Aula 1º

O que é o estágio supervisionado?

Importância, função e elementos
constitutivos
Olá, alunos(as)!
Iniciamos a primeira aula desta disciplina, a qual traz, como abordagem,
a discussão sobre a importância e a função do estágio para a sua formação
profissional, visto que é através do estágio que vivenciarão o cotidiano escolar do
qual farão parte após a conclusão acadêmica.
É pela inserção do aluno aprendiz no espaço da sala de aula, no exercício pleno
da prática docente que as atividades habituais do professor têm a oportunidade de
se superar, tornando-se especiais. Nesse sentido, o estágio deixa de ser atividade
meramente formal, a ser cumprida, para se constituir em verdadeiro aprendizado.
Uma vez reconhecida a importância, reconhece-se, também, a relevância de
proporcionar ao aluno a vivência em situação real do exercício profissional.
O desenvolvimento do Estágio Supervisionado, como espaço de aprendizado,
requer compromisso e postura investigativa, o que implica em rigor metodológico
e cumprimento das etapas exigidas para o seu desenvolvimento.
Esperamos, então, que tenhamos uma caminhada cheia de arte,
proporcionadora de novos e relevantes conhecimentos.

Vamos aos estudos...

Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• definir o que é estágio;

• compreender a educação como um elemento essencial na sociedade contemporânea;
• identificar os objetivos de se realizar o estágio supervisionado;
• compreender a importância da teoria e da prática na atuação profissional;
• reconhecer as funções do estágio supervisionado.
• seguir as etapas do estágio supervisionado;
• conscientizar-se da importância do estágio para a formação profissional;
• assimilar a importância da observação e da compreensão do processo das atividades de estágio;
• utilizar-se do diário de bordo para fazer suas anotações durante o estágio;
• compreender e analisar todos os aspectos referentes ao local onde realizarão seus estágios;
• ser um profissional pesquisador buscando, através de referenciais teóricos, embasamento para desenvolver atividades
pedagógicas;
• elaborar um planejamento/projeto adequado à realidade da escola e seu entorno.
 Estágio Supervisionado II Anos Finais do
Ensino Fundamental e Ensino Médio
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Seções de estudo
1 - O trabalho docente e a prática educativa
2 - Função do estágio supervisionado
3 - Etapas a serem cumpridas no estágio supervisionado
4 - Elementos constitutivos do estágio supervisionado
1 - O trabalho docente e a prática
educativa
A educação é elemento essencial na sociedade
contemporânea, entendida como um processo histórico de
relações humanas, observadas, nesse sentido, em espaços sociais
através das práticas educativas. A essa perspectiva educacional,
atrela-se, com igual importância, o trabalho docente que,
enquanto atividade humana, voltada para e com humanos,
diferencia-se de outras atividades exigindo, portanto, uma
formação que ultrapasse a formação disciplinar e considere,
fundamentalmente, a produção social do conhecimento.
Através do trabalho docente, o professor externaliza o seu
papel enquanto sujeito partícipe da construção e modificação da
realidade social, a partir da sua compreensão acerca desse papel
e da relevância de exercer uma prática educativa associada ao
contexto político e social mais amplo, processo mediado pela
ação do professor nas dimensões técnica, ética e política do ato
educativo. A prática educativa é uma dimensão necessária
da prática social, assim como a prática produtiva, a cultural,
a religiosa etc. “[...] enquanto prática social, a prática educativa
é fenômeno típico da existência [...] exclusivamente humano”
(FREIRE, 1996, p. 65 e 66).
A articulação teoria-prática deve fazer parte de todo e
qualquer direcionamento dado no processo de formação
docente. As experiências de pesquisa vivenciadas no decorrer
da formação possibilitam que o acadêmico perceba que a
prática, ao mesmo tempo em que se apoia na teoria, a atualiza
e a interroga permitindo, dessa forma, que esta avance, como
afirmam Esteban e Zaccur (2002): “[...] a prática sinaliza
questões e a teoria ajuda a apreender estas sinalizações, a
interpretá-las e a propor alternativas. [...] A prática é o local
de questionamento, do mesmo modo que é objeto deste
questionamento, sempre mediado pela teoria.”
