos de células cristalina. Esta forma é
utilizada na ciência dos materiais nos tempos modernos para explicitar as principais
propriedades da célula, como o parâmetro de rede e os ângulos formados por cada
uma delas.
53

BUSQUE POR MAIS


• O conhecimento e o estudo das estruturas cristalinas dos materiais, utiliza
mais do que apenas conceitos de química e ciências dos materiais, ele tam-
bém engloba conhecimento técnico sobre matemática e geometria. Reco-
menda-se a leitura do capítulo 3 “A Estrutura dos Sólidos Cristalinos” do Livro
“Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução”, de Callister Jr. e Rethwis-
ch (2021). Disponível em: https://bit.ly/3bZeTz2. Acesso em: 06 fev. 2021;
• Ainda resta dúvida? Complemente a leitura com o artigo “A matemática na
estrutura cristalina dos materiais”, de Lopes e Barros (2013). Disponível em: ht-
tps://bit.ly/30W88aQ. Acesso em: 06 fev. 2021.

Esta representação ficou conhecida como rede de Bravais, como visto na Figura
15, para homenagear seu criador, sua utilização após o descobrimento foi inicialmente
em meados de 1848 e descrevia de forma simples, através de ilustrações de fácil
entendimento a distribuição das partículas dentro das 14 células unitárias estudadas.

Figura 15: Rede de Bravais


Fonte: Stein, Gehlen e Rojas (2017, p. 17)

FIQUE ATENTO
Nem todas as células unitárias da rede de Bravais serão utilizadas nos estudos básicos
da ciência dos materiais, isso porque a grande maioria dos materiais cristalinos utilizados
são os metais, estes materiais não apresentam células unitárias muito variadas em sua
composição estrutural (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021).
54
Através da classificação das células unitárias e da caracterização dos mate¬riais
com base nelas, notou-se que os materiais que possuíam estrutura cristalina eram
os metais, sais e alguns minerais. Dessa forma as principais estruturas dos materiais
utilizados eram: Cúbica de Face Centrada (CFC), Cúbica de Corpo Centrado (CCC) e a
Hexagonal Compacta (HC).

4.2 ESTRUTURAS CRISTALINAS DOS METAIS

Como estudado, as estruturas metálicas são os principais materiais classificados


como cristalinos. Isso porque os materiais cerâmicos, poliméricos e compósitos
possuem estruturas amorfas e muito complexas para serem classificadas dentro da
rede de Bravais estudada.
As estruturas cúbicas são as que mais acometem em sólidos cristalinos, e por
este motivo são as mais presentes nos estudos acerca do comportamento delas. Como
já visto anteriormente elas podem ser cúbica simples (CS), cúbica de face centrada
(CFC) ou cúbica de corpo centrado (CCC).

4.2.1 Estruturas Cúbicas Simples (CS)

A estrutura cúbica simples é caracterizada por possuir apenas um átomo localizado


em cada vértice, como observado na Figura 16. Ela também possui os parâmetros de
rede (a, b, c) e todos os 3 ângulos (α, β, γ) iguais.

Figura 16: Célula Cúbica Simples (CS)


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Para a CS é importante avaliar o parâmetro de rede “a”, que é determinado pela


dimensão da aresta do cubo (a=2R), sendo R o valor do raio atômico. Uma forma de
classificar a ocupação atômica dentro do cubo (célula unitária) é calculando o fator de
empacotamento atômico (FEA), que é expresso pela equação (2):

N Va
FEA =
Vc

Onde:

N = Números reais de átomos que ocupam a célula unitária


3
Va = Volume atômico (4⁄3 � π � R )
55
R = Raio atômico
Vc = Volume da célula unitária

VAMOS PENSAR?
Tendo como base os conhecimentos sobre a CS, qual é o fator de empacotamento dela
com base nos seguintes dados:

•• N → 1⁄8 ∗ 8 = 1

•• Va → 4⁄3 ∗ 𝜋 ∗ 𝑅3

•• Vc → a3 = 2R3 = 8R

1 � 4�3 � π � R3
FEA =
8 � R3

4.2.2 Estruturas Cúbicas de Face Centrada (CFC) e Corpo Centrado (CCC)

Tanto a estrutura cúbica de face centrada como a de corpo centrado apresentam


parâmetros de rede (a, b, c) e todos os 3 ângulos (α, β, γ) iguais. Elas diferenciam-se
pela presença dos átomos em seu interior, sendo a de corpo centrado composta por
um átomo em cada vértice e um no centro do cubo e a de face centrada um átomo por
vértice e um em cada face do cubo. Sua representação é melhor explícita na Figura 15,
onde a CCC está à esquerda e a CFC a direita:

Figura 17: Células CCC (A) e CFC (B)


Fonte: Adaptado Shackelford (2008)

Pode –se observar com base na figura apresentada que a principal diferen-ça
entre ambas estruturas é a localização dos átomos fora do vértice, uma vez que para
todas as estruturas cúbicas existem átomos em cada vértice. Na CCC o átomo central
do cubo ocupa a posição de maior destaque, já na CFC os átomos localizados nas
faces são os que configuram a ela o nome científico.
A célula CCC é um formato muito encontrado no tântalo, tungstênio, nióbio, lítio,
56
bário, lítio, potássio, cromo, vanádio, etc. Para este tipo o fator de empacotamento é
calculado com base nos seguintes dados:

N = 1�8 � 8 + 1 = 2

Va = 4�3 � π � R3

3
Vc = a3 = 4R�
3

A célula CFC é um formato muito encontrado no ouro, prata, cobre, níquel, platina,
alumínio, chumbo, cálcio, etc. Para este tipo o fator de empacotamento é calculado
com base nos seguintes dados:

N = 1�8 � 8 + 1�2 � 6 = 4

Va = 4�3 � π � R3
Vc =
a2 + a2 = 4R 2

2a2 = 16R2

a = 2 2R

3
a3 = 2 2 R

a = 16R3 2

4.2.3 Estruturas Hexagonais

Os sólidos cristalinos em sua maioria apresentam estrutura CCC e CFC, po-rém,


nem todos se comportam desta forma. Aproximadamente 52% dos materiais deste
grupo possui estrutura cúbica (CS, CCC e CFC), cerca de 28% hexagonal (Hexagonal
Simples e Compacto) e 20% são distribuídos em cinco diferentes tipos de estrutura
cristalina.
A estrutura hexagonal divide-se em hexagonal simples e compacta. A hexagonal
simples caracteriza-se por dois hexágonos um sobre o outro, assim como a cúbica,
em cada vértice dos hexágonos existe um átomo. O parâmetro de rede “a” é igual a
“c” e ambos diferentes de “b”, os ângulos da base são de 120º enquanto os verticais
são de 90º. Este tipo de estrutura é vista no telúrio e no selênio. Para este tipo o fator de
empacotamento é calculado com base nos seguintes dados:

N = 3

Va = 4�3 � π � R3

Va = 12R3 3
57
Já a hexagonal compacta caracteriza-se por dois hexágonos um sobre o outro,
assim como a simples, em cada vértice dos hexágonos existe um átomo, no entanto,
entre os hexágonos existe um plano intermediário contendo 3 átomos, como mostra a
Figura 18. O parâmetro de rede “a” é diferente de “c”, os ângulos da base são novamente
de 120º enquanto os verticais são de 90º. Este tipo de estrutura é vista no lítio, berílio,
magnésio, cádmio, berquélio, cobalto, etc.

Figura 18: Célula Hexagonal Compacta


Fonte: Shackelford (2008, p. 49)

Para este tipo o fator de empacotamento é calculado com base nos seguintes
dados:

N = 3 + 3 = 6

Va = 4�3 � π � R3

Vc = 24R3 2

4.3 DIREÇÕES E PLANOS CRISTALOGRÁFICOS

Para estudar e entender os materiais cristalinos, além do conhecimento das


estruturas é ideal o estudo das direções e dos planos cristalográficos. Estes planos são
caracterizados por três números inteiros ou índices, também chamados de índi¬ces de
Miller para homenagear W. H. Miller.
A direção cristalográfica pode ser determinada por uma reta interligando
dois pontos, também chamada de vetor. Para determinar com precisão a direção
cristalográfica de uma determinada estrutura cristalina pode-se seguir algumas etapas:
1. O ponto de origem do vetor deve obrigatoriamente passar pela origem do plano, ele
pode se mover em qualquer direção, desde que se mantenha paralelo;
2. O vetor é projetado nos eixos (x, y, z);
3. O índice de Miller é dividido por um fator comum, isso para que se obtenha o menor
valor inteiro possível;
4. Os três números serão representados obrigatoriamente dentro de colchetes [] e
juntos, sem nenhuma vírgula, ponto ou espaço [XYZ];
58
5. Quando existir um número negativo ele obrigatoriamente deverá possuir uma barra
sobre ele 1� .

A representação esquemática dos vetores é feita através do de sua projeção


na geometria similar à da estrutura cristalina. A Figura 19 demonstra alguns exemplos
de direções cristalográficas na célula cúbica, com sua origem em (0,0,0) e os vetores
traçados nas arestas em seus respectivos eixos. Nesse caso não utilizamos o colchetes,
pois ele é apenas utilizado para a representação escrita dos vetores e não na ilustração
resolução.

