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Material Digital do Professor

Língua Portuguesa – 7º ano


4º bimestre – Sequência didática 2

Liberdade de expressão e discurso de ódio


Duração: 3 aulas
Referência do Livro do Estudante: Unidade 4, Capítulo 1

Relevância para a aprendizagem


O objetivo desta sequência didática é levar o aluno a identificar discursos de ódio,
diferenciando-os de discursos que fazem uso da liberdade de expressão. Para isso, há a necessidade
de entender um fenômeno que tem relação direta com discursos de ódio: as fake news. Espera-se,
com isso, que os alunos reflitam sobre a construção social dos preconceitos, reforçada atualmente
pelas fake news, que circulam em diversas mídias digitais, e compreendam a importância de romper
com o preconceito e repudiar expressões de ódio.

Objetivos de aprendizagem
• Compreender o que são fake news.
• Relacionar fake news e discursos de ódio.
• Relacionar preconceitos, estereótipos e discursos de ódio.
• Fazer diferenciação entre fato e opinião.
• Diferenciar liberdade de expressão e discursos de ódio.
• Conhecer as normas que regulamentam a comunicação em sociedade.
• Realizar pesquisa em fontes confiáveis para identificar estereótipos preconceituosos.
• Identificar discursos de ódio por meio de pesquisa em fontes confiáveis.

Objetos de conhecimento e habilidades (BNCC)


Objetos de conhecimento Habilidades
(EF69LP01) Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-
Apreciação e réplica
se contrariamente a esse tipo de discurso e vislumbrando possibilidades de
Relação entre gêneros e mídias
denúncia quando for o caso.
Curadoria de informação (EF67LP20) Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos
previamente, usando fontes indicadas e abertas.
Estratégias de escrita: textualização, (EF67LP21) Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais,
revisão e edição painéis, artigos de divulgação científica, verbetes de enciclopédia, podcasts
científicos, etc.
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Língua Portuguesa – 7º ano
4º bimestre – Sequência didática 2

Desenvolvimento
Aula 1 – O que são fake news?
Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: sentados individualmente.
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz/caneta, caderno, lápis e borracha.

Inicie a aula propondo uma breve reflexão sobre a influência da Internet e da tecnologia na
vida cotidiana. Retome com os alunos o conhecimento que eles têm sobre fake news. Pergunte se
conhecem o termo e se sabem o que ele significa. Explique que se trata, literalmente, de notícias
(news) falsas (fake), divulgadas principalmente na Internet por meio das redes sociais.

Informe que as fake news são notícias falsas escritas e publicadas com a intenção de enganar.
Conduza a conversa ampliando a reflexão sobre a diferença entre fatos, opiniões e pontos de vista. Você
pode perguntar: “Se contassem a vocês um boato sobre um colega, o que vocês fariam? Iriam contar a
outras pessoas? Ou tentariam, antes, averiguar a informação? Contariam o que ouviram para o amigo
envolvido?”. Ressalte a amplitude que esse comportamento pode ganhar quando o compartilhamento de
informações é feito em escalas tão grandes quanto a das redes sociais.

Lembre os alunos da importância de questionar as informações que acessam ou que


recebem. Proponha que verifiquem diferentes pontos de vista a propósito de um fato histórico,
como, por exemplo, este: nos anos 1980, falava-se nas escolas de “descobrimento” do Brasil,
realizado por nobres e valentes portugueses. Hoje, a maioria dos livros de História trata o tema de
forma diferente, considerando o “descobrimento” como “chegada” dos portugueses ou até como
“invasão” portuguesa, pois as terras do Brasil já eram habitadas pelos povos indígenas (muitos deles
dizimados pelos portugueses). A partir de exemplos como esse, pergunte se conseguem perceber
que há sobre o mesmo fato — a vinda dos portugueses ao Brasil — mais de um ponto de vista.

Escreva na lousa:

• Os portugueses descobriram o Brasil.


• Os portugueses invadiram o Brasil.
Analise com os alunos as duas frases e leve-os a perceber que a escolha dos verbos —
descobrir ou invadir — dá pistas sobre a interpretação do fato por aqueles que o descrevem,
indicando a visão de mundo dos enunciadores.

Anote na lousa:

• Helena é uma ótima professora porque é formada na Universidade Federal.

Pergunte aos alunos se essa afirmação expressa um fato ou uma opinião.


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4º bimestre – Sequência didática 2

Depois de algumas respostas, faça um X em cima das palavras ótima e porque e explique que
Helena ser uma professora e ser formada na Universidade Federal são fatos. Já ela ser uma ótima
professora ou o motivo pelo qual ela é ótima professora são opiniões e revelam um ponto de vista
particular.

