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Cláudia Viegas
Rita Calha
ÍNDICE:
1. Metabolismo Celular-----------------------------------------------------------------------3
1.1. Glícidos ------------------------------------------------------------------------------------3
1.2. Obtenção de energia ---------------------------------------------------------------5
1.2.1. Respiração Celular --------------------------------------------------------------6
1.2.2. Armazenamento de energia glicídica --------------------------------- 13
1.2.3. Outros substratos glucídicos------------------------------------------------ 16
1.2.4. Ciclo de Cori--------------------------------------------------------------------- 17
1.2.5. Conclusão ------------------------------------------------------------------------ 18
1.2. Lípidos------------------------------------------------------------------------------------ 19
1.2.1. Ácidos gordos ------------------------------------------------------------------- 20
1.2.2. Catabolismo lipídico ---------------------------------------------------------- 21
1.2.3. Anabolismo lipídico ----------------------------------------------------------- 25
1.2.4. Formação de corpos cetónicos------------------------------------------ 28
1.3. Proteínas -------------------------------------------------------------------------------- 29
1.3.1. Estrutura---------------------------------------------------------------------------- 29
1.3.2. Estruturas proteicas ------------------------------------------------------------ 31
1.3.3. Informação genética--------------------------------------------------------- 37
1.3.4. Expressão genética / Síntese proteica --------------------------------- 39
1.3.5. Catabolismo proteico -------------------------------------------------------- 43
Sites para consulta --------------------------------------------------------------------------- 45
Bibliografia -------------------------------------------------------------------------------------- 46
1. METABOLISMO CELULAR
1.1. GLÍCIDOS
A palavra Glicido vem do grego “glucys” que significa doce. São
compostos de Hidrogénio, Oxigénio e Carbono. Os glícidos são
vulgarmente conhecidos como hidratos de carbono, devido à sua
estrutura química.
São as substâncias mais abundantes na Terra, distribuídos pelos tecidos
animais e vegetais:
Plantas - amido: produto da fotossíntese; celulose - parede celular
Animais - servem como fontes de energia
Bactérias - fazem parte do peptidoglicano - molécula que constitui
a parede celular das bactérias
Constituem a maior fonte de energia na terra, sob a forma de amido
nas plantas e glicogénio nos animais.
Quimicamente são compostos aldeídos ou cetona com múltiplos grupos
hidroxilo e que se podem classificar em:
Monossacáridos
Dissacáridos
Oligossacáridos
Polissacáridos
Os polissacáridos podem ser rapidamente transformados em glucose,
que constitui a principal fonte de energia na célula.
Monossacáridos
Os monossacáridos sao normalmente aldoses ou cetoses, conforme
possuem um radical aldeído ou cetona, com 2 ou mais grupos hidroxilo
– fórmula geral(CH2O)n.
Dissacáridos
Como o próprio nome indica, são consituídos por dois monossacáridos:
sacarose (frutose + glucose) (açúcar comum)
lactose (galactose + glucose)
maltose (glucose + glucose) (germinação dos grãos de cereais)
Oligossacáridos
Constituídos por 3 a 10 unidades. A rafinose e a estaquiose são
oligossacáridos das leguminosas. Não são digeridas pelas enzimas do
aparelho digestivo e chegam intactas ao cólon onde são
metabolizadas pelas bactérias do intestino.
Polissacáridos
Como polissacáridos temos:
o amido que é constituído por amilose e amilopectina. A amilose é
constituída por unidades de glucose com ligações α 1-4 sem
ramificações e a amilopectina é constituída por ligações α 1-4 com
ramificações 1-6 em cada 30 unidades. - O amido constitui a forma
de energia de reserva nas plantas. A enzima α-amilase é
segregada pelas glândulas salivares e pelo pâncreas.
Reacções de Oxidação-redução
Na + + Cl e-
O Na ganha um electrão - logo é reduzido e o Cl, perde - logo é
oxidado.
Glicólise
A glicólise ocorre no citoplasma das células.
Neste processo ocorree a degradação de uma molécula de glucose - 6
átomos de C - em 2 moléculas de ácido pirúvico, cada uma com 3
átomos de Carbono. Este processo não necessita de oxigénio.
Figura 1 – Glicólise
Ciclo de Krebs
Fosforilação oxidativa
Este é o processo através do qual se forma ATP, pela transferência de
electrões de NADH e FADH2 para o O2 através de transportadores de
electrões.