Figura 19: Direções Cristalográficas


Fonte: Askeland e Wright (2015, p. 65)

Existem nos planos direções paralelas, mas com índices distintos que apresentam
igualdade em arranjos atômicos iguais. Essas direções são denominadas equivalentes
ou famílias e podem ser representadas por <100> (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021).
A principal função de uma direção cristalográfica é demonstrar uma orientação
específica de um monocristal ou policristal. O conhecimento deste conceito é importante
para diversas aplicações na ciência dos materiais, por exemplo: metais deformam-
se com facilidade nas direções de contato dos átomos, e também, as direções
cristalográficas influenciam diretamente nas propriedades magnéticas dos materiais.
Assim como as direções os planos cristalográficos também são importantes para
a determinação de certas propriedades dos materiais. O plano cristalográfico é fator
muito importante no crescimento dos cristais, pois eles são altamente de¬pendentes do
plano em que nascem. Assim como as direções, para determinar um plano é necessário
seguir alguns passos:
1. Os parâmetros de rede a,b,c são determinados nos eixos x,y,z respectivamente, se o
plano inicia na origem (0, 0, 0) adota-se outra origem;
2. Um plano cristalográfico pode interceptar ou ser paralelo com base em um dos eixos
x,y,z;
3. Se um plano é paralelo a um eixo, seu intercepto é considerado infinito, onde o inverso
é igual a zero;
4. Ao contrário das direções, os números dos planos são multiplicados por números
inteiros, de forma a obter valor inteiro para todas as posições;
5. Os índices são representados dentro de parênteses sem espaço ou vírgula (XYZ);
6. Caso exista algum índice negativo, o mesmo é apresentado com um traço por cima,
como nas direções.
59
A Figura 20 demonstra alguns exemplos de um plano cristalográfico qualquer:

Figura 20: Direções Cristalográficas


Fonte: Shackelford (2008, p. 66)

Para o sistema hexagonal os índices dos planos e direções são conver¬tidos de 3


para 4 números, tornando a leitura e interpretação dos planos mais complexas. Todavia
Padilha (2000) afirma que neste tipo de estrutura existem alguns planos especiais
listados:
• Basal {0001}
• Prismático tipo I {101� 0}
• Prismático tipo II {102� 0}
• Piramidal tipo I {101� 1}
• Piramidal tipo II {102� 1}

4.4 IMPERFEIÇÕES NOS SÓLIDOS

Por mais que sejam arranjados e ordenados, os sólidos cristalinos possuem


inconsistências em sua rede, chamados de defeitos ou imperfeições nos sólidos. Estas
inconsistências podem causar, todavia efeitos nas propriedades finais dos materiais. As
imperfeições são divididas entre: pontuais, linha (discordância) e superfície.
Estes defeitos possuem como principal característica o envolvimento de um átomo
ou íon, falta de um deles, isso causa uma deformação inesperada da rede cristalina do
material. Este tipo de defeito causa o crescimento da energia interna e da entropia da
rede.
As imperfeições pontuais podem ser: vazios (lacunas) e interstícios. Os vazios são
caracterizados pela falta de um átomo ou íon na rede, como mostra a Figura 21. Esse
vazio ocorre principalmente na solidificação do material, ou até mesmo proveniente de
deformações plásticas.
60

Figura 21: Vazio (Lacuna)


Fonte: Askeland e Wright (2015, p. 81)

Para Padilha (2000) as lacunas em alto número são formadas a partir de uma
alta taxa de resfriamento. Sendo importantes para determinar a taxa de difusão dos
átomos nos sólidos, em especial para os materiais classificados como metal puro.
O índice Nv (Número de Lacunas em Equilíbrio) está diretamente ligado à
temperatura submetida ao material. Quanto maior a temperatura, maior o Nv, tam¬bém
pode-se calcular de acordo com a equação (3):

Qv

Nv = N � e k�T

Onde:
N = Sítios atômicos
Qv = Energia necessária (para formar lacunas)
T = Temperatura Absoluta (Kelvin)
k = Constante de Boltzmann (8,62x10-5 eV/átomo-k)
Os defeitos intersticiais são formados quando existe a presença de um átomo
ou íon extra (à mais) dentro da estrutura cristalina observada. Esse fenômeno de
caracteriza como intersticial quando o raio atômico é muito pequeno, alocando-se na
rede causando deformações, mas sem substituir outra partícula componente da rede,
a Figura 22 demonstra esse efeito:

Figura 22: Interstício


Fonte: Askeland e Wright (2015, p. 81)

Já o comportamento substitucional, como o próprio nome já sugere, ocorre


quando uma partícula possui raio atômico maior. Esta partícula aloca-se na rede e
substitui um átomo componente dela. A Figura 23 demonstra este comportamento:
61

Figura 23: Substitucional


Fonte: Askeland e Wright (2015, p. 82)

Em ambos os casos se denomina esta rede cristalina como uma solução sólida.
Essa solução pode ser: intersticial, substitucional e ordenada. Para classificar e determinar
melhor a condição, a regra de Hume-Rothery foi determinada, esta regra dita:
1. Ambos os raios atômicos não devem possuir uma diferença de mais de 15% de
tamanho;
2. Estruturas cristalinas precisam ser iguais;
3. A diferença da camada de valência não pode ser maior do que 1;
4. Quanto a eletronegatividade, ela deve ser mais parecida possível, quase igual em
ambos os elementos.

Esse tipo de solução é frequentemente visto em ligas metálicas, como exem¬plo


clássico se pode citar a liga 50%Cu-50%Zn. Essa liga possui uma estrutura cristalina
CCC, onde o cobre ocupa a posição central e o zinco pode ser observado alocado aos
vértices da célula unitária.
A imperfeição em linha mais comumente observada pela ciência dos materiais
é a discordância. Esta condição é observada em processos de resfriamento e em
deformações plásticas aplicadas ao material, sendo mais comum em metais. A
discordância pode ser: em cunha, hélice e mista.
A discordância em cunha caracteriza-se pela inserção de um meio plano em uma
estrutura cristalina perfeita, esta adição faz com que haja uma distorção no cristal. A
parte inferior ao meio plano é chamada de discordância em cunha, e ela é expressa por
um vetor chamado de vetor de Burgers. O vetor pode ser expresso através da contagem
do ponto x ao y no sentido horário. A Figura 24 demonstra este defeito:

Figura 24: Discordância em Cunha


Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2021)
62
A discordância em hélice caracteriza-se pela distorção de um cristal perfeito
cortado, assim como em cunha, o vetor de Burges é determinado pela contagem
horária de x até y. Neste caso a distorção causada pelo plano cortado é maior do que a
discordância em cunha, a discordância em hélice recebe esse nome pelo formato final
do cristal após esta ação. A Figura 25 demonstra a discordância em hélice:

Figura 25: Discordância em Hélice


Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2021)

A discordância mista, como o caracteriza-se pela presença de ambos os ti-pos,


discordância em cunha e em hélice, no mesmo cristal perfeito. Neste caso o grau de
distorção é muito maior se comparado aos dois defeitos isolados.
As imperfeições de superfície são caracterizadas em duas dimensões, na
maioria dos casos são diferentes contornos que determinam fronteira entre regiões de
diferentes materiais, estruturas cristalinas ou diferentes orientações cristalográficas.
São os principais defeitos de superfície: contorno de grãos, superfícies externas, falhas
de empilhamento, contornos de macla e de fases.
Os contornos de grão são bastante comuns nos materiais, pois mesmo os
materiais considerados puros possuem cristais em variadas orientações cristalográficas.
Denomina-se estes cristais de grãos, assim como os átomos arranjados na mesma
orientação formam uma célula unitária. A Figura 26 demonstra a esquematização de
um contorno de grão:

Figura 26: Contorno de Grão


Fonte: Acervo pessoal do Autor (2021)
63
A região onde existem contornos de grão possuem altas taxas de energia, isso
devido a orientação existente entre os grãos. Dessa forma ela é dissipada formando
vazios em uma direção chamada de direção preferencial, de forma a minimizar os
impactos causados pela alta energia.
As superfícies externas caracterizam-se pela diferença de energia ocasionada
pela falta de ligação entre os átomos, em uma estrutura cristalina os átomos nem
sempre se ligam a todos os outros ao redor (vizinhos), isso faz com que a energia interna
seja diferente da externa.
As falhas de empilhamento caracterizam-se na falha do empilhamento dos planos,
ela ocorre exclusivamente em estruturas CFC. Os contornos de fases estão presentes
em materiais caracterizados com duas fases, que faz com que as características físicas
e químicas sejam submetidas a mudanças repentinas.
Os contornos de macla caracterizam-se como um contorno de grão específico,
neste caso o que ocorre é um espelhamento da rede cristalina do material, onde os
átomos do contorno possuem mesma posição do que seu lado oposto. Dando a essa
região o nome de macla. A Figura 27 demonstra um contorno em macla visto de um
microscópio:

Figura 27: Contorno de Macla em um Material Real


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 95)

Estas imperfeições são na maioria das vezes ocasionadas pela aplicação


de esforços mecânicos, tanto por deformações plásticas quanto por processos de
tratamento térmico (Recozimento). No caso da Figura 27, a microscopia é de um aço
inoxidável que foi recozido, no grão central podem ser vistas maclas (regiões em cinza).

FIQUE ATENTO
As maclas podem ser formadas de duas formas. Tanto por deformações plásticas oca-
sionadas por esforços ou por recozimento do material. Se a macla for proveniente de um
tratamento térmico, denomina-se macla de recozimento, se for por processo de defor-
mação plástica, denomina-se macla de deformação. Assim como os contornos de grãos,
as maclas acumulam alta energia e podem ser locais preferenciais para a formação de
vazios ou segregação das partículas que compõem o material (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
64
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Os três estados da matéria são: Gasoso, Líquido e Sólido. Estes estados são definidos
principalmente pelo arranjo estrutural das partículas atômicas em sua estrutura física.
Sendo os gases caracterizados por partículas mais dispersas e desordenadas, os líquidos
por partículas menos dispersas e desordenadas e os sólidos por partículas próximas e
ordenadas. Esta ordenação atômica só é possível segundo duas principais forças que
atuam nas partículas da matéria, elas são coesão e repulsão. Assinale a alternativa que
possui a definição correta de ambas as forças que agem nas partículas da matéria.

a) Quanto mais repulsa uma partícula, mais próxima ela se encontra de ser um sólido e
quanto mais coesa, um gás.
b) Quanto mais coesa uma partícula, mais próxima ela se encontra de ser um líquido e
quanto mais repulsa, um gás.
c) Quanto mais coesa uma partícula, mais próxima ela se encontra de ser um sólido e
quanto mais repulsa, um líquido ou gás.
d) Quanto mais coesa uma partícula, mais próxima ela se encontra uma da outra e
quanto mais repulsa, mais longe.
e) Quanto mais coesa uma partícula, mais longe ela se encontra uma da outra e quanto
mais repulsa, mais perto.

2. Sabe-se que os materiais sólidos se classificam em dois tipos, os sólidos cristalinos e


os amorfos (não-cristalinos). Os sólidos cristalinos são aqueles onde o arranjo atômico
ocorre de forma ordenada e periódica, se repetindo tridimensionalmente com base em
uma parte de repetição chamada de célula unitária, esta ordenação é independente do
tipo de ligação química que o material possui. Já os sólidos amorfos são aqueles onde
ocorre o inverso, seu arranjo atômico não é bem definido e nem ordenado. Assinale a
alternativa que contenha apenas sólidos cristalinos.

a) Polímeros e Vidros.
b) Materiais Cerâmicos.
c) Metais, Polímeros e Vidros.
d) Metais, Semicondutores e Vidros.
e) Sais, Minerais e Metais.