Reforce que fato é algo que ocorre ou ocorreu, e opinião é uma interpretação do fato,
daquilo que ocorre ou ocorreu, e reflete juízos de valor, julgamento. Explique também que os fatos,
quando mencionados em textos, são necessariamente marcados pelo ponto de vista e pelas crenças
dos enunciadores e que a análise da própria escolha lexical pode auxiliar na identificação desse
ponto de vista (retome as frases sobre os portugueses no Brasil), mesmo que não haja adjetivos ou
conjunções que explicitem o sentido dado pelo enunciador. Registre na lousa um resumo da
discussão e sugira aos alunos que o anotem no caderno. Uma opinião pode ser bem-embasada, ou
seja, sustentada em bons argumentos, e formulada por uma pessoa com conhecimento no assunto,
ou pode exprimir preconceitos e o senso comum.

Aula 2 – Das fake news ao discurso de ódio


Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: sentados individualmente; em grupos de quatro integrantes.
Recursos e/ou material necessário: projetor ou material impresso; cadernos, lápis e borracha.

Atividade 1 — Como as fake news levam a discursos de ódio (10 minutos)

Inicie a aula retomando o assunto da aula anterior. Comente que a disseminação de fake
news tem como consequência gerar pânico e medo na população, fomentando discursos de ódio nos
usuários da Internet no mundo todo.

Para que os alunos compreendam o que é discurso de ódio, explique que se trata de uma das
formas de abuso do direito de liberdade de expressão, pois se caracteriza pela intenção de diminuir e
inferiorizar minorias por meio de ofensas, pela incitação à violência e defesa da falsa ideia de
superioridade de certos grupos em relação a outros. Comente também que os discursos de ódio são
facilitados pela possibilidade de anonimato nas redes, que permite a um usuário proferir discurso de
ódio de forma irresponsável, sem ser responsabilizado socialmente por sua fala. Por esses motivos, é
de suma importância o combate a esse discurso por meio da conscientização dos jovens alunos.

Pergunte aos alunos se eles concordam com a ideia de que as fake news podem gerar
discursos de ódio. Peça que alguém cite um exemplo. Em seguida, mostre uma associação entre
notícia falsa e discurso de ódio, citando um exemplo. Há diversos casos conhecidos, seja na política,
seja no meio artístico, seja envolvendo pessoas comuns, de disseminação de fake news que geraram
boicotes a pessoas que foram alvo das mentiras. Um exemplo são as notícias falsas que circularam na
Internet sobre a vereadora Marielle Franco, depois de ela ter sido assassinada. Foram divulgadas
fake news segundo as quais haveria uma ligação entre a vereadora e traficantes de drogas do Rio de
Janeiro, o que foi desmentido.
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Comente com os alunos que as notícias falsas têm geralmente determinadas características,
como: não citam fontes, não são datadas (por trazer notícias “requentadas”), são disseminadas nas
redes sociais mais usadas e em aplicativos de troca instantânea de mensagens.

Atividade 2 — Conhecendo as normas que regem a comunicação em sociedade (15 minutos)

Compartilhe com os alunos o artigo 5.o, IV e IX, da Constituição Federal de 1988, e o artigo 20
da Lei 7.716, de 1989 (em nova redação, determinada pela Lei 9.459, de 1997) que asseguram a
todos os brasileiros o direito de expressar ideias e convicções, desde que não firam o direito legítimo
de terceiros. Peça a um aluno ler em voz alta:

Art. 5.o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

[...]

IV — é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

[...]

IX — é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de


comunicação, independentemente de censura ou licença;

[...]
(Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 11/9/2018.)

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça,


cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Pena: reclusão de um a três anos e multa.


(Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7716.htm. Acesso em: 11/9/2018.)

Pergunte aos alunos como é possível ter liberdade de expressão sem ferir pessoas com
discurso de ódio e de que forma isso pode ocorrer. Converse também sobre os danos, que vão do
constrangimento ao suicídio causados às vítimas dos discursos de ódio incitados por informações
falsas.
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Atividade 3 — Os preconceitos que adquirimos na vida em sociedade (20 minutos)

Neste momento da aula, explique aos alunos que discursos de ódio podem resultar também
de preconceitos. Pergunte a eles o que é preconceito. Espera-se que respondam que consistem em
concepções preconcebidas sobre situações ou pessoas, construídas ao longo da vida a partir da
convivência social. Sugerimos perguntar também: “Os estereótipos contribuem para a construção
dos preconceitos? O que são estereótipos?”. Peça aos alunos que procurem no dicionário o
significado da palavra estereótipo. Faça depois uma síntese, escrevendo na lousa um dos significados
de estereótipo encontrado no Dicionário Houaiss: “ideia ou convicção classificatória preconcebida
sobre alguém ou algo, resultante de expectativa, hábitos de julgamento ou falsas generalizações”.

