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Sumário
PROFISSÃO DOCENTE ........................................................................................... 0
6. REFERÊNCIAS:............................................................................................. 41
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NOSSA HISTÓRIA
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1. HISTÓRIA DA PROFISSÃO DOCENTE
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que “refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a
partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua
influência” (GIDDENS, 1991, p. 11). O desenvolvimento do capitalismo como modo de
produção dominante é uma das principais características que frequentemente são levadas
em consideração quando se fala de modernidade.
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conhecido a modernização com base no Iluminismo promovida pelo Estado português. O
Estado passava a controlar a organização escolar, entre elas a seleção dos conteúdos de
ensino e os livros a serem adotados como material didático. Para Mendonça “a reforma de
1759 se constituiu em uma consequência direta da expulsão dos jesuítas dos territórios
portugueses e visava à substituição do sistema escolar jesuítico, [...] por um sistema de
aulas e de professores régios, controlados pelo Estado” (2005, p. 31).
A reforma de 1759 deve ser entendida então como o primeiro movimento em direção
a uma educação laica, patrocinada e controlada pelo Estado. Isso se deve também ao
contexto político do século XVIII que levaria a uma crescente valorização da educação
como um dos fatores fundamentais na constituição dos Estados nacionais. Aspecto este
que no século XIX ganhará destaque nas políticas de homogeneização cultural, levadas a
cabo por burocracias estatais de vários países que se formavam e precisavam construir
uma identidade própria para as nações.
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passando a existir um método específico de se educar em locais apropriados para a
formação de professores.
Figura: 1
Foi em 15 de outubro de 1827 que a lei das escolas das primeiras letras, como ficou
conhecida, estabeleceu os parâmetros sob os quais deveriam ser treinados os professores
das províncias brasileiras, pois as províncias, além de serem responsáveis pelo ensino
elementar, também deveriam responsabilizar-se pelo consequente preparo dos professores
(SAVIANI, 2005, p. 12). Em 1835, a Província do Rio de Janeiro instala a primeira escola
normal do Brasil, cuja Lei Provincial de 4 de abril de 1835 estipulava que
[...] a escola será regida por um diretor que ensinará: os conhecimentos de leitura
pelo método lancasteriano, cujos princípios doutrinais e práticos explicará; as quatro
operações de aritmética, quebrados, decimais e proporções; noções de geometria
teórica e prática; elementos de geografia; princípios da moral cristã e da religião oficial
e gramática nacional. (SAVIANI, 2005, p. 12-13, apud VILLELA, 2000, p. 109).
Este modelo adotado na escola normal do Rio de Janeiro será basicamente o mesmo
utilizado em outras províncias e se manterá com retrocessos até o advento da República.
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Saviani assinala o fato de que mesmo com a mudança na forma de governo no Brasil não
houve mudanças significativas no campo educativo (SAVIANI, 2005, p. 13).
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o Estado esteve presente, não apenas como um interlocutor que naturalmente seria –
levando em consideração a relação entre a promoção da educação pública e a presença
cada vez maior do Estado- -nação na estrutura das sociedades ocidentais – mas na própria
constituição em si da identidade docente, como que tentando moldar a figura do professor
às necessidades da própria imagem do Estado perante a sociedade. Isso teve efeitos
indeléveis na história da profissão docente e na educação brasileira como um todo. Figurar
como uma nação civilizada e em franco progresso no quadro geral das nações europeias
e os Estados Unidos era uma questão que fez o Brasil Imperial lançar mão de diversos
mecanismos de cunho cultural e político durante o século XIX, principalmente na sua
segunda metade. Basta que atentemos para a função inclusive pedagógica que os museus
brasileiros tiveram ao expor objetos que representavam culturas ditas primitivas e que
contrastavam com o progresso e a civilidade a que tínhamos chego, mesmo que as mazelas
sociais – em que a exploração da mão de obra escrava negra e a destruição de culturas
indígenas foram aspectos marcantes – mostrassem o lado nefasto da “evolução”.
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reproduzida pelos próprios professores e sociedade civil, e a realidade objetiva das
condições em que se dá a educação, ou seja, os problemas da formação, da remuneração,
da falta de escolas e de condições mínimas para o exercício digno da profissão.
