Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lombalgia
Crônica
02
DIRETORIA 2023 Comitê de Dor SBOT 2023-2024
Presidente Presidente
João Antônio Matheus Guimaraes (RJ) André Wan Wen Tsai
1 Vice-Presidente Vice-Presidente
Fernando Baldy dos Reis (SP) José Eduardo Nogueira Forni
2 Vice-Presidente 1 Secretário
Paulo Lobo Junior (DF) André Cicone Liggieri
Secretário-geral 2 Secretário
Alexandre Fogaça Cristante (SP) Ibrahim Afrânio Willi Liu
1 Secretário 1 Tesoureiro
Paulo Silva (GO) Márcio Fim
2 Secretário 2 Tesoureiro
Tiago de Morais Gomes (CE) Sérgio Mendonça Melo Júnior
1 Tesoureiro Diretor Científico
João Baptista Gomes dos Santos (SP) Rosana Fontana
2 Tesoureiro
André Kuhn (RS)
Diretor de Comunicação e Marketing
Francisco Carlos Salles Nogueira (MG)
Diretor de Regionais
Jamil Faissal Soni (PR)
Diretor de Comitês
Miguel Akkari (SP)
APOIO INSTITUCIONAL
“A SBOT e a ABDOR agradecem ao inestimável apoio de seu parceiro para a viabilização desta obra
e declara inexistência de conflitos de interesse e/ou interferência na elaboração do conteúdo”.
CORPO EDITORIAL
Rosana Fontana
CRM-RS 21.723 | RQE 16.658 | RQE 38.579 – Médica Ortopedista e Traumatologista com área de atuação
em dor. Membro da Plural Clínica da Dor em Novo Hamburgo-RS. Diretora do Comitê de Dor da SBOT
(2023-2024). Diretora da SBRET.
Lombalgias Crônicas
Figura 2. Classificação das lombalgias crônicas pela etiologia (a) e pela intensidade (b).
Figura 1. Definição da área anatômica da lombalgia
Epidemiologia
Classificação Apesar da lombalgia aguda ser bastante comum (80% dos
Há muitas classificações de lombalgia crônica6,7, mas a mais adultos já sentiram dor lombar), entre 5-10% evoluem para lom-
racional divide a etiologia da dor lombar crônica em específica balgia crônica14,15, das quais 1/3 é moderada ou incapacitante16.
História Natural
O conceito biopsicossocial prevalece na expectativa de evolu-
ção da dor lombar crônica. Diferenças entre países, sociocultu-
rais ou de personalidade levam a manifestações bem distintas Referências bibliográficas
1. Mäntyselkä P, Kumpusalo E, Ahonen R e col Pain as a reason to visit the doctor: a study in Finnish
em casos muito semelhantes20,21,22.
primary health care. Pain. 2001, 175-80.
Deve-se evitar a cronificação da dor lombar, pois mesmo com 2. Picavet HS, Struijs JN, Westert GP. Utilization of health resources due to low back pain: survey and
os mais diversos tratamentos existentes há uma grande por- registered data compared. Spine. 2008, 436-44.
centagem de insucesso no controle lombalgia crônica23. 3. Posso, IP; Grossmann, E; Fonseca, PRB et al. Tratado de Dor. Atheneu, 2018, Cap 64, 895-902
4. Kobayashi R, Luzo MVM, Cohen M e col. Tratado de Dor Músculo Esquelética Alef, 2019, Cap 23, 271-
280.
Fatores de Risco: 5. Bouhassira D, Lantéri-Minet M, Attal N e col. Prevalence of chronic pain with neuropathic characteristics
Toda dor crônica começou como aguda24. Assim, há neces- in the general population. Pain. 2008, 380-387.
6. Foster NE, Hill JC, Hay EM. Subgrouping patients with low back pain in primary care: are we getting any
sidade tanto em controlar a crise aguda de lombalgia quanto
better at it? Man Ther. 2011, 3-8.
identificar fatores de risco de cronificação25,26,27. 7. Morso L, Olsen-Rose K, Schiottz-Christensen B e col: Effectiveness of stratified treatment for back pain in
Os escores de suscetibilidade variam na literatura, mas dor Danish primary care: A randomized controlled trial. Eur J Pain. 2021 2020-2038
intensa, depressão, fragilidade social e distúrbios de sono 8. Maher C, Underwood M, Buchbinder R. Non-specific low back pain. Lancet. 2017,736–747.