Citocromo reductase
A segunda bomba de protões é o citocromo reductase - Complexo III.
O citocromo consiste numa proteína trasnportadora de electrões com
um grupo prostético heme. A importância deste grupo tem que ver com
Citocromo oxidase
O citocromo C reduzido transfere os seus electrões para o complexo
citocromo C oxidase. O receptor último é o O2.
No ciclo de Krebs vários NAD+ e FAD são transformados em NADH e
FADH2. Na cadeia respiratória os H+ são libertados destas moléculas
disponibilizando-as novamente para outro ciclo e os H+ são bombeados
para o espaço entre as entre as 2 membranas da mitocôndria.
NADH citoplasmatico
O esquema mostra a transferência dos electrões do NADH
citoplasmático para o FADH2.
Glicogénese
A glucose que não é necesssária para as células é armazenada no
fígado e no músculo sob a forma de glicogénio. Este processo é
estimulado pela insulina.
A glicogénio sintetase, só consegue actuar quando já existe uma
cadeia de pelo menos 4 unidades de glicose, pelo que é necessário um
primer (de iniciação). Quem faz o primer é a glicogenina - proteína que
autocatalisa a adição (a si própria) de 4 a 8 resíduos de glicose, ficando
assim ligada a um oligossacárido com 4 a 8 unidades de glicose. Na
reacção de síntese de glicogénio é a UDG-glucose que funciona como
um dador de glucose . A partir daqui é a glicogénio sintetase (que está
associdada à glicogenina) que actua. A síntese de glicogénio envolve
a formação de UDP-glucose, sguida da formação de cadeias lineares
(α-1→4), nas quais se introduzem ramificações (α-1→6). A actividade da
glicogénio sintetase está dependente da sua proximidade à
glicogenina. Quando se afasta muito dela deixa de actuar e a
molécula de glicogénio pára de crescer.
Figura 5 – Glicogénese
Glicogenólise
Quando as células necessitam de energia e não há glicose disponível
na corrente sanguínea, o glicogénio pode ser reconvertido em glucose
e libertado na corrente sanguínea - glicogenólise.
O cérebro alimenta-se quase exclusivamente de glicose, com
excepção de períodos de fome prolongada. A quantidade de glicose
nos fluidos corporais (de um individuo de 70 Kg) é de cerca de 40 Kcal,
enquanto que sob a forma e glicogénio é de cerca de 600 Kcal.
A glucose-6-P pode ser utilizada nesta forma ou pode sofrer hidrólise do
fosfato, para que possa ser distribuída na corrente sanguínea.
A hidrólise do glicogénio, através de Pi é vantajosa, uma vez que o
açúcar resultante já se encontra fosforilado. Se fosse feita através da
água, teriamos como resultado glucose que, para ser posteriormente
fosforilada necessitaria de gasto de ATP. Para além disso a glucose-P
não consegue sair da célula e a glucose simples consegue.
Quando a ramificação tem apenas 4 resíduos, a enzima transglicosilase
tranfere os resíduos da ramificação para a cadeia normal. A
glucosidase hidrolisa o resíduo de glicose que fica e este pode entrar na
corrente sanguínea para distribuir glicose para as restantes células.
Depois segue normalmente a actividade da fosforilase para fazer
glucose-1-P.
O fígado contém glucose-6-fosfatase que hidrolisa o P da glucose 6 P
em Pi e permite assim à glucose sair do fígado para a corrente
sanguínea. O intestino e o rim também têm esta enzima. No entanto, ela
não existe no cérebro ou nos músculo o que faz com que a glucose-6-P
fique retida nos mesmos.
Figura 6 – Glicogenólise
Catabolismo da frutose
No fígado a frutose pode ser metabolizada por uma hexoquinase a
frutose-6-P e assim entrar na glicólise. esta hexoquinase tem uma
afinidade 20 x mais elevada para a glicose.
Figura 7 – Frutose
Galactose
Figura 8 – Galactose
1.2.5. Conclusão
A ingestão insuficiente de glícidos interfere com o metabolismo lipídico
e proteico. A ingestão em excesso faz com que sejam transformados
em gordura - obesidade.
1.2. LÍPIDOS
Os lípidos são vulgarmente conhecidos como gorduras. São insolúveis
em água, sendo portanto substâncias apolares e solúveis em solventes
orgânicos, como o álcool, o clorofórmio, éter ou benzeno.