Talvez uma das questões mais importantes neste relatório seja a presença
das chamadas “ciências biológicas”, as quais influenciaram grandemente na foração das
ciências sociais durante o século XIX e início do XX. Principalmente ciências como a
Antropologia, que utilizou conceitos advindos da Biologia para estruturar suas primeiras
interpretações sobre as diferenças culturais da humanidade. O determinismo biológico, que
atribuía capacidades inatas às diferentes “raças” humanas foi largamente utilizado para
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interpretar e oferecer explicações científicas para as desigualdades existentes entre as
sociedades, internamente e em relação a outros países. Também podemos apontar a
educação cívica, que acabou incorporando a ideia de que a educação serviria também para
a constituição de cidadãos respeitadores da ordem. Se a ênfase recai, como se pode
perceber, sobre o treinamento prático neste modelo de educação as escolas normais
conhecerão mudanças significativas a partir da década de 1930 no Brasil. As reformas de
1932, no Distrito Federal, e de 1933, em São Paulo, marcaram a educação brasileira pelas
suas iniciativas de renovação do ensino baseadas na experimentação pedagógica de bases
científicas (SAVIANI, 2005, p. 16).
Figura: 2
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científica aliada à experimentação destinada a cada área específica de atuação profissional,
licenciaturas e cursos de Pedagogia. A citação de Saviani resume bem como ficou a
formação dos professores no Brasil a partir das reformas empregadas:
Porém, muitos problemas surgiram com esta nova estrutura, pois a educação passa
a atender ao modelo tecnicista, relegando a formação dos professores a simples executores
de objetivos pré-programados por especialistas, cujo principal objetivo seria a formação do
homem ideal para o mercado de trabalho, para a produtividade. Fusari (1992) aponta
algumas consequências negativas que o tecnicismo deixou no sistema educacional
brasileiro que persistem na atualidade:
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• uma falsa impressão de que as tecnologias resolveriam os problemas fundamentais
da educação escolar, caso estes recursos chegassem de fato à escola e fossem bem
utilizados pelos educadores;
Muitos autores se referem aos resquícios que este modelo educacional deixou no
sistema educacional brasileiro. É inegável que o tecnicismo ainda permeia os currículos de
formação de professores, e muito mais ainda a prática de muitos professores, que tiveram
uma formação nesses moldes e que não passaram por um processo de atualização,
afastados da vida acadêmica, da pesquisa e das publicações mais recentes.
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perdeu-se a possibilidade de se registrar um quarto momento decisivo na história da
formação docente no Brasil. (SAVIANI, 2005, p. 25)
Para além das transformações que foram ocorrendo durante a trajetória da formação
docente no Brasil devem-se ressaltar as permanências, os problemas que encontramos
atualmente, como a remuneração e as condições de trabalho dos professores, e também a
ideologização da figura do professor e da educação como uma toda praticada pelo Estado
e a mídia.
Temos, portanto, novas práticas pedagógicas que devem ser conhecidas pelo
profissional docente. Sabemos que muitos aspectos sobre a formação docente se
constroem no cotidiano, a partir do enfrentamento da sala de aula, na forma como os
problemas são resolvidos, pois estes não aparecem em nenhum manual. A necessidade
da formação teórica é indispensável justamente para poder enfrentar os problemas do dia
a dia com mais competência e principalmente para poder fazer o exercício da reflexão sobre
suas experiências enquanto parte integrante do processo maior de aprofundamento da
didática docente.
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causando rupturas e muitas discussões. De forma geral, a prática docente passou por
inflexões que demonstraram processos de ruptura – mas também de continuidade – e que
são geralmente classificados como tradicional técnico e crítico-reflexivo. Este último é
apresentado como sendo o representante da postura que prima pela valorização do
confronto entre as concepções teóricas e a prática cotidiana, que valoriza a pesquisa como
atributo indispensável para o melhor desenvolvimento de um arcabouço teórico-prático e
que dê conta da diversidade cultural e social em que o profissional docente esteja inserido.