3. A célula unitária é a menor parte de um material cristalino, sendo toda a estrutura


formada de inúmeras células unitárias, repetidas ordenadamente em perspectiva 3d
(eixos X, Y e Z). As células unitárias foram estudadas e classificadas através dos anos,
podendo pertencer a uma das sete classificações possíveis. São os sete tipos de células
unitárias:

a) Cúbica, Tetragonal, Ortorrômbica, Monoclínica, Triclínica, Hexagonal e Romboédrica.


b) Cúbica de Corpo centrada, Tetragonal Simples, Ortorrômbica, Monoclínica de base
centrada, Triclínica, Hexagonal e Pentágona Simples.
65
c) Cúbica, Tetragonal, Quadrilátera, Monoclínica, Triclínica, Hexagonal e Pentágona.
d) Cúbica Simples, Tetragonal, Ortorrômbica, Monoclínica, Triclínica Corpo centrada,
Hexagonal e Romboédrica.
e) Cúbica, Tetragonal, Ortorrômbica, Monoclínica, Triclínica Simples, Hexagonal e
Romboédrica.

4. A rede de Bravais foi construída com base em longos estudos para a classificação
das células unitárias dos sólidos cristalinos, ao longo das pesquisas August Bravais
esquematizou as 14 células unitárias existentes em formas geométricas de fácil
entendimento. Com base nos estudos ao longo das eras notou-se então que os
principais sólidos cristalinos estudados e apli¬cados eram principalmente 3, eles são:

a) Cúbica de Face Centrada, Cúbica de Corpo Centrado e Romboédrica.


b) Cúbica de Corpo Centrada, Cúbica de Face Centrada, Cúbica de Átomo Centrado e
Hexagonal Compacta.
c) Cúbica de Face Centrada, Cúbica de Corpo Centrado e Hexagonal Compacta.
d) Cúbica Simples, Cúbica de Corpo Centrado e Hexagonal Compacta.
e) Cúbica de Face Centrada, Cúbica Simples e Hexagonal Compacta.

5. O fator de empacotamento atômico (FEA) é um índice, variante entre 0 e 1 que expressa


o volume de uma célula unitária. Ele é calculado pela fórmula:

N Va
FEA =
Vc
Dados os valores:

N = 1�8 � 8 + 1 = 2

Va = 4�3 � π � R3

Calcule o FEA da estrutura cristalina cúbica de corpo centrado:

a) 0,74 ou 74%.
b) 0,63 ou 63%.
c) N.D.A.
d) 0,52 ou 52%.
e) 0,68 ou 68%.

6. O fator de empacotamento atômico (FEA) é um índice, variante entre 0 e 1 que expressa


o volume de uma célula unitária. Ele é calculado pela fórmula:
66
N Va
FEA =
Vc

Dados os valores:

N = 1�8 � 8 + 1�2 � 6 = 4

Va = 4�3 � π � R3
Vc = a2 + a2 = 4R 2

Calcule o FEA da estrutura cristalina cúbica de face centrada:

a) 0,74 ou 74%.
b) 0,73 ou 73%.
c) Nenhuma das alternativas.
d) 0,58 ou 58%.
e) 0,68 ou 68%.

7. Na ciência dos materiais é de suma importância o estudo das direções cristalográficas e


dos planos cristalográficos, eles determinam pro¬priedades importantes nos materiais,
como por exemplo direções preferenciais de translado de correntes elétricas. Estes dois
índices são representados da seguinte forma:

a) Direções cristalográficas [X Y Z] e Planos Cristalográficos {X Y Z}.


b) Direções cristalográficas [XYZ] e Planos Cristalográficos (XYZ).
c) Direções cristalográficas (X,Y,Z) e Planos Cristalográficos [X.Y.Z].
d) Direções cristalográficas {XYZ} e Planos Cristalográficos {XYZ}.
e) Direções cristalográficas (X-Y-Z) e Planos Cristalográficos [X-Y-Z].

8. As imperfeições nos sólidos ocorrem de maneira natural ou forçada nos cristais


perfeitos, elas são classificadas de acordo com seu tipo em: pontuais, linha (discordância)
e superfície. Cada tipo de imperfeição ocasiona reações distintas na matriz do cristal
e por isso devem ser presentes de forma controlada nos materiais. São tipos de
imperfeições pontuais:

a) contorno de grãos e de macla.


b) contornos de maclas e substitucional.
c) vazios (lacunas) e discordâncias em cunha.
d) vazios (lacunas) e interstícios.
e) intersticial, substitucional e macla.
67

CARACTERÍSTICAS DOS
FÍSICA E QUÍMICAS
SÓLIDOS
68
5.1 DIFUSÃO
A difusão é caracterizada por um processo físico onde as substâncias loco-
movem-se com ponto de partida e chegada diferentes. Normalmente a substância
deixa uma região concentrada para uma menos concentrada de forma espontânea
ou aleatória.
A difusão nos sólidos segue este princípio, para Callister Jr. e Rethwisch (2020)
existem duas condições básicas para que o átomo se mova: deve existir um vazio
adjacente e o átomo precisa possuir a energia necessária para quebrar sua atual
ligação entre seus vizinhos.
O processo de difusão nos sólidos pode ser ativado conforme a variação
do gradiente de temperatura, isso porque é um processo que depende muito da
temperatura aplicada. A equação que descreve o fluxo dos átomos pode ser descrita
como equação de Arrhenius, expressa pela Equação (4):
−Q
Flx = C � e R�T

Onde:
C = Constante
Q = Energia Ativadora (cal/mol)
R = 1,987cal/mol∙k (Constante dos Gases)
K = Temperatura Absoluta (Graus Kelvin)
Ao aplicar a função logarítmica em ambos os lados da equação, obtém-se a
equação (5):
−Q 1
ln(Flx) = ln (C)
R T

Através da equação pode-se obter uma reta que se comporta sob a influên¬cia
da inclinação expressando o valor de (-Q/R), interceptando (1/T) em zero e igualando-
se a ln (C), a Figura 28 esquematiza a reta, demarcando a interceptação (1/T) e sua
inclinação:

Figura 28: Reta Semilogarítmica (Taxa X Temperatura)


Fonte: Shackelford (2008, p. 104)
69
Assim definidos os parâmetros Q/R e C, se pode determina qualquer taxa com
base em inúmeras temperaturas (SHACKELFORD, 2008).

BUSQUE POR MAIS


• Em alguns casos quando não existe tensão externa suficiente os átomos me-
nores presentes em uma estrutura CCC se distribuem aleatoriamente, quan-
do aplicada uma tensão suficiente estes átomos movimentam-se em relação
à força aplicada, isso levando em consideração as diversas perdas ao longo
do processo por meio de energia elástica. Recomenda-se a leitura do capí-
tulo 9 “Diagramas de Fases” do Livro “Ciência e Engenharia de Materiais: Uma
Introdução” de Callister Jr. e Rethwisch (2021). Disponível em: https://bit.ly/3s-
3MEof. Acesso em: 21 fev. 2021.
• Ainda resta alguma dúvida? Leia também o artigo “Espectroscopia anelástica
em ligas de Nb-16% p. Ti”, de Nogueira et. al. (2003). Disponível em: https://bit.
ly/30URCYv. Acesso em: 21 fev. 2021.

A difusão pode ocorrer por lacunas, neste caso o ponto de chegada do átomo é
uma lacuna ou sítio adjacente ao seu ponto de partida, criando outra la-cuna em sua
posição inicial devido a sua ausência. A nova lacuna formada fica livre para que outro
átomo a tome, desde que ele seja da mesma espécie do átomo que a criou, também
pode ser ocupada por um átomo intersticial.

FIQUE ATENTO
Quando a nova lacuna é preenchida por um novo átomo ela recebe o nome de autodi-
fusão e quando ela é preenchida através de um átomo intersticial ela recebe o nome de
interdifusão (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021).

Outro meio de difusão é chamado de difusão intersticial. Ela caracteriza-se pela


presença de átomos que sejam pequenos, como é o caso do oxigênio, nitrogênio,
hidrogênio e o carbono. Nesse caso o átomo move-se de uma lacuna para outra,
podendo ser de caráter substitucional ou intersticial como demonstra a Figura 29, a
esquerda substitucional e a direta intersticial:

Figura 29: Difusão Intersticial


Fonte: Askeland, Wright e Fulay (2011, p. 112)

O processo de difusão depende também do tempo, assim o estudioso Adolf E.


Fick determinou uma equação que dita o fluxo dos átomos de forma dependente à
quantidade de massa que se locomove através de uma área perpendicular em relação
ao tempo gasto, essa equação ficou conhecida como a primeira lei de Fick, como segue
na Equação (6):
70
M
J = −D �
A�t
Onde:
D = Coeficiente de difusividade (m2/s)
M = Massa (em Kg ou número atômico)
A = Área percorrida (m2)
t = Tempo (s)

O coeficiente de difusividade, também chamado de CD (Coeficiente de difusão)


pode ser encontrado através da equação (7):

Q
− RT
D = −Do � e

Onde:
Do = Fator pré-exponencial (m2/s)
Q = Energia de ativação
R = Constante dos gases
T = Temperatura absoluta

FIQUE ATENTO
O CD é diretamente ligado a temperatura e energia de ativação da difu-são. Baseando-
-se na composição de cada material, essa energia de ativação pode ser alta ou baixa,
como por exemplo em difusão intersticial e de pequenos átomos onde essa energia é pe-
quena, já para difusão substitucional a energia de ativação é muita maior se comparada
a intersticial (ASKELAND; WRIGHT, 2015).

Todavia a primeira lei de Fick é usual apenas para condições determinadas como
estacionárias, isto é, aquelas que o gradiente de concentração não sofre alterações
com o passar do tempo. Para que a primeira lei de Fick possa ser expressa por fluxo de
gradiente de concentração por uma área qualquer, utiliza-se a Equação (8):

∂C
Jx = −D �
∂X
Para os casos onde exista a difusão em uma fase transitória, Fick desenvolveu sua
segunda lei, para satisfazer a condição onde o perfil de concentração é variável com
base no tempo. A segunda lei de Fick é expressa pela Equação diferencial (9) abaixo:

∂C ∂2C
= −D �
∂t ∂X 2
Contudo determinar a segunda lei de Fick não é uma tarefa muito simples, sendo
necessário a definição das condições adversas de contornos, como concentações e
71
coeficiente de difusividade. Uma das soluções comumente utilizadas na ciência dos
materiais e expressa pela Equação (10):

Cs − Cx X
= erf � ( �
Cs − Co 2 Dt

Onde:
Cs = Concentração na superfície
Cx = Concentração baseada em uma distância “x”
Co = Concentração inicial
D = Coeficiente de difusividade
t = Tempo
Uma das aplicações mais comuns da segunda lei de Fick é no processo de
carbonetação, este processo objetiva-se em aumentar a concentração de carbo¬no
na superfície dos materiais. Neste caso expondo o material a uma atmosfera com alta
temperatura e presença de carbono, possibilitando a movimentação do carbono para
a superfície do material.