São constituídos por Carbono, Hidrongénio e Oxigénio. Os lípidos
constituem a principal forma de armazenamento de energia, tanto nos
alimentos, como no nosso organismo.
Os lípidos são derivados de ácidos gordos.
Os ácidos gordos encontram-se ligados a um álcool, formando o lípido.
1. Lipólise
Um triglicérido por acção de uma lipase dá origem a 3 ácidos gordos
mais o glicerol, com libertação de 3 H+.
Figura 11 – Lipólise
2. Oxidação do Glicerol
O glicerol é fosforilado e oxidado a dihidroxiacetona - ambos
intermediários da via metabólica da glucose.
Figura 13 – Activação do AG
c) β-oxidação
Na β-oxidação ocorrem uma série de reacções em que se encurta a
cadeia do ácido gordo em 2 átomos de carbono de cada vez, dando
origem a FADH2, NADH+H+ e acetilCoA.
Reacções:
Oxidação, através de um FAD
Hidratação
Oxidação, através de um NAD+
Tiólise por CoA
Figura 15 - β-oxidação
Fonte: FleshandBones
Sistema citoplasmático
Para que ocorra esta síntese é necessário acetilCoA. Este composto é
formado na mitocôndria, durante o ciclo de Krebs, a partir do piruvato.
Como vimos anteriormente, a mitocôndria não é permeável ao acetil
CoA, sendo através do citrato que o acetil CoA passa para fora da
mitocôndria.
O citrato forma-se a partir do oxaloacetato + acetilCoA na matriz
mitocondrial. Quanto existe oxaloacetato em grandes quantidades ele
reage com o acetilCoA e é transportado para o citosol onde é
degradado pela ATPliase citrato.
1. Formação do MalonilCoA
A formação do malonilCoA ocorre no citoplasma, a partir de um
acetilCoA.
Figura 17 – Formação do MalonilCoA
Sistema mitocondrial
As mitocôndrias catalizam a incorporação de acetilCoA em moléculas
de ácidos gordos de cadeia longa. Não é propriamente uma síntese,
mas sim um processo de elongação.
1.3. PROTEÍNAS
As proteínas desempenham um papel muito importante nos processos
biológicos:
enzimas1
transporte e armazenamento2
movimentos coordenados
suporte
transmissão nervosa
controlo do crescimento e diferenciação celular
energia3
1.3.1. Estrutura
As proteínas podem considerar-se polímeros biológicos, cujas unidades
constituintes são moléculas de baixo peso molecular, constituídas
fundamentalmente por carbono, oxigénio e azoto.
1 - Quase todos os processos são catalisados por enzimas, desde os mais simples aos
mais complexos. O poder catalítico das enzimas é muito grande, podendo aumento 1
milhão de vezes a velocidade de uma reacção
2 - Muitas moléculas de pequeno tamanho e alguns iões são transportados por
proteínas: ex: glóbulos vermelhos - hemoglobina é que transporta o O2; o Fe é
transportado pela transferrina que é armazenada no fígado pela ferritina
3 - As proteínas podem ter uma função energética. O azoto pode ser removido dos
a.a. por um processo chamado desaminação e o glícido daí resultante pode ser
utilizado como fonte de energia, sendo que 1 g P = 4 Kcal.
PRODUÇÃO ALIMENTAR EM RESTAURAÇÃO. 1º ANO. FISIOLOGIA ALIMENTAR 29
INÊS MARTINS DE ALMEIDA, CLÁUDIA VIEGAS, RITA CALHA
METABOLISMO CELULAR
Fonte: FleshandBones
Ligações peptídicas
Os aminoácidos ligam entre si através de ligações covalentes,
designadas ligações peptídicas. A incorporação dos aminoácidos nas
proteínas exige uma reacção especial entre o aminoácido terminal e o
aminoácido que se lhe vai reunir. Esta reacção ocorre entre o grupo
amina de um a.a. e o grupo carboxílico do outro, formando-se uma
ligação peptídica, com libertação de uma molécula de água.
Diversos aminoácidos, unidos por ligações peptídicas sem ramificações,
constituem um resíduo. As cadeias peptídicas têm uma direcção - do
terminal amino para o terminal carboxilo.