Explique que em toda sociedade existem estereótipos, que são padrões criados em algum
período. O que é diferente, inovador, ou que não segue esses padrões, é alvo de discriminação,
surgindo, assim, o preconceito.

Registre na lousa o nome de alguns preconceitos existentes na sociedade e pergunte se


alguém sabe dizer o significado: misoginia (aversão às mulheres), gordofobia, homofobia (rejeição à
homossexualidade), racismo. Peça que anotem as palavras no caderno. Pergunte se esses
preconceitos estão relacionados a estereótipos sociais. Dê alguns exemplos, como situações de
novelas, filmes, etc. que são propagadas na mídia como se características eurocêntricas (de pessoas
brancas) e heteronormativas (relacionadas ao ponto de vista que marginaliza orientações sexuais
que diferem da heterossexual) fossem indicativas de normalidade. Verifique por meio de perguntas
se os alunos perceberam que existe relação entre estereótipo, preconceito e discurso de ódio.
Explique que a intolerância às diferenças gera discursos de ódio, violência física e até morte.

Aula 3 – Identificando discursos preconceituosos em textos publicitários


Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos alunos: em grupos de 4 a 5 integrantes.
Recursos e/ou material necessário: revistas, tesoura, cola, cartolinas, canetas.

Peça aos alunos que se organizem em grupos de 4 a 5 integrantes e distribua revistas entre eles.
Explique que é comum haver estereótipos e preconceitos implícitos ou explícitos em textos publicitários
veiculados em revistas. Solicite aos alunos que selecionem textos publicitários com imagens ou recursos
linguísticos que veiculam estereótipos. Ajude-os a identificar também aqueles em que o racismo,
preconceito de classe social, homofobia, misoginia ou gordofobia são apresentados de maneira
dissimulada. Ressalte a importância de identificar discursos aparentemente inofensivos, mas, na
realidade, preconceituosos, ajudando os alunos a estabelecer relações entre o tipo de revista, o público-
alvo e os estereótipos veiculados. Proponha que escolham um dos textos selecionados e produzam um
cartaz que aponte os estereótipos e os preconceitos veiculados nele. Os alunos devem manter uma
postura crítica e usar a criatividade para evidenciar as visões estereotipadas e preconceituosas presentes
nos textos publicitários. É possível que alguns grupos optem por criar memes, gênero textual próximo da
realidade deles, para criticar os textos e deflagrar de forma bem-humorada a crítica a preconceitos.
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4º bimestre – Sequência didática 2

Nos últimos 15 minutos da aula, os cartazes produzidos deverão ser apresentados à classe,
oralmente. Cada grupo deve relatar o que encontrou e explicar seu trabalho. Os cartazes devem ser
distribuídos depois pela escola, a fim de alertar a comunidade escolar sobre disseminação de
preconceitos.

Aferição do objetivo de aprendizagem


A avaliação do processo de aprendizagem pode ser realizada por meio das atividades
propostas nesta sequência didática e deve considerar o desenvolvimento individual de cada um dos
alunos. A participação oral, as hipóteses, as ideias e as conclusões dos alunos revelam a
compreensão que tiveram dos conceitos estudados.

Para uma aferição coletiva, proponha uma atividade individual de escrita anônima a fim de
checar se os alunos compreenderam as diferenças entre discurso de ódio e liberdade de expressão, a
influência das fake news na produção dos discursos de ódio e a veiculação de discursos
preconceituosos em textos publicitários.

Nesse momento, é importante que cada aluno se sinta à vontade para fazer uma
autoavaliação das próprias intolerâncias; do que aprendeu com as atividades; de que formas de agir
podem desconstruir os próprios preconceitos. A atividade pode ser realizada de forma anônima,
dando oportunidade para a reflexão sobre como estruturas sociais condicionam os indivíduos,
levando-as a pensar de determinadas maneiras, e como podemos transformar essa realidade. Assim,
cada aluno expressará o que compreendeu nas aulas e como processou individualmente a temática
da relação entre liberdade de expressão e discurso de ódio. Além da escrita individual, proponha
também as questões a seguir.

Questões para auxiliar na aferição

1. Tendo em vista os artigos da Constituição Federal lidos, responda: “Quais são os limites para a
liberdade de expressão?”.

2. Cite alguns procedimentos que possibilitam verificar se uma informação recebida por meio de
uma rede social é ou não uma fake news.

Gabarito das questões

1. Os limites da liberdade de expressão são os direitos de outras pessoas, ou seja, a liberdade de


expressão pode ser exercida até o ponto em que não desrespeita o direito alheio.

2. Verificar se há menção a fonte(s); checar a confiabilidade da(s) fonte(s); verificar a data,


observando se a informação é atual ou antiga.

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