FIQUE ATENTO
Na carbonetação de um material a difusão só ocorre em materiais que tenham baixo teor
de carbono, isso porque a difusão precisa de um diferencial de concentração para que
ocorra. Caso um material com alto carbono seja submetido a este processo, ocorre o in-
verso, onde os átomos de carbono deixam o material para a atmosfera, este processo é
chamado de descarbonetação (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021).

VAMOS PENSAR?
A carbonetação, também chamada de cementação é um processo de difusão que pode
ser realizado em meio sólido, líquido e gasoso, em alguns casos mais específicos pode-se
utilizar também o plasma. Este processo depende principalmente de temperatura, tempo,
composição química do material e diferença de concentração de carbono. Conhecendo
as propriedades do carbono na estrutura dos materiais, a difusão que ocorre na cemen-
tação é utilizada para aumentar que característica superficial do material?

5.2 DIAGRAMA DE FASES


Para o estudo do diagrama de fases, é necessário o estudo e conhecimento de alguns
conceitos iniciais. Define-se fase por uma parte de um todo homogêneo (sistema)
delimitados por uma fronteira. As fases têm propriedades químicas e físicas distribuídas
igualmente entre elas. Para a caracterização de uma fase, deve-se ob¬servar as três
principais características, conforme Askeland, Wright e Fulay (2011):

1. Mesmo arranjo atômico ou estrutura;


2. Mesma composição e propriedades ao longo da fase;
72
3. Fronteira que delimite duas ou mais fases.

Define-se microestrutura como a estrutura de um material qualquer ou região,


utilizada para observação em um microscópio ótico (eletrônico ou varredura). Essa
microestrutura pode ser composta de uma única ou mais de fases variando em
composição química e estado da matéria.
Define-se como limite de solubilidade a máxima condição para que uma fase
possa se dissolver em outra (solúvel). Isto é, o limite máximo que um soluto pode
dissolver-se em um determinado solvente com o intuito de transformar-se uma solução
sólida. O limite de solubilidade é variável com base nas condições do ambiente em que
solvente e soluto se encontram.
Define-se diagrama de fases (Figura 30) como uma representação de fases
equilibradas, com base em temperatura e pressão suficientes para a obtenção de
determinada substância em um estado físico da matéria (sólido, líquido e gasoso).
Este diagrama também pode ser visto como diagrama de equilíbrio nas mais variadas
literaturas.

Figura 30: Diagrama de Fase Hipotético - Simplificado


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Através da interpretação simples da figura, nota-se que os eixos são basea-dos


em parâmetros como pressão e temperatura, gerando no gráfico áreas distintas que
podem ser em estados diferentes da matéria, como por exemplo C = líquida, B = sólida
e A = líquida + sólida.

5.2.1 A regra da Alavanca

Esta é uma regra que auxilia na determinação de composição das fases do


diagrama. A Figura 31 mostra como fazer esta identificação traçando as linhas da
alavanca e também com base nas etapas:
73

Figura 31: Regra da Alavanca Traçada


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 230)

1. Uma linha deve ser traçada abordando a fase, damos a ela o nome de linha de
amarração, ela é traçada com base na região bifásica;
2. Toma-se nota das interseções da amarração e as fronteiras de ambos os lados;
3. Perpendiculares à amarração são traçadas até o eixo denominado
(composições);
4. Calcula-se a fração das fazes com base na Equação (11):

C∝ − Co S
WB = =
C∝ − CL S+R

5.2.2 Diagrama Isomorfo

Os diagramas de fases isomorfos são aqueles que representam os sistemas de


completa solubilidade, ou seja, os elementos e os componentes deste sistema são
totalmente solúveis uns nos outros, sem influência do estado da matéria (sólido ou
líquido). A Figura 32 apresenta um exemplo deste tipo de diagrama:

Figura 32: Diagrama de Fase Isomorfo


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 230)

Na Figura, a esquerda nota-se duas linhas bastante importantes, elas são a liquidus e
74
solidus. Estas linhas determinam onde se encontram as fases líquidas e sólidas, acima
da linha líquidos existe apenas uma fase (líquida), abaixo da linha solidus existe apenas
uma fase (sólida) e entre ambas as linhas existe uma fase líquida mais sólida. À direita,
representa-se uma liga metálica hipotética com uma composição “x”, com suas fases
líquida e sólida bem determinadas.

5.2.3 Diagrama Binário sem Solução Sólida

Os diagramas binários sem solução sólida são o inverso dos isomorfos, neste
caso os elementos não apresentam solubilidade ou a que existe é tão pequena que
chega a ser desprezível. Para estes diagramas destacam-se os pontos chamados de
transformações invariantes, isto é, pontos onde existam o equilíbrio e a presença de três
fases (ao mesmo tempo). O Quadro 3 destacam essas transformações invariantes:

Transformação Fases Comportamento no Diagrama


Eutético L→α+β

Peritético α+ L → β

Monotético L1→L2 + α

Eutetóide γ→α+β

Peritetóide α+β→γ

Quadro 3: Comportamento das Transformações Invariantes


Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2021)

Nos diagramas eutéticos existem duas fases três regiões a serem observadas,
sendo essas regiões predominantemente compostas quimicamente por: α, β e L. Essa
configuração pode ser vista na Figura 33.
75

Figura 33: Diagrama Eutético


Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2021)

Na imagem pode-se observar a presença de uma terceira linha, além da li-nha


liquidus e solidus, a linha solvus que apresenta duas fases sólidas abaixo de si. Esse
sistema em específico (Pb-Sn), é um sistema eutético classificado com simples. Neste
caso a temperatura de solidificação é em 183°C, logo, acima deste valor o sistema está
todo em fase líquida. Em 180°C ocorre a reação chamada eutética, onde o líquido se
solidifica formando dois sólidos de composição: L 61,9% Sn → α 19% Sn + β 97,5% Sn.
Nos diagramas eutetóides ocorre uma reação similar aos eutéticos, no entanto,
esta transformação acontece em estado sólido. Assim, duas fases sólidas se formam
a partir de outra fase sólida. Nesse contexto existe a presença de 3 fases sólidas em
um ponto específico, as Figuras 31 ilustra o exemplo mais clássico deste diagrama, o
sistema Fe-C:

Figura 34: Diagrama Fe-C


Fonte: Adaptado de Callister Jr. e Rethwisch (2021)

Nesse sistema a reação ocorre dando origem ao aço, isso a partir da formação
de ferrita (α) mais a cementita (Fe3C) que são provenientes da austenita (γ). Esse é um
dos exemplos mais clássicos da transformação eutetóide na ciência dos materiais.
Nos diagramas peritéticos existem três regiões monofásicas, assim como no
sistema eutético, a única diferença está no tipo de transformação ocorrida. Sendo a
76
transformação peritética, a formação de uma fase sólida originada de uma fase líquida
mais uma fase sólida. Já os diagramas peritetóides existe a formação de uma fase
sólida a partir de duas outras fases sólidas.

5.2.4 Diagrama Tenário

Os diagramas tenários são aqueles que se baseiam em fases de três


componentes cada. Eles podem prever fases de equilíbrio, assim somo os binários,
com base em temperatura e composição, no entanto eles também determinam o
tipo de microestrutura que pode ser formada durante o processo de solidificação. Sua
representação gráfica clássica é expressa pela Figura 35:

Figura 35: Diagrama Tenário (Cu-Zn-Al)


Fonte: American Society of Materials (1992)

Nos diagramas binários a representação gráfica baseia-se em gráficos


bidimensionais dependentes de temperatura e composição química. Contudo nos
diagramas tenários, existe o acréscimo de mais um parâmetro, havendo a necessi¬dade
da representação tridimensional, tornando sua interpretação mais complexa. A
representação comumente utilizada para este tipo de diagrama é chamada de isopleta,
vista na Figura 35, são triângulos bidimensionais de uma variável representativa fixa
(temperatura). A isopleta é apenas uma representação bidimensional de uma fatia do
diagrama tenário.

5.2.5 Diagrama de Materiais Cerâmicos

As cerâmicas são originadas de óxidos, portanto, seus diagramas de fases são


representados também por óxidos. São normalmente diagramas tenários, porem
existem alguns binários, ou seja, dependem de dois componentes e podem ser lidos
e interpretados como os demais diagramas binários existentes. A Figura 33 traz um
exemplo:
77

Figura 36: Diagrama Binário (Al2O3-MgO)


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 378)

Por serem mais complexos, os materiais cerâmicos em sua maioria são


representados pelos diagramas tenários, variando em três parâmetros sendo um
deles uma temperatura fixa e os dois restantes relacionados à composição química do
mesmo.
78
FIXANDO O CONTEÚDO

1. A difusão nos sólidos pode ser utilizada como forma de tratamen¬to e melhoria de
propriedades físicas de alguns materiais. Ademais, nos processos de fabricação, mais
precisamente na etapa de solidificação, a difusão também se faz presente. Todavia
existem fatores que podem acelerar ou desacelerar a difusão quando em regime
transitório, eles são:

a) Temperatura e Coeficiente de Difusividade.


b) Gradiente de concentração e o tempo.
c) Tempo e a Constante dos Gases.
d) Temperatura e Gradiente de Difusão.
e) Temperatura e Gradiente de Concentração.

2. Complete as lacunas:

O coeficiente de ______ pode ser relacionado aa ___________ e a energia de


ativação do processo. Com base em diferentes composições __________, a energia
de ativação pode ser ______ ou _____, como é o caso de difusões intersticiais
ou de átomos menores, onde a energia de ativação é _____. No caso de difusão
______________ a energia de ativação do processo é muito mais _____ do que a
intersticial.

a) difusão – tempo – físicas – alta – alta – baixa – substitucional - baixa.


b) difusão – temperatura – químicas – alta – baixa – baixa – intersticial - alta.
c) difusão – constante – físicas – baixa – alta – baixa – substitucional - alta.
d) difusão – temperatura – químicas – baixa – alta – baixa – substitucional - alta.
e) difusão – temperatura – químicas – baixa – alta – baixa – substitucional – baixa.