A prática, portanto, é objeto de investigação permanente
do professor, durante sua formação e na ação profissional,
o que lhe permite a construção de métodos de ensino que
garantam o aprendizado dos conhecimentos.
Constata-se, assim, que o aluno em situação de estágio,
agindo sobre o meio e recebendo a influência desse, pode
elaborar e reelaborar o seu conhecimento trabalhando com
conteúdos específicos concretos indissociáveis da realidade
social e, através da reflexão e troca de experiências, interferir
de alguma forma nessa mesma realidade.
2 - Função do estágio supervisionado
O Estágio Supervisionado é componente curricular
articulado e norteado pelos princípios da relação teoria-prática,
ensino/pesquisa/extensão, numa dinamicidade dialética entre
esses processos, de forma que resultem num enriquecimento
mútuo.
O Estágio Supervisionado é uma das modalidades de
prática posta pela legislação vigente que trata da formação
de professores, realizado em unidades escolares sob a forma
de uma ação desenvolvida enquanto vivência profissional
sistemática e intencional (SILVA e GASPAR, 2018).
O estágio supervisionado revela-se também como um
espaço de construção da profissão professor, na medida em
que proporciona a formação de um sujeito consciente de seu
papel social, capaz de exercer uma prática com base na reflexão
contextualizada na ação, sobre a ação e sobre o próprio
conhecimento na ação, num processo de ressignificação
permanente.
Essa atitude prático-reflexiva contribui, segundo Piconez,
“[...] para a formação de um educador [capaz de] refletir sobre a
realidade que observa e depois retorna a essa mesma realidade
para inová-la e transformá-la [...]” (1994, p. 26). O estagiário,
para construir o seu presente e o seu futuro, tem que ser capaz
de interpretar o que assiste fazer, de “imitar”, mas sem realizar
cópias, de recriar, de transformar (ALARCÃO, 1996).
O estágio, então, além de um espaço interativo de revisão
do fazer pedagógico, deve ser compreendido como uma
maneira peculiar de fazer pesquisa e ao mesmo tempo inserir
na realidade de maneira a intervir. Responsável por apresentar
ao aluno a realidade do sistema educacional, enriquece não
só a formação profissional pretendida pelo aluno, como
também contribui para a construção e/ou reafirmação da sua
consciência política e social.
Para concluir, utilizo aqui as palavras de Freire:
A necessária promoção da ingenuidade à
criticidade não pode ou não deve ser feita
à distância de uma rigorosa formação ética
ao lado sempre da estética.[...]Cada vez me
convenço mais de que[...] a prática educativa
tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de
decência e de pureza. Uma crítica permanente
aos desvios fáceis com que somos tentados, às
vezes ou quase sempre, a deixar as dificuldades
que os caminhos verdadeiros podem nos
colocar [...] transformar a experiência
educativa em puro treinamento técnico é
amesquinhar o que há de fundamentalmente
humano no exercício educativo: o seu caráter
formador (1996, p. 36-37).
Reflitam sobre isso!
3 - Etapas a serem cumpridas no
estágio supervisionado
Nesta seção, vamos tratar sobre as etapas que devem ser
cumpridas para que os objetivos do estágio sejam efetivados
com êxito por todos.
Etapas previstas:
Ida a campo: o que chamamos de ida a campo tem a
intenção de situar o aluno naquele ambiente institucional,

oferecendo-lhe condições para a compreensão das culturas
e das práticas ali presentes, por meio da observação e do
registro, que lhe fornecerão os dados para posterior análise.
Compreensão (análise, problematização
tematização): são habilidades necessárias nesse processo:
compreender os acontecimentos daquele cotidiano em
particular, para além das explicações do senso comum; o
funcionamento da instituição; a sua organização, até o que
acontece na sala de aula entre educadores e alunos, educadores
e famílias, passando pela compreensão do contexto da
unidade educacional em relação ao entorno e das relações
estabelecidas entre a unidade educacional e os sistemas que
dão suporte/orientação às ações educativas e pedagógicas ali
desenvolvidas. As observações devem ser, criteriosamente,
registradas, pois o registro é instrumento necessário para
que o estagiário, inicialmente, descreva os acontecimentos
observados, seguindo-se a essa descrição, os procedimentos
de análise que servirão para entender os fenômenos ali
observados.