A interdisciplinaridade surgiu então, na segunda metade do século XX, como tentativa de
fazer convergir metodologias e disciplinas, que haviam sido estreitadas e
compartimentalizadas em função do modelo positivista anterior. Segundo Olga Pombo:
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psicologia social e a história têm contribuído para a efetivação de um conceito que pode
ser utilizado em outras áreas das ciências sociais e também na educação. Faz-se
necessária uma renovação conceitual e metodológica para que a pesquisa na área da
educação consiga cumprir a demanda atual que exige o confronto entre os dados
provenientes da realidade das escolas e dos professores e a epistemologia da ciência.
Vejamos então qual a trajetória do conceito de representações sociais e como ele se
modificou conforme seu uso foi se generalizando.
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naquela “totalidade” construída e representada pelo seu grupo. Segundo Durkheim as
representações coletivas
[...] traduzem a maneira como o grupo pensa suas relações com os objetos que o
afetam. Para compreender como a sociedade se representa a si própria e ao mundo
que a rodeia, precisamos considerar a natureza da sociedade e não a dos indivíduos.
Os símbolos com que ela se pensa mudam de acordo com a sua natureza [...] Se ela
aceita ou condena certos modos de conduta, é porque entram em choque ou não com
alguns de seus sentimentos fundamentais, sentimentos estes que pertencem à sua
constituição. (DURKHEIM, apud MINAYO, 1994, p. 90-91)
[...] são o produto de uma imensa cooperação que se estende não apenas no espaço,
mas no tempo; para fazê-las, uma multidão de espíritos diversos associou,
misturaram, combinaram suas ideias e sentimentos; longas séries de gerações
acumularam aqui sua experiência e saber ”. (DURKHEIM, 1978, p. 216)
Para Durkheim então não há oposição entre individual e coletivo, o homem seria
constituído duplamente, por estes dois aspectos. Sendo as representações construídas
socialmente este âmbito ultrapassaria a mera soma das consciências individuais, tendo por
isso certa autonomia e lógica própria, exterior ao indivíduo, mas dependente dele para sua
expressão e reprodução. Resulta que as representações sociais possuem as
características do fato social: exterioridade em relação às consciências individuais e ação
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coercitiva sobre as consciências individuais (MINAYO, 1994, p. 91). Portanto, na sociologia
durkheimiana, para procedermos ao estudo das representações coletivas devemos atentar
para alguns aspectos principais: uma vez a sociedade sendo uma realidade sui generis e
as representações que a exprimem sendo fatos sociais dizemos que, em relação ao
comportamento e ao pensamento individuais, as representações coletivas seriam
autônomas, exteriores e coercitivas.
No entanto, Moscovici possui uma “visão” diferente, ou pelo menos mais abrangente
das representações coletivas. Segundo ele a sociologia viu as representações sociais como
artifícios explanatórios, irredutíveis a qualquer análise posterior (MOSCOVICI, 2003, p. 45).
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[...] se, no sentido clássico, as representações coletivas se constituem em um
instrumento explanatório e se referem a uma classe geral de ideias e crenças (ciência,
mito, religião etc.), para nós, são fenômenos que necessitam ser descritos e
explicados. São fenômenos específicos que estão relacionados com um modo
particular de compreender e de se comunicar – um modo que cria tanto a realidade
como o senso comum. É para enfatizar essa distinção que eu uso o termo ‘social’ em
vez de ‘coletivo’. (MOSCOVICI, 2003, p. 49)
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Uma vez atrelada à construção dos saberes sociais, a dimensão simbólica ganha
força, pois o símbolo tem a capacidade de evocar algo ausente. A partir das características
principais dos símbolos – o significado e o significante – cria-se o objeto representado, onde
uma nova “realidade” se constituirá, de modo que eles “provocam uma fusão entre o sujeito
e o objeto porque eles são expressão da relação entre sujeito e objeto” (JOVCHELOVITCH,
1994, p. 74). É nesse espaço que as representações sociais são criadas, tanto no sentido
de reforçar uma tradição como no sentido mais amplo da mudança social. Poderíamos
então apreender o sentido das representações através da problematização daquilo que lhe
é inerente: seus símbolos constitutivos.
