Você está na página 1de 5

PROJUDI - Processo: 0000164-80.2015.8.16.0013 - Ref. mov. 108.

1 - Assinado digitalmente por Soraya Aguida Brandao de Proenca


18/05/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. Arq: Petição

Soraya Águida Brandão de Proença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
OAB/PR 72.365

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSLJ A3QSH WNWRN APU5B


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL
DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA -
ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº 0000164-80.2015.8.16.0013

CLEVERSON DOS SANTOS FERREIRA, já qualificado


nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por
intermédio de sua advogada infra-assinada, com fulcro 403 § 3º, do Código de
Processo Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, conforme fatos e fundamentos a
seguir expostos.

1. ESCORÇO PROCESSUAL

Cleverson dos Santos Ferreira foi denunciado pelo


cometimento, em tese, do crime previsto no art. artigo 157, § 2º, inciso I, II e V, do
Código Penal e artigo 329, caput, do Código Penal.

Ouvidas as testemunhas de acusação, defesa e os


acusados, a audiência fora encerrada.

Após o Ministério Público do Paraná em suas alegações


requereu a IMPROCEDÊNCIA do feito pra assim ABSOLVER os acusados, nos
termos do art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.

Rua Mateus Leme nº 762 - Curitiba-Paraná


(41) 3040-6700/9971-4294
PROJUDI - Processo: 0000164-80.2015.8.16.0013 - Ref. mov. 108.1 - Assinado digitalmente por Soraya Aguida Brandao de Proenca
18/05/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. Arq: Petição

Soraya Águida Brandão de Proença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
OAB/PR 72.365

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSLJ A3QSH WNWRN APU5B


2. DO DIREITO
2.1 ABSOLVIÇÃO PELO ART. 386, VII DO CÓDIGO DE PROCESO
PENAL.

O réu deve ser absolvido, pois não existem nos autos


provas suficientes para sua condenação. É esta a posição do próprio Ministério
Público, que originalmente havia oferecido a denúncia e ao longo da ação penal
reconheceu a impossibilidade de condenar o réu. O principal elemento para a
absolvição é o confuso e contraditório depoimento da suposta vítima. O argumento do
Parquet é irretocável:

“Além disso, uma das principais questões a serem levantadas é


referente à abordagem contra a vítima, por parte do indivíduo
conhecido como Vagner Augusto de Matos, vez que Caiubi
Moreira afirmou não saber como o indivíduo adentrou em seu
veículo, bem como não soube precisar o momento em que os
outros acusados entraram no veículo, pois quando percebeu
estes já estavam no carro. Além disso, a vítima alegou que na
data dos fatos estava voltando de uma viagem de
Paranaguá/PR, porém estava sem qualquer documentação,
bem como sem dinheiro, o que causa, no mínimo, certa
estranheza em sua versão dos fatos. Ademais, a vítima afirma
inicialmente que estava no posto abastecendo sua camionete,
e posteriormente, ao esclarecer questionamentos da defensora
dos réus, muda sua versão, falando que estava no posto
apenas para deixar seu sócio, o qual havia deixado o veículo
no local. Ainda, a vítima é imprecisa quanto ao local que
ocupava no veículo durante a prática delituosa, em juízo a
princípio deu a entender que após a abordagem do réu dirigia o
veículo sob a instrução deste, posteriormente que cedeu a
direção para o mesmo, ocupando o banco do passageiro, e por
fim, alega que se encontrava no banco traseiro do veículo
quando chegaram ao posto para abastecer.”

Rua Mateus Leme nº 762 - Curitiba-Paraná


(41) 3040-6700/9971-4294
PROJUDI - Processo: 0000164-80.2015.8.16.0013 - Ref. mov. 108.1 - Assinado digitalmente por Soraya Aguida Brandao de Proenca
18/05/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. Arq: Petição

Soraya Águida Brandão de Proença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
OAB/PR 72.365

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSLJ A3QSH WNWRN APU5B


Resta claro que a suposta vítima está completamente
perdida em seu depoimento, buscando macular a verdade e tentando esconder de sua
família e de seu meio social que é usuário dependente de crack.

O que de fato aconteceu foi que, diante de todo o


ocorrido – sobretudo o lamentável desfecho policial –, restou à suposta vítima inventar
a história do roubo (totalmente inconsistente) para esconder de seus familiares, e
inclusive da polícia (que assassinou um dos integrantes do automóvel), que estava
consumindo drogas com pessoas de diferente classe social e – a seu ver – com
péssimos antecedentes.

Tratou-se, portanto, de malfadado movimento para


dissimular a realidade, que ora vem à tona.