Aprofundamento teórico: o diálogo com bibliografias
indicadas possibilitará ao acadêmico estagiário traçar um
panorama das práticas descritas, a fim de preparar o caminho
para a construção de uma interpretação possível do(s)
tema(s) problematizado(s). O aprofundamento temático
tem por finalidade dialogar com autores e teorias que
possibilitem a compreensão do que foi observado, registrado
e problematizado.
Proposta de trabalho (projeto/aplicação): após a
observação, o registro e a problematização, deve-se definir o
tema, dentro do panorama traçado, sobre o qual o acadêmico-
estagiário construirá o projeto de ensino que desenvolverá na
instituição escolar.
4 - Elementos constitutivos do
estágio supervisionado
Como já vimos, o estágio é necessário e de extrema
importância na formação do futuro educador. Nesse sentido,
na sua realização e desenvolvimento, o(a) estagiário(a) deve
vivenciar as diversas situações do cotidiano escolar, tais
como: o trabalho em sala de aula, a interação educador/aluno,
educador/educador e aluno/aluno, qual é a metodologia
utilizada para o ensino de arte, o processo de avaliação, os
recursos didáticos pedagógicos utilizados nas aulas de arte,
entre outros. É necessário, para tanto, que se atente aos
elementos que constituem o estágio e seu desenvolvimento.
Vamos a eles!
A observação
A observação, momento inicial na trajetória do estágio,
não se configura como atividade de simplesmente olhar,
mas, ao contrário, é procedimento metodológico que requer
do pesquisador uma visão do espaço escolar num contexto
histórico-social mais amplo, que requer comprometimento,
consciência crítica e ética. Exige, portanto, que seja um
observador atento e organizado, capaz de perceber e identificar
os fenômenos que se apresentam no cotidiano registrando
em seu “diário de bordo” cada nova descoberta, cada nova
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conquista; tornando-se, nesse sentido, um pesquisador
competente que organiza suas experiências docentes, a fim de
contribuir com a construção coletiva de novos paradigmas no
e campo educacional.
Na etapa de observação, é imprescindível que se observe
alguns elementos relevantes do desenvolvimento da prática
pedagógica, tais como as relações:
• professor x aluno;
• professor x coordenador;
• aluno x aluno;
• as relações interpessoais dentro da instituição;
• os aspectos didático-metodológicos efetivados no
processo de aprendizagem;
• os instrumentos de avaliação;
• a proposta pedagógica da instituição (teorias
pedagógicas que sustentam a proposta educacional
da instituição);
• as atividades desenvolvidas pelo professor;
• o planejamento e a metodologia utilizada no
desenvolvimento das atividades;
• a rotina diária estabelecida.
Além dos aspectos acima mencionados, a estrutura física
da instituição também é elemento importante da observação,
uma vez que, se as instalações não forem adequadas, esse fator
contribui para que a aprendizagem e a acomodação sejam
prejudicadas. No caso do ensino de arte, essa implicação é
ainda mais relevante.
O diário de bordo
O diário de bordo é ferramenta essencial do acadêmico
estagiário. É recurso indispensável como espaço para a
descrição do percurso do estágio e do processo investigativo.
Nele, devem conter os registros da observação, das suas
ações, enfim, de todo o processo. O registro permite-nos
refletir, não só sobre a prática observada, mas também sobre
as nossas próprias ações, contribuindo para a construção de
hipóteses e de propostas inovadoras.
O referencial teórico
A formação de um professor-investigador implica que
se considere a relação teoria-prática como uma referência
durante todo o processo formativo. A teoria é que nos permite
atribuir significados aos problemas, percebê-los de forma mais
complexa, na medida em que nos proporciona a aquisição de
conhecimentos conceituais e nos capacita a empreender uma
análise crítica e construtiva, dando a significância devida às
experiências de aprendizado vivenciadas nesse processo. O
diálogo com a teoria deve permear todo o percurso do estágio
porque, acima de qualquer coisa, o estágio supervisionado é um
exercício de pesquisa que resulta num trabalho monográfico
(o relatório final), quase nos moldes da pesquisa científica.