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discursos que pretendem dar uma definição da realidade. Não obstante, é importante que
se tenha em vista que intervêm no processo de formação do imaginário coletivo
manifestações e interesses precisos. Não se pode esquecer que o imaginário é uma das
forças reguladoras da vida coletiva, normatizando condutas e pautando perfis adequados
ao sistema (MOSCOVICI, 2003, p. 23).
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ameaçada hoje pela miséria, pela violência e pela desigualdade, é também a necessidade
de recuperar o pensamento, a palavra e a plena possibilidade de construir saberes social”
(1994 p. 82-83).
Figura: 3
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A formação teórica e prática do professor podem contribuir para melhorar a qualidade
do ensino, considerando que são as transformações sociais que poderão gerar
transformações na educação. Assim, as constantes transformações econômicas, políticas,
sociais e culturais têm levado a uma reavaliação do papel da escola e do professor,
assumindo relevante importância a formação do docente.
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professor é visto como um técnico, um especialista que aplica com rigor, na sua prática
cotidiana, as regras que derivam do conhecimento e do conhecimento pedagógico.
De acordo com Pereira (1998), é importante ressaltar que este modelo não foi
totalmente superado, já que as disciplinas de conteúdo específico continuam precedendo
as disciplinas de conteúdo pedagógico, e articulando-se pouco com elas, que geralmente
ficam a cargo das faculdades ou centros de educação, assim como o contato com a
realidade escolar continua acontecendo, com mais frequência apenas nos momentos finais
dos cursos.
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ensino do conteúdo específico prevalece sobre o pedagógico, assumindo um papel
secundário à formação prática.
Gómez (1997) relata que ao longo das últimas décadas, a formação de professores
está impregnada de uma concepção linear e simplista dos processos de ensino,
abrangendo normalmente dois grandes componentes:
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Distinguem-se no componente psicopedagógico duas fases principais: na primeira
adquire-se o conhecimento dos princípios, leis e teorias que explicam os processos de
ensino-aprendizagem e oferecem normas e regras para a sua aplicação racional, e na
segunda a aplicação na prática real ou simulada de tais normas e regras, de modo que o
docente adquira as competências e capacidades requeridas para uma intervenção eficaz.
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instância de produção desses mesmos saberes e competências, ao incorporar uma parte
da formação, tornam-se um espaço de comunicação e de transmissão desses saberes e
competências.
Afirma ainda que todos os programas de formação de professores tem relação com
as quatro tradições da reforma, e que estes devem contemplar as concepções de ensino
subjacentes às quatro tradições, no entanto, sem esquecer as dimensões de suas
identidades.
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3.2-Competências necessárias ao docente
Figura: 4
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alunos ao domínio dos conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade. Para
conseguir que os alunos se apropriem do saber escolar de modo a se tornarem autônomos
e críticos, o professor precisa estar ele próprio, apropriando-se desse saber e tornando-se
cada vez mais autônomo e crítico.
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A formação continuada permite uma aproximação entre os campos de formação
profissional e o campo do exercício da profissão, mediante a possibilidade de fazer dialogar
os saberes da formação e os saberes da profissão, permitindo o intercâmbio de saberes e
experiências úteis.
Tardif (2002) recomenda que a formação contínua não pode limitar-se a retomar os
conteúdos e modalidades da formação inicial. A profissionalização do ensino exige um
vínculo muito mais estreito entre a formação contínua e a profissão, baseando-se nas
necessidades e situações vividas pelos práticos. Entende-se assim, que os professores não
são mais considerados alunos, mas parceiros e atores de sua própria formação, que
definirão em sua própria linguagem e em função de seus próprios objetivos.
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3.4-As concepções de formação continuada
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► pessoal e social – envolve a perspectiva da formação pessoal e do
autoconhecimento, focada na necessidade de interação em contextos diversos e a
necessidade de entender o mundo e a sua inserção profissional neste mundo;
Figura: 5
31
À medida que reconhecemos que a sociedade torna-se cada vez mais tecnológica,
torna-se necessária a conscientização da necessidade de sua inclusão nos currículos
escolares. A sociedade do conhecimento exige uma abordagem diferente em que o
componente tecnológico não pode ser ignorado seja qual for o ramo do conhecimento,
especialmente na formação dos docentes.