3. As leis de Fick são equações utilizadas para calcular a difusão tanto em fase estática
como transitória. Sendo a primeira lei para difusão estática e a segunda transitória. A
segunda lei foi desenvolvida para satisfa¬zer a condição onde o perfil de concentração
é variável com base no tempo. A segunda lei de Fick é expressa pela Equação diferencial
abaixo:
∂C ∂2C
= −D �
∂t ∂X 2

Para calcular a segunda lei de Fick ainda é necessário definir as condições adversas de
contornos. Uma das soluções é o cálculo de concentração, expresso por:

Cs − Cx X
= erf � ( �
Cs − Co 2 Dt

Através do conhecimento da fórmula para o cálculo de concentração, assinale a


alternativa que contenha a definição dos itens componentes da expressão:
79
a) Cs = Concentração na saturação; Cx = Concentração inicial; C_o = Concentração
final; D = Coeficiente de difusividade; t = Tempo.
b) Cs = Concentração na superfície; Cx = Concentração baseada em uma distância “x”;
Co = Concentração inicial; D = Coeficiente de difusividade; t = Tempo.
c) Cs = Concentração na superfície; Cx = Concentração baseada em uma distância “x”;
Co = Concentração ótica; D = Diâmetro do Átomo; t = Tempe¬ratura.
d) Cs = Concentração na superfície; Cx = Concentração baseada em uma distância
fixa; Co = Número Atômico ou Massa; D = Coeficiente de difusividade; t = Tempo.
e) Cs = Concentração Superficial; Cx = Concentração baseada em uma distância “x”; Co
= Concentração inicial; D = Difusão Sólida; t = Temperatura.

4. Complete as lacunas no trecho abaixo:

Na _______ de um material a difusão só ocorre em materiais que tenham _______


teor de ________, isso porque a difusão precisa de um __________ de concentração
para que ocorra. Caso um material com ___ carbono seja submetido a este processo,
ocorre o inverso, onde os átomos de carbono _____ o material para a atmosfera, este
processo é chamado de ___________.

a) descarbonetação – alto – argônio – diferencial – baixo – deixam - carbonetação.


b) carbonetação – alto – hélio – diferencial – baixo – deixam - descarbonetação.
c) carbonetação – alto – carbono – diferencial – alto – deixam - descarbonetação.
d) descarbonetação – baixo – enxofre – diferencial – alto – deixam - descarbonetação.
e) carbonetação – baixo – carbono – diferencial – alto – deixam - descarbonetação.

5. Para a compreensão do estudo dos diagramas de fase é necessário a obtenção de


conhecimento acerca dos conceitos iniciais que englobam seu uso. Leia as afirmações
e assinale a alternativa correta:

Uma fase é definida como parte de um sistema completo e homogêneo, desde que
delimitado por uma fronteira.
Porque
As fronteiras delimitam as propriedades químicas e físicas de cada uma das fases
observadas.

a) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é a justificativa da primei¬ra.


b) As duas afirmações são verdadeiras e a primeira não é uma justificativa da segunda.
c) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
d) Nenhuma afirmação é verdadeira.
e) A primeira afirmação é verdadeira, mas a segunda não é sua justificativa.

6. Através dos conceitos estudados para a compreensão dos diagramas de fases,


adquire-se conhecimentos sobre diversos segmentos da ciência dos materiais. Sabendo
estes conceitos, assinale V para verdadeiro e F para falso:

( ) Microestrutura de um material é uma região delimitada, utilizada para observação


80
em um microscópio ótico (eletrônico ou varredura). Essa microestrutura pode ser
composta de uma única ou mais fases.
( ) O limite de solubilidade é a máxima condição para que uma fase possa se dissolver
em outra (solúvel). Isto é, o limite máximo que um Solvente pode dissolver-se em um
determinado Soluto.
( ) O limite de solubilidade é variável com base nas condições do ambiente em que
solvente e soluto se encontram.
( ) Diagrama de fases é uma representação gráfica de fases equilibradas, com base
em temperatura e pressão suficientes para a obtenção de determinada substância em
um estado físico da matéria (sólido, líquido e gasoso).

a) F – F – V - V
b) V – F – V - V
c) V – F – F - V
d) V – F – V - F
e) V – V – V - V

7. Os diagramas binários são representações gráficas que possuem dois componentes,


temperatura e composição química. Um dos diagramas binários mais comuns é o
diagrama eutetóide. Neles ocorre uma reação simi¬lar aos eutéticos, porém, esta
transformação acontece em estado sólido. Fazendo com que duas fases sólidas se
formem a partir de outra também sólida. Um dos exemplos mais clássicos do diagrama
eutetóide é:

a) Diagrama Fe-S.
b) Diagrama Cr-Ni.
c) Diagrama Al2O3-MgO.
d) Diagrama Cu-Zn-Al.
e) Diagrama Fe-C.

8. Diferentemente dos diagramas binários, os tenários possuem três parâmetros ou


elementos. Sendo comumente expresso em forma de uma isopleta, que se comporta
em forma de um triângulo. As isopletas são apenas uma representação em duas
dimensões, uma fatia pequena de um diagrama tenário, para otimizar sua leitura elas
possuem um parâmetro fixo, qual é esse parâmetro:

a) Pressão.
b) Tempo.
c) fase sólida.
d) Temperatura.
e) Todos os três parâmetros são fixos.
81

COMPORTAMENTO
MECÂNICO E
APLICABILIDADE DOS
MATERIAIS
82
6.1 COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

Quando submetidos a um determinado tipo de serviço, os materiais estão su¬jeitos


a diferentes esforços mecânicos. Sabendo desta informação, a ciência dos materiais
estuda e aplica diversos testes nos materiais a fim de comprovar sua aplicabilidade
sob determinadas condições. Tais testes são conduzidos em laboratórios, tentando
proporcionar dados mais reais possíveis da aplicação final para o material testado.

VAMOS PENSAR?
Você está na linha de frente de tomada de decisões de uma empresa que produz e co-
mercializa conjuntos de freio para automóveis (disco e pastilha), seu maior cliente está
insatisfeito com as manutenções e trocas recorrentes das pastilhas fornecidas. Sendo es-
sas pastilhas de um material metálico qualquer. Com base nos testes de laboratório sua
equipe estimou que o material poderia ser substituído por um material cerâmico, porém
essa substituição acarretaria em um custo de produção 10% maior, seu produto final fi-
caria 15% mais caro, mas 30% mais durável. Como você convenceria seu cliente de que a
troca vai ser benéfica para ambos os lados?

Esses testes em laboratório são feitos levando em consideração: processamento,


composição química, classificação, microestrutura e outros fatores já estudados
anteriormente. Os testes podem ser: de tração, dureza e ensaio de falhas.

6.1.1 Curva de Tensão Deformação

Sem dúvida a curva de tensão deformação é o melhor parâmetro para de-


terminar a ductilidade dos materiais. Ela é obtida através do ensaio de tração. Através
deste ensaio pode-se conhecer o limite de cargas dos materiais, uma vez que cada tipo
de material tem um limite diferente. A tração é uma força que se aplica em materiais
concentrando seu maior ponto paralelo à linha neutra do material, de forma que esta
força tende a puxar o material (tracionar), alongando-o em sua fase elástica ou plástica,
a Equação (12) expressa a forma de cálculo de forças de tração.

F
σ=
A
Onde:
F = Força aplicada (N)
A = Área da seção transversal do material (m²)
O ensaio de tração é o principal método de seleção de materiais, assim como
na caracterização das propriedades para diversas aplicações na engenharia. Nesse
ensaio existem seis principais parâmetros monitorados a fim de classificar o material
testado como sendo próprio ou não para sua aplicação, são eles: Carga Aplicada
(P), Comprimento Inicial (L0), Área Inicial (S), Comprimento Final (L), Deformação (D)
e Tensão Convencional (T). Cada ensaio de tração gera em gráfico, como mostra a
83
Figura 37, uma estatística do comportamento do material, este gráfico é chamado de
curva de deformação (ZICHELLE FILHO, 2006).

Figura 37: Curva Tensão Deformação


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

Na engenharia determina-se deformação pela relação do delta dos com-


primentos final e inicial. Essa deformação pode ser calculada com base na Equação
(13) apresentada, como:
l − l0 ∆l
ε= =
l0 l0

Onde:
l = Comprimento final (Sistema Internacional)
l0 = Comprimento inicial com carga zero (SI)

Na curva tensão deformação pode-se demarcar duas principais regiões, a região


de deformação elástica e plástica. A deformação elástica é aquela em que o material se
deforma, mas, retorna em seu estado inicial após a retirada da força, já a deformação
plástica se caracteriza pela deformação permanente do material. Interpretando o
gráfico pode-se obter e tensão de escoamento, que é a maior tensão que o material
pode receber dentro da zona elástica.
Outro ponto observado é a tensão máxima que o material pode receber, assim
como a tensão de ruptura que é o ponto onde o material falha. A área projetada pelo
gráfico é chamada de tenacidade, já a inclinação da reta pode ser chamada de região
elástica, também conhecida como módulo de Young. Este módulo determina a rigidez
do material testado, logo é um valor base para a facilidade de deformação elástica
do mesmo. A relação entre estes valores também é conhecida como a lei de Hooke,
expressa na Equação (13):
σ =E�ε

Onde:
σ = Tensão
84
E = Módulo de Young
ε =Deformação
Em suma o ensaio de tração é ideal para quantificar a ductilidade e a tenacidade
dos materiais, sendo a ductilidade caracterizada como a capacidade do material sofrer
deformação antes do seu rompimento. Já a tenacidade está relacionada ao quanto de
energia um material pode absorver antes da sua ruptura.

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• O ensaio de tração é comumente utilizado em materiais metálicos, em poucos
casos também é visto sendo realizados em polímeros. Assim como o ensaio
de tração, o ensaio de compressão gera o mesmo gráfico de tensão defor-
mação, porém este tipo é mais utilizado em materiais cerâmicos. Recomen-
da-se a leitura do Capítulo 9 “Tensão e deformação – carregamento axial"”do
livro "Estatíca e Mecânica dos Materiais", de Beer et al. (2013). Disponível em:
https://bit.ly/3qZxCia. Acesso em: 13 mar. 2021.
• Leia também a monografia “Simulação de ensaio de tração em metais utili-
zando o método dos elementos finitos”, de Zichelle Filho (2006). Disponível em:
https://bit.ly/3eRr0j9. Acesso em: 13 mar. 2021.