A proposta de trabalho (projeto/aplicação)
Esse é o momento, no percurso do estágio, em que
se dá a inserção definitiva do acadêmico no espaço da sala
de aula, no exercício pleno da prática docente, momento
em que desenvolverá as atividades de um professor pela
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Ensino Fundamental e Ensino Médio
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aplicação de um projeto de ensino que proponha ações
sobre a realidade. Assim como as demais tarefas/etapas
desenvolvidas durante o período de estágio, deve envolver
reflexão, organização e elaboração criteriosa, pois se trata de
uma proposta de intervenção, cujos resultados trarão, em seu
bojo, consequências às quais devem ser consideradas. No caso
de um projeto na área de artes, deve ser considerada a sua
abrangência e seus reflexos nas demais áreas de conhecimento,
sendo essa uma das especificidades dessa área, que deve ser
amplamente explorada.
Os resultados das ações propostas e aplicadas culminarão
no relatório final das ocorrências vivenciadas e nele
projetadas, que deve ser redigido com linguagem científica
e dados comprobatórios. Os resultados devem evidenciar
as transformações provocadas com sua proposta posta em
prática, ou a ausência delas, caso não alcance o resultado
previsto, o que não invalida o trabalho, já que é um trabalho
de pesquisa.
Retomando a aula
Chegamos, assim, ao final da primeira aula. Para
encerrarmos, vamos recordar algumas questões
tratadas ao longo das seções.
1 - O trabalho docente e a prática educativa
O professor é considerado um pesquisador quando,
efetivamente, assume uma postura reflexiva e investigativa ao
observar o objeto de seu trabalho, que é a relação do processo
ensino-aprendizagem, refletindo e, a partir da reflexão,
produzindo conhecimentos. Para tanto, é indispensável
que compreenda a importância e a indissociabilidade da
articulação teoria e prática. A articulação teoria-prática
deve fazer parte de todo e qualquer direcionamento dado
no processo de formação docente. A prática, portanto, é
objeto de investigação permanente do professor durante sua
formação e na ação profissional.
2 - Função do Estágio Supervisionado
O estágio, para além de um espaço interativo de revisão
do fazer pedagógico, deve ser compreendido como uma
maneira peculiar de fazer pesquisa e ao mesmo tempo inserir
na realidade de maneira a intervir. Responsável por apresentar
ao aluno a realidade do sistema educacional, enriquece não
só a formação profissional pretendida pelo aluno, como
também contribui para a construção e/ou reafirmação da sua
consciência política e social.
3 - Etapas a serem cumpridas no estágio
supervisionado
O estágio supervisionado impõe que se cumpram as
etapas necessárias para o seu desenvolvimento como, a ida
a campo, a compreensão, o aprofundamento teórico e a
proposta de trabalho, esta última construída e aplicada em
sala de aula, em forma de projeto.
4 - Elementos constitutivos do estágio
supervisionado
Alguns elementos constituem o desenvolvimento do
estágio e são revestidos de obrigatoriedade, de acordo com
o rigor científico, como, a observação: momento inicial na
trajetória do estágio que começa com a ida a campo, o diário
de bordo – instrumento para o registro dos fenômenos
identificados no cotidiano observado, o referencial teórico
- nos proporciona a aquisição de conhecimentos conceituais
e nos habilita a empreender uma análise crítica e construtiva,
a proposta de trabalho – momento da inserção definitiva
do acadêmico no espaço da sala de aula, de aplicação de seu
projeto de ensino.
As atividades referentes a esta aula estão disponibilizadas na
ferramenta “Sala Virtual – Atividades”. Após respondê-las, vocês
devem enviar por meio do portfólio – ferramenta do ambiente de
aprendizagem UNIGRAN Virtual.
Vale a pena
Vale a pena ler
SOUZA, Geneci. Artes no Ensino Médio: Uma
Necessidade. Disponível em: https://www.webartigos.com/
artigos/artes-no-ensino-medio-uma-necessidade/151422.
Acesso em: 16/09/2019.
DAL’MASO, Eunice Maria e OLIVEIRA, Ana
Arlinda. Ensinar e Aprender Arte no Ensino Médio.
X CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO –
EDUCERE E I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADES E
EDUCAÇÃO. Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Curitiba, 7 a 10 de novembro de 2011. Disponível em:
https://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/4626_2410.
pdf. Acesso em: 16/09/2019.
Minhas anotações