De acordo com Lévy (1999), mesmo que uma pessoa não mude de atividade ao
longo de sua trajetória profissional, necessita acompanhar as mudanças de sua própria
profissão, considerando que os conhecimentos e habilidades empregados em um campo
profissional já não são estáveis, pois em intervalos muito curtos transformam-se ou se
tornam obsoletos.
De acordo com Perrenoud (apud CHAKUR, 1995, p. 80), “é possível que a formação
básica do professor não dê mais conta das mudanças rápidas e diversificadas que
acompanham a evolução das condições do exercício do magistério.”
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ou seja, a materialização das tecnologias da informação não se transforma em órgão
funcional da mente, que ajudaria a organizar a aprendizagem de professores e alunos e
nem consegue ou garante a realização de um objetivo maior que todos desejamos, isto é,
a melhoria da educação, a motivação do aluno e a realização do professor.
É importante ressaltar que as tecnologias da informação não podem ser vistas como
um modismo, mas sim, como um instrumento possível para atingir objetivos educacionais.
Para Valente (1993), se não forem bem utilizados, os avanços tecnológicos podem
desequilibrar e atropelar o processo de formação, fazendo com que o professor sinta-se
eternamente um principiante.
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Entende-se assim, que a sociedade do conhecimento exige um novo perfil de
educador, como o comprometimento. Sendo assim, o docente precisa estar comprometido
com as transformações políticas e sociais, para tal, sua prática deverá estar revestida de
significado, considerando a diversidade presente no contexto educacional, mas
essencialmente buscando mobilizar saberes essenciais, a m de que a informação possa
transformar-se em conhecimento.
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vida. Ajudar a estimular o que é relevante na informação, a transformá-la, e saber integrá-
la dentro de um modelo mental/emocional equilibrado e transformá-la em ação presente ou
futura. Aprender a navegar entre tantas e tão desencontradas informações, entre modelos
contraditórios de conhecimento e com visões de mundo opostas;
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É importante ressaltar que a formação inicial e continuada se refere a dois tempos
de uma mesma formação, visto que ambas estão comprometidas com a competência
necessária ao exercício da docência com a comunidade e com a sociedade em que se
inserem. Conforme Perrenoud (1997), a formação continuada deve ser entendida como
uma ação na busca de um conhecimento formal, uma tomada de consciência de sua práxis,
da própria atividade pedagógica.
De acordo com Freire (1998, p. 24), “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma
exigência da relação teoria/prática sem a qual a teoria pode virar um ‘blá-bláblá’ e a prática,
ativismo”.
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Atualmente há uma busca constante em romper com a tradição de que o professor
em sala de aula não reflete sua prática e não produz conhecimento, considerando que o
conhecimento válido só poderia ser produzido na academia.
Verifica-se que tais desdobramentos exigem posturas diferenciadas não apenas por
parte dos sistemas de ensino, mas essencialmente do professor, ocorrendo uma constante
preocupação com sua própria formação, o que consequentemente exige o repensar de sua
prática a partir da consolidação da teoria, ou seja, a prática desenvolvida deve ser objeto
de constante reflexão, considerando os vários fatores que interferem no processo de
ensino-aprendizagem.
Perrenoud (1999) afirma que vem surgindo uma nova etapa de profissionalização.
Observando os diversos níveis do percurso escolar, podemos observar que os professores,
em sua maioria, não se encontram mais presos à aplicação de metodologias, com uso de
técnicas e truques, mas buscam a construção de processos didáticos orientados
globalmente, porém adaptados à diversidade dos alunos, ao seu nível e às condições
materiais e morais do trabalho.
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5. PROFESSOR PESQUISADOR E PROFESSOR REFLEXIVO
Figura: 6
Nos últimos anos, muitos estudos vêm sendo realizados no que diz respeito ao
professor pesquisador e ao professor reflexivo, considerando que tais posturas se
constituem em uma exigência e desafio para este século de mudanças constantes.