6.1.2 Testes de Dureza

A dureza é um dos parâmetros que determina a capacidade de um material de


resistir a deformação elástica localizada em um ponto. Estes ensaios são realiza¬dos
utilizando uma ferramenta chamada de indentador, que pode apresentar perfil
pontiagudo ou esférico. O indentador penetra a superfície do material indicando sua
dureza com base em dois parâmetros: profundidade e largura da penetração.
Os ensaios de dureza são relativamente baratos, simples de serem aplicados e
na maioria dos casos é um ensaio não destrutivo. Os ensaios não destrutivos podem
ser conceituados como práticas não destrutivas, aplicadas a peças acabadas ou
semiacabadas realizados sem danos estruturais às mesmas (SILVA JR; MARQUES, 2016).
A dureza dos materiais pode ser quantificada e classificada de acordo com:
dureza Brinell, Rockwell, Vickers e Knoop. Para a dureza Brinell o indentador é em formato
esférico (10mm), ele é forçado sobre a superfície do material. Para calcular a dureza
Brinell, utiliza-se a Equação (15):

2F
HB =
πD D − D2 − D2i

Onde:

F = Força aplicada (Kgf)


D = Diâmetro do indentador (mm)
Di= Diâmetro da impressão (mm)
HB = Dureza Brinell (Kgf/mm2)
85
Para a dureza Rockwell o indentador pode ser esférico (materiais macios) ou
cônico confeccionado em diamante (materiais duros). A penetração do indentador é
expressa pela máquina e convertida em número. Essa escala pode ser Rockwell A até
H, esse parâmetro é determinado com base nas diferentes variações dos indentadores
utilizados no processo.
Para a dureza Vickers e Knoop o indentador é em formato de pirâmide, e seu
tamanho é muito pequeno. Nesse ensaio as cargas aplicadas são mínimas, se
comparadas a Rockwell e Brinell. Para ambos os ensaios as amostras precisam ser
anteriormente preparadas metalograficamente, a superfície deve estar plana e com
o mínimo valor de rugosidade possível. Para o cálculo das durezas, as diagonais da
penetração devem ser mensuradas e posteriormente deve-se calcular utilizando a
Equação (16) e (17), para a dureza Vickers e Knoop respectivamente:

P
HV = 1,72
d2i

P
HK = 14,2
l2

Onde:
• HV = Dureza Vickers
• HK = Dureza Knoop
• P = Carga aplicada
di = Diagonais do indentador Vickers
• l = Diagonais do indentador Knoop
As durezas medidas podem ser convertidas de uma escala para a outra. Contudo
a conversão é feita de maneira empírica, levando em consideração experimentos que
foram tabelados. A Figura 38 apresenta uma escala de conversão utilizada entre os
quatro tipos de dureza existentes:
86

Figura 38: Escala de Conversão Entre Durezas


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 149)

A realização do ensaio de dureza é considerada muito importante para a


indústria. Isso porque a dureza é um parâmetro muito importante para a determinação
e comparação de diversos tipos de materiais utilizados nesse segmento, assim como
avaliar a eficácia de tratamentos térmicos realizados e testar o desgaste abrasivo
ocasionado por erosão em alguns casos.

6.1.3 Falhas Ou Fraturas

Um material falha ou fratura quando é separado em dois ou mais corpos distintos,


isso pode ocorrer devido a vários fatores, como por exemplo a aplicação de uma
tensão acima da tensão de ruptura de um determinado metal. As fraturas podem ser
classificadas em frágeis e dúcteis. A classificação delas toma como base a capacidade
que um dado material possui de se deformar plasticamente antes de se romper. Dessa
forma um material dúctil é aquele que suporta a maior deformação plástica antes de
falhar, assim como o material frágil é o inverso.
Os conceitos de ductilidade e fragilidade são bastante complexos, pois dependem
muito da aplicação e também das condições aplicadas. Ademais a fratura de um
87
material também está diretamente ligada e dependente das condições de temperatura
em que for exposto.
Para que um material seja considerado com falho ele obrigatoriamente passa
por dois estágios. No primeiro estágio existe a formação da trinca e o segundo estágio
é a propagação da trinca originada no primeiro. Classifica-se uma fratura como dúctil
ou frágil de acordo com a propagação da trinca no material. Em fraturas dúcteis as
trincas ocasionam áreas vizinhas com bastante deformação plástica, isso porque a
propagação da trinca nesse caso ocorre de maneira estável e lenta. Já nas fraturas
frágeis a trinca se propaga muito rapidamente, por se tratar de uma propagação
instável que não causa quase nenhuma deformação plástica em sua vizinhança.
Para caracterizar o comportamento de uma fratura realiza-se o teste de impacto,
esquematizado na Figura 39. Esse teste é de caráter destrutivo, ou seja, são testes
realizados em produtos acabados ou semiacabados, novos ou usados com o intuito
de avaliar propriedades físicas dos materiais. São ensaios com capacidade destrutiva
e, por isto, são utilizados corpos de prova preparados a partir do material de análise,
sendo esses corpos inutilizados após o processo.

Figura 39: Escala de Conversão Entre Durezas


Fonte: Shackelford (2008, p. 174)

Como ilustrado pela Figura 39, a execução do teste de impacto é simples, o corpo
de prova preparado é fraturado por meio de um pêndulo. Para o cálculo da energia
gerada no impacto, realiza-se o delta entre as alturas final e inicial.
Através do ensaio de impacto se pode determinar a curva de transição dúc¬til-
frágil. Essa curva é a representação da temperatura onde existe a mudança de fratura
dúctil para frágil. O ensaio de impacto é realizado em temperaturas diferentes, com os
dados obtidos monta-se a curva esquematizada na Figura 40.
88

Figura 40: Curva de Transição Dúctil-Frágil


Fonte: Elaborado pela Autora (2021)

6.1.4 Fadiga

A fadiga é o termo que descreve a falha de um material em consequência de


esforços cíclicos, com tensões mais baixas do que a tensão de escoamento. A fadiga
é descrita por três etapas, : sendo que na primeira etapa ocorre a nucleação da trinca,
localizada na maioria das vezes na superfície do material. A trinca se propaga na etapa
seguinte, seguindo da superfície para o interior do material, e, por último ocorre a ruptura
do material.

6.1.5 Fluência

A fluência é o termo que descreve a falha de um material em dada carga e


temperaturas constantes. Já o ensaio de fluência é caracterizado como um ensaio
destrutivo, onde o corpo de prova é submetido a uma carga constante dentro de um
ambiente com alta temperatura. A medição deste ensaio gera um gráfico chamado
curva de fluência, que expressa a deformação do material em função do tempo, como
na Figura 41:

Figura 41: Curva de Fluência


Fonte: Callister Jr. e Rethwisch (2021, p. 214)
89
Como na fadiga a fluência também possui três estágios, sendo que no primeiro
ocorre uma fluência contínua e decrescente. No segundo estágio ocorre o regime
estacionário, também chamada de região estável, onde a taxa de deformação se
comporta como constante. Por fim, a região instável onde o material falha. A falha do
material ocorre devido a formação de trincas e também de separação dos contornos
dos grãos, isso faz com que vazios se formem na estrutura levando ao rompimento.

6.2 PROPRIEDADES TÉRMICAS, MAGNÉTICAS E ÓPTICAS DOS MATERIAIS

De acordo com a classificação de cada material espera-se um comporta-mento


diferente, isto é, materiais metálicos, poliméricos, cerâmicos, compósitos e outros,
possuem propriedades muito diferentes uns dos outros. Por este motivo, cada um dos
materiais dos grupos citados é aplicado em situações diferentes na engenharia, na
indústria, manufatura e outros segmentos.
As propriedades térmicas de um material estão relacionadas à resposta a um
estímulo térmico, ou seja, resposta ao aumento ou diminuição da temperatura do meio
em que ele está inserido. Já as propriedades magnéticas estão relacionadas com a
resposta quanto a aplicação de campos magnéticos. As propriedades ópticas estão
ligadas às respostas desse material sob a incidência de luz.

6.2.1 Propriedades dos Metais

Como já estudado, os materiais metálicos caracterizam-se pela presença de


grandes quantidades de elétrons livres em sua superfície. Esses elétrons são ótimos
meios de transmissão e propagação de temperatura e calor. Por causa dessa condição,
os materiais metálicos são ótimos condutores de temperatura e calor. Essa condição é
chamada de capacidade calorífica.
Além das características térmicas, os elétrons livres também são os responsáveis
por configurarem aos metais a boa condutibilidade elétrica. Normalmente ambas as
propriedades são proporcionais, onde metais que possuem alta propagação térmica,
também possuem alta propagação elétrica.
São materiais opacos, refletivos e a cor é determinada pelo comprimento de
onda da incidência de luz sobre sua superfície, que é refletida por ela e não absorvida.
Os metais com coloração “esbranquiçada” como o Ag, Zn, Al e Pt refletem quase que a
mesma quantidade de luz incidida sobre eles. Para metais com coloração avermelhada,
os fótons que possuem comprimento pequeno são absorvidos enquanto as ondas
maiores são refletidas. Quando um metal é polido, isso otimiza sua capacidade de
reflexão.
Quanto a suas propriedades mecânicas, os metais são considerados muito
resistentes, podendo suportar altas cargas de tração e compressão, quanto dureza eles
são bem resistentes, possuem altas taxas de resistência à fadiga e fluência. Isso os
torna bastante versáteis para aplicações distintas.

6.2.2 Propriedades dos Polímeros

Os materiais poliméricos se destacam devido a vasta gama de propriedades


90
que possuem. Cada um dos grupos de polímeros possui suas propriedades distintas,
fazendo com que este seja um material muito versátil para aplicações no dia a dia
da engenharia, indústria, etc. As propriedades dos polímeros variam conforme sua
natureza, processamento e técnica de polimerização ao qual foram submetidos.
A condutibilidade térmica dos polímeros é baixa, se comparado aos metais. Essa
característica dificulta seu processamento, limitando taxas de aquecimento para que
o polímero possa ser plastificado. Além disso o baixo fator de condutibili-dade pode
causar uma não-uniformidade na temperatura, ou seja, ela não é conduzida igualmente
por toda a estrutura polimérica, isso pode causar seu encolhimento.
Os polímeros no geral não são bons condutores elétricos, pois essa propriedade está
diretamente ligada a condução térmica do material. Contudo existe um grupo específico
de polímeros chamado de polímeros condutores. Esses polímeros sofrem adição de
iodo, fazendo com que sua condutibilidade elétrica aumente significativamente.

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Os polímeros condutores foram descobertos por volta de 1977, pelo estudioso
MacDiarmid que observou que a adição de iodo no poliacetileno aumentava
significativamente a condutibilidade térmica do material. Contudo, os polímeros
modificados não apresentavam estabilidade para resistir as condições do maio
ambiente. Recomenda-se a leitura da tese “Estudo das propriedades eletroquí-
micas e magnéticas do poliporrol” de Marchesi (MARCHESI, 2010). Disponível em:
https://bit.ly/2P7Cncc. Acesso em: 28 fev. 2021.