Quanto à acusação pelo delito de resistência, é válido


destacar o posicionamento da respeitável Promotora de Justiça:

Como narrado, Vagner Augusto de Matos era quem


dirigia o veículo, e quando este foi atingido pelos policiais
militares, os réus não se opuseram à execução do ato
legal. Constou da exordial que os denunciados efetuaram
disparos de arma de fogo contra os policiais militares,
fato este que também não restou devidamente
comprovado nos autos [...]

Destarte, fica comprovado que o réu não incorreu na


prática de resistência, pois quem dirigia o automóvel era Vagner, o qual somente
adentrou a praça, passando pelo cerco policial, após ser atingido mortalmente, o que
fez com que o veículo se mantivesse desgovernado.

Tendo em vista ser o conjunto probatório pífio para o


embasamento de uma sentença condenatória, deve a íntima convicção do julgador se

Rua Mateus Leme nº 762 - Curitiba-Paraná


(41) 3040-6700/9971-4294
PROJUDI - Processo: 0000164-80.2015.8.16.0013 - Ref. mov. 108.1 - Assinado digitalmente por Soraya Aguida Brandao de Proenca
18/05/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. Arq: Petição

Soraya Águida Brandão de Proença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
OAB/PR 72.365

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSLJ A3QSH WNWRN APU5B


apoiar em dados objetivos indiscutíveis. Caso contrário, transforma o princípio do livre
convencimento em arbítrio. É este o ensinamento de Heleno Claudio Fragoso:

"Não é possível fundar sentença condenatória em prova


que não conduza à certeza. É este um dos princípios
basilares do processo penal em todos os países
democráticos. Como ensina o grande mestre Eberhardt
Schmidt (Deutsches Strafprozessrecht, 1967, 48),
constitui princípio fundamental do Processo Penal o de
que o acusado somente deve ser condenado, quando o
juízo, na forma legal, tenha estabelecido os fatos que
fundamentam a sua autoria e culpabilidade, com
completa certeza. Se subsistir ainda apenas a menor
dúvida, deve o acusado ser absolvido. A condenação
exige a certeza e não basta, sequer, a alta probabilidade,
que é apenas um juízo de incerteza de nossa mente em
torno à existência de certa realidade" (Jurisprudência
Criminal, vol. 2, ed. José Bushatsky, 1979, págs.
806/808).

Assim, a ausência de provas já se faz suficiente para a


absolvição. Entretanto, neste caso, deve este ilustre Magistrado levar em conta o
instituto constitucional do “in dubio pro reo”, regra esta exposta no art. 5º, inciso LVII
da Constituição Federal.

Neste mesmo sentido vai o entendimento do Tribunal de


Justiça do Paraná:

“Em respeito ao princípio do in dubio pro reo é de se


manter a absolvição do recorrido se o conjunto probatório
é frágil e há fundadas dúvidas quanto à autoria do delito”
(Apelação Crime nº 1.264.524-4, TJPR, 3ª Câm. Crim.,
rel. Des. Rogério Kanayama, j. 23.10.2015).

Rua Mateus Leme nº 762 - Curitiba-Paraná


(41) 3040-6700/9971-4294
PROJUDI - Processo: 0000164-80.2015.8.16.0013 - Ref. mov. 108.1 - Assinado digitalmente por Soraya Aguida Brandao de Proenca
18/05/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS. Arq: Petição

Soraya Águida Brandão de Proença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
OAB/PR 72.365

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSLJ A3QSH WNWRN APU5B


Por fim, após entender o enredo em que se deram os
fatos, é preciso concordar com o representante do parquet no sentido de absolver o
réu nos termos do art. 386, VII do Código de Processo Penal, pois esta é a medida
justa a ser aplicada. Ainda, o conjunto probatório é insuficiente para um decreto
condenatório, bem como, não existem provas de ter o acusado concorrido para a
infração penal, como restou comprovado.

3. DO PEDIDO

Ante o exposto e por tudo o mais que será suprido


pelo notório conhecimento jurídico e senso de justiça de Vossa
Excelência, requer-se:

A. A absolvição do réu, nos termos do art. 386, VII, do Código de


Processo Penal, julgando-se improcedente a presente ação penal;

B. A expedição de alvará de soltura em favor de Cleverson dos


Santos Ferreira.

Termos em que respeitosamente espera deferimento.

Curitiba, 18 de maio de 2015.

_________________________________ _____________________
SORAYA A. BRANDÃO DE PROENÇA FERNANDA VARGAS
OAB Nº 72.365/PR BACHAREL EM DIREITO

Rua Mateus Leme nº 762 - Curitiba-Paraná


(41) 3040-6700/9971-4294

Você também pode gostar