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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Aluna: Lorena Calejon Penteado Silva


(RA00298651)
Fichamento do texto: Resposta à pergunta: “O que
é o Iluminismo?” de Immanuel Kant, traduzido
por Artur Morão
Disciplina: As Concepções de História no século
XIX (Teoria III)
Professor Antonio Rago Filho

1. Resposta à pergunta: “O que é o Iluminismo?”


No presente fichamento, será abordado o texto clássico de Immanuel Kant, de 1783,
onde o autor busca responder a pergunta “O que é o Iluminismo?”; logo no início do texto o
autor afirma “Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é
culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a restrição de
outrem. Essa menoridade, como diz o autor, seria culpa de ninguém mais do que o próprio
indivíduo, se a sua ignorância provém não da falta de entendimento, mas da falta de decisão e
coragem de pensar por si próprio, e não através de outros. Essa, de acordo com Kant, é a
palavra de ordem do Iluminismo, pois é a preguiça e a covardia as responsáveis por fazer
com que o homem aceite de “bom grado” continuar menor ao longo de sua vida mesmo
muito depois de a natureza os ter libertado do controle alheio. Como afirma o autor, é
cômodo ser menor, pois se o indivíduo depende de terceiros (como por exemplo livros,
médicos e tutores), ele próprio não precisa se esforçar, já que pode pagar para que seja feito
para ele. Sendo assim, como segue o texto, é difícil para o homem desprender-se da
menoridade que para ele se torna quase uma natureza (e uma muito amada por sinal),
tornando-o inapto a utilizar de seus próprios entendimentos. Logo, mesmo quem se soltasse
das amarras desse comodismo seria capaz apenas de dar uns poucos avanços, já que não está
habituado ao movimento livre; são muitos poucos, de acordo com Kant, aqueles que são
capazes de transformar seu espírito e arrancar de si a menoridade.
Contudo, como afirma o texto a seguir, seria possível que um público esclarecesse a si
mesmo, desde que lhe fosse concedida a liberdade; isso ocorreria a partir de tutores
estabelecidos da grande massa que, após se libertarem das amarras da menoridade, buscassem
espalhar à sua volta o espírito de uma racionalidade e a importância de o homem pensar por
si mesmo. Todavia, como afirma o autor, os preconceitos enraizados na sociedade tornam
esse feito muito difícil; e ainda que as revoluções possam levar à queda do despotismo
pessoal e de uma opressão avassaladora, não causam uma reforma no modo de pensar, e os
preconceitos prévios são substituídos por novos. E, para essa ilustração, não se precisa mais
do que a liberdade, do tipo mais inofensivo da palavra: a liberdade de pensar por si próprio, e
fazer um uso público desse pensamento.
Seguindo deste ponto, Immanuel Kant questiona: mas afinal, qual é a restrição que se
opõe ao Iluminismo? Qual seria a restrição que o fomenta? A resposta do autor é de que o uso
público da própria razão deve ser sempre livre e apenas ele pode levar à ilustração, pois o uso
privado da razão pode não obter um progresso perceptível da ilustração. O uso público da
razão, como explica o autor, seria qualquer indivíduo erudito que faz uso dela perante o
mundo letrado, ao passo que o uso privado é aquele que alguém pode fazer de sua própria
razão em um cargo que lhe foi confiado. O autor reconhece a necessidade de uma certa ordem
social em que, para o bem estar da comunidade, é necessário um grau de obediência perante
ordens; contudo, o que Kant aponta é que ainda que haja essa necessidade de obedecer,
deve-se ter espaço para que sejam apontados erros, expondo-se diferentes pontos de vista
para que o público avalie. Ou seja, os indivíduos eruditos devem cumprir as ordens sociais
atribuídas por suas funções (seja ela cidadão, militar, clérigo, etc.) mas também devem
compartilhar suas reflexões provenientes dessa erudição que possuem.
Mais adiante no texto o autor questiona: “Vivemos agora numa época esclarecida?”, e
sua resposta é não, ainda que viva na época do Iluminismo. De acordo com o autor, o
caminho a ser trilhado ainda é longo, para que os homens como um conjunto possam
utilizar-se de seu próprio entendimento, e este campo em que os indivíduos poderão atuar
livremente está apenas agora sendo aberto, retirando-se lentamente os obstáculos à ilustração
geral.
A partir da discussão elaborada, o autor encerra pontuando que apresentou o ponto
central do Iluminismo, sendo ele a saída do homem de uma menoridade imposta por ele
próprio, em especial nos assuntos referentes à religião, já que, de acordo com o autor, os
campos da arte e da ciência são menos contidos pelos governantes. Contudo, o modo de
pensar de um chefe de Estado vai mais adiante, pois não há perigo em permitir que seus
súditos divulguem publicamente o fruto de sua própria razão; mas, para isso, seria necessário
aquele que, já sendo esclarecido, não teme as sombras e dispõe de um exército disciplinado e
numeroso para manter a ordem: “Raciocinai o quanto quiserdes e sobre o que quiserdes; mas
obedecei!”.

2. Bibliografia

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: O que é o Iluminismo? Trad. Artur Morão. In: A
paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa: Edições 70, 1990. P.11-19

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