Entre estes estudiosos destacamos Schön (apud NÓVOA, 1995b), que considera a
reflexão como um ato solitário, já Zeichner (1997), a considera como um ato coletivo. De
acordo com Alarcão (1996), Schön (apud NÓVOA, 1995b) retomou as propostas de Dewey
e sugeriu uma maneira nova de o professor desempenhar seu papel: enfrentando, de
maneira pessoal, a multiplicidade de desafios na medida em que estes se apresentassem,
refletindo continuamente sobre suas estratégias, reelaborando-as quando oportuno. Na
Europa, Elliot desenvolveu teses parecidas, retomando a herança de Stenhouse e
ampliando a ideia de professor pesquisador na sua prática docente (ELLIOT, 1986).
Geraldi et al. (1998, p. 248) esclarece que Dewey “definiu a ação reflexiva como
uma ação que implica uma consideração ativa e cuidadosa daquilo que se acredita ou que
se pratica, iluminada pelos motivos que a justificam e pelas consequências a que conduz”
e que “a busca do professor reflexivo é a busca do equilíbrio entre a reflexão e a rotina,
entre o ato e o pensamento”. A ação reflexiva envolve intuição, emoção e não é somente
um conjunto de técnicas que podem ser ensinadas aos professores.
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Entende-se que a proposta de formação de professores, tendo em vista uma
perspectiva de reflexão, exige que no período de formação o futuro docente tenha a
possibilidade de experimentar e que esta experimentação se constitua em objeto de
reflexão, e como tal, fonte de conhecimento.
Entende-se que uma postura reflexiva do professor exige que este se torne um
pesquisador, no sentido de pensar a sua prática, levando em conta os diversos fatores
intervenientes, o que se pode comprovar com as palavras de Libâneo (1998), quando
esclarece que a tarefa de ensinar a pensar exige do professor o conhecimento de
estratégias de ensino, bem como o desenvolvimento de competências de ensinar. O
professor necessita, então, aprender a regular as suas próprias atividades de pensamento
e, principalmente, “aprender a aprender ”.
Alarcão (1996) ressalta que a reflexão realizada pelos professores não pode ficar
restrita à sala de aula, é preciso pensar o ensino além do contexto imediato, caso contrário
haverá um reducionismo do conceito de ensino reflexivo.
Freire (1996, p. 32) considera que “faz parte da natureza da prática docente a
indagação, a busca, a pesquisa”. No contexto de uma prática reflexiva crítica, ele chama a
atenção para a importância do profissional, como sujeito histórico-cultural, que produz uma
prática pedagógica rica e significativa e que considera valores como “amorosidade, respeito
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aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura para o novo,
disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a
esperança, abertura à justiça” (FREIRE, 1996, p. 36). Esses são importantes saberes,
produtos de ações pedagógicas, cultivados no espírito democrático e não apenas saberes
produzidos com ciência e técnica.
Geraldi et al. (1998, p. 249) recomenda que para optar pela perspectiva da formação
do professor como aquele que reflete e investiga a sua prática, torna-se necessário
observar determinados pressupostos e implicações, a saber:
Por tanto, a experiência docente não pode ser vista como adjetivo de praticismo, e
sim como parte do conhecimento desenvolvido na vida do professor, constituindo-se em
um importante componente na construção de um profissional pesquisador/reflexivo,
desvelando a possibilidade de administrar situações adversas e imprevistas, e
consequentemente possibilitando a mudança no contexto de uma determinada realidade.
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Dickel (1998, p. 41), argumenta:
6. REFERÊNCIAS:
AQUINO, T. de. (São). Sobre o ensino (de magistro): os sete pecados capitais. 2.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
41
BACZKO, Bronislaw. A imaginação social. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa:
Imprensa Nacional-Casa da Moeda,1985. v. 5.
CAETANO, Ana Paula Dilemas dos professores. In: ESTRELA, Maria Teresa
(Org.). Viver e construir a profissão docente. Porto: Porto, n. 26, p. 191-221, 1997, (Coleção
Ciências da Educação)
._____. Pesquisa: princípio científico e educativo. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
42
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Paulinas,
1989.
FAURE, Edgar. Appredre a Être. Paris: Fayard and UNESCO, 1972. Versión
Española:
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Ter ra,
1998.
GÓMEZ, Angel Pérez. Ensino para a compreensão. Porto Alegre: Artmed, 1995.
43
44