Os polímeros assim formados designam-se por polipeptídos que podem
incluir dezenas de aminoácidos, normalmente 2 a 70. Quanto estes
polímeros apresentam um elevado peso molecular passam a designar-
se proteínas (mais de 70 aminoácidos). Esta ligação é rotativa (roda e
dobra) para que as proteínas possam adquirir diversas conformações.
-Ala-Gly-His-His-Leu-Met-Pro-Val-Ala-Ser-Phe-Tyr-
Hélice α
É uma estrutura flexível e elástica. O CO do resíduo N liga-se ao NH do
resíduo N+4.
Figura 20 – Hélice α
Fonte: FleshandBones
Folha β
Constitui mais do que uma cadeia polipeptídica estendida formando
ligações por pontes de hidrogénio entre os polipeptídos.
Esta estrutura é flexível, mas não elástica.
Figura 21 – Folha β
Fonte: FleshandBones
Figura 22 – Mioglobina
Cada uma das subunidades não é funcional por si só, apenas como
parte da estrutura quaternária.
As bases são:
• timina (no RNA uracilo – derivado da timina)
• adenina
• guanina
• citosina
A – T (ou U, no RNA)
C-G
1. Transcrição
O primeiro passo da síntese proteica ocorre no núcleo. A transcrição é o
processo através do qual a informação genética - contida no DNA - é
passada para uma sequência de RNA. A cadeia de RNA abre.
A sequência das bases nucleotídicas de uma das cadeias de DNA vai
servir de modelo à síntese de RNA (cadeia simples) - através da RNA
polimerase. Nesta síntese a T é substituído por U.
2. Tradução
A dupla cadeia de DNA volta a fechar e o RNA passa do núcleo para o
citoplasma. O RNA associa-se a um ribossoma e começa a mover-se ao
longo dele. O ribossoma descodifica a mensagem através da leitura da
sequência das bases nucleotidicas em séries de 3 bases - codãos. Cada
um dos codãos corresponde a um aminoácido.
Iniciação
A síntese de uma proteína começa sempre com uma Metionina, o que
significa que quando o ribossoma começa a ler o RNAm, procura o
codão que possui a sequência AUG, inciando aí a tradução. A leitura é
feita na direcção 5’ 3’.
Figura 27 – Iniciação
Fonte: FleshandBones
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METABOLISMO CELULAR
Elongação
Um novo complexo RNAt - a.a., liga-se ao seu correspondente no site A,
o RNAt inicial sai do site P, desligando-se da metionina. O complexo
agora formado move.se para o site P e no site A fica disponível para
uma nova ligação. Depois de se desligar do seu a.a. o RNAt volta ao
citoplasma onde pode agarrar outro a.a..
Depois do codão inicial AUG estar liberto do ribossoma (à medida que
a cadeia avança) outro riossomas pode ligar-se a este codão e dar
início à formação de outra cadeia polipeptídica. Pode assim ocorrer em
simultâneo a síntese de várias cadeias polipeptídicas.
Cada ribossomas funciona independentemente sintetizando a sua
própria cadeia polipeptídica.
Figura 28 – Elongação
Fonte: FleshandBones
Terminação
O fim de translação ocorre quando um dos 3 codãos de RNAm “STOP”
chegar ao site A.
UAA
UAG
UGA
Uma proteína - factor de libertação - liga-se directamente ao codão de
terminação, provocando a hidrólise de ligação de cadeia polipeptídica
ao site P. A cadeia polipeptídica é libertada para o citoplasma, bem
como as subunidades ribossómicas que ficam disponíveis para outro
ciclo de síntese proteica.
PRODUÇÃO ALIMENTAR EM RESTAURAÇÃO. 1º ANO. FISIOLOGIA ALIMENTAR 42
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METABOLISMO CELULAR
Figura 29 – Terminação
Fonte: FleshandBones
Fonte: FleshandBones
http://www.e-escola.utl.pt/site/topico.asp?topico=228&canal=5
http://www.sbbq.org.br/revista/mtdidaticos/20.pdf
http://www.sbbq.org.br/revista/mtdidaticos.php
http://www.sbbq.org.br/revista/artigo.php?artigoid=42
http://www.bioq.unb.br/index_br.php
http://www.bioq.unb.br/index_br.php
BIBLIOGRAFIA
Carolla, R., Noback, C.R., Wynsberghe, D.V., 1995, 3rd ed., Human
Anatomy & Physiology, McGraw-Hill Interamericana