9. Nguyen C, Lefèvre-Colau MM, Kennedy DJ e col: Low back pain. Lancet. 2018. doi: 10.1016/S0140-
são indicadores constantes no surgimento da lombalgia crônica.
6736(18)32187-1
Estes fatores devem ser identificados precocemente e tratados, 10. O’Sullivan P. Diagnosis and classification of chronic low back pain disorders: maladaptive movement
antes mesmo da busca por etiologia específica28,29. and motor control impairments as underlying mechanism. Manual Therapy, 2005, 242–255.
Ortopedistas são os primeiros médicos procurados no Brasil 11. Jamaludin A, Kadir T, Zisserman A e col. Comparison of degenerative MRI features of the intervertebral
para o tratamento de dores crônicas, e por isso é tão impor- disc between those with and without chronic low back pain. An exploratory study of two large female
populations using automated annotation. Eur Spine J (2023) doi.org/10.1007/s00586-023-07604-9
tante educação continuada direcionada a esta especialidade30.
12. Von Korff M, Scher AI, Helmick C e col: United States national pain strategy for population research:
concepts, definitions, and pilot data. J Pain. 2016, 1068-1080.
13. Hoy D, March L, Brooks P e col. The global burden of low back pain: estimates from the Global Burden
Fatores de Risco de Cronificação da Lombalgia of Disease 2010 study. Ann Rheum Dis. 2014, 968-74.
14. Patrick N, Emanski E, Knaub MA. Acute and chronic low back pain. Med Clin North Am. 2014 777-89
15. Stevans JM, Delitto A, Khoja SS e col. Risk factors associated with transition from acute to chronic low
back pain in us patients seeking primary care.JAMA doi:10.1001/jamanetworkopen.2020.37371
Exames complementares
Figura 2. Teste de elevação do membro inferior Figura 3. Teste de Patrick ou FABERE EXAMES COMPLEMENTARES
Introdução
O manejo da dor lombar varia de paciente para paciente, pois
nem todos as pessoas respondem à mesma abordagem de
tratamento e, geralmente, nenhuma intervenção única é com-
pletamente eficaz para todos os pacientes. A dor, de qualquer
natureza, é constituída pelo componente físico, psíquico, social
e espiritual. Desta forma, os cuidados utilizados incluem trata-
mentos farmacológicos, psicológicos, físicos e de reabilitação,
bem como abordagens de medicina complementar e procedi-
mentos percutâneos minimamente invasivos1.
O cuidado dos pacientes crônicos envolve a elucidação diag-
nóstica, afastando o comprometimento das estruturas ósseas,
articulares, nervosas e ligamentares locais, bem como as pato-
logias sistêmicas que comprometem o segmento lombar.
É fundamental que o médico não reforce os sintomas de inca-
pacidade e de sofrimento do paciente. O objetivo nessa fase é a
recuperação progressiva da capacidade funcional2. Figura 1. Modelo Biopsicossocial
As diretrizes clínicas para o tratamento da dor lombar crônica
avançaram para o modelo biopsicossocial, que pode fornecer A seguir, estão listados os tratamentos possíveis e recomen-
aos médicos alguns insights sobre abordagens adicionais que dados, de acordo com a literatura.
devem ser considerados para seus pacientes (Figura 1)3,4,5. A
considerar que o fenômeno da dor lombar crônica repercute Tratamentos farmacológicos
em vários contextos do indivíduo e do ambiente, o gerencia- Os tratamentos farmacológicos são ferramentas úteis, porém
mento destes contextos pode ser mais eficaz do que focar so- devem ser considerados como adjuvantes no tratamento da
mente em reduzir a intensidade da dor. dor lombar crônica e não como abordagem principal.
Introdução
A lombalgia crônica, caracterizada por dor persistente na re-
gião lombar, é uma das principais causas de incapacidade em
todo o mundo. Embora a maioria dos casos de lombalgia possa
ser tratada com terapias conservadoras, como medicamentos
e fisioterapia, alguns pacientes não obtêm alívio adequado e
podem necessitar de abordagens terapêuticas avançadas. Este
capítulo aborda técnicas de intervenção em dor, medicina rege-
nerativa e tratamento cirúrgico da lombalgia crônica1.