São materiais que permitem a passagem da luz através das moléculas que
compõem o material, porém devido a sua variedade extensa alguns polímeros podem
permitir menos ou mais passagem de luz por sua estrutura.
Os polímeros são materiais muito resistentes e possuem baixa densidade, o que
configura a eles uma leveza se comparado aos demais materiais, contudo a maioria
deles não suportam bem as mesmas cargas em altas temperaturas. Em resumo, os
materiais poliméricos perdem propriedades ao serem expostos a uma determinada
temperatura.

6.2.3 Propriedades dos Cerâmicos

Ao contrário dos materiais metálicos, os materiais cerâmicos possuem poucos


elétrons livres. Dessa forma esses materiais tornam-se péssimos condutores térmicos
e consequentemente elétricos. Devido a sua baixa capacidade de condução de calor
e temperatura os materiais cerâmicos são comumente utilizados como refratários. A
refratariedade é a capacidade de um material resistir altas temperaturas, sem propaga-
las ou propagando muito pouco essa energia.
Além disso, as cerâmicas tornam-se mais resistentes quando submetidas a altas
temperaturas. O seu ponto de fusão é extremamente alto, podendo variar de 2.500
até 4.200 graus Celsius. Os materiais cerâmicos possuem alta dureza, mas também
uma alta fragilidade. O custo de produção de materiais cerâmicos é muito baixo se
comparados aos custos envolvendo os metais e os polímeros.
91
6.2.4 Propriedades dos Compósitos

As propriedades físicas dos materiais compósitos dependem das propriedades


observadas em cada material utilizado em sua fabricação. Como já estudado, esses
materiais são a combinação de outros materiais existentes, a fim de possuir em um
único materiais, propriedades relevantes de dois ou mais materiais selecionados.
Além disso, as propriedades dos compósitos também variam conforme a
configuração de sua fase dispersa, a distribuição, orientação e a compatibilidade que
as fases constituintes do compósito possuem entre si.

6.3 APLICABILIDADE DOS MATERIAIS

As aplicações dos materiais devem ser realizadas obedecendo suas características


e propriedades, por exemplo, não se veem pontes construídas de materiais cerâmicos
ou não é comum aplicar polímeros como materiais refratários. Cada material possui
sua característica física e por isso deve ser utilizado com base nelas.
Os materiais metálicos são muito versáteis, devido à grande variedade das ligas
metálicas. Os metais estão presentes principalmente na indústria, são empregados
em construções, equipamentos, chassis e estruturas de automóveis, linhas férreas,
componentes elétricos, utensílios domésticos, ferramentas, itens de adorno (alianças,
cordões, relógios, etc), embalagens de alimentos, baterias de alto desempenho
(chumbo), pilhas e baterias comuns (zinco), lâmpadas e termômetros (mercúrio).
Os metais estão presentes em quase todos os objetos e construções que cercam as
pessoas.
Os polímeros são mais conhecidos popularmente como plásticos. Esses
materiais também possuem uma grande versatilidade e variedade, por isso, podem
ser empregados também em diversos segmentos. Esses materiais possuem a grande
vantagem de raramente serem afetados por ácidos, bases ou intempéries atmosféricas.
Sua aplicação varia de embalagens de alimentos, vestimentas, componentes de veículos,
utensílios domésticos, borrachas (no geral), encanamentos (PVC), vedações, itens de
estética (óculos, pulseiras, etc), colchões e travesseiros, componentes mecânicos,
isolantes, e outras aplicações.
Os materiais cerâmicos são muito conhecidos por sua alta capacidade isolante,
ou seja, possuam baixa condutibilidade térmica e elétrica. Por esse motivo esses
materiais podem ser comumente empregados em fornos industriais como isolantes
térmicos, revestimento de ônibus espaciais para proteger passageiros e componentes
internos, no setor automotivo como pastilhas e discos de freio, isolantes eletrônicos, na
construção civil como tijolos, azulejos, pisos, lajes, telhas e em também em embalagens
de alimentos (vidro).
Os compósitos são os materiais que permitem a combinação de duas ou mais
propriedades de suas fases, isso faz com que esses materiais sejam aplicados em
diversos segmentos, como por exemplo o setor automotivo, onde as fibras de carbono
e vidro são aplicadas na produção de componentes para os veículos. Outra aplicação
bastante comum é na fuselagem de aviões, pois os compósitos configuram a eles a
leveza e resistência necessária para os esforços sofridos.
92
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Os compósitos revolucionaram a ciência dos materiais, isso porque eles são
capazes de atender requisitos pré-definidos que materiais simples não podem
atender. Com isso os métodos de manutenção de algumas estruturas e equipa-
mentos estão mudando, fazendo com que sejam mais eficazes, baratos e tam-
bém mais duráveis. Recomenda-se a leitura do artigo “Os Compósitos e a sua
aplicação na Reabilitação de Estruturas metálicas”, de Ventura (2009). Disponível
em: https://bit.ly/3vHo8LI. Acesso em: 28 fev. 2021.

6.4 RECICLABILIDADE DOS RESÍDUOS GERADOS PELOS MATERIAIS

Existe no Brasil uma Lei Federal que estabelece uma ordem de produção, descarte
e gerenciamento de resíduos sólidos gerados, essa Lei é a 12.305, de 2 de Agosto de 2010.
O conceito dos 3R (Reduzir, Reusar, Reciclar) está descrito por esta lei. Através dessa
ordem, espera-se criar um consumo sustentável para evitar ao máximo a geração de
resíduos, assim reduzindo os impactos causados ao meio ambiente.
A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), classifica resíduo como “[...] todo
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade [...]” (BRASIL, 2010, art. XVI). A resolução CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
275 (2001) classifica os resíduos, assim como traz as diretrizes sobre a coleta seletiva,
onde são estabelecidos padrões de cores para identificação dos diferentes tipos de
resíduos, conforme o Quadro 4.

Cor Resíduo
Azul Papel/Papelão
Vermelho Plástico
Verde Vidro
Amarelo Metal
Preto Madeira
Laranja Resíduos Perigosos
Branco Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
Roxo Resíduos radioativos
Marrom Resíduos orgânicos
Cinza Resíduos não-recicláveis, misturados, ou contaminados
não passíveis de separação
Quadro 4: Classificação de Resíduos para Coleta Seletiva
Fonte: Conselho Nacional de Meio Ambiente (2001)

Dessa forma, cabe a indústria produtora de insumos (materiais), gerenciar,


reduzir e reciclar os resíduos gerados a partir da fabricação, aplicação e descarte de
todo e qualquer material metálico, polimérico, cerâmico, compósito, semicon-dutores
ou biomateriais.

6.4.1 Reciclabilidade dos Materiais Metálicos


93
Os metais podem ser divididos em dois grupos, ferrosos e não ferrosos. Contudo
para reciclagem eles são divididos entre alumínio e os demais, isso principalmente pelo
valor do alumínio e também pelo alto volume de geração dos outros metais.
O processo de fabricação dos materiais metálicos baseia-se na redução de
minério de ferro e adição de outros elementos. Contudo, a primeira etapa de reciclagem
dos metais pode se iniciar ainda na fase de produção. Durante o processo de redução de
alguns materiais, pode-se adicionar sucatas e resíduos, desde que possuam a mesma
composição do material fabricado.
Os materiais metálicos podem ser primários ou secundários, eles recebem o título
de primário quando originam-se apenas de minério. Já os metais secundários são os
produzidos a partir da adição de sucata, ou até mesmo somente de sucatas geradas
por outras aplicações.
Com o aço, por exemplo, que é um material proveniente da redução de minério
de ferro, o processo de reutilização de sucatas pode trazer grandes benefícios. Uma vez
que as sucatas de aço já possuem a concentração desejada para o material, gerando
uma economia de insumos para a produção deste metal.
Quando os materiais metálicos são produzidos sem o emprego de resíduos, deve-
se adicionar elementos até que a composição esteja igual a composição do metal final,
isto é, um processo com maior custo se comparado a utilização de sucata de metais.
Normalmente nas indústrias siderúrgicas, que são as maiores produtoras de material
metálico, existem os pátios chamados de “pátios de sucata”, para onde são destinados
todos os resíduos gerados pelo seu processo. Nesses pátios as sucatas são separadas
para futuros usos.
Fora das indústrias o metal mais almejado pelos comerciantes de sucata são
as latinhas de alumínio, isso devido o alto valor de compra e venda desse metal. O
material é recolhido, comercializado para os grandes centros de distribuição de sucata
e posteriormente enviado para as fábricas de sucateamento, que fazem o processo de
separação, destinação, fusão e depois fabricação de novos produtos.

6.4.2 Reciclabilidade dos Materiais Cerâmicos

Os materiais cerâmicos são classificados em vidros e outros. Sendo o outros a


classificação que comporta os resíduos gerados pela construção civil. Nessa classificação
os vidros possuem 100% de reciclabilidade, isto é, são totalmente recicláveis.
A reciclagem do vidro é feita por fusão, onde o material é introduzido em novos
processos de fabricação do vidro, assim como na reciclagem dos materiais metálicos.
Isso reduz o custo de matéria-prima para a produção de novos materiais vítreos. Além
disso, a utilização de vidro reciclado nos processos de fabricação reduz a energia gasta,
sendo essa redução de 2,5 até 10% (VILHENA; D’ALMEIDA, 2002).
O vidro reciclado possui duas classificações, refugo quando é proveniente dos
próprios processos internos da indústria produtora, e externo, que é o vidro proveniente
de vários processos externos, como a coleta seletiva, comércio de produtos recicláveis
e outros.
Além do processo de fabricação de novos produtos, o vidro reciclado possui
também outras funções, como: material abrasivo, de enchimento, matéria prima para
a produção de fritas cerâmicas, confecção de tijolos de vidro, fabricação de lã de vidro,
etc.
94
Os resíduos provenientes da construção civil, também recebem a denominação
“entulho”. São os resíduos gerados pela construção, reforma, demolições, reparos, obras
e afins. Esses resíduos são coletados e destinados para separação, pois na maioria das
vezes estão contaminados com outros tipos de resíduos.
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (2002) classifica os resíduos da construção
civil de acordo com a Resolução 307, como mostra o Quadro 6:

CLASSE Descrição
A São os resíduos recicláveis, como: concreto, tijolos, argamassas,
revestimentos variados, solo de terraplanagem, outros.
B São os resíduos recicláveis que não estão na CLASSE A, como os
plásticos, metais, papelões, madeira, vidro, embalagens, outros.
C São os resíduos sem processos de reciclagem, ou seja, não são reu-
tilizados. Um exemplo clássico é o gesso.
D São os resíduos classificados como perigosos, como tintas, sol-
ventes, óleos, graxas, outros. Também se enquadram nessa classe
resíduos contaminados, como demolições ou reparos em clínicas
de radiologia, indústrias e qualquer material confeccionado em
amianto.
Quadro 5: Classificação de Resíduos da Construção Civil
Fonte: Conselho Nacional de Meio Ambiente (2002)

A classe mais interessante dos resíduos provenientes da construção civil são os


de classe B, que comportam polímeros ou metais em sua grande maioria. Em segundo
lugar estão os resíduos de classe A, que compõem o agregado, mas antes precisam ser
submetidos a um preparo.

6.4.3 Reciclabilidade dos Materiais Poliméricos

Os materiais poliméricos podem ser classificados como termifixos e termoplásticos,


onde apenas os termoplásticos podem ser reciclados. Termofixos são em média 20% dos
polímeros utilizados, enquanto os 80% restantes são os termoplásticos. Os termoplásticos
ainda podem ser quantificados em seis tipos: polietileno de baixa densidade (PEBD),
polietileno de alta densidade (PEAD), poli-propileno (PP), Poliestireno (PS), poli-cloreto
de vinila (PVC) e poli-tereftalato de etileno (PET).
A reciclagem dos polímeros inicia na classificação e triagem dos mesmos, essa
triagem destina o polímero para processo de reciclagem químico ou mecânico. A Figura
42 apresenta um fluxograma da gestão dos resíduos poliméricos:
95

Figura 42: Gestão e Destinação de Resíduos Poliméricos


Fonte: Jorge (2015, p. 09)

Ainda na triagem os polímeros passam por outra separação, levando em


consideração o tipo de resina, cor, processo de fabricação (extrusão, sopro, injeção,
etc.). No território brasileiro o processo mecânico é o mais comumente usado, suas
etapas estão ilustradas na Figura 43:

Figura 43: Processo de Reciclagem Mecânico


Fonte: Jorge (2015, p. 09)

Os plásticos passam por uma moagem, em um moinho com lâminas rotati-vas.


Na saída do moinho existe uma peneira que controla a saída do material picotado,
depois lava-se o insumo em banho aquecido de detergente, outra lavagem para
remoção do detergente e por fim a secagem.
96
Depois disso, o plástico é enviado para a etapa mecânica, onde ocorre a extrusão.
Essa extrusão tem como objetivo homogeneizar todo o material em uma única mistura.
Nessa etapa pode-se caracterizar o material com cores, aditivos e demais produtos
para atender a especificação do produto final. A extrusão, no entanto, não produz
novos produtos, apenas o insumo utilizado posteriormente para os produtos finais em
processos de fabricação específicos.
97

FIXANDO O CONTEÚDO

1. Em um gráfico tensão deformação pode-se explicar a reta de acordo com a lei de


Hooke. A inclinação da reta é dada por um módulo, que representa a propriedade de
rigidez a deformações elásticas do material. Quanto maior o valor deste módulo, maior
será a tensão aplicada para deformar este material em sua zona elástica. O texto retrata
a descrição do

a) Módulo de Tensão Máxima.


b) Módulo de Young.
c) Módulo de Tensão Elástica.
d) Módulo de Tensão Plástica.
e) Módulo de Hooke.

2. Os ensaios realizados nos materiais são ideais para determinar certos comportamentos
em situações normais e anormais de trabalho, quando aplicados em alguma função
esses materiais estão sujeitos à forças e tensões que devem ser mensuradas e
calculadas antes da aplicação final de cada material. Existe um teste específico para
determinar a ductilidade de cada material, esse teste é mais comumente realizado em
materiais metálicos. O texto refere-se a

a) Ensaio de Dureza.
b) Ensaio de Impacto.
c) Ensaio Metalográfico.
d) Ensaio de Tensão deformação.
e) Ensaio de Tração e Compressão.

3. Os ensaios de dureza são os responsáveis por mensurar a resistência à deformação


plástica em uma superfície. Ele é realizado utilizando uma ferramenta chamada
indentador, que pode ser de perfil circular, cônico ou piramidal. Esse ensaio possui quatro
classificações, vari¬ando conforme metodologia, aplicação e tipo de indentador. Os
ensaios de dureza classificam-se em quatro tipos:

a) Dureza Brinell, Rockwell, Vickers e Knoop.


b) Nenhuma das alternativas.
c) Dureza Brinell, Rockwell, Vickers e Hooke.
d) Dureza Brindell, Rock, Vickers e Knoop.
e) Dureza Brinell, Rockwell, Vicking e Knoop.

4. A dureza Brinell é realizada com um indentador de formato esférico, esse pode medir
até 10mm de diâmetro. Ele é forçado contra a superfície do material a ser testado. Para
calcular a dureza Brinell, utiliza-se a equação:
98
2F
HB =
πD D − D2 − D2i

Onde:
F = Força aplicada (Kgf)
D = Diâmetro do indentador (mm)
Di= Diâmetro da impressão (mm)
HB = Dureza Brinell (Kg/mm2)

Uma amostra de um material qualquer foi submetida a um teste de dureza Brinell, o


indentador possuía 2,5 mm de diâmetro, a carga aplicada foi de 187,5 kgf e a medida da
impressão sobre a superfície foi de 1 mm. Com base nos dados pede-se, qual a dureza
do material em escala Brinell?

a) HB = 225.
b) HB = 217.
c) HB = 227.
d) HB = 22,7.
e) HB = 27,2.

5. No ensaio de dureza Vickers e Knoop são utilizados indentadores piramidais muito


pequenos, quando comparada a dureza Brinell ou Rockwell, tanto a Vickers quanto a
Knoop exercem forças muito pequenas e por isso existe a necessidade de preparação
do corpo de prova, que deve ser o mais plano e possuir a menor rugosidade possível.
Para calcular as durezas Vickers e Knoop utilizam-se as fórmulas:

Onde:
HV = Dureza Vickers
HK = Dureza Knoop
P = Carga aplicada
di = Diagonais do indentador Vickers
l = Diagonais do indentador Knoop

Uma amostra de um material qualquer foi submetida aos testes de dureza Vickers e
Knoop, em ambos os casos foi aplicada uma carga de 10,5 kgf e a medida das diagonais
dos indentadores foi: 2,5 mm para Vickers e 1,5 para Knoop. Com base nos dados pede-
se, qual a dureza do material em cada uma das escalas?

a) HV = 6,9 e HK = 99,5.
99
b) HV = 7,0 e HK = 100,0.
c) HV = 3,0 e HK = 65,0.
d) HV = 2,9 e HK = 66,3.
e) Nenhuma das alternativas.

6. Para que um material venha a falhar é necessário que o mesmo passe por duas
etapas. Na primeira etapa existe a formação da trinca e a segunda é a propagação da
trinca originada pela primeira. Uma fratura como dúctil ou frágil é classificada conforme
a propagação da trinca no material. Dentro desse conceito, complete as lacunas.

Em fraturas _____ as trincas ocasionam áreas vizinhas com bastante


deformação______, isso porque a propagação da trinca nesse caso ocorre de maneira
______ e _____. Já nas fraturas ______ a trinca se propaga muito rapidamente, por
se tratar de uma propagação ________ e não causar quase nenhuma deformação
______ em sua vizinhança.

a) dúcteis – plástica – estável – lenta – frágeis - instável - elástica


b) frágeis – plástica – estável – lenta – dúcteis - instável - plástica
c) dúcteis – elástica – estável – rápida – frágeis - instável - plástica
d) dúcteis – plástica – estável – rápida – frágeis - instável - plástica
e) dúcteis – plástica – estável – lenta – frágeis - instável - plástica

7. A fadiga ocorre através da aplicação de tensões menores do que as tensões de


ruptura dos materiais, variando ciclicamente entre a tensão máxima e mínima. Esse
processo faz com que o material tenha um aumento de temperatura localizado,
levando-o posteriormente à falha. A fadiga pode ser dividida em três principais etapas,
são elas:

a) nucleação da trinca, propagação da trinca da superfície para o interior do material


e falha.
b) nucleação da trinca, propagação da trinca do interior para a superfície do material
e falha.
c) nucleação da trinca, regressão da trinca da superfície para o interior do material e
falha.
d) nucleação da trinca, regressão da trinca do interior para a superfície do material e
falha.
e) Nenhuma das alternativas.

8. As propriedades dos materiais são importantes para a seleção e aplicação


dos mesmos, elas podem ser: propriedades térmicas, magnéticas e ópticas. Tais
propriedades são respostas a estímulos diversos por ele sofri¬dos, de acordo com a
literatura esses estímulos para as propriedades térmicas, magnéticas e ópticas são
respectivamente:

a) aumento ou redução de temperatura, aplicação de campo tensão e incidência de


luz.
100
b) somente aumento de temperatura, aplicação de campo elétrico e incidência de luz.
c) aumento ou redução de temperatura, aplicação de campo magnético e incidência
de luz.
d) aumento ou redução de temperatura, aplicação de campo magnético e refração.
e) aumento ou redução de temperatura, exposição a eletricidade e incidência de luz.
101
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 C

UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 D

UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 E
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 D
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei Nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional
e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.
Brasília, DF: Senado Federal, [1966]. Disponível em: https://bit.ly/3isX3Ei. Acesso em: 25
jul. 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988. Leis


Contitucionais. Brasília, DF: : 05 [s. n.], [1988]. Disponível em: https://bit.ly/2XvTpSJ. Acesso
em: 30 jul. 2020.

BRASIL. Lei complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos
Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias
e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, e dá outras providências. (LEI KANDIR). Brasília, DF: 13 [s. n.], [1996].
Disponível em: https://bit.ly/3ci8bTE. Acesso em: 15 fev. 2020.

BRASIL. Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Senado
Federal, [2002]. Disponível em: https://bit.ly/3jypZw9. Acesso em: 26 jul. 2020.

CAPARROZ, R. Direito Tributário Esquematizado. 4. ed. São Paulo : Saraivajur, 2020. 784 p.

CHIMENTI, R. C. Coleção Sinopses Jurídicas - Direito Tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva,
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MACHADO SEGUNDO, H. D. B. Código Tributário Nacional. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 584
p.

PAULSEN, L. Curso de Direito Tributário Completo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

SABBAG, E. Série Método De Estudo Oab - Direito Tributário. 1ª. ed. Rio de Janeiro : Método,
2016. 288 p.

SABBAG, E. Direito Tributário Essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Método, 2019. 